32
GUIA DE BOLSA - com o apoio de: I. Mercados Financeiros - noção e importância O que são e para que servem os mercados financeiros? Um mercado financeiro eficiente e transparente tende a fortalecer a torrente de fluxos financeiros de uma economia, favorecendo, por essa via, o próprio crescimento económico. Numa economia de mercado, convivem diversos agentes cujas motivações são diferenciadas. No que toca ao processo de poupança-investimento, esses agentes económicos - famílias, empresas, Estado - podem ser divididos em duas categorias fundamentais - agentes superavitários e agentes deficitários. Os primeiros são aqueles cujas pretensões de investimento são inferiores à respectiva capacidade de poupança. Ao contrário, os segundos desejam investir montantes superiores à sua capacidade de geração de recursos. O problema económico que se coloca é então o de saber como podem os agentes económicos deficitários ("investidores") obter recursos para financiarem os seus projectos de investimento, e quais as alternativas ao dispor dos agentes superavitários ("aforradores") para uma aplicação adequada dos seus recursos excedentários. Os aforradores não estão dispostos a ceder gratuitamente e sem determinadas garantias as suas poupanças. Da mesma forma, os investidores não estão dispostos a financiar os seus projectos a qualquer preço. Além disso, os montantes que um dado investidor necessita nem sempre são compatíveis com o montante que cada aforrador está disposto a libertar para aquele projecto específico. As economias de mercado precisam portanto de mecanismos que assegurem a reconciliação destes interesses conflituantes. O Mercado Financeiro é então o lugar físico ou meramente lógico em que, através de regras e mecanismos pré- definidos, se assegura uma eficiente canalização de recursos dos aforradores (a oferta de fundos) para os investidores (a procura de fundos). Sendo um mercado, permite que as actividades de financiamento da economia sejam organizadas de forma a garantir a compatibilização de preços, prazos, montantes, riscos e garantias exigidos por aqueles que cedem e absorvem os recursos disponíveis. Qual a composição de um mercado financeiro? As preferências dos agentes económicos que actuam no mercado financeiro (sejam eles aforradores ou investidores) são muitas vezes divergentes em termos de prazos de financiamento. De forma a responder a essas necessidades diferenciadas, o mercado financeiro está dividido em "mercado monetário" e "mercado de capitais". No primeiro, encontram-se a oferta e procura de fundos de curto prazo, convencionalmente inferior a um ano. No mercado de capitais, os investidores encontram por um prazo médio ou longo (superior a um ano) os fundos necessários à execução dos seus projectos, enquanto os aforradores podem proceder à aplicação das suas poupanças numa lógica de médio e longo prazo. Qualquer um dos segmentos do mercado financeiro pode ainda ser dividido em "mercado de crédito" e "mercado de valores mobiliários". Esta distinção está relacionada com o regime de transmissibilidade dos direitos e obrigações dos instrumentos financeiros. O mercado de crédito abrange todos os instrumentos financeiros cuja natureza impede a livre transmissibilidade dos direitos e obrigações inerentes - crédito bancário, leasing, factoring, capital de risco, etc. O mercado de valores mobiliários envolve aqueles instrumentos cujos direitos e obrigações são livremente transmissíveis e que, como tal, possuem maior liquidez, reforçada ainda pelo facto de serem transaccionados em mercados especialmente concebidos para a sua negociação - acções, obrigações, Bilhetes do Tesouro, etc. Uma das principais consequências desta distinção é dá-se ao nível da intermediação financeira - isto é, da densidade da rede de intermediários - que é substancialmente mais reduzida nos mercados de valores mobiliários do que nos mercados de crédito, tornando os primeiros tendencialmente mais transparentes e eficientes. Fluxo de fundos no sistema financeiro.

Guia De Bolsa - Ideias & Negócios

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Manual de formação em bolsa, em português, datado de 2008. GUIA DE BOLSA

Citation preview

  • GUIA DE BOLSA - com o apoio de: I. Mercados Financeiros - noo e importncia

    O que so e para que servem os mercados financeiros?

    Um mercado financeiro eficiente e transparente tende a fortalecer a torrente de fluxos financeiros de uma economia, favorecendo, por essa via, o prprio crescimento econmico. Numa economia de mercado, convivem diversos agentes cujas motivaes so diferenciadas. No que toca ao processo de poupana-investimento, esses agentes econmicos - famlias, empresas, Estado - podem ser divididos em duas categorias fundamentais - agentes superavitrios e agentes deficitrios. Os primeiros so aqueles cujas pretenses de investimento so inferiores respectiva capacidade de poupana. Ao contrrio, os segundos desejam investir montantes superiores sua capacidade de gerao de recursos. O problema econmico que se coloca ento o de saber como podem os agentes econmicos deficitrios ("investidores") obter recursos para financiarem os seus projectos de investimento, e quais as alternativas ao dispor dos agentes superavitrios ("aforradores") para uma aplicao adequada dos seus recursos excedentrios. Os aforradores no esto dispostos a ceder gratuitamente e sem determinadas garantias as suas poupanas. Da mesma forma, os investidores no esto dispostos a financiar os seus projectos a qualquer preo. Alm disso, os montantes que um dado investidor necessita nem sempre so compatveis com o montante que cada aforrador est disposto a libertar para aquele projecto especfico. As economias de mercado precisam portanto de mecanismos que assegurem a reconciliao destes interesses conflituantes. O Mercado Financeiro ento o lugar fsico ou meramente lgico em que, atravs de regras e mecanismos pr-definidos, se assegura uma eficiente canalizao de recursos dos aforradores (a oferta de fundos) para os investidores (a procura de fundos). Sendo um mercado, permite que as actividades de financiamento da economia sejam organizadas de forma a garantir a compatibilizao de preos, prazos, montantes, riscos e garantias exigidos por aqueles que cedem e absorvem os recursos disponveis.

    Qual a composio de um mercado financeiro?

    As preferncias dos agentes econmicos que actuam no mercado financeiro (sejam eles aforradores ou investidores) so muitas vezes divergentes em termos de prazos de financiamento. De forma a responder a essas necessidades diferenciadas, o mercado financeiro est dividido em "mercado monetrio" e "mercado de capitais". No primeiro, encontram-se a oferta e procura de fundos de curto prazo, convencionalmente inferior a um ano. No mercado de capitais, os investidores encontram por um prazo mdio ou longo (superior a um ano) os fundos necessrios execuo dos seus projectos, enquanto os aforradores podem proceder aplicao das suas poupanas numa lgica de mdio e longo prazo. Qualquer um dos segmentos do mercado financeiro pode ainda ser dividido em "mercado de crdito" e "mercado de valores mobilirios". Esta distino est relacionada com o regime de transmissibilidade dos direitos e obrigaes dos instrumentos financeiros. O mercado de crdito abrange todos os instrumentos financeiros cuja natureza impede a livre transmissibilidade dos direitos e obrigaes inerentes - crdito bancrio, leasing, factoring, capital de risco, etc. O mercado de valores mobilirios envolve aqueles instrumentos cujos direitos e obrigaes so livremente transmissveis e que, como tal, possuem maior liquidez, reforada ainda pelo facto de serem transaccionados em mercados especialmente concebidos para a sua negociao - aces, obrigaes, Bilhetes do Tesouro, etc. Uma das principais consequncias desta distino d-se ao nvel da intermediao financeira - isto , da densidade da rede de intermedirios - que substancialmente mais reduzida nos mercados de valores mobilirios do que nos mercados de crdito, tornando os primeiros tendencialmente mais transparentes e eficientes.

    Fluxo de fundos no sistema financeiro.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Estrutura dos mercados financeiros.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • II. Mercado de Valores Mobilirios

    Em que consiste o mercado primrio?

    O mercado de valores mobilirios um "espao" onde os agentes econmicos carecidos de recursos financeiros podem proceder directamente sua captao junto dos investidores, entregando ttulos em troca de dinheiro. O mercado primrio (ou de subscrio) funciona no momento em que a entidade emitente procede colocao de aces ou obrigaes junto dos investidores, recebendo a correspondente contrapartida financeira. A emisso em mercado primrios , ento, o acto de "nascimento" dos valores mobilirios. Envolve os actos de subscrio, ou seja, a compra por parte dos investidores dos valores mobilirios emitidos em mercado primrio, e de colocao, atravs do qual as entidades emitentes vendem os respectivos valores mobilirios. uma alternativa interessante quer para o financiamento quer para a aplicao de poupanas, na medida em que: (i) como a rede de intermedirios financeiros pouco significativa, as entidades emitentes conseguem financiar-se a um menor custo, enquanto os investidores conseguem remuneraes mais elevadas para um mesmo nvel de risco; (ii) oferece aos investidores um conjunto amplo de alternativas de aplicao dos seus fundos; (iii) garante s entidades emitentes o acesso a diversas formas e instrumentos de financiamento, facilitando a gesto das respectivas estruturas de capitais (por exemplo, balanceando capital prprio e dvida).

    E o mercado secundrio?

    O mercado secundrio um mercado para investimento e desinvestimento em valores previamente emitidos, onde so realizadas as operaes de compra e venda. Visa garantir a novos investidores a aplicao das suas poupanas, por um lado, e conferir liquidez aos ttulos emitidos, garantindo a prpria viabilidade do mercado primrio, por outro. Constituem mercados secundrios no s os mercados regulamentados, dos quais se destacam os mercados de bolsa, como tambm o designado "mercado de balco". As bolsas de valores so mercados secundrios especialmente organizados para a transaco de valores mobilirios, estruturados sobre regras de funcionamento legalmente estabelecidas. Os objectivos so assegurar a liquidez do mercado (globalizando a oferta e a procura dos ttulos), por um lado, e garantir a transparncia do mercado e a fcil apreenso pelo investidor das condies vigentes, por outro. Em Portugal, a entidade responsvel pela gesto do mercado de bolsa a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto. J o mercado de balco (tambm designado "mercado OTC" - "over the counter") no pode ser identificado como um lugar fsico, mas sim como uma rede de comunicaes que liga as principais instituies financeiras, procedendo-se posteriormente ao contacto destas com o pblico. Trata-se ento do mercado que abrange as transaces de valores mobilirios com o pblico nos balces dos diversos intermedirios financeiros autorizados, bem como as operaes entre investidores institucionais. Por estes motivos , naturalmente, muito menos transparente do que a bolsa de valores.

    Como est estruturado o mercado de bolsa?

    O mercado de bolsa subdivide-se em mercado vista e mercado a prazo. Esta distino baseia-se no momento em que se procede liquidao da transaco. Assim, no mercado vista (tambm designado "a contado" ou "spot"), as transaces so realizadas no pressuposto da sua imediata ou quase imediata liquidao. Os instrumentos financeiros mais comuns do mercado a contado so as aces e as obrigaes. Ao contrrio, no mercado a prazo (ou "mercado de derivados"), a liquidao realizada numa data posterior concretizao da transaco subjacente. Os instrumentos tpicos do mercado de derivados so os contratos de opes e de futuros.

    Modalidades de emisso de ttulos.

    Na ptica da subscrio, a emisso de ttulos pode ser classificada quanto ao universo dos subscritores e quanto ao grau de intermediao. No primeiro caso, a subscrio pode ser pblica, se os valores so oferecidos subscrio pelo pblico annimo, ou particular, se tem como destinatrios um nmero limitado de subscritores, previamente determinados (normalmente, investidores institucionais). No segundo caso, a subscrio pode ser directa, quando a subscrio por parte dos aforradores ocorre no momento da prpria emisso de valores, ou indirecta, quando a emisso subscrita por um ou mais intermedirios financeiros (bancos, sociedades de investimento, etc.), com a obrigao de a oferecerem posteriormente aos investidores a quem se destinam, nos termos acordados com a entidade emitente. No ptica da colocao, esta pode ser directa, quando a prpria entidade emitente que promove a venda dos valores mobilirios directamente aos investidores, ou indirecta, quando essa venda realizada atravs de intermedirios financeiros autorizados.

    III. Entidades de superviso em Portugal

    Quais as competncias da CMVM?

    A Comisso do Mercado de Valores Mobilirios (CMVM) a principal responsvel pela regulamentao e superviso do mercado de capitais em Portugal. A CMVM o organismo especializado a quem compete a regulamentao, superviso, fiscalizao e promoo dos mercados de valores mobilirios, bem como das actividades a realizadas, directa ou indirectamente, pelos agentes intervenientes - a bolsa de valores, as associaes de bolsa, os intermedirios financeiros que actuem nos mercados de valores mobilirios, as entidades emitentes, os prprios investidores e quaisquer outras pessoas que desenvolvam actividade no mercado de valores. Os Regulamentos da CMVM constituem as normas gerais de funcionamento dos mercados geridos pela BVLP.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Estes abrangem diversos temas como, por exemplo, os mercados de valores cujo funcionamento permitido em Portugal e a estrutura e segmentao do mercado de valores mobilirios.

    Quem gere o mercado de capitais?

    A Bolsa de Valores de Lisboa e Porto uma sociedade annima que tem com responsabilidade central a gesto dos mercados regulamentados. Tem como accionistas as instituies de crdito, as sociedades corretoras e as sociedades financeiras de corretagem. Enquanto sociedade gestora, a BVLP dotada de poderes de superviso, regulamentao e fiscalizao do mercado e dos respectivos membros, competindo-lhe emitir os Regulamentos Especficos que concretizam as normas gerais da CMVM. ainda responsvel pela emisso de Circulares cujo objectivo regulamentar os aspectos operacionais de funcionamento do mercado (durao das sesses de bolsa, realizao de sesses especiais, segmentao do mercado de valores mobilirios, parmetros de negociao, etc.). A Interbolsa, detida em 100% pela BVLP, dispe dos meios tcnicos para prestar um conjunto de servios fundamentais para que o mercado de capitais funcione nas melhores condies tcnicas, actuando como: (i) Central de Valores Mobilirios (registo, depsito e guarda dos valores mobilirios a nvel nacional), (ii) Sistema de Liquidao e Compensao (garante da segurana e eficincia das transaces) e (iii) Agncia Nacional de Codificao (atribuio dos cdigos de acordo com as normas da ISO).

    Existem outras entidades reguladoras?

    Sim. O Ministro das Finanas a autoridade mxima do mercado de capitais, competindo-lhe regular quaisquer matrias relevantes para o mercado, como por exemplo, estabelecer as comisses devidas pela transferncia de valores mobilirios admitidos em mercado regulamentado e negociados fora deste. Autoriza tambm a criao de mercados de valores mobilirios regulamentados. O Banco de Portugal, enquanto autoridade monetria, tem como competncias centrais conduzir a poltica monetria e zelar pela estabilidade do sistema financeiro nacional. responsvel pela superviso dos intermedirios financeiros no que se refere s actividade relevantes ou no para o mercado de capitais, e que possam afectar liquidez daqueles (como a concesso de crdito). Actualmente, o BP um dos membros do Banco Central Europeu, tendo transferido para este diversas competncias, sobretudo ao nvel da poltica monetria.

    O Cdigo dos Valores Mobilirios (CVM).

    No topo da estrutura normativa que regula o mercado de valores mobilirios em Portugal encontra-se o CVM. Este consagra uma srie de princpios e regras fundamentais quanto estrutura do mercado, nomeadamente regras sobre a informao a prestar ao pblico e aos membros dos mercados, sobre as operaes e condies de admisso, suspenso e excluso de valores mobilirios negociao.

    Estrutura Normativa do Mercado de Valores Mobilirios.

    IV. O Mercado Vista

    Como est organizado o mercado vista em Portugal?

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • O mercado vista (ou "a contado" ou "spot") abrange aquelas operaes em que a transaco e a liquidao so efectuadas de forma simultnea ou quase simultnea. Os instrumentos mais comuns so as aces e as obrigaes. Em Portugal, a organizao do mercado a contado traduz-se numa diviso em diversos segmentos, cada um com regras diferenciadas em termos de admissibilidade dos valores mobilirios a serem colocados para negociao. No entanto, existem certos requisitos gerais que todos os valores mobilirios tm que preencher para serem admitidos negociao em qualquer dos mercados: tm que ser fungveis, livremente negociveis, totalmente negociveis e no sujeitos a disputa ou qualquer situao legal que os possa onerar. Estas regras visam garantir a transparncia e eficincia das transaces ocorridas nos mercados de bolsa.

    Qual o segmento mais importante do mercado vista?

    , sem dvida, o Mercado de Cotaes Oficiais (MCO), que representa 98% das transaces efectuadas. Est direccionado para os valores mobilirios mais lquidos, sendo o mais exigente em termos de requisitos de admisso cotao e prestao de informao ao mercado. Esses requisitos tm a ver com a disperso de capital em bolsa, situao econmico-financeira das entidades emitentes, capitalizao bolsista previsvel (no caso da emisso de aces), etc. Refira-se ainda que, para que determinados valores mobilirios possam ser admitidos negociao no MCO, a entidade emitente deve desenvolver a sua actividade h pelo menos trs anos. Para alm das aces das maiores empresas portuguesas (Portugal Telecom, EDP, BCP, etc.), esto admitidas no MCO outros valores, nomeadamente Obrigaes do Tesouro, dvida privada (isto , obrigaes emitidas por empresas) e warrants autnomos. Em suma, este o segmento mais relevante e com maior notoriedade do mercado de valores mobilirios em Portugal e o mais interessante para os investidores particulares.

    Quais so os outros segmentos do mercado vista?

    O Segundo Mercado (SM) foi criado em Janeiro de 1992 a pensar nas pequenas e mdias empresas (PME) que, pelo facto de no cumprirem os requisitos de elegibilidade necessrios (capitalizao bolsista, disperso de capital, etc.), no podem ser admitidas no MCO. Assim, o legislador estabeleceu para o SM requisitos de admisso e obrigaes de prestao de informao menos exigentes e custos de admisso negociao em bolsa mais baixos do que aqueles verificados no MCO. Para verem os seus valores mobilirios admitidos no SM, as entidades emitentes tm que exercer a sua actividade h pelo menos dois anos. Em Janeiro de 2001, foi criado o Novo Mercado (NM) com o objectivo de colocar em bolsa as empresas ligadas s novas tecnologias, com elevado potencial de crescimento mas sem dimenso suficiente para serem admitidas no MCO. Os requisitos de admisso tendem a ser um pouco mais apertados do que no SM (em termos de montante dos capitais prprios e disperso do capital). O Mercado sem Cotaes (MsC) um mercado no regulamentado destinado aos valores que no preenchem os requisitos necessrios admisso em qualquer dos outros. O seu objectivo aportar ao mercado os valores que, por norma, estariam dele arredados. Finalmente, existe ainda o Mercado Especial de Operaes por Grosso (MEOG). O MEOG destina-se realizao e ao registo de transaces de grandes lotes de valores mobilirios representativos de dvida (mnimo de 500.000 euros) que tenham sido admitidos negociao no MCO e que no se encontrem suspensos ou excludos de negociao.

    Mercado a contado em Portugal

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Volume de transaces (milhes de euros)

    V. Funcionamento do Mercado Vista

    Quem pode ser membro do mercado vista?

    A negociao no mercado a contado tem que ser efectuada atravs dos designados "membros do mercado", que so os intermedirios financeiros autorizados pela BVLP a operarem sobre valores mobilirios. Em Portugal, o modelo de organizao das bolsas de valores est assente na figura do corretor, o intermedirio financeiro responsvel pela recepo de ordens dos investidores, tanto para a compra como para a venda de valores mobilirios, e pela respectiva execuo. As ordens de compra e venda podem ser encaminhadas pelos investidores directamente para o recinto de bolsa atravs dos corretores, ou atravs de outros intermedirios financeiros (por exemplo, o banco onde o investidor tenha conta). Estes ltimos tambm podem ter acesso directo ao sistema. Em Portugal, podem desempenhar as funes de corretor as sociedades corretoras (SC) e as sociedades financeiras de corretagem (SFC). Estas ltimas, alm de executarem ordens por conta dos clientes, podem ainda deter e

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • operar sobre uma carteira prpria de valores. Na terminologia anglo-saxnica, diz-se que as primeiras actuam como brokers, enquanto as segundas como dealers.

    Como funcionam as operaes de bolsa?

    O primeiro passo consiste na emisso pelos investidores das ordens de compra e venda aos corretores, ordens essas que devem incluir todas as instrues necessrias para que o corretor proceda execuo do negcio. Entre aquelas instrues incluem-se, obrigatoriamente, a descrio de quais os valores mobilirios a adquirir ou alienar, a quantidade a transaccionar, o preo de compra ou venda e o prazo no qual a ordem deve ser executada. No momento da transmisso da ordem, o investidor dever disponibilizar ao intermedirio os montantes monetrios necessrios para concretizar a aquisio ou, se for esse o caso, os valores mobilirios que pretende vender. No segundo passo, os intermedirios introduzem as ordens numa plataforma informtica nica que, de forma totalmente automtica, confronta todas as ofertas introduzidas. Finalmente, no caso de o negcio ser concretizado, segue-se o terceiro passo, que consiste na liquidao fsica (entrega dos ttulos aos compradores) e financeira (pagamento aos vendedores) da transaco entre os corretores e, posteriormente, destes com os respectivos clientes, atravs da entrega dos valores adquiridos ou do dinheiro recebido.

    Qual a durao das sesses de bolsa?

    A sesso de bolsa o perodo dirio de funcionamento da bolsa de valores durante o qual se podem realizar operaes sobre valores mobilirios. As sesses ordinrias destinam-se s transaces quotidianas dos valores admitidos negociao nos vrios mercados bolsistas e funcionam de segunda a sexta-feira. Para os valores negociados em contnuo, a sesso decorre entre as 8:30 e as 16:30. Refira-se, no entanto, que a primeira hora de funcionamento (8:30 s 9:30), consiste num perodo de pr-abertura, no qual fixado o preo de abertura de cada ttulo. Logo, a abertura "efectiva" do mercado ocorre s 9:30. Para a generalidade dos valores negociados por chamada, funcionam trs sesses dirias: a primeira, das 9:30 s 10:30, a segunda, das 10:30 s 13:00, e, finalmente, a terceira, das 13:00 s 16:00. As sesses especiais so realizadas de forma espordica, seja para cumprimento de deciso judicial ou por deciso da BVLP. Destinam-se realizao de ofertas pblicas de venda, ofertas pblicas iniciais, operaes de privatizao (ver seco XV) ou transaco de grandes lotes de valores sempre que estas no possam decorrer em sesses normais. As sesses especiais tm que ser anunciadas com pelo menos oito dias de antecedncia (num jornal nacional de grande circulao e no Boletim de Mercado), referenciando as caractersticas da operao (identificao da operao e dos valores em causa, data e hora, etc.).

    VI. Sistemas de formao das cotaes

    Como se geram os preos na negociao em contnuo?

    A negociao no mercado a contado incorporada numa nica plataforma informtica, atravs do designado sistema LIST (Lisbon Trading), que confronta as ofertas introduzidas pelos intermedirios, comparando preos, volumes e outras caractersticas. No sistema de negociao em contnuo, todas as ofertas de compra e venda para cada valor podem interferir umas com as outras, gerando operaes contnuas e um nmero indeterminado de preos ao longo de uma sesso. Assim, as transaces so realizadas medida que as propostas de compra e venda se vo compatibilizando entre si. As regras de concretizao dos negcios assentam nos princpios da prioridade-preo (para duas ordens de compra sobre um mesmo valor mobilirio, prevalece a que traduz um preo superior) e da prioridade-tempo (para duas ordens de compra com um preo idntico para um dado valor, prevalece aquela cujo corretor manifeste primeiro a inteno negocial). A prioridade-preo prevalece sobre a prioridade-tempo. Suponhamos que um operador de bolsa anuncia que pretende adquirir 1000 aces da EDP a um preo de 2,6 euros e que, em seguida, um outro anuncia a inteno de comprar 900 ao preo de 2,7 euros. Posteriormente, um terceiro operador anuncia a inteno de vender 600 unidades a 2,5. Esta ordem de venda, por ser a um preo inferior, compatvel com as duas ordens de compra que haviam sido anunciadas. No entanto, ser concretizada tendo como contraparte o comprador que ofereceu o preo mais alto. Pelo princpio da prioridade-preo, o corretor que anunciou a sua inteno em segundo lugar ser o comprador das 200 aces que o corretor vendedor colocou no mercado, a um preo de 2,7 euros. Seria diferente se o corretor que anunciou a inteno de compra em segundo lugar tivesse referido tambm o preo de 2,6 euros. Neste caso, como nenhum dos compradores teria prioridade-preo sobre o outro, o comprador que tivesse manifestado a sua inteno negocial em primeiro lugar seria aquele a fechar o negcio nos 2,6 euros propostos, aplicando-se o princpio da prioridade-tempo.

    E na negociao por chamada?

    As ofertas de compra e venda so tratadas de forma conjunta num ou mais momentos pr-estabelecidos da sesso de negociao, permitindo que as transaces sejam efectuadas a um preo nico ou a um nmero limitado de cotaes, correspondentes ao(s) preos que maximizar(em) a quantidade transaccionada nessa(s) chamada(s). Vamos supor que so anunciadas as seguintes ordens de compra e venda numa chamada sobre obrigaes da PT: 3 ordens de compra: a primeira, de 140 ttulos a um preo de 100, a segunda, de 200 ttulos a 102, e a terceira, de 150 ttulos a 104. 3 ordens de venda: a primeira, de 215 ttulos a 100, a segunda, de 130 ttulos a 101, e a terceira, de 180 ttulos a 103. Em seguida, para cada preo, somam-se todas as ordens de compra superiores ou iguais a esse preo, e todas as ordens de venda de valor inferior ou igual a cada preo definido:

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • O resultado de cada chamada depende da aplicao sucessiva de trs regras. A primeira regra determina que o preo de mercado ser aquele que permita, num dado momento, realizar o maior nmero possvel de transaces. No nosso exemplo existem dois preos (101 e 102) que maximizam a quantidade transaccionada. Ento, aplica-se a estes preos a segunda regra - o preo escolhido ser aquele que minimize a quantidade que fique por transaccionar. No exemplo, temos um novo empate, j que aos preos de 101 e 102, ficam exactamente o mesmo nmero de ttulos por transaccionar (5). Assim, aplica-se a terceira regra - o preo escolhido aquele que mais se aproxime da cotao anterior. O objectivo desta terceira regra minimizar a volatilidade dos preos.

    Instrumentos negociados em cada um dos sistemas

    Negociao LIST em contnuo:

    Aces cotadas no MCO e algumas das cotadas no SM;

    Obrigaes do Tesouro;

    Warrants autnomos.

    Negociao LIST por chamada:

    Aces cotadas no SM e no MsC; Obrigaes comuns;

    Ttulos de participao;

    Unidades de participao.

    Formao de cotaes - resumo

    Em Contnuo: preos resultam da aplicao sucessiva de dois princpios:

    1 princpio: Prioridade-preo;

    2 princpio: Prioridade-tempo;

    Por Chamada: preos resultam da aplicao sucessiva de trs regras:

    1 regra: Maximizao da quantidade transaccionada; 2 regra: Minimizao da quantidade por transaccionar;

    3 regra: Proximidade com cotao anterior;

    VII. Aces - conceito e terminologia

    Aces ordinrias vs aces preferenciais

    As aces so ttulos representativos de uma fraco do capital social de uma empresa. As aces podem ser classificadas de acordo com dois critrios fundamentais - a identidade e os direitos dos titulares. As aces podem ser ordinrias ou preferenciais sem voto. As aces ordinrias conferem aos seus titulares os direitos comuns fixados no pacto social, como sejam o direito aos lucros ou o direito de voto nas assembleias gerais. Ao contrrio, os titulares de aces preferenciais no tm direito de voto e no podem estar presentes nas assembleias gerais. No entanto, conferem aos seus titulares um direito prioritrio a um dividendo mnimo no inferior a 5% do respectivo valor nominal. Existem ainda as denominadas aces preferenciais remveis. Tratam-se de aces cujos privilgios patrimoniais ficam, aquando da sua emisso, sujeitos a uma remisso em data fixa. Como qualquer aco preferencial, conferem aos seus titulares um dividendo adicional, mas se direito de voto. A diferena est no facto de terem uma vida limitada, extinguindo-se atravs do reembolso dos seus detentores ou da converso em aces ordinrias.

    Aces nominativas vs aces ao portador

    Quanto identidade dos titulares, as aces podem ser nominativas ou ao portador. Nas primeiras, a sociedade emitente tem a faculdade de conhecer, a qualquer momento, a identidade dos seus titulares, enquanto nas segundas estes podem ser annimos. Se no existir qualquer clusula estatutria ou deciso do emitente, as aces consideram-se nominativas. Refira-se ainda que, salvo disposio legal estatutria ou resultante das

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • condies fixadas em cada emisso, as aces nominativas podem, por iniciativa do titular, ser convertidas em aces ao portador e vice-versa.

    O preo das aces

    Existem diversos conceitos associados ao valor de uma aco. Desde logo, o valor nominal, que designa a fraco do capital social da empresa que representado por uma aco. Este valor igual ao quociente entre o capital social e o nmero de aces da empresa. Quanto valor contabilstico de uma aco, traduz o quociente entre o "capital prprio" e o nmero de aces existentes. O capital prprio resulta da diferena entre o activo e o passivo constantes do balano de uma empresa. O valor de facto da empresa determinado pelo confronto da oferta e da procura no mercado. Ao preo de mercado de uma aco designamos cotao. Em Portugal, as aces so negociadas em contnuo e, como tal, a cotao das aces evolui medida que se vo compatibilizando as propostas de compra e de venda em cada sesso de bolsa. Se multiplicarmos a cotao pelo nmero de aces emitidas, obtemos a capitalizao bolsista, noo que traduz o valor de mercado da empresa.

    O valor de mercado dos activos

    Os activos de uma empresa (instalaes, equipamentos, mercadorias, etc.) podem ser financiados por capitais prprios (ou seja, pertencentes aos accionistas) ou por capitais alheios, normalmente dvida remunerada (emprstimos bancrios ou obrigacionistas, leasings, etc.). A partir da capitalizao bolsista, possvel determinar o valor de mercado dos activos da empresa (ou enterprise value). Este resulta da soma da capitalizao bolsista com a dvida financeira (ou remunerada) da empresa, lquida de disponibilidades (dinheiro e depsitos bancrios). O EV um instrumento muito importante na anlise e avaliao das empresas.

    Valorizao das aces - Frmulas de clculo.

    Valor Nominal = Capital social/N total de aces

    Valor contabilstico da aco = Capital Prprio/N total de aces

    Capitalizao bolsista = Cotao*N total de aces

    Enterprise Value (EV) = Capitalizao bolsista + Dvida financeira - Disponibilidades

    Exemplo prtico - Indicadores da EDP

    (Referncia: Balano de 31-12-2000 e cotao de 2 de Dezembro de 2001) Dados: Capital social: 3000 milhes de euros N de aces: 3000 milhes Capital prprio: 6205 milhes de euros Dvida financeira: 5227 milhes de euros Disponibilidades: 58 milhes de euros Cotao: 2,56 euros Clculos:

    Valor nominal por aco = 3000/3000 = 1 euro

    Valor contabilstico por aco = 6205/3000 = 2,07 euros

    Capitalizao bolsista = 3000*2,56 = 7680 milhes de euros EV = 7680 + 5227 - 58 = 12849 milhes de euros

    VIII. Os direitos dos accionistas

    Quais os direitos patrimoniais dos accionistas?

    A posse de aces de uma empresa conferem aos scios um conjunto de direitos econmicos sobre a sociedade. Esses direitos so de cariz patrimonial - uma aco representa uma parcela do valor patrimonial da sociedade - e de controlo - os accionistas tm direito de voto na assembleia geral. No mbito patrimonial, coexistem dois direitos fundamentais. O primeiro consiste na participao nos lucros da sociedade, nomeadamente atravs da distribuio de dividendos e do recebimento de novas aces na directa proporo das actualmente detidas em eventuais aumentos de capital por incorporao de reservas. O segundo direito tem a ver com a capacidade de o accionista dispor dos ttulos que detm, podendo vend-los quando entender. Existe ainda um terceiro direito patrimonial. Em caso de dissoluo por falncia da sociedade, os accionistas tm direito ao patrimnio residual da sociedade. Porm, no gozam de privilgios creditcios, ou seja, so os ltimos a receber o produto da massa falida, depois do Estado, trabalhadores, bancos, clientes, fornecedores e demais credores.

    E quais os direitos de controlo?

    Ao nvel do controlo, os accionistas tm o direito de participarem nas assembleias gerais da sociedade e a serem devidamente informados e exercerem o seu direito de voto sobre assuntos importantes da vida da empresa. Podem tambm eleger ou fazerem-se eleger para cargos de direco ou fiscalizao da sociedade. O direito de controlo tambm exercido pelo denominado direito de preferncia quando ocorrem aumentos de capital por entrada de dinheiro. No sentido de assegurar a manuteno da percentagem detida pelos accionistas

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • actuais, estes tm reservado um direito preferencial na subscrio das novas aces, at ao limite que reponha a percentagem por eles detida antes da operao de aumento de capital.

    O direito informao.

    Para garantir uma mais eficaz defesa dos direitos patrimoniais e de controlo dos pequenos accionistas, as sociedades cotadas em mercados regulamentados esto obrigadas a prestar publicamente determinadas informaes, nomeadamente todas as alteraes patrimoniais ou quaisquer outros eventos que possam ter influncia na evoluo da empresa e na sua performance bolsista. As sociedades esto igualmente obrigadas publicao de um Relatrio e Contas anual (devidamente auditado por entidades credenciadas), bem como das respectivas contas semestrais e trimestrais, de acordo com as regras definidas pelas entidades de superviso.

    O governo das sociedades

    O desenvolvimento dos mercados de capitais intensificou as preocupaes relativas estrutura e ao controlo das sociedades cotadas em mercados abertos negociao pblica. Entende-se por "governo das sociedades" (ou corporate governance) o sistema de regras e condutas relativo ao exerccio da direco e do controlo das sociedades cotadas. Trata-se de um conjunto de determinaes que visam aperfeioar os mecanismos de controlo dos investidores (sobretudo dos pequenos accionistas) e garantir que os rgos de gesto da sociedade prosseguem aquilo que deve ser o seu objectivo fundamental - a maximizao do valor criado para os accionistas. Essas obrigaes podem ser impostas por via legal, ou serem sugeridas atravs de recomendaes das entidades de superviso. Em Portugal, por exemplo, para alm das imposies legais (direitos de voto, publicao de contas, convocao de AGs, comunicao de factos relevantes, etc.), a CMVM indica uma srie de regras que devem nortear a aco dos rgos responsveis da empresa, quer ao nvel do funcionamento interno quer ao nvel da relao da empresa com o exterior.

    Recomendaes da CMVM relativas ao governo das sociedades.

    As recomendaes da CMVM referem-se a cinco temticas essenciais. Para cada temtica, destacam-se as seguintes recomendaes:

    1. Divulgao de informao: Utilizao das novas tecnologias (nomeadamente, da Internet) na divulgao de informao financeira e dos documentos preparatrios da reunies das Assembleias Gerais. Contacto permanente da sociedade com o mercado, de forma a prevenir assimetrias no acesso informao por parte dos investidores.

    2. Exerccio do direito e voto: Estmulo ao exerccio activo do direito de voto, quer directamente, nomeadamente por correspondncia, quer por representao. Aperfeioamento dos procedimentos conexos com os pedidos de representao para votar em assembleia geral.

    3. Regras Societrias: Estabelecimento, ao nvel da organizao interna da sociedade, de regras especficas para a regulao de situaes de conflito de interesses entre os membros do rgo de administrao e a sociedade. As medidas que sejam adoptadas para impedir o xito de ofertas pblicas de aquisio devem respeitar os interesses da sociedade e dos seus accionistas.

    4. rgo de Administrao Incluso no rgo de administrao de um ou mais membros independentes em relao aos accionistas dominantes, por forma a maximizar a prossecuo dos interesses da sociedade. Remunerao dos membros do rgo de administrao, em particular dos que exercem funes de gesto corrente, deve depender dos resultados da sociedade.

    5. Investidores Institucionais Os investidores institucionais devem tomar em considerao as suas responsabilidades quanto a uma utilizao eficiente dos direitos inerentes aos valores mobilirios de que sejam titulares ou cuja gesto se lhes encontre confiada Os investidores institucionais devem prestar informao no tocante prtica seguida quanto ao exerccio do direito de voto relativamente a valores mobilirios cuja gesto lhes esteja confiada.

    IX. As Sociedades Annimas

    Quais as caractersticas de uma SA?

    Para estar cotada em bolsa, a sociedade tem que ter o seu capital dividido em aces, representativas de uma parcela do seu capital. Logo, a empresa em causa tem que ter a forma de sociedade annima (SA). Nas sociedades annimas o capital encontra-se dividido em aces, sendo que cada scio limita a sua responsabilidade ao valor das aces que subscreveu. Logo, os accionistas apenas respondem at ao limite da respectiva participao pelas dvidas da sociedade. Alm disso, os credores apenas se podem fazer pagar pelo patrimnio da sociedade, ficando protegidos os bens pessoais dos scios. Em suma, diz-se que a responsabilidade dos accionistas no solidria (com os restantes scios) e limitada (ao valor do patrimnio afecto empresa). O governo de uma sociedade annima assegurado por um conjunto de rgos que pode ser dividido em duas categorias fundamentais: (i) rgos de administrao e fiscalizao e (ii) rgos de deliberao.

    Quem assegura a administrao de uma SA?

    O art. 278 do Cdigo das Sociedades Comerciais prev duas estruturas alternativas para a administrao e fiscalizao das SA: a) Conselho de administrao e conselho fiscal - estrutura monista.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • b) Direco, conselho geral e revisor oficial de contas - estrutura dualista. Considerando a primeira estrutura, o conselho de administrao (CA) o rgo responsvel pela gesto e representao da sociedade. composto por um nmero mpar de membros, entre os quais o seu presidente. Os administradores podem no ser accionistas da empresa, mas devem ser pessoas singulares, ainda que em representao de uma pessoa colectiva. A segunda estrutura divide a administrao da sociedade em direco e conselho geral (CG). A direco o rgo de gesto da sociedade, composto por um nmero mpar de membros, no mximo de cinco. O CG, por sua vez, tem como responsabilidade efectuar o controlo das actividades da direco, e constitudo por accionistas, em nmero no superior a 15. A fiscalizao da sociedade compete, em princpio, a um fiscal nico, que tem que ser um revisor oficial de contas (ROC) ou uma sociedade de revisores oficiais de contas (SROC). Os scios podem, no entanto, optar pela criao de um conselho fiscal, composto por trs ou cinco membros, sendo que um deles tem quer ser um ROC ou uma SROC.

    Como exercem os pequenos accionistas o seu direito de controlo?

    Atravs da Assembleia Geral (AG), o rgo deliberativo por excelncia de uma SA, no qual tm assento todos os accionistas com direito de voto (salvo disposio em contrrio, cada aco representa um voto). As deliberaes da AG so tomadas por maioria dos votos emitidos (no contabilizando as abstenes), excepto em algumas matrias previstas na lei (ou, eventualmente, no pacto social), para as quais se exige maioria qualificada. As AG devem ser convocadas sempre que a lei o determine ou o CA, a direco, o CG ou o conselho fiscal entendam conveniente. Podem tambm requerer a realizao de uma AG os accionistas que detenham uma participao no capital social da sociedade igual ou superior a 5%. A AG anual deve reunir no prazo de trs meses a contar da data do encerramento do exerccio econmico (normalmente, as empresas nacionais fecham o exerccio anual no dia 31 de Dezembro) ou no prazo de cinco meses a contar da mesma data quando se tratam de sociedades que tenham que apresentar contas consolidadas. Na AG anual, os accionistas so chamados a deliberar sobre diversas questes, incluindo a aprovao do relatrio de gesto e contas do exerccio e a aprovao da proposta de distribuio de resultados.

    Estrutura de controlo de uma SA.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • X. As demonstraes financeiras

    A Demonstrao de Resultados (DR)

    As demonstraes financeiras so instrumentos contabilsticos que reflectem a situao econmica e financeira da empresa, constituindo-se como os instrumentos bsicos fundamentais para a anlise de investimento. A DR reflecte os proveitos e os custos ocorridos ao longo de um determinado perodo de tempo - o trimestre, o semestre ou o ano. A diferena entre esses proveitos e custos constitui ento o lucro da empresa durante o perodo considerado. A estrutura da DR compe-se de quatro conceitos fundamentais. Em primeiro lugar, temos o resultado operacional, ou seja, o resultado gerado pela actividade principal da empresa. obtido pela diferena entre as vendas da empresa e os custos operacionais (compra de mercadorias e matrias-primas, salrios e encargos conexos, custos gerais de produo e amortizao do imobilizado). Em segundo, temos o resultado financeiro, que resulta da

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • diferena entre proveitos e custos de natureza essencialmente financeira (juros pagos e recebidos, descontos de pronto pagamento obtidos e concedidos, rendimentos e encargos de participaes de capital, etc.). Em terceiro, surge-nos o resultado extraordinrio, que abrange os custos e proveitos com um carcter inesperado (sinistros, multas, dvidas incobrveis ou recuperadas, etc.) ou meramente pontual (por exemplo, mais ou menos valias resultantes da alienao de componentes do activo imobilizado). Finalmente, em quarto lugar, temos o resultado lquido (RL), que resulta da soma algbrica das trs componentes anteriores, deduzida do IRC devido.

    O Balano

    O Balano representa a situao patrimonial da empresa (activos, dvida e capital) num determinado momento de tempo. Tal como a DR, normalmente apresentado no final de um perodo contabilstico (trimestre, semestre, ano). Ao contrrio da DR, que pretende representar factos ocorridos ao longo de um perodo, o Balano uma "fotografia" respeitante a um momento preciso. O Balano est dividido em trs categorias fundamentais: activo, passivo e capital prprio. O activo inclui tudo aquilo que a empresa possui e que susceptvel de ser avaliado em dinheiro - disponibilidades (dinheiro em numerrio, depsitos bancrios e ttulos negociveis), crditos sobre clientes, stocks de mercadorias, equipamentos, instalaes, etc. O passivo o conjunto de fundos obtidos externamente pela empresa, seja atravs de emprstimos remunerados, seja atravs do diferimento de pagamentos devidos (aos fornecedores, ao Estado, etc.). Finalmente, temos o capital prprio, que corresponde ao capital pertencente aos scios. Assim, grosso modo, o CP corresponde ao valor do investimento realizado pelos proprietrios adicionado dos lucros (ou deduzido de eventuais prejuzos) obtidos ao longo dos exerccios passados e do exerccio corrente.

    Para que servem as demonstraes financeiras?

    Ao nvel da gesto, o Balano e a DR constituem um importante instrumento de apoio tomada de deciso, na medida em que, por um lado, permitem analisar a performance da empresa e, por outro, podem ser utilizados para a realizao de projeces financeiras, que permitem identificar em que circunstncias o negcio pode ser vivel. Ao nvel da avaliao, constituem o instrumento base para que os investidores possam verificar se a empresa em questo constitui ou no uma boa oportunidade de investimento. No caso das empresas cotadas, estas esto obrigadas a divulgar as suas demonstraes financeiras trimestrais, semestrais e anuais. Nos relatrio e contas anuais, para alm do Balano e DR devidamente fiscalizadas por entidades competentes, so includos dados relevantes sobre a gesto e a evoluo da empresa, bem como anexos explicativos das demonstraes financeiras.

    Componentes da DR.

    (+) Vendas e/ou Prestaes de Servios (-) Custo das Mercadorias Vendidas (-) Fornecimentos e Servios Externos (-) Custos com Pessoal (-) Impostos diversos (-) Amortizaes (-) Provises (=) Resultado Operacional (+) Resultados Financeiros (=) Resultado Corrente (+) Resultado Extraordinrio (=) Resultado Antes de Impostos (-) IRC (=) Resultado Lquido

    Igualdade fundamental do balano.

    Existe uma relao fundamental que tem que verificar-se obrigatoriamente em qualquer momento considerado: Activo = Passivo + Capital Prprio Esta expresso constitui o princpio bsico da contabilidade, dizendo-nos que a aquisio de todo o patrimnio da empresa (activo) tem que ser financiada ou por capitais dos scios (capital prprio) ou por capitais alheios (passivo).

    XI. Anlise econmica e financeira

    Em que consiste a anlise financeira?

    Para tomarem decises de investimento, os profissionais recorrem a um conjunto de instrumentos de diagnstico da situao das empresas. Ao estudo com base nesses instrumentos chamamos anlise econmico-financeira. o estudo rigoroso das demonstraes financeiras da empresa (Balano e Demonstrao de Resultados), em que o analista procura identificar determinados aspectos fundamentais e retirar concluses quanto performance da referida empresa. Questes como a evoluo e estrutura das vendas (por mercado geogrfico, por produto, etc.) e dos resultados, as margens do negcio e a composio da dvida (curto prazo vs longo prazo) costumam chamar imediatamente a ateno do analista. Porm, as demonstraes financeiras tradicionais enfermam de algumas limitaes. Assim, em primeiro lugar, a informao contida no Balano representa uma imagem esttica de um todo que dinmico, composto pelas actividades de explorao, investimento e financiamento da empresa. Em segundo lugar, a DR reflecte fluxos de cariz econmico (como as amortizaes do imobilizado ou as provises, assim como vendas e compras que ainda no foram pagas) e no um circuito de fluxos financeiros que expliquem os saldos das diversas rubricas do Balano. Por isso, no sentido de refinar a anlise econmica e financeira, os analistas recorrem a instrumentos

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • complementares s demonstraes financeiras tradicionais: (i) mapa de origem e aplicao de fundos, (ii) rcios financeiros e (iii) informaes qualitativas.

    O Mapa de Origem e Aplicao de Fundos (MOAF)

    um instrumento de anlise da liquidez da empresa, a partir do qual possvel realizar o estudo da capacidade da empresa em gerar meios financeiros para responder s suas obrigaes de pagamento. Este estudo prosseguido atravs de um conceito financeiro fundamental - o fluxo de tesouraria (ou cash flow). Trata-se de um mapa financeiro que reflecte os fluxos financeiros que entram e saem da empresa ao longo de um dado perodo de tempo. Calculado atravs das rubricas do Balano e da DR, composto por trs grandezas fundamentais:

    Fluxo Operacional de Tesouraria (FOT): constitui o saldo dos fluxos financeiros que decorrem do funcionamento do ciclo de explorao da empresa;

    Fluxo Gerado de Tesouraria (FGT): representa a quantidade de meios financeiros libertos pela actividade normal de explorao da empresa, aps o pagamento de encargos compulsivos - encargos financeiros e IRC - e depois de resultados extraordinrios. Este indicador expressa a real capacidade de autofinanciamento da empresa, isto , de satisfazer os seus compromissos recorrendo exclusivamente aos recursos financeiros gerados internamente;

    Fluxo Lquido de Tesouraria (FLT): constitui o total de recursos financeiros colocados disposio da empresa durante o perodo, seja atravs do autofinanciamento (o FGT), seja atravs do financiamento externo - entrada de capitais prprios (aumentos de capital por entrada de dinheiro) ou de capitais alheios (emprstimos de curto ou de mdio e longo prazo).

    Os rcios financeiros

    Frequentemente, os analistas recorrem a indicadores sob a forma de rcios (ou quocientes) entre grandezas extradas da informao contabilstica da empresa. Estes nunca so utilizados isoladamente, mas sim para complementar os outros instrumentos de anlise (Balano, DR, MOAF, outros rcios, etc.). Os rcios servem essencialmente propsitos comparativos, seja para a mesma empresa ao longo de sucessivos exerccios econmicos, seja entre empresas do mesmo sector num mesmo perodo de tempo. Os diversos rcios financeiros tm natureza e propsitos diferenciados (ver caixa). Assim, existem rcios de (i) liquidez (medem a capacidade da empresa cumprir os seus compromissos de curto prazo, medida que se vo vencendo), de (ii) rentabilidade (capacidade da empresa gerar resultados), de (iii) endividamento (medem a intensidade com que a empresa recorre emprstimos remunerados) e de (iv) actividade (indicadores de eficincia na gesto do activo).

    Composio do MOAF.

    (+) Resultado operacional (ver frmula de clculo na Seco X) (+) Amortizaes+Provises (includas no RO, mas que no constituem fluxos financeiros) (-) Variao de crditos de curto prazo no perodo. (-) Variao de existncias no perodo. (+) Variao do passivo operacional no perodo (=) FOT (+) Resultados extraordinrios (ver Demonstrao de Resultados) (+) Resultados financeiros (ver Demonstrao de Resultados) (-) Impostos sobre os lucros (=) FGT (+) Variao dos emprstimos obtidos (curto e longo prazo) (+) Aumentos de capital por entrada de dinheiro (=) FLT

    Rcios mais utilizados.

    Grau de liquidez = (Crditos de curto prazo + Disponibilidades)/Passivo de curto prazo Representa o grau de cobertura do exigvel a curto prazo, pelos activos disponveis no curto prazo.

    Rentabilidade das vendas = (Res. Operacionais + Amortizaes)/Volume de negcios Medida de rentabilidade da actividade principal da empresa, excluindo o efeito das amortizaes (que no representam fluxos financeiros).

    Rentabilidade dos capitais prprios = Res. Lquido/Cap. Prprio Medida de remunerao potencial dos capitais prprios que foram aplicados na empresa.

    Grau de Solvabilidade = Dvida Financeira/Cap. Prprios Reflecte a estrutura de capitais da empresa (relao entre capitais prprios e alheios).

    Tempo Mdio de Existncias = (Existncias/Custo das Vendas)*365 Tempo Mdio de Recebimento = (Clientes/Volume de negcios)*365 Tempo Mdio de Pagamento = (Fornecedores/Compras)*365 So indicadores de eficincia na gesto do activo circulante da empresa (stocks, crditos e dbitos de explorao). So medidos em dias.

    XII. A relao Risco-Retorno

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Quais os rendimentos inerentes s aces?

    O valor de uma aco depende tanto do rendimento (esperado) gerado para o seu titular como do nvel de risco associado entidade emitente. nesta relao risco-retorno que assenta a avaliao de aces. A remunerao dos accionistas assume duas formas: (i) dividendos e (ii) mais ou menos-valias. O dividendo consiste numa parcela dos lucros anuais da sociedade que so entregues, em numerrio, aos respectivos accionistas. O montante de dividendos a distribuir depende da deliberao da Assembleia Geral da entidade emitente, que tomar em considerao aspectos como os resultados gerados, o plano de investimento da empresa e as suas necessidades de autofinanciamento. No limite, a empresa pode mesmo optar por no distribuir quaisquer dividendos. As aces podem tambm gerar rendimentos por via de um ganho de capital (ou mais-valia) para os seus titulares. A mais-valia resulta da valorizao das aces devido ao aumento do valor de mercado da sociedade emitente.

    E os riscos?

    As componentes da remunerao do accionista tm um carcter incerto, na medida em que esto directamente ligadas performance da empresa e evoluo do mercado de capitais. Diz-se, por isso, que as aces so ttulos de rendimento varivel. Alis, o accionista pode mesmo no receber quaisquer dividendos e/ou registar perdas de capital (menos-valias). Esta incerteza faz com que as aces, quando comparadas com outros ttulos (como os Bilhetes do Tesouro ou mesmo como as obrigaes comuns), sejam valores com maior grau de risco. O grau de risco das aces tambm varia consoante a entidade emitente. O risco depender de factores como a competitividade do sector a que pertencem, o volume e estabilidade dos cash flows gerados, a dimenso, entre outros. Exemplificando, natural que, em condies normais, as aces de um grande banco nacional tenham associado um grau de risco inferior s aces de empresas do sector das TMT (tecnologia, media e telecomunicaes).

    A relao risco-retorno e o valor das empresas.

    A generalidade dos investidores avessa ao risco. Nesse sentido, de esperar que, para um maior nvel de risco, exijam um rendimento (esperado) superior. nesta relao risco-retorno que assentam as decises de investimento. Do exposto, decorre que a avaliao das empresas tem que reflectir dois pilares fundamentais: os fluxos financeiros (cash flows) que se esperam que a empresa venha a gerar no futuro, por um lado, e a taxa de retorno exigida pelo accionista, por outro. A avaliao tem tambm que reflectir o denominado valor temporal do dinheiro, ou seja, a concretizao de um princpio fundamental em finanas que nos diz "um euro no bolso do investidor hoje vale mais do que um euro amanh". Para compatibilizar cash flow gerado, nvel de risco e valor temporal do dinheiro, o mtodo mais correcto de avaliao de empresas (ou de qualquer projecto desenvolvido pelas mesmas) o mtodo do valor actual, que pode ser resumido na seguinte frmula: Vo = CF1/(1+r) + CF2/(1+r)^2 + CF3/(1+r)^3 + ... + CFn/(1+r)^n Em que:

    CFn o cash flow gerado no momento n;

    r a taxa de retorno exigida para activos com aquele grau de risco;

    Vo o valor actual da empresa (momento 0).

    Concretizando, o valor de uma empresa tanto maior, quanto maiores forem os cash flows gerados no futuro e tanto menor, quanto maior for o risco associado (pois isso representa uma taxa de actualizao mais elevada). Polticas de dividendos alternativas:

    A poltica de dividendos de uma empresa pode assumir trs tipos fundamentais:

    No pagamento - permite uma maior margem de manobra na gesto financeira da empresa);

    Estabilizao - pressupe uma poltica consistente e sem flutuaes desnecessrias, com vista a potenciar expectativas e reduzir incertezas em relao ao retorno dos accionistas);

    Residual - os dividendos no so encarados de forma decisiva na poltica financeira da empresa.

    Os factores que condicionam a poltica de dividendos de uma empresa so diversos, dos quais destacamos os seguintes:

    Estabilidade dos cash flows (as empresas mais maduras geradoras de cash flows mais estveis tendem a pagar mais dividendos do que empresas em crescimento, sujeitas a maior instabilidade nos seus fluxos financeiros);

    Oportunidades de investimento, que podem levar a empresa a reter resultados, no sentido de fazer face s necessidades decorrentes do referido investimento;

    Sinalizao/atraco aos investidores.

    Retorno do accionista.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • O accionista particular determina a sua taxa de retorno com base na seguinte frmula: r = (Div + P1)/Po Em que,

    Po o preo que o investidor pagou pela aco; Div representa o valor dos dividendos recebidos enquanto detinha a aco;

    P1 o preo pelo qual vendeu a aco numa data posterior;

    r a taxa de retorno obtida.

    XIII. Avaliao de aces

    O modelo dos cash flows descontados

    No sentido de preverem o potencial de retorno associado s aces, os investidores recorrem essencialmente a dois instrumentos de avaliao: o modelo dos cash flows descontados e os mltiplos de mercado. O modelo do discounted cash flow (DCF) obedece aos princpios gerais de clculo do valor actual, isto , pressupe uma avaliao das empresas com base (i) nos fluxos financeiros (cash flows) esperados para o futuro, (ii) no grau de risco subjacente aos activos e (iii) no valor temporal do dinheiro. O conceito de cash flow normalmente utilizado o chamado free cash flow (FCF), que representa nada mais nada menos do que o conjunto de meios financeiros libertos num determinado perodo de tempo, destinados a remunerar todos os investidores da empresa, sejam eles accionistas ou credores. A previso dos FCF futuros depende da evoluo passada da empresa mas tambm da percepo de quem realiza a avaliao sobre determinados factores, tais como a qualidade da equipa de gesto e do produto/servio oferecidos pela empresa, o ambiente competitivo e a evoluo da indstria, a conjuntura econmica, etc. A taxa de actualizao aplicada aos FCF peridicos corresponde a uma mdia ponderada entre a taxa de retorno exigida pelos accionistas e a taxa de juro mdia dos emprstimos da empresa. Ao valor obtido chamamos de taxa de custo mdio ponderado do capital (weighted average cost of capital ou wacc na terminologia anglo-saxnica). O valor intrnseco dos activos da empresa calculado com base na seguinte frmula: DCF = FCF1/(1+r) + FCF2/(1+r)^2 + ... + FCFn/(1+r)^n Em que:

    FCFn o free cash flow gerado no momento n; r corresponde ao wacc;

    DCF o valor actual dos activos da empresa (momento 0).

    Encontrado um valor para os activos da empresa (ou EV), necessrio isolar o valor dos capitais prprios, isto , do capital dos accionistas. Este obtm-se subtraindo ao DCF o valor da dvida financeira da empresa (lquida de disponibilidades) no momento inicial. O valor por aco determina-se, ento, da seguinte forma: (DCF - Dvida Lquida)/Nmero de aces da empresa Os mltiplos de mercado

    Para complementar a anlise com base no DCF, costumam-se utilizar rcios que relacionam dados operacionais da empresa com o seu valor de mercado naquele momento. Os mltiplos so indicadores essencialmente utilizados para efeitos de comparao com os concorrentes da empresa. Em termos simplistas, diz-se que uma empresa est "barata" se os seus mltiplos de mercado so inferiores aos das outras empresas cotadas que operam no mesmo sector de actividade. Pode-se ento dizer que, enquanto o DCF uma anlise dinmica, a anlise com base em mltiplos esttica. Em contrapartida, os mltiplos reflectem grandezas reais, enquanto o DCF assenta na assuno de determinados pressupostos que carecem de confirmao. Mais do que conflituantes, os mtodos so complementares (os mltiplos costumam ser utilizados como uma espcie de verificao dos resultados do DCF). Os mltiplos de mercado mais utilizados so os seguintes:

    EV/Vendas, em que o EV (enterprise value) corresponde ao valor de mercado dos activos da empresa, ou seja, soma da capitalizao bolsista com a dvida financeira lquida de disponibilidades (ver seco VII);

    EV/EBITDA, em que o EBITDA (earnings before interest, tax, depreciation and amortization) corresponde soma do resultado operacional com as amortizaes, isto , aos meios libertos pela actividade operacional da empresa;

    PER (price earnings ration), que corresponde ao quociente entre a cotao e o resultado da empresa.

    Determinao do FCF.

    O FCF uma medida de cash flow que representa o conjunto de meios financeiros libertos pela sociedade num determinado perodo de tempo para (i) pagamento de dividendos, (ii) pagamento de juros e (iii) autofinanciamento (fundos reinvestidos na sociedade). A frmula de clculo a seguinte:

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • (+) Resultado Operacional (ver seco X) (+) Amortizaes + Provises (parcelas do RO que no representam fluxos financeiros)

    (-) Var. Existncias no perodo

    (-) Var. Crditos de Explorao no perodo

    (+) Var. dos Dbitos de Explorao no perodo

    (-) Investimentos em activo fixo no perodo

    (=) FCF

    Determinao da taxa de retorno exigida pelos accionistas.

    A taxa de retorno (ra) exigida pelos accionistas calculada de acordo com a frmula: ra = rf + b*(rm-rf) em que:

    rf a taxa isenta de risco (correspondente aos Bilhetes do Tesouro);

    rm a taxa de retorno mdia de todos os activos do mercado (isto , a taxa de retorno de uma carteira de mercado terica);

    rm-rf o prmio de risco de mercado;

    b o coeficiente de risco sistemtico, representando o ponderador do risco do activo que est a ser avaliado (quanto maior o b de uma ttulo, maior o risco associado). Em termos simples, o b da carteira de mercado 1. Logo, se o b inferior/superior a 1, diz-se que o activo tem um risco inferior/superior mdia do mercado

    XIV. Operaes sobre aces

    Aumento de capital por entrada de dinheiro

    Por vezes, as sociedade emitentes realizam algumas operaes que podem alterar o nmero de aces emitidas, o seu valor nominal ou o nmero de accionistas da sociedade. Trata-se de uma operao em que a sociedade emitente aumenta o seu capital social atravs da colocao de novas aces no mercado, em troca de dinheiro. Trata-se, ento, de uma forma de financiamento para a empresa. O aumento de capital pode ser reservado aos antigos accionistas ou, ento, a empresa pode optar tambm por captar fundos junto do pblico annimo, alargando assim o nmero de accionistas. Quando se verifica um aumento de capital por entrada de dinheiro, o valor de cada aco poder alterar-se, consoante o preo a que so emitidas as novas aces. Suponhamos que uma sociedade cujo capital est dividido em 1 milho de aces com uma cotao de 10 euros, decide aumentar a seu capital em 100 mil aces, vendendo-as a um 9 euros cada. A capitalizao bolsista da empresa antes do aumento de capital seria de 10 milhes de euros. Posteriormente, so injectados, por via do aumento de capital, mais 900 mil euros. Ento, teoricamente, a empresa passou a valer 10,9 milhes de euros. Como o nmero de aces passou a ser de 1,1 milhes de aces, a cotao terica das aces agora de 9,91 euros.

    Aumento de capital por incorporao de reservas.

    Muitas vezes as sociedades transformam reservas constitudas em perodos anteriores em capital social, de forma a garantir uma solidificao dos recursos que j estavam ao seu dispor. Nestes casos, so distribudas gratuitamente aos scios actuais novas aces, na proporo que o aumento de capital represente sobre o capital antigo (exemplificando, se o accionista detinha 1% da empresa antes da operao, tem direito a 1% das novas aces emitidas). Ao contrrio da situao anterior, esta operao no representa qualquer entrada de fundos, logo a capitalizao bolsista da empresa no dever alterar-se. Logo, se a capitalizao mantm-se e o nmero de aces aumenta, ento a cotao terica de cada aco diminui. Do ponto de vista do accionista, esta situao perfeitamente neutra em termos de valor, uma vez que a diminuio do valor de cada aco compensada pela atribuio gratuita de novas aces.

    Split de uma aco.

    O split de uma aco no mais do que uma modificao do valor nominal da mesma. Trata-se de uma operao de desdobramento ou concentrao (mais raro) das aces da sociedade. Assim, em troca das aces antigas, o accionista recebe aces novas de valor nominal superior (em caso de concentrao) ou inferior (em caso de desdobramento). Exemplificando, vamos supor que uma sociedade que tem um capital social de 10 milhes de euros representado por 1 milho de aces com um valor nominal de dez euros, pretende ter o mesmo capital representado por aces de 5 euros. Ento, dever entregar aos seus accionistas duas aces novas por cada aco de 10 euros retirada de circulao. Como fcil de ver, a situao no representa qualquer entrada de fundos e perfeitamente neutra em termos de valor accionista. O desdobramento das aces por via de um stock split pode ter impacto na liquidez dos ttulos quando estes assumem um valor unitrio muito alto, na medida em que disponibiliza ao mercado um maior nmero de aces com um custo unitrio maior, o que facilita a realizao de transaces.

    Aces prprias.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • As aces prprias so ttulos que foram adquiridos pela prpria sociedade aos seus accionistas. Trata-se de uma forma de distribuio dos lucros da empresa alternativa aos dividendos, que tem que ser aprovada em assembleia geral ou pelo conselho de administrao da sociedade e devidamente comunicada ao mercado. um expediente usado pela gesto para sinalizar a confiana na performance futura da empresa, sobretudo quando se registam quedas elevadas nas cotaes. Legalmente, as sociedades podem deter at um limite mximo de 10% do seu prprio capital social. Enquanto as aces pertencerem sociedade, ficam inibidos todos os seus direitos, excepto os resultantes de aumentos de capital por incorporao de reservas.

    Direitos de subscrio.

    Os aumentos de capital originam os chamados direitos de subscrio (ou de incorporao se o aumento de capital for atravs de incorporao de reservas), que conferem aos accionistas actuais o direito de adquirirem (ou subscreverem gratuitamente, no caso da incorporao de reservas) as novas aces a serem admitidas. Estes direitos tm a particularidade de serem, em si mesmo, valores mobilirios e, como tal, podem ser transaccionados em bolsa.

    XV. OPA & OPV

    Oferta de Pblica de Venda (OPV)

    As OPAs e OPVs so operaes de grande envergadura que podem ter um impacto profundo no equilbrio de poder e no prprio valor de mercado das sociedades envolvidas. Consiste na venda por parte de um ou mais accionistas de uma grande lote de aces ao pblico. As OPV costumam ser realizadas em sesses especiais de bolsa organizadas pela entidade gestora da bolsa (a BVLP, em Portugal), contando sempre com a interveno de intermedirios financeiros. Em muitos casos, as OPV coincidem com a prpria admisso de uma sociedade ao mercado de capitais. Dizemos ento que estamos diante de uma oferta pblica inicial (mais conhecidas pela terminologia anlgo-saxnica de initial public offering ou IPO). Os IPO podem fazer-se atravs da venda das aces detidas pelos scios antigos da empresa ou atravs de aumentos de capital. Em Portugal, as OPV que nos ltimos anos tm envolvido montantes mais elevados tm a ver com os processos de privatizao e reprivatizao de empresas pblicas. Assim, as sucessivas colocaes em bolsa das aces de empresas como a PT, a EDP ou a Brisa tm sido as mais importantes, no s pelos montantes envolvidos, como tambm pelo interesse suscitado juntos dos investidores. Mais recentemente, surgiu uma nova vaga de IPOs em Portugal. Entre 1999 e 2000, empresas do sector das TMT (tecnologia, media e telecomunicaes) como a ParaRede, a PTM, a Sonae.com, a Impresa ou a Novabase juntaram-se ao lote das empresas cotadas no mercado principal da BVLP.

    Oferta Pblica de Aquisio (OPA)

    A OPA uma operao atravs da qual uma entidade (o oferente) se prope adquirir um grande lote de aces (eventualmente, a totalidade do capital) de uma sociedade aos respectivos detentores (os destinatrios da oferta). O oferente pode ser uma sociedade ou um grupo de sociedades em conluio. A OPA pode ser realizada sob as formas de oferta pblica de compra (a contrapartida oferecida pelas aces da sociedade adquirida uma soma monetria) ou de oferta pblica de troca (o oferente, sendo uma sociedade, entrega aos destinatrios, como contrapartida da aquisio, aces do prprio oferente, mediante um rcio de troca pr-definido). Existe ainda uma terceira forma de OPA, que no mais do que uma combinao das duas anteriores, isto , a contrapartida das aces adquiridas um montante monetrio adicionado de um lote de aces do oferente. Quando uma entidade lana uma OPA tem como objectivo garantir (ou simplesmente aumentar) o controlo sobre a entidade adquirida. Claro que o sucesso da operao depende da qualidade da oferta realizada (no mnimo, dever superar a cotao em bolsa dos ttulos da empresa adquirida). Se no houver uma predisposio dos scios da sociedade alvo de OPA para vender uma quantidade mnima que garanta o controlo por parte do oferente, ento a operao ficar sem efeito. Alm disso, conferida a possibilidade a outras entidades (no s as que controlam a sociedade visada, como quaisquer outras) de lanarem uma contra-oferta em condies mais favorveis para os destinatrios. Muitos ordenamentos jurdicos, entre os quais o portugus, impem a obrigatoriedade de lanamento de OPA sempre que se faam aquisies de quantidades de aces susceptveis de alterar a relao de poder accionista na sociedade visada. Noutros ordenamentos, tambm imposta a obrigatoriedade de uma oferta pblica geral, ou seja, de aquisio da totalidade das aces da sociedade alvo de OPA, nos casos em que tenham sido adquiridos por algum um nmero demasiado elevado de aces, comprometendo a liquidez das aces que permaneceram em circulao. Trata-se de uma forma de defesa dos interesses dos pequenos accionistas. Em Portugal, obrigatrio o lanamento de uma OPA geral quando a entidade compradora adquire uma percentagem superior a 33% do capital da sociedade visada.

    OPVs realizadas em Portugal (2000-2001)

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Principais OPAs realizadas em Portugal (2000-2001)

    XVI. O ndice PSI-20 A composio do PSI-20

    O PSI-20 (sigla de Portuguese Stock Index) a principal referncia da evoluo do mercado de aces em Portugal. A sua base de clculo de 3.000 pontos, fixada por referncia aos preos de fecho da sesso de 31 de Dezembro de 1992. O PSI-20 um ndice calculado com base numa amostra de 20 emisses de aces de empresas nacionais cotadas no Mercado de Cotaes Oficiais (MCO) da BVLP. As empresas seleccionadas tendem a ser aquelas com maior capitalizao bolsista e que, em cada dia, so objecto de um volume de transaces mais abundante (ou seja, possuem maior liquidez). Por estes motivos, so tambm aquelas que tm maiores probabilidades de estarem presentes nas carteiras de investidores institucionais, portugueses e estrangeiros.

    Como calculado?

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • O clculo do PSI-20 feita atravs de uma mdia ponderada pela capitalizao bolsista das sociedades que a compem. O PSI-20 calculado e divulgado em tempo real durante o horrio das sesses de bolsa da BVLP. Mais recentemente, e seguindo medidas semelhantes tomadas pelas suas congneres internacionais, a BVLP adoptou uma nova metodologia para o clculo do PSI-20, que entrou em vigor no dia 1 de Outubro de 2001. Pelo novo mtodo, a capitalizao bolsista de cada empresa corrigida pela percentagem das aces que estiverem efectivamente dispersas e disponveis para negociao no mercado (free float). Assim, quanto maior o free float, menor a correco a efectuar capitalizao da empresa. Esta nova regra parte do princpio (correcto) que a liquidez de um ttulo depende no s da capitalizao bolsista do emitente, mas tambm da percentagem do capital que est em free float. correco pelo free float, a BVLP acrescentou uma segunda regra, que define que nenhuma empresa poder ter um peso superior a 20% na ponderao do ndice de referncia, aquando da sua reviso (podendo entretanto flutuar consoante a evoluo do mercado), para assegurar uma maior diversificao do PSI-20.

    Para que serve o PSI-20?

    Os ndices de aces so um instrumento de medio do comportamento do mercado, bem como meio de comparao muito til para profissionais e para qualquer pessoa que possua uma carteira de aces. Por exemplo, habitual os analistas compararem a evoluo de mercados bolsistas de diferentes pases atravs da evoluo dos respectivos ndices de referncia, bem como a evoluo de um determinado ttulo com a evoluo do ndice do pas em que est cotado. O ndice PSI-20 ( semelhana dos congneres internacionais) serve igualmente de suporte para a negociao de produtos financeiros derivados (opes e futuros), bem como de activo subjacente a produtos financeiros estruturados, cuja rendibilidade depende da evoluo global do mercado bolsista portugus.

    A composio do PSI-20 imutvel?

    No. Com efeito, a carteira de aces que compe o PSI-20 revista semestralmente em Janeiro e Julho. Assim, as aces de uma empresa so excludas ou includas na amostra consoante registem, no fim de cada um dos dois perodos anuais de reviso ordinria, uma classificao dentro ou fora dos 20 primeiros, de acordo com os critrios definidos. Para alm das revises bianuais ordinrias, podem tambm ocorrer revises extraordinrias dos ndices, motivadas por acontecimentos no recorrentes.

    Principais ndices internacionais.

    XVII. Obrigaes - conceito e terminologia

    Quais os direitos dos obrigacionistas?

    As obrigaes so ttulos de dvida que representam uma fraco de um crdito concedido pelos seus titulares entidade emitente. Os obrigacionistas no so proprietrios, mas sim, credores da entidade emitente. Uma obrigao confere ao seu titular - o obrigacionista - um direito de crdito remunerado sobre a entidade emitente. O emprstimo obrigacionista , ento, um contrato pelo qual a entidade emitente se compromete a pagar aos obrigacionistas um certo valor peridico - o juro - e a reembolsar o capital emprestado, nos termos estipulados na data de emisso. A amortizao do capital pode ser realizada de uma s vez no ltimo perodo de pagamento de juros, de forma escalonada, em datas pr-definidas ou ainda ser antecipada.

    Quais as diferenas entre obrigaes e aces?

    As obrigaes distinguem-se das aces por atriburem aos seus titulares a simples qualidade de credor. No sendo proprietrios, os obrigacionistas no tm qualquer envolvimento na conduo dos assuntos da entidade

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • emitente. Alm disso, enquanto as aces apenas podem ser emitidas por sociedades annimas, as obrigaes podem ser emitidas pela generalidade das pessoas colectivas (sociedades annimas ou de quotas, Estado, autarquias, etc.). A segunda diferena fundamental consiste no facto de as obrigaes serem valores de rendimento fixo. De facto, logo na data de emisso, so definidas a taxa de juro a praticar ao longo da vida do emprstimo - ou o modo de a calcular, caso o emprstimo seja a taxa varivel - bem como o calendrio do seu pagamento e da amortizao do emprstimo. Alm disso, existe ainda outro factor que minora o risco em relao s aces: enquanto credores gerais, os obrigacionistas so ressarcidos com prioridade em relao aos accionistas, em caso de insolvncia da sociedade emitente.

    Quais as diferenas entre obrigaes e crdito bancrio?

    As duas diferenas fundamentais entre emprstimo bancrio e emprstimo obrigacionista esto relacionadas com (i) o universo dos credores e (ii) a transmissibilidade dos direitos. Relativamente ao primeiro aspecto, a cada emprstimo obrigacionista podem estar associados muitos credores. Pelo contrrio, num emprstimo bancrio apenas existe, em princpio, um credor associado ao contrato. No que toca transmissibilidade, as obrigaes so valores mobilirios e, como tal, podem ser transaccionados em bolsa.

    O preo das obrigaes

    Tal como nas aces, existem diversos conceitos ligados ao valor das obrigaes. Assim, as obrigaes tm um valor nominal, que consiste no valor inscrito no ttulo e que serve de base para o clculo dos juros peridicos. Outro conceito importante o de preo de emisso, que se refere ao montante que o subscritor tem que pagar para adquirir a obrigao. Se o preo de emisso for superior ao valor nominal, diz-se que a obrigao foi emitida acima do par; se o preo de emisso for inferior ao valor nominal, ento temos uma emisso abaixo do par; por fim, se o preo de emisso e o valor nominal forem iguais, diz-se que a emisso foi realizada ao par. Da mesma forma, temos o valor de reembolso (o montante recebido pelo titular aquando da amortizao do emprstimo), que tambm pode ser realizado acima, abaixo ou ao par. Por fim, temos a cotao, isto , o valor de mercado das obrigaes resultante das transaces em bolsa.

    Quem pode intervir num emprstimo obrigacionista?

    Os intervenientes num emprstimo obrigacionista so os emitentes e os subscritores. Os primeiros so aqueles que emitem as obrigaes, tornando-se devedores, ficando com a responsabilidade de pagar o juro e reembolsar o capital. Podem emitir obrigaes os governos, os municpios e as empresas. Os subscritores so os compradores das obrigaes e, como tal, credores da sociedade. Estes tanto podem ser particulares como institucionais (fundos de investimento, fundos de penses, bancos, seguradoras, etc.).

    Condies de emisso.

    Na data de emisso so definidos diversos aspectos que tm que constar da ficha tcnica do emprstimo, dos quais se destacam: o valor nominal da emisso e o nmero de obrigaes, o preo de emisso, a taxa de juro (valor ou mtodo de clculo), o modo de pagamento dos juros, o prazo (maturidade) e condies de reembolso e a admisso cotao.

    XVIII. Tipos de obrigaes

    O que so obrigaes de taxa fixa?

    A classificao fundamental das obrigaes reside na modalidade de taxa de juro. Em termos genricos, existem obrigaes de taxa fixa e obrigaes de taxa varivel. Conforme o nome indica, so obrigaes cuja taxa de cupo definida na altura da emisso, permanecendo inalterada ao longo da sua vida til, e sendo todos os cash flows conhecidos partida. Nestas circunstncias, se a taxa de juro de mercado sobe, a cotao da obrigao desce, em virtude da reduo do diferencial entre a remunerao da obrigao e do mercado. O comprador da obrigao em mercado secundrio passa a ser remunerado de acordo com as novas condies desse mercado (recebe o mesmo juro, pagando menos). Em suma, num contexto de subida das taxas de mercado, o risco corre, em cada momento, por conta do titular da obrigao, enquanto num contexto de descida das taxas de mercado, esse risco corre por conta da entidade emitente.

    E obrigaes de taxa varivel?

    Tratam-se de obrigaes cuja taxa de juro varia ao longo da vida til do emprstimo, por via da indexao a um parmetro definido na data de emisso e representativo do mercado. o indexante. A taxa de juro calcula-se por adio ou multiplicao do indexante a um diferencial (spread), que deve reflectir as expectativas quanto evoluo das taxas de juro e risco do emitente. Os cash flows variam, ento, de acordo com as taxas de juro de mercado. So por isso emitidas com o objectivo de minimizar o risco decorrente das oscilaes das taxas de mercado. Neste tipo de obrigaes, o ajustamento da remunerao do obrigacionista faz-se por via de alteraes inerentes prpria alterao das taxas de mercado e no atravs da flutuao das cotaes.

    Existem outras modalidades de obrigaes?

    Sim. Existem modalidades de obrigaes cujo regime de pagamento dos juros de cupo se distingue do formato clssico implcito nas duas anteriores. Desde logo, temos as obrigaes de cupo zero, que no pagam juros durante toda a vida do emprstimo, considerando-se que o juro est implcito no diferencial (pr-definido) entre o preo de emisso e o valor do reembolso. Existem tambm as obrigaes de capitalizao automtica, em que os juros no so pagos periodicamente, mas sim capitalizados at ao momento do reembolso, sendo liquidados juntamente com o capital em dvida.

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • J as obrigaes participantes, conferem aos titulares uma remunerao hbrida. Para alm do direito de receberem um juro peridico, podem receber uma remunerao adicional, indexada aos lucros da empresa. Desta forma, o obrigacionista "participa" nos resultados da empresa. Por fim, temos as obrigaes perptuas, que nunca so amortizadas (no existe reembolso), mas que garantem ao titular o recebimento de um juro para sempre.

    Obrigaes convertveis vs obrigaes com warrants.

    Podem existir clusulas nos emprstimos obrigacionistas que permitem aos subscritores acederem, em condies privilegiadas, a valores a emitir no futuro. o caso das obrigaes convertveis e das obrigaes com warrants. o caso das obrigaes convertveis, que conferem ao titular o direito de, durante um determinado perodo, as converterem em aces, mediante um rcio de converso pr-definido. Exercido o direito, a obrigao original desaparece, passando o seu titular a ser accionista. As obrigaes com warrants conferem aos detentores o direito de comprar um certo nmero de aces ordinrias a emitir pela sociedade emitente num perodo e a um preo pr-definidos.

    Tipos de indexantes

    Um bom indexante deve reflectir as condies vigentes no mercado em cada momento. Os indexantes mais utilizados so:

    Lisbor: para os prazos de 1, 3, 6 e 12 meses, a mdia aritmtica das taxas interbancrias do escudo oferecidas por oito instituies financeiras, depois de retiradas as duas mais altas e as duas mais baixas. Divulgada pela Reuters s 11:00 horas;

    Euribor: mdia ponderada das taxas interbancrias dos pases da zona euro;

    TBA: Taxa Base Anual, que a mdia ponderada das taxas mdias dos ltimos 12 leiles de colocao de Bilhetes do Tesouro;

    TD3: mdia ponderada das taxas brutas dos depsitos a prazo superiores a 180 dias e inferiores a uma ano, praticadas pelas trs maiores instituies de crdito com maior saldo neste tipo de depsitos;

    APB: divulgada pela Associao Portuguesa de Bancos, corresponde mdia simples das taxas de juro activas (isto , sobre crditos concedidos) fornecidas por oito instituies bancrias, para cada prazo considerado;

    TRO: Taxa de referncia para as obrigaes.

    XIX. Avaliao de obrigaes

    Qual o rendimento das obrigaes?

    O valor de uma obrigao depende do rendimento (esperado) do seu titular e do nvel de risco associado entidade emitente. A avaliao de obrigaes assenta num anlise risco-retorno. Para se poder avaliar uma obrigao, necessrio conhecer todos os cash flows envolvidos. ento necessrio saber qual o preo a pagar, quais os juros peridicos e o valor do reembolso. Conhecidos os cash flows, possvel calcular a taxa interna de rentabilidade (TIR) ou, na denominao mais utilizada para as obrigaes, a yeld to maturity (YTM). A YTM pode ser definida como a taxa de juro implcita na obrigao se o investidor adquirir o ttulo ao preo actual e o mantiver at receber o reembolso, tendo em considerao o valor temporal do dinheiro. Trata-se, no fundo, da taxa de actualizao que iguala o valor actual de todos os cash flows futuros ao preo de aquisio: P = C1/(1+YTM) + C2/(1+YTM)^2 + ... + (VR+Cn)/(1+YTM)^n Em que:

    P o preo de aquisio;

    Cn corresponde ao valor dos cupes (juros) peridicos;

    VR representa o valor de reembolso;

    n o nmero de perodos (ano, semestre,...) de vida til da obrigao.

    E o risco?

    Em termos genricos, o risco pode ser definido como a possibilidade de o rendimento auferido pelo investidor se afastar do rendimento esperado inicialmente. O risco do obrigacionista resulta fundamentalmente de duas variveis fundamentais: a evoluo da taxa de juro e a situao econmico-financeira da entidade emitente. Assim, a primeira fonte de risco a incerteza quanto evoluo das taxas de juro. Em obrigaes de taxa varivel, por exemplo, o rendimento do obrigacionista ser tanto maior/menor quanto maior/menor forem as taxas de juro de mercado, logo o risco est na descida das taxas de juro. Em obrigaes de taxa fixa, o risco reside na subida das taxas de juro, que se traduz numa diminuio do preo da obrigao. O segundo risco importante para avaliao de obrigaes o chamado risco de crdito ou de incumprimento. Trata-se do risco assumido pelo investidor que assenta na maior ou menor probabilidade de vir a receber os juros e o valor do reembolso das obrigaes nas datas previstas. Para existir, no necessrio um processo de falncia, bastando apenas uma degradao da situao financeira da empresa.

    Como avaliar obrigaes?

    https://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.teahttps://www.gobulling.com/ljc/col/public/info/GuiaBolsa.tea

  • Tal como em qualquer activo financeiro, a deciso de investimento em obrigaes depende de uma relao risco-retorno - para um maior risco, os investidores exigem um retorno superior. Logo, a avaliao das obrigaes tem de assentar em dois pilares fundamentais: os fluxos financeiros gerados (investimento inicial, juros e reembolso) e a taxa de juro vigente no mercado para obrigaes de risco semelhante. Tem tambm que, naturalmente, reflectir o valor temporal do dinheiro. Ento, a metodologia adequada o valor actual lquido, que consiste na actualizao dos fluxos financeiros esperados taxa vigente no mercado para obrigaes de risco semelhante. VAL = C1/(1+rm) + C2/(1+rm)^2 + ? + (VR+Cn)/(1+rm)^n - Po Em que:

    Po o preo de emisso;

    Cn corresponde ao valor dos cupes (juros) peridicos;

    Rm identifica a taxa de juro de mercado;

    VR representa o valor de reembolso; n o nmero de perodos de vida til da obrigao.

    O investidor apenas deve aceitar instrumentos com um VAL superior a zero. Taxas de juro nominais, efectivas e reais.

    A taxa de juro efectiva constitui a verdadeira taxa de rendimento do investidor, na medida em que tem em conta o perodo de o pagamento de juros. Imaginemos um emprstimo com uma taxa anual nominal de 10% com capitalizao semestral de juros. A taxa efectivamente praticada de 5% em cada semestre. Ento, a taxa anual efectiva implcita num emprstimo nestas condies igual a [(1+5%)^2 - 1], ou seja, 10,25%. Uma taxa real aquela que desconta o efeito da taxa de inflao. Assim, para obtermos a taxa real efectiva anual do emprstimo referido acima, fazemos [(1+10,25%)/(1+i) - 1)], em que i representa a taxa de inflao anual.

    As sociedades de rating.

    Tratam-se de companhias financeiras que tm por objecto a avaliao da capacidade de crdito das entidades emitentse que se apresentem ao mercado solicitando a contraco de emprstimos. As sociedades de rating atribuem uma nota - a notao de rating - com base numa escala pr-definida, que tem em linha de conta a anlise e avaliao da situao econmico-financeira e perspectivas de evoluo futura das entidades emitentes de valores mobilirios de dvida.

    XX. Mercado a Prazo

    O que um instrumento derivado?

    O mercado a prazo (ou "mercado de derivados") abrange aquelas operaes em que a liquidao realizada numa data posterior concretizao da transaco subjacente. Os instrumentos tpicos do mercado de derivados so os contratos de opes e de futuros. Um instrumento financeiro derivado um "produto" cujo perfil de rendimento est directa e explicitamente ligado ao preo de um outro instrumento, designado de "activo subjacente". Num exemplo hipottico, imaginemos que hoje emitido um certificado que pode ser trocado dentro de seis meses por um montante igual ao preo de mercado que entretanto vigorar para um conjunto de aces da PT. Ento, o rendimento desse certificado depende (deriva) do preo futuro das aces da PT - o activo subjacente. No entanto, em termos reais, os instrumentos derivados costumam ser desenhados para permitirem a gesto de riscos financeiros, tendo o perfis de ganhos mais subtis do que o certificado hipottico referido. Num exemplo mais realista, vamos imaginar um contrato (de futuros) destinado a comprar dentro de um ms um lote de 100 aces do BCP a 4,6 euros por aco. Como se observa, no existe qualquer referncia a rendimentos, mas apenas a uma aquisio. Porm, existe um rendimento implcito. Se dentro de um ms, as aces do BCP valerem 4,7 euros, o contrato ter um valor de 10 cntimos por aco, ou 10 euros no total, uma vez que o titular do contrato