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Guia de estudos - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa_CPLP
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Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP
Introdução Criada em 17 de julho de 1996, a CPLP, um foro multilateral, visa a amizade e
cooperação mútuas entre seus membros (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe). A organização é dotada de
personalidade jurídica e autonomia financeira, sendo regida pelos princípios da
igualdade soberana de seus membros; não-interferência nos assuntos internos de
cada estado; respeito pela identidade nacional; reciprocidade de tratamento;
primado da paz, democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e da justiça
social; promoção do desenvolvimento e cooperação mútuos e respeito pela
integridade territorial. Objetiva, entre outros fatores, o concerto político-diplomático
entre seus estados membros, para o reforço da sua presença no cenário
internacional e a cooperação em todos os domínios, incluindo as temáticas de
educação, saúde, ciência e tecnologia, administração pública, agricultura,
comunicações, justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social.
Todas as decisões tomadas pelos órgãos da Comunidade são por consenso, uma
regra seguida pelas três instâncias deliberativas da CPLP (Conferência de Chefes
de Estado e de Governo, Conselho de Ministros e Comitê de Concertação
Permanente).
Um dos principais órgãos executivos da CPLP é o Secretariado Executivo, que tem
como função implementar as decisões dos três órgãos deliberativos. É dirigido pelo
Secretário Executivo, eleito rotativamente por um mandato de dois anos, podendo
ser renovado por uma única vez. O ocupante deste cargo é uma alta personalidade
de um dos países membro, sendo auxiliado em suas funções por um Diretor-Geral.
Os fundos do Secretariado Executivo são provenientes das contribuições dos
Estados Membros, mediante quotas fixadas pelo Conselho de Ministros. A CPLP
dispõe ainda de um Fundo Especial, dedicado exclusivamente ao apoio financeiro
das ações concretas efetuadas no quadro da Organização. Este Fundo é alimentado
por contribuições voluntárias de entidades públicas e privadas e está submetido a
Regimento próprio.
Histórico Em novembro de 1989, em São Luiz do Maranhão, começaram as primeiras
discussões acerca da criação da CPLP em que houve o primeiro encontro de chefes
de Estado e de governo dos Países de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe. Estas nações
têm em comum heranças históricas, idioma (o português, sétimo idioma mais falado
no mundo) e uma visão compartilhada no desenvolvimento da democracia.
Durante os doze anos de formação da CPLP, houve um processo de discussão e
institucionalização das questões inerentes a este tema entre seus Estados membros
que se situam em quatro continentes e englobam 230 milhões de pessoas.
Dentre outros aspectos, a CPLP têm propósitos comuns como projetar e consolidar,
no plano externo, os laços de amizade entre os países de língua portuguesa dando
a eles maior capacidade para defender seus valores e interesses baseados na
defesa da democracia, na promoção do desenvolvimento e na criação de um
ambiente internacional mais equilibrado e pacífico envolvendo também setores
prioritários como saúde e educação, envolvendo recursos próprios dos países
membros e/ou meios disponibilizados através de parcerias com outros organismos
internacionais.
O dinamismo da Organização reflete-se, dentre outros fatores, nos diversos acordos,
protocolos e convênios que vêm sendo assinados nos últimos anos. Os laços entre a
CPLP, bem como as diversas entidades infra-comunitárias e internacionais, estão
cada vez mais estreitos, o que faz com que a Comunidade tenha novas e eficientes
ferramentas para alcançar os seus objetivos.
Posição dos Países Membros A CPLP enfrenta algumas críticas internacionais devido à falta de ações concretas e
de vontade política dos países-membros. Um dos principais desafios desta
comunidade é persuadir os países africanos das vantagens de pertencerem à CPLP.
A comunidade deve abrir discussões ao aumento das contribuições financeiras dos
Estados para melhorar a sua atuação.
A organização, que funciona com aproximadamente um milhão e duzentos mil
euros, tem como principais contribuintes (dos oito membros) Portugal e Brasil que
repassam à CPLP uma quota muito maior que a obrigatória, enquanto os demais
membros se limitam à quota mínima obrigatória.
Há uma pretensão perante a CPLP de que Portugal seja uma ponte cada vez mais
sólida entre a Comunidade e a União Européia; e o Brasil, tido como um
impulsionador do projeto, que assuma uma posição crescente na organização, que
seja coerente com sua aproximação aos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) e que continue a apoiar ativamente a proteção da língua
portuguesa.
Em maio de 2008, no Timor-Leste, foi realizada a X Reunião dos Ministros da
Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Nela o primeiro-ministro
e Ministro da Defesa e Segurança do Timor, Kay Rala Xanana Gusmão, fez algumas
considerações acerca da comunidade, salientando que esta deve se afirmar como
um espaço de cooperação na área de Segurança e Defesa.
Xanana ainda relevou o caráter universalista da CPLP, referindo a necessidade de a
Comunidade ser cada vez mais eficaz na área de segurança e defesa, tendo em
vista a atual conjuntura internacional, com os riscos e ameaças que se colocam à
comunidade internacional.
Um importante aspecto a ser analisado é o fato de que países que não possuem o
português como idioma oficial têm o interesse cada vez maior em participar da
Comunidade, através do estatuto de observador. Guiné Equatorial e Senegal já
adquiriram ao estatuto e países como Venezuela (devido ao Brasil), Ucrânia e
Croácia (ambos devido a Portugal) já divulgaram o interesse em participar como
observadores. Além disso, Guiné Equatorial quer se tornar membro permanente da
comunidade, adotando o português como terceira língua oficial do país.
Posição do Brasil A participação do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa pode ser
analisada sob duas perspectivas, que envolvem o interesse político-estratégico e a
solidariedade em relação aos países e povos que compartilham, em alguma
instância, elementos culturais e históricos, assim como projetos de desenvolvimento.
A CPLP representa um grande avanço potencializador da política externa brasileira
no que diz respeito à cooperação Sul-Sul, já que o país é um grande defensor desta
vertente de cooperação internacional.
Além de cooperação econômica, a CPLP prevê cooperação técnica, área em que o
Brasil, juntamente com Portugal, acarreta tradição na Comunidade. Tal cooperação
é definida pela Agência Brasileira de Cooperação como “transferência de
conhecimentos e experiências em bases não comerciais, com o objetivo de
promover mudanças estruturais duradouras que contribuam significativamente para
acelerar o processo de desenvolvimento dos países parceiros, ao mesmo tempo
capacitando-os para continuar a atuar de forma autônoma nos temas em questão”.
Estes aspectos envolvem a posição brasileira no CPLP, em que há preocupação de
se produzir projetos com efeitos mais duradouros, com maior escopo de atuação e
que sejam mais impactantes. Um exemplo é a Cooperação multilateral brasileira à
PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e ao Timor Leste, que não
prejudica a atuação bilateral do país.
Salienta-se que a cooperação do Brasil não se dá totalmente em termos
econômicos, já que este não se apresenta tradicionalmente como um doador de
capitais, como equipamentos e/ou recursos, no âmbito internacional. Sendo assim, o
Brasil coopera através de ações voltadas ao compartilhamento de conhecimento e
experiências, o que não quer dizer exoneração de custos, que são absorvidos na
execução de projetos pela entidade que os executa.
Tais projetos estão voltados, principalmente, para área de educação, saúde,
administração pública, agricultura, meio ambiente e apoio à micro e pequenas
empresas, em que o Brasil possui instituições reconhecidas, capazes de
desenvolver a cooperação Sul-Sul, bem como relações com países desenvolvidos.
Há diversas implicações acerca dos esforços brasileiros em desenvolver maneiras
criativas para cooperação, que podem ser muitos úteis à participação do país na
CPLP.
Devido ao interesse do Brasil e dos outros países signatários à CPLP em tornar
possível a realização de projetos, tem-se buscado o ajustamento do processo de
preparação e aprovação destes, objetivando a adoção de um modelo padronizado
internacionalmente, em que se encaixarão todos os projetos da CPLP.
De maneira geral, a cooperação é tida como a “Razão de Ser” da Comunidade,
representando sua perspectiva de consolidação e fortalecimento.
Questões propostas • O que está por trás do interesse de países que não possuem a língua
portuguesa como idioma oficial, como os do Leste Europeu, em participar da
Comunidade? Qual o tipo de relação poderia ser desenvolvida entre esses países
através da CPLP?
• Como é vista a posição de Portugal, tendo em vista que este é o único país do
hemisfério norte, sabendo ainda que este é signatário de um importante Bloco, como
a União Européia?
• Há perspectiva de crescimento e desenvolvimento da CPLP por parte de seus
membros integrantes? Há movimentos para isso?
• Além de compartilhar cultura, educação e saúde, a CPLP pode vir a se tornar um
bloco econômico?
• Sabendo que nenhum dos países membros da CPLP está entre os 20 países
mais humanamente desenvolvidos, como estes poderiam desenvolver cooperações
mutuamente vantajosas?
• Os membros da Comunidade não estão demasiadamente dependentes das
ações e contribuições de Portugal e Brasil?
Bibliografia < http://www.cplp.org/>
<http://www.publico.clix.pt/Mundo/cplp-discute-futuro-e-reforco-da-
cooperacao_1264302>
<http://www.mre.gov.br/dc/temas/CPLP_Port_4.pdf>
<http://www.mre.gov.br/dc/temas/CPLP_Port_3.pdf>
<http://www.krysstal.com/spoken.html>
<http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo>
<http://www.abc.gov.br>
<http://www.mundolusiada.com.br/CPLP>