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Qualificando o uso das Técnicas de DRP Diagnóstico Rural Participativo Ferramentas de Diálogo Andréa Alice da Cunha Faria Paulo Sérgio Ferreira Neto

Guia Drp Andrea

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Qualificando o uso das Técnicas de DRP Diagnóstico Rural Participativo

Ferramentas de Diálogo

Andréa Alice da Cunha FariaPaulo Sérgio Ferreira Neto

Ferramentasde DiálogoQualificando o uso das Técnicas de DRPDiagnóstico Rural Participativo

guiaDRP13.12 11/24/06 3:51 PM Page 1

5 Os editores

IEB

MMA

9 O guia

15 Um pouco sobre o DRP

23 Mapa Falado

33 Calendário Sazonal

41 Diagrama de Fluxo

51 Diagrama de Venn

61 Matriz Comparativa

71 De volta ao começo

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Vice-presidenteJosé Alencar Gomes da Silva

Ministra do Meio AmbienteMarina Silva

Secretária de Coordenação daAmazôniaMuriel Saragoussi

Secretário de Políticas para oDesenvolvimento SustentávelGilney Viana

Secretário Técnico doDepartamento de Agroextrativismoe Desenvolvimento SustentávelJorg Zimmermann

Coordenadora do Programa Pilotopara Proteção das Florestas TropicaisNazaré Soares

Subprograma ProjetosDemonstrativos – PDASecretário Técnico: Jorg ZimmermannSecretária Técnica Adjunta:Anna Cecília CortinesEquipe: Cláudia Alves, Demóstenes Moraes,Eduardo Ganzer, Elmar Castro, FranciscaKalidaza Isis Lustosa, Klinton Senra, MarizaGontijo, Mauricio Muniz, Neide Castro,Nilson Nogueira, Odair Scatolini, Rafaela Silvade Carvalho, Rodrigo Noleto, Silvana BastosYandra Fontes Bastos e Zaré Brum.

Cooperação técnica e financeiraDeutsche Gesellschaft for TechnischeZusammenarbeit - (GTZ) GmbH; RepúblicaFederal da Alemanha - KfW; Programa dasNações Unidas para o Desenvolvimento -PNUD. Projeto BRA/03/009

Instituto Internacional de Educaçãodo Brasil – IEB

Diretora Executiva Maria José Gontijo

Corpo TécnicoAilton Dias e Lidiane Melo - Programa PadisCamila de Castro e Márcia Côrtes -Programa de CursosHenyo T. Barretto Filho e Janilda Cavalcante- Programa BecaGordon Armstrong - Consórcio AlfaManuel Amaral e Katiuscia Fernandes -Programa de Manejo Florestal ComunitárioAlessandra Arantes e Íris da Rocha -Comunicação

EditoresInstituto Internacional de Educação doBrasil – IEB

Ministério do Meio Ambiente - MMASubprograma Projetos Demonstrativos - PDA

Projeto Gráfico e DiagramaçãoRaruti Comunicação e Design

FotosIEB; MMA/PDA; ProManejo Flona Tapajós;Andréa Alice da Cunha Faria e APA-TO(Alternativas para a Pequena Agricultura noTocantins).

ÍndiceCr éditos

Catalogação na FonteInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

F224f Faria,Andréa Alice da Cunha.Ferramentas do diálogo – qualificando o uso das técnicas do DRP: diagnósticorural participativo / Andréa Alice da Cunha Faria e Paulo Sérgio Ferreira Neto.– Brasília: MMA; IEB, 2006.76 p. : il. color ; 23 cm.

BibliografiaISBN 85-7738-052-1

1. Comunidade. 2. Agricultura sustentável. 3. Método DRP. I. Ferreira Neto,Paulo Sérgio. II. Ministério do Meio Ambiente. III. Secretaria deDesenvolvimento Sustentável – SDS. III. Subprograma Projetos Demonstrativos– PDA. IV. Instituto Internacional de Educação do Brasil.V.Título.

CDU(2.ed.)631:502

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5 Os editores

IEB

MMA

9 O guia

15 Um pouco sobre o DRP

23 Mapa Falado

33 Calendário Sazonal

41 Diagrama de Fluxo

51 Diagrama de Venn

61 Matriz Comparativa

71 De volta ao começo

écnica e financeirachaft for Technische - (GTZ) GmbH; Repúblicaanha - KfW; Programa dasara o Desenvolvimento -RA/03/009

nacional de EducaçãoB

utiva jo

oiane Melo - Programa Padiso e Márcia Côrtes -rsoso Filho e Janilda Cavalcante

ng - Consórcio Alfa Katiuscia Fernandes -nejo Florestal Comunitárioes e Íris da Rocha -

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o e Diagramaçãoção e Design

ProManejo Flona Tapajós;Cunha Faria e APA-TOa a Pequena Agricultura no

Índice

urais Renováveis

cas do DRP: diagnósticoulo Sérgio Ferreira Neto.

DRP. I. Ferreira Neto,taria deProjetos Demonstrativosl.V.Título.DU(2.ed.)631:502

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O s E ditor es Instituto Internacional deEducação do Brasil - IEB

O Instituto Internacional de Educação do Brasil -IEB - é uma associação civil brasileira sem fins lucra-tivos, cuja missão é capacitar, incentivar a formação,disseminar conhecimentos e fortalecer a articulaçãode atores sociais para o desenvolvimento sustentável.O IEB atua por meio da capacitação técnica e profis-sional na área socioambiental, do incentivo à qualifi-cação para a conservação da biodiversidade e dodesenvolvimento sustentável, da gestão de recursos eprojetos, e da disseminação de conhecimentos.

Desde 2001, o IEB vem implementando o“Programa de Apoio ao DesenvolvimentoInstitucional e Sustentável – PADIS” - com o objeti-vo de apoiar iniciativas, articulações e parceriaslocais voltadas para o enfrentamento de problemassocioambientais. Já no início, as ferramentas deDiagnóstico Rural Participativo se mostraram impor-tantes instrumentos para a construção e fortaleci-mento das iniciativas apoiadas.

Os autores deste guia participaram ativamente desteprocesso, tanto como consultores quanto comomembros do colegiado responsável pelo planeja-mento e pelas estratégias adotadas no programa. Suaintenção ao elaborar este guia foi de fornecer aosleitores um material de caráter instrumental voltadoa apoiar o trabalho de técnicos, lideranças comu-nitárias e outros agentes que atuam com ênfase emprocessos participativos de âmbito local.

O guia complementa outra importante publicaçãodo IEB sobre o mesmo tema, o livro “MetodologiasParticipativas: Caminhos para o Fortalecimento deEspaços Públicos Socioambientais”, recém lançadopelo instituto. Com estas duas publicações, o IEBpretende compartilhar importantes aprendizadosobtidos pelo PADIS quanto ao uso de métodos eprocessos participativos em diferentes contextos erealidades do Brasil.

Boa leitura e bom trabalho!

Ailton DiasCoordenador do Programa Padis

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r es

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Instituto Internacional deEducação do Brasil - IEB

O Instituto Internacional de Educação do Brasil -IEB - é uma associação civil brasileira sem fins lucra-tivos, cuja missão é capacitar, incentivar a formação,disseminar conhecimentos e fortalecer a articulaçãode atores sociais para o desenvolvimento sustentável.O IEB atua por meio da capacitação técnica e profis-sional na área socioambiental, do incentivo à qualifi-cação para a conservação da biodiversidade e dodesenvolvimento sustentável, da gestão de recursos eprojetos, e da disseminação de conhecimentos.

Desde 2001, o IEB vem implementando o“Programa de Apoio ao DesenvolvimentoInstitucional e Sustentável – PADIS” - com o objeti-vo de apoiar iniciativas, articulações e parceriaslocais voltadas para o enfrentamento de problemassocioambientais. Já no início, as ferramentas deDiagnóstico Rural Participativo se mostraram impor-tantes instrumentos para a construção e fortaleci-mento das iniciativas apoiadas.

Os autores deste guia participaram ativamente desteprocesso, tanto como consultores quanto comomembros do colegiado responsável pelo planeja-mento e pelas estratégias adotadas no programa. Suaintenção ao elaborar este guia foi de fornecer aosleitores um material de caráter instrumental voltadoa apoiar o trabalho de técnicos, lideranças comu-nitárias e outros agentes que atuam com ênfase emprocessos participativos de âmbito local.

O guia complementa outra importante publicaçãodo IEB sobre o mesmo tema, o livro “MetodologiasParticipativas: Caminhos para o Fortalecimento deEspaços Públicos Socioambientais”, recém lançadopelo instituto. Com estas duas publicações, o IEBpretende compartilhar importantes aprendizadosobtidos pelo PADIS quanto ao uso de métodos eprocessos participativos em diferentes contextos erealidades do Brasil.

Boa leitura e bom trabalho!

Ailton DiasCoordenador do Programa Padis

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Ministério do Meio AmbienteProjetos Demonstrativos - PDA

O Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA -é implementado pelo Ministério do Meio Ambientedesde 1995, como parte do Programa Piloto para aProteção das Florestas Tropicais.Tem como principaisdesafios demonstrar por meio de experiências ino-vadoras e de cunho socioambiental a possibilidadeefetiva de construção de estratégias de desenvolvi-mento sustentável. Além disso, a partir dos conheci-mentos gerados nessas experiências, almeja-se influ-enciar a formulação de políticas públicas que con-tribuam para a disseminação e incorporação dessasestratégias por outras comunidades, organizações einstituições governamentais.Desde 2003, o PDA concebe um novo sistema demonitoria e avaliação, cuja implementação teve inicioem 2005 junto aos novos projetos apoiados naAmazônia e Mata Atlântica. Consideramos a monito-ria um instrumento de reflexão para os projetossobre a caminhada de suas experiências. Essareflexão deve acontecer de forma partilhada com osatores envolvidos no processo, identificando acertose erros, e revendo alguns passos de modo a corrigiros rumos necessários.

Os autores deste guia colaboraram na fase de con-cepção do Sistema de Monitoria e Avaliação doPDA, especialmente na inclusão das ferramentas doDRP como instrumento de apoio para possibilitarum maior envolvimento do público e parceiros comos objetivos e metas dos projetos. Essa inclusão sedeu por meio de um processo de capacitação viven-cial da equipe do PDA e dos projetos apoiados.

Para o PDA, este guia significa um apoio relevante naapropriação de mecanismos que favorecem a partici-pação social e o fortalecimento das organizaçõesnão governamentais, movimentos sociais, órgãospúblicos e outros atores envolvidos com açõessocioambientais.

Jorg ZimmermannSecretário Técnico do PDA

O s E ditor es

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Ministério do Meio AmbienteProjetos Demonstrativos - PDA

O Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA -é implementado pelo Ministério do Meio Ambientedesde 1995, como parte do Programa Piloto para aProteção das Florestas Tropicais.Tem como principaisdesafios demonstrar por meio de experiências ino-vadoras e de cunho socioambiental a possibilidadeefetiva de construção de estratégias de desenvolvi-mento sustentável. Além disso, a partir dos conheci-mentos gerados nessas experiências, almeja-se influ-enciar a formulação de políticas públicas que con-tribuam para a disseminação e incorporação dessasestratégias por outras comunidades, organizações einstituições governamentais.Desde 2003, o PDA concebe um novo sistema demonitoria e avaliação, cuja implementação teve inicioem 2005 junto aos novos projetos apoiados naAmazônia e Mata Atlântica. Consideramos a monito-ria um instrumento de reflexão para os projetossobre a caminhada de suas experiências. Essareflexão deve acontecer de forma partilhada com osatores envolvidos no processo, identificando acertose erros, e revendo alguns passos de modo a corrigiros rumos necessários.

Os autores deste guia colaboraram na fase de con-cepção do Sistema de Monitoria e Avaliação doPDA, especialmente na inclusão das ferramentas doDRP como instrumento de apoio para possibilitarum maior envolvimento do público e parceiros comos objetivos e metas dos projetos. Essa inclusão sedeu por meio de um processo de capacitação viven-cial da equipe do PDA e dos projetos apoiados.

Para o PDA, este guia significa um apoio relevante naapropriação de mecanismos que favorecem a partici-pação social e o fortalecimento das organizaçõesnão governamentais, movimentos sociais, órgãospúblicos e outros atores envolvidos com açõessocioambientais.

Jorg ZimmermannSecretário Técnico do PDA

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A opção pelo título deste material obriga-nos,antes de prosseguir, a tecer algumas consideraçõessobre a palavra “diálogo”, que por definição significa“a troca ou discussão de idéias, opiniões e con-ceitos com vistas à solução de problemas e à buscade entendimento entre as pessoas” (DicionárioAurélio Século XXI). A palavra encontra-se bastantepropagada, especialmente em uma época na qualos discursos valorizam as formas de entendimentoentre povos, governos, classes sociais, gêneros e ge-rações.

A percepção de que os processos de diálogopodem contribuir para a construção de relaçõessociais mais harmônicas traz implícita a compreen-são de que este é também o caminho da formaçãode cidadãos e cidadãs mais participativos, maisreflexivos e, portanto, mais ativos diante da reali-dade. Isso porque não há diálogos sem sujeitos, semaqueles que se expõem e se dispõem às trocas,que se expressam e se abrem às idéias e aos con-ceitos de um outro alguém, na busca por novosentendimentos. A própria definição da palavra deixatransparecer o seu aspecto “ativo” pois, se o diálo-go visa a solução de problemas e o entendimentoentre pessoas, por si só, ele pressupõe um movi-mento de mudança no pensamento daqueles queparticipam do processo dialógico.

O assunto nos remete de imediato às idéias de umeducador brasileiro de renome internacional, o per-nambucano Paulo Freire, falecido em maio de 1997.Freire é mais conhecido, em particular no Brasil,por ter criado um método de alfabetização alta-mente eficaz, fundamentado em uma concepção deeducação “dialógica”, em oposição ao que elechamou de educação “bancária”, ou seja, aquela quebusca depositar conhecimentos sobre um sersupostamente desprovido dele.

O Guia

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A opção pelo título deste material obriga-nos,antes de prosseguir, a tecer algumas consideraçõessobre a palavra “diálogo”, que por definição significa“a troca ou discussão de idéias, opiniões e con-ceitos com vistas à solução de problemas e à buscade entendimento entre as pessoas” (DicionárioAurélio Século XXI). A palavra encontra-se bastantepropagada, especialmente em uma época na qualos discursos valorizam as formas de entendimentoentre povos, governos, classes sociais, gêneros e ge-rações.

A percepção de que os processos de diálogopodem contribuir para a construção de relaçõessociais mais harmônicas traz implícita a compreen-são de que este é também o caminho da formaçãode cidadãos e cidadãs mais participativos, maisreflexivos e, portanto, mais ativos diante da reali-dade. Isso porque não há diálogos sem sujeitos, semaqueles que se expõem e se dispõem às trocas,que se expressam e se abrem às idéias e aos con-ceitos de um outro alguém, na busca por novosentendimentos. A própria definição da palavra deixatransparecer o seu aspecto “ativo” pois, se o diálo-go visa a solução de problemas e o entendimentoentre pessoas, por si só, ele pressupõe um movi-mento de mudança no pensamento daqueles queparticipam do processo dialógico.

O assunto nos remete de imediato às idéias de umeducador brasileiro de renome internacional, o per-nambucano Paulo Freire, falecido em maio de 1997.Freire é mais conhecido, em particular no Brasil,por ter criado um método de alfabetização alta-mente eficaz, fundamentado em uma concepção deeducação “dialógica”, em oposição ao que elechamou de educação “bancária”, ou seja, aquela quebusca depositar conhecimentos sobre um sersupostamente desprovido dele.

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O Guia

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segmentos da sociedade,como Organizações Não-Governamentais (ONGs),universidades e instituições

de pesquisa. No entanto, aspessoas que se dedicam a

difundir a metodologia em cur-sos e momentos de capacitação vivencial ressen-tem-se da falta de um material prático, que con-tenha não apenas descrições, mas também, referên-cias concretas sobre possibilidades e dificuldadesvivenciadas na aplicação das ferramentas. É justa-mente a este propósito que estamos nos dispondo,a partir de uma reflexão crítica de nossa própriaprática.

Devido a sua grande flexibilidade e capacidadeadaptativa, tais ferramentas são utilizadas, atual-mente, em diversos processos de reflexão coletiva,seja rural, urbano, regional ou institucional. As possi-bilidades são inúmeras. A palavra “rural” da siglaDRP é muito mais, uma referência a sua origem,pois muitos dos diagramas que aqui serão apresen-tados foram originalmente desenvolvidos no âmbitodas ciências agrárias, mais especificamente naUniversidade de Chiang Mai, no norte da Tailândia,na segunda metade da década de 70.

Naquele momento, um grupo de pesquisadoresenvolvidos na Pesquisa de Sistemas Agrícolas perce-beu a necessidade de trabalhar, para além da abor-dagem multidisciplinar, com conceitos organizativose procedimentos de trabalho relativamente formaisque fossem capazes de captar a grande complexi-dade dos agroecossistemas. Este grupo dedicou-se,então, a elaborar um modelo semi-estruturado depesquisa, fundamentado na construção participativade diagramas que se constituem representaçõessimbólicas da realidade vivida. Com isso, pretendia-se melhorar o sistema de comunicação entre técni-cos, pesquisadores e agricultores. Os diagramasforam idealizados de forma a representar quatro

Mas Freire fez muito mais do que influenciar o uni-verso pedagógico academicamente voltado para opensar a educação. No ano de 1976, ele lança o livro“Extensão ou Comunicação?”, voltado especialmenteaos profissionais das Ciências Agrárias, no qual alertaque o trabalho desses profissionais não se esgota nodomínio da técnica, “pois esta não existe sem oshomens e estes não existem fora da história, fora darealidade que devem transformar” (FREIRE, 1983:49).

O livro é extremamente rico e contribuiu decisiva-mente para a interação entre o pensamento dePaulo Freire e os profissionais que, a exemplo dosautores desta publicação, atuam na assessoria a gru-pos populares e iniciativas sócio-educativas advindasdos movimentos sociais. Muitas dessas práticas funda-mentavam-se justamente nas idéias e concepções daEducação Popular, da Pesquisa Participante, daPesquisa-ação, do Planejamento Participativo, entreoutras.

Esta interação entre abordagens das ciências sociais edas ciências agrárias contribuiu para o desenvolvi-mento de diversas iniciativas inovadoras e coincidiucom o crescimento da atuação das OrganizaçõesNão-Governamentais (ONGs) no campo doDesenvolvimento Local Sustentável.

Em relação às atividades de pesquisa propriamenteditas, tal interação ocorre em um momento em que

se buscam concepções e métodos depesquisa agrícola de enfoque inte-

grado, holístico e sistêmico. Issocolabora de forma decisiva

para o desenvolvimento doDiagnóstico RuralParticipativo (DRP) e suasferramentas de diálogo,objeto deste guia.

Nas últimas décadas, oDRP vem despertando

grande interesse em diversos

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segmentos da sociedade,como Organizações Não-Governamentais (ONGs),universidades e instituições

de pesquisa. No entanto, aspessoas que se dedicam a

difundir a metodologia em cur-sos e momentos de capacitação vivencial ressen-tem-se da falta de um material prático, que con-tenha não apenas descrições, mas também, referên-cias concretas sobre possibilidades e dificuldadesvivenciadas na aplicação das ferramentas. É justa-mente a este propósito que estamos nos dispondo,a partir de uma reflexão crítica de nossa própriaprática.

Devido a sua grande flexibilidade e capacidadeadaptativa, tais ferramentas são utilizadas, atual-mente, em diversos processos de reflexão coletiva,seja rural, urbano, regional ou institucional. As possi-bilidades são inúmeras. A palavra “rural” da siglaDRP é muito mais, uma referência a sua origem,pois muitos dos diagramas que aqui serão apresen-tados foram originalmente desenvolvidos no âmbitodas ciências agrárias, mais especificamente naUniversidade de Chiang Mai, no norte da Tailândia,na segunda metade da década de 70.

Naquele momento, um grupo de pesquisadoresenvolvidos na Pesquisa de Sistemas Agrícolas perce-beu a necessidade de trabalhar, para além da abor-dagem multidisciplinar, com conceitos organizativose procedimentos de trabalho relativamente formaisque fossem capazes de captar a grande complexi-dade dos agroecossistemas. Este grupo dedicou-se,então, a elaborar um modelo semi-estruturado depesquisa, fundamentado na construção participativade diagramas que se constituem representaçõessimbólicas da realidade vivida. Com isso, pretendia-se melhorar o sistema de comunicação entre técni-cos, pesquisadores e agricultores. Os diagramasforam idealizados de forma a representar quatro

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O G u i a

enciar o uni-ltado para o

ele lança o livro especialmenteno qual alerta

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D - DiálogoR - ReflexãoP - Planejamento

Por mais apaixonante que seja o assunto, este guianão pretende realizar uma discussão aprofundada arespeito do DRP. Ele limita-se a apresentar e discutiras suas principais ferramentas com a finalidade desubsidiar a ação de mediadores e mediadoras quedesejem promover um diálogo coletivo, franco eprodutivo.

Processos participativos de diagnóstico, planejamen-to e/ou monitoramento necessitam, além de ferra-mentas adequadas, de uma consistente reflexãosobre sua concepção metodológica, a fim de apoiara definição de objetivos, a abrangência física etemática, os sujeitos envolvidos, bem como aconstrução de uma estratégia eficiente depromoção da participação.

A natureza deste material não nos permite apro-fundar tal discussão, mas obriga-nos a pontuar oenorme desafio inerente à cons-trução de procedi-mentos e posturas capazes de promoveruma participação efetiva e construtiva.Aqui, partimos da hipótese de queapós a construção de uma estratégiametodológica coerente com os obje-tivos, a mediação necessite manejarcom habilidade ferramentas úteis,capazes de favorecer a reflexão coleti-va. É neste aspecto que o material irá seconcentrar : na instrumentalização para o usode ferramentas de diálogo, compartilhando com osleitores e leitoras, um pouco de nossa experiênciaprática.

Os Autores

dimensões da reali-dade: espaço, tempo,fluxos e relações(CONWAY, 1993).

Nesta publicação,procuramos resgatar

o papel destes diagra-mas como “ferramentas

de diálogo” que favorecema interpretação coletiva da

realidade em suas várias dimensões.

No Brasil, tais ferramentas foram difundidas principal-mente por meio de diversas ONGs, especialmenteaquelas ligadas à Rede PTA (Projeto TecnologiasAlternativas) que a partir do final dos anos 80,começaram a usar a metodologia do DRP em seustrabalhos. O intercâmbio, com pesquisadores do IIED(International Institute for Environment andDevelopment), sediado em Londres-UK, foi funda-mental para que tal processo ocorresse.

O DRP, assim como o Diagnóstico Rural Rápido(DRR), o Diagnóstico e Desenho (D&D) e oSondeio (do espanhol, sondeo) é parte de umaabordagem conhecida como Diagnósticos Rápidosde Sistemas Rurais (DRSR), contemporânea daPesquisa de Sistemas Agrícolas. Em sua especifici-dade, o DRP é definido como “uma famíliacrescente de enfoques e métodos dirigidosa permitir que a população local comparti-lhe, aumente e analise seus conhecimentossobre a realidade, com o objetivo de plane-jar ações e atuar nesta realidade” (CHAM-BERS,1994: 953).Tem, portanto, forte relação como planejamento e o envolvimento da populaçãolocal, não apenas como informantes, mas especial-mente como cidadãos ativos, agentes de açõescoletivas, fomentadas por meio do diálogo e dareflexão.

Pelo exposto até aqui, o DRP também poderia serlido como:

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D - DiálogoR - ReflexãoP - Planejamento

Por mais apaixonante que seja o assunto, este guianão pretende realizar uma discussão aprofundada arespeito do DRP. Ele limita-se a apresentar e discutiras suas principais ferramentas com a finalidade desubsidiar a ação de mediadores e mediadoras quedesejem promover um diálogo coletivo, franco eprodutivo.

Processos participativos de diagnóstico, planejamen-to e/ou monitoramento necessitam, além de ferra-mentas adequadas, de uma consistente reflexãosobre sua concepção metodológica, a fim de apoiara definição de objetivos, a abrangência física etemática, os sujeitos envolvidos, bem como aconstrução de uma estratégia eficiente depromoção da participação.

A natureza deste material não nos permite apro-fundar tal discussão, mas obriga-nos a pontuar oenorme desafio inerente à cons-trução de procedi-mentos e posturas capazes de promoveruma participação efetiva e construtiva.Aqui, partimos da hipótese de queapós a construção de uma estratégiametodológica coerente com os obje-tivos, a mediação necessite manejarcom habilidade ferramentas úteis,capazes de favorecer a reflexão coleti-va. É neste aspecto que o material irá seconcentrar : na instrumentalização para o usode ferramentas de diálogo, compartilhando com osleitores e leitoras, um pouco de nossa experiênciaprática.

Os Autores

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es da reali-spaço, tempo,e relaçõesWAY, 1993).

publicação,mos resgatardestes diagra-“ferramentas

que favorecemcoletiva daias dimensões.

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Um poucosobre o DRP

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Um poucosobre o DRP

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As ferramentas utilizadas no DRP são diagramasvisuais e interativos que representam aspectos deuma determinada realidade e vão sendo construí-dos por um grupo de pessoas em discussão. Cadaferramenta tem usos e procedimentos específicos,mas todas elas são instrumentos de abstração acer-ca da realidade passada, atual ou futura.

Possibilidades de uso

4Levantamento e/ou análise de informações.

4Mediação de diálogos.

4Planejamento e/ou monitoramento de ações.

Motivações para a sua utilização

4Trabalhar com uma linguagem comum ao grupode discussão.

4Permitir a participação de alfabetizados ou não,num mesmo grupo.

4Facilitar o diálogo entre os participantes e destescom a equipe de pesquisadores.

4Despertar a discussão sobre problemas epotencialidades da realidade em questão.

4Permitir o levantamento e a análise doconhecimento coletivo.

4Trabalhar com as percepções das pessoas queresidem no local.

4Facilitar a verificação de informações obtidas noprocesso de diagnóstico.

Um pouco sobre o DRP

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As ferramentas utilizadas no DRP são diagramasvisuais e interativos que representam aspectos deuma determinada realidade e vão sendo construí-dos por um grupo de pessoas em discussão. Cadaferramenta tem usos e procedimentos específicos,mas todas elas são instrumentos de abstração acer-ca da realidade passada, atual ou futura.

Possibilidades de uso

4Levantamento e/ou análise de informações.

4Mediação de diálogos.

4Planejamento e/ou monitoramento de ações.

Motivações para a sua utilização

4Trabalhar com uma linguagem comum ao grupode discussão.

4Permitir a participação de alfabetizados ou não,num mesmo grupo.

4Facilitar o diálogo entre os participantes e destescom a equipe de pesquisadores.

4Despertar a discussão sobre problemas epotencialidades da realidade em questão.

4Permitir o levantamento e a análise doconhecimento coletivo.

4Trabalhar com as percepções das pessoas queresidem no local.

4Facilitar a verificação de informações obtidas noprocesso de diagnóstico.

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Um pouco sobre o DRP

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4Atentar para a ordem ouseqüência na qual as pessoasvão inserindo elementos nodiagrama e/ou nasdiscussões.

4Ter pelo menos doisrelatores, a fim de garantirum bom registro do debatefeito pelo grupo.

4Na construção dos diagramas, procurarutilizar materiais disponíveis no local.

4Em caso de opiniões conflitantes, registrar,investigar, sem buscar uma definição absoluta.

4Evitar fazer correções no diagrama, mantendo-ofiel à elaboração do grupo.

4Manter postura discreta e observadora de formaa facilitar a livre expressão das pessoas do grupo.

4Registrar o resultado final, ou seja, o diagrama naforma como ele foi finalizado pelo grupo.

4Falar menos. Escutar mais.

4Fotografar o processo de construção dodiagrama e o produto final.

Principais Ferramentas

4Mapa Falado

4Calendário Sazonal

4Diagrama de Fluxo

4Diagrama de Venn

4Matriz Comparativa

Recomendações gerais para o uso das ferramentas

4Assegurar bom nível de participação,considerando a diversidade social existente, a fimde garantir a presença de diferentes visões e atores(jovens, idosos, homens, mulheres, grupos formais,informais, públicos, privados etc.).

4Explicar o objetivo do trabalho e como será feitoo exercício.

4Manter postura investigativa e problematizadora,buscando clarear e aprofundar as informações e odebate.

4Zelar para que o diagrama mantenha-secompreensível para as pessoas durante asdiscussões do grupo. A utilização de elementosmóveis, ao invés de riscos sobre um papel, favoreceque o desenho vá sendo construído e corrigido,sem dificuldades.

4Fazer sempre perguntas abertas, ou seja, quepermitam qualquer resposta e não determinemopções para quem está respondendo.

4Evitar perguntas indutivas, isto é, que conduzamas pessoas para uma determinada resposta.

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4Atentar para a ordem ouseqüência na qual as pessoasvão inserindo elementos nodiagrama e/ou nasdiscussões.

4Ter pelo menos doisrelatores, a fim de garantirum bom registro do debatefeito pelo grupo.

4Na construção dos diagramas, procurarutilizar materiais disponíveis no local.

4Em caso de opiniões conflitantes, registrar,investigar, sem buscar uma definição absoluta.

4Evitar fazer correções no diagrama, mantendo-ofiel à elaboração do grupo.

4Manter postura discreta e observadora de formaa facilitar a livre expressão das pessoas do grupo.

4Registrar o resultado final, ou seja, o diagrama naforma como ele foi finalizado pelo grupo.

4Falar menos. Escutar mais.

4Fotografar o processo de construção dodiagrama e o produto final.

Principais Ferramentas

4Mapa Falado

4Calendário Sazonal

4Diagrama de Fluxo

4Diagrama de Venn

4Matriz Comparativa

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Um pouco sobre o DRP

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blematizadora,rmações e o

ha-sete aselementospapel, favorecee corrigido,

u seja, queeterminem.

ue conduzamposta.

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4Os fluxos

O Diagrama de Fluxo, comorepresentação de caminhos,coloca em discussão omovimento “do que entrae sai”, seja em relação auma localidade, a um sis-tema produtivo ou aqualquer outro “espaçofísico”. A título de exemplo,pode-se estar falando dosinsumos que entram ou daspessoas que saem de uma determi-nada localidade.

4As relações

O Diagrama de Fluxo, quando usado para análisede causas e conseqüências de um determinado fatoou fenômeno, evidencia as relações e interaçõesexistentes entre diversos aspectos da realidade. AMatriz Comparativa é a ferramenta privilegiada paraanálises comparativas, como o nome sugere. Já paradiscussão das relações sociais utiliza-se, em especial,o Diagrama de Venn.

Dimensões abordadas com o uso dasferramentas

As ferramentas de DRP são capazes de captar erepresentar a complexidade da realidade em tornode quatro padrões básicos: espaço, tempo, fluxos erelações.

4A dimensão espacial

O Mapa Falado é a ferramenta privilegiada paraabordar esta dimensão. Durante sua confecção, estáem debate tudo aquilo que tem representação noespaço como rios, matas, casas, escolas, fábricas,entre outros.

4A dimensão temporal

Em um Calendário Sazonal ou em uma MatrizHistórica, o que move a discussão é o tempo, os

fatos ocorridos, os ciclos históri-cos, as diferenças sazonais

que marcam determina-dos aspectos da reali-dade, como chuvas,doenças, variações dapopulação, disponibili-dade de recursos

financeiros ou naturais,entre outros.

20

guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 20

4Os fluxos

O Diagrama de Fluxo, comorepresentação de caminhos,coloca em discussão omovimento “do que entrae sai”, seja em relação auma localidade, a um sis-tema produtivo ou aqualquer outro “espaçofísico”. A título de exemplo,pode-se estar falando dosinsumos que entram ou daspessoas que saem de uma determi-nada localidade.

4As relações

O Diagrama de Fluxo, quando usado para análisede causas e conseqüências de um determinado fatoou fenômeno, evidencia as relações e interaçõesexistentes entre diversos aspectos da realidade. AMatriz Comparativa é a ferramenta privilegiada paraanálises comparativas, como o nome sugere. Já paradiscussão das relações sociais utiliza-se, em especial,o Diagrama de Venn.

21

o das

de captar eade em tornompo, fluxos e

giada paraconfecção, estáesentação noas, fábricas,

ma Matrizo tempo, osiclos históri-

nças sazonaisam determina-ectos da reali-omo chuvas,s, variações dação, disponibili-e recursosos ou naturais,os.

Um pouco sobre o DRP

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Características marcantes

4Possibilita uma visão espacial do local

4Auxilia na obtenção de informações exploratórias

4Permite obter uma visão geral da realidade

MapaFal ado

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Características marcantes

4Possibilita uma visão espacial do local

4Auxilia na obtenção de informações exploratórias

4Permite obter uma visão geral da realidade

MapaFal ado

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Descr i ç ão

Trata-se de um desenho represen-tativo do espaço ou território queestá sendo objeto de reflexão.Pode ser um bairro, uma comu-nidade, um município, um país,uma universidade, entre outros.

É uma ferramenta que permite dis-cutir diversos aspectos da realidadede forma ampla, sendo muito utilizadacomo técnica exploratória, no início de um diagnós-tico.

Normalmente, é desenhado no chão, num pátioamplo ou mesmo em um terreiro de barro.

Os elementos que formarão o mapa são represen-tações dos componentes daquele espaço emanálise e que são destacados pelo grupo na dis-cussão. Pode ser uma escola, um rio, uma caixad’água, uma estrada, entre outros.

As discussões acontecem por ocasião da localizaçãodo que existe naquele lugar.

Assim como todas as outras ferramentas que serãoaqui apresentadas, o mapa é construído com ele-mentos móveis disponíveis no local e/ou disponibi-

lizados pela moderação.Barbante, folhas, pedras, fitascoloridas são alguns dosrecursos utilizados pararepresentar os componentesda realidade. Essa mobili-dade permite que as modifi-cações possam ser feitas aqualquer momento, semprejudicar a visualização dodiagrama por parte dogrupo.

“o mapa éconstruído com

elementos móveisdisponíveis no

local e/oudisponibilizados

pela moderação.”

Mapa Fal ado

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Descr i ç ão

Trata-se de um desenho represen-tativo do espaço ou território queestá sendo objeto de reflexão.Pode ser um bairro, uma comu-nidade, um município, um país,uma universidade, entre outros.

É uma ferramenta que permite dis-cutir diversos aspectos da realidadede forma ampla, sendo muito utilizadacomo técnica exploratória, no início de um diagnós-tico.

Normalmente, é desenhado no chão, num pátioamplo ou mesmo em um terreiro de barro.

Os elementos que formarão o mapa são represen-tações dos componentes daquele espaço emanálise e que são destacados pelo grupo na dis-cussão. Pode ser uma escola, um rio, uma caixad’água, uma estrada, entre outros.

As discussões acontecem por ocasião da localizaçãodo que existe naquele lugar.

Assim como todas as outras ferramentas que serãoaqui apresentadas, o mapa é construído com ele-mentos móveis disponíveis no local e/ou disponibi-

lizados pela moderação.Barbante, folhas, pedras, fitascoloridas são alguns dosrecursos utilizados pararepresentar os componentesda realidade. Essa mobili-dade permite que as modifi-cações possam ser feitas aqualquer momento, semprejudicar a visualização dodiagrama por parte dogrupo.

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“o mapa éconstruído com

elementos móveisdisponíveis no

local e/oudisponibilizados

pela moderação.”

ado

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A cada novo componente representado, deve-se“explorar” o conhecimento do grupo a respeito.Por exemplo, quando se tratar da representação deum rio, deve-se questionar - a todos - sobre o seuuso, a qualidade da água e outras questões rela-cionadas.

As informações expressadas verbalmente são muitoimportantes, mais do que o produto final, e por issoé fundamental que sejam bem registradas.

O diagrama em si (mapa falado) é o medi-ador da discussão e, portanto, deve sermantido “limpo”, de forma compreensívelaos participantes. Ele é um recurso impor-tante para manter a atenção das pessoasem torno das discussões.

Ao final, é interessante convidar o grupo a olhar delonge para o desenho e perguntar : “o quepodemos ver?”. Éimportante tam-bém reproduzir odiagrama em papel,e isso deve serfeito, de preferência,pelos participantes.Esse registropoderá servir parautilização posterior,em uma restituiçãoou como memória,e para a própria sis-tematização dasinformações cole-tadas.

A construção do mapa faladorequer um espaço amplo, sendomelhor conduzido ao ar livre, comopor exemplo à sombra de umaárvore.

Uma vez escolhido o local adequado,reúne-se todo o grupo ao redor desseespaço. Após apresentações, descontrações e expli-cações, inicia-se o exercício pedindo que alguém dogrupo desenhe o lugar que está sendo estudado, deforma que ele “caiba” naquele espaço.

Às vezes, as pessoas não têm muita intimidade commapas e, para facilitar, pode-se propor a imaginaçãodo que é visto por um pássaro da região.

É interessante deixar a pessoa começar por ondeela quiser. Isso é importante para não atrapalhar a

sua lógica e o seuraciocínio. Mais rele-vante será manter aatenção de todosnaquele que se dispôsa começar o desenho.

À medida que oscomponentes da reali-dade vão sendo lem-brados, procura-serepresentá-los utilizan-do materiaisdisponíveis no local:folhas, flores, pedras,sementes, barbante, gizcolorido, entre outros.

26

O Processo de Construção

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A cada novo componente representado, deve-se“explorar” o conhecimento do grupo a respeito.Por exemplo, quando se tratar da representação deum rio, deve-se questionar - a todos - sobre o seuuso, a qualidade da água e outras questões rela-cionadas.

As informações expressadas verbalmente são muitoimportantes, mais do que o produto final, e por issoé fundamental que sejam bem registradas.

O diagrama em si (mapa falado) é o medi-ador da discussão e, portanto, deve sermantido “limpo”, de forma compreensívelaos participantes. Ele é um recurso impor-tante para manter a atenção das pessoasem torno das discussões.

Ao final, é interessante convidar o grupo a olhar delonge para o desenho e perguntar : “o quepodemos ver?”. Éimportante tam-bém reproduzir odiagrama em papel,e isso deve serfeito, de preferência,pelos participantes.Esse registropoderá servir parautilização posterior,em uma restituiçãoou como memória,e para a própria sis-tematização dasinformações cole-tadas.

27

M a p a F a l a d o

eações e expli-

que alguém doo estudado, de.

ntimidade comr a imaginaçãogião.

ar por onde atrapalhar a

ca e o seuo. Mais rele-rá manter a de todos que se dispôsçar o desenho.

da que osentes da reali-o sendo lem-procura-sentá-los utilizan-riaiseis no local:ores, pedras,es, barbante, giz, entre outros.

onstrução

Perguntas-Chave4O que existe aqui?

4O que (mais) podemosver (comparando com a visão de umpássaro)?

4Como? Quando? Onde?Pra quê? Por quê?Quanto (s)?

4Sempre foi assim (evolução histórica)?

s

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½4A primeira variaçãorefere-se à escala do mapa(desde uma comunidade oubairro até o mundo). É claroque isso vai influenciar o nívelde detalhe das informações ediscussões e do própriodesenho. No caso derepresentar uma comunidade,pode-se ter o detalhamentoaté ao nível das casas ou dosroçados de cada um. Quandose tratar de um município, o mapa deve ser maisgeral e o debate deve se concentrar na leitura porregiões, quando podem ser discutidas ascaracterísticas, as tendências, as diferenças, assemelhanças etc.

4Outra variação refere-se à forma deconstrução do mapa. Em algunscasos, o exercício começa dedentro para fora; em outros,desenha-se logo os limites doterritório. Isso depende dequem começa o desenho e,como já foi dito, não deve serobjeto de intervenção/orientação. É possível, pordiferentes caminhos, chegar ao mesmo lugar.

28

4Evolução Histórica: através da pergunta“sempre foi assim?”, pode-se captar informaçõessobre o passado e sua evolução a partir dadescrição de determinado aspecto ou do mapacomo um todo.

4Identificação de cenários futuros: por meioda pergunta “como estará este desenho daqui a ‘X’anos?” pode-se perceber tendências e por meio dapergunta “como queremos que este desenho estejadaqui a ‘X’ anos?” pode-se identificar sonhos eprojetos, individuais e coletivos.

4Percepção de bem-estar: de forma indireta,pode-se captar como o grupo percebe, porexemplo, as “pessoas de sucesso” daqueladeterminada sociedade. Dependendo da escala domapa, ao se localizar a casa de uma pessoa, podemsurgir comentários sobre sua condição de vida ousobre sua inserção social.

4Identificação de valores: a ordem como osaspectos da realidade vão sendo discutidos pelogrupo pode ser também indicativo dos valores queas pessoas atribuem a eles.

4Identificação de infra-estrutura: é possível,de forma rápida e eficiente, identificar a infra-estrutura existente no local estudado (exemplo:escolas, estradas, postos de saúde e outros), bemcomo, colocar em discussão a qualidade dos

serviços prestados.

4Estratificação de ambientes: omapa falado permite a identificação deambientes distintos dentro de ummesmo espaço geográfico como, por

exemplo, regiões mais secas e maisúmidas de um município.

28

Possibil idades Var ia ç ões

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½4A primeira variaçãorefere-se à escala do mapa(desde uma comunidade oubairro até o mundo). É claroque isso vai influenciar o nívelde detalhe das informações ediscussões e do própriodesenho. No caso derepresentar uma comunidade,pode-se ter o detalhamentoaté ao nível das casas ou dosroçados de cada um. Quandose tratar de um município, o mapa deve ser maisgeral e o debate deve se concentrar na leitura porregiões, quando podem ser discutidas ascaracterísticas, as tendências, as diferenças, assemelhanças etc.

4Outra variação refere-se à forma deconstrução do mapa. Em algunscasos, o exercício começa dedentro para fora; em outros,desenha-se logo os limites doterritório. Isso depende dequem começa o desenho e,como já foi dito, não deve serobjeto de intervenção/orientação. É possível, pordiferentes caminhos, chegar ao mesmo lugar.

29

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V

30

4Começar com uma escala muitogrande e faltar espaço. É precisoatenção a isso e definir, logo deinício, o espaço disponível para odesenho como um todo.

4Alteração muito grande naescala durante o exercício. Sempre

que necessário, deve-se fazerreferência à escala que foi dada àquilo

que já está desenhado/representado.

4A pessoa que iniciou o desenho pode tendera conduzir sozinha o exercício e o restante dogrupo ficar disperso, sem participar. Deve-sesempre “puxar” a opinião dos outros, perguntandose concordam com o que está sendo feito, se éaquilo mesmo.

4Pode ocorrer também um outro tipo dedispersão, fruto da vontade de completarrapidamente o mapa, ou do tamanho muitogrande do grupo, ou mesmo pelo fato de o gruporeunir um bom número de pessoas bemparticipativas e com muita informação. Nestassituações, podem se formar pequenos grupos,sendo que cada um vai “completando uma partedo mapa”. É possível deixar o grupo à vontade, porum período. Entretanto, logo que possível, isso deveser corrigido, chamando todos a um mesmo pontoda discussão. Para isso, pode-se recorreraleatoriamente a um dos elementos járepresentados, de forma a retomar o debate, já queo maior objetivo não é completar o mapa, e simpropiciar a discussão sobre cada componente darealidade.

4Sempre que possível não deixe que sejamcolocados no mapa muitos elementos aomesmo tempo.

Problemas mais comuns

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V

31

cala muitoÉ precisor, logo deonível para o

odo.

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comuns

...“o maior objetivonão é completar o

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discussão sobrecada componente

da realidade.”

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CalendárioSazonal

Características marcantes

4Permite uma visão temporal dosacontecimentos/aspectos

4Evidencia ciclos naturais e sociais

4Correlaciona diferentes informações a respeitode um mesmo período

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CalendárioSazonal

Características marcantes

4Permite uma visão temporal dosacontecimentos/aspectos

4Evidencia ciclos naturais e sociais

4Correlaciona diferentes informações a respeitode um mesmo período

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Descr i ç ão

Trata-se de uma tabela naqual um dos eixos é sempreo tempo, dividido em mesesou dias.

Geralmente é riscada nochão e nela vão sendoinseridos elementos simbóli-cos, conforme o desenrolar dadiscussão.

Os aspectos que irão compor o outro eixo databela estão em função do conhecimento do grupoe também do interesse da investigação.

O importante é que sejam aspectos que tenhamvariação significativa naquele período em questão.Podem ser variações climáticas, etapas dos cultivos,ocupação de mão-de-obra, festas, ocorrência dedoenças, disponibilidade financeira, atividades dafamília, entre outros.

Os elementos móveis que irão compor a tabela sãorepresentativos das informações discutidas, muitas

vezes, de forma com-parativa.

Esta é uma ferra-menta que permiteampliar o espaço detempo investigadopara além domomento da reuniãodo grupo.

“Os elementos móveisque irão compor a

tabela sãorepresentativos das

informações discutidas,muitas vezes, de forma

comparativa.”

Cal end ár io Sazon al

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Descr i ç ão

Trata-se de uma tabela naqual um dos eixos é sempreo tempo, dividido em mesesou dias.

Geralmente é riscada nochão e nela vão sendoinseridos elementos simbóli-cos, conforme o desenrolar dadiscussão.

Os aspectos que irão compor o outro eixo databela estão em função do conhecimento do grupoe também do interesse da investigação.

O importante é que sejam aspectos que tenhamvariação significativa naquele período em questão.Podem ser variações climáticas, etapas dos cultivos,ocupação de mão-de-obra, festas, ocorrência dedoenças, disponibilidade financeira, atividades dafamília, entre outros.

Os elementos móveis que irão compor a tabela sãorepresentativos das informações discutidas, muitas

vezes, de forma com-parativa.

Esta é uma ferra-menta que permiteampliar o espaço detempo investigadopara além domomento da reuniãodo grupo.

35

“Os elementos móveisque irão compor a

tabela sãorepresentativos das

informações discutidas,muitas vezes, de forma

comparativa.”

S a zon al

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Usando uma escala de zero acinco, por exemplo, atribui-se5 pontos para o mês maischuvoso, e define-se pro-porcionalmente quantodeve ser atribuído ao mês

menos chuvoso. E assimsucessivamente.

Os pontos podem ser representa-dos por algum elemento móvel, como

pedras ou sementes.

A cada linha construída, ou seja, a cada aspecto dis-cutido, deve-se explorar as informações desejadascom perguntas do tipo: “como, quando, onde, praquê, por quê, quanto(s) etc.” Também é importantedeixar o grupo propor novas linhas (aspectos) e,para isso, pode-se perguntar : “o que mais acontecepor aqui” ?

Ao final, é interes-sante convidar ogrupo a fazerleituras no sentido“vertical”, ou seja,correlacionandodiferentes infor-mações sobre ummesmo momentoou período.

A técnica do calen-dário pode ser bemconduzida praticamenteem qualquer lugar, ao arlivre ou em ambientesfechados.

Após apresentações,descontrações e expli-cações, inicia-se o exer-cício pedindo quealguém risque no chão operíodo de tempo queserá analisado (isso deve ser previamente definidocom o grupo).

Deve-se deixar o grupo à vontade para construir ocalendário. Não é relevante que comece semprepor janeiro.

O eixo do tempo será o horizontal (por exemplo)da tabela. O eixo vertical será construído pelosaspectos de interesse da pesquisa e do grupo. Éimportante que os aspectos a serem discutidosapresentem variação no período de tempo emquestão.

A cada aspecto mencionado, por exemplo, “chuva”,forma-se uma linha da tabela. Para “preencher a

linha”, pergunta-se qual o perío-do de maior ocorrência e

em seguida, o de menorocorrência, a fim deestabelecer umparâmetro de com-paração para opreenchimento dasdemais interseções.

36

“Deve-se deixar ogrupo à vontadepara construir ocalendário. Não é relevante quecomece sempre porjaneiro”.

O Processo de Construção

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Usando uma escala de zero acinco, por exemplo, atribui-se5 pontos para o mês maischuvoso, e define-se pro-porcionalmente quantodeve ser atribuído ao mês

menos chuvoso. E assimsucessivamente.

Os pontos podem ser representa-dos por algum elemento móvel, como

pedras ou sementes.

A cada linha construída, ou seja, a cada aspecto dis-cutido, deve-se explorar as informações desejadascom perguntas do tipo: “como, quando, onde, praquê, por quê, quanto(s) etc.” Também é importantedeixar o grupo propor novas linhas (aspectos) e,para isso, pode-se perguntar : “o que mais acontecepor aqui” ?

Ao final, é interes-sante convidar ogrupo a fazerleituras no sentido“vertical”, ou seja,correlacionandodiferentes infor-mações sobre ummesmo momentoou período.

37

C a l e n d á r i o S a z o n a l

ente definido

ra construir oece sempre

por exemplo)uído peloso grupo. Édiscutidosempo em

mplo, “chuva”,reencher a qual o perío-ocorrência ea, o de menoria, a fim decer umtro de com-

o para ohimento dasinterseções.

-se deixar oo à vontadeconstruir odário. Não evante quece sempre porro”.

nstrução

Lembre-se :4que as informações

verbais precisam serbem exploradas eanotadas.

4de manter o desenho“legível” para oscomponentes dogrupo.

4de copiar o desenhoem papel.

N

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38

½Possibil idades

4Calendário Histórico:

a partir da pergunta “sempre foi assim?”

4Visão quantitativa:

noção de intensidade e obtenção de dados quanti-tativos de alguns aspectos analisados.

4Correlacionar diferentes informações deum mesmo período:

fazer a relação entre diferentes aspectos analisados(exemplo: chuva e época de plantio), considerandoum mesmo período.

4

4

Var ia ç ões

Rotina Diária:

quando o período de tempo investigado é de umdia. Neste caso, costuma-se apenas riscar uma linhaonde vão sendo colocados os horários e as ativi-dades desenvolvidas. Pode ser feito separadamente,com homens e mulheres, para comparar osdiferentes regimes de trabalho.

O Calendário Sazonal é uma técnica relativamentesimples de ser realizada. Os problemas decorremmais da falta de informações, por tratar-se deum exercício que requer um esforço damemória.

Problemas mais comuns

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39

½ @des

m?”

dados quanti-

rmações de

tos analisadosconsiderando

V

4

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Var ia ç ões

Rotina Diária:

quando o período de tempo investigado é de umdia. Neste caso, costuma-se apenas riscar uma linhaonde vão sendo colocados os horários e as ativi-dades desenvolvidas. Pode ser feito separadamente,com homens e mulheres, para comparar osdiferentes regimes de trabalho.

O Calendário Sazonal é uma técnica relativamentesimples de ser realizada. Os problemas decorremmais da falta de informações, por tratar-se deum exercício que requer um esforço damemória.

Problemas mais comuns

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Características marcantes

4Possibilita identificar inter-relações de diversostipos

4É possível aprofundar temas e determinadosaspectos da realidade

4Pode ser utilizado para análise de informações

Diagramade Fluxo

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Características marcantes

4Possibilita identificar inter-relações de diversostipos

4É possível aprofundar temas e determinadosaspectos da realidade

4Pode ser utilizado para análise de informações

Diagramade Fluxo

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Trata-se de um conjunto de tar-jetas (retângulos de cartolina)dispostas como um fluxo quepode ter duas lógicas de repre-sentação:

4caminhos (no sentido físico);

4causas-conseqüências.

As tarjetas representarão, em palavras e/ou desen-hos, os “componentes” do fluxo e setas serão uti-lizadas para indicar o seu “sentido”.

Poderão ser utilizadas tarjetas de diversas corespara ajudar na representação e setas de diferentesproporções para dar noção da “intensidade” darelação.

A técnica pode ser conduzida no chão ou emquadros, painéisou paredes.Nestes casos, uti-liza-se alfinetes oufita adesiva parafixar as tarjetas eas setas, para quenão se perca amobilidade doselementos.

Descr i ç ãoDiagram a de F lux o

“As tarjetasrepresentarão,

em palavras e/oudesenhos, os

“componentes” do fluxoe setas serão utilizadas

para indicar oseu “sentido”.

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43

Trata-se de um conjunto de tar-jetas (retângulos de cartolina)dispostas como um fluxo quepode ter duas lógicas de repre-sentação:

4caminhos (no sentido físico);

4causas-conseqüências.

As tarjetas representarão, em palavras e/ou desen-hos, os “componentes” do fluxo e setas serão uti-lizadas para indicar o seu “sentido”.

Poderão ser utilizadas tarjetas de diversas corespara ajudar na representação e setas de diferentesproporções para dar noção da “intensidade” darelação.

A técnica pode ser conduzida no chão ou emquadros, painéisou paredes.Nestes casos, uti-liza-se alfinetes oufita adesiva parafixar as tarjetas eas setas, para quenão se perca amobilidade doselementos.

Descr i ç ão F lux o

“As tarjetasrepresentarão,

em palavras e/oudesenhos, os

“componentes” do fluxoe setas serão utilizadas

para indicar oseu “sentido”.

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4Diagrama de fluxo decausa-conseqüência.

Enquanto técnica de análise,o foco primário do diagramade fluxo não é um espaço físi-co ou institucional, e sim umfato, um fenômeno ou, na maioriadas vezes, um problema.

Da mesma forma, o primeiro passo é representar ofoco primário (como exemplo: queda na produçãoagrícola, águas poluídas, baixa representatividade,pouca participação etc.) e situá-lo no centro (dochão/parede/quadro).

Cada resposta deve ser devidamente investigada erepresentada em uma nova tarjeta. As causas sãoposicionadas acima do problema e as conseqüên-cias, abaixo.

Conforme a discussão vai prosseguindo, pode-selevar o foco dos debates (e das perguntas-chave)para outras tarjetas que vão compondo o diagrama,explorando-se ao máximo a reflexão sobre aproblemática emtoda a suacomplexidade.

O diagrama defluxo causa-conseqüência ébastante utilizadona análise dosdados coletadosem um diagnóstico.

Para facilitar a compreensão, as duas lógicas derepresentação (caminhos e causas-conseqüências)serão descritas em separado:

4Diagrama de fluxo de caminhos.

A técnica de utilizar o diagrama de fluxo como umarepresentação de caminhos consiste em adotá-locomo um exercício de reflexão sobre o que entrae o que sai de um(a): local, sistema, instituição, orga-nização, entre outros.

O primeiro passo é representar o foco primário dodebate (exemplo: um município, uma mata, umroçado, uma ONG, um movimento), seja pelo seunome ou um desenho em uma tarjeta, ou qualquerrepresentação significativa para o grupo.

A cada elemento incorporado, realiza-se oprocesso de investigação desejado: “como, quando,onde, pra quê, por quê, quanto(s) etc”. É possível,inclusive, mensurar algumas informações de formanumérica ou comparativa. Por exemplo, quanto deadubo entra no cultivo da soja ou quantos jovens

têm deixado omunicípio.

De acordo com odebate, as pergun-tas-chave vão sendofeitas também paraos focossecundários quevão surgindo nodecorrer da realiza-ção da técnica.

44

O Processo de Construção

Perguntas-Chave

4O que entra? de onde vem?

4O que sai? para onde vai?

s

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4Diagrama de fluxo decausa-conseqüência.

Enquanto técnica de análise,o foco primário do diagramade fluxo não é um espaço físi-co ou institucional, e sim umfato, um fenômeno ou, na maioriadas vezes, um problema.

Da mesma forma, o primeiro passo é representar ofoco primário (como exemplo: queda na produçãoagrícola, águas poluídas, baixa representatividade,pouca participação etc.) e situá-lo no centro (dochão/parede/quadro).

Cada resposta deve ser devidamente investigada erepresentada em uma nova tarjeta. As causas sãoposicionadas acima do problema e as conseqüên-cias, abaixo.

Conforme a discussão vai prosseguindo, pode-selevar o foco dos debates (e das perguntas-chave)para outras tarjetas que vão compondo o diagrama,explorando-se ao máximo a reflexão sobre aproblemática emtoda a suacomplexidade.

O diagrama defluxo causa-conseqüência ébastante utilizadona análise dosdados coletadosem um diagnóstico.

45

D i a g r a m a d e F l u x o

s lógicas denseqüências)

os.

uxo como umaem adotá-loe o que entrastituição, orga-

co primário domata, umseja pelo seua, ou qualquerpo.

za-se oomo, quando,”. É possível,

ões de formalo, quanto deantos jovens

deixado oípio.

cordo com oe, as pergun-ave vão sendotambém para

cosdários queurgindo norer da realiza-a técnica.

nstrução

Perguntas-Chave

4O que está causandoaquela situação?

4O que aquela situaçãoestá provocando?

s

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4Existe uma outra ferramenta semelhante a esta,conhecida como árvore de objetivos que inclui ofator tempo e é muito utilizada para discutirdesdobramentos. É como se fosse um fluxo, apenasde conseqüências, virado de cabeça para baixo.Neste caso, a primeira tarjeta com o aspecto a seranalisado é colocado na base (como se fosse a raiz)e os desdobramentos vão sendo alocados,progressivamente, acima dela, formando o que seriao tronco, os galhos, as folhas e os frutos.

4Fluxos muito complexos podem serconstruídos por partes e depois agregados, oupodem ser construídos de forma genérica e depois,divididos em sub-fluxos, para aprofundamento.

4Uma matriz de relações lógicas pode ajudar naconstrução de diagramas de fluxo de causa-conseqüência.Trata-se de uma tabela onde osprincipais problemas são relacionados, tanto noeixo horizontal quanto no vertical, na mesmaseqüência. No corpo da matriz serão marcadas asinterseções nas quais existe interdependência entreos problemas. A leitura precisa ser feita sempre nomesmo sentido. Por exemplo, do eixo horizontalsobre o vertical, por meio de perguntas do tipo:para resolver tal problema, precisamos resolverquais dos outros problemas? Posteriormente, osproblemas podem ser transformados em tarjetas eas interseções, em setas ligando os problemas eminteração, na lógica da causa-conseqüência.

4No fluxo de caminhos, pode-se usar no lugarde tarjetas, qualquer material que represente oscomponentes do fluxo.

4 Identificação de necessidades, entravese/ou pontos obscuros: em casos de utilização dodiagrama de fluxo para análise, ficam evidentesnecessidades e entraves da realidade e até, pontosobscuros da própria investigação. Nestes casos,novas etapas de levantamento de informaçõespodem ser programadas.

4 Levantamento de propostas: a partir daconstrução de um diagrama de fluxo voltado paraanálise da realidade, o próprio desenho final podeser útil para priorizar problemas e levantarpropostas. Nestes casos, recomenda-se utilizartarjetas de cor diferente para identificar aspropostas.

4Análises gerais ou específicas: em funçãodos objetivos, pode-se, por exemplo, analisar aqueda da produção como um todo ou a queda deprodução de um determinado cultivo.

4Visão quantitativa de algumas informações:noção de intensidade e obtenção de dados

quantitativos de alguns aspectos analisados,especialmente no diagrama de fluxo de

caminhos.

4Associação comCalendário Sazonal: após aaplicação da técnica do calendáriocom o grupo, pode-se proporuma reflexão sobre o que entra e

o que sai daquela realidade,construindo então, com foco no

desenho do calendário, um diagramade fluxo de caminhos.

½Possibil idades Var ia ç ões

46

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4Existe uma outra ferramenta semelhante a esta,conhecida como árvore de objetivos que inclui ofator tempo e é muito utilizada para discutirdesdobramentos. É como se fosse um fluxo, apenasde conseqüências, virado de cabeça para baixo.Neste caso, a primeira tarjeta com o aspecto a seranalisado é colocado na base (como se fosse a raiz)e os desdobramentos vão sendo alocados,progressivamente, acima dela, formando o que seriao tronco, os galhos, as folhas e os frutos.

4Fluxos muito complexos podem serconstruídos por partes e depois agregados, oupodem ser construídos de forma genérica e depois,divididos em sub-fluxos, para aprofundamento.

4Uma matriz de relações lógicas pode ajudar naconstrução de diagramas de fluxo de causa-conseqüência.Trata-se de uma tabela onde osprincipais problemas são relacionados, tanto noeixo horizontal quanto no vertical, na mesmaseqüência. No corpo da matriz serão marcadas asinterseções nas quais existe interdependência entreos problemas. A leitura precisa ser feita sempre nomesmo sentido. Por exemplo, do eixo horizontalsobre o vertical, por meio de perguntas do tipo:para resolver tal problema, precisamos resolverquais dos outros problemas? Posteriormente, osproblemas podem ser transformados em tarjetas eas interseções, em setas ligando os problemas eminteração, na lógica da causa-conseqüência.

4No fluxo de caminhos, pode-se usar no lugarde tarjetas, qualquer material que represente oscomponentes do fluxo.

47

es, entravese utilização doevidentese até, pontostes casos,

ormações

s: a partir davoltado para

ho final podeantar

se utilizarar as

s: em funçãoanalisar a

ou a queda de.

informações:dadosanalisados,de fluxo de

mnal: após a do calendário-se propor o que entra ealidade,m foco noum diagrama

½ @des Var ia ç ões

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Ocorrem principalmente quando o

diagrama de fluxo é utilizado para análises.

São eles:

4Dificuldades na interpretação do que écausa e do que é conseqüência. Sendo estesconceitos realmente relativos, procura-se caso acaso buscar a compreensão a partir da própriadiscussão. Porém, às vezes, pode acontecer de umfato ser tanto causa quanto conseqüência de ummesmo problema. Neste caso, deve serrepresentado por 2 tarjetas diferentes.

4Como o exercício de análise envolve uma boadose de abstração, geralmente consome bastanteenergia e pode ser cansativo para o grupo,causando dispersão. Nestes casos, pode-se buscarretomar a atenção dos participantes, fazendo umaleitura do que está sendo construído até omomento, do tipo: “vocês estão dizendo que talfato leva a tal fato que leva a outro etc. - é issomesmo?”

4Pode ser que a discussão comece pelasconseqüências. A princípio isso não é um problema,desde que não cause dispersão do grupo.

48

VProblemas mais comuns

guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 48

49

o o

ara análises.

o que éSendo estesa-se caso ada própriatecer de umncia de umers.

ve uma boame bastante o grupo,de-se buscarfazendo uma até odo que taltc. - é isso

pelas um problema,grupo.

V comuns

“...às vezes, pode acontecerde um fato ser tanto

causa quantoconseqüência de um

mesmo problema.”

guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 49

Características marcantes

4Possibilita a identificação de grupos e suas inter-relações

4Auxilia na obtenção de informações exploratórias

4Permite obter uma visão geral das relações entreorganizações e grupos sociais

Diagramade Venn

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Características marcantes

4Possibilita a identificação de grupos e suas inter-relações

4Auxilia na obtenção de informações exploratórias

4Permite obter uma visão geral das relações entreorganizações e grupos sociais

Diagramade Venn

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Trata-se de um diagrama de círculos dediferentes tamanhos, dispostos de forma arepresentar as relações existentes entreeles. Esta é uma ferramenta originária damatemática de conjuntos e que foi adaptadapara representar as relações entre os diferentesgrupos de uma sociedade.

Cada círculo irá representar, com palavras e/oudesenhos, um grupo (formal ou informal) dasociedade em questão (exemplo: um município, umbairro, uma região, uma universidade, um país etc.).

O tamanho do círculo representará o poder doreferido grupo, ou seja, sua capacidade efetiva deatingir seus objetivos. Quanto maior o poder, maioro tamanho do círculo.

A distância entre os círculos representará a relaçãoentre os referidos grupos. Se estes são parceiros,colaboradores, estarão próximos, podendo até sesobrepor um ao outro, parcial ou integralmente.

Se os grupos possuem objetivos, concepções e/oupráticas diferentes, contrastantes ou antagônicas,

isso estará representado pelamenor ou maior distânciaentre eles.

Os círculos são dispostos nochão e tiras de papel podemser utilizadas para facilitar avisualização das inter-relações,quando o desenho começara se complexificar.

Descr i ç ãoDiagram a de Venn

“...adaptada pararepresentar as

relações entre os diferentes

grupos de umasociedade.”

guiaDRP13.12 11/24/06 3:52 PM Page 52

Trata-se de um diagrama de círculos dediferentes tamanhos, dispostos de forma arepresentar as relações existentes entreeles. Esta é uma ferramenta originária damatemática de conjuntos e que foi adaptadapara representar as relações entre os diferentesgrupos de uma sociedade.

Cada círculo irá representar, com palavras e/oudesenhos, um grupo (formal ou informal) dasociedade em questão (exemplo: um município, umbairro, uma região, uma universidade, um país etc.).

O tamanho do círculo representará o poder doreferido grupo, ou seja, sua capacidade efetiva deatingir seus objetivos. Quanto maior o poder, maioro tamanho do círculo.

A distância entre os círculos representará a relaçãoentre os referidos grupos. Se estes são parceiros,colaboradores, estarão próximos, podendo até sesobrepor um ao outro, parcial ou integralmente.

Se os grupos possuem objetivos, concepções e/oupráticas diferentes, contrastantes ou antagônicas,

isso estará representado pelamenor ou maior distânciaentre eles.

Os círculos são dispostos nochão e tiras de papel podemser utilizadas para facilitar avisualização das inter-relações,quando o desenho começara se complexificar.

53

Descr i ç ãoe Venn

“...adaptada pararepresentar as

relações entre os diferentes

grupos de umasociedade.”

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 53

Para o primeiro grupo a ser representado, os par-

ticipantes terão como parâmetro, os 5 tamanhos

apresentados pelo(a) moderador(a). Para os

demais, os participantes também devem observar

os tamanhos que estão sendo dados aos grupos já

representados, a fim de estabelecer uma represen-

tação visual coerente com a análise.

O posicionamento do primeiro círculo no chão é

aleatório, porém, a partir do segundo, propõe-se ao

grupo que a distância entre eles re-presente a

relação existente entre os respectivos grupos.

A cada grupo ou inter-relação, deve-se buscar o

conhecimento dos participantes mediante pergun-

tas-chave apresentadas no box abaixo.

Ao final, o grupo terá construído um desenho que

reflete, sob sua leitura, as relações que sustentam

aquela sociedade.

É interessante

convidar o grupo a

olhar de longe o

desenho e refletir

sobre o que se

pode observar.

Tendo sido escolhido um local bem agradável,

descontraído e silencioso,

reúne-se todo o grupo ao

redor deste espaço. A mode-

ração deve preparar previa-

mente alguns círculos (recor-

tadas em papel pardo ou car-

tolina), de 5 tamanhos dife-

rentes.

É importante levar papel de sobra e tesouras para

cortar novos círculos, inclusive de outros tamanhos,

se necessário for. Pincéis atômicos são úteis para

nomear e/ou desenhar os grupos.

Após apresentações, descontrações e explicações,

coloca-se a pergunta que vai orientar todo o

desenrolar da técnica: “quais são os grupos formais

e informais que atuam nesta realidade?”.

Para cada grupo, os participantes terão

que definir um tamanho de

círculo (dimensionar o

poder daquele grupo) e

posicionar o círculo

em relação aos

demais (definir

inter-relações).

O exercício exige

grande nível de

abstração e deve ser

conduzido paulatinamente.

54

“O exercício exigegrande nível deabstração e deveser conduzidopaulatinamente.”

O Processo de Construção

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 54

Para o primeiro grupo a ser representado, os par-

ticipantes terão como parâmetro, os 5 tamanhos

apresentados pelo(a) moderador(a). Para os

demais, os participantes também devem observar

os tamanhos que estão sendo dados aos grupos já

representados, a fim de estabelecer uma represen-

tação visual coerente com a análise.

O posicionamento do primeiro círculo no chão é

aleatório, porém, a partir do segundo, propõe-se ao

grupo que a distância entre eles re-presente a

relação existente entre os respectivos grupos.

A cada grupo ou inter-relação, deve-se buscar o

conhecimento dos participantes mediante pergun-

tas-chave apresentadas no box abaixo.

Ao final, o grupo terá construído um desenho que

reflete, sob sua leitura, as relações que sustentam

aquela sociedade.

É interessante

convidar o grupo a

olhar de longe o

desenho e refletir

sobre o que se

pode observar.

55

agradável,

tesouras para

ros tamanhos,

o úteis para

explicações,

todo o

rupos formais

e?”.

pantes terão

amanho de

ensionar o

quele grupo) e

nar o círculo

ação aos

s (definir

elações).

cício exige

nível de

e deve ser

ulatinamente.

O exercício exigerande nível debstração e dever conduzidoaulatinamente.”

D i a g r a m a d e V e n n

nstrução

Perguntas-Chave

4 O que fazem estesgrupos?

4Como atuam?

4Quem participa deles?

4Desde quando?

4Por quê? etc.

s

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 55

4Pode-se fazer inicialmente, uma listagem detodos os grupos mencionados, para depois proporaos participantes que escolham um para iniciar oexercício, e assim, sucessivamente. Se, por um lado,isso garante que pelo menos identifique-se o nomede um grande número de grupos existentes, poroutro, pode levar os participantes a uma certadispersão (pois retarda o início da técnica) eprovocar um desgaste desnecessário em torno daescolha da ordem em que serão representados nodiagrama – fato irrelevante para o desenrolar datécnica.

4O nível de detalhamento também é variável.Pode-se analisar uma realidade de forma muito oupouco exaustiva. Isso vai depender,fundamentalmente, dos objetivos e do tempodisponível. Como se trata de um exercício queexige grande nível de abstração, é importante tercuidado para não causar cansaço aos participantes.

4A variação mais significativa refere-se a umaoutra forma de condução da técnica e,consequentemente, ao seuresultado final. Nesta forma deuso, um grupo, um projetoou uma idéia éposicionado(a), desde oinício, no centro do espaçodisponível. Os círculos,também representandogrupos formais ou informais,irão sendo localizados noespaço, de acordo com a maior

4Evolução Histórica: por meio dapergunta “sempre foi assim?”, pode-se captarinformações sobre o passado e mudançassignificativas na dinâmica social.

4Identificação de cenários futuros: com apergunta “como estará este desenho daqui a ‘X’anos?”, pode-se perceber tendências; e por meio dapergunta “como queremos que este desenho estejadaqui a ‘X’ anos?”, pode-se identificar sonhos eprojetos, individuais e coletivos. São reflexões maisapropriadas para o final da técnica.

4Identificação de possíveisestratégias de ação: a partir daidentificação de sonhos e projetoscoletivos, pode-se refletir sobre novasestratégias de ação. Perguntar sobre osobjetivos comuns de cada agrupamento deparceiros e a possibilidade de alcançá-los comaquela determinada correlação de forças, podeenriquecer a discussão.

4Identificação de novos aliados: pessoas ougrupos que podem estabelecer futuras parcerias.

4Identificação de problemas decomunicação entre grupos: dificuldades nasrelações entre grupos pela falta de umfluxo eficiente de informação e dediálogo.

56

½Possibil idades Var ia ç ões

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4Pode-se fazer inicialmente, uma listagem detodos os grupos mencionados, para depois proporaos participantes que escolham um para iniciar oexercício, e assim, sucessivamente. Se, por um lado,isso garante que pelo menos identifique-se o nomede um grande número de grupos existentes, poroutro, pode levar os participantes a uma certadispersão (pois retarda o início da técnica) eprovocar um desgaste desnecessário em torno daescolha da ordem em que serão representados nodiagrama – fato irrelevante para o desenrolar datécnica.

4O nível de detalhamento também é variável.Pode-se analisar uma realidade de forma muito oupouco exaustiva. Isso vai depender,fundamentalmente, dos objetivos e do tempodisponível. Como se trata de um exercício queexige grande nível de abstração, é importante tercuidado para não causar cansaço aos participantes.

4A variação mais significativa refere-se a umaoutra forma de condução da técnica e,consequentemente, ao seuresultado final. Nesta forma deuso, um grupo, um projetoou uma idéia éposicionado(a), desde oinício, no centro do espaçodisponível. Os círculos,também representandogrupos formais ou informais,irão sendo localizados noespaço, de acordo com a maior

57

ae captarnças

ros: com adaqui a ‘X’e por meio dadesenho estejasonhos eeflexões mais

osnto de-los comças, pode

: pessoas ouas parcerias.

euldades nasm

½ @des Var ia ç ões

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 57

4Dificuldade de entendimento do que sãogrupos, formais ou informais. É importantenão dar exemplos relativos àquela realidade, paranão interferir no processo.

4Dificuldade de entendimento do que époder. O conceito é realmente complexo, masprocura-se simplificar, relacionando-o com afacilidade de se conseguir o que se quer, sejamesses objetivos valorizados ou não, pelosparticipantes da técnica. É importante lembrar quenem sempre o poder significa realização; às vezes,ele se exerce justamente pelo impedimento de quealgo aconteça. Por exemplo, uma administraçãopública municipal tem poder tanto de realizar,quanto de manter o município numa situação deestagnação.

4Equivocadamente, associar o tamanho docírculo ao número de componentes dogrupo (exemplo: número de associados, número defuncionários etc.), e não ao seu poder. Isso precisaser corrigido logo de início, quando ocorrer.

4O fato de existirem pessoas que, ao mesmotempo, fazem parte de dois ou mais grupos nãorepresenta que estes grupos sejamparceiros. É preciso olhar o grupo como um todo,enquanto um ator social, analisar quais são os seusobjetivos e ações, a existência ou não de parceriase o seu grau.

ou menor proximidade em relação a este elementocentral. O tamanho de cada do círculo será definidocom base na importância que aquele determinadogrupo tem para o elemento central. Por exemplo, aimportância que a Igreja tem para um dado projetoem uma localidade. Neste caso, a leitura finaltambém estará relacionada prioritariamente aoelemento central.

Obs.: Esta é uma ferramenta com umpotencial bem interessante, porém, é com-plexa e exige da moderação, bom domíniodos procedimentos de execução.

58

Problemas mais comuns

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 58

4Dificuldade de entendimento do que sãogrupos, formais ou informais. É importantenão dar exemplos relativos àquela realidade, paranão interferir no processo.

4Dificuldade de entendimento do que époder. O conceito é realmente complexo, masprocura-se simplificar, relacionando-o com afacilidade de se conseguir o que se quer, sejamesses objetivos valorizados ou não, pelosparticipantes da técnica. É importante lembrar quenem sempre o poder significa realização; às vezes,ele se exerce justamente pelo impedimento de quealgo aconteça. Por exemplo, uma administraçãopública municipal tem poder tanto de realizar,quanto de manter o município numa situação deestagnação.

4Equivocadamente, associar o tamanho docírculo ao número de componentes dogrupo (exemplo: número de associados, número defuncionários etc.), e não ao seu poder. Isso precisaser corrigido logo de início, quando ocorrer.

4O fato de existirem pessoas que, ao mesmotempo, fazem parte de dois ou mais grupos nãorepresenta que estes grupos sejamparceiros. É preciso olhar o grupo como um todo,enquanto um ator social, analisar quais são os seusobjetivos e ações, a existência ou não de parceriase o seu grau.

59

este elementoo será definido determinadoPor exemplo, am dado projetoura finalmente ao

m umém, é com-m domínio

o.

VProblemas mais comuns

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 59

Características marcantes

4Permite estabelecer relações de comparação

4Possibilita identificar critérios de avaliação

4Possibilita o detalhamento de informações

4Pode ser utilizada para avaliar potencialidades

MatrizComparativa

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 60

Características marcantes

4Permite estabelecer relações de comparação

4Possibilita identificar critérios de avaliação

4Possibilita o detalhamento de informações

4Pode ser utilizada para avaliar potencialidades

MatrizComparativa

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Trata-se de uma tabela na

qual, em um dos eixos, estão

os elementos a serem com-

parados e, no outro, os

critérios de comparação/

avaliação.

Geralmente, é riscada no

chão onde elementos sim-

bólicos quantitativos (pedras,

riscos, sementes, ou mesmo números arábicos) vão

sendo colocados. Os símbolos quantitativos serão

utilizados para atribuir “pontos” a cada um dos ele-

mentos, sob cada um dos critérios de avaliação,

separadamente.

Conforme o nome sugere, é ferramenta privilegiada

para comparações, permitindo também algumas

quantificações.

Além disso, é uma forma

de explicitar critérios

individuais de avali-

ação e, pelo

processo de dis-

cussão, definir

os critérios

mais relevantes

para o grupo.

Descr i ç ãoMat r iz Comparat i va

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Trata-se de uma tabela na

qual, em um dos eixos, estão

os elementos a serem com-

parados e, no outro, os

critérios de comparação/

avaliação.

Geralmente, é riscada no

chão onde elementos sim-

bólicos quantitativos (pedras,

riscos, sementes, ou mesmo números arábicos) vão

sendo colocados. Os símbolos quantitativos serão

utilizados para atribuir “pontos” a cada um dos ele-

mentos, sob cada um dos critérios de avaliação,

separadamente.

Conforme o nome sugere, é ferramenta privilegiada

para comparações, permitindo também algumas

quantificações.

Além disso, é uma forma

de explicitar critérios

individuais de avali-

ação e, pelo

processo de dis-

cussão, definir

os critérios

mais relevantes

para o grupo.

63

“...é ferramentaprivilegiada paracomparações, permitindotambém algumasquantificações...”

D escr i ç ãoarat i va

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 63

cinco, representada por pedras ou outros símbolosque tenham mobilidade para serem facilmentealterados, caso a discussão leve a isso.

Feita a primeira pontuação, sempre negociada como grupo, parte-se para a segunda por meio da per-gunta: “ainda para este mesmo critério, qual é opior elemento?”. “Quantos pontos deve receber?”(tendo em vista a pontuação anteriormente dadaao melhor elemento).

Prossegue-se o preenchimento da linha, ou seja, aanálise comparativa sob o ponto de vista doprimeiro critério, atribuindo-se pontos aos demaiselementos em comparação e sempre fazendoreferência às pontuações já dadas, visando manterparâmetros coerentes de comparação.

Lembre-se de explorar as características de cadaum dos elementos, para além da simples pontu-ação.

Ao final, é possível somar os pontos atribuídos acada elemento para se ter um indicativo do poten-cial de cada um. Entretanto, para que esta avaliaçãoseja correta, será necessário propor ao grupo,atribuir pesos a cada um dos critérios. Para simpli-ficar, podem ser estabelecidos pesos de 1 a 3 e quedepois deverão ser multiplicados pelas pontuaçõesatribuídas a cada elemento, sob aquele determina-do critério, antes da soma final.

A técnica da matriz compa-rativa pode ser bem con-duzida praticamente emqualquer lugar, ao ar livreou em ambientes fechados.

O primeiro passo é a cons-trução dos eixos da matriz.Após riscar os dois eixos,coloca-se, na horizontal, os ele-mentos que serão comparados(exemplo: variedades de milho, espécies de plantas,atividades econômicas, bairros, formas de captaçãode água etc.).

O eixo vertical, de critérios, é construído a partirde perguntas que procuram identificar as caracterís-ticas de um “tipo ideal”. Por exemplo: “o que umavariedade de milho deve ter para ser consideradauma boa variedade?”.

As respostas devem ser bem discutidas para queexpressem a opinião do conjunto. Elas passarão aser a base para as comparações que se seguirão.

Construídos os eixos da matriz, parte-se para o seupreenchimento, ou seja, para a pontuação que éfeita da seguinte forma: para cada linha, ou seja,

para cada um doscritérios, coloca-se ini-cialmente a pergunta:“para este determinadocritério, qual é o melhorelemento?”. “Quantospontos deve receber?”.

Geralmente, emprega-seuma escala de zero a

64

“As respostas devemser bem discutidas

para que expressema opinião do

conjunto.“

O Processo de Construção

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 64

cinco, representada por pedras ou outros símbolosque tenham mobilidade para serem facilmentealterados, caso a discussão leve a isso.

Feita a primeira pontuação, sempre negociada como grupo, parte-se para a segunda por meio da per-gunta: “ainda para este mesmo critério, qual é opior elemento?”. “Quantos pontos deve receber?”(tendo em vista a pontuação anteriormente dadaao melhor elemento).

Prossegue-se o preenchimento da linha, ou seja, aanálise comparativa sob o ponto de vista doprimeiro critério, atribuindo-se pontos aos demaiselementos em comparação e sempre fazendoreferência às pontuações já dadas, visando manterparâmetros coerentes de comparação.

Lembre-se de explorar as características de cadaum dos elementos, para além da simples pontu-ação.

Ao final, é possível somar os pontos atribuídos acada elemento para se ter um indicativo do poten-cial de cada um. Entretanto, para que esta avaliaçãoseja correta, será necessário propor ao grupo,atribuir pesos a cada um dos critérios. Para simpli-ficar, podem ser estabelecidos pesos de 1 a 3 e quedepois deverão ser multiplicados pelas pontuaçõesatribuídas a cada elemento, sob aquele determina-do critério, antes da soma final.

65

M a t r i z C o m p a r a t i v a

es de plantas,s de captação

uído a partirr as caracterís-“o que uma considerada

as para ques passarão ase seguirão.

-se para o seuação que éa, ou seja,um dosoloca-se ini-a pergunta: determinado

ual é o melhor”. “Quantosve receber?”.

te, emprega-sea de zero a

nstrução

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 65

4Matriz Histórica: É uma matriz

onde, no eixo horizontal, estão

períodos históricos e na vertical,

aspectos da realidade que se deseja

analisar. Empregada desta forma, a

ferramenta permite analisar a

evolução histórica de determinados

aspectos (exemplo: cobertura vegetal,

relações de trabalho, violência, qualidade de vida,

número de pessoas etc.).

Os marcos históricos significativos podem ser iden-tificados durante a realização de uma outra técnica,como a do Mapa Falado ou do Diagrama de Venn,por ocasião da pergunta: “sempre foi assim?”.

O eixo vertical, com os diversos aspectos da reali-dade, não se constrói através da identificação deum “tipo ideal”, mas são apontados pelo grupoe/ou pesquisadores.

Na Matriz Histórica, o preenchimento das inter-seções da tabela pode ser uma pontuação ou umasíntese das informações que caracterizam aqueledeterminado aspecto, naquela determinada época.

Para permitir pontuações, os aspectos teriam queser decompostos em parâmetros quantitativos. Porexemplo, um aspecto como “relações de trabalho”precisaria ser decomposto em “presença deassalariados”, “presença de parceiros” e outros. Istoporque não seria possível perguntar “em que épocatinha mais ou menos relações de trabalho, e sim“assalariados, parceiros etc.”.

66

½Possibil idades4Sistematização / ordenamento deinformações: de forma clássica e também aqui, a

matriz pode ser utilizada para sistematizar as

informações coletadas. Para

síntese das informações, pode-se

facilmente imaginar uma matriz

onde, em um eixo, estejam as

comunidades rurais ou os

bairros da cidade, e no outro, os

pontos do roteiro de

sistematização.

4Definição de prioridades para a ação:situações onde os elementos para comparação são

possíveis ações de projetos, organizações, entre

outras. Nestes casos, os critérios de importância

são definidos pelo próprio

grupo, na mesma lógica de

construção de um tipo ideal -

no caso, uma ação “ideal”

(aquela que tenha, por exemplo

alcance, parceiros, suporte

técnico, viabilidade técnica,

retorno rápido etc.).

4Visão quantitativa dealgumas informações: noção

de intensidade e obtenção de

dados quantitativos de alguns

aspectos analisados.

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 66

67

uma matriz

al, estão

na vertical,

que se deseja

desta forma, a

nalisar a

eterminados

ra vegetal,

ade de vida,

dem ser iden- outra técnica,ama de Venn,assim?”.

ctos da reali-tificação deelo grupo

o das inter-uação ou umazam aquele

minada época.

s teriam quentitativos. Por de trabalho”nça dee outros. Istoem que época

balho, e sim

½des

M a t r i z C o m p a r a t i v a

4Sistematização / ordenamento deinformações: de forma clássica e também aqui, a

matriz pode ser utilizada para sistematizar as

informações coletadas. Para

síntese das informações, pode-se

facilmente imaginar uma matriz

onde, em um eixo, estejam as

comunidades rurais ou os

bairros da cidade, e no outro, os

pontos do roteiro de

sistematização.

4Definição de prioridades para a ação:situações onde os elementos para comparação são

possíveis ações de projetos, organizações, entre

outras. Nestes casos, os critérios de importância

são definidos pelo próprio

grupo, na mesma lógica de

construção de um tipo ideal -

no caso, uma ação “ideal”

(aquela que tenha, por exemplo

alcance, parceiros, suporte

técnico, viabilidade técnica,

retorno rápido etc.).

4Visão quantitativa dealgumas informações: noção

de intensidade e obtenção de

dados quantitativos de alguns

aspectos analisados.

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4Por ocasião da atribuição de pesos aos critérios,

pode acontecer uma certa dispersão pordificuldade de entendimento.Terá que ser

avaliado, caso a caso, a pertinência (e também a

necessidade) de se fazer a soma dos pontos

atribuídos.

4No levantamento do tipo “ideal”, podem surgir

“critérios negativos”, que devem ser, de

imediato, transformados em critérios “positivos”.

Por exemplo, no caso de uma variedade de milho,

o critério “não apresentar doenças” deve ser

modificado para “resistência às doenças”, a fim de

que a escala numérica crescente corresponda a um

julgamento cada vez mais favorável .

4Uma variação da matriz

histórica é uma ferramenta

conhecida por “Linha do

Tempo”. No caso, a ordem

cronológica tem

preponderância na discussão e

a principal pergunta norteadora

é: “quais são os fatos marcantes desta

realidade?”. Conforme são lembrados, os fatos são

representados e localizados em uma reta traçada

no sentido horizontal.Trata-se, então, de

caracterizar cada evento, construindo assim uma

visualização da história daquela determinada

sociedade, instituição, projeto etc.

4Embora ainda não utilizado por nós, pode-se

imaginar uma situação em que os critérios

valorizados sejam os negativos, provocando um

procedimento inverso. Como em uma matriz de

problemas, por exemplo, na qual o que se deseje

identificar sejam os piores problemas, permitindo

uma reflexão sobre ameaças e riscos.

68

@Var ia ç ões Problemas mais comuns

guiaDRP13.12 11/24/06 3:53 PM Page 68

4Por ocasião da atribuição de pesos aos critérios,

pode acontecer uma certa dispersão pordificuldade de entendimento.Terá que ser

avaliado, caso a caso, a pertinência (e também a

necessidade) de se fazer a soma dos pontos

atribuídos.

4No levantamento do tipo “ideal”, podem surgir

“critérios negativos”, que devem ser, de

imediato, transformados em critérios “positivos”.

Por exemplo, no caso de uma variedade de milho,

o critério “não apresentar doenças” deve ser

modificado para “resistência às doenças”, a fim de

que a escala numérica crescente corresponda a um

julgamento cada vez mais favorável .

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, os fatos são

reta traçada

de

assim uma

minada

ós, pode-se

érios

cando um

ma matriz de

ue se deseje

permitindo

@ VProblemas mais comuns

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De voltaao começo

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De voltaao começo

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Queremos, por fim, retomar as idéiasiniciais que inspiraram este guia. Se oque se pretende é a promoção dediálogos que permitam trocas e cons-truções coletivas, o desafio apresenta-do não é o de construir um mapa, umcalendário, uma matriz ou um diagrama.Trata-se de um desafio pedagógico, ou seja,propiciar uma reflexão que leve a uma análise críticada realidade e gere uma tomada de postura ativadiante desta mesma realidade.

Paulo Freire mais uma vez nos ajuda a compreen-der a complexidade e os detalhes deste desafio. Eleparte da constatação de que o mero reconheci-mento da realidade vivida não leva a uma inserçãoe não conduz a nenhuma transformação da reali-dade objetiva, caso não ocorra um processo deanálise crítica da realidade. O grande diferencialencontra-se no grau de problematização que oindivíduo e o grupo vivenciam, pois é por meio da

problematização deuma realidade vividaque se torna possívelimaginá-la diferente,construída, planejada.Torna-se possível, naspalavras de Freire(1987), desvendar o“inédito viável’, ou seja,aquilo que ainda nãoexiste (é inédito), mas

De volta ao começo

“Trata-se de umdesafio pedagógico,ou seja, propiciar

uma reflexão queleve a uma análise

crítica darealidade...”

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Queremos, por fim, retomar as idéiasiniciais que inspiraram este guia. Se oque se pretende é a promoção dediálogos que permitam trocas e cons-truções coletivas, o desafio apresenta-do não é o de construir um mapa, umcalendário, uma matriz ou um diagrama.Trata-se de um desafio pedagógico, ou seja,propiciar uma reflexão que leve a uma análise críticada realidade e gere uma tomada de postura ativadiante desta mesma realidade.

Paulo Freire mais uma vez nos ajuda a compreen-der a complexidade e os detalhes deste desafio. Eleparte da constatação de que o mero reconheci-mento da realidade vivida não leva a uma inserçãoe não conduz a nenhuma transformação da reali-dade objetiva, caso não ocorra um processo deanálise crítica da realidade. O grande diferencialencontra-se no grau de problematização que oindivíduo e o grupo vivenciam, pois é por meio da

problematização deuma realidade vividaque se torna possívelimaginá-la diferente,construída, planejada.Torna-se possível, naspalavras de Freire(1987), desvendar o“inédito viável’, ou seja,aquilo que ainda nãoexiste (é inédito), mas

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De volta ao começo

“Trata-se de umdesafio pedagógico,ou seja, propiciar

uma reflexão queleve a uma análise

crítica darealidade...”

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As ferramentas de diálogo aqui apresentadastêm forte potencial para permitir estatematização. Sua natureza relativa-mente formal, ou seja, semi-estrutura-da possibilita a visualização das partesno todo e do todo decomposto empartes. Desta “decomposição”,emergem as relações e as interaçõesque, se problematizadas e “ad-miradas”,tornam-se passíveis de transformação através daconstrução do sonho, do projeto, do “inéditoviável” coletivo, muitas vezes, registrado em umplano de ação devidamente pactuado.

Uma pesquisa realizada sobre as potencialidades elimitações do uso do DRP em processos deDesenvolvimento Local revelou que as ferramentasutilizadas são “bons instrumentos de codificação edecodificação da realidade; apresentam grandepotencial de ‘mediatizar’ o debate em torno de umarealidade, especialmente porque são construídas aolongo de um diálogo; permitem a visualização daspartes no todo; exercem um papel importante navisualização das informações que estão sendo dis-cutidas e problematizadas pelo grupo; são simples,de boa aceitação e favorecem a expressão dasopiniões individuais. Porém, são também forte-mente dependentes da habilidade, dos propósitos edos valores éticos de quem as utiliza” (FARIA,2000:81). É necessário, portanto, um bom conheci-mento das técnicas e, principalmente, disposição ehabilidade para a construção de diálogos francos eprodutivos.

que se torna possível (viável) inicialmente na imagi-nação do(s) indivíduo(s).

A problematização da realidade vivida traz a per-cepção das razões que tornam aquela situação, umarealidade. E, portanto, revela esta realidade comotransitória, dependente da ação do(s) indivíduo(s).Esta “tomada de consciência” é o objetivo final e éela que possibilita ao indivíduo inserir-se no proces-so histórico como sujeito, e o inscreve na busca desua afirmação enquanto pessoa (FREIRE: 1987).

Metodologicamente falando, a problematizaçãoadvém de um processo de tematização da reali-dade, compreendido como o esforço de proporaos indivíduos dimensões significativas de sua reali-dade, de tal forma que a reflexão e análise críticalhes permitam reconhecer a interação entre aspartes e o todo que compõe a realidade. Tematizaré, no pensamento de Paulo Freire (1987) e seusseguidores, um ato de admiração, um ato de“ad-mirar”, ou seja, “mirar de longe” a realidade vivi-da, abstrair, refletir, entender e imaginar diferente.

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As ferramentas de diálogo aqui apresentadastêm forte potencial para permitir estatematização. Sua natureza relativa-mente formal, ou seja, semi-estrutura-da possibilita a visualização das partesno todo e do todo decomposto empartes. Desta “decomposição”,emergem as relações e as interaçõesque, se problematizadas e “ad-miradas”,tornam-se passíveis de transformação através daconstrução do sonho, do projeto, do “inéditoviável” coletivo, muitas vezes, registrado em umplano de ação devidamente pactuado.

Uma pesquisa realizada sobre as potencialidades elimitações do uso do DRP em processos deDesenvolvimento Local revelou que as ferramentasutilizadas são “bons instrumentos de codificação edecodificação da realidade; apresentam grandepotencial de ‘mediatizar’ o debate em torno de umarealidade, especialmente porque são construídas aolongo de um diálogo; permitem a visualização daspartes no todo; exercem um papel importante navisualização das informações que estão sendo dis-cutidas e problematizadas pelo grupo; são simples,de boa aceitação e favorecem a expressão dasopiniões individuais. Porém, são também forte-mente dependentes da habilidade, dos propósitos edos valores éticos de quem as utiliza” (FARIA,2000:81). É necessário, portanto, um bom conheci-mento das técnicas e, principalmente, disposição ehabilidade para a construção de diálogos francos eprodutivos.

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D e v o l t a a o c o m e ç o

ente na imagi-

a traz a per-a situação, umadade como indivíduo(s).etivo final e é-se no proces-e na busca deRE: 1987).

matizaçãoão da reali- de propor de sua reali-nálise críticao entre asade. Tematizar

987) e seus ato de realidade vivi-

ar diferente.

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Referências Bibliográficas

CHAMBERS, R.The origins and practice of participa-tory rural appraisal.World Development, v. 22, n. 7,p. 953-969, 1994.

CONWAY, G.R. Análise participativa para o desen-volvimento agrícola sustentável. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1993.

FARIA, A. A. C. O uso do diagnóstico rural partici-pativo em processos de desenvolvimento local: umestudo de caso. Viçosa: UFV, 2000. 111 p.

FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? 8. ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1983. 93 p.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17 ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987. 184 p.

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Qualificando o uso das Técnicas de DRP Diagnóstico Rural Participativo

Ferramentas de Diálogo

Andréa Alice da Cunha FariaPaulo Sérgio Ferreira Neto