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Revista dedicada a ajudar na escolha da profissão. Guia das profissões atuais, campo de trabalho, mercado, etc.
55faça a
teste vocacional para descobrir suas aptidões
ProfissõesANO I - Nº 1 - R$ 12,95
guia das
Profissões
escolha certaMercado de trabalhoFaixa salarialDuração dos cursos
Primeiro EmpregoComo se preparar
Estágio e trainee
por Priscila Gorzoni
As carreiras do Futuro
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AS PROFISSÕES DO FUTURO
• AgronegócioO mercado está em alta e deve continuar assim
pelos próximos anos. Esse mercado beneficia: médi-cos veterinários, engenheiros agrônomos, zootecnis-tas. Quem trabalha com a exportação de produtos agropecuários terá muitas oportunidades.
• Preparação físicaOs profissionais que trabalham com o culto ao
corpo e as preocupações com o bem-estar estarão em alta. O trabalho com os idosos será a grande pedida. Os beneficiados serão: professores de educação física e fisioterapeutas.
• Meio ambienteAs atividades humanas que se preocupam com o
planeta e o meio ambiente. As indústrias continua-rão a ser pressionadas para que tenham mais cuida-do com o meio ambiente. Dessa forma, contratarão profissionais da área de engenharias ambientais, flo-restal, química, biólogos, oceanógrafos.
Não é possível saber quais profissões serão com-provadamente as do futuro, ainda mais porque a maioria delas e o mercado de trabalho estão passan-do por transformações estruturais. Tanto o Brasil quanto o mundo profissional estão sofrendo mudan-ças que deverão influenciar a vida de quem procura trabalho nos próximos dez anos. Mas, com base em pesquisas e nas observações das empresas de recursos humanos, é possível estimar as áreas onde aparece-rão mais oportunidades. Segundo esses institutos, os setores mais promissores vão da estética ao petróleo e abrangem diversas profissões. As principais preo-cupações sociais e econômicas irão influenciar dire-tamente o mercado de profissões.
• Petróleo e gásEssa é uma das áreas mais promissoras e que pede
demanda de mão de obra especializada. Estarão em alta: engenheiros químicos, de petróleo, mecânicos e geólogos.
• Informática e tecnologiaEssa área continuará aquecida, atraindo mais en-
genheiros da computação, sistemas de informática, tecnologia da informação e ciência da computação.
• GerontologiaCom o aumento da expectativa da população,
muitos profissionais que trabalham com a terceira idade serão valorizados. Médicos, geriatras, clínicos gerais e fisioterapeutas estão entre eles.
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• EstéticaA beleza nunca esteve tanto em evidência. Esse é
um campo que cada vez cresce mais, portanto, seus profissionais: cirurgiões plásticos, esteticistas, mas-sagistas, dermatologistas, entre outros, estarão em constante procura.
• Responsabilidade socialProfissionais das áreas de educação, cultura e
meio ambiente serão cada vez mais requisitados para contribuírem com a sociedade em programas dire-cionados às comunidades.
• TurismoEstá cada vez mais em alta, desenvolvendo os
profissionais das áreas de esportes radicais e turismo direcionado. Os principais beneficiados são os gra-duados em turismo, biólogos, geógrafos.
• Saúde alternativaProfissionais que buscam melhorar a saúde, bem
-estar e prevenir doenças por meio de tratamentos alternativos. Estarão em alta profissionais variados que se dedicam a esse tipo de tratamento.
Profissões mais procuradas até 2015
Na próxima década, a disputa por gente qualificada será ainda mais acirrada, segundo uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Rio. O estudo ainda aponta quais serão as profissões mais procuradas até 2015.
Engenheiro de petróleo•
Engenheiro ambiental•
Técnicos em produção, conservação e •de qualidade de alimentos
Ajudantes de obras civis•
Analistas de sistemas computacionais •(TI)
Trabalhadores da fabricação de cerâmi-•ca estrutural para construção
Técnicos de produção de indústrias quí-•micas, petroquímicas, refino de petró-leo
Gás e afins•
Técnicos em fabricação de produtos •plásticos de borracha
Técnicos florestais•
Técnicos em manipulação farmacêutica•
Fonte: Guia das profissões do professor Wagner Horta 2012.
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OS CAMINHOS PARA A ESCOLHA DA PROFISSÃO
Se você está em dúvida sobre qual profissão escolher, saiba que não está sozinho. O mer-cado de profissões está cada vez mais variado, o que dificulta ainda mais essa tarefa. Para ajudá-lo, o Guia de Profissões faz uma entre-vista com Lucas Rezende, coach, especialista em programação neurolinguística, psicólogo, professor do Instituto de Neurolinguística Apli-cada (INAp), do Rio de Janeiro. Ele dá dicas e facilita o caminho tão complicado na escolha da profissão.
Guia de Profissão : Como escolher a pro-fissão?
Lucas Rezende: A profissão é, por vezes, uma escolha que principia na infância, e sem necessaria-mente que haja uma intenção profissional. Quando
a criança, por exemplo, percebe nos pais um con-junto de atributos que lhe chama atenção, aí está se iniciando o processo de escolha e “modelagem” das atitudes que levarão a um interesse (ou desinteres-se) por determinada área de atuação profissional. A adolescência, no entanto, é comumente a fase em que o jovem finalmente coloca na balança os prós e contras da carreira que está inclinado a seguir. Na fase de escolha, qualquer que seja a idade, é importante que a pessoa sinta-se apoiada a explorar os campos profissionais por que sente maior atração, e conversar com profissionais que já atuem naquela área. O mais importante é ter a consciência de que a escolha da profissão não é uma decisão definitiva para a vida toda.
Guia de Profissão: O que devemos levar em conta ao escolher a profissão?
Lucas Rezende: Cada profissão exige certos perfis que inclusive mudam de tempos em tempos.
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A afinidade com o campo de trabalho, as atividades que são desenvolvidas, e no ambiente em que são desenvolvidas, são os fatores iniciais no processo de escolha. Infelizmente, no Brasil, a sociedade está afastada da universidade, assim os jovens entram nos cursos profissionalizantes e de graduação com pouquíssima noção, ou nenhuma, daquilo que re-presenta a realidade da profissão, de fato. Pesquisar e visitar os ambientes de trabalho são os primeiros passos para uma conscientização do que representa aquela profissão. A visita a fóruns, hospitais, escri-tórios, indústrias, por exemplo, são formas de ver, ouvir e sentir na prática o desenrolar profissional daquela carreira.
Guia de Profissão: Os testes vocacionais são válidos? Explique. Como aproveitá-los bem?
Lucas Rezende: Testes de orientação vocacio-nal por estatística, como baterias de exames por múltipla escolha, já são percebidos como defasa-dos, se utilizados isoladamente. Hoje, uma orientação vocacional funcional é considerada não como um exame, mas como um processo, onde o candidato, além de testes, participa de entrevistas e busca co-nhecimentos intelectuais e vivenciais das profissões pelas quais tem maior interesse.
Guia de Profissão: Qual é a importância de escolhermos bem a nossa profissão?
Lucas Rezende: A profissão demanda na vida de qualquer pessoa importantes investimentos. O tempo que investimos estudando e nos atualizando, bem como o dinheiro despendido, são alguns exem-plos. Além disso, a satisfação de estar imbuído em uma atividade que gere reconhecimento e autorrea-lização são cruciais para a manutenção de uma boa qualidade de vida.
Guia de Profissão: Quais são as profissões do futuro? Cite e explique.
Lucas Rezende: No Brasil e no mundo, as profissões ligadas à tecnologia despontaram por se-rem reconhecidas como as de maior rentabilidade a médio e longo prazo, principalmente pelo setor de óleo, gás e construção civil. Vem acontecendo, no entanto, uma curiosa inversão de valores. As empresas percebem que os profissionais técnicos, in-dependente de seu gabarito, nível de competência e hierarquia, obtêm melhores ou piores resultados
em função de sua competência em lidar com gente, ou carisma. Esta revolução vem trazendo à tona a administração de novos desafios quanto à seleção de profissionais que desenvolvam suas habilidades de liderança independente da função que ocupam.
Guia de Profissão: Quais profissões estão em baixa? Cite e explique.
Lucas Rezende: As profissões ligadas às áreas que estão se extinguindo atualmente carecem de in-vestimentos e atenção. Alguns exemplos são as pro-fissões que exigem menor potencial criativo ou ino-vador, como funções meramente administrativas, já que há tendência das empresas em terceirizarem este tipo de atividade, ou mesmo substituírem por tecnologias eletrônicas, como os computadores.
Guia de Profissão: Me arrependi da escolha profissional que fiz. O que devo fazer?
Lucas Rezende: A escolha da profissão não é um pacto de vida ou morte. Na cultura ocidental, pensamos na profissão atrelada à fonte de renda e ao capital envolvido. A profissão, no entanto, é um papel social que desempenhamos ao longo de certo tempo de nossas vidas. Infelizmente, algumas pesso-as estão tão associadas à sua atividade profissional que confundem sua própria identidade com seu pa-pel desempenhado socialmente, vulgo profissão. Se alguém, por exemplo, reconhece a si próprio como “o médico” ou “o advogado”, passa então a assumir que essa é sua identidade e que suas competências e valores estão restritos a esta profissão. Em parte, isso pode trazer benefícios, mas certamente a pessoa restringirá seu campo de possibilidades enquanto pensar que sua profissão atual é sua identidade. Na crise de 1929, por exemplo, vimos casos extremos de investidores que eram tão associados a sua ativida-de profissional que optaram pelo suicídio quando viram suas carreiras desmoronarem com a bolsa. O arrependimento, portanto, deve ser percebido pela pessoa como uma oportunidade de tomar consciên-cia de que aquela profissão não mais o satisfaz, e que é tempo de ampliar suas possibilidades e oportunidades. Um bom processo de orientação vocacional, ou coaching, é muito oportuno neste momento.
Guia de Profissão: Além da escolha da pro-fissão, o que o profissional deve ter a mais para se dar bem no mercado de trabalho?
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Lucas Rezende: O mercado de trabalho valo-riza atualmente o profissional que, fundamental-mente:
1) Sabe o que quer. Ou seja, tem uma meta ou um propósito bem definido dentro da organização, e assim alinha os objetivos da empresa aos seus.
2) Equilibra o foco em tarefas versus pessoas. Assim, sabe lidar bem com prazos, metas e a pressão das tarefas cotidianas, tão bem quanto lida com seu nível emocional e de relacionamentos com os que o cercam.
3) É transparente e assertivo. Comunica de for-ma clara aquilo que pensa sem, no entanto, ofender ou desrespeitar os outros. Desse princípio, muitas empresas obtêm excelentes gestores que inovam e ge-ram novas ideias.
Guia de Profissão: Poderia falar sobre a im-portância do MBA? Pós? Mestrado? Doutorado? Quais são as diferenças entre eles, e qual é o mo-mento ideal para fazermos?
Lucas Rezende: O MBA costuma ser um cur-so mais interessante às empresas que buscam por contratações de curto prazo, já que a modalidade desse curso contempla e valoriza a parte prática dos processos de liderança e técnicos. Já o mestrado e doutorado são cursos de pesquisa e experimentação, assim, são mais visados por empresas que contra-tam para processos de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias. Um curso de pós-graduação, no geral, será sempre bem visto por empresas que buscam profissionais inovadores, já que a própria “pré-disposição” do candidato em estudar “além do comum” denota um legítimo interesse em se desen-volver e assimilar novos desafios.
Guia de Profissão: É importante ter um pla-no B além da profissão? Explique como escolher o Plano B e quando fazer isso.
Lucas Rezende: A profissão é apenas um papel desempenhado ao longo da vida. Cursos que aflo-rem o empreendedorismo do indivíduo, por exem-plo, são formas estratégicas de estimular a pessoa a gerar um plano de ideais e de ação para sua vida profissional, que certamente a levará para além do desempenho habitual de sua profissão.
Guia de Profissão: Qual é a melhor forma de entrar no mercado de trabalho?
Lucas Rezende: O mercado de trabalho se transformou em uma “aldeia global”, assim temos o fenômeno da globalização dos processos, ao passo que temos “tribos” e grupos de profissionais que são reconhecidos em maior ou menor grau. Buscar pela excelência pessoal, desenvolver-se através de cursos, processos de instrução ou coaching, são formas de entrar no seleto grupo de profissionais que são pro-curados, e não que procuram.
Guia de Profissão: O que o recém-formado deve ter em mente e como deve se comportar no novo emprego?
Lucas Rezende: Uma nova profissão é como viver em uma nova cultura. É preciso inicialmente conhecer e adaptar-se ao sistema. A conquista de um novo emprego muitas vezes é subestimada pelo candidato que considera que já está estabilizado assim que entra. Na verdade, qualquer indivíduo que recém ingresse em um sistema corporativo será avaliado e posto à prova em diferentes situações até que seja considerado um membro local. Desconside-rar esse processo de consolidação e estabilização em um novo emprego pode gerar a frustração de não ser efetivado em uma vaga que antes parecia “certa” e definitiva. Aqui, cabe lembrar que os sistemas de relação profissional não são estáveis ou previsíveis, e que cabe ao profissional flexibilizar sua postura e adaptar-se constantemente aos cenários apresen-tados.
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ESTÁGIO: O ELO ENTRE O ENSINO E A PRÁTICA.
O estágio é um recurso cada vez mais procurado pelos três agentes envolvidos: o estudante, a empresa e a escola. Ele possi-bilita uma vivência prática na área em que se deseja atuar e a oportunidade de uma efetivação.
Por: Luiz Paschoal, administrador, ex-professor universitário, atuou na Philips do Brasil, Açomi-nas, Itaipu Binacional e Artex. É consultor de em-presas, ministra cursos e tem seis livros publicados.
A Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, define o estágio como o ato educativo escolar no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo do estudante. Segundo a lei, o estágio “é um vínculo educativo-profissio-nalizante, supervisionado e desenvolvido como parte do projeto pedagógico e do itinerário for-mativo do educando”.
Grande parte dos estudantes aspira a entrar para o mercado de trabalho e poucos têm vivên-cia prática. Como a experiência anterior é um requisito dos mais valorizados para o ingresso no mercado de trabalho, surge aí um obstáculo: o formando candidato ao primeiro emprego tem reduzidas chances de se colocar no mercado.
A lógica diz que, quanto antes o estudante iniciar sua vivência prática, maiores serão suas chances de conseguir um bom emprego na área escolhida, logo depois da formatura ou até antes de receber o diploma.
O momento do estágio é o momento da cons-trução da carreira e o estágio entra também
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como fator de avaliação para se saber se o curso escolhido é de fato o caminho certo para iniciar a carreira desejada. Essa clareza só vem do contato direto com a prática profissional.
Pelo lado da empresa, firma-se o reconheci-mento de que o estágio é uma excelente moda-lidade de recrutamento, descoberta e formação de bons profissionais. Reconhecido oficialmente como a mais eficaz ferramenta para complemen-tar a formação acadêmica, o estágio é regido por uma legislação própria.
A legislação
A figura jurídica do estágio está regulada pela Lei 11.788 e o Ministério do Trabalho e Empre-go publicou uma cartilha esclarecedora sobre essa lei. Eis os aspectos da lei que interessam a este artigo:
Estágio obrigatório: estágio definido como pré-requisito no projeto pedagógico do curso para aprovação e obtenção do diploma.
Estágio não obrigatório: é uma atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obri-gatória.
Além das empresas, instituições em geral e órgãos públicos, também os profissionais libe-rais de nível superior, devidamente registrados em seus respectivos conselhos, podem contratar estagiários.
Podem ser estagiários, os estudantes que estiverem frequentando o ensino regular, em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação espe-cial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
O estágio não caracteriza vínculo de em-prego de qualquer natureza, desde que observa-dos os requisitos legais, não sendo devidos encar-gos sociais, trabalhistas e previdenciários.
A empresa, instituição ou órgão deve in-dicar funcionário de seu quadro, com formação ou experiência profissional na área de conheci-mento desenvolvida no curso do estagiário, para
orientar e supervisionar até dez estagiários simul-taneamente. Além disso, deve contratar seguro contra acidentes pessoais em favor do estagiário.
A jornada do estagiário é definida de comum acordo entre a instituição de ensino, a empresa e o aluno, deve ser compatível com as atividades escolares e respeitar os seguintes limi-tes:
o Educação superior - seis horas diárias e trinta horas semanais
o Educação profissional - seis horas diárias e trinta horas semanais
o Ensino médio - seis horas diárias e trinta horas semanais
o Educação especial - quatro horas diárias e vinte horas semanais
o Anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos - quatro horas diárias e vinte horas sema-nais
O prazo de duração do estágio é de até dois anos. Para o estágio não obrigatório, a em-presa tem que conceder bolsa (auxílio financeiro) e auxílio-transporte. Para o estágio obrigatório, a concessão de bolsa e de auxílio-transporte é facultativa. O auxílio-transporte pode ser subs-tituído por transporte próprio da empresa. A empresa pode voluntariamente conceder outros benefícios.
Quase todos os anúncios oferecendo estágio indicam as atividades nas quais o estagiário “irá atuar”. Isso pode significar que o estagiário irá trabalhar como um funcionário. Sem problema, desde que seja respeitado o programa de estágio estabelecido e a atuação seja de fato na área de interesse do estagiário. É prática condenável o velho artifício de utilizar estagiário como mão-de-obra barata, colocando-o na vaga de empre-gado, realizando todo tipo de trabalho, de modo incompatível com a filosofia do estágio. É bom desconfiar de oferta de estágio já no segundo se-mestre do curso: se a ideia do estágio é a aplica-ção prática dos conhecimentos teóricos, um está-gio assim tão precoce parece incoerente.
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Estágio x Programa de TraineesOs programas de trainees constituem uma prá-
tica já consolidada em bom número de empresas para identificar profissionais compatíveis com suas necessidades. O programa normalmente recruta re-cém-formados nas universidades e cursos técnicos, e os submete a um período de convivência com a empresa no qual os profissionais recebem treina-mento em vários setores e passam por testes diver-sos. Ao fim do período, um diálogo entre as partes define quanto à efetivação ou não do profissional e em qual área da empresa. Esse período varia de 6 meses a 2 anos.
Os programas de trainees não se enquadram na legislação do estágio, pois os profissionais são con-tratados como qualquer outro empregado. Os crité-rios de avaliação são internos da empresa, e esta não está obrigada a informar os resultados à instituição de ensino, como ocorre no caso do estágio.
A BUSCA E O PROCESSO SELETIVO
Para a empresa, o processo de recrutamento e seleção de estagiário pode seguir os mesmos proce-dimentos adotados para os empregados ou ser mais simplificado.
Para o estudante, a busca é igual à de quem bus-ca um emprego. Hoje a tarefa de buscar estágio está bastante facilitada, pelo menos no que se refere a localizar as oportunidades. Além dos anúncios em jornais e dos muitos sites da internet voltados para o assunto, o interessado pode recorrer a instituições e empresas especializadas como o CIEE, à Catho e muitas outras. Nos anúncios que oferecem está-gio, vê-se que, para certas áreas, as empresas buscam candidatos já a partir do segundo semestre do cur-so. Para áreas mais complexas, como Engenharia, buscam-se candidatos a partir do quarto ou quinto semestre.
As recomendações a seguir valem para qualquer candidato a emprego, mas vale especialmente para o candidato a estágio. São as recomendações mais básicas, que não dispensam o interessado de buscar mais informações sobre o tema:
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• CurrículoContinua sendo a forma mais utilizada para
apresentação das qualificações dos candidatos a colocações, e também a estágios. Aspectos formais contam como primeira impressão, daí a primei-ra dica: estética, clareza e objetividade, nada de querer impressionar pelo volume de informações. São cinco partes: cabeçalho (dados pessoais como nome, endereço, telefone, e-mail), formação aca-dêmica (nome da escola, curso, duração do curso e em que período se encontra), experiência pro-fissional (quando tiver e desde que relacionada com a área desejada, iniciando pela mais recen-te), outros conhecimentos (idiomas, informáti-ca, etc.), outras informações (prêmios recebidos, atuação em diretórios acadêmicos, capacidade de negociação, facilidade de relacionamento inter-pessoal, esportes praticados e trabalhos voluntá-rios). Lembre-se de que as informações prestadas poderão ser checadas.
• EntrevistaA mesma recomendação de dizer sempre a
verdade vale igualmente para a entrevista. Seja sincero e verdadeiro para não se enrolar depois. Nervosismo e ansiedade são normais, mas serão menores quanto mais adequada for a preparação para a entrevista. Atentar para a apresentação pes-soal apropriada, ouvir mais, falar menos, ser claro e objetivo e comedido nos gestos. Deixe as suas perguntas para o final.
Essas são algumas sugestões, mas ninguém desconhece a dificuldade que se tem em se tor-nar, na hora da entrevista, uma pessoa diferente do que está habituada.
Essa dificuldade é real tanto para novos como para quem já está no mercado. “Seja você mesmo” é a recomendação dos especialistas. Para ser “você mesmo” e ainda ter chance de sucesso, é preciso que esteja bem preparado. Por isso, é necessário estar informado sobre a empresa e adquirir qua-lidade de profissional requisitado, ainda que sem experiência.
Outra questão importante: nos dias atuais, apenas o nome da faculdade não é garantia de uma boa colocação no mercado de trabalho. Educação e aprimoramento pessoal e profissional continua-
dos são o caminho para se atingir o padrão procu-rado. Tem mais vantagem na conquista do estágio e do primeiro emprego o candidato que começa desde cedo a construir seu perfil profissional.
Duas boas fontes para quem quer educação e aprimoramento pessoal e profissional continu-ados: livros “O Profissional Dez” (Qualitymark Editora), do mesmo autor deste artigo e “Profis-sões 2010” de Luiz Gonzaga Bertelli, Presidente Executivo do CIEE.
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ATUAÇÃO DURANTE O ESTÁGIO
Os alertas a seguir valem para qualquer profissional em qualquer situação, mas têm uma ênfase especial para o estagiário, já que este vive uma condição mais exposta a avalia-ções:
1. Evite a linguagem vulgar: fuja das gírias e das palavras e expressões grosseiras.
2. Afaste a arrogância: cuidado para não achar que já sabe tudo. O estágio é um período de apren-dizado, o estudante está ali para assimilar práticas e aplicar o que está aprendendo.
3. Seja discreto: ouça muito e fale pouco. Faça uso produtivo e ético do que ouve.
4. Seja ético: a ética é um dos valores mais de-fendidos nas empresas de valor, e falar a verdade e
respeitar tudo que é lícito são qualidades cada vez mais valorizadas. Nunca dissemine fofocas.
5. Use a comunicação de maneira inteligente: use a comunicação para conhecer a cultura e os valo-res da empresa, para aprender mais e mais.
6. Aprimore a comunicação escrita: a escrita pre-cária é um péssimo sinal e contará negativamente na avaliação do estagiário.
7. Cultive o bom humor: uma pessoa mal-humorada, que reclama o tempo todo, tem muita dificuldade para ser bem aceita no ambiente de tra-balho.
8. Tenha a aparência adequada: o estágio tam-bém serve para mostrar a postura corporativa mais esperada: o seu visual é um retrato do seu interior. Observe e adote o padrão de vestimenta e de aparên-cia mais profissional.
9. Informe-se: o estágio é o momento de enten-der o funcionamento na prática da área escolhida. Precisa também estar bem informado sobre o que acontece no país e no mundo. A leitura é indispen-sável.
10. Pratique o trabalho em equipe: as empresas esperam contar com profissionais que saibam atuar lado a lado com pessoas de diferentes formações e personalidades.
11. Aproveite as críticas: o estágio é um momen-to especialmente propício para o profissional apren-der a se abrir para receber críticas e aprender com os erros.
12. Disponha-se a resolver problemas: essa é uma das habilidades mais apreciadas. Aproveite o estágio para desenvolvê-la. Procure conhecer as me-todologias de solução de problemas. Essa habilidade depende de outra: Iniciativa.
13. Tenha iniciativa e dinamismo: a empresa es-pera que o estagiário seja pró-ativo, esforçado, atento e comprometido. Desânimo, apatia, tendência para reclamar de tudo, são o primeiro passo para a não efetivação.
14. Aproveite seu tempo: evite gastar tempo com conversas improdutivas, pessoalmente e por telefone, com e-mails pessoais, acessos a sites de re-lacionamento.
15. Seja organizado: a ordem e organização do posto de trabalho são sinais de disciplina, qualidade indispensável a qualquer profissional.
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16. Seja funcionalmente disciplinado: respeitar horários, prazos e normas da empresa continua sen-do uma qualidade apreciada.
17. Seja flexível: a habilidade de se adaptar a mudanças e a novas áreas e atividades é indispensável nos dias atuais, e cada vez mais no futuro.
É claro que essas recomendações não valem ape-nas para o período de estágio e que continuam sen-do sempre válidas em toda a carreira do profissional. Em todo caso, o estágio é um momento que deve ser aproveitado para a pessoa se conhecer na situa-ção de trabalho, perceber suas fraquezas e buscar as melhorias.
Estudando com ênfase no conhecimento
O estágio é um processo que corre em parale-lo com o estudo. De tudo o que a pessoa traz da escola para a empresa, o que conta, de fato, são os conhecimentos e as habilidades. Então, o estagiário e o estudante em geral precisam se preocupar mais com o conhecimento e menos com a nota. Esta não substitui o conhecimento e, sem ele, o profissional não é contratado ou não consegue realizar seus tra-balhos. O profissional requisitado é aquele que se preocupa em adquirir o conhecimento e que encara a nota como uma consequência.
Carreira: saber para onde irComo dissemos no início deste artigo, o momen-
to do estágio é o momento da construção da carreira. Tudo que se deseja realizar na vida requer disciplina. Construir uma carreira exige disciplina profissional. E o que é ser profissionalmente disciplinado? Signifi-ca, entre outras coisas, saber o que se quer. O estagi-ário vai precisar ter clareza do que é melhor para si e concentrar-se nisto. Se ficar com um pé aqui e outro lá, vacilando, perdido entre várias opões, dispersará esforços e perderá oportunidades. Se não focalizamos claramente nosso objetivo, ficamos mudando o foco a cada instante. Como disse Sêneca, “não há vento favorável para quem não sabe para onde vai”.
Avaliações Ao fim do estágio, é hora das avaliações: a em-
presa avalia o estagiário, apenas para cumprir os pro-cedimentos legais ou objetivando decidir-se pela sua efetivação ou não como empregado. O estagiário, por sua vez, ante a possibilidade de efetivação e ten-do dúvidas quanto à conveniência de iniciar carreira na empresa, precisará fazer também sua avaliação.
A avaliação que a empresa vai fazer seguirá os critérios que ela usa para seus colaboradores e para os candidatos a emprego. A avaliação que o estagiário queira fazer pode ser baseada nos critérios adotados nas pesquisas de algumas revistas para eleger “as me-lhores empresas para trabalhar”. Quem responde a essas pesquisas são os próprios funcionários das em-presas, daí serem esses critérios muito apropriados também para o estagiário tirar suas dúvidas. Eis os principais quesitos considerados nessas avaliações:
• Aspessoasdaempresa:diretores,gerentes,chefia imediata, colegas, clientes;
• Otrabalho:atividadesnodiaadia,recursosdisponíveis, sentimento de realização;
• Asoportunidades:chancedecarreira, trei-namentos, cursos, suporte;
• Qualidade de vida: ambiente físico, am-biente social, equilíbrio trabalho/vida;
• Práticasdaempresa:práticasdeRH,avalia-ção de desempenho, comunicação interna, políticas para colaboradores;
• Remuneração: saláriofixo, saláriovariável,formas de reconhecimento, benefícios;
• Sustentabilidade: políticas de responsabili-dade social e ambiental.
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PRIMEIRO EMPREGO: ANTES DA ENTREVISTA DE TRABALHO
Por: Luiz Paschoal, administrador, ex-professor universitário, atuou na Philips do Brasil, Açominas, Itaipu Binacional e Artex. É consultor de empresas, ministra cursos e tem seis livros publicados.
A mídia veicula com frequência vários conse-lhos sobre como as pessoas devem se apresentar e se comportar nas entrevistas para emprego. Faça o currículo com tal formato, vista-se assim, use o cabelo assado, seja objetivo ao responder as per-guntas do entrevistador, olhe nos olhos, etc., etc.
Tudo muito válido, mas é complicado para qualquer pessoa lembrar-se desses conselhos e comportar-se desta e daquela maneira naquele momento, já por si tão carregado de ansiedade, se tais comportamentos não estão nela, isto é, se ainda não foram incorporados como um compor-tamento padrão. O tiroteio de mensagens elei-torais divulgou, há algumas semanas, dois fatos que servem de exemplo: o presidente fotografado como se estivesse lendo um livro cuja capa estava de cabeça para baixo, e a candidata toda atrapa-lhada nos rituais de uma missa. É assim que as pessoas ficam quando colocadas em circunstân-cias que não fazem parte da vida delas.
Ainda que a pessoa seja bastante jovem e este-ja se candidatando a emprego pela primeira vez, ela pode incorporar um comportamento apro-priado, dedicando tempo e esforço para pensar e experimentar detalhada e estruturadamente tais questões. Como domar a insegurança no momen-to da entrevista, se não sei nem o que quero da vida, o que procuro, nem tenho visão apropriada do que é “trabalhar” e “ser profissional”?
Mesmo pessoas que já estão no mercado de trabalho há vários anos têm dificuldade no mo-mento das entrevistas, simplesmente porque não incorporaram o espírito do profissional procura-
do. Imagine se um profissional preparado e requi-sitado enfrenta essas dificuldades nas entrevistas! Portanto, muito melhor que tentar seguir con-selhos sobre como se comportar em testes e en-trevistas, é saber como ser um profissional acima desses conselhos.
“Uma das grandes tragédias dos modernos sistemas educacionais é sua incapacidade de es-timular o amor pelo aprendizado” (Matheus Kely, em “O ritmo da vida”). Não dá para se ver o aprendizado apenas como meio de atingir fins financeiros e sociais. “Uma base de conhecimento mais estreita produz, necessariamente, uma visão mais estreita de mundo”. Educação e aprimora-mento pessoal e profissional continuados são o caminho para se atingir o padrão de profissional requisitado.