268
José Manuel da Costa Meireles Maria Manuela da Costa Meireles Magda Sofia Campos Barbosa Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante (NÃO COMUNITÁRIO) ___________ DIREITOS E DEVERES EM PORTUGAL verbojuridico ® ______________ 2005

Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

  • Upload
    buikhue

  • View
    235

  • Download
    2

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

José Manuel da Costa Meireles Maria Manuela da Costa Meireles

Magda Sofia Campos Barbosa

Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante

(NÃO COMUNITÁRIO)

___________

– DIREITOS E DEVERES EM PORTUGAL –

verbojuridico ® ______________

2005

Page 2: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

GUIA PRÁTICO JURÍDICO DO CIDADÃO IMIGRANTE JOSÉ COSTA MEIRELES E OUTROS

verbojuridico.net

Nota: O texto do presente livro foi inicialmente publicado pela Associação Famílias (Braga), com o depósito legal 192369/03 e ISBN 972/97483-4-9 (edição de Dezembro de 2002). Em Outubro de 2005, os autores disponibilizaram o texto na sua forma original para publicação no Portal Verbo Jurídico (www.verbojuridico.net), sendo precisamente esse texto, sem qualquer alteração gráfica ou de conteúdo que aqui se disponibiliza.

Page 3: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

«A cidade que fecha as portas a alguém é uma cidade injusta. Nessa cidade não entrarei»

(Teilhard de Chardin)

Tu, que vais sentado à proa do barco

E vês o rombo em baixo, não te fies na sorte

Nem desvies o teu olhar para o largo,

Pois não estás fora dos olhos da morte.

Sempre achei falso o nome que nos deram: «Emigrantes».

Isso quer dizer «os que emigraram». Mas nós

Não emigramos, escolhendo por livre decisão

Uma outra terra, para ficar lá, possivelmente pra sempre.

Nós fugimos. Desterrados é que nós somos, exilados.

E a terra que nos recebeu não será asilo, mas exílio.

Inquietos aqui estamos, o mais possível perto das fronteiras

À espera do dia do regresso, observando cada mínima

Alteração pra lá da raia, interrogando com ardor

Cada um chega, nada esquecendo e de nada desistindo

E também nada perdoando do que aconteceu, nada perdoando.

Ai, o sossego do Sund não nos engana! Ouvimos os gritos

Lá dos seus campos até aqui. Pois nós mesmo somos

Quase como boatos de crimes que se escaparam

Por sobre as fronteiras. Cada um de nós,

Que passa através da turba de sapatos rotos,

Dá testemunho da vergonha que agora mancha a nossa terra.

Mas nenhum de nós

Ficará aqui. A última palavra

Ainda não foi dita.

Bertold Brecht, Gesammeltte Werke 9, Frankfur am Main, 1967, p. 718.

Tradução de Paulo Quintela

7

Page 4: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro
Page 5: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O fenómeno da imigração e das minorias étnicas não é novo emPortugal, apesar de termos sido até há algumas décadas um país sobretudode emigrantes.

No entanto na sequência das independências africanas, a partir de 1975e da queda do «muro de Berlim», a imigração ganhou uma importância,dimensão e acuidade que não é necessário sublinhar. É parte do dia-a-dia,basta abrir os olhos, para ver outras cores, estilos, línguas, comportamentos...

«Acolher e Integrar» é o grande lema do Alto Comissariado para aImigração e Minorias Étnicas (ACIME), mas estes dois simples verbos têmvários significados e implicações.

Fenómeno altamente positivo, com vertentes sociais, culturais, religiosas,económicas, a imigração traz também os seus inquestionáveis problemase só uma perspectiva horizontal e integrada – informação, legislação,trabalho, segurança social, saúde, ensino, habitação – pode ensaiar umaresposta adequada e progressiva, para que os imigrantes que vivamconnosco, conheçam os seus direitos e deveres e possam, eles e os seusdescendentes, vir a gozar de plena e activa cidadania.

É claro que a legislação – a «lei» – não é tudo mas é um elemento básicoe fundamental, quer para aqueles que chegam, quer para aqueles queacolhem.

É, nesta linha que se centra a iniciativa e o esforço do meu grandeamigo, o advogado Dr. José Manuel da Costa Meireles, de num só volumecoligir toda a legislação actual referente aos imigrantes e à imigração, legis-lação que até agora tem estado dispersa e avulsa.

Que nesta bela obra de pesquisa, de recolha e de síntese, possa prestar,como é de esperar, o grande serviço de contribuir de forma significativapara a integração dos nossos irmãos e concidadãos imigrantes.

O Alto ComissárioPara a Imigração e Minorias Étnicas

(P.E ANTÓNIO VAZ PINTO)

PREFÁCIO

9

Page 6: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro
Page 7: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

A ideia de escrever o livro que agora se apresenta tem, simultanea-mente, origem no convite e no desafio que foi feito ao primeiro dosco-autores pelo Dr. Carlos de Aguiar Gomes, prezado amigo e Presidenteda Direcção do Instituto «Famílias», pessoa jurídica canónica e fundaçãoperante a ordem jurídica civil, com sede na cidade de Braga. Este convitefoi, entretanto, alargado à irmã do primeiro dos co-autores, também ela,como ele, jurista de formação e que acumula as funções de docente.Aquele distinto amigo pressentiu e/ou intuiu a necessidade de um GuiaPrático em matéria jurídica que pudesse servir de elemento auxiliar deconsulta aos imigrantes radicados no nosso país e a todas as pessoas e insti-tuições que, de algum modo, estão envolvidas em actividades de auxílioe apoio a estas comunidades, que,como é sabido, são maioritariamenteoriundos de países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e da Europa deLeste. Estas comunidades, com a ajuda deste guia poderiam mais facil-mente, conseguir integrar-se na vida social e cultural do nosso país e dessemodo adquirir maior consciência da sua cidadania. Posto isto, o primeirodesafio que se colocou ao primeiro dos co-autores foi o ter de decidir-sepela elaboração de um Guia, por assim dizer, «minimalista» ou, ao invés,abalançar-se num projecto de maior monta, elaborando um Guia maisabrangente, isto é, que não se ficasse somente pela abordagem do regimejurídico da entrada, permanência, saída e afastamento dos cidadãos estran-geiros em território Português, um Guia que pudesse constituir-se comouma espécie de manual de cidadania do imigrante não comunitário. Foiesta, ponderadas as vantagens e desvantagens, a opção adoptada. Daí arelativa extensão das matérias e assuntos tratados, inseridos tanto quantopossível em alguns troncos e ramos tradicionais do Direito, pois que, emprincípio, o imigrante tem os mesmos direitos que os cidadãos de naciona-lidade portuguesa. E, se dizemos, em princípio, é porque, como melhor severá mais à frente, além das restrições estabelecidas pela Constituição daRepública Portuguesa de 1976, esta Lei Fundamental da Nação, permite quepor lei formal, isto é, provinda da Assembleia da República, ou medianteautorização legislativa do Governo, os direitos dos imigrantes possam serobjecto de limitação. Na verdade, há um leque de certos e determinadosdireitos de que só gozam os cidadãos portugueses e que, portanto, estãovedados aos estrangeiros, em geral, e aos imigrantes em particular.Todavia, estamos perante uma excepção ao Princípio e Regra da Equipa-

11

NOTA PRÉVIA

Page 8: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro e o cidadão nacional.Assim sendo, à pergunta acerca de quais são os direitos dos imigrantes,poderia responder-se sinteticamente, dizendo-se que são todos os direitosreservados pela Constituição e pela lei aos cidadãos portugueses, comressalva das excepções que a lei prevê. Ora, e posto isto, ficaríamos dispen-sados de ter que fazer a catalogação desses direitos, tal é a sua vastidão,limitando-nos, simplesmente, a enumerar as excepções que constituemlimites aquele princípio que equipara legalmente o estrangeiro e o cidadãoportuguês. E, assim, uma vez definidos esses limites e excepções, teríamosà priori definidos todos os direitos que cabem aos imigrantes. Todavia, porrazões pedagógicas, estando cientes dos riscos desta eleição, ousamos irum pouco mais além do que não pode fazer o imigrante, deslocandogrande parte das questões e da nossa atenção para o que ele pode fazer,que direitos e obrigações tem, tendo sempre presente que o imigrante émais que um simples cidadão estrangeiro, o qual, no dizer de dois distin-tos constitucionalistas, implica «um tratamento pelo menos tão favorávelquanto o concedido ao cidadão português, designadamente no que respeitaa um certo número de direitos fundamentais» (G. Canotilho / V. Moreira).

Entretanto, à medida que as dificuldades na elaboração deste Guia iamsurgindo, resolveu-se estender também o convite à última co-autora que,veio assim dar um novo alento ao projecto inicial. A responsabilidade pelaorientação e revisão geral desta obra ficou a cargo do primeiro dosco-autores. Como método de exposição optou-se pelo sistema de perguntase respostas, procurando-se adoptar, tanto quanto possível, e sempre semprejuízo do rigor técnico-jurídico necessário, uma linguagem clara e simples,tendo em conta os leitores a quem se destina, pessoas maioritariamentesem formação jurídica. Em suma, espera-se modestamente que este Guiapossa, como se disse no início, servir como auxiliar e elemento de consultae, tanto quanto o permitir a disponibilidade dos autores, que ele possaoportunamente ser actualizado, procurando-se que, uma vez traduzido paraalguns dos idiomas mais representativos das comunidades de imigrantesradicados em Portugal, venha a estar disponível para consulta na páginaque a Associação Famílias tem na Internet em:

http//www.planeta.clix.pt/associacao.familias/

Os Autores

JOSÉ MANUEL DA COSTA MEIRELES

MARIA MANUELA DA COSTA MEIRELES

MAGDA SOFIA CAMPOS BARBOSA

12

Page 9: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

@ – símbolo de endereço de correio electrónico (e-mail)Art.º – artigoAR – Assembleia da RepúblicaACIME – Alto Comissário para as Migrações e Minorias ÉtnicasACNUR – Alto Comissário das Nações Unidas para os RefugiadosAP – Autorização de Permanênciaar – Autorização de ResidênciaBI – Bilhete de IdentidadeCDSP – Código Deontológico do Serviço PolicialCIAPI – Comissão Interministerial de Acompanhamento da Política de ImigraçãoCA – Contribuição AutárquicaCRSS – Centro Regional de Segurança SocialCRP – Constituição da República Portuguesa de 1976CIE – Centro de Instalação TemporárioCIRS – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.CIRC – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas.CIVA – Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado.CIMSSD – Código do Imposto sobre as Sucessões e Doações.CIS – Código do Imposto de SeloCIEC – Código dos Impostos especiais sobre o consumo de certos bens:CFE – Centro de Formalidades de EmpresaDR – Diário da RepúblicaDRE – Diário da República ElectrónicoD.L. – Decreto-LeiDUDH – Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Assembleia Geral da ONU de 1948€ – Euro(s)EIRL – Estabelecimento Individual de Responsabilidade LimitadaEU – União EuropeiaEEE – Espaço Económico EuropeuFGA – Fundo de Garantia AutomóvelGNR – Guarda Nacional RepublicanaIRS – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas SingularesIRC – Imposto sobre o Rendimento das Pessoas ColectivasIVA – Imposto sobre o Valor AcrescentadoIMSSD – Imposto sobre as Sucessões e Doações

IS – Imposto de Selo

IEC – Impostos especiais sobre o consumo de certos bens

13

ABREVIATURAS e GLOSSÁRIO

Page 10: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

14

IABA – Imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicasISP – Imposto sobre os produtos petrolíferosIT – Imposto sobre o tabacoIA – Imposto automóvelIVVA – Imposto sobre a venda de veículos automóveisIPSS – Instituição Particular de Solidariedade SocialIGT – Inspecção Geral do TrabalhoIDICT – Instituto do Desenvolvimento e das Condições de TrabalhoIEF – Instituto do Emprego e Formação ProfissionalIus sanguinis – direito de sangueIus soli – direito de soloLC – Loja do CidadãoLDA – Sociedade (Comercial) de Responsabilidade LimitadaLTETP – Lei do Trabalho de Estrangeiros em Território PortuguêsL. – LeiLN – Lei da NacionalidadeLI – Lei da ImigraçãoMTSS – Ministério do Trabalho e da Solidariedade SocialN.º/n.º – númeroNIF – Número de Identificação Fiscal (número de contribuinte)ob. cit. – obra citadaOTAN – Organização do Tratado do Atlântico NorteONU – Organização das Nações UnidasOIT – Organização Internacional do TrabalhoOIM – Organização Internacional das MigraçõesONG – Organização Não-GovernamentalPJ – Polícia JudiciáriaPSP – Polícia de Segurança PúblicaRMG – Rendimento Mínimo Garantido (ver RSI)RMG – Remuneração Mínima GarantidaRNPC – Registo Nacional de Pessoas ColectivasRLN – Regulamento da Lei da NacionalidadeRSI – Rendimento Social de IntegraçãoSA – Sociedade (comercial) AnónimaSEF – Serviço de Estrangeiros e FronteirasSISA – Imposto sobre transmissão de bens imóveisSMN – Salário Mínimo Nacional (v. RMG)STA – Supremo Tribunal AdministrativoSTJ – Supremo Tribunal de JustiçaSIS – Serviço de Informação SchengenTC – Tribunal ConstitucionalTJCEE – Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias

Page 11: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

PREFÁCIO ......................................................................................................................................... 9

NOTA PRÉVIA .................................................................................................................................. 11

ABREVIATURAS E GLOSSÁRIO ...................................................................................................... 13

I. O ESTATUTO JURÍDICO DO ESTRANGEIRO E DO IMIGRANTE ................................. 19

1. O estatuto constitucional do estrangeiro ....................................................................... 19

2. O estatuto do estrangeiro segundo o Direito Internacional Público............................. 27

3. O conceito de Imigrante e de Nacional Português ........................................................... 31

4. O regime de Entrada, Permanência, Saída e Afastamento de cidadãos estrangeiros

em Território Português .................................................................................................. 39

5. A cidadania política e o direito de associação do imigrante ........................................ 55

6. Entidades públicas vocacionadas para as questões de Imigração ............................... 61

II. O TRABALHO E A SEGURANÇA SOCIAL ........................................................................ 73

Introdução ........................................................................................................................... 73

1. Procura e acesso ao emprego ........................................................................................ 74

2. Relação laboral: direitos e deveres ................................................................................. 77

3. Regime de protecção social ............................................................................................ 81

4. Cessação da relação laboral ............................................................................................ 86

III. O ACESSO À ACTIVIDADE EMPRESARIAL E/OU PROFISSIONAL .............................. 88

IV. DA FAMÍLIA E DO DIREITO SUCESSÓRIO .................................................................... 94

1. O Reagrupamento Familiar ............................................................................................. 94

2. O Casamento e a União de Facto .................................................................................. 96

3. O poder paternal, os filhos e o ensino .......................................................................... 104

4. O fenómeno sucessório .................................................................................................. 109

V. A HABITAÇÃO E O DIREITO DE PROPRIEDADE PRIVADA ........................................ 112

1. O Alojamento temporário ............................................................................................... 112

2. Arrendamento, hospedagem e aquisição de uma casa ................................................. 113

3. A Propriedade Horizontal ............................................................................................... 118

4. O Crédito à Habitação ................................................................................................... 120

VI. A SAÚDE .............................................................................................................................. 121

1. O Serviço Nacional de Saúde ........................................................................................ 121

15

ÍNDICE

Page 12: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

16

VII. A JUSTIÇA E O APOIO JUDICIÁRIO DO ESTADO PORTUGUÊS ................................. 126

1. O Acesso ao Direito e aos Tribunais Portugueses ........................................................ 126

2. Direitos Humanos e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem ............................. 131

VIII. O DIREITO CRIMINAL E O DIREITO DAS CONTRA-ORDENAÇÕES APLICÁVEL À

IMIGRAÇÃO ILEGAL ......................................................................................................... 134

IX. PREVENÇÃO, PROIBIÇÃO E SANCIONAMENTO DE DISCRIMINAÇÕES NO EXER-

CíCIO DE DIREITOS .......................................................................................................... 137

X. LEI APLICÁVEL ÀS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS EM SITUAÇÕES DE CONFLITOS

DE LEIS DE VÁRIOS PAÍSES ............................................................................................. 143

XI. COMPETÊNCIA JUDICIÁRIA E A EXECUÇÃO DE DECISÕES EM MATÉRIA CIVIL

E COMERCIAL NA UNIÃO EUROPEIA ............................................................................ 144

XII. O CONSUMO ...................................................................................................................... 146

XIII. A FISCALIDADE ................................................................................................................. 169

XIV. O CÓDIGO DA ESTRADA ................................................................................................. 175

1. A Contra-Ordenação. Classificação ................................................................................ 175

2. O Processo de Infracções estradais ................................................................................ 178

3. As principias inovações do Código da Estrada de 1998 e as alterações em 2001 ...... 179

4. A matrícula, o imposto automóvel, o imposto municipal e o imposto de circulação 181

5. Carta de condução estrangeira ....................................................................................... 182

XV. A CRIMINALIDADE ASSOCIADA À CONDUÇÃO RODOVIÁRIA ................................. 184

XVI. O SEGURO AUTOMÓVEL DE RESPONSABILIDADE CIVIL. A CARTA VERDE.

O SISTEMA DE INDEMNIZAÇÃO DIRECTA AO SEGURADO (IDS) E O FUNDO

DE GARANTIA AUTOMÓVEL (FGA) ................................................................................ 186

XVII. DIREITO MORTUÁRIO ..................................................................................................... 193

XVIII. ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A EVOLUÇÃO DO FENÓMENO DA

IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL ............................................................................................ 195

XIX. INFORMAÇÕES ÚTEIS ...................................................................................................... 198

1. Portugal continental e ilhas: geografia, população e clima .......................................... 198

2. A história de Portugal ..................................................................................................... 199

3. A língua e cultura portuguesas ....................................................................................... 200

4. O modo de vida português ............................................................................................ 201

Page 13: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

5. A religião e os lugares de culto ...................................................................................... 202

6. A moeda corrente ............................................................................................................ 202

7. Os serviços de urgência .................................................................................................. 203

8. Cursos gratuitos de ensino da língua, cultura e cidadania portuguesas ...................... 203

FORMULÁRIOS ................................................................................................................................ 205

1. Modelo de requerimento do progenitor para aquisição de nacionalidade portuguesa

pelo filho ............................................................................................................................. 206

2. Modelo de requerimento para aquisição de nacionalidade portuguesa .......................... 207

3. Requerimento para autorização de residência (Mod. DR 0001-MAI/SEF) ....................... 208

4. Requerimento para autorização de residência de menores (Mod.DR0003-MAI/SEF) ..... 213

5. Requerimento de emissão de título de residência por motivo de alteração de estatuto,

renovação do título ou segunda via por motivo de extravio, furto ou outro

(Mod. DR0011-MAI/SEF) ..................................................................................................... 218

6. Prorrogação de permanência para visto de trânsito, visto especial, visto de curta dura-

ção e turismo, acompanhamento de titulares de visto de estudo, estada temporária,

trabalho ou autorização de permanência (Mod. DR00005-MAI/SEF) .............................. 221

7. Requerimento de certidão de residência permanente em Portugal ou de declaração

de permanência regular em território nacional ao abrigo de um visto de trabalho, de

estudo, ou estada temporária (Mod. DR0008-MAI/SEF) ................................................... 224

8. Declaração de entrada em território português (Mod. 812-MAI/SEF) .............................. 225

9. Termo de responsabilidade relativamente à estada em Portugal e cumprimento da lei

portuguesa por parte de um cidadão estrangeiro (Mod. DR0009-MAI/SEF) ................... 226

10. Modelo de requerimento de cidadão brasileiro para obtenção de estatuto geral de

igualdade de direitos em Portugal ..................................................................................... 227

11. Modelo de requerimento de cidadão brasileiro para obtenção de estatuto geral e espe-

cial de igualdade de direitos políticos em Portugal .......................................................... 228

12. Modelo de requerimento de cidadão brasileiro para obtenção de estatuto especial de

igualdade de direitos políticos em Portugal ...................................................................... 229

13. Minuta de um contrato de trabalho ................................................................................... 230

14. Minuta de um contrato de trabalho para prestação de serviço doméstico ...................... 232

15. Requerimento de pessoa singular para obtenção de apoio judiciário do Estado Portu-

guês (Mod. AJ001/2001-DGSSS) ......................................................................................... 234

16. Declaração de salários em atraso (Mod. CD0162-DGRSS) ................................................ 238

17. Formulário de identificação complementar do trabalhador estrangeiro

(Mod. RV1006/99-DGRSS) ................................................................................................... 239

INDÍCE DE LEGISLAÇÃO INTERNA E DE ALGUNS TEXTOS INTERNACIONAIS PERTINENTES 241

ENDEREÇOS ÚTEIS ......................................................................................................................... 245

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 262

PÓSFÁCIO ......................................................................................................................................... 269

17

Page 14: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro
Page 15: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Constituição da República Portuguesa (CRP);– D.L. n.º 244/98, de 8/08 – Lei da Imigração (LI);– Convenção de Brasília de 7/10/1971, sobre a Igualdade de Direitos e Deveres entre

Brasileiros e Portugueses, que entrou em vigor em 22/03/1972;– Tratado de Amizade e Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a Repú-

blica Federativa do Brasil, de 22/04/2000, aprovado pela Resolução da ARn.º 83/2000, de 14/12;

– Acordo Especial entre Portugal e Cabo Verde, de 15/04/1976, assinado na cidade daPraia, que entrou em vigor em 5/11/1976;

– Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen, assinada em Schengen em 1990.– Acordo de Schengen, assinado em Schengen em 14 de Junho de 1985.

Qual é o estatuto constitucional do estrangeiro em Portugal?

O estatuto é regido pelo princípio da igualdade segundo o qual «Todos oscidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei. Ninguém podeser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isentode qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território deorigem, religião, convicções políticas, instrução, situação económica oucondição social» (art.º 13.º da CRP). Assim, em matéria de direitos e deveres«Os estrangeiros e os apátridas que se encontrem ou residam em Portugalgozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres do cidadão português» (art.º 15.º,n.º 1 da CRP).

Quais são segundo a CRP as excepções ao princípio da igualdade de direitose deveres?

Podem contabilizar-se três excepções, que seguidamente se expõem:– direitos políticos;– o exercício de funções públicas que não tenham carácter predominante-

mente técnico;– os direitos e deveres reservados pela Constituição e pela lei exclusivamente

aos portugueses (n.º 2, do art.º 15.º da CRP).

19

CAPÍTULO I

O ESTATUTO JURÍDICO DO ESTRANGEIRO E DO IMIGRANTE

1. O estatuto constitucional do Estrangeiro

Page 16: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

No caso de as funções públicas exercidas por estrangeiros terem caráctertécnico, «onde predomina um aspecto técnico por oposição a um factor de auto-ridade pública» então, segundo a Jurisprudência do Supremo Tribunal Administra-tivo (STA) e a doutrina do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da Republica(pareceres n.os 23/81, 152/81, e 22/90 e 71/91), permite-se que os estrangeirostenham acesso a essas funções públicas, e não serão por esse motivo discrimi-nados em razão da sua nacionalidade. Assim, são funções de carácter predominan-temente técnico aquelas para as quais a lei exige uma formação específica: jurista,engenheiro, psicólogo, quando a função exercida exija, predominantemente, conhe-cimentos técnicos resultantes dessa formação específica. No caso do exercício dadocência pública, há que referir que os professores no exercício das suas funçõestêm poderes de autoridade, tais como a realização de exames e atribuição de clas-sificações, administrar a disciplina na escola, que são inerentes à função técnicaexercida, isto é, ministrar conhecimentos. Nesse sentido também decidiu o Tribunalde Justiça da CEE para os nacionais de estados membros da comunidade europeiaao dizer que no acesso «aos empregos na administração pública» só poderia haveruma excepção: nas «actividades específicas desta administração enquanto investidano exercício de poder e autoridade publica».

De que vício estão feridas as normas constantes de leis ordinárias (de valornormativo abaixo da CRP) relativas ao acesso à função pública que even-tualmente estabeleçam uma proibição de acesso dos estrangeiros em geral,isto é, que não se restrinja unicamente às funções que envolvam predomi-nantemente o exercício de poderes de autoridade?

Estas normas, a pedido dos interessados com legitimidade para o efeito,poderão vir a ser declaradas inconstitucionais (violadoras da CRP) pelo TribunalConstitucional. Parece ser este o caso, por ex. da norma constante de uma lei(alínea a), do n.º 2, do art.º 29.º D.L. n.º 204/98, de 11/07) que estabelece o regimegeral de recrutamento e selecção de pessoal da Administração Pública segundo aqual constitui requisito geral de admissão a concurso e provimento em funçõespúblicas, «ter nacionalidade portuguesa».

Quais são os «direitos e deveres reservados pela Constituição e pela leiexclusivamente aos portugueses»?

Esta é uma questão problemática, pois nem sempre será fácil descortinar quaissão esses direitos e deveres. Contudo, e sem margem para dúvidas, serão aquelesque a CRP expressamente atribui aos portugueses, como é o caso de:

– proibição absoluta de expulsão e restrição à possibilidade de extradição(art.º 33.º da CRP);

20

Page 17: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– capacidade eleitoral activa (direito de votar) e passiva (direito de ser eleito)para a eleição do Presidente da República e da Assembleia da República(art.os 121.º, 122.º, 147.º e 140.º da CRP);

– dever de prestar serviço militar e defesa da Pátria (art.º 275.º e 276.º);– o direito de petição (faculdade que a CRP confere aos cidadãos de, indivi-

dualmente ou colectivamente, apresentarem queixa, reclamações, represen-tações e petições aos órgãos de soberania para a defesa dos seus direitos),segundo, alguns juristas (J. J. Gomes CANOTILHO/ Vital MOREIRA, in Cons-tituição da República Portuguesa Anotada, 3.ª edição revista, anotação aoart.º 15.º). Porém, os estrangeiros poderão sempre através das suas associa-ções culturais e recreativas e de defesa dos seus direitos, apresentar as suaspetições à Assembleia da República, Governo, Autarquias e demais órgãosde soberania, pois para a lei portuguesa, estas associações são consideradascomo sendo de nacionalidade portuguesa, pelo que, gozam, com as devidasadaptações, dos direitos e deveres do cidadão português, conforme o estabe-lecido no art.º 12.º da CRP, nomeadamente, do direito de dirigir petições aosórgãos de soberania.

Então quais são os outros direitos e deveres que a CRP reconhece e obrigaa todos os cidadãos, independentemente da sua nacionalidade?

Desde logo, os direitos, liberdades e garantias fundamentais, tais como odireito à vida, à integridade física, à liberdade e segurança, direito a não ser presosem culpa formada, direito à inviolabilidade do domicílio e da correspondência,direito à família, a liberdade de apreender e ensinar, entre outros.

Em que consiste e a quem é aplicável o chamado princípio da recipro-cidade?

Aos cidadãos dos países de língua portuguesa podem ser atribuídos, medianteconvenção internacional e em condições de reciprocidade, direitos não conferidosa estrangeiros, salvo o acesso à titularidade dos órgãos de soberania e dos órgãosde governo próprio das regiões autónomas, o serviço nas forças armadas e acarreira diplomática. (n.º 3, do art.º 15.º da CRP). Eis alguns exemplos:

– Convenção de Brasília de 7/10/1971, sobre a Igualdade de Direitos edeveres entre Brasileiros e Portugueses, que entrou em vigor em 22/03/1972,estabelece direitos e deveres para os cidadãos portugueses no Brasil e paraos cidadãos brasileiros em Portugal não reconhecidos aos demais estran-geiros, nomeadamente, através do estabelecimento de dois estatutos: umestatuto de igualdade de direitos e deveres e um estatuto de igualdade dedireitos políticos, com algumas limitações.

21

Page 18: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Acordo Especial da cidade da Praia de 15/04/1976, entre Portugal eCabo Verde, que entrou em vigor em 5/11/1976 e que estabelece um conjuntode direitos e deveres para os nacionais de cada um das Partes Contratantes,nomeadamente: o livre exercício de profissões liberais, o direito de estabele-cimento para a instalação e exercício de actividades de carácter industrial,comercial, agrícola, etc.

Os estrangeiros podem votar e ser eleitos, em condições de reciproci-dade, para os órgãos de autarquias locais (Câmaras Municipais, Juntas deFreguesia)?

Sim, de acordo com o n.º 4, do art.º 15.º da CRP: «A lei pode atribuir a estran-geiros residentes no território nacional, em condições de reciprocidade, capaci-dade eleitoral activa e passiva para a eleição dos titulares dos órgãos deautarquias locais. A lei pode ainda atribuir, em condições de reciprocidade, aoscidadãos dos Estados membros da União Europeia residentes emPortugal o direito de elegerem e serem eleitos Deputados ao Parlamento Europeu».

Os cidadãos portugueses podem ser expulsos de Portugal?

«Não é admitida a expulsão de cidadãos portugueses do território nacional»(n.º 1 do art.º 33.º da CRP).

Em que situações e de que depende, segundo a CRP, a possibilidade deexpulsão de estrangeiros que se encontram em situação ilegal em Portugalou de quem solicitou asilo?

A expulsão de quem tenha entrado ou permaneça regularmente no territórionacional, de quem tenha obtido autorização de residência ou de quem tenhaapresentado pedido de asilo não recusado só pode ser determinada por autori-dade judicial, assegurando a lei formas expeditas de decisão (n.º 2 do art.º 33.ºda CRP).

Tem algum cidadão estrangeiro em Portugal, perante um outro Estado querequisita a sua extradição por motivos políticos ou por crimes a quesegundo esse Estado se aplica a pena de morte, a garantia de que tal pedidonão será correspondido pelo Estado português?

Não é admitida a extradição por motivos políticos, nem por crimes a quecorresponda, segundo o direito do estado requisitante, pena de morte ou outrade que resulte lesão irreversível da integridade física (n.º 3, do art.º 33.º da CRP).

22

Page 19: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Em que casos é admissível a extradição em Portugal?

Só é admitida a extradição por crimes a que corresponda, segundo o direito doEstado requisitante, pena ou medida de segurança privativa ou restritiva da liber-dade com carácter perpétuo ou de duração indefinida, em condições de reciproci-dade estabelecidas em convenção internacional e desde que o Estado requisitanteofereça garantias de que tal pena ou medida de segurança não será aplicada ouexecutada (n.º 4, n.º 5 e, do art.º 33.º da CRP).

Quem tem exclusiva competência para decidir sobre um pedido deextradição?

A extradição só pode ser determinada por decisão judicial (n.º 7, do art.º 33.ºda CRP).

É garantido o direito de asilo automaticamente, isto é, sem depender dosmotivos alegados, a todas as pessoas que o peçam?

Não. É garantido o direito de asilo aos estrangeiros e aos apátridas perse-guidos ou gravemente ameaçados de perseguição, em consequência da sua activi-dade em favor da democracia, da libertação social e nacional, da paz entre ospovos, da liberdade e dos direitos da pessoa humana (n.º 8 do art.º 33.º da CRP).

Onde se definem os direitos e deveres do Refugiado político?

A lei define o estatuto do refugiado político (n.º 9, do art.º 33.º da CRP).

Se um estrangeiro que se encontre em Portugal for suspeito de se dedicar auma actividade criminosa especialmente violenta ou altamente organizada,incluindo o terrorismo e o tráfico de pessoas, de armas e de estupefacien-tes, pode ver o seu domicílio e correspondência violados?

Em princípio, o que a actual CRP prevê no seu art.º 34.º é de que o domicílioe o sigilo da correspondência (e de outros meios de comunicação privada) sãoinvioláveis. Igualmente, e porque Portugal não é um «Estado Policial» a entrada nodomicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode ser ordenada pela autoridadejudicial competente, nos casos e segundo as formas previstas na lei. Porém, depoisda última revisão constitucional (em 2001) passou a admitir-se a entrada no domi-cílio durante a noite de qualquer pessoa sem o consentimento, nos casos de crimi-

nalidade especialmente violenta ou altamente organizada, incluindo o terrorismo

e o tráfico de pessoas, de armas e de estupefacientes.

23

Page 20: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Qual o âmbito e sentido dos chamados «direitos fundamentais» enunciadosna CRP?

«Os direitos fundamentais consagrados na Constituição não excluem quais-quer outros constantes das leis e das regras aplicáveis de direito internacional»(n.º 1, do art.º 16.º da CRP).

Como devem ser interpretados e integrados os «direitos fundamentais»?

«Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos fundamentais devemser interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dosDireitos do Homem» (n.º 2, do art.º 16.º da CRP).

Qual é a força jurídica dos preceitos constitucionais respeitantes aosdireitos, liberdades e garantias?

Segundo o n.º 1 do art.º 18.º da CRP, eles «são directamente aplicáveis evinculam as entidades públicas e privadas».

Segundo a Constituição são de admitir restrições aos preceitos constitu-cionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias?

Diz o n.º 2, do art.º 189.º da CRP: «A lei só pode restringir os direitos, liberdadese garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restri-ções limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses consti-tucionalmente protegidos».

Que requisitos devem observar as lei que restringem os direitos, liberdadese garantias, para estarem em conformidade com a Constituição?

O n.º 3 do art.º 18.º da CRP diz expressamente: «As leis restritivas de direitos,liberdades e garantias têm de revestir carácter geral e abstracto e não podem terefeito retroactivo nem diminuir a extensão e o alcance do conteúdo essencial dospreceitos constitucionais».

A Constituição permite, em princípio, a suspensão dos exercício dedireitos?

Não. De acordo com o n.º 1 do art.º 19.º da CRP: «Os órgãos de soberania nãopodem, conjunta ou separadamente, suspender o exercício de direitos, liberdadese garantias, salvo em caso de estado de sítio ou estado de emergência, declaradosna forma prevista na Constituição». Porém, segundo o n.º 6 do mesmo preceito:

24

Page 21: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

«A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência em nenhum caso podeafectar os direitos à vida, à integridade física, à identidade pessoal e à cidadania,à não retroactividade da lei criminal, o direito de defesa dos arguidos e a liber-dade de consciência».

Quem é, segundo a lei portuguesa de imigração, considerado como estran-geiro?

«Considera-se estrangeiro todo aquele que não prove possuir a nacionalidadeportuguesa» (art.º 2.º do D.L. n.º 244/98, de 8/08 – Lei da Imigração (LI).

Nota: «São cidadãos portugueses todos aqueles que como tal sejam considerados pela lei ou por

convenção internacional» (art.º 4.º da CRP)

Quem é considerado residente em Portugal segundo a Lei da Imigração?

«Considera-se como residente o estrangeiro habilitado com título válido de resi-dência em Portugal» (art.º 3.º da LI).

Nota: Logo que entrarem em vigor as novas alterações à L.I. o título será uma autorização de resi-

dência.

O que é, e de que trata a Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen?

Em 14 de Junho de 1985 foi assinado, na cidade de Schengen, o chamado«Acordo de Schengen», designação atribuída ao acordo celebrado (fora do quadroda União Europeia) para a livre circulação de mercadorias e supressão de todos oscontrolos e formalidades nas fronteiras comuns, entre a França, a Alemanha e oBenelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), e a que viriam a aderir, posterior-mente, a Itália, Espanha, Portugal (25/06/1991), Grécia, Áustria, Dinamarca, Fin-lândia e Suécia. A Islândia e a Noruega, que integram com os restantes países nór-dicos a União Nórdica (que criou a livre circulação entre estes países), por nãofazerem parte da União Europeia, possuem o estatuto de membros associados. Nasequência do acordo assinado em Schengen, as partes estabeleceram uma Con-venção para aplicação das cláusulas relativas à livre circulação e à segurança,igualmente assinada na cidade de Schengen em 19 de Junho de 1990. A 16 e 17 deJunho de 1997, na Cimeira Europeia de Amsterdão, foi decidida a integração doAcordo de Schengen no Tratado da União Europeia, sujeitando-o, assim, às regrascomunitárias. O objectivo principal é a abolição do controlo de pessoas nas fron-teiras internas dos estados contratantes. Com esta finalidade, e para conciliar a

25

Page 22: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

liberdade de circulação com a segurança neste espaço, são criadas as seguintesmedidas compensatórias:

– reforço do controlo de pessoas nas fronteiras externas dos Estados contratantes.– definição de uma política de vistos comum.– criação do «Sistema de Informação Schengen».

O que é e para que serve o «Sistema de Informação Schengen» (SIS)?

Tendo em vista as acções de controlo das fronteiras externas e de cooperaçãopolicial, as partes contratantes da Convenção de Aplicação do Acordo deSchengen estabeleceram a criação e manutenção de um sistema de informação,composto por uma parte nacional junto de cada uma das parte e por uma funçãode apoio técnico. Este sistema permite às autoridades, graças a um processo deconsulta automatizado, disporem da lista de pessoas indicadas e de objectos,aquando dos controlos de polícia e aduaneiros efectuados no interior de um país,e bem assim, à lista de pessoas indicadas para efeitos do processo de emissão devistos, de títulos de residência e da administração de estrangeiros (art.º 92.º daConvenção).

O que é a zona internacional do aeroporto ou do porto?

Para efeitos de aplicação da LI e de controlo de documentos foi necessáriodefinir, com rigor, o que se entende por esta zona. Assim, segundo a LI, trata-se deuma zona compreendida entre os pontos de embarque e desembarque e o localonde forem instalados os postos de controlo documental de pessoas (art.º 5.º da LI).

Quem é que está sujeito a controlo fronteiriço?

São sujeitos a controlo nos postos de fronteira os indivíduos que entremem território nacional ou dele saiam sempre que provenham ou se destinem apaíses não signatários da Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen –(art.º 10.º da LI).

A que título, em que condições e por que motivos pode, nas fronteirasinternas, ser reposto o controlo de documentos?

Por razões de ordem pública e segurança nacional pode, após consulta dasoutras partes contratantes do Acordo de Shengen, ser reposto, excepcionalmente,por um período limitado, o controlo documental nas fronteiras internas (n.º 3 doart.º 10.º da LI).

26

Page 23: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O direito de livre circulação de pessoas, de que beneficiam os cidadãoscomunitários dentro do Espaço de Schengen, confere aos estrangeiros odireito de entrarem ou saírem de Portugal de qualquer modo e em qual-quer altura?

Não. A entrada em território português e a saída devem efectuar-se pelospostos de fronteiras qualificados para esse efeito e durante as horas do respec-tivo funcionamento (art.º 9.º da LI).

LEGISLAÇÃO

– Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Assembleia Geral da ONU, de10/12/1948 (DUDH);

– Convenção Europeia de Salvaguarda dos Direitos do Homem e das Liberdades Fun-damentais, do Conselho da Europa, aprovada para ratificação pela Lei n.º 65/78 de 13de Outubro, tendo entrado em vigor em Portugal em 9 de Novembro do mesmo ano(Aviso publicado no Diário da República de 2 de Janeiro de 1979). Em 7 de Abril de1987 foi publicada a Lei n.º 12/87, que procedeu à eliminação da maioria das reservasfeitas em 1978 à Convenção por Portugal;

O que são os chamados «Direitos do Homem» ou «Direitos Fundamentais»?

Segundo G. Haarscher (Filosofia dos Direitos do Homem, Lisboa, Inst. Piaget,pp. 13 e 14), «dir-se-á que se trata de prerrogativas concedidas ao indivíduo,mais tarde alargadas ao grupo […], todas por de tal modo essenciais que toda aautoridade política (e todo o poder em geral) teria a obrigação de garantir o seurespeito; os direitos do homem constituem as protecções mínimas que permitemao indivíduo viver uma vida digna desse nome, defendido das usurpações do arbí-trio estatal (ou de outro); são por conseguinte uma espécie de espaço “sagrado”,intransponível, traçam à volta do indivíduo uma esfera privada einviolável; em resumo, definem uma limitação […] dos poderes do estado, à qualcorrespondem as chamadas “liberdades fundamentais” do indivíduo. […] Osdireitos do homem representam as regras do jogo mínimas que devem ser respei-tadas pelos governantes para que uma vida desse nome seja possível».

Quais são alguns dos principais princípios, direitos, liberdades e garantiasque, dizendo mais especificamente respeito ao(s) cidadão(s) estrangeiro(s)e (e)imigrante(s), estão consagrados na Declaração Universal dos Direitosdo Homem (DUDH), de 10.12.1948?

27

2. O estatuto do estrangeiro segundo o Direito Internacional Público

Page 24: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Princípio da Igualdade e da Dignidade da pessoa humana – Todos os sereshumanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão ede consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade(art.º 1.º da DUDH).

Princípio da não distinção – Todos os seres humanos podem invocar os direitose as liberdades proclamadas na presente Declaração, sem distinção alguma,nomeadamente, de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião públicaou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualqueroutra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatutopolítico, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade dapessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito aalguma limitação de soberania (art.º 2.º da DUDH).

Princípio da Igualdade e protecção Jurídica e da não discriminação – Todossão iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todostêm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presenteDeclaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação (art.º 7.º da DUDH).

Liberdades de circulação, residência e de imigração – Toda a pessoa tem odireito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um estado.Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo oseu, e o direito de regressar ao seu país (art.º 13.º da DHDH).

Estatuto de asilo – Toda a pessoa sujeita a perseguição tem direito de procurare de beneficiar de asilo de outros países. Este direito não pode, porém, ser invocadono caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por activi-dades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas (art.º 14.º da DUDH).

Princípio da nacionalidade – Todo o indivíduo tem direito a ter uma naciona-lidade. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem dodireito de mudar de nacionalidade (art.º 15.º da DUDH).

Segurança social – Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito àsegurança social e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos,sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação inter-nacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país (art.º 22.º daDUDH).

Estatuto do trabalhador – Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolhado trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra

28

Page 25: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação a salário igual por trabalhoigual. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória,que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidadehumana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiarem sindicatos para a defesa dos seus direitos (art.º 23.º da DUDH).

Repouso, lazer e férias – Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazerese, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e a fériaperiódicas pagas (art.º 24.º da DUDH).

Saúde e bem estar – Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficientepara lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem –estar, principalmente quantoà alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quantoaos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, nadoença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios desubsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. A maternidade e ainfância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidasdentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção (art.º 25.º da DUDH).

Estes (e os demais) direitos e liberdades consagrados na DUDH, de10.12.1948 estão sujeitos a limitações?

«No exercício deste direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeitosenão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover oreconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfa-zer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem estar numa socie-dade democrática» (n.º 2 do art.º 29.º da DUDH).

«Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contraria-mente aos fins e princípios das Nações Unidas» (n.º 3 do art.º 29.º da DUDH).

Que limites estão estabelecidos na interpretação da DUDH, de 10.12.1948?

Diz claramente o art.º 30 da DUDH: «Nenhuma disposição da presente Decla-ração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupa-mento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticaralgum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados».

Quais são alguns dos principais direitos, liberdades e garantias que,dizendo mais especificamente respeito ao(s) cidadão(s) estrangeiro(s) e(e)imigrante(s), estão consagrados na Convenção Europeia dos Direitos do

29

Page 26: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Homem do Conselho da Europa, aprovada para ratificação em 1978 porPortugal?

São vários, nomeadamente, os que, a seguir, se enumeram, mas que só apro-veitam aos países membros do Conselho da Europa:

– Direito à vida;– Direito a não ser submetido a tortura nem a penas ou tratamentos desumanos ou

degradantes;– Direito a não ser mantido em escravidão ou servidão, nem constrangido a realizar

trabalho forçado ou obrigatório;– Direito à liberdade e segurança, não podendo ser privado da sua liberdade a não ser

nos casos e nos termos previstos na Convenção;– Direito a um processo equitativo, designadamente, a que a sua queixa seja exami-

nada por um tribunal independente e imparcial, num prazo razoável e com julga-mento público;

– Direito a não ser condenado por acto que não constituísse uma infracção nomomento em que foi cometido ou a sofrer pena mais grave do que a aplicável nomomento em que a infracção foi cometida;

– Direito ao respeito da vida privada, do domicílio e da correspondência;– Direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião;– Direito à liberdade de reunião e de associação, incluindo o direito de fundar ou de

se filiar em sindicatos;– Direito ao respeito dos seus bens;– Direito à instrução e direito dos pais a que a educação e o ensino dos seus filhos

respeitem as suas convicções religiosas e filosóficas;– Direito a eleições livres;– Direito a não poder ser privado de liberdade por não cumprir uma obrigação

contratual;– Direito de circulação no território do Estado e de escolher livremente a sua resi-

dência;– Direito a não ser expulso do território do Estado de que é cidadão e de não ser

privado de entrar nesse território;– Direito à existência de um recurso, perante as instâncias nacionais, de actos viola-

dores dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção, quer esses actos sejamda responsabilidade de particulares quer do Estado.

De que forma estas normas e princípios constantes da DUDH de 1948 eda Convenção Europeia dos Direitos do Homem, estão relacionados coma lei portuguesa?

Estas normas e princípios constantes daqueles instrumentos jurídicos são con-sideradas de direito internacional, pelo que, segundo o n.º 1 do art.º 8.º da CRP:«As normas e princípios de direito internacional geral ou comum fazem parte inte-grante do Direito português».

30

Page 27: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

De que condições depende a vigência em Portugal das normas inter-nacionais?

Terá de se distinguir consoante se trate de:

– Normas de Convenções Internacionais:Assim:«As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas

ou aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquantovincularem internacionalmente o Estado português» (n.º 2, do art.º 8.º da CRP).

– Normas de Organizações Internacionais (por ex. União Europeia, OTAN,ONU, etc.):

Assim:«As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações internacio-

nais de que Portugal seja parte vigoram directamente na ordem interna, desde quetal se encontre estabelecido nos respectivos tratados constitutivos».

LEGISLAÇÃO

– Lei n.º 37/81, de 3/10 com as alterações introduzidas pela Lei n.º 25/94 de 19/08:Lei da Nacionalidade Portugues (LN);

– D.L. n.º 322/82, de 12/08, alterado pelos D.L. n.º 117/93, de 13/04, 253/94, de 20/10e 37/97, de 31/01): Regulamento da Lei da Nacionalidade Portuguesa (RLN);

– Convenção n.º 143 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) respeitante àIgualdade de Tratamento dos Trabalhadores Migrantes.

Quem é que em Portugal, juridicamente, tem a condição de imigrante?

O imigrante é, desde logo, um estrangeiro. É uma pessoa que não tem a nacio-nalidade do país que o acolheu (na qualidade de imigrante), no nosso caso, todoaquele que não tem nacionalidade portuguesa. Todavia, ao passo que todo oimigrante é estrangeiro, nem todo o estrangeiro é imigrante, como por exemplo:um estrangeiro que vem a Portugal passar férias, estudar ou por razões de saúde(art.º 2.º da LI).

Nota: A palavra Imigração não deve ser confundida com a palavra Emigração: a imigração é aentrada num país estrangeiro e emigração é a saída do próprio país.

31

1 O novo regime jurídico dos Imigrantes (Direitos e Obrigações do Imigrante em Portugal), ALMEIDA,Geraldo da Cruz, Lisboa 2001, in http://www.Infocid.pt, que pela sua clareza seguiremos de pertoao longo deste capitulo e do próximo.

3. O conceito de Imigrante e de Nacional Português 1

Page 28: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Então quem são os estrangeiros que devem ser considerados imigrantes?

A Convenção n.º 143 da OIT respeitante à Igualdade de Tratamento dos Tra-balhadores Migrantes define o imigrante como «a pessoa que se desloca de um paíspara outro a fim de ocupar um emprego, ainda que por sua conta e risco». Estamosperante um conceito de carácter económico: imigrante, é todo o estrangeiro quevem a Portugal à procura de trabalho ou para ocupar um trabalho que tenha con-seguido antes de deixar o país de origem.

Então aquelas pessoas que não têm pátria ou se encontram refugiadas porserem vítimas de perseguição individual não poderão ser consideradascomo Imigrantes?

Sim. Neste sentido, não é imigrante nem o apátrida, porque não tem nenhumanacionalidade, nem o refugiado, porque o motivo que o leva a deslocar-se do seupaís de origem não tem em vista ocupar um emprego, mas tão somente fugir de umasituação de perseguição individual, em virtude da sua origem étnica, religião, nacio-nalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas. E tambémnão são imigrantes os diplomatas porque, apesar de serem estrangeiros a trabalharem Portugal, encontram-se ao serviço do respectivo Estado.

E o que dizer daquelas pessoas que se encontram «deslocadas» sem poderemser consideradas vítimas de perseguição individual mas que sofreram asconsequências de violência generalizada, de situações de conflito internosarmados, de pobreza e de catástrofes provocadas pelo homem?

Estas pessoas, embora não possam ser definidas como pertencendo à cate-goria dos «migrantes» e dentro desta à de «refugiados», o certo é que, levando emconsideração as circunstâncias especiais e a violência generalizada em regiõescomo a África ou a América latina, e outros motivos de deslocação forçada, comoa violação, em massa, dos direitos humanos, foram elaboradas várias ConvençõesInternacionais de carácter regional onde a tradicional definição do conceito de refu-giado foi alargada para se aplicar a estas pessoas que fogem de actos de agressãoexterna, ocupação, domínio estrangeiro ou ocorrências que suscitem grave pertur-bação da ordem pública. O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados(ACNUR) considera que as pessoas afectadas por este tipo de situações se encon-tram sobre o seu mandato.

Quem é estrangeiro em Portugal?

Sendo o imigrante, antes do mais, um estrangeiro, então importa saber quemé estrangeiro. Estrangeiro, é todo aquele que não possui a nacionalidade portu-

32

Page 29: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

guesa, ou seja, o cidadão a quem, por força das leis portuguesas sobre a nacio-nalidade, não foi atribuída, não adquiriu ou perdeu a nacionalidade portuguesa.O art.º 2.º da LI, como atrás já vimos, define o estrangeiro como «todo aquele quenão prove possuir a nacionalidade portuguesa». Daqui resultam dois aspectos aconsiderar: primeiro, que todos devem manter em seu poder elementos que oshabilitem a provar, a todo o momento, a sua nacionalidade portuguesa, sob penade se presumirem estrangeiros. Segundo, ainda que sejam efectivamente portu-gueses, se não conseguir fazer prova da sua nacionalidade portuguesa, serão trata-dos como estrangeiros e sujeitos, por consequência, às normas que disciplinam acondição jurídica de estrangeiro.

O que é a nacionalidade?

A nacionalidade é o vínculo (ligação) que se estabelece entre uma pessoa eum determinado Estado. Em princípio, os Estados são livres na fixação dos crité-rios de que depende saber quem são os seus nacionais. Normalmente, a atribuiçãoou aquisição da nacionalidade dependem de certos factos ou relações como porex. o local de nascimento e a filiação. Com base nestes elementos foram criadosdois critérios seguidos internacionalmente pela maioria dos Estados: o critério dolugar de nascimento (jus soli) e o dos laços de sangue (jus sanguinis).

Então qual é o período de tempo necessário para se adquirir a nacionali-dade portuguesa?

Esse período de tempo varia consoante o filho do imigrante tenha ascendente ouascendentes nacionais de um país de expressão portuguesa, ou não. Se ele temascendentes (pai ou mãe) de um desses países de expressão oficial portuguesa,o prazo necessário para obter a nacionalidade portuguesa é de seis anos, ou seja,é necessário que o imigrante esteja a residir em Portugal há mais de seis anos, nadata em que o seu filho nasceu, para que possa tornar-se cidadão de nacionalidadeportuguesa (alínea c), n.º 1, art.º 2.º da LN).

Pelo critério dos laços de sangue ou filiação (jus sanguinis) e do localde nascimento (jus soli) os filhos de imigrantes nascidos em Portugal sãoportugueses ou estrangeiros?

Os filhos de imigrantes nascidos em solo português não são, por esse facto, portu-gueses. Podem, todavia, em determinadas circunstâncias, adquirir a nacionalidadeportuguesa de origem, desde que os pais residam em Portugal durante certoperíodo de tempo.

33

Page 30: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

E se for filho de imigrante proveniente de outros países?

Neste caso, o prazo para obtenção da nacionalidade portuguesa é de 10 anos,isto é, os pais têm que estar a residir em Portugal há pelo menos 10 anos, na datade nascimento do filho (alínea c), n.º 1, art.º 1.º da LN).

Como se faz a declaração de nacionalidade?

Deve distinguir-se consoante o filho do imigrante tenha atingido a maioridadeou seja ainda menor. Se o filho do imigrante for menor, a declaração segundo aqual ele quer ser português é feita pelo seu representante legal (pai, mãe, tutor).Mas, se o filho do imigrante já é maior, ele próprio pode fazer a declaração de quequer ser português (de nacionalidade). Em qualquer dos casos, a declaração éfeita perante a Conservatória dos Registos Centrais ou perante a Conservatória daárea de residência habitual (art.º 6.º da RLN), devendo o declarante fazer-se acom-panhar dos seguintes documentos:

– Certidão do assento de nascimento do filho do imigrante;– Documento passado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) compro-

vando que um ou ambos os pais imigrantes residem em Portugal há mais deseis anos, ou há mais de dez.

Nota: Este último documento poderá ser solicitado ao SEF por meio de um requerimento que poderáser, a título exemplificativo, o modelo que vai junto em anexo.

O imigrante pode ter, simultaneamente, mais que uma nacionalidade, semperder alguma que já possua?

Sim, se as leis dos países cuja nacionalidade se reclama o permitirem. Ex.:Portugal, Cabo-Verde, Brasil. Não é assim, por ex.: no caso da Guiné-Bissau cujalei exige que o imigrante renuncie à sua anterior nacionalidade para obter a nacio-nalidade do país de imigração.

Como pode um imigrante adquirir a nacionalidade portuguesa?

O imigrante pode adquirir a nacionalidade portuguesa por um de três modos:

a) Por via do casamento;b) Por via de naturalização;c) Por via de adopção.

Como se obtém a nacionalidade portuguesa por via do casamento?

Na constância do matrimónio, o imigrante que casou com um cidadão deorigem portuguesa pode declarar que quer adquirir a nacionalidade portuguesa.

34

Page 31: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Esta declaração é reduzida a escrito através da feitura de um auto na Conservató-ria dos Registos Centrais e nele o imigrante deverá indicar se pretende ou nãoadoptar apelidos do seu cônjuge.

Quais são as condições para se adquirir a nacionalidade portuguesa pelocasamento?

Terá de se distinguir entre duas situações:Se o imigrante casou antes da entrada em vigor da lei que alterou a lei da nacio-

nalidade (Lei n.º 25/94, de 19/08), pode adquirir a nacionalidade portuguesa, porvia da declaração a que se fez referência.

Se o imigrante casou depois da entrada em vigor daquela lei, deverá aguardarpelo decurso de um período de tempo de 3 anos, antes de declarar que pretendeadquirir a nacionalidade portuguesa por via do casamento.

Como se obtém a nacionalidade portuguesa por naturalização?

O imigrante tem que preencher todos os seguintes requisitos, sob pena de anacionalidade não lhe ser atribuída:

– Ser maior ou emancipado face à lei portuguesa;– Residir durante um certo período de tempo em território português;– Possuir título válido de autorização de residência;– Conhecer suficientemente a língua portuguesa;– Ter uma ligação efectiva à comunidade nacional;– Ter idoneidade moral e civil;– Possuir capacidade para reger a sua pessoa e assegurar a sua subsistência.

A aquisição da nacionalidade portuguesa, por naturalização, é feita medianterequerimento dirigido ao Ministro da Administração Interna. Este requerimento é umacto de natureza pessoal, ou seja, só pode ser praticado pelo próprio interessado.

Nota: Os requisitos de residência em Portugal (art.º 6.º da LN), de conhecimento da língua portuguesae de conhecimento da língua, não são exigidos aos imigrantes que:– tenham tido nacionalidade portuguesa, aos que forem havidos como descendentes de portu-

gueses, aos membros de comunidades de ascendência portuguesa;– tenham prestado ou sejam chamados a prestar serviços relevantes ao Estado português

(ex. serviço militar).

Qual o período de tempo de residência necessário para se obter a naciona-lidade portuguesa, por naturalização?

Terá de se distinguir entre duas situações:Antes da entrada em vigor da Lei n.º 25/94, de 19/08 que alterou a Lei da Nacio-

nalidade portuguesa: o período geral de residência era de seis anos para todos osimigrantes.

35

Page 32: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Depois a entrada em vigor da referida Lei:– tratando-se de nacional de país de expressão oficial portuguesa: 6 anos;– tratando-se de nacional de outros países: este período de residência eleva-se

para 10 anos.

O facto de a LN estabelecer um período de tempo de residência mais alar-gado (10 anos) para as pessoas que não são nacionais de Países Lusófonosnão será uma discriminação que viola a CRP?

Não. Trata-se de uma discriminação positiva autorizada pela CRP no seu art.º 15.ºe que visa beneficiar os cidadãos nacionais de países de língua oficial portuguesa.

A que se refere o art.º 15.º da CRP?

No n.º 3 deste artigo diz-se que «aos cidadãos dos Estados de língua portu-guesa com residência permanente em Portugal são reconhecidos, nos termos da leie em condições de reciprocidade, direitos não conferidos a estrangeiros» (…), salvoo acesso aos seguintes cargos e serviços:

– Presidente da República;– Presidente da Assembleia da República;– Primeiro-Ministro;– Presidente de Tribunais Superiores;– Serviço nas Forças Armadas e na carreira diplomática.

Que documentos devem ser apresentados para o pedido de naturalização?

Para a formulação do pedido devem ser apresentados os seguintes documentos:

– Certidão de assento de nascimento do imigrante, acompanhada de traduçãoquando o imigrante é originário de país em que a língua oficial não é oportuguês;

– Documento comprovativo da residência do imigrante em território portu-guês pelo período mínimo legal;

– Documento comprovativo de que conhece a língua portuguesa (ex.: diplomade exame feito em estabelecimento de ensino português ou documentoescrito, lido e assinado pelo interessado perante notário português ou auto-ridade consular portuguesa);

– Certificados de registo criminal, passados pelos serviços competentes portu-gueses e pelo país de origem;

– Documento comprovativo de que possui capacidade para reger a sua pessoae assegurar a sua subsistência (ex.: Declaração de IRS ou documento pas-sado pelo empregador ou outra entidade que esteja vinculada a pagar-lhesalários, vencimentos, pensões ou alimentos);

36

Page 33: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Documento comprovativo de ter cumprido as leis do recrutamento militar dopaís de origem, no caso de não ser apátrida;

– Documento comprovativo de que existe uma ligação efectiva à comunidadeportuguesa (ex. atestado de residência emitido pela Junta de Freguesia daárea da residência; contrato de compra ou arrendamento de casa; declara-ções abonatórias de pessoas ou instituições com quem mantém relações)(n.º 3, art.º 15.º do RLN).

Os filhos de imigrantes clandestinos, isto é, que não possuem título válidode autorização de residência, podem adquirir a nacionalidade portuguesa,nas condições já referidas?

Para se responder a esta questão terá de se distinguir se:

O filho do imigrante nasceu antes da entrada em vigor da lei que alterou a leida nacionalidade (Lei n.º 25/94, de 19/08): caso em que pode adquirir a naciona-lidade portu-guesa desde que um ou ambos os pais residam (de facto) em Portu-gal há mais de 6 anos.

O filho do imigrante nasceu depois da entrada em vigor daquela lei, nestecaso, a lei já não permite que adquira a nacionalidade portuguesa de origem. Comefeito, esta alteração à lei veio exigir que um dos progenitores (pais) faça provanão só de que de facto se encontravam a residir em Portugal, há mais de seis oudez anos, consoante, sejam originários ou não de um País de expressão oficialportuguesa, mas ainda de que se encontravam a residir legalmente, isto é, combase numa autorização de residência que constitua título válido para o efeito.

Crítica: A L.N. ao estabelecer como condição de aquisição da nacionalidade portuguesa aos filhos deestrangeiros, nascidos em território português, o facto de o(s) pai(s) possuírem autorização deresidência, e ainda de terem de fazer prova de que possuem uma ligação efectiva à comuni-dade nacional, parece excessivamente desproporcionada. Com efeito, no caso de os pais esta-rem ambos (ou um só) em condições ilegais e/ou irregulares, não será injusto e excessivofazer recair sobre eles o ónus da prova desse facto, muitas vezes, dada a situação de clandes-tinidade em que se encontram, muito difícil ou mesmo impossível, sendo que, normalmente,os filhos aqui nascidos, já aprenderam a língua portuguesa, fizeram os seus estudos e estabe-leceram a sua inserção social na comunidade? Não estarão os filhos destes imigrantes a serinjustamente discriminados? Não será esta discriminação inconstitucional?

Como se obtém a nacionalidade por via de adopção?

No direito português há duas modalidades de adopção: a adopção restrita e aadopção plena. A distinção entre estas duas modalidades de adopção assenta basi-camente no seguinte: na adopção restrita a pessoa adoptada não perde ligaçõescom a sua família natural, família de sangue, ao passo que na adopção plena apessoa adoptada perde completamente todas as suas ligações com a família natural,tudo se passando como se a pessoa adoptada não fosse filha da pessoa que efecti-

37

Page 34: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

vamente a gerou. Só a adopção plena dá lugar à aquisição da nacionalidade.Assim, no momento em que um cidadão português adopta plenamente um indiví-duo de nacionalidade estrangeira no pedido de adopção deve ser feita menção deque o adoptante tem nacionalidade portuguesa, para que, no momento de decidir,o tribunal possa declarar que o indivíduo adoptado passou a ser filho de pai oumãe portuguesa, para efeitos de averbamento no seu assento de nascimento (art.º5.º da LN).

Se uma pessoa tiver duas nacionalidades, sendo uma a portuguesa, ela podeser considerada imigrante em Portugal?

Não. Em Portugal o que releva é apenas a nacionalidade portuguesa. Será combase nela que a pessoa será considerada exclusivamente portuguesa para todos osefeitos legais, podendo, por isso, exercer todos os direitos que a Constituição daRepública Portuguesa, e as demais leis, conferem aos cidadãos nacionais.

Se um imigrante tiver duas nacionalidades estrangeiras, qual a nacionali-dade que prevalece em Portugal?

Se o imigrante tiver duas nacionalidades estrangeiras não pode usar uma ououtra, conforme as suas conveniências. A nacionalidade que conta em Portugal éaquela do país onde o imigrante tem a sua residência habitual.

O imigrante pode ser obrigado a renunciar à sua nacionalidade?

Nem o imigrante nem ninguém pode ser obrigado a renunciar à sua naciona-lidade. Esta proibição está contida na Declaração Universal dos Direitos do Homem(art.º 15.º) e foi igualmente acolhida na Constituição da República Portuguesa, porforça do seu art.º 16.º A actual lei portuguesa sobre a nacionalidade permite aqualquer imigrante adquirir a nacionalidade portuguesa, sem perder a sua nacio-nalidade de origem, ou seja, permite a situação de dupla ou múltipla naciona-lidade.

O imigrante pode recorrer aos serviços de um advogado para obter anacionalidade portuguesa?

Sim, e muitas vezes, será mesmo recomendável. Como especialista em assuntosjurídicos, o advogado tem competência e está habilitado a prestar os serviçosnestas questões legais, dando a sua assistência, conselho, apoio e orientação naelaboração de requerimentos, na obtenção de documentos necessários e tudo omais que se afigurar útil e necessário para melhor acompanhamento da pretensão.Porém, dado o carácter pessoal e insubstituível do acto, o advogado, mesmo

38

Page 35: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

munido de procuração, não pode ele próprio assinar o requerimento, a que acresceo facto de a lei exigir o reconhecimento presencial da assinatura do imigrante inte-ressado, que terá de se deslocar ao notário para o efeito: isto é, ele próprio terá deir ao cartório notarial assinar o requerimento na presença do notário.

LEGISLAÇÃO

– D.-L. n.º 244/98, de 08/08 (com as alterações introduzidas pela Lei n.º 97/99, de26/07, pelo D.L. n.º 4/2001, de 10/01;

– Decreto Regulamentar n.º 5-A/2000, de 26/04, (alterado pelo Decreto Regulamentarn.º 9/2001, de 31/05): regulamenta o D.L. n.º 244/98, de 08/08 que regula a entrada,permanência, saída e afastamento de cidadãos estrangeiros;

– Lei n.º 15/1998, de 26 de Março: Lei do Direito de Asilo e dos Refugiados;– Tratado de Amizade e Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a

República Federativa do Brasil, de 22/04/2000, aprovado pela Resolução da ARn.º 83/2000, de 14/12);

– Portaria n.º 1426/98, de 11/12.

Advertência e informação preliminar:

Na fase final da conclusão deste Guia foi aprovado pelo Governo, no uso da autorização legislativaconcedida pela Lei n.º 22/2001, 21 de Agosto, um Decreto-Lei que altera o regime jurídico da entrada,permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional. Entretanto, no uso dessa auto-rização o Governo enviou o diploma ao Presidente da Republica para promulgação e posterior publi-cação no Diário da República (Jornal oficial), pelo que iremos, sempre que pertinente, referir-nos àsalterações introduzidas por aquela lei. De notar que, estas alterações à Lei da Imigração ainda nãoentraram em vigor.

Quais são então as principais alterações à Lei da Imigração?

As alterações têm subjacente uma política de imigração assente em três eixosfundamentais:

– promoção da imigração legal em conformidade com as possibilidades reaisdo País;

– integração efectiva dos imigrantes;– combate firme à imigração ilegal.

39

4. O regime de Entrada, Permanência, Saída e Afastamento de cidadãos estrangeirosem Território Português 2

2 Ob. cit., que seguiremos de perto.

Page 36: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

As alterações, a serem introduzidas, prendem-se sobretudo com:

– a revogação do regime de autorizações de permanência: o Governo atravésdo presente diploma, pretende, nomeadamente, revogar este regime permi-tindo que as condições de estada em Portugal resultem apenas da concessãode vistos ou de autorizações de residência, sem prejuízo da protecçãodas expectativas criadas àqueles que atempadamente apresentaram osseus pedidos de autorização e daqueles que pretendam a sua prorro-gação;

– a fixação de um limite máximo anual imperativo de entradas em territórionacional de cidadãos de Estados Terceiros a admitir para o exercício de umaactividade profissional, que constará de relatório, elaborado pelo Governode 2 em 2 anos, mediante parecer do Instituto de Emprego e Formação Pro-fissional. Esta entidade terá em conta as necessidades do mercado de tra-balho em geral, as necessidades de mão de obra em sectores fundamentaispara a economia do país e a ponderação geográfica de oportunidades detrabalho para cidadãos estrangeiros, de acordo com as capacidades de acolhi-mento de cada distrito;

– ao abrigo do regime do acompanhamento familiar previsto no artigo 38.ºda LI consagra-se na lei a possibilidade dos titulares de visto de estada tem-porária em casos devidamente fundamentados poderem exercer uma activi-dade profissional em termos similares aos do visto de trabalho, a definir nodecreto regulamentar;

– a criação de um novo tipo de visto de trabalho para o exercício de umaactividade de investigação científica ou actividade que pressuponha um conhe-cimento técnico altamente qualificado.

– a possibilidade de as medidas de interdição de entrada em território nacionalque não tiverem sido decretadas judicialmente e que dependam de prazosdefinidos nos termos do presente diploma, poderem ser reapreciadas tendoem vista a sua eliminação atendendo a razões humanitárias ou de interessenacional.

– a redução dos períodos mínimos de residência necessários aos cidadãosestrangeiros para que possam obter autorização de residência permanente.

– a revisão das regras relativas à concessão e ao cancelamento dos vistos;

– o aperfeiçoamento do regime do reagrupamento familiar: exigindo-separa a sua concessão, uma real ligação do requerente ao País, nomeadamente,a permanência legal durante um certo período de tempo, conforme o previstoem diversas decisões comunitárias, optando-se, contudo, pelo menor períodode tempo definido nestas disposições;

– o reforço das sanções aplicáveis às infracções relacionadas com a imigraçãoclandestina;

40

Page 37: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– à conversão e actualização do regime sancionatório em matéria contra-orde-nacional, através do aumento dos montantes das coimas e da sua conversãopara euros.

Nota: Estas alterações à Lei da Imigração ainda não entraram em vigor. A Ordem dos Advogadossolicitou já a declaração de inconstitucionalidade da lei de autorização legislativa (Lei 22/2001,de 21/08).

Antes de entrar em território português quais as precauções que o imigrantedeve tomar?

Deve respeitar os requisitos legais de entrada de todo e qualquer cidadãoestrangeiro em Portugal.

Porém, atendendo à proveniência ou origem da pessoa, terá de se fazer aseguinte distinção:

Para o cidadão comunitário: é admitida a sua entrada em território nacionalmediante a apresentação de bilhete de identidade ou passaporte válidos.

Nota: A entrada, permanência, saída e afastamento de cidadão estrangeiro nacional de um Estadomembro da União Europeia ou nacional de um Estado parte do espaço económico europeu,rege-se por legislação própria (D.L. n.º 60/93, de 3.10, com as alterações introduzidas pelo D.L.n.º 250/98, de 11.08).

O cidadão proveniente de país fora da União Europeia deve:

– Verificar se tem um documento de viagem válido reconhecido (passaporte)(n.º 1, art.º 12.º e art.º 59.º da LI);

– Verificar se tem um visto de entrada válido e adequado à finalidade da des-locação (n.º 1, art.º 13.º da LI);

– Verificar se tem meios de subsistência suficientes para o período quepretende permanecer em Portugal (n.º 1, art.º 14.º da LI) Pode ser contudodispensado desta exigência se provar ter alimentação e alojamentos assegu-rados durante a respectiva estadia (Portaria n.º 1426/98, de 11/12, do Ministroda Administração Interna);

– Verificar se tem documentos que justifiquem o motivo e as condições da suapermanência em Portugal (art.º 15.º da LI).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que poderá ser exigido, pela auto-ridade de fronteira, um termo de responsabilidade assinado por cidadão nacional ou estran-geiro habilitado a permanecer regularmente em Portugal através do qual se assume o compro-misso de assegurar as condições de estada em Portugal, bem como as despesas de afastamento,se necessário.

Para cidadãos de outros países que, por Convenção Internacional, beneficiamde regimes especiais: o imigrante deverá ter em conta as exigências previstas em

41

Page 38: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

cada Convenção Internacional (Acordo ou Tratado) celebrado entre o estadoPortuguês e o respectivo país de origem: Assim, por ex., cidadãos brasileiros paraestadias não superiores a três meses «e que desejem entrar em território nacionalpara fins culturais, empresariais, jornalísticos ou turísticos», isto é, para finsque não são de imigração, estão dispensados de visto (art.º 7.º do Tratado de Ami-zade e Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a RepúblicaFederativa do Brasil, de 22/04/2000, aprovado pela Resolução da AR n.º 83/2000,de 14/12).

Que se entende por documento de viagem válido?

O documento de viagem válido é o passaporte (art.º 59.º da LI). Mas nãobasta ter passaporte. É necessário que o passaporte seja válido, isto é, que estejadentro do prazo de validade inicialmente fixado ou tenha sido prorrogado pelasautoridades competentes. A lei portuguesa exige que o passaporte tenha validadesuperior à duração da estadia em território português (n.º 2, art.º 12.º da LI). Assim,se um imigrante pretende passar 60 dias em Portugal e faltam 30 dias para o passa-porte caducar deve revalidar o passaporte ou obter a sua prorrogação. A revalida-ção do passaporte tanto pode ser requerida perante as autoridades nacionais dopaís de origem, como perante as respectivas autoridades diplomáticas e consulares.

Que se deve entender por visto válido? E que direitos adquire o seu titular?

Entende-se por visto válido o visto emitido pelas autoridades portuguesas eque se encontra dentro do prazo de validade nele fixado. O visto habilita o seutitular a apresentar-se num posto de fronteira e a solicitar a entrada em Portugal (n.os 1 e 2 do art.º 12.º, e n.º 2 do art.º 13.º da LI).

Qual o visto que devo possuir?

O visto de que o cidadão estrangeiro deve ser titular, depende da finalidade dasua entrada e estadia em Portugal. Deverá, pois, possuir um dos 7 vistos seguintes:

Visto de escala: permite ao imigrante o acesso à zona internacional do aero-porto ou porto marítimo, sem possibilidade de atravessar a fronteira (art.º 31 da LI);

Visto de trânsito: permite a entrada em território português quando o imigrantevai trabalhar para outro país. Este visto não pode ter duração superior a cincodias, findos os quais o imigrante deve abandonar voluntariamente o território por-tuguês. O visto pode ser concedido para uma, duas ou, excepcionalmente, váriasentradas, não só no território português, mas também no território dos EstadosMembros da União Europeia partes no Acordo de Shengen (art.º 32 da LI);

42

Page 39: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Visto de curta duração: permite a entrada em território português quando,por razões imprevistas, o imigrante não tenha podido solicitar às autoridades por-tuguesas um visto. É um visto que pode ter validade de um ano e permitir váriasentradas em Portugal, mas o imigrante não pode ficar em Portugal mais de trêsmeses por cada semestre. Excepcionalmente, nos casos devidamente funda-mentados e quando tal se revele de interesse para ao país, este tipo de visto podeter duração até cinco anos e pode ser concedido para múltiplas entradas a deter-minadas pessoas. O imigrante titular de um visto de curta duração pode ser obri-gado a prestar uma garantia nas mesmas condições exigidas aos imigrantes titu-lares de um visto de trabalho (art.º 33.º da LI);

Visto de residência: permite ao imigrante entrar em Portugal e, uma vezestando em território português, pedir uma autorização de residência. Quemtem um visto de residência, pode entrar duas vezes em Portugal e permanecerdurante o período de seis meses (art.º 34.º da LI);

Visto de estudo: permite ao imigrante a entrada em Portugal para estudar emestabelecimento de ensino, realizar trabalhos de investigação científica para obten-ção de grau académico ou para frequentar um estágio complementar dos estudosconcluídos, frequentar estágios em empresas, serviços públicos ou centros deformação (art.º 35.º da LI). É concedido para permanência de um ano.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se ainda a concessão deste vistopara realizar trabalhos de interesse cientifico que sejam comprovados por estabelecimento deensino oficialmente reconhecido em Portugal e que não se destinam a obter um grau académico.O imigrante, a título complementar e enquanto tiver aproveitamento nos seus estudos emPortugal, pode exercer uma actividade profissional.

Visto de trabalho: permite ao imigrante o exercício temporário de uma acti-vidade profissional por conta de outra pessoa ou por sua conta e risco. Este vistoé válido por um ano e permite ao imigrante múltiplas entradas em territórioportu-guês (art.º 36.º da LI). Para obter um visto de trabalho o imigrante devegarantir o seu repatriamento, depositando no posto consular ou no Serviço deEstrangeiros e Fronteiras (SEF) uma quantia igual ao valor do bilhete de passagemde regresso ao seu país de origem ou ao país onde reside habitualmente. Na prá-tica esta garantia é prestada mediante a apresentação de um bilhete de passagemde ida e volta. O imigrante que prestar esta garantia em dinheiro tem direito à suarestituição se, por qualquer razão, não utilizar o visto, quando abandonar o terri-tório português ou se lhe for concedido o direito de asilo (art.º 36.º da LI).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que o titular do visto seja obrigadoa informar o Instituto do Emprego e Formação profissional (IEFP) da alteração do exercício dasua actividade profissional, tendo em vista verificar a sua conformidade com um relatório elabo-rado pelo Governo onde estão listadas as oportunidades de trabalho e os sectores de actividadesprevistos anualmente.

43

Page 40: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Visto de estada temporária: permite a entrada em território português paratratamento médico, acompanhamento de familiares titulares de visto de estudo,visto de trabalho ou que venham para Portugal para se submeterem a tratamentomédico, e para outros casos, devidamente fundamentados (art.º 38.º da LI).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que este visto seja também conce-dido para permitir o reagrupamento de familiares de imigrantes que sejam titulares de vistode permanência, e ainda a autorizar o seu titular a exercer uma actividade profissional como setivesse obtido um visto de trabalho, em ambos os casos, em condições a definir num regula-mento.

Como e onde poderei pedir o visto para trabalhar?

O visto de trabalho tem de ser obtido pelo interessado antes da entrada emterritório português, junto do consulado português do país da sua residênciahabitual ou, no país da área da jurisdição consular do Estado da sua residência(art.º 30 da LI, e n.º 1 do art.º 7.º do Decreto-Regulamentar n.º 5-A/2001, de 26/04).O pedido de visto deve ser formulado em impresso próprio, assinado pelo reque-rente e apresentado pessoalmente (n.º 1 do art.º 7.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de26/04). Se o requerente for menor ou incapaz deve ser assinado pelo respectivorepresentante legal: pai, mãe, tutor (n.º 3 do art.º 7.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de26/04). Apenas em casos excepcionais, devidamente fundamentados, pode serdispensada a presença do requerente (n.º 4 do art.º 7.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de26/04).

Deve ter-se em atenção o seguinte: o visto de trabalho é válido para uma per-manência até um ano, embora possa ser prorrogado, em Portugal, até um máximode três anos, em casos devidamente fundamentados (ex.: o trabalho prolonga-sepor um período superior ao inicialmente previsto). Assim, se a permanência pre-vista em Portugal for superior a um ano, poderá ser preferível pedir um visto deresidência (válido para seis meses) que permitirá pedir em Portugal uma auto-rização de residência temporária (válida para dois anos e renovável por idên-ticos períodos).

Nota: O pedido de visto para exercício de uma actividade profissional por conta de outrem deve serprecedido da comunicação, pelo futuro empregador, ao Instituto de Emprego e Formação Profis-sional (IEFP), da existência de uma oferta de emprego. (n.º 2 do art. 41.º da LI). Esta é uma con-dição para que a IGT se possa pronunciar sobre a concessão do referido visto (n.º 1 do art. 43.º daLI).

Que documentos deverei apresentar para obter o visto de trabalho?

Deve apresentar os documentos seguintes:

– Formulário devidamente preenchido (a obter no consulado – ver modelooficial em anexo) (n.º 1 do art.º 7.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de 26/04);

44

Page 41: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Fotografias iguais, tipo passe, a cores e fundo liso, actualizadas e com boascondições de identificação do requerente (alína a), do art.º 8.º do D-Reg.n.º 5-A/2001, de 26/04);

– Documento de viagem (Passaporte);– Documento de identificação do país de origem;– Tratando-se de pedido de vistos para o exercício de uma actividade de traba-

lho subordinada em geral, e no âmbito do desporto: contrato de trabalho oudeclaração, da futura entidade patronal contendo a oferta de emprego (con-trato-promessa de trabalho), (n.º 1 do art.º 14.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de26/04);

– Tratando-se de pedido de vistos para o exercício de uma actividade profis-sional independente no âmbito de uma prestação de serviços: contrato deprestação de serviços e comprovativo de que o requerente se encontra habili-tado a exercer a dita actividade e ainda que se encontra inscrito na respectivaordem profissional, quando exigível pela lei portuguesa (alíneas a) e b) don.º 2 do art.º 14.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de 26/04);

– Dispor de meios de subsistência suficientes para o período de estada, para aviagens. Salvo se provar ter alimentação e alojamento assegurados durantea respectiva estadia (Portaria n.º 1426/98, de 11/12, do Ministro da Adminis-tração Interna);

– Documento comprovativo das condições de alojamento (alínea c) do n.º 1do D-Reg. n.º 5-A/2001, de 26/04);

– Cópia da carta do empregador a comunicar ao IEFP, que oferece um emprego,acompanhada do parecer favorável da Inspecção Geral de Trabalho (IGT)/Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT)(n.º 4 do art.º 14.º do D-Reg. n.º 5-A/2001, de 26/04);

– Certificado de registo criminal (alínea a), do n.º 1, do art.º 9.º do D-Reg.n.º 5-A/2001, de 26/04);

– Atestado médico (em como não é portador de doença infecto-contagiosa) ouseguro de saúde (alínea b) do n.º 1 do art.º 9.º do D-Reg n.º 5-A/2001, de26/04).

Quem tem um visto de trabalho pode exercer qualquer actividade emPortugal?

Não. Quem for titular de um visto de trabalho só pode exercer aquela activi-dade que justificou a atribuição do visto (art.º 36.º da LI).

Que tipos ou modalidades de visto de trabalho existem em Portugal?

A lei portuguesa prevê, hoje, quatro tipos de visto de trabalho:

Visto de Trabalho de Tipo I que se destina ao exercício de uma actividadeprofissional no âmbito do desporto.

45

Page 42: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Visto de Trabalho de Tipo II que se destina ao exercício de uma actividadeprofissional no âmbito dos espectáculos;

Visto de Trabalho de Tipo III que se destina ao exercício de uma actividadeprofissional no âmbito de uma prestação de serviço;

Visto de trabalho de Tipo IV que se destina ao exercício de uma actividadeprofissional assalariada.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que:– O visto de trabalho de tipo I, passará a abranger o exercício de uma actividade no âmbito dos

espectáculos (actual tipo II);– O visto de trabalho tipo II, passará a abranger o exercício de actividade de investigação cientí-

fica ou actividade que pressuponha um conhecimento técnico altamente qualificado, em ambosos casos, devidamente comprovados por entidade pública competente.

O que pode acontecer ao imigrante que vem a Portugal sem meios desubsistência?

No momento em que pretende seguir viagem, o imigrante deve procurar infor-mar-se sobre qual o montante e os meios de que deverá dispor para poder entrarem Portugal, de acordo com o tempo que irá permanecer em território português.O imigrante que se apresentar perante as autoridades da fronteira sem meios desubsistência e, sem um familiar ou um amigo que se responsabilize por ele e lhegaranta alojamento e alimentação, não tem direito de entrada (art.º 11.º e art.º 14.ºda LI). Neste caso, fica retido na fronteira e só poderá circular na área internacio-nal do aeroporto até ao momento do regresso ao país de origem ou para o país dasua residência habitual. O imigrante poderá contactar as autoridades diplomáticasou consulares do seu país para que estas lhe dêem a protecção que necessitar.

Quais são as obrigações do imigrante a partir do momento em que entraem Portugal?

A partir do momento em que o imigrante entra em Portugal fica sujeito amuitas obrigações, a primeira é fazer a «declaração de entrada» no prazo de 3 diasa contar da data de entrada (ver formulário de modelo oficial em anexo – art.º 26.ºda LI). A declaração de entrada tem por finalidade permitir ao SEF ter conheci-mento do movimento de cidadãos estrangeiros em Portugal. Assim, e atenta estafinalidade, estão dispensados de prestar a declaração de entrada, os cidadãosestrangeiros que:

– entrem por um posto de fronteira sujeito a controlo de pessoas (ex.: aero-portos), porque quando o imigrante se apresenta na fronteira aí é controladopela polícia de fronteiras. Mas pode acontecer que o imigrante entre por umposto de fronteira não sujeito a controle policial. Nesse caso, o imigrante

46

Page 43: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

deve, no prazo de três dias úteis, dirigir-se a uma delegação regional do SEFe declarar que entrou em Portugal;

– sejam residentes ou titulares de uma autorização de permanência;– se instalem em estabelecimento hoteleiro ou equiparado, no qual é preen-

chido um boletim de alojamento.

Há limitações ao direito de entrada?

A lei portuguesa sobre a entrada de estrangeiros estabelece duas restriçõesfundamentais: a primeira restrição diz respeito à circunstância de o imigrante nãooferecer condições de entrada e permanência em Portugal. Isto é, se o imigrantenão dispuser de meios de subsistência e não tiver quem que se responsabilize porele, não pode entrar em Portugal (art.º 14.º da LI). A segunda restrição, diz respeitoà circunstância de o imigrante se encontrar inscrito na lista nacional ou na listacomum. Também neste caso pode ser-lhe interditada a entrada em Portugal.

Nota: A lista nacional e a lista comum são constituídas por um rol de pessoas que, por razões desegurança e ordem pública, não podem entrar em território português (lista nacional) ou nãopodem entrar em nenhum dos Estados que integram a União europeia (lista comum). Podemfigurar em qualquer das duas listas:– os imigrantes que tenham sido expulsos de Portugal;– os imigrantes condenados em pena privativa de liberdade não inferior a um ano;– os imigrantes relativamente aos quais existem fortes indícios de terem praticado um delito

grave;– os imigrantes relativamente aos quais existem fortes indícios de que tencionam praticar um

delito grave;– os imigrantes que constituam uma ameaça para a ordem e a segurança pública de Portugal ou

de um Estado Membro da União Europeia (art.º 25.º da LI).

Quais as restrições à entrada de estrangeiros menores de dezoito anos emPortugal?

Os menores têm de estar acompanhados pelos pais, por quem exerça o poderpaternal ou por quem, em Portugal, esteja devidamente autorizado pelo represen-tante legal e se responsabilize pela sua estadia. Salvo em casos excepcionais, edevidamente justificados, também é indispensável que a pessoa a quem o menoresteja confiado possa ser admitida no País (n.os 1 e 2 do art.º 16.º da LI).

Quais as restrições à saída de estrangeiros menores de dezoito anos emPortugal?

Têm de ser acompanhados pelos pais ou por quem exerça o poder paternal etêm de estar munidos de uma autorização concedida pelos mesmos, reconhecidapelo Notário (n.º 4 do art.º 16.º da LI).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se a substituição do reconhecimentonotarial por uma certificação legal da autorização de saída.

47

Page 44: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O que é a autorização de residência? Qual o seu valor jurídico em Portugal?

É um acto através do qual o SEF permite ao imigrante permanecer em Portu-gal durante um certo tempo ou por tempo vitalício (n.º 1 do art.º 82.º da LI). Aconcessão de autorização de residência é efectuada mediante um título de residên-cia de modelo aprovado oficialmente (n.º 2 do art.º 82.º da LI). Este documentosubstitui, para todos os efeitos legais, o bilhete de identidade de cidadão estran-geiro. Porém, em virtude da Convenção de Brasília de 7/10/1971 e do novo Tratadode Amizade, Cooperação e Consulta entre Portugal e o Brasil, assinado em PortoSeguro, em 22/04/2000, não substitui o bilhete de identidade a ser atribuído acidadãos imigrantes brasileiros.

Quem pode pedir um cartão de residência?

Qualquer imigrante pode pedir um cartão de residência em requerimento for-mulado por ele próprio. Mas o imigrante pode igualmente passar uma procuraçãoa um advogado, solicitador ou a uma pessoa da sua confiança para pedir, emnome dele e no seu interesse, o dito cartão (ver impresso de modelo próprio emanexo – n.º 1 do art.º 80.º da LI). O pedido pode ser extensivo aos menores acargo do requerente (n.º 2 do art.º 80.º da LI). Ao estrangeiro membro da famíliade cidadão português é emitido um cartão de residência de harmonia com odisposto no Decreto-Lei n.º 60/93, de 3 de Março.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que este cartão seja tambémemitido ao estrangeiro membro da família de cidadão nacional de um país membro do EspaçoEconómico Europeu.

Como pode o imigrante obter uma autorização de residência?

Para obter uma autorização de residência deve preencher os seguintes requisi-tos (art.º 81.º da LI):

– possuir um visto de residência válido (que terá de ser obtido antes da suaentrada em território português);

– presença em Portugal;– inexistência de factos que, se fossem conhecidos pelas autoridades portu-

guesas aquando da emissão do visto de residência, teriam obstado à suaconcessão.

Quem está dispensado do visto de residência?

As seguintes pessoas estrangeiras (art.º 87 da LI):

a) os menores, filhos de cidadãos estrangeiros nascidos em território portu-guês que dele não se tenham ausentado por um período superior a um ano;

48

Page 45: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

b) familiares de cidadãos nacionais e de cidadãos nacionais de Estados Partesno Acordo sobre o Espaço Económico Europeu;

c) os estrangeiros que tenham deixado de beneficiar do estatuto de direito deasilo, em virtude de terem cessado as razões que justificaram a sua concessão.

d) aqueles que sofram de um doença prolongada que requeira assistênciamédica prolongada que obste ao retorno ao seu país;

e) os menores que se encontrem sujeitos a tutela, por falecimento dos pais,por estarem inibidos ou impedidos (há mais de seis meses) do exercício dopoder paternal ou se forem incógnitos;

f) aqueles que colaborem com a justiça na investigação de actividades ilícitaspassíveis de procedimento criminal;

g) os que tenham cumprido serviço militar efectivo nas forças armadas portu-guesas;

h) aqueles cuja actividade no domínio científico, cultural ou económico sejaconsiderada de interesse fundamental para o país;

i) quem viva em união de facto com cidadão português ou residente legal.j) os que tiverem residido legalmente em Portugal durante um período

mínimo ininterrupto de dois anos, nos últimos quatro anos;l) aqueles cujo direito de residência tenha caducado, mas não se tenham

ausentado do território português;m) os que tenham filhos menores residentes em Portugal ou com nacionali-

dade portuguesa;n) os titulares de visto de trabalho durante um período ininterrupto de três

anos;o) os titulares de uma autorização de permanência durante um período

ininterrupto de cinco anos.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que:– Seja eliminada em relação aos menores, a exigência do decurso do período de tempo de um

ano nele actualmente estabelecido;– Na alínea h), acrescenta-se actividade no domínio social;– Na alínea i), acrescenta-se quem viva em união de facto com cidadão nacional de Estado parte

no Acordo sobre o Espaço Económico Europeu;– Deixem de beneficiar as pessoas abrangidas pela alínea o);– Acrescenta-se aos beneficiarios das isenções os agentes diplomáticos e consulares e respecti-

vos cônjuges, ascendentes e descendentes a cargo acreditados em Portugal durante um períodonão inferior a três anos;

– As uniões de facto a que se refere a alínea i) têm de existir há pelo menos dois anos e omembro da família tem se se encontrar regularmente em Portugal.

Que tipos de autorização de residência existem? Por quanto tempo é válidaa autorização de residência e de que condições depende a sua concessão?

Existem dois tipos de autorização de residência (art.º 82.º da LI):

– temporária: é válida por dois anos e é renovável por idênticos períodos(art.º 83 da LI);

49

Page 46: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– permanente: não tem limite de validade, mas deve ser, porém renovada decinco em cinco anos sempre que tal se justifique, isto é, sempre que severifique a alteração dos elementos de identificação registados no título deresidência (art.º 84.º da LI). É concedida aos estrangeiros (art.º 85.º da LI):

– que tenham residido legalmente em território português, pelo menos 6anos no caso dos cidadãos nacionais de países de língua oficial portu-guesa ou pelo menos 10 anos no caso de nacionais de outros países;

– que, durante esse período, não tenham sido condenados em pena(s) queultrapassem um ano de prisão.

Em casos excepcionais, de reconhecido interesse nacional, pode ser conce-dida autorização de residência temporária válida por dois anos, a cidadãos estran-geiros que não preencham os requisitos exigidos (art.º 88.º da LI).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se:– Que a autorização de residência temporária seja renovável por períodos sucessivos de três anos.– Para efeitos da concessão da autorização de residência permanente, haverá um encurtamento

do prazo de residência legal em Portugal, respectivamente, de cinco anos ou oito anos, con-soante se trate, respectivamente, de cidadãos de países de língua oficial portuguesa ou deoutros países.

O que pode acontecer a uma pessoa que esteja ilegalmente em Portugal?

Temos que distinguir duas situações:

No caso da ilegalidade só ser detectada pelas autoridades portuguesas à saída,na sequência do abandono voluntário do território português, será aplicada aoimigrante uma coima (sanção pecuniária), cujo valor será variável em função doperíodo de permanência e que pode variar entre os € 60 (sessenta euros) e os€ 653.43 (seiscentos e cinquenta e três euros e quarenta e três cêntimos).

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se a actualização destes valores para,respectivamente, 80 e 700 Euros – art.º 140.º da LI).

No caso da ilegalidade ser detectada durante a sua permanência no territórioportuguês, será organizado um processo onde serão recolhidas provas que habili-tem a uma decisão com vista à sua expulsão de Portugal (art.os 113.º e 119.º da LI).

Em que casos pode o imigrante ser expulso de Portugal? Quem pode deter-minar a expulsão?

Em geral, quando o imigrante não respeitar as leis sobre estrangeiros e noscasos seguintes (art.º 99 da LI):

– Quando entre ou permaneça irregularmente no território português;

50

Page 47: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Quando praticar algum acto contra a segurança nacional, a ordem públicaou os bons costumes;

– Quando a presença do imigrante for considerada uma ameaça aos interessesou à dignidade do Estado Português ou dos seus nacionais;

– Quando o imigrante interferir de forma abusiva no exercício de direitos departicipação política reservados aos portugueses;

– Quando o imigrante praticar actos que se fossem conhecidos das autori-dades portuguesas estas, teriam impedido a sua entrada em Portugal.

A expulsão pode ser determinada por autoridade judicial (Tribunal) ou porautoridade administrativa (director do SEF). A expulsão tem de ser judicialmenteordenada:

– Quando tenha a natureza de pena acessória;– Quando o estrangeiro tenha entrado ou permaneça irregularmente em

Portugal;– Quando seja titular de autorização de residência válida;– Quando tenha apresentado um pedido de asilo aceite ou ainda por decidir.

Quando é que se considera que o imigrante permanece irregularmente emPortugal?

Quando a estadia do imigrante, não tenha sido autorizada de harmonia com aLei da Imigração ou com a Lei do Direito de Asilo.

Como se processam os trâmites de um processo de expulsão?

Tratando-se de um processo judicial:

O processo inicia-se com um despacho do SEF, entidade que o mandouinstaurar, e uma vez recebido pelo juiz este marcará o julgamento que deverárealizar-se nos cinco dias seguintes, mandando-se notificar a pessoa que se pre-tende expulsar do País, as testemunhas indicadas e o director regional do SEF,sendo obrigatória a presença da pessoa na audiência de julgamento. Esta sópoderá ser adiada uma única vez, até ao 10.º dia posterior à data em deveria reali-zar-se, sempre que:

– a pessoa solicitar esse prazo para a preparação da sua defesa;– a pessoa faltar ao julgamento;– as testemunhas faltarem;– se o juiz, por sua livre iniciativa, considerar necessário que se proceda a

quaisquer diligências de prova essenciais à descoberta da verdade e quepossam previsivelmente realizar-se dentro daquele prazo de 10 dias.

51

Page 48: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Na notificação da pessoa que se pretende expulsar é obrigatório que se men-cione que esta, querendo, poderá apresentar a sua defesa (contestação) na audiên-cia de julgamento juntar o rol de testemunhas e demais elementos de prova.A decisão de expulsão conterá obrigatoriamente:

– as razões e motivos por que foi ordenada (fundamentos).– as obrigações legais da pessoa a expulsar.– a interdição de entrada em Portugal, com indicação do respectivo prazo.– a indicação do país onde não deverá ser encaminhado o estrangeiro que

tenha invocado que nele possa ser perseguido. Neste caso, deverá ser enca-minhado para outro país que o aceite. A execução da decisão implica a ins-crição da pessoa no SIS ou na lista nacional de estrangeiros não admissíveise esta inscrição ser-lhe-á notificada pelo SEF.

Tratando-se de um procedimento administrativo:

Uma vez detida a pessoa que tenha entrado ou permaneça ilegalmente emPortugal esta será entregue pela autoridade policial ao SEF acompanhado de umauto (escrito), devendo o mesmo ser levado à presença de um juiz, no prazomáximo de 48 horas após a detenção, para que este valide a captura e apliqueas medidas de coacção que considere adequadas ao caso. Se o juiz se decidir poraplicar a prisão preventiva, a qual não poderá prolongar-se por mais tempo doque o necessário para permitir a expulsão, e em caso algum poderá exceder oprazo máximo de 60 dias, dará conhecimento do facto ao SEF para que este pro-mova o processo visando o afastamento do estrangeiro de Portugal. O mesmoacontecendo, no caso de o juiz decidir que a pessoa fica em liberdade, pelo queo processo seguirá para a fase de instrução, devendo a pessoa ser ouvida peloinstrutor nomeado e ser-lhe-ão asseguradas todas as garantias de defesa, podendorequerer todas as diligências que considere essenciais para o apuramento daverdade. Terminada a instrução, será elaborado um relatório no qual o instrutorfará a descrição e apreciação dos factos apurados, propondo a resolução queconsi-dere adequada, posto o que o processo será presente ao Director do SEFpara que este profira uma decisão. Se a decisão for de expulsão a pessoa visadadeverá ser notificada e, bem assim, o ACIME, devendo mencionar-se nessa comu-nicação de que tem o direito de recorrer (para os Tribunais Administrativos), comindicação do prazo para esse efeito, e de que será inscrita no SIS ou na listanacional de pessoas não admissíveis.

Para onde pode um imigrante ser expulso?

Um imigrante só pode, em princípio, ser expulso para o seu país de origem.Mas, na hipótese de correr o risco de ser perseguido no seu país, então, nestecaso, poderá ser encaminhado para outro país que o aceite (art.º 105.º da LI).A decisão de expulsão deve ser comunicada, pela via diplomática, às autoridadescompetentes do país de destino do expulsando (art.º 126.º da LI).

52

Page 49: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Durante quanto tempo não pode entrar em Portugal?

Durante um período de, pelo menos, cinco anos (art.º 106.º da LI). Neste caso,só por razões humanitárias pode esse imigrante ser autorizado, por despachodo Ministro da Administração Interna, a entrar novamente em Portugal.

O que é que deve fazer o imigrante a partir do momento em que tem conhe-cimento de que vai ser expulso?

Deve procurar por todos os meios contactar as autoridades diplomáticas ouconsulares do seu país e dar-lhes conhecimento de que corre contra ele um pro-cesso de expulsão. Nesse contacto, que poderá ser feito através de familiares,amigos ou conhecidos, o imigrante deve indicar as razões que justificam a medidade expulsão. Deve também fazer uma lista de todos os seus bens, de todas as suasdívidas e de todos os créditos que tiver por receber e transmitir essa lista à suaEmbaixada, Consulado ou pessoa da sua confiança.

E se ele não se conformar com a decisão que ordena a sua expulsão, quedeve fazer?

Da decisão proferida pelo juiz poderá recorrer para o tribunal de 2.ª instân-cia (Relação) mas este não pode, por efeito, fazer suspender a execução da deci-são. Se a decisão de expulsão foi determinada pela autoridade administrativatambém poderá impugná-la nos Tribunais Administrativos. Em ambos os casos, opedido de interposição do recurso não tem por efeito fazer suspender a execuçãoda decisão de expulsão.

Quais são as obrigações do imigrante sujeito a expulsão?

Está sujeito às obrigações que lhe forem fixadas pelo despacho que determinoua medida de expulsão. Assim, o juiz para além das medidas de coacção prevista nalei processual criminal portuguesa, pode ordenar ao imigrante que se apresenteperiodicamente no SEF, em dias e horas que ele indicar. O imigrante pode serobrigado igualmente a permanecer em Centro de Instalação Temporária (CIT) atéque seja executada a medida de expulsão (art.º 107.º da LI).

O que é o Centro de Instalação Temporária (CIT)?

É um lugar onde são acolhidos os estrangeiros (imigrantes ou não) que tenhamrequerido asilo político ou tenham entrado irregularmente em Portugal.

53

Page 50: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Em que situações pode um estrangeiro pedir asilo?

O instituto do Direito de Asilo destina-se a conceder protecção aos estrangei-ros e apátridas que:

– sejam perseguidos ou gravemente ameaçados de perseguição em conse-quência de actividade desenvolvida em favor da democracia, da libertaçãosocial e nacional, da paz entre os povos, da liberdade e dos direitos dohomem.

– receando, com fundamento, ser perseguidos em virtude da sua raça, religião,nacionalidade, opiniões políticas ou integração em certo grupo social, nãopossam ou, em virtude desse receio, não queiram voltar ao Estado da suanacionalidade ou da sua residência habitual.

O pedido de asilo deve ser apresentado no prazo de 48 horas, após a entradaem Portugal, junto de qualquer autoridade policial, por escrito ou oralmente e deveconter a identificação do requerente e dos membros do seu agregado, o relatopormenorizado das circunstâncias ou factos que fundamentam o asilo e a indica-ção de todos os elementos de prova. Neste caso, não será organizado processo deexpulsão contra o estrangeiro que tenha entrado irregularmente em Portugal (n.º 5do art.º 119.º da LI).

Quanto tempo pode durar o acolhimento em Centro de Instalação Tempo-rária (CIE)?

Tudo depende se o acolhimento é ordenado por razões humanitárias ou porrazões de segurança.

Se o acolhimento é ordenado por razões humanitárias não tem prazo. Esteprazo poderá ser o necessário para a concessão ou recusa de asilo político ou, nocaso de recusa, o que for fixado ao estrangeiro para abandonar o território portu-guês. Se o acolhimento é ordenado por razões de segurança ele tem um prazomáximo de dois meses, mas durante estes dois meses a manutenção do regime deacolhimento deverá ser reapreciado pelo juiz em cada oito dias.

Haverá alguma categoria de imigrantes que não pode ser expulsa?

Em princípio, todos os imigrantes estão sujeitos à medida de expulsão. Todavia,os tribunais quer nacionais, quer internacionais têm entendido que os imigrantesque sejam pais de filhos menores de nacionalidade portuguesa não podem serexpulsos.

Quem suporta as despesas de regresso do imigrante ao país de origem?

É ao imigrante que cabe suportar as despesas. Mas por força de acordos inter-nacionais, quando a saída do território português se traduza numa expulsão, as

54

Page 51: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

despesas podem ficar a cargo quer do país de origem, quer do país de acolhi-mento. A nossa lei prevê, que quando o imigrante decide abandonar voluntariamenteo País, o Estado português pode suportar os encargos com o regresso do imigrantee da sua família, de acordo com programas de retorno voluntário.

Então o que são programas de retorno voluntário?

São acções promovidas quer pelo Estado de acolhimento, no caso Portugal,quer por certas organizações internacionais, como por exemplo a OrganizaçãoInternacional das Migrações (OIM), que se destinam a incentivar certas categoriasde imigrantes a regressarem ao seu país de origem, por estarem em situação ilegalou por se tratar de refugiados a quem foi negado asilo. Estes incentivos podemconsistir numa formação profissional prévia ao regresso do imigrante, feita emconcertação com um serviço do país de origem, o qual, normalmente, dá garantiasao imigrante de que terá um emprego estável quando regressar. Além da formaçãoprofissional, o imigrante poderá ser aliciado a regressar, voluntariamente, atravésde uma contribuição monetária para a aquisição de livros, equipamentos deestudo, ou investigação, que o possibilitará a desempenhar cabalmente as suasfunções.

LEGISLAÇÃO

– Constituição da República Portuguesa (CRP);– Lei n.º 13/99, de 22/03: estabelece o novo regime jurídico do recenseamento eleitoral;– Lei Orgânica n.º 1/2001, de 14/08 (c/ as alterações introduzidas pela Lei Orgânica

n.º 5-A/2001, de 26.11): Lei geral da República que regula eleição dos titulares dosórgãos das autarquias locais;

– Declaração n.º 2-A/97, de 11/04, do Ministérios dos Negócios Estrangeiros: lista depaíses a cujos cidadãos é reconhecida capacidade eleitoral activa e passiva emPortugal nas eleições dos órgãos das Autarquias Locais;

– Declaração n.º 20/2001, de 5/04, do Ministérios dos Negócios Estrangeiros: lista depaíses a cujos cidadãos é reconhecida capacidade eleitoral activa e passiva emPortugal nas eleições dos órgãos das Autarquias Locais;

– Lei n.º 115/99, de 3/08: estabelece o regime jurídico das associações de imigrantes eseus descendentes;

– D.L. n.º 75/2000, de 9/05: regulamenta a Lei n.º 115/99, de 3/08.

Qual a lista de países a cujos cidadãos é reconhecida capacidade eleitoralactiva e passiva em Portugal nas eleições dos órgãos das Autarquias Locais?

Actualmente, só têm direito de voto os cidadãos nacionais:

– da União Europeia e dos seguintes países:

55

5. A cidadania política e o direito de associação do imigrante

Page 52: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Brasil, Cabo Verde, Argentina, Israel, Noruega, Peru, Venezuela, Estónia eUruguai.

Podem ser eleitos para os órgãos das autarquias locais os cidadãos dosseguintes países:

– todos os da União Europeia, e ainda:– Brasil, Cabo Verde, Peru e Uruguai (Declaração n.º 10/2001, de 5/04).

Poderei reclamar perante obstáculos ao exercício dos meus direitos juntodos órgãos de soberania portugueses?

Sim, tem o direito de apresentar, individual ou colectivamente, aos órgãos desoberania (Presidente da República, Presidente da Assembleia da República,Governo e Tribunais) ou a quaisquer entidades competentes (por ex.: AutarquiasLocais, Provedor de Justiça, Governador Civil, etc.), petições, reclamações ou quei-xas para defesa dos seus direitos.

Poderei constituir, como imigrante, uma Associação para defesa e promo-ção de direitos e interesses específicos dos imigrantes?

Sim. A Lei n.º 115/99, de 3/08, estabeleceu o regime jurídico das associaçõesrepresentativas dos imigrantes e seus descendentes, prevendo o reconhecimentoda sua representatividade, bem como o apoio técnico e financeiro do Estado parao desenvolvimento das suas actividades e ainda o direito a beneficiar de tempo deantena nos serviços públicos de rádio e televisão.

Aquela Lei foi regulamentada pelo Decreto Lei n.º 75/2000, de 9 de Maio,(publicado no Boletim Informativo do ACIME de Maio de 2000), diploma que esta-belece o processo de reconhecimento e de registo de representatividade e asmodalidades de apoio técnico e financeiro do Estado às associações de imigrantes,por forma a que possam melhor proteger os direitos e interesses específicosdaqueles, contribuindo para que todos os cidadãos legalmente residentes emPortugal gozem de dignidade e oportunidades idênticas.

Quais são os principais aspectos do regime jurídico deste tipo de associa-ções?

O reconhecimento das associações de imigrantes e seus descendentes é atri-buído pelo ACIME às associações que o requeiram e demonstrem reunir cumulati-vamente os seguintes requisitos (art.º 5.º da Lei n.º 115/99 de 3 de Agosto):

– Ter estatutos publicados;– Ter corpos sociais regularmente eleitos;– Possuir inscrição no Registo Nacional de Pessoas Colectivas;

56

Page 53: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Inscrever no seu objecto ou denominação social a promoção dos direitos einteresses específicos dos imigrantes;

– Desenvolver actividades que comprovem uma real promoção dos direitose interesses específicos dos imigrantes.

Com o fim de permitir a verificação dos requisitos legais acima indicados, oDecreto Lei n.º 75/2000 de 9 de Maio, estabelece que o requerimento deve seracompanhado dos seguintes documentos (artigo 3.º, n.º 2):

– Cópia dos estatutos e do respectivo extracto publicado no Diário da Repú-blica;

– Cópia da acta de eleição dos corpos sociais em exercício;– Cópia do cartão de identificação de pessoa colectiva;– Relatório de actividades do último exercício, ou plano anual de actividades,

caso se trate de associação em início de actividade;– Declaração em que conste o número total de associados e o âmbito territo-

rial de actuação.

Depende do reconhecimento de representatividade, a atribuir pelo ACIME,o exercício dos seguintes direitos (artigo 4.º da Lei n.º 115/99 de 3 de Agosto):

– Participar na definição da política de imigração;– Participar nos processos legislativos referentes à imigração;– Participar em órgãos consultivos, nos termos da lei;– Beneficiar de direito de antena nos serviços públicos de rádio e televisão

através das respectivas associações de âmbito nacional;– Beneficiar de todos os direitos e regalias atribuídos por lei às pessoas colec-

tivas de utilidade pública;– Beneficiar de isenção de custas e preparos judiciais e de imposto do selo.

As associações com reconhecimento de representatividade participam nadefinição das medidas concretizadoras do Programa do Governo em matéria deimigração, sendo-lhes facultados os elementos documentos necessários para queelas se pronunciem por escrito, em prazo não inferior a 15 dias.

São também direitos das Associações de Imigrantes, não dependentes doreconhecimento de representatividade (n.º 2 do artigo 4.º da Lei n.º 115/99 de 3 deAgosto e n.º 2 do artigo 2.º do D.L. n.º 75/2000 de 9 de Maio):

– Solicitar e obter das entidades competentes as informações e a documen-tação que lhes permitam acompanhar a definição e execução das políticasde imigração;

– Intervir junto das autoridades públicas em defesa dos direitos dos imigrantes.– Participar, junto das autarquias locais, na definição e execução das políticas

locais que digam directamente respeito aos imigrantes;– Beneficiar de apoio técnico e financeiro por parte do Estado.

57

Page 54: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O apoio técnico e financeiro do Estado às associações de imigrantes destina-se,nos termos expressos no n.º 2 do artigo 8.º do D.L. n.º 75/2000 de 9 de Maio, a«programas, projectos e acções que tenham como objectivo:

– Contribuir para a integração de cidadãos imigrantes, promovendo a suadignificação e igualdade de oportunidades;

– A mudança de atitudes e mentalidades, no âmbito da igualdade de oportuni-dades dos cidadãos legalmente residentes em Portugal, nomeadamente anível da educação, da cultura e dos meios de comunicação social;

– A formação técnica de suporte a iniciativas empresariais, culturais e sociaiscom vista a estimular a actividade empreendedora dos imigrantes;

– A formação profissional, de forma a fomentar o aumento da qualificaçãoprofissional dos cidadãos imigrantes;

– A criação de serviços de apoio às famílias imigrantes;– O estabelecimento de intercâmbios com associações congéneres estrangeiras

ou a promoção de acções comuns de informação ou formação;– O estudo e a investigação de casos e medidas de integração social e de

discriminação baseada na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica;– A eliminação de todas as formas de discriminação baseada na raça, cor,

nacionalidade ou origem étnica.»

Quais são os critérios de apreciação dos pedidos?

Podem referir-se os seguintes:

– a qualidade técnica da acção proposta, nomeadamente quanto aos objecti-vos, conteúdos programáticos e duração da acção;

– o âmbito regional, local, nacional ou internacional da acção proposta;– o grau de carência da região ou população abrangida;– a continuidade e a estabilidade dos efeitos pretendidos;– a participação de trabalho de voluntariado;– a relação entre o custo e os resultados esperados;– capacidade de estabelecer parcerias;– diversidade e regularidade da actividade da associação promotora da acção

ou projecto;– cumprimento dos objectivos de acções ou projectos anteriores.

O apoio técnico consubstancia-se em três áreas:Informação, Documentação e Bibliografia.

Assim, o ACIME assegura o funcionamento de uma Provedoria Social e de umCentro de Documentação sitos na Av. Columbano Bordalo Pinheiro, n.º 86 - 8.º,em Lisboa, e do Centro de Informação «Em Cada Rosto… Igualdade», instalado noCastelo Sul das Portas de Benfica, em Lisboa (em parceria com a OIM e a Junta deFreguesia de Benfica).

58

Page 55: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O apoio financeiro concedido pelo ACIME reveste as modalidades de apoio aoplano anual de actividades ou de apoio pontual.

As associações que optem pelo apoio ao plano anual de actividades não serãoelegíveis para o apoio pontual. Na modalidade de apoio pontual são admitidostrês pedidos por ano civil.

Em qualquer caso, o apoio financeiro não pode exceder 70% do total do valordo programa, projecto ou acção.

Os pedidos devem ser apresentados ao ACIME até 31 de Outubro do ano queantecede o apoio para o Plano Anual de Actividades.

No caso de apoio pontual, devem os pedidos ser apresentados até 60 dias deantecedência sobre o projecto ou acção a apoiar, sendo pagos 60% do montanteconcedido com a celebração do protocolo de apoio e 40% no prazo de 10 diasúteis após entrega de relatório de actividades e contas.

Para votar ou ser candidato é preciso estar recenseado? Quais os principaisaspectos sobre o recenseamento eleitoral dos Imigrantes?

Para votar ou ser candidato a Lei (Lei do Recenseamento Eleitoral – Lei n.º 13/99,de 22 de Março) exige que se esteja recenseado. Exercer o direito ao recensea-mento é pois o primeiro passo e condição indispensável para poder votar emPortugal. Os principais aspectos sobre o Recenseamento eleitoral são os seguintes:

Voluntariedade do recenseamento

O recenseamento eleitoral de cidadãos estrangeiros residentes em Portugal évoluntário.

A inscrição é promovida pelo eleitor estrangeiro, que se identifica através dotítulo de residência emitido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (ou, subsi-diariamente pelo passaporte no caso dos nacionais de países da União Europeia).Só podem inscrever-se no recenseamento eleitoral os cidadãos estrangeiros nacio-nais de países (Declaração n.º 20/2001, de 5/04, do MNE):

– da União Europeia e dos seguintes países:– Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Estónia, Israel, Noruega, Peru,

Uruguai e Venezuela.

Período do recenseamento eleitoral

A inscrição no recenseamento eleitoral é contínua, suspendendo-se porém, no60.º dia anterior a cada eleição ou referendo. Assim, o recenseamento não temprazo. À excepção dos 60 dias anteriores a votações, qualquer cidadão com capa-cidade eleitoral pode solicitar a sua inscrição. Podem, ainda, inscrever-se até ao55.º dia anterior ao dia da votação os cidadãos que completem 18 anos até ao dia

59

Page 56: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

da eleição ou referendo. Os cidadãos que completem 17 anos podem igualmenteinscrever-se em qualquer altura, a título provisório, passando a eleitores efectivosno dia em que completem 18 anos.

Local de inscrição no recenseamento

Os eleitores são inscritos na entidade recenseadora correspondente ao domi-cílio (freguesia) indicado no título de residência emitido pelo Serviço de Estran-geiros e Fronteiras (ou, subsidiariamente, pelo passaporte no caso dos nacionaisde países da União Europeia). As Comissões Recenseadoras funcionam nassedes das Juntas de Freguesia. A apresentação perante elas do documento deidentificação atrás mencionado é obrigatória.

Direito de voto

Têm direito de voto os cidadãos estrangeiros com residência legal em Portugal:

– Há mais de três anos, no caso serem nacionais de países que, em condi-ções de reciprocidade, atribuam o direito de voto aos cidadãos portuguesesneles residentes.

Actualmentetêm direito de voto os nacionais dos seguintes países não lusófo-nos e não comunitários: Argentina, Chile, Estónia, Israel, Noruega, Peru, Uru-guai e Venezuela.

– Há mais de dois anos, no caso de cidadãos de países de língua oficialportuguesa, quando de igual direito gozem os cidadãos portugueses no res-pectivo Estado de origem – actualmente apenas podem inscrever-se norecenseamento os cidadãos de Cabo Verde (com direito de voto limitado àseleições autárquicas) e do Brasil, neste último caso com dois estatutos:

– cidadãos brasileiros com estatuto especial de igualdade de direitos polí-ticos: têm direito de voto nas eleições da Assembleia da República, Assem-bleias Legislativas Regionais e Autarquias Locais (ver modelo de requeri-mento nos formulários).

– cidadãos brasileiros com estatuto geral de igualdade de direitos e deve-res: apenas têm direito de voto nas eleições autárquicas (ver modelode requerimento nos formulários).

O estatuto especial de igualdade de direitos políticos é comprovado por cópiado Diário da República em que foi publicada a sua concessão ou por certidãoemitida pela Conservatória dos Registos Centrais. Naturalmente que os brasileiroscom este estatuto podem optar por votar só nas eleições autárquicas.

Exceptuando os nacionais do Brasil e de Cabo Verde, os cidadãos dos restan-tes países de língua oficial portuguesa não estão actualmente abrangidos por estesdireitos eleitorais.

60

Page 57: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Os cidadãos de países da União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dina-marca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxem-burgo, Reino Unido, Suécia nas eleições autárquicas e para o ParlamentoEuropeu, devendo quanto a estas últimas eleições fazer declaração formalde que não votarão para esse órgão no país da sua nacionalidade. Caso nãofaçam essa declaração, apenas votam em Portugal nas eleições autárquicas.

Direito de ser eleito

Podem ser eleitos para os órgãos das autarquias locais os cidadãos nacionaisdos seguintes países:

– Brasil e Cabo Verde, desde que com residência em Portugal há mais dequatro anos;

– Peru, Uruguai, desde que com residência em Portugal há mais de cinco anos.– todos os da União Europeia.

Na formalização da candidatura, deve o candidato estrangeiro apresentar umadeclaração que inclua:

– nacionalidade e residência habitual no território português;– última residência no Estado de origem;– informação de que não está privado de ser eleito no Estado de origem;– no caso de nacionais de país não pertencente à União Europeia, certificado

comprovativo de residência em Portugal, pelo período legalmente previsto,emitido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

LEGISLAÇÃO

– Constituição da República Portuguesa (art.º 23.º);

– Lei n.º 9/91, de 9 de Abril, (alterado pela Lei n.º 30/96, de 14 de Agosto): Estatuto do

Provedor de Justiça;

– DL 279/93 de 11 de Agosto (alterado pelo DL 15/98 de 29 de Janeiro): Lei Orgânica

da Provedoria de Justiça;

– Lei 19/95 de 13 de Maio: Lei de Acesso dos Militares ao Provedor de Justiça;

– Resolução da Presidência do Conselho de Ministros (PCM), 37/2002, de 28/02): aprovou

o «CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO SERVIÇO POLICIAL».

61

6. Entidades públicas vocacionados para as questões de imigração

Page 58: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Existe em Portugal alguma entidade oficial vocacionada para lidar com asquestões de Imigração?

Sim. Entre as quais temos:

O ALTO COMISSÁRIO PARA A IMIGRAÇÃO E MINORIAS ÉTNICAS (ACIME).O SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF).A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS MIGRAÇÕES (OIM).O OBSERVATÓRIO EUROPEU DOS FENÓMENOS RACISTAS E XENÓFOBOS.O PROVEDOR DE JUSTIÇA.O SERVIÇO POLICIAL (PSP e GNR).

O ALTO COMISSÁRIO PARA A IMIGRAÇÃO E MINORIAS ÉTNICAS (ACIME)

O que é o ACIME?

O ACIME, é uma entidade dependente do Conselho de Ministros a quem foiincumbida a missão de promover a consulta e o diálogo com as entidades repre-sentativas dos imigrantes em Portugal ou de minorias étnicas, bem como o estudoda temática da inserção social dos imigrantes e das minorias étnicas, em colabora-ção com os parceiros sociais, as instituições de solidariedade social e outras enti-dades públicas ou privadas com intervenção neste domínio. Na página da Internet(ver contacto na lista de endereços úteis deste guia) do ACIME encontra: Informa-ção institucional, notícias, legislação, questões frequentes, formulários, acordos etratamentos de questões relativas a exercícios de direito.

O SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF)

O que é o SEF?

O SEF, é um serviço de segurança, organizado hierarquicamente na depen-dência do Ministro da Administração Interna, com autonomia administrativa e que,no quadro da política de segurança interna, tem por objectivos fundamentais:

– controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a permanência e actividadesde estrangeiros em território nacional, bem como,

– estudar, promover, coordenar e executar as medidas e acções relacionadascom aquelas actividades e com os movimentos migratórios.

Enquanto órgão de polícia criminal, o SEF actua no processo, nos termos dalei processual penal, sob a direcção e em dependência funcional da autoridadejudiciária competente, realizando as acções determinadas e os actos delegadospela referida autoridade.

62

Page 59: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Qual é a missão e quais são as atribuições do SEF?

Tem por missão dar execução à política de imigração e asilo de Portugal, deacordo com a Constituição e a lei e as orientações do Governo. E tem por atri-buições:

No plano interno:

– Vigiar e fiscalizar nos postos de fronteira, incluindo a zona internacional dos portos eaeroportos, a circulação de pessoas, podendo impedir o desembarque de passageirose tripulantes de embarcações e aeronaves, indocumentados ou em situação irregular;

– Impedir o desembarque de passageiros e tripulantes de embarcações e aeronavesque provenham de portos ou aeroportos de risco sob o aspecto sanitário, sem prévioassentimento das competentes autoridades sanitárias;

– Proceder ao controlo da circulação de pessoas nos postos de fronteira, impedindo aentrada ou saída do território nacional de pessoas que não satisfaçam os requisitoslegais exigíveis para o efeito;

– Autorizar e verificar a entrada de pessoas a bordo de embarcações e aeronaves;– Controlar e fiscalizar a permanência e actividades dos estrangeiros em todo o terri-

tório nacional;– Assegurar a realização de controlos móveis e de operações conjuntas com serviços

ou forças de segurança congéneres, nacionais e espanholas;– Proceder à investigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal, bem como investi-

gar outros com ele conexos, sem prejuízo da competência de outras entidades;– Emitir parecer relativamente a pedidos de vistos consulares;– Conceder em território nacional vistos, prorrogações de permanência, autorizações

de residência, bem como documentos de viagem nos termos da lei;– Reconhecer o direito ao reagrupamento familiar;– Manter a necessária colaboração com as entidades às quais compete a fiscalização do

cumprimento da lei reguladora do trabalho de estrangeiros;– Instaurar, instruir e decidir os processos de expulsão administrativa de estrangeiros

do território nacional e dar execução às decisões de expulsão administrativas e judi-ciais, bem como accionar, instruir e decidir os processos de readmissão e assegurar asua execução;

– Efectuar escoltas de cidadãos objecto de medidas de afastamento;– Decidir sobre a aceitação da análise dos pedidos de asilo e proceder à instrução dos

processos de concessão, de determinação do Estado responsável pela análise dosrespectivos pedidos e da transferência dos candidatos entre os Estados membros daUnião Europeia;

– Analisar e dar parecer sobre os processos de concessão de nacionalidade portuguesapor naturalização;

– Analisar e dar parecer sobre os pedidos de concessão de estatutos de igualdadeformulados pelos cidadãos estrangeiros abrangidos por convenções internacionais;

– Assegurar a gestão e a comunicação de dados relativos à Parte Nacional do Sistemade Informação Schengen (NSIS) e de outros sistemas de informação comuns aos Esta-dos membros da União Europeia no âmbito do controlo da circulação de pessoas,bem como os relativos à base de dados de emissão dos passaportes (BADEP);

63

Page 60: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Cooperar com as representações diplomáticas e consulares de outros Estados, devi-damente acreditadas em Portugal, nomeadamente no repatriamento dos seus nacionais;

– Assegurar o cumprimento das atribuições previstas na legislação sobre a entrada,permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional;

– Assegurar as relações de cooperação com todos os órgãos e serviços do Estado,nomeadamente com os demais serviços e forças de segurança, bem como com orga-nizações não governamentais legalmente reconhecidas;

– Coordenar a cooperação entre as forças e serviços de segurança nacionais e deoutros países em matéria de circulação de pessoas, do controlo de estrangeiros e dainvestigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal e outros com eles conexos.

No plano internacional:

– Assegurar, por determinação do Governo, a representação do Estado Português anível da União Europeia no Comité Estratégico Imigração, Fronteiras e Asilo e noGrupo de Alto Nível de Asilo Migração, no Grupo de Budapeste e noutras organiza-ções internacionais, bem como participar nos grupos de trabalho de cooperação poli-cial que versem matérias relacionadas com as atribuições do SEF;

– Garantir, por determinação do Governo, a representação do Estado Português, nodesenvolvimento do Acervo de Schengen no âmbito da União Europeia;

– Assegurar, através de oficiais de ligação, os compromissos assumidos no âmbito dacooperação internacional nos termos legalmente previstos;

– Colaborar com os serviços similares estrangeiros, podendo estabelecer formas decooperação.

Nota: A presença do SEF na Loja do Cidadão alargou-se, a partir de dia 13 de Março de 2002, à Lojade Aveiro. Esta iniciativa integra-se numa estratégia de descentralização do SEF, já assegurada emSetúbal, Braga e Viseu, que tem como objectivo primeiro a melhoria do atendimento ao público.A emissão e a renovação de Títulos de Residência, a prorrogação de permanência e aprestação de informações serão alguns dos serviços assegurados pelo SEF na Loja do Cidadão.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS MIGRAÇÕES (OIM)

O que é a OIM?

A OIM colabora com os Governos, com outras Organizações e com Associa-ções de Benevolência para assegurar no Mundo inteiro a migração ordenada depessoas – refugiados, pessoas deslocadas e outros migrantes – necessitadas dosserviços Internacionais de Migração. A Organização já prestou assistência, desde asua criação em 1951, a mais de nove milhões de pessoas em todo o Mundo. A OIMsustenta o princípio de que a migração de forma ordenada e em condições huma-nas, beneficia aos migrantes e à sociedade. Na sua qualidade de Organismo Inter-governamental (ONG), a OIM trabalha com os seus associados da comunidadeinternacional para:

– ajudar a encarar os desafios que apresenta a migração a nível operativo;– fomentar a compreensão das questões migratórias;

64

Page 61: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– fomentar o desenvolvimento social e económico através das migrações;– velar pelo respeito da dignidade humana e o bem estar dos migrantes.

A Organização reconhece que as normas de admissão e o número de imigran-tes a admitir são questões que dizem respeito à jurisdição interna dos Estados e,no cumprimento das suas funções, agirá em conformidade com as leis, regulamentose políticas dos Estados interessados.

Quais são os objectivos da OIM?

Tem por objectivos:

– Tomar todas as medidas adequadas para assegurar a deslocação organizadados migrantes para os quais os meios existentes se revelem insuficientes ouque, de outra forma, não estariam em condições de se deslocarem sem assis-tência especial, para países que oferecem possibilidades de migração orde-nada;

– Ocupar-se da deslocação organizada dos refugiados, pessoas deslocadas eoutras necessitadas de serviços internacionais de migração em relação àsquais possam acordar-se fórmulas de colaboração entre a Organização e osEstados interessados, incluindo os Estados que se comprometam a colhê-las;

– Prestar, a pedido dos Estados interessados e de acordo com os mesmos,serviços de migração tais como o recrutamento, a selecção, a tramitação, oensino de línguas, as actividades de orientação, os exames médicos, a colo-cação, as actividades que facilitem o acolhimento e a integração, a assesso-ria em assuntos migratórios, assim como qualquer outra assistência que sejanecessária, em conformidade com os objectivos da Organização;

– Prestar serviços similares, a pedido dos Estados ou em cooperação comoutras organizações internacionais interessadas, para a migração voluntáriade retorno, incluindo a repatriação voluntária;

– Colocar à disposição dos Estados, das organizações internacionais e deoutras instituições um fórum para o intercâmbio de opiniões e experiênciase para o fomento da cooperação e da coordenação das actividades relativasa questões de migrações internacionais, incluindo estudos sobre as mesmascom o objectivo de encontrar soluções práticas;

– No cumprimento das suas funções, a Organização cooperará estreitamentecom as organizações internacionais, governamentais e não governamentais,que se ocupem de migrações, de refugiados e de recursos humanos para,entre outros aspectos, facilitar a coordenação das actividades internacionaisna matéria. Na decorrer desta cooperação serão respeitadas mutuamente ascompetências das organizações envolvidas.

Missão em Portugal: ver morada em lista de endereços úteis no final deste guia.

65

Page 62: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O OBSERVATÓRIO EUROPEU DOS FENÓMENOS RACISTAS E XENÓFOBOS

A inexistência de uma base jurídica explícita nos Tratados comunitários até 1999 impe-diu a União Europeia de desenvolver uma verdadeira política em matéria de combate aoracismo e à xenofobia. Contudo, desde 1986, na sequência de um vasto inquérito realizadonos Estados-Membros sobre a situação em matéria de racismo, o Parlamento Europeu adop-tou um primeiro relatório e o Conselho, o Parlamento e a Comissão adoptaram uma decla-ração comum. Para além disso, forma adoptadas um certo número de medidas no âmbitoda política social. Assim, o ano de 1997 foi proclamado «Ano Europeu da Luta contra oRacismo». Por outro lado, em 1996, o Conselho adoptou uma acção comum para combatero racismo e a xenofobia, em que se encontram definidos os comportamentos puníveis e asmedidas a adoptar por parte das autoridades judiciárias. No âmbito desta dinâmica, emJunho de 1997, foi criado em Viena, o Observatório Europeu de Fenómenos Racistas eXenófobos encarregue de estudar a amplitude, e a evolução destas manifestações, analisaras suas causas e difundir exemplos de boas práticas. Em 21 de Dezembro foi concluído oacordo de cooperação entre o Observatório e o Conselho Europeu. O Observatório come-çou a funcionar em 6 de Abril de 2000, em conformidade com o regulamento do Conselho(Regulamento (CE) n.º 1035/97). Está organizado com base numa assembleia de 18 pessoasque formam o Conselho de Administração. Esta assembleia é composta da maneiraseguinte: uma personalidade independente (e um suplente) designada por cada um dosEstados-membros da U.E., um representante do parlamento Europeu e da Comissão Euro-peia. Presentemente, Portugal designou o Prof. Doutor Pedro Bacelar de Vasconcelos; Estaorganização tem sede em: Rahlgasse 3,A-1060 Wien (ver no final deste guia lista de endere-ços úteis).

O PROVEDOR DE JUSTIÇA

O que é o Provedor de Justiça?

Trata-se de uma figura inspirado no Ombusdman nórdico para proteger oscidadãos contra as ilegalidades e injustiças do poder, tendo como missão principal,nos termos da CRP e da lei, a defesa e a promoção dos direitos, liberdades egarantias e os interesses legítimos dos cidadãos contra actos ilegais e injustos dospoderes públicos (artigos 1.º, 2.º e 20.º da Lei n.º 9/91, de 9/04). É, portanto, um«defensor do povo», uma instituição de defesa dos direitos dos particulares peranteo Estado.

Como estão estruturados internamente os serviços de apoio ao Provedor deJustiça?

A criação, em Abril de 1975, do cargo de Provedor de Justiça determinou aexistência de uma estrutura de apoio. A referida estrutura, criada em Março de1976, teve a designação inicial de «Serviço do Provedor de Justiça». A organizaçãoda Provedoria de Justiça tem por base: uma Assessoria – conjunto de Coordena-

66

Page 63: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

dores e Assessores, recrutados por livre escolha do Provedor de Justiça – queexecuta as tarefas determinadas pelo Provedor de Justiça ou pelos Provedores--Adjuntos; e um Serviço de Apoio para o desempenho das funções de carácterinstrumental – administrativas, de relações públicas e de documentação. Desde aprimeira hora, o Serviço do Provedor de Justiça revelou-se de extrema importânciapara que, de forma eficiente e eficaz, o Provedor pudesse desempenhar as funçõesque lhe foram conferidas pela Constituição e pelo próprio Estatuto. Significativado relevo dessas funções e do reconhecimento por parte dos cidadãos da activi-dade do Provedor de Justiça é a necessidade de alargamento do quadro de pessoalque, desde 1979, tem sido levado à prática.

Em que áreas e assuntos actua o Provedor de Justiça?

Com vista a uma ainda mais eficaz e eficiente estrutura operativa a Assessoria foidividida por áreas, as quais se regem por um critério material, que se traduz noquadro seguinte:

Nota: Em Fevereiro de 1996 foi possível estender a Provedoria à Região Autónoma dos Açores e emFevereiro de 2000 à Região Autónoma da Madeira. Com estas extensões pretende-se uma repre-sentação efectiva deste órgão do Estado nos arquipélagos, promovendo-se a aproximação dosseus habitantes ao Provedor de Justiça.

É possível contactar informalmente o Provedor de Justiça, nomeadamente,pelo telefone, com o objectivo de lhe apresentar uma queixa?

Sim. A Provedoria de Justiça tem em funcionamento duas linhas de atendi-mento telefónico:

– a Linha verde «Recados da Criança» e– a Linha do «Cidadão Idoso».

Estas «Linhas», que não são linhas de emergência, têm como objectivo prin-cipal coadjuvar a Provedoria de Justiça, estando vocacionadas para o tratamentode modo informal e expedito daqueles casos que não exigem um estudo jurídico

67

Área 1: Planeamento e administração do território; ambiente e recursos naturais; arrenda-mento e expropriações; lazer.

Área 2: Assuntos financeiros e economia; direitos dos consumidores.Área 3: Assuntos sociais; segurança social, direito do trabalho, saúde, menores, idosos e

deficientes.Área 4: Assuntos de organização administrativa e função pública.Área 5: Assuntos judiciários; segurança interna e trânsito; registos e notariado.Área 6: Assuntos político-constitucionais; direitos, liberdades e garantias; assuntos peni-

tenciários; estrangeiros e nacionalidade; ciência e comunicação social; educaçãoe cultura; desporto.

Page 64: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

de fundo. O funcionamento da Provedoria de Justiça, que tanto pode resultar dequeixas de cidadãos (com ou sem interesse directo nos casos apresentados) comoda iniciativa própria do Provedor de Justiça, é, por imposição do respectivo Esta-tuto (Lei n .º 9/91, de 9 de Abril), informal. Esta informalidade, imprescindível aosobjectivos com que foi criada, deverá, aliás, presidir não só ao seu modo de fun-cionamento interno como ao relacionamento com as entidades que exercem ospoderes públicos e com os reclamantes. Neste aspecto, o uso de meios informais,por natureza mais directos e pessoais, permite estabelecer canais privilegiadoscom os restantes organismos cuja utilidade se torna desnecessário realçar.

Quanto ao funcionamento interno, pretende-se que a estrutura da Provedoriade Justiça seja leve e desburocratizada, eliminando tudo aquilo que, sendo inútil,possa demorar a marcha dos processos e a sua conclusão.

Que trâmites seguem as queixas apresentadas ao Provedor de Justiça?

A tramitação interna dos processos é objecto apenas dos registos indispensá-veis à sua exacta localização e a evitar o tratamento diferenciado de assuntos jáapreciados ou em estudo. Embora o art.º 28.º do Estatuto reafirme que a instruçãodos autos deva ser efectuada por meios informais e expeditos, na maioria doscasos a consulta aos serviços externos envolvidos não pode deixar de ser feita porescrito, havendo que aguardar, por prazo razoável, a respectiva resposta. É aquique a tramitação dos processos sofre a demora mais difícil de ultrapassar. A gene-ralidade da administração pública portuguesa tem dificuldade em prestar, comrapidez, as informações que lhe são pedidas. Aliás, muitas das queixas recebidasna Provedoria de Justiça têm esse fundamento. E nem sempre a boa vontade e odesejo de colaborar conseguem tornear os obstáculos que a burocracia (com ousem razão de ser) coloca.

O que acontece se as recomendações do Provedor de Justiça não foremvoluntariamente acatadas?

Concluída a instrução dos processos, cometida aos assessores sob orientação esupervisão dos coordenadores, podem verificar-se as seguintes situações: a queixaapresentada foi solucionada informalmente, ou não tem fundamento; a queixa temrazão de ser mas a Administração recusa-se a satisfazê-la; a situação exposta éinjusta mas o ordenamento legal não permite outra alternativa. No primeiro caso,o processo termina imediatamente, estando a competência para o seu arquiva-mento delegada, regra geral, nos Provedores-Adjuntos (o que também aconteceem relação aos indeferimentos liminares previstos no art.º 27.º do Estatuto). Nosegundo caso, isto é, se a queixa for justificada e não tiver obtido satisfação,seguir-se-á a elaboração de recomendação, de natureza administrativa ou legis-lativa consoante os casos [alíneas a) e b) do art.º 20.º do Estatuto]. Em lugar da

68

Page 65: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

recomendação, pode o Provedor de Justiça acolher alternativas menos formais:a proposta, a sugestão, a apresentação de uma metodologia consensual para repon-deração do assunto, por exemplo. No terceiro caso, elabora-se recomendaçãonormativa ou suscita-se a inconstitucionalidade (não conformidade com a Consti-tuição) do diploma. Quando as recomendações não forem acatadas, poderão levarao arquivamento dos autos por aceitação das razões invocadas pela entidadevisada, ou por se considerarem esgotadas as possibilidades de intervenção doProvedor de Justiça; ou poderão conduzir à sua reiteração, ou à comunicação àAssembleia da República da atitude assumida pela Administração.

O SERVIÇO POLICIAL

A que forças de segurança está cometido em Portugal o serviço de polícia?

No exercício das suas funções policiais são considerados como membros dasforças de segurança as entidades seguintes:

– os militares da Guarda Nacional Republicana (GNR);– o pessoal da Polícia de Segurança Publica (PSP).

Nota: O SEF também exerce funções de polícia.

Em que consiste o «Código Deontológico do Serviço Policial» (CDSP)?

Com o fim de promover a qualidade do serviço policial e reforçar o prestígioe a dignidade das forças de segurança, bem como contribuir para a criação dascondições objectivas e subjectivas que, no âmbito da acção policial, garantam a opleno exercício dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e ainda consagrarpadrões ético-profissionais de conduta comuns a todos os membros das forçasde segurança foi instituído legalmente (Resolução da PCM, 37/2002, de 28/02), ochamado «CÓDIGO DEONTOLÓGICO DO SERVIÇO POLICIAL» (CDSP).

Quais são os seus princípios fundamentais?

Os membros das forças de segurança:

– cumprem os deveres que a lei lhes impõe;– servem o interesse público;– defendem as instituições democráticas;– protegem todas as pessoas contra actos ilegais e– respeitam os direitos humanos.

69

Page 66: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Que valores devem cultivar os membros dos serviços de segurança?

Com zeladoras pelo cumprimento da lei, os membros das forças de segurançacultivam e promovem os valores do humanismo, justiça, integridade, honra, digni-dade, imparcialidade, isenção, probidade e solidariedade. Na sua actuação, osmembros das forças de segurança devem absoluto respeito pela CRP, pela DHDH,pela Convenção Europeia dos Direitos do Homem, pela legalidade comunitária,pelas convenções internacionais, pela lei e pelo CDSP (art.º 1.º do CDSP).

No cumprimento do seu dever os membros das forças de segurança devemrespeito pelos direitos fundamentais da pessoa humana?

Sim. Devem promover, respeitar e proteger a dignidade humana, o direito àvida, à liberdade, à segurança e demais direitos fundamentais de toda a pessoa,qualquer que seja a sua nacionalidade ou origem, a sua condição social ou assuas convicções políticas, religiosas ou filosóficas. Em especial, têm o dever de,em qualquer circunstância, não infligir, instigar ou tolerar actos cruéis, desumanosou degradantes. (art.º 3.º do CDSP)

No cumprimento do seu dever os membros das forças de segurança devemrespeito pelos direitos fundamentais da pessoa detida?

Sim. Os membros das forças de segurança têm o especial dever de asseguraro respeito pela vida, integridade física, honra e dignidade das pessoas sob a suacustódia ou ordem e devem zelar pela saúde das pessoas que se encontram à suaguarda e tomar, imediatamente, todas as medidas para assegurar a prestação decuidados médicos necessários. (art.º 4.º do CDSP)

Como devem actuar os membros das forças de segurança segundo o CDSP?

Devem:– Actuar com zelo e imparcialidade, tendo sempre presente a igualdade de

todos os cidadãos perante a lei;– Abster-se, em especial, da prática de actos de abuso de autoridade;– Abster-se de qualquer acto que possa pôr em causa a liberdade da sua

acção, independência do seu juízo e a credibilidade da instituição a quepertencem;

– Actuar com integridade e dignidade, evitando qualquer comportamento pas-sível de comprometer o prestígio, a eficácia e o espírito de missão de serviçopúblico da função policial;

– Actuar com lealdade, respeitabilidade e honorabilidade, e em especial, nãoexercer actividades incompatíveis com a sua condição de agente de autori-dade ou que os coloquem em situação de conflito de interesses susceptíveisde comprometer estes deveres.

70

Page 67: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Combater e denunciar todas as práticas de corrupção abusivas, arbitrárias ediscriminatórias;

– Agir com determinação, prudência, tolerância, serenidade, bom senso eautodomínio na resolução das situações a que sejam chamados a actuar;

– Comportar-se de maneira a preservar a confiança, a consideração e o pres-tígio inerentes à função policial, tratando com cortesia e correcção todos oscidadãos, nacionais estrangeiros ou apátridas;

– De forma a promover a convivencialidade e prestar todo o auxílio, dar infor-mação ou esclarecimento que lhe seja solicitado, no domínio das suascompetências;

– Exercer a sua actividade segundo critérios de justiça, objectividade, trans-parência e rigor;

– Actuar com prontidão para evitar danos no bem ou interesse jurídico a salva-guardar (art.os 5.º, 6.º e 7.º do CDSP).

No uso da força, nomeadamente, de armas de fogo, como devem actuar osmembros das forças de segurança segundo o CDSP?

– Usar os meios coercivos adequados à reposição da legalidade e da ordem,segurança e tranquilidade públicas e só quando estes se mostrem indis-pensáveis, necessários e suficientes ao bom cumprimento das suas funçõesestejam esgotados os meios de persuasão e de diálogo;

– Evitar recorrer ao uso da força, salvo nos casos expressamente previstosna lei, quando este se revele legítimo, estritamente necessário, adequado eproporcional ao objectivo visado;

– Em especial, só devem recorrer ao uso de armas de fogo, com medidaextrema, quando tal se afigure absolutamente necessário, adequado, existacomprovadamente perigo para as suas vidas ou de terceiros e nos demaiscasos taxativamente previstos na lei.

Em que consiste o dever de obediência?

Este dever traduz-se no acatamento pronto cumprimento das ordens legítimase legais emanadas de superior hierárquico. Porém, esta obediência aos superioreshierárquicos, não isenta os membros das forças de segurança da responsabilidadepela execução de tais ordens que constituam, manifestamente, violações da lei.

As forças de segurança policiais poderão ser responsabilizadas?

Sim. Devem assumir prontamente, os seus erros e promover a reparação dosefeitos negativos que, eventualmente, resultem da acção policial. E, todos os níveisde hierarquia. São responsáveis pelos actos e omissões que tenham executado ouordenado e que sejam violadores das normas legais e regulamentares.

71

Page 68: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O comportamento ilegal dos membros das forças de segurança abrangemais que um tipo de responsabilidade?

Sim. Comporta vários graus e tipos e regime de responsabilidade:

– Responsabilidade administrativa e disciplinar: enquanto órgãos, funcio-nários e agentes da administração pública portuguesa respondem (nos termosdo art.º 271.º da CRP) pelas acções e omissões praticadas no exercício dassuas funções e por causa desse exercício de que resulte a violação dedirei-tos ou interesses legalmente protegidos dos cidadãos e de acordo coma legislação que prescreve os direitos e deveres dos funcionários e agentesadministrativos, e os regulamentos próprios da GNR e da PSP, aprovadospela Assembleia da República;

– Responsabilidade criminal e civil: pela prática de actos de omissões queviolem direitos ou interesses legalmente protegidos pela lei criminal e civil.

Nota: Para além das entidades pública atrás referidas existe ainda uma Comissão Interministerial deAcompanhamento da Política de Imigração (CIAPI) que dá apoio ao Governo nesta matériae um Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI) dependente da Presi-dência do Conselho de Ministros.

72

Page 69: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Constituição da República Portuguesa (CRP);– Lei n.º 20/98, de 12/05: Lei do Trabalho de Estrangeiros em Território Português

(LTETP);– Aviso n.º 17, de 8/05/1999, publicado no Boletim do Trabalho e do Emprego (BTE).– Lei n.º 134/99, de 28/08;– D.L. n.º 111/2000, de 4/07;– Resolução n.º 164/2001, de 30/11 do Conselho de Ministros: determina que, com a

entrada em vigor da presente resolução e até 31 de Dezembro de 2001, só se daráinício a novos processos de concessão de autorização de permanência (nostermos do artigo 55.º do D.L. n.º 244/98, de 8 de Agosto, com a redacção dada peloD.L. n.º 4/2001, de 10 de Janeiro), em casos devidamente justificados.

Tratar questões do direito do trabalho obriga a referir que esta matéria se encontra regulamentadaem diplomas legais avulsos, leis essas que foram estudadas e transformadas num Anteprojecto deCódigo do Trabalho que se encontra (à data em que este Guia está a ser elaborado) em discussão eque se prevê se possa transformar brevemente num Projecto de Código de Trabalho e finalmente emlei aplicável. Sempre que se mostre pertinente, serão feitas referências a essas alterações de regime queainda não estão em vigor. Por outro lado, sabendo que o conteúdo das relações laborais depende emlarga medida da entidade patronal, é conveniente referir o que deve fazer uma empresa para que possacontratar trabalhadores estrangeiros. Assim,

– deve previamente comunicar ao Instituto de Emprego e Formação profissional (IEFP) a existên-cia de uma oferta de emprego;

– tem de celebrar um contrato de trabalho escrito com o trabalhador, ao qual será apensadodocumento comprovativo do cumprimento das disposições legais relativas à entrada e perma-nência do estrangeiro em Portugal;

– tem ainda de proceder ao depósito desse contrato no Instituto de Desenvolvimento e Inspecçãodas Condições de Trabalho (IDICT).

73

CAPÍTULO II

O TRABALHO E A SEGURANÇA SOCIAL

Introdução

Page 70: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Acabo de chegar a Portugal e pretendo trabalhar. Quais os primeirosprimeiros passos que devo tomar?

Um estrangeiro que chegue a Portugal pode trabalhar, mas para isso terá dereunir alguns elementos como sejam:

– um visto de trabalho, uma autorização de permanência (1) ou uma auto-rização de residência.

– não poderá exercer funções na administração pública que não tenhamcarácter predominantemente técnico, ou seja, está impedido de prosseguirfunções que envolvam o exercício de poderes de autoridade (para maioresdesenvolvimentos, ver capitulo I).

– não pode ter sido condenado por sentença com pena privativa de liberdadede duração superior a seis meses.

– não pode estar indicado no sistema integrado de informações do SEF.

74

1. Procura e acesso ao emprego

(1) O que é uma autorização de permanência (AP)?

É uma autorização emitida pelo SEF, que permite excepcionalmente ao trabalhadorimigrante, desde que reúna determinadas condições, permanecer legalmente em territórionacional.

O Conselho de Ministros, pela Resolução n.º 164/2001, de 30/11, resolveu determinarque, com a entrada em vigor da presente resolução e até 31 de Dezembro de 2001, só sedará início a novos processos de concessão de autorização de permanência nos termosdo artigo 55.º do D.L. n.º 244/98, de 8 de Agosto, com a redacção dada pelo D.L. n.º 4/2001,de 10 de Janeiro, em casos devidamente justificados, sem prejuízo da emissão de auto-rizações de permanência que resulte de pedidos que já tenham dado entrada na InspecçãoGeral de Trabalho à data de publicação desta resolução.

Emissão de Autorizações de Permanência pelo SEF (Esclarecimento):

Na sequência da publicação do relatório de previsão anual de oportunidades detrabalho para o ano de 2001, o SEF:

– Irá continuar a assegurar a emissão de Autorizações de Permanência aos trabalha-dores estrangeiros que, à data da sua publicação, sejam titulares de um contrato detrabalho ou de uma proposta de contrato de trabalho com informação favorávelda Inspecção-Geral de Trabalho e aos que – em caso de virem a obter parecerpositivo – já tenham entregue contrato de trabalho na Inspecção Geral de Trabalho,mas ainda aguardem informação dessa entidade;

Page 71: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Com a entrada em vigor da Resolução do Conselho de Ministros que publicou talrelatório, a concessão de autorizações de permanência passou a revestir naturezaexcepcional, sendo que os cidadãos estrangeiros que pretendem entrar e perma-necer em Portugal, para fins de trabalho, devem previamente fazer-se munir doadequado e necessário Visto Consular, o qual pode revestir a forma de um Visto deTrabalho ou de um Visto de Residência;

– Em cumprimento da legislação em vigor – art.º 36.º e 55.º n.º 2 do D.L. n.º 4/2001, de10 de Janeiro e em casos devidamente fundamentados, o SEF poderá concederAutorizações de Permanência a cidadãos estrangeiros cujos contratos de trabalhosejam visados e informados favoravelmente pela Inspecção Geral de Trabalho,de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 164/2001, de 30 deNovembro, desde que os respectivos titulares tenham entrado, legalmente, emterritório nacional. Entende-se por entrada legal aquela que é sancionada pela auto-ridade de fronteira (Lisboa, 03 de Dezembro de 2001 – ver pág. Oficial do SEE naInternet).

Como conseguir uma autorização de permanência?

Em primeiro lugar, tem que ser feita a formalização jurídica da relação de trabalho. Paraisso os interessados (que podem ser tanto os empregadores como os trabalhadores), devemdirigir-se à Inspecção-Geral do Trabalho (IGT) da área onde exercem a actividade, com osseguintes documentos:

– Contrato de trabalho, proposta (promessa) de contrato de trabalho ou comunicaçãode celebração de contrato de trabalho, (três exemplares e uma cópia);

– Fotocópia do Passaporte do Trabalhador;– Certificado, Alvará ou Licença do Empregador para o exercício da actividade empre-

sarial, se exigível ou prova de o respectivo processo ter dado entrada nos Serviçoscompetentes;

– Prova da inscrição do Empregador na Segurança Social;– Prova da inscrição do Empregador nas Finanças;– Informação sobre se o trabalhador está ou não inscrito na Segurança Social.

Em segundo lugar, isto é, após ter obtido informação favorável da Inspecção-Geral doTrabalho, deverá dirigir-se ao SEF, apresentando os seguintes documentos:

– Contrato de trabalho, proposta de contrato de trabalho ou comunicação de celebra-ção de contrato de trabalho;

– Passaporte válido;– Três fotografias iguais, tipo passe, a cores e fundo liso, actualizadas;– Requerimento formulado em impresso próprio, fornecido gratuitamente nas Direc-

ções/Delegações Regionais do SEF, nos postos de atendimento ou no site do SEF naInternet.

75

Page 72: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Como procurar Trabalho?

Todas as pessoas interessadas em empregar-se têm ao seu dispor diversasformas de aceder à oferta de emprego, como por exemplo:

– Anúncios de emprego em jornais diários ou semanários;– Centros de Emprego;– Instituições Particulares de Solidariedade Social (ex.: Associações de Imi-

grantes ou Associações que prestam serviços de apoio aos imigrantes);– Familiares, amigos ou conhecidos;– Rádios locais e televisão;– Juntas de Freguesia, Paróquias, supermercados e outros locais públicos.– Internet.

Como responder aos anúncios de emprego?

Os anúncios de emprego indicam, geralmente, qual a forma de resposta quepretendem (por ex. o envio de curriculum vitae ou de carta de candidatura).

Nota: O curriculum, é um resumo dos dados pessoais, formação, experiência profissional e até porvezes, de actividades não profissionais. A carta de candidatura, é uma carta simples e breve,escrita de preferência à mão, que contém a identificação da pessoa, a referência ao anúncio do

76

Como e quando se deve renovar a autorização de permanência?

A autorização de permanência é concedida por um ano e é prorrogável até cincoanos. Ao fim de cinco anos, os interessados deverão requerer autorização de residência.Os familiares (cônjuge, filhos a cargo com menos de 21 anos ou incapazes, menoresadoptados, ascendentes, irmãos menores que se encontrem sob tutela do titular de autori-zação de permanência) durante esse período de permanência, beneficiam de um visto deautorização temporária, válido por um ano, também renovável. Mas não lhes permiteexercer uma actividade profissional.

Nota: O Governo através de um diploma que altera a LI, pretende revogar este regime de autorizaçõesde permanência permitindo que as condições de estada em Portugal resultem apenas da con-cessão de vistos ou de autorizações de residência. Todavia, estabeleceu-se uma normatransitória (art.º 18) que prevê sejam protegidas as expectativas criadas àqueles que atempada-mente apresentaram os seus pedidos de autorização e daqueles que pretendam a sua prorro-gação; Logo que as novas alterações entrem em vigor, prevê-se que as autorizações de perma-nência poderão ser prorrogadas por períodos anuais, (nos termos a fixar num regulamento),desde que o titular se mantenha a exercer a actividade profissional subordinada, não podendo operíodo total de validade exceder cinco anos, a contar da data da primeira autorização(n.º 1 do art.º 19.º) E, por sua vez, os familiares dos titulares destas autorizações poderãoreagrupar-se a estes, sem modificar o estatuto e o tipo de respectivo visto (nos termos a fixarnum regulamento) (n.º 2 do art.º 19.º).

Page 73: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

jornal, o título do posto de trabalho a que se candidata, as habilitações escolares e profissionaise a experiência profissional.O fornecedor de bens ou prestador de serviços deve, tanto nas negociações como na celebra-ção de um contrato, informar de forma clara, objectiva e adequada o consumidor, nomeada-mente, sobre as características, composição e preço do bem ou serviço, bem como sobre o perí-odo de vigência do contrato, garantias, prazos de entrega e assistência após o negócio jurídico.Esta obrigação de informar impende também sobre o produtor, o fabricante, o importador, odistribuidor, o embalador e o armazenista.

Ofereceram-me trabalho. Enquanto estrangeiro. Que cuidados devo tomar?

A realidade mostra-nos diariamente algumas situações de exploração de mãode obra estrangeira e alguns casos de injustiça que podem ser evitados se foremtomadas algumas precauções e se procurar esclarecer alguns pontos como os quea seguir se enunciam:

– Quem vai ser a sua entidade patronal?– Terá contrato de trabalho escrito? Em Português? È um contrato válido?– Quanto lhe vão pagar? Por quantas horas de trabalho? Em horário normal ou

em horas suplementares?– Em que condições de segurança e de trabalho em geral vai exercer a sua

actividade?– Quanto ganha um trabalhador nacional, para realizar o mesmo trabalho que

lhe pedem a si?– Quais são as condições de alojamento? E de alimentação?– Quem paga as viagens ou o transporte de deslocação para o trabalho?– Qual é o custo de vida no país onde lhe propõem que trabalhe?– O que se passará se tiver um acidente? E se ficar doente? Ou se o patrão

falhar? Ou se o despedir? Ou se você não puder suportar as condições emque terá que trabalhar?

– Onde se deve dirigir se tiver algum problema?

Informe-se o mais possível sobre a empresa a que se candidata, através por exemplo, dos trabalhado-res da própria empresa, dos sindicatos ou comissões de trabalhadores, etc. E, sempre que necessitar deajuda, dirija-se à sua Embaixada ou Consulado, pois, estes têm, em geral, serviços para o apoiar, escla-recer e encaminhar. Além disso, pode sempre dirigir-se aos serviços públicos portugueses (ver lista deendereços úteis no final deste guia).

Que tipos de contratos de trabalho podem ser celebrados?

O trabalhador pode celebrar um de diversos tipos de contratos de trabalho,nomeadamente:

– contrato de trabalho a termo certo, (também conhecido na prática como«contrato a prazo») é um contrato celebrado para vigorar somente durante

77

2. Relação contratual: direitos e deveres

Page 74: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

um determinado período de tempo e nos casos expressamente previstosna lei. Admite renovação que não pode ir além das duas vezes num limitede três anos consecutivos e admite a conversão em contrato sem termo –D.L. n.º 64-A/89 de 27-2.

No art.º 132.º do Anteprojecto do Código do Trabalho, prevê-se a possibili-dade de renovar o contrato a termo certo por três vezes, mas com o mesmo limitede 3 anos consecutivos.

– contrato de trabalho a termo incerto, é um contrato celebrado para colocartermo a uma situação de carência de mão de obra na empresa que não temuma data pré-definida. Só pode ser celebrado nos casos previstos na lei epode transformar-se em contrato sem termo – D.L. n.º 64-A/89 de 27-2;

– contrato de trabalho temporário (2), são celebrados com empresas especi-ficamente vocacionadas para desenvolver actividades de execução tempo-rária e, que para tal, recrutam mão de obra por esse restrito limite de tempo– DL n.º 358/89 de 17-10;

– contrato de trabalho a tempo parcial, mediante o qual o trabalho corres-ponde a 75% do praticado a tempo completo numa situação comparável –Lei n.º 103/99 de 26-7;

– contrato de trabalho sem termo, é o contrato mais desejado por qualquer tra-balhador pois não tem qualquer data prevista para o seu término, isto é,reveste uma maior segurança.

78

(2) O que são Empresas de Trabalho Temporário?

As empresas de trabalho temporário são empresas que funcionam como intermediá-rias entre a procura e a oferta de emprego. Estas empresas têm a designação de empresasde trabalho temporário porque os contratos de trabalho são feitos por um período limitadologo desde o início, o qual não excede 1 ano.

Como fazer?

Os candidatos devem apresentar-se nestas empresas e inscrever-se como profissionaisde uma determinada área, (por exemplo: carpinteiros).

Para a inscrição é necessário apresentar:

– os documentos de identificação pessoal;– Certificados de habilitações profissionais ou literárias;– A autorização de residência.

A inscrição é gratuita e fica em arquivo por tempo indeterminado. O candidato deve iractualizando a sua ficha. É permitido ao candidato, que tenha outros empregos duranteo período em que não se encontra a trabalhar por intermédio da empresa de trabalhotemporário.

Page 75: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Como devo formalizar a minha condição de trabalhador?

Qualquer pessoa que estabeleça, com uma entidade patronal, uma relaçãolaboral tem de a formalizar por meio de um Contrato de Trabalho escrito.

E se a empresa se recusar a celebrar o contrato de trabalho, o que poderáfazer o trabalhador imigrante que se encontre em situação ilegal?

Pode assinar uma declaração, onde identifica a entidade patronal para a qualtrabalha, indica duas testemunhas, e se for possível, junta ainda um documentodo sindicato ao qual se encontre filiado, confirmando a relação laboral existente.

A entidade patronal que se recusar a celebrar o contrato de trabalho ou adepositá-lo no IDICT, sujeita-se à aplicação de uma coima e outras sanções aces-sórias, como se pode confirmar pela análise do seguinte quadro:

A entidade patronal que omitir a entrega, ao trabalhador, de um exemplardo contrato escrito depositado no IDICT é punida com coima de acordo com oseguinte quadro:

Nota: Para além das coimas, e simultaneamente e por um período de 6 meses a um ano, poderá seraplicada a sanção acessória de privação do direito de participar em arrematações ou concursospúblicos que tenham por objecto a empreitada ou a concessão de serviços públicos e atribuiçãodo direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços públicos, bem como aapoios de fundos comunitários.

FORMA DA INFRACÇÃO LIMITES DA COIMASERVIÇO DOMÉSTICO

E EMBARCAÇÕES DE PESCA

DIMENSÃO DA EMPRESA

Micro Pequena Média Grande

NegligenteMínimo € 199,5 € 399,0 € 498,8 € 648,4 € 1.122,3

Máximo € 498,8 € 997,6 € 1.371,7 € 1.795,7 € 3.990,4

DolosaMínimo € 399,0 € 798,1 € 1.097,4 € 1.646,0 € 2.070,0

Máximo € 997,6 € 1.995,2 € 2.992,8 € 4.638,8 € 7.232,6

FORMA DA INFRACÇÃO LIMITES DA COIMASERVIÇO DOMÉSTICO

E EMBARCAÇÕES DE PESCA

DIMENSÃO DA EMPRESA

Micro Pequena Média Grande

NegligenteMínimo € 49,9 € 99,8 € 99,8 € 99,8 € 174,6

Máximo € 124,7 € 349,7 € 349,2 € 349,2 € 623,5

DolosaMínimo € 99,8 € 174,6 € 174,6 € 174,6 € 324,2

Máximo € 249,4 € 623,5, € 623,5 € 623,5 € 1.147,2

79

O que são Clubes de Emprego?

Os Clubes de Emprego funcionam no Instituto de Emprego e Formação Profissional(IEFP) e em várias associações e Instituições de Solidariedade Social (IPSS), e destinam-se adar apoio à integração dos candidatos na vida

Page 76: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O que é que deve constar do Contrato de Trabalho?

Devem constar os elementos seguintes:

– Identidade da entidade empregadora (nome, sede, ramo de actividade, etc.).– Identidade do trabalhador (nome, nacionalidade, etc.);– Menção do título de autorização de residência ou permanência em Portugal.– Local de trabalho ou indicação de que o trabalhador está obrigado a exercer

a sua actividade em vários locais;– Categoria profissional ou funções a exercer;– Valor, periodicidade e forma de pagamento da retribuição (o salário de base,

as remunerações complementares, prémios, subsídios e outros benefícios, etc.);– Período normal de trabalho diário e semanal (o horário, o número de horas

de trabalho, etc.);– Data da celebração do contrato e do início dos seus efeitos.– (ver minuta de um contrato nos formulários anexos a este guia)

O que devo fazer para me inscrever, como trabalhador, na Segurança Social?

O trabalhador em questão deve dirigir-se aos Serviços da Segurança Social daárea respectiva e solicitar a sua inscrição levando consigo os seguintes documentos:

– Impresso próprio a fornecer pelos serviços da Segurança Social.– Passaporte válido.

Por ser trabalhador estrangeiro sou discriminado, em relação aos trabalha-dores nacionais, quanto ao salário?

Não. Os trabalhadores imigrantes, legalmente residentes têm direito à retri-buição do trabalho segundo a quantidade, a natureza e qualidade, observando-seo princípio de que «a trabalho igual, salário igual».

Significa isto que o trabalhador imigrante (homem ou mulher) deve receber omesmo salário que o trabalhador nacional tanto no exercício das mesmas funções,como também, quando desempenha funções diferentes, mas de igual valor.

O que é o salário mínimo nacional?

Trata-se de uma remuneração pelo trabalho cujo montante mínimo é garantidopor lei desde 1987 e actualizado anualmente. A título de informação, fica a refe-rência do seu valor para 2003:

80

ACTIVIDADE VALOR INÍCIO DE VIGÊNCIA

Geral € 356,60 1 de Janeiro de 2003

Serviço doméstico € 353,20 1 de Janeiro de 2003

Page 77: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

E se a minha entidade patronal não me pagar o salário? Que devo fazer?

Sabendo que o salário é o pagamento pelo trabalho prestado deve ser efectuadono final do mês. Sempre que decorram mais de 30 dias sobre a data do venci-mento o trabalhador pode optar entre:

– a rescisão unilateral do contrato com justa causa, caso em que tem direito auma indemnização igual a um salário por cada ano de antiguidade (nuncainferior a três meses) e tem direito ao subsídio de desemprego;

– ou, pode optar por suspender a sua prestação de trabalho, caso em que con-tinua a ser trabalhador daquela entidade patronal mantendo-se o direito àretribuição até à data da suspensão e aos juros de mora respectivos. Estasuspensão só termina no caso do trabalhador comunicar que lhe põe termo,no caso de serem pagas todas as dívidas ou caso seja estabelecido umacordo de regularização da dívida.

LEGISLAÇÃO

– D.L. n.º 119/99, de 14/03 (com as alterações introduzidas pelo D.L. n.º 186-B/ 99, de31/05): estabelece o regime jurídico da protecção no desemprego;

– Lei n.º 4/84, de 5 de Abril (com a redacção dada pelo D.L. n.º 70/ 2000 de 4/05):regime jurídico da protecção na Maternidade);

– D.L. n.º 329/93, de 25 de Setembro (com a redacção dada pelo D.L. n.º 437/99, de24/10).

Se ficar doente que direitos me assistem?

Se um trabalhador se encontrar doente de modo a impossibilitá-lo de compa-recer ao trabalho, a relação laboral mantém-se, isto é, o contrato de trabalho conti-nua a produzir os seus efeitos (continua a formar-se o período de férias, o subsídiode férias e de Natal, bem como os anos de antiguidade), excepto a remuneraçãodos dias de falta. Para compensar a falta de remuneração, o trabalhador podebeneficiar de um subsídio de doença se: estiver inscrito na Segurança Social e tiverregisto de remunerações de 6 meses (seguidos ou interpolados), doença certifi-cada pelos serviços de saúde competentes.

Caso seja concedida esta baixa por doença, o beneficiário é sujeito a verifica-ção de permanência no domicilio, da continuidade da doença. Qualquer tentativade fraude é punida pela suspensão da atribuição do subsídio.

3. Regime de protecção social

81

Page 78: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Se sofrer um acidente e ficar incapacitado, o trabalhador imigrante terádireito a algum tipo de apoio?

Sim. Terá direito a uma pensão de invalidez que se destina a cobrir a incapa-cidade para o exercício da actividade profissional.

A pensão é requerida pelo interessado no Centro Regional da Segurança Socialda área da sua residência e será paga, enquanto se mantiver a incapacidade, masterminará quando o beneficiário atingir a idade de reforma, ficando então abran-gido por este regime.

Gostava de poder voltar, temporariamente, ao meu país de origem, mas nãoqueria perder o meu emprego. Tenho direito a férias?

Todo trabalhador tem direito a gozar férias. Durante o tempo de trabalho vai-seformando este direito, na proporção de dois dias por cada mês de trabalho efectivo(11 meses × 2 dias), o que perfaz um total de 22 dias a serem gozados numa datafixada por acordo ou pela entidade patronal até ao dia 15 de Abril. Ao que se juntauma remuneração a que se dá o nome de subsídio de férias e que correspondea um salário, caso as férias correspondam ao período completo, isto é, 22 dias;caso contrário a retribuição será na proporção do tempo de serviço efectivamenteprestado.

Contudo, a questão do gozo das férias não é tão simples quanto pareceporque a aquisição deste direito depende da data em que se dá inicio ao contratode trabalho. Veja-se o quadro que se segue:

As trabalhadoras estrangeiras podem beneficiar da licença de maternidade,como as trabalhadoras nacionais?

Sim, e nas mesmas condições que as trabalhadoras nacionais. Durante operíodo de licença de maternidade são concedidos apoios à mulher e à criança,através de assistência clínica e de subsídios em dinheiro.

DATA DE INÍCIO DO CONTRATO TEMPO DE FÉRIAS DATA DO GOZO DAS FÉRIAS

Até ao dia 30 de Junho Tem direito a 8 dias de fériasDepois de dois mesesde trabalho efectivo

A partir do dia 30 de JunhoO período de férias normal

(22 dias)Depois de seis mesesdo inicio do contrato

82

Page 79: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

83

Em que ocasiões as mães e os pais podem faltar ao emprego e quais osdireitos que lhes assistem?

A lei prevê que em determinadas circunstâncias aos trabalhadores e as traba-lhadoras que tenham filhos possam faltar ao trabalho sem que incorram em despe-dimento. São os casos que se passam a expor na seguinte tabela:

EM QUE SITUAÇÃO?QUEM PODE

USUFRUIR?DURANTE QUANTO TEMPO? DEIXA DE RECEBER SALÁRIO?

Gravidez de risco MãeDurante o tempo indicado

pelo médico

Sim, mas recebe um subsídioequivalente a 65% da remune-

ração de referência

Trabalho nocturno Mãe

112 dias, antes e depois do parto(ou durante toda a gravidez, se esta forde risco). Depois do parto, enquantoamamentar, se indicado pelo médico

Sim, mas recebe um subsídioequivalente a 65% da remune-

ração de referência

Consultas pré-natais MãeSempre que for preciso

e durante o tempo necessárioNão

Aborto Mãe Entre 14 e 30 diasSim, mas recebe um subsídioequivalente à remuneração

de referência

Dispensa para aleitação Ambos

Até ao 1.º ano de vida do bebé ouenquanto durar a amamentação, os pais

podem usufruir, no total, de doisperíodos de uma hora por dia

Não

Licença de parto Ambos

Podem gozar 120 dias consecutivos,90 dos quais após o parto.

A mãe tem de gozar pelo menosseis semanas

Sim, mas recebe um subsídioequivalente à remuneração

de referência

Licença de paternidade Pai5 dias úteis, seguidos ou não, um mês

a seguir ao nascimento do filho

Sim, mas recebe um subsídioequivalente à remuneração

de referência

Licença parental (filhoscom menos de 6 anos

ou deficientes)Ambos

Cada progenitor tem direito a gozar umalicença sem vencimento até 3 meses ou

a trabalhar a meio tempo durante 6meses

Sim. Se a licença for gozadapelo pai logo a seguir à licençade parto, recebe um subsídio

equivalente a 100% de referên-cia, durante 15 dias

Licença parental parafilhos até 6 anos

AmbosCada progenitor tem direito a uma licença

sem vencimento especial até 2 anos(ou 3, se tiver mais de dois filhos)

Sim

Assistência a filhosdeficientes

AmbosCada progenitor pode trabalhar menos

5 horas semanais durante o primeiro anode vida

Não

Assistência a filhoscom menos de 10 anos

ou deficientesAmbos

Cada progenitor pode gozar 30 dias porano e por cada filho em caso de doençaou acidente (ou havendo internamento

hospitalar, enquanto durar)

Sim, mas recebe um subsídioequivalente a 65% da remune-

ração de referência

Adopção de criançascom menos de 15 anos

AmbosPodem faltar 100 dias consecutivosa contar da data em que a criança

lhes é entregue

Sim, mas recebe um subsídioequivalente à remuneração

de referência

Assistência a filhos commais de 10 anos

AmbosCada progenitor tem direito a faltar

15 dias por ano e por cada filhoSim

Fonte: Revista «Dinheiro e Direitos» (Deco).

Page 80: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

84

Se for despedido tenho direitos? Quais?

Nesta eventualidade terá de se fazer a seguinte distinção de situações:Se o despedimento se fundar em justa causa, não terá direito a nada que não

sejam créditos vencidos durante a prestação de trabalho até à data do despedimento.Se o despedimento pela entidade patronal não tiver justa causa, se for uma

sanção excessiva para o comportamento sancionado ou, se não tiver respeitado oprocesso disciplinar, é nulo. Na prática dá direito aos vencimentos desde a datado despedimento até à data da declaração de nulidade bem como, à reentrada(direito à reintegração) do trabalhador na empresa ou a uma indemnização de umsalário por cada ano de antiguidade. Porém, e no caso de as partes não chegarema acordo, para que isto se venha a concretizar, será necessário que o trabalhadorrecorra ao Tribunal, através de uma acção judicial destinada a apreciar a falta(ou não) da justa causa de despedimento e suas consequências legais.

Quais são então os comportamentos que são susceptíveis de se integraremno conceito legal de justa causa de despedimento promovido pela entidadepatronal?

JUSTA CAUSA DE DESPEDIMENTO (ENTRE OUTRAS)

Art.º 9.º DL 64-A/89 de 27-2 (em vigor)Alterações introduzidas pelo Art.º 360.ºdo Anteprojecto do Código de Trabalho

Desobediência ilegítima às ordens de superiores;Violação de direitos e garantias dos trabalhadores;Provocação repetida de conflitos com outros trabalha-dores da empresa;Desinteresse repetido pelo cumprimento, das obrigaçõesinerentes ao cargo;Lesão de interesses patrimoniais sérios da empresa;Prática intencional de actos lesivos da economia nacional; Apresentação ao empregador de declaração

médica com intuito fraudulento;Faltas não justificadas ao trabalho que determinemdirectamente prejuízos ou riscos graves para a empresaou, quando sejam em n.º de 5 seguidas ou 10 interpola-das, por ano;

Faltas não justificadas ao trabalho, incluindoatrasos reiterados no inicio ou reinicio daactividade, que determinem directamenteprejuízos ou riscos para a empresa ou,quando o n.º de faltas injustificadas sejamde 4 seguidas ou 8 interpoladas, ao longode um ano ou, os atrasos superiores a30 minutos sejam de mais de 12 por ano.

Falta culposa de observância de normas de higiene esegurança no trabalho;Prática de violências físicas, injúrias ou outras ofensaspunidas por lei sobre outros trabalhadores da empresa;Sequestro ou qualquer crime contra a liberdade dosdemais trabalhadores da empresa;Incumprimento ou oposição ao cumprimento de decisõesjudiciais ou actos administrativos definitivos e executórios;Reduções anormais da produtividade do trabalhador;Falsas declarações relativas à justificação de faltas.

Page 81: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

No caso de despedimento pela entidade patronal tenho direito a receberum subsídio de desemprego?

Sim, se estiverem verificados determinadas condições. Os subsídios de desem-prego destinam-se a compensar a perda de remuneração de trabalho, por motivode desemprego involuntário e a promover a criação de emprego Ora, sabendoque quem promove o despedimento é a entidade patronal, poderá haver lugarà atribuição do direito de subsídio de desemprego ou de subsídio social dedesemprego se se reunirem determinadas condições, nomeadamente o chamadoprazo de garantia.

Para o subsídio de desemprego:

– ter estado vinculado por contrato de trabalho ou equiparado;– capacidade e disponibilidade do desempregado para o trabalho;– que esteja inscrito no centro de emprego da área de residência;– que tenha realizado 540 dias de trabalho efectivo para outrem, com 24 meses

de remunerações registadas anteriormente ao desemprego;– dirija um requerimento ao Centro Regional de Segurança Social a que per-

tence no prazo de 90 a partir da data do desemprego.

Para o subsídio social de desemprego:

O trabalhador deve ter 180 dias completos de trabalho prestado, com registode remunerações nos 12 meses imediatamente anteriores à data do desemprego.

Como requerer o (s) subsídio (s) de desemprego?

As prestações de subsídio de desemprego devem ser requeridas no prazo de90 dias a contar da data de desemprego na instituição de Segurança Social queabrange o trabalhador ou a área de residência. Este requerimento deve ser preen-chido em impresso de modelo próprio, acompanhado dos seguintes meios de prova:

– declaração da entidade empregadora (em impresso de modelo exclusivoda Imprensa Nacional), comprovativa da situação de desemprego e data daúltima remuneração;

– declaração do centro de emprego da área de residência, comprovativa daavaliação da capacidade e da disponibilidade do beneficiário para o trabalho.

Nota: Na impossibilidade ou recusa da entidade empregadora, de entregar ao trabalhador a decla-ração, compete à Inspecção Geral de Trabalho emiti-la, no prazo máximo de 30 dias, a partirdo pedido do interessado.

85

Page 82: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Se não conseguir empregar-me, tenho alguma ajuda? Já ouvi falar emRendimento Mínimo Garantido (RMG) e, mais recentemente, em Rendi-mento Social de Integração (RSI). O que são?

Se uma pessoa não consegue obter meios para a sua subsistência e passa porgraves dificuldades económicas que a arrastam para uma situação de indignidadesocial, pode requerer o RMG. O RMG não é apenas a prestação de um subsídio,pois está inserido num programa de acção social que pretende apoiar os agregadosfamiliares a nível profissional, de emprego, saúde, educação, habitação e justiça.Qualquer estrangeiro com residência legal em Portugal pode requerer o RMGdevendo, na altura do requerimento, apresentar uma fotocópia da Autorização deResidência. O Rendimento Mínimo pode ser requerido nos Centros Regionais deSegurança Social. Este RMG foi, entretanto, substituído pelo chamado RendimentoSocial de Integração (RSI), passando a requerer-se, como condição da sua atri-buição, vinte e cinco anos de idade, em vez dos 18 anos do regime anterior.

Posso despedir-me?

O despedimento consiste em pôr temo ao contrato de trabalho. Sabendo queda relação laboral fazem parte tanto a entidade patronal como o trabalhador, a leiconsagrou também o direito ao despedimento por parte deste último – rescisãounilateral do contrato – que se pode verificar em qualquer altura, com ou semjusta causa.

No caso de não haver justa causa, deve comunicar à empresa o seu pro-pósito de cessar a sua prestação de trabalho (sob pena de incorrer na obrigação depagar uma indemnização à empresa por danos), respeitando um pré aviso de:

Pode ser alegada justa causa sempre que se verifiquem casos como:

– haja necessidade de cumprir obrigações legais incompatíveis (ex.: serviçomilitar);

– a entidade patronal não cumpra a obrigação de pagar o salário;– a entidade patronal viole, culposamente, garantias legais ou convencionais;

4. Cessação da relação laboral

TEMPO DE TRABALHO EFECTIVO PRAZO DE PRÉ AVISO A CUMPRIR

2 ou mais anos completos 2 meses

menos de 2 anos 1 mês

86

Page 83: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– a entidade patronal não observe as condições de higiene e segurança no tra-balho (3).

– o trabalhador sofra sanções abusivas.– a entidade patronal ofenda a honra, dignidade ou interesses patrimoniais do

trabalhador.

Sim. A entidade patronal é responsável pelas condições de trabalho, estando--lhe cometido o dever de garantir ao trabalhador a seu cargo (nacional ou imi-grante) a protecção necessária para impedir os acidentes de trabalho e a doençaprofissional.

Mas se a entidade patronal, tem o dever de, à partida, facultar ao trabalhadorum bom ambiente de trabalho do ponto de vista físico, a este compete manter ascondições de higiene e segurança que lhe são criadas.

(3) Estará a entidade patronal obrigada ao cumprimento das regras dehigiene e segurança no trabalho para com os seus empregados estran-geiros?

Outras alterações previstas pelo Anteprojecto do Código do Trabalho

– A entidade patronal passa a ter a possibilidade de aplicar uma sanção ao tra-balhador, que se traduz em erda de dias de férias;

– Aumento da remuneração por hora de trabalho extraordinário: a primeira ea segunda, passarão a ser remuneradas com um acréscimo de 75% de retri-buição, em vez dos actuais 50%, para a primeira hora e 75% para a segunda;

– Redução do período de trabalho nocturno: actualmente compreendidoentre as 20h e as 7 horas;

– Possibilidade de transferência do gozo de feriados obrigatórios para a 2.ª feirada semana subsequente, com excepção do Domingo de Páscoa, Dia do Tra-balhador e Natal;

– Alargamento do período experimental dos contratos de trabalho.

87

Page 84: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Carta de Lei de 28/06/1888: aprova o Código Comercial Português;– D.L. n.º 262/86, de 2.10; aprova o Código das Sociedades Comerciais;– D.L. n.º 128/99, de 25.11: Regime Jurídico do Registo Nacional de Pessoas Colectivas.– D.L. n.º 394-B/84, de 26.12: aprova o Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

(CIVA);– D.L. n.º 322-A/2001, de 14.12: aprova o Regulamento Emolumentar dos Registos e

Notariado;– D L. n.º 403/86, de 25.08: aprova o Código do Registo Comercial.

Quais são os trâmites legais para o início da Actividade Empresarial ouProfissional com Estabelecimento Permanente em Portugal?

Antes do início de qualquer actividade empresarial, deve efectuar-se uma con-sulta à Câmara Municipal da área do estabelecimento, no sentido de averiguarse a actividade a desenvolver se encontra ou não sujeita a um processo especial delicenciamento para a respectiva exploração.

Deve também ter-se em conta o seguinte:

– O património que se pretende afectar à actividade profissional;– A forma como vai ser exercida a actividade:

– empresário em nome individual;– sociedade comercial;– sociedade civil;– profissional independente (liberal).

–A responsabilidade por dívidas geradas no exercício da actividade: patri-mónio pessoal ou património da sociedade.

O que é o empresário em nome individual?

É uma pessoa singular que exerce em nome próprio, por si ou por meio deoutrém, uma actividade comercial ou industrial, assumindo, em nome próprio ecom o seu próprio património, a gestão e o risco das operações. O empresário emnome individual responde pelas dívidas da sua actividade com a totalidade dosseus bens, pois que não existe separação entre o património pessoal e o da empresa.

CAPÍTULO III

O ACESSO À ACTIVIDADE EMPRESARIAL E/OU PROFISSIONAL

88

Page 85: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Conclui-se, portanto, que a sua responsabilidade é ilimitada. Para obviar a esterisco, em Portugal, existe a possibilidade de se constituírem sociedades unipes-soais por quotas (sociedades onde apesar do nome existe um sócio apenas queé o titular único de todo o capital social) ou patrimónios autónomos como osEstabelecimentos Individuais de Responsabilidade Limitada (E.I.R.L).

O que se entende por sociedade?

A sociedade, é uma pessoa colectiva, representada por uma (sociedade uni-pessoal), duas ou mais pessoas (sócios), que se obrigam a contribuir com bens ouserviços para o exercício de certa actividade de natureza civil ou comercial.A sociedade comercial pode ser constituída através de quatro formas: sociedadeanónima (S.A.), sociedade por quotas, sociedade em comandita e sociedade emnome colectivo. As mais usuais são a sociedade anónima e sociedade por quotas,cuja responsabilidade é limitada.

O que se entende por profissional independente?

O profissional independente, ou liberal, é uma pessoa singular que trabalhacom autonomia no âmbito de uma profissão enquadrada por uma ordem profis-sional. A sua responsabilidade em caso de incumprimento perante os credores épessoal, respondendo com todo o seu património perante aqueles.

Quais são os trâmites para a constituição legal de uma sociedade comercial?

1.º Passo

Pedido do Certificado de Admissibilidade de firma ou denominação de pessoacolectiva e do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva.

Entidade competente:

RNPC (Registo Nacional de Pessoas Colectivas) – tem delegações nas Conser-vatórias do Registo Comercial.

Documentos:

Impressos próprios a fornecer no local;Guia de depósito dos respectivos emolumentos.

Prazo de validade do certificado:

180 dias para efeitos de registo: válido por 1 ano após a celebração da escritura.

Nota: O certificado e o cartão devem ser requeridos por um dos futuros sócios.

89

Page 86: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

2.º Passo

Marcação da Escritura Pública.

Entidade competente:

Cartório Notarial e/ou Centro de Formalidades de Empresa (CFE)

Documentos:

Certificado de Admissibilidade da firma;Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva;Fotocópia dos documentos de identificação dos outorgantes (pessoas singula-

res: bilhete de identidade (B.I.) e número de identificação fiscal (N.I.F.) – pessoascolectivas: Certidão da Conservatória do Registo Comercial, Cartão Pessoa Colectiva,Escritura Pública inicial, B.I. e cartão de contribuinte de quem obriga ou repre-senta a sociedade);

Relatório do Revisor Oficial de Contas para as entradas em bens diferentes dedinheiro;

Documento comprovativo do pagamento da sisa, quando há entradas em bensimóveis para a realização do capital social, salvo se estiver isento.

3.º Passo

Celebração da Escritura Pública.

Entidade competente:

Cartório Notarial e/ou Centros de Formalidades de Empresas (CEF);

Documentos:

Minuta do contrato de sociedade (documento que se recomenda seja elaboradopor advogado);

Certificado de admissibilidade da firma;Guias de depósito bancário do capital social;Documentos de identificação dos futuros sócios (B.I e N.I.F).

Nota: Em certos casos definidos na lei não é necessário a celebração de escritura pública, bastandosomente um documento particular.

4.º Passo

Apresentação da Declaração de Início de Actividade (formulário de modelooficial).

Entidade competente:

Repartição de Finanças da área de residência e/ou sede do contribuinte, CFE eLoja do Cidadão (pessoa singular ou pessoa colectiva).

Documentos:

Impresso próprio a fornecer no local, preenchido em triplicado, com os dadosrelativos ao técnico oficial de contas, devidamente certificado;

90

Page 87: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva;Fotocópia da escritura pública;Fotocópia do B.I. e dos N.I.F. dos sócios e dos técnicos de contas.

Prazo:

Antes do início da actividade, ou no prazo de 90 dias a contar da inscrição noRNPC (data da emissão do cartão provisório).

5.º Passo

Requisição do Registo Comercial, Publicação no D.R. e Inscrição no R.N.P.C.

Entidade competente:

Conservatória do Registo Comercial.

Documentos:

Escritura Pública da constituição da sociedade;Certificado de Admissibilidade da Firma;Declaração de Início de Actividade.

Publicação:

Diário da República (sociedades por quotas, anónimas ou comandita por acções.Jornal da localidade da sede ou da respectiva região: sociedades por quotas ou

anónimas (opcional).Prazo: 90 dias após a celebração da escritura pública.

6.º Passo

Inscrição na Segurança Social da sociedade, dos membros dos órgãos estatu-táros e trabalhadores.

Entidade competente:

Centro Regional da Segurança Social.

Documentos:

Boletim de Identificação do Contribuinte;Escritura Pública de constituição da sociedade;Cartão de identificação de Pessoa Colectiva;Acta da nomeação dos membros dos órgãos estatutários e sua situação quanto

à forma de remuneração;Fotocópia do cartão de contribuinte dos membros dos órgãos estatutários da

sociedade;Documento fiscal de início de actividade.

Prazo:

A inscrição na Segurança Social deverá ser efectuada no prazo de 30 dias, acontar da data do início da actividade.

91

Page 88: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

7.º Passo

Pedido de inscrição no Cadastro Comercial ou Industrial.

Entidade competente:

Direcção-Geral do Comércio e Concorrência ou Delegação Regional do Minis-tério da Economia da área do estabelecimento.

Documentos:

Impresso da Direcção-Geral do Comércio e Concorrência, em duplicado ouImpresso da Delegação Regional do Ministério da Economia da área do estabele-cimento, em duplicado.

Prazo:A inscrição no Cadastro Comercial ou Industrial deverá ser efectuada no

prazo de 30 dias a contar da abertura do estabelecimento comercial ou do inícioda laboração.

Nota: Existem certos tipos de actividade que estão sujeitos a autorizações, registos e certificados espe-ciais, como por exemplo, as actividades hoteleiras e similares, restauração e bebidas. Pelo que,é aconselhável a consulta, em cada caso concreto, aos organismos competentes.

8.º Passo

Comunicação ao IDICT (Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Con-dições de Trabalho) dos trabalhadores ao serviço da empresa.

Entidade competente:

IDICT

Documentos:

Mapas de Pessoal (horários de trabalho) dos trabalhadores.Prazo:Num máximo de 30 dias a contar da abertura do estabelecimento comercial ou

do início da laboração. Nesta entidade terá de se fazer um seguro de acidentes detrabalho e um «Plano de Segurança» no âmbito da segurança, saúde e higiene notrabalho.

Requisitos legais para alguns dos profissionais independentes

Para além de todos estes procedimentos que acabamos de mencionar para associedades comerciais, é preciso ter em conta que certas actividades profissionais,nomeadamente as exercidas pelos profissionais independentes, exigem para o seulegal exercício, dois requisitos:

– Homologação do título académico obtido noutro país.– Inscrição na Ordem Profissional respectiva (ex.: Ordem dos Médicos, Ordem

dos Advogados, Ordem dos Arquitectos, Ordem dos Engenheiros, etc.) Em qual-

92

Page 89: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

quer caso é aconselhável consultar a Ordem Profissional competente antes deiniciar o exercício de uma profissão noutro país, visto serem estas entidades quemde direito estão mais aptas a prestar informações acerca dos trâmites necessários.Acresce que, determinadas Ordens ou Câmaras Profissionais exigem o pagamentode uma quota inicial ou periódica, para além da adopção de certos tipos de segu-ros. É também legalmente exigível um Seguro de Responsabilidade CivilProfissional.

93

Page 90: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– D.L. n.º 244/98, de 8/08 (com as alterações introduzidas pela Lei n.º 97/99, de 26/07,e pelo D.L. n.º 4/2001, de 10/01;

– D.L. n.º 65/2000 de 26/04;– Decreto Regulamentar n.º 5-A/2000, de 26/04 (alterado pelo Decreto Regulamentar

n.º 9/2001, de 31/05): regulamenta o D.L. n.º 244/98, de 8-08 (LI).

O que é o reagrupamento familiar?

É o direito de juntar a família do imigrante, que com ele tenha vividonoutro país ou que dele dependa economicamente, no país de acolhimento (art.º56.º da LI). São considerados membros da família (art.º 57.º da LI):

– o cônjuge (marido ou mulher do imigrante residente);– os filhos a cargo, com menos de 21 anos ou incapazes;– os menores adoptados por ambos os cônjuges;– os ascendentes do residente ou do seu cônjuge, desde que se encontrem a

seu cargo;– os irmãos menores, desde que se encontrem sob a sua tutela.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se:Que se consideram membros da família para efeitos de reconhecimento deste direito:– os filhos menores ou incapazes a cargo do casal ou de um dos cônjuges;– os menores adoptados pelo requerente quando não seja casado, pelo requerente ou pelo côn-

juge, desde que a lei do país de origem reconheça aos adoptados direitos e deveres idênticosaos da filiação natural;

– os ascendentes na linha recta e em 1.º grau do residente ou do seu cônjuge, desde que seencontrem a seu cargo;

– os familiares titulares de autorizações de permanência podem reagrupar-se a estes, semmodificar o estatuto e o tipo do respectivo visto (nos termos a fixar por regulamento) (n.º 2 doart.º 19.º).

CAPÍTULO IV

DA FAMÍLIA E DO DIREITO SUCESSÓRIO

1. O reagrupamento familiar

94

Page 91: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Quais as condições necessárias para que a família do imigrante possa resi-dir com ele em Portugal?

O cidadão estrangeiro residente que pretenda beneficiar deste direito, deverásatisfazer os seguintes requisitos (art.º 56.º da LI):

– provar o vínculo familiar em causa (ex. certidão de nascimento do residente;certidão de casamento do cônjuge residente; certidão de nascimento dosfilhos; etc.);

– provar que dispõe de alojamento adequado (ex. fotocópia do contrato dearrendamento, fotocópia da escritura de compra da casa) (n.º 4 do art.º56.º da LI);

– demonstrar que possui meios de subsistência suficientes (ex.: extracto ban-cário, fotocópia do último recibo de vencimento) (n.º 4 do art.º 56.º da LI);

– demonstrar que os ascendentes ou os irmãos menores se encontram a seucargo;

– ser portador de uma autorização de residência válida, no mínimo, por maisum ano.

Nota: Quando entrarem em vigor as novas alterações à LI prevê-se que o imigrante só goze destedireito quando seja residente há pelo menos 1 ano e desde que não esteja interdito de entrar emPortugal. No caso de os membros da família já se encontrem regularmente em Portugal, tambémse reconhece este direito de juntar a família, em casos devidamente fundamentados resultantesde situações excepcionais ocorridas após a sua entrada em Portugal.

Aonde deve ser formulado o pedido de reagrupamento familiar? E se opedido for negado?

Deve apresentar o respectivo pedido junto da direcção regional do SEF da áreada sua residência, a qual, se estiverem reunidas todas as condições para o reagru-pamento familiar dará parecer favorável, para que o Consulado Português da áreade residência do familiar em causa, possa emitir o visto de residência (n.º 3 do art.º56.º da LI). No caso de indeferimento do pedido é enviada cópia da decisãoao ACIME e ao Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (n.º 5 doart.º 56.º da LI).

O que é que deve fazer o familiar do imigrante que queira vir residir emPortugal?

Deve pedir no consulado português da área da sua residência, um visto deresidência (válido por seis meses) e, já em Portugal, pedir na delegação regionaldo SEF, uma autorização de residência temporária (válida por dois anos). A menosque o familiar também venha exercer uma actividade profissional em Portugal,situação esta em que poderá optar por pedir um visto de trabalho.

95

Page 92: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Civil Português.– Lei n.º 37/81, de 3/10 (com as alterações introduzidas pela Lei n.º 25/94 de 19 de

Agosto);– D.L. n.º 322/82, de 12/08 (alterado pelos D.L. n.º 117/93, de 13/04, 253/94, de 20/10

e 37/97, de 31/01);– Lei n.º 6/2001, de 11/05: adopta medidas de protecção das pessoas que vivam em

economia comum;– Lei n.º 7/2001, de 11/05: adopta medidas de protecção das pessoas que vivem em

união de facto.

Desejo casar-me em Portugal, posso fazê-lo?

Esta questão toca a matéria da capacidade para contrair casamento. Ora,sabendo que a capacidade se reporta a cada um dos sujeitos (nubentes), tem deser determinada face a cada um deles de acordo com a respectiva lei da nacionali-dade (art.º 49.º e 51.º C. Civil). Para determinar a capacidade para casar terá de serconsultada a lei vigente no país da nacionalidade de cada nubente que é atestadapor um certificado matrimonial emitido pela entidade competente desse Estado.Assim, no caso do cidadão(ã) estrangeiro(a) pretender contrair casamento comum(a) cidadão(ã) de nacionalidade portuguesa terá de tomar em atenção o nossoregime jurídico, que aqui se expõe de forma simplificada:

OS IMPEDIMENTOS LEGAIS

Não podem casarcom ninguém

Não podem casarum com o outro

Precisam de autorizaçãoespecial

– os menores de 16 anos.– os deficientes mentais

profundos.– as pessoas que já foram

casadas.

– os parentes em linha recta(pais com filhos, avós com netos).

– os irmãos.– os afins na linha recta

(sogros com genros ou noras, pa-drastos ou madrastas com enteados).

– o autor de homicídio (ou tenta-tiva) contra o ex-cônjuge do outronoivo.

– duas pessoas do mesmo sexo.

– os maiores de 16 e menores de 18anos.

– os parentes no 3.º grau da linhacolateral (tios com sobrinhos).

– na adopção restrita, o adoptantecom o adoptado, respectivos descen-dentes ou ex-cônjuge; o adoptadocom o ex-cônjuge do adoptante; osfilhos adoptivos da mesma pessoa,um com o outro.

– o tutor (ou curador) com o tutelado.

2. O Casamento e a União de Facto

96

Page 93: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Sou cidadão estrangeiro, pretendo casar com uma cidadã portuguesa e atra-vés desse acto adquirir a nacionalidade portuguesa. Como devereiproceder?

Não se adquire pelo «simples» acto de casamento a nacionalidade portuguesa.É necessário que estejam reunidos os seguintes requisitos:

– Estar casado há mais de três anos;– Declarar que tem vontade de adquirir a nacionalidade portuguesa na cons-

tância do matrimónio (a declaração pode ser feita em qualquer Conserva-tória do Registo Civil);

– Comprovar com factos pertinentes, que possui ligação efectiva à comuni-dade nacional;

– Não ter praticado crime punível com pena de prisão de máximo superior atrês anos, segundo a lei portuguesa;

– Não ser funcionário público de Estado estrangeiro;– Não ter prestado serviço militar, não obrigatório, a Estado estrangeiro.

Para a formulação do pedido de aquisição da nacionalidade portuguesa,por efeito do casamento, que documentos deverão ser apresentados:

Deverão ser apresentados seguintes documentos:

– certidão do assento de casamento (emitida há menos de seis meses);– certidão de nascimento do cônjuge estrangeiro;– certidão de nascimento do cônjuge português com casamento averbado

(emitida há menos de seis meses);– certificado de nacionalidade do cônjuge estrangeiro;– certificados de registo criminal português e do país (ou de outros países)

onde o cônjuge estrangeiro tenha tido residência;– documento de prova da ligação à comunidade portuguesa.

A lei portuguesa concede algum estatuto especial para estrangeiros quemantenham uma relação afectiva com um cidadão nacional, sem havercasamento ou filhos?

Sim, a lei portuguesa em várias disposições legais, prevê a existência de umtratamento mais favorável aos estrangeiros que tenham uma ligação mais próximacom os cidadãos portugueses. Para a concessão desse tratamento a lei apoia-se naexistência de laços familiares: cônjuge, filhos, pais, ou outros familiares que estejama cargo do cidadão. A Lei n.º 97/99, de 26 de Julho veio permitir pela primeiravez em Portugal que quem coabite em união de facto com cidadão nacional,possa beneficiar de um tratamento mais favorável. No entanto, essa coabitação

97

Page 94: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

deverá ter um mínimo de duração de dois anos, devendo ser apresentada provanão só da sua duração, mas também em como essa coabitação é semelhante à doscônjuges. Assim, por exemplo, a existência de um «namoro» não é, só por si, con-dição suficiente para justificar a concessão de um tratamento mais favorável,embora possa ser apresentada no Consulado português aquando do pedido devisto, como um dos motivos que justificam a vontade de residir em Portugal.

Possuo bens, depois do casamento a propriedade continua a pertencer-meem exclusivo?

Saber de quem é a propriedade dos bens depois do casamento depende doregime que tenha sido escolhido pelos nubentes. Ou seja, antes de celebração docasamento, os noivos podem determinar que regime vai vigorar na pendênciado casamento, isto, por meio da celebração de uma convenção antenupcial.A capacidade para celebrar uma convenção antenupcial depende, para cada umdos nubentes, da lei da respectiva nacionalidade (art.º 49.º C. Civil). Determinadaa capacidade, o conteúdo e os efeitos da referida convenção, nomeadamente, aescolha do regime de bens, é regulado pela lei da nacionalidade dos noivos nadata do casamento. Mas, ainda que a lei a aplicar seja a estrangeira, se um dosnubentes tiver residência habitual em território português pode convencionar oregime segundo o nosso ordenamento jurídico (art.º 53.º n.º 1 e n.º 3 C. Civil). Seas nacionalidades forem diferentes, aplica-se a lei do país da residência habitual(art.º 53 n.º 2 C. Civil). Assim sendo, abre-se a possibilidade de aplicação da leiportuguesa quanto aos regimes de bens seguintes: Regime de Separação de bens,Regime de Comunhão Geral de bens ou Regime de Comunhão de Adquiridos.

Nota: No caso dos noivos não procederem à escolha do regime de bens por meio de convençãonupcial, vigora o regime supletivo da nossa lei, isto é, o Regime de Comunhão de Adquiridos(art.º 1717.º C. Civil). Caso se trate de um casamento celebrado sem a verificação do processo depublicações prévio (isto é, se se tratar de um casamento urgente) ou, um casamento em queum dos nubentes tenha 70 ou mais anos de idade, então aplica-se por força da lei um regimeobrigatório (imperativo – art.º 1720.º C. Civil), isto é, os conjugues ficarão sob o Regime deSeparação de Bens.

OS TRÊS REGIMES DE BENS

Regimes Bens comuns Bens próprios

Comunhãode adquiri-

dos

– o produto do trabalho de cada um(salário, comissões, prémios, etc.).

– praticamente tudo o que adquiramdurante o casamento.

– aqueles que cada cônjuge já tinha quando secasou;

– os que recebam por doação ou herança;– os que adquiram em função de um direito próprio

anterior (por ex., como resultado de um direito depreferência);

98

Page 95: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Para poder celebrar o casamento que passos devo seguir na prática?

Sabendo que a nossa lei determina que a forma do casamento, independente-mente da nacionalidade dos nubente, é regulada pela lei vigente no país onde oacto se vai realizar, sendo o casamento celebrado em Portugal, rege-se pela nossalei. Segundo esta, e somente face ao casamento civil, é necessário um processo depublicações que tem como objectivo verificar se há impedimentos e tem iníciocom a declaração dos noivos, junto da conservatória do registo civil (da área daresidência), da sua intenção de casar. Os noivos devem fazer-se acompanhar dosseguintes documentos:

– Certidões do registo de nascimento (actualizadas).– Bilhetes de Identidade.– Certidões de escritura da convenção antenupcial (havendo).– Declaração da intenção de casar.

Por sua vez, esta última deve conter: o nome, idade, o estado civil (caso nãoseja o primeiro casamento, deve referir também a data da morte do cônjuge ante-rior, do divórcio ou da anulação do casamento), nacionalidade e residência dosnoivos, bem como o nome completo dos pais; a existência de filhos de algum dosnoivos; a modalidade de casamento – civil ou católico; a existência ou não de con-venção antenupcial. Mas, se os noivos forem estrangeiros podem optar por cele-brar o acto segundo a lei da nacionalidade de qualquer deles, isto, perante umagente diplomático ou consular (art.º 51.º C. Civil).

O que muda depois do casamento? Adquiro direitos ou, somente deveres.Quais?

Com o casamento estabelecem-se relações de parentesco e de afinidade.Parentes são todos os que se relacionam por descenderem de um progenitor

OS TRÊS REGIMES DE BENS

Regimes Bens comuns Bens próprios

Comunhãogeral

de bens

– a generalidade dos bens. – recordações familiares de valor meramente simbó-lico;

– bens recebidos por um, por doação ou herança,com cláusula de não transmissão da propriedadeao outro cônjuge;

– roupas e outros objectos de uso pessoal, os diplo-mas e a correspondência.

Separaçãode bens

– não há bens comuns, mas podemexistir bens que tenham sidoadquiridos por ambos, no regimede compropriedade.

– a menos que sejam adquiridos em conjunto, todosbens são prórpios de (apenas) um dos cônjuges.

99

Page 96: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

comum (Linha Colateral: irmãos) ou descenderem uns dos outros (Linha Recta:avós, pais, netos). Afinidade é o elo que une cada um dos cônjuges aos parentesdo outro, no mesmo grau. Em termos jurídicos, nasce um conjunto de deveresconjugais que têm por objectivo manter o equilíbrio da família. Assim, podem des-tacar-se deveres como: o dever dos cônjuges adoptarem uma residência comum(COABITAÇÃO), o dever de colaborarem mutuamente quanto a responsabilidades(COOPERAÇÃO), de não manterem relações análogas às conjugais com outrem (FIDE-

LIDADE), de contribuirem para os encargos da vida familiar (ASSISTÊNCIA) e o deverde respeitar a individualidade, personalidade e liberdade do outro (RESPEITO). Estesdeveres têm uma grande importância na medida em que o seu desrespeito, quandoseja repetido e tenha grande gravidade, pode ocasionar uma razão para divórcio.

Os bens do casal são administrados por quem?

O casamento faz estabelecer relações pessoais entre os cônjuges (os deveresconjugais), e também relações patrimoniais que se desenvolvem consoante oregime de bens em vigor no casamento (quer por escolha, quer por imposiçãolegal). Ou seja, é de acordo com esse regime que se apuram os bens próprios e/ouos comuns dos cônjuges e, consequentemente, que se aplica o regime legal daadministração (art.os 1678.º, 1680.º, 1682.º, 1682.º A e B do Código Civil). Antes demais, é importante distinguir os tipos de administração, isto é, pode ser: ADMINIS-

TRAÇÃO ORDINÁRIA, quando os actos se limitem a gerir os bens de forma a rentabi-lizá-los ou a usá-los (fazer uma revisão a um carro ou vender os frutos de umpomar) ou ADMINISTRAÇÃO EXTRAORDINÁRIA, são os actos mediante os quais sealienam bens quer onerosa (venda) quer gratuitamente (doação).

Assim:

Quemadministra

Administração Ordinária Administração Extraordinária

Cadacônjugepor si

– os bens próprios;– os próprios salários;– os bens levados por ele para o casamen-

to, gratuita ou onerosamente;– os bens doados ao casal mas com men-

ção de que a administração cabe a estecônjuge;

– os bens móveis (próprios ou comuns)usados por este cônjuge;

– os bens próprios do outro cônjuge queele não possa administrar ou tenha dadoao outro para administrar, por meio demandato;

– contas bancárias colectivas conjuntas (pormovimentos a crédito e/ou a débito).

– alienar (vender, doar, etc.) bens própriosde que tenha a administração;

– onerar (dar de hipoteca, de usufruto, etc.)bens próprios de que tenha a adminis-tração.

100

Page 97: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

As dívidas que o meu cônjuge contraiu também são da minha responsabi-lidade?

Sabendo que no âmbito do matrimónio é necessário estabelecer relações patri-moniais que garantam o cumprimento dos deveres de assistência e de cooperação,é comum que os cônjuges necessitem de obter fundos ou bens junto de terceiros– CONTRAIR DÍVIDAS. Antes de mais, deve ficar bem esclarecido que, independen-temente do regime de bens, qualquer dos cônjuges pode contrair dívidas semconsentimento do outro (art.º 1690.º C. Civil). Diversamente, é necessário apurar aresponsabilidade pelas dívidas sempre que elas não sejam pagas. Assim:

RESPONSABILIDADE TIPO DE DÍVIDAS BENS QUE RESPONDEM

Dívidas daresponsabilidade

de ambos

– aquelas que foram contraídas antes oudepois do casamento pelos dois ou comconsentimento;

– as que são destinadas a satisfazer encargosda vida familiar (habitação, alimentação, etc.).

– as que foram contraídas em proveitocomum do casal;

– as contraídas pelo cônjuge comerciante,salvo se o outro provar que não foi emproveito comum;

– aquelas que recaiam sobre bens doados,heranças, etc., que passem a constituir bemcomum do casal;

– aquelas que onerem bens comuns do casal.

– Primeiramente: bens comunsdo casal;

– Seguidamente: bens própriosde qualquer dos cônjuges.

Dívidas daresponsabilidadede cada cônjuge

– aquelas que tenham sido contraídas por sisó sem ter em vista o proveito comum docasal;

– as que recaiam sobre bens doados, heran-ças, etc., que sejam de exclusiva proprie-dade desse cônjuge;

– as dívidas relativas a multas, à prática decrimes, violações à lei ou indemnizações.

– Os bens próprios do cônjugedevedor e a sua meação nosbens comuns.

Quemadministra

Administração Ordinária Administração Extraordinária

Os cônjugesem conjunto

(ou comconsenti-mento do

outro)

– realizar todos os actos que só um poderealizar (como é fácil de entender).

– alienar ou onerar bens móveis comunsque ambos administrem;

– alienar ou onerar bens móveis de usocomum no trabalho ou no lar;

– alienar ou onerar bens móveis própriosdo cônjuge que não os administra;

– alienar, onerar, arrendar bens imóveispróprios ou comuns;

– alienar, onerar ou locar estabelecimentocomercial;

– alienar, onerar, arrendar, dispor de umdireito de arrendamento sobre a casa demorada de família.

101

Page 98: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O meu casamento não tem como subsistir, qual é a via por que devo optar?

Sempre que os cônjuges entendam que o casamento não tem viabilidadepodem colocar-lhe termo de diversas formas. A lei a aplicar é a da nacionalidadecomum dos cônjuges e, sempre que as nacionalidades sejam diferentes aplica-se alei da residência habitual comum. Admitindo a possibilidade de aplicação da leiportuguesa, por ser a da residência (art.º 55.º e 52.º C. Civil), abrem-se diversaspossibilidades consoante as motivações e os fins a atingir (ver quadro infra):

ALTERAÇÕES AO CASAMENTO

Modalidade Causas Prazos Procedimento Consequências

Separaçãode facto

Desgasteda relação

matrimonialcom

possibilidadede

reconciliação.

Em qualquermomento.

Basta que os cônjugesdeixem de viver juntos

por já não seentenderem.

– o casamento mantém-se.– os deveres conjugais man-

tém-se (salvo a coabitação);– continuam a ser herdeiros

um do outro;– as dívidas regem-se pelo

mesmo regime;– ao fim de 3 anos podem

pedir o divórcio litigioso.

Separaçãojudicial depessoas e

bens

Perdade confiançaem termos

patrimoniais.

Em qualquermomento.

Tem um procedimentoidêntico ao divórcio.

– não dissolve o casamento.– cessa a coabitação e a assis-

tência;– deixam de ser herdeiros recí-

procos;– em tudo o mais é como no

divórcio.

Divórciopor mútuoconsenti-

mento

Inviabilidadedo casamento.

Em qualquermomento.

– Requerimento dos côn-juges em que manifes-tam o seu acordo emse divorciarem, regu-lando o poder pater-nal, a divisão de bens,o destino da casa demorada de família (semnecessidade de apre-sentar motivos ou res-ponsabilidades);

– O requerimento é en-tregue ao tribu-nal/conservador semnecessidade de advo-gado;

– Segue-se a 1.ª confe-rência;

– Três meses depois háum novo requerimentoa que se segue a 2.ªconferência e a decla-

– dissolução do casamento;– concretização das cláusulas

estabelecidas no acordo.

102

Page 99: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Divorciei-me em Portugal, o que devo fazer para que os mesmos efeitosjurídicos da dissolução do casamento se produzam no país onde me casei?

Em caso de separação de pessoas e bens, divórcio (etc.), de casamento cele-brado noutro país, é necessário o reconhecimento da respectiva sentença nessepaís, de acordo com as leis aí vigentes. Contudo, se se tratar de cidadãos de paísesmembros da Comunidade, vale o Regulamento 1347/2000, que entrou em vigorem 1 de Março de 2001 e, que vem determinar o reconhecimento automático dasdecisões proferidas no espaço comunitário, nomeadamente, quanto a estas maté-rias. Ou seja, logo que uma sentença de dissolução de casamento seja proferida enão seja susceptível de revisão, pode ser invocada perante entidades públicas ouprivadas de qualquer Estado Membro.

Já ouvi falar na declaração de nulidade do casamento. O que é?

Qualquer modalidade de casamento celebrado em Portugal – civil ou religioso(católico), pode vir a ser declarado nulo, com fundamento em motivos taxativosmuito apertados e suficientemente graves para que tal declaração venha a ser pro-nunciada. O número e natureza desses fundamentos varia consoante se trate decasamento civil ou de casamento católico. Os tribunais civis são as instânciascompetentes para apreciar as questões de nulidade dos matrimónios civis, e porsua vez, os tribunais eclesiásticos (da Igreja Católica) são os únicos competentespara apreciar a validade dos matrimónios católicos. No caso de ser declarada anulidade, o casamento fica dissolvido (como se de um divórcio se tratasse), e oscônjugues, agora solteiros, poderão voltar a casar-se. No caso dos casamentos

ALTERAÇÕES AO CASAMENTO

Modalidade Causas Prazos Procedimento Consequências

Divórciolitigioso

violação gravedos deveresconjugais;

Em qualquermomento.

– consultar um advogado.– requerer o divórcio ale-

gando o motivo.– segue-se o confronto

entre os cônjuges (paraapurar responsabilida-des).

– tem que decorrer emtribunal.

– atribuição do poder paternala um dos cônjuges;

– atribuição de uma pensão dealimentos;

– atribuição das culpas;– partilha dos bens e atribui-ção da casa de morada defamília.

separaçãode facto;

Ao fimde 3 anos.

separação depessoas e bens;

Ao fimde 2 anos.

ausência dooutro cônjuge;

Ao fimde 2 anos.

deterioraçãodas capacidades

mentais(que prejudicamo casamento).

Ao fimde 3 anos.

103

Page 100: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

católicos, mesmo tendo havido divórcio (decretado por um tribunal civil, possíveldesde 1975), os cônjuges para poderem voltar a casar pela Igreja, terão de obterdos tribunais eclesiásticos uma sentença que declare a invalidade (nulidade) doanterior matrimónio religioso. Segundo o Código de Direito Canónico de 1983 emvigor para os fiéis da Igreja Católica, os tribunais desta confissão religiosa devemresolver os casos de nulidade matrimonial que são submetidos à sua apreciaçãono prazo de dois anos.

LEGISLAÇÃO

– Código Civil Português;– Constituição da República Portuguesa (CRP);– Lei n.º 37/81, (de 3 de Outubro com as alterações introduzidas pela Lei n.º 25/94 de

19/08): Lei da Nacionalidade Portuguesa;– D.L. n.º 322/82, de 12/08 (alterado pelos D.L. n.º 117/93, de 13/04, 253/94, de 20/10

e 37/97, de 31/01): Regulamento da Lei da Nacionalidade Portuguesa.

Caso tenha filhos, como posso provar a minha condição de pai?

Enquanto que a maternidade não levanta dúvidas, pois a mulher que dá à luznão pode (em princípio, negar a sua condição de mãe), a paternidade depende dealguns factores. Segundo a lei portuguesa (art.º 56.º do C. Civil), a constituição defiliação é regulada pela lei da nacionalidade do progenitor nessa data ou, pela leida nacionalidade da mãe e do marido quando o filho nasça no âmbito de um casa-mento. Contudo, se a nacionalidade não for comum, vale a lei vigente no país daresidência comum. Assim, admitindo que a residência é em Portugal, é a nossalei que deve ser aplicada, ou seja, sempre que uma criança nasça no seio de umcasamento, a lei entende que o pai é o marido da mãe – PATERNIDADE PRESUMIDA

(art.º 1826 n.º 1 do C. Civil). Todavia, a mulher pode não ser casada ou, sendo-o,pode declarar que o filho não é do marido. Nestes casos, pode seguir-se o reconhe-cimento voluntário da paternidade a todo o tempo, por declaração prestada faceao funcionário do registo civil (por escritura pública, testamento, etc.) – PERFI-

LHAÇÃO; ou, a averiguação oficiosa da paternidade (por decisão do tribunal) –PATERNIDADE POR DECISÃO JUDICIAL.

Os filhos de imigrantes nascidos em Portugal são estrangeiros ou portugueses?

Não são portugueses, mas podem, nos termos gerais previstos na lei portu-guesa da nacionalidade, adquirir a nacionalidade portuguesa de origem, nomeada-mente, através da naturalização. No entanto, os pais podem antecipar este pro-

3. O poder paternal, os filhos e o ensino

104

Page 101: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

cesso durante a menoridade do filho, mas terão de cumprir algumas obrigações,tendo em vista a regularização da situação dos seus filhos. Assim, têm de:

– declarar o nascimento do filho na Conservatória do Registo Civil da área donascimento, nos 20 dias seguintes ao nascimento;

– requerer para o filho a emissão de um título de residência, nos seis mesesimediatos ao registo de nascimento do menor;

– provar que residem em Portugal há mais de seis ou dez anos.

Nota: O prazo de seis anos aplica-se somente aos imigrantes oriundos de países de língua oficialportuguesa. Para os restantes casos, o prazo é de dez anos.

Posso adoptar uma criança?

A lei que regula a adopção é a lei da nacionalidade do adoptante (aquele quepretende adoptar), art.º 66.º C. Civil. Se o adoptante for o casal ou se o adoptadofor filho do cônjuge do adoptante vale a lei da nacionalidade dos cônjuges. Mas,se tiverem nacionalidades diferentes a lei a aplicar é a do local da residência habi-tual comum. Em Portugal a adopção pode revestir duas modalidades diferentes:

– adopção plena, que se caracteriza pelo facto do adoptado se tornar numautêntico «filho» do adoptante, isto é, integra-se na nova família, passa a ternovo apelido, etc., pois quebra todos os laços com a família natural;

– adopção restrita, é menos marcante na medida em que se mantêm os laçosentre o adoptado e a sua família biológica.

Em termos práticos, a adopção processa-se segundo as seguintes regras:

OS DOIS TIPOS DE ADOPÇÃO

Diferenças Adopção plena Adopção restrita

Vínculoà famílianatural

O adoptado perde qualquer ligação com afamília de sangue; torna-se autêntico filhodo adoptante.

O adoptado mantém direitos e deveresrelativamente à família de origem.

ApelidosO adoptado recebe os apelidos da novafamília.

O adoptado conserva os apelidos da famílianatural. Só recebe apelidos do adoptantese este quiser e o tribunal concordar.

Heranças

Adoptante e adoptado herdam um dooutro como pai e filho.

O adoptado herda por testamento ou se oadoptante não tiver cônjuge, descenden-tes e ascendentes. O adoptante, para alémdo testamento, só herda se o adoptadonão tiver cônjuge, descendentes, ascen-dentes, irmãos e sobrinhos.

Quempode adoptar

Casais com 25 anos (cada cônjuge) e 4anos de casamento; indivíduos com maisde 30 anos e menos de 50.

Qualquer pessoa que tenha entre 25 e 50anos.

Possibilidadede mudar

É irrevogável. Pode ser revogada em certos casos.

105

Page 102: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Há obrigações de ajuda económica entre pais e filhos?

Os pais têm para com os filhos menores ou maiores até aos 25 anos, quandoprossigam com sucesso nos seus estudos superiores, o dever de assistência (art.º1874.º do C. Civil). Logo que os filhos tenham capacidade de subsistência essedever extin-gue-se e pode mesmo inverter-se, ou seja, pode passar a ser o filho adar assis-tência aos pais.

No caso de se verificar uma alteração no casamento (por divórcio, separaçãode facto, etc.) o filho continua a ter direito à assistência económica (art.º 1905.ºC. Civil) e pode ser exigido sob a forma de pensão de alimentos, ou seja, traduz-senuma quantia em dinheiro pagável em prestações mensais, que visa fazer face adespesas de alimentação, habitação, instrução e educação do descendente.

Como deve processar-se o pedido de alimentos?

O interessado ou o seu representante, sem a necessidade de intervenção deadvogado, deve fazer um requerimento indicando:

– o montante da pensão (pretendida);– a certidão de nascimento;– a prova dos rendimentos da pessoa a quem são pedidos os alimentos e de

quem os pede.

Este pedido pode ser remetido ao Juiz do Tribunal de Família e Menores (ouno tribunal comum) da área de residência do requerente quando ainda não setenha verificado a dissolução do casamento; ou, pode ser entregue juntamentecom o processo de dissolução do casamento.

Nota: Pode ser fixada uma pensão provisória que será determinada definitivamente depois de avalia-dos os rendimentos das partes.

E no caso do beneficiário e/ou do prestador da pensão não residirem nomesmo país?

A questão do pedido de alimentos não se esgota nas fronteiras portuguesas, isto é,a cobrança de alimentos pode ser feita no estrangeiro porque a maioria dos paísesaderiram à Convenção da ONU sobre cobrança de alimentos (ver quadro que vaia seguir).

Devem prestar alimentos Têm direito a alimentos

– Descendentes (filho, neto) – Ascendentes (pais, avós)

– Ascendentes – Descendentes

106

Page 103: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Assim sendo, se o requerente mora em Portugal e aquele que deve a prestaçãoreside no estrangeiro, e a prestação já está determinada, o requerimento paraefectuar a cobrança deve ser dirigido ao Director Geral dos Serviços Judiciáriosdo Ministério da Justiça (ver lista de endereços).

Nota: Na situação inversa, devem ser pedidas informações junto de consulados ou outras autoridadesportuguesas.

Aos filhos frutos de união de facto são reconhecidos, pela lei, os mesmosdireitos que aos filhos de cônjuges unidos pelo matrimónio?

Sim. Nos termos da lei que regula os efeitos jurídicos das uniões de facto (Lein.º 97/99, de 26 de Julho).

O meu filho, que é estrangeiro, pode frequentar o ensino escolar obrigató-rio?

Sim, pode frequentá-lo em condições de igualdade com as crianças portu-guesas.

O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito: Universal, porque se destinaa todas as crianças. Obrigatório, porque se exige uma frequência escolar de 9 anos,com início aos 6 anos e o termo aos 15 anos de idade. Gratuito, porque não hápagamento de propinas ou taxas relacionadas com a matrícula, frequência e certi-ficação. No que se refere ao acesso ao ensino devem distinguir-se várias situações:

– as situações de pessoas em idade escolar;– as situações de adultos que:

– desejam cumprir a escolaridade obrigatória;– desejam prosseguir estudos ou exercer uma actividade profissional;– desejam ver reconhecida a formação realizada no país de origem.

Argélia República Federal da Alemanha Argentina Austrália Áustria

Barbados Bélgica Bolívia Brasil Burkina Faso

Cabo Verde Camboja Checoslováquia Chile China

Colômbia Cuba Dinamarca Equador Espanha

Finlândia Filipinas França Grécia Guatemala

Haiti Holanda Hungria Israel Itália

Jugoslávia Luxemburgo Marrocos México Mónaco

Nigéria Noruega Paquistão Polónia Portugal

Reino Unido República Centro Africana S. Salvador Santa Sé Sri Lanka

Suécia Suíça Suriname Tunísia Turquia

107

Page 104: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

No caso de os pais (imigrantes) terem em seu poder documentação compro-vativa da escolaridade dos filhos realizada no seu país de origem, devem pedirequivalência dos seus estudos a fim de serem integrados no Sistema Educativo.

Caso não disponham da documentação exigida, devem dirigir-se ao Departa-mento da Educação Básica (DEB) ou ao Departamento do Ensino Secundário (DES),conforme o seu nível de estudos, e pedir a realização de um teste diagnóstico,a fim de serem inseridos no Sistema de Ensino Português.

É muito importante, a aprendizagem da Língua Portuguesa. Sem oconhecimento da Língua não é possível estudar e torna-se mais difícilencontrar trabalho.

Há vários cursos gratuitos de Língua Portuguesa. Estes cursos também existemem algumas Universidades, Institutos e Centros de Línguas .

Em que casos pode ser apresentado o pedido de equivalência?

O pedido pode ser feito nos seguintes casos:

– prosseguimento de estudos;– provimento em cargos públicos;– fins militares;– outros fins;– frequência do ensino recorrente;– exercício de uma actividade profissional.

A decisão sobre a concessão das equivalências é uma responsabilidade parti-lhada entre o Ministério da Educação e o Estabelecimento de Ensino em causa.

A escolaridade obrigatória em Portugal, corresponde ao 9.º ano de escolaridade: isto é,à frequência, com aproveitamento, de 9 anos de escolaridade. Está previsto o alargamentopara os 11 anos.

Equivalências a graus académicos

No caso de serem solicitadas equivalências a graus académicos, a decisão é tomadapela Instituição de Ensino Superior. Apenas os estabelecimentos de Ensino Superior doEstado estão habilitados para conceder equivalências a graus académicos.

O pedido só pode ser feito uma vez e a um único estabelecimento de ensino.

Os documentos apresentados têm obrigatoriamente que estar autenticados pela embai-xada ou consulado de Portugal da área, ou pela embaixada ou consulado do país estran-geiro em Portugal (Decreto-lei n.º 219/97, artigo 7.º, n.º 3).

108

Page 105: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Depois da morte do meu cônjuge, que direitos me assistem?

Após o momento da morte é necessário apurar se a pessoa falecida tinha benspara se passar à fase da distribuição da titularidade desses bens aos respectivosherdeiros, a este chamamento dá-se o nome de FENÓMENO SUCESSÓRIO. Esta reali-dade é regulada pela lei da nacionalidade da pessoa falecida (à data da morte),isto é, do de cuius. Ora, se se tratar da morte de um nacional português casadocom um estrangeiro, este cônjuge sobrevivo tem todo o interesse em saber quedireitos tem. Dependendo do regime de bens, pode ter direito à meação, isto é, seo regime em vigor for o de Comunhão (Geral ou de Adquiridos) tem direito ametade dos bens comuns do casal. Independentemente do regime de bens, o côn-juge sobrevivo beneficia da abertura da sucessão porque é herdeiro legitimário,isto é, não pode ser afastado do fenómeno sucessório, sobretudo de receber umaparte da quota legítima, o mesmo é dizer, da parte da herança que não pode serdistribuída em testamento.

Exemplificando (ver quadro na página seguinte):

No que respeita aos adultos que desejem frequentar o Ensino recorrente, seja paraalfabetização, cumprimento da escolaridade obrigatória, seja para simples prosseguimentode estudos (10.º, 11.º e 12.º anos) existem duas opções:

– ensino público,– ensino privado.

Em ambos os casos, e para que a formação que adquiram seja certificada, é necessárioque tenham Autorização de Residência.

No ensino privado existem diversos estabelecimentos de ensino, que leccionam oensino recorrente em regime nocturno ou diurno.

Para obter mais informações, as pessoas devem dirigir-se ao Centro de Informação eRelações Públicas do Ministério da Educação (CIREP).

Qualquer cidadão estrangeiro, com residência legal em Portugal, tem acesso nas mesmas condições que os nacionais, ao Ensino Superior.

4. O fenómeno sucessório

109

Page 106: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Posso fazer um testamento? E posso ser beneficiário do mesmo?

Um testamento é um documento em que alguém formaliza a sua vontade emque os seus bens sejam entregues a determinados destinatários. A capacidade parafazer um testamento é regulada pela lei da nacionalidade do testador nessa data.Ora, um estrangeiro que queira fazer um testamento terá de respeitar a lei vigenteno seu país natal quanto a essa matéria. Mas, pode ser beneficiário de um testa-mento celebrado por um português, desde que seja válido, ou seja, que seja escrito

Herdeiros Legitimários sobrevivos

Montante daQuota Legitima(2159.º a 2161.º

C. Civil)

Divisãoda QuotaLegítima

Cônjuge

Filhos

1 ou + Igual para todos.

3 ou + 2⁄3 da herança

1⁄4 para o cônjugee o resto é igual

para todosos filhos.

Semfilhos

Ascendentes (pais, avós) 2⁄3 da herança

2⁄3 para o cônjugee 1⁄3 para

os demais.

Sem ascendentes 1⁄2 da herança É do cônjuge.

Semcônjuge

FilhosUm 1⁄2 da herança É do filho.

2 ou + 2⁄3 da herança Igual para todos.

Semfilhos

AscendentesPais 1⁄3 da herança Igual para todos

Avós 1⁄3 da herança Igual para todos

Semascendentes

Irmãos(ou seus

descendentes)

Germanos(filhos

do mesmopai e mãe)

Tudo o quenão tiver sidodistribuído em

testamentopelo autor

da sucessão.

Igual para todos

Unilaterais(filhos só dopai ou só da

mãe)

Igual para todos

Germanose Unilaterais

Cada germanorecebe o dobrode cada irmão

unilateral.

Sem irmãosnem

descendentes

Colateraisaté ao 4.º grau(tios, primos)

Igual para todos.

Sem colateraisaté ao 4.º grau

O Estado herdaa totalidade.

110

Page 107: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

por um notário no seu livro de notas (art.º 2205.º C. Civil) – TESTAMENTO PÚBLICO

ou, que seja escrito e assinado pelo testador e aprovado pelo notário (art.º 2206.ºC. Civil) – TESTAMENTO CERRADO. Entre nós, o testamento rege-se por regras especí-ficas, o testador só pode dispor de uma parte do seu património – QUOTA LEGÍTIMA.

Herdeiros sobrevivos Quota legitimária

Cônjuge 1⁄2 da herança

Cônjuge e filhos 1⁄3 da herança

Dois ou + filhos 1⁄3 da herança

Um filho 1⁄2 da herança

Cônjuge e pais/avós 1⁄3 da herança

Pais e/ou mãe 1⁄2 da herança

Avós, bisavós 2⁄3 da herança

Sem descendentes, ascendentes ou cônjuge Tudo

111

Page 108: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Civil Português;– D.-L. n.º 321– B/90, de 15/10 (com as alterações introduzidas pelo D.L. 278/93, de

10/08, pelo D.L. n.º 257/95, de 30/09, e pelo D.L. n.º 64/2000 de 22/04): aprova oRegime Jurídico do Arrendamento Urbano (RAU);

– Lei n.º 168/99, de 18/10: aprova o novo Código das Expropriações.

Quando deverei tratar do meu alojamento em Portugal? Que meios provisó-rios de alojamento e alimentação poderei encontrar à chegada enquantoprocuro uma futura habitação para viver?

O alojamento deve ser tratado antes da chegada do imigrante ao país deacolhimento. Mas, por vezes, por razões extraordinárias, a futura habitação não seencontra disponível no momento da chegada. Assim, torna-se necessária a dispo-nibilização de um espaço onde, por tempo reduzido e apenas a título provisório,o imigrante possa viver de forma condigna. Algumas Organizações Não Governa-mentais (ONG) já mostraram preocupação com esta situação e têm procuradoreunir esforços para responder a esta necessidade. Vão sendo, já uma realidade os«Centros de Acolhimento Temporário» onde, gratuitamente, os imigrantespodem usufruir de um alojamento, adequado às suas necessidades, com refeiçõesdiárias e outros bens indispensáveis à sua sobrevivência. Outra alternativa, são osestabelecimentos hoteleiros, para aqueles que tenham disponibilidade económica,que também são um meio de alojamento temporário destinado a proporcionar,mediante remuneração, serviços de alojamento e outros serviços acessórios ou deapoio, com ou sem fornecimento de refeições. Actualmente, existem seis catego-rias de estabelecimentos hoteleiros com as seguintes classificações possíveis:

– Hotéis com classificação de 5, 4, 3, 2 e 1 estrelas;– Hotéis-apartamentos (aparthoteis) com classificação de 5, 4, 3 e 2 estrelas;– Pensões com classificação de Albergaria, 1.ª, 2.ª e 3.ª categorias;

CAPÍTULO V

A HABITAÇÃO E O DIREITO DE PROPRIEDADE PRIVADA

2. O Alojamento temporário

112

Page 109: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Estalagens com classificação de 5 e 4 estrelas;– Motéis com classificação de 3 e 2 estrelas;– Pousadas.

Os hotéis, com excepção dos de 5 estrelas e as Pensões que oferecem apenasalojamento e pequeno almoço são classificados como residenciais. De acordo coma prática internacional, no acto de entrada na unidade de alojamento deverá serentregue ao cliente um cartão (cartão de hóspede) no qual conste, obrigatoria-mente, a identificação do estabelecimento, nome do hóspede, número e preço doalojamento, data de entrada e saída e número de pessoas que ocupam o aposento.O único preço válido do aposento é o constante do cartão entregue ao hóspede.

Como posso encontrar uma casa?

Pode fazê-lo pelas seguintes formas:

– através de anúncios dos jornais diários e semanários ou de revistas especia-lizadas;

– recorrendo à mediação de agências imobiliárias;– procurando os anúncios afixados nos próprios prédios;– Em Lisboa: Na Associação Lisbonense de Proprietários onde são afixadas

informações sobre diversas habitações para arrendar habitação na região deLisboa e arredores.

O que é a mediação imobiliária?

A Mediação Imobiliária é uma actividade comercial em que, por contratoescrito, uma entidade se obriga, mediante o pagamento de um determinado preço(comissão), a conseguir um interessado para a compra e venda ou arrendamentode imóveis, prestando os serviços conexos à realização dessas operações. As comis-sões, em geral, variam entre 3 e 5% sobre o valor do bem imóvel. Algumas agên-cias imobiliárias exigem um pagamento inicial ou mensal como contrapartida demostra da casa. Esta situação, porém, não é legal.

Que tipo de contrato deve um imigrante celebrar para poder, legalmente,usufruir do gozo de uma casa ou de parte de uma casa (um quarto) ondepretende instalar a sua residência em Portugal? E que cláusulas deverãoconstar do mesmo?

Em primeiro lugar, terá de procurar a casa através das várias formas de publi-cidade que anteriormente mencionamos. Depois, terá de celebrar um contrato de

2. Arrendamento, hospedagem e aquisição de uma casa

113

Page 110: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

arrendamento para habitação: o contrato, pelo qual, o proprietário (locador, pro-prietário ou senhorio) entrega a casa ou parte dela, com ou sem recheio, a uma dadapessoa (locatário, arrendatário, inquilino), e mediante uma retribuição – a renda.

No contrato deverá constar, a identificação e localização da casa, a data da cele-bração do contrato, a sua duração, o regime e valor da renda e a forma de paga-mento. O senhorio deverá passar sempre recibo das rendas recebidas. Não sãoexigidos documentos especiais, para além dos necessários à identificação daspessoas intervenientes no contrato. O contrato é assinado pelo senhorio, peloinquilino e, em muitos casos, pelos fiadores. Os fiadores são uma ou mais pessoas,do conhecimento do inquilino, que garantem que o inquilino cumpre as suas obri-gações, tornando-se responsáveis caso o inquilino não as cumpra. Quase sempre,juntamente com o primeiro mês deve pagar-se mais um mês de renda adiantado– o mês de caução – devolvido aquando da saída da habitação. É necessário, aoinquilino, comprovar os rendimentos e mostrar que se encontra em condições desuportar os encargos.

Deverá ter em conta que, arrendar uma casa não é o mesmo que tomar dearrendamento um quarto ou uma parte da casa. Neste segundo caso, deverá cele-brar, sob a forma verbal ou escrita, um contrato de hospedagem com o dono dacasa, o qual lhe cede uma parte da mesma (uma ou mais divisões), mediante opagamento de uma certa quantia em dinheiro. No arrendamento, temos uma situa-ção contratual que implica maiores responsabilidades.

Quando se toma uma casa de arrendamento quais são as despesas queficam por conta do inquilino?

Normalmente, os contratos estabelecem cláusulas segundo as quais o inquilinodeverá ser o responsável pelo pagamento mensal da renda, água, luz, e despesasde condomínio.

Para poder dispor de luz, água e gás da cidade a quem me devo dirigir paracelebrar um contrato com as empresas prestadoras desses serviços?

Por norma, a celebração de contratos de fornecimento de serviços deve serfeita junto das próprias empresas, cuja designação pode ser diferente consoante azona do país ou, junto da Loja do Cidadão da cidade em questão onde estão repre-sentadas as referidas entidades. Segue-se o exemplo para duas cidades diferentes:

Cidade Luz Água Telefone Gás

Braga EDP-EN AGERE Portugal Telecom Portgás

Lisboa EDP EPAL Portugal Telecom Gás – EDP

114

Page 111: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Quais são os principais deveres e obrigações dos inquilinos e senhorios?

Apesar de ser estrangeiro, em Portugal tenho o direito de propriedadeprivada? Qual o conteúdo e alcance deste direito? Para além de bens imó-veis posso ter bens móveis?

Sim. A CRP reconhece este direito a todos os cidadão independentemente danacionalidade. Ser titular deste direito, isto é, ser proprietário significa que se têmtrês faculdades: usar, fruir e dispor da(s) coisa(as) de modo pleno e exclusivo quesão objecto desse direito, o qual abrange tanto as coisas imóveis (terrenos e casas)como as coisas móveis (automóveis, barcos, bens de uso pessoal, recheio dacasa, etc.) cf. art.º 1302.º e 1305.º do Cód. Civil.

Que formalismos e documentos são necessários para comprar uma casae assim, tornar-me num proprietário privado?

Normalmente, depois de acertado o preço (e as condições de pagamento domesmo) entre o comprador e vendedor, é assinado um contrato-promessa decompra e venda e é paga uma parte do preço, que as mais das vezes, reveste anatureza de um sinal ou antecipação de pagamento do preço final. Não é legal-mente obrigatória a celebração deste contrato, mas é conveniente fazê-lo commuito rigor e cuidado para obter uma maior segurança jurídica da transação. Apósa celebração da promessa de compra e venda, segue-se a celebração do contratodefinitivo – o contrato de compra e venda – de transmissão da propriedade.Este contrato é celebrado num Cartório Notarial à escolha dos interessados, normal-mente, através de um acto formal, que nos termos da lei, se designa: escriturapública. Geralmente, o notário, antes de marcar a data da escritura, quer recebercom antecedência toda a documentação, que normalmente, é a seguinte:

– Bilhetes de identidade do comprador e do vendedor;– Cartões de contribuinte do comprador e do vendedor;

Inquilino Senhorio

Dev

eres

– pagar a renda estipulada, devendo ser entre odia 1 e o dia 8 de cada mês;

– não usar o imóvel para fim diverso daqueleque está estipulado no contrato;

– não subarrendar o imóvel sem que para issotenha autorização expressa do senhorio;

– interpelar o senhorio no caso de pretender epoder, face à lei, por termo ao contrato;

– não realizar obras que alterem substancial-mente a estrutura interna e/ou externa, nemque deteriorem o imóvel, sem autorização dosenhorio.

– proporcionar o gozo do imóvel ao arrendatá-rio;

– respeitar a lei quanto ao coeficiente de aumentoanual das rendas;

– comunicar ao inquilino o aumento da renda;– realizar obras de conservação ordinária (lim-

peza e reparação do prédio, obras que permi-tam manter o prédio no estado em que seencontrava aquando da celebração do con-trato);

– dar preferência ao inquilino no caso de preten-der vender o imóvel.

115

Page 112: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Certidão da Conservatória do Registo Predial, onde deve constar a descriçãodo prédio e a transmissão a favor do vendedor;

– Caderneta predial actualizada ou outro documento matricial emitido pelaRepartição de Finanças;

– Licença de utilização ou construção, emitida pela Câmara Municipal;– Nota com o preço e outras condições especiais de venda ou então, uma

minuta detalhada do contrato.

Nota: Para aquisição (compra) de casa:Existe a possibilidade de recorrer às Cooperativas de Construção e Habitação que constróemcasas a custos inferiores ao valor comercial. Para ter acesso a estas habitações é necessáriotornar-se sócio da Cooperativa e pagar uma mensalidade simbólica. Quando as construções esti-verem prontas, as pessoas candidatam-se à casa que desejam e é de acordo com a sua capa-cidade para assumir o encargo que são seleccionadas. Normalmente, é um processo demorado.

Quais os cuidados a ter na compra da casa?

– Certifique-se que o imóvel não está penhorado, pois se estiver o tribunalpoderá vender a casa para saldar uma dívida do proprietário;

– Deve verificar-se se o imóvel não tem a incidir sobre ele algum direito deusufruto, pois que existindo tal direito, ele vai seguir a casa, independente-mente do seu proprietário;

– Verifique de que não existem quaisquer acções judiciais pendentes quetenham por objecto a posse da casa que quer adquirir;

– Veja se está dada em arrendamento, pois se for esse o caso, poderá ser muitodifícil despejar os arrendatários.

– Se se tratar de um terreno para construção, deverá pedir o documento damatriz predial e na Câmara Muncipal deverá informar-se se a construção éou não autorizada (por ex. se já foi emitido ou não alvará, de autorização deloteamento);

– Verifique junto da Repartição de Finanças se não existem dívidas fiscaisresultantes do não pagamento de impostos e/ou taxas;

– Consulte na Câmara Municipal o processo administrativo de concessão dalicença, e sobre possíveis planos directores municipais (PDM) para a futuraárea residencial;

– Se quer comprar uma casa em regime de propriedade horizontal e que estáem segunda mão, certifique junto da Administração do edifício se existem,ou não, quotas de despesas de condomínio em atraso, e qual é o valor dosencargos do prédio.

– Em matéria de custos deverá ter em conta o seguinte:

– Numa fase inicial de negociações, sem que se possa ainda considerardono da casa, terá logo que suportar os seguintes encargos:

– pagar um valor inicial que serve de sinal e princípio de pagamento, nor-malmente, entregue no acto de assinatura do contrato-promessa de

116

Page 113: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

compra e venda, o qual também, muitas vezes, importa despesas queserão a pagar pelo comprador;

– despesas com a documentação da casa (caderneta predial urbana oudocumento equivalente);

– comissão cobrada pelo Banco pela análise, estudo e avaliação do pro-cesso de concessão de empréstimo (crédito bancário), sendo que asinstituições de crédito concedem apenas entre 90% a 100% (apenasalguns bancos) do valor do imóvel;

– despesas em impostos a pagar pelos registos provisórios da aquisição e dahipoteca que garante o empréstimo bancário (emolumentos da Conserva-tória do registo predial e honorários com advogados e/ou solicitadores);

– encargos com o pagamento do imposto de transmissão do imóvel (Sisa),que deverá ser pago antes da realização da escritura pública notarial.

– Numa fase posterior terá ainda que suportar mais alguns encargos:

– Emolumentos com a celebração da escritura pública no cartório notarial;– Emolumentos com a conversão dos registos prediais provisórios em

definitivos (aquisição e hipoteca);– Se não estiver em condições de beneficiar de isenção, terá de pagar o

valor de imposto municipal de Contribuição Autárquica;– Custos com a contratação de um seguro (obrigatório) de incêndio;– Despesas com a contratação dos serviços de água, electricidade e gás.

E se o Estado, ou outra entidade pública, se apropriar de um imóvel daminha propriedade (casa, terreno) expropriado-me, terei direito a algumaindemnização?

Sim. Esse direito está previsto na CRP, na lei civil e numa lei ordinária – oCódigo das Expropriações. Ninguém pode ser privado, no todo ou em parte, doseu direito de propriedade, senão nos casos previstos na lei (art.º 1308.º do Cód.Civil). Assim, também no caso de requisições temporárias de coisa do domínio pri-vado (art.º 1309.º do Cód. Civil). A expropriação, tal como a requisição, só podeser por motivo de utilidade pública ou particular e, no caso de haver, é sempredevida a indemnização adequada ao proprietário (e aos titulares de outros direitosreais afectados) – cf. art.º 1310.º do Cód. Civil.

Quais os critérios legais para apurar o valor da indemnização? Se não meconformar com os motivos e a bondade da expropriação, que direitos meassistem?

A indemnização deve ser justa. Ela não visa compensar o benefício alcançadopela entidade expropriante (Estado), mas ressarcir o prejuízo que advêm da expro-priação para a pessoa expropriada, correspondente ao valor real e corrente dobem, de acordo com o seu destino efectivo ou possível numa utilização econó-

117

Page 114: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

mica normal, à data da publicação da declaração de utilidade pública, tendo emconsideração as circunstâncias e condições de facto existentes. É o Estado quemgarante o pagamento da justa indemnização (art.º 23.º do Cód. das Expropriações).No caso do expropriado considerar que a expropriação viola esse princípio dejustiça, que o processo expropriativo não prossegue o interesse público, que nãorespeita os direitos e interesses legalmente protegidos do expropriado e demais inte-ressados, não respeita os princípios da legalidade, igualdade, proporcionalidade,imparcialidade e a boa-fé, então pode (cfr. art.º 2.º do Cód. das Expropriações)recorrer ao tribunal. Igualmente, no caso de não haver acordo amigável sobre ovalor da indemnização, ele será fixado por arbitragem, com recurso para os tribu-nais comuns (art.º 38.º do Cod. das Expropriações).

LEGISLAÇÃO

– Código Civil Português;– D.L. n.º 268/94, de 25/10: regulamenta o regime de condomínio previsto no C. Civil;– D.L. n.º 269/94, de 25/10: cria as contas poupança condomínio.

O que é a propriedade horizontal?

A propriedade horizontal foi concebida para a divisão de um edifício emfracções independentes, distintas e isoladas entre si, pertencentes a proprietáriosdiferentes, com saída comum para a via pública ou qualquer parte comum do edi-fício. O proprietário de uma fracção é, proprietário exclusivo dela e compro-prie-tário (juntamente com os restantes proprietários) das partes comuns do edifício,que são acessórias em relação à unidade autónoma, designadamente: o solo, o tel-hado, as coberturas, os acessos, etc. Ao proprietário da fracção, a lei designa-o decondómino.

A constituição da propriedade horizontal é feita por escritura pública, constitu-indo este documento público o Título Constitutivo de Propriedade Horizontal, noqual se indicam as partes comuns, se identificam as diversas fracções e o valor decada uma, segundo uma percentagem ou permilagem, e o fim a que se destinam(habitação, comércio ou serviços). O título constitutivo, está sujeito a registo predial.Sem o título, as fracções autónomas não poderão ser inscritas a favor dos novosproprietários. Importa salientar que o registo só pode ser feito se for previamenterealizada uma vistoria pela Câmara Municipal que certifique que cada fracção éindependente, distinta e isolada entre si, comunicando para o exterior ou zonacomum de circulação.

3. A Propriedade Horizontal

118

Page 115: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

O que é o Condomínio?

É a situação jurídica em que se encontram vários sujeitos, que sendo contitula-res de uma coisa comum, têm direitos de propriedade próprios sobre fracçõesindividualizadas dessa coisa. É esta situação que se verifica, na propriedade hori-zontal.

Que direitos e obrigações assistem ao condómino que habita numa fracçãoautónoma?

O condómino tem direitos e deveres recíprocos relativamente aos outros con-dóminos.

Quanto aos direitos, podemos dizer que tem quanto à sua fracção, um direitode propriedade absoluto, que se traduz:

– no direito de usar, fruir e dispor da sua unidade habitacional como bementender, ou seja, tem o direito de habitar ou não habitar a fracção queadquiriu, pode vende-la ou dá-la de arrendamento, etc.

Quanto aos deveres, está obrigado ao pagamento de todas as despesas quesejam necessárias para manter as partes comuns em condições de funcionamento.Assim cabe-lhe assegurar o pagamento:

– das despesas correntes (ex.: água, electricidade, limpeza das escadas, eleva-dores, etc.);

– das despesas extraordinárias, como por exemplo, as obras que requeremreparações indispensáveis e urgentes (substituição da canalização, fuga degás na conduta do prédio, etc.) ou obras de beneficiação (reconstruçãodo edifício, colocação de uma antena parabólica, etc.).

O condómino está ainda obrigado a efectuar um seguro contra incêndio.Pode fazê-lo individualmente ou juntamente com todos os restantes condóminos,através do seguro multi-riscos condomínio, que é um seguro mais abrangentee, em princípio, mais barato.

Nota: Cada condómino paga uma quota (mensal ou trimestral), na proporção do valor (permilagem)da sua fracção. Para as despesas extraordinárias, a lei impõe a constituição obrigatória de umfundo comum de reserva. Cada condómino deve comparticipar no mínimo com 10% da quotamensal.

Há limitações ao direito de propriedade dos condóminos?

Sim. A lei civil definiu uma série de actos que são proibidos aos condóminose moradores, nomeadamente:

– emissão de fumo, cheiros, calor, ruídos, produção de trepidações, etc., quesejam capazes de prejudicar os vizinhos;

119

Page 116: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– obras que ponham em causa a segurança ou a linha arquitectónica do edifício.– a utilização da fracção para fins a que não está destinada ou que constitua

uma ofensa aos bons costumes.– apropriação de partes comuns do prédio, etc.

O Título Constitutivo da Propriedade Horizontal e o Regulamento do Condo-mínio, podem também conter normas jurídicas que proíbem determinados actos.O imigrante, quer na qualidade de condómino, quer na de morador, deve tambémrespeitar e fazer respeitar essas normas.

Quem Administra o Condomínio?

A administração do condomínio, isto das partes comuns do edifício, cabe a umórgão deliberativo, a Assembleia de Condóminos e a um órgão executivo, oAdministrador.

LEGISLAÇÃO

– D.L. n.º 349/98, de 11/11, regulamentado pelas Portarias n.º s 963/98, de 11/11 e964/98, de 11/11.

Pode um imigrante contrair um empréstimo para compra de casa?

Pode. No entanto, poderá enfrentar alguns obstáculos na obtenção do emprés-timo, dado que algumas instituições financeiras, incluindo os bancos, colocamdificuldades para a concessão do capital necessário à compra da casa, exigindogarantias acrescidas e, até em alguns casos, não concedem mesmo empréstimosa estrangeiros. De qualquer forma, antes de pedir o empréstimo, é conveniente ainformação junto do banco sobre todos os custos envolvidos na aquisição da casa.Pois, quando se compra uma casa, além de se pagar o valor que o vendedor pede,tem de se suportar uma série de outras despesas, como por exemplo, as comissõesbancárias, os registos provisórios de aquisição, escrituras públicas de aquisição ehipoteca e o imposto de sisa. Estas despesas são calculadas em função do valor dahabitação e do empréstimo que, nalguns casos, podem atingir montantes bastanteelevados. Os empréstimos têm uma duração máxima de 30 anos, podendo, noentanto, ser antecipadamente amortizados, total ou parcialmente.

4. O Crédito à Habitação

120

Page 117: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Constituição da República Portuguesa (C.R.P);– Lei n.º 48/90, de 24/08: aprova a Lei de Bases da Saúde;– D.L n.º 48 357, de 27/04/1968: aprova o Estatuto Hospitalar;– Despacho n.º 25.360/2001, do Ministro da Saúde: determinações sobre o regime de

Acesso à saúde por parte dos imigrantes (Publicado no DR n.º 286, II Série, de 12 deDezembro).

Em que condições os imigrantes têm acesso a cuidados médicos de saúde?

O direito à protecção da saúde consagrado na Constituição da RepúblicaPortuguesa assenta num conjunto de valores fundamentais como a dignidadehumana, a equidade, a ética e a solidariedade. Em Portugal, os serviços oficiaispara prestação de cuidados de saúde à população encontram-se organizados noServiço Nacional de Saúde (S.N.S). Para além do S.N.S, existem diversos subsis-temas de saúde, instituições de saúde privadas e profissionais em regime liberal.O S.N.S oferece um conjunto de instituições e serviços, designadamente Centrosde Saúde e Hospitais, que estão aptos a prestar todos os cuidados de saúde neces-sários à população. Quanto aos imigrantes, estes do mesmo modo e nas mesmascondições que os nacionais, têm direito de acesso a cuidados médicos do S.N.S.Assim, para que lhes sejam prestados os cuidados de saúde deverão:

– possuir autorização de residência, permanência ou visto de trabalho, con-forme as situações aplicáveis;

– trabalhar e descontar para a segurança social;– inscrever-se no Centro de Saúde da área de residência.

O que é necessário para me inscrever no Centro de Saúde da minha áreade residência?

Para a inscrição no Centro de Saúde é necessário:– pedir um atestado da Junta de Freguesia a comprovar que reside naquela

área (Atestado de Residência). Para este atestado são precisas 2 testemunhas

CAPÍTULO VI

A SAÚDE

1. O Serviço Nacional de Saúde

121

Page 118: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

também residentes na área, que confirmem a informação, podem ser parti-culares (pessoas conhecidas, vizinhos) ou, estabelecimentos comerciais(o dono da pensão, as lojas onde é cliente).

– Depois do atestado ser passado pela Junta de Freguesia, as pessoas devemdirigir-se ao Centro e inscrever-se num médico de família à sua escolha ouonde houver vaga.

O Centro de Saúde da área de residência emite um cartão de identificaçãode utente do SNS que deve ser sempre apresentado para marcar consultas ouexames médicos em qualquer unidade de Saúde pública.

O acesso às consultas nos Centros de Saúde, aos exames médicos bem comoo recurso às urgências hospitalares é facultado mediante o pagamento de umapequena quantia, a título de taxa moderadora, cujos valores variam entre€ 1,50 a 5,00 para os seguintes situações:

– Consultas de urgência nos Hospitais Centrais: 5 €;– Consultas de urgência nos Hospitais Distritais: 3 €;– Consultas de urgência nos Serviços de Atendimento Permanente: 2 €;– Consultas de urgência nos Centros de Saúde: 2 €;– Consultas nos Centros de Saúde: 1,5 € (2 € se for de urgência).

Estão isentos desta taxa:– As crianças até aos 12 anos de idade;– Mulheres grávidas;– Desempregados inscritos nos Centros de Emprego, e seus dependentes.– As pessoas que devido a uma situação de carência são beneficiárias de

subsídios atribuídos por uma entidade oficial.

Nota: Pelo seu interesse, reproduz-se aqui o Despacho n.º 25.360/2001, do Ministro da Saúde –Acesso à saúde por parte dos imigrantes (Publicado no DR n.º 286, II Série, de 12 de Dezem-bro):1. É facultado aos cidadãos estrangeiros que residam legalmente em Portugal, o acesso, em

igualdade de tratamento aos beneficiários do Serviço Nacional de Saúde, adiante SNS, aoscuidados de saúde e de assistência medicamentosa, prestados pelas instituições e serviçosque constituem o SNS.

2. Para efeitos de obtenção do cartão de utente do SNS, instituído pelo Decreto-Lei n.º 198/95,de 29 de Julho, na redacção que lhe foi dada pelos Decretos-Lei n.º 468/97, de 27 de Feve-reiro, e n.º 52/2000, de 7 de Abril, deverão os cidadãos estrangeiros exibir, perante osserviços de saúde da sua área de residência, o documento comprovativo de autorização depermanência ou de residência, ou visto de trabalho em território nacional, conforme as situa-ções aplicáveis.

3. Os pagamentos de cuidados de saúde prestados, pelas instituições e serviços que constituemo SNS, aos cidadãos estrangeiros, referidos no número anterior, que efectuem descontos paraa segurança social, e respectivo agregado familiar, é assegurado nos termos gerais.

122

Page 119: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

4. Os cidadãos estrangeiros que não se encontrem numa das situações previstas no número 2do presente despacho, têm acesso aos serviços e estabelecimentos do SNS, mediante a apre-sentação junto dos serviços de saúde da sua área de residência de documento comprovativo,emitido pelas juntas de freguesia, nos termos do disposto no art.º 34.º, do Decreto-Lein.º 135/99, de 22 de Abril, de que se encontram em Portugal há mais de noventa dias.

5. Aos cidadãos estrangeiros referidos no número anterior, nos termos do disposto na al. c), don.º 2, da Base XXXIII, da Lei de Bases da Saúde, poderão ser cobradas as despesas efectua-das, exceptuando a prestação de cuidados de saúde em situações que ponham em perigo asaúde pública, de acordo com as tabelas em vigor, atentas as circunstâncias do caso concreto,nomeadamente no que concerne à situação económica e social da pessoa, a aferir pelosserviços de segurança social.

6. As instituições e serviços que constituem o SNS que prestem cuidados de saúde, ao abrigodeste despacho, deverão elaborar relatórios de onde conste o número, a nacionalidade, aprofissão, a residência, e a idade e sexo, do cidadão estrangeiro, bem como o número e anatureza dos actos médicos praticados, e a facturação respectiva.

7. Os relatórios referidos no número anterior são enviados, mensalmente, para as Administra-ções Regionais de Saúde, adiante ARS, que após análise os remeterá ao Instituto de GestãoInformática e Financeira da Saúde para efeitos de tratamento estatístico.

8. No acto de prescrição, e sempre que estejam em causa cidadãos abrangidos pelos números4 e 5 do presente despacho, o médico deverá mencionar na receita de que se trata de umdoente abrangido pelo mesmo.

9. De acordo com os princípios estabelecidos no Acordo para o Fornecimento de Medicamen-tos celebrado entre o Ministério da Saúde e a Associação Nacional das Farmácias, deverão asfarmácias enviar às ARS a facturação resultante da dispensa de medicamentos aos cidadãosestrangeiros abrangidos por este despacho.

O que é um Centro de Saúde?

É uma unidade básica do S.N.S. para atendimento e prestação de cuidados desaúde à população. Nele trabalham médicos de família e de clínica geral, médicosde saúde pública e enfermeiros que prestam cuidados de saúde essenciais, pre-ventivos e curativos. Para além do pessoal administrativo e auxiliar, trabalhamainda técnicos de saúde ambiente, nutricionistas, psicólogos, etc.

Que tipos de serviços podem ser prestados pelo Centro de Saúde?

Consulta de clínica geral e medicina familiar, Serviços de saúde pública,Unidade de serviço social, Unidade de psicologia clínica, Unidade de nutrição,Cuidados de enfermagem, Saúde escolar, Consulta de Jovens, Consulta de planea-mento familiar, Consulta de saúde materna, Atendimento domiciliário, Consultasde urgência.

Onde estão consagrados os direitos e os deveres dos doentes em Portugal?

Estão definidos na chamada «Carta dos Direitos e Deveres dos Doentes».Este instrumento jurídico representa mais um passo no caminho da dignificação

dos doentes, do pleno respeito pela sua particular condição e da humanização doscuidados de saúde.

123

Page 120: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Quais são os objectivos da Carta?

Têm os seguintes objectivos:

– Consagrar o primado do cidadão, considerando-o como a figura central detodo o Sistema de Saúde;

– Reafirmar os direitos humanos fundamentais na prestação dos cuidados desaúde e, especialmente, proteger a dignidade e integridade humanas, bemcomo o direito à autodeterminação;

– Promover a humanização no atendimento a todos os utentes, principalmenteaos grupos vulneráveis;

– Desenvolver um bom relacionamento entre os doentes e os prestadores decuidados de saúde e, sobretudo, estimular uma participação mais activa porparte do doente;

– Proporcionar e reforçar novas oportunidades de diálogo entre organizaçõesde doentes, prestadores de cuidados de saúde e administração das institui-ções de saúde.

Quais são, então, os direitos e deveres dos doentes em Portugal?

São direitos dos doentes:

– Os doentes tem direito a ser tratados no respeito pela dignidade humana;– O tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais, filosóficas e reli-

giosas;– O doente tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de

saúde, no âmbito dos cuidados preventivos, curativos, de reabilitação eterminais;

– O doente tem direito à prestação de cuidados continuados;– O doente tem direito a ser informado acerca dos serviços existentes, suas

competências e níveis de cuidados;– O doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde;– O doente tem direito a obter uma segunda opinião sobre a sua situação de

saúde;– O doente tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qual-

quer acto médico ou participação em investigação ou ensino clínico;– O doente tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica e

elementos identificativos que lhe respeitam;– O doente tem direito de acesso aos dados registados no seu processo clínico.– O doente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer acto

médico;– O doente tem direito por si, ou por quem o represente, a apresentar suges-

tões e reclamações.

124

Page 121: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

São deveres dos doentes:

– O doente tem o dever de zelar pelo seu estado de saúde. Isto significa quedeve procurar garantir o mais completo restabelecimento e também parti-cipar na promoção da própria saúde e da comunidade em que vive;

– O doente tem o dever de fornecer aos profissionais de saúde todas as infor-mações necessárias para obtenção de um correcto diagnóstico e adequadotratamento;

– O doente tem o dever de respeitar os direitos dos outros doentes;– O doente tem o dever de colaborar com os profissionais de saúde, respei-

tando as indicações que lhe são recomendadas e, por si, livremente aceites;– O doente tem o dever de respeitar as regras de funcionamento dos serviços

de saúde;– O doente tem o dever de utilizar os serviços de saúde de forma apropriada

e de colaborar activamente na redução de gastos desnecessários.

125

Page 122: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Constituição da Republica Portuguesa (CRP);– Lei n.º 30-E/2000, de 20/12: Lei de Acesso ao Direito e aos Tribunais;– D. L. n.º 391/98, de 26/10: regulamenta o sistema de apoio judiciário e o seu regime

financeiro.

Qual o significado do acesso ao direito e aos tribunais na República Portu-guesa?

Trata-se de um sistema que se destina a promover que, para cumprimento deum direito consagrado na CRP (art.º 20) a ninguém seja impedido, em razão da suacondição social ou cultural, ou por insuficiência de meios económicos, de conhe-cer, fazer valer ou defender os seus direitos.

Como se concretiza o sistema do acesso ao direito e aos tribunais?

Este sistema concretiza-se através de acções de informação jurídica e de pro-tecção jurídica.

Quais são as modalidades de protecção jurídica existentes em Portugal?

Presentemente existem duas: a consulta jurídica e o apoio judiciário.

Os estrangeiros e apátridas tem direito à protecção jurídica em Portugal?

Têm direito à protecção jurídica, não só os cidadãos nacionais e da UniãoEuropeia, mas também os estrangeiros e apátridas que residam em Portugal e quedemonstrem não dispor de meios económicos bastantes para suportar os hono-rários dos profissionais forenses (advogados) devidos por efeito da prestação dosseus serviços.

Nota: É também reconhecido aos estrangeiros não residentes em Portugal, na medida em que ele sejaatribuído aos portugueses, pelas leis dos respectivos Estados (princípio da reciprocidade).

CAPÍTULO VII

A JUSTIÇA E O APOIO JUDICIÁRIO DO ESTADO

1. O Acesso ao Direito e aos Tribunais Portugueses

126

Page 123: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Quais são, segundo a LI, os direitos de protecção jurídica dos estrangeirosnão admitidos em território português?

Quando entrarem em vigor as alterações à LI prevê-se (art.º 24):

– Que durante a permanência na zona internacional do porto ou aeroporto ouem centro de instalação temporária, o cidadão estrangeiro a quem tenha sidorecusada a entrada em território português poderá comunicar com a represen-tação diplomática ou consular do seu país ou com qualquer pessoa da suaescolha, beneficiando igualmente de assistência de intérprete e de cuidadosde saúde, incluindo a presença de médico, quando necessário.

– Que pode ser, igualmente, assistido por advogado, livremente escolhido,competindo-lhe suportar os respectivos encargos.

Nota: Uma vez que a assistência por advogado não é obrigatória e o cidadão estrangeiro recémchegado ao País terá, certamente, muita dificuldade em escolher livremente um advogado, aOrdem dos Advogados apresentou ao Governo, em Março de 2002, um projecto de Protocolodestinado a garantir um mais efectivo apoio judiciário.

De que condições e requisitos depende o reconhecimento legal do direitodos estrangeiros e apátridas a poderem vir a beneficiar de protecção jurí-dica em Portugal?

Os estrangeiros e apátridas devem ser titulares de autorização de residênciaválida, permanência regular e continuada em Portugal, por período não inferior aum ano, salvo regime especial decorrente de tratado ou convenção internacionalque Portugal deva observar.

Os estrangeiros que requeiram a concessão de asilo ou o reconhecimentodo estatuto de refugiado também podem beneficiar de protecção jurídicaem Portugal? E desde quando?

Sim, a partir da data do respectivo requerimento.

Onde pode um imigrante, residente em Portugal, obter consulta jurídica aum advogado sem ter que lhe pagar os honorários?

Dirigindo-se a um dos Gabinetes de Consulta que o Ministério da Justiça, emcolaboração com a Ordem dos Advogados, tem em funcionamento em váriosTribunais do nosso País. Apesar de não ter que pagar os honorários ao advogadoconsultado, poderão os seus serviços ficar sujeitos ao pagamento de uma taxa deinscrição. Por vezes, algumas Associações de Imigrantes ou de Defesa dos DireitosHumanos, põem à disposição dos seus associados (e por vezes, de terceiros)serviços gratuitos de aconselhamento jurídico.

127

Page 124: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Nota: A Ordem dos Advogados e a Embaixada de Cabo Verde em Portugal, celebraram em 14/01/2003,um Protocolo através do qual está prevista a criação de dois Gabinetes de Consulta Jurídica, asituar, preferencialmente, no Bairro do Alto da Cova da Moura (Amadora) e outro na Baixa daBanheira (Barreiro), por ser nesses bairros carenciados da região da Grande Lisboa em que seconcentra uma grande parte dos trabalhadores imigrantes, designadamente, cabo-verdianos.

Que modalidades de apoio judiciário existem presentemente em Portugal?

O regime de apoio judiciário compreende as seguintes modalidades e outrostantos benefícios:

– Dispensa, total ou parcial, de pagamento taxa de justiça e demais encargoscom um processo;

– Diferimento do pagamento de taxa de justiça e demais encargos com umprocesso;

– Nomeação e pagamento de honorários de patronos advogados estagiáriose solicitadores ou, em alternativa, pagamento de honorários do patronoescolhido.

Por quem pode ser requerida a obtenção do benefício do apoio judiciário?

O apoio judiciário pode ser requerido:

– Pelo interessado na sua concessão;– Pelo Ministério Público em representação do interessado;– Por advogado, advogado estagiário ou solicitador, em representação do inte-

ressado, bastando para comprovar essa representação as assinaturas conjun-tas do interessado e do patrono;

– Por patrono para esse efeito nomeado pela Ordem dos Advogados ou peloCâmara dos Solicitadores, a pedido do interessado.

Como fazer prova, para efeito de poder obter a concessão de apoio judi-ciário, da situação de insuficiência económica?

Poderá o interessado fazer prova por qualquer meio legalmente idóneo, ou seja,através de documentos e/ou testemunhas.

Quem é que, segundo a lei, goza da presunção de insuficiência económica epor esse motivo está dispensado de fazer prova desse facto?

– Quem estiver a receber alimentos por necessidade económica;– Quem reunir as condições exigidas para a atribuição de quaisquer subsídios

em razão da sua carência de rendimentos;– Quem tiver rendimentos mensais, provenientes do trabalho, iguais ou infe-

riores a uma vez e meia o salário mínimo nacional;

128

Page 125: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– O filho menor, para efeitos de investigar ou impugnar a sua maternidade oupaternidade;

– O requerente de alimentos;– Os titulares de direito a indemnização por acidente de viação.

Nota: Por alimentos, entende-se tudo quanto seja necessário ao sustento, habitação e vestuário. Com-preende ainda, a instrução e educação do alimentando no caso deste ser menor; os alimentosdevem ser fixados em prestações pecuniárias mensais (ex. através do pagamento de uma pensão).

Onde me devo dirigir para apresentar o requerimento de apoio judiciárioao Estado Português?

Em qualquer serviço de atendimento ao público dos serviços da segurançasocial e através do preenchimento de um formulário de modelo próprio que éfacultado gratuitamente por esses serviços (ver no final deste guia um exemplar).

Por quem e de que forma pode ser apresentado o requerimento de apoiojudiciário?

– Pessoalmente pelo interessado.– Por telecópia (fax).– Por via postal.– Por transmissão electrónica, neste caso através do preenchimento do respec-

tivo formulário digital.

Como se processam os trâmites legais do pedido de apoio judiciário?

O procedimento deve estar concluído e decidido no prazo de 30 dias decorri-dos desde que o pedido foi formulado. Decorrido aquele prazo sem que tenhasido proferida uma decisão, considera-se tacitamente deferido o pedido de apoiojudiciário.

Como se concretiza em Portugal o direito de defesa de quem não tendo,através de procuração, constituído advogado, responde como arguido numprocesso penal?

A lei prevê a nomeação oficiosa (isto é, sem que o arguido o requeira) pelaautoridade judiciária (polícias, ministério público e juiz) de um defensor que obri-gatoriamente assistirá o arguido nos seguintes casos:

– No primeiro interrogatório de arguido detido;– No debate instrutório e na audiência, salvo tratando-se de processo que não

possa dar lugar a aplicação de pena de prisão ou de medida de segurança deinternamento;

129

Page 126: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Em qualquer acto processual, sempre que o arguido for surdo, mudo, analfa-beto, desconhecedor da língua portuguesa, menor de 21 anos ou, se sus-citar a questão da sua inimputabilidade ou da sua imputabilidade diminuída;

– Nos recursos ordinários ou extraordinários;– Nos casos de declarações para memória futura;– Na audiência de julgamento realizada na ausência do arguido;– Nos demais casos que a lei determinar.

A nomeação oficiosa de defensor a arguido que dela careça poder recairsobre qualquer pessoa? Até quando se mantêm em funções o defensornomeado?

Não. A nomeação deve recair em defensor que constando das escalas (listas)de advogados ou advogados estagiários organizadas pela Ordem dos Advogados,se encontre presente no acto. O defensor nomeado para um acto mantêm-se paraos actos subsequentes do processo.

Poderei exprimir-me na minha língua natal? Em que casos é que é obrigató-rio o uso da língua portuguesa?

Sim, é possível o uso da língua de origem, desde que haja interprete. Porém, háque ter em conta diversas situações em que é obrigatório o uso da língua portuguesa:

– Nos actos judiciais usar-se-á a língua portuguesa. Quando hajam de ser ouvi-dos (em juízo) os estrangeiros podem, no entanto exprimir-se em línguadiferente, se não conhecerem a portuguesa, devendo nomear-se um intér-prete, quando seja necessário, para, sob juramento de fidelidade, estabelecera comunicação. A intervenção do intérprete é limitada ao estritamente neces-sário (art.º 139.º do Cód. de Processo Civil).

– Documentos em língua estrangeira (não portuguesa): quando se ofereçamem actos judiciais documentos escritos em língua estrangeira que careçamde tradução, o juiz, oficiosamente ou a requerimento de alguma das partes,ordena que o apresentante a junte (art.º 140.º do Cód. de Processo Civil).

– Redacção de actos notariais: são redigidos em língua portuguesa (art.º 42.ºdo Cód. do Notariado).

No actos notariais em que intervenha algum outorgante que não compreendaa língua portuguesa, intervém com ele um interprete da sua escolha, o qual devetransmitir, verbalmente, a tradução do instrumento ao outorgante e a declaraçãode vontade deste ao notário. Se houver mais de um outorgante, e não for possívelencontrar uma língua que todos compreendam, intervêm os interpretes que foremnecessários. A intervenção de interprete é dispensada, se o notário dominar alíngua dos outorgantes a ponto de lhe fazer a tradução verbal do instrumento(art.º 65.º do Cód. do Notariado).

130

Page 127: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Documentos passados fora de Portugal: Tendo sido passados em conformi-dade com a lei do local, são admitidos para instruir actos notariais, inde-pendentemente de prévia legalização. Se houver fundadas dúvidas acerca daautenticidade do documento apresentado no notário, pode ser exigida a sualegalização, nos termos da lei processual. O documento escrito em línguanão portuguesa deve ser acompanhado da tradução correspondente, a qualpode ser feita por notário português, pelo consulado português no paísonde o documento foi passado, pelo consulado desse país em Portugal ou,ainda, por tradutor idóneo que, sob juramento ou compromisso de honra,afirme, perante o notário, ser fiel a tradução.

Nota Prévia

Em 1978, Portugal ratificou a Convenção Europeia dos Direitos do Homem, ficando desdeentão a fazer parte do sistema internacional considerado mais avançado na protecção dos direitos eliberdades fundamentais. Consagrando um conjunto de direitos de diversa natureza (civis, políticos,económicos e culturais), a Convenção instituiu um mecanismo de garantia da aplicação desses direitos,através da criação de um órgão internacional independente que tem por missão apreciar as queixasrelativas à violação, pelos Estados partes, dos direitos previstos na Convenção: o Tribunal Europeu dosDireitos do Homem. Eis pois uma nova porta que se abre àqueles que, tendo esgotado todos os meiosjudiciais e outros previstos na lei interna para reparar uma situação de violação dos seus direitos, nãoconseguiram, ainda assim, obter reparação suficiente por parte das autoridades do seu país . A Conven-ção Europeia dos Direitos do Homem foi aprovada para ratificação pela Lei n.º 65/78 de 13 de Outubro,tendo entrado em vigor em Portugal em 9 de Novembro do mesmo ano (Aviso publicado noDiário da República de 2 de Janeiro de 1979). Em 7 de Abril de 1987 foi publicada a Lei n.º 12/87, queprocedeu à eliminação da maioria das reservas feitas em 1978 à Convenção. São actualmente partesnesta Convenção quarenta e um países.

Como apresentar uma queixa individual ao Tribunal Europeu dos Direitosdo Homem por violação de Direitos Humanos?

Para apresentar uma queixa ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem,basta enviar uma carta para a SECRETARIA DO TRIBUNAL EUROPEU DOS DIREITOS DO

HOMEM: F-67075 Strasbourg Cedex - FRANCE, descrevendo pormenorizadamente osfactos que determinaram a violação, deverá escrever o nome (uma vez que oTribunal não pode apreciar queixas anónimas), e a morada (porque, frequente-mente, o Tribunal solicita, na resposta, novos elementos e, se houver necessidade,o preenchimento de formulário próprio, com vista a mais facilmente obter oselementos de informação indispensáveis à apreciação da queixa)! Se necessário,o Tribunal poderá conceder assistência judiciária gratuita ao requerente para oajudar a apresentar a sua pretensão.

2. Direitos Humanos e Tribunal Europeu dos Direitos do Homem

131

Page 128: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Nota: Antes de dirigir a queixa ao Tribunal convém lembrar os seguintes pontos:– O sistema de protecção instituído cobre um grande conjunto de direitos e liberdades. No

entanto há outros que, embora reconhecidos por outros instrumentos internacionais ou pelalei interna, não estão expressamente consagrados na Convenção. Portanto, certifique-se,antes de mais, de que os direitos ou liberdades de cuja violação se queixa estão consa-grados na Convenção ou Protocolos adicionais.

– Por outro lado, a Convenção visa a protecção dos direitos do Homem relativamente a actospraticados pelo Estado ou da sua responsabilidade. Estão, em princípio, fora do âmbito daConvenção, os actos violadores dos direitos do Homem praticados por particulares, em que oEstado não possa, directa ou indirectamente, ser por eles responsabilizado. Assim, certifique-sede que os actos violadores dos seus direitos são da responsabilidade do Estado.

– É igualmente necessário que aquele que se queixa seja, ele próprio, vítima directa da violação.Nos termos da Convenção, podem queixar-se ao Tribunal, no caso de violação dos seus direi-tos por parte do Estado, todas as pessoas dependentes da jurisdição deste: pessoas singularesou colectivas (sociedades, associações), nacionais, estrangeiras e mesmo apátridas.

– No entanto, e regra geral, só aqueles cujos direitos e liberdades foram violados, ou alguém emsua representação, têm legitimidade para se queixar, sendo necessário que a violação tenhaefectivamente ocorrido, ou nalguns casos esteja na iminência de o ser, e não tenha obtido dasautoridades do Estado reparação considerada suficiente. O Tribunal só pode apreciar queixaspor violação dos direitos e liberdades garantidos pela Convenção se o queixoso tiver esgo-tado, no seu país, todos os meios que a lei lhe faculta para tentar remediar a violação. Assim,verifique se utilizou todos os meios de recurso ou quaisquer vias judiciais ou adminis-trativas susceptíveis de pôr cobro ou reparar devidamente a violação.

– Por outro lado, o Tribunal só pode receber queixas que lhe sejam apresentadas até seis mesesapós a decisão interna definitiva. Assim, atenção, não deixe passar mais de seis meses desdea decisão definitiva para fazer chegar a queixa ao Tribunal.

– O Tribunal não pode apreciar queixas anónimas, nem queixas que sejam essencialmente asmesmas que uma queixa anteriormente examinada pela Comissão Europeia ou pelo Tribunalou já submetida a outra instância internacional.

Qual o processo formal a seguir para apresentação de uma queixa nestainstância?

O processo de apresentação de uma queixa é o seguinte:

– A queixa é entregue na secretaria do tribunal e pode, após uma primeiraapreciação por um Comité composto por três juízes (integrado numa secçãocomposta por 7 juízes), ser arquivada ou considerada inadmissível, se nãotiverem sido apurados factos que revelem violação de direitos ou liberdadesgarantidos pela Convenção, ou se não estiverem preenchidos os requisitosque a Convenção impõe para que a queixa seja admitida. No caso de ter sidoconsiderada admissível, o Tribunal procede à tentativa de resolução amigável.

– Se houver acordo do Estado e do queixoso, poder-se-á encontrar uma solu-ção amigável para o litígio. Se não, o Tribunal continua a apreciação contra-ditória da queixa e, se for necessário realizará um Inquérito para cuja eficazcondução os Estados interessados fornecerão todas as facilidades necessá-rias.

132

Page 129: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Se o Tribunal declarar que houve violação da Convenção ou dos seus proto-colos e, se o Direito interno da Alta Parte Contratante não permitir, senãoimperfeitamente, obviar às consequências de tal violação, o Tribunal atri-buirá à parte lesada uma reparação razoável, se necessário.

– O Tribunal Pleno intervirá: a pedido de uma parte no prazo de três meses acontar da data da sentença proferida por uma secção se o assunto levantaruma questão grave.

133

Page 130: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Penal Português (CP);– D.L. n.º 244/98, de 8/08, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 97/99, de 26/07,

e pelo D.L. n.º 4/2001, de 10/01): Lei da Imigração (LI);– Lei n.º 20/98, de 12 de Maio: Lei do Trabalho de Estrangeiros em Território Português.

Quais são os tipos de crimes e as penas respectivamente aplicáveisprevistos na lei penal portuguesa relacionados com a Imigração Ilegal?

– O crime de auxílio à imigração ilegal, punível com pena de prisão até 3 anos(ou prisão de 1 a 4 anos quando o crime é praticado com intenção lucrativa);

– O crime de associação de auxílio à imigração ilegal, punível com penade prisão de 1 a 5 anos;

– O crime de angariação de mão-de-obra ilegal, punível com pena deprisão de 1 a 4 anos;

– O crime de violação de medida de interdição de entrada (em Portugal)punível com pena de prisão até 2 anos ou multa até 100 dias.

Nota: Quando entrarem em vigor as alterações à LI está previsto:– A responsabilidade criminal e civil das pessoas colectivas e equiparadas (sociedades e asso-

ciações) pelas infracções previstas na LI, quando cometidas pelos seus órgãos ou representan-tes em seu nome e no seu interesse;

– Estas entidades respondem solidariamente, nos termos da lei civil, pelo pagamento dasmultas, coimas, indemnizações e outras prestações em que forem condenados os agentes dasinfracções previstas na LI;

– À responsabilidade criminal pela prática dos crimes previstos na LI acresce a responsabilidadecivil pelo pagamento de todas as despesas inerentes à estada e afastamento dos cidadãosestrangeiros envolvidos;

– No crime de auxílio à imigração ilegal alarga-se o âmbito de incriminação sendo aplicáveltambém a quem favorecer ou facilitar o transito ilegal de cidadão estrangeiro;

– No crime de associação de auxílio à imigração ilegal, a medida da pena de prisão será de 1 a6 anos.

CAPÍTULO VIII

O DIREITO CRIMINAL E O DIREITO DAS CONTRA--ORDENAÇÕES APLICÁVEL À IMIGRAÇÃO ILEGAL

134

Page 131: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Em que medida os imigrantes em situação ilegal e sob coacção física oupsicológica exercida por associações criminosas organizadas, podem terprotecção legal?

Os imigrantes não devem ter receio de denunciar, às autoridades portuguesas,os factos passíveis de procedimento criminal e de que eles próprios, foram tambémvítimas, desde o processo ilegal de entrada até à prática de actividades ilícitas, poisa colaboração com a justiça na investigação desses factos, permite-lhes a obtençãoda autorização de residência com dispensa de visto.

O que é que acontece ao imigrante que entre ilegalmente em Portugal?

O imigrante que entre ilegalmente (clandestinamente) no nosso país, isto é,que não faça a declaração de entrada fica sujeito à aplicação de uma coima que varia entre os € 40 (quarenta) e os € 144.65 (cento e quarenta e quatro euros e sessenta

e cinco cêntimos).

Nota: A coima é uma pena semelhante a uma multa, que tem o carácter de sanção pecuniária de carác-ter administrativo ou judiciário, consoante venha a ser aplicada pelo SEF ou pelo Tribunal. Comas alterações previstas à LI prevê-se um aumento do valor da coima de 60 a 160 Euros.

Além do imigrante, mais alguém pode ser sancionado com a aplicação decoima pela entrada não autorizada de imigrantes?

Sim. As empresas transportadoras. Também às empresas exploradoras de esta-belecimentos hoteleiros ou de alojamentos turísticos será aplicada uma coimaquando não apresentem o boletim de alojamento ou algo que o substitua àsautoridades competentes.

Quais são as infracções legais praticadas pelas entidades patronais, puní-veis com coima?

– A contratação de cidadão estrangeiro não habilitado com autorização deresidência, autorização de permanência ou visto de trabalho;

– A omissão de entrega ao trabalhador de um exemplar do contrato escritodepositado no IDICT;

– A falta de comunicação ao IDICT da cessação do contrato de trabalho;– A omissão, nos mapas de pessoal, do artigo da Lei n.º 20/98, ao abrigo do

qual o trabalhador estrangeiro haja sido contratado.

135

Page 132: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Para além das coimas, poderá ser aplicada simultaneamente outra sanção?

Sim, por um período de seis meses a um ano, poderá ser aplicada a sançãoacessória de privação do:

– direito de participar em arrematações ou concursos públicos que tenham porobjecto a empreitada ou a concessão de serviços públicos e atribuição delicenças e alvarás;

– direito a subsídio ou benefício outorgado por entidades ou serviços públi-cos, bem como a apoios de fundos comunitários.

136

Page 133: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Penal Português (CP);– Lei n.º 134/99, de 28/08: Previne e proíbe as discriminações no exercícios de direitos

por motivos baseados na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica;– D.L. n.º 111/2000, de 4/07: Regulamenta a Lei n.º 134/99, de 28/08.

Antes de entrar nesta questão, importa fazer a análise da legislação portuguesa pertinente nestamatéria começando pela própria Constituição. Um dos eixos em que ela assenta é o princípio da digni-dade da pessoa humana (art.º 1.º), com inúmeros corolários, entre os quais o princípio da igualdade(art.º 13.º), que interdita qualquer tipo de discriminação, entre elas a racial e a nacional. Por outro lado,a Constituição proíbe expressamente, no art. 46.º-4, as organizações racistas ou que perfilhem a ideo-logia fascista, tendo a referência às organizações racistas sido aditada na última revisão (1997). A Lein.º 64/78, de 6 de Outubro, veio regulamentar esse preceito constitucional . O forte sentido anti-racistaplasmado na Constituição tem reflexos no Código Penal.

Quais são os tipos de crimes e penas aplicáveis relacionados com a per-tença de um imigrante a uma raça, etnia ou religião?

Assim, integrado no capítulo dos «crimes contra a humanidade», prevêm-se noCód. Penal, dois tipos de crimes:

– no art.º 239.º do CP, o crime de genocídio e,– no art.º 240.º do CP, o crime de discriminação racial.

O primeiro pune o homicídio ou ofensa corporal grave de membros de gruponacional étnico, racial ou religioso, a sujeição do grupo a condições de existênciaou a tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos, em termos de porem emperigo a sua destruição total ou parcial, e ainda a transferência por meios violen-tos de crianças do grupo para outro grupo ou o impedimento da procriação oudos nascimentos no grupo, desde que todas estas condutas sejam praticadas com

CAPÍTULO IX

PREVENÇÃO, PROIBIÇÃO E SANCIONAMENTODE DISCRIMINAÇÕES NO EXERCÍCIO DE DIREITOS

Introdução

137

Page 134: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

intenção de destruir total ou parcialmente o grupo. A pena que corresponde a estecrime é de 12 a 25 anos de prisão, ou seja, a pena mais grave prevista no CódigoPenal, a par da do homicídio qualificado.

O crime de discriminação racial prevê dois tipos de condutas: por um lado, aconstituição ou participação em organização, ou o desenvolvimento de actividadesde propaganda racista, condutas estas punidas com prisão de 1 a 8 anos; poroutro, a provocação de actos de violência racista, ou a difamação ou injúria contrapessoa ou grupo de pessoas por razão de raça, cor, origem étnica ou nacional oureligião, quando praticadas em reunião pública ou através da comunicação social,com intenção de incitar ou de encorajar a discriminação racial ou religiosa, crimepunido com prisão de 6 meses a 5 anos. Pune-se aqui fundamentalmente o prose-litismo racista ou o incitamento a actos de violência racista.

Qual a expressão em Portugal deste tipo de criminalidade racista ou xenó-foba?

Não têm tido estes crimes qualquer expressão nas estatísticas criminais. Naverdade, as Estatísticas da Justiça dos últimos dez anos não contêm nenhuma con-denação por qualquer deles, os únicos «vestígios» encontrados são um processo nafase de julgamento em 1991 e quatro participações à polícia em 1997. O únicocaso de que se tem conhecimento diz respeito à recente (Fev. de 2002) condena-ção de um Presidente de uma Junta de Freguesia na pena de 9 meses de prisão(suspensa na sua execução) pela prática de dois crimes de discriminação racialpor meio de difamação contra os ciganos, por o tribunal ter dado como provadosos factos seguintes: numa reunião pública da assembleia municipal afirmou. «Dou1000 contos a quem me trouxer um cigano sério» e «a maioria dos ciganos rouba»,e mais tarde, à comunicação social (SIC), «Mas toda a gente sabe, como é referidoconstantemente nos jornais que, de facto, os ciganos vivem muito à volta das habi-lidades e da droga, como se viu no caso de Oleiros, em que grande parte da famí-lia foi apanhada com droga», tendo ainda aproveitando para perguntar: «Já viualgum cigano a trabalhar numa empresa?» e concluiu: «Se eu estivesse a falar deLisboa, referia-me aos negros, que lá são muitos e toda a gente sabe que roubammais»). Não há motivo para espanto: estamos aqui no domínio do racismo puro eassu-mido, com reduzida expressão em Portugal.

De que outras formas se manifesta em Portugal ao nível da legislaçãocriminal a valoração e perseguição de condutas com carácter racista?

São de realçar ainda outras duas manifestações de perseguição do racismo noCódigo Penal: segundo a alínea d) do art.º 132.º, considera-se susceptível de quali-ficar (agravar) o crime de homicídio a circunstância de o crime «ser determinadopor ódio racial, religioso ou político», o mesmo sucedendo com o crime de ofensa

138

Page 135: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

à integridade física (art.º 146.º). Note-se que, relativamente a estes crimes, e aosjá referidos, podem constituir-se assistentes no processo as associações de comuni-dades de imigrantes, anti-racistas ou defensoras dos direitos humanos (Lei n.º 20/96,de 6 de Julho). De fora do Código Penal ficaram os actos discriminatórios nãoviolentos, ou melhor, os actos discriminatórios violadores de direitos fundamentaispraticados com motivação racial, nacional ou étnica, que apesar de graves nãosuficientemente censuráveis para se constituírem como crimes. Foi para colmataressa «lacuna» que foi criada a Lei n.º 134/99, de 28 de Agosto.

Existe em Portugal alguma lei específica que tenha por finalidade prevenire proibir as discriminações no exercício de direitos por motivos baseadosna raça, cor, nacionalidade ou origem étnica que apesar de graves não sãosuficientemente violentos para constituírem crime?

Sim. A Lei n.º 134/99, de 28/08, a qual tem por objecto «prevenir e proibir adiscriminação racial sob todas as formas e sancionar a prática de actos que setraduzam na violação de quaisquer direitos fundamentais, ou na recusa ou con-dicionamento do exercício de quaisquer direitos económicos, sociais ou cultu-rais,por qualquer pessoas, em razão da sua pertença a determinada raça, cor, nacio-nalidade ou origem étnica».

Nota: Por sua vez, esta lei foi já regulamentada pelo D.L. n.º 111/2000, de 4/07.

O que é legalmente considerado como discriminação racial?

Entende-se por discriminação racial qualquer distinção, exclusão, restrição ou pre-ferência em função da raça, cor,ascendência, origem nacional ou étnica, que tenhapor objectivo ou produza como resultado a anulação ou restrição do reconhe-cimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de direitos, liberdades egarantias ou de direitos económicos, sociais e culturais.

Que comportamentos é que a lei considera como práticas discriminatórias?

«Consideram-se práticas discriminatórias as acções ou omissões que, em razãoda pertença de qualquer pessoa a determinada raça, cor, nacionalidade ou origemétnica, violem o princípio da igualdade, designadamente:

a) A adopção de procedimento, medida ou critério, directamente pela entidade empre-gadora ou através de instruções dadas aos seus trabalhadores ou a agênciade emprego, que subordine a factores de natureza racial a oferta de emprego, acessação do contrato de trabalho ou a recusa de contratação;

b) A produção ou difusão de anúncios de ofertas de emprego, ou outras formas depublicidade ligada à pré-selecção ou ao recrutamento, que contenham, directa ouindirectamente, qualquer especificação ou preferência baseada em factores dediscriminação racial;

139

Page 136: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

c) A recusa de fornecimento ou impedimento de fruição de bens ou serviços, por partede qualquer pessoa singular ou colectiva;

d) O impedimento ou limitação ao acesso e exercício normal de um actividade econó-mica por qualquer pessoa singular ou colectiva;

e) A recusa ou condicionamento de venda, arrendamento, ou subarrendamento deimóveis;

f) A recusa de acesso a locais públicos ou abertos ao público;g) A recusa ou limitação de acesso aos cuidados de saúde prestados em estabelecimen-

tos de saúde públicos ou privados;h) A recusa ou limitação de acesso a estabelecimentos de ensino público ou privado;i) A constituição de turmas ou a adopção de outras medidas de organização interna

nos estabelecimentos de ensino público ou privado, segundo critérios de discrimina-ção racial (salvo se tais critérios forem justificados pelos objectivos de garantir oexercício, em condições de igualdades, a direitos de que beneficiam certos gruposdesfavorecidos);

j) A adopção de prática ou medida por parte de qualquer órgão, funcionário ou agenteda administração directa ou indirecta do estado, das Regiões Autónomas ou dasautarquias locais, que condicione ou limite a prática do exercício de qualquer direito;

l) A adopção por entidade empregadora de prática que no âmbito da relação laboraldiscrimine um trabalhador ao seu serviço;

m) A adopção de acto em que, publicamente ou com intenção de ampla divulgação,pessoa singular ou colectiva emita uma declaração ou transmita uma informaçãoem virtude da qual u grupo de pessoas seja ameaçado, insultado ou aviltado pormotivos de discriminação racial» (art.º 3.º da Lei n.º 134/99, de 28/08) e art.º 2.º doD.L. n.º 111/2000, de 4/07).

Nota: É proibido despedir, aplicar sanções ou prejudicar por qualquer outro meio o trabalhadorpor motivo de exercício de direito ou de acção judicial contra prática discriminatória (n.º 2, doart.º 2.º, da Lei n.º 134/99, de 28/08 e n.º 2 do art.º 4.º do D.L. n.º 111/2000, de 4/07).

Quais são as sanções legais aplicáveis aos ditos comportamentos discri-minatórios?

A prática de qualquer daqueles actos não constituem crimes, mas sim contra--ordenações, ou seja, infracções ao direito de mera ordenação social, sendo puni-das com coimas que, são graduadas da seguinte forma (art.º 9 da Lei n.º 134/99 e art.º3.º do D.L. n.º 111/2000, de 4/07):

– Se o autor for pessoa singular – entre uma e cinco vezes o valor mais ele-vado do salário mínimo mensal.

– Se o autor for pessoa colectiva – entre duas e dez vezes o valor mais elevadodo salário mínimo mensal.

Nota: Em caso de reincidência, os limites são elevados para o dobro. Em qualquer caso pode ainda,eventualmente, haver responsabilidade civil do agente discriminador. Também podem ser apli-cadas penas acessórias, como a publicidade da decisão condenatória, advertência ou censurapública dos autores das práticas discriminatórias.

140

Page 137: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Está previsto na lei alguma forma de acompanhamento da sua aplicação?

Sim. A Lei n.º 134/99, institui uma Comissão com o fim de acompanhar a suaaplicação. Esta Comissão é presidida pelo Alto Comissário para a Imigração eMinorias Étnicas (ACIME) e integra representantes:

– eleitos pela Assembleia da República (2);– do Ministério do Trabalho e da Solidariedade (1);– do Ministério da Educação (1);– das Associações de Imigrantes (2);– das Associações Anti-Racistas (2);– das Centrais Sindicais (2);– das Associações Patronais (2);– das Associações de Defesa dos Direitos Humanos (2) e– três personalidades a designar pelos restantes membros.

Que críticas se podem fazer à Lei n.º 134/99, de 28.08?

A opção pelo direito de mera ordenação social, em detrimento do direito penal,para sancionamento destas condutas, é discutível. Por exemplo, em Espanha,alguns desses comportamentos estão incluídos no Código Penal (art.º s 314.º, 511.ºe 512.º do CP de 1995) e o mesmo sucede em França (art.os 225-1 e 225-2 do CPde 1994), para citar os dois códigos penais mais recentes dos países da UniãoEuropeia. O bem jurídico subjacente – o direito à não discriminação na fruição dosdireitos fundamentais e de outros direitos das pessoas – é sem dúvida merecedorde tutela penal. Contudo, a opção do legislador português parece-me justificada.O direito penal, numa sociedade democrática, é a última ratio dos meios de inter-venção do estado, quer dizer, só deve ser utilizado quando outros meios, menosgravosos, se mostrem insuficientes (princípio da subsidariedade ou da intervençãomínima). Ora, não está demonstrado que o direito de mera ordenação social nãoseja suficiente.

Poderá um estrangeiro, em consequência da prática de um crime rela-cionado com o tráfico de drogas em que tenha sido condenado por umtribunal português, ser automaticamente expulso de Portugal?

Não. A expulsão de estrangeiros está prevista não só para o caso de entradairregular no território nacional, como também nas hipóteses de prática de actoscontrários aos interesses nacionais (art.º 99.º do D.L. n.º 244/98). Está previstaainda, como pena acessória, para os casos de condenação na prática de um crime(art.º 101.º do mesmo diploma). Note-se, no entanto, que o actual regime é substan-cialmente melhor do que o anterior (o D.L. n.º 59/93), que impunha a expulsãocomo efeito automático da condenação, o que era inconstitucional. Agora, a

141

Page 138: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

expulsão depende de um juízo casuístico do juiz, tendo em conta as circunstânciasde facto e pessoais do condenado, nas quais avultam o tempo de residência e asua integração na sociedade portuguesa.

Idêntica evolução positiva sofreu a lei da droga (D.L. n.º 15/93, de 22/01,relativamente ao anterior D.L. n.º 430/83, de 13/12). Ficou a dever-se ao TribunalConstitucional a inflexão legislativa, após sucessivos acórdãos julgando inconstitu-cional o artigo 34.º-2 do D.L. n.º 430/83, interpretado no sentido de que a conde-nação de um estrangeiro por um crime de tráfico de estupefacientes tinha comoefeito necessário ou automático a sua expulsão do País.

Em que casos me é legítimo esperar obter protecção por parte do consu-lado ou embaixada do meu país de origem, em Portugal?

Em princípio, o imigrante terá direito a obter tal protecção nas eventualidadesseguintes:

– Morte – eventualmente, para custeio das despesas de funeral e transporte.– Acidente (de viação ou laboral);– Doença grave;– Prisão;– Detenção;– Crime violento;– Ajuda e repatriamento de cidadãos em dificuldades.

Nota: A protecção efectiva dependerá da capacidade e meios humanos e financeiros disponíveis porparte do consulado, ou embaixada do país de origem do imigrante. Os Governos dos Estadosmembros da União Europeia decidiram em 19/12/1995, adoptar medidas para garantir a pro-tecção consular nos casos atrás referidos.

142

Page 139: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Convenção de Roma, de 19/06/1980: sobre a lei aplicável às obrigações contratuaisem situações de conflitos de leis de vários países).

Qual a lei aplicável às obrigações contratuais em situações de conflitos deleis de vários países?

Quanto a este tema, a nossa lei (especificamente as normas de conflitos de leisconsagradas no Código Civil) determina que se aplica às obrigações provenientesde negócios jurídicos a lei que as partes tiverem determinado para tal (escolha estaque tem de respeitar o critério do interesse sério das partes ou o da conexão como negócio). Na falta desta escolha ou na sua impossibilidade, vale a lei da residên-cia habitual comum das partes (art.º 42 n.º 1 C. Civil). Sobre esta matéria (isto é,sobre a lei aplicável, às obrigações contratuais em situações de conflitos de leis devários países) foi celebrada uma Convenção aberta à assinatura em Roma, em 19de Junho de 1980, de que Portugal é parte.

CAPÍTULO X

LEI APLICÁVEL ÀS OBRIGAÇÕES CONTRATUAISEM SITUAÇÕES DE CONFLITOS DE LEISDE VÁRIOS PAÍSES

143

Page 140: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Convenção de Bruxelas, de 27.09.68, relativa à competência judiciária e a execuçãode decisões em matéria civil e comercial;

– Convenção de Lugano, de 16 de Setembro de 1988, relativa à competência judiciáriae a execução de decisões em matéria civil e comercial na União Europeia;

– Código de Processo Civil.

Um imigrante poderá em matéria de divórcio, separação de pessoas e bensou anulação do casamento ver reconhecida em Portugal sem necessidadede recurso prévio a qualquer processo judicial uma decisão judicial do seupaís de origem que o já havia declarado na situação de divorciado, sepa-rado ou com o seu casamento anulado?

A resposta a esta questão pode variar. Assim, poderá responder-se:Sim, desde que se trate de:Cidadãos nacionais de Estados membros da União Europeia que aderiram a

Tratados Internacionais como a Convenção de Lugano, (de 16 de Setembro de1988, ratificada em 30 de Outubro, aprovada para ratificação da AR, em 24 de Abrilde 1991, relativa à Competência judiciária e a execução de decisões em matériacivil e comercial): as sentenças judiciais naquelas matérias de direitos privados,(divórcio, separação e anulação de casamento), passaram a ter reconhecimentoautomático (por força do Regulamento n.º 1347/2000), depois de 1 de Março de2002. Assim, nenhum procedimento prévio se torna exigível para a actualizaçãodo estado civil (por ex.: bilhete de identidade) nos órgãos de registo de um Estadomembro da U.E.

Não, tratando-se dos:Demais cidadãos nacionais de outros Estados: pois que, neste caso, aplica-se o

estabelecido no art.º 1094 e seg. do Cód. de Processo Civil que diz: «(…) nenhuma

CAPÍTULO XI

COMPETÊNCIA JUDICIÁRIA E A EXECUÇÃODE DECISÕES EM MATÉRIA CIVIL E COMERCIALNA UNIÃO EUROPEIA

144

Page 141: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

decisão sobre direitos privados, proferida por tribunais estrangeiro ou por árbitrono estrangeiro, tem eficácia em Portugal, seja qual for a nacionalidade das partes,sem estar revista e confirmada». Ora, isto significa que o imigrante interessado teráde recorrer aos serviços de um advogado para que este, como seu procurador, dêentrada num Tribunal português (de 2.ª Instância – Tribunal da Relação), a umprocesso judicial especial destinado a cumprir o disposto na lei processual civilportuguesa.

Nota: Em matéria civil e comercial, encontra-se em vigor em Portugal desde 1 de Julho de 1992 a Con-venção de Bruxelas, de 27.09.68, relativa à Competência judiciária e a execução de decisões.

145

Page 142: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– D.L n.º 238/86, de 19/08 e D.L. n.º 42/88, de 6/02: sobre a obrigatoriedade de uso dalíngua portuguesa nas informações sobre a natureza, características e garantia debens ou serviços;

– D.L n.º 253/86, de 25/08;– D.L. n.º 272/87, de 3/07: Vendas ao domicílio, vendas por correspondência e «vendas

agressivas»;– D.L. n.º 383/89, de 6/11;– D.L. n.º 394-B/84, de 26/12: aprova o Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

(CIVA);– D.L. n.º 454/91, de 28/12:regime jurídico do cheque sem provisão;– D.L. n.º 297/92, de 31/01-: diploma que serviu de base à convenção celebrada pela

ANTRAL relativamente às condições de transporte de passageiros em táxi;– Portaria n.º 128/94, de 1/03: sobre a obrigatoriedade de informar sobre as diferentes

tarifas e suplementos de serviço de táxi;– Lei n.º 23/96, de 26/07: Lei dos Serviços Públicos;– Lei n.º 24/96, de 31/07: Lei de Defesa do Consumidor;– Código Civil (art.º 228.º a 232.º, art.º 913.º e seguintes, art.º 921 e art.º 1225.º);– D. L. n.º 383/89, de 6/11: responsabilidade objectiva do produtor;– Resolução do Conselho de Ministros n.º 189/96, de 28/11;– Constituição da República Portuguesa – art.º 267.º;– Portaria n.º 355/97, de 28/05;– D.L. n.º 138/90, de 26/05: sobre a afixação do preço praticado nos estabelecimentos

de venda a retalho);– Portaria n.º 796/93, de 6/09: sobre preços praticados nos cabeleireiros;– Portaria n.º 797/93, de 6/09: sobre preços praticados oficinas de automóveis;– Portaria n.º 798/93, de 6/09: sobre preços praticados nas lavandarias;– Regulamento (CE) n.º 2027/97: regulamenta a responsabilidade civil no transporte

aéreo (seja internacional ou doméstico) por danos causados a passageiros;– Convenção de Varsóvia de 1929, (modificada pelo Protocolo de Haia de 1955, e

outros protocolos e acordos adicionais) a que Portugal aderiu formalmente«te e semreservas em 20/03/1947;

– D.L. n.º 66/92, de 23/04: responsabilidade civil das transportadoras aéreas.

CAPÍTULO XII

O CONSUMO

146

Page 143: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Existe em Portugal alguma legislação específica para defender os consu-midores?

Sim. A Lei n.º 24/96, de 31 de Junho, estabelece o regime jurídico aplicável àdefesa dos consumidores.

Nesta Lei de base, consagra-se que incumbe ao Estado, às Regiões Autónomas(Açores e Madeira) e às Autarquias Locais (Câmaras e Juntas de Freguesia) prote-ger o consumidor, nomeadamente, através do apoio à constituição e funciona-mento das associações de consumidores e de cooperativas de consumo.

Quem é, legalmente, considerado como consumidor?

Considera-se consumidor todo aquele a quem sejam fornecidos bens, presta-dos serviços ou transmitidos quaisquer direitos, destinados a uso não profissional,por pessoa que exerça com carácter profissional uma actividade económica quevise a obtenção de benefícios.

Quais são os direitos fundamentais do consumidor?

O consumidor tem direito:

– À qualidade dos bens e serviços;– À protecção da saúde e da segurança física;– À formação e à educação para o consumo;– À informação para o consumo;– À protecção dos interesses económicos;– À prevenção e à reparação dos danos patrimoniais ou não patrimoniais que

resultem da ofensa de interesses ou direitos individuais homogéneos, colecti-vos ou difusos;

– À protecção jurídica e a uma justiça acessível e pronta;– À participação, por via representativa, na definição legal ou administrativa

dos seus direitos e interesses.

Qual é o conteúdo útil do direito à qualidade dos bens e serviços?

Os bens e serviços destinados ao consumo devem ser aptos a satisfazer os finsque se destinam e produzir os efeitos que se lhes atribuem, segundo as normaslegalmente estabelecidas, ou, na falta delas, de modo adequado às legítimasexpectativas do consumidor. O consumidor tem direito a uma garantia de bomestado e de bom funcionamento dos bens adquiridos.

147

Page 144: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Que precauções deverá tomar um consumidor aquando da compra de umbem móvel não consumível (por ex. electrodomésticos, calçado, produtostêxteis, audiovisuais, veículos automóveis)?

– Assegurar-se que lhe é entregue um certificado de garantia.– No caso de não lhe ter sido entregue o certificado de garantia, conservar o

documento comprovativo da compra (factura).

Que medidas deverá tomar um consumidor quando verificar que o bemadquirido apresenta um defeito ou deficiência?

– Munido do certificado de garantia ou da factura, deve solicitar, de preferênciapor escrito, a reparação ao comerciante vendedor ou prestador de serviços;

– Após a constatação do defeito, deverá denuncia-lo no prazo de 30 dias.

Qual é o prazo mínimo de garantia dos bens adquiridos?

É necessário distinguir duas situações:–Tratando-se de bens móveis não consumíveis (automóveis, telemóveis, electro-domésticos – panelas de pressão, esquentadores, frigoríficos, arcas congela-doras, etc.): o fornecedor está obrigado a garantir o seu bom estado e funcio-namento por período nunca inferior a um ano, a não ser que pelos usos oupor acordo das partes se estabeleça um prazo mais favorável.

Nota: Tratando-se de coisas novas, desde 1 de Janeiro de 2002, passará de um ano para dois anos.

– Tratando-se de bens imóveis: o consumidor tem direito a uma garantiamínima de cinco anos.

No caso de edifícios ou outros imóveis destinados a longa duração: o compra-dor, dono da obra ou terceiro adquirente tem direito a uma garantia de cinco anos(art.º 1225.º do Cód. Civil).

Nota: A garantia nas viaturas de origem nipónica é, em regra, de três anos (motor e demais peças) oude 100.000 km, entendendo-se, em geral, que a garantia a actuar é a que acaba mais tarde: sese perfizerem os 100.000 km sem se atingir os 3 anos, valerá o número de anos de garantida.E vice-versa.

Que língua deve ser utilizada na informação sobre produtos e serviços deorigem estrangeira? Quais os requisitos legais a que está sujeita a informa-ção e a publicidade?

A informação ao consumidor é prestada em língua portuguesa. A publicidadedeve ser lícita, inequivocamente identificada e respeitar a verdade e os direitos dosconsumidores. As informações concretas e objectivas contidas nas mensagens publi-

148

Page 145: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

citárias de determinados bens, serviços ou direitos consideram-se integradas noconteúdo dos contratos que se venham a celebrar após a sua emissão, tendo-sepor não escritas as clausulas contratuais em contrário.

Qual o conteúdo útil do direito à informação em particular?

O fornecedor de bens ou prestador de serviços deve, tanto nas negociaçõescomo na celebração de um contrato, informar de forma clara, objectiva e adequadao consumidor, nomeadamente, sobre as características, composição e preço do bemou serviço, bem como sobre o período de vigência do contrato, garantias, prazosde entrega e assistência após o negócio jurídico. Esta obrigação de informarimpende também sobre o produtor, o fabricante, o importador, o distribuidor, oembalador e o armazenista.

O que pode fazer o consumidor quando verifique falta de informação,informação insuficiente, ilegível ou ambígua que comprometa a utilizaçãoadequada do bem ou serviços?

O consumidor goza do direito de retractação (revogação) do contrato relativoà aquisição ou prestação, no prazo de sete dias úteis a contar da data de recepçãodo bem ou da data de celebração do contrato de prestação de serviços.

Qual o conteúdo útil do direito à protecção dos interesses económicos?

O consumidor tem direito à protecção dos seus interesses económicos,impondo-se nas relações jurídicas de consumo a igualdade material dos interve-nientes, a lealdade e a boa-fé, nos preliminares, na formação e ainda na vigência doscontratos. Com vista à prevenção de abusos resultantes de contratos pré-estabele-cidos (contratos de adesão), o fornecedor de bens e o prestador de serviços estãoobrigados:

– à redacção clara e precisa, em caracteres facilmente legíveis, das cláusulascontratuais gerias, incluindo as inseridas em contratos singulares.

– à não inclusão de cláusulas em contratos singulares que originem significa-tivo desequilíbrio em detrimento do consumidor.

Tem o consumidor que não solicitou ou encomendou expressamentequaisquer bens ou serviços quaisquer obrigações perante o expedidor?

O consumidor não fica obrigado ao pagamento desses bens ou serviços quenão tenha prévia e expressamente encomendado ou solicitado, ou que não cons-titua cumprimento de contrato válido, não lhe cabendo, do mesmo modo, o

149

Page 146: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

encargo da sua devolução ou compensação, nem a responsabilidade pelo risco deperecimento ou deterioração da coisa. Da lei, parece resultar, somente o deverde conservar a coisa.

A lei estabelece algum prazo para o fornecimento de peça e acessórios emcumprimento de assistência após a venda?

O consumidor tem direito à assistência após a venda, com incidência no forne-cimento de peças e acessórios, pelo período de duração média normal dos produ-tos fornecidos.

Qual o critério para aferir o período normal de uso?

Dado que a lei é omissa quanto a esta questão, é da análise de cada caso con-creto que será possível obter-se uma resposta. Terá o juiz ou o interprete da normade fazer uso da figura do «bom pai de família», do «homem médio padrão», das«regras e usos do mercado».

Exemplo: Não parece que seja legítima a recusa de reparação de um televisor que apresenta umdefeito dois anos após a compra com a alegação de «já se não fabricarem peças para aquelemodelo», uma vez que o período normal de uso de uma TV é certamente superior a dois anos.

O que pode fazer o consumidor que por iniciativa do fornecedor ou de umprestador de serviços, recebeu um bem por meio de correspondência ououtro meio equivalente ou, que lhe foi prestado um serviço fora do estabe-lecimento comercial?

É assegurado ao consumidor o direito de retractação (revogação) no prazo desete dias úteis a contar da data da recepção do bem ou da conclusão do contratode prestação de serviços.

De que meio ou acção processual goza o consumidor para prevenir,corrigir ou fazer cessar práticas lesivas dos seus direitos consignados nalei de defesa dos consumidores?

É-lhe assegurado o direito de instaurar uma acção inibitória destinada precisa-mente a alcançar tais finalidades.

E em que casos e situações é aplicável?

A acção inibitória é aplicável a práticas lesivas dos direitos dos consumidores,nomeadamente, que:

– Atentem contra a sua saúde e segurança física;– Se traduzam no uso de cláusulas gerais proibidas;– Consistam em práticas comerciais expressamente proibidas por lei.

150

Page 147: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Qual o conteúdo útil do direito à reparação dos danos emergentes da vendade bens com defeitos (ex.: calçado, produtos têxteis, electrodomésticos,veículos automóveis)?

O consumidor a quem seja fornecida coisa com defeito, salvo se delas tivessesido informado e esclarecido antes da celebração do contrato, pode exigir, inde-pendentemente de culpa do fornecedor do bem:

– A reparação da coisa;– A sua substituição (não sendo possível a reparação, ou após um número

razoável de reparações sem que se tenha conseguido eliminar o defeito,sendo certo que a lei não estabelece quantas vezes pode o bem ser objectode reparação);

– A redução do preço;– A resolução do contrato (não sendo possível a substituição, por ex. porque

não existe um bem igual, então, a resolução contratual implica para o com-prador o direito a exigir a devolução do preço pago pelo bem defeituoso,desde que proceda à devolução do mesmo).

Nota: Tratando-se de fornecimento de bens ou prestações de serviços defeituosos, o consumidor temdireito à indemnização pelos danos patrimoniais e não patrimoniais resultantes, desde quedenuncie os defeitos no prazo legal.

Em que prazo deve o consumidor levar ao conhecimento (denúncia) dofornecedor o(s) defeito(s) detectado(s) no bem?

Ter-se-ão de se distinguir duas situações:

– Tratando-se de bem móvel: o consumidor deve denunciar o defeito no prazode 30 dias, após o seu conhecimento e dentro dos prazos de garantia previs-tos na lei de defesa do consumidor;

– Tratando-se de bem imóvel: o consumidor deve denunciar o defeito noprazo de 1 ano, após o seu conhecimento, e dentro dos prazo de garantiaprevistos na lei de defesa do consumidor.

Quais as consequências da falta de denúncia atempada?

Os direitos conferidos ao consumidor caducam findo qualquer dos prazosreferidos nas duas situações anteriores, sem que ele tenha feito a denúncia ou,decorridos sobre estes seis meses, não se contando para o efeito, o tempo despen-dido com as operações de reparação.

151

Page 148: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

E se o vendedor, em substituição da devolução do preço pago pelo bem comdefeito, propõe a aceitação de um vale?

A aceitação de um vale para poder comprar outro bem (não desejado) nomesmo estabelecimento corresponde muitas vezes a uma prática corrente e típicadas empresas e vendedores. Porém, o consumidor tem o direito de recusar aceitaro vale, podendo exigir o dinheiro entregue em pagamento do preço.

De que direitos especiais gozam os consumidores no recurso aos Tribunais?

É assegurado ao consumidor o direito à isenção de preparos (custas judiciaisiniciais) nos processos em que pretenda:

– A protecção dos seus direitos;– A condenação por incumprimento do fornecedor do bem ou do prestador

de serviços;– A reparação por perdas e danos emergentes de factos ilícitos ou da respon-

sabilidade objectiva definida nos termos da lei do consumidor, desde queo valor da acção não exceda a alçada do tribunal judicial de 1.ª instância.

Nota: Em 2002, a alçada é de 3.740,98: 2 = 1.870,49 €. Os autores nos processos definidos nos alíneasanteriores ficam isentos do pagamento de custas judiciais em caso de procedência parcial darespectiva acção.

Desta isenção de custas também poderão beneficiar os consumidores quesejam demandados?

«A pretensão do demandado é de sinal contrário à do demandante» (Prof.Castro Mendes), daí que, se o consumidor for demandado e se defender porimpugnação dos factos que lhe são atribuídos, tal pretensão é da mesma natureza,pelo que parece que deverá igualmente beneficiar da isenção de custas.

O que se entende pelo regime da responsabilidade objectiva do produtor?

O produtor é responsável, independentemente de culpa, pelos danos causa-dos por defeitos de produtos que coloque no mercado, nos termos da lei, ou seja:

– Pelo prazo de 10 anos;– O consumidor tem apenas o direito a pedir uma indemnização (o consumi-

dor não tem o direito de exigir a reparação do bem com defeito ou umaindemnização pela circunstância de o bem ter defeito) pelos danos que osbens ou produtos produzirem durante aquele período de tempo, comexcepção de produtos da pesca e caça, da pecuária, e do solo que nãotenham sofrido transformações.

152

Page 149: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Eis alguns exemplos de responsabilidade do produtor pelos danos produzidos noutros bens oupessoas (terceiros) por causa de defeitos dos bens e produtos em que:

– Incêndio provocado numa habitação em consequência de um defeito (curto circuito) no apare-lho de TV: o proprietário do televisor tem direito a uma indemnização pelos prejuízos causadosna sua casa, mas já não tem direito a uma indemnização pelo facto de o televisor ter defeito;

– Atropelamento de peão em consequência de avaria (falta ou mau funcionamento dos travões)num veículo automóvel: o produtor é obrigado a indemnizar pelos danos causados em terceiros,mas não é obrigado a indemnizar o proprietário do automóvel pelo defeito.

Quem é que, nos termos da lei, é considerado produtor?

Nos termos do disposto no D.L. n.º 383/89, de 6.11, o produtor:

«1. É o fabricante do produto acabado, de uma parte componente ou de maté-ria prima e ainda quem se apresente como tal pela aposição no produto do seunome, marca ou outro sinal distintivo.

Considera-se também produtor:a) Aquele que na Comunidade Económica Europeia e no exercício da sua

actividade comercial, importe do exterior da mesma produtos para venda,aluguer, locação financeira ou outra qualquer forma de distribuição;

b) Qualquer fornecedor de produto cujo produtor comunitário ou importadornão esteja identificado, salvo se, notificado por escrito, comunicar ao lesadono prazo de três meses, a identidade de um ou outro, ou de algum forne-cedor precedente.»

Uma empreitada tem somente por objecto a realização de obras (ex.: cons-trução de uma casa, pintura) ou abrange também a outros serviços(ex.: lavandaria, execução de mobiliário, reparação de electrodomésticos ede veículos automóveis)?

«A empreitada é o contrato pelo qual uma das partes se obriga em relação àoutra a realizar certa obra mediante um preço» (art.º 1207.º do Cód. Civil). Assim,sempre que um consumidor contrata outrem para lhe lavar a roupa a seco (lavan-daria), reparar o automóvel, um electrodoméstico, ou encomenda a execução demobiliário (de cozinha, de quarto, de sala) está a celebrar um contrato de presta-ção de serviços na modalidade de empreitada.

Se na lavandaria informarem o consumidor que não assumem a respon-sabilidade pelo risco de o bem entregue para limpeza ficar estragado(encolher) ou o serviço não ficar completo (certas manchas não saírem),qual o regime legal aplicável a este caso?

Se o consumidor declara que deseja que a limpeza seja realizada então, aoaceitar a possibilidade de o bem sair danificado, o risco transfere-se para si, pelo

153

Page 150: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

que, no caso de a roupa ficar estragada (encolhida) ou a limpeza não ficar perfeita(afinal não saíram todas as nódoas), não tem direito a exigir uma indemnização dalavandaria.

Se o consumidor constatar que a peça de vestuário entregue para limpezase apresenta, no momento do seu levantamento, toda ou parcialmentemanchada?

Terá direito a uma indemnização pelo dano causado tendo por base o valorde aquisição do bem, sendo descontada a sua desvalorização pelo uso. O adágiopopular: «quem estraga velho paga novo» não se aplica na totalidade.

Qual a vantagem de o consumidor solicitar, nos casos atrás enumerados,a apresentação de um orçamento por escrito?

Uma vez que o preço da mão de obra e da maior parte das peças necessáriasa uma reparação é livre, o consumidor que não tenha solicitado o orçamento, terámuita dificuldade em alegar e provar que o preço cobrado é muito superior aopreço orçamentado. Além disso, nos casos de não cumprimento do prazo deexecução da obra objecto da empreitada (ex.: atraso na entrega da mobília decozinha), estabelecido no orçamento, o consumidor tem o direito de exigir umaindemnização pelos prejuízos causados (ex.: refeições que se viu forçado a tomarfora de casa). Se a outra parte não informar o consumidor acerca da onerosidadedo orçamento, então presume-se que é gratuito.

São válidas as cláusulas frequentemente apostas em letra pequena no talãode depósito das roupas para limpar ou lavar entregue pela lavandaria taiscomo «não nos responsabilizamos por qualquer dano que possa ocorrer»ou «não nos responsabilizamos por alteração da cor»?

Estas cláusulas de exclusão da responsabilidade são consideradas abusivas epoderão vir a ser declaradas nulas pelo tribunal.

Se um consumidor declarar que pretende comprar um bem exposto numamontra ou numa prateleira no interior de um estabelecimento, o comer-ciante – vendedor poderá recusar a venda alegando que só disponibilizaráo bem quando a montra for «desfeita«?

Não. A exposição de bens nestas circunstâncias traduz, segundo a lei, umaproposta contratual de venda ao público que não pode ser recusada (art.º 228.º a231.º do C. Civil).

154

Page 151: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Qual é a diferença entre vendas de bens em promoções, em saldos e emliquidações?

Promoções, são vendas com redução de preços «praticadas tendo em vistapromover o lançamento de um produto novo, aumentar o volume de vendas ouantecipar o escoamento de existências».

Saldos, «(…) toda a venda de bens a retalho em estabelecimentos comerciaispraticada em fim de estação tendo por objectivo a renovação das existências porescoamento acelerado com redução de preços» . «A venda em saldo só poderá rea-lizar-se entre 7 de Janeiro e 28 de Fevereiro e entre 7 de Agosto e 30 de Setembro».

Liquidações, «(…) a venda de bens que apresentando um carácter excepcionale sendo acompanhada ou precedida de anúncio público se destina ao escoamentoacelerado com redução de preços da totalidade ou de parte das existências doestabelecimento». Podem ter como causa: a mudança de ramo de actividade doestabelecimento, a realização de obras, o trespasse, etc.

É legítimo, perante a lei, o típico e frequente anúncio de que «não seefectuam trocas em saldos»?

Não. Pois, como já se viu anteriormente, se o bem que se pretende trocarapresenta um defeito, toda a venda de bens com defeito, atempadamente denun-ciada pelo consumidor, confere-lhe um dos vários direitos previstos na lei: repara-ção, substituição, redução do preço, resolução do negócio.

É legal a venda de bens com defeitos, ainda que com preço reduzido?

Sim, desde que o vendedor informe de forma inequívoca, por meio adequado,por ex. letreiros ou rótulos, que os bens têm defeitos.

Quem e em que casos tem o direito de exigir que lhe seja emitida umafactura ou documento equivalente?

Nos termos do disposto no art.º 28.º do Código do IVA (Imposto sobre o ValorAcrescentado), o comprador de um bem ou a pessoa a quem foi prestado umserviço.

O prestador de um serviço ou o vendedor de um produto está obrigado aemitir factura ou documento equivalente (notas de débito, notas de crédito, factu-ras/recibo, qualquer recibo desde que para a mesma operação não seja emitidafactura), no prazo de cinco dias úteis, após a execução do serviço ou a venda dobem. Quem recebe adiantamentos por conta do pagamento de um serviço oubem, está também obrigado a emitir factura.

155

Page 152: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

156

Em que se distingue a factura do recibo?

Factura, (do latim factura – ‘obra feita’) – relação pormenorizada dos artigosvendidos e dos serviços prestados, com indicação de preços.

Recibo, (derivado regressivo de receber) – 1. declaração escrita comprovativade se ter recebido dinheiro, valores ou qualquer objecto a que se atribui algumaimportância; 2. Dir. Documento avulso no qual o credor declara ter recebido omontante em dívida e onde se indica também o nome da pessoa que o paga e adata do pagamento. Quitação. (Dicionário da Língua Portuguesa, Academia dasCiências de Lisboa, Verbo, 2001).

É, pois, o documento mais utilizado nas transações entre vendedor e consu-midor, nomeadamente, nas vendas a retalho, servindo de comprovativo de umavenda a dinheiro.

Quais os requisitos para que a factura possa valer legalmente comodocumento idóneo?

Para que ela tenha força provatória deverá conter várias indicações:

– Número da factura;– Identificação completa do vendedor e do comprador (morada, sede, número

de identificação fiscal);– Quantidade e denominação dos bens transmitidos ou dos serviços presta-

dos, e mercadorias;– Preço por unidade e preço global;– Taxa aplicada e valor de IVA;– Condições de pagamento;– Localidade e data de emissão;– Havendo transporte de mercadorias – deverá mencionar as despesas de

transporte, o local de carga e descarga; no caso de ser entregue no domicí-lio do consumidor, deverá ser emitida em dois duplicados: o original e umduplicado ficará com o consumidor e o outro com o vendedor.

Um taxista tem o direito de recusar-se a prestar os seus serviços alegandoque o percurso não lhe interessa?

Não. Ele só pode recusar –se nos casos seguintes:

– Se já estiver no final do turno;– Se os clientes estiverem a poucos metros de uma praça de táxis;– Se os clientes transportarem animais (excepto os cães – guia utilizados pelos

invisuais);– Se os clientes transportarem malas com mau cheiro.

Page 153: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

157

O taxista é obrigado a informar o cliente sobre as diversas tarifas esuplementos dos serviços de táxi, devendo facultar a tabela em vigor sesolicitado?

Sim. Existem 7 tarifas, dependendo da hora do dia. A tarifa normal é aplicadadas 6 horas da manhã às 22 horas. Aos Sábados, Domingos e Feriados aplica-se atarifa normal durante as 24 horas

Os bens destinados à venda a retalho devem ter o preço afixado? E quantoao preço da unidade de medida?

Sim. Devem exibir o respectivo preço de venda ao consumidor.«Os géneros alimentícios e os produtos não alimentares postos à disposição do

consumidor devem conter também o preço de unidade de medida, quer sejamcomercializados a granel ou pré-embalados». Existem várias excepções a esta regra,como é o caso, nomeadamente, dos géneros alimentícios vendidos nos locais deprodução agrícola e os produtos vendidos directamente de um particular a outro.

Um comerciante pode exigir ao consumidor o pagamento do preço afixadomais o IVA?

Não. O preço de venda é sempre o preço global, já incluindo todas as taxas deimposto sobre o valor acrescentado (IVA).

A lei estabelece expressamente a obrigatoriedade de estarem afixados ospreços de venda pela prestação de serviços de cabeleireiros, oficinas deautomóveis e lavandarias?

Sim. Os preços praticados por aqueles prestadores de serviços devem estarexpostos em local bem visível por meio de cartazes ou listas. Nos serviços prati-cados à hora ou à tarefa, ou segundo qualquer outro critério, os preços devemestar afixados e bem assim o seu critério (ex.: preço de uma lavagem de cabelo,o preço hora pela mão de obra de cada técnico da oficina automóvel, a taxa dedeslocação, se prevista a sua cobrança).

É obrigatória a aceitação do cheque como meio de pagamento?

Não. Um comerciante ou particular, pode recusar-se a aceitar o cheque comomeio de pagamento, independentemente do seu valor. Porém, a lei (D.L. n.º 454/91,de 28/12) estabelece a obrigatoriedade das instituições de crédito, não obstante afalta ou insuficiência de provisão, efectuarem o pagamento de cheques emitidosaté à importância de Euros 62,35, pelo que, com este diploma ficou revogada alegislação que tornava obrigatório a aceitação do cheque como meio de paga-

Page 154: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

mento, pelo que hoje a sua aceitação é meramente facultativa. A instituição de cré-dito não é obrigada a pagar quando a sua recusa se fundamente na existência,nomeadamente, de sérios indícios de falsificação, furto, abuso de confiança ouapropriação ilegítima do cheque.

O que são despesas de manutenção de contas bancárias?

São serviços e operações realizados pelas instituições bancárias (gestão de umaconta de depósito a prazo, gestão de títulos de investimento, envio de extractos deconta, entre outros) cujos encargos são suportados pelo titular da conta.

Poderei reclamar se for mal atendido nas repartições e serviços da Admi-nistração Pública portuguesa?

Sim. Pode apresentar a sua reclamação por escrito no livro amarelo (livro dereclamações). A Administração Pública, de acordo com a Constituição da Repú-blica Portuguesa, «será estruturada de modo a evitar a burocratização, a aproximaros serviços das populações e assegurar a participação dos interessados na gestãoefectiva» (cf. art.º 267.º, n.º 1). Através da Resolução do Conselho de Ministrosn.º 189/96, de 28/11, foi estabelecido o carácter obrigatório da existência de livrode reclamações em todos os serviços e organismos da Administração Pública,desde 1 de Janeiro de 1997.

Onde deverá existir o livro de reclamações?

Nos locais onde seja efectuado atendimento público, devendo a sua existênciaser divulgada aos utentes de forma visível.

Que trâmites se seguem à apresentação da reclamação escrita?

As reclamações exaradas no livro devem ser remetidas, no prazo de cinco diasapós terem sido lavradas, ao gabinete do membro do Governo que tutela o serviçoou organismo e ao membro do Governo que tutela a Administração Pública.

Se for caso disso, no sentido da realização de auditorias, nos termos do previs-tos no D.L. n.º 131/96, de 13/08. O reclamante deve ser sempre informado dadecisão que recaiu sobre a reclamação apresentada.

Nota: Os Centros Regionais de Segurança Social estão também abrangidos pela obrigatoriedade deexistência de livro de reclamações.

158

Page 155: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Em que outros casos está prevista na lei a obrigatoriedade de existência dolivro de reclamações?

Nos serviços prestados por: Agências Funerárias, Agências de Viagens, Escolasde Condução, Empreendimentos Turísticos, Estabelecimentos Hoteleiros, Parques decampismo, Empreendimentos de turismo no espaço rural, Empresas de animaçãoturística, Estabelecimentos de apoio social, Estabelecimentos de restauração ebebidas, Centros de Inspecção de Automóveis, Mediação imobiliária, Estabeleci-mentos de Turismo de Natureza, Unidades médicas privadas (da área da toxicode-pendência, clínicas e consultórios médicos dentários, e outros, como laboratóriosprivados, etc.).

Existe no ordenamento jurídico português alguma lei que proteja o utentede serviços públicos essenciais?

Sim. A Lei 23/96, de 26/07 consagra regras a que deve obedecer a prestaçãode serviços públicos essenciais em ordem à protecção do utente.

E quais são os serviços públicos abrangidos?

Serviço de fornecimento de água, Serviço de fornecimento de energia eléctrica,Serviço de fornecimento de gás, Serviço de telefone.

Como deve proceder legalmente o prestador do serviço?

Deve proceder de boa-fé e em conformidade com os ditames que decorram danatureza pública do serviço, tendo igualmente em conta a importância dos interes-ses que se pretende proteger.

A que dever está obrigado o prestador de serviço?

O prestador de serviço deve informar convenientemente a outra parte dascondições em que o serviço é fornecido e prestar-lhe todos os esclarecimentosque se justifiquem, de acordo com as circunstâncias.

Este dever de informação recai também sobre os operadores de serviçosde telecomunicações?

Sim. Estes operadores deverão informar regularmente, de forma atempada eeficaz, os utentes sobre as tarifas aplicáveis aos serviços prestados, designada-mente as respeitantes à comunicação entre a rede fixa e a rede móvel.

159

Page 156: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

160

Pode haver suspensão do serviço público sem pré-aviso? E se o utente seatrasar no pagamento do serviço?

Não. A prestação do serviço não pode ser suspensa sem pré-aviso, salvo casofortuito ou de força maior.

No caso de mora do utente que justifique a suspensão do serviço, esta sópoderá ocorrer após o utente ter sido advertido, por escrito, com a antecedênciamínima de oito dias relativamente à data em que ela venha a ter lugar. A adver-tência para além de justificar o motivo da suspensão, deve informar o utente dosmeios que tem ao seu dispor para evitar a suspensão do serviço, e bem assim,para retoma do mesmo, sem prejuízo de poder fazer valer os direitos que lheassistam nos termos gerais.

Pode haver suspensão do serviço em consequência de falta de pagamentode qualquer outro serviço, ainda que incluído na mesma factura (porex. electricidade e gás)?

Não, salvo se os serviços forem funcionalmente indissociáveis.

Qual o prazo que as empresas prestadoras de serviços têm para exigir dosconsumidores o pagamento de dívidas?

O direito de exigir o pagamento do preço do serviço prestado prescreve noprazo de seis meses após a sua prestação.

E, se por erro do prestador de serviços foi paga importância inferior à quecorresponde ao consumo efectuado, qual o prazo para que a empresavenha exigir a diferença?

O direito de recebimento da diferença de preço caduca dentro de seis mesesapós aquele pagamento.

Podem as empresas de prestações de serviços exigir consumos mínimos?

Não. São proibidas a imposição e a cobrança de consumos mínimos.

A que requisitos deve obedecer a facturação dos serviços prestados?

O utente tem direito a uma factura que especifique devidamente os valoresque apresenta. No caso do serviço telefónico, e a pedido do interessado, a facturadeve traduzir com o maior pormenor possível os serviços prestados, sem prejuízode o prestador dos serviços adoptar as medidas técnicas adequadas à salvaguardados direitos à privacidade e o sigilo das comunicações.

Page 157: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

161

Quais são os direitos dos passageiros e obrigações das Companhias deAviação no caso de viagens aéreas em que haja recusa de embarque pormotivo de voo sobrereservado (overbooking)?

Com vista a minimizar o efeito de não comparência de passageiros comreserva confirmada, e a permitir a utilização de lugares no avião por passageirosque, de outro modo, não teriam a possibilidade de utilizar os voos escolhidos, ostransportadores aéreos podem confirmar mais reservas do que o número de luga-res disponíveis num voo. Apesar de os transportadores aéreos envidarem todos osesforços no sentido de providenciarem os lugares correspondentes às reservas con-firmadas, a disponibilidade dos mesmos não é absolutamente garantida. A legislaçãoem vigor na União Europeia estabelece que os passageiros recebam um trata-mento justo e uma indemnização adequada quando lhes é recusado o embarquenum dos aeroportos do seu espaço aéreo. Assim, um passageiro munido de umbilhete válido, com reserva confirmada, deverá apresentar-se no aeroporto daUnião Europeia com a antecedência exigida para o registo (operações de check-in).No caso da companhia de aviação recusar o embarque por ter o voo com excessode lotação, ela deverá proceder de acordo com uma das opções seguintes:

– Reembolsar, sem penalização, o passageiro pelo preço do bilhete correspon-dente à parte da viagem não efectuada.

– Reencaminhar o passageiro em data posterior da sua conveniência.

Acresce que, a transportadora aérea é obrigada a pagar uma indemnizaçãocom os seguintes limites:

– Para voos até 3.500 km – € 150 (caso o atraso do passageiro seja inferior aduas horas, € 75);

– Para voos superiores a 3,500 km– (caso o atraso do passageiro seja inferior aduas horas, € 150).

A indemnização poderá, por acordo, ser paga em títulos de viagem ou outrosserviços. Além disso, a transportadora deverá oferecer, a título gratuito:

– Uma chamada telefónica e/ou mensagem em qualquer suporte para o localde destino;

– Refeições e bebidas em proporção razoável ao tempo de espera;– Alojamento no caso do passageiro ficar retido por uma ou várias noites;– Transporte para o destino original, caso o passageiro aceite um voo de

substituição com destino a um aeroporto alternativo.

Se o passageiro aceitar viajar em classe inferior à que o bilhete corresponde,terá direito ao reembolso da diferença do preço.

Page 158: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

De que outros direitos goza o passageiro, nomeadamente, nos casos deacidente, atraso e perda de bagagem?

O regime jurídico do transporte aéreo de passageiros está subordinado a umcontrato que atribui certos direitos aos passageiros. O qual, por sua vez, se subor-dina às Convenções Internacionais, sendo de destacar, a Convenção de Varsóviade 1929 (Convenção para a Unificação de certas Regras relativas ao Tran-sporte Aéreo Internacional), modificada pelo Protocolo de Haia de 1955, eoutros protocolos ou acordos adicionais, a que Portugal aderiu formalmente e semreservas em 20/03/1947, e segundo a qual, as Transportadoras Aéreas são respon-sáveis pelos danos causados aos passageiros nos seguintes casos:

– em resultado de acidente verificado a abordo da aeronave;– no decurso de quaisquer operações de embarque ou desembarque, como

será o caso (frequente) dos atrasos.

Quais são as regras a que obedece este regime de responsabilidade datransportadora?

São as seguintes:

– Responsabilidade limitada da transportadora aérea com fundamento emculpa presumida (presumed fault) cf. art.º 22.º da Convenção de Varsóvia;

– Faculdade do transportador afastar a sua responsabilidade ilidindo a presun-ção de culpa que lhe é imputada se «provar que ele e os seus propostos toma-ram todas as medidas necessárias para evitar o prejuízo ou que lhes eraimpossível tomá-las (unvoidable accident), por ex., no casos de a aeronaveser atingida por um raio, ventos fortes e cruzados, míssil perdido, actos deterrorismo ou pirataria aérea, falha técnica do equipamento, etc.) (art.º 22.º,art.º 20.º da Convenção de Varsóvia. Daqui resulta, que compete ao trans-portador o encargo (onus probandi) da prova;

– Faculdade do transportador «afastar ou atenuar» a sua responsabilidade comfundamento em culpa contribuitiva do lesado, cabendo o ónus da provasobre o transportador (por ex.: lesões físicas sofridas na sequência de turbu-lência grave ocorrida durante o voo ou de eventual travagem brusca daaeronave, para abortar uma operações de descolagem, causadas por nãoacatamento das instruções de segurança relativamente ao uso do cinto desegurança – sinal luminoso a bordo);

– Os limites de responsabilidade do transportador (responsabilidade limitada)podem ser quebrados quando este tenha agido com dolo, recaindo o ónusda prova sobre o lesado – art.º 25.º da Conv. de Varsóvia.

Assim, no caso de atrasos, as companhias aéreas são responsáveis pelosdanos, excepto se provarem que fizeram o possível para evitar o dano ou que nãoera possível evitá-lo.

162

Page 159: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

As transportadoras respondem pelas perdas e danos da bagagem dospassageiros?

Sim. Estas são também responsáveis por perdas ou danos da bagagem. Presen-temente, a obrigação de indemnizar está limitada a 20 dólares americanos porcada quilo de bagagem registada (D.L. n.º 66/92, de 23/04), salvo se um valor maisalto tiver sido previamente declarado e pagas as taxas adicionais. Além disso, estalimitação da responsabilidade das Companhias Aéreas não se aplica «se se provarque o dano resulta de acto ou omissão do transportador ou dos seus propostos, quercom intenção de provocar dano, quer temerariamente e com aconsciência de que o dano resultaria provavelmente dessa omissão» (art.º 20.º).

Em Portugal, segundo uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça (Acórdãon.º 30/07/97, CJ-STJ, 1997, tomo III, pág. 37 e ss.), cabe à Transportadora o ónusda prova. Mas, em todo o caso, a responsabilidade não abrange os prejuízosmorais sofridos pelo lesado (ex. stress emocional, etc.), mas tão só os danos patri-moniais, por se estar perante uma responsabilidade contratual, isto é, provenientedo contrato de transporte aéreo, tendo sido, no caso em apreço, condenada a TAPa pagar uma indemnização superior à que resultava do produto da multiplicaçãodo peso da bagagem (20 USD/kg). Para as «transportadoras comunitárias» vale oRegulamento (CE) n.º 2027/97 que veio regulamentar a responsabilidade civilno transporte aéreo (seja internacional ou doméstico), que determina a indemni-zação por danos causados a passageiros.

De que forma foi contemplada a protecção dos interesses dos consumido-res naquele Regulamento?

As companhias aéreas comunitárias devem fornecer informação «adequada»com observância dos seguintes requisitos:

– obrigatoriedade de inserção do novo regime de responsabilidade civil nasrespectivas condições de transporte;

– dever de inserir aviso (notice) no respectivo título de transporte ou equiva-lente (v.g., boarding pass no caso de electronic tickting) que, de forma sim-ples, clara e resumida, dê conhecimento cabal do novo regime.

Dever de, a pedido do passageiro, a transportadora aérea comunitária prestar,em qualquer local, dentro ou fora do território comunitário, em que directa ouindirectamente, através de agentes seus, mantenha postos de venda dirigidos aopúblico, as informações que lhe forem solicitadas (sob qualquer forma, verbal,escrita, afixação de aviso nos balcões de venda ao público, cópia do art.º 3.º e 5.ºdo Regulamento, etc.).

Nota: O dever de informação impende também sobre as companhias aéreas não comunitáriasenquanto tais, bastando para isso, que operem para, a partir ou de dentro da Comunidade Euro-peia. Mas no que se refere à obrigação de informar sobre os limites de responsabilidade e, ou,da não adesão à política de adiantamentos para despesas imediatas, apenas impende sobre asTransportadoras que se subordinam à Convenção de Varsóvia de 1929.

163

Page 160: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Que tipos de depósitos bancários posso abrir numa instituição de créditopara depositar os meus rendimentos?

Normalmente os bancos permitem a contratação e a abertura dos seguintesdepósitos:

Depósito à ordem: conhecidos também por depósitos à vista, são os mais fre-quentes ou usados, caracterizam-se pela perfeita liquidez, isto é, o titular da contapode dispor a todo o momento do seu dinheiro, bastando, por ex., para requerero seu reembolso, passar um cheque para o Banco devolver total ou parcialmente aquantia depositada, ou utilizar um cartão multibanco de débito. Desvantagem: a taxade juro neste tipo de depósito é pequena.

Depósito a prazo: o dinheiro só pode ser levantado pelo titular decorrido umcerto período de tempo estipulado previamente. Todavia, as instituições de cré-dito, podem conceder aos seus depositantes, a mobilização antecipada, de acordocom as condições estipuladas, frequentemente, com perda de juros. Vantagem: ataxa de juro é mais interessante.

Depósitos com pré-aviso: quando os fundos são exigíveis depois de preve-nido o depositário, por escrito, com a antecipação acordada entre o cliente e oBanco.

Depósitos especiais: depósitos judiciais, obrigatórios, de caução, em moedaestrangeira, para menores, incapazes, depósitos de títulos e aplicações de fundosem produtos financeiros, contas de depósitos de aforro, de poupança e investi-mento, contas emigrante, reformado e habitação, conta-poupança condomínio.

Quanto ao número de titulares (pessoas singulares ou pessoas colectivas) daconta dos depósitos bancários, estes classificam-se em:

Depósito individual: um só titular tem o poder de mobilizar e exercer todosos direitos sobre os fundos depositados;

Depósito conjunto (contas conjuntas/contas colectivas): a conta é aberta emnome de A e B, então, é necessária a actividade conjunta de ambos os titularespara mobilização dos fundos a débito (por ex. para levantar dinheiro através deum cheque é necessária a assinatura de ambos os titulares);

Depósito solidárias: qualquer dos titulares pode, isoladamente, isto é, semnecessidade de intervenção do outro co-titular mobilizar os fundos a crédito ou adébito.

Depósito misto: quando são susceptíveis de serem movimentadas em termosdiferentes, com a intervenção dos titulares indicados na proposta de adesão.

164

Page 161: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Como se processa, normalmente, a abertura de uma conta bancária?

A abertura de uma conta numa instituição de crédito conduz à organização,pelo banco, de um processo no qual constam os seguintes elementos:

– Subscrição completa pelo cliente da proposta de abertura de conta (impressoem modelo próprio de cada Banco);

– Preenchimento da ficha de assinaturas (impresso em modelo próprio);– Depósito do montante mínimo fixado em cada momento no preçário do

Banco e disponível nos seus balcões;– Aceitação da proposta pelo Banco, assegurando o cliente a veracidade de

todas as informações e elementos constantes da proposta;– Outros elementos eventuais: procurações e poderes de representação (por

ex.: acta onde consta deliberação de uma Associação a estabelecer quem tempoderes para mobilizar a conta).

Pode distinguir-se entre a titularidade (posse) de uma conta e a proprie-dade dos fundos (dinheiro) nela depositados?

Sim. Em regra, e segundo a lei, presume-se que numa conta conjunta (oucolectiva), e enquanto se não fizer prova em contrário, os depositantes são titu-lares de metade da conta. Pode, portanto, fazer-se prova, de que não obstante ostitulares serem dois ou três, que o dinheiro só pertence (em propriedade) a umsó, ou a alguns dos titulares, ou que as quotas destes são diferentes, ou até quepertencem a um terceiro (cfr. Acórdão de 14/01/98, do Tribunal da Relação doPorto, CJ, I, pág. 183).

A manutenção de uma conta de depósitos à ordem pode acarretar algunsencargos para o cliente?

Sim. Pode implicar a manutenção de um saldo médio mínimo, ou sendo infe-rior, o pagamento de custos de manutenção fixado por cada Banco, podendo estecobrar também uma comissão por cada operação efectuada. Estes encargos sãoos que constarem de um preçário disponível nos balcões bancários, e podem seralterados a todo o tempo.

Que meios tem o cliente depositante ao seu alcance para poder movimen-tar a sua conta?

O cliente, pode a todo o tempo, solicitar ao Banco a emissão de cheques,cartões de débito e outros meios específicos de movimentação da conta.

165

Page 162: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Quando o banco seja credor do cliente por dívida vencida, pode reter e utilizar para o seu reembolso, todos e quaisquer fundos provenientes desaldos, contas ou valores detidos pelo cliente no banco, compensandoo respectivo montante com débitos de igual valor?

A resposta a esta questão algo complexa terá de ter em conta, desde logo, otipo de depósito em causa e, igualmente, a origem do crédito. Assim:

– tratando-se de um depósito a prazo: o banco poderá compensar-se no finaldo prazo do contrato, e desde que estejam legalmente preenchidos os requi-sitos de que a lei civil faz depender a compensação.

– depósito à ordem: a compensação é admissível. Mas é conveniente distinguirdois tipos de situações:

– tendo o banco um crédito poderá compensá-lo com o crédito (o depó-sito) que tem sobre o cliente, desde que relativamente às condições deque depende tal possibilidade o cliente esteja devida e conveniente-mente informado do conteúdo dessa cláusula inserta no contrato deabertura de conta e depósito bancário, o que na prática não se verifica,sendo o cliente, muitas vezes, surpreendido com esta situação.

– No caso de um banco resolver pagar um cheque sacado por um seucliente sobre uma conta sem provisão ficando desse modo com um cré-dito sobre o cliente poderá compensar-se desse valor com o montanteexistente noutra conta do mesmo tipo? Neste caso, o banco não respeitao princípio da independência das contas, e actua como um gestor denegócios do cliente, defendendo um interesse deste que, se não fosse aatitude do banco, poderia incorrer num crime de emissão de chequesem provisão. A operação do banco traduz-se num «sacar a descoberto»,e que sendo aceite pelo cliente, resulta numa concessão de crédito peloBanco (a curto prazo, tratando de descoberto temporário ou overdarft).O banco, porém, só poderá compensar-se se, uma vez comunicado aocliente tal intenção, este der o seu consentimento expresso. Já será dis-pensado tal consentimento expresso se havendo acordo verbal, o banco,ao longo de vários anos, como prática reiterada, procede ao pagamentode cheques, ainda que sem provisão no momento.

– tratando de um crédito decorrente de outra conta de que o cliente seja titularnaquela instituição, mas com saldo negativo, a compensação será admissíveldesde que se trate de uma situação correspondente a uma concessão de cré-dito do banco ao cliente, a solicitação, expressa ou tácita, deste.

– tratando de uma pluralidade de titulares da conta solidária de depósito:o banco não pode compensar-se por sua iniciativa a um dos credores (queseja simultaneamente seu devedor) se o reembolso do depósito não for soli-citado por qualquer dos depositantes. O banco não pode escolher o deposi-tante a quem pretende satisfazer a prestação.

166

Page 163: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– tratando-se de uma conta de depósito conjunta: a compensação não éadmissível, pois, nestes casos, um dos contitulares, por si só, não poderáexigir a entrega das quantias depositadas, somente podendo fazê-lo com oconcurso dos demais. Falta aqui o requisito da reciprocidade de créditos.

Nota: Nas decisões dos Tribunais Superiores (que constituem o que se designa por Jurisprudência)encontram-se posições, umas vezes, favoráveis e, outras vezes, desfavoráveis quanto à admissi-bilidade da compensação de créditos/débitos pelos bancos sobre o titular de depósitos.

Pode uma instituição de crédito recusar-se a abrir um conta de depósitobancário a uma pessoa singular ou colectiva? Existe da parte da clientelaum direito à conta?

Os bancos são livres de recusar a abertura de uma conta. Não o farão porcapricho, nem com intenção de prejudicar o cliente, ou dando publicidade ao caso– hipótese esta que eventualmente constituiria o banco em falta. Parece não setratar de um caso de abuso de direito por parte do banco, pois a recusa de contra-tar não pode ser considerada como um direito, mas uma liberdade. A abertura deconta tem o seu fundamento numa aproximação fiduciária (de confiança) daspartes. Ou, como se diz, na linguagem dos juristas, ela é constituída intuito personae,isto é, tendo em consideração a pessoa do outro contraente. Não apenas a suaidentidade e capacidade jurídica mas (porque são equivalentes os conceitos decrédito e confiança) as suas qualidades de honestidade, pontualidade e solvência.De realçar que a abertura de conta tem associada, normalmente, a entrega de umlivro de cheques que o cliente pode utilizar emitindo cheques sem provisão,podendo, inclusive, servir-se da conta para dar cobertura a actividades ilícitas,nomeadamente, fraudes.

Qual o regime de responsabilidade dos bancos pelo pagamento de chequesfalsificados?

Trata-se de mais uma questão de grande complexidade e de difícil resoluçãoporque não existe uma norma expressa a regular esta matéria. A Jurisprudênciaparece inclinada a atribuir a responsabilidade aos bancos nestes casos. Estão emconfronto duas teses: a do risco e a da culpa.

Segundo a primeira, a falsidade é sempre dirigida contra o banqueiro: o bancoque paga um cheque falso tem a obrigação e o risco decorrente da sua actividadeprofissional de verificar e ajuizar se o mesmo, depois de examinada a autentici-dade da assinatura, é ou não falso. No caso de haver falsificação, o banco é vítimado seu erro, da sua negligência, ou da sua boa fé ao reputar como verdadeiro umdocumento (cheque) que não era legítimo. Para apoiar esta tese afirma-se que ocontrato de depósito bancário é, ou está, equiparado ao regime jurídico dos con-

167

Page 164: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

tratos de mútuo, daí resultando a transferência do risco de perecimento da coisafungível mutuada (dinheiro), para o banco sacado enquanto mutuante. Os bancosprocuram afastar este regime de responsabilidade inserindo cláusulas que aexcluem nos pedidos (requisições) de cheque.

Para os defensores da tese da culpa, esta parece assentar na censura a fazer aobanqueiro, em particular nos casos de falsificação grosseira, aquando da confe-rência de assinaturas por confronto entre a firma que consta do boletim do bancoe a que está aposta no cheque.

Em caso de necessidade decorrente de violações dos meus direitosenquanto consumidor a quem poderei recorrer?

Poderá recorrer à ajuda das seguintes entidades, organismos e associaçõesrelacionadas com a defesa do consumidor: Instituto do Consumidor, Centrosde Informação Autárquicos ao Consumidor (CIAC), Serviços Municipais deInformação ao Consumidor (SMIC), Direcções Regionais do Ambiente eRecursos Naturais (DRARN), Associações que representam em geral os consu-midores, Associações de carácter geral e âmbito nacional, Associações de caráctergeral e âmbito regional, Associações de carácter sectorial, Organizações específi-cas para a defesa do consumidor (ver em anexo a lista de endereços destas insti-tuições).

168

Page 165: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– D.L. n.º 442-A/89, de 30/11: aprova o CIRS (Código do Imposto sobre o Rendimentodas Pessoas singulares);

– D.L. n.º 442-B/89, de 30/11: aprova o CIRC (Código do Imposto sobre o Rendimentodas Pessoas colectivas);

– D. L. n.º 442-C/89, de 30/11: aprova o CCA (Código da Contribuição Autárquica);– D.L. n.º 394-B/84, de 26/12: aprova o CIVA (Código do Imposto sobre o Valor Acres-

centado);– D. n.º 41.969, de 24/11/1958: aprova o Imposto municipal de SISA e o IMSSD

(Imposto sobre as sucessões e doações);– Lei n.º 150/99, de 11/10: aprova o IS (Imposto de Selo);– D.L. n.º 322-A/2001, de 14/11: aprova o Regulamento Emolumentar dos Registos e

Notariado;– D. L. n.º 566/99, de 22/12 aprova o IEC (Impostos especiais do consumo de certos

bens).

Quais são os principais tributos (impostos, taxas e outras fontes de receitasparafiscais) em vigor em Portugal?

Impostos:

– IRS, Imposto sobre o rendimento das pessoas singulares;– IRC, Imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas;– IVA, Imposto sobre o valor acrescentado: imposto sobre o consumo em geral

que incide sobre transmissões de bens, prestações de serviços, importaçõese transacções intracomunitárias;

– CA, Imposto municipal sobre o património que incide sobre o valor tribu-tável (valor patrimonial) dos prédios (urbanos e rústicos) situados no terri-tório de cada município;

– IMSSD, Imposto sobre as sucessões e doações;– SISA, Imposto sobre transmissão de bens imóveis;– IS, Imposto de Selo: incide sobre todos os actos, contratos, documentos,

títulos, livros, papéis e outros factos previstos numa tabela geral da lei;– Emolumentos: tributos que incidem sobre os actos praticados nos serviços

de Registo (predial, civil, comercial e das Pessoas Colectivas) e de Notariado;

CAPÍTULO XIII

A FISCALIDADE

169

Page 166: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– IEC, Impostos especiais do consumo de certos bens;– IABA: Imposto sobre o álcool e bebidas alcoólicas;– ISP: Imposto sobre os produtos petrolíferos;– IT: Imposto sobre o tabaco;– Imposto de selo sobre veículos automóveis: imposto municipal;– Impostos aduaneiros: impostos incidentes sobre os direitos de importação

(dívida aduaneira na importação) ou sobre os direitos de exportação (dívidaaduaneira na exportação) que se aplicam a um determinada mercadoria aoabrigo da legislação nacional e comunitária;

– IA, Imposto automóvel;– IVVA, Imposto sobre a venda de veículos automóveis: imposto que incide

sobre o valor comercial na venda de automóveis importados.

Taxas:

– TCE, taxa de conservação de esgotos: taxa anual incidente sobre a proprie-dade de prédios considerados bens imóveis;

– TM, taxas moderadoras: cuidados de saúde.

Receitas parafiscais:

– Contribuições para a segurança social – incidem sobre os rendimento dotrabalho.

Quais são as obrigações mais importantes do cidadão imigrante em matériade Contribuições e Impostos em Portugal?

Todos os cidadãos, salvo as excepções previstas na lei, têm a obrigação legalde efectuar descontos sobre a remuneração do seu trabalho (salário, vencimento,ordenado, etc.) para a Administração Fiscal (Ministério das Finanças) e para aSegurança Social.

Quando um cidadão inicia uma actividade profissional pela primeira vez, devecomunicá-lo ao Ministério das Finanças dirigindo-se à Repartição de Finanças da suaárea de residência. Ao inscrever-se deve também requerer um cartão de contri-buinte que será o documento que o identifica perante a Administração Fiscal.

No final de cada ano civil, todos os cidadãos têm que apresentar os seus gastos(despesas) e rendimentos numa declaração anual de rendimentos (modelooficial) a ser entregue numa Repartição de Finanças, com base nos quais vai sercalculado o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS).

Têm também a obrigação de comunicar à Segurança Social o início de exer-cício de uma actividade profissional, uma vez que, para gozar de alguns bene-fícios é necessário descontar uma percentagem mínima sobre a sua remuneraçãodo trabalho.

170

Page 167: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Que tipo de informações são úteis para mim acerca do funcionamento doSistema Fiscal Português?

Quanto aos cidadãos de Estados-Membros da União Europeia:Não existe legislação comunitária específica relativa aos impostos directos

sobre o rendimento das pessoas singulares, daí que, não obstante os regimes detributação terem características semelhantes, cada Estado-membro tem um sistemafiscal diferente. Todavia, importa saber que, na UE, em geral, as disposições nacio-nais em matéria de fiscalidade devem respeitar o princípio fundamental da legis-lação comunitária, ou seja, o princípio da não-discriminação. Assim, porexemplo, os nacionais de um Estado-membro residentes noutro Estado-membronão podem ser tributados a uma taxa mais elevada do que os nacionais doEstado-membro onde residem.

Quanto aos vários impostos:

– Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)Se é residente em Portugal: terá de pagar ao Estado português imposto sobre

o seu rendimento obtido em qualquer parte do mundo. Portugal tem acordos (deisenção da dupla tributação) com outros Estados-membros destinados a evitarque tenha de pagar duas vezes imposto sobre o mesmo rendimento, em paísesdiferentes. Assim, se obtiver um rendimento noutro Estado-membro, só terá depagar imposto sobre esse rendimento nesse país. Está sujeito a imposto relativa-mente ao rendimento obtido durante o exercício fiscal (em geral, coincidente como ano civil). O imposto é cobrado em função de taxas progressivas. Ao calcularo montante do imposto que terá de pagar, tem direito a certos créditos, deduçõese isenções, em função da sua situação pessoal e do tipo de rendimento em causa.

Se é trabalhador por conta de outrem: a sua entidade patronal reterá nafonte o imposto correspondente ao seu salário ou ordenado e entregá-lo-á a essetítulo à administração fiscal. Este montante será deduzido ao montante total doimposto que for devido. No caso de alguns trabalhadores por conta de outremcomo, por exemplo, certos contribuintes não casados, divorciados ou sepa-rados, o montante retido na fonte pela entidade patronal cobrirá integralmente omontante total devido, pelo que não terá de apresentar qualquer declaração fiscal.

Se é trabalhador por conta própria: deverá proceder a três pagamentospor conta durante o exercício fiscal, a título de adiantamento do montante totalde imposto devido nesse ano. Cada prestação elevar-se-á a 25% do montante totalliquidado no ano anterior relativamente ao tipo de rendimento em causa. Deverátambém preencher uma declaração (de modelo oficial) no final do exercício fiscal,com base na qual será emitido um apuramento definindo qual o montante a pagar

171

Page 168: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ou, caso tenha já pago um montante superior ao devido através da retenção nafonte, a receber como reembolso. São devidos juros no caso de pagamento oureembolso do imposto em atraso.

– Imposto sobre a riqueza

Não existe em Portugal, por enquanto, qualquer imposto sobre o patrimóniolíquido, isto é, sobre a riqueza ou fortuna. No entanto o Governo português está jáa preparar uma reforma da tributação nesta área.

– Imposto sobre sucessões e doações

Em Portugal, é devido imposto sobre sucessões e doações a uma taxa fixa,relativamente a dividendos e a juros de obrigações obtidos nesse país. Se obtiver,através de uma herança ou doação, quaisquer bens em Portugal, deverá pagar oimposto correspondente, cuja taxa varia em função do valor do bem.

– Imposto de selo

É cobrado imposto de selo sobre determinados documentos legais, livros con-tabilísticos, impressos e outros artigos.

– Impostos locais

A nível local (municipal), é cobrado um imposto (Contribuição Autárquica)distinto sobre o valor dos prédios rústicos, urbanos ou mistos, a uma taxa de 0,8%para os prédios rústicos e de 0,8% a 1% para os prédios urbanos.

Que direitos posso exercer contra actuações da Administração Fiscal queconsidero ilegais?

Na qualidade de contribuinte tem o direito de recorrer contra o montante deimposto fixado. Deverá dirigir-se, em primeiro lugar, à administração fiscal. Segui-damente, se necessário, poderá apresentar o seu caso nos tribunais tributários. Naqualidade de contribuinte tem também o direito, como qualquer cidadão portu-guês, de apresentar uma queixa junto do Provedor de Justiça, em caso de actuaçãoilegal ou injusta por parte das autoridades públicas. Contudo, o Provedor deJustiça não tem poder executivo, podendo apenas formular recomendações aosorganismos públicos relevantes, por forma a impedir ou reparar uma actuaçãoilegal. Para questões de ordem geral ou para obter mais informações, poderá con-sultar a repartição das finanças que se ocupa dos seus assuntos fiscais em Portugal.Para informações mais pormenorizadas pode consultar, consoante os casos, umcontabilista ou advogado com experiência em assuntos fiscais (ver lista de ende-reços úteis).

172

Page 169: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Com que países Portugal celebrou acordos (segundo o modelo da OCDE)destinados a evitar que o rendimento e o património sejam duplamentetributados, ou seja, no país onde os rendimentos são gerados e no paísde origem?

Até à presente data, Portugal tem acordo com os países seguintes:– Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Coreia, Dinamarca, Espanha,

EUA, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Moçambique, Macau, Marrocos,Noruega, Polónia, Reino Unido, República Checa, Suíça e Venezuela.

Qual é, actualmente, o regime do Imposto especial de consumo (IEC) apli-cável às compras em lojas francas (em aeroportos ou portos marítimos,também conhecidas, por «TAX FREE SHOPPING») por passageiros queviagem para um país terceiro efectuando uma travessia marítima ou umvoo não comunitário?

Os produtos adquiridos em postos de venda e transportados na bagagempessoal de passageiros (não residentes na União Europeia) estão isentos de IEC.Equiparam-se, também, para efeitos de isenção os produtos vendidos a bordo deaviões ou barcos durante o transporte não comunitário de passageiros.

Nota: Este benefício da isenção apenas se aplica aos produtos cujas quantidades não excedam, porpessoa e por viagem, os limites previstos pelas disposições comunitárias em vigor no âmbito dotrafego de passageiros entre países terceiros e a Comunidade Europeia.

Apesar da liberdade de circulação de bens e mercadorias no espaço daUnião Europeia que exigências legais, para efeitos fiscais, se colocam emPortugal à circulação de bens?

Todos os bens em circulação, isto é, todos aqueles que possam ser transmi-tidos onerosamente (vendidos) e estejam sujeitos a IVA, seja qual for a sua natu-reza ou espécie, deverão ser acompanhados de dois exemplares do documento detransporte. Ficam excluídos, os bens que não estão sujeitos a IVA, entre outros, osbens manifestamente para uso pessoal ou doméstico do próprio.

Nota: Entende-se por documento de transporte a factura, a guia de remessa, nota de venda a dinheiro,nota de devolução, guia de transporte ou documentos equivalentes.

O que se entende por bens em circulação para efeitos de virem acompa-nhados de documento de transporte?

Consideram-se bens em circulação todos os que forem encontrados fora doslocais de produção, de fabrico, de transformação, de exposição, dos estabeleci-

173

Page 170: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

mentos de venda por grosso e a retalho, por motivo de transmissão onerosa, depermuta, de transmissão gratuita, de devolução, de afectação a uso próprio, deentrega à experiência ou para demonstração, de remessa à consignação ou sim-ples transferência, por quem tenha legalmente a obrigação de pagar IVA. Conside-ram-se ainda bens em circulação: os bens encontrados em veículos no acto decarga ou descarga mesmo quando estas tenham lugar no interior dos estabeleci-mentos comerciais, lojas, oficinas, armazéns ou recintos fechados que não sejam casade habitação, os bens expostos para venda em feiras, mercados e outros locais.

174

Page 171: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– D.L. n.º 433/82, de 27/10 (alterado pelo D.L. n.º 244/95, de 14/09): aprova o regimejurídico das contra-ordenações;

– D.L. n.º 114/94, de 3/05 (com as alterações introduzidas até ao D.L. n.º 162/2002, de22/05): Aprova o Código da Estrada (CE);

– D.L. n.º 40/93, de 18/02: Aprova o Imposto Automóvel (IA).

O que é uma Contra-Ordenação ou Ilícito de mera ordenação social?

É todo o facto ilícito e censurável que preenche um tipo legal no qual se esta-belece uma coima (art.º 1.º do D.L. n.º 433/82, de 27/10, alterado pelo D.L.n.º 244/95, de 14/09). A coima (anteriormente, «multa») é uma sanção de carácterexclusivamente patrimonial, destinada a prevenir e repreender certos comporta-mentos, que apesar de socialmente censuráveis (ex.: excesso de velocidade, eoutras violações das regras do chamado «Código da Estrada»), não são suficiente-mente importantes para terem a dignidade de aplicação de uma pena criminal. Ascoimas são aplicadas pelas autoridades administravas e podem ser aplicadassimultaneamente com outras sanções, nomeadamente, a inibição de conduzir, aapreensão de documentos, a apreensão de veículos. No caso de não ser voluntaria-mente pagas as coimas podem converter-se em prisão. Ao contrário do processocriminal para aplicação de uma pena e/ou multa pela prática de uma «transgres-são», no processo de contra-ordenação, não é legalmente possível a aplicação depena de prisão, pelo que ninguém pode ser preso preventivamente por ter prati-cado uma infracção às normas do Código da Estrada. Mas, se a conduta se tradu-zir na prática de um crime poderá haver lugar a detenção do infractor.

Com a entrada em vigor do Código da Estrada de 1994 – alterado pelo D.L.n.º 2/98, de 3/01 – estabeleceu-se a descriminalização das infracções às normas docódigo da estrada, por se entender que a violação destas normas não constituíauma grave censura ético-social, além de que possibilitaria libertar os tribunais degrande número de processos.

CAPÍTULO XIV

O CÓDIGO DA ESTRADA

1. A Contra-Ordenação. Classificação

175

Page 172: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Como se classificam legalmente as infracções da estrada?

As infracções classificam-se em três tipos: leves, graves e muito graves (art.º137.º do C.E.). Esta classificação assenta num critério de gravidade das infracçõese os seus efeitos revelam-se no regime de sanções. Assim:

– as contra-ordenações leves: são punidas apenas com coima (art.º 137.º, n.º2, do C.E.);

– as contra-ordenações graves: são punidas com coima e com sanção aces-sória de inibição de conduzir com duração mínima de um mês e máxima deum ano (art.º 139.º, n.º 1 e 2 do C.E.);

– as contra-ordenações muito graves: são punidas com coima e com sançãoacessória de inibição de conduzir com duração mínima de dois meses emáxima de dois anos (art.º 139.º, n.º 1 e 2 do C.E.).

São graves as seguintes contra-ordenações (art.º 146.º do C.E.):

– O trânsito de veículos em sentido oposto ao legalmente estabelecido;– O excesso de velocidade superior a 30 km/h sobre os limites legalmente

impostos, quando praticado pelo condutor de motociclo ou de automóvelligeiro, ou superior a 20 km/h, quando praticado por condutor de outro veí-culo a motor;

– O excesso de velocidade superior a 20 km/h sobre os limites de velocidadeestabelecidos para o condutor;

– O trânsito com velocidade excessiva para as características do veículo ou davia, para as condições atmosféricas ou de circulação ou, nos casos em que avelocidade deva ser especialmente moderada;

– O desrespeito das regras e sinais de cedência de passagem, ultrapassagem,mudança de direcção, inversão do sentido de marcha, marcha-atrás e atra-vessamento de passagem de nível;

– A paragem ou o estacionamento nas bermas das auto-estradas ou vias equi-paradas;

– O desrespeito das regras de trânsito de automóveis pesados e de conjuntosde veículos, em auto-estradas ou vias equiparadas;

– A não cedência de passagem aos peões pelo condutor que mudou de direc-ção dentro das localidades, bem como o desrespeito pelo trânsito dosmesmos nas passagens para o efeito assinaladas;

– O desrespeito da obrigação de parar imposta pelo agente fiscalizador ouregulador do trânsito, pela luz vermelha de regulação do trânsito ou pelosinal de paragem obrigatória nos cruzamentos, entroncamentos e rotundas;

– A transposição ou a circulação de uma linha longitudinal contínua delimi-tadora dos sentidos de trânsito ou de uma linha mista com o mesmo signi-ficado;

176

Page 173: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– O trânsito sem iluminação do veículo quando obrigatório;– A condução sob influência de álcool;– A não utilização do sinal de pré-sinalização de perigo, quando obrigatório,

fora das localidades.

São muito graves as seguintes contra-ordenações (art.º 147.º do C.E.):– A paragem ou o estacionamento nas faixas de rodagem, fora das localidades,

a menos de 50 metros dos cruzamentos e entroncamentos, curvas ou lombasde visibilidade insuficiente e, ainda, a paragem ou estacionamento nas faixasde rodagem das auto-estradas;

– O estacionamento, de noite, nas faixas de rodagem, fora das localidades;– A não utilização do sinal de pré-sinalização de perigo, quando obrigatório,

em auto-estradas ou vias equiparadas;– A utilização dos máximos de modo a provocar encandeamento;– A entrada ou saída das auto-estradas ou vias equiparadas por locais dife-

rentes dos acessos a esses fins destinados;– A utilização, em auto-estradas ou vias equiparadas, dos separadores de trân-

sito ou de aberturas, eventualmente neles existentes;– As infracções previstas nas alíneas a), e) e l) do artigo 146.º do C.E. quando

prati-cadas nas auto-estradas ou vias equiparadas;– A infracção prevista na alínea b) mesmo do artigo quando o excesso de

velocidade for superior a 60 km/h ou a 40 km/h, respectivamente, bemcomo a infracção prevista na alínea c) do referido artigo quando o excessode velocidade for superior a 40 km/h;

– A infracção prevista na alínea m) do artigo 146.º do C.E., quando a taxa deálcool no sangue for superior a 0,8 g/L;

– A condução sob a influência de substancias legalmente consideradas comoestupefacientes ou psicotrópicas.

Que circunstâncias devem ter em conta as entidades administrativas aoaplicarem as coimas e sanções acessórias de inibição de conduzir?

Nomeadamente, as seguintes:

A gravidade da infracção.A culpa do infractor.A sua situação económica e,Os seus antecedentes estradais (art.º 140.º do C.E.).

Nota: A negligência é sempre punível. Age com negligência quem não procede com o cuidadodevido a que estaria obrigado, mas não tem intenção de praticar qualquer infracção. Havendonegligência a coima aplicável é reduzida para metade do seu limite máximo (art.º 17.º, n.º 4, doC.E.).

177

Page 174: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

São punidas por lei todas as infracções estradais praticadas em territórioportuguês, independentemente da nacionalidade do arguido?

Sim (art.º 4.º do D.L. n.º 433/82, de 27/10 conjugado com o art.º 154.º do C.E.).

E, se o cidadão estrangeiro, não efectuar de imediato o pagamento volun-tário da coima?

Nesse caso ser-lhe-á apreendido o veículo (art.º 154.º do C.E.).

Nota: Somos de opinião de que esta apreensão só será aplicável aos casos de cidadãos estrangeiros,por ex., de férias em Portugal, e não aos cidadãos estrangeiros a residir e trabalhar legalmenteem Portugal, sob pena de violação do princípio constitucional da igualdade de tratamento entretodos os cidadãos, nacionais e estrangeiros, consagrado no art.º 13.º da Constituição.

Que documentos devem sempre acompanhar o condutor?

– Documento legal de identificação pessoal (ex.: BI, passaporte);– Carta ou licença de condução;– Certificado de seguro;– Título de registo de propriedade;– Livrete do veículo;– Ficha de inspecção periódica do veículo.

Como se dá início ao processo por violação das normas do Código daEstrada?

O processo de contra-ordenação inicia-se através de várias formas:– Oficiosamente, mediante participação da autoridade policial ou fiscalizadora;– Por denúncia de um particular, por conhecimento próprio.Em qualquer dos casos o agente policial levanta um auto de notícia ou de

denúncia (art.º 151.º do C.E., conjugado com o art.º 54.º, n.º 1, do D.L. n.º 433/82).

Como deverá ser feita a comunicação da infracção?

O arguido deverá ser notificado, se possível, no momento em que a infracçãoocorreu, mediante a entrega de um exemplar do auto de notícia, onde constem,obrigatoriamente, os factos constitutivos da infracção, as sanções aplicáveis, o

2. O processo de infracções estradais

178

Page 175: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

prazo para apresentação da defesa e o local, a possibilidade de pagamento volun-tário da coima pelo mínimo, o prazo e o local de pagamento e as consequênciasdo não pagamento.

Pode ser por carta com aviso de recepção, enviada para o domicílio do arguido.Ou, por contacto pessoal no lugar em que for encontrado (cf. art.º 155.º e 156.ºdo C.E.).

Quais são as entidades administrativas competentes pela decisão de aplica-ção das coimas e outras sanções como a de inibição de condução?

– Delegações Distritais de Viação, se o arguido não apresentou defesa escrita;– Governos Civis da área em que foi cometida a infracção, no caso de haver

sido apresentada defesa (art.º 33.º do D.L. n.º 433/82).

É legalmente obrigatória a constituição de advogado para defesa doarguido?

Não. O próprio arguido pode apresentar, pessoalmente, a sua defesa ou o seurecurso da decisão administrativa que lhe aplicar uma coima e/ou outra sanção.Porém, sempre que as circunstâncias do caso revelem necessidade de o arguidoser assistido por outrem, poderá, oficiosamente ou a seu pedido, ser-lhe nomeadoum defensor (art.º 53.º do D.L. n.º 433/82).

A lei reconhece ao arguido que não se conforme com decisão administra-tiva que o condenou no pagamento de uma coima e/ou sanção de inibiçãode conduzir, a faculdade de impugnar tal decisão?

Sim, através de recurso judicial da decisão condenatória, para o Tribunal de1.ª instância (art.º 59.º, n.º 1, do D.L. n.º 433/82).

Quais foram, em síntese, as mais significativas inovações do novo Códigoda Estrada de 1998?

– Criminalização do comportamento de quem não seja titular de carta ou delicença de condução;

– Redução do limite de velocidade para os veículos pesados de passageirosem auto-estrada de 110 km/h para 100 km/h;

– Prioridade dos veículos sobre carris;

3. As principais inovações do Código da Estrada de 1998 e as alterações de 2001

179

Page 176: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– Obrigatoriedade dos veículos pesados de mercadorias perigosas transitaremde dia com os médios acessos;

– Obrigatoriedade de comunicar em 30 dias a mudança de residência;– Obrigatoriedade de os condutores intervenientes em acidentes de viação

fornecerem aos restantes todos os elementos e informação necessários paraa sua responsabilização civil;

– Criação da sub-categoria de A1 para motos até 125 cm3;– Possibilidade de submissão a exame médico/psicológico de condução a certos

infractores;– Elevação dos limites máximos de sanção acessória de inibição de condução.– Elevação para cinco anos do período de «bom comportamento»;– Reincidência;– Cassação da carta/licença de condução em caso de inidoneidade e depen-

dência de álcool ou de estupefacientes;– Sanções sobre as emissões anormais de fumos, gases, ruído e derrame de

óleo;– Possibilidade de pagamento voluntário da coima pelo seu limite mínimo até

decisão final;– Presunção de notificação no domicílio do arguido;– Proibição de colocação de cartazes publicitários susceptíveis de fazerem

perigar a circulação;– As autarquias locais passam a disciplinar o trânsito e têm competência para

matricular e licenciar veículos agrícolas.

Quais foram as mais significativas alterações introduzidas ao Código daEstrada em 2001 (D.L. n.º 162/2002, de 22/05)?

– Passou a ser possível controlar a velocidade através do cálculo da velocidademédia;

– Diminuiu-se a taxa admissível de álcool no sangue de 0,5 g/l para 0,2 g/l(exclusive), sendo considerada contra-ordenação grave a partir de 0,5 g/l;

– Para garantir a inibição de conduzir perante uma taxa de álcool no sanguesuperior a 0,2 g/l, o veículo pode ser imobilizado e removido;

– Os peões devem passar a submeter-se a exames para detecção de álcool esubstâncias psicotrópicas sempre que sejam intervenientes em acidentes deviação;

– A realização de inspecções aos veículos e a renovação do titulo de conduçãofica condicionada ao prévio cumprimento da sanção aplicada (coima);

– Passa a ser admitida a notificação por carta simples para o domicílio queconsta do título de condução;

180

Page 177: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– O proprietário do veículo, caso não seja o possuidor efectivo, respondesubsidiariamente pelo pagamento de coimas e custas aplicadas em processode contra-ordenação;

– Maior responsabilização de certas categorias de condutores, passando assanções a ser mais pesadas para os condutores de transportes públicos, trans-portes escolares, aluguer, veículos de socorro e de emergência, de merca-dorias e de transporte de substâncias perigosas, os quais vêm agravadas emum terço os limites máximos e mínimos das penas que lhes sejam aplicáveispela prática de crimes contra a segurança rodoviária;

– É admitido o pagamento voluntário da coima pelo montante mínimo;– Agravou-se o limite mínimo e máximo de inibição de conduzir, respectiva-

mente, para um mês e três meses;– Alarga-se a possibilidade de suspender a pena acessória de inibição de con-

dução, que pode ser condicionada a uma caução de boa conduta e ao cumpri-mento de outros deveres (cooperação em campanhas de prevenção rodo-viária ou execução de tarefas de apoio às autoridades).

Pode um cidadão estrangeiro circular em Portugal com um veículo commatrícula estrangeira?

Não, salvo tratando-se de situações pontuais ou quando é autorizada ou per-mitida a sua admissão temporária. Fora destes casos, é obrigatório, quando se entraem território português, efectuar a requisição da guia que permite a circulação e oinício do processo de legalização.

Os residentes em Portugal não podem circular neste país com carros de matrí-cula estrangeira. Consideram-se residentes em Portugal, as pessoas que aqui per-maneçam por períodos de 185 dias seguidos ou interpolados em cada anocivil, exerçam actividade profissional remunerada ou possuam autorização ou títulode residência.

Qual o objecto de incidência do Imposto Automóvel (IA)?

O IA incide sobre: automóveis ligeiros de passageiros ou mistos, derivadosde turismo, todo-o-terreno e furgões de passageiros. As pick-ups e os forgões demercadorias com lotação até três lugares estão isentas de IA.

A importação ou admissão de veículos estrangeiros também está sujeito a IA(D.L. n.º 40/93, de 18/02). Se o veículo for usado, beneficia de uma redução doIA calculada em função da idade.

4. A matrícula, o imposto automóvel, o imposto municipal e do imposto de circulação

181

Page 178: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Que passos devo dar para legalizar em Portugal um veículo importado deum pais da União Europeia?

No prazo de quatro dias após a entrada do automóvel em Portugal deve:– Dirigir-se à Direcção-Geral das Alfândegas e entregar a declaração de veículo

ligeiro e demais documentação;– Entregar na Direcção-Geral de Viação o requerimento de inspecção e cópia

do livrete e fotografias do carro;– Requer a submissão à inspecção na Direcção-Geral de Viação;– Pagar o IA na Direcção-Geral das Alfândegas e, se for caso disso (se o auto-

móvel for novo), pagar o IVA;– Requerer na Direcção-Geral de Viação a atribuição de um matrícula; a partir

desse momento, o veículo já pode circular legalmente em Portugal;– Na Conservatória do Registo Automóvel requerer o registo definitivo por se

tratar de um bem sujeito a registo.

Nota: Não se deve esquecer de efectuar o seguro de responsabilidade civil, destinado a cobrir os danospessoais e materiais provocados por terceiros e os danos pessoais nos ocupantes do veículo.

Qual o objecto de incidência do Imposto Municipal (IM)? E do Imposto deCirculação (IC)?

O IM incide sobre o uso e fruição de veículos automóveis ligeiros de passa-geiros ou mistos de peso bruto até 2500 kg. Este imposto é pago anualmente entreJunho e Julho, através da aquisição de um dístico na repartição de finanças da áreade residência, ou sede, do proprietário, comprovativo do pagamento do mesmo.O IC incide sobre veículos com peso bruto superior a 2500 kg é pago da mesmaforma que o IM.

Em que casos e situações se pode conduzir em Portugal com uma cartaestrangeira?

Cartas comunitárias, da Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein: pode condu-zir-se em Portugal sem qualquer limitação.

Cartas de condução do modelo da Convenção de Viena (até o titular fixar resi-dência).

Licenças Internacionais de Condução.

Nota: O Automóvel Clube de Portugal –ACP – emite carta válida apenas fora do território nacional, porum período máximo de 1 ano, se período menor não constar do título nacional

5. Carta de condução estrangeira

182

Page 179: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Cartas de condução emitidas por Estados estrangeiros, que reconheçam idên-tica validade aos títulos portugueses (até o titular fixar residência).

Poderei trocar a carta de condução do meu pais de origem por uma carta decondução portuguesa?

Sim. Para tal deverá:

– Preencher o mod. 1403 e 1403-A e entregá-lo em qualquer serviço regionalda Direcção-Geral de Viação (DGV);

– Entregar duas fotografias actuais e de fundo liso;– Bilhete de identidade ou autorização de residência emitida pelo SEF e res-

pectiva fotocópia;– No caso de cidadãos brasileiros que beneficiem de estatuto geral de igual-

dade de direitos: Bilhete de identidade emitido pelo Serviços de IdentificaçãoCivil (SIC);

– Passaporte com vistos de estudo, de trabalho ou de estadia temporária, emi-tidos pelo SEF;

– Original da carta de condução que se quer trocar;– Atestado médico;– Tradução da carta pela autoridade diplomática ou pela entidade emissora da

mesma, atestando que o título é autêntico e válido para as categorias de veí-culos que dele constar e que foi obtida mediante a aprovação em exame decondução (excepto para cartas emitidas nos países comunitários e Suíça);

– Documento comprovativo da permanência no país onde foi emitido o título,de pelo menos 6 meses, com aprovação em exame com grau de exigênciapelo menos idêntico ao previsto na lei portuguesa (excepto para cartasemitidas nos países comunitários e Suíça).

– Custos: Taxa de € 19,5.

183

Page 180: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Penal: art.º 291.º e art.º 292.º do Cód. Penal (redacção da Lei n.º 77/2001,de 13/07).

Que crime comete quem conduzir veículo a motor estando inibido de ofazer por sentença judicial ou decisão administrativa definitiva?

É punido pelo crime de desobediência qualificada (n.º 4, do art.º 139.º do Cód.da Estrada).

Em que consiste e como é punido o crime de condução perigosa de veículorodoviário?

«1. Quem conduzir veículo, com ou sem motor, em via pública ou equiparada:a) Não estando em condições de o fazer com segurança por se encontrar em estado de

embriaguez ou sob a influência de álcool, estupefacientes, substâncias psicotró-picas ou produtos com efeito análogo, ou por deficiência física ou psíquica; ou

b) Violando grosseiramente as regaras de circulação rodoviária relativas à priori-dade, à obrigação de parar, à ultrapassagem, à mudança de direcção, à passagemde peões, à inversão do sentido de marcha em auto-estradas ou em estradas fora depovoações, à marcha atrás em auto-estradas ou em estradas fora de povoações,ao limite de velocidade ou à obrigatoriedade de circular na faixa de rodagem dadireita;e criar desse modo perigo para a vida ou para a integridade física de outrem, oupara bens patrimoniais alheios de valor elevado, é punido com pena de prisão até3 anos ou com pena de multa.

2. Se o perigo referido no número anterior for criado por negligência, o agente épunido com pena de prisão ate dois anos ou com pena de multa até 240 dias.

3. Se a conduta referida no n.º 1 for praticada por negligência, o agente é punido compena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias» (art.º 291.º do Cód.Penal – redacção da Lei n.º 77/2001, de 13/07).

CAPÍTULO XV

A CRIMINALIDADEASSOCIADA À CONDUÇÃO RODOVIÁRIA

184

Page 181: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

E a condução em estado de embriaguez, ou sob influência de drogas écrime?

Nem sempre. Só haverá crime se:

«1. Quem, pelo menos por negligência, conduzir veículo, com ou sem motor, em viapública ou equiparada, com uma taxa de álcool no sangue superior a 1,2 g/l, épunido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias, se penamais grave não lhe couber por força de outra disposição legal.

2. Na mesma pena incorre quem, pelo menos por negligência, conduzir veículo, comou sem motor, em via pública ou equiparada, não estando em condições de o fazercom segurança, por se encontrar sob a influência de estupefacientes, substânciaspsicotrópicas ou produtos com efeito análogo perturbadores da aptidão física, mentalou psicológica» (art.º 292.º do Cód. Penal – redacção da Lei n.º 77/2001, de 13/07).

O condutor a quem foi detectada uma taxa de álcool no sangue igual ousuperior a 0,5 g/l pode seguir viagem no seu veículo? E se seguir a que ficasujeito?

Não. Se o resultado do exame for positivo, ou se o condutor se propuser iniciara condução apresentando uma taxa de alcoolemia igual ou superior a 0,5 g/l, deveser notificado de que fica impedido de conduzir pelo período de 12 horas, a menosque se verifique, antes de decorrido esse período, que não está influenciado peloálcool, através de contraprova ou novo exame por ele requerido. Quem nãorespeitar o impedimento é punido por desobediência qualificada (art.º 160.º doCód. da Estrada). Para garantir a observância do impedimento deve o veículo serimobilizado ou removido.

Se um infractor condenado com a sanção de inibição de conduzir e notifi-cado para entregar o seu titulo de condução, não o fizer, comete algumcrime?

Sim. Se, dentro do prazo (15 dias a contar da data em que decisão se tornoudefinitiva) fixado pela autoridade administrativa que lhe aplicou a sanção, nãoefectuar a entrega da licença ou carta de condução, incorre na prática de um crimede desobediência, punido com prisão até um ano até 120 dias ou com pena demulta (n.º 2, do art.º 157.º do Cód. da Estrada conjugado com o n.º 1, do art.º 348.ºdo Cód. Penal).

185

Page 182: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Código Civil;– Código Comercial;– D.L. n.º 522/85, de 31/112: institui o regime jurídico do Seguro obrigatório de respon-

sabilidade civil automóvel;– D.L. n.º 251/97, de 25/10: aprova o estatuto do Fundo de Garantia Automóvel (FGA);– D.L. n.º 176/95, de 26/07: estabelece regras relativas à informação sobre os contratos

de seguro;– D.L. n.º 214/97, de 16/08:: estabelece regras relativas à transparência nos contratos de

seguro.

O que é o seguro automóvel? E o que é a proposta de seguro? Que cuidadosdevo ter antes de subscrever o contrato de seguro?

O seguro automóvel é um contrato celebrado entre uma empresa de seguros(seguradora) e uma pessoa (tomador de seguro ou segurado) através do qual esta,mediante o pagamento periódico (em geral, anualmente) de um preço (prémio),transfere a responsabilidade civil pelos danos causados a terceiros para a empresade seguros, assumindo esta, no caso de sinistro, a obrigação de indemnizar oslesados pelos prejuízos causados.

A proposta de seguro é o documento através do qual o segurado manifesta asua vontade de celebrar o contrato de seguro. As negociações tendentes à cele-bração do dito contrato deverão ter em conta o facto de existirem várias empresasseguradoras que oferecem condições contratuais diversas. No preenchimento daproposta deverá proceder-se com o todo o rigor, sob pena de qualquer declaraçãoinexacta, omissão de factos ou circunstâncias conhecidas pelo tomador do seguro,que podiam influir sobre a existência ou condições do contrato, poderem tornar oseguro nulo, sendo que nesse caso, os efeitos se reportam à data de vigência domesmo, e tendo como consequência a impossibilidade da seguradora não poderser responsável pelo pagamento de qualquer indemnização.

CAPÍTULO XVI

O SEGURO AUTOMÓVEL DE RESPONSABILIDADE CIVIL.A CARTA VERDE. O SISTEMA DE INDEMNIZAÇÃODIRECTA AO SEGURADO (IDS)E O FUNDO DE GARANTIA AUTOMÓVEL (FGA)

186

Page 183: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Antes de subscrever o contrato de seguro procure informar-se sobre:

– o preço da cobertura obrigatória e das cobertura facultativas, solicite nasempresas de seguros simulações do aumento do prémio em função doaumento do capital seguro em responsabilidade civil para estar habilitado atomar uma decisão;

– os riscos cobertos e os excluídos;– as opções quanto à franquia e correspondentes preços do seguro;– o sistema de funcionamento da tabela de penalização e bonificação do prémio;– qual a extensão territorial das diversas coberturas;– os critérios utilizados nas seguradoras para determinação e actualização do

valor do veículo para efeitos de «danos próprios», e bem assim da tabela dedesvalorização.

Qual a importância de contratar um Seguro Automóvel? E quais as conse-quências da sua falta?

O proprietário ou o condutor de um veículo são legalmente responsáveispelos danos que este venha a causar e, no caso de acidente de viação, os danospoderão ser muito elevados pelo que poderá ter de assumir graves responsabili-dades. Além do mais, os terceiros lesados em acidentes de viação têm direito aser ressarcidos dos prejuízos causados, daí que a lei portuguesa, à semelhança damaioria dos outros países, tenha estabelecido a obrigatoriedade de celebração deum contrato de seguro de responsabilidade civil para os veículos terrestres e seusreboques. No caso de não haver seguro ou este não ser válido, pode ter comoconsequências, a apreensão do veículo, o pagamento de uma coima, a responsa-bilização do condutor ou do proprietário de veículo pelo pagamento das indemni-zações devidas. Em Portugal, país europeu com as mais elevadas taxas de sinis-tra-lidade rodoviária, é inquestionável a importância deste seguro.

Se conduzir um veículo emprestado que não tem seguro, quem é o respon-sável pela sanção?

O responsável pelo pagamento da coima resultante da não realização do segurode responsabilidade civil é sempre o proprietário, salvo se se provar que o con-dutor utilizou abusivamente o veículo.

Em que consiste a chamada Carta Verde?

Trata-se de uma Convenção Internacional, denominada Convenção Multi-lateral de Garantia, que tem por objectivo facilitar a circulação rodoviária. Nospaíses que aderiram a este sistema, a Carta Verde constitui o documento compro-vativo da celebração de contrato de seguro obrigatório: é um Certificado Inter-

187

Page 184: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

nacional de Seguro Automóvel. O seguro obrigatório é válido nos países queaderiram à Carta Verde: todos os países da União Europeia, e ainda, Andorra, aIslândia, a Noruega, a República Checa, a República Eslovaca, a Suíça, a Hungriae a Ucrânia, entre outros.

O Gabinete Português da Carta Verde funciona junto da Associação Portuguesade Seguradores (APS) e pode ser contactado pelo telef. 21.384 8101/2 ou na RuaRodrigo da Fonseca, 41 r/c 1250-190 Lisboa. Em cada país visitado, o respectivoGabinete assume, em relação ao uso do veículo descrito, a responsabilidade, comose se tratasse de um Segurador, de acordo com a legislação desse país sobre oseguro obrigatório de responsabilidade civil automóvel. A vinheta deste seguro éobrigatoriamente aposta nos veículos constituindo informação útil para as entida-des fiscalizadoras e para eventuais lesados.

Quais as coberturas do seguro obrigatório de responsabilidade civil? E quaisos limites do valor de seguro?

Este seguro garante o pagamento das indemnizações devidas pelos danoscausados a terceiros, bem como às pessoas transportadas, com excepção do con-dutor do veículo. E esses danos abrangem as lesões corporais e/ou materiais,inclusivé as causadas aos passageiros transportados gratuitamente (pessoas queandam «à boleia») e às pessoas transportadas em virtude de um contrato (trans-portes colectivos, táxis, etc.). Em Portugal, os danos estão cobertos até ao limitede 600.000 Euros por sinistro (montante do capital seguro). No caso de os pre-juízos ultrapassarem este limite, caberá ao condutor responsável pagar a diferença.Por este motivo alguns segurados optam pelo seguro de responsabilidade ilimitadaou por capitais intermédios que lhes faculta uma garantia superior.

Posso contratar um seguro contra todos os riscos?

Não se tem conhecimento de um contrato de seguro que cubra todos osriscos. Assim, para além do seguro obrigatório de responsabilidade civil, em vir-tude dos veículos serem bens de valor elevado que importa acautelar, pode sercontratado um seguro de danos próprios. Este contrato irá cobrir os danos sofridospelo veículos seguro ainda que o condutor seja responsável pelo acidente, deacordo com o âmbito de coberturas que vierem a ser contratadas. É frequente eusual que este seguro de danos próprios cubra os prejuízos resultantes de choque,colisão, capotamento, furto, roubo, incêndio, raio e explosão.

Como se procede para a actualização do valor do veículo no seguro dedanos próprios?

Desde 1/03/1998, o valor seguro dos veículos a considerar para efeitos deindemnização em caso de perda total, deverá ser alterado automaticamente pelas

188

Page 185: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

seguradoras, de acordo com uma tabela criada para o efeito, a qual inclui neces-sariamente como referências o ano ou o valor da aquisição em novo. As partes,em alternativa, podem estipular, por acordo expresso, outro valor.

Que outras garantias podem ser contratadas?

A negociação com as seguradoras dirá que outras garantias poderão ser con-tratadas, sendo, usuais e frequentes as seguintes:

– um capital facultativo em responsabilidade civil superior ao mínimo obri-gatório, alargando assim o âmbito da responsabilidade coberta;

– a garantia de assistência em viagem para o veículo e passageiros, a qualpoderá conceder ao tomador do seguro, em caso de acidente ou avaria, aassistência necessária para o reboque do seu veículo, o transporte e deslo-cação de pessoas e bens e, em alguns casos, o fornecimento de um outroveículo até ao final da viagem;

– a garantia de protecção jurídica, através da qual o tomador do seguroobtém a representação judicial ou extrajudicial dos seus interesses em conse-quência de acidente de viação;

– a cobertura de pessoas transportadas, que garante o pagamento deindemnizações pelos danos pessoais dos ocupantes do veículo seguro, inde-pendentemente de responsabilidade no acidente;

– a cobertura de actos maliciosos, que garante o pagamento ou reparação dosdanos provocados por acção humana, directa e voluntária no veículo seguro;

– a cobertura de privação temporária de uso, que poderá garantir o paga-mento de uma compensação pelos prejuízos decorrentes de privação forçadado uso do veículo seguro;

– a cobertura de cataclismos naturais, que garante a reparação dos danosprovocados por fenómenos naturais, tais como ciclones, terramotos e outros.

O prémio do seguro é igual em todas as seguradoras?

Não. Cada empresa de seguros tem liberdade para estabelecer os seus pró-prios preços de acordo com a sua estrutura de custos e a experiência de sinis-tralidade dos seus clientes. Além da antiguidade da carta de condução, da idadedo veículo e do próprio condutor, outros factores inerentes ao automobilistapodem influir no prémio do seguro de acordo com a tabela específica de cadaempresa de seguros. Em princípio, o prémio aumenta por cada sinistro da respon-sabilidade do segurado e diminui por cada um, ou mais anos, sem sinistros. Estasalterações apenas podem ocorrer no vencimento anual do contrato e mediantepré-aviso da empresa de seguros.

189

Page 186: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

A franquia pode influir no prémio do seguro?

A franquia é uma importância estabelecida na apólice que fica a cargo dosegurado em caso de sinistro. Trata-se, portanto, de um limite abaixo do qual aseguradora não paga qualquer indemnização. Pode estabelecer-se como um mon-tante fixo ou como uma percentagem do valor do capital seguro.

A franquia permite reduzir o prémio, responsabilizando-se o segurado por umaparte do prejuízo. Quanto maior é a franquia, menor é o prémio. Podem estabele-cer-se franquias quer na cobertura de responsabilidade civil, quer na de danospróprios. Porém, a franquia não é oponível a terceiros lesados, sendo estes indemni-zados pela totalidade dos danos sofridos, até ao limite das garantias da apólice.

As seguradoras podem recusar-se a contratar o seguro obrigatório?

Sim. No entanto, a lei prevê uma forma de ultrapassar essa recusa. A pessoaque vir recusado o contrato em, pelo menos, três empresas de seguros, deveráexigir de cada uma a respectiva declaração de recusa – sendo obrigatória a suaemissão – e dirigir-se ao Departamento de Apoio aos Consumidores do Institutode Seguros de Portugal, ao qual caberá indicar a seguradora que se irá celebrar ocontrato de seguro, bem como o prémio a pagar. Quanto aos veículos sujeitosa Inspecção Obrigatória, as seguradoras só podem celebrar ou renovar contratosde seguro desde que façam prova da respectiva aprovação.

O contrato de seguro transmite-se com a venda do veículo?

Não. O contrato caduca às 24 horas do dia da venda, pelo que o novo proprie-tário deverá celebrar um novo contrato de seguro, pelo que, o segurado deverácomunicar imediatamente à sua seguradora a venda do veículo. Este, no caso depretender efectuar a substituição do veículo por outro dentro do prazo de 120 dias,deve, igualmente, informar a seguradora para poder utilizar a mesma apólice.

No caso de ter um acidente o que devo fazer?

– Procurar obter os elementos de identificação dos outros intervenientes –condutor e veículo – no local do sinistro, e da existência de seguro, designa-damente, da seguradora, número da apólice (desde 1995 que é obrigatória aafixação, nos veículos, de um dístico contendo elementos que permitemidentificar imediatamente a respectiva seguradora);

– Procurar identificar as pessoas que possam servir de testemunhas do sinistro(em particular, das que presenciaram o acidente «testemunhas oculares»);

– Procurar, sendo possível, um acordo entre todos os intervenientes do sinis-tro, através do preenchimento, por ambos os condutores, da chamada Decla-

190

Page 187: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ração Amigável de Acidente Automóvel, que deverá ser assinada por ambos.Para o funcionamento do sistema IDS – Indemnização Directa ao Segurado éessencial a entrega deste documento nas respectivas seguradoras;

– No caso de não ser possível a assinatura da Declaração Amigável ou sempreque haja lesões corporais, deverá pedir a presença no local do sinistro dasautoridades policiais.

Nota: No preenchimento da Declaração Amigável de Acidente Automóvel não é necessário os interve-nientes declararem-se culpados. Não havendo responsabilidade do condutor, não resulta dadeclaração qualquer agravamento do prémio. Cada condutor deve ficar com um exemplar paraentregar na sua seguradora.

Em que consiste o sistema IDS?

É um sistema que tem por finalidade acelerar a regularização dos sinistros,para melhor servir os utentes, possibilitando que cada tomador de seguro regula-rize o sinistro directamente com a sua própria empresa de seguros. O sistema IDSaplica-se desde que sejam apenas duas as viaturas envolvidas no acidente, nãohaja lesões corporais e as lesões materiais dele resultantes não sejam superiores a€ 15.000 (valor em vigor a partir de 1 de Janeiro).

E se um dos condutores não tiver seguro?

Se algum dos condutores não exibir documentos comprovativos do contratode seguro, os outros intervenientes no acidente devem recolher os dados atrás refe-ridos, em particular a matrícula e a identificação do condutor, e pedir informaçõesao Departamento de Apoio aos Consumidores do Instituto de Seguros de Portugal(ISP) sob a forma de localizar a seguradora a partir da matrícula, ou de recorrerao Fundo de Garantia Automóvel, caso não exista seguro válido. Aconselha-setambém que seja solicitada a presença das autoridades policiais.

O que é e para que serve o Fundo de Garantia Automóvel (FGA)?

O F.G.A. é um fundo autónomo integrado no Instituto de Seguros de Portugal.Este fundo serve para garantir o pagamento das indemnizações devidas por morte,lesões corporais e ou materiais, decorrentes de acidentes de viação causados porveículos que não tenham o seguro obrigatório válido ou eficaz à data do acidentee desde que seja feita prova inequívoca da culpa dos condutores desses veículos.Só estão abrangidos pelo F.G.A. os acidentes causados por veículos matriculados emPortugal e, de um modo geral, em países não aderentes ao sistema da Carta Verde.

No que se refere às lesões materiais, o FGA só responde desde que o respon-sável pelo acidente seja conhecido e o valor dos danos seja superior a € 299,28.Os responsáveis pelos danos indemnizados pelo FGA ficam obrigados a reem-

191

Page 188: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

bolsar, com juros, os montantes gastos. Ao FGA compete ainda garantir o paga-mento de indemnizações por morte ou lesões corporais resultantes de acidentescausados por desconhecidos ou cobertos por seguradoras declaradas em estadode falência.

E se sair de Portugal em viagem por outros países?

O automobilista deve verificar se tem a sua Carta Verde válida para todo operíodo de viagem e para os países que vai visitar. O contrato de seguro obriga-tório é válido para todos os países indicados na Carta verde.

Qual o valor do veículo em caso de acidente?

Em caso de acidente o veículo pode sofrer danos parciais ou ser consideradoperda total. Considera-se perda total quando o custo de reparação do veículo éigual ou superior ao seu valor venal (valor que o veículo teria no mercado auto-móvel caso pretendesse vende-lo à data do acidente) ou a reparação não é tecni-camente viável. Quando tal acontece, a seguradora acorda com o lesado o paga-mento de uma indemnização em dinheiro, habitualmente com base no valor venaldo veículo à data do acidente.

Caso a indemnização seja processada ao abrigo do contrato de seguro dedanos próprios, o valor a considerar para efeitos de indemnização, em caso deperda total, será o montante efectivamente seguro.

192

Page 189: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

LEGISLAÇÃO

– Acordo Internacional relativo ao transporte de cadáveres, assinado em Berlim em10/02/1937, aprovado pelo D.L. n.º 417/70, de 1.10;

– Acordo Europeu relativo à Trasladação de Corpos de Pessoas Falecidas, de26/10/1973, aprovado pelo D.L. n.º 31/79, de 16/04.8.

O meu cônjuge faleceu, o que devo fazer de imediato?

Sempre que se verifica uma morte, cabe aos parentes mais próximos (nomea-damente, ao cônjuge) comunicar esse facto, verbalmente à conservatória doregisto civil do local onde ocorreu, nas 48 horas seguintes. O que não envolvequalquer gasto.

Nota: No caso da pessoa falecida deixar bens, deve ser comunicada a morte à repartição de Finançasdo concelho onde residia. Esta comunicação deve ser feita pelo cônjuge sobrevivo no espaço de30 ou 180 dias, consoante resida no mesmo concelho ou no estrangeiro.

No caso de ocorrer a morte de um imigrante em Portugal o que está pre-visto na legislação para efeitos do seu transporte para o país de origem?

Ao transporte para país estrangeiro de cadáver cujo óbito tenha sido verificadoem Portugal aplicam-se as disposições contidas no Acordo Internacional relativoao transporte de cadáveres, assinado em Berlim em 10/02/1937, aprovado peloD.L. n.º 417/70, de 1.10 e no Acordo Europeu relativo à Trasladação de Corpos dePessoas Falecidas, de 26/10/1973, aprovado pelo D.L. n.º 31/79, de 16/04.8 (n.º 2,do art.º 1.º do D.L. n.º 411/98, de 30/12).

Nota: Este último só é aplicável aos Estados membros do Conselho da Europa signatários. NoAcordo de Berlim de 10/02/1937, está previsto que «todo o transporte de cadáveres, qualquerque seja o meio e as condições em que for efectuado, requer um livre – trânsito especial (livretrânsito de féretros), tanto quanto possível conforme com o modelo anexo» (ao Acordo) econtendo os elementos de identificação do falecido, o lugar, a data e a causa da morte. Esteacordo não se aplica ao transporte de cinzas.

CAPÍTULO XVII

DIREITO MORTUÁRIO

193

Page 190: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Qual a finalidade do livre– trânsito de féretros internacional?

Tendo sido autorizado o transporte do cadáver, este documento destina-sea solicitar a todas as autoridades dos países no território por onde se efectuar otransporte a deixá-lo passar livremente e sem entraves.

Quem tem legitimidade para requerer a remoção do cadáver, isto é, o seulevantamento do local onde ocorreu ou foi verificado o óbito e o seu subse-quente transporte, a fim de se proceder à sua inumação (colocação emsepultura, jazigo ou outro local apropriado), ou cremação?

O cônjuge sobrevivo, a pessoa que vivia com o falecido em condições análo-gas às dos cônjuges, qualquer herdeiro, qualquer familiar ou qualquer pessoa ouentidade. Se o falecido não tiver nacionalidade portuguesa, o mesmo vale para orepresentante diplomático ou consular do país da sua nacionalidade.

Tem de decorrer algum prazo antes de se poder efectuar a inumação,cremação, encerramento em caixão ou colocação em câmara frigorífica?

A lei fixa um prazo de 24 horas sem o decurso do qual não é permitido proce-der-se a qualquer uma daquelas operações.

194

Page 191: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

No ano de 2000, o SEF procurou identificar os dois mais importantes fluxosmigratórios ilegais com destino a Portugal. O primeiro tem origem no Leste Europeuem países da antiga U.R.S.S. (Ucrânia, Moldávia e Repúblicas Bálticas – Lituânia,Letónia e Estónia), Rússia, Roménia e o segundo, tem origem no Brasil e Portugalaparece como um lugar de passagem. Portugal, foi o país pioneiro da União Euro-peia na consagração de novas formas de acolhimento dos imigrantes ilegais queprocuraram a Europa para trabalhar. A figura da «AP» a atribuir a quem possuaum contrato de trabalho, foi a solução adoptada na nossa Lei da Imigração.

Qual é o número de estrangeiros legalmente residentes em Portugal?

De 50.000 estrangeiros legalmente residentes em 1980, uma década depois, acomunidade estrangeira em Portugal passou para as 175.767 pessoas.

De acordo com os últimos dados oficiais disponíveis, do Serviço de Estrangei-ros e Fronteiras, e segundo a comunicação oficial 3, residiam legalmente em Portu-gal, em 31 de Dezembro de 1999: 190.896 estrangeiros. Destes, 109.965 sãohomens e 80.931 são mulheres. Em 2000 este número passou para os 220.000. Nasequência do novo regime legal das autorizações de permanência, previsto noDecreto-Lei n.º 4/2001, de 10 de Janeiro, o número de estrangeiros legalizadosaumentou substancialmente, atingindo no fim desse ano cerca de trezentas e qua-renta e seis mil pessoas. Paralelamente, o fluxo de imigração ilegal não só nãodiminuiu como, por força desta legislação flexível, aumentou de forma acentuada,tornando-se cada vez mais visível a precariedade do acolhimento e integraçãodestes imigrantes.

CAPÍTULO XVIII

ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE A EVOLUÇÃODO FENÓMENO DA IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL

Introdução

3 Público, 30/07/200, 6/08/2001, 22/06/2002.

195

Page 192: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Número de concessões de autorizações de permanência (AP)

Em 2001:

– Até 19/07/2001, foram concedidas 82.123 Autorizações de Permanência(AP), numa média de 500 (AP)/por dia. E, havia 20.000 outros processosautorizados pela IGT.

Em 2002:

– Até 17/05/2002, foram atribuídas, desde a entrada em vigor da nova lei daimigração (22/01/2001), um total de 175.319 APs.

O Conselho de Ministros, pela Resolução n.º 164/2001, de 30/11, resolveudeterminar que, com a entrada em vigor da presente resolução e até 31 de Dezem-bro de 2001, só se dará início a novos processos de concessão de autori-zaçãode permanência nos termos do artigo 55.º do Decreto-Lei n.º 244/98, de 8 deAgosto, com a redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 4/2001, de 10 de Janeiro, emcasos devidamente justificados, sem prejuízo da emissão de autorizações depermanência que resulte de pedidos que já tenham dado entrada na InspecçãoGeral de Trabalho à data de publicação desta resolução.

Quais são as nacionalidades mais representativas?

As nacionalidades mais representativas, de acordo com os dados oficiais dispo-níveis, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e segundo a comunicação oficial 4

eram as seguintes:

– até 31 de Dezembro de 1999: Cabo Verde (43.797); Brasil (20.887); Angola(17.695); Guiné-Bissau (14.140); Reino Unido (13.344); Espanha (11.152);Alemanha (9.606); E.U.A. (7.795); França (6.506); Moçambique (4.503); S. Tomée Príncipe (4.795).

– Em 2002: Ucrânia (65.553); Brasil (32.196); Modávia (12.297); Roménia(10.729); Cabo Verde (7422); Rússia (6939); Angola (6634); China (4538);Guiné-Bissau (4520); Índia (4129); Paquistão (3892); Bulgária (2433); S. Tomée Principe (2091); Guiné-Conacry (1773); Marrocos (1491); Bangladesh (1145);Bielorússia (1092).

Processos por auxílio à imigração ilegal

Em 2001 estavam em curso 178 inquéritos por auxílio à imigração ilegal e nosúltimos 2 meses, em processos investigados pelo SEF, foram condenadas 15 pessoas.

4 Público, 30/07/200, 6/08/2001, 22/06/2002.

196

Page 193: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Razões e motivos da escolha de Portugal como destino de Imigração

Estima-se em mais de 150 Euros o custo que cada imigrante tem de suportarcom a sua chegada a Portugal. Segundo as conclusões de um estudo de investi-gação realizado em 2001 num município da grande Lisboa (Loures), pelo InstitutoSuperior de Ciências e Tecnologias do Trabalho, de acordo com as 290 entrevistasfeitas a membros das comunidades de imigrantes (não legalizados) dos países deLeste, «estes escolhem preferencialmente Portugal pelo facto de a viagem serbarata, em relação a outros destinos, pela sua localização geográfica, um local depassagem para a Europa ou para os Estados Unidos». Muitos escolhem o nossoPaís «por dominarem já a língua ou terem cá familiares e amigos» 5.

Processos de expulsão

Em 2000 foram expulsos 2.140 imigrantes ilegais, tendo o Estado Portuguêsgasto 82.000 contos nas expulsão, readmissão e afastamento voluntário dessescidadãos.

Necessidades de mão de obra em Portugal

O Conselho de Ministros resolveu (Resolução n.º 164/2001, de 30/11) determinarque a admissão de trabalhadores não comunitários em território nacional, desde adata da publicação da presente resolução até 31 de Dezembro de 2001, será feitade acordo com as necessidades de mão-de-obra previstas no relatório em anexo,privilegiadamente nos termos do regime jurídico que regula a concessão de vistosde trabalho, com o limite máximo de 20.000 entradas, distribuídas percentual-mente pelos seguintes sectores:

– 50% na Construção.– 23 % em Alojamento Turístico e Restauração.– 12% para a Agricultura.– 15% para outros sectores.

O Governo português estima em 27.000 pessoas as necessidades de mão deobra para o ano de 2002.

5 Público, 30/07/200, 6/08/2001, 22/06/2002.

197

Page 194: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Geograficamente pequeno – um país peninsular e periférico do sul da Europa –Portugal é composto por um território continental e insular (arquipélago dos Açorese da Madeira) e as suas fronteiras encontram-se praticamente inalteradas desde háquase 800 anos (fronteiras que partilha com Espanha da qual mantém indepen-dência e para com a qual nutre alguma desconfiança, expressa no adágio popular«De Espanha não vem bom vento nem bom casamento»). O país tem uma popu-lação de mais de 10 milhões de habitantes e língua própria – o português.

Caracteriza-se pela diversidade de regiões, de paisagens e relevos. No litoral,praias arenosas, bonitas aldeias de pescadores, clima ameno; no Algarve, um climamediterrâneo e mais quente, destino de férias da Europa do Norte; no Interiornorte, as áreas rurais mais tradicionais e de clima mais frio, e tantas outras belezas!,algumas delas neglicenciadas do desenvolvimento e do progresso conduziram àemigração. Os Açores têm um clima atlântico suave, com chuvas e ventos fortesdurante todo o ano. A Madeira é chuvosa no norte, mais quente e seca no sul.

Dois grandes rios, o Douro e o Tejo, nascem em Espanha e atravessam Portugalpara desaguar no Atlântico. Das encostas do vale superior do Douro, região classi-ficada pela UNESCO como Património Mundial, nasce um dos mais famosos pro-dutos portugueses: o vinho do Porto.

Nas embocaduras do Tejo e do Douro situam-se as duas maiores cidadesportuguesas, Lisboa (mais de 700.000 habitantes) e Porto.

Lisboa, a capital, é uma cidade cosmopolita, tem uma vida cultural variada,muitos museus nacionais e galerias de arte. Na indústria e no comércio a cidadedo Porto parece querer rivalizar seriamente com a capital. Os restantes centrospopulacionais são bem mais pequenos, sendo de destacar no norte, Braga, cidadeeclesiástica, uma espécie de «Roma portuguesa», dada a quantidade e diversidadedas suas Igrejas; Aveiro, porto marítimo; Coimbra, velha cidade universitária;Setúbal, mais a sul, cidade industrial; Évora, cidade universitária do região doAlentejo classificada como Património Mundial; Faro, capital do Algarve, a regiãomais conhecida de Portugal no estrangeiro, famosa pelas suas praias mas, a menostípica de todas. Bem distante, em pleno oceano atlântico encontram-se dois arqui-pélagos, com governo de administração autónoma: a Madeira, ao largo da costa deMarrocos, e os Açores (um arquipélago constituído por nove ilhas), a um terço dadistância entre Portugal e os Estados Unidos.

CAPÍTULO XIX

INFORMAÇÕES ÚTEIS

1. Portugal continental e ilhas: Geografia, População, Clima

198

Page 195: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Portugal é um dos mais antigos Estados-Nação da Europa. A sua fundaçãoremonta ao ano de 1139-1140 (batalha de Ourique). No período pré-romano, naregião da Lusitânia (entre o Douro e o Tejo) viviam os Centiberos. Em 216 a.C. aPenínsula Ibérica foi ocupada pelos Romanos que lhe chamaram Hispânia. Coma queda do Império Romano, no século V, esta região é invadida, primeiro pelosbárbaros (tribos germânicas, como os Suevos e Visigódos), e depois pelos Mourosdo Norte de África (711). No século XI inicia-se a reconquista pelos reinos cristãosdo Norte. É gradualmente que vai surgindo Portucale, um pequeno condado doreino de Leão e Castela, que por intermédio de D. Afonso Henriques, primeiro Rei,se autoproclama independente. Os sucessores do novo reino vão expandi-lo parao sul, até ao Algarve, último reduto do Islão. No século XV inicia-se a exploraçãoda costa atlântica e africana pelos marinheiros portugueses. Com a viagem de Vascoda Gama, em 1498, à Índia, e de Pedro Álvares Cabral, em 1500, ao Brasil, no rei-nado de D. Manuel I, Portugal atinge o período de maior esplendor e auge da suahistória. O comércio das especiarias com o Oriente é fonte de grandes riquezas ede prosperidade subitamente interrompida com a derrota militar do Rei D. Sebas-tião por terras de Marrocos. Entre 1580 e 1640 dá uma união entre as duas Coroase Dinastias Ibéricas, a portuguesa e a espanhola, e os Reis da Dinastia dos Filipes(de Espanha) governam o país até à restauração da plena soberania (inde-pendência) em 1640. Com descoberta de ouro no Brasil o país recupera alguma dasua anterior prosperidade, e na segunda metade do século XVIII, o marquês dePombal, déspota iluminado, inicia uma política de modernização do país acompa-nhada da expulsão dos Jesuítas e, em geral, da limitação do poder da Igreja Cató-lica. Em 1807 dá-se a primeira de três invasões pelo exército francês de NapoleãoBonaparte, e em 1825 o Brasil torna-se independente. As disputas entre os partidá-rios do Absolutismo e do Constitucionalismo, fragilizam ainda mais o país já muitodivido e empobrecido. Depois de um curto período de estabilidade e desenvolvi-mento chega-se, em plena crise social, económica e política ao fim da Monarquia,e em 1910, através de uma revolução é instaurado um regime republicano. Com acrise em crescimento, e uma sucessiva instabilidade política, com sucessivas quedasde governos, dá-se o golpe militar de 1926 que inaugura o chamado «EstadoNovo», regime autoritário e corporativo, governado com mão de ferro por AntónioSalazar, de 1928 a 1968, o qual sendo certo que logrou conseguir o saneamentodas contas públicas, colocou, porém, o país praticamente numa posição de isola-mento nas relações internacionais através da célebre política do «orgulhosamentesós». A política das relações com o exterior era dominada pela preocupação prin-cipal de defesa das colónias africanas e asiáticas. Portugal participou na I GuerraMundial, ao lado das potências aliadas, fundamentalmente, para poder manter asoberania (ameaçada) sobre as suas colónias africanas (Angola, Moçambique, Guinée Cabo Verde), e asiáticas (Timor) e com Salazar, conseguir obter um estatuto de

2. A História de Portugal

199

Page 196: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ambígua neutralidade na II Guerra Mundial, concedendo no entanto facilidadesnavais nos Açores à sua antiga aliada, a Inglaterra, e bem assim, aos EstadosUnidos. A indústria e o comércio eram praticamente dominada por algumas famí-lias ricas que constituíram alguns grupos económicos e empresariais fortes. A Revo-lução dos Cravos, em 1974, promete o restabelecimento de uma efectiva Demo-cracia que tem consagração na Constituição da República Portuguesa de 1976onde se afirma que o «a republica portuguesa é um Estado de direito democrático,baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização políticademocráticas» (art.º 2.º). Depois de um período inicial pós-revolução marcado poruma forte influência ideológica marxista, a partir dos anos 80, Portugal adoptouuma posição cada vez mais europeísta, que culminou com a adesão em 1986 àCEE. Este período é caracterizada por um modelo de desenvolvimento assente emgrandes investimentos públicos sobretudo em obras rodoviárias. Às exportaçõestradicionais – cortiça, resina, têxteis, confecções, calçado, sardinhas enlatadas, evinhos –, vieram juntar-se outras como automóveis e cimentos. As ajudas dosfundos comunitários europeus permitiram o relançamento do ensino e das escolasde formação profissional, e bem assim, a construção de novas estradas, pontes ehospitais. Apesar de continuar a ter um dos PIBs mais baixos da EU, Portugalelevou um pouco o nível de vida de alguns sectores da população.

O português é uma língua peninsular autónoma falada pelos portugueses e,dela está muito próximo, o galego, falado na região espanhola da Galiza. Os portu-gueses têm motivo para se orgulharem da sua língua e literatura. Os Lusíadas,poema épico de Luís de Camões, poeta do século XVI, é uma obra de génio de umdos grandes génios da literatura universal de todos os tempos, sendo de destacartambém, o génio de António Vieira, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, AgustinaBessa-Luís e José Saramago, este último Prémio Nobel da Literatura. Os portu-gueses, que bem se podem considerar um povo de poetas, têm, contudo, poucoshábitos de leitura, apesar do número razoável de jornais e revistas existentes. Osjornais desportivos são dos mais procurados e o futebol é uma paixão nacional.Na música, destacamo-nos pelo fado; no centro do país, é interpretado de umaforma mais próxima da saudade, pelos estudantes da Universidade de Coimbra,no sul, de uma forma mais alegre. Nas regiões rurais, e em particular no Minho,mantêm-se ainda um grande entusiasmo pelas danças e cantares populares, conti-nuando em renovada actividade inúmeros ranchos folclóricos e bandas de música(filarmónicas).

As touradas, são outra paixão, seguindo um ritual «à portuguesa», com forca-dos amadores apeados que destemidamente pegam o touro, e com exímios cava-leiros que fazem a lide ao animal, distinguem-se das touradas espanholas, por não

3. A língua e cultura portuguesa

200

Page 197: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

sacrificarem o touro na arena, são espectáculos que expressam bem a arte, osgostos, e bem assim, usos e costumes lusitanos.

Grande parte dos monumentos e estilos arquitectónicos mais significativos evaliosos que constituem o património histórico, artístico, e documental portuguêsdatam, na sua maioria, da Gloriosa Época das Descobertas marítimas (séculos XVe XVI), sendo de destacar, o chamado estilo Manuelino, de características vinca-damente portuguesas (ex. Torre de Belém e Mosteiro dos Jerónimos). A arte dosazulejos, como forma de revestimento e cobertura de paredes, tectos e pavimentos,especialmente, no período barroco conheceu também em Portugal um desenvolvi-mento ímpar em comparação com os demais países europeus.

Com forte tradição e vocação atlântica, o país parece, pelo menos, desde a suaadesão à CEE em 1986, mais apostado em virar-se e/ou orientar-se política, econó-mica e culturalmente para a Europa.

Com tradições culturais únicas, os portugueses poderão definir-se como umpovo de índole pacata e descontraída, educados e com civismo, têm a tendênciapara serem sociáveis sem perder alguma formalidade. Distinguem-se pela discriçãotalvez algo conservadora. Apreciam as celebrações comunitárias, como festas,aniversários, casamentos, baptizados, etc. São, geralmente, afáveis, simpáticos ehospitaleiros para com os outros. Parecem cultivar para além do bom-humor e dossorrisos, um sentimento de um certa nostalgia melancólica de um passado ondealgo se perdeu ou inalcançável (é a este sentimento que se chama saudade).

Há duas características deste povo que costumam causar uma certa irritaçãonos visitantes: a tradicional falta de pontualidade horária em relação aos compro-missos, e uma suspensão das boas maneiras e cortesia quando estão ao volante deum automóvel. Esta falta de civismo na condução, que se manifesta, nomeada-mente, pelas frequentes manobras perigosas, pelo excesso de velocidade, pelacondução sob a influência de álcool, pelos buzinões e apitadelas, colocam o paísnos primeiros lugares da lista de sinistralidade rodoviária. Mas, diga-se, em abonoda verdade, que se esboça uma mudança de costumes e atitudes, fundamental-mente nos centros urbanos.

As famílias, outrora, numerosas, de origem rural deixaram praticamente deexistir há mais de uma década. Actualmente, os jovens casam cada vez mais tardee têm um ou dois filhos.

O legado da educação cristã e católica está profundamente enraizado na cul-tura portuguesa e, em especial, no norte do país. A maior parte dos casamentossão celebrados segundo o ritual canónico e é frequente os pais baptizarem os seusfilhos, que frequentem a catequese da paróquia até receberem a primeira comu-

4. O modo de vida português

201

Page 198: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

nhão, e estudem uma disciplina de educação religiosa e moral católica na escolapública. Não obstante a queda acentuada de prática religiosa, é comum encon-trarem-se símbolos de fé religiosa, como: santos, pequenas capelas, oratórios,medalhas e crucifixos. Para além do que existe uma especial devoção pela NossaSenhora de Fátima (Padroeira de Portugal), mantendo-se regulares as romarias eas peregrinações.

Numa população de dez milhões de habitantes, 95% dos portugueses decla-ram-se católicos e convivem com cerca de vinte mil muçulmanos, ortodoxos, pro-testantes, anglicanos, mórmones, testemunhas de Jeová e evangélicos e com umacomunidade, minoritária, de dois mil judeus.

O Minho é a região onde é mais forte a prática religiosa e a influência da IgrejaCatólica. A cidade de Braga, por exemplo, tem quarenta e cinco igrejas e três san-tuários, constituindo importantes centros de peregrinação, é uma espécie de «RomaPortuguesa». Os templos e santuários da Igreja Católica mantém-se como os locaisde culto e de encontro da comunidade, sendo também o local onde se realizam asmais solenes Romarias e Festas Religiosas, quase sempre dedicadas ao Santopadroeiro. Estas festas são muitas vezes acompanhadas por músicas folclóricas,vestidos tradicionais, tapetes florais e lançamento de fogo de artifício. Em váriasparóquias, as comunidades cristãs e certas organizações associativas empenham-sena promoção e realização de encontros ecuménico, como por ex.: Encontros deOração segundo o modelo da Comunidade ecuménica dos monges de Taizé, França.

A moeda de Portugal deixou de ser o Escudo, a partir de 1 de Janeiro de 2002,tendo sido substituída pelo Euro que é, presentemente, a moeda com curso legalno conjunto de 10 Estados-membros da União Europeia (Bélgica, Alemanha, Espa-nha, França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Áustria, Finlândia e Irlanda), que adop-tou a moeda única – o Euro (€) . Há 7 denominações de notas e 8 denominaçõesde moedas de Euros: notas de 500, 200, 100, 50, 20,10 e 5 Euros e de 50, 20, 10, 5,2 e 1 cêntimos. Todas as moedas têm uma face comum europeia e uma específicanacional alusiva à história e cultura de cada país. Poderão ser utilizadas em todosos países da zona Euro. As notas de Euros são iguais em todos os países da zonaEuro. Além de terem diferentes dimensões, integram elementos que permitemidentificar as várias denominações pelo tacto.

5. A religião e os lugares de culto

6. A moeda corrente

202

Page 199: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

– SOS – Número Nacional de Socorro (112)– Hospitais– Bombeiros– Protecção civil– Polícia

Em caso de emergência há o número nacional de socorro – 112. Marcando onúmero deve indicar-se o serviço de que se necessita: polícia, ambulância oubombeiros. Se precisar de tratamento médico, dirija-se ao serviço de urgência dohospital ou centro de saúde mais próximo. E se necessitar de adquirir um medica-mento que não careça de receita médica dirija-se à farmácia mais próxima, cujosímbolo de identificação é uma cruz verde sobre fundo branco. As Farmácias estãoabertas das 9h às 13h e das 15h às 19h. Todos os dias é assegurado um serviço de24h sobre 24h, e um prolongamento até às 22h do período de abertura de algumasfarmácias. Para se certificar de quais as farmácias em serviço permanente e serviçonocturno deverá consultar a listagem afixada na montra das farmácias ou noshospitais.

Nas auto-estradas, em caso de acidente ou avaria, use os telefones SOS, de corlaranja, espalhados ao longo das estradas.

Nas principais cidades, o policiamento é feito pela Polícia de SegurançaPública (PSP). Nas cidades mais pequenas e nas zonas rurais, o policiamento com-pete à Guarda Nacional Republicana (GNR). Existe ainda nalgumas cidades a Polí-cia Municipal. Nas estradas a observância das regras de circulação rodoviária é dacompetência de uma divisão da GNR, a Brigada de Trânsito. Nas vias urbanas dasprincipais cidades é a uma divisão da PSP que cabe dirigir e controlar a circulação.Os elementos da PSP que incluem esse corpo de vigilância, distinguem-se dosseus colegas por usarem uma braçadeira vermelha com um «T».

Diversas entidades estão a organizar-se de forma a ministrar cursos gratuitosde português e de cidadania para estrangeiros, especialmente dirigidos a imigrantes,no sentido, de promover a capacidade de expressão e compreensão na línguaportuguesa, e sensibilizar para o conjunto de direitos e deveres de que aquelessão portadores, de forma a facilitar a sua integração nos postos de trabalho e navida em sociedade. Actualmente (2001/2002) estão a decorrer a nível nacionalcerca de 500 cursos que contam com o apoio e colaboração de diversas instituiçõespúblicas e particulares, tais como: delegações regionais do Instituto de Empregoe Formação Profissional (I.E.F.P), Juntas de Freguesia, Centros Sociais Paroquiais eAssociações Particulares de Solidariedade Social.

7. Os serviços de urgência

8. Cursos gratuitos de ensino da língua, cultura e cidadania portuguesas

203

Page 200: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro
Page 201: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

FORMULÁRIOS

Page 202: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

EX.MO SENHOR

DIRECTOR DO SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF)

LISBOA

F___________, de ___ anos, no estado de ________, filho de ______________,

natural de _______, residente na Rua ____________ ___________, vem ao abrigo

do disposto no art.º 9.º n.º 3, do Regulamento da Nacionalidade, aprovado pelo

Decreto-Lei n.º 322/82, de 12 de Agosto, requerer a V. Ex.a se digne mandar

proceder a averiguações no sentido de confirmar e declarar que ele requerente se

encontra a residir em Portugal desde _____________ (indicar a data de entrada

em Portugal).

O requerente é pai (ou mãe) de _________________ titular da cédula pessoal

n.º ___, série ___, de que se junta fotocópia e o pedido em apreço visa demonstrar

que ao tempo do nascimento da referida filha (ou filho), o requerente já se encon-

trava a residir em Portugal há mais de seis anos (ou dez), pelo que a(o) mesma(o)

pode optar, ao abrigo do disposto na alínea c) da Lei da Nacionalidade aprovada

pela Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro, pela cidadania portuguesa de origem.

O requerente julga assim preencher o requisito de que no dia _____ do ano

de ______, data do nascimento da sua filha(o) ________residia em Portugal há

mais de seis anos, o que confere a esta(e) o direito à nacionalidade portuguesa

de origem.

Junta ___________ documentos (indicar o número de documentos que juntar).

Pede deferimento.

Lisboa, ______ de ___________ de 200_

O Requerente,

Modelo de requerimento feito pelo progenitor para aquisição de nacionalidade do filho

206

Page 203: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

EX.MO SENHOR

DIRECTOR DO SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF)

LISBOA

F______________, de ____ anos, no estado ___________, filho de _________,natural de __________, residente na Rua _________ ________ vem ao abrigo dodisposto no art.º 9.º do Regulamento da Nacionalidade, aprovado pelo Decreto-Lein.º 322/82, de 12 de Agosto, requerer a V. Ex.a se digne mandar proceder a averi-guações no sentido de confirmar e declarar que o pai (ou mãe) dele requerentese encontra a residir em Portugal desde ____________ (indicar a data de entradaem Portugal).

O requerente é filho de _______________________ _______________ titular daAutorização de Residência n.º ____________, do qual junta fotocópia e o pedidoem apreço visa demonstrar que ao tempo do nascimento dele requerente o seupai (ou mãe) já se encontrava a residir em Portugal há mais de seis (ou 10) anos,pelo que ele requerente pode optar, ao abrigo do disposto na alínea c) da Lei daNacionalidade aprovada pela Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro, pela cidadaniaportuguesa de origem.

O requerente julga assim preencher o requisito de que no dia _______ do anode _______, data do seu nascimento, o seu pai F______________ já residia emPortugal há mais de seis anos, o que confere a ele requerente o direito a optar pelanacionalidade portuguesa de origem.

Junta ___________ documentos (indicar o número de documentos que juntar).

Pede deferimento.

Lisboa, ______ de ___________ de 200_

O Requerente,

Modelo de requerimento feito pelo próprio para aquisição de nacionalidade portuguesa

207

Page 204: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

208

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIAAPPLICATION FOR RESIDENCE PERMIT Fotografia / Photo

( A preencher pelo Serviço / For official use only)

Delegação Regional / Regional Office _____________ Processo nº / File __________ Ano / Year ________

(A preencher pelo requerente / To be completed by the applicant)(Por favor, escreva em maiúsculas/Please, use block letters)

1 IDENTIFICAÇÃO / IDENTIFICATION1.1 Nome completo / Full name

1.2 Nacionalidade / Nationality 1.3 Sexo / Sex

País / Country M F

1.4 Data de Nascimento / Date of birth/ /

Dia / day / Mês / Month / Ano / Year

1.5 País e Local de Nascimento / Place and Country of birth/

1.6 Filiação / Parents' names and nationalityNome / Name Nacionalidade / Nationalit

Pai / Father

Mãe / Mother

1.7 Estado Civil / Marital status

Solteiro Casado/Junto Divorciado/Separado Viúvo

Single Married/Unmarried partner Divorced/Separated Widowed

1.8 Grau de Instrução / Education level

Sabe ler e escrever ? / Can you read and write?

Sim / Yes Não / No

Nível de ensino que frequenta ou o mais elevado que atingiuYour present education stage or the highest you have reached

Básico/Secundário Técnico Profissional Superior

Primary/Secondary Vocational or technical school Higher education

Completou o nível de ensino indicado ?Have you completed the selected stage? Sim / Yes Não / No

Mod. DR 0001 • 0,10

Page 205: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

2. INFORMAÇÃO REPORTADA AO PAÍS DA ÚLTIMA RESIDÊNCIA (antes da entrada em Portugal)INFORMATION ABOUT THE LAST COUNTRY OF RESIDENCE (before coming to Portugal)

2.1 País da última residência / Last country of residence

2.2 Condição Perante o Trabalho / Employment details

Activo / Working Não Activo / Not Working

Empregado / Employed Doméstico / Housewife

À procura do 1º emprego Reformado / Retired

Seeking first jobEstudante / Student

Outra / Other Outra / Other

Profissão / Occupation

3 INFORMAÇÃO REPORTADA À DATA DE ENTRADA EM PORTUGALINFORMATION REFERRING TO THE DATE OF ENTRY INTO PORTUGAL

3.1. Documentos de identificação / Identification documents

Passaporte / PassportBilhete de Identidade / Identity Card NºOutro / Other (_________________________)

Emitido em / Issued by Data / Date / /

3.2 Forma de Entrada / Type of entry

Individual / Individual Em família / With family

Outra / Other

3.3 Motivo de Entrada / Basis of entry

Trabalho Reagrupamento familiar Estudo Reforma Outro

Work Family reunion Student Retirement Other

3.4 Familiares / Relatives

À data de entrada tinha familiares a residir em Portugal ?When you arrived had you any resident relatives in Portug Sim / Yes Não / No

Se respondeusim, indique quaiIf you have answered yes, tick the appropriate box+A198

Pais / Parents Filhos / Children

Cônjuge / Spouse Outros / Other

209

Page 206: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

4 INFORMAÇÃO REPORTADA A PORTUGAL INFORMATION ABOUT PORTUGAL

4.1 Morada completa / Full address

Código Postal / Postcode Telefone / Telephone

Distrito / Distri_____________________________ Concelho / Region

4.2 Condição Perante o Trabalho / Employment details

Activo / Working Não Activo / Not working

Empregado / Employed Doméstico / Housewife

À procura do 1º emprego Reformado / RetiredSeeking first job

Estudante / Student

Outra / Other Outra / Other

4.3 Profissão / Occupation

4.4 Situação na Profissão / Professional Situation

Trabalhador por conta própria (patrão) / Employer

Trabalhador por conta própria (isolado) / Self-employed

Trabalhador por conta de outrem / Employed worker

Outra / Other

Entidade empregadora / Employer

Nome / Name

Morada / Address

Telefone / Telephone

4.5 Ramo de Actividade / Field of Activity

Agricultura, Silvicultura e Pesca

Agriculture, Forestry and Fishing

Indústria, Construção, Energia e Água

Industry, Construction, Energy and Water

Serviços (Comércio, transportes, hotelaria, restauração, educação, saúde, etc.) Services (Commerce, transportations, hospitality industry, education, health, etc)

210

Page 207: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

211

REQUERIMENTO / APPLICATION

Tendo entrado em Portugal pelo Posto de Fronteira de / Having entered in Portugal through the frontier post in

ou por / or em / on / / , com visto de / with a visa for

vem / hereby,

nos termos do artº 81º do DL 244/98 de 8 de Agosto / pursuant to article 81 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea b) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph b), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea c) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph c), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea d) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph d), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea f) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph f), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea g) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph g), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea h) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph h), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea i) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph i), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea l) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph l), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea n) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph n), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos do artº 88º do DL 244/98 de 8 de Agosto

pursuant to article 88 of the decree-law 244/98, 8 August

requerer a concessão de Autorização de Residência e/ou a emissão de Título de Residência , pelo que apresenta os

seguintes documentos / applies for the residence permit and / or issue of the residence card

and for that purpose presents the documents listed below:

Fotocópia e original do passaporte ou de outro documento de identificação

Photocopy and original of unexpired passport or of another identification document

Comprovativo dos meios de subsistência / Document proof of the means of subsistence

Comprovativo das condições de alojamento / Document proof of the housing conditions

Certificado de Inscrição Consular / Certificate of the consular registration

2 Fotos tipo passe a cores / 2 colour passport sized photographs

Comprovativo dos laços de parentesco (Apenas quando se justifique)

Document proof of the family relationship (only if necessary)

Documento comprovativo da situação invocada / Documentary evidence of the case presented

Pede deferimento,

Localidade / Location ___________________ Data / Date ______ / ______ / _________

Assinatura / Signature ______________________________________________________

(A preencher pelo Serviço / For official use only)

DESPACHO / DECISION

Localidade / Locati_________________________________Data / Date_______/_______/ ___________

DEFERIDO / GRANTED: INDEFERIDO / REFUSED:

Page 208: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

212

TÍTULO DE RESIDÊNCIA / RESIDENCE CARD

Título de Residência / Residence card

Emitido em / Issued b____________________________ Data / Date ______ / ______ / _________

Declaro prestar estas informações de boa fé e que as mesmas são exactas

e completas. As falsas declarações serão punidas nos termos da lei, Direcção Regional / / Regional Office

assumindo desde já inteira responsabilidade pelas informações por mim prestadas, bem como pelos documentos apresentados ou juntos a este pedido. Processo / File Ano / Year:Autorizo, no âmbito do meu pedido o processamento informático dos dados constantes neste requerimento.

I declare that to my best knowledge and belief the information given is true. I am aware that is an offence under the present law to make

false statements and I hereby declare to be responsible for all information given by me as well as for the documents presented or attached

to this application. I hereby accept that the data given may be computerized within the scope of my application.

Page 209: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

213

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNASERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

PEDIDO DE AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIA APPLICATION FOR RESIDENCE •PERMIT

MENORES / MINORS Fotografia / Photo

( A preencher pelo Serviço / For official use only)

Delegação Regional / Regional Office __________________ Processo / File ___________ Ano / Year _________

(Informação sobre o menor /Information about the minor)(Por favor, escreva em maiúsculas / Please, use block letters)

1 IDENTIFICAÇÃO / IDENTIFICATION1.1 Nome completo / Full name

1.2 Nacionalidade / Nationality 1.3 Sexo / Sex

País / Country M F

1.4 Data de Nascimento / Date of birth/ /

Dia / day / Mês / Month / Ano / Year

1.5 País e Local de Nascimento / Place and Country of birth/

1.6 Filiação / Parents' names+E85 and nationalityNome / Name Nacionalidade / Nationality

Pai / Father

Mãe / Mother

1.7 Estado Civil / Marital status

Solteiro Casado/Junto Divorciado/Separado Viúvo

Single Married/Unmarried partner Divorced/Separated Widowed

1.8 Grau de Instrução / Education level

Sabe ler e escrever ? / Can you read and write?

Sim / Yes Não / No

Nível de ensino que frequenta ou o mais elevado que atingiuYour present education stage or the highest you have reached.

Básico/Secundário Técnico Profissional Superior

Primary/Secondary Vocational or technical school Higher education

Completou o nível de ensino indicado ?Have you reached the end of the selected stage? Sim / Yes Não / No

Mod. DR 0003 • 0,10

Page 210: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

2 INFORMAÇÃO REPORTADA AO PAÍS DA ÚLTIMA RESIDÊNCIA (antes de entrar em Portugal)INFORMATION ABOUT THE LAST COUNTRY OF RESIDENCE (before coming to Portugal)

2.1 País da última residência / Last country of residence

2.2 Condição Perante o Trabalho / Employment details

Activo / Working Não Activo / Not Working

Empregado / Employed Doméstico / Housewife

À procura do 1º emprego Reformado / Retired

Seeking the first jobEstudante / Student

Outra / Other Outra / Other

Profissão / Occupation

3 INFORMAÇÃO REPORTADA À DATA DE ENTRADA EM PORTUGALINFORMATION REFERRING TO THE DATE OF ENTRY INTO PORTUGAL

3.1. Documentos de identificação / Identification documents

Passaporte / PassportBilhete de Identidade / Identity Card Nº / NoOutro / Other ( )

Emitido em / Issued at Data / Date / /

3.2 Forma de Entrada / Type of entry

Individual / Individual Em família / With family

Outra / Other

3.3 Motivo de Entrada / Basis of entry

Trabalho Reagrupamento familiar Estudo Reforma Outro

Work Family reunion Student Retirement Other

3.4 Familiares / Relatives

À data de entrada tinha familiares a residir em Portugal ?When you arrived had you any resident relatives in Portugal ? Sim / Yes Não / No

Se respondeusim, indique quaiIf you have answered yes, tick the appropriate box

Pais / Parents Filhos / C+AB153hildren

Cônjuge / Spouse Outros / Other

214

Page 211: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

4 INFORMAÇÃO REPORTADA A PORTUGAL INFORMATION ABOUT PORTUGAL

4.1 Morada completa / Full address

Código Postal / Postcode Telefone / Telephone

Distrito / District ________________________ Concelho / Region _______________________

4.2 Condição Perante o Trabalho / Employment details

Activo / Working Não Activo / Not working

Empregado / Employed Doméstico / Housewife

À procura do 1º emprego Reformado / RetiredSeeking the first job

Estudante / Student

Outra / Other Outra / Other

4.3 Profissão / Occupation

4.4 Situação na Profissão / Professional Situation

Trabalhador por conta própria (patrão) / Employer

Trabalhador por conta própria (isolado) / Self-employed

Trabalhador por conta de outrem / Employed worker

Outra / Other

Entidade empregadora / Employer

Nome / Name

Morada / Address

Telefone / Telephone

4.5 Ramo de Actividade / Field of Activity

Agricultura, Silvicultura e Pesca

Agriculture, Forestry and Fishing

Indústria, Construção, Energia e Água

Industry, Construction, Energy and Water

Serviços (Comércio, transportes, hotelaria, restauração, educação, saúde, etc.) Services (Commerce, transportations, hospitality industry, education, health, etc)

215

Page 212: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

(A preencher pelo representante legal / To be completed by the legal representative )

REQUERIMENTO (Maiúsculas) / APPLICATION (Block letters)Nome / Name Nacional de / National of Data de nascimento / Date of birth / /

Estado civil / Marital Status

Profissão / Profession Morada / Address

Localidade / Location

Código postal / Postcode Telefone / Telephone

Processo / File Ano / Year

Direcção Delegação Regional de Regional Office of

Autorização de Residência / / Residence permit emitida em / issued on / /

na qualidade de progenitor / as the parent representante legal / legal representative do menor identificado de 1 a 4

que entrou em Portugal / of the minor identified between 1 and 4 and who entered in Portugal through

pelo Posto de Fronteira de / the frontier post in ou por / or

em / on / / , com visto de / with a visa for , vem / hereby,

nos termos do nº 2 do artº 80º do DL 244/98, de 8 de Agosto / pursuant to paragraph 2, article 80 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea a) do nº 1 do artº 87º e do artº89º do DL 244/98, de 8 de Agosto Nascidos em / Born in Portugal

pursuant to subparagraph a), paragraph 1, articles 87 and 89 of the decree-law 244/98, 8 August Averbados / Joint

nos termos da alínea b) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98, de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph b), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea d) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98, de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph d), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos da alínea e) do nº 1 do artº 87º do DL 244/98, de 8 de Agosto

pursuant to subparagraph e), paragraph 1, article 87 of the decree-law 244/98, 8 August

nos termos do artº 88º do DL 244/98, de 8 de Agosto

pursuant to article 88 of the decree-law 244/98, 8 August

requerer a concessão de Autorização de Residência emissão de Título de Residência a favor do referido menor, pelo que apresenta os documentos abaixo mencionados. / applies for the residence permit issue of the residence card

for the said minor and for that purpose presents the documents listed below.

Mais declara que ficará responsável pela sua subsistência enquanto o mesmo estiver a seu cargo. The applicant also declares to be responsible

for the minor's maintenance and accomodation as long as the minor depends on him/her.

Fotocópia e original do passaporte ou de outro documento de identificação válido

Photocopy and original of unexpired passport or of another identification document

Fotocópia e original da Autorização de Residência onde está averbado o menor

Photocopy and original of the applicant's residence permit in which the minor is included

Boletim de nascimento / Birth certificate

Certificado de Inscrição Consular / Certificate of the consular registration

2 Fotos tipo passe a cores / 2 colour passport sized photographs

Documentação comprovativa da situação evocada / Documentary evidence of the case presented

Pede deferimento,

Localidade / Location ___________________ Data / Date ______ / ______ / _________

Assinatura / Signature

(A preencher pelo Serviço / For official use only)

DESPACHO / DECISION

Localidade / Location _________________________ Data / Date _______ / _______ /____________

DEFERIDO / GRANTED: INDEFERIDO / REFUSED:

216

Page 213: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

TÍTULO DE RESIDÊNCIA / RESIDENCE CARD

Título de Residência / Residence card _____________________________

Emitido em / Issued by _____________________________ Data / Date ______ / ______ / _________

Declaro prestar estas informações de boa fé e que as mesmas são exactas Direcção Regional / Regional Office ___________

e completas. As falsas declarações serão punidas nos termos da lei, Processo / File Ano / Year:

assumindo desde já inteira responsabilidade pelas informações por mim

prestadas, bem como pelos documentos apresentados ou juntos a este pedido.

Autorizo, no âmbito do meu pedido o processamento informático dos dados constantes neste requerimento.

I declare that to my best knowledge and belief the information given is true. I am aware that it is an offence under the present law to make

false statements and I hereby declare to be responsible for all information given by me as well as for the documents presented or attached

to this application. I hereby accept that the data given may be computerized within the scope of my application.

217

Page 214: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

MINISTERIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

CARTÃO DE RESIDÊNCIA

RESIDENCE CARD

A PREENCHER PELOS SERVIÇOS FOR OFFICIAL USE ONLY

DATA / DATE:___________________ RECIBO / RECEIPT:_______________ FUNC / OFFICIAL:________________

Renovação de CR / Renewal of the RC Alteração de dados / Changes 2ª via de CR / 2d issue of the RC Alteração de estatuto / Change of Status

ENTRADA N.º / Ref.:______________

PROCESSO / FILE: |__|__|__|__|__| - |__|__| / RES – CR / |__|__|__|

FOTOGRAFIA

PHOTO

- Alteração / Change

1 – IDENTIFICAÇÃO / IDENTIFICATION

1. Apelido / Surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

2. Nome(s) Próprio(s) / Forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

3. Nacionalidade (País) / Nationality (Country)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

4. Local de nascimento / Place of birth

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

5. Data de nascimento / Date of birth: |__|__| |__|__| |__|__|__|__| 6 – Sexo / Sex: M |__| F|__|

7. Filiação / Parents’ names

7.1 - Apelido do Pai / Father’s surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.2 – Nome(s) Próprio(s) do Pai / Father’s forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.3 - Apelido da Mãe / Mother’s surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.4. - Nome(s) Próprio(s) da Mãe / Mother’s forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

- Alteração / Change

2 – ESTADO CIVIL / MARITAL STATUS

8. |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

- Alteração / Change

3 – RESIDÊNCIA / DOMICILE

9. Endereço Permanente / Permanent Address

9.1 - Rua / Street: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

9.2 – N.º / No |__|__|__|__|__| 9.3 - Andar / Floor: |__|__|__|__|__|__|__|

9.4 – Localidade / Location: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

9.5 - Cód. Postal: |__|__|__|__| - |__|__|__| 9.6 - Telefone / Telephone: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Postcode

Mod. DR0011 € 0.10

218

Page 215: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

- Alteração / Change

4 – DOCUMENTO DE IDENTIDADE / IDENTIFICATION DOCUMENT

10. Passaporte n.º / Passport no Data de emissão / Date of issue:

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| 10.1 -: |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

10.2 Data de validade / Expiry date: |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

10.3 Emitido em / Issued by: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

1 - Vem nos termos do N.º 1 do Art.º 24º do Decreto-lei N.º 60/93 de 3 de Março, requerer / I hereby apply under

paragraph 1, article 24 of the decree-law 60/93, 3 March, for:

Emissão de um título de residência por motivo de alteração de estatuto / Issue of a residence document on the basis of a change of

status. Renovação do seu titulo de residência / Renewal of the residence document.

- Mau estado / Bad state Emissão de 2ª via de Cartão de Residência por motivo de - Extravio - Furto / Loss - Theft

/ 2d issue of the residence document due to: - Outro / Other

- TRABALHADOR ASSALARIADO / EMPLOYEE - Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Declaração da entidade patronal / Employer’s declaration

- TITULAR DO DIREITO DE ESTABELECIMENTO / HOLDER OF THE RIGHT OF ESTABLISHMENT - Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Prova do estabelecimento em T.N. / Document proof of the

establishment in Portugal

- PRESTADOR DE SERVIÇOS / SERVICE PROVIDER - Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Prova de prestação de serviços e da sua duração / Document

proof of the supply of services and of its duration

- DESTINATÁRIO DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS / PURCHASER OF SERVICES - Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Prova de beneficiário e duração da prestação / Document proof of

being the purchaser and of the length of the services provided

- TITULAR DO DIREITO DE PERMANÊNCIA A TÍTULO DEFINITIVO / HOLDER OF AN INDEFINITE LEAVE TO REMAIN

- Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Prova de que preenchem as condições exigidas na lei para beneficiarem do direito de permanência / Document showing that the applicant

satisfies the criteria set out in the law in order to be entitled to an indefinite leave to remain

- TITULAR DO DIREITO DE RESIDÊNCIA NOS TERMOS DO Art.º 9 / RIGHT OF ABODE PURSUANT TO ARTICLE 9

- Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Prova de meios de subsistência / Document proof of the means of

subsistence

Inscrição num estabelecimento de ensino [al. c)] / Document proof

of the applicant’s registration in an education establishment [subparagraph c)]

- Seguro de doença que cubra todos os riscos / Health insurance against all risks

- Prova de ser beneficiário da Segurança Social / Document proof of the Social Security registration

219

Page 216: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

- FAMILIARES / FAMILY

- Documento de Identidade / Identification document - 2 fotografias tipo passe com fundo liso / 2 passport sized

photographs taken against a plain background - Documento comprovativo do parentesco / Document proof of the

relationship - Seguro de doença que cubra todos os riscos / Health insurance

against all risks - Prova de meios de subsistência / Document proof of the means of

subsistence

TITULO DE RESIDÊNCIA / RESIDENCE CARD

TÍTULO N.º / DOCUMENT

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

DATA DE EMISSÃO / DATE OF ISSUE:

|__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

VALIDADE VALIDITY

|__|__| / |__|__| / |__|__|

LOCAL DE EMISSÃO / ISSUED BY:

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

ANEXOS / ATTACHMENTS

Pede Deferimento,

|__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

ASSINATURA SIGNATURE:

Declaro prestar estas informações de boa fé e que as mesmas são exactas e completas. As falsas declarações serão punidas nos termos da lei, assumindo desde já inteira responsabilidade pelas informações por mim prestadas, bem como pelos documentos apresentados ou juntos a este pedido. Autorizo, no âmbito do meu pedido o processamento informático dos dados constantes neste requerimento. I declare that to my best knowledge and belief the information given is true. I am aware that it is an offence under the present law to make false statements and I hereby declare to be responsible for all information given by me as well as for the documents presented or attached to this application. I hereby accept that the data given may be computerized within the scope of my application.

220

Page 217: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

MINISTERIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

PRORROGAÇÃO DE PERMANÊNCIAEXTENSION OF STAY

A PREENCHER PELOS SERVIÇOS FOR OFFICIAL USE ONLY

DATA / DATE:____________________ RECIBO / RECEIPT:_______________ FUNC / OFFICIAL:_________________

1º Pedido / 1st Application Alteração de dados / Changes Pedidos subsequentes /

subsequent applications

ENTRADA N.º / Ref.:_________________

PROCESSO / FILE : |__|__|__|__|__| - |__|__| / VPA - |__|__|__| / |__|__|__|

FOTOGRAFIA

PHOTO

- Alteração

/ Change 1 – IDENTIFICAÇÃO / IDENTIFICATION

1. Apelido / Surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

2. Nome(s) Próprio(s) / Forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

3. Nacionalidade (País) / Nationality (Country)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

4. Local de nascimento / Place of birth

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

5. Data de nascimento / Date of birth: |__|__| |__|__| |__|__|__|__| 6 – Sexo / Sex: M |__| F|__|

7. Filiação / Parents’ names

7.1 - Apelido do Pai / Father’s surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.2 – Nome(s) Próprio(s) do Pai / Father’s forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.3 - Apelido da Mãe / Mother’s surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.4. - Nome(s) Próprio(s) da Mãe / Mother’s forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

- Alteração

/ Change 2 – ESTADO CIVIL / MARITAL STATUS

8. |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

- Alteração

/ Change 3 – RESIDÊNCIA / DOMICILE

9. Endereço Permanente / Permanent Address

9.1 - Rua / Street: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

9.2 – N.º / No |__|__|__|__|__| 9.3 - Andar / Floor: |__|__|__|__|__|__|__|

9.4 – Localidade / Location: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

9.5 - Cód. Postal: |__|__|__|__| - |__|__|__| 9.6 - Telefone /Telephone: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Postcode

Mod. DR00005 € 0.10

221

Page 218: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

- Alteração / Change

4 – DOCUMENTO DE IDENTIDADE / IDENTIFICATION DOCUMENT

10. Passaporte n.º : Passport no. / Data de emissão / Date of issue:

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| 10.1 - |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

10.2 Data de validade / Expiry date: |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

10.3 Emitido em / Issued by: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Vem, nos termos do Art.º 53 do Dec. Lei N.º 244/98 de 08 de Agosto requerer a prorrogação por / I hereby apply under article 53 of the decree-law 244/98, 8 August, for an extension of stay of |__|__|__| DIAS / DAYS da sua permanência concedida ao abrigo de / granted under:

TRÂNSITO / TRANSIT Documento de viagem válido / unexpired travel document Comprovativo de reserva de viagem (cópia do bilhete) / Document

proof of ticket reservation (copy of the ticket) Comprovativo de meios de subsistência / Document proof of

means of subsistence

ESPECIAL / SPECIAL Documento de viagem válido / unexpired travel document Comprovativo de reserva de viagem (cópia do bilhete) / Document

proof of ticket reservation (copy of the ticket) Comprovativo de meios de subsistência / Document proof of

means of subsistence

- CURTA DURAÇÃO /ISENÇÃO DE VISTO TEMPORARY STAY / VISA EXEMPTION

- TURISMO (TOURISM) / NEGÓCIOS (BUSINESS) Documento de viagem válido / unexpired travel document Comprovativo de reserva de viagem (cópia do bilhete) / Document

proof of ticket reservation (copy of the ticket) Comprovativo de meios de subsistência / Document proof of

means of subsistence

- ACOMPANHAMENTO DE TITULAR DE VISTO DE ESTUDO, ESTADA TEMPORÁRIA,TRABALHO OU A.P. / PERSON ACCOMPANYING THE HOLDER OF A VISA FOR STUDENTS, FOR TEMPORARY OR WORKING PURPOSES, OF A LEAVE TO STAY

Documento de viagem válido / unexpired travel document Certificado de Registo Criminal, se maior de 16 anos e se a permanência exceder 90 dias / Extract of the criminal record for applicants aged 16 or over and should the stay exceed 90 days

2 fotografias tipo passe / 2 passport sized photographs Doc. Comprovativo do parentesco / Document proof of the family relationship

Comprovativo de meios de subsistência / Document proof of means of subsistence

Doc. Comprovativo do titulo de permanência do familiar / Evidence of the relative’s leave to stay

- Fotocópia da Autorização de Permanência / Copy of the leave to stay

- Fotocópia do Visto / Copy of the visa.

ENTRADA / ESTADA EM PORTUGAL ENTRY / STAY IN PORTUGAL

Data de entrada

Date of entry: Tipo Visto

Type of

visa: Data de renovação

Date of renewal

| |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

Dias concedidos Days granted:

|__|__|__|

Validade Validity:

|__|__| |__|__| / |__|__| / |__|__|

:Fronteira de entrada

Point of entry:

Localidade de renovação: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| Place of renewal

222

Page 219: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Mod. DR00005 € 0.10

FUNDAMENTOS DO PEDIDO

BASIS OF APPLICATION Pede Deferimento,

, |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

ASSINATURA / SIGNATURE:

Declaro prestar estas informações de boa fé e que as mesmas são exactas e completas. As falsas declarações serão punidas nos termos da lei, assumindo desde já inteira responsabilidade pelas informações por mim prestadas, bem como pelos documentos apresentados ou juntos a este pedido. Autorizo, no âmbito do meu pedido de prorrogação de permanência o processamento informático dos dados constantes neste requerimento. I declare that to my best knowledge and belief the information given is true. I am aware that it is an offence under the present law to make false statements and I hereby declare to be responsible for all information given by me as well as for the documents presented or attached to this application. I hereby accept that the data given may be computerized within the scope of my application for an extension of stay.

223

Page 220: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Mod. .DR 0008 € 0.10

MINISTERIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

REQUERIMENTO DE CERTIDÃO/ DECLARAÇÃO APPLICATION FOR A CERTIFICATE /

DECLARATION

A PREENCHER PELOS SERVIÇOS FOR OFFICIAL USE ONLY

DATA / DATE:_____________________ RECIBO / RECEIPT:_________________ FUNC / OFFICIAL:_________________

PROCESSO / FILE: |__|__|__|__|__| - |__|__| / |__|__|__| - |__|__| / |__|__|__| ENTRADA N.º / Ref.:______________

EXMO SR DIRECTOR DO SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS (SEF) / TO THE DIRECTOR OF SEF

1 – IDENTIFICAÇÃO / IDENTIFICATION 1. Apelido / Surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

2. Nome(s) Próprio(s) / Forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

3. Nacionalidade (País) / Nationality (Country)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

4. Local de nascimento / Place of birth

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

5. Data de nascimento / Date of birth: |__|__| |__|__| |__|__|__|__| 6 – Sexo / Sex: M |__| F|__|

2 – RESIDÊNCIA / DOMICILE 7. Endereço permanente / Permanent address

7.1 - Rua / Street: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.2 – N.º / No |__|__|__|__|__| 7.3 - Andar / Floor: |__|__|__|__|__|__|__|

7.4 – Localidade / Location: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.6 - Cód. Postal: |__|__|__|__| - |__|__|__| 7.7 - Telefone / Telephone: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Postcode

4 - AUTORIZAÇÃO DE RESIDÊNCIA ( RESIDENCE PERMIT) / VISTO (VISA)

TÍTULO N.º / DOCUMENT No

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

DATA DE EMISSÃO / DATE OF ISSUE

|__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

VALIDADE

VALIDITY

|__|__| / |__|__| / |__|__|

LOCAL DE EMISSÃO / ISSUED BY:

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Vem requerer a V. Exa. Se digne mandar passar-lhe uma CERTIDÃO na qual conste que o requerente / I hereby apply for a CERTIFICATE stating that:

- tem a sua residência permanente em Portugal / I have my domicile in Portugal; - que a sua permanência em território nacional se encontra regularizada ao abrigo de um visto de Trabalho; Estudo; Estada Temporária, / I am a

lawful resident, being holder of a visa for purposes of employment or of temporary stay, or of a visa for students para fin s de / for the purposes of: Pede deferimento, _________________, |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| ASSINATURA / / SIGNATURE:_________________________________________

224

Page 221: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

225

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNADECLARAÇÃO DE ENTRADA

ENTRY DECLARATION

(Artº. 26º. D.L. 244/98 de 8 de Agosto / Article 26 of the decree-law 244/98, 8 August)

GNR PSP SEF Departamento / Department : _________________________

APELIDOSurname

NOMES PRÓPRIOSForenames

NACIONALIDADENactionaliy

DATA DE NASCIMENTO SEXO M FDate of birth Sex

PASSAPORTE BILHETE DE IDENTIDADE OUTROPassport Identity card Other

N.º AUTORIDADE EMISSORA VALIDADEIssuing Authority Validity

FAMILIARES / DEPENDANTS

CÔNJUGE Doc. N.º.Spouse

FILHOS Doc. N.º.Children

Doc. N.º.

Doc. N.º.

Doc. N.º.

DECLARA / Declares

DATA DE ENTRADA EM PORTUGAL PAÍS DE PROVENIÊNCIADate of entry Country of origin

PAÍS DE RESIDÊNCIA DURAÇÃO DA ESTADA EM PORTUGAL DIASPermanent Address Period of stay Days

MORADA DE CONTACTO EM PORTUGALAddress where you are staying in Portu

Telf. / Tel.

DATA : , de de 2001Date

ASSINATURASignature

RECIBO / RECEIPT(Conserve até deixar o território de Portugal / Please keep it until leaving Portugal)

NACIONAL DE(Nome completo / Full name) National of

Prestou a declaração de entrada a que se refere o artº. 26º. do D.L. 244/98, de 8 de Agosto, no dia /

Has made the declaration of entry pursuant to article 26 of the decree-law 244/98, 8 Auguston ____/_____/______ para si / on his/her behalf e / and on behalf of _______ relatives.

Assinatura e carimbo da entidade receptora / Signature and stamp of the receiving authority

Mod. 812

Page 222: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Mod. .DR 0009

MINISTERIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA

SERVIÇO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

TERMO DE RESPONSABILIDADE SPONSORSHIP UNDERTAKING

PROCESSO / FILE: |__|__|__|__|__| - |__|__| / |__|__|__| - |__|__| / |__|__|__|

1 – IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSAVEL / IDENTIFICATION OF THE SPONSOR 1. Apelido / Surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

2. Nome(s) Próprio(s) / Forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

3. Nacionalidade (País) / Nationality (Country)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

4. Local de nascimento / Place of birth

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

5. Data de nascimento / Date of birth: |__|__| |__|__| |__|__|__|__| 6 – Sexo / Sex: M |__| F|__|

2 – RESIDÊNCIA / / DOMICILE 7. Endereço permanente / Permanent address

7.1 - Rua / Street: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.2 – N.º / No |__|__|__|__|__| 7.3 - Andar / Floor: |__|__|__|__|__|__|__|

7.4 – Localidade / Location: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

7.6 - Cód. Postal: |__|__|__|__| - |__|__|__| 7.7 - Telefone / Telephone: |__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Postcode

4 – DOCUMENTO DE IDENTIDADE / IDENTIFICATION DOCUMENT

TIPO TYPE

B.I. / Identity card PASSAPORTE / PASSPORT

- A.R. / Residence permit - C.R. / Resident Card

N.º No

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

DATA DE EMISSÃO / DATE OF ISSUE:

|__|__| / |__|__| / |__|__|__|__|

VALIDADE

VALIDITY

|__|__| / |__|__| / |__|__|

LOCAL DE EMISSÃO / ISSUED BY:

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

Declara que se responsabiliza, no que concerne a sua estada em Portugal bem como o cumprimento da legislação portuguesa em vigor, pelo cidadão / I declare to be responsible for the sponsored person named below, as far as his/her stay in Portugal and the compliance with the Portuguese laws are concerned:

8. Apelido / Surname

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

9. Nome(s) Próprio(s) / Forename(s)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

10. Nacionalidade (País) / Nationality (Country)

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__| -

11. Local de nascimento / Place of birth

|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|__|

12. Data de nascimento / Date of birth: |__|__| |__|__| |__|__|__|__| 13 – Sexo / Sex: M |__| F|__|

_________________, |__|__| / |__|__| / |__|__|__|__| ASSINATURA / SIGNATURE:__________________________________

226

Page 223: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Ex.mo Senhor

Ministro da Administração Interna

Excelência,

Nome _____________________________________________, nascido a _________,

estado civil ____________________, filho de ______________________________ e

de ________________________________, natural de _________________________,

e residente em _____________________________ com a profissão de ___________,

titular do AR, Passaporte n.º ______________, emitido em __________________ e

válido até ______________, vem requerer a V. Ex.a, a atribuição do Estatuto Geral

de Igualdade (Art.º 6.º do D.L. n.º 126/72 de 22 de Abril/ ou Tratado de Amizade

e Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do

Brasil, de 22/04/2000, aprovado pela Resolução da AR n.º 83/2000, de 14/12).

Declaro sob compromisso de honra que não sofri interdição ou inabilitação ou

qualquer outra forma de limitação de capacidade civil.

Pede deferimento

Data ___/___/200_

O Requerente,

Documentos anexos:

– Fotocópia do Título de Residência emitido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

– Certificado de nacionalidade brasileira, emitido pelo Consulado Brasileiro.

OBS.: Estes documentos deverão ser passados com a antecedência máxima de 3 meses relativamente

à data de entrega do requerimento.

Modelo de requerimento do Estatuto Geral de Igualdade

227

Page 224: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Ex.mo SenhorMinistro da Administração Interna

Excelência,

Nome ________________________________________________, nascido a ______,estado civil ____________________, filho de ________________________________e de ________________________, natural de _______________________________,e residente em _________________________ com a profissão de _______________,titular do AR, Passaporte n.º ______________, emitido em _________________ eválido até ________________, vem requerer a V. Ex.a, a atribuição do EstatutoGeral de Igualdade e Especial de Direitos Políticos (Art.º 5.º e 6.º do Decreto-Lein.º 126/72 de 22 de Abril ou Tratado de Amizade e Cooperação e Consulta entre aRepública Portuguesa e a República Federativa do Brasil, de 22/04/2000, aprovadopela Resolução da AR n.º 83/2000, de 14/12).

Declaro sob compromisso de honra que não sofri interdição ou inabilitação ouqualquer outra forma de limitação de capacidade civil.

Pede deferimento

Data ___/___/200__

O Requerente,

Documentos anexos:– Fotocópia do Título de Residência emitido pelo SEF.– Documento emitido pelo Consulado Brasileiro, certificando que o cidadão não se encontra impedido

de exercer os seus direitos políticos no Brasil.– Documento comprovativo de que sabe ler e escrever português, que pode ser dispensado desde que

o requerimento, escrito e assinado pelo próprio, traga aposto o reconhecimento notarial da letra eassinatura.

OBS.: Estes documentos deverão ter sido passados com a antecedência máxima de 3 meses relativa-mente à data de entrega do requerimento. A concessão destes Estatutos obriga o interessado aresidir habitualmente no País há pelo menos 5 anos.

Modelo de requerimento do Estatuto Geral de Igualdade e Especial de Direitos Políticos

228

Page 225: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Ex.mo SenhorMinistro da Administração Interna

Excelência,

Nome _____________________________________________, nascido a _________,estado civil ____________________, filho de ________________________________e de ______________________________, natural de _________________________,e residente em ____________________________ com a profissão de ____________,titular do AR, Passaporte n.º ______________, emitido em _________________ eválido até ________________, vem requerer a V. Ex.a, a atribuição do EstatutoEspecial de Direitos Políticos (Art.º 5.º e 6.º do Decreto-Lei n.º 126/72 de 22 de Abrilou Tratado de Amizade e Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e aRepública Federativa do Brasil, de 22/04/2000, aprovado pela Resolução da ARn.º 83/2000, de 14/12), tendo já obtido o Estatuto Geral de Igualdade, por despa-cho de __/__/__, publicado no Diário da República II Série, n.º__ de __/__/__.

Declaro sob compromisso de honra que não sofri interdição ou inabilitação ouqualquer outra forma de limitação de capacidade civil.

Pede deferimento

Data ___/___/200__

O Requerente,

Documentos anexos:– Fotocópia do Título de Residência emitido pelo SEF.– Documento emitido pelo Consulado Brasileiro, certificando que o cidadão não se encontra impedido

de exercer os seus direitos políticos no Brasil.– Documento comprovativo de que sabe ler e escrever português, que pode ser dispensado desde que

o requerimento, escrito e assinado pelo próprio, traga aposto o reconhecimento notarial da letra eassinatura.

OBS.: Estes documentos deverão ter sido passados com a antecedência máxima de 3 meses relativa-mente à data de entrega do requerimento. A concessão destes Estatutos obriga o interessado aresidir habitualmente no País há pelo menos 5 anos.

Modelo de requerimento do Estatuto Especial de Direitos Políticos

229

Page 226: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

(Nota: não existe um modelo oficial obrigatório)

Entre:________________________________________ (nome da entidade empregadora),com sede em (morada da sede da empresa), matriculada na Conservatória doRegisto Comercial de _____________________ sob o n.º _____________ com o NIF(número de identificação fiscal) n.º ___________________, exercendo (objecto ouramo de actividade(s)) _________________ doravante designada como «PRIMEIRAOUTORGANTE».

___________________________________________________________ (Nome do(a)Trabalhador(a)), de nacionalidade _____________________, residente em (moradado trabalhador) ___________________________________, com o NIF( número deidentificação fiscal) n.º _____________________, portador de __________________(documento do(a) trabalhador(a)) n.º ________________, válida até ___/___/__,doravante designado como «SEGUNDO(A) OUTORGANTE», é celebrado o presentecontrato de trabalho, que se regerá nos termos exactos das cláusulas seguintes:

1.º

O(a) segundo(a) outorgante é admitido(a) ao serviço do primeiro outorgante coma categoria profissional de ____________________________, a fim de desempe-nhar as funções da sua especialidade, ou quaisquer outras, desde que compatíveiscom a sua qualificação profissional.

2.º

1 – A retribuição a auferir pelo segundo outorgante é mensal, e corresponde àimportância de _________________€ (______________________), a qual será pagaem _____________________ (forma de pagamento, dinheiro ou cheque), e sobrea qual incidirão os descontos legais.2 – À retribuição referida no número anterior acrescerá, a título de subsídio dealimentação, (só nos casos em que haja sido convencionado o pagamentos destesubsídio) a importância de _________€ (____________________) correspondentesa cada dia efectivo de trabalho.

3.º

O local de prestação do trabalho é no ____________sito em __________________.

Minuta de um Contrato de Trabalho

230

Page 227: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

4.º

O(a) segundo(a) outorgante estará sujeito a um horário de trabalho de ___ horassemanais, distribuídas de forma seguinte: __________________________________

5.º

O presente contrato terá o seu início em ___/___/___ e caducará em ___/___/___(ou vigorará a «termo incerto», desde que para esse efeito qualquer das partes odenuncie, por escrito e com uma antecedência mínima de 8 (oito) dias contadosem relativamente ao termo de cada período da sua vigência).

6.º

A celebração do presente contrato de trabalho fundamenta-se no facto de...(explicar o motivo justificativo) ___________________________________________

7.º

1. O(a) segundo(a) outorgante compromete-se a manter válidos os seus documen-tos comprovativos do cumprimento das disposições legais relativas à entrada e àpermanência ou residência, para efeitos de trabalho em Portugal.2. O(a) segundo(a) outorgante no caso de lhe ser retirada, temporária ou defini-tivamente, a autorização de permanecer em Portugal, para efeitos de trabalho,obriga-se a informar o primeiro outorgante desse facto.

8.º

1. Em tudo o mais que não esteja previsto no presente contrato, vigorarão asdisposições legais aplicáveis.2. O(a) segundo(a) outorgante aceita ser admitido ao serviço pelo primeiro outor-gante, nos termos das cláusulas e condições estabelecidas neste contrato.

O presente contrato é constituído por _________ páginas que vão ser assinadase/ou rubricadas pelas partes.

Feito em triplicado e produzindo os seus efeitos em ___/___/___.

O PRIMEIRO OUTORGANTE:_____________________________________________________________

O(A) SEGUNDO(A) OUTORGANTE:

__________________________________________________________(nome completo)

231

Page 228: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

(Nota: não existe um modelo oficial obrigatório)

Entre:

_________________________________________ (nome da entidade empregadora),morada, portador do BI n.º ____________com o contribuinte fiscal n.º __________,daqui em diante designada como «PRIMEITO OUTORGANTE».

____________________________________________ (Nome do(a) Trabalhador(a)),de nacionalidade ____________________, residente em (morada do trabalhador)______________________, com o NIF (número de identificação fiscal) n.º _______,portador de _________________ (documento do trabalhador) n.º ______________,válida até ___/___/___, de ora em diante designado de «SEGUNDO(a) OUTOR-GANTE», é celebrado o presente contrato de trabalho, que se regerá nos termosexactos das cláusulas seguintes:

1.º

O(a) segundo(a) outorgante é admitido a prestar serviço ao primeiro outorgantecom a categoria profissional de ____________________________, com a finalidadede desempenhar as funções da sua especialidade, ou quaisquer outras tarefas,desde que compatíveis com a sua qualificação profissional.

2.º

1 – A retribuição a auferir pelo(a) segundo(a) outorgante é mensal, e correspondeà importância de ______________ € (__________________), a qual será pagaem_____________________ (forma de pagamento, dinheiro ou cheque), e sobre aqual incidirão os descontos legais.2 – À retribuição referida no número anterior acrescerá, a título de subsídio dealimentação, (só nos casos em que haja sido convencionado o pagamentos destesubsídio) a importância de _________ € (___________________) correspondentesa cada dia efectivo de trabalho.

3.º

O local de prestação do trabalho é no ____________sito em __________________.

4.º

O(a) segundo(a) outorgante estará sujeito a um horário de trabalho de _____ horassemanais, distribuídas da forma seguinte: __________________________________.

Minuta de um Contrato de Trabalho para Serviço Doméstico

232

Page 229: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

5.º

O presente contrato terá o seu início em ___/___/___ e caducará em ___/___/___.(ou vigorará a «termo incerto», desde que para esse efeito qualquer das partes odenuncie, por escrito e com uma antecedência mínima de 8 (oito) dias contadosem relativamente ao termo de cada período da sua vigência).

6.º

O motivo justificativo da celebração do presente contrato de serviço domésticofundamenta-se no facto de o primeiro outorgante ter necessidade de alguém queo auxilie nas lides e tarefas domésticas da sua casa.

7.º

1. O(a) segundo(a) outorgante compromete-se a manter válidos os seus documen-tos comprovativos do cumprimento das disposições legais relativas à entrada e àpermanência ou residência, para efeitos de trabalho em Portugal.2. O(a) segundo(a) outorgante no caso de lhe ser retirada, temporária ou definiti-vamente, a autorização de permanecer em Portugal, para efeitos de trabalho,obriga-se a informar o primeiro outorgante desse facto.

8.º

1. Em tudo o mais que não esteja previsto no presente contrato, vigorarão as dis-posições legais aplicáveis.2. O(a) segundo(a) outorgante aceita ser admitido ao serviço pelo primeiro outor-gante, nos termos das cláusulas e condições estabelecidas neste contrato.

O presente contrato é constituído por ________ páginas que vão ser assinadas e/ourubricadas pelas partes.

Feito em triplicado e produzindo os seus efeitos em ___/___/___.

O PRIMEIRO OUTORGANTE:_____________________________________________________________

O(A) SEGUNDO(A) OUTORGANTE:

__________________________________________________________(nome completo)

233

Page 230: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

234

Page 231: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

235

Page 232: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

236

Page 233: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

237

Page 234: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

���������������� �����������

���������������

�������������������������

���������� ���������������� �� ������ ���� ��� ��������������� ��� ���������������������� ��������������� ������ ��������������������

�� !��"�#$%����� �&'!�(�

�������������������� ��� ���

� ����������������������������������

����� �����!����������������"��������

�����������#���"$��%�����

������������� ���� ������ ��������� �

� ���� &����

��'���#���(��������������"������������������� ������ )*� ��

��� ������ �����������������������

�����������������

���� �����

�� ������������������� ��� ����������"+���&���������������&���� �,������������$��� ��� �-���-������#�� �"$�����������.

Assinatura e carimbo

���

�� ��������������������������������������������������������������� ����

Assinatura e carimbo

���

�������������� ����� �������� �� �� ���������������������� ������ �����������������������������

��������� ������������������������������������������������������������������������������

���������� ��

����������������������� ���������������������������

238

Page 235: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

���������������� ���

�������������� ��� �����

���������������

���������������������������������������������������������������

���

������������������������������ ������������������������������ ������������������������������������������������������������������������������������

������� !!"#$$�%�� �

�� ������������

�&'�� #(

��

��

�� ����� ������������

�� ����� ������ �������

�� ��������������� �

���������������������������������� ���������������������������������������������������������� �������

�� �����������

�� ��������������������

�� ��������!"

�� �����������������!"

�������������� �������

#�������� ��$�

���%������&� ������ �����'�

(���)��� � ������ ��� ����

�����������������

������������

239

Page 236: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

� ���������� �!���"#$%��

�����������������&��'����#������ �����*+ ���� ����������� ����� ��,�% ���� � ��"������ ��-&��-& ����.����*"��� � %��� /

Assinatura conforme Bilhete de Identidade

����� �!�����������'� ����

��� ���� ������ �.������������ �� ���������*"������� �����&�&�����-&������� �������� ���/���� ������ ������� ����� % �� ��� ��� ������������ �.����)&�������� ��������.������0��� ��1 ��2��!3�/��� 4�� ��+ ��2���3� �2�#�5�3������������&����� % ��� ��� ����������� )&��������� ������ )�������%��/

� � �������������������� ������������ ������ ������ )�������%��/

�$� �������� ������ ��.���� ����-& ��6���) ����% �����2��������� � ���30�� ����������� �� ���%���7� �����48�2�������'3�/

�'� ���� ��1 ���6��)������� �� �� ����� )&������� ������������� �.���� ����&���������/��� �� 9� �����2���%�������&� ������ ����� ������ ���3�����%��"��� ��������������&)���� ������� ���/�4 �����8��������� �����*�0�� ������&���� ������� ����.���2#�##�30�� % �:�� ��������2���;<3��� ������ ����� ������� ����/��������� ���:���0�� ������&���� ������� ����.���2��!��30�� % �:���������2���#�3�����%������� ������� ����/

�;� ����-& ��&�������.����*+ �������� ������� � ��:����8�7� ���� �������*"������ )&���*�������������������������������� /�7� ���� ��� ���.���*"����������0���������� ������"��� ����1���/�!���������7������������� ����6��1�0������ ���1�/�=������������������������0����� ��>��4��0���?���0��� ���1�� ������1�/����%���������� � 4 �� &�����%���� � ����:���/

��� ��������������������� �>�#���!�� % � � �� �������1�������� � )&��� �� ���&� ����8��� �>�#���!�� % � � �� �������1�������� � )&��� �� ���&� ����8��� �>�#���!�� % � � �� �������1�������� � )&��� �� ���&� ����8��� �>�#���!�� % � � �� �������1�������� � )&��� �� ���&� ����8��� �>�#���!�� % � � �� �������1�������� � )&��� �� ���&� ����8

���� � �� �>�#���!��������&��&���� 4������!���/��@��AAA�9��������� � �� �>�#���!��������&��&���� 4������!���/��@��AAA�9��������� � �� �>�#���!��������&��&���� 4������!���/��@��AAA�9��������� � �� �>�#���!��������&��&���� 4������!���/��@��AAA�9��������� � �� �>�#���!��������&��&���� 4������!���/��@��AAA�9�����0��@��AA;�9�����0��@��AA;�9�����0��@��AA;�9�����0��@��AA;�9�����0��@��AA;�9�����0��@��AA;B��9������ ��@��AAC�9�����0��@��AA;B��9������ ��@��AAC�9�����0��@��AA;B��9������ ��@��AAC�9�����0��@��AA;B��9������ ��@��AAC�9�����0��@��AA;B��9������ ��@��AAC�9�����/////

������� !!"#$$�%�� � �&'��(#(

D�� �������*"����������� �������������

�������������������� ��

D�> � .���:�������� )/������� ������ �(��&����*"� ������� ����"�DIAMÊSANO

������������ ����&� ����������%���%��� �%���&��*"��,�� )&���*������������������ ������������� �-& ����� �1�����7� ���� �������*"�/

�����������������&���� �� ���E������&�� �%������ ����6��1�0���������� ����6��1���� ��� ������������� �.�������F�6����� ������������������ �����G��"���&��� ��/

240

Page 237: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Constituição da República Portuguesa de 1976 (com a redacção que lhe foi dada pela Lei Constitu-cional n.º 1/2001, de 12/12/2001 que aprovou a 5.ª revisão constitucional).

D.L. n.º 233/82, de 18 de Junho: regula a situação de estrangeiros não residentes em Portugal e quejá são residentes em Macau.

Portaria n.º 557/82, de 7 de Junho: adopta normas de admissão e selecção de aprendizes e exercí-cio de funções por cidadãos estrangeiros do pessoal civil dos serviços departamentais das ForçasArmadas.

Portaria n.º 555/82, de 5 de Junho: adopta normas de admissão e selecção de aprendizes e exercí-cio de funções por cidadãos estrangeiros do pessoal civil dos estabelecimentos fabris das ForçasArmadas.

Decreto Regional n.º 17/77/A: regulamenta para a Região autónoma da Madeira o D.L. n.º 97/77, de19 de Março sobre o trabalho de estrangeiros em território português, hoje substituído pela Lein.º 20/98, de 12 de Maio.

Decreto-Lei n.º 60/93, de 3 de Março: regime especial de entrada permanência, saída e afastamentode cidadãos estrangeiros nacionais de Estados membros da União Europeia do território portuguêsincluindo familiares destes cidadãos e de cidadãos portugueses.

Decreto-Lei n.º 244/98, de 8 de Agosto: regime jurídico da entrada, permanência, saída e afasta-mento de cidadãos estrangeiros do território português.

Decreto-Lei n.º 65/2000, de 26 de Abril: regulamenta o D.L. n.º 244/98, de 8 de Agosto, sobre aentrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território português.

Decreto-Lei n.º 4/2001, de 10 de Janeiro: introduz alterações ao regime de entrada, saída e afasta-mento de estrangeiros do território nacional.

Decreto Regulamentar n.º 5-A/2000, de 26/04: regulamenta o Decreto-Lei n.º 244/98, de 8 deAgosto sobre a entrada, permanência, saída e afastamento de cidadãos estrangeiros do territórioportuguês.

Decreto Regulamentar n.º 9/2001 de 31/05: regulamenta o Decreto Lei n.º 244/98, de 8 de Agostosobre a entrada, permanência, saída e afastamento de cidadãos estrangeiros do território portu-guês e altera o Decreto Regulamentar n.º 5-A/2000, de 26/04.

Portaria n.º 662/99, de 18 de Agosto: aprova o modelo de salvo-conduto previsto no n.º 3, do art.º74.º do D.L. n.º 244/98, de 8/06.

Portaria n.º 663/99, de 18 de Agosto: aprova o modelo de lista de viagem para estudantes em trân-sito no interior da União Europeia.

Portaria n.º 664/99, de 18 de Agosto: aprova o modelo de documento de viagem para expulsão decidadãos não comunitários previsto no n.º 3, do art.º 75.º do D.L. n.º 244/98, de 8/08.

Lei n.º 52/78, de 25 de Julho: que aprovou para ratificação a Convenção n.º 143 da OIT, relativa àsmigrações em condições abusivas e à promoção de igualdade de oportunidades e de tratamentodos trabalhadores migrantes.

INDÍCE DE LEGISLAÇÃO INTERNAE DE ALGUNS TEXTOS INTERNACIONAIS PERTINENTES

241

Page 238: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Lei n.º 37/81, de 3 de Outubro: Lei da Nacionalidade.

Lei n.º 25/94, de 19 de Agosto: altera a Lei da Nacionalidade.

Lei n.º 20/98, de 12 de Maio: estabelece a regulamentação do trabalho de estrangeiros em territórioportuguês.

Lei n.º 34/94, de 14 de Setembro: define o regime de acolhimento de estrangeiros em Centros deInstalação temporária.

Lei n.º 25/94, de 19 de Agosto: que introduziu alterações à Lei da Nacionalidade aprovada pela Lein.º. 37/81, de 3 de Outubro.

Decreto-Lei n.º 322/82, de 12 de Agosto: regulamenta a lei da nacionalidade.

Decreto-Lei n.º 117/93, de 13 de Abril: altera o D.L. n.º 322/82, de 12/08.

Decreto-Lei n.º 253/94, de 20 de Outubro: altera o D.L. n.º 322/82, de 12/08.

Decreto-Lei n.º 37/97, de 31 de Janeiro: altera o D.L. n.º 322/82, de 12/08.

Lei n.º 15/98, 26 de Março: estabelece o regime jurídico do direito de asilo e dos refugiados.

Lei n.º 13/99, de 22 de Março: estabelece o novo regime jurídico do recenseamentoeleitoral.

Lei n.º 115/99, de 3 de Agosto: estabelece o regime jurídico de constituição e os direitos e deveresdas associações representativas de imigrantes e seus descendentes.

Decreto-Lei n.º 75/2000, de 9 de Maio: regulamenta a Lei n.º 115/99, de 3 de Agosto.

Lei n.º 134/99, de 25 de Agosto: proíbe as discriminações no exercício de direitos por motivosbaseados na raça, cor, nacionalidade ou origem étnica.

Decreto-Lei n.º 111/2000, de 4 de Julho : regulamenta a Lei n.º 134/99, de 25 de Agosto, no tocanteá prevenção e proibição no exercício de direitos por motivos baseados na raça, cor, nacionalidadeou origem étnica.

Decreto-Lei n.º 440/86, de 31 de Dezembro: lei orgânica do Serviço de Estrangeiros e fronteiras(SEF).

Decreto-Lei n.º 252/2000, de 16 de Outubro: altera a lei orgânica do SEF.

Decreto-Lei n.º 3-A/96, de 26 de Janeiro: lei orgânica que cria um Alto Comissário para a Imigraçãoe as Minorias Étnicas (ACIME).

Declaração Universal dos Direitos do Homem: aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidasa 10 de Dezembro de 1949 (art.º 16.º n.º 2 da CRP; DR 1.ª série de 9 de Março de 1978).

Pacto Internacional de Direitos Civil e Políticos: aprovado pela Lei n.º 29/78, de 12 de Junho.

Protocolo Adicional ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos: aprovado pela Lein.º 13/82, de 15 de Julho.

Pacto Internacional de Direitos Económicos, Sociais e Culturais: aprovado pela Lei n.º 45/78, de11 de Setembro.

Convenção Europeia dos Direitos do Homem: aprovada pela Lei n.º 65/78, de 13 de Outubro.

Tratado que Institui a Comunidade Económica Europeia(CEE): assinado em Roma em 25.3.1957(DR n.º 215, 2.º Sup., de 18 de Setembro de 1985).

Acto Único Europeu concluído no Luxemburgo em 17 de Fevereiro de 1986 e na Haia em 28 de Feve-reiro de 1986, aprovado para ratificação pela Resolução da Assembleia da República n.º 32/86, de26 de Dezembro de 1986 e ratificado por Portugal em 31 de Dezembro de 1986, entrou em vigorem 1 de Julho de 1987.

242

Page 239: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados: assinada em Genebra em 28 de Julho de 1951,aprovada para adesão pelo D.L. n.º 43 201, de 1 de Outubro de 1960. Entrou em vigor 90 diasapós a aprovação, com reservas relativa ao estatuto de pessoa mais favorecida, de modo a excluiros nacionais do Brasil.

Protocolo Adicional à Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados.

Acordo Europeu relativo à supressão de visto para Refugiados: aprovado para ratificação peloDecreto n.º 75/81, de 16 de Junho.

Acordo Europeu sobre a Transferência de Responsabilidade relativa a Refugiados: assinado emEstrasburgo em 16 de Outubro de 1980, aprovado para ratificação pelo D.L. n.º 140/81, de 15 deDezembro, entrou em vigor em 27 de Abril de 1982.

Protocolo à Convenção Europeia sobre as Funções consulares Relativo à Protecção dos Refu-giados: assinado em Paris em 11 de Dezembro de 1967, ratificado até agora por Portugal eNoruega, pelo que ainda não se encontra em vigor.

Acordo Europeu sobre o Regime de Circulação de Pessoas entre os países Membro do Conse-lho de Europa: aprovado pelo Decreto n.º 6/84, de 26 de Janeiro.

Convenção Europeia relativa ao Estatuto Jurídico do Trabalhador Migrante: assinada em Estras-burgo em 24 de 11 de 1977, aprovada para ratificação pelo Decreto n.º 162/78, de 27 de Dezem-bro. Entrou em vigor a 1 de Maio de 1983.

Código Europeu de Segurança Social e respectivo Protocolo Adicional: assinados em Estrasburgoem 16 de Abril de 1964, aprovado pelo Dec. do Governo n.º 35/83, de 13 de Maio. Entrou emvigor em 15 de Maio de 1954.

Convenção Europeia Sobre Segurança Social e o respectivo Acordo Complementar: assinadosem Paris em 14 de Dezembro de 1972, aprovada para ratificação pelo Dec. n.º 117/82, de 19 deOutubro. Entrou em vigor em 19 de Março de 1983.

Convenção n.º 19 da Organização Internacional do Trabalho, Relativa à Igualdade de Trata-mento dos Trabalhadores Estrangeiros e Nacionais em Matéria de Reparação de desastresno Trabalho: assinado em Genebra em 5 de Junho de 1925, Aprovado para ratificação pelo Dec.n.º 16 588,de 9 de Março de 1929, confirmada e ratificada pela Carta de 15 de Março de 1929,publicada no DG n.º 77, de 6 de Abril de 1929.

Convenção n.º 97 da Organização Internacional do Trabalho: relativa aos trabalhadores migran-tes, ratificado pela Lei n.º 50/78, de 25 de Julho.

Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses: assinadaem Brasília em 7 de Setembro de 1971, Aprovada para ratificação pela Resolução da AssembleiaNacional de 20 de Dezembro de 1971, entrou em vigor a 8 de Maio de 1972, conforme avisopublicado no DG n.º 83, de 8. de Abril de 1972. A execução desta Convenção foi regulada paraPortugal pelo D.L. n.º 126/72, de 22 de Abril.

Acordo Especial entre a República Portuguesa e a República de Cabo Verde Regulador do Esta-tuto de Pessoas e Regime dos seus Bens: assinado na Cidade da Praia em 15 de Abril de 1976,aprovado para ratificação pelo Decreto n.º 524-J/76, de 5 de Julho. Entrou em vigor a 5 de Novem-bro de 1976.

Acordo Geral Sobre Migração entre Portugal e Cabo Verde: assinado em Lisboa em 16 de Feve-reiro de 1976 e aprovado para ratificação pelo D.L. n.º 524-G/76, de 5 de Julho. Entrou em vigora 5 de 11 de 1976.

Acordo entre a República Portuguesa e a República de Cabo Verde sobre Funcionários Públi-cos: assinado na Cidade da Praia em 15 de Abril de 1976, aprovado pelo Decreton.º 524-M/76 de 5 de Julho.

243

Page 240: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Convenção Relativa à Adesão de Cabo Verde à Convenção sobre Segurança Social entrePortugal e o Luxemburgo, de 12 de Fevereiro de 1965 e ao consentimento das Partes Contratan-tes desta Convenção quanto à Adesão, bem como o Protocolo de Adesão, aprovado pelo Decreton.º 128/81, de 21 de Outubro. Entrou em vigor a 1 de Setembro de 1985.

Convenção Sobre Segurança Social entre a República Portuguesa e a República de Cabo Verde:assinada em Lisboa em 17 de Dezembro de 1981 e o Acordo Administrativo Geral Relativo àsModalidades de Aplicação desta Convenção, assinado na Praia em 5 de Junho de 1985. Aprovadospara ratificação pelo Decreto do Governo n.º 45/85, de 6 de Novembro.

Acordo entre Portugal e S. Tomé e Príncipe sobre o Funcionalismo Público: assinado em Lisboaem 23 de Março de 1976, aprovado pelo Decreto n.º 550M/76, de 12 de Junho.

Acordo Geral sobre Migração entre a República Democrática de S. Tomé e Príncipe e a Repú-blica de Portugal: assinado em S. Tomé em 17 de Julho de 1978, aprovado pelo Dec. n.º 155/78,de 16 de Dezembro. Entrou em vigor a 9 de Abril de 1984.

Acordo Especial entre Portugal e a Guiné Bissau Regulador do Estatuto de Pessoas e Regimedos Seus Bens: assinado em Lisboa a 21 de Junho de 1976, aprovado pelo Decreto n.º 18/77, de7 de Janeiro. Entrou em vigor a 1 de Junho de 1977.

Acordo Geral Sobre Migração entre a República de Portugal e a República da Guiné-Bissau:assinado em Bissau em 24 de Fevereiro de 1979, aprovado pelo Dec. n.º 115/81, de 5 de Setembro.

Acordo Especial entre a República Portuguesa e a República da Guiné-Bissau sobre Funcio-nários: assinado em Lisboa em 21 de Junho de 1976, aprovado pelo Decreto n.º 5/77, de 5 deJaneiro.

Resolução da Assembleia da República n.º 83/2000 de 14/12: aprova o Tratado de Amizade eCooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil,assinado em Brasília em 22/04/2000.

Acordo sobre a livre circulação de mercadorias, assinado em Schengen, em 14 de Junho de 1985.

Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen ,de 19 de Junho de 1990.

Tratado que institui a União Europeia, assinado em Nice em 16 de Junho de 1997.

Despacho SESS n.º 55-A/I/2000, de 2/11: determina orientações no sentido de nada obstar àinscrição no sistema de segurança social de trabalhadores estrangeiros de nacionalidade fora doâmbito da União Europeia que se encontrem a exercer actividade profissional em Portugal emregime de trabalho subordinado.

Directiva n.º 2001/51/CE, do Conselho, de 28/06/2001: completa as disposições do art.º 26.º daConvenção de Aplicação do Acordo de Schengen de 14/06/1985estabelece regulamentaçãorespeitante à responsabilidade dos transportadores também no caso de recusa de entrada de cida-dão em trânsito.

Directiva n.º 2002/90/CE, do Conselho, de 28/11/2002: relativa á definição do auxílio à entrada, aotrânsito e á residência irregulares.

Decisão-Quadro, do Conselho, de 28/11/2002: reforça o quadro penal para a prevenção do auxílioà entrada, ao trânsito e à residência irregulares.

244

Page 241: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

245

BREVE ROTEIRO DA ADMINISTRAÇÃOPÚBLICA PORTUGUESA

ÓRGÃOS DE SOBERANIA

Presidente da República (PR)Secretaria Geral da Presidência da República(SG-PR)� Palácio de Belém - Praça Afonso de Albu-

querque1349-022 Lisboa

� 21 3614600� 21 3614611� [email protected]

www.presidenciadarepublica.pt

Assembleia da República (AR)� Palácio de São Bento

1249-068 Lisboa� 21 3919000� 21 3907771� [email protected]

www.parlameto.pt

Secretaria Geral da Assembleia da República(SG-AR)� Palácio de São Bento

1249-068 Lisboa� 21 3919000� 21 3903958� [email protected]

www.parlameto.pt/whatis/fr_org.html

GOVERNO

Primeiro-Ministro (PM)� Rua da Imprensa à Estrela, 4

1200-888 Lisboa� 21 3923500� 21 3951616� [email protected]

www.mp.gov.pt

Ministro da Presidência (MP)� Rua Prof. Gomes Teixeira

1399-022 Lisboa� 21 3927600� [email protected]

www.mp.gov.pt

Ministro dos Assuntos Parlamentares(MAP)� Palácio de São Bento (A.R.)

11249-068 Lisboa� 21 3920503/2� 21 3901990

Ministro Adjunto do Primeiro Ministro(MAPM)� Rua Prof. Gomes Teixeira

1399-022 Lisboa� 21 3927600� 21 3927768� www.pcm.gov.pt

Ministro da Administração Interna (MAI)� Praça do Comércio

1149-015 Lisboa� 21 3233000� 21 3423448� [email protected]

www.mai.gov.pt

Ministro da Educação (ME)� Av. 5 de Outubro, 107 - 13.º

1069-018 Lisboa� 21 7950330� 21 7938206� [email protected]

www.min-edu.pt

Ministro da Justiça (MJ)� Praça do Comércio

1149-019 Lisboa� 21 222300� 21 3479208☺ 808201487� [email protected]

www.mj.gov.pt

Ministro dos Negócios Estrangeiros eComunidades Portuguesas (MNECP)� Palácio das Necessidades – Largo do Rilvas

1399-030 Lisboa� 21 3946000� 21 3946053� [email protected]

www.min-nestrangeiros.pt

ENDEREÇOS ÚTEIS

245

Page 242: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Ministro da Segurança Social e do Trabalho(MSST)� Praça de Londres, 2 - 16.º

1049-056 Lisboa� 21 8441700� 21 8424115

Ministro da Saúde (MS)� Av. João Crisóstomo, 9 - 6.º

1049-062 Lisboa� 21 3305000� 21 3305175� www.min-saude.pt

Ministro das Obras Públicas, Transportese Habitação (MOTH)� Rua de S. Mamede ao Caldas, 21

1149-050 Lisboa� 21 8815100� 21 8876131

TRIBUNAIS SUPERIORES

Supremo Tribunal de Justiça (STJ)� Praça do Comércio

1149-012 Lisboa� 21 3218900� 21 3474919� [email protected]

www.cidadevirtual.pt/stj

Tribunal Constitucional (TC)� Rua do Século, 11

1249-117 Lisboa� 21 3460024� 21 3421564� [email protected]

www.tribunalconstitucional.pt

Supremo Tribunal Administrativo (STA)� Rua São Pedro de Alcântara,75

1269-137 Lisboa� 21 3216200� 21 3466129

Supremo Tribunal Militar (STM)� Campo de Santa Clara

1149-059 Lisboa� 21 8883071� 21 8885266

Tribunal de Contas (TC)� Av. da República, 65

1050-189 Lisboa� 21 7945100� 21 7936033� [email protected]

www.tcontas.pt

ÓRGÃOS SUPERIORES JUDICIÁRIOS

Procuradoria Geral da República (PGR)� Rua da Escola Politécnica, 140

1250-103 Lisboa� 21 3921900� 21 3975255� [email protected]

www.pgr.pt

ÓRGÃOS DO ESTADO INDEPENDENTESNO ÂMBITO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Provedoria de Justiça (PJ)� Rua do Pau da Bandeira, 9

1249-088 Lisboa� 21 3926600� 21 3961243� [email protected]

www.provedor-jus.pt

Alta Autoridade para a Comunicação Social(AACS)� Av. D. Carlos I, 130 - 6.º

1249-068 Lisboa� 21 3929130� 21 3951449� [email protected]

www.aacs.ptComissão de Acesso aos Documentos Admi-nistrativos (CADA)� Rua de S. Bento, 148 - 2.º

1200-821 Lisboa� 21 3955400� 21 3955383� [email protected]

www.cada.pt

Comissão Nacional de Eleições (CNE)� Av. D. Carlos I, 128 - 7.º

1249-065 Lisboa� 21 3923800� 21 3953543� [email protected]

www.cne.pt

Comissão Nacional de Protecção de Dados(CNPD)� Rua de S. Bento, 148 - 3.º

1200-821 Lisboa� 21 3928400� 21 3976832� [email protected]

www.cnpd.pt

246

Page 243: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ÓRGÃOS E ENTIDADES DO ESTADO DEPEN-DENTES DA PRESIDÊNCIA DO CONSELHODE MINISTROS

ACIME – Alto Comissariadopara a Imigração e Minorias Étnicas

Gabinete do Alto Comissáriopara a Imigração e Minorias Étnicas

Porto

� Pr. Carlos Alberto, 714050-157 Porto

� 22 2046110� 22 2046119� [email protected]

www.acime.gov.pt

Lisboa

� Palácio FozPraça dos RestauradoresApartado 25961113-001 Lisboa

� 21 3219500� 21 3219518� [email protected]

www.acime.gov.pt

Centro Jurídico (CEJUR)� Rua Professor Gomes Teixeira

1399-022 Lisboa� 21 3977001/3927600� 21 3972777� [email protected]

www.pcm.gov.pt

Instituto da Comunicação Social (ICS)� Palácio Foz – Rua dos Restauradres

1250-187 Lisboa� 21 3221200� 21 3221209� [email protected]

www.ics.pt

Instituto do Consumidor (IC)� Praça Duque de Saldanha, 31

1069-013 Lisboa� 21 3564600� 21 3529143� [email protected]

www.ic.pt

Projecto Digesto-Sistema Integradop/ Tratamento da Informação Jurídica(DIGESTO)� Rua Professor Gomes Teixeira

1399-022 Lisboa� 21 3977001/3927600� 21 3927615� [email protected]

www.digesto.gov.pt

Comissão para a Igualdade e para osDireitos das Mulheres� Av. da República, 32 - 1.º

1050-139 Lisboa� 21 7983000� 21 7983098� [email protected]

www.cidm.pt

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃOINTERNA (MAI)

Direcção Geral de Viação (DGV)� Av. da República, 16 - 9.º1069-055 Lisboa� 21 3122100� 21 3555670

Linha Azul. 21 7242020� [email protected]

www.dgv.pt

Guarda Nacional Republicana (GNR)� Largo do Carmo

1200-092 Lisboa� 21 3217000� 21 3474819� [email protected]

www.gnr.pt

Polícia de Segurança Pública (PSP)� Largo da Penha de França, 1

1199-010 Lisboa� 21 8149716� 21 8147705� [email protected]

www.psp.pt

Serviço de Informações de Segurança (SIS)� Rua Alexandre Herculano, 37

1269-053 Lisboa� 21 3190180� 21 3571560� [email protected]

www.sis.pt

247

Page 244: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)Serviço de Informação ao público� Rua Conselheiro José Silvestre Ribeiro, 4

1649-007 Lisboa � 21 7115000� 21 7140332 / 21 7161595� [email protected]

www.sef.pt

Núcleo de Relações Públicas� 21 7115000 (ext. 204, 208, 211)

Direcções e Delegações Regionais do SEF:

Açores

� Rua Marquês da Praia e Monforte, 10Apartado 2579500-089 Ponta Delgada

� 296 302230� 296 284422� [email protected]

Évora

� Rua Serpa Pinto, n.º 477000 Évora

� 266 707483� 266 741285� [email protected]

Algarve

� Rua Luís de Camões, n.º 58000-388 Faro

� 289 888300� 289 801566� [email protected]

Madeira

� Rua Nova da Rochinha, n.º1 - B9054-519 Funchal

� 291 232177 / 291 232291� 291 231918� [email protected]

Coimbra

� Rua Venâncio Rodrigues, n.º 25-313000 Coimbra

� 239 824045 / 239 823767� 239 823786� [email protected]

Porto

� Rua D. João IV, 536Apartado 48194013 Porto Codex

� 22 5104308� 22 5104385� [email protected]

Guarda

� Largo General Humberto Delgado,.º 153.º Dt.º6300-712 Guarda

� 271 211586� 271 214452� [email protected]

Braga

� Av. Norton de Matos, n.º 26 - 1.º salas 6 a 84700-387 Braga

� 253 278084� 253 612917� [email protected]

Lisboa

� Av. António Augusto de Aguiar, n.º 201069-119 Lisboa

� 21 3585500� 21 3144053� [email protected]

Vila Real

� Rua Alexandre Herculano, n.º 335000-642 Vila Real

� 259 324829� 259 372715� [email protected]

LOJAS DO CIDADÃO

Loja do Cidadão de Aveiro� Rua Dr. Orlando de Oliveira, n.º 41-47

Forca-Vouga3000-064 Aveiro

� 234 405871/2� 234 405873

Loja do Cidadão de Viseu� Quinta das Mesuras

Av. Rei D. Duarte, lote 8-103500-613 Viseu

� 231 484962� 232 484963

248

Page 245: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Loja do Cidadão de Setúbal� Av. Bento Gonçalves, n.º 30-D

2910-431 Setúbal� 265 550301/2/4� 265 550303

Loja do Cidadão de Braga� Rua dos Granjinhos n.º 6

4700-352 Braga� 253 278084� 253 612917

Loja do Cidadão dos Restauradores� Praça dos Restauradores

1250 Lisboa � 21 3262908/09/10/11

POSTOS DE FRONTEIRA AÉREOS

Aeroporto da Portela – Lisboa – PF 001� Aeroporto de Lisboa

1700-008 Lisboa� 21 8446240� 218474239� [email protected]

Aeroporto Francisco Sá Carneiro – Porto –PF003� Aeroporto Francisco Sá Carneiro

Pedras Rubras4470 Maia - Porto

� 22 9414879� 229414876� [email protected]

Aeroporto de Faro – PF 002� Aeroporto de Faro

8001-701 Faro� 289 817044 / 45� 289 817046� [email protected]

Aeroporto da Madeira – PF 0049100 Santa Cruz

� 291 524122/3� 291 524121� [email protected]

Aeroporto da Santa MARIA – Açores – PF 0069580 Vila do Porto - Açores

� 296 886650� 296 886660� [email protected]

GOVERNOS CIVIS

Aveiro� Praça Marquês de Pombal

3810-076 Aveiro� 234 372100� 234 372101� [email protected]

Beja� Rua D. Nuno Álvares Pereira

7800-054 Beja� 284 310650� 284 310658� [email protected]

Braga� Campo de S. Tiago

4704-501 Braga� 253 200200� 253 200271� [email protected]

www.gov-civil-braga-pt

Bragança� Largo de S. João

5301-864 Bragança� 273 304830� 273 304831� gc.braganç[email protected]� gcivilbragança.cidadevirtual.pt

Castelo Branco� Praça do Municipio

6000-458 Castelo Branco� 272 339400� 272 331190

Coimbra� Rua Couraça da Estrela

3001-851 Coimbra� 239 852800� 239 852809� [email protected]

www.gov-civil-coimbra.pt

Évora� Rua Francisco Soares Lusitano

7000-897 Évora� 266 739830� 266 739839� [email protected]

www.alentejodigital.pt/gcde

249

Page 246: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Faro� Praça D. Francisco Gomes

8000-168 Faro� 289 810900� 289 813533� [email protected]

www.gov-civil-faro.pt

Guarda� Largo Frei Pedro da Guarda

6300-711 Guarda� 271 221942� 271 213538� [email protected]

www.gov-civil-guarda.pt

Leiria� Largo Dr. Manuel de Arriaga, 1

2400-177 Leiria� 244 830900� 244 830916� [email protected]

www.gov-civil-leiria.pt

Lisboa� Rua Capelo

1249-110 Lisboa� 21 3218800� 21 3421589� [email protected]

Portalegre� Praça da Republica, 19 – Apartado 294

7300-109 Portalegre� 245 300650� 245 204582� [email protected]

Porto� Rua Gonçalo Cristovão, 373 - Apartado 852

4000-270 Porto� 22 2097500� 22 2097541� [email protected]

www.gov-civil-porto.pt

Santarém� Largo do Carmo

2000-118 Santarém� 243 304500� 243 304529� [email protected]

www.gov-civil-santarem.pt

Setúbal� Av. Luisa Todi, 336

2904-517 Setúbal� 265 546710� 265 239906

Linha Azul. 800202206� [email protected]

www.gov-civil-setubal.pt

Viana do Castelo� Rua da Bandeira, 249

4901-852 Viana do Castelo� 258 809070� 258 809089� [email protected]

www.gov-civil-viana.pt

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Direcção-Geral de Contribuiçõese Impostos (DGCI)� Rua da Prata, 10 - 2.º

1149-027 Lisboa� 21 8812600� 21 8812938� [email protected]

www.dgci.min-financas.pt

Direcção-Geral Protecção Social Funcio-nários e Agentes da Adm. Pública (ADSE)� Praça de Alvalade, 18

1748-001 Lisboa� 21 8431800� 21 8408465

Linha Azul. 21 8431900� [email protected]

www.adse.min-financas.pt

Instituto de Seguros de Portugal (ISP)� Av. de Berna, 19

1050-037 Lisboa� 21 7903100� 21 7954188� [email protected]

www.isp.pt

Instituto Nacional de Estatística (INE)� Av. António José de Almeida, 2

100-043 Lisboa� 21 8426100� 21 8426380� [email protected]

www.ine.pt

250

Page 247: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTES DOMINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

Direcção-Geral das Relações Bilaterais(DGRB)� Palácio das Necessidades – Largo Rilvas

1399-030 Lisboa� 21 3946223� 21 3946051� www.min-nestrangeiros.pt/mne/portugal/dgam.html

Direcção-Geral dos Assuntos Multilaterais(DGAM)� Palácio das Necessidades – Largo Rilvas

1300-030 Lisboa� 21 3946252� 21 3946069� [email protected]

www.min-nestrangeiros.pt/mne/portugal/dgrb.html

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

Direcção-Geral dos Registos e Notariado(DGRN)� Av. 5 de Outubro, 202

1064-803 Lisboa� 21 7985500� 21 7951350� [email protected]

www.dgrm.mj.pt

Conservatória dos Registos Centrais� Rua Rodrigo da Fonseca, 198-202

1099-003 Lisboa� 21 3817600� 21 3817698� [email protected]

Direcção-Geral dos Serviços Prisionais(DGSP)� Travessa Cruz do Torel, 1

1150-122 Lisboa� 21 8812200� 21 8853653� [email protected]

www.dgsp.mj.pt

Instituto de Reinserção Social (IRS)� Av. Almirante Reis, 101 - 7.º

1069-055 Lisboa� 21 3176100� 21 3176171� [email protected]

Instituto Nacional de Medicina Legal (INML)� Largo da Sé Nova

300-213 Coimbra� 239 854220� 239 836470� [email protected]

www.inml.mj.pt

Polícia Judiciária (PJ)� Rua Gomes Freire, 174

1169-007 Lisboa� 21 3533131� 21 3575844� [email protected]

www.policiajudiciaria.pt

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DAS OBRAS PÚBLICAS,TRANSPORTES E HABITAÇÃO

Instituto das Estradas de Portugal (IEP)� Praça da Portagem

2800-225 Almada� 21 2947100�� 21 2951997�� [email protected]

www.iestradas.pt

Instituto de Gestão e Alienação do Patri-mónio Habitacional do Estado (IGAPHE)� Av. 5 de Outubro, 153

1069-050 Lisboa�� 21 7613500�� 21 7931464

Linha Azul. 7960385/6/7�� [email protected]

www.igaphe.gov.pt

Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC)� Aeroporto de Lisboa – Rua B – Edifício 4

1749-034 Lisboa� 21 8423500� 21 8402398� [email protected]

www.inac.pt

Instituto Nacional de Habitação (INH)� Av. Columbano Bordalo Pinheiro, 5 - 8.º

1099-019 Lisboa� 21 7231500� 21 7260729� [email protected]

www.inh.pt

251

Page 248: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Instituto para a Conservação e Exploraçãoda Rede Rodoviária (ICERR)� Qt.ª das Varandas – Av. Cón. Urbano Duarte

3030-215 Coimbra� 239 794500� 239 7944555� [email protected]

www.icerr.pt

Instituto para Construção Rodoviária (ICOR)� Praça da Portagem

2800-225 Almada� 21 2947100�� 21 2949529�� icor@icor-construção.pt

www. icor-construção.pt

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DA SAÚDE

Comissão Nacional Luta contra a SIDA� Palácio Bensaude – Estrada da Luz, 153

1600-153 Lisboa� 21 7220820� 21 7210365� [email protected]

Instituto Nacional de Emergência Médica(INEM)� Rua Infante D. Pedro, 8

1749-075 Lisboa� 21 7929100� 21 7937124� cons.direccã[email protected]

Instituto da Droga e da Toxicodependência(IDT)� Av. João Crisóstomo, 14

1000-179 Lisboa� 21 3104100� 21 3104190� [email protected]

www.ipdt.pt

Serviço de Prevenção e Tratamentoda Toxicodependência (SPTT)� Av. Colombano Bordalo Pinheiro, 87 - 4.º

1070-062 Lisboa� 21 7235600� 21 7264919� [email protected]

ADMINISTRAÇÕES REGIONAIS DE SAÚDE(ARS)

De Lisboa e do vale do Tejo (ARS-LVT)� Av. Est. Unidos da América, Lote 77 – 10.º

1749-096 Lisboa� 21 8424800� 21 8499723� [email protected]

www.arslvt.min-saude.pt

Do Alentejo (ARS-ALT)� Praça 1.º de Maio, 47 r/c

7000-650 Évora� 266 758790� 266 743771� [email protected]

Do Centro (ARS-C)� Av. Sá da Bandeira, 89-A

3001-553 Coimbra� 239 851100� 239 835432� [email protected]

Do Norte (ARS-N)� Rua de Santa Catarina, 1288

4000-447 Porto� 22 5512400� 22 5509815� [email protected]

www.arsnorte.min-saude.pt

ÓRGÃOS E SERVIÇOS DEPENDENTESDO MINISTÉRIO DA SEGURANÇA SOCIALE DO TRABALHO

Centro Nacional de Protecção Contraos Riscos Profissionais (CNPRP)� Av. da República, 25 r/c Esq.

1069-036 Lisboa� 21 3176900� 21 3176991� [email protected]

www.seg-social.pt/cnprp

Departamento de Relações Internacionaisde Segurança Social (DRISS)� Rua da Junqueira, 112

1300-344 Lisboa� 21 3652300� 21 3652498� [email protected]

www.seg-social.pt

252

Page 249: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Direcção-Geral da Solidariedadee Segurança Social (DGSSS)� Largo do Rato, 1

1269-144 Lisboa� 21 3817300� 21 3889517� [email protected]

www.seg-social.pt

Direcção Geral das Condições de Trabalho(DGCT)� Praça de Londres, 2 - 7.º

1049-056 Lisboa� 21 8441400� 21 8492261

Linha Azul: 21 8401012� [email protected]

www.dgct.mts.gov.pt

Direcção-Geral do Emprego e da FormaçãoProfissional (DGEFP)� Praça de Londres, 2 - 5.º

1049-056 Lisboa� 21 849010� 21 8465272

Linha Azul. 21 8401012� [email protected]

www.dgefp.mts.gov.pt

Instituto de Desenvolvimento e Inspecçãodas Condições de Trabalho (IDICT)� Praça de Alvalade, 1

1749-073 Lisboa� 21 7972397� 21 7937149� [email protected]

www.idict.gov.pt

DELEGAÇÕES E SUBDELEGAÇÕES DO IDICT

� Largo Escritor Manuel Ribeiro, 77800-421 Beja

� 284 323131� 284 323433

� Largo do Rossio da Sé4704-506 Braga

� 253 613365� 253 613368

� Av. Fernão Magalhães, 447 - 1.º3000-177 Coimbra

� 239 828021� 239 828025

� Rua Gonçalves Crespo, 211169-139 Lisboa

� 213 576005� 213 524500� www.idict.gov.pt

� Av. Carvalho Araújo, 15000-657 Vila Real

� 259 322083� 259 321795

� Av. da Boavista, 1311 - 3.º4149-005 Porto

� 22 6065512� 22 6006746

Instituto de Solidariedade e SegurançaSocial (ISSS)� Rua Rosa Araújo, 43

1250-194 Lisboa� 21 3102000� 21 3131102� [email protected]

Centro Regional de Segurança Socialde Lisboa e Vale do Tejo� Calçada Eng. Miguel Pais, n.º 32

1249-119 Lisboa� 21 3908405 (linha azul)� 21 3902281

Centro Regional de Segurança Socialdo Centro� Rua Padre Estêvão Cabral, n.º 6

3000-316 Coimbra� 239 833808

Centro Regional de Segurança Socialdo Norte� Rua António Patrício, n.º2 62

4199-001 Porto� 22 6088100 / 22 6067131

Centro Regional de Segurança Socialdo Algarve� Rua Infante D. Henrique, n.º 34 - 1.º

8000-363 Faro� 289 801779 (linha azul)� 289 803379

Instituto do Emprego e da FormaçãoProfissional (IEFP)� Av. José Malhoa, 11

1099-018 Lisboa� 21 7227000� 21 7227013� [email protected]

www.iefp.pt

253

Page 250: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa(SCML)� Largo Trindade Coelho – Apartado 2059

1200-470 Lisboa� 21 3235000� 21 3235060� [email protected]

www.misericordiadelisboa.pt

Secretariado Nac. p/ a Reabilitação e Inte-gração das Pessoas c/ Deficiência (SNRIPD)� Av. Conde de Valbom, 63

1069-178 Lisboa� 21 7929500� 21 7958274

Linha Azul: 21 7959545� [email protected]

www.snripd.mts.gov.pt

Comissão Nacional da Família (CNF)� Av. Defensores de Chaves, 95 - 6.º

1000-116 Lisboa� 21 7816960� 21 7817079� [email protected]

Comissão Nacional do Rendimento Mínimo(CNRM)� Rua Castilho, 5 - 3.º

1250-066 Lisboa� 21 3184900� 21 3139559� [email protected]

www.seg-social.pt

Comissão para a Igualdade no Trabalho eno Emprego� Av. da República, 44 - 2.º

1069-033 Lisboa� 21 7964027� 21 7960332� [email protected]

Comissariado Regional do Norte de Lutacontra a Pobreza� Rua 15 de Novembro, 101

4100-421 Porto� 22 6076420� 22 6001809� [email protected]

Comissariado Regional do Sul de Lutacontra a Pobreza� Rua do Viriato, 7 - 7.º

1050-233 Lisboa� 21 3301000 / 08� 21 3301009� [email protected]

Centros de Informação Autárquicos aoConsumidor (CIAC) e Serviços Municipaisde Informação ao Consumidor (SMIC)

� Praça da República3800 Aveiro

� 234 383659

� Rua Capitão João Francisco de Sousa, 257800 Beja

� 284 23693

Posto de Turismo de Braga� Av. Central, 1

4710 Braga� 253 622550

� Praça do Município9000 Funchal

� 291 2220064/5/6/7/8/9Ext. 260

� Rua da República, 70 E2670 Loures

� 21 9820714/9822854/9823062

� Praça Almirante ReisApartado 802900 Setúbal

� 265 522105 – ext. 312� 265534086

� Largo do Pioledo5000 Vila Real

� 259 72268

Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia� Rua Álvares Cabral

4430 Vila Nova de Gaia� 22 3710006

ENTIDADES SINDICAIS

CGTP-IN - Dept.º de Emigração� Rua Victor Cordon, 1

1200 Lisboa� 21 3721819� 21 3423662

União Geral de Trabalhadores UGT� Rua Augusta, 280 - 2.º e 3.º

1100 Lisboa� 21 3611012/3/4

254

Page 251: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Sindicato dos Trabalhadores da Construção,Mármores e Madeiras e Materiaisde Construção do Sul� Praça D. Luís I, 17 - 1.º Dt.º

1049-023 Lisboa� 21 3961102� 21 3960869

Sindicato dos Trabalhadores das Indústriasda Construção, Madeiras Mármores, Pedrei-ras, Cerâmica e Materiaisde Construção do Norte e Viseu� Rua Santos Pousada, 611

4000-487 Porto� 22 5390044� 22 5101793

Federação dos Sindicatos de Alimentação,Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal� Páteo do Salema, 4 - 3.º

1150-062 Lisboa� 21 8873844� 21 8855089

Sindicato Nacional dos Trabalhadores eTécnicos da agricultura, Florestas e Pecuária� Páteo do Salema, 4

1150-062 Lisboa� 21 8855070� 21 8855089

Sindicato dos Trabalhadores de Serviçode Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticase Profissões Similares e Actividades Diversas� Rua S. Paulo, 12 - 1.º

1200-428 Lisboa

União dos Sindicatos de Lisboa - USL� Rua S. Pedro de Alcântara, 63 - 2.º

1250-238 Lisboa� 21 3474964� 21 3424140

ASSOCIAÇÕES E OUTRAS INSTITUIÇÕES

Associação Famílias� Rua de Guadalupe, n.º 73

4710-298 Braga� 253 611609 / 253 265642� 253 611609� [email protected]

ANJAF – Associação Nacionalde Jovens para a Acção Familiar� Rua do Salitre, n.º 185, r/c D.to

1250-199 Lisboa� 21 3845690� 21 3867775� [email protected]

Associação Humanitária Habitat� Largo Santa Cruz, n.º 36

4700-322 Braga� 253 204283� [email protected]

www.assoc-habitat.pt

ATLAS – Cooperativa CulturalCATE – Centro de Apoio a TrabalhadoresEstrangeiros� Rua de Santa Margarida, n.º 6

4710-306 Braga� 96 7818012

CNLI – Comissão Nacional para a Legalizaçãode Imigrantes� Rua de Santa Teresa, n.º 32 - 2.º F

4050-537 Porto� 22 2082924

OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento *� Rua de S. Tiago, 9

1100 Lisboa� 21 8866134� 21 8878837� [email protected]

COOPAFRICA – Associaçãopara a Cooperação e Desenvolvimento *� Rua Maria Pia, 443

1350 Lisboa� 21 3870084� 21 3870084

OIMOrganização Internacional das Migrações *� Missão em Portugal

Praça dos Restauradores, 65 - 3.º Dto

1250-188 Lisboa� 21 3242940� 21 3323866� [email protected]

ACEP – Associação para a Cooperação Entreos Povos *� Travessa do Sequeiro, n.º 4 - 1.º

1200-441 Lisboa� 21 3259719� 21 3259720� [email protected]

AMIFundação de Assistência Médica Internacional *� Rua José Patrocínio, 49 – Marvila

1900 Lisboa� 21 8371692� 21 8592362� [email protected]

www.portugalnet.pt/ami/

255

Page 252: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

JRSServiço Jesuíta de Apoio aos Refugiados *� Estada da Torre, 26 - 1.º

1750-296 Lisboa� 21 7524065� 21 7577376

CVP – Cruz Vermelha Portuguesa *� Campo Grande, n.º 28 - 6.º

1700-093 Lisboa� 21 7822400� 21 7822443� [email protected]

UNIDOS DE CABO VERDE *� Rua das Fontainhas, 119

Venda Nova – 2700 Amadora� 21 4763728

CENTRO CULTURAL AFRICANO *� Praça General Luis Domingues, 81

2910-585 Setúbal� 91 4933827

AMUCAAssociação Mãos Unidas da Casa da Alegria *� Prolongamento da Av. Humberto Delgado

Apartado 69 – 2700 Amadora � 21 4921571

APALGAR – Amizade dos PALOP no Algarve *� Rua do Leste AQ, r/c Esq.

8125 Quarteira� 289 3891585

AGENOVA – Associação Geração Nova� Rua Ferreira de Castro, Lote 329, r/c D.to

Zona n.º 1Chelas-Marvila1900-687 Lisboa

� 21 8376340

CASA DE ANGOLA� Rua do Forno do Tijolo, n.º 46 - 3.º D.to

1170-137 Lisboa

CASA DO BRASIL DE LISBOA *� S. Pedro de Alcântara, n.º 63 - 1.º D.to

1250-238 Lisboa� 21 3471580� 21 3472235� [email protected]

MOINHO DA JUVENTUDE *� Trav. do Outeiro, 1 - Alto da Cova da Moura

2720-575 Buraca - Amadora� 21 4971070� 21 4974027� [email protected]

CULTURAL LUSO-AFRICANA MORNA *� Rua das Fontainhas, 266 – Venda Nova

2685-486 Unhos� 21 3582880

CIDADÃOS DA GUINÉ CONAKRI RESIDENTESEM PORTUGAL *� Rua 11, Lote 106 - 2.º Cave A

2725 Mem Martins

ASSOCIAÇÃO UNIDA DOS EMIGRANTESDA GUINÉ-BISSAU EM PORTUGAL *� Rua de S. Bento, 82 - 1.º

1200 Lisboa

ASSOCIAÇÃO CABO VERDIANA *� Rua Duque de Palmela, n.º 2 - 8.º

1250-098 Lisboa� 21 3532098

ANPRP – Associação dos Naturaisde Pelundo Residentes em Portugal *� Estrada da Circunvalação, n.º 14

1495 Lisboa

LIÁFRICALiga dos Africanos e Amigos de África *� Rua do Forno do Tijolo, n.º 46 - 2.º D.to

1100 Lisboa� 21 8145394

ASAPAssociação de Solidariedade em Portugal *� Rua Capitães de Abril, 37 - 8.º D.to

Alfornelos – 2700 Amadora� 21 4740032

AGUIPAAssociação Guineense e Povos Amigos *� Av. da Cintura do Porto de Lisboa, Pav. 1,

Naves 3, 4 e 51200-109 Lisboa

� 96 8318192

ASSOCIAÇÃO JUVENIL LUSO-AFRICANAPONTOS NOS IS *� Rua Rodrigo Sampaio, 139 - 4.º Esq.

4000-425 Porto� 22 2089599

AGUINENSO – Associação Guineensede Solidariedade Social *� Av. João Paulo II, Lote 258 - 2

Chelas – 1900-726 Lisboa� 21 8370436� 21 8070287

256

Page 253: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

NOVAGERAngolanos Residentes em Portugal *� Rua Maria de Lurdes Belchior, n.º 9 - r/c Esq.

1900-916 Lisboa� 21 4763558

ASSOCIAÇÃO COLIGÁTICA BISSAU-BIOMBOE AMIGOS *� Bairro Novo Estrada Militar, n.º 40

Venda Nova – 2700 Amadora� 96 7910485

ACOSP – Associação da Comunidadede S. Tomé e Príncipe *� Edifício das Portas de Benfica – CasteloNorte – Porta B

1500-496 Lisboa� 96 8274476

Solidariedade Social ASSOMADA *� Alameda João de Menezes, 12.º

Bairro de S. Marçal – 2795-584 Carnaxide� 21 4160092

ECC-CO – Espaço das Comunidades Cabo-verdianas em Portugal√� Rua Augusto Nobre, n.º 4

Outurela – 2795-584 Carnaxide� 21 4180876

FILHOS E AMIGOS DA ILHA DE JETA *� Bairro Novo do Pinhal, Lote 24 – 1.º Esq.

S. João do Estoril – 2675-363 Estoril� 96 6105398

ANTIGOS ALUNOS DO ENSINO SECUNDÁ-RIO DE CABO VERDE *� Rua Manuel Porto, 12-A/12-B

Carnide – 1500 Lisboa� 21 7152991

CABO VERDIANA DO SEIXAL *� Rua Conselheiro Custódio Borja, n.º 1

2845-445 Amora� 21 2226360

EMIGRANTES DE TAME *� Bairro da Marianas, 66-A

2775-339 Parede� 21 4583386

ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DE AUXÍLIOAOS SANTOMENSES MAIS CARENCIADOS– Cloçon Bétu *� Av. Almirante Reis, 13 - 1.º

1150 Lisboa� 21 8851608

JOVENS PROMOTORES DA AMADORASAUDÁVEL *� Praceta Luz Verney

Damaia de Cima – 2720-435 Amadora� 21 4905426

ASSOCIAÇÃO PARA A DEFESA DOS DIREITOSDOS IMIGRANTES – SOLIDARIEDADEIMIGRANTES *� Av. António Enes, 31 - CC de Queluz, Sala F-8

2745-068 Queluz� 21 4353810� 21 4366483� [email protected]

SOYUS – Associação dos Imigrantes Eslavos *Rua Joaquim da Matosa, 25, 1.º Piso, Apt. 1132825-343 Costa da Caparica

FILHOS DE CATEQUISSE RESIDENTESEM PORTUGAL *� Rua Adriano Correia de Oliveira, 29 - 2.º D.to

Laranjeiro – 2810 Almada

MELHORAMENTOS E RECREATIVOSDO TALUDE *� Estrada Militar n.º 63, Bairro Vescelau

Catujal – 2685-486 Unhos� 21 9401430

CSSC – Associação Cabo Verdiana de Sinese Santiago do Cacém *� Rua de Ferreira, 2, Apt. 340

7520-195 Sines� 269 6356878

FILHOS E AMIGOS DO CONCELHODE S. MIGUEL CABO VERDE *� Rua das Fontainhas, 66-A

Venda Nova – 2720 Amadora� 96 6233213

CABÁS GARANDI – Associação dos Filhose Amigos da Ilha de Bolama/Bijagós *� Rua da Amoreira, n.º 5 - 1.º Dto.

Algueirão – 2725-067 Mem Martins� 21 7988291

ASSOCIAÇÃO ROMENA E POVOS AMIGOS *� Rua Rebelo da Silva, 17-19

1100 Lisboa

ESTUDANTES ANGOLANOS EM PORTUGAL *� Rua Leopoldo de Almeida, 6-A

1700-138 Lisboa� 21 7570752

257

Page 254: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

SOS – Associação de Defesa dos Angolanos *Quinta Grande – Rua Mónica – Vivenda EA.T1750-122 Lisboa

� 91 9486526

CULTURAL DOS ROMENOS – Mercia Eliade *� Rua de S. Mamede, 18-B

1100-534 Lisboa� 21 8872552

ADIME – Associação para a Defesae Inserção das Minorias Étnicas *� R. 25 de Abril, Vale de Chicharos, Lote 10 - 4.º F

Fogueteiro – 2845 Amora

ASSOCIAÇÃO UNIDA E CULTURAL DAQUINTA DO MOCHO *� Urb. da Quinta do Mocho, Lote 20, Bl 2 - r/c

2685 Sacavém� 21 9400600

IMIGRANTES DO LESTE EUROPEU *� Rua Cais de Povos, 25-A

2600 Vila Franca de Xira� 93 8028830

ARACODI – Associação dos ResidentesAngolanos do Concelho de Odivelas *� R. João Santos, 75 - 1.º Piso, CC Arroja, Loja 41

2675 Odivelas� 21 9322921

CLUBE DESPORTIVO ALTO COVA DA MOURA *� Rua do Vale, n.º 17 - 17.ª

Buraca – 2720-606 Amadora� 21 4905111

SANITAE – Associação para a Informaçãoe Defesa da Saúde dos Africanos *� Rua da Graça, n.º 65-C

1170 Lisboa� 21 8878914

ESPAÇO JOVEM *� Rua C, Bairro de Santa Filomena, n.º 12 - r/c

2700 Amadora� 96 6439188

CLUBE FILIPINO *� Av. Infante D. Henrique, Lote 35

1800 Lisboa� 91 2108838

LIGA DOS CHINESES EM PORTUGAL *� Av. da Boavista, 1588 – 3.ª sala 314

4100 Porto� 22 6063289

Cáritas Portuguesa� Rua Passadiço, 26

1150-255 Lisboa� 21 3150964

Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos� Campo dos Mártires da Pátria, 43

1150-225 Lisboa� 21 8855466/68� 21 8855467

Secretariado Diocesano da Pastoralde Ciganos de Lisboa� Rua Cidade de Bolama, 5 - 2.º Esq.º

1800 Lisboa� 21 8516938 / 21 8535 048

Amnistia Internacional (Secção Portuguesa)� Rua Fialho de Almeida n.º 13 - 1.º

1070-128 Lisboa� 21 3861652� 21 3861782� [email protected]

Associação para a CooperaçãoEntre os Povos – ACEP� Travessa Sequeiro, n.º 4 - 1.º

1200-441 Lisboa� 21 3259719� 21 3259720� [email protected]

Centro de Informação e DocumentaçãoAmilcar Cabral – CIDAC� R Pinheiro Chagas 77 - 2.º

1069-069 Lisboa� 21 3172860� 21 3172870� [email protected]

Conselho Nacional de Juventude – CNJ� Rua Forno do Tijolo; 73 - 2.º D.to

1170-134 Lisboa� 21 8160130� 21 8160139� [email protected]

Conselho Português para Refugiados – CPR� Bairro do Armador

Zona M - Chelas lt. 764 lj. D-E1900-864 Lisboa

� 21 8314372� 21 8375072

258

Page 255: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

SOS Racismo� Rua São José, 48

1150-323 Lisboa� 21 3421557� [email protected]

Associação Portuguesapara a Defesa do Consumidor – DECOSede� Rua de Artilharia Um, n.º 79 - 4.º

1269-160 Lisboa� 21 3710200� [email protected]

Assistência Médica Internacional - AMI� Pátio Manuel Guerreiro

Rua José do Patrocínio, n.º 491949-008 Lisboa

� 21 8362100� 21 8362199� [email protected]

APAVAssociação Portuguesa de Apoio à VítimaSede� Rua do Comércio, n.º 56 - 5.º

1100-150 Lisboa� 21 8884732� 21 8876351

Linha Verde: 707 200 077� [email protected]

Associação Abraço� Rua da Rosa, n.º 243 - 1.º

1200-385 Lisboa� 21 3425929� 21 3422499

Linha Verde: 800 225 115� [email protected]

INDE� Av. Frei Miguel Contreiras, n.º 54 - 3.º

1700-213 Lisboa� 21 8435870� 21 8435871� [email protected]� www.inde.pt

Centro Jean Monet� Largo Jean Monet, n.º 1

1269-570 Lisboa� 21 3504900� 21 3540004� [email protected]� www.europarl.eu.int

Banco Alimentar Contra a Fome� Rua C. Porto Lisboa, Armazém 1, Nave 3

1200 Lisboa� 21 3952105� www.porto.banco-alimentar.pt

Associação Portuguesados Direitos do Cidadão� Rua de Augusto Rosa, n.º 66 - 2.º D.to

1100-059 Lisboa� 21 8883349

Centro Intercultural de SolidariedadeImigrante� Rua da Madalena, n.º 8 - 2.º

1100-321 Lisboa� 21 8870713

BULUS – Associação de União entreLuso-Bulgaros Residentes em Portugal� Apartado 108 – 7830 Serpa

ou� Av. Jaime Cortesão, 64 - 1.º

2910-538 Setúbal� www.homepagez.com/bulus/index/htm

Centro de Estudos Multiculturaisda Universidade Independente� Av. Marchal Gomes da Costa, Lote 9

Sala do Centro de Estudos, 5.º1800-255 Lisboa

� 21 8598230� 21 8375826� [email protected]

IEDInstituto de Estudos para o Desenvolvimento� Rua S. Domingos à Lapa, n.º 111 - 3.º

1200-834 Lisboa� 21 3909638� 21 3951570� [email protected]

CNJP – Comissão Nacional Justiça e Paz� Campo dos Mártires da Pátria, 43

1150-225 Lisboa� 21 8855480� [email protected]

www.cnjp.ecclesia.pt

CNPDComissão Nacional de Pastoral Operária� Rua Manuel bernardes, 30 - 1.º

1200-253 Lisboa� 21 3907711� 21 3951333

259

Page 256: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Comissão Episcopal Portugusea – Migraçõese Turismo� Campo Mártires da Pátria, 43

1150-225 Lisboa� 21 8855460/63/64� 21 8855461/62

OCPMObra Católica Portuguesa das Migrações� Campo Mártires da Pátria, n.º 3 r/c

1150-225 Lisboa� 21 8852146� 21 8850455

Centro de Acolhimento para Requerentesde Asilo� Rua de S. José, n.º 54 - 1.º D.to

Bairro da Figueira – Bobadela – Sacavém� 21 9944840/41� 21 9944839

Consulados e Embaixadas Estrangeirasem Portugal

ANGOLAChancelaria� Av. da República, 68

1069-213 Lisboa� 21 7961830 – 21 7967041/43� 21 7971238Sector Comercial� 21 7963672Consulado Geral – Lisboa� 21 7934198� 21 7960682� [email protected]

www.embaixadadeangola.orgConsulado Geral – Porto� R. Alexandre Herculano, 352 - 5.º salas 52-54

4000-053 Porto� 22 2058827 / 2058902� 22 2058902

GUINÉ-BISSAUChancelaria� Rua de Alcolena, 17

1400-004 Lisboa� 21 3030440� 21 3030450

S. TOMÉ E PRÍNCIPEChancelaria� Av. Gago Coutinho, 26 - 6.º

1000-017 Lisboa(Edifício EPAC – Areeiro)

� 21 8461917/8� 21 8461895� [email protected]

CABO VERDEChancelaria� Av. do Restelo, 33

1449-025 Lisboa� 21 3015271/2/3 ou 21 3019516/21/23

ou 21 3016434� 21 3015308

BULGÁRIAChancelaria� Rua do Sacramento à Lapa, 31

1200-792 Lisboa� 21 3976364 / 3976367� 21 3979272Secção Comercial� 21 3974006� 21 3974012� [email protected]

REPÚBLICA CHECAChancelaria� Rua Pêro de Alenquer, 14

1400 Lisboa� 21 3010487/3013529� 21 3010629� [email protected]

www.mfa.cz/lisbon

CROÁCIAChancelaria� Rua D. Lourenço de Almeida,24

1400 Lisboa� 21 3021033/53/77� 21 3021251

ESLOVÉNIAChancelaria� Av. da Liberdade, 49 - 6.º Esq.º

1250-139 Lisboa� 21 3423301� 21 3423305� [email protected]

ESTÓNIAChancelaria� Rua Camilo Castelo Branco, 34 - 4.º

1050-045 Lisboa� 21 3194150� 21 3194155

HUNGRIAChancelaria� Calçada de Santo Amaro, 85

1349-042 Lisboa� 21 3630395 / 21 3645929� 21 3632314Secção Comercial� 21 3645929� 21 3632314

260

Page 257: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

261

INDONÉSIAChancelaria� Rua Miguel Lupi, 12 - 1.º

1249-080 Lisboa� 21 3932070� 21 3932079

MOÇAMBIQUEChancelaria� Av. de Berna,7

1050-036 Lisboa� 21 7961672 / 21 7973513 / 21 7972734� 217932720

MOLDÁVIAConsulado Honorário� Rua Bernardo Lima, 35 - 3.º C

1150-075 Lisboa� 21 3162184/5� 21 3162186� [email protected]

REPÚBLICA FEDERAL DA JUGOSLÁVIAChancelaria� Av. das Descobertas, 12

1400-092 Lisboa� 21 3015311/2� 21 3015313� [email protected]

TIMOR� Av. Infante Santo, 17 - 6.º Esq.

1350-175 Lisboa� 21 3933730/31/32/35� 21 3933739� [email protected]

ESLOVÁQUIAChancelaria� Av. Fontes Pereira de Melo,19 - 7.º D.to

1050-116 Lisboa� 21 3583309� 21 3583300Departamento Comercial� 21 3139984� 21 3583306� [email protected]

ROMÉNIAChancelaria� Rua de São Caetano, 5

1200-828 LisboaSecção Cultural e Imprensa� 21 3960866Secção Política� 21 3968812Secção Comercial e Serviço Consular� 21 3966463

POLÓNIAChancelaria e secção consular� Av. das Descobertas, 2

1400-092 Lisboa� 21 3010202 / 3012350 / 3014200� 21 3010202Secção Comercial� Av. da República, 9 - 7.º

1050-185 Lisboa� 21 3526170/3526171� 21 3526174� [email protected]

www.bem-polonia.pt

RÚSSIAChancelaria� Rua Visconde de Santarém, 59

1200-286 Lisboa� 21 8462424/3� 21 8463008Secção Consular� 21 8464476� 21 8479327Representação Comercial� Av. das Descobertas, 4

1400-092 Lisboa� 21 3010381� 21 3015310

UCRÂNIAChancelaria� Rua Rodrigues Sampaio,19 - 4.º A

1150-278 Lisboa� 21 3530046� 21 3530048� [email protected]

261

Page 258: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

ACADEMIA DE CIÊNCIAS DE LISBOA E EDITORIAL VERBO, Dicionário da Academia de Ciências deLisboa, 2001, Lisboa.

ADEPOJU, ADERANTI, Migrantes indocumentados ou irregulares e cooperação regional em África,tradução de José Manuel Calafate, in http://www.acime.gov.pt

ALFARO, MARTINS e TEIXEIRA, RUI, Direito e Fiscalidade na Internet-guia de pesquisa na rede, VisilisEditores, Lisboa, 1998.

ALTO COMISSÁRIO PARA A IMIGRAÇÃO E MINORIAS ÉTNICAS (ACIME), publicações (brochuras),in http:// www.acime.gov.pt– Trabalho de estrangeiros em Portugal, 2000/03.– Autorização de Permanência, 2001/01.– A integração dos Imigrantes e das Minorias Étnicas, 1999.– Combate ao racismo –meios jurídicos, Abril de 2000.

ALBUQUERQUE, ROSANA / FERREIRA, LÍGIA ÉVORA / VIEGAS, TELMA, Fenómeno Associativo em ontexto Migratório – duas décadas de associativismo de Imigrantes em Portugal, Celta Editora, Maiode 2000.

ALMEIDA, GERALDO DA CRUZ, O Novo regime jurídico dos Imigrantes – Direitos e Obrigações doImigrante em Portugal, Lisboa, 2001, in http://infocid.pt

ALMEIDA, GERALDO DA CRUZ, Direitos e Obrigações do Imigrante Comunitário, Lisboa, 2001,in http://infocid.pt

ANNAN, KOFI, mensagem do Secretário Geral da Organização das Nações Unidas(ONU) a propósitodo Dia Internacional dos Migrantes, 19/12/2002, Centro de Informação das Nações Unidas,http://www.onuportugal.pt

ANDRADE, JOSÉ CARLOS VIEIRA DE, Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa de 1976,2.ª edição, Almedina, Coimbra, 2001.

CÁDIMA, FRANCISCO RUI,(coordenação) Representações(imagens) dos Imigrantes e das Minorias Étni-cas nos Media, principais conclusões do estudo elaborado pelo Observatório da Comuni-caçãoSocial e promovido pelo ACIME, com o patrocínio da Fundação Ciência e Cultura, 2002,in htttp//www.acime.gov.pt

CANOTILHO, J. J. GOMES / MOREIRA, VITAL, A Constituição da República Portuguesa, anotada, 3.ªedição, revista.

BIBLIOGRAFIA

262

Page 259: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

CANOTILHO, J. J. GOMES, BARATA, MÁRIO / CHIEIRA, ANA SOFIA / PEREIRA, ANDRÉ GONÇALODIAS / SILVA, SUZANA, Direitos Humanos, Estrangeiros, Comunidades Migrantes e Minorias,Celta Editora, Maio 2000.

CAMANHO, PAULA PONCES, Do contrato de Depósito Bancário, Almedina, Coimbra, 1998.

CARVALHO, CARLOS FERREIRA DE, Prontuário de Bancário – Enciclopédia Comercial/ Bancária, Reidos Livros, 5.ª edição, 1999, Lisboa, Livraria Narciso.

CARVALHO, FERNANDO, Guia Prático para compra da habitação, Texto Editora, Lda., Lisboa,1.ª edição, 1999.

COIMBRA EDITORA, Perspectivas Constitucionais. Nos 20 anos da Constituição de 1976, autoresvários, org. de Jorge Miranda, Coimbra, 1996,

COMISSÃO PONTIFÍCIA JUSTIÇA E PAZ, A Igreja ante o racismo: para uma sociedade mais fraterna(3/11/88), in http://www.ecclesia.pt

CONSELHO PONTÍFICIO PARA A PASTORAL DOS MIGRANTES E INTINERANTES, Os refugiados,Um desafio à solidariedade (1992), in http://www.ecclesia.pt.

CONSELHO PORTUGUÊS PARA OS REFUGIADOS, Guia de Acolhimento e Integração de Refugiados,1998, Lisboa, in http://www.cidadevirtual.pt/cpr

CONFERÊNCIA EPISCOPAL PORTUGUESA, Nota Pastoral da, Igreja e Migrações: o dever de acolhi-mento, Lisboa, 13/06/2001, in http://www. ecclesia.pt

COSTA, ALFREDO BRUTO DA, Exclusões Sociais, n.º 2 da Colecção «Cadernos Democráticos, 2.ª edição,Fevereiro 2001, Gradiva Publicações, Lisboa.

COSTA, EDUARDO MAIA, A legislação portuguesa e as novas manifestações de racismo e xenofobia,texto da intervenção do autor no Encontro de Mesas Redonda sobre Racismo, org. pelo ACIME, eque decorreu em Lisboa, 10-11/04/2000, in http://www. acime.gov.pt

COUTINHO, EVA, Depósitos bancários e admissibilidade de compensação, in http://www.verbojuri-dico.net, Setembro de 2001.

CRUZ, PAULA TEIXEIRA DA, Imigração e Direitos Humanos: uma Realidade Constitucional de Concre-tização Virtual, Boletim da Ordem dos Advogados, n.º 23, Nov./Dez. 2002, pp. 63 a 65.

CUNHA, J. SILVA, Direito Internacional Público, I vol. (1981) e II vol. (1984), Centro do Livro Brasi-leiro, Lisboa.

CUNNINGHAM, MYRNA, Manifestaciones Contemporâneas de Racismo y Discriminación Racial,in http://alainet.org/publica/emrx

DORLINGTON KINDERSLEY, Guia American Express-Portugal, 1997, Dorlington Kindersley Limited,London, Livraria Civilização Editora, 1998, Porto.

EDIDECO, Guia do Casal –direitos e deveres na vida a dois, Edideco – Editores para a Defesa do Consu-midor, Lda., Outubro 1999, 1.ª edição, Lisboa.

263

Page 260: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

FERREIRA, PAULO MARRECAS, Algumas noções relativas a racismo e a responsabilidade civil, Gabinetede Documentação e Direito Comparado (GDDC), n.os 83/84, Lisboa, 2000.

FERNANDES, ANABELA, Guia do Condutor Esperto, Texto Editora, 1.ª edição, Lisboa, 1998.

FORUM JUSTIÇA E LIBERDADES, Guia de Direitos do Cidadão, Contexto Editora, Lisboa, 1997.

GALTUNG, JOHAN, Direitos Humanos – uma nova perspectiva, Inst. Piaget, trad. Margarida Fernandes,Lisboa, 1998.

G. HAARSCHER, Filosofia dos Direitos do Homem, Lisboa, Inst. Piaget, Lisboa.

GARCIA, JOSÉ LUÍS, Migrações e Relações Multiculturais: uma bibliografia, Lisboa, Celta Editora, Maiode 2000, e também em http://www.min-nestrangeiros.pt/mne/portugal/

HENRIQUES, TERESA, Guia Prático do Condómino, Texto Editora, Lisboa, 1998.

INSTITUTO DA MEDIAÇÃO MOBILIÁRIA E DAS OBRAS PÚBLICAS (IMOPPI), Guia Prático da Media-ção Mobiliária, IMOPPI, 1.ª edição, 2001.

INSTITUTO DO CONSUMIDOR, Guia do Consumo para o Comércio Electrónico, edição do IC - CentroEuropeu do Consumidor, Lisboa, Fev. 2001.

INTITUTO DE SEGUROS DE PORTUGAL, Seguro Automóvel, Lisboa, Dezembro de 2001.

LAGES, MÁRIO F. / POLICARPO, VERÓNICA, Análise preliminar de duas sondagens sobre os Imigran-tes em Portugal, versão provisória, Lisboa 2002, UCP (Centro de Estudos dos Povos e Culturas deExpressão Portuguesa e Centro de Estudos e Sondagens de Opinião), relatório sobre os primeirosresultados de uma investigação recente promovida pelo ACIME , com a colaboração do SEF ecom o patrocínio da Fundação para a Ciência e tecnologia e da Fundação Luso-Americana para oDesenvolvimento, in http//www.acime.gov.pt.

LEITE, INÉS FERREIRA, Notas sobre o princípio do reconhecimento mútuo das decisões em matéria civile comercial no âmbito da União Europeia, 13/12/2002, Ordem dos Advogados, http//www.oa.pt

LÉON, IRENE, El Norte enevenenado por el dardo de la xenofobia, in http://alainet. org/publica/emrtx.

LUÍS, ALBERTO, Direito Bancário, Almedina, 1985.

MARQUES, GARCIA e MARTINS, LOURENÇO, Direito da Informática, Almedina, Coimbra, 2000.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE, Guia do Contribuinte/Guia do Beneficiário daSegurança Social, Editorial do MTS, 1998.

MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA, Carta de condução, informação ao utente, Direcção--Geral de Viação, s/data.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Direitos Humanos: Guia anotado de recursos (materiais de apoio aocurrículo), CCPEs, DEB, DES, IIE, coordenação editorial do IIE, 1.ª edição, Maio 2001.

264

Page 261: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

NOTÍCIAS MAGAZINE, artigos sobre o tema da imigração de 13/10/2002:– Direitos por linhas tortas, p. 50;– Quantos são? Quem são? Onde estão?, pp. 32-36;– Entrevista de Margarida Marante ao Padre António Vaz Pinto, Alto Comissário para as Migrações

e Minorias Étnicas, pp. 43-48.

MORAIS, LUÍS PEREIRA DE, Novas Regras da Imigração, Direito em Revista, n.º 05, Press MundoEditora de Publicações, 2002, pp. 18-21.

PAULUS, EDITORA, Direitos Humanos: deveres para o novo milénio, autores vários, 1998, 1.ª edição.

PEREIRA, JOEL TIMÓTEO RAMOS PEREIRA, Os estrangeiros em Portugal: dez perguntas, dez respostas,Maio de 2002, in htpp://www.verbojuridico.net.ptDireito da Internet e Comércio Electrónico, Quid Juris, Lisboa, 2001.

PIMENTEL, JOSÉ MENERES (coordenação), A Provedoria de Justiça na salvaguarda dos Direitos doHomem, Edição da Comissão Nacional para as Comemorações do 50.º Aniversário da DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem, Lisboa, Dez. 1998.

PINHEIRO, LUÍS DE LIMA, Regime interno de reconhecimento de decisões judiciais estrangeiras, R.O.A.(Ano - Abril de 2001), pp. 561-628.

PORTES, ALEXANDRE, Migrações Internacionais – origens, tipos e modos de incorporação, trad. deFrederico Alagoas, Celta Editora, Maio de 1999.

RAINHA, PAULA / VAZ, SÓNIA QUEIRÓZ, Guia Jurídico da Internet em Portugal, edição de CentroAtlântico, Lda., Março de 2001.

R. PERRUCHOUD e S. VOHRA, O Núcleo de direitos dos Migrantes e o direito internacional, extracto dacomunicação dos Serviços Jurídicos da Organização Internacional para as Migrações, apresentadopelo Grupo regional de Consultas sobre as Migrações», da OIM, ao seminário sobre DireitosHumanos, Estrangeiros, Migrantes e Minorias, na Faculdade de Direito da Universidade de Coim-bra, em 15/02/1999, in http://www.acime.gov.pt

ROCHA, MANUEL LOPES, Direito da Informática nos Tribunais Portugueses (1990-1998), EdiçõesCentro Atlântico, Lisboa, 1999.

SAVELLI, LUCIANA, Porto Norte de Portugal, Bonechi Edizioni, Il Turismo, Forença - Itália, 2001.

SILVA, JOSÉ DIAS DA, Viver o Evangelho servindo a pessoa e a sociedade (Iniciação à doutrina socialda Igreja), Gráfica de Coimbra, 2002.

SILVA, PAULA COSTA E, A Longa vacatio legis da Convenção de Bruxelas –anotação ao acórdão do STJde 10/07/97 e de 5/11/98, R.O.A. (Ano 58 - Dez. de 1998), pp. 1233-1246.

SOUSA, MARCELO REBELO DE, Direito Constitucional (I - Introdução à teoria da Constituição), liçõespolicopiadas do autor da cadeira de Direito Constitucional na Faculdade de Direito de Lisboa,Lisboa, 1979.

TAMAYO G., EDUARDO, Los Múltiplos Tentáculos del racismo Contemporâneo,in http:// alainet.org/publica/cmrx

265

Page 262: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

TORRES, MÁRIO JOSÉ DE ARAÚJO, O estatuto constitucional dos estrangeiros,in http:// www.acime.gov.pt/constitucional.html

VICENTE, DÁRIO MOURA, A Convenção de Bruxelas de 27/09/1969 relativa à competência judiciáriae à execução de decisões em matéria civil e comercial e a arbitragem, R.O.A., (Ano 56 - Agosto de1996), pp. 595-618.

INTERNET

Agência Ecclesia: portal da Igreja Católica em Portugal – http://www.ecclesia.pt/index.html

Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME)http://www. acime.gov.pt

Índice Temático e de autores consultados nesta página:

– Autorização de residência/Autorização de Permanência – Entrevista ao Dr. Manuel JarmelaPalos, Director do SEF.

– Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia - Entrevista ao Prof. Doutor Vítal Moreira.– O estatuto constitucional dos estrangeiros, Juiz Conselheiro Mário José de Araújo Torres.– A legislação portuguesa e as novas manifestações de racismo e xenofobia, texto da intervenção

de Eduardo Maia Costa, no Encontro de Mesas Redonda sobre Racismo, organizada pelo ACIME,e que decorreu em Lisboa, 10-11/04/2000.

– Concretização da comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu em matériade imigração – Entrevista ao Comissário Europeu, Dr. António Vitorino.

– Análise preliminar de duas sondagens sobre os Imigrantes em Portugal, versão provisória, Lisboa2002, UCP (Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa e Centro de Estu-dos e Sondagens de Opinião), relatório de Mário F. Lages / Verónica Policarpo.

Alto Comissariado para as Minorias Nacionais (da OSCE)http://www.osce.org/hcnm/index.html

Assembleia da República (AR) – http://www.parlamento.pt

Associação Solidariedade Imigrante (ASI), Carta aberta ao Presidente da República sobre a propostade autorização legislativa da AR ao Governo (do D.L. n.º 244/98, de 8/08) de 29/06/2002,in http://www.7mares.terravista.pt/solim

Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC) - http://www.apdconsumo.pt

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)http://www.cidadevirtual.pt/acnur/index.html

Amnistia Internacional - Secção Portuguesa – http://www.Amnistia.internacional.pt

Centro de Estudos de Migrações e de Relações Interculturais, Universidade Abertahttp://www.univ.ab-pt

Centro de Informação das Nações Unidas – http://www.onuportugal.pt

266

Page 263: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Centro Norte Sul/Conselho da Europa – http://www.nscentre.org

Comissão Europeia – http://europa.eu.int.com

Conselho Português para os Refugiados – http://www.cidadevirtual.pt/cpr

Conselho da Europa (Council of Europe) - http://www.coe.int

Direcção-Geral das Contribuições e Impostos (DGCI) – http://www.dgci.min.finanças.pt/

Direcção-Geral de Viação (DGV) – http://www.dgv.pt

Diário da República Electrónico (DRE) – http://www.dr.incm.pt/drGoverno – http://www.pm.gov.pt

Gabinete de Documentação e de Direito Comparado – http://www.cddc.pt

Gabinete de Informação do Parlamento Europeu – http://www.europarl.eu.int

Informação ao cidadão (INFOCID) – Portal e Roteiro da Administração Pública Portuguesahttp://www.infocid.pt

Igreja Católica em Portugal – http://ecclesia.pt

Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEF) – http://www.iefp.pt

Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICTE)http://www.idict.gov.pt/

Ministério da Educação – http://www.min-edu.pt

Ministério da Justiça – http://www.mj.gov.pt

Ministério das Finanças – http://min.finanças.pt

Ministério da Segurança Social e do Trabalho (MSST) – http://www.mts.gov.pt

Índice temático e de autores consultados nesta página:

– Anteprojecto do Código de Trabalho (versão final).– Relatório da Comissão de Análise e Sistematização da Legislação Laboral em vigor (1.ª fase),

2001, Despacho n.º 5875/2000 (2.ªSérie), de 15/03/2000.– Novo articulado de uma Lei Geral do Trabalho (Relações Individuais) – Proposta da Comissão

de Análise e Sistematização da Legislação Laboral.

Ministério dos Negócios Estrangeiros – http://www.min-estrangeiros.pt

Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) – Doze considerações da OCPM para o debatesobre a alteração da lei de imigração, 12/10/2002, in http://www

Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OCDE) – http://www.oscde.org

267

Page 264: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Organização Internacional para as Migrações - Missão em Portugal (OIM)http://www.oim.pt.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) – http://www.oit.pt

Ordem dos Advogados (Portugal) – http://www.ao.pt

Projecto Digesto - Sistema Integrado para o Tratamento da Informação Jurídica (DIGESTO)http://www.digesto.gov.pt

Provedor de Justiça – http://www.provedor_jus.pt/

Público, jornal – http://www.publico.pt

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) – http://www.sef.pt

Supremo Tribunal Administrativo (STA) – http://www.sta.mj.pt

Supremo Tribunal de Justiça (STJ) – http://www.cidadevirtual.pt/stj

Tribunal Constitucional – http://tribunalconstitucional.pt

Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) - European Court of Human Rigthshttp://www.echr.coe.int

Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias (TJCE) – http://curia.eu.int/pt

União Europeia (EU) – http://europa.eu.int/

Universidade Católica Portuguesa (UCP) – http://www.ucp.pt

Universidade de Coimbra – http://www.uc.pt

Universidade Lusófona – http://www.ulusofona.pt

Verbojurídico, página pessoal de Joel Timóteo Ramos Pereira, Juiz de Direito, http://www.verbo-juridico.net/, Os estrangeiros em Portugal: dez perguntas, dez respostas, Maio de 2002.

268

Page 265: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

A evolução do contexto económico e demográfico no nosso país e as necessi-dades de mão-de-obra sentidas no mercado de trabalho nacional estão na origemdo fluxo migratório registado nos últimos anos. Para fazer face a esta situação,o legislador (através do D.L. n.º 4/2001, de 10/01) introduziu alterações à Lei daImigração (D.L. n.º 244/98, de 8/08), de forma a consagrar um enquadramentojurídico apropriado para a execução de uma política de imigração económicarealista, que privilegia a permanência legal de cidadãos estrangeiros não comuni-tários, sem perder de vista as oportunidades de emprego existentes no mercadode trabalho e a necessidade de regular de forma coerente os fluxos migratórios.Considerando o crescente número 1 de cidadãos estrangeiros não comunitáriosque procuram o nosso País em busca de trabalho e melhores condições de vida,bem como a inexistência de uma capacidade de acolhimento ilimitada, é prementeadoptar uma política de imigração equilibrada, que privilegie os canais de imigra-ção legal desde os países de origem. Tal passa, necessariamente, pela admissão deestrangeiros munidos do adequado visto de trabalho, ao abrigo de Acordos deImigração ou fora deles, mas sempre de acordo com as necessidades do mercadode trabalho nacional. Só assim se poderá contribuir para uma melhor regulaçãodos fluxos migratórios, combater de forma efectiva a actividade das redes deimigração clandestina e assegurar uma integração mais digna dos imigrantes nanossa sociedade 2. Pelo menos, para já, em Portugal, os imigrantes não têmentrado em conflito no mercado de trabalho com os portugueses e têm dado umprecioso auxílio nas grandes obras públicas dos últimos anos e, previsivelmente,para as que se anunciam 3.

POSFÁCIO

269

1 Desde a entrada em vigor das alterações introduzidas pelo D.L. n.º 4/2001, de 10/01, à Lei de Imigra-ção (D.L. n.º 244/98, de 8/08), até ao final de Julho de 2001, já foram concedidas cerca de 86.000autorizações de permanência, encontrando-se ainda em fase de apreciação um número superior a19.000 pedidos de concessão de autorização de permanência.(Resolução n.º 164/2001, do Conselhode Ministros).

2 Resolução n.º 164/2001, do Conselho de Ministros.3 A legislação portuguesa e as novas manifestações de racismo e xenofobia, Eduardo Maia Costa.

Page 266: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

Segundo o Governo 4, determinou-se que a admissão de trabalhadores nãocomunitários em território nacional, desde a data da publicação da presente reso-lução até 31 de Dezembro de 2001, será feita de acordo com as necessidadesde mão-de-obra previstas no relatório em anexo, privilegiadamente nos termos doregime jurídico que regula a concessão de vistos de trabalho, com o limite máximode 20.000 entradas, distribuídas percentualmente pelos seguintes sectores: 50% naConstrução; 23% em Alojamento Turístico e Restauração; 12% para a Agricultura;15% para outros sectores.

Por outro lado e, mais importante ainda, segundo um relatório recente dasNações Unidas 5 só os imigrantes podem contribuir para a inversão da tendênciade redução da população e, nomeadamente, de activos em Portugal e na Europa,nos próximos cinquenta anos. O crescente número de imigrantes no nosso país,em situação irregular(clandestina), o deficiente acolhimento e integração social e oacentuado acréscimo do tráfico de imigrantes, conjugados com os abusos dos seusdireitos constitucionais e cívicos (práticas de discriminação), levaram a que, na suaacção de prevenção e combate de fenómenos de exclusão e marginalização social,a Associação Famílias 6 elegesse a promoção e defesa da causas dos imigrantescomo uma das preocupações prioritárias, e em particular, a concretização dealguns direitos básicos e fundamentais, em matéria de educação, trabalho, saúde,e habitação. O imigrante é um estrangeiro à busca de segurança e dos recursosvitais, que não consegue encontrar no seu país de origem. Desta circunstância,como se afirma num documento da Igreja Católica 7, uma das instituições quereconhecidamente mais tem se tem empenhado em chamar a atenção da socie-dade portuguesa para a emergência desta realidade- não resultará para Portugal,bem como, para as demais «Nações mais abastadas», tanto quanto possível, a obri-gação de os acolher? Os poderes públicos devem velar pelo respeito do direito natu-ral, que coloca o hóspede sob a protecção daqueles que o recebem. As autoridades

270

4 Resolução n.º 164/2001, do Conselho de Ministros.5 «Diário de Notícias» de 21/03/2000.6 A Associação Famílias, com sede na cidade de Braga (Rua de Guadalupe, n.º 73 - 4710-298 Braga -

Telefone/Fax: 253 611 609) e com Delegações na cidade do Porto (Escola n.º 119 - Rua dos Choupos- Ramalde – 4150 Porto - Telefone 22 6181 633), Viana do Castelo (Avenida da Bela Vista, 78 - Amorosa– 4900 Viana do Castelo), e em Bragança (Loteamento do Sabor - R.A. 12 - 5300 Bragança) é umaassociação privada sem finalidades lucrativas e Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).Rege-se por estatutos próprios nos quais se definem os seus objectivos: apoiar, promover, valorizare defender a instituição familiar. Para a realização dos seus objectivos, esta instituição mantém umCentro de Apoio à Família, com várias valências a funcionar, sempre que possível, e também emsimultâneo, um Centro de Estudos da Família (de investigação e formação profissional). De referirtambém, no âmbito da formação familiar, a produção e edição de materiais didácticos (livros, vídeose desdobráveis).

7 Catecismo da Igreja Católica (n.º 2224).

Page 267: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

públicas podem, na mira do bem comum, de que têm a responsabilidade, subordi-nar o exercício do direito de imigração a diversas condições jurídicas, sobretudoao respeito dos deveres que os imigrantes contraem para com o país de adopção.Por sua vez, o imigrado tem a obrigação de respeitar com reconhecimento o patri-mónio material e espiritual do país que o acolheu, de obedecer às suas leis e de con-tribuir para o seu bem.

A experiência diz-nos que, quando confrontados com um determinado pro-blema, em razão do desconhecimento da língua, da cultura e das leis nacionais, osimigrantes enfrentam grandes dificuldades para a sua resolução, não só porque seencontram num «ambiente estranho», por vezes «hostil», mas também porque, emgeral, o aconselhamento, a informação, a orientação e a assistência em matériajurídica ainda não se encontram generalizados e/ou são de difícil acesso, pesemembora os esforços das entidades públicas competentes e da própria sociedadecivil no sentido da aproximação com a Administração Pública.

Assim, este trabalho visa, por um lado, dotar os imigrantes de um conjunto deinformações de natureza jurídica relacionados com a sua estadia em Portugal, espe-rando-se que com ele possam alcançar uma mais fácil e harmoniosa adaptação àcomunidade onde serão inseridos e, por outro lado, por via da divulgação e distri-buição (entre associações, entidades públicas, Igrejas, etc.) faz votos de que possaajudar a consciencializar a opinião pública e a comunidade para a urgente tarefade promoção dos direitos dos imigrantes. Conhecer a Lei e compreender o Direito,são exigências do Homem. Proporcionar aquele conhecimento e essa compreensãoé um dever das sociedades modernas que se interessam efectivamente pela pro-moção e defesa dos chamados «Direitos do Homem». Cremos – e o mérito serácertamente dos autores – no valor pedagógico deste guia, que foi concebido, comose disse atrás, para informar e esclarecer, nunca para se substituir à acção dosprofissionais da área jurídica que melhor estão vocacionados para dar o seu acon-selhamento a estes cidadãos. O cidadão imigrante (melhor) informado, por seencontrar porventura mais seguro dos seus direitos, melhor compreenderá osdireitos alheios, e talvez, por isso, identificará igualmente os deveres que lhecabem no seio da comunidade estrangeira que o acolheu e onde está inserido.

São estes os nossos votos.

CARLOS ALBERTO DE AGUIAR VIEIRA GOMES

Presidente da Direcção da Associação Famílias

271

Page 268: Guia Prático Jurídico do Cidadão Imigrante - Verbo Juridicoverbojuridico.net/doutrina/outros/guiacidadaoimigrante.pdf · ração do Estatuto Jurídico entre o cidadão estrangeiro

GUIA PRÁTICO JURÍDICO DO CIDADÃO IMIGRANTE JOSÉ COSTA MEIRELES E OUTROS

verbojuridico.net

© Autor: José Manuel da Costa Meireles, Maria Manuela da Costa Meireles e Magda Sofia Campos Barbosa © Publicação: Verbo Jurídico ® - www.verbojuridico.net | org | com. Respeite os direitos de autor. É permitida a reprodução para fins pessoais. É proibida a reprodução ou difusão com efeitos comerciais, assim como a eliminação da formatação, das referências à autoria e publicação. Exceptua-se a transcrição de curtas passagens, desde que mencionado o título da obra, o nome do autor e da referência de publicação.