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GUERRA DOS SEXOS NA ACADEMIA: análise semiótica de uma capa da revista Unesp Ciência BRUNO SAMPAIO GARRIDO Doutorando – Linguística e Língua Portuguesa (FCLAr/Unesp) [email protected]

Guerra dos sexos na academia

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GUERRA DOS SEXOS NA ACADEMIA: análise

semiótica de uma capa da revista Unesp Ciência

BRUNO SAMPAIO GARRIDODoutorando – Linguística e Língua Portuguesa (FCLAr/Unesp)

[email protected]

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Introdução• Objetivo: investigar as relações entre os elementos textuais e

não textuais presentes em uma capa da revista Unesp Ciência, e como elas atuam na construção do sentido global das mensagens produzidas.

• Corpus: capa da edição 17 da revista Unesp Ciência (março de 2011).

• Metodologia: análise semiótica, valendo-se do percurso gerativo de sentido elaborado por Greimas (vide GREIMAS, 1979; GREIMAS; COURTÉS, 2008) e estudo das relações semissimbólicas entre expressão e conteúdo (FLOCH, 1985; PIETROFORTE, 2004; 2011).

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Análise do corpusNível discursivo•Figurativização de categoria profissional (cientistas homens e mulheres) – equilíbrio aparente.•Metáfora da corrida: evidencia a competição do ambiente acadêmico. Chegar à frente equivale ao êxito, ao sucesso na carreira.•Bebê e compras: remete ao papel triplo da mulher na sociedade (profissional, mãe e dona de casa).•Balão volumétrico: metonímia que figurativiza a profissão e a carreira científicas.•Óculos: a perda deles figurativiza uma desvantagem – desnorteio. •Texto: uso do talvez e de verbo no subjuntivo lançam a dúvida no enunciado.

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Análise do corpusNível narrativo•Objeto-valor: atingir o êxito profissional.•Mulher: busca o equilíbrio entre as três facetas (trabalho, maternidade e lar).•Modalidades: dever-fazer (obrigação profissional), querer-fazer (desejo pessoal) e não-poder-fazer (impossibilidade de conciliação).•Sanção: positiva para o homem, negativa para a mulher – que fica em “segundo lugar”.

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Análise do corpusNível axiológico ou fundamental•Oposição principal: feminino X masculino.•Homem: recebe valores eufóricos – competitividade, foco no trabalho, êxito, sucesso profissional.•Mulher: recebe valores disfóricos – falta de competitividade, falta de foco, frustração, fracasso profissional.•Solução para a mulher: negar sua feminilidade, agindo como os homens (não-feminino).

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Análise do corpusRelações semissimbólicas entre expressão e conteúdo

•Valorização da mulher: evidencia os valores disfóricos e explicita a discriminação entre homens e mulheres na carreira acadêmica – fato tratado pela reportagem.

PC Feminino X Masculino

PEPolicromia X Monocromia (cromático)

Esquerda X Direita (topológico)

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Considerações finais• Pudemos verificar o quanto os recursos expressivos utilizados pelas

mídias informativas não exercem meramente um papel estético, mas visam a chamar a atenção dos potenciais leitores e estabelecer desde já uma espécie de contrato, regulado por modalidades veridictórias baseadas na expectativa de o leitor encontrar determinados conteúdos que satisfaçam suas necessidades de consumo de informação, enquanto o produto midiático se oferece como o objeto capaz de saná-las.

• A temática retratada pela capa é figurativizada e articulada de maneira a facilitar um reconhecimento imediato por parte do leitor do assunto e motivá-lo a continuar a leitura, valendo-se de elementos mais concernentes com o repertório cognitivo-cultural médio do público-alvo, tal como retratar a desigualdade entre homens e mulheres no meio acadêmico sob a metáfora de uma competição esportiva.

• O conjunto complexo de valores, relações lógicas e figuras pertinentes à temática abordada na capa de Unesp Ciência tornou-se, desse modo, um objeto atraente e palatável, mais suscetível a ser consumida.

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OBRIGADO!