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PROGRAMA JUVENTUDE EM ACÇÃO 2013
GUIA PARA O EMPREENDEDORISMO JOVEM
ECO-SUSTENTÁVEL
Agricultura biológica. Boa para a natureza, boa para si.
Lisboa, Setembro 2013 – Fevereiro 2014 O presente projecto é co-financiado com o apoio da Comissão Europeia. Esta
publicação/comunicação é da responsabilidade exclusiva dos seus autores; a Comissão não é responsável pelo uso que possa vir a ser feito da informação difundida.
2
SOMÁRIO
INTRODUÇÃO AO PROJECTO ................................................................... 4
SÍNTESE DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS E NOTA METODOLÓGICA ........... 4
DADOS PESSOAIS .................................................................................................. 5
1. SEXO .................................................................................................................................. 5
2. IDADE ................................................................................................................................. 5
3. LOCAL DE PROVENIÊNCIA .................................................................................................. 6
4. NÍVEL DE ESCOLARIDADE .................................................................................................. 6
5. SITUAÇÃO ACTUAL ............................................................................................................ 7
PERCENTAGEM DE COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS E FACTORES MOTIVANTES
/ DISSUASORES ..................................................................................................... 7
6. PERCENTAGEM DE PRODUTOS BIOLÓGICOS NAS COMPRAS MENSAIS ............................ 7
7. FACTORES QUE MOTIVAM A COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS ................................ 8
8. FACTORES QUE DISSUADEM A COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS ............................ 8
INFORMAÇÕES SOBRE OS PRODUTOS BIOLÓGICOS ............................................... 9
9. INFORMAÇÕES SOBRE A CERTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS ............................ 9
10. INFORMAÇÕES SOBRE A PROVENIÊNCIA DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS ........................ 9
SENSAÇÕES RELATIVAS AOS PRODUTOS BIOLÓGICOS .......................................... 10
11. DIFERENÇA ENTRE OS PRODUTOS BIOLÓGICOS E PRODUTOS CONVENCIONAIS ......... 10
12.OS PRODUTOS BIOLÓGICOS SÃO MAIS NUTRITIVOS E SAUDÁVEIS? ............................. 10
13. RECOMENDAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS .......................................................... 11
ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................. 12
SUGESTÕES E CONCLUSÕES ................................................................................. 13
A GUIA AOS PRODUTOS BIOLÓGICOS .................................................... 14
1. A PRODUÇÃO BIOLÓGICA ................................................................................ 14
2. A NORMATIVA EUROPEIA ................................................................................ 14
3. A NORMATIVA PORTUGUESA .......................................................................... 16
4. PORQUÊ PRODUZIR ALIMENTOS BIOLÓGICOS? ................................................ 17
5. OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA AGRICULTURA BIOLÓGICA ........................ 19
6. OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CRIAÇÃO BIOLÓGICA DE ANIMAIS ............ 21
3
7. A CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA ........................................................................... 24
7.1 OS PRODUTOS QUE PODEM SER CERTIFICADOS COM A MARCA BIOLÓGICA ............... 24
7.2 ENTIDADES QUE EMITEM A CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA ............................................... 26
7.3 OS DOCUMENTOS A PRESENTAR e PROCESSO DA CERTIFICAÇÃO .............................. 28
7.4 VALIDADE DA CERTIFICAÇÃO ........................................................................................ 29
8. COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS ........................................... 29
ANEXOS ................................................................................................. 32
ANEXO A – ORGANISMO DE CONTROLO E CERTIFICAÇÃO EM MPB ...................... 32
ANEXO B – ORGANIZAÇÕES DE PRODUTORES RECONHECIDAS PELA DGDR .......... 33
ANEXO C – NOTIFICAÇÃO RELATIVA AO MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICA ......... 38
ANEXO D – QUESTIONÁRIO APRESENTADO AOS CONSUMIDORES ....................... 40
ANEXO E – EXEMPLO DE CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA ............................................. 42
4
INTRODUÇÃO AO PROJECTO
SÍNTESE DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS E NOTA METODOLÓGICA
O projecto “Jovem Empresa Ecosustentável” é uma iniciativa jovem transnacional, realizado
em colaboração entre a Câmara de Comércio Italiana em Portugal e a Câmara de Comércio e
Indústria Italiana em Espanha, com a partecipação de dois jovens de Lisboa e dois de Madrid.
O projecto terá a duração de 180 dias, de 1 de Setembro de 2013 a 28 de Fevereiro de 2014 e
prevê uma campanha de sensibilização dirigida aos jovens para incentivar a criação de
empresas de produtos biológicos.
O objectivo do projecto é o de recolher informações, dados e propostas para incentivar nos
dois países o espírito empresarial, através da realização de um guia que irá conter todas as
informações necessárias para a comercialização de produtos biológicos, como conseguir
ajudas a nível local e europeu para as empresas jovens, onde encontrar locais de consultoria
gratuita em ambos os países envolvidos no projecto. O objectivo último será o de criar uma
rede de jovens empresários que promovam a produção biológica e a utilização dos recursos
locais, gerando um impacto positivo nas duas comunidades envolvidas.
Este documento contém uma apresentação e uma breve análise das respostas ao questionário
apresentado em Lisboa a 56 pessoas, em Outubro de 2013, as quais constituem uma amostra
heterogénea, de modo a validar mais eficazmente os dados à disposição. As categorias
representadas pelos questionários são: consumidores, jovens trabalhadores, séniores,
estrangeiros, jovens pais, membros de associações, vendedores, funcionários públicos,
mulheres grávidas e estudantes.
5
DADOS PESSOAIS
1. SEXO
A sondagem foi efectuada numa amostra de 56 pessoas, das quais 34 mulheres e 22 homens.
2. IDADE
Os questionários foram preenchidos por uma amostra de pessoas entre os 18 e os 70 anos,
com uma média etária de cerca de 36 anos; 37 pessoas (66% do total), têm menos de 40 anos.
39%
61% M
F
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18-24 25-30 31-40 41-50 51-60 >60
15
9
13
8 7
4
PESSOAS
2. IDADE
6
3. LOCAL DE PROVENIÊNCIA
Dos entrevistados, 89% provêm de um estado europeu; esta percentagem pode ser explicada
pela região da entrevista, pelo questionário apresentado em língua portuguesa e pela tipologia
de entrevistados. Para além de uma grande maioria de europeus, registámos 5% de latino-
americanos, 2% de africanos sub-sarianos (devido à presença de entrevistados provenientes
de Angola, cuja língua oficial é precisamente o português), 2% (apenas uma pessoa)
proveniente dao Norte de Afríca e outro 2% da “outros regiões”.
4. NÍVEL DE ESCOLARIDADE
Mais de metade dos entrevistados têm pelo menos um nível académico já concluído,
enquanto que 9 pessoas estão a concluir a sua formação universitária.
2%
89%
5% 2%
2%
Norte de Afríca
Europa
América Latina
África sub-sariana
Ásia
Outros
30%
39%
16%
13%
2%
Ensino secundario
Licenciatura univérsitaria
Frequência Universitaria
Bacharelato
Doutoramento
Outros
7
5. SITUAÇÃO ACTUAL
A maioria dos entrevistados (64%) trabalha, enquanto que 29% são estudantes; nestas
percentagens estão incluídos 11% de estudantes-trabalhadores. 7% da amostra encontra-se
desempregada e 7% pertencem à categoria dos reformados.
PERCENTAGEM DE COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS E FACTORES MOTIVANTES / DISSUASORES
6. PERCENTAGEM DE PRODUTOS BIOLÓGICOS NAS COMPRAS MENSAIS
Uma grande maioria dos entrevistados, cerca de 61%, dedica menos de um quarto das suas
compras mensais aos produtos biológicos; é de notar que 16% dos entrevistados não compra
de todo produtos biológicos. Apenas 5 dos entrevistados (correspondente a 9%) declaram
comprar mais produtos biológicos que produtos “convencionais”.
18%
53%
11%
4% 7% 7% Estudante
Trabalhador
Estudante-trabalhador
Outra situação
Desempregado
Reformado
0
5
10
15
20
25
30
35
9
34
8
3 2
PESSOAS
INCIDÊNCIA (%) PRODUTOS ECOLÓGICOS NAS COMPRAS
8
7. FACTORES QUE MOTIVAM A COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS
A presente pergunta oferecia várias opções sem porém lhes atribuir uma ordem hierárquica. A
grande maioria dos entrevistados definiu como decisiva, entre os factores para escolher os
produtos biológicos, a saúde, seguida do sabor e do ambiente. Os factores moda e publicidade
resultaram menos determinantes.
8. FACTORES QUE DISSUADEM A COMPRA DE PRODUTOS BIOLÓGICOS
Uma maioria elevadíssima de pessoas, mais de 87%, considera o elevado preço dos produtos o
factor que mais dissuade ou pode dissuadir a compra de produtos biológicos. Um outro factor
importante tem a ver com a falta de certezas no que se refere às características efectivamente
biológicas do produto em questão.
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Publicidade
Moda
Curiosidade
Natureza
Pelo meio-ambiente
Pelo sabor
Saúde
7. FACTORES DE COMPRA
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Outros
Auto-produção
São pouco apelativos
Falta de controlos
Não haver certeza que a proveniência seja de facto …
Preço demasiado alto
8. FACTORES IMPEDITIVOS
9
INFORMAÇÕES SOBRE OS PRODUTOS BIOLÓGICOS
9. INFORMAÇÕES SOBRE A CERTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
68% dos entrevistados considera suficiente a documentação sobre a certificação dos produtos
biológicos, mas apenas 5% a considera muito completa; quase um terço não está satisfeito
com as informações sobre a certificação desses produtos.
10. INFORMAÇÕES SOBRE A PROVENIÊNCIA DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
As respostas a esta pergunta são mais ou menos iguais às respostas dadas à pergunta anterior,
o que na nossa opinião se deve à relação estreita entre as duas questões, as quais tratam do
mesmo âmbito. Neste caso, apenas 2% dos entrevistados se considera completamente
satisfeita com as informações relativas à proveniência dos produtos biológicos.
32%
45%
18% 5%
Insuficiente
Suficiente
Boa
Óptima
32%
45%
21%
2%
Insuficiente
Suficiente
Boa
Óptima
10
SENSAÇÕES RELATIVAS AOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
11. DIFERENÇA ENTRE OS PRODUTOS BIOLÓGICOS E PRODUTOS CONVENCIONAIS
Mais de 80% dos entrevistados nota diferenças em termos de paladar, percepção e aspecto
entre os produtos biológicos e convencionais.
12.OS PRODUTOS BIOLÓGICOS SÃO MAIS NUTRITIVOS E SAUDÁVEIS?
Uma maioria ainda mais nítida, relativamente à pergunta anterior, respondeu que sim
à pergunta sobre se os produtos biológicos são ou não mais nutritivos e saudáveis que
os produtos convencionais.
82%
18%
Sim
Não
91%
9%
Sim
Não
11
13. RECOMENDAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
Seguindo a tendência das duas perguntas anteriores, 87% dos entrevistados respondeu
afirmativamente a uma possível recomendação dos produtos biológicos a terceiros.
87%
13%
Sim
Não
12
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Após a apresentação dos resultados agregados, procede-se agora à análise das respostas,
dividindo a amostra em diferentes segmentos, de acordo com as suas respostas; tal análise
tem por objectivo identificar a especificidade de cada grupo, fornecendo indicações que
conduzam à identificação de possíveis classes de consumidores.
No que se refere à divisão de género, os resultados mostram que são mais as mulheres que
não compram produtos biológicos (à pergunta número 6 responderam “0”), ou seja 20,5%,
contra 9% de homens. Por outro lado, no que se refere às informações sobre a certificação dos
produtos biológicos (pergunta nº 9), apenas 9% dos homens considerou tais informações mais
do que suficientes, em comparação com 33% de mulheres, revelando assim necessidade de
mais detalhes.
Quanto à idade, não se notam diferenças evidentes entre as várias gerações que responderam
ao questionário.
Entre os estudantes verifica-se um fenómeno interessante: muitos deles consomem
relativamente poucos produtos biológicos, mas entre os estudantes-trabalhadores, logo os
que possuem já um determinado rendimento, a percentagem de produtos biológicos nas
compras eleva-se; ao contrário, essa percentagem volta a ser médio-baixa no caso dos
trabalhadores. Entre os desempregados regista-se a mais baixa taxa de compra de produtos
biológicos, facto que muito provavelmente deverá ser atribuído às dificuldades económicas
decorrentes da condição de desemprego.
Entre aqueles que responderam “Insuficiente” à pergunta nº 9 (Como considera a informação
sobre a certificação dos produtos biológicos?) 74% destes respondeu da mesma maneira à
pergunta seguinte que se referia à satisfação relativa às informações acerca da proveniência
dos produtos. Do mesmo modo, 77% dos que responderam “insuficiente” à pergunta 10,
responderam de forma similar na pergunta anterior. Esta facto revela uma correlação muito
forte entre as duas perguntas, em que ambas se referem de facto aos aspectos informativos
ao consumidor.
Relativamente aos factores que podem dissuadir a compra de produtos biológicos (pergunta
nº 8), cerca de 95% dos que responderam não ter a “certeza que a proveniência seja de facto
biológica”, não deram mais que um “suficiente” às perguntas sobre as informações dos
produtos biológicos (nº 9, 10). Apenas 2% respondeu “boa”, conforme previsto na fase de
inquérito.
86% dos que participaram no questionário respondeu da mesma maneira (Sim ou Não) às
últimas três perguntas; tal pode ser explicado pelo facto de as três perguntas se situarem no
mesmo âmbito da pesquisa, isto é, a sensação face aos produtos biológicos. Ou seja, a
pergunta nº 11 de algum modo condiciona as duas perguntas que se seguem.
Existe ainda uma ligação muito forte entre os que não consomem de todo produtos biológicos
(resposta “0” à pergunta nº 6), e quem respondeu afirmativamente às últimas três perguntas;
13
tal facto pode encontrar a sua explicação na indiferença dos inquiridos pelos produtos
biológicos em geral e também no seu escasso conhecimento sobre esta matéria.
SUGESTÕES E CONCLUSÕES Graças ao estudo dos dados que resultaram da sondagem, conseguimos tirar conclusões e
sugestões interessantes sobre o futuro dos produtos biológicos, vistos do lado da procura, ou
seja dos consumidores.
A primeira ilação que podemos tirar tem a ver com a boa reputação que gozam os produtos
biológicos nos aspectos da saúde e sabor: uma grande parte dos consumidores considera os
produtos biológicos melhores deste ponto de vista que os produtos convencionais. Estas
qualidades podem ter sido atribuídas graças a campanhas que visavam promover os aspectos
saudável e “bom” dos produtos biológicos.
Um dos factores que incidem de forma negativa nas vendas destes bens é o seu preço
considerado quase unanimemente como demasiado alto (pelo menos para 87% dos inquiridos,
ou seja, 49 sobre 56). A nosso ver deveria era ser reforçada a comunicação sobre os já
referidos aspectos saudáveis e ambientais dos produtos com origem na agricultura ou na
criação biológica, segundo regras precisas e no respeito pleno pelo ambiente; deste modo o
cliente poderia aperceber-se que efectivamente os produtos biológicos têm um custo superior,
mas que esse maior valor se deve em princípio a controlos maiores, regras mais severas e uma
melhor qualidade global do produto.
O segundo factor que condiciona as vendas é representado pela escassa informação disponível
sobre as certificações e a proveniência dos produtos biológicos. Consideramos que as opiniões
recolhidas através das respostas sobre esta matéria (perguntas nºs 9 e 10) influenciam
amplamente a compra dos produtos em questão; o facto de apenas 23% dos consumidores
considerar mais que suficientes as informações disponíveis deve fazer pensar os produtores.
Neste sentido, pensamos que se devam melhorar as informações do packaging, dando mais
destaque à proveniência dos produtos (quer quanto às matérias primas, quer quanto às fases
posteriores de processamento e comercialização) e às eventuais certificações obtidas (DOP,
IGP, DOC, etc.), por forma a tranquilizar os clientes e levá-los a ter um maior número de
informações acerca dos produtos biológicos.
Dos dados recolhidos, o principal alvo para o qual deve ser direccionada a promoção dos
produtos biológicos são os jovens estudantes e estudantes-trabalhadores, porquanto são os
mais interessados na categoria biológica. Consideramos que os estudantes, recebidas as
informações sobre as características dos produtos biológicos, a partir do momento em que
passam à situação de emprego (logo, com mais poder de compra) poderão destinar uma maior
fatia das suas compras a estes produtos. Tal resultado poderá ser atingido através de
demonstrações e provas de sabor dos produtos biológicos a efectuar em feiras e em ocasiões
mais próximas do target em questão e através de campanhas institucionais junto das escolas
superiores e universidades.
14
A GUIA AOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
1. A PRODUÇÃO BIOLÓGICA
A produção biológica na União Europeia é sujeita ao Regulamento CE N.º 834/2007, que
revoga o Regulamento (CEE) N.º 2092/91. Este Regulamento inicia com a definição precisa: “A
produção biológica é um sistema global de gestão das explorações agrícolas e de produção de
géneros alimentícios que combina as melhores práticas ambientais, um elevado nível de
biodiversidade, a preservação dos recursos naturais, a aplicação de normas exigentes em
matéria de bem-estar dos animais e método de produção em sintonia com a preferência de
certos consumidores por produtos obtidos utilizando substâncias e processos naturais”.
O método da produção biológica (MPB) desempenha um duplo papel social, abastecendo um
mercado específico que responde à procura de produtos biológicos por parte dos
consumidores e fornecendo bens públicos que contribuem para a proteção do ambiente e o
bem-estar dos animais, bem como para o desenvolvimento rural. O novo regulamento
actualiza a anterior lei em 50 alterações e foi aplicada pelo Regulamento (CE) N.º 889/2008,
que estabelece as normas de execução, fixando as regras aplicáveis à produção,
transformação, acondicionamento, transporte e armazenagem de produtos biológicos,
rotulagem e controlos.
2. A NORMATIVA EUROPEIA
O conceito geral, explicado no primeiro capitulo do
presente guia, descreve as finalidades do Reg. CE
834/2007, que se divide em oito títulos, para
aprofundar os temas principais da legislação; tal
Regulamento contém as normas básicas para a
produção biológica.
O artigo 3, Titulo II é explícito relativamente à
finalidade das normas em questão:
“A produção biológica tem os seguintes objectivos gerais:
a) Estabelecer um sistema de gestão agrícola sustentável que:
i. Respeite os sistemas e ciclos da natureza e mantenha e reforce a saúde dos solos, da
água, das plantas e dos animais e o equilíbrio entre eles;
ii. Contribua para um elevado nível de diversidade biológica;
iii. Faça um uso responsável da energia e dos recursos naturais, como a água, os solos, as
matérias orgânicas e o ar;
iv. Respeite normas exigentes de bem-estar dos animais e, em especial, as necessidades
comportamentais próprias de cada espécie;
15
b) Procurar obter produtos de elevada qualidade;
c) Procurar produzir uma ampla variedade de géneros alimentícios e de outros produtos
agrícolas que correspondam à procura, por parte dos consumidores, de bens produzidos
através de processos que não sejam nocivos para o ambiente, a saúde humana, a
fitossanidade ou a saúde e o bem-estar dos animais.”
Um dos pontos críticos do texto está na absoluta incompatibilidade do método biológico com
os Organismos Geneticamente Modificados (OGM); o Artº. 9 diz que: “Na produção biológica,
não podem ser utilizados OGM nem produtos obtidos a partir de OGM ou mediante OGM como
géneros alimentícios, alimentos para animais, auxiliares tecnológicos, produtos
fitofarmacêuticos, fertilizantes, correctivos dos solos, sementes, materiais de propagação
vegetativa, microrganismos e animais”. Portanto, na generalidade, é proibido o uso de OGM
em qualquer âmbito da produção agrícola, da criação zootécnica e da transformação
alimentar. Para efeitos desta proibição sublinha-se que os operadores podem confiar nos
rótulos que acompanham os produtos ou em quaisquer outros documentos de
acompanhamento, apostos ou fornecidos nos termos da Directiva 2001/18/CE, do
Regulamento (CE) N.º 1829/2003 (Rastreabilidade dos géneros alimentícios e alimentos para
animais produzidos a partir de organismos geneticamente modificados). Estabelece-se ainda
que para a agricultura biológica valem os mesmos limiares de contaminação acidental
determinados para a agricultura convencional, ou seja 0,9%.
No que se refere à segurança, foi alargada a obrigação de controlo e certificação para todos os
actores da fileira de produção: presentemente, também a atividade grossista que distribui
produtos biológicos é sujeita ao sistema de controlo. A isenção mantém-se porém para os
retalhistas que vendem produtos biológicos embalados e etiquetados diretamente ao
consumidor final.
O Regulamento CE N.º 889/2008, de 5 Setembro 2008, explica as normas detalhadas de
produção, rotulagem e controlo, incluindo a primeira alteração às regras de produção para a
levedura biológica, conteúdas no Reg. CE 834/2007; tal Regulamento descreve numerosos
detalhes técnicos e representa, para a maior parte, um alargamento do Regulamento original
sobre o sector biológico, excepto nas partes em que este foi regulamentado diferentemente
no Regulamento do Conselho.
O Regulamento da Comissão Europeia (CE) N.º 1235/2008, de 8 Dezembro 2008, reporta
normas detalhadas sobre a importação de produtos biológicos provenientes da países
terceiros; este regulamento estabelece pormenorizadamente a listagem dos países
importadores, indicando os organismos de controlo nacionais delegados, bem como a
documentação a apresentar para os produtos importados.
O Regulamento de Execução (UE) N.º 203/2012, de 8 Março 2012, altera o Regulamento (CE)
N.º 889/2008, que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007 do
Conselho, no que respeita ao vinho biológico; aplica-se à produção biológica no sector da
vitivinícola, obtido pelas matérias primas biológicas. Além disso, regulamenta as técnicas de
produção e engarrafamento, as modalidades de rotulagem e a possibilidade de reconhecer a
conformidade da produção com as normas anteriores.
16
Além disso, em 2007 foi instituído o Comité permanente da Agricultura Biológica (S.C.O.F.),
constituído por representantes dos Estados Membros e presidido da um representante da
Comissão. O Comité foi fundado com o objectivo de favorecer uma colaboração estreita entre
as autoridades responsáveis pelo sector biológico e de garantir uma aplicação uniforme da
legislação UE.
3. A NORMATIVA PORTUGUESA
Actualmente, Portugal não dispõe de legislação nacional específica que regulamente a
agricultura biológica. O conceito de Agricultura Biológica foi legalmente instituído pelo
Regulamento CE 2092/91, que até hoje sofreu diversas alterações e revogações. Em Janeiro de
2009 entrou em vigor o novo Regulamento (CE) 834/2007.
Portugal é membro de facto da União Europeia desde 1 de Janeiro de 1986 e, como todos
países membros da UE, a economia agrícola portuguesa no que se refere à produção biológica
tem que seguir as normas europeias.
Por esta razão a regulamentação nacional para a agricultura biológica é sujeita à legislação
específica da CE:
Reg. (CE) n.º 834/2007 do Conselho de 28 de Junho, relativo à produção biológica e à
rotulagem dos produtos biológicos.
Reg. (CE) n.º 889/2008 da Comissão de 5 de Setembro, que estabelece normas de
execução do Reg. (CE) n.º 834/2007.
O estado português com a Portaria 370-A/2012, de 15/11/2012, aprova “O Passaporte para o
Empreendedorismo”, com o qual pretende estimular jovens empresários qualificados a
desenvolverem o seu projecto de empreendedorismo, facultando um conjunto de ferramentas
técnicas e financeiras:
A quem se destina
Jovens até aos 30 anos detentores de licenciatura há menos de 3 anos
Jovens até aos 30 anos detentores de licenciatura, mestrado ou doutoramento e
inscritos nos centros de emprego há mais de quatro meses
Jovens até aos 34 anos detentores de mestrado ou doutoramento
Apoios
Disponibilização do Guia Prático para o Empreendedorismo1
Disponibilização de assistência técnica no desenvolvimento do plano de negócios
Facilitação de acesso a mecanismo de crédito, em especial capital de risco2
1 Fonte: http://www.ei.gov.pt/guia-empreendedor/
2 Fonte: http://www.portugalventures.pt/
http://www.ei.gov.pt/guia-empreendedor/http://www.portugalventures.pt/http://www.ei.gov.pt/guia-empreendedor/http://www.portugalventures.pt/
17
Atribuição da Bolsa do Passaporte para o Empreendedorismo para desenvolvimento
do projeto empresarial3
Acesso a uma rede de mentores para orientação e acompanhamento individualizado
Acesso a uma rede de partilha de experiências entre empreendedores nacionais e
estrangeiros
4. PORQUÊ PRODUZIR ALIMENTOS BIOLÓGICOS?
A Agricultura Biológica aumenta a biodiversidade, protege os solos, melhora a qualidade
nutricional dos alimentos, assegura elevados níveis de bem estar animal e aumenta o emprego
nas zonas rurais. Em simultâneo a agricultura biológica reduz a emissão de gases com efeito de
estufa e o uso de energia fóssil, elimina a poluição causada por fertilizantes e pesticidas e
interrompe a escalada de entrada de resíduos de pesticidas na cadeia alimentar. A agricultura
biológica proporciona sistemas de agricultura flexíveis capazes de combater as alterações
climáticas e assegurar o abastecimento local de alimentos e é altamente eficaz no sequestro do
carbono (4International federation of organic agriculture movements)
a) Pela saúde
Os produtos vegetais biológicos contêm maiores níveis de nutrientes benéficos que os
produtos convencionais
Os frutos biológicos têm teores de fósforo superiores a 32%, fibras alimentares mais
de 9% e antioxidantes naturais 19%. São ainda 14% mais seguros, têm 15% mais de
qualidade técnica, mais 15% de avaliação organoléptica e os seus índices de vitalidade
são 66% mais elevados.5
Os produtos biológicos não possuem resíduos de pesticidas
A carne biológica tem maiores níveis de oligoelementos benéficos (Fe, Zn, Ca, Se e Cu)
que a carne convencional.6
Além de tudo isto, a agricultura biológica proíbe o uso de organismos geneticamente
modificados (OGM) quer na produção vegetal, quer na produção animal. Isto é muito
benéfico para a nossa saúde e também ajuda na preservação das espécies nativas de
plantas e animais, encorajando ao mesmo tempo o uso um de maior número de
espécies e variedades agrícolas vegetais e animais na agricultura biológica.
b) Pelo ambiente
Os agricultores biológicos adoptam outras práticas que podem não estar contidas no
Regulamento, mas que ainda assim ajudam a manter o equilíbrio natural e a
biodiversidade nas explorações agrícolas biológicas e nas áreas envolventes. Estas
incluem: plantação de sebes e árvores; preservação de prados antigos; manutenção de
cursos de água naturais; protecção das árvores e outra vegetação nativa.
3 Fonte: http://www.passaporteempreendedorismo.pt/index/
4 Fonte: http://www.ifoam.org/en/organic-landmarks/principles-organic-agriculture
5 P. Weibel, 2000.
6 CVUA Stuttgard, 2005
http://www.passaporteempreendedorismo.pt/http://www.passaporteempreendedorismo.pt/index/http://www.ifoam.org/en/organic-landmarks/principles-organic-agriculture
18
A restrição do uso de fertilizantes sintéticos, herbicidas e pesticidas e outros produtos
sintéticos, também reduz a contaminação potencial dos cursos de água e os efeitos
negativos deste tipo de poluição aquática.
Os solos, as superfícies e parcelas da agricultura biológica possuem uma maior
biodiversidade.
Os solos possuem um maior conteúdo em húmus, grande estabilidade física, melhor
retenção de agua, reduzindo de erosão, que os convencionais.7
c) Para os animais
Um conceito importante da criação biológica de animais é a criação de um ambiente
apropriado a cada espécie8:
Acesso permanente ao ar-livre
Pastagens apropriadas para satisfação das necessidades nutricionais e
comportamentais
Proibição de confinamento ou isolamento dos animais
Camas e palha apropriadas
Quantidade limitada de gado por área
Esforços para limitação dos tempos de transporte
Um princípio geral da produção biológica também proíbe a utilização de chão fendado
para fins de descanso.
A agricultura biológica enfatiza a necessidade de se reduzir a dor e o sofrimento dos
animais ao mínimo possível ao longo de todo o seu tempo de vida. Como
consequência, os tempos de transporte são estritamente controlados e os métodos de
abate são concebidos para serem os mais rápidos e indolores possível.
d) Para a segurança dos consumidores
Produzir produtos biológicos é também sinonimo de segurança por que o regulamento
base da agricultura biológica para além do controlo que todos os restantes devem ter.
Tem controlo e verificações sistemáticas quando ao seu estatuto, os processos de
produção e transformação são transparentes.
Os operadores da agricultura biológica cumprem regras detalhadas sobre cada passo
dos processos de obtenção dos produtos.
Os organismos de certificação são controlados pelo estado e têm processos
transparentes e idóneos.
7 Mader, 2002; Stolze, 2000; Velmirov, 2001; Tauscher, 2003
8 Biobrassica, 2004
19
5. OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA AGRICULTURA BIOLÓGICA
A agricultura biológica funda-se sobre os conceitos gerais descritos pelo Art. 5 do Reg. CE
834/2007; esta baseia-se sobre os seguintes princípios:
a) Manutenção e reforço da vida dos solos, da sua
fertilidade natural, estabilidade e biodiversidade,
prevenção e luta contra a sua compactação e erosão,
bem como alimentação das plantas essencialmente
através do eco-sistema dos solos;
b) Minimização da utilização de recursos não
renováveis e de insumos externos à exploração;
c) Reciclagem dos desperdícios e subprodutos de
origem vegetal e animal, como insumos na produção
vegetal e animal;
d) Tomada em consideração do equilíbrio ecológico
local ou regional quando da tomada de decisões em
matéria de produção;
e) [...]
f) Preservação da fitossanidade através de medidas
preventivas, tais como a escolha de espécies e
variedades adequadas resistentes aos parasitas e às
doenças, a rotação adequada das culturas, métodos
mecânicos e físicos e a protecção dos predadores
naturais dos parasitas;
g) [...]
h) [...]
i) [...]
j) [...]
k) [...]
l) [...]
m) [...]
n) Manutenção da biodiversidade dos ecossistemas aquáticos naturais, da permanente
sanidade do ambiente aquático e da qualidade do ecossistema aquático e terrestre
circundante na produção aquícola;
o) Alimentação dos organismos aquáticos com alimentos para animais provenientes da
exploração sustentável dos recursos haliêuticos definida no artigo 3.o do Regulamento (CE)
n.o 2371/2002 do Conselho, de 20 de Dezembro de 2002, relativo à conservação e à
exploração sustentável dos recursos haliêuticos no âmbito da Política Comum das Pescas
(1), ou com alimentos biológicos para animais compostos por ingredientes provenientes da
agricultura biológica e por substâncias não agrícolas naturais.
Da norma original foram omitidos os parágrafos relativos à criação de animais, que serão
repropostos no próximo capítulo do Guia.
Por outro lado, as normas que regulam a produção agrícola, no Reg. CE 834/2007 encontram-
se nos Artigos 11 e 12.
20
O Artigo 11 diz que: “A totalidade da exploração agrícola é gerida em conformidade com os
requisitos aplicáveis à produção biológica.
Contudo, de acordo com condições específicas a estabelecer nos termos do N.º 2 do artigo 37.º,
uma exploração pode ser dividida em unidades claramente separadas ou sítios de produção
aquícola que não sejam todos geridos segundo métodos de produção biológica. No tocante aos
animais, esta separação deve dizer respeito a espécies distintas. [...] No tocante às plantas, a
separação deve dizer respeito a variedades distintas ou que possam ser facilmente
distinguidas.
Sempre que, em aplicação do segundo parágrafo, não seja utilizada para a produção biológica
a totalidade das unidades de uma exploração agrícola, o operador separa as terras, os animais
e os produtos utilizados ou obtidos pelas unidades biológicas dos utilizados ou obtidos pelas
unidades não biológicas e mantém registos adequados que demonstrem essa separação”.
Posteriormente, o Artigo 12 retoma os conceitos expressos atrás e precisa: “[..] São aplicáveis
à produção vegetal biológica as seguintes regras:
a) A produção vegetal biológica recorre a práticas de mobilização e de cultivo que
mantenham ou aumentem as matérias orgânicas dos solos, reforcem a estabilidade e a
biodiversidade dos mesmos e impeçam a sua compactação e erosão;
b) A fertilidade e a actividade biológica dos solos são mantidas e aumentadas pela
rotação plurianual das culturas, incluindo leguminosas e outras culturas para a
adubação verde, e pela aplicação de estrume ou de matérias orgânicas, de preferência
ambos compostados, provenientes da produção biológica;
c) É permitida a utilização de preparados biodinâmicos;
d) Além disso, só podem ser utilizados fertilizantes e correctivos dos solos autorizados
para utilização na produção biológica nos termos do artigo 16.º;
e) Não podem ser utilizados fertilizantes minerais azotados;
f) Todas as técnicas de produção vegetal utilizadas devem impedir ou reduzir ao mínimo
eventuais contribuições para a contaminação do ambiente;
g) A prevenção dos danos causados por parasitas, doenças e infestantes deve assentar
principalmente na protecção dos predadores naturais, na escolha das espécies e
variedades, na rotação das culturas, nas técnicas de cultivo e em processos térmicos;
h) Em caso de ameaça comprovada para uma cultura, só podem ser utilizados produtos
fitofarmacêuticos autorizados para utilização na produção biológica nos termos do
artigo 16.º;
i) Para a obtenção de produtos que não sejam sementes nem material de propagação
vegetativa, só podem ser utilizados sementes e materiais de propagação vegetativa
produzidos segundo métodos de produção biológica. Para tal, quer no caso das
sementes, quer no caso do material de propagação vegetativa, as respectivas plantas-
mãe devem ter sido produzidas segundo as regras estabelecidas no presente
regulamento durante pelo menos uma geração ou, no caso de culturas perenes, dois
ciclos vegetativos;
j) Só podem ser utilizados na produção vegetal produtos de limpeza e desinfecção
autorizados para utilização na produção biológica nos termos do artigo 16.º
21
A colheita de plantas selvagens, ou de partes destas, que cresçam espontaneamente em zonas
naturais, florestas e zonas agrícolas é considerada um método de produção biológica, desde
que:
a) Essas zonas não tenham sido tratadas, durante pelo menos os três anos anteriores à
colheita, com produtos que não os autorizados para utilização na produção biológica
nos termos do artigo 16.º;
b) A colheita não afecte a estabilidade do habitat natural nem a conservação das espécies
na zona de colheita”.
Resumindo a normativa, para o IFOAM (International Federation of Organic Agriculture
Movements) os princípios de base são sintetizáveis em quatro pontos:
Saúde: produzir alimentos nutritivos e de alta qualidade, que contribuam para a saúde
e o bem-estar, seja do homem, seja do inteiro eco-sistema;
Ecologia: criar um habitat para a manutenção da diversidade genética e agrícola, com
um uso eficiente da energia e preservar as paisagens e os recursos naturais;
Justiça: contribuir para a eliminação da pobreza, através da produção de alimentos em
quantidade suficiente: respeitar os agricultores, a mão-de-obra agrícola e o
consumidor final;
Precaução: garantir responsabilidade e transparência ao consumador final, mas
também aos produtores e os organismos de controlo.
6. OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CRIAÇÃO BIOLÓGICA DE ANIMAIS
Os princípios da criação biológica estão
regulamentados pelo mesmo Artigo 5º do Reg. CE
834/2007, que se refere também à agricultura; em
especial, os objetivos fundamentais são os
seguintes:
[...]
e) Preservação da saúde animal, através da
estimulação das defesas imunológicas naturais do
animal, bem como da selecção de raças e de
práticas de criação adequadas;
f) [...]
g) Prática da produção animal adaptada ao local e adequada ao solo;
h) Observância de um elevado nível de bem-estar dos animais respeitando as necessidades
próprias de cada espécie;
i) Obtenção de produtos animais biológicos a partir de animais que sejam criados em
explorações biológicas desde o nascimento e ao longo de toda a sua vida;
j) Escolha das raças tendo em conta a capacidade de adaptação dos animais às condições
locais, a sua vitalidade e a sua resistência às doenças ou a problemas sanitários;
22
k) Alimentação dos animais com alimentos biológicos para animais compostos por
ingredientes provenientes da agricultura biológica e por substâncias não agrícolas
naturais;
l) Aplicação de práticas de criação que reforcem o sistema imunitário e aumentem as defesas
naturais contra as doenças e que incluam nomeadamente o exercício regular e o acesso a
áreas ao ar livre e a terrenos de pastagem, se for caso disso;
m) Exclusão da criação de animais poliploides artificialmente induzidos.
De seguida, o Artigo 14 do mesmo Regulamento especifica as regras para obter a certificação
biológica dos produtos resultantes da criação; o mesmo diz que “Para além das regras gerais
de produção agrícola estabelecidas no artigo 11º, são aplicáveis à produção animal as
seguintes regras:
a) Quanto à origem dos animais:
i. Os animais de criação biológica devem ter nascido e ser criados em explorações
biológicas;
ii. ii) Para fins de reprodução, podem ser introduzidos numa exploração animais de
criação não biológica, em condições específicas. Estes animais e os respectivos
produtos podem ser considerados biológicos depois de cumprido o período de
conversão referido na alínea c) do N.º 1 do artigo 17º;
iii. iii) Os animais presentes na exploração no início do período de conversão o os
respectivos produtos podem ser considerados biológicos depois de cumprido o período
de conversão referido na alínea c) do N.º 1 do artigo 17º;
b) Quanto às práticas de criação e às condições de alojamento:
i. As pessoas que se ocupam dos animais devem possuir os conhecimentos e
competências básicos necessários em matéria de saúde e bem-estar dos animais;
ii. As práticas de criação, incluindo o encabeçamento, e as condições de alojamento
garantem que sejam satisfeitas as necessidades de desenvolvimento dos animais, bem
como as suas necessidades fisiológicas e etológicas;
iii. Os animais dispõem de acesso permanente a áreas ao ar livre, se possível a pastagens,
sempre que as condições meteorológicas e o estado dos terrenos o permitam, a menos
que, com base na legislação comunitária, sejam impostas restrições e obrigações
relacionadas com a protecção da saúde humana ou animal;
iv. O número de animais é limitado com vista a reduzir ao mínimo o sobrepastoreio, o
espezinhamento dos solos, a erosão ou a poluição causada pelos animais ou pelo
espalhamento do seu estrume;
v. Os animais de criação biológica são separados dos outros animais. No entanto, o pasto
em terrenos comuns por animais de criação biológica e em terrenos biológicos por
animais de criação não biológica é autorizado sob certas condições restritivas;
vi. É proibido amarrar ou isolar os animais, a não ser em casos individuais durante um
período limitado e na medida em que tal seja justificado por razões de segurança, de
bem-estar ou veterinárias;
vii. A duração do transporte dos animais é reduzida ao mínimo;
viii. Qualquer sofrimento, incluindo a mutilação, é reduzido ao mínimo durante a vida toda
do animal, nomeadamente no momento do abate;
ix. [...]
23
x. [...]
xi. [...]
c) Quanto à reprodução:
i. A reprodução utiliza métodos naturais. No entanto, é autorizada a inseminação
artificial;
ii. A reprodução não é induzida por tratamentos com hormonas ou substâncias
semelhantes, excepto como forma de tratamento veterinário de animais individuais;
iii. Não podem ser utilizadas outras formas de reprodução artificial, como a clonagem e a
transferência de embriões;
iv. São escolhidas as raças adequadas. A escolha das raças contribui igualmente para
prevenir o sofrimento e evitar a necessidade de mutilar os animais;
d) Quanto aos alimentos para animais:
i. Os alimentos para animais devem provir sobretudo da exploração onde os animais
sejam mantidos ou de outras explorações biológicas da mesma região;
ii. Os animais são alimentados com alimentos biológicos que satisfaçam as suas
necessidades nutricionais nos vários estádios do seu desenvolvimento. Uma parte da
ração pode conter alimentos para animais provenientes de explorações em conversão
à agricultura biológica;
iii. Os animais, com excepção das abelhas, dispõem de acesso permanente a pastos ou a
outras forragens;
iv. Só podem ser utilizadas matérias não biológicas para a alimentação animal de origem
vegetal, matérias para a alimentação animal de origem animal e mineral, aditivos para
a alimentação animal, certos produtos utilizados na nutrição animal e auxiliares
tecnológicos autorizados para utilização na produção biológica nos termos do artigo
16.o;
v. Não podem ser utilizados promotores de crescimento nem aminoácidos sintéticos;
vi. Os mamíferos lactantes são alimentados com leite natural, de preferência materno;
e) Quanto à prevenção das doenças e aos tratamentos veterinários:
i. A prevenção das doenças baseia-se na selecção de raças e estirpes, práticas de gestão
da produção animal, alimentação de elevada qualidade e exercício, encabeçamento
apropriado e alojamento adequado mantido em boas condições de higiene;
ii. Os casos de doença são tratados imediatamente a fim de evitar sofrimento aos
animais. Podem ser utilizados medicamentos veterinários alopáticos de síntese
química, incluindo antibióticos, se necessário e em condições estritas, quando a
utilização de produtos fitoterapêuticos, homeopáticos e outros não seja adequada.
Devem ser definidas, nomeadamente, as restrições relativas aos tratamentos e aos
prazos de segurança;
iii. É permitida a utilização de medicamentos veterinários imunológicos;
iv. São autorizados os tratamentos relacionados com a protecção da saúde humana ou
animal impostos por força da legislação comunitária;
f) Quanto à limpeza e desinfecção, só podem ser utilizados nos edifícios e instalações
dedicados à criação produtos de limpeza e desinfecção autorizados para utilização na
produção biológica nos termos do artigo 16º.
24
O princípio mais importante da agricultura biológica é o do ciclo fechado. Isto pode ser
facilmente realizado se se combinar a produção vegetal com a produção animal. O número de
cabeças que podem ser criadas numa empresa depende sempre da superfície de que se
dispõe. Deve ainda ser considerado que uma boa parte das plantas cultivadas em ambiente
biológico se destina à produção de forragem para alimentação animal e que os dejectos
animais, por sua vez, são utilizados nos campos como fertilizantes e correctores do terreno.
Produzir de acordo com princípios biológicos significa interligar o solo, as plantas e os animais
num ciclo natural. A agricultura biológica é sem duvida menos poluente que a agricultura
convencional: os agricultores biológicos trabalham sem recurso a produtos químicos de síntese
e reutilizando todos os resíduos de produção (tanto vegetais como animais).
7. A CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA 9
Todos os produtos biológicos em Portugal têm que ter uma CERTIFICAÇÃO que garanta a
conformidade com a Norma Europeia EN 45 011 em vigor, cuja versão portuguesa é a NP EN
45011: 2001
A certificação biológica em Portugal é emitida por Organismos Privados de Controlo (OC)
(anexo A).
7.1 OS PRODUTOS QUE PODEM SER CERTIFICADOS COM A MARCA BIOLÓGICA
O Reg. N.º 834/2007, no número 2 do Artigo 1º, especifica quais os produtos colocados no
mercado, aos quais a marca é aplicável:
a) Produtos agrícolas vivos ou não transformados;
b) Produtos agrícolas transformados destinados a serem utilizados como géneros
alimentícios;
c) Alimentos para animais;
d) Material de propagação vegetativa e sementes.
Os produtos da caça e da pesca de animais selvagens não são considerados produção
biológica. O [...] regulamento é igualmente aplicável às leveduras utilizadas como géneros
alimentícios ou alimentos para animais.
No que se refere aos agricultores
biológicos, que produzem as matérias
primas da alimentação tais como fruta e
legumes, a transformação biológica
reflete a multiplicidade de gostos e
aptidões culinárias do consumidor
moderno. Mais, os actuais produtos
biológicos incluem: produtos
homogeneizados e papas para crianças,
vinhos produzidos com uvas biológicas,
cerveja, iogurte, bolos, doces, pão, cereais para o pequeno-almoço, bolachas, carnes frias,
9 Exemplo de certificação biológico (anexo E)
25
sumos de fruta, fruta e legumes enlatados, refeições pré-confeccionadas, café e chá. De facto,
precisamente porque os agricultores biológicos tendem a selecionar plantas e animais menos
conhecidos, com uma grande resistência aos parasitas e que se adaptam melhor às condições
climáticas locais, o sector de transformação de produtos biológicos dispõe ainda, muito
provavelmente, de uma ampla gama de possibilidades de processamento.
Também os produtos provenientes de países terceiros podem ser introduzidos no mercado
comunitário como produtos biológicos, desde que estejam em conformidade com o disposto
pelo Reg. 834/2007 e que tenham sido submetidos a controlo por uma entidade reconhecida
na Comunidade Europeia ou por um organismo de controlo acreditado.
Abreviaturas como “eco” e “bio” podem ser utilizadas na rotulagem, na publicidade e nos
documentos comerciais para caracterizar um produto biológico, os seus ingredientes ou as
suas matérias primas. A rotulagem de um produto biológico deve ser facilmente visível na
embalagem e conter uma referência ao organismo de controlo que certifica o produto.
Desde 1 de Julho de 2010 que é obrigatória a utilização do logotipo da União Europeia nos
produtos alimentares provenientes de agricultura biológica, bem como a indicação do local de
proveniência das matérias primas que compõem o produto. Tal indicação figura no mesmo
campo visual do logotipo comunitário.
O logotipo europeu (Reg. UE 271/2010) tem que
colocar-se nos produtos embalados e rotulados,
com uma percentagem de produto de origem agrí-
cola biológica de, pelo menos, 95%; tal é opcional
nos produtos com as mesmas características, mas
provenientes de países terceiros.
Ao lado do logotipo europeu têm que reportadas
as indicações necessárias para identificar o país, o
método de produção, o código do operador e o
código da entidade de controlo, precedida da seguinte menção:
Organismo de controlo autorizado para [Nome da entidade] Operador controlado N.º
PT BIO 123 A456
PT: Código ISO que identifica o produto biológico
BIO: Dependendo dos países pode ser ORG, EKO, ÖKO
123: Código numérico do organismo de controlo nacional
Além de estas informações, na rotulagem tem que ser especificado o lugar de cultivo ou de
criação do produto; as indicações previstas são:
Agricultura UE para produtos cultivados num dos países comunitários
Agricultura Não UE para produtos cultivados em países terceiros
Agricultura UE/Agricultura não UE para produtos contendo outros produtos NÃO
cultivados em parte na Europa e em parte em países terceiros
O logotipo europeu pode ser acompanhado por logotipos especiais e por descrições e
referências textuais que descrevam a agricultura biológica, contanto que tais elementos não
alterem ou se oponham ao Art. 58 do Reg. UE N.º 271/2010.
Logo Biológico Europeu actual
26
7.2 ENTIDADES QUE EMITEM A CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA
Em Portugal, para poder ser produtor segundo o modo de produção em Agricultura Biológica,
um produtor tem de:
1. cumprir ou iniciar o cumprimento das regras do modo de produção em agricultura
biológica;
2. Fazer um contrato de controlo e certificação com um Organismo privado de Controlo
(OC), este tem que ser acreditado pelo organismo nacional de acreditação (IPAC)
3. Elaboração de planos de controlo10
4. Notificar a actividade à Direcção Geral do Desenvolvimento Rural (DGDR), que são os
supervisores do sistema de controlo.
Autoridades Competentes:
a) Direcção Geral do Desenvolvimento Rural (DGDR)11
Competem as funções de:
i. Autoridade nacional competente para efeitos da aplicação em Portugal do
Regulamento (UE) n.º 1151/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho, assim como
para os efeitos do previsto na alínea n) do artigo 2.º do Regulamento (CE) n.º
834/2007, do Conselho;
ii. Autoridade nacional de controlo para os efeitos do previsto no n.º 1 do artigo 36.º do
Regulamento (UE) n.º 1151/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho e da alínea
o) do artigo 2.º do Regulamento (CE) n.º 834/2007;
iii. Articular e coordenar todo o sistema de controlo, implementar medidas e normas
regulamentares para os regimes de qualidade em questão. Enquanto autoridade
nacional de controlo para os regimes em questão, intervém através de uma
coordenação do sistema de controlo, ou seja, define procedimentos, procede à
análise das propostas de reconhecimento de OC e supervisiona a sua atuação.
b) Organismos de Controlo e Certificação (OC) reconhecidos
São atribuídas as competências de organismo de controlo no âmbito do n.º 1 do artigo 39.º do
Regulamento (UE) n.º 1151/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho, e da alínea p) do
artigo 2.º do Regulamento (CE) n.º 834/2007, do Conselho. Aos OC estão atribuídas funções de
verificação do cumprimento das especificações de cadernos aprovados para produtos DOP,
IGP e ETG, assim como das regras relativas ao MPB, devendo para esse efeito ser reconhecidos
pela DGADR e atuar em conformidade com a NP EN 45011, estabelecendo planos de controlo
específicos para cada área de reconhecimento em que operam, validados pela DGADR.
10
Fonte: http://www.dgadr.mamaot.pt/images/docs/val/bio/Biologica/Procedim_controlo_inclui_vinho_JUL12.pdf 11
Fonte: http://www.dgadr.mamaot.pt/
http://www.dgadr.mamaot.pt/images/docs/val/bio/Biologica/Procedim_controlo_inclui_vinho_JUL12.pdfhttp://www.dgadr.mamaot.pt/images/docs/val/bio/Biologica/Procedim_controlo_inclui_vinho_JUL12.pdfhttp://www.dgadr.mamaot.pt/
27
c) Instituto Português de Acreditação (IPAC)12,
Compete, enquanto Organismo Nacional de Acreditação (ONA), decidir quanto à acreditação
de Organismos de Controlo de acordo com as normativas técnicas e referenciais de
acreditação definidas para os regimes de diferenciação em questão. O IPAC, enquanto ONA,
procede à avaliação dos OC em matéria de cumprimento dos requisitos da NP EN 45011,
mediante solicitação por parte dos interessados.
d) Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE)13
Compete a avaliação e comunicação dos riscos na cadeia alimentar, bem como zelar pela
disciplina do exercício das atividade económicas nos setores alimentar e não alimentar,
mediante a fiscalização e prevenção do cumprimento da legislação reguladora das mesmas,
prosseguindo o tratamento de denúncias, infrações e irregularidades
detectadas no comércio e/ou resultantes dos controlos efetuados.
Intervém através do tratamento das denúncias ocorridas no comércio para os vários regimes
comunicadas pela DGADR e/ou qualquer entidade no âmbito das suas competências.
e) Autoridade Tributária e Aduaneira (AT)14
Compete garantir a aplicação das normas a que se encontram sujeitas as mercadorias
introduzidas no território da União Europeia e efetuar os controlos relativos à entrada, saída e
circulação das mercadorias no território nacional. Intervém através da aplicação dos
procedimentos previstos para a importação de produtos agrícolas e géneros alimentícios, de
acordo com o disposto no Ofício Circular N.º 15123/2013, da Divisão de Circulação de
Mercadorias, no âmbito das suas competências.
f) Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas I.P. (IFAP)15
Compete a realização de ações de controlo em matéria de acesso às ajudas concedidas no
âmbito da portaria n.º 229-B/2008.
O IFAP intervém através da inclusão no planeamento das ações de controlo de campo dos
operadores com suspensão de certificação em MPB e comunicação à DGADR dos casos de
recusa de controlo e das situações em que o controlo constatou área em MPB igual a zero.
12
Fonte: http://www.ipac.pt/ 13
Fonte: http://www.asae.pt/ 14
Fonte: http://www.portaldasfinancas.gov.pt/at/html/index.html 15
Fonte: http://www.ifap.min-agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico
http://www.ipac.pt/http://www.asae.pt/http://www.portaldasfinancas.gov.pt/at/html/index.htmlhttp://www.ifap.min-agricultura.pt/portal/page/portal/ifap_publico
28
Organizações
Para ter assistência técnica no âmbito do modo de produção em agricultura biológica e com a
qual possa ter um contrato de assistência técnica pode aderir a uma organização de
produtores especificamente reconhecida pela DGDR (anexo B)
7.3 OS DOCUMENTOS A PRESENTAR e PROCESSO DA CERTIFICAÇÃO
Como referido no parágrafo anterior, quem pretender iniciar uma actividade de produção em
agricultura biológica, necessita de um certificado de acordo com a normativa europeia de
acreditação EN 45 011. Para isso o produtor terá de solicitar um contrato de controlo e
certificação com um dos Organismos Privados de Controlo (OC).
Cada OC tem a sua documentação, mas no essencial segue o seguinte modelo geral:
A documentação a apresentar a um entidade OC têm que ter os seguintes dados16
Dados do operador / contactos;
Características da Unidade de Produção : área, localização, dispersão,…;
Culturas / áreas a considerar;
Espécies animais / nº a considerar;
Outras observações;
16
Cada OC tem o seu formulário, consultar o website da respectiva OC
29
A comunicação da actividade de produção à Direção Geral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural (DGADR) têm que ser enviada por via electrónica:
Notificação electrónica17: http://www.dgadr.mamaot.pt/val-qual (a titulo de exemplo,
o documento em papel encontra-se no anexo C)
Como se poderá verificar no citado Regulamento, há um período de transição (que é
sempre de um ano no mínimo) e que deverá ser iniciado o mais rapidamente possível,
antes dos produtores poderem vir a comercializar os produtos como de agricultura
biológica.
7.4 VALIDADE DA CERTIFICAÇÃO
Anualmente, e desde que a atividade declarada inicialmente ou no ano imediatamente
anterior se mantenha, o signatário valida a informação prestada através da selecção da opção
“validação” presente na página inicial do formulário, sem que para isso tenha de proceder ao
preenchimento de um novo formulário.
8. COMERCIALIZAÇÃO DOS PRODUTOS BIOLÓGICOS
A distribuição dos produtos biológicos pode
realizar-se por meio de diversos canais, de entre os
quais os principais são:
Mercados biológicos locais e especializados
Bancas de mercados em estradas fora das
localidades
Directamente na empresa agrícola de
produção
Entrega ao domicílio ou através de um
ponto de recolha das encomendas via web
Nos últimos anos, as bebidas e os alimentos
biológicos estão a conquistar cada vez mais lugar
nas prateleiras, por vezes até com secções
específicas para produtos biológicos.
Também numerosos restaurantes em toda Europa
oferecem ementas baseadas totalmente em produtos de origem biológica, bem como marcas
famosas a nível mundial decidiram introduzir matérias primas biológicas nas suas cafetarias.
17
Guia para o preenchimento http://www.dgadr.mamaot.pt/images/docs/val/bio/Biologica/Mod%20112-PO_MPB_rev.pdf
http://www.dgadr.mamaot.pt/val-qualhttp://www.dgadr.mamaot.pt/images/docs/val/bio/Biologica/Mod%20112-PO_MPB_rev.pdf
30
Os jovens estudantes podem tomar contacto com esta tipologia de produtos graças a muitas
cantinas escolares, que oferecem regularmente alimentos biológicos, de modo a promover a
formação de uma consciência bio, logo desde os primeiros anos de escola.
O Art. 34 do Reg. 834/2007 estabelece que: “As autoridades competentes, as autoridades e
organismos de controlo não podem, por razões relativas ao método de produção, à rotulagem
ou à apresentação desse método, proibir ou restringir a comercialização de produtos biológicos
controlados por outra autoridade ou organismo de controlo situado noutro Estado-Membro, na
medida em que estes produtos satisfaçam os requisitos do presente regulamento.
[...] No seu território, qualquer Estado-Membro pode aplicar regras mais rigorosas à produção
vegetal e animal biológica, desde que essas regras também sejam aplicáveis à produção não
biológica, estejam em conformidade com a legislação comunitária e não proíbam nem
restrinjam a comercialização de produtos biológicos obtidos fora do território do Estado-
Membro em causa”. Logo, na União Europeia existe livre circulação de mercadorias ecológicas,
desde que estejam conformes com a normativa europeia.
De acordo com um estudo18 da FIBL, Instituto Alemão de Investigação para a Agricultura
Biológica, até 2011, 5,5% do total da superfície agrícola na União Europeia é representada por
agricultura biológica (aproximadamente 9,5 milhões de hectares) e os produtores agrícolas são
cerca de 240 mil. De 2001 a 2011, na Europa, a superfície de cultura biológica aumentou 96%,
ou seja praticamente duplicou; os Países com a maior superfície dedicada à agricultura bio são
Espanha, Itália e Alemanha.
O mercado bio na UE conta com um volume de negócios de 19,7 mil milhões de Euros (2011),
com um crescimento de aproximadamente 9% em comparação com o ano anterior: o maior
mercado é o alemão, seguido do francês e do britânico; em percentagem, pelo contrário, os
maiores consumidores de produtos biológicos são os dinamarqueses e os austríacos. Se
compararmos com o ano de 2004, o consumo desta tipologia de produtos praticamente
duplicou.
Além da Europa, existem outros mercados com uma elevada procura de produtos bio,
especialmente EUA, Canadá, Brasil e Austrália.
A nível mundial, a superfície agrícola destinada a produtos biológicos aumentou, em 12 anos,
238%, ou seja, de 11 para 37,2 milhões de hectares em 2011.
Em relação ao mercado global, de 2000 a 2011, passou-se de 17,9 para 62,9 mil milhões de
dólares (+251%); a nível agregado os maiores consumidores são os EUA seguidos a grande
distância pela Alemanha e pela França, enquanto no per-capita a liderança vai para os suíços,
seguidos pelos dinamarqueses e luxemburgueses.
A 1 de Junho de 2012 entrou em vigor o acordo de equivalência firmado entre os EUA e a UE:
os produtos biológicos certificados de acordo com as normas vigentes num dos dois Países,
podem ser comercializados livremente e poderão reportar nas embalagens o logotipo
biológico previsto pelo país de destino. Além disso, os operadores não são obrigados a manter
18 Fonte: http://orgprints.org/22345/19/willer-2013-session-european-market.pdf
http://orgprints.org/22345/19/willer-2013-session-european-market.pdf
31
ambas as certificações: unicamente com a certificação europeia será possível exportar para os
Estados Unidos19.
Em relação à exportação para o Canadá, nos termos do acordo de equivalência, os produtos
biológicos certificados por uma Entidade de Controlo europeia são aceites como bio no
Canada, sem necessidade de certificação adicional; este acordo, porém, refere-se apenas os
produtos agrícolas produzidos e transformados na UE. Os produtos bio importados pelo
Canadá têm que respeitar os requisitos de rotulagem canadianos, tais como as inscrições em
duas línguas (inglês e francês), a lista específica dos ingredientes biológicos e o organismo de
certificação bio20.
No mercado brasileiro, as empresas que querem exportar produtos biológicos têm estar
conformes com o Regulamento Nacional IN 46; este é um regulamento de fileira e, logo, todos
os items da mesma têm de ser controlados e certificados. A entidade responsável pelo
controlo e certificação é o IBD (Instituto BioDinâmico).
O mercado bio japonês, ainda pouco desenvolvido, é disciplinado pela normativa JAS
(Japanese Agricultural Standard) que entrou em vigor em 2000 e que prevede requisitos
específicos para os produtos biológicos de origem vegetal, frescos e transformados. Entre o
regulamento da UE e o JAS não se encontram grandes diferenças, a não ser no que se refere ao
grading: à empresa importadora requer-se que defina um sistema de verificação interna e que
designe formalmente o responsável; este, juntamente com os responsáveis do processo
produtivo, são obrigados a frequentar um breve seminário de formação no Organismo de
Controlo escolhido para a certificação JAS.
Na Austrália, a entidade de controlo é o DAFF (Department of Agriculture, Fisheries and
Forestry), que submete os produtos importados a rigorosas verificações, a fim de verificar se
estão conformes com o BIP (Biological Import Program); deste modo minimizam-se os riscos
de importar produtos que possam prejudicar a saúde ou possam alterar o delicado
ecossistema australiano21.
19
Fonte: http://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/05/informativa-etichettatura-ue-nop.pdf 20
Fonte: http://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/04/Linee_guida_export_prodotti_bio_Canada.pdf 21
Fonte: http://www.daff.gov.au/biosecurity/import/biological/products-foodstuffs
http://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/05/informativa-etichettatura-ue-nop.pdfhttp://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/05/informativa-etichettatura-ue-nop.pdfhttp://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/04/Linee_guida_export_prodotti_bio_Canada.pdfhttp://www.suoloesalute.it/wp-content/uploads/2013/04/Linee_guida_export_prodotti_bio_Canada.pdfhttp://www.daff.gov.au/biosecurity/import/biological/products-foodstuffs
32
ANEXOS
ANEXO A – ORGANISMO DE CONTROLO E CERTIFICAÇÃO EM MPB
33
ANEXO B – ORGANIZAÇÕES DE PRODUTORES RECONHECIDAS PELA DGDR
AGRIARBOL - Associação dos Produtores Agro-Florestais da Terra Quente
Av. Infante D. Henrique Edif. Translande, 2º Sala 12 - Apart. 165
5340-202 MACEDO de CAVALEIROS
Tel.: 278 421 698 ou 278 421 779 - Fax: 278 421 775 / 279 462 682
APATA – Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais
Avenida do Sabor, nº 40 – 1º Dtº
5200-288 MOGADOURO
Tel.: 279 342 783 - Fax: 279 342 783
AGROBIO - Associação Portuguesa de Agricultura Biológica
Calçada da Tapada, 39 - r/c Dtº
1300-545 LISBOA
Tel.: 213 641 354 - Fax: 213 628 133 - 918 545 115
www.agrobio.pt - [email protected]
www.facebook.com/pages/AGROBIO-Associação-Portuguesa-de-Agricultura-
Biológica/199487006768299
ACRIGA - Associação de Criadores de Gado e Agricultores
Largo da Cooperativa, Apartado 50
5340-279 MACEDO DE CAVALEIROS
Telef.: 278 426 546 - Telem: 966 910 989/ 914 778 052 - Fax: 278 426 547
AGRIDIN – Associação Profissional para o Desenvolvimento da Agricultura
Biológica e Biodinâmica
R. General Vitorino Laranjeira, Edifício Golfinho, Lote F-r/c
S. Gonçalo – 4600-018 AMARANTE
Telef.: 255 433 640 - Telem: 969 267 936 - Fax: 255 433 460
ACORPSOR – Associação de Criadores de Ovinos da Região de Ponte de Sor
Zona Industrial – Rua E – Lote 79
7400-135 PONTE DE SOR
Telef.: 242 201 146 - Fax: 242 207 284
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
34
ARAB - Associação Regional de Agricultores Biológicos
Rua Dr. Henrique Carvalhão, nº 12 - Loja 5
6000 - 235 CASTELO BRANCO
Tel.: 272 337 203 - Fax: 272 337 309
APPITAD - Associação de Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro
Rua Centro Transmontano de S. Paulo, 69
5370 MIRANDELA
Telef.: 278 265 009 - Telm: 962 585 839 - Fax: 278 265 012
AAPIM - Associação de Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha
Av. Monsenhor Mendes do Carmo, 23 r/c Esqº
6300-586 GUARDA
Telef.: 271 223 964 - Fax: 271 200 075
www.aapim.com
ADRAB – Associação de Desenvolvimento Rural e Agrícola das Beiras
Edifício Mercado Municipal – Lj – 5
6250-073 BELMONTE
Telef./ Fax: 275 912 170
APROFNA - Associação de Produtores Florestais e Agro - Pecuários do Norte Alentejano
Rua da Infância, 2
7440-108 ALTER DO CHÃO
Telef.: 245 619 068 - Fax: 245 619 068
MinhOrigem – Associação Agro-ecológica do Minho
Praça do Município
4730-733 VILA VERDE
Telef.: 253 310 500 - Telm: 965 124 887 - Fax: 253 312 036
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.aapim.com/mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
35
APPIZÊZERE - Associação de Protecção Integrada e Agricultura Sustentável do Zêzere
Av. Eugénio de Andrade, Lote 80 r/c
6230-291 FUNDÃO
Telef.: 275 084 080 - Fax: 275 084 100
APARROZ – Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado, Lda
Rua Engº João Alves de Sá Branco - Lote 2, Loja 3
7580-161 ALCÁCER DO SAL
Telef.: 265 619 180 - Fax: 265 619 181
ACRIGUARDA – Associação de Criadores de Ruminantes do Concelho da Guarda
Estrada dos Galegos – Sítio do Lino
6300-653 GUARDA
Telef.: 271 230 489 - Fax: 271 238 545
ANCPA – Associação Nacional dos Criadores de Porco Alentejano
Largo da Alcáçova, nº 39
7350 ELVAS
Telef.: 266 771 932 - Fax: 266 771 933
APAS – Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena
Estrada Municipal - 612 km 4 Sobrena
2550-458 Peral – CADAVAL
Telef.: 262 699 040 - Fax: 262 699 049
Associação de Produtores Biológicos de Terras de Bouro
Av. Dr. Paulo Marcelino
4840 – 100 TERRAS DE BOURO
Telef: 253 356 050 - Fax: 253 351 806
www.abiologica.cm-terrasdebouro.pt
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.abiologica.cm-terrasdebouro.pt/
36
Associação de Agricultores Ribeira Teja e Vale do Côa.
Rua Direita, 20 – R/C
6430-169 MÊDA
Telef: 279 883 520
BIORAIA – Associação de Agricultores Biológicos da Raia
Zona Industrial, Rua A
6060-000 IDANHA-A-NOVA
Tel.: 277 202 316 - Fax: 277 202 180
[email protected] // [email protected]
BIOCÔA - Associação de Agricultores Biológicos do Vale do Côa
Largo de José Dias Coelho, 36
6400-398 PINHEL
Telef.: 271 411 660 Fax: 271 105 944
ELIPEC – Agrupamento de Produtores de Pecuária, S.A.
Av. de Badajoz, 3 – Apartado 234
7350-903 ELVAS
Telef.: 268 629 354 - Telem: 967 055 966 - Fax: 268 621 173
Sandra - 969 522 744
FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal
Av. do Colégio Militar, Lote 1786 - 1549-012 LISBOA
Tel: 217 100 084
FAX: 217 100 084 ou 217 166 122/3
www.fnap.pt
INTERBIO - Associação Interprofissional para a Agricultura Biológica
Edifício INOVISA - Tapada da Ajuda
1349-017 LISBOA
Tel.: [+351] 916 576 365
Website: www.interbio.pt
Blog: http://interbio-bio.blogspot.com
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]://www.fnap.pt/mailto:[email protected]://www.interbio.pt/http://interbio-bio.blogspot.com/
37
MONTES DO NORDESTE – Associação de Produtores de Agricultura Biológica de Trás-os-Montes e Alto
Douro
Rua da Regedoura, 3 - r/c
5160-256 TORRE DE MONCORVO
Tel.: 279 254 327 - Telem: 917 228 272 - Fax: 279 254 304
NATUR-AL-CARNES – Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejo, S.A.
Parque de Leilões de Gado de Portalegre
Estrada Nacional nº 246
7300 PORTALEGRE
Telef.: 245 366 227 - Fax: 245 366 227
38
ANEXO C – NOTIFICAÇÃO RELATIVA AO MODO DE PRODUÇÃO BIOLÓGICA
39
40
ANEXO D – QUESTIONÁRIO APRESENTADO AOS CONSUMIDORES
O pressente projecto foi cofinanciado com o apoio da Comissão Europeia. Esta publicação (comunicação) é da responsabilidade exclusiva do seu autor. A comissão não é responsável pelo uso que possa ser feito da informação aqui difundida.
PROGRAMA JUVENTUDE EM ACÇÃO
ACÇÃO 1.2 INICIATIVA JUVENIL TRANSNACIONAL, JOVEM EMPRESA ECOSUSTENTÁVEL
1. Sexo:
Feminino
Masculino
2. Idade:
3. Lugar de procedência:
EUROPA
AMÉRICA LATINA
NORTE DE ÁFRICA
ÁFRICA SUBSARIANA
ÁSIA
OUTROS
4. Nível de escolaridade concluída:
Ensino secundário obrigatório ou equivalente
Bacharelato ou equivalente
Frequência universitária ou equivalente
Licenciatura universitária ou equivalente
Doutoramento
Outros
5. Situação actual:
Estudante Trabalhador Estudante-trabalhador Desempregado Outra situação
6. Qual a percentagem de compra de produtos biológicos nas suas compras mensais?
41
0 1-25 26-50 51-75 76-100
7. Quais são os factores que o motivam a comprar ou que o motivariam a comprar produtos
biológicos?
Publicidade
Saúde
Natureza
Moda
Pelo meio-ambiente
Pelo sabor
Curiosidade
8. Quais são os factores que o impedem ou que o poderiam impedir de comprar produtos
biológicos?
Não haver a certeza que a proveniência seja de facto ecológica
Preço demasiado alto
São pouco apelativos
Falta de controlos
Auto-produção
9. Como avalia a informação sobre a certificação dos produtos biológicos?
Insuficiente
Suficiente
Boa
Óptima
10. Como avalia a informação sobre a proveniência dos produtos biológicos?
Insuficiente
Suficiente
Boa
Óptima
11. Nota diferença entre os produtos biológicos e os convencionais?
SIM NÃO
12.Acredita que os produtos biológicos são mais nutritivos e saudáveis que os produtos
convencionais?
SIM NÃO
13. Aconselharia outras pessoas a comprar produtos biológicos?
SIM NÃO
Obrigada pela colaboração
42
ANEXO E – EXEMPLO DE CERTIFICAÇÃO BIOLÓGICA