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Brasília, novembro de 2011

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Publicado pelas Nações Unidas no Brasil.

© ONU 2011

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Escritório da Coordenação das Nações Unidas no Brasil

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70670-350 - Brasília – DF

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Impresso no Brasil

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Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................5

1. INTRODUÇÃO – RACISMO, DISCRIMINAÇÃO E ACESSO À JUSTIÇA ........................................................9

2. MARCO LEGAL BRASILEIRO PARA CRIMINALIZAÇÃO DO RACISMO E DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL .........................................................................................................................13

2.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988............................................................................................................14

2.2 LEI CAÓ: LEI Nº 7.716, DE 05 DE JANEIRO DE 1989.................................................................................15

2.3 INJÚRIA RACIAL: LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997 ......................................................................16

2.4 ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL: Lei nº 12.288 de 20 de julho de 2010 ....................................16

3. SISTEMAS DE PROTEÇÃO NO BRASIL: QUAIS SÃO E COMO UTILIZÁ-LOS?............................................19

3.1 DELEGACIAS ESPECIALIZADAS NO COMBATE À DISCRIMINAÇÃO RACIAL.....................................20

3.2 DEFENSORIAS PÚBLICAS NOS ESTADOS.................................................................................................22

3.3 NÚCLEOS ESPECIALIZADOS NA DEFENSORIA DE DISCRIMINAÇÃO E PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................................................22

3.4 PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO (PFDC) .....................................................27

3.5 PROCURADORIAS REGIONAIS DOS DIREITOS DO CIDADÃO (PRDCS)............................................29

3.6 OUVIDORIA DA SECRETARIA DE POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (SEPPIR) ....................................................................................................................29

3.7 OUVIDORIA-GERAL DA CIDADANIA DA SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS...............................................................................................................................30

3.8 COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E MINORIAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (CDHM) ................................................................................................................................31

3.9 CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DA PESSOA HUMANA (CDDPH) .......................................32

3.10 CONSELHO NACIONAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (CNPIR) ...................................33

3.11 CONSELHO NACIONAL DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO (CNCD) ................................................34

4. SISTEMAS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAIS...............................................................................................37

4.1 CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL.....................................................................................................37

4.2 SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS.......................................38

4.3 COMISSÃO INTERAMERICANA DOS DIREITOS HUMANOS ..............................................................39

4.4 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO..............................................................................40

4.5 CONFERÊNCIA DE REVISÃO DE DURBAN .............................................................................................41

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................................43

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Apresentação

Em junho de 2009, durante a II Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial(II CONAPIR), em Brasília, o Grupo Temático Interagencial de Gênero e Raça das NaçõesUnidas no Brasil promoveu o evento Diálogos com a ONU pela Igualdade Racial, com oobjetivo de fomentar troca de informações e experiências sobre a equidade racial entreo Sistema ONU no Brasil e a sociedade civil brasileira organizada.

O evento, que reuniu mais de 250 lideranças de todo o território nacional, consistiuem espaço inovador para os organismos das Nações Unidas debaterem com a sociedadecivil os desafios da política de promoção da igualdade racial no Brasil de maneira aidentificar diferentes formas de colaboração e intensificar o apoio ao governo.

O “Guia de orientação das Nações Unidas no Brasil para denúncias de discriminaçãoétnico-racial” é uma resposta às demandas da sociedade civil identificadas duranteesse evento.

A publicação, de linguagem simples e amigável, pretende orientar o cidadão e acidadã na busca dos seus direitos em casos de discriminação étnica e racial sofridas noBrasil, fortalecendo, assim, os canais de comunicação entre o Sistema ONU e a sociedadecivil.

Organizado em cinco capítulos, o Guia apresenta abordagem introdutória e abran-gente do conjunto de instrumentos e mecanismos internacionais e nacionais existentespara cada cidadão e cidadã no tema da violação dos direitos à igualdade étnico-racial.Com informações que compreendem desde o marco legal brasileiro e internacional, noâmbito dessa temática, até endereços de órgãos de atendimento à população nosestados e nas capitais, o Guia reúne, entre outras coisas, orientações sobre comoapresentar denúncias de discriminação e racismo no sistema interamericano.

Com esta publicação, importante iniciativa no marco do Ano Internacional dos PovosAfrodescendentes no Brasil, as Nações Unidas esperam contribuir com a sociedade e ogoverno brasileiro em prol da redução das desigualdades raciais, étnicas, de gênero epara o efetivo alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Jorge Chediek

Coordenador ResidenteNações Unidas no Brasil

Rebecca Reichmann Tavares

Representante ONU Mulheres BrasilDiretora Regional para Cone Sul

Presidente do GT Gênero e Raça da ONU no Brasil

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1. Introdução

Racismo, discriminação e acesso à justiça

Apesar dos importantes avanços obtidos em todos os setores do desenvolvimento,persistem no Brasil as desigualdades raciais, étnicas e de gênero.

O mito da democracia racial, presente no imaginário da população brasileira –baseado na crença de que o Brasil não experimenta o racismo e a discriminação racialobservados em outros países, especialmente os Estados Unidos–, tende a naturalizar osespaços subordinados que negros e indígenas ocupam na sociedade e diminui apercepção que temos das relações de poder entre a população branca e negra. Aconsequência é uma sociedade em que o racismo e as desigualdades sociais deleresultantes não se debatem e parecem não existir. A permanência dessa ideologia éum dos fatores, como veremos posteriormente, que dificultam o processamento decrimes raciais.

No decorrer das quatro últimas décadas, o Brasil tornou-se uma das maiores eco-nomias do mundo. Com o crescimento econômico, caiu o analfabetismo, a populaçãotornou-se em sua maioria urbana, e o sistema de ensino superior passou por grandeexpansão. De forma geral, as desigualdades diminuíram como resultado de novaspolíticas salariais e criação de políticas universais de transferência de renda, aliadas aocrescimento industrial do país.

Apesar desses avanços, as disparidades raciais persistem e, em alguns aspectos,aumentam. A expansão do ensino superior (importante motor do crescimento econô-mico) durante o período, ao beneficiar desproporcionalmente a população branca,produziu crescente lacuna no acesso à educação, especialmente no nível universitário(TELLES, 2004, p. 138; CEPAL, 2008). Medidas desta década, como ações afirmativasimplementadas por algumas universidades federais e programas como o ProgramaUniversidade para Todos (PROUNI), que têm garantido o acesso ao ensino superior de

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muitos jovens negros e negras, são bem-vindas, mas não eliminam o problema dadiscriminação, em todos os seus aspectos.

A persistência das desigualdades de raça, etnia e gênero, especialmente no tocanteao ensino superior e, consequentemente, ao acesso às melhores posições e salários domercado de trabalho, impede a plena realização da democracia e o progresso do país,em direção aos seus objetivos de desenvolvimento. Com quase metade da sua populaçãocom dificuldade de acesso a oportunidades iguais que possam ampliar as suaspotencialidades, todo o processo de desenvolvimento do país fica prejudicado.

Diversos estudos acadêmicos realizados desde a Constituição Federal de 1998 têmevidenciado as dificuldades enfrentadas pela população negra e indígena em obteracesso satisfatório à justiça e fazer uso dos recursos jurídicos e administrativos exis-tentes e disponíveis no Brasil.

Os processos de discriminação étnica e racial, histórica e contemporaneamente aindasofrida por indígenas e negros no Brasil, são efeitos de uma estrutura social que sefundamenta em uma ideologia racista e sexista. O racismo, combustível que alimentaessa estrutura de desigualdades, expressando-se no dia a dia das relações interpessoais,dificulta o acesso da população negra e indígena a bens e serviços públicos, mercado detrabalho e ensino superior. Impede, também, que ela goze plenamente de seus direitoscivis, sociais e econômicos. São decisões diárias, tomadas dentro de uma estrutura sociale simbólica onde a cor da pele ainda é um determinante importante.

O acesso à justiça, por parte dessas populações, fica, portanto, comprometido. Empesquisa realizada nos anos de 1990 sobre discriminação racial e justiça criminal noEstado de São Paulo, revelou-se que os réus negros tendem a ser mais perseguidos pelavigilância policial, encontram maiores obstáculos no acesso à justiça criminal e maioresdificuldades de fazer uso do direito de ampla defesa assegurado pelas normasconstitucionais vigentes. Por causa disso, tendem a merecer tratamento penal maisrigoroso, representado pela maior probabilidade de serem punidos, comparativamenteaos réus brancos (ADORNO, 1996, p. 273).

Compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasileiro

O Brasil é signatário de todas as declarações, os tratados e os acordos internacionaiselaborados consensualmente por boa parte dos países para a proteção e a promoçãodos direitos humanos e do desenvolvimento. Isso inclui aqueles que versam sobre ocombate às desigualdades, desde os mais gerais, como a Declaração Universal dosDireitos Humanos (1948), até os mais específicos, como a Convenção Internacional sobrea Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (1966). São eles 1:1 Disponível em <http://www2.mre.gov.br/dai/quadros.htm>. Acessado em 10/12/2009.

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≈ Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).≈ Convenção Interamericana sobre a Concessão dos Direitos Civis a Mulher (1948).≈ Convenção sobre os Direitos Políticos da Mulher (1953).≈ Convenção nº 111 da Organização Internacional do Trabalho sobre Discrimi-nação em Matéria de Emprego e Ocupação (1958).≈ Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-criminação Racial (1965).≈ Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966).≈ Convenção nº 100 sobre Igualdade de Remuneração de Homens e MulheresTrabalhadores por Trabalho de Igual Valor (1951).≈ Convenção Relativa à Luta contra a Discriminação no Ensino (1967). ≈ Convenção Americana sobre Direitos Humanos (1969).≈ Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contraas Mulheres (1979).≈ Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desu-manos ou Degradantes (1984).≈ Convenção sobre os Direitos da Criança (1989).≈ Convenção nº169 da Organização Internacional do Trabalho sobre PovosIndígenas e Tribais (1989).≈ Declaração dos Direitos das Pessoas Pertencentes a Minorias NacionaisÉtnicas Religiosas e Lingüísticas (1992).≈ Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a ViolênciaContra a Mulher (1994).≈ Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas deDiscriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (1999).≈ Declaração e Plano de Ação de Durban (2001).≈ Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007).≈ Documento Final da Conferência de Revisão de Durban (2009).

Apesar de todos esses avanços, as dificuldades de acesso ao sistema de justiçadesencorajam cidadãos lesados em seus direitos a procurá-lo. As razões para isso seriamdesde a descrença na lei e nas instituições judiciais até a banalização da violência(SADECK 2001, p. 7). A população negra e indígena ainda encontra dificuldades para sabercomo acessar seus direitos, devido às deficiências na prestação jurisdicional pelo Estado,à falta de informação e ao preconceito e à discriminação existentes no sistema de justiça,produto do racismo institucional.

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Em 2006, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agênciade Cooperação Técnica do Ministério Britânico para o Desenvolvimento Internacional eRedução da Pobreza criaram o Programa de Combate ao Racismo Institucional, paracapacitar gestores públicos na promoção da igualdade racial e superar noções de que apobreza é resultado apenas da desigualdade econômica. O racismo institucional é

o fracasso das instituições e das organizações em promover serviçoprofissional e adequado às pessoas, em decorrência de sua cor,cultura, origem racial ou étnica. Manifesta-se por meio de normas,práticas e comportamentos discriminatórios adotados no cotidianode trabalho (PNUD, 2006).

Naturalizadas nas estruturas e nos procedimentos das organizações, as práticasdiscriminatórias que caracterizam o racismo institucional impedem que as políticasuniversais nas instituições públicas sejam de fato igualitárias, atendendo, de formadiferenciada, grupos historicamente discriminados na nossa sociedade. Daí, a impor-tância de o cidadão e a cidadã que se sentirem lesados fazerem valer seus direitos,registrando ocorrências e acompanhando de perto o andamento dos processos dos quaisfaçam parte.

Este Guia das Nações Unidas no Brasil é uma fonte de orientações sobre como e aquais instituições recorrer nos casos de discriminação étnico-racial sofridas. Ele propõe-se a auxiliar cidadãos, cidadãs e entidades de defesa dos direitos humanos a encontraros mecanismos e os procedimentos disponíveis na legislação brasileira e no sistemainternacional para o encaminhamento das questões de violação dos direitos humanos.

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2. Marco legal brasileiro para criminalização do racismo e da discriminação racial

2.1 Constituição Federal de 1988O aperfeiçoamento legal deu-se após a promulgação da Constituição Federal de 1988,

que estabeleceu, em seu artigo 5º, que “a prática do racismo constitui crime inafiançávele imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”.

A Constituição estabeleceu ainda outras disposições importantes, na área de combateao racismo e à discriminação e, até mesmo, sobre a garantia de direitos das comunidadesquilombolas:

Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Federativado Brasil:IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo,cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relaçõesinternacionais pelos seguintes princípios:II - prevalência dos direitos humanos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;Art. 7º - XXX - proibição de diferença de salários, de exercício defunções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ouestado civil;Art. 215. § 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturaspopulares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros gruposparticipantes do processo civilizatório nacional.Art. 216. § 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítiosdetentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.ADCT - Art. 68 - Aos remanescentes das comunidades dos quilombosque estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedadedefinitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.

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2.2 Lei Caó: Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989Para regulamentar a disposição constitucional, em 1989, foi promulgada a Lei nº 7.716,

mais conhecida como Lei Caó, em que são definidos os crimes resultantes de preconceitode raça ou de cor. A Constituição já era explícita, ao repudiar o racismo como uma práticasocial, considerando-o crime imprescritível2 e inafiançável3 .

Além de criminalizar as condutas anteriormente consideradas como contravenção, aLei Caó criou novos tipos penais e estabeleceu penas mais severas. Pode-se dizer que aLei possui três grupos de condutas consideradas como crime racial:

• Impedir, negar ou recusar o acesso de alguém a: emprego, estabelecimentoscomerciais, escolas, hotéis, restaurantes, bares, estabelecimentos esportivos,cabeleireiros, entradas sociais de edifícios e elevadores, uso de transportes públicos,serviço em qualquer ramo das Forças Armadas;

• Impedir ou obstar o casamento ou convivência familiar e social;

• Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia,religião ou procedência nacional, incluindo a utilização de meios de comunicaçãosocial (rádio, televisão, internet etc.) ou publicação de qualquer natureza (livro,jornal, revista, folheto etc.).

Embora não esteja previsto na lei, é importante destacar que o crime de racismotambém pode acontecer por meio da internet. Em 2009, uma decisão do Tribunal deJustiça do Distrito Federal (TJDF) condenou um réu pela prática de crime de racismo nosite de relacionamento Orkut4 .

2.3 Injúria Racial: Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997A Lei nº 9.459/1997 ampliou a abrangência da Lei Caó, ao incluir, no artigo 1º, a punição

pelos crimes resultantes de discriminação e preconceito de etnia, religião e procedêncianacional. Também incluiu, em seu artigo 20, tipo penal mais genérico para o crime depreconceito e discriminação: “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceitode raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

2 Crime imprescritível é aquele que a denúncia pode acontecer em qualquer momento, mesmo depois de muitos anos após arealização da ação discriminatória.3 Crime inafiançável é aquele que não permite a liberdade provisória para o acusado, mediante o pagamento de fiança.4 Em 3 de setembro de 2009, a 2ª Turma Criminal do TJDF condenou Marcelo Valle Silveira Mello à pena de um ano e dois meses dereclusão, em regime inicialmente aberto, mais sete dias-multa, pela prática do crime de racismo contra negros no Orkut (processonº 2005.01.1.076701-6). Ele usou palavras ofensivas em mensagens postadas em um espaço de discussões criado por estudantes daUniversidade de Brasília, para debater a reserva de vagas de alunos cotistas.

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A Lei nº 9.459/1997 ainda criou um tipo qualificado de injúria no Código Penal (injúriaracial), por meio da inclusão do parágrafo 3º ao artigo 140 do Código. Embora a criaçãodo crime de injúria racial não tenha alterado a Lei Caó, ela provocou grande impacto noprocessamento dos crimes raciais no país.

O crime de injúria é crime contra a honra de uma pessoa. Ele acontece, quandoalguém ofende a dignidade ou o decoro de um indivíduo. Em sua forma qualificada,também conhecida como injúria racial, a pena é agravada, com reclusão de um a trêsanos e aplicação de multa.

A injúria racial é constatada, quando o ofensor se refere à raça, à cor, à etnia, à religião,à origem ou mesmo à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência5 .

A principal diferença entre o crime de discriminação racial previsto na Lei Caó e ocrime de injúria qualificada é o procedimento para ajuizar-se a ação criminal. Enquantoque, nos crimes de discriminação, a iniciativa de proposição da ação é do MinistérioPúblico, uma vez que se trata de crimes de ação pública, nos crimes de injúria, a ação aser proposta é de iniciativa privada e exige a contratação de advogado, e o prazo paraajuizamento da ação é de seis meses. As diferentes formas de acionar a justiça criminalàs vezes dificultam a condenação do réu por crime racial, além de provocarem certaconfusão, no âmbito do processamento dos crimes raciais.

Embora a existência de uma forma qualificada de injúria, no caso de ofensas àraça/cor do ofendido, tenha possibilitado o ajuizamento de novas ações na justiça penal,incluindo ações indenizatórias na justiça cível, ela causou enfraquecimento dapossibilidade de criminalização de atos racistas, de acordo com a Lei Caó. Isso porque,em alguns casos, há tribunais que promoveram uma reclassificação jurídica: a ocorrênciadeixou de ser crime racial enquadrado na Lei Caó, que prevê a imprescritibilidade, epassou a ser considerada um crime de injúria racial, o que, na prática, resultou naimpossibilidade de condenação do réu, caso o prazo para o ajuizamento da ação penalprivada acabesse. Casos assim estão registrados no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Para se ter uma ideia da dificuldade de qualificação de uma denúncia de crime racial,uma pesquisa realizada por Sales Júnior (2006), na região metropolitana do Recife,apontou que, de um total de 53 inquéritos policiais concluídos entre 1998 e 2005, 59,62%foram classificados pela polícia como crime de racismo, e 40,38%, como injúria racial.Quando os inquéritos chegaram ao Ministério Público para que fossem ajuizadas açõespenais, os fatos foram reclassificados da seguinte forma: 69,44% dos casos foramconsiderados injúria racial; 25%, crime de racismo (Lei Caó); e 5,56%, outros.

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5 Essas duas últimas inclusões foram acrescentadas pela Lei nº 10.741/2003.

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Como as formas de processamento das ações penais por crime racial e por injúriaracial são diferentes, essa dificuldade de classificação de condutas discriminatórias, que,muitas vezes, é intencional, tende a beneficiar a impunidade.

Dentre os benefícios oriundos do aperfeiçoamento das leis, vale mencionar que asações discriminatórias sofridas por negros e indígenas no Brasil, além de configuraremcrimes, passíveis de sanção penal, também podem ensejar reparação e indenização civilda vítima por danos morais. Nesse caso, é necessário que o cidadão e a cidadã lesadosingressem com uma ação na justiça cível, provando o vínculo entre a discriminação e oracismo sofridos e os danos pessoais (humilhação, exposição, sofrimento) resultantesda ação discriminatória. Ou seja, o vínculo existente entre a conduta do ofensor e oresultado por ela produzido.

2.4 Estatuto da Igualdade Racial: Lei nº 12.288 de 20 de julho de 2010

Em 20 de julho de 2010 foi sancionado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva,o Estatuto da Igualdade Racial - Lei nº 12.288/2010. Este dispositivo legal foi instituídocom o principal objetivo de garantir à população negra a efetiva igualdade deoportunidades na sociedade brasileira, a defesa dos seus direitos individuais e coletivos,além do combate à discriminação e às demais formas de intolerância.

Após quase 10 anos de tramitação no Congresso Nacional, o Estatuto é o principalmarco legal para o enfrentamento da discriminação racial e das desigualdadesestruturais de raça que afetam homens e mulheres afro-brasileiros. Constitui-se, dessaforma, em um instrumento para garantia dos direitos fundamentais desse segmento,especialmente no que diz respeito a saúde, educação, cultura, esporte e lazer,comunicação, participação, trabalho, liberdade de consciência e de crença; acesso à terrae à moradia; além dos temas da proteção, do acesso à justiça e à segurança.

Em seu capítulo IV, o Estatuto da Igualdade Racial, doutrina sobre as instituiçõesresponsáveis pelo acolhimento de denúncias de discriminação racial e orienta cadapessoa sobre os mecanismos institucionais existentes que tem como finalidadeassegurar a aplicação efetiva dos dispositivos previstos em lei.

É portanto, hoje, a principal referência para enfrentamento ao racismo e a promoçãoda igualdade racial.

Nesta perspectiva destaca-se o que prevê o seu capitulo IV:

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CAPÍTULO IV - Das Ouvidorias Permanentes e do acesso à justiça e àsegurança

Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da lei e no âmbitodos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvidorias Permanentes em Defesada Igualdade Racial, para receber e encaminhar denúncias depreconceito e discriminação com base em etnia ou cor e acompanhar aimplementação de medidas para a promoção da igualdade.

Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica o acesso aosórgãos de Ouvidoria Permanente, à Defensoria Pública, ao MinistérioPúblico e ao Poder Judiciário, em todas as suas instâncias, para a garantiado cumprimento de seus direitos.

Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mulheres negras emsituação de violência, garantida a assistência física, psíquica, social ejurídica.

Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir a violênciapolicial incidente sobre a população negra.

Parágrafo único. O Estado implementará ações de ressocialização eproteção da juventude negra em conflito com a lei e exposta aexperiências de exclusão social.

Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de discriminação epreconceito praticados por servidores públicos em detrimento dapopulação negra, observado, no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de5 de janeiro de 1989.

Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ameaças de lesão aosinteresses da população negra decorrentes de situações de desigualdadeétnica, recorrer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública,disciplinada na Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.

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3. Sistemas de proteção no Brasil: quais são e como utilizá-los?

O Brasil possui órgãos de proteção e promoção dos direitos humanos, que, no entanto,nem sempre funcionam de forma articulada. Muitas vezes, o cidadão comum temdificuldade de localizar o órgão competente para encaminhar a sua denúncia. Issotambém se aplica às pessoas vítimas de racismo e discriminação.

Para a melhor orientação sobre os caminhos a percorrer, conheça a seguir ascompetências e os contatos dos principais órgãos públicos responsáveis peloencaminhamento de denúncias de violação dos direitos da população negra e indígena,nos casos de racismo e de discriminação étnica e racial. Antes de realizar uma denúncia,contudo, é importante que o denunciante tenha em mãos todos os detalhes do casovivenciado, como data, local e situação, e, se possível, os contatos de testemunhas queestavam presentes, quando a ação discriminatória foi realizada. Os contatos, por vezes,porém, não bastam: a disposição das testemunhas para confirmar as ocorrênciasrelatadas é fundamental para melhor sustentação das denúncias.

A primeira providência a ser tomada, no caso de violações de direitos individuais, éregistrar uma queixa em uma delegacia de polícia, seja ela especializada no combate àdiscriminação racial ou não. Essa medida é necessária, para que seja instalado o inquéritopolicial que irá apurar a existência, ou não, do crime.

Posteriormente, o caso poderá ser encaminhado à justiça. No caso de injúria racial,existe a necessidade de a proposição da ação penal acontecer no prazo de seis meses.Além disso, faz-se necessária a presença de advogado ou defensor público, caso a pessoanão tenha condições de arcar com os honorários de um advogado. Como já mencionado,também é possível a reparação civil pelos danos sofridos. No caso de crimes raciaisprevistos pela Lei Caó, vale lembrar que a competência para o ingresso da ação penal édo Ministério Público, nos estados.

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6 Direitos difusos são direitos amplos, caracterizados principalmente por sua indivisibilidade, ou seja, para que se satisfaça um deseus sujeitos, deve satisfazer-se a todos. Ex: respirar ar puro, viver em meio ambiente preservado, entre outros bens da vida quepertencem à massa de indivíduos.

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Nos casos de violações de direitos difusos6 e coletivos, como os das comunidadesquilombolas, e de veiculação de mensagens racistas nos meios de comunicação, éimportante que se procure as Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão nosestados, que têm promovido uma série de ações exemplares nesse sentido, além daDefensoria Pública da União e da própria Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.No caso de discriminação existente no mercado de trabalho, o órgão a ser contatado é oMinistério Público do Trabalho.

Por último, recorra a órgãos no âmbito do poder executivo (da União, dos estados,distrito federal e dos municípios), como os conselhos de direitos e ouvidorias, e àscomissões de direitos humanos do Congresso Nacional, das assembleias estaduais e dascâmaras municipais. Caso a violação não seja punida por meio das instituiçõesnacionais, é necessário acionar os mecanismos internacionais, para garantir a puniçãoe as reparações que se fizerem necessárias. Essas instâncias podem ser muito úteis comoorientação e pressão para a efetiva realização da justiça, em favor das vítimas de racismoe discriminação.

3.1 Delegacias especializadas no combate à discriminação racialO governo federal, representado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade

Racial (SEPPIR), tem estimulado a criação de delegacias de polícia especializadas nocombate à discriminação racial nos estados brasileiros.

Embora, no início dos anos de 1990, tenham sido criadas delegacias especializadasem crimes raciais no Rio de Janeiro e em São Paulo, elas não tiveram continuidade, e, sómais recentemente, tivemos, no Brasil, com outros formatos e atribuições mais amplas,dois exemplos de sucesso de criação e funcionamento de delegacias de combate àdiscriminação e intolerância. São eles:

• A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância no Estado de São Paulo(DECRADI), criada por meio do Decreto Estadual nº 50.594, de 22 de março de 2006.A DECRADI tem as seguintes atribuições:

• reprimir e analisar os delitos de intolerância definidos por infrações origi-nariamente motivadas pelo posicionamento intransigente e divergente de umapessoa ou de um grupo, em relação a outra pessoa ou grupo, e caracterizadospor convicções ideológicas, religiosas, raciais, culturais, étnicas e esportivas,visando à exclusão social;

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• manter um banco de dados atualizado, com informações originárias deinquéritos policiais, processos judiciais e quaisquer outros meios deinformação, inclusive colhidas junto à comunidade ou por meio dedenúncias anônimas.

• A Delegacia de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos e Repressão àsCondutas Discriminatórias do Estado do Piauí, criada por meio da LeiComplementar nº 51, de 23 de agosto de 2005, com a competência de:

• atuar na prevenção e na repressão aos crimes contra os direitos humanose às condutas discriminatórias em geral, bem como adotar todas asprovidências cabíveis, incluindo a instauração de inquérito policial, visandoà apuração de crimes, como discriminação racial e tortura, além de outroscapazes de ferir a dignidade da pessoa humana.

Quadro 1 – Contatos das delegacias de polícia especializadas no combate àdiscriminação racial

Estado

Delegacias de políciaespecializadas no

combate àdiscriminação racial

Contatos

SÃO PAULODelegacia de CrimesRaciais e Delitos de

Intolerância (DECRADI)

Rua Brigadeiro Tobias, 527 - 3º andar / Luz

São Paulo, CEP 01032-902Fones: (0x11) 3311-3556(0x11) 3315-0151/R. 248

PIAUÍ

Delegacia de Defesa eProteção dos DireitosHumanos e Repressão

às CondutasDiscriminatórias

Rua 24 de janeiro, 500 Centro - Teresina

Fone: (0x86) 3216-5256Página na internet

(Polícia Civil do Piauí):www.pc.pi.gov.br

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3.2 Defensorias Públicas nos estadosA Defensoria Pública é um órgão público presente nos diversos estados do país que

cumpre o dever constitucional do Estado de prestar assistência jurídica integral egratuita à população que não tenha condições financeiras de pagar as despesas relativasao ajuizamento de ações.

A assistência jurídica integral é mais do que uma assistência judiciária, pois tambémabrange, além de elaboração e encaminhamento de requerimentos ou defesa emprocessos judiciais, o amparo na esfera extrajudicial e consultorias jurídicas. Ou seja, aorientação e o aconselhamento jurídicos.

Nos últimos anos, um grande movimento, em todo o Brasil, resultou no fortalecimentoe na criação de defensorias públicas autônomas, em todos os estados da Federação. Esseé um dos órgãos mais recentes no sistema de justiça do país e de profunda relevânciapara a proteção e a promoção dos direitos humanos. Apenas Santa Catarina e Paranánão editaram leis, criando defensorias públicas autônomas. A Defensoria Pública deGoiás encontra-se em fase de implantação.

A Defensoria Pública atende quem deseja ingressar com uma ação na Justiça Estaduale também quem precisa se defender em uma ação em que se encontra como réu ou ré.

Ela também atua junto aos órgãos do Poder Judiciário: em núcleos regionais, paraprimeiro atendimento e aconselhamento jurídico, e em núcleos especializados, para oatendimento em temas específicos.

No caso de crimes de injúria racial e reparação civil por condutas racistas e discri-minatórias, a Defensoria Pública é o órgão estatal competente para promover açõesindividuais no âmbito do poder judiciário, se o agredido não tiver condições de arcarcom os honorários de um advogado.

3.3 Núcleos especializados na defensoria de discriminação e proteção dos direitos humanos

Em alguns estados, as Defensorias Públicas criaram núcleos especializados no combateà discriminação e na proteção dos direitos humanos. Os estados que possuem núcleosespecializados são:

• São Paulo - Núcleo Especializado de Combate a Discriminação, Racismo e Preconceito• Bahia - Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos• Minas Gerais - Núcleo de Direitos Humanos• Pará - Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos• Piauí - Núcleo de Direitos Humanos

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No caso de São Paulo, o Núcleo de Combate a Discriminação, Racismo e Preconceitofoi criado pela Deliberação nº 124, de 24 de abril de 2009, do Conselho Superior daDefensoria Pública estadual.

Quadro 2 – Contatos das Defensorias Públicas e das Procuradorias Regionais dos Direitosdo Cidadão em cada estado da Federação

Estado Defensorias Públicas Estaduais

Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão

ACRE

Rua Custódio Freire, 26 - Centro Rio Branco, CEP 69909-460Fones: (68) 3223-8317/[email protected]

Av. Epaminondas Jácome, 346Centro - Rio Branco, CEP 69908-420Fones: (68) 3214-1110/1111/1112www.prac.mpf.gov.br

ALAGOAS

Av. Comendador Leão, nº 555 - PoçoMaceió, CEP 57025-000Fone: (82) [email protected]

Av. Fernandes Lima, 3296Farol - Maceió, CEP 57050-000Fones: (82) 2121-1400, (82) 2121-1474/1465 Fax: (82) 2121-1474 www.pral.mpf.gov.br

AMAPÁ

Rua Eliezer Levy- CentroMacapá, CEP 68906-130Fones: (96) 3212-8502/8501/8533 [email protected]

Rua Jovino Dinoá, 468 Bairro Jesus de NazaréMacapá, CEP 68908-010Fone: (96) 3213-7840Fax: (96) 3213-7881www.prap.mpf.gov.br

AMAZONAS

Rua 24 Maio, 321 - CentroManaus, CEP 69010-080Fones: (92) 3633-2955/2986 www.defensoria.am.gov.br

Av. André Araújo, 356/ 3º andarAleixo - Manaus, CEP 69060-000Fone: (92) 3611-3180, ramal 230Fax: (92) 3611-3180, ramal 229www.pram.mpf.gov.br

BAHIA

Núcleo de Proteção aos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado da BahiaRua Pedro Lessa, n° 123 - CanelaSalvador, CEP 40110-050Fone: (71) 3331-6935www.defensoria.ba.gov.br

Av. Sete de Setembro, 2365Corredor da VitóriaSalvador, CEP 40080-002Fones: (71) 3338 1800/

(71) 1813/1854 Fax: (0x71) 3338-1855www.prba.mpf.gov.br

CEARÁ

Rua Caio Cid, 100Bairro Luciano CavalcanteFortaleza, CEP 60811-150Fone: (85) 3101-3434www.defensoria.ce.gov.br

Rua João Brígido, 1260Aldeota - Fortaleza, CEP 60135-080Fones: (0x85) 3266-7314/7315 Fax: (85) 3266-7326www.prce.mpf.gov.br

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Estado Defensorias Públicas Estaduais Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão

DISTRITO FEDERAL

SCS Quadra 4, Bloco A, Entrada 94Lotes 22 a 24, Edifício ZarifeBrasília, CEP 70300-944Fone: (61) 3905-6732www.defensoria.df.gov.br

Av. L/2 Sul - Q. 603/6041º andar, sala 220Brasília, CEP 70200-901Fones: (61) 3313-5406/5456

3313-5468/5115/5644Fax: (61) 3313-5445www.prdf.mpf.gov.br

ESPÍRITO SANTO

Rua Pedro Palácios, 60 Ed. João XXIII, 2° andarCidade Alta - Vitória, CEP 29015-160Fone: (27) 3322-4881 www.defensoria.es.gov.br

Av. Jerônimo Monteiro, 625Centro - Vitória, CEP 29010-003Fones: (27) 3211-6524/6400Fax: (27) 3211-6480www.pres.mpf.gov.br

GOIÁS

A Defensoria Pública do Estado de Goiás, criada por meio da LeiComplementar nº 51/2005, está emfase de implantação.

Av. Olinda, Qd. G Lote 2Park Lozandes - Goiânia, CEP 74884-120Fone: (62) 3243-5418Fax: (62) 3243-5463www.prgo.mpf.gov.br

MARANHÃO

Rua da Estrela, 421 Praia Grande, CentroSão Luís, CEP 65010-200Fones: (98) 3221-6110/3231-0958www.dpe.ma.gov.br

Rua das Hortas, 223Centro - São Luis, CEP 65020-270Fone: (98) 3213-7139Fax: (98) 3213-7135www.prma.mpf.gov.br

MATO GROSSO

Rua 06, Quadra 11, Lote 01Centro Político AdministrativoCuiabá, CEP 78050-970Fone: 65) 3613-3400www.defensoriapublica.mt.gov.br

Rua Estevão de Mendonça, 830Quilombo (esquina com a Av. Getúlio Vargas)Cuiabá, CEP 78043-405Fone: (65) 3612-5000Fax: (65) 3612-5005www.prmt.mpf.gov.br

MATO GROSSO DO SUL

Parque dos Poderes, Bloco IVCampo Grande, CEP 79031-902Fone: (67) 3318-2500www.defensoria.ms.gov.br

Av. Afonso Pena, 4444Vila Cidade - Campo Grande,CEP 79020-907Fone: (67) 3312-7250Fax: (67) 3312-7201www.prms.mpf.gov.br

MINAS GERAIS

Rua Paracatu, 304 - Barro PretoBelo Horizonte, CEP 30180-090Informações gerais: (31) 3349-9400Núcleo de Direitos HumanosFones: (31) 3349-9425/9426 www.defensoriapublica.mg.gov.br

Av. Brasil, 1877 Funcionários - Belo Horizonte,CEP 30140-002Fones: (31) 2123-9064/

3284-8620Fax: (31) 2123-9030www.prmg.mpf.gov.br

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Estado Defensorias Públicas Estaduais Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão

PARÁ

Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos - NDDHRua Manoel Barata n° 718Edifício Infante de Sagres, 1° andarBelém, CEP 66019-000Fones: (91) 3201-2700/3230-3986/ (91) 3222- 8266 www.defensoria.pa.gov.br

Rua Domingos Marreiros, 690Umarizal - Belém, CEP 66055-210 Fones: (91) 3299-0113/0100Fax: (91) 3299-0107www.prpa.mpf.gov.br

PARAÍBA

Pq. Solon de Lucena, 300 - CentroJoão Pessoa, CEP 58013-130Fones: (83) 3221-6357/3968www.defensoria.pb.gov.br

Av. Getúlio Vargas, 277 - CentroJoão Pessoa, CEP 58013-240Fone: (83) 3044-6222Fax: (83) 3044-6225www.prpb.mpf.gov.br

PARANÁ

Defensoria Pública do ParanáAlameda Cabral, 18480410-900 - Curitiba - PR - (41) 3219-7300

Av. Marechal Deodoro, 9338ºandar - Centro - Curitiba, CEP80060-010Telefax: (41) 3219-8885,3219-8700www.prpr.mpf.gov.br

PERNAMBUCO

Rua Marquês do Amorim, 127 Boa Vista - Recife, CEP 50070-330Fone: (81) 3182-3700 www.defensoria.pe.gov.br

Av. Agamenon Magalhães,1800 - EspinheiroRecife, CEP 52021-170 Fones: (81) 2125-7341/7335 Fax: (81) 2125-7335www.prpe.mpf.gov.br

PIAUÍ

Núcleo de Direitos HumanosRua Nogueira Tapety, 138 Noivos - Teresina, CEP 64046-020Fones: (86) 3233-9805/3232-0350 www.defensoria.pi.gov.br

Praça Marechal Deodoro s/nº Ed. Ministério da Fazenda 3º andar - S/302 Teresina, CEP 64000-160Telefax: (86) 2107-5954/5915Fax: (86) 2107-5955www.prpi.mpf.gov.br

RIO DE JANEIRO

Avenida Marechal Câmara, 314Centro - Rio de Janeiro, CEP 20020-080 Fone: (21) 2332-6224www.dpge.rj.gov.br

Av. Nilo Peçanha, 237º andar - Sala 713Rio de Janeiro, CEP 20020-900Fone: (21) 2107-9517www.prrj.mpf.gov.br

RIO GRANDE DO NORTE

Avenida Duque de Caxias, 102/104Ribeira - Natal, CEP 59012-200 Fones: (84) 3232-7413/7451/ 7421/7459Email:[email protected]

Av. Deodoro, 743 - TirolNatal, CEP 59020-600Telefax: (84) 3232-3914Fax: (84) 3232-3972www.prrn.mpf.gov.br

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Estado Defensorias Públicas Estaduais Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão

RIO GRANDE DO SUL

Rua Sete de Setembro, 666 6º andar, CentroPorto Alegre, CEP 90010-190Fone: (51) 3211-2233 www.dpe.rs.gov.br

Rua Tamandaré, 1405º e 8º andaresBairro Pátria NovaNovo Hamburgo, CEP 93410-150 Fone: (51) 3584-4300Fax: (51) 3284-7380www.prrs.mpf.gov.br

RONDÔNIA

Avenida Sete de Setembro, 1342Centro - Porto Velho, CEP 76801-096Fones: (69) 3216-5051/3216-7292www.defensoria.ro.gov.br

Rua Joaquim Araújo Lima, 1759São João Bosco - Porto Velho,CEP 76803-749Fones: (69) 3216-0500, r.655

3216-0543Fax: (69) 3216-0567www.prro.mpf.gov.br

RORAIMA

Av. Sebastião Diniz, 1165Centro - Boa Vista, CEP 69301-040Fone: (95) 2121-4775www.defensoria.rr.gov.br

Rua General Penha Brasil, 1255São Francisco - Boa Vista, CEP 69305-130Fones: (95) 3198-9642/9338/9368 /9410/1806Fax: (95) 3198-9398www.prrr.mpf.gov.br

SANTA CATARINA Não existe Defensoria Pública estadual.

Rua Bulcão Viana, 198 - Centro  Florianópolis, CEP 88020-160Fones: (48) 2107-2400/2469 Fax: (48) 3322-0345Procuradoria da República noMunicípio de TubarãoFone: (48) 3632-3856www.prsc.mpf.gov.br

SÃO PAULO

Núcleo Especializado de Combate aDiscriminação, Racismo e Precon-ceito da Defensoria Pública do Estado de São PauloRua Boavista, 103 - 7º andarCentro - São PauloFone: (11) 3105-5799, R. [email protected]/dpesp/discriminacao

Rua Peixoto Gomide, 762/7683º andar - Cerqueira CesarSão Paulo, CEP 01409-904 Fones: (11) 3269-5095/5076/5060Fax: (11) [email protected]/prdc

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3.4 Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC)A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) é um órgão importante no

sistema de proteção dos direitos humanos no Brasil. Ela coordena as ações referentesaos direitos do cidadão e da cidadã no Ministério Público Federal (MPF). Instituiçãopública independente, o MPF tem por função a defesa da ordem jurídica, do regimedemocrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (direito à vida, direitosda personalidade referentes ao estado e à capacidade da pessoa). Seus membros atuamcomo “advogados” da sociedade, perante os poderes da República, exigindo dessespoderes o cumprimento da Constituição, das leis e dos tratados internacionaisratificados pelo Brasil, isto é, que contam com a plena adesão do país.

A PFDC atua como agente fiscalizador, para garantir o efetivo respeito dos direitoshumanos pelos poderes públicos e pelos prestadores de serviço de importância pública.Ela possui Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão em todos os estados daFederação.

Dentre as funções da PFDC, está a de interagir com órgãos do Estado e com repre-sentantes da sociedade civil, para solucionar e melhorar o cumprimento dos direitos docidadão e da cidadã. Também é papel da PFDC encaminhar tanto informações esubsídios à atuação dos procuradores e procuradoras regionais dos direitos do cidadãoquanto  os procedimentos administrativos relacionados a esses direitos.

Os temas prioritários para atuação da PFDC definidos nos encontros nacionais deprocuradoras e procuradores dos direitos do cidadão são: alimentação adequada,comunicação social, direitos sexuais e reprodutivos, educação, inclusão para pessoascom deficiência, saúde, sistema prisional, previdência e assistência social, reformaagrária.

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Estado Defensorias Públicas Estaduais Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão

SERGIPE

Av. Barão de Maruim, 20 Praça da Bandeira, Centro Aracaju, CEP 49015-020Fone: (79) 3211-6060www.defensoria.se.gov.br

Av. Beira Mar, 1064Aracaju, CEP 49020-010Fone: (79) 3234-3709Fax: (79) 3234-774www.prse.mpf.gov.br

TOCANTINS

104 Sul, Rua SE01, 38Centro - Palmas, CEP 77020-902Fone: (63) 3218-2012www.defensoria.to.gov.br

201 Norte, Conj. 2, Lote 5Plano Diretor NortePalmas, CEP 77010-040 Fone: (63) 3219-7200Fone/Fax: (63) 3219-7

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Embora o combate ao racismo e à discriminação, a promoção da igualdade racial e adefesa dos direitos dos quilombolas não estejam entre as prioridades de atuação daPFDC, isso não impede que denúncias relacionadas a essas questões sejam objeto deação por parte dela. Como veremos a seguir, esses temas estão entre as prioridades deatuação de algumas procuradorias regionais dos Direitos do Cidadão, pois, em cadaestado, os procuradores dos direitos do cidadão têm a liberdade de eleger seus temasprioritários.

Contato:SAF Sul – Quadra 4 – Conjunto C – Lote 03 – Bloco B3º andar, salas 303/304Brasília-DF, CEP 70050-900Fones: (61) 3105-6003/3105-6004Fax: (61) [email protected]://pfdc.pgr.mpf.gov.br

3.5 Procuradorias Regionais dos Direitos do Cidadão (PRDCs)Cada estado brasileiro possui uma Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão

(PRDC) (veja quadro 2), onde procuradores e procuradoras atuam na defesa de direitosconstitucionais, como liberdade, igualdade, dignidade, saúde, educação, assistênciasocial, acessibilidade, segurança pública, direito à informação e à livre expressão, entreoutros.

As PRDCs recebem denúncias de qualquer pessoa ou organização da sociedade civile devem prestar informações aos interessados sobre o andamento dos processos judi-ciais e expedientes administrativos promovidos pela própria PRDC. As denúncias, formu-ladas por telefone ou pessoalmente, são cadastradas, por meio da instauração de proce-dimento administrativo, e encaminhadas, se for o caso, a outros órgãos competentes.

3.5.1 Âmbito de atuação da PFDC e PRDCs

As violações dos direitos humanos previstos na Constituição Federal (direitos civis,políticos, sociais, econômicos e culturais), sejam coletivos ou difusos, encontram-se noâmbito da atuação das procuradorias, tanto a federal como as estaduais. Cabe a elas apromoção da defesa dos direitos humanos, na esfera administrativa e judicial.

Todas as denúncias relativas à violação de direitos constitucionais da pessoa sãorecebidas e examinadas. Não é permitida, contudo, a defesa, em juízo, de direitoindividual lesado. Quando a ação cabível não é de atribuição da Procuradoria dos Direitos

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do Cidadão, o caso é encaminhado ao órgão competente – tanto à Defensoria Públicacomo a outro órgão do Ministério Público competente – para que a defesa do direitolesado seja realizada.

3.5.2 Principais instrumentos de atuação da PFDC e PRDCS

Os procuradores e as procuradoras dos direitos do cidadão agem de ofício, ou seja,sem provocação da vítima, ou mediante representação de qualquer pessoa ouorganização da sociedade civil. Eles também podem, entre outras medidas:

• promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos direitosconstitucionais da pessoa humana;• expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços públicos e de relevânciapública, bem como ao respeito, aos interesses, aos direitos e aos bens cuja defesalhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências cabíveis;• requisitar informações e documentos a entidades públicas e privadas;• realizar inspeções e diligências investigatórias;• instaurar procedimentos administrativos;• acessar, de forma incondicional, qualquer banco de dados de caráter público ourelativo a serviço de relevância pública;• acessar qualquer estabelecimento policial ou prisional;• notificar o responsável, para que tome as providências necessárias para prevenira repetição ou para que determine a cessação do desrespeito aos direitos cons-titucionais do cidadão.

3.6 Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR)A Ouvidoria é um órgão da estrutura da Secretaria de Políticas de Promoção da

Igualdade Racial (SEPPIR) cuja função básica é receber denúncias de racismo ediscriminação racial e encaminhá-las aos órgãos responsáveis, nas esferas federal,estadual e municipal. O ouvidor está ainda encarregado de receber observações, críticasou sugestões sobre o trabalho e as ações da SEPPIR.

Entre as atribuições da Ouvidoria estão:• oferecer respostas e encaminhamentos às denúncias de racismo e de discri-minação racial recebidas;• elaborar relatórios e pareceres;• formar comissões especiais para tomar medidas em relação aos casos concretos;• apresentar processos para o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial,para a proposição de políticas públicas;• prestar assessoria e orientação jurídica para vítimas de racismo e discriminação.

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Contato:Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9º andar.Brasília-DF, CEP 70054-900Ouvidor: Carlos Alberto de Souza e Silva JúniorFone: (61) 2025-7001 Fax: (61) [email protected]/estrutura_presidencia/seppir/fale/

3.7 Ouvidoria-geral da Cidadania da Secretaria Especial dos Direitos HumanosA Ouvidoria-geral da Cidadania é um órgão de assistência direta e imediata da

Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República que tem porcompetência legal exercer as funções de ouvidoria-geral da cidadania, da criança e doadolescente, da pessoa com deficiência, do idoso e de outros grupos sociais maisvulneráveis.

Em relação à forma de encaminhamento das denúncias de racismo e discriminaçãoracial que chegam à Ouvidoria-geral da Cidadania, esses casos, na maioria das vezes, sãoencaminhados para a Ouvidoria da SEPPIR.

A Ouvidoria recebe críticas, denúncias e sugestões dos cidadãos e das cidadãs, espe-cialmente quando os direitos humanos estão sendo ameaçados, violados ou negli-genciados. Nesse sentido, a Ouvidoria busca fazer o encaminhamento dessas denúnciase sugestões e também atua, no sentido de tomar ações preventivas para garantir essesdireitos preventivamente.

A Ouvidoria é um instrumento para aproximar a população dos órgãos públicos dedefesa dos direitos humanos, em especial, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.Nesse sentido, outra dimensão do atendimento prestado pela Ouvidoria é disponibilizarinformações às pessoas sobre seus direitos e sobre os órgãos públicos encarregados degaranti-los e defendê-los.

Contato:Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da RepúblicaSetor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edifício Parque Cidade Corporate, Torre A, 10º andarBrasília-DF, CEP 70.308-200  Fones: (61) 2025-3116/9825/3908Fax (61) [email protected]

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3.8 Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM)

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), criada em 1995, é uma das 20comissões permanentes da Câmara dos Deputados. Ela atua como órgão técnicoconstituído por 18 deputados deputados-membros e igual número de suplentes e éapoiada por um grupo de assessores e servidores administrativos.

Suas atribuições constitucionais e regimentais são receber, avaliar e investigardenúncias de violações de direitos humanos; discutir e votar propostas legislativasrelativas à sua área temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programasgovernamentais do setor; colaborar com entidades não governamentais; realizarpesquisas e estudos relativos à situação dos direitos humanos no Brasil e no mundo,inclusive para efeito de divulgação pública e fornecimento de subsídios para as demaiscomissões da Casa; além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais,especialmente aos índios e às comunidades indígenas, à preservação e à proteção dasculturas populares e étnicas do país.

O principal objetivo da CDHM é contribuir para a afirmação dos direitos humanos.Ela parte do princípio de que toda a pessoa humana possui direitos básicos e inalienáveisque devem ser protegidos pelos Estados e por toda a comunidade internacional. 

A CDHM recebe anualmente, em média, 320 denúncias de violações dos direitoshumanos. A maioria delas refere-se a violações de direitos de presos e detençõesarbitrárias, seguida de violência policial e violência no campo. Essa escala tem se mantidoestável, mas percebe-se o crescimento de outros tipos de violações, atingindo gruposvulneráveis, como indígenas, afrodescendentes, migrantes e homossexuais.

Cada denúncia recebida na Comissão demanda ofícios, acompanhamentose cobrança de providências cabíveis. Ofícios são dirigidos ao Ministério Público Federale Estadual, Poder Judiciário, governos estaduais, diretores de presídios e delegados depolícias, entre outras autoridades. Para cada denúncia, é aberto um processo adminis-trativo, para facilitar o acompanhamento. Quando não há respostas por parte dasautoridades, a CDHM reapresenta os ofícios e as solicitações, até que haja manifestaçãodo órgão ou da autoridade pública. A CDHM, portanto, desempenha duplo papel, deouvidora e de legisladora em direitos humanos.

Entre 2005 e agosto de 2009, a CDHM recebeu 20 denúncias referentes à discri-minação e racismo com relação a negros. A maior parte dessas denúncias trata deviolações de direitos contra comunidades quilombolas, prática de racismo por estabe-lecimentos comerciais e bancos e denúncias de racismo contra a Polícia Legislativa daprópria Câmara dos Deputados.

Embora não seja atribuição da CDHM encaminhar denúncias, do ponto vista político,os ofícios enviados por ela a diversos órgãos públicos ajudam a criar uma cultura de

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direitos humanos no país, dando visibilidade a situações de violação de direitos epressionando as instituições a darem resposta às denúncias existentes.

Contato:Comissão de Direitos Humanos e MinoriasCâmara dos Deputados, Anexo II, Pav. Superior, Ala A, Sala 185Brasília-DFFones: (61) 3216-6570/[email protected]://www2.camara.gov.br/comissoes/cdhm

3.9 Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH)O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) é um órgão colegiado

criado, no governo João Goulart, pela Lei nº 4.319, de 16 de março de 1964, às vésperas doperíodo de ditadura militar. Sua composição reflete as características do debate públicosobre os direitos humanos e da sociedade organizada da época de sua criação. Apresença de organizações da sociedade civil no CDDPH é limitada à Associação Brasileirade Educação, à Associação Brasileira de Imprensa e à Ordem dos Advogados do Brasil.

O Projeto de Lei nº 4.715, de 1994, que ainda tramita no Congresso Nacional, trans-forma o CDDPH no Conselho Nacional dos Direitos Humanos. A medida amplia suacomposição e atribuições, com base em um ponto de vista atual dos direitos humanosque inclui os direitos econômicos, sociais e culturais e também a perspectiva de univer-salidade, indivisibilidade e dependência recíproca dos direitos.

O CDDPH tem por principal atribuição receber denúncias e investigar, em conjuntocom as autoridades competentes locais, as violações de direitos humanos de especialgravidade e com abrangência nacional, como chacinas, extermínios, assassinatos depessoas ligadas à defesa dos direitos humanos, massacres e abusos praticados poroperações das polícias militares. Para tanto, o CDDPH constitui comissões especiais deinquérito e atua por meio de resoluções.

A título de ilustração, em 2009 foram constituídas duas comissões especiais para:

• agilizar a apuração e a punição do assassinato do defensor dos direitos humanosManoel Mattos, bem como a federalização das investigações;

• apurar graves violações de direitos humanos no sistema carcerário do Estado doEspírito Santo.

O CDDPH reúne-se com periodicidade variada (mensal e bimestral). Além de receberdenúncias, promove estudos para aperfeiçoar a defesa e a promoção dos direitoshumanos e presta informações a organismos internacionais que os defendem.

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Contato: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da RepúblicaSetor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edifício Parque Cidade Corporate, Torre A, 10º andarBrasília-DF, CEP 70.308-200  Fone: (61) [email protected]://www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/conselho/

3.10 Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR)O Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) é um órgão colegiado

de caráter consultivo e integrante da estrutura básica da SEPPIR. Foi criado em 2003 eregulamentado pelo Decreto nº 4.885, de 20 de novembro de 2003. O CNPIR é compostopor 22 órgãos do Poder Público Federal, 19 entidades da sociedade civil, todas escolhidaspor meio de edital público, e por três pessoas de notória capacidade indicadas pela SEPPIR.  

A meta do conselho é propor, em âmbito nacional, políticas de promoção da igualdaderacial, com ênfase na população negra e nos outros segmentos étnicos da populaçãobrasileira, para combater o racismo, o preconceito e a discriminação racial. O objetivo éreduzir as desigualdades raciais, inclusive no aspecto econômico e financeiro, social,político e cultural, ampliando o processo de controle social sobre as referidas políticas. 

Embora não tenha competência para o recebimento de denúncias de racismo, dediscriminação racial e de violações de direitos da população negra, o CNPIR é um órgãoimportante para a proposição de políticas públicas de combate ao racismo e àdiscriminação.

Contato:Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco A, 9º andar. Brasília-DF, CEP: 70054-900 Telefone: (61) 2025-7072 Fax: (61) 2025-7088 [email protected]

3.11 Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD)O Conselho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD) é um órgão colegiado que

integra a estrutura básica da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidênciada República. Foi criado pelo Decreto nº 3.952, de 4 de outubro de 2001, logo após arealização da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobiae Intolerância Correlata, ocorrida em Durban, na África do Sul. Compete ao CNCD propor,

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acompanhar e avaliar as políticas públicas afirmativas de promoção da igualdade e daproteção dos direitos de indivíduos e de grupos sociais e étnicos afetados pordiscriminação racial e outras formas de intolerância.

Uma importante atribuição do CNDC foi o acompanhamento das denúncias decidadãos brasileiros que tramitam junto ao Comitê de Eliminação de Discriminação(CERD), nos termos do artigo 14 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todasas Formas de Discriminação.

Com a criação, em 2003, do CNPIR, que tem atribuições semelhantes, e com a criaçãode uma Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o CNCD foiassumindo outro perfil de atuação. Em 2004, o CNCD participou da construção doPrograma “Brasil sem Homofobia”, quando surgiram algumas propostas de transformá-lo em um conselho de combate à homofobia e de promoção de políticas para lésbicas,gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT). Com o Decreto nº 7.388, de9 de dezembro de 2010, o CNCD passa a ter a finalidade de formular e propor diretrizesde ação governamental, em âmbito nacional, voltadas para o combate à discriminaçãoe de promoção e defesa dos direitos da população.

Contato:Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da RepúblicaSetor Comercial Sul - B, Quadra 9, Lote C, Edifício Parque Cidade Corporate, Torre A, 10º andarBrasília-DF, CEP 70.308-200  Fone: [email protected] www.presidencia.gov.br/estrutura_presidencia/sedh/conselho/combate/fale_com/

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4. SISTEMAS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAIS

4.1 Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Racial As leis e as instituições destinadas à proteção das vítimas de racismo no país não são

uma iniciativa isolada do Brasil. Os mecanismos e as ações de proteção dos direitoshumanos no país estão permanentemente atentos a um importante documento dasNações Unidas (ONU) elaborado para incentivar os países ligados a ela a criarinstrumentos mais eficazes para a eliminação do racismo no mundo. Trata-se daConvenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,adotada em 1965, no âmbito da ONU. A Convenção, que entrou em vigor no Brasil em 4de janeiro de 1969, por meio do Decreto nº 65.810, estabelece vários direitos e ações queos países que aderiram a ela devem adotar, para combater o racismo e a discriminaçãoracial, incluindo medidas de ação afirmativa. Aponta, também, alguns mecanismos demonitoramento e de cobrança dos direitos assegurados.

A Convenção afirma a necessidade de eliminar rapidamente a discriminação racialem todo o mundo, em todas suas formas e manifestações, e de assegurar a compreensãoe o respeito à dignidade da pessoa humana. Nela, a discriminação racial é definida como:

Qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada emraça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem porobjetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ouexercício, em um mesmo plano (em igualdade de condição), dedireitos humanos e liberdades fundamentais no domínio políticoeconômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida(NAÇÕES UNIDAS, 1965).

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Ao mesmo tempo, estabelece em seus artigos II, IV e VI que:

Os Estados-partes devem, por todos os meios apropriados – inclusive,se as circunstâncias o exigirem, com medidas legislativas –, proibir adiscriminação racial praticada por quaisquer pessoas, grupos ouorganizações (NAÇÕES UNIDAS, 1965, artigo II, d);

Os Estados-partes (...) se comprometem principalmente: a declarardelitos puníveis por lei, qualquer difusão de ideias baseadas nasuperioridade ou ódio raciais, qualquer incitamento à discriminaçãoracial, assim como quaisquer atos de violência ou provocação a taisatos, dirigidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas deoutra cor ou de outra origem étnica, como também qualquerassistência prestada a atividades racistas, inclusive seu financia-mento (NAÇÕES UNIDAS, 1965, artigo IV, a);

Os Estados-partes assegurarão, a qualquer pessoa que estiver sob suajurisdição, proteção e recursos perante os tribunais nacionais e outrosórgãos do Estado competente contra quaisquer atos de discriminaçãoracial que, contrariando a presente convenção, violem seus direitosindividuais e suas liberdades fundamentais, assim como o direito depedir a esses tribunais uma satisfação ou reparação justa e adequadapor qualquer dano de que foi vítima em decorrência de tal discrimi-nação (NAÇÕES UNIDAS, 1965, artigo VI)

Vale destacar, por fim, que a validade, no Brasil, da Convenção não se limita a suaadoção em 1969. A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, reafirma a sua aplicaçãoincluindo a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas deDiscriminação Racial:

Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluemoutros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, oudos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasilseja parte (BRASIL, 1988, artigo 5º, parágrafo 2º).

.

4.2 Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos HumanosNa falta de uma resposta satisfatória dos órgãos nacionais de proteção aos direitos

humanos conforme indica a Convenção da ONU, a vítima de racismo e discriminaçãoainda conta com um importante aliado a quem recorrer: o Sistema Interamericano deProteção dos Direitos Humanos.

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O Sistema Interamericano teve sua origem em 1948, com a criação da Organizaçãodos Estados Americanos (OEA), da qual o Brasil faz parte, e da Declaração Americana dosDireitos e Deveres do Homem. Contudo, somente com a adoção da Convenção Americanasobre Direitos Humanos, em 1969, e sua posterior entrada em vigor, em 1978, é que seestabeleceram órgãos regionais para monitorar e exigir os compromissos assumidospelos Estados-membros da OEA, com relação ao respeito e à prática dos direitos humanos.

O Sistema Interamericano é, portanto, composto por uma série de tratadosinternacionais que estabelecem aos países obrigações de respeitar, proteger e promoveros direitos humanos. Além disso, estabelece os procedimentos de dois órgãos regionaisque têm o mandato de protegê-los e de promovê-los nas Américas, incluindo o recebimentode denúncias de violações: a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos e a CorteInteramericana de Direitos Humanos.

4.3 Comissão Interamericana dos Direitos HumanosA Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede nos Estados

Unidos (Washington, D.C.), é uma das entidades do Sistema Interamericano de DireitosHumanos. O outro órgão com atribuições jurisdicionais, isto é, de fazer cumprirdeterminada categoria de leis e punir quem as infrinja em determinada área, é a CorteInteramericana de Direitos Humanos, com sede em São José, Costa Rica.

A principal função da CIDH é atender às denúncias de pessoas, grupos de pessoas ouorganizações que aleguem violações de direitos humanos cometidas em Estados--membros da OEA (que inclui o Brasil).

Suas outras atribuições são:

• receber, analisar e investigar requerimentos individuais que alegam violaçõesdos direitos humanos;• observar o cumprimento geral dos direitos humanos nos Estados-membros erealizar visitas aos países para aprofundar a observação geral da situação e/ou parainvestigar uma situação particular; • fazer recomendações aos Estados-membros da OEA sobre a adoção de medidaspara contribuir com a promoção e garantia dos direitos humanos;• requerer aos Estados-membros que adotem medidas preventivas específicas,para evitar danos graves e irreparáveis aos direitos humanos em casos urgentes.Pode também solicitar que a Corte Interamericana solicite providências urgentes(medidas provisionais) dos governos, em casos de grave perigo às pessoas, aindaque o caso não tenha sido submetido à Corte;

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• remeter os casos à jurisdição da Corte Interamericana e atuar junto à ela emdeterminadas questões judiciais.

4.3.1 Como apresentar denúncias de racismo e de violação de direitos humanos ao Sistema Interamericano

Qualquer pessoa, em seu próprio nome ou em representação de terceiros, podeformular uma denúncia ou um requerimento à CIDH sobre violações de direitoshumanos. Um grupo de pessoas ou uma organização não governamental tambémpodem apresentar os requerimentos.

Três requisitos, porém, são necessários:

• a violação realizada por um determinado país deve referir-se aos direitos esta-belecidos na Convenção Americana, na Declaração Americana ou em um dosdemais instrumentos do Sistema Interamericano de Proteção aos DireitosHumanos;• o requisitante deve ter esgotado todos os recursos internos (administrativos ejurídicos) disponíveis no país onde ocorreu a violação. As denúncias ou osrequerimentos devem ser apresentados dentro dos seis meses seguintes à dataem que se foi oficialmente informado da decisão final sobre o caso pelo tribunaldaquele país;• não deve haver nenhuma outra denúncia pendente em outro organismointernacional, como o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial.

As denúncias devem ser apresentadas à CIDH:

• on-line, pela página eletrônica da Comissão, na internet;• por correio eletrônico (e-mail).• por via postal;• por fax;

Contatos da CIDH:1889 F Street., N.W.Washington, D.C. U.S.A. [email protected]: (202) 458-6002 • Fax: (202) 458-3992www.cidh.oas.org

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4.4. Organização Internacional do TrabalhoA Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência especializada da ONU, sediada

em Genebra, na Suíça, é uma importante alternativa para a denúncia de racismo ediscriminação no ambiente de trabalho. É importante destacar, porém, que a OIT é umorganismo de defesa e proteção dos direitos coletivos do trabalho. Sendo assim, aOrganização não aceita queixas individuais.

As denúncias apresentadas à OIT devem ser sustentadas com a exposição de fatosque indiquem o descumprimento de disposições da Convenção Internacional do Trabalhonº 100, que trata da igualdade de remuneração de homens e mulheres trabalhadorespor trabalho de igual valor, e nº 111, sobre a discriminação em matérias de emprego eocupação.

Esses dois instrumentos são considerados Convenções Fundamentais da OIT. Por essemotivo, as queixas relativas a eventuais descumprimentos dessas Convenções podemser apresentadas independentemente de o país em questão tê-las ratificado ou não. Adenúncia, no entanto, deve ser formulada contra o governo, pois foi ele quem firmou oacordo internacional de respeito às normas internacionais do trabalho e assumiu ocompromisso de evitar o descumprimento delas em seu território. O reclamante,portanto, não deve dirigir a denúncia contra empresas particulares.

Na medida do possível, a queixa deve estar acompanhada de provas que sustentemas alegações de descumprimento das normas internacionais. A documentação original,em papel timbrado, deve ser assinada pelo representante legal do sindicato eencaminhada diretamente ao Departamento de Normas Internacionais do Trabalho daOIT (Route des Morillons 4, CH-1211, Genebra, Suíça)  ou ao Escritório da Organização noBrasil (SEN lote 35, CEP 70800-400, Brasília-DF), que remeterá toda a documentação aoDepartamento, para análise. A OIT não aceita queixas enviadas por comunicaçãoeletrônica.

Para saber mais sobre esse e outros procedimentos, consulte a página da OIT sobreas normas internacionais do trabalho (em espanhol):<http://www.ilo.org/ilolex/spanish/manualq.htm>. Nesse endereço, clique em “Procedimientos especiales” paraacessar orientações sobre as informações que podem ser encaminhadas à Organização.

4.5 Conferência de Revisão de DurbanApesar de a comunidade internacional reconhecer a evolução das alternativas para

combate ao racismo em todo o mundo, muitas questões e desafios sobre esse temaainda merecem a atenção das Nações Unidas. Dificuldades, como as vividas no Brasil,onde é difícil provar que uma família negra não conseguiu alugar uma casa, em razão

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de preconceito, ou que alguém não conseguiu um emprego, em razão do racismo, bemcomo a falta de harmonização da legislação antirracista do país e a consequentedificuldade de andamento das ações na justiça penal, justificam essa preocupação. Esses,aliás, foram alguns dos assuntos debatidos no processo de revisão da Conferência deDurban.

O parágrafo 74 do Documento Final (A/CONF.211/PC. 3.3) da Conferência Regional daAmérica Latina e Caribe Preparatória para a Conferência de Revisão de Durban, realizadaem junho de 2008, em Brasília, identificou, entre outras:

A necessidade de maiores progressos na implementação de medidasque facilitem o acesso das vítimas do racismo, da discriminação racial,da xenofobia e de formas de intolerância correlatas à administraçãoda justiça que garanta uma reparação justa e adequada pelos danossofridos, assim como assistência jurídica de uma forma que se adaptea suas necessidades específicas e sua vulnerabilidade (NAÇÕESUNIDAS, 2008, parágrafo 74).

Os parágrafos 116 e 120 recomendam aos países que:

Levem a cabo investigações e tomem as medidas apropriadas sobreos impactos do racismo em todos os âmbitos da aplicação da leipenal, particularmente, nas ações policiais, nas sentenças judiciais,no sistema penitenciário e na concessão de liberdade condicional eoutros benefícios jurídicos para as pessoas encarceradas (NAÇÕESUNIDAS, 2008, parágrafo 116).

Reforcem a proteção contra o racismo, a discriminação racial, axenofobia e formas de intolerância correlatas, garantindo a todas aspessoas o acesso à administração da justiça, aos tribunais nacionaiscompetentes e a outros órgãos e mecanismos estatais para pediruma reparação ou satisfação justa e adequada pelos danosresultantes da discriminação (NAÇÕES UNIDAS, 2008, parágrafo 120).

Paralelamente à legislação, às instituições nacionais e aos mecanismos e àsorganizações internacionais, o combate ao racismo, em todas as suas formas, depende,em grande parte, da iniciativa do cidadão e da cidadã lesados, no sentido de lutarem porseus direitos, procurando e acionando o poder público de seu país ou, em último caso,os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos. A ação permanente detodas as pessoas que se julgarem vítimas da discriminação étnica e racial é um dosprincipais ingredientes, senão o mais importante, para o melhoramento dos meca-nismos de controle e para a eliminação das manifestações públicas desse preconceitono Brasil.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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JACCOUD, L.; BEGHIN, N. Desigualdades raciais no Brasil: um balanço da intervençãogovernamental. Brasília: IPEA, 2002.

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Escritório de Coordenação do Sistema das Nações Unidas no Brasil+ 55 61 3038-9300 EQSW 103/104 - Lote 1 - Bloco DComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

ACNUR - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados+ 55 61 3044-5744 Bsb Shopping - Torre Sul, Sala 80170312-970 - Brasília - DF

ACNUDH - Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos+56 2 321 7750 Av. Dag Hammerskjöld, 3241, VitacuraSantiago de Chile - Chile

BIRD - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - Banco Mundial+ 55 61 3329 1000SCN - Qd. 2 - Bloco A - Ed. Corporate 7º andar 70712-900 - Brasília - DF

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe+ 55 61 3321-3232 • + 55 61 3321-5494SBS - Ed. BNDES - 17º andar70076-900 - Brasília - DF

FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação+ 55 61 3038-2299Eixo Monumental - Via S-1 - Campus INMET70680-900 - Brasília - DF

FMI - Fundo Monetário Internacional+ 55 61 3328-7031 SCN - Qd. 2 - Bloco A - Ed. Corporate Financial Center - Sala 904 B 70712-900 - Brasília - DF

OIT - Organização Internacional do Trabalho+ 55 61 2106-4600 SEN - Av. das Nações - Lote 3570800-400 - Brasília - DF

ONU-HABITAT - Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos+ 55 21 3235-8550Rua Rumânia, 20 - Cosme Velho22240-140 - Rio de Janeiro - RJ

ONUDI - Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial + 55 61 3039-8440 / 3039 8440SHS - Qd. 6, Conj. A - Bloco A - Sala 612Centro Empresarial Brasil 2170.316-102 - Brasília - DF

ONU Mulheres - Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres+ 55 61 3038-9280EQSW 103/104 - Lote 1 - Bloco CComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

OPAS-OMS - Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde+ 55 61 3251-9595SEN - Av. das Nações - Lote 1970800-400 - Brasília - DF

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PMA - Programa Mundial de Alimentos+ 55 61 2193-8504 SHS - Qd 06, Bloco E - Sala 1102 - Edifíco Brasil 2170.322-915 - Brasilia - DF

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento+ 55 61 3038-9300EQSW 103/104 - Lote 1 - Bloco DComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente+ 55 61 3038-9233EQSW 103/104 - Lote 1 - Bloco CComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

UIT - União Internacional de Telecomunicações+ 55 61 2312-2730 SAUS Qd. 6 - Bloco E - 11º andar70070-940 - Brasília - DF

UNAIDS - Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids+ 55 61 3038-9220EQSW 103/104 - lote 1 - Bloco C - 2º andarComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura+ 55 61 2106-3500SAUS Qd. 5 - Bloco H - 9º andar70070-912 - Brasília - DF

UNFPA - Fundo de População das Nações Unidas+ 55 61 3038-9252EQSW 103/104 - Lote 1 - Bloco C - 2º andarComplexo Administrativo - Sudoeste70670-350 - Brasília - DF

UNIC - Centro de Informação das Nações Unidas+ 55 21 2253-2211 Av. Mal. Floriano, 196Palacio Itamaraty - Centro20080-002 - Rio de Janeiro - RJ

UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância+ 55 61 3035-1900SEPN - Qd. 510 - Bloco A - 2ºandar70750-521 - Brasília - DF

UNODC - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime+ 55 61 3204-7200SHIS - QI 25 - Conj. 3 - Casa 771660-230 - Brasília - DF

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