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CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL GUIA DO(A) PROFESSOR(A)

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CURSO DE INTRODUÇÃO AO

EXERCÍCIODO

DO SUAS CONTROLE

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME - MDSBRASÍLIA | BRASIL | 2016

GUIA DO(A) PROFESSOR(A)

SOCIAL

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© 2016. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.Todos os direitos reservados. Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI)Bloco A | 3º andar | Sala 307 | CEP 70046-900 | Brasília | DFTelefone: (61) 2030-1770 www.mds.gov.brCENTRAL DE RELACIONAMENTO DO MDS: 0800 707 2003

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV)

Campus do Vale, prédio 43322Av. Bento Gonçalves, 9500CEP: 91.509-900 – Porto Alegre – RS Fone: (51) 3308-9860 www.ufrgs.br/cegov

Este material foi produzido com recursos do TED 004/2014, firmado entre a SAGI/MDS e a UFRGS/CE-GOV.

CONTEÚDO E EXECUÇÃO

Equipe MDSCoordenação Geral | Patricia A. F. Vilas Boas, Marcilio Marquesini Ferrar, Maria Cristina Abreu Martins de Lima, Janine Mourão Bastos.Equipe Técnica | Michelle Stephanou, Thais Kawashima, Janine Cardoso Mourão Bastos, Eliana Teles do Carmo, Wagner Saltorato, Adriely Santiago de Toledo, Mônica Alves Silva, Ironi do Rocio R. Camargo, André Yokowo dos Santos, José Ferreira Crus.

Equipe CEGOVCoordenação Geral | Aline Gazola Hellmann, Rosa Maria Castilhos Fernandes.Equipe Técnica | Loiva de Oliveira, Lea Biasi, Ana Carolina Ribeiro Ribeiro, Ana Julia Bonzanini Bernardi, Bruno Sivelli, Gabriela Perin, Gianna Reis Dias, Giordano Benites Tronco, Jéssica Sulis Binkowski, João Marcelo Conte Cornetet, Júlia da Motta, Thiago Borne Ferreira.Equipe de Colaboradores Externos | Denise Colin, Eleonora Schettini M. Cunha, Luciana Jaccoud, Maria Carmelita Yazbek, Maria Luiza Amaral Rizzotti, Márcia Mansur Saadallah.Capa | Joana Oliveira de OliveiraProjeto Gráfico e Diagramação | Gabriel Thier, Joana Oliveira de Oliveira, Liza Bastos Bischoff, Simone Rodrigues da Silva.

EXPEDIENTE

Presidenta da República Federativa do Brasil | Dilma RousseffVice-Presidente da República Federativa do Brasil | Michel TemerMinistra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome | Tereza CampelloSecretário Executivo | Marcelo CardonaSecretário de Avaliação e Gestão da Informação | Paulo JannuzziSecretária Nacional de Assistência Social | Ieda CastroSecretário Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional | Arnoldo Anacleto de CamposSecretário Nacional de Renda de Cidadania | Tiago Falcão

Secretaria de Avaliação e Gestão da InformaçãoSecretária Adjunta | Paula MontagnerDiretor de Monitoramento | Marconi Fernandes de SousaDiretor de Gestão da Informação | Caio NakashimaDiretora de Formação e Disseminação | Patricia A. F. Vilas BoasDiretora de Avaliação | Patricia A. F. Vilas Boas

Secretaria Nacional de Assistência SocialSecretário Adjunto | José Dirceu Galão JuniorDiretor do Departamento de Gestão do Sistema Único de Assistência Social | José Ferreira da CrusDiretora do Departamento de Benefícios Assistenciais | Maria José de FreitasDiretora do Departamento de Proteção Social Básica | Léa Lucia Cecílio BragaDiretora do Departamento de Proteção Social Especial | Telma Maranho GomesDiretora do Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS | Bárbara Pincowsca Cardoso CamposDiretora Executiva do Fundo Nacional de Assistência Social | Dulcelena Alves Vaz Martins

Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Curso de introdução ao exercício do controle social do SUAS. -- Brasília, DF: MDS, Secretaria de Avalia-ção e Gestão da Informação, Secretaria Nacional de Assistência Social; Centro de Estudos Internacionais sobre o Governo, 2016.

47 p. ; 30 cm.

ISBN: 978-85-60700-98-1

1. Assistência social, Brasil. 2. controle social, exercício, Brasil. I. Sistema Único de Assistência Social.

CDU 304(81)

Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Tatiane de Oliveira Dias CRB 2230.

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MÓDULO 1 PARTICIPAÇÃO E CONTROLE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL

A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)

MONITORAMENTO E CONTROLE SOCIAL DO PAS

MÓDULO 2

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Apresentação

Introdução

1 Fundamentos Pedagógicos

1.1 A Concepção de Educação

1.2 Relação Sujeito-Objeto

1.3 Relação Teoria-Prática

PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADES

Bibliografia

Glossáro

Referências

SUMÁRIO

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O conhecimento, como resultado de processos de aprendizagem, não existe no abstrato. Ele só existe ‘aderido’ a pessoas, enquanto significado por sujeitos cognoscentes, ou reconhecido como tal. Um ato de conhecer implica, portanto, a cumplicidade do sujeito que o realiza. Cumplicidade no sentido de necessitar ‘comparecer’ com seus sentidos e percepções prévias a fim de incrementá-las ou refazê-las. Em não tendo ancoragem na subjetividade, o conhecimento em nada modifica a autopercepção do sujeito e, consequentemente, não contribui para a modificação do seu en-torno. (BOUFLEUER, Dicionário Paulo Freire, 2010 p. 85-86)

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05CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

APRESENTAÇÃO

Este caderno destina-se a orientar o professor convidado a participar do Programa CapacitaSUAS para que possa exercer a função de facilitador dos pro-cessos de aprendizagem significativa dos trabalhadores e conselheiros do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), de acordo com os pressupostos da Política Na-cional de Educação Permanente do SUAS (PNEP-SUAS)1.

As instituições ofertantes e seu corpo docente tem um papel fundamental no Programa CapacitaSUAS. Como se sabe, desde a Constituição Federal de 1988, a área de assistência social avança nas construções necessárias para a consolida-ção do modelo descentralizado e participativo e para o atendimento ao cidadão na perspectiva do direito. Os esforços de desprecarização do trabalho e de qualifi-cação dos trabalhadores e agentes sociais do SUAS fazem parte desse movimento.

O CapacitaSUAS é um programa de dimensão nacional, cuja articulação se faz entre todos os entes federados e um conjunto de instituições participantes da Rede Nacional de Educação Permanente (RENEP-SUAS). A RENEP é composta por Universidades, Escolas de Governo e Institutos Federais que se dispõem a uma parceria que pretende transformar as práticas e os processos de trabalho no SUAS, por meio do encontro fundamental entre o cotidiano do trabalho e o conhecimen-to sistematizado. Com os cursos do CapacitaSUAS pretende-se favorecer espaços de trocas e debates que permitam aos participantes suspender seu cotidiano e reconstruí-lo à luz de conceitos e paradigmas.

Dessa forma, além dos fundamentos da PNEP-SUAS, este caderno traz algumas orientações teórico-metodológicas em consonância com o caderno de conteúdos, preparado para os trabalhadores e conselheiros cursistas do Capacita-SUAS. Essas orientações incluem os fundamentos pedagógicos que devem orien-tar toda a atividade de capacitação e propostas de atividades a serem desenvolvi-das durante o Curso.

Alguns conceitos são fundantes para o desenvolvimento do CapacitaSUAS e devem ser elementos de coesão entre as diversas iniciativas que estão sendo desenvolvidas em todo o país pelos integrantes da RENEP-SUAS. As ações de ca-pacitação devem ser orientadas por esses fundamentos, especialmente no que diz respeito à concepção de educação que orienta a capacitação, o tipo de relação entre sujeito e objeto de aprendizagem e entre teoria e prática.

Por sua vez, as atividades propostas neste caderno não devem ser enten-didas como uma “camisa de força”, que amarra os processos ou conteúdos a serem abordados em sala de aula. De outro modo, elas são sugestões apoiadoras para o ensino e facilitadoras da aprendizagem, concebidas consonante com as orienta-ções teórico-metodológicas e com os desafios que se colocam para a qualificação dos trabalhadores do SUAS. Podem, inclusive, servir de inspiração para propostas mais adequadas à realidade na qual cada professor está atuando. Nesse sentido, é imprescindível a colaboração enriquecedora do professor em relação a essas su-gestões, para que se possa aperfeiçoá-las.

(1) Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de-assis-tencia-social-snas/livros/politica-nacional-de-educacao-permanente-do-suas-pnep-suas/politica-nacional-de-educacao-permanente-do-suas

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07CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

INTRODUÇÃO

O exercício do controle social de forma institucionalizada é uma expe-riência recente na democracia brasileira e está fortemente associado à ideia de participação da sociedade em diferentes espaços institucionais. No campo da assistência social, os conselhos têm sido identificados como o principal espaço para este exercício, mas também há as conferências, os fóruns e outras instân-cias que executam este mesmo papel.

De modo geral, integrar um conselho exige cada vez mais a aquisição de conhecimentos estratégicos para a efetiva participação do conselheiro no processo de debates e decisões que ocorrem naquela instância, bem como o desenvolvimento de habilidades e competências para que ele possa ser um membro atuante e propositivo. Esses requisitos não só qualificam a participa-ção, mas possibilitam que ela não seja apenas formal, simbólica, e sim traduza a inclusão de novas vozes, ideias e interesses no processo deliberativo que é próprio desses espaços.

O Curso de Introdução ao Controle Social tem como principal público--alvo os conselheiros de assistência social, municipais e estaduais, e pretende contribuir para qualificar sua participação nos conselhos, conferências e demais espaços nos quais a assistência social é debatida e construída. Este Caderno Orientador, por sua vez, pretende contribuir com os professores / facilitadores que aceitaram participar do desafio de capacitar os atores sociais que exercem o controle social no Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

A primeira parte do Caderno explicita os fundamentos pedagógicos que devem orientar toda e qualquer ação nas atividades de formação que in-tegram o CapacitaSUAS. Eles são de suma importância, pois explicitam não só o papel do professor / facilitador e os percursos a serem trilhados para a efeti-vação do Curso, mas também indicam o efeito que se pretende com as ativida-des nos participantes do Curso: desenvolver e/ou aperfeiçoar sua capacidade de reflexão crítica e de proposição para avançar na construção da política ou enfrentar e superar os desafios cotidianos que lhe são próprios.

A segunda parte apresenta propostas de atividades a serem desen-volvidas com os participantes do Curso, estruturadas conforme os fundamen-tos pedagógicos que orientam o processo de formação. As atividades buscam resgatar os conhecimentos que os conselheiros trazem consigo, articular esses conhecimentos com os novos, adquiridos durante o Curso, e relacionar o apren-dizado com sua prática de participação, deliberação e controle, exercida nos conselhos e demais espaços deliberativos da assistência social.

As atividades, portanto, são propostas que podem e devem ser aperfei-çoadas, alteradas e mesmo substituídas por outras, uma vez que as realidades e contextos de cada processo de formação, bem como a relação que se estabe-lece entre professores / facilitadores e participantes é determinante para a es-colha das ações. No entanto, é importante destacar que os fundamentos apre-sentados na primeira parte do Caderno devem ser orientadores para qualquer atividade a ser desenvolvida.

Por fim, sempre é bom recordar: os espaços de participação, delibera-ção e controle social da política de assistência social, como conselhos e confe-

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rências, são espaços políticos. Nesse sentido, as informações e as reflexões que integram o Curso, e que são transformadas pelos conselheiros em conhecimento, devem ser instrumentos de ação política, subsidiando-os em seus processos decisórios. Espera-se, com isso, que se reduza os riscos de burocratização dos conselhos, que podem levá-los a exercer apenas funções técnicas, deixando de lado sua função política, para a qual foram criados.

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09CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS

Quais são as referências teórico-metodológicas relevantes para a atuação dos professores nos processos de educação permanente no con-texto do CapacitaSUAS?

Para assumir a tarefa de estar em sala de aula com os trabalhado-res ou conselheiros do SUAS é preciso conhecer os aspectos principais da política de Educação Permanente do SUAS, da qual o programa Capacita-SUAS faz parte, e contar com estratégias adequadas para abordar o traba-lhador, considerando os desafios cotidianos que se colocam na realidade do trabalho e do controle social.

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃOA concepção de educação que norteia as reflexões do Capacita-

SUAS é marcada pela Andragogia. A Andragogia foi definida por Malcolm Knowles (1967) como a arte e ciência de ajudar os adultos a aprender, em oposição à Pedagogia, que cuida do ensino de crianças. A andragogia (do grego andros - adulto e gogos - educar) entende que os adultos, devido às experiências que passam durante a vida e o conhecimento que têm da realidade, buscam desafios e soluções que façam diferença em suas vidas.

Para esse autor são requisitos para a educação de adultos: a) a consciência da necessidade de saber – antes de tudo é preciso saber o por quê necessita aprender algo; b) a prontidão para aprender – ocorre com a expectativa de solução de problemas da vida real e do desenvolvimento de papéis sociais; c) o autoconceito do aprendiz – quando são tratados como capazes de se autodirigir; reconhecimento das experiências dos aprendizes – estratégias de aprendizagem que valorizem saberes prévios, incentivem reflexão sobre hábitos e preconceitos.

Trata-se, portanto, de uma educação para adultos, que são tra-balhadores e conselheiros do SUAS, na perspectiva da Educação Perma-nente. A NOB-RH Anotada e Comentada afirma que a

Educação permanente constitui-se no processo de permanen-te aquisição de informações pelo trabalhador, de todo e qual-quer conhecimento, por meio de escolarização formal ou não formal, de vivências, de experiências laborais e emocionais, no âmbito institucional ou fora dele. Compreende a formação profissional, a qualificação, a especialização, o aperfeiçoamen-to e a atualização. Tem o objetivo de melhorar e ampliar a ca-pacidade laboral do trabalhador, em função de suas necessi-dades individuais, da equipe de trabalho, e da instituição em que trabalha, das necessidades dos usuários e da demanda social (2011, p. 99).

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A Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único de Assistência Social (PNEP-SUAS) foi publicada pela Resolução CNAS 04/2013, e tem como base os princípios da interdisciplinaridade, aprendizagem sig-nificativa, historicidade, centralidade nos processos de trabalho e o desen-volvimento de capacidades e competências requeridas pelo SUAS.

• O princípio da interdisciplinaridade visa ao reconhecimento dos saberes específicos de cada área, em sua complementarida-de e na possibilidade de construção de novos saberes e práticas (PNEP-SUAS, página 36).

• O princípio da aprendizagem significativa visa ao processo de aprendizagem democrático e participativo dos trabalhadores, usuários e conselheiros que, ao interiorizar novos conhecimentos, habilidades e atitudes a partir da mobilização dos seus saberes e experiências anteriores, podem ressignificar suas práticas (PNEP--SUAS, página 37).

• O princípio da historicidade visa manter o foco dos sujeitos alcançados pela PNEP-SUAS em análise ético-políticas, filosófi-co-científicas e histórico-críticas do contexto no qual a ação pre-sente está inserida, sem perder de vista a construção que ocorreu ao longo do tempo, as transformações decorrentes das ações de sujeitos sobre a realidade, e os princípios do projeto social de di-reitos não contributivos que se estabelece a partir do SUAS, no âmbito da Seguridade Social (PNEP-SUAS, páginas 38-9).

• Centralidade nos processos de trabalho e práticas profis-sionais visa à renovação e atualização de conceitos, práticas e atitudes profissionais das equipes e diferentes agrupamentos (trabalhadores, conselheiros, gestores), que ocorrem pelo prota-gonismo dos sujeitos, sendo todos responsáveis pela construção coletiva do conhecimento que se desenvolve, cotidianamente, no processo de trabalho e controle social (PNEP-SUAS, página 34).

• Desenvolvimento de capacidades e competências requeri-das pelo SUAS As competências são conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao desempenho das funções e atribuições laborais de um trabalhador, visando ao alcance dos objetivos, princípios e diretrizes do SUAS. O desenvolvimento dessas capa-cidades e competências por meio da educação permanente de-vem ser compreendidas na sua tridimensionalidade: técnica, ética e política (PNEP-SUAS, página 38).

Ainda é basilar para a educação permanente no SUAS o respeito à diversidade sociocultural de nosso país, pela relevância que adqui-re o território no contexto do levantamento dos problemas locais e das necessidades de superação. O respeito à diversidade sociocultural alerta--nos para a importância de o projeto educacional considerar as diferentes realidades que compõem o território nacional. Portanto, tem a intenção de desempenhar a função de referencial que estimula a criatividade, não incorrendo no equívoco de se tornar uma “fôrma”, rígida e engessada. O

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11CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

esforço deve ser o de alertar cada trabalhador da Assistência Social a levar sempre em conta sua realidade regional e local.

A crença no protagonismo dos sujeitos trabalhadores da As-sistência Social na construção do próprio conhecimento constitui prin-cípio norteador didático-pedagógico. A participação do professor das ins-tituições de ensino da RENEP-SUAS assume, nesse contexto, uma enorme importância, uma vez que o professor tem o papel de facilitador para as mudanças esperadas na qualificação dos trabalhadores do SUAS e é, por consequência, um agente de mudança e qualificação da própria política nacional de assistência social. Cabe a ele estimular a ação protagonista e qualificada dos trabalhadores do campo da Assistência Social, bem como promover mudanças no próprio âmbito acadêmico do qual faz parte.

RELAÇÃO SUJEITO-OBJETOPara que, como facilitador, possa também ser agente de transfor-

mação, é fundamental que o professor adote metodologias que coadu-nam com os pressupostos da PNEP-SUAS. Nesse sentido, é relevante:

• Estimular a leitura reflexiva dos documentos existentes que nor-matizam e/ou orientam a organização e o funcionamento do Sis-tema Único de Assistência Social (SUAS);

• Proporcionar momentos de debate com base na prática da As-sistência Social, vislumbrando as mudanças necessárias no pro-cesso de trabalho;

• Oferecer novas referências inspiradoras para a superação dos desafios do cotidiano, no contexto do SUAS.

Na virada do século, no início do ano 2000, Jurandir Freire Costa, ao ser entrevistado por um jornalista que o indagou a respeito do otimis-mo ou do pessimismo diante do século que se iniciava, apresentou a se-guinte resposta, a qual acreditamos ser fonte inspiradora para todos nós que atuamos na área da Assistência Social.

Tenho de acreditar; não há outra saída! Nesse caso, não exis-te alternativa, não existe ou [...] ou. É a crença em um mundo melhor ou a barbárie. O que existe de pior, em épocas de crise cultural, é o que Nietzsche chamou de niilismo. O niilismo, a vontade de nada, é uma manifestação de decadência cultu-ral produzida pela descrença nos antigos valores ou valores da tradição. [...] Em meio a tudo que estamos vivendo, estão ocorrendo, com certeza, movimentos de mudança criativos, inovadores, que ainda não somos capazes de ver ou analisar com a devida distância (COSTA, 2000, p. 54).

Enfim, educação permanente no âmbito do SUAS pressupõe a vivência de um processo de “mão dupla”, que rompe com a relação hie-rárquica e linear marcada pela posição daquele que ensina e daquele que aprende. Segundo essa concepção de educação, ambos são protagonistas e buscam horizontes possíveis para o aprimoramento do SUAS.

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Essa ideia de educação demanda a criação de um clima de con-fiança e, bem sabemos, confiança é algo que não se conquista de maneira imediata e automática. Pelo contrário, trata-se de um vínculo que se cons-trói por meio de um longo processo, o qual exige tempo, paciência e per-sistência. Educadores e educandos trocam saberes, descobertas e afetos. Vivenciam conflitos e dúvidas.

Desde o início, o trabalhador deve ser chamado a mergulhar, de modo mais profundo, em sua reflexão, buscando detectar o que está por trás das superfícies aparentes do cotidiano nos processos de trabalho. Além disso, como já foi dito, deve ser desafiado a assumir seu papel de protagonista, ou seja, de se manifestar, se posicionar, refletir para agir, pro-por, deixar o lugar de expectador para entrar em cena, acreditando na ca-pacidade que tem de tomar decisões e agir, no contexto do coletivo, exer-cendo sua autonomia e sua ação proativa para as mudanças da realidade.

Esta compreensão da relação entre o sujeito e objeto de apren-dizagem está evidenciada na PNEP-SUAS (CNAS, Resolução 04/2013), ao considerar que a educação permanente é um

processo de atualização e renovação contínua e cotidiana das práticas profissionais e condutas existenciais de pessoas, equi-pes de trabalho e diferentes agrupamentos, a partir do con-tato com novos aportes teóricos, metodológicos, científicos e tecnológicos disponíveis. Processo este mediado pela proble-matização e reflexão quanto às experiências, saberes, práticas e valores pré-existentes e que orientam a ação desses sujeitos no contexto organizacional e da própria vida em sociedade (2014, p.6, grifo nosso).

Por meio da Educação Permanente, busca-se desenvolver a capa-cidade crítica, a autonomia e a responsabilização das equipes de trabalho para a construção de soluções compartilhadas para enfrentamento de desafios que se colocam no SUAS, visando às mudanças necessárias no contexto real das mencionadas práticas profissionais e processos de tra-balho. O professor contribui para essa tarefa na medida em que acredita e compartilha do desafio do aperfeiçoamento das práticas profissionais e da qualificação do SUAS.

RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA A perspectiva pedagógica que permite plasmar o conhecimen-

to cotidiano com argumentos teóricos e éticos exige dos professores um compromisso didático e competência científica diferenciada dos modelos cartesianos e tradicionais de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, uma especial atenção deve ser dada às orientações pedagógicas apresentadas a seguir, de modo que as atividades de formação possibilitem ao traba-lhador e conselheiro produzirem aprendizado significativo, que articule teoria e prática.

Inicialmente, o professor deve convidar o trabalhador e conselhei-ro do SUAS a se debruçar sobre as questões apresentadas em seu dia a dia

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13CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

profissional (por meio de um caso, um episódio, ou um depoimento, ou ou-tro recurso, dependendo da unidade a ser trabalhada), sempre tendo como referência as ações que estão presentes no campo da Assistência Social.

Esse é o ponto de partida que possibilita que o sujeito da apren-dizagem estabeleça uma relação dialética entre teoria e prática. O coti-diano é o elemento revelador de situações concretas e desafiadoras. O papel do professor/facilitador é instigar o trabalhador e o conselheiro a identificar os elementos que constituem as demandas para sua atuação e os problemas a serem superados. Deve-se oportunizar um espaço para a reflexão (individual ou coletiva) sobre a bagagem trazida por cada um dos participantes. Deve ser dada a oportunidade para a expressão do diálogo interno existente em cada trabalhador e conselheiro do SUAS sobre os co-nhecimentos já acumulados ou intuitivamente antevistos sobre o tema.

Após essa revisitação é aberto um campo para que o novo possa ser apresentado. O novo será composto dos novos referenciais teóricos e/ou conceituais apresentados pelo professor, com o objetivo de estimular a reflexão crítica. Em seguida, deve ser oportunizado ao trabalhador ou conselheiro do SUAS elaborar uma proposta de intervenção na realidade problematizada. Esse é o ponto de chegada que, em realidade abre nova situação de partida.

Conforme mencionado, a partir do cotidiano revisitado, à luz de novas referências, surge a proposta, por meio de planejamento, que, por sua vez, no futuro, será revisto, revisitado, redimensionado. Essa dinâmi-ca é uma expressão do infinito processo do conhecimento humano e, no caso da educação permanente, é feito em equipe, a partir das necessida-des do serviço.

Esse processo é orientado por um referencial dialético, o qual, partindo de uma referência da prática (o cotidiano), busca elaborar uma reflexão teórico-metodológica (revisão da bagagem e abertura a novas re-ferências). Esta, por sua vez, desafia a criação, a reinvenção de uma nova prática, que, futuramente, será novamente questionada, revisitada, de acordo com os novos referenciais teórico-metodológicos. A relação dialé-tica entre a Teoria e a Prática é expressa pela Ação–Reflexão–Ação.

Desafiados por uma situação do cotidiano, os trabalhadores ou conselheiros do SUAS, concebidos como sujeitos protagonistas do proces-so de conhecimento, buscarão identificar na sua relação com a realidade (objeto) o seu “diálogo interno”, fundado em sua bagagem existencial e profissional, ou seja, seus conhecimentos e experiências prévios a respei-to do fenômeno em questão que afeta o cotidiano do seu trabalho. Além disso, eles devem desenvolver uma reflexão crítica com base na contri-buição teórica-conceitual que o Caderno apresentará, construída a partir de documentos do MDS. De posse do novo referencial, com os horizon-tes ampliados, a prática será revisitada, redimensionada, ressignificada, o que propiciará a criação de uma proposta em forma de um Planejamento, como já foi dito.

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As atividades propostas a seguir2 foram planejadas nessa pers-pectiva e têm o objetivo de apoiar o trabalho do professor/facilitador em sala de aula, estimulando a participação de todos e abrindo caminhos para que a aprendizagem significativa se efetive e impulsione as mudan-ças práticas que almejamos no cotidiano do SUAS.

(2) Os professores podem compartilhar as experiências e dificuldades vivenciadas em sala de aula nos cursos CapacitaSUAS. Para isso, em breve, poderão utilizar o portal de Educação Permanente do SUAS que está sendo construído numa parce-ria entre o MDS e a Fiocruz.

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CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADES

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17CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

NO BRASILEsse módulo apresenta a construção e a efetivação da ideia de

participação e controle social na Política de Assistência Social. Também descreve aspectos importantes relacionados a conselhos e conferências, bem como outras possibilidades constitucionais de controle democrático sobre a política.

UNIDADE 1 PARTICIPAÇÃO E CONTROLE DEMOCRATICO

Esta Unidade descreve a trajetória da participação na política de assistência social destacando a relação entre essa participação e o exer-cício do controle social. Também são apresentados os instrumentos de controle social e de participação mais amplos, como conselhos, confe-rências e fóruns. Destaca-se o papel de representante exercido pelos conselheiros e delegados dos diversos segmentos da sociedade civil e a importância que possuem na articulação entre conselhos e conferências e a sociedade.

São objetivos desta Unidade:

• Compreender a construção e a efetivação da ideia de partici-pação e de controle social na política de assistência social no Brasil e os avanços inaugurados pela Constituição Federal de 1988 nessa direção.

• Refletir acerca da importância da participação popular e do exercício do controle social na gestão pública e, em especial, na política de assistência social.

ATIVIDADE SUGERIDA I – Análise FOFA dos conselhos e conferências de assistência social

OBJETIVOS:

a. Identificar as fortalezas e as fragilidades das instâncias de delibe-ração do SUAS, bem como as oportunidades e as ameaças que a elas estão relacionadas.

b. Refletir sobre possibilidades de fortalecimento dos conselhos e conferências de assistência social.

c. Propor ações estratégicas que fortaleçam conselhos e conferências.

MÓDULO

1

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Material necessário:

ü Folhas de papel A4 com a imagem da matriz de análise conhecida como FOFA (modelo a seguir).

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 30 minutos.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAO professor / facilitador solicita aos participantes que preencham

individualmente a matriz de análise, tendo como referência o conselho do qual participam. Deve ser colocada uma “Força” (vantagens do contexto interno do conselho), uma “Fraqueza” (desvantagens do contexto interno do conselho), uma “Oportunidade” (aspectos favoráveis do contexto externo onde o conselho está inserido) e uma “Ameaça” (aspectos desfa-voráveis do contexto externo onde o conselho está inserido)

2) PERCURSO• Os participantes são reunidos em grupos e devem comparar as

análises realizadas individualmente, identificando as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças que são mais comuns a todos.

• Os grupos devem identificar quais os fatores que estão produ-zindo as fraquezas e quais são as ameaças que podem efetivamente enfrentar.

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDATendo o texto da Unidade como referência, os grupos devem

propor estratégias que possam efetivamente fortalecer os conselhos e conferências. Ao final, as estratégias devem ser apresentadas a todos, podendo servir como sugestões para a ação.

FORÇAS

FORÇAS

FRAQUEZAS

FRAQUEZAS

F

O

F

A

INTERNO

EXTERNO

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módulo 1

19CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

UNIDADE 2 O SISTEMA DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA

A Unidade apresenta a relação entre os regimes democráticos e a existência de instituições de controle sobre os governantes e suas ações. Também descreve as funções e atribuições dos órgãos de controle interno e externo da administração pública previstos na Constituição Federal (Controladoria Geral da União - CGU, Tribunais de Contas da União – TCU e dos Estados – TCE, e Ministério Público – MP) e sua relação com o controle social da política de assistência social, exercido pela sociedade por meio dos conselhos e das conferências.

A unidade tem como objetivos:

• Compreender as funções e atribuições dos órgãos de controle interno e externo da administração pública (CGU, TCU, MP, TJ).

• Identificar sua relação com a prática do controle social na assistência.

ATIVIDADE PROPOSTA

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDADividir os participantes em grupos para proceder à leitura e siste-

matização dos conteúdos apreendidos na Unidade II, do Módulo I.

O texto apresenta as instâncias de controle democrático envol-vidos na Política de Assistência Social. Fazem parte deste arranjo órgãos ligados ao Controle interno, ao controle externo e ao controle social.

A partir do texto e de sua prática como conselheiro, os grupo devem preencher o quadro abaixo.

CONTROLE INTERNO

CONTROLE EXTERNO

CONTROLE SOCIAL

FUNÇÕES E COMPETENCIAS

ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO CONTROLE

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2) PERCURSOApós a elaboração do quadro, os participantes deverão dialogar

com os colegas a partir das seguintes questões:

• Você já conhecia alguns desses órgãos de controle? Quais deles?

• Você já se relacionou com alguns desses órgãos no seu exercício de conselheiro (a)?

• De acordo com o TCU, os órgãos de controle e os conselhos municipais podem compartilhar informações, experiências e conheci-mentos para melhor acompanhar as políticas públicas Você acha que seria importante a articulação entre os diversas instâncias de controle demo-crático? Como ela pode ser feita?

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDADiscussão na plenária, e reflexão crítica a partir das questões

apresentadas.

O professor deve garantir a perspectiva propositiva da capacitação.

Para maior aprofundamento do tema, pode ser sugerida aos participantes a leitura da publicação “Orientações para Conselhos da Área de Assistência Social”, produzida pelo Tribunal de Contas da União. Ela pode ser acessada em http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/Orientacoes_TCU.PDF

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21CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE

ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS)Neste Módulo é apresentada uma breve trajetória da política de

assistência social, seus fundamentos e organização, bem como o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e alguns aspectos que são importantes para a gestão do SUAS. Conhecê-los é a base para a participação nas deli-berações e para o exercício do controle social.

UNIDADE 1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Essa Unidade descreve a trajetória da assistência social no Brasil especialmente a partir da Constituição Federal de 1988, que a insere como direito social dos cidadãos brasileiros. Também são apresentados os prin-cipais fundamentos que estruturam a política: seus princípios, diretrizes, objetivos, proteções afiançadas e as bases de sua organização.

A unidade tem como objetivos:

• Compreender a construção da assistência social no Brasil e os avanços inaugurados pela Constituição Federal de 1988, como processo de afirmação do direito à proteção social não contributiva no âmbito do sistema de seguridade social.

• Identificar os fundamentos da politica de assistência social, assim como seus princípios, diretrizes e objetivos.

• Refletir criticamente acerca das situações de vulnerabilidades e riscos sociais que demandam proteção social do SUAS.

• Reconhecer a estrutura da PNAS e as ofertas de proteção social que deve realizar.

ATIVIDADE SUGERIDA I – A trajetória da

assistência social: muitas histórias numa só

OBJETIVOS:

a. Compreender o conteúdo e o alcance das mudanças pelas quais está passando a política de assistência social no Brasil.

b. Refletir sobre o estágio em que o município se encontra nesse processo de mudança.

MÓDULO

2

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22

c. Relacionar a atuação do conselho com o fortalecimento da política no município.

Material necessário:

ü Computador e Datashow;

ü Vídeo “A História da Assistência Social no Brasil”, dispo-nível no seguinte endereço eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=gq4YXI1pggg

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 40 minutos.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAOs participantes são convidados a relatarem o que sabem sobre

a história da assistência social no Brasil. Podem falar livremente, com a mediação do professor / facilitador que pode sugerir que sejam levan-tados os aspectos que mais marcaram a própria trajetória daqueles traba-lhadores /conselheiros que estão há mais tempo atuando na política.

2) PERCURSO

• Reprodução do vídeo.

• Diálogo entre os participantes: o professor / facilitador coloca as seguintes questões para serem respondidas coletivamente: a) O que você não sabia dessa história que nos foi contada no vídeo? b) Como está essa história no seu município? C) O que o conselho tem feito para fortalecer a assistência social como uma política pública no seu âmbito de atuação?

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDATendo o texto da Unidade e o vídeo como referência, os partici-

pantes são convidados a levantar, a partir de uma discussão em duplas ou trios, três estratégias que podem fortalecer a política de assistência social no âmbito municipal e estadual, na perspectiva do SUAS. Ao final, as estra-tégias devem ser apresentadas a todos, podendo servir como sugestões para a ação.

OBSERVAÇÃO: O vídeo conta a história da Assistência Social no Brasil até 2010. Após este momento, muitos outros avanços aconteceram, como a alteração da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) em 2011, incorporando o SUAS e sua estrutura; os avanços da gestão do trabalho, com a criação da Política Nacional de Educação Permanente, em 2014,

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módulo 2

23CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

entre outras conquistas. Uma atividade também oportuna pode estar relacionada ao trabalho de reconstrução coletiva dessa história após 2010. Os participantes podem, em grupos menores ou no próprio grupão, apre-sentar os avanços e marcos na história da Política de Assistência Social entre 2010 e 2015. A atividade pode ser feita de maneira criativa e signifi-cativa para os participantes, como montagem de painéis, dramatizações, varais com os marcos históricos, programas de rádio, vídeo etc.

UNIDADE 2 AS BASES DE ORGANIZAÇÃO DO SUAS

Esta unidade apresenta a estrutura organizacional e os eixos estruturantes do SUAS, bem como a função da rede socioassistencial e o processo de inscrição de instituições como entidades e organizações de assistência social no SUAS. Também apresenta as funções desempenhadas pelas diferentes instâncias e equipamentos do SUAS, seus públicos e obje-tivos, no intuito de contribuir para a reflexão crítica acerca das situações de vulnerabilidade e riscos sociais que demandam proteção social do SUAS.

Os objetivos desta Unidade são:

• Conhecer a arquitetura organizacional e os eixos estruturantes do SUAS.

• Identificar as funções desempenhadas pelas diferentes instân-cias e equipamentos do SUAS, seus públicos e objetivos.

• Refletir sobre a importância dos processos relacionados à gestão integrada dos serviços e benefícios ofertados pelo SUAS.

• Compreender a função da rede socioassistencial e o processo de inscrição de instituições como entidades e organizações da assistência social no SUAS.

ATIVIDADE SUGERIDA I – Organizando o SUAS em painéis

OBJETIVOS:

d. Refletir sobre a inserção de cada trabalhador / conselheiro no SUAS, a partir de sua trajetória pessoal.

e. Compreender os fundamentos que organizam o SUAS.

f. Explorar a relação sistêmica existente entre as dimensões do SUAS.

g. Relacionar a atuação do conselho com as diferentes dimensões que estruturam o SUAS.

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Material necessário:

ü Pedaços de cartolina colorida;

ü Folhas de papel A4;

ü Folhas de papel Kraft;

ü Tesoura e cola;

ü Pincéis atômicos;

ü Rolo de barbante;

ü Clips;

ü Fita crepe

Preparação das peças:

1) Cortar pedaços com cerca de 20 X 15 cm ou 20 x 20 cm das cartolinas, com formatos geométricos diferenciados, observando:

a. cada pedaço deve ter cor e formato diferenciado;

b. em cada pedaço deve ser escrito um dos aspectos traba-lhados na Unidade.

Por exemplo, um retângulo azul e nele escrever “Diretrizes”, um círculo vermelho e escrever “Seguranças”; um triângulo verde e escrever “Direitos socioassistenciais”, um retângulo rosa e escrever “Proteção Social Básica”, um losango cinza e escrever “Proteção Social Especial”, um pentágono lilás e escrever “Benefícios” e um trapézio amarelo e escrever “Vigilância Socioassistencial”.

2) Preparar fichas em papel A4, com tamanhos um pouco menores do que o tamanho das cartolinas, correspondendo em número aos componentes de cada aspecto trabalhado na Unidade. Por exemplo, sete fichas para “Diretrizes”, cinco para “seguranças” e assim com os demais.

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 45 minutos, sendo 15 minutos para o diálogo em grupos, 15 minutos para a montagem dos painéis e 15 minutos para a exposição dos resultados.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAOs participantes são convidados a se reunirem em sete grupos

e a relatarem uns aos outros, brevemente, a sua trajetória na assistência social, especialmente as instituições às quais se vinculou de alguma forma nessa trajetória e possíveis mudanças que nelas ocorreram com a criação do SUAS.

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módulo 2

25CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

2) PERCURSOO professor / facilitador pede que os grupos apresentem ao

conjunto dos participantes as instituições que foram relatadas nos grupos e as possíveis mudanças que nelas ocorreram.

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDACada grupo receberá uma folha de papel Kraft, uma das peças

coloridas previamente identificadas e as peças em branco com formato correspondente ao da peça colorida, para montarem o “quebra-cabeças” do SUAS. Tendo o texto da Unidade como referência os grupos devem escrever nas fichas em branco os elementos que compõem o aspecto destacado na Unidade. Em seguida devem montar, livremente, a figura que demonstre a relação entre os aspectos do Sistema e seus conteúdos, colando as peças no papel Kraft.

A partir da figura montada, o grupo deve destacar uma fragili-dade e uma força desse aspecto em seus municípios, apontando uma ou mais estratégias que podem fortalecê-lo. Em seguida, os grupos devem afixar os trabalhos na parede (ou de outro modo, como nos varais feitos com barbante e clips). O professor / facilitador convida a todos para cami-nharem pela sala, para conhecerem os trabalhos e ouvirem as reflexões dos grupos.

O professor / facilitador deve retomar o diálogo com os partici-pantes, evidenciando as relações sistêmicas que existem entre as dimen-sões trabalhadas por cada grupo.

OBSERVAÇÃO: os trabalhos devem ficar expostos na sala ou ambiente onde ocorre o Curso durante todo o tempo restante, como forma de reforço visual aos conteúdos trabalhados na Unidade. Além disso, o professor / facilitador pode recorrer às imagens sempre que considerar importante reforçar algum dos conceitos trabalhados. A figura a seguir exemplifica o resultado esperado do trabalho de montagem dos “quebra-cabeças”.

SEGURANÇAS ACOLHIDA RENDA CONVÍVIO AUTONOMIA APOIO

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Atividade complementar ao Modulo II

PBF: inovação no campo dos direitos e a necessária renovação de concepções

ATIVIDADE SUGERIDA

OBJETIVOS:

h. Compreender a estrutura e a forma de gestão do PBF.

i. Refletir sobre o papel dos benefícios financeiros ou de transferência de renda na garantia das seguranças afiançadas pelo SUAS, bem como sobre a necessária articulação entre serviços e benefícios.

j. Relacionar a atuação do conselho com o PBF.

Material necessário:

ü Computador e Datashow.

ü Charges sobre o Programa Bolsa Família que evidenciem as visões sociais negativas sobre o PBF.

ü Vídeo “Fiscalização do Programa Bolsa Família”, dispo-nível no seguinte endereço eletrônico: https://www.youtube.com/watch?v=CYW7YjFHwyo

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 40 minutos.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAO professor / facilitador apresenta as charges e solicita que os

participantes do curso as comentem, destacando as principais concepções que os desenhos apresentam sobre o Programa. Em seguida, o professor / facilitador solicita que os participantes relacionem as concepções desta-cadas na charge com: (a) a forma como está estruturada a nossa socie-dade, e (b) os objetivos do Estado brasileiro, descritos no Art. 3º. da Cons-tituição Federal de 1988, especialmente o item III - “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.

O professor / facilitador deve usar dados disponíveis no livro “Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania” (dispo-nível em http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_bolsafamilia_10anos.pdf) para contrapor as charges mostradas inicialmente.

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módulo 2

27CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

2) PERCURSO• Reprodução do vídeo.

• Diálogo entre os participantes: o professor/facilitador coloca as seguintes questões para serem respondidas coletivamente: (a) O que você não sabia e que aprendeu com o vídeo? (b) Como os municípios estão adotando para integrar o PBF com os serviços?

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDATendo o texto da Unidade e o vídeo como referência, os parti-

cipantes são convidados a constituírem pequenos grupos, que devem definir e descrever uma estratégia a ser utilizada pelos conselhos para acompanharem e avaliarem o PBF nos seus municípios. Ao final, as estra-tégias devem ser apresentadas a todos, podendo servir como sugestões para a ação.

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29CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

O FINANCIAMENTO DA POLÍTICA E O EXERCÍCIO DO

CONTROLE SOCIALO Módulo apresenta os instrumentos de planejamento governa-

mental e a relação entre eles, bem como sua relação com o planejamento e financiamento da Política de Assistência Social. Destaca-se as especifi-cidades do financiamento do SUAS e os instrumentos disponíveis para o exercício do controle social sobre os aspectos orçamentários e financeiros da assistência social.

UNIDADE 1 A ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DO SUAS

Esta unidade trata do financiamento da política de assistência social e sua relação com os instrumentos de planejamento e orçamento públicos: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Também apresenta aspectos relacio-nados à gestão, ao orçamento e ao financiamento da assistência social, considerando as atribuições e responsabilidades dos entes federativos, os níveis de gestão e as metas do Pacto de Aprimoramento do SUAS. Desta-cam-se os critérios de partilha, as diferentes possibilidades de utilização do IGDSUAS, a constituição dos fundos de assistência social no financia-mento do SUAS e, por fim, a organização do financiamento em pisos de proteção social e blocos de financiamento e a reprogramação de saldos.

Esta Unidade tem por objetivos:

• Conhecer o processo de financiamento do SUAS, os critérios de partilha dos recursos da União destinado aos estados e municípios e as responsabilidades dos diferentes entes federativos;

• Refletir sobre os processos de tomada de decisão quanto à definição dos critérios de partilha dos recursos da União destinado aos estados e municípios para o financiamento do SUAS;

• Compreender e problematizar o papel dos Fundos de assis-tência social no financiamento do SUAS;

• Identificar as diferentes possiblidades de utilização do IGD SUAS.

ATIVIDADE SUGERIDA I – O ciclo orçamentário e o

financiamento da assistência social

MÓDULO

3

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OBJETIVOS:

a. Conhecer o ciclo do orçamento público e seus instrumentos.

b. Compreender a relação entre o ciclo do orçamento e os processos de planejamento do SUAS.

c. Identificar a atuação do conselho no processo de planejamento e orçamento da assistência social.

Material necessário:

ü Computador e Datashow;

ü Vídeo “Orçamento Fácil - Vídeo 03 - Sistema orçamen-tário brasileiro (leis orçamentárias): PPA, LDO e LOA”, Disponível em https://www.youtube.com/watch?t=81&v=OKsr6mdR1bc

ü Tarjetas em papel A4 ou cartolina;

ü Folhas de papel Kraft;

ü Tesoura e cola;

ü Pincéis atômicos;

ü Fita crepe.

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 50 minutos.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAO professor / facilitador organiza os participantes em grupos. Os

membros do grupo devem responder à seguinte questão: o que mais me impressionou quando vi que tinha responsabilidades quanto ao financia-mento da assistência social? Após o diálogo, os grupos devem apresentar aos demais participantes suas impressões.

2) PERCURSO• Os grupos são recompostos e recebem um kit com o material

especificado

• Cada grupo deve montar, livremente, uma figura que demonstre o Ciclo Orçamentário, seus instrumentos, os períodos previstos para preparação de cada instrumento.

• Após montado o Ciclo, localizar nele os instrumentos de plane-jamento da assistência social.

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módulo 3

31CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDATendo o texto da Unidade e o vídeo como referência, os grupos

devem discutir sobre estratégias que consideram relevantes para a atuação dos conselhos no ciclo orçamentário. Ao final, as estratégias devem ser apresentadas a todos, podendo servir como sugestões para a ação.

UNIDADE 2 O FUNÇÕES E INSTRUMENTOS DO CONTROLE SOCIAL DO SUAS

Esta unidade descreve alguns instrumentos de gestão e ferra-mentas informacionais que possibilitam o registro de informações essen-ciais ao exercício das atribuições do controle social do SUAS e do PBF. Também apresenta a função e o tipo de informação que pode ser encon-trado em cada um dos instrumentos de gestão e em cada uma das ferra-mentas informacionais, bem como as formas e os meios de acessá-las

Esta Unidade tem por objetivos:

• Desenvolver competências, conhecimentos e habilidades para acesso e utilização dos instrumentos informacionais no exercício do controle social.

• Compreender a função e identificar o tipo de informação que pode ser encontrada em cada um dos instrumentos de gestão e em cada uma das ferramentas informacionais, bem como, as formas e os meios de acessá-las

• Identificar os instrumentos de gestão e as ferramentas informa-cionais que possibilitam o registro de informações essenciais ao exercício das atribuições do controle social do Suas e do PBF.

ATIVIDADE SUGERIDA I – Exercitando o controle do

planejamento da assistência social

OBJETIVOS:

d. Identificar a relação entre os instrumentos de gestão da assistência social.

e. Explorar a análise desses instrumentos tendo como objetivo identi-ficar consistências e inconsistências entre os dados e as informações que disponibilizam.

f. Identificar inconsistências entre o conteúdo dos instrumentos e as normas do SUAS.

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32

Material necessário:

ü Cópias de parte de um Plano Municipal de Assistência Social em que sejam identificados metas, atividades e recursos necessários para o desenvolvimento das ações da política;

ü Cópias de um PPA onde estejam presentes informações sobre o planejamento da assistência social;

ü Cópias de uma LOA na qual se evidenciem os recursos a serem disponibilizados para a assistência social.

Importante que todos esses documentos não evidenciem forma de identificação do Município.

TEMPO DE DURAÇÃO: Cerca de 40 minutos.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE:

1) PONTO DE PARTIDAO professor / facilitador solicita aos participantes que se reúnam

em grupos. Cada grupo receberá as cópias dos documentos. Os grupos devem identificar os dados e informações sobre planejamento e finan-ciamento que consideram relevantes para o exercício do controle social, tendo em vista as atribuições dos conselhos e a organização do SUAS, apresentadas no decorrer do Curso.

2) PERCURSO• Análise dos instrumentos (ou de parte deles, a depender da

qualidade dos documentos) para a verificação de consistências e incon-sistências entre eles e com as normas do SUAS.

• Elaboração de parecer do grupo a partir da análise dos instru-mentos. O parecer deve ser elaborado considerando as seguintes orientações:

a) Descrição do que foi encontrado.

b) Apontar aspectos relevantes que foram encontradas, especialmente as inconsistências que demandariam revisão dos instrumentos por parte do Gestor.

c) Sugestões de encaminhamentos.

d) Mérito do parecer.

3) PONTO DE CHEGADA / NOVA PARTIDAA partir do exercício realizado, os grupos devem relatar as princi-

pais dificuldades encontradas e as estratégias que podem apoiá-los para superação.

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33CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

BIBLIOGRAFIA

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CLIENTELISMOClientelismo é categoria analítica desenvolvida por historiadores,

cientistas sociais e políticos, em análises acerca da formação social brasi-leira e latino-americana. Diz respeito a processos histórico-estruturais que instituíram relações de subordinação e dependência em processos de exploração econômica e dominação política. Clientelismo faz parte da cultura política conservadora que ainda está presente na sociedade brasi-leira. No Brasil, o clientelismo guarda traços indeléveis da longa história que o condiciona desde a colonização imposta, passando por diferentes formas de dependência, pela questão indígena, pelo escravismo, pelas lutas pela terra e

Alcança múltiplos processos de produção e reprodução da vida social em diferentes dimensões: econômicas, políticas, culturais, religiosas, ‘com acento na concentração de poder e de riqueza de classes e setores sociais dominantes e na pobreza generalizada de outras classes e seto-res sociais que constituem as maiorias populacionais, cujos impactos alcançam todas as dimensões da vida social, do cotidiano às determi-nações estruturais’ (WANDERLEY, 2013, p.68).

Nas relações clientelistas, os benefícios são ofertados como favor e exige-se a lealdade daqueles que recebem algum benefício.

DIREITO SOCIALA categoria direito social emergiu de uma construção histórica

oriunda da luta dos trabalhadores por garantias de proteção social face às mazelas impostas pela desigualdade de renda e de oportunidades que marcava a sociedade capitalista. Historicamente, os direitos sociais são considerados direitos de segunda geração, dirigem-se ao coletivo da sociedade e exigem do Estado uma presença ativa na prestação de serviços para sua realização. No Brasil, os primeiros direitos sociais estão vinculados ao governo Vargas (1930), mas sua expansão como diretos de cidadania foram realizados apenas pela Constituição Federal de 1988.

É categoria essencial na definição da Assistência Social como política pública. Caudatária de um processo histórico clientelista, meri-tocrático, a Assistência Social deverá ser o campo privilegiado da rever-beração do direito social, o que implica em reconhecer a necessidade de o Estado proteger a população, na perspectiva de garantir o acesso às políticas públicas na condição de cidadão. Para isso, o conhecimento das condições de vida da população brasileira é fundamental para o desenho da proteção e para a materialização do direito social.

GLOSSÁRIO

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A categoria deve ser definida como direito à proteção social, desmercadorizável, reconhecendo a população como sujeito histórico coletivo, cujas condições adversas de vida são o motor da prestação de serviços. Portanto, direito social não rima com seletividade, nem com contraprestação de serviços. Ao trabalhar a Assistência Social como direito social a trajetória a ser percorrida pelo SUAS é a de construir espaços efetivos de prestação de serviços qualificados para atender as necessi-dades sociais da população. E, para isso, construir espaços de disputa na sociedade, constrangendo os ditames do neoliberalismo, que impõe mérito ao direito social, descaracterizando-o, ou do Estado mínimo, que retorna às pessoas ou suas famílias a tarefa da proteção social.

INTERSETORIALIDADEFrente à exigência do sistema protetivo de atuar de forma inte-

grada e articulada, para atender às demandas de seus usuários, é opor-tuno refletir sobre o desenvolvimento de estratégias de gestão que viabi-lizem abordagens intersetoriais. A intersetorialidade constitui-se pelo desenvolvimento de um conjunto de ações diferenciadas, mas articu-ladas. Exige, assim, a superação da gestão segmentada e fragmentada das políticas sociais em prol de uma ação integrada em torno de problemas e desafios específicos.

Desta maneira, a intersetorialidade tampouco configura uma superposição de intervenções especializadas em torno de um mesmo problema, população ou família. Antes, exige “a integralidade na formu-lação e a transversalidade como lógica de implementação das políticas” (BRONZO, 2009, p. 13). Como destaca a mesma autora, a gestão inter-setorial se diferencia da gestão pública tradicional por ser um modelo dinâmico, baseado na proximidade, na participação e no compromisso resolutivo, ou seja, na busca de uma atuação mais eficaz para resolver os problemas sociais.

A intersetorialidade é o resultado da articulação e da integração entre políticas públicas de diferentes áreas ou setores por meio do desenvolvimento e da implementação de ações conjuntas destinadas à Proteção Social, à inclusão e ao enfrentamento das desigualdades sociais identificadas. Supõe a superação da fragmentação da atenção às necessi-dades sociais da população e a agregação de diferentes setores em torno de objetivos comuns e deve ser princípio orientador da construção das redes municipais, regionais, estaduais e do Distrito Federal.

A intersetorialidade define-se, assim, como a articulação entre as políticas públicas por meio do desenvolvimento de ações conjuntas e estrategicamente coordenadas e integradas, destinadas a efetivar a Proteção Social, garantir a inclusão e o enfrentamento da pobreza, vulne-rabilidades e desigualdades sociais identificadas. Supõe a implementação de ações integradas e a superação da fragmentação da atenção às neces-sidades sociais da população. Envolve a agregação de diferentes setores sociais em torno de objetivos comuns e deve ser princípio orientador da construção das redes nos territórios.

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A intersetorialidade supõe também a articulação entre sujeitos de áreas que têm suas especificidades e diversidades e, portanto, expe-riências particulares, para enfrentar problemas complexos. É uma nova forma de gestão de políticas públicas que está necessariamente relacio-nada ao enfrentamento de situações concretas. Supõe vontade, decisão, que tem como ponto de partida o respeito à diversidade e às particula-ridades de cada setor ou participante. Envolve, portanto estruturação de elementos de gestão que materializem princípios e diretrizes, a criação de espaços comunicativos, a capacidade de negociação e também trabalhar os conflitos para que finalmente se possa chegar, com maior potência, às ações.

MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIARA Matricialidade Sociofamiliar se refere à centralidade da família

como núcleo social fundamental que orienta as ações e os serviços da política de assistência social. É um dos princípios norteadores das funções de proteção, promoção e prevenção da política de assistência social e organiza a oferta do SUAS, rompendo com a lógica da política social brasileira, que focalizava o atendimento em determinados segmentos ou necessidades, de maneira fragmentada e individualizada. Neste para-digma, “a família era pensada a partir de determinadas funções, estrutura e papéis e também como esfera privada desvinculada da esfera pública” (MIOTO, 2015). A centralidade na família se faz no sentido de superar a fragmentação das ações e o caráter de atenção emergencial, assim como a focalização em segmentos, atingindo o princípio da integralidade e universalidade. A família deixa de ser sujeito das ações assistencialistas e passa a ser o foco da política pública de assistência social.

No Brasil, desde a Constituição Federal de 1988, houve um reco-nhecimento da família como base da nossa sociedade, ao mesmo tempo em que, diante das situações de desigualdade e exclusão sociais viven-ciadas, apontou-se a necessidade de que ela seja protegida, para que proteja os seus membros. Nessa perspectiva, a família ganha centralidade na proteção social não contributiva.

A família, segundo a PNAS, é o conjunto de pessoas unidas por laços consanguíneos, afetivos e ou de solidariedade, cuja sobrevivência e reprodução social pressupõem obrigações recíprocas e o comparti-lhamento de renda e ou dependência econômica (BRASIL, 2009, p. 12). Mesmo com sua diversidade, a família é reconhecida como uma insti-tuição importante de socialização primária. Ou seja, ela media as relações dos seus membros com a comunidade, configurando-se num núcleo potencial de proteção social aos seus membros, sobretudo aqueles em situação de vulnerabilidade social por ciclo de vida, como crianças, adolescentes, jovens e idosos. Entretanto, “não se pode desconsiderar que ela se caracteriza como um espaço contraditório, cuja dinâmica coti-diana de convivência é marcada por conflitos e, geralmente, também, por desigualdades, além de que nas sociedades capitalistas a família é funda-

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mental no âmbito da proteção social” (PNAS, 2004, p. 41). Desta forma, a família também pode ser muitas vezes o lugar de violência, isolamento, violações diversas.

Na concepção de matricialidade sociofamiliar o Estado passa a ter um compromisso em ofertar proteção social à família, garantido sua sobrevivência, seguranças e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. A proposta é que o Estado promova as condições neces-sárias para que a família cumpra seu papel de proteção e cuidado, a partir do desenvolvimento das suas potencialidades, do fortalecimento do protagonismo e da participação social e da construção coletiva de projetos societários que incluam mudanças na realidade onde vivem.

Um ponto importante a ser destacado se refere à diversidade das configurações familiares, que devem ser respeitadas em suas espe-cificidades, culturas e territórios. Essas configurações são singulares e complexas. Cada família é única, ao mesmo tempo em que possui as mais variadas formas de organização e de relação com o contexto. Desta forma, o olhar do profissional deve ser sustentado pela ética, respeito à digni-dade, diversidade (arranjos familiares, gênero, etnia, orientação sexual) e não-discriminação. Essa intervenção requer que sejam questionadas as práticas baseadas no senso comum, que reproduzem ideias preconceitu-osas, que culpabilizam as famílias por sua situação social, impossibilitando movimentos de transformação da realidade. O trabalho social precisa ser conduzido por profissionais capacitados e necessariamente definido com a participação das famílias, de forma horizontal, respeitando a liberdade e autonomia das famílias e exige a construção de vínculos e compromissos entre as famílias e os profissionais.

De acordo com Mioto,

a construção do conceito de matricialidade sociofamiliar vai se pautar pelo reconhecimento: da existência de diferentes configurações fami-liares na sociedade contemporânea; da impossibilidade de pensar a fa-mília independente da estrutura social na qual está inserida, tendo em conta os “constrangimentos” impostos pelas transformações, em curso, no mundo do trabalho e pelas crises econômicas e o compromisso cons-titucional de proteção à família, no campo dos direitos sociais (MIOTO, 2015 b, p. 5).

São muitos os desafios do trabalho social com famílias. Ainda de acordo com Mioto (2015 b), alguns desafios podem ser associados aos dilemas e problemas existentes nas relações que se estabelecem entre cidadania, família e direitos; outros à complexidade e a contradições que caracterizam a família enquanto instância de proteção social; e ainda outros associados às diferentes perspectivas em torno da incorporação da família na política social.

POBREZAPobreza é um dos fenômenos que mais mobilizam o debate

social, seja público ou acadêmico e, ao mesmo tempo, um dos mais difí-ceis de definir. Como destaca Paulo Januzzi et al:

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Diferentes abordagens conceituais e analíticas vêm sendo empregadas na literatura internacional nos últimos vinte anos para estudo e mensu-ração do fenômeno da pobreza e seus epifenômenos como indigência, desnutrição e fome. Estes estudos têm se caracterizado por avaliar o fe-nômeno por meio de várias perspectivas diferentes: os estudos voltados ao dimensionamento da pobreza como expressão da insuficiência de renda disponível (pobreza monetária), aqueles que expressam pobreza como insuficiência de acesso a alimentos e de seu consumo (desnutrição ou insegurança alimentar), as pesquisas ancoradas na percepção da po-breza como a não satisfação de necessidades básicas monetárias e não monetárias dos indivíduos (pobreza multidimensional); os estudos que tomam a pobreza como fenômeno de privação relativa e não absoluta de renda ou de outras dimensões socioeconômicas (pobreza relativa); os estudos que investigam a pobreza a partir do posicionamento declarado dos indivíduos (pobreza subjetiva) (JANUZZI et al, 2015, p.1).

Mas, em quaisquer das dimensões consideradas, a pobreza, é expressão direta das relações vigentes em cada sociedade, no âmbito de relações constitutivas do desenvolvimento capitalista, do mercado de trabalho e das politicas publicas de garantia de renda, ampliação do bem estar e de oportunidades.

Abordar aqueles que socialmente são constituídos como pobres é penetrar num universo de dimensões insuspeitadas. Universo marcado pela subalternidade, muitas vezes pela revolta silenciosa, pela humilhação, pela fadiga, pela crença na felicidade das gerações futuras, pela alienação, pela resistência e pelas estratégias para melhor sobreviver.

Embora a renda se configure como elemento essencial para a iden-tificação da pobreza, o acesso a bens, recursos e serviços sociais ao lado de outros meios complementares de sobrevivência precisa ser considerado para definir situações de pobreza. É importante considerar que pobreza é mais que uma situação: é reflexo de um processo e, portanto, não se expressa apenas pela carência de bens materiais. Comporta um conjunto variado de carências e privações. Comporta ainda uma dimensão política que se traduz pela carência de direitos, de oportunidades, de informações, de possibilidades e de esperanças (MARTINS, 1991, p.15).

Submersos numa ordem social que os desqualifica, marcados por cli-chês: ‘inadaptados’, ‘marginais’, ‘problematizados’, portadores de altos riscos, casos sociais, alvo de pedagogias de reerguimento e promoção (VERDES-LEROUX, 1986) os pobres representam a herança histórica da estruturação econômica, política e social da sociedade brasileira (YAZ-

BEK, 2012, p. 22)

A pobreza tem sido parte constitutiva da história do Brasil, e é sempre necessário não esquecer o peso da “tradição oligárquica e auto-ritária, na qual os direitos nunca foram reconhecidos como parâmetros no ordenamento econômico e político da sociedade” (TELLES, 1993 apud YAZBEK, 2012). Estamos nos referindo a uma sociedade desde sempre desigual e “dividida entre enclaves de ’modernidade’ e uma maioria sem lugar” (Idem), uma sociedade de extremas desigualdades e assimetrias.

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PROTEÇÃO SOCIALA proteção social não é objeto de definição consensual. Há

diferenças expressivas entre as experiências nacionais e suas trajetórias históricas e institucionais. Há ainda diferenças entre autores e correntes analíticas quanto ao conceito, ao escopo das ofertas, às políticas que as integram ou sobre seu papel na regulação das sociedades modernas. Contudo, pode-se afirmar que, iniciadas a partir do século XIX, e se expan-dindo progressivamente ao longo do século XX, a proteção social sob a responsabilidade do Estado é reconhecida por implementar benefícios monetários e serviços públicos que vem, progressivamente, sendo asso-ciados a um sistema de obrigações jurídicas que dão origem a novos direitos na esfera pública: os direitos sociais.

Os sistemas de proteção social têm como objetivo realizar, fora da esfera privada, o acesso a bens, serviços e renda.

Seus objetivos são amplos e complexos, podendo organizar-se não ape-nas para a cobertura de riscos sociais, mas também para a equalização de oportunidades, o enfrentamento das situações de destituição e po-breza, o combate às desigualdades sociais e a melhoria das condições sociais da população (JACCOUD, 2009, p.60).

Cabe destacar o caráter histórico e político dos sistemas de proteção social. Como afirmam Silva, Yasbek & Giovanni,

os modernos sistemas de proteção social não são apenas respostas auto-máticas e mecânicas às necessidades e carências apresentadas e viven-ciadas pelas diferentes sociedades. Muito mais do que isso, eles represen-tam formas históricas de consenso político, de sucessivas e intermináveis pactuações que, considerando as diferenças no interior das sociedades, buscam, incessantemente, responder a pelo menos três questões: quem será protegido? Como será protegido? Quanto de proteção? (SILVA, YAS-BEK & GIOVANNI, 2004, p.16).

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 alargou o campo de responsabilidade pública no âmbito da proteção social. Entre outras importantes inovações no campo social, o texto constitucional acolheu a Assistência Social como política pública não contributiva, colocando sob a sua responsabilidade publica um conjunto de temas e situações até então entendidos como de ordem familiar ou privada. Regulada pela Lei Orgâ-nica da Assistência Social, a política pública de Assistência Social é respon-sável por benefícios monetários, serviços socioassistenciais, programas e projetos, e integra, com a política de saúde e previdência social, a seguri-dade social, direito constitucional assegurado pela Constituição democrá-tica de 1988. Como afirma Sposati e Regules:

A política pública de Assistência Social assegura determinados direitos de proteção social inscritos no âmbito da seguridade social brasileira, cuja declinação se sustenta e se orienta pela declinação das seguranças sociais pelas quais a política de assistência social é responsável (SPOSATI e REGULES, 2013, p.13).

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A PNAS (2004) identifica as seguranças sob a responsabilidade da Assistência Social, e em torno das quais se consolida o campo protetivo desta política. A segurança de acolhida deve garantir alojamento e condi-ções de sobrevivência para aqueles que, por quaisquer circunstâncias, estejam em situação de abandono ou ausência de moradia. A segurança de convívio busca impedir o isolamento e afirmar e fortalecer relações de sociabilidade, reconhecimento social, troca e vivencia, seja na família ou na comunidade. A segurança de renda e sobrevivência implica tanto na garantia de acesso a uma renda mínima, seja para as famílias pobres ou para idosos ou pessoas com deficiência, impossibilitados para o trabalho, quanto benefícios eventuais, como nos casos de calamidade, carências ou urgências especificas. A segurança de autonomia visa atuar na promoção do protagonismo, participação e acesso a direitos.

A proteção social no âmbito da política de Assistência Social está organizada por níveis de complexidade: básica e especial. Na proteção social básica destaca-se o caráter preventivo, visando evitar que um direito humano seja violado ou umas das seguranças (renda, acolhida e convivência) destituída. A proteção básica reforça ainda o convívio, o protagonismo e a autonomia, e promove o desenvolvimento de aquisi-ções e potencialidades, individuais, familiares, relacionais ou comunitá-rias. A proteção especial, dedicada a ofertar atenções em situações de direitos violados e desproteções agravadas, atende indivíduos e famí-lias em situação de risco pessoal ou social. Ambas atuam integradas, e garantem suas ofertas protetivas de benefícios ou serviços, programas ou projetos, em parceria com a rede assistencial privada e articulada, em ação intersetorial, com as demais políticas sociais e o sistema de garantia de direitos.

REDEA Assistência Social é responsável por ações de prevenção,

de proteção social e pelo provimento de um conjunto de garantias ou seguranças sociais que cubram, reduzam ou previnam exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, bem como atendam às necessidades emer-gentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoais ou sociais de famílias e indivíduos.

Essas garantias se efetivam pela construção de uma rede de proteção social, ou seja, um conjunto de programas, projetos, serviços e benefícios voltados à proteção social e ao atendimento de necessidades sociais da população usuária dessa política. O trabalho em rede traduz um novo paradigma para a atuação do Estado em conjunto com setores organizados da sociedade. A proposta de uma ação integrada e em rede está na base desse paradigma.

O termo rede sugere a ideia de articulação, conexão, vínculos, ações complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependên-cia de serviços para garantir a integralidade da atenção aos segmentos sociais vulnerabilizados ou em situação de risco social e pessoal [...] uma rede pode ser o resultado do processo de agregação de várias organiza-ções afins em torno de um interesse comum, seja na prestação de servi-ços, seja na produção de bens (GUARÁ, 1998).

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CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

Em geral caracterizada por sua heterogeneidade, essa rede de proteção social (constituída pelos órgãos governamentais e por enti-dades da sociedade civil) opera serviços voltados ao atendimento de um vastíssimo conjunto de necessidades sociais, particularmente dos segmentos mais pobres da sociedade: atende famílias, idosos, crianças e adolescentes, desempregados, pessoas com deficiência, migrantes, porta-dores do HIV, usuários de substâncias psicoativas, dente outras. Protege famílias, pessoas, testemunhas, defende direitos humanos e a cidadania, atende adolescentes grávidas, órfãos, combate a violência, cria empreen-dimentos auto-gestionados, de atendimento domiciliar e de outras inicia-tivas que compõem o complexo e diversificado campo da Assistência Social à população.

Para a Política Pública constituir a rede, antes de qualquer coisa, é uma decisão política que exige estratégias processuais pactuadas e deliberadas, alianças estratégicas, “adquirindo uma configuração quase contratual” (GUARÁ, 1998) que devem ser materializadas em protocolos. Exige um pacto entre gestores, técnicos, saberes, pessoas, serviços e insti-tuições em sintonia com a realidade local, com o território de vivência, com sua cultura de organização social.

Na política de Assistência Social, podemos identificar dois tipos de rede:

1. A rede socioassistencial, constituída pela articulação dos serviços, benefícios, programas e projetos governamentais e não gover-namentais, que têm uma relação de complementaridade, cooperação e corresponsabilidade, integrando-se numa relação orgânica no âmbito do SUAS. As redes organizam-se para responder às demandas coletivas e individuais a partir das diretrizes pactuadas nacionalmente. Essa rede deve ofertar serviços e benefícios que visam à garantia de acessos aos direitos socioassistenciais.

2. A rede intersetorial, formada pela articulação entre as diversas políticas sociais que atuam em um determinado território, atendendo, na maioria das vezes, as mesmas famílias. A visão de totalidade no âmbito do território significa o conhecimento e a análise das diferentes situa-ções identificadas e suas conexões com a dinâmica deste espaço, o que permite a construção de fluxos delineando as responsabilidades e compe-tências da política de assistência social e as competências das outras políticas públicas. Esta interlocução intersetorial provoca uma relação dialógica com as diferentes instâncias que atuam no território. O gestor da Assistência Social deve participar ativamente da articulação da rede intersetorial, juntamente com os gestores das outras políticas públicas do município.

RISCOEm sua definição geral, risco se refere a um evento aleatório, mas

estatisticamente previsível, face ao qual é possível estimar a probabilidade de que ocorra. Remete, assim, à prevenção e reparação. No campo da

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proteção social, Risco Social é um dos conceitos clássicos, definido como “situações que, independente da vontade do trabalhador, impossibilitam, temporária ou definitivamente, o exercício do trabalho e a obtenção da renda ali originada” (Dicionário de Políticas Públicas, 2013, p. 405-6). E foi com a intenção de proteger os trabalhadores dos riscos sociais, tais como os acidentes de trabalho, a doença, a invalidez, o desemprego invo-luntário, a maternidade ou a velhice, que assistiu-se “a constituição das políticas de seguro social e assentou as bases para a intervenção abran-gente dos modernos sistemas de proteção social. Os riscos sociais repre-sentaram, assim, uma nova racionalidade capaz de ancorar o princípio da ampla intervenção do Estado no social” (idem).

Contudo, ao final do Século XX o debate sobre os riscos se modi-ficou e ampliou. Os riscos sociais passaram a ser questionados como conceitos organizadores da proteção social. De um lado, novos riscos sociais passaram a ser identificados: desemprego de longa duração, inserção precária no mercado de trabalho e as novas formas de pobreza. De outro, um tratamento mais abrangente e individualista tem sido proposto, associando-se o risco social à população pobre cujo patamar de vulnerabilidade impede o exercício da autonomia e da capacidade enfrentar fenômenos entendidos como aleatórias da vida humana.

No contexto da política de assistência social, contudo, o risco acolhe outra definição. Como já tratado no Caderno do Curso de Atuali-zação em Vigilância Socioassistencial do CapacitaSUAS (2015), “a opera-cionalização do conceito risco exige a definição do conjunto de eventos em relação aos quais lhe compete diretamente desenvolver esforços de prevenção ou de enfrentamento para redução de seus agravos”. Desta-ca-se ali que, “com base na PNAS é possível definir que, no âmbito de atuação da Assistência Social, constituem situações de riscos a incidência, ou a probabilidade de ocorrência, dos seguintes eventos que devem ser prevenidos ou enfrentados:

• situações de violência intrafamiliar; negligência; maus tratos; violência, abuso ou exploração sexual; trabalho infantil; discriminação por gênero, etnia ou qualquer outra condição ou identidade;

• situações que denotam a fragilização ou rompimento de vínculos familiares ou comunitários, tais como: vivência em situação de rua; afastamento de crianças e adolescentes do convívio familiar em decorrência de medidas protetivas; atos infracionais de adolescentes com consequente aplicação de medidas socioeducativas; privação do convívio familiar ou comunitário de idosos, crianças ou pessoas com deficiência em instituições de acolhimento; qualquer outra privação do convívio comuni-tário vivenciada por pessoas dependentes (crianças, idosos, pessoas com deficiência), ainda que residindo com a própria família”.

TERRITÓRIOCompreende-se o território como um ambiente que abrange

muito mais do que os aspectos naturais (físicos, geográficos e popula-

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CAPACITASUAS | CONTROLE SOCIAL

cionais), mas também incorpora as dimensões culturais, econômicas e políticas, ocupado por diferentes atores que fazem usos os mais variados desse ambiente e estabelecem relações as mais diversas (CONTEL, 2015; RIBEIRO, 2015). Os territórios se diferem em razão da sua trajetória histó-rica e das dinâmicas que neles ocorrem e que podem variar no tempo, ou seja, há relações que ocorrem simultaneamente e que incidem no terri-tório, como também há uma trajetória que deixa marcas e produz espe-cificidades. Nessa perspectiva, o território pode assumir dimensões mais restritas ou mais amplas, diferindo a escala desde o micro território, como regiões ou bairros de uma cidade, até o nível nacional, por exemplo. A territorialização, portanto, passa a ser compreendida como o processo de trabalho que “segue a lógica do reconhecimento do espaço” para a inter-venção (DUARTE et al, 2015, p.9).

O Sistema Único de Assistência Social, ao adotar a lógica terri-torial como um de seus pressupostos de gestão, o fez na perspectiva de aprimorar o conhecimento da realidade social; de melhorar o acesso dos destinatários aos serviços e benefícios; de favorecer a articulação da rede de serviços; de potencializar a intersetorialidade como estratégia de gestão; de possibilitar a integração entre serviços e benefícios; e de apro-fundar e materializar processos participativos.

A NOB-SUAS/2012 aponta a importância da leitura territorial para a implantação dos equipamentos (em especial de CRAS e CREAS) conside-rando a análise e o reconhecimento das vulnerabilidades e riscos sociais e pessoais e das violações de direito nos territórios. Ao descrever os obje-tivos do SUAS indica ainda a dimensão do território como uma forma de identificação das diversidades culturais, étnicas, religiosas, socioeconô-micas, políticas.

O diagnóstico socioterritorial de que trata a NOB-SUAS/2012 é fundamental para se conhecer as reais necessidades da população bene-ficiária da política de assistência social. Além disso, a gestão da política de assistência social, que se define pela implementação de ações integradas, reconhece a dimensão dialética do território que pode e deve incorporar as vidas cotidianas. Conforme afirma Milton Santos: “a sociedade incide sobre o território, e este, sobre a sociedade” (SANTOS, 2000, p. 70).

Koga (2003) salienta que se deve “considerar as diferenças internas de um mesmo território e, consequentemente, elencar prioridades dife-renciadas, seguindo as necessidades de cada população”. Ainda, a autora defende que

O território também representa o chão do exercício da cidadania, pois cidadania significa vida ativa no território, onde se concretizam as re-lações sociais, as relações de vizinhança e solidariedade, as relações de poder. É no território que as desigualdades sociais tornam-se evidentes entre os cidadãos, as condições de vida entre moradores de uma mes-ma cidade mostram-se diferenciadas, a presença/ausência dos serviços públicos se faz sentir e a qualidade destes mesmos serviços apresenta-se desigual [...]. O território imprime à rede de serviços públicos descentrali-zados responsabilidades sob seu campo de proteção e garantia de

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direito, assim como permite valorizar a vida de relações, reconhece o es-paço de todos, das práticas, da vida coletiva, das forças presentes, das potencialidades e habilidades ali presentes. Desse modo, a concepção que demarca a política de assistência social funda-se na compreensão de que território é resultante de múltiplas determinações que se defi-nem no espaço de vivencia, incluindo a dimensão política constituída das relações de poder e de interesses antagônicos e contraditórios que são expressas no modo como se organizam as esferas de dominação e de decisões; aspectos econômicos e que reverberam a sua infraestrutu-ra; e a sua dimensão subjetiva constituída pelo coletivo que estabelece (KOGA, 2003, p.33).

A dimensão territorial, a diversidade regional e as diferentes densidades demográficas dos municípios no Brasil exigiram do SUAS e de sua perspectiva territorial que sejam considerados esses fatores na estru-turação dos serviços, tanto de proteção social básica como especial. Espe-ra-se que, para além da diretriz de descentralização prevista nos preceitos normativos e que reforça a importância da rede e da especificidade muni-cipal e regional, a gestão da política de assistência social, considere o terri-tório de abrangência dos serviços com suas especificidades históricas, políticas, econômicas e culturais.

A perspectiva territorial na gestão do SUAS favorece sua capaci-dade de ampliar seu foco para além de indivíduos e famílias alcançando grupos populacionais, considerando as diferentes realidades, a história, as relações de poder, a estrutura e as dinâmicas próprias. A atuação sobre o território significa a atuação no plano coletivo com o compromisso e estabelecimento de vínculos reais entre as equipes de referência dos serviços e os territórios, “uma aliança estratégica”, como nos ensina Rizzotti (2011, p. 65), entre os profissionais, o território e os usuários, de forma a desenvolver intervenções que possibilitem a promover na população a “coletivização” na reflexão sobre os problemas, assim como construção das estratégias igualmente coletivas para o enfrentamento ou superação dos mesmos.

VULNERABILIDADEEm que pese de uso cada vez mais frequente no âmbito das

políticas de proteção social, o termo vulnerabilidade guarda significa-tiva indefinição. Muitas vezes associado a probabilidade de ocorrência de riscos, outras à fragilidade ou dependência, outras ainda a desvanta-gens sociais, vulnerabilidade tem acolhido vários sentidos. Prowse (2003), por exemplo, chama a atenção para os diferentes usos: enquanto para alguns autores vulnerabilidade significa suscetibilidade à pobreza, outros a utilizam como sintoma de pobreza, outros ainda como expressão das dimensões da pobreza.

Entre as definições mais influentes de vulnerabilidade está a que foi cunhada pelo sociólogo Robert Castel, segundo o qual “a vulnerabi-lidade social é uma zona intermediaria, instável, que conjuga a preca-riedade do trabalho com a fragilidade dos suportes de proximidade”

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glossário

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(CASTEL, 1998, p. 24). Nesta conceptualização, onde a ênfase é dada aos “déficits de trajetória”, a “dimensão econômica não é, pois, o diferenciador essencial, e a questão apresentada não é a da pobreza, ainda que os riscos de desestabilização recaiam mais fortemente sobre os que são despro-vidos de reservas econômicas” (Idem, p. 25).

Na Assistência Social, a vulnerabilidade foi conceituada pela PNAS, como caracterizando situações de fragilidade relacional ou social, destacando sua conexão com as situações de “pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiência, entre outras)” (PNAS, 2004, p. 33).

Desta forma, e indo além da associação com insuficiência de renda, com probabilidade do risco, ou mesmo com pobreza multidimen-sional, a vulnerabilidade se inscreve aqui em contexto de não acesso a condições adequadas de vida e a direitos sociais, assim como às condi-ções satisfatórias de integração social, bem como de relações pessoais e afetivas. Essas situações, comprometendo a condição de vida e de bem estar, prejudicam a autonomia, a participação e o desenvolvimento das capacidades dos indivíduos e das comunidades em que estão inseridos.

Destacando que vulnerabilidade não é uma condição do sujeito, mas um reflexo de processos que promovem a vulnerabilidade, Koga e Arregui chamam a atenção para o fato de que, “analisar as vulnerabili-dades sociais supõe, também, problematizar a relação de proteção-des-proteção engendrada no âmbito da produção e reprodução das relações sociais. Significa considerar as próprias respostas de proteção social, a qualidade de tais respostas ou ainda a falta de respostas, que tornam mais dramáticas as situações de vulnerabilidade social como expressões terri-torializadas da questão social” (KOGA e ARREGUI, 2013, p. 30).

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