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Guia CS IV MODEP

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1. Carta aos delegados………………………………………………………….32. Histórico do comitê……………………………………………………………43. Histórico do conflito……………………………………………………………6

3.1. Mandato Francês...................…………………………………….....63.2. Independência e União com o Egito………………………………..73.3. Pan-arabismo e ascensão do partido Baath.………………………93.4. A Família Assad……………………………………………………...113.5. Política externa recente da Síria…………………………………..14

4. Insurreições no mundo árabe………………………………………………164.1. Tunísia………………………………………………………………..164.2. Egito…………………………………………………………………..164.3. Líbia…………………………………………………………………..174.4. Bahrein……………………………………………………………….184.5 Iêmen………………………………………………………………….184.5. Síria…………………………………………………………………...19

5. Reações da comunidade internacional……………………………………205.1. Reações do mundo árabe………………………………………….205.2. Reações do Ocidente……………………………………………….20

6. Posicionamento dos países………………………………………………...227. Anexo - Imagens……………………………………………………………..25

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1. Carta ao delegados

O processo hoje conhecido como “primavera árabe” teve seu início em dezembro de 2010, quando os tunisianos saíram às ruas e usaram das armas ao seu alcance, fossem elas de fogo, pedra ou voz apenas, para reivindicar seus direitos e derrubar um governo ditatorial, repressor e corrupto. A Onda da revolução espalhou-se pelo mundo árabe e chegou à Síria.

As manifestações espalharam-se pelo país, conseguindo mais e mais adeptos. Apesar disso, o presidente sírio, Bashar al-Assad, mantém-se intransigente e a repressão é cada vez mais intensa, com o número de mortos subindo vertiginosamente. Os sírios lutam por direitos humanos e encontram apenas mais violações deles.

A comunidade internacional vem se mobilizando sobre a questão, tomando as mais diversas posições. A retomada da paz na Síria é importante não somente para a população civil quanto para a política internacional. Em meio a toda instabilidade no Oriente Médio, a Síria vem mantendo-se estável e impedindo o desencadeamento de conflitos não só internos quanto com os vizinhos Israel e Líbano.

A situação é delicada e exige respostas rápidas e precisas para evitar maiores conflitos e maiores danos. Há muito o que o Conselho de Segurança pode fazer e cabe aos senhores delegados tomar as decisões que irão mudar os rumos da situação.

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2. Histórico do Comitê

Após a Primeira Guerra Mundial, tornou-se premente a existência de mecanismos para evitar outro conflito com tamanho potencial de destruição. Essa idéia tomou forma nas palavras do presidente americano Woodrow Wilson e, após a Conferência de Paz de Paris, virou realidade, com a criação da Liga das Nações. Todavia, verificou-se depois que a estrutura da Liga das Nações apresentava falhas intransponíveis na busca da manutenção da paz.

Em primeiro lugar, a não participação dos Estados Unidos da América, que saíra da Grande Guerra como, talvez, a maior potência mundial, por conta da oposição de seu Congresso, em muito diminuía a importância e o poder das decisões da Liga. Além disso, a Liga era, em sua constituição, incapaz de fazer valer sua vontade sobre a de outros países, sobretudo por conta do desinteresse dos principais membros em tomar medidas concretas. Por conta desses fatores, a Liga das Nações se viu de mãos atadas, por exemplo, quando a Itália invadiu a Etiópia, em 1935, ou quando, diante dos protestos da organização por conta da invasão nipônica à Manchúria, o Império do Japão simplesmente saiu da Liga.

Após a incomensurável barbárie ocorrida na Segunda Grande Guerra, a qual a Liga das Nações não conseguiu evitar, era ainda mais necessária a criação de uma organização internacional eficaz. Para isso, as nações aliadas1 realizaram a Conferência de São Francisco, ainda em 1945, na qual foi lançada a pedra fundamental das Nações Unidas. Em resposta à aparente fraqueza da Liga das Nações diante de agressões armadas por parte de um país membro, a Carta das Nações Unidas aponta para a manutenção da paz e segurança internacionais o Conselho de Segurança, cuja composição, funcionamento, deveres, poderes e prerrogativas são enunciados nos capítulos V, VI e VII da Carta.

A Carta das Nações Unidas dá ao Conselho de Segurança amplos poderes. Em primeiro lugar, é o único órgão das Nações Unidas com autoridade para tomar decisões com caráter mandatório. Isto é, decisões do Conselho de Segurança têm caráter de ordem para todos os países membros. Além disso, as provisões do Capítulo VII permitem que o Conselho de Segurança utilize de meios coercitivos, dentre os quais, por exemplo, embargos ou bloqueios, ou mesmo, em última instância, da força, para garantir a paz e segurança mundiais.

Assim sendo, comportamentos típicos do Conselho de Segurança envolvem a imposição de sanções econômicas a países que, na visão do Conselho, insistem em violar os princípios da Carta, bem determinações, como o decreto de cessar-fogos e o envio de tropas para garanti-lo, visando a impedir o crescimento ou a continuação de hostilidades. Caso excepcional é o da Resolução 84 do Conselho de Segurança, que autorizou a intervenção na Guerra da Coréia, sendo, portanto, clássico exemplo das prerrogativas expostas no Capítulo VII e prova cabal da

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1 Diz respeito às nações aliadas contra o Eixo, durante a Segunda Guerra Mundial. Sao elas, principalmente, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, União Soviética e China.

imensa abrangência do poder do Conselho de Segurança, em clara oposição à impotência da Liga das Nações.

Parte de suma importância do Capítulo V é a composição e o funcionamento do Conselho. Quando da fundação das Nações Unidas, o Conselho de Segurança seria composto por onze membros, dos quais cinco permanentes2 e outros seis rotativos, a serem eleitos pela Assembléia Geral para mandatos de dois anos, sem direito a reeleição imediata, com base em divisões regionais. Em 1965, visando a adequar a composição do Conselho ao aumento exponencial de países membros, decorrente do processo de descolonização afro-asiático, realizou-se uma reforma, expandindo o número de membros rotativos de seis para dez, sendo essa a forma do Conselho até o dia de hoje. A única outra alteração foi conseqüência da Resolução da Assembléia Geral 2758, que reconheceu a República Popular da China como legítima representante da China, de forma que a mesma assumiu o lugar antes ocupado pela República da China, com base em Taiwan, no Conselho de Segurança.

Além da distinção de estar sempre presente no Conselho de Segurança, outra prerrogativa dos membros permanentes é o chamado voto especial, estabelecido pelo artigo 27. Nele, diz-se que

‘3. Decisões do Conselho de Segurança em todas as outras questões [questões substanciais] devem ser tomadas pelo voto afirmativo de nove membros,

incluindo o voto concordante [ou seja, não contrário] dos membros permanentes’.

Dessa forma, qualquer projeto de resolução com o voto contrário de um membro permanente não é aprovada, ainda que sejam alcançados nove votos favoráveis. Tal prerrogativa é vulgarmente conhecida como ‘poder de veto’.

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2 Estados Unidos da América, Reino Unido da Grã-Bretanho e Irlanda do Norte, República da China, República Francesa e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

3. Histórico do conflito

3.1. Dominação Otomana e Mandato Francês

O estado hoje denominado ‘Síria’ retira seu nome dos escritos gregos, que usavam o termo de maneira generalizada para os ‘assírios’, que habitavam o território do país moderno. Os primeiros a reviverem o termo helênico foram os Otomanos, quando, no século XVI, passaram a dominar completamente grande parte da região do Levante e criaram a ampla província da Síria.3

Durante a Primeira Guerra Mundial, com incentivo dos britânicos, houve a chamada Revolta Árabe, sob liderança dos Hachemitas, a qual pôs fim ao domínio otomano. Todavia, o sonho de criar um estado árabe do Iêmen à Síria mostrou-se fútil, uma vez que britânicos e franceses já haviam dividido a região entre si, no chamado Acordo Sykes-Picot.

Faisal Al-Hashemi, futuramente rei do Iraque, chegou a ostentar o título de Rei de Todos os Árabes, com capital em Damasco, mas, sob ameaça dos franceses, retirou-se para a Grã-Bretanha. Seu ministro de defesa, no entanto, liderou uma heróica, ainda que fútil, resistência aos franceses. O Mandato Francês da Síria e do Líbano, negociado na Conferência de San Remo4, foi estabelecido em 1920, sob os auspícios da Liga das Nações. No entanto, durante toda a sua existência, as autoridades francesas enfrentaram revoltas de grande magnitude.

A partir de 1922, os franceses adotaram uma série de divisões políticas, dentre as quais a organização de uma Federação da Síria, composta por parte dos estados do Mandato, substituída , em 1924, pelo Estado da Síria. De todo modo, a população de todas as regiões se manteve contrária às divisões francesas, exceto no Líbano, no qual os cristãos formam um grupo étnico-religioso expressivo, o que favoreceu a criação da República Libanesa, em 1926. A esse processo deve-se a eventual divisão entre Síria e Líbano.

A República da Síria surgiu em 1930 e teve o desenvolvimento de uma nova constituição na década que se seguiu. Apesar desse grau de autonomia, a autoridade final ainda pertencia aos franceses, que, em 1936, assinaram o Tratado de independência Franco-Síria, porém deixaram de ratificar, de forma que o mesmo não entrou em vigor. Em 1938, os franceses permitiram a separação do estado de Alexandretta, no noroeste do país, que se tornou a República de Hatay, para, eventualmente, se unir à Turquia, ato contestado até os dias de hoje.

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3 Ver mapa em anexo.

4 A Conferência de San Remo, realizada na cidade de Sanremo, na Itália, em abril de 1920, contou com representantes das quatro principais potências vencedoras da Primeira Guerra ( Grã-Bretanha, França, Itália e Japão) e definiu o que viria a ser a base para a divisão do Oriente Médio entre critânicos e franceses.

Após a queda da França, em 1940, a Síria passou para as mãos do chamado Regime de Vichy5, foi invadida pelas forças Aliadas6 e, em 1941, declarou sua independência, que foi prontamente reconhecida pelos aliados, mas apenas granjeou reconhecimento universal em 1944.

3.2 Independência e União com o Egito

A independência fatual do país, ainda que tenha trazido considerável crescimento econômico, foi marcada, desde muito cedo, por tensões externas e instabilidade interna. O envolvimento na Guerra de Independência de Israel (1948-1949) se mostrou desastroso, e, após a mesma, a Síria foi a única nação árabe a não aceitar o armistício. Como, além disso, o governo do presidente democraticamente eleito Shukri al-Quwatli (1943-1949) se recusava a banir o popular Partido Comunista e a negociar a passagem de um oleoduto saudita por território Sírio, a recém-criada CIA orquestrou um golpe de estado. Husni Al-Zaim tomou o poder em março, assinou o armistício com Israel em julho e teve seu gabinete militar derrubado em agosto, por Smi Al-Hinnawi, um dos oficiais que apoiara seu golpe em março.

Durante o breve governo de Al-Hinnawi, que não assumiu pessoalmente o poder, no entanto, pressões políticas favoreceram a volta ao poder de Hashim Al-Atassi. Ele havia presidido o país na década de 30 e, então, assumiu como Primeiro-Ministro, com a missão de liderar um governo provisório que deveria supervisionar eleições e devolver o poder a civis. No breve espaço entre agosto de dezembro, ele libertou presos políticos e convocou eleições parlamentares, realizadas em novembro, na qual, pela primeira vez no país, as mulheres puderam votar. Al-Atassi foi, então, eleito presidente para seu segundo mandato.

O governo de Al-Atassi demonstrava posicionamento abertamente pró-Iraque, visando a uma união7 com Badgá, o que levou o coronel Adib ibn Hasan Shishakli, uma das figuras mais fortes das forças armadas, a lançar outro golpe, em dezembro de 1949, prendendo Al-Hinnawi, a quem culpava o posicionamento pró-Iraque, e uma série de oficiais que julgou, também, responsáveis por essas políticas. Não obstante, Al-Atassi permaneceu no poder e, entre 1949 e 1951, aproximou-se visivelmente dos Hachemitas iraquianos, chegando a tratar questões técnicas sobre a união.

Novamente, tais políticas o puseram em conflito aberto com Shishakli, que, em 1951, exigiu uma mudança de postura e que Al-Atassi nomeasse um protegido seu, Fawzi Selu, Ministro da Defesa, para conter o posicionamento pró-Iraque do governo. Al-Atassi convidou Maarouf Al-Dawalibi, proeminente membro do parlamento com posições próximas às suas, a formar um novo gabinete, mas este se recusou a dar o Ministério da Defesa para Selu e todo o gabinete

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5 Regime Francês que, a partir do armistício assinado em 22 de junho de 1940, passou a colaborar com o Terceiro Reich Alemão.

6 Os principais Aliados, na Segunda Guerra Mundial, foram o Reino Unido, a República Francesa (e, apartir de junho de 1940, a ʻFrança Livreʼ, liderada pelo Gen. Charles de Gaulle), a partir de 22 de junho de 1941, a União Soviética e, a partir de 7 de dezembro de 1941, os Estados Unidos.

7 Ver tópico sobre Pan-Arabismo

renunciou. Enfurecido, Shishakli, em outro golpe, prendeu o primeiro-ministro e todos os membros proeminentes do Partido Popular, base de apoio de Al-Atassi e que favorecia a união com o Iraque, e dissolveu o Parlamento. Recusando-se a se submeter a Shishakli, Al-Atassi entregou sua renúncia ao parlamento dissolvido.

Shishakli, em seguida, instaurou como presidente Fawzi Selu, ainda que fosse de facto líder do país e viesse a assumir pessoalmente a presidência, em 1953, após uma eleição montada especialmente para isso. Seu governo se caracterizou pela dissolução de todos os partidos políticos, perseguição dos oponentes e pelo fechamento de todos os jornais contrários ao seu governo. Em termos de política externa, não manteve boas relações com as monarquias Hachemitas do Iraque e da Síria, buscando, em contrapartida, boas relações com o Ocidente.

No entanto, apesar de seu poder retórico, seu tratamento duro com figuras políticas populares, notadamente Al-Atassi e o líder druso Sultan Al-Atrash, célebre guerreiro nas lutas contra os franceses na década de 20, gerou um grande nível de descontentamento que a intensificação de suas políticas repressoras só fez aumentar. Assim sendo, quando o nível de insurreição se tornou insustentável, Shishakli, evitando mergulhar o país em uma guerra civil, deixou o poder e fugiu para o Líbano, de onde, ameaçado de morte, fugiu para o Brasil, onde foi assassinado, em 1964, por um militante druso.

Quando Shishakli deixou o país, Al-Atassi retornou de Homs para Damasco, para resumir seu mandato. No que restou dele, buscou conter a influência de figuras militares e apagar traços da ditadura militar de quatro anos. Além disso, no campo internacional, buscou se opor à liderança de Nasser8 no mundo árabe, tentando apoiar os Hachemitas no Iraque como líderes pan-árabes9 do Oriente Médio, posturas que geraram grandes divisões em seu próprio governo.

Após o governo de Al-Atassi, foi eleito Shukri al-Quwatli, que fora presidente na década de 1940, além de pertencer, de certa forma, ao mesmo grupo político que Al-Atassi. Todavia, durante seu segundo governo, de 1955 a 1958, a posição do presidente estava consideravelmente enfraquecida, e os apelos pan-árabes de Nasser tinham cada vez mais ouvidos. Além disso, a adesão do Iraque ao Pacto de Badgá10, em 1955, gerou considerável atrito entre os dois países, uma vez que a organização era vista como uma manifestação clara do imperialismo britânico. Diante do apelo popular, multiplicado pela vitória de Nasser em Suez11, Al-Quwatli foi responsável por organizar a união do Egito com a Síria, em 1958, criando a República Árabe Unida.

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8 Gamal Abdel Nasser, Presidente do Egito de 1956 a 1970.

9 Ver tópico sobre pan-arabismo.

10 A Organização de Tratado Central, também conhecida como Pacto de Bagdá, foi uma organização militar fundada em 1955 por Irã, Iraque, Paquistão, Turquia e Reino Unido, visando a conter a influência soviética no Oriente Médio.

11 A Crise de Suez, ocorrida em 1956, foi a invasão do Egito por parte de Israel, França e Grã-Bretanha em resposta à nacionalização do Canal de Suez por parte de Nasse. Ainda que vitoriosas militarmente, as forças da tríplica aliança foram forçadas a se retirar diante da veemente oposição norte-americana e soviética, configurando, assim, a vitória diplomática de Nasser.

Todavia, a União foi mal sucedida, com a maior parte da liderança síria ressentindo uma suposta subserviência ao Egito. Por conta de divergências com Nasser, Al-Quwatli teve de se afastar do governo e se exilou e, dois anos depois, um golpe, orquestrado principalmente pelo partido Ba’ath, tomou o poder na Síria, separando-a do Egito.

3.3 Pan-Arabismo e ascensão do Partido Ba’ath

As décadas de 1950 e 1960 testemunharam o crescimento e eventual zênite do Pan-Arabismo. A idéia de que todos os árabes pertencem a uma mesma nação e, portanto, deveriam estar sob a mesma bandeira já existia no início do século XX, e remonta à memória da grandeza do mundo árabe unido, como no auge da expansão do Islamismo.

Após a Primeira Grande Guerra, durante a qual grande número de árabes se levantou em armas contra o Império Otomano, houve grande agitação ao redor da criação de um grande estado pan-árabe, sendo notório, por exemplo, o breve reinado como Rei dos Árabes, baseado em Damasco, e Faisal I, rei do Iraque. No entanto, essas esperanças foram frustradas pela divisão dos espólios Otomanos entre britânicos e franceses. Apesar disso, o pan-arabismo jamais deixou de ser, além de uma ideologia, uma força política com considerável apelo popular. Ainda que mal sucedidas, as empreitadas de Faisal I e os sucessivos golpes de Rashid Ali al-Gaylani fazem parte do processo que, em 1952, levaria os Oficias Livres12 ao poder, no Egito.

Em meio a esse conturbado cenário do Mundo Árabe da década de 1940, ainda mais agravado, na Síria, por conta da recente independência, é fundado, em 1946, pelo cristão sírio Michael Aflaq e pelo sunita Salah al-Din al-Bitar, o partido Baath. Sua agenda se baseava no socialismo e no nacionalismo árabes, além do pan-arabismo. Vale ressaltar o caráter secular de seu programa, outra semelhança com as idéias de Nasser. Como parte de sua perspectiva pan-árabe, o partido foi criado para existir em todo o mundo árabe, com subdivisões em cada país.

Quando da queda de Shishakli, em 1954, e do retorno à democracia, o partido Baath já era consideravelmente maior na Síria, representando uma força eleitoral significativa. Na verdade, o partido Baath representava, junto aos seus rivais ideológicos, o Partido Nacional Socialista Síria e o Partido Comunista Sírio, a transformação dos grupos políticos sírios de partidos baseados em classes e alianças tradicionais para partidos baseados em programas ideológicos.

Todavia, apesar da maior expressão do partido em 1954, o final da década trouxe grandes divisões internas, razão pela qual o partido veio a apoiar a União com o Egito. Contudo, a escolha trouxe ainda mais problemas internos e divisões. É nesse cenário que alguns oficiais baathistas fundaram um comitê militar secreto, dentro do partido, e vieram a ser parte dos responsáveis pelo golpe que, em 1961, tirou a Síria da união com o Egito. Apesar disso, as divisões intra-partidárias eram cada vez maiores, assim como o criticismo à liderança de Aflaq.

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12 Grupo responsável pela Revolução Egípcia de 1952, cujos membros mais notáveis foram Mohammed Naguib e Gamal Abdel Nasser, ambos Presidentes do Egito.

Em 1963, cinco anos após a revolução que derrubara a monarquia Hachemita, o partido Baath iraquiano lança um golpe e derruba o governo de Abd al-Karim Qasim. Pouco depois, em março desse ano, o comitê militar do partido Baath persuadiu oficiais nasseristas e independentes a os apoiarem e lançou outro golpe. Após o mesmo, apesar das divisões internas do regime, composto pelo partido Baath e por outros partidos semelhantes ideologicamente, subiu ao poder al-Bitar. Seu governo, no entanto, não durou muito, e, ainda no mesmo ano, Amin al-Hafez sobe ao poder.

Durante seu governo, realinhou a Síria ao bloco oriental e realizou reformas consideradas socialistas, na Síria. No entanto, seu governo foi interrompido por um novo golpe, em fevereiro de 1966. Dessa vez, o ocorrido foi resultado de divisões internas dentro do partido, e, na prática, o golpe pode ser visto como um embate, por fim vitorioso, das alas mais jovens do partido Baath contra a velha guarda partidária, então no poder. Além disso, o partido Baath passa a ser o único partido no governo.

Como resultado direto do golpe, extremamente sangrento, os fundadores do partido Baath, Aflaq e al-Bitar, são forçados a deixar o país, e o partido Baath sírio tem seus laços com o partido Baath iraquiano – o único outro país em que o partido deteve o poder – consideravelmente danificados. A figura forte do novo governo seria Salah Jadid, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e responsável pelo golpe de 1966, ainda que, de 1966 a 1970, não detivesse nenhum cargo oficial, sendo o cargo de Presidente exercido formalmente por Nureddin al-Atassi.

De maneira geral, o governo de Salah Jadid, ou, formalmente, de Nureddin al-Atassi, pode ser visto como uma radicalização do posicionamento sírio. Se, desde 1963, o partido Baath havia mostrado seu caráter pan-árabe e socialista de modo bem claro, até mesmo em sua política externa, apoiando ativamente as guerrilhas argelinas contra a França, ou se opondo veementemente a Israel, o regime se tornou ainda mais radical após 1966.

Em outras palavras, Jadid intensificou o ritmo das reformas socialistas, aproximou ainda mais a Síria do bloco Oriental e passou a clamar pela ‘Guerra Popular’ contra o Sionismo, ao invés da simples aliança de estados soberanos. Todavia, a derrota, em junho de 1967, contra Israel abalou consideravelmente o apoio popular ao seu regime, notório pela perseguição de oponentes políticos, bem como o ímpeto de seu posicionamento político.

Mais especificamente, a partir da guerra e da subseqüente conquista das Colinas de Golã, por parte de Israel, as divisões internas da liderança política síria ganharam força, sobretudo o grupo, centrado ao redor do Ministro da Defesa Hafez al-Assad, que achava necessária uma política mais pragmática e moderada, tanto na política externa como nas transformações político-econômicas internas. Entre 1967 e 1970, ainda que Jadid continuasse a possuir mais apoio popular, a facção de Hafez al-Assad gradualmente granjeou apoio das forças armadas, às quais pertenciam tanto Jadid como Assad. Dessa forma, quando do estopim das divergências – o envio de tropas sírias, por ordem de Jadid, para apoiar os guerrilheiros palestinos, durante o Setembro

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Negro13 -, as forças armadas da Síria eram consideravelmente mais leais a Assad do que a Jadid, ou a Nureddin al-Atassi. Apesar dos avanços iniciais das forças sírias, a Real Força Aérea Jordaniana conseguiu trazer prejuízos às formações blindadas sírias, e a ameaça de intervenção de Israel, a pedido do rei Hussein, o que forçou o exército sírio a se retirar.

Após esse outro infortúnio, a facção próxima a Hafez al-Assad tomou o poder, em novembro do mesmo ano, prendendo as lideranças anteriores e levando ao poder o Ministro da Defesa. O evento foi chamado de Revolução Corretiva, uma vez que, em tese, visava a conter o radicalismo, tanto interno quanto externo, do governo de Nureddin al-Atassi e Salah Jadid.

3.4 A Família Assad

A figura que assume o poder após o Golpe de 13 de novembro de 1970 é Hafez al-Assad. Com o apoio do exército, rapidamente sua posição é consolidada. Todavia, al-Assad herda para si uma estrutura de comando autoritária, oriunda dos vários anos de ditaduras militares no país. Diante disso, imediatamente intensifica a repressão e expande a rede de informantes policiais, de forma que em pouco tempo passa a controlar uma grande polícia secreta. Simultaneamente, contudo, para consolidar seu poder, Assad criou a estrutura organizacional necessária para um governo, ausente nos breves regimes anteriores. Dessa forma, foi criado o Conselho Popular, uma legislatura com 173 cadeiras, dos quais o partido Baath ocupou 87. Além disso, em março de 1971, foram realizadas eleições intra-partidárias, e, para confirmar Assad como presidente por um mandato de sete anos, foi realizado um referendo nacional. Por fim, 1973 viu a promulgação de uma nova Constituição, seguida por eleições parlamentares, algo ausente do cenário político sírio desde 1962.

Apesar do que se poderia esperar, seu governo conseguiu considerável popularidade, principalmente porque, talvez por conta de suas políticas repressivas, conseguiu trazer ao país, que vivenciava sucessivos golpes havia mais de vinte anos, estabilidade política. Como conseqüência direta, o país viveu maior estabilidade econômica, o que, junto às reformas sociais implementadas, aos investimentos em infra-estrutura, da qual se destaca a construção da chamada Represa da Revolução, e aos investimentos na educação, elevou consideravelmente o nível de vida da população. Além disso, seu governo testemunhou crescimento expressivo das forças armadas da Síria, armadas pelos soviéticos.

O principal conflito interno da Síria, durante o governo de Hafez al-Assad (1970-2000), foi com a Irmandade Muçulmana. Em primeiro lugar, é importante frisar que o presidente pertence ao grupo étnico dos Alauítas, uma subdivisão muçulmana responsável por, aproximadamente, 10% da população da Síria. Por conta disso e, em grande parte, do caráter laico do partido Baath e, portanto, das políticas de Assad, seu governo foi apoiado pelas minorias do país (Alauítas, Drusos e Cristãos), que temiam o surgimento de um governo oficialmente islâmico, representante da

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13 Nome dado ao conflito ocorrido na Jordânia, iniciado em Setembro de 1970, quando o rei Hussein decidiu expulsar as guerrilhas palestinas do país. A crise se encerrou quando, em julho do ano seguinte, a OLP finalmente se realocou para o Líbano.

maioria sunita. Em contrapartida, a Irmandade Muçulmana, grupo conservador presente na maior parte do Mundo Árabe desde a década de 1930 e banida em 1963, acabou por se tornar o maior representante da maioria sunita e da elite econômico-latifundiária tradicional, conflitando com o partido Baath no campo político e religioso.

A animosidade entre os dois grupos foi sempre muito tensa, porém marcada por momentos de maior e menor tensão. A primeira confrontação aberta entre os dois grupos se deu na Revolta de Hama, em 1964, reprimida pelas forças de segurança do governo. No entanto, se as forças favoráveis à Irmandade Muçulmana se mantiveram quietas pelos próximos doze anos, a partir de 1976, a Síria passou a vivenciar a insurgência armada de setores da facção religiosa, majoritariamente na forma de atentados. De 1976 a 1982, a violência do conflito aumentou gradualmente, até seu ápice, em fevereiro de 1982. Desse período, destacam-se a lei que tornou associação com a Irmandade Muçulmana um crime capital e o atentado à vida de Assad, em 26 de junho de 1980, após o qual, alega-se, mais de mil ‘islamistas’ prisioneiros foram executados, em vingança.

Em 1982, no ápice das tensões entre os dois grupos, a cidade de Hama oficialmente se revoltou, tendo militantes da Irmandade Muçulmana assassinado por volta de uma centena de oficiais do partido Baath. A resposta do governo, no entanto, foi extremamente severa. Foram enviadas tropas pesadamente armadas, incluindo a elite do exército sírio, sob o comando de Rifaat al-Assad, irmão de Hafez al-Assad, e as forças do governo objetivaram, dessa vez, acabar, finalmente, com a oposição da Irmandade Muçulmana. Cercada a cidade, informaram que qualquer um que permanecesse na cidade seria considerado rebelde. Após breves tentativas falhas de adentrar na cidade, o exército a cercou com artilharia pesada e a bombardeou, por terra e ar, durante três semanas. Eventualmente, forças governamentais, com apoio de tanques, adentraram a cidade, em busca dos rebeldes, torturando e assassinando milhares. Por fim, reclamando que o comandante da missão não havia apropriadamente reprimido os revoltosos, Rifaat al-Assad, argumentando que eles estariam escondidos nos túneis da cidade velha, ordenou que se bombeasse diesel nos túneis e os incendiassem, além de posicionar tanques na saídas dos túneis, visando a matar qualquer um tentando escapar da morte subterrânea. Estima-se que tenham sido mortos entre dez e quarenta mil pessoas, das quais a maioria civil. Vale ressaltar que Rifaat al-Assad, o próprio, clama terem sido mortos trinta e oito mil. Por razões compreensíveis, a Irmandade Muçulmana, após o evento, conhecido para a História como ‘Massacre de Hama’, deixou de ser uma força ativa na política síria.

No ano seguinte, Hafez al-Assad sofreu um ataque cardíaco, que o dafastou do governo. Para governar durante seu afastamento, nomeou uma junta de seis homens, lideradas pelo então Ministro da Defesa, Mustafa Tlass; majoritariamente sunitas, o que gerou certo ressentimento no alto oficialato, em sua maioria alauíta. Além disso, gradualmente surgiram rumores, não necessariamente infundados, de que sua situação de saúde poderia ser séria. No início do ano seguinte, utilizando-se das forças de segurança sob seu comando, Rifaat al-Assad posicionou suas tropas ao redor de Damasco e iniciou um golpe. Contudo, as forças armadas estavam

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divididas entre os que apoiavam Rifaat e aqueles leais a Hafez, de forma que a tensão entre os dois grupos, em uma Capital fortemente armada, se elevou ao máximo. A crise só foi resolvida quando, saindo de sua convalescença ainda doente, Hafez al-Assad discursou para a nação e reassumiu o poder. Rifaat, pouco depois, seguiu para o exílio, apesar de não terem sido apresentadas acusações formais contra si.

Apesar de exilado, Rifaat veio a comandar, indiretamente, uma série de empreitadas econômicas na Síria, sobretudo no Noroeste do país. Em 1999, após as eleições legislativas de 1998, e por conta da pressão governamental sobre os interesses econômicos de Rifaat al-Assad, partidários deste entraram em conflito aberto com o governo de Hafez al-Assad. De acordo com fontes independentes, repudiadas pelo governo sírio, a repressão às manifestações foi responsável pela morte de centenas de pessoas.

Por conta disso, apesar da constante pressão de Rifaat al-Assad pelo poder, quando de sua morte, em 10 de Junho de 2000, após trinta anos no poder, Hafez al-Assad foi capaz de passar seu posto ao seu filho mais novo, Bashar al-Assad. Este, em princípio, não havia sido preparado para governar, uma vez que seu pai havia instruído seu irmão, falecido em um acidente automobilístico, em 1994, para tal. Não obstante, após o falecimento do pai, foi conseguido que se alterasse a lei, para que ele, com então 34 anos, pudesse ser eleito presidente, o que, por fim, ocorreu no dia 10 de julho, dando-lhe o que o partido Baath declarou ser ‘apoio maciço’.

Em função de sua educação mais ocidental, tendo o novo presidente estudado em Londres por dois anos, de sua juventude e de sua esposa britânica, com ascendência síria, havia grande esperança que Bashar al-Assad seria capaz de conciliar várias das forças antagônicas da política síria e abrir mais espaço para a democracia. O processo subseqüente, denominado Primavera de Damasco, marca justamente o período entre a morte de Hafez al-Assad e agosto de 2001, durante o qual foi largamente incentivado o debate político e a mobilização popular, notáveis pela proliferação de fóruns e salões pelo país, bem como pela libertação de vários presos políticos. Todavia, se o novo governo, em princípio, hesitou em sua resposta às aspirações populares, logo no ano seguinte voltou atrás, refazendo uma série de prisões arbitrárias e fechando os salões que tanto se haviam popularizado.

Ainda assim, seu efeito foi particularmente duradouro e pode-se argumentar que o regime de Bashar al-Assad, mesmo tendo revogado algumas de suas concessões iniciais, tornou-se sensivelmente mais liberal que o de seu pai, em alguns aspectos. Notam-se também avanços sócio-econômicos no país, os quais, apesar de pequenos, não deixam de ser relevantes. Dentre eles, é importante listar a introdução da internet no país, em 2001, e o advento da telefonia celular. Além disso, à maior parte dos observadores internacionais parece que, a despeito do continuado controle do governo sobre a economia e, principalmente, sobre a indústria, o desenvolvimento de bancos privados e a busca por investimentos estrangeiros mostram avanços no processo de liberalização do país. Todavia, é válido ressaltar que o histórico do país com direitos humanos continua em baixa, tendo o governo de Bashar al-Assad sido acusado de

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perpetuar a repressão contra os curdos e, de certa maneira, manter em funcionamento o estado policial montado por seu pai.

3.5. Política externa da Síria sob o partido Baath

Em função da imensa instabilidade política da Síria, entre 1949 e 1963, ou, mesmo, até 1970, o país não foi capaz de apresentar uma política externa coerente. Apesar disso, pode-se afirmar que, de uma maneira, a Síria se posicionou ao lado dos regimes árabes mais radicais, sendo guiada pelo pan-arabismo durante a maior parte desse período.

A primeira grande controversa particular do regime estabelecido em 1966 é o afastamento entre os partidos Baath sírio e iraquiano, como consequência do exílio de Aflaq e Al-Bitar, os líderes originais do partido. Posteriormente, o esfriamento das relações entre os dois países culminou na participação de forças sírias na coalizão, durante a Primeira Guerra do Golfo14. Após 1966, a política síria, ditada por Salah Jadid, se caracterizou por forte radicalismo ideológico, notavelmente na participação na Guerra dos Seis Dias15, em junho de 1967, e na intervenção, em setembro de 1970, entre o rei Hussein e as milícias palestinas, na Jordânia.

Após a Revolução Corretiva de 1970, motivada, dentre outras coisas, pelo radicalismo da política externa de Jadid, o governo sírio buscou um posicionamento mais pragmático. Na nova agenda, continuou a figurar considerável ênfase na questão árabe-israelense, em função da qual o governo de Damasco se lançou em nova guerra contra Israel16, em outubro de 1973. Durante o conflito, as forças sírias, usufruindo o efeito surpresa do ataque, foram capazes de retomar considerável territórios nas colinas de Golã, ocupadas desde 1967. Acabou, entretanto, perdendo seus ganhos ao fim da guerra.

O conflito foi, apesar disso, considerado uma vitória pelo mundo árabe, uma vez que as forças árabes foram capazes de infligir considerável revés às forças israelenses, contrastando claramente com a derrocada da guerra dos Seis Dias. O surgimento da Organização para Libertação da Palestina, em 1964, tornou a questão política da região ainda mais delicada, uma vez que Assad queria manter o domínio sobre a situação, não concordando com as políticas de Arafat, o chefe da organização palestina.

Outro marco da diplomacia de Assad foi o desrespeito à soberania territorial de seus vizinhos para avançar os objetivos nacionais sírios. Para tal, o exército sírio interviu diretamente na guerra civil libanesa, ocupando o país de 1976 à 2005. Vale ressaltar que a ocupação síria,

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14 Conflito originado pela invasão do Kuwait pelas tropas leais a Saddan Husseis, ditador do Iraque, após a qual as forças de uma coalizão liderada pelos Estados Unidos, sob os auspícios de uma resolução do Conselho de Segurança, tomaram parte na disputa, saindo vitoriosos. Durou de 1990 a 1991.

15 Conflito ocorrido de 5 a 10 de junho de 1967, no qual Israel desbaratou por completo as forças sírias, egípcias e jordanianas, ocupando, posteriormente, toda a península do Sinai, a Faixa de Gaza, as Colinas de Golã e a Cisjordânia.

16 Guerra do Yom Kippur, ocorrida do dia 6 ao dia 25 de outubro de 1973, iniciada pelo ataque árabe à Israel durante o feriado religioso do Yom Kippur, entre Síria, Egito e Israel.

que, durante a sua duração, serviu para apoiar diversos grupos políticos, à época alinhados ao governo de Damasco, foi, durante grande parte da sua duração, autorizada pela Liga dos Estados Árabes. Embora esta tenha sido revogada anos depois, as forças sírias permaneceram no país até o assassinato do então primeiro-ministro libanês Rafiq al Hariri.

O governo sírio, nesse processo, também financiou grupos extremistas cujos objetivos se assemelhavam aos seus, principalmente o Hamas, na Palestina, e o Hezbollah, no sul do Líbano. Por conta disso, Damasco viu-se isolada politicamente no Oriente Médio, de forma que, quando da Revolução Islâmica do Irã17, em 1979, buscou o apoio de Teerã, igualmente isolada. A primeira e mais notável manifestação dessa lança particularmente pragmática foi o apoio diplomático e econômico prestado pela Síria ao Irã durante a guerra Irã-Iraque.18 Contudo, o conflito afastou ainda mais a Síria de seus vizinhos, de forma que, após o fim do mesmo, o governo de Assad buscou se re-aproximar do resto do mundo árabe. Foi, por exemplo, favorável à reintegração do Egito à Liga dos Estados Árabes19 e fez parte da coalizão árabe que se opôs a Saddam Hussein na Primeira Guerra do Golfo. Apesar disso, a Síria foi contrária à invasão do Iraque por parte dos Estados unidos, em 2003.

Assim sendo, o radicalismo da política externa síria durante as décadas de 1970 e 1980 perdeu ímpeto na década de 1990 e, sobretudo, nos anos 2000, após a ascensão de Bashar al-Assad.

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17 Explicar revolução islâica do Irã

18 Conflitoparticularmente sangrento entre a recem fundada República Islâmica do Irã e o regima baathista de Saddam Hussein no Iraque, entre 1980 e 1982.

19 O Egito fora banido da Liga após assinar os acordos de Camp David, em 1979, em que estabeleceu a paz com Israel, estabelecendo-o diplomaticamente.

4. Inssureções no mundo árabe4.1. TunísiaPresidente da Tunísia até o início desse ano, Zene El Abidine Bem Ali subira ao poder em

1987 e, durante todos esses anos, sofreu com forte críticas de ONG’s e da mídia. Por outro lado, seu governo contava com o apoio americano e francês, não apenas pelas políticas pró-ocidentais que Bem Ali implementara, mas também por acreditar que seu modelo de gestão econômica deveria servir de exemplo para todo o norte da África.

Acreditando que esse suporte seria o suficiente para mantê-o livre, Zine Bem Ali abusava do poder através de medidas autoritárias e que feriam os direitos humanos. Até um momento em que a mídia internacional começou a reportar a situação na Tunísia, dizendo que a França e a União Européia se silenciavam frente a essa questão.

Sem aprovação internacional, com a inflação em alta e alarmantes taxas de desemprego e corrupção, o governo tunisiano perdia todo o seu apoio. A população, que até então não tinha um históricos de grande manifestações populares, organizou-se e foi às ruas reivindicar seus direitos. A repressão houve, como já houvera muitas vezes antes.

O estopim para os protestos aconteceu no dia 17 de dezembro de 2010, quando Muahammad Bouazizi, um diplomado que, por conta do desembrego, tornara-se comerciante ilegal, pôs fogo em seu próprio corpo em forma de protesto ao confisco da banca de vegeais que garantia sua subexistência. O ato foi visto como uma ação política e estimulou o início dos levantes populares contra o governo.

As mídias sociais também tiveram um papel importante nesse processo. Como a censura o controle em rede sociais é mais difícil de ser feito, através do Twitter e do Facebook as mensagens de revolução e liberdade ganharam grande repercussão. Diversos dos protestos foram organizados e anunciados através desses meios.

Nos primeiros meses desse ano, confrontos violentos entre a população revoltosa e as forças policiais deixaram um grande número de mortos. Enquanto o país cada vez mais se alvoroçava e clamava por mudanças, Bem Ali buscou refugio na França e em Malta, tendo ambos os pedidos negados. Em 14 de janeiro, dia de grande comoção popular contra o presidente, ele deixou o país em direção à Arábia Saudita. Um novo governo foi formado, porém ainda há manifestações e protestos em todos o país, buscando por mudanças mais efetivas.

A revolução na Tunísia foi a primeira do mundo árabe que acabou gerando motivações para outras revoltas.

4.2. EgitoHosni Mubarak subira ao poder em 1981, quando o então presidente egípcio, Anwar Sadat

foi assassinado após assinar um tratado de paz com Israel. Mubarak era o vice-presidente e, assim que assumiu o governo, declarou estado de emergência que estendeu-se pelos 30 anos de seu governo. A assembléia foi diluída, começou a haver censura estatal e um grande poder ficou nas mão do chefe de estado. Quando assumira o poder, Mubarak, piloto treinado pelo regime

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soviético e que lutou na guerra contra Israel, era um herói nacional. Com o passar dos anos, essa imagem se modificou.

Internacionalmente, Mubarak ficou conhecido por manter a paz com Israel e até fez com que o Egito fosse mediador da paz entre Israel e Palestina. Em 1991, contribuiu militarmente com a coalizão, liderada pelos Estados Unidos, que forçou o Iraque a retirar-se do Kuwait. O Egito é, inclusive, o segundo país a mais receber apoio militar de Washignton, atrás apenas de Israel.

Pobreza, exclusão social, alta inflação, corrupção e décadas de estagnação econômica são apenas alguns dos problemas que assolam o Egito. As ações ditatoriais e repressivas do ex-presidente eram um ponto a mais na grave situação da população, em especial a mais empobrecida. Os levantes na tão próxima Tunísia foram um incentivo às manifestações e o país foi sendo tomado pela revolta. A imprensa internacional, novamente, teve o papel de mostrar ao mundo a violenta repressão por parte do governo.

Por 18 dias houve embates entre as forças do governo e a população revoltosa, que ganhava mais e mais apoio. Em 11 de fevereiro, por fim, Mubarak saiu do poder, deixando que o país fosse governado por uma junta militar que promete promover novas eleições e instaurar a democracia. O ex-presidente foi preso e, juntamente com seu filho e outros aliados, levado a julgamento. A imagem dele preso em uma jaula para o tribunal foi vinculada pela mídia em todo o globo.

4.3. LíbiaA Líbia possui um dos quadro mais complexos entre os países árabes em processo de

revolução. O col. Muammar Abu Minyar al-Kadafi governa o país desde 1969, quando chegou ao poder após um golpe militar. Seu governo tinha como objetivo criar na Líbia uma alternativa que não o capitalismo nem o comunismo, baseado nos ensinamentos do Islã.

Durante os anos 1970 e 1980, Kadafi, para promover as ideologias de seu regime, chegou a financiar grupos de guerrilha e terrorismo, inclusive nas Américas, muito longe de sua esfera de influência política direta. Em 1992, o governo líbio foi acusado de se envolver na derrubada de um vôo da Pam AM que sobrevoava a cidade de Lockerbie, na Escócia. O Conselho de Segurança das Nações Unidas iniciou, então, uma rodada de sanções contra a Líbia, o que abalou a economia do país.

Durante os anos 1990 e 2000, Kadafi fez um grande esforço para reconstruir sua relação com o mundo ocidental, assumindo a responsabilidade pela derrubada do avião e dando um fim ao programa para construção de armar de destruição em massa. Em 1999 as sanções foram suspensas. Em maio de 2010, a Líbia ganhou seu acento no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, apesar de protestos de diversas ONGs de direitos humanos.

A onde revolucionária atingiu a Líbia no início de 2011 com força total. Os rebeldes conseguiram organizar-se e foram, aos poucos, tomando o país em batalhas que deixaram um grande número de mortos. Embora a repressão tenha sido enorme, as forças de Kadaki foram diminuindo enquanto um número considerável da força leal ao coronel desertaram para lutar ao lado dos rebeldes.

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No dia 17 de março de 2011, o Conselho de Segurança aprovou a resolução 1973, estabelecendo uma zona de exclusão aérea. Muitas críticas foram feitas a essa resolução por não deixar claras as suas decisões. Está em seu texto que:

“4. Autoriza os Estados membros que tenham notificado o secretário-geral, agindo a nível nacional ou através de organizações ou acordos regionais, e agindo

em cooperação com o secretário-geral, a tomar todas as medidas necessárias, não obstante o parágrafo 9 da Resolução 1970 (2011), para proteger civis e áreas civis

povoadas, sob ameaça de ataque na Jamahiriya Árabe da Líbia (…)”

Isso abriu espaço para especulações sobre o uso de sanções e ações militares para solucionar a situação. Foi sob as decisões dessa resuloção que a Organização do Tratado do Atlântico Norte resolveu intervir com operações aéreas apoiando os rebeldes.

O coronel recusou-se a abrir espaços, negando o avanço dos rebeldes pelo país até que, no dia 21 de agosto de 2011, eles tomaram a capital e sede do governo, Tripoli.

4.4. BahreinEmbora de pequeno território, o reino de Bahrein tem grande importância política e

econômica no Oriente Médio graças ao seu sistema de bancos e às refinarias de petróleo. A manutenção da paz no pequeno país é, portanto, imprescindível para a região.

Bahrein vem sendo governada pelo rei Hamad bin Isa Al-Khalifa desde 1999, sendo que a família Al-Khalifa está no poder desde a segunda metade do século XVIII. Assim sendo, são históricos os embates entre os xiitas, 70% da população, e o governo de uma família sunita. Embora, hoje, o país conte com uma Câmara e realize eleições municipais regularmente, grande parte da população sente-se excluída da vida política e se vê em desvantagem quando precisa do aparato público, seja para conseguir um emprego ou o atendimento em um hospital.

Em muito inspirados pelas revoltas egípcia e tunisiana, a população do Bahrein iniciou uma série de protesto, utilizando-se até da violência, buscando reformar políticas e igualdade de direitos para a população xiita. Temendo o que acontecera nos países próximos, o rei Hamad pediu ajuda ao Conselho de Cooperação do golfo, que enviou tropas sauditas e emiratenses para conter os manifestantes. Além disso, o rei declarou estado de emergência, dando aos militares o poder necessário para manter a paz.

Por outro lado, negociações vem sendo feitas entre o governo e os chefes da oposição, especialmente sob a mediação do Principe Herdeiro.

4.5. IêmenO Iêmen vem de uma conturbada história de guerras civis, separatismo e independência

recente. Apenas em 1990 seu território se unificou nos moldes que possui hoje, após o sul e o norte uniram-se na República do Iêmen. Até o início de 2010, ainda havia conflitos para sufocar os movimentos separatistas do sul.

Os movimentos populares no Iêmen vieram seguidos dos da Tunísia e do Egito. As reclamações são sobre as altas taxas de desemprego, a pobreza na qual se encontra boa parte da população e a grande corrupção, pedindo, também, que o presidente, Ali Abdallah Salih, saia

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do poder. Salih está no governo desde a criação do país, em 1990 e, antes disso, já era o chefe de estado do Iêmen do Norte.

Como nos outros países, as manifestações foram recebidas com forte repressão e uso da força militar. Estima-se que o número de mortos esteja na casa das centenas, número esse que tende a subir enquanto os esforços de negociação e conciliação não atingirem algum resultado.

4.6. SíriaA “primavera árabe”, nome pelo qual vem sendo chamada a série de revoluções que tomou

o mundo árabe desde dezembro do ano passado, chegou à Síria em março de 2011. Até então, o país fora um dos mais estáveis do Oriente Médio, apesar das posições radicais de seu governo.

Bashar Al-Assad governa a Síria desde 2000, quando assumiu após a morte de seu pai, Hafez Al-Assad, este no poder desde 1971. Seu governo conseguiu manter a estabilidade do país, algo muito importante para a região e para o restante do mundo. Dessa maneira, muitas das medidas autoritárias e violentas da família Assad foram encobertas. As revoltas desse anos, entretanto, encontram-se num cenário totalmente inusitado de revolução que se espalha pelo mundo árabe, tornando inconcebível deixar em branco a dura repressão aos manifestantes, mesmo que a mídia internacional seja proibida de entrar no país.

Um fator muito importante para a questão síria é que o governo mantém o monopólio da força e o controle do exército, ao contrário da Líbia, onde houve um grande número de desertores assim que começaram as revoltas. A repressão às manifestações é feita com uso extremado da força e , embora difícil de se afirmar, estima-se que o número de mortos seja em torno de 1.600, além de inúmeros feridos.

No dia 20 de junho de 2011, Assad fez um discurso dizendo que os rebeldes são culpados pela segurança na Síria e que a onda de violência só acabará quando os rebeldes desistirem de causar desordem no país além de fazer vagas promessas de reformas sociais. Um dia depois desse discurso, Assad anunciou uma anistia geral de prisioneiros políticos, visando acalmar o povo. Logo após esse acontecimento, grupos pró-assad foram às ruas, tomando praças públicas de 4 das grandes cidades da Síria.

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5. Reações da comunidade internacional.5.1. Reações do mundo árabeO crescente conflito na Síria logo veio a tona no cenário internacional e, inicialmente, os

estados árabes apoiaram o regime aliado e as ‘medidas de segurança’ por ele tomadas. Entretanto, com o crescente número de mortes, o mundo árabe se voltou contra as medidas do governo do presidente Bashar al-Assad.

O primeiro pronunciamento oficial do mundo árabe contra a repressão veio do Secrtário-Geral da Liga dos Estados Árabes, Naril Elaraby. Após uma visita à Síria, fez um apelo para manutenção da paz no país e para as reformas políticas prometidas por al-Assad. Foi o rei Abdullah, da Arábia Saudita, o primeiro chefe de Estado a manifestar-se publicamente sobre o assunto, afirmando que o pais será levado ao caos e à perda se não agir e coordenar grandes reformas políticas.

Após a Arábia Saudita retirar seu embaixador da Síria em protesto à repressão feita pelo poder vigente, o Kuwait e o Bahrein fizeram o mesmo, com o primeiro ministro do Kuwait, o xeique Mohammed Sabah al-Salem Al Sabah, dizendo que os ministros de relação exterior dos países do Golfo logo se uniriam para discutir a situação da Síria.

Logo após a retirada dos embaixadores pelos governos do Kuwait e do Bahrein, o governo do Egito se pronunciou contra as repressões feitas pelo governo Sírio e pediu, com temor, que todos os participantes da política síria se juntassem para por um fim as hostilidades. O Estado de Israel já havia se pronunciado a favor dos protestos na Síria e disse, ainda, que desejava ver os mesmos princípios que haviam sido aplicados na Líbia pelo mundo ocidental aplicados tanto na Síria quanto no Irã. Com a acentuação do conflito, o governo israelense advertiu que o presidente Bashar al-Assad poderia tentar divergir a atenção do mundo dos conflitos internos em seu pais causando incidentes na fronteira com Israel nas Colinas de Golan, ou até com o Líbano ou Gaza.

Após o incidente na cidade de Hama, o primeiro ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan declarou que, se semelhante ação for novamente efetuada pelo governo da Síria, seu país não irá indolentemente ficar parado como simples observador.

No meio de tal totalidade de críticas contra o estado Sírio, o primeiro ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, mantém seu suporte ao pais, reforçando seu pronunciamento de abril, no qual estabeleceu seu apoio ao regime contra o que dizia serem conspirações que ameaçavam a estabilidade síria.

5.2. Reação do OcidenteNo mundo ocidental, houve uma abundância de criticas às repressões feitas pelo governo

sírio. Já no inicio da alta violência no conflito, no dia 18 de março, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, descreveu o uso de força contra os protestantes como ‘inaceitável’ e, apenas quatro dias após, a União Européia se pronunciou condenando o uso de armas de fogo contra os protestos que ocorriam no país. Tal pronunciamento foi re-afirmado no final de julho, após a morte de 136 pessoas na cidade síria de Hama como resultado de operações militares.

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O presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, logo se pronunciou contra o uso de força para reprimir os protestantes, dizendo que os Estados Unidos defenderiam a liberdade de expressão e os direitos humanos. Porém, a secretária de estado, Hilary Clinton, disse que o país não interviria na Síria, pois via o presidente Bashar al-Assad como um reformista. Tal posição se mostra contraditória, tendo em vista a pesada intervenção feita pela OTAN, organização da qual os Estado Unidos faz parte e que não toma decisões se houver a negação de qualquer um dos membros, na Líbia, com o pretexto de resolver semelhante crise. Ainda assim, no dia 18 de maio, o governo americano impôs diversas sanções ao presidente sírio e a outros oficiais como resposta à crescente violência nas manifestações, sem deixar de criticar, também, a violência utilizada pelos rebeldes. Com o massacre de Ramadan, o presidente Obama estatou que iria aumentar o esforço americano no cenário internacional para isolar o governo de Assad e apoiar o povo sírio.

O presidente russo, Dmitry Medvedev, no dia 6 de abril, disse apoiar as reformas propostas pelo presidente da síria. Com o passar de semanas e o aumento da violência, o embaixador da Rússia para Síria advertiu sobre o perigo de se escolher lados no caso da Síria - assim como de outros países árabes - pois tais ações levariam a um ‘eterno ciclo de violência’. O país, assim, se posicionou fortemente contra uma intervenção na Síria, temendo que a situação se tornasse uma segunda Líbia, com o Ocidente intervindo a favor dos rebeldes. Diversas vezes no Conselho de Segurança, a Federação Russa, ao lado da República Popular da China, usou sua posição de destaque para bloquear ações que prejudicariam o governo da Síria. Entretanto, com o crescente uso de violência de ambos os lados, o governo russo se posicionou relativamente contra o governo de Assad, dizendo que ambos os lados do conflito deveriam mostrar controle.

O governo Chinês reconheceu a situação no país como alarmante, mas o porta-voz do ministério de relações exteriores, Jiang Yu, disse que a melhor maneira de resolver a situação seria com extensivos diálogos políticos, visando manter a estabilidade do país, e sem interferência externa de qualquer tipo.

Outros países ocidentais vieram se posicionar contra medidas mais veementes contra o governo síria. Brasil, África do Sul e Índia vem procurando abrir canais de diálogo entre o governo e a população revoltosa, acreditando que a situação agora é uma questão de crise interna e que pode ser resolvida dentro dos limites do país.

No dia 3 de agosto, o presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas publicou uma declaração, aprovada pelo Conselho, a qual condenava as amplas violações dos direitos humanos e o uso excessivo de violência pelas autoridades sírias. Tal declaração, entretanto não ameaçou utilizar sanções econômicas e não possuía a condição total de resolução. No dia seuinte, Assad assinou um decreto que autoriza a adoção de um sistema pluripartidário, acabando, teoricamente, com a soberania do partido Baah. Nesse mesmo dia, há testemunhos de que o exército sírio sitiou a cidade de Hamas, devido ao grande levante popular que ocorria.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, tratou diretamente com o presidente sírio, urgindo a suspenção imediata do uso da força militar contra civis e afirmando que o Conselho de Segurança está analisando a situação do país.

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6. Posicionamento dos países

ChinaO governo da República Popular da China vem mostrando, nas últimas décadas, uma

política bastante amigável com a Síria, assim como com diversos outros países do mundo árabe. Os dois países tem fortes laços econômicos e, principalmente, militares, sendo a China um dos principais fornecedores de arma para o exército sírio. Assim sendo, Pequim mostrou-se, até agora, contrária a qualquer decisão mais incisiva contra o governo sírio.

RússiaAs relações entre Rússia e Síria datam do período da União Soviética, sendo esta uma das

repúblicas soviéticas. Hoje, a Rússia é o maior colaborador militar da Síria e os dois países mantém laços econômicos. Foi esse o país que mostrou-se mais contrário a uma resolução do Conselho de Segurança, opondo-se a medidas como sanções e, em última instância, ações militares como as realizadas na Líbia.

Estados UnidosEmbora após os atentados de 11 de setembro os Estados Unidos e a Síria tenham tido uma

parceria no combate ao terrorismo, a posição síria de apoio ao Hezbollah e sua posição agressiva quanto o Líbano. Entre 2005, quando o primeiro ministro libanês foi assassinado, e 2009, não houve um embaixador americano em Damasco. Com o início das repressões violentas do governos às insurreições populares, Washington mostrou sua repudia com uma série de sanções e vem pressionando o Conselho de Segurança para tomar mais medidas.

FrançaApós o mandato francês na Síria, os dois países continuaram a manter boas relações,

apesar das discordâncias graves quanto a posição síria no Líbano. Embora em 2005 os laços tenham se afrouxado, nos últimos anos eles voltaram a se aproximar, inclusive com negociações e visitas entre os presidentes. Quando as revoltas populares e a repressão do governo vieram a tona para a comunidade internacional, a Paris iniciou, conjuntamente com a União Européia, uma rodada de sanções contra Damasco e, recentemente, apresentou ao Conselho de Segurança, conjuntamente com o Reino Unido, uma proposta de resolução sobre a questão.

Reino UnidoAs relações entre o Reino Unido e a Síria não são, historicamente, de grande proximidade.

Entre 1986 e 1990, inclusive, não houve representação de um embaixador britânico em Damasco. A aproximação do governo sírio com o Hezbollah é um fator importante para determinar o ritmo lento nas relações diplomáticas entre os dois países. O Reino Unido condena veementemente as ações de Bashar Al-Assad contra sua população e em relação aos países vizinhos.

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África do SulA cooperação da Síria para a liberdade na África do Sul fez com que as relações entre os

países, que se iniciou em 1994 com o fim do Apartheid, fossem bastante boas, embora não haja muitos laços econômicos ou militares. O país acrdita que é preciso esgotar todos os meios diplomáticos para fazer cessar a violência na Síria e mandou, recentemente, um representante

União EuropéiaA União Européia não possui grandes laços históricos dignos de nota com a Síria, embora

tenha mantido saudáveis relações diplomáticas e econômicas com o país. Desde o início da onda de violência no país, entretanto, vem buscando formas diplomáticas de chegar ao fim do conflito com a criação de embargos contra o país e clamando ao Conselho de Segurança que tome atitudes, embora seja contrária à intervenção armada.

Bósnia-HerzegóvinaEmbora ambas sejam antigas repúblicas soviéticas, Bósnia-Herzogovina e Síria não

possuem, atualmente, grandes ligações econômicas, diplomáticas ou militares. O país é, hoje, candidato a uma vaga na OTAN e um possível candidato a membro da União Européia.

BrasilTem uma política de buscar soluções diplomáticas para as questão e contendas

internacionais, tendo se abstido na votação da resolução 1973, sobre a Líbia. Quanto a Síria, o país reconhece a urgência de pedir o fim da violência no país e garantir que os direitos fundamentais sejam dados aos cidadãos sírios. Apesar disso, mostra-se contrário a tomar medidas mais energéticas, como sanções e intervenções.

ColômbiaO país não tem um histórico de grande participação diplomática no cenário internacional nos

último anos, embora tenha tido um papel importante na Conferência de São Franciso assim como na criação da Organização dos Estados Americanos. Embora não tenha tomado nenhuma decisão oficial sobre a questão síria, a Colômbia comumente apoia e fomenta o processo de paz rigidamente baseado nas leis internacionais, além de dar grande valor aos blocos de negociação regionais.

União AfricanaEmbora tenha tido um peso maior nas outras revoluções no mundo árabe e tenha se

posicionado para dialogar especialmente no caso da Líbia, a União Africana fica mais afastada do caso da Síria, inclusive por questões geográficas. Durante seu curto espaço de existência, foi fundado apenas em 2002, vem buscando a resolução pacífica e diplomática para conflitos.

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ÍndiaQuando das guerras entre Israel e os países árabes ao seu redor, a Índia apoiou os árabes,

em especial a Síria quanto a questão da Colinas de Golã. Os laços econômicos entre os dois países são consideravelmente relevantes e há um grande intercâmbio intelectual entre os países. Conjuntamente com o Brasil e a África do Sul, a Índia mandou uma missão diplomática para negociar com o governo sírio e clamar por um fim pacífico dos conflitos. Vem buscando o diálogo e a diplomacia para resolver a questão, embora condene veementemente a violência.

LíbanoAs relações entre os dois países é complicada desde a independência e separação de

ambos em 1942. Ambos foram parte dos domínios do Império Otomano e foram controlados pela França após o fim deste. Embora a Síria tenha lutado pelo Líbano quando da invasão deste por Israel em 1982, a vontade síria de controlar o Líbano fizeram com que grandes suspeitas fossem levantadas contra a Síria quando do assassinato de Rafik Hariri, Primeiro Ministro libanês, em 2005. A situação de crise afeta diretamente o Líbano, tanto por conta das relações comerciais quanto pela mão de obra que costumava fluir entre os países. As fronteiras, agora, ficam bem mais agitadas nos pontos menos fiscalizados, por onde os refugiados fogem da Síria. Ainda hoje, os libaneses temem ações fortes e invasisvas por parte da Síria.

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Anexo - Mapas

Figura 1 Província Otomana da Síria e suas divisões. O território inclui porções hoje pertencentes à Turquia, à Síria, ao Líbano, a Israel e à Jordânia. Em vermelho, domínios Otomanos.

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