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9 O adequado desempenho térmico repercute no conforto das pessoas e em con- dições adequadas para o sono e atividades normais em uma habitação, contri- buindo ainda para a economia de energia. A avaliação de desempenho pode ser feita de forma simplificada, com base em propriedades térmicas das fachadas e das coberturas, ou por simulação computacional, onde são cotejados simultanea- mente todos os elementos e todos os fenômenos intervenientes. 135 DESEMPENHO TÉRMICO

Guia para atendimento de Desempenho Térmico da Norma Abnt Nbr 15575

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Desempenho Térmico

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  • 9O adequado desempenho trmico repercute no conforto das pessoas e em con-dies adequadas para o sono e atividades normais em uma habitao, contri-buindo ainda para a economia de energia. A avaliao de desempenho pode ser feita de forma simplificada, com base em propriedades trmicas das fachadas e das coberturas, ou por simulao computacional, onde so cotejados simultanea-mente todos os elementos e todos os fenmenos intervenientes.

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    desempenhO trmicO

  • desempenhO trmicO

    Inicialmente, deve-se esclarecer que a norma NBR 15575 no trata de condi-cionamento artificial (refrigerao ou calefao). Ou seja, todos os critrios de desempenho foram estabelecidos com base em condies naturais de insola-o, ventilao e outras.

    O desempenho trmico depende de diversas caractersticas do local da obra (topografia, temperatura e umidade do ar, direo e velocidade do vento etc.) e da edificao (materiais constituintes, nmero de pavimentos, dimenses dos cmodos, p direito, orientao das fachadas, etc). A sensao de conforto tr-mico depende muito das condies de ventilao dos ambientes, com grande influncia do posicionamento e dimenses das aberturas de janelas, o que considerado pela NBR 15575 Parte 4 e transcrito no item 9.3 do presente guia.

    O nvel de satisfao ou insatisfao depende, ademais, do tipo de atividades no interior do imvel, quantidade de moblia, tipo de vestimentas, nmero de ocupantes, idade, sexo e condies fisiolgicas e psicolgicas dos usurios. Dessa forma, quando se trata de conforto trmico, est se referindo sempre a uma condio mdia, que atende maior parte das pessoas expostas a uma determinada condio.

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    DESEMPENHO TRMICO9

  • 137

    Considerando a grande extenso do territrio brasileiro, as coordenadas geo-grficas da cidade onde se localiza a obra tm grande influncia, sendo que a norma NBR 15.220-3 divide o pas em oito regies bioclimticas, conforme ilustrado na Figura 16.

    Figura 16 Zoneamento bioclimtico brasileiro (fonte: ABNT NBR 15220 Parte 3)

    Para cada uma dessas zonas climticas definido o dia tpico de inverno e o dia tpico de vero, estabelecidos com base na temperatura do ar, umida-de relativa do ar, velocidade do vento e radiao solar incidente para o dia mais frio e para o dia mais quente do ano respectivamente, segundo a mdia observada num nmero representativo de anos. No Anexo A da norma NBR 15575 1 (Tabelas A.1, A.2 e A.3), so indicados a localizao geogrfica e os parmetros climticos dos dias tpicos de inverno e de vero para algu-mas cidades brasileiras. No Anexo A da norma NBR 15220 3, so indicadas as zonas correspondentes a cerca de 200 cidades brasileiras, que serviro como referncia para cidades prximas. A publicao Casa Azul (selo azul) Construo Sustentvel, da Caixa Econmica Federal (http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvolvimento_urbano/gestao_ambiental/SELO_CASA_AZUL_CAIXA_versaoweb.pdf ) apresenta nos anexos do Captulo 2 a localizao de diversas outras cidades.

  • 138138138

    De acordo com a NBR 15575, a avaliao trmica pode ser efetuada de diferen-tes formas:

    A) Procedimento 1 A Simplificado (normativo): presta-se a verificar o aten-dimento aos requisitos e critrios para o envelopamento da obra, com base na transmitncia trmica (U)5 e capacidade trmica (CT)6 das paredes de fachada e das coberturas.

    B) Procedimento 1 B Simulao por software Energy Plus7 (normativo):para os casos em que os valores obtidos para a transmitncia trmica e/ou ca-pacidade trmica se mostrarem insatisfatrios frente aos critrios e mtodos estabelecidos nas partes 4 e 5 da norma NBR 15575, o desempenho trmico global da edificao deve ser avaliado por simulao computacional, confor-me ser descrito no item 9.2 deste guia.

    C) Procedimento 2 Medio in loco (informativo, Anexo A da NBR 15575 - 1):prev a verificao do atendimento aos requisitos e critrios estabelecidos na NBR 15575 por meio da realizao de medies em edificaes existentes ou prottipos construdos com essa finalidade. Tem carter meramente informati-vo e no se sobrepe aos procedimentos descritos nos itens a) e b) anteriores, conforme disposto na Diretiva 2:2011 da ABNT.

    O Procedimento 2 esbarra em sria dificuldade. As medies devem ser feitas em perodo que corresponda ao dia tpico de vero ou de inverno, precedido por, pelo menos, um dia com caractersticas semelhantes, reco-mendando-se, todavia, trabalhar com uma sequncia de trs dias e analisar os dados do terceiro dia.

    O dia tpico caracterizado unicamente pelos valores da temperatura do ar exterior medidos no local, devendo guardar estrita correspondncia com os valores das Tabelas A.2 e A.3 anteriormente citadas. Caso a cidade ob-jeto do estudo no conste nestas tabelas, a NBR 15575 permite utilizar os dados climticos da cidade mais prxima, dentro da mesma zona bioclim-tica, com altitude de mesma ordem de grandeza.

    As medies in loco podero ser realizadas em habitaes j construdas ou em prottipos. Estes devero reproduzir as condies mais semelhantes possveis quelas que sero observadas na edificao real. Em qualquer caso, deve-se evitar desvios de resultados causados por sombreamentos ou ventilao diferentes da obra real. No Anexo A da norma NBR 15575-1, so apresentadas todas as demais condies para que as medies in loco

    5 - Transmitncia trmica: fluxo de calor que atravessa a rea unitria de um componente ou elemento quando existe um gradiente trmico de 1K entre suas faces opostas, sendo o fluxo expresso em Watts/m2.K. Inverso da resistncia trmica.

    6 - Capacidade trmica: quantidade de calor por rea unitria necessria para variar em uma unidade a temperatura de um componente ou elemento. Expressa em kJ/ m2.K.

    7 - Software de simulao desenvolvido pelo Departamento de Energia do Governo Federal dos Estados Unidos da Amri-ca, disponvel gratuitamente em http://apps1.eere.energy.gov/buildings/energyplus/

    DESEMPENHO TRMICO9

  • 139

    possam ser validadas, incluindo orientaes das fachadas de prottipos e de unidades habitacionais, cmodos a serem pesquisados, instrumentao a ser utilizada, posicionamento dos instrumentos etc.

    9.1 - avaliaO simpliFicada dO desempenhO trmicOAs paredes de fachada e a cobertura da edificao habitacional devem reu-nir caractersticas que atendam aos critrios de desempenho registrados nos itens a seguir, considerando-se a zona bioclimtica em que a obra se locali-zar, conforme delimitaes na Figura 16 anterior.

    Caso a fachada e/ou a cobertura no atendam simultaneamente aos critrios relacionados em 9.1.1 a 9.1.3, necessrio realizar medies em campo, nas condies anteriormente descritas, ou realizar a simulao do desempenho trmico conforme item 9.2, alternativa ilustrada no fluxograma apresenta-do na Figura 17. A avaliao simplificada prev para as paredes de fachada apenas o nvel mnimo (M) de atendimento, que obrigatrio. No caso de desejar-se classificao do sistema de fachadas em nveis superiores (Inter-medirio I ou Superior S), tambm haver necessidade de realizar-se a simulao / avaliao detalhada.

    (Procedimento 1A)No

    No

    NoSim

    Sim

    Sim

    Avaliao dodesempenho trmico

    FIM

    AvaliacoSimplicada

    (Procedimentos 1B ou 2)

    AvaliacoDetalhada

    Determinar U e CTdas paredes

    Avaliao Global- Simulao

    - Medinao em prottipo

    DesempenhoM Desempenho

    MDesempenho

    IDesempenho

    S

    DesempenhoM

    DesempenhoInsatisfatrio

    DesempenhoI

    DesempenhoS

    Determinar Uda cobertura

    U determinado

    CT limite

    U determinado 0,6

    U 3,7 U 2,5a - absortncia radiao solar da superfcie externa da parede.

    9.1.2 - CAPACIDADE TRMICA DE PAREDES EXTERNASOs valores mnimos admissveis para a capacidade trmica (CT) das paredes externas so apresentados na Tabela 23. No caso de paredes que no atendam

    -

    computacional / anlise detalhada, de acordo com a NBR 15575-1.

    Tabela 23 Valores mnimos admitidos para a capacidade trmica de paredes externas

    (Fonte: Tabela 12, pgina 29 da NBR 15575 Parte 4)

    Capacidade trmica (CT) kJ/m2.K

    Zona 8 Zonas 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

    Sem requisito 130

    COMENTRIOS

    A norma NBR 15220 Parte 2 apresenta os mtodos de clculo da transmitncia e da capacidade trmica das paredes, trazendo tabe-lados valores das propriedades fsicas necessrias para os clculos (condutividade trmica e calor especco de uma srie de materiais, coecientes de troca de calor supercial por conveco e radiao internos e externos). Na NBR 15575-4, observa-se que, no caso de paredes que tenham na sua composio materiais isolantes trmicos de condutividade trmica menor ou igual a 0,065 W/(m.K) e resistn-cia trmica maior que 0,5 (m2.K)/W, o clculo da capacidade trmica

    CRIT 11.2.1 - PT 4

    CRIT 11.2.2 - PT 4

  • 142

    DESEMPENHO TRMICO9

    deve ser feito desprezando-se todos os materiais voltados para o am-biente externo e posicionados a partir do isolante ou espao de ar.

    Para as tipologias construtivas mais usuais, a NBR 15220 Parte 3 apre-senta no seu Anexo D valores de transmitncia e capacidade trmica

    Tabela 24 - Transmitncia e capacidade trmica para alguns sistemas de paredes

    (Fonte Tabela D.3.- Anexo D da norma NBR 15220 Parte 3)

    Transmitncia trmica U Descrio U [W/(m2.K)] CT [kJ/(m2.K)]

    1

    Parede de concreto macioEspessura total da parede: 5,0 cm 5,04 120

    2

    Parede de concreto macioEspessura total da parede: 10,0 cm 4,40 240

    3

    Parede de tijolos macios aparentesDimens. tijolo: 10,0x6,0x22,0 cmEspessura arg. de assent.: 1,0 cm

    Espessura total da parede: 10,0 cm3,70 149

    4

    Parede de tijolos macios, assentados na menor dimenso

    Dimenses do tijolo: 10,0x6,0x22,0 cmEspessura arg. de assentamento: 1,0 cm

    Espessura arg. de emboo: 2,5 cmEspessura total da parede: 15,0 cm

    3,13 255

  • 143

    7

    Parede de tijolos / blocos cermicos de 8 furos, assentados na menor dimenso

    Dimens. tijolo: 9,0x19,0x19,0 cmEspessura arg. de assent.: 1,0 cm

    Espessura arg. de emboo: 2,5 cmEspessura total da parede: 14,0 cm

    2,49 158

    8

    Parede de tijolos cermicos de 21 furos, assentados na menor dimenso

    Dimens. tijolo: 12,0x11,0x25,0 cmEspessura arg. de assent.: 1,0 cm

    Espessura arg. de emboo: 2,5 cmEspessura total da parede: 17,0 cm

    2,31 227

    Observaes:

    As paredes de fachada devem atender a diversos critrios de desempe-nho estrutural, mecnico e outros. Sob o aspecto exclusivo do desempe-nho trmico, com base na Tabela 24 ocorreria:

    Parede 1: -pacidade trmica. Para aceitao ou rejeio de um sistema construtivo com as paredes consideradas haveria necessidade da simulao compu-tacional / anlise detalhada.

    Parede 2:Todavia, simulao computacional / anlise detalhada de sistemas cons-trutivos com essas paredes tem demonstrado potencialidade de atendi-mento para as Zonas 3 a 8 desde que as fachadas sejam pintadas com cores mdias ou claras ( 0,6).

    Parede 3 a 5: atendem s Zonas 3 a 8 desde que as fachadas sejam pin-tadas com cores mdias ou claras ( 0,6).

    Parede 6 a 8: atendem a todas as zonas, independentemente da cor das fachadas.

    A publicao Casa Azul (selo azul) Construo Sustentvel, da Caixa Econmica Federal (http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvol-vimento_urbano/gestao_ambiental/SELO_CASA_AZUL_CAIXA_versao-web.pdf) apresenta, nos anexos do Captulo 2, diversos valores de U e CT para paredes, sendo que alguns divergem bastante daqueles que cons-

  • 144

    DESEMPENHO TRMICO9

    tam da norma NBR 15220-3. Ressalve-se que tal documento no tem valor normativo, recomendando-se a execuo de ensaios sempre que ocorre-

    -derar vlidos todos os valores relacionados no seu documento.

    9.1.3 - TRANSMITNCIA TRMICA DE COBERTURASOs valores mximos para a transmitncia trmica (U) das coberturas, consi-

    apresentados na Tabela 25. No caso de coberturas que no atendam a esse --

    cional / anlise detalhada, de acordo com a norma NBR 15575-1.

    Tabela 25 - Critrios e nveis de desempenho de coberturas quanto transmitncia trmica

    Transmitncia trmica (U) W/m2K

    Zonas 1 e 2 Zonas 3 a 6 Zonas 7 e 8 1) Nvel de desempenho

    U 2,3 1) 0,6 1) > 0,6 1) 0,4 1) > 0,4

    MU 2,3 U 1,5 U 2,3 FV U 1,5 FV

    U 1,5 1) 0,6 1) > 0,6 1) 0,4 1) > 0,4

    IU 1,5 U 1,0 U 1,5 FV U 1,0 FV

    U 1,0 1) 0,6 1) > 0,6 1) 0,4 1) > 0,4

    SU 1,0 U 0,5 U 1,0 FV U 0,5 FV

    1) Na zona bioclimtica 8 considera-se atendido o critrio para coberturas em telhas cermicas, mesmo sem a presena de forro.Nota: O fator de ventilao (FV) estabelecido na ABNT NBR 15220-3, em funo das dimenses das aberturas de ventilao nos beirais, conforme indicaes seguintes:

    h h

    FV = 1,17 - 1,07 . h -1,04FV = Fator de ventilao;h = altura da abertura em dois beirais opostos, em centmetros.Obs.: Para coberturas sem forro ou com ticos no ventilados, Fv = 1.

    COMENTRIOS

    A norma NBR 15220 Parte 2 apresenta o mtodo de clculo da transmi-tncia trmica de coberturas, tabelando diversos dados necessrios aos clculos. Para as tipologias construtivas mais usuais, a NBR 15220 Parte 3 apresenta no seu Anexo D os respectivos valores de transmitncia tr-

    CRIT 11.2.1 - PT 5

  • 145

    Tabela 26 - Transmitncia e capacidade trmica para alguns sistemas de coberturas

    (Fonte Tabela D.4.- Anexo D da norma NBR 15220 - Parte 3)

    Cobertura Descrio U [W/(m2.K)] CT [kJ/(m2.K)]

    1

    Telha de barro sem forroEspessura da telha: 1,0 cm 4,55 18

    2Espessura da telha: 0,7 cm 4,60 11

    3

    Telha de barro com forro de madeiraEspessura da telha: 1,0 cm

    Espessura da madeira: 1,0 cm2,00 32

    4

    forro de madeira

    Espessura da telha: 0,7 cmEspessura da madeira: 1,0 cm

    2,00 25

    5

    Telha de barro com forro de laje mistaEspessura da telha: 1,0 cmEspessura da laje: 12,0 cm

    Rt(laje) = 0,0900 (m2.K/W)CT(laje) = 95 kJ/(m2.K)

    1,92 113

    6

    de laje mista

    Espessura da telha: 0,7 cmEspessura da laje: 12,0 cm

    Rt(laje) = 0,0900 (m2.K/W)CT(laje) = 95 kJ/(m2.K)

    1,93 106

    7

    Cobertura de telha de barro, lmina de alumnio polido e forro de madeira

    Espessura da telha: 1,0 cmEspessura da madeira: 1,0 cm

    1,11 32

    8

    lmina de alumnio polido e forro de madeira

    Espessura da telha: 0,7 cmEspessura da madeira: 1,0 cm

    1,16 25

    Observaes:

    Coberturas 1 e 2: no atendem s exigncias mnimas para regies 1 a 7. Para aceitao ou rejeio de um sistema construtivo com essas cobertu-ras, haveria necessidade da simulao computacional / anlise detalhada, mesmo assim com probabilidade muitssimo pequena de aprovao.

  • 146146146

    DESEMPENHO TRMICO9

    Coberturas 3 a 6: atendem s exigncias para o Nivel Mnimo de desem-penho. Apresentam potencial para atender o Nvel Intermedirio, o que s poderia ser comprovado por simulao computacional / anlise detalhada.

    Coberturas 7 e 8: atendem exigncias para o Nivel Intermedirio de de-sempenho. Apresentam potencial para atender o Nvel Superior, o que s poderia ser comprovado por simulao computacional / anlise detalhada.

    Com relao s lajes de cobertura expostas (sem o sombreamento de te-lhado), somente lajes dotadas de camada isolante trmica reunir con-dies de atender ao critrio apresentado em 9.1.3.

    A publicao Casa Azul (selo azul) Construo Sustentvel, da Caixa Econmica Federal (http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/desenvol-vimento_urbano/gestao_ambiental/SELO_CASA_AZUL_CAIXA_versao-web.pdf) apresenta nos anexos do Captulo 2 diversos valores de U para coberturas compostas por telhados e para lajes expostas, sendo que al-guns divergem bastante daqueles que constam na norma NBR 15220-3. Ressalve-se que tal documento no tem valor normativo, recomendan-do-se a execuo de ensaios sempre que ocorrerem divergncias signi-ficativas. Para empreendimentos que contem com gesto e/ou financia-mento da Caixa, certamente que a instituio considerar vlidos todos os valores relacionados no seu documento.

    9.2 - avaliaO dO desempenhO trmicO pOr simulaO cOmputaciOnalPara a realizao das simulaes computacionais, devem ser utilizados como referncia os dados apresentados nas Tabelas A.1, A.2 e A.3 - Anexo A da NBR 15575-1, que fornecem informaes sobre a localizao geogrfica de algu-mas cidades brasileiras e os dados climticos correspondentes aos dias tpicos

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    de projeto de vero e de inverno. Na falta de dados para a cidade onde se encontra a habitao, recomenda-se utilizar os dados de uma cidade prxima com altitude idntica e caractersticas climticas semelhantes, na mesma Zona Bioclimtica (conforme Figura 16).

    Para a realizao das simulaes computacionais, recomenda-se o emprego do programa EnergyPlus. Outros programas de simulao podem ser utilizados, desde que sejam validados pela ASHRAE Standard 140 e permitam a determi-nao do comportamento trmico de edificaes sob condies dinmicas de exposio ao clima, sendo capazes de reproduzir os efeitos de inrcia trmica. De forma geral, os softwares de simulao do comportamento trmico de edi-ficaes devem reunir as caractersticas bsicas indicadas na Figura 18.

    FIM

    Incio

    CLCULOS

    HORRI

    OS

    Levantamento dasinformaes climticas

    Levantamento dasinformaes sobre

    a edicao

    Determinao dosganhos de calor devido

    radiao solar

    Determinao dos ganhosde calor por conduoem regime transitrio

    Determinao dos ganhosde calor devidos a fontes

    de calor internas

    Determinao dos ganhosde calor por trocas

    de massas de ar

    Determinao das cargastrmicas de condicionamento

    e/ou das temperaturasdo ambiente

    Levantamento dasinformaes sobre as

    propriedades trmicas dosmateriais e componentes

    - Temperatura do ar;- Umidade relativa do ar;- Radiao solar;- Direo e Velocidade do vento.

    - Recintos tpicos;- Posio geogrca;- Orientao solar;- Dimenses.

    - Mtodo dos fatores de resposta trmica;- Mtodo das diferenas nitas;- Etc.

    - Nmero de atividade dos ocupantes;- Potncia das lmpadas acesas;- Calor de outras fontes.

    - Condies de estanqueidade da envoltria;- Operao de aberturas.

    - Mtodo do balano de energia;- Mtodo dos fatores de ponderao;- Etc.

    - Equaes referentes geometria solar e distribuio da radiao;- Data do clculo.

    - Condutividade trmica;- Massa especca;- Calor especco;- Absortncia, Reetncia e Transmitncia radiao solar;- Emissividade;- Resistncia trmica dos espaos de ar.

    Figura 18 - Caractersticas necessrias para softwares de avaliao do desempenho trmico (fonte: IPT)

    Para a geometria do modelo de simulao, deve-se tomar a habitao como um todo, considerando cada ambiente como uma zona trmica. Devem ser re-produzidas todas as caractersticas construtivas, ou seja, dimenses em plan-ta e p direito dos cmodos, aberturas e tipo de portas e janelas, materiais

  • 148148148

    DESEMPENHO TRMICO9

    constituintes das paredes e da cobertura, etc. Todas as condies climticas tambm devem ser consideradas para os dias tpicos de inverno e de vero, incluindo temperatura e umidade relativa do ar, radiao solar, nebulosidade, direo e velocidade do vento.

    O programa deve ser alimentado com dados fidedignos das proprieda-des trmicas dos materiais e/ou componentes construtivos, obtidos por meio de ensaios (mtodos indicados na Tabela 1 da NBR 15575-1) ou mes-mo aqueles registrados na norma NBR 15220-2. Para as anlises, h ne-cessidade de dados relativos condutividade trmica, calor especfico, densidade de massa aparente, emissividade, absortncia radiao so-lar, caractersticas fotoenergticas (vidros) e resistncia ou transmitncia trmica de elementos.

    A absortncia radiao solar das superfcies expostas deve ser definida con-forme a cor e as caractersticas das superfcies externas da cobertura e das pa-redes expostas previstas no projeto. Caso a cor no esteja definida, a simulao deve ser realizada para trs alternativas de cor, ou seja cor clara ( = 0,3), cor mdia ( = 0,5) e cor escura ( = 0,7).

    Na avaliao, que requer boa experincia do profissional analista, devem ser simulados todos os recintos de permanncia prolongada na unidade habita-cional (salas de estar e dormitrios), considerando-se um cmodo na extre-midade da habitao (com duas paredes de fachada, portanto) e a orienta-o geogrfica mais crtica do ponto de vista trmico, ou seja:

    Vero: janela do cmodo voltada para oeste e a outra parede exposta voltada para norte; caso no seja possvel, o ambiente deve ter, pelo me-nos, uma janela voltada para oeste;

    Inverno: janela do cmodo voltada para sul e a outra parede exposta voltada para leste; caso no seja possvel, o ambiente deve ter, pelo me-nos, uma janela voltada para sul.

    Para edifcio multipiso, alm da orientao solar acima, deve ser selecionada uma unidade do ltimo andar, com cobertura exposta. Na entrada de dados, considerar que os recintos adjacentes, de outras unidades habitacionais, sepa-rados, portanto, por paredes de geminao ou entrepisos, apresentem a mes-ma condio trmica do ambiente que est sendo simulado.

    Salvo indicaes em contrrio (por exemplo, presena de brises, marquises ou edificaes prximas previstas no projeto de implantao), deve-se considerar que as paredes expostas e as janelas estejam totalmente desobstrudas, ou

  • 149

    seja, sem a presena de edificaes ou vegetao nas proximidades que modi-fiquem a incidncia de sol e/ou vento.

    Nas simulaes, deve ser considerada para a ventilao uma condio pa-dro, com taxa de 1 ren/h, ou seja, uma renovao de ar por hora do ambiente (ventilao por frestas), inclusive para os ticos das coberturas. Nessa condio de ventilao, considerar que no h nenhuma proteo da abertura de janela contra a entrada da radiao solar.

    A NBR 15575-1 estabelece que a unidade habitacional que no atender aos critrios estabelecidos para vero, nas condies acima, deve ser simulada no-vamente considerando-se as seguintes alteraes:

    Ventilao: configurao da taxa de ventilao de cinco renovaes do volume de ar do ambiente por hora (5,0 ren/h janela totalmente aberta) e janelas sem sombreamento;

    Sombreamento: insero de proteo solar externa ou interna da ja-nela com dispositivo capaz de cortar no mnimo 50% da radiao solar direta que entraria pela janela, com taxa de uma renovao do volume de ar do ambiente por hora (1,0 ren/h);

    Ventilao e sombreamento: combinao das duas estratgias ante-riores, ou seja, insero de dispositivo de proteo solar e taxa de reno-vao do ar de 5,0 ren/h.

  • 150

    DESEMPENHO TRMICO9

    COMENTRIOS

    A proteo da abertura que corte, pelo menos, 50% da radiao so-lar, mencionada pela norma NBR 15575, pode ser conseguida, por exemplo, com a introduo pelo usurio da habitao de cortinas ou persianas, no havendo necessidade de estar prevista no projeto da edicao. Para tanto, recomendaes apropriadas devem ser apresentadas no respectivo Manual de Uso, Operao e Manuten-o da unidade habitacional.

    O relatrio de avaliao do desempenho trmico deve apresentar os resultados de temperatura nas simulaes para os diferentes c-modos analisados, registrando todas as condies em que foram obtidas: orientao e cor da fachada, posio e tamanho da janela, sombreamento e taxas de renovao do ar adotadas, etc.

    9.2.1 - VALORES MXIMOS DE TEMPERATURA NO VEROOs valores mximos dirios da temperatura do ar interior de recintos de permanncia prolongada (salas e dormitrios, sem a presena de fontes internas de calor, como ocupantes, lmpadas e outros equipamentos) de-vem ser sempre menores ou iguais ao valor mximo dirio da temperatura do ar exterior para o dia tpico de vero (Nvel Mnimo de desempenho). Para os Nveis Intermedirio e Superior, devem ser observados os limites assinalados na Tabela 27.

    Tabela 27 - Critrio de avaliao do desempenho trmico para condies de vero

    (Fonte Tabela E.1.- Anexo E da norma NBR 15575 Parte 1, pgina 64)

    Nvel de desempenhoCritrio

    Zonas 1 a 7 Zona 8

    M Ti,mx. Te,mx. Ti,mx. Te,mx.

    I Ti,mx. (Te,mx. 2C) Ti,mx. (Te,mx. 1C)

    S Ti,mx. (Te,mx. 4C) Ti,mx. (Te,mx. 2C) eTi,mn. (Te,mn. + 1C)

    Nota Zonas bioclimticas de acordo com a NBR 15220-3, Figura 16 do presente guia.

    CRIT 11.3.1 - PT 1

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    9.2.2 - VALORES MNIMOS DE TEMPERATURA NO INVERNOOs valores mnimos dirios da temperatura do ar interior de recintos de per-manncia prolongada (salas e dormitrios), devem ser sempre 3 C maiores que o valor mnimo dirio da temperatura do ar exterior para o dia tpico de in-verno (Nvel Mnimo de desempenho). Para os Nveis Intermedirio e Superior, devem ser observados os limites assinalados na Tabela 28.

    Tabela 28 - Critrio de avaliao do desempenho trmico para condies de inverno

    (Fonte Tabela E.2.- Anexo E da norma NBR 15575 Parte 1, pgina 65)

    Nvel de desempenhoCritrio

    Zonas bioclimticas 1 a 5 Zonas bioclimticas 6, 7 e 8

    M Ti,mn. (Te,mn. + 3 C)Nestas zonas, este critrioI Ti,mn. (Te,mn. + 5 C)

    S Ti,mn. (Te,mn. + 7 C)

    Nota Zonas bioclimticas de acordo com a ABNT NBR 15220-3, Figura 16 do presente guia.

    9.3 - ABERTURAS PARA VENTILAO DE AMBIENTES DE PERMANNCIA PROLONGADAOs ambientes de permanncia prolongada, ou seja salas e dormitrios, devem

    do local da obra, incluindo Cdigos de Obras, Cdigos Sanitrios e outros. Quando no houver requisitos de ordem legal, para o local de implantao da obra devem ser adotados os valores indicados na Tabela 29.

    Tabela 29 - rea mnima de ventilao em dormitrios e salas de estar

    (Fonte Tabela 13, pgina 30 da norma NBR 15575 Parte 4)

    Nvel de de-sempenho

    Aberturas para ventilao (A)

    Zonas 1 a 7 - Aberturas mdias Zona 8 - Aberturas grandes

    Mnimo A 7 % da rea de pisoA 12 % da rea de piso - Regio Norte do Brasil

    A 8 % da rea de piso - Regio Nordeste e Sudeste do Brasil

    Nota: Nas zonas de 1 a 6 as reas de ventilao devem ser passveis de serem vedadas durante o perodo de frio.

    COMENTRIO

    Para calcular a relao percentual entre a rea de ventilao e a rea do piso correspondente, a rea efetiva da abertura de ventilao do am-biente a rea da janela que permite a livre circulao do ar, devendo

    No caso de cmodos dotados de portas-balco que do acesso a terra-os ou semelhantes, toda a rea aberta resultante do deslocamento da folha mvel da porta deve ser computada.

    CRIT 11.4.1 - PT 1

    CRIT 11.3.1 - PT 4