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Viagens
de navio
Guia de Saúde
Viagens de Navio
Guia de Saúde
Guia de Saúde – ViaGenS de naVioUma publicação do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante – CBMEVi
aUtoria E CoordEnação MédiCa
dra. isabella Ballalai (CrM: 52.48039-5)
dra. Flavia Bravo (CrM: 52.49728-9)
CoordEnação Editorial
ricardo Machado
dEsign gráFiCo
silvia Fittipaldi
ilUstraçõEs
Claudius Ceccon
ÍConEs
agência dreamstime
rEVisão
sonia Cardoso
Você pode:
• copiar,distribuireexibiraobra.
Sob as seguintes condições:
• Atribuição.Vocêdevedaroseguintecrédito: Ballalai,isabella&BraVo,Flavia.Guia de Saúde – Viagens de Navio.
riodeJaneiro:CentroBrasileirodeMedicinadoViajante(CBMEVi),2011.
• Uso Não Comercial. Vocênãopodeutilizarestaobracomfinalidadescomerciais.
• Vedada a Criação de Obras Derivadas.Vocênãopodealterar,transformaroucriaroutraobracombasenesta.
• Paracadanovousooudistribuição,vocêdevedeixarclaroparaoutrosostermosdalicençadestaobra.
• Qualquerumadestascondiçõespodeserrenunciada,desdequevocêobtenhapermissãodasautoras.
• Nadanestalicençaprejudicaourestringeosdireitosmoraisdasautoras.
Sumário
5743
1634
2432
263028
Apresentação Introdução:Você, viajante,
e a medicina de viagem
Capítulo 4 Comunicados
oficiais e uso de medicamentos
Capítulo 6 terra à vista!
Você em terras estrangeiras
Anexos
Capítulo 5 Para não ficar a ver navios
1038Capítulo 1
Cuidados antes de embarcar
Capítulo 9Crianças no navio
Capítulo 3alterações
fisiológicas e outros desconfortos
Capítulo 7 Cuidados com o balanço do
navio
Capítulo 2 Principais
riscos
Capítulo 8 Cuidado com
o calor e a exposição ao sol
Apresentação
Viagens de lazer rimam com diversão, descontração, alegria, e tudo isso rima com saúde. Então, antes de embarcar, pegue ca-rona neste guia e faça da informação sua melhor aliada. Ele vai ajudar você a prevenir pequenos e grandes problemas de saúde associados às características da sua viagem, o que inclui o tipo de cruzeiro, as atividades e os destinos. trata, portanto, da preven-ção de danos à saúde, item essencial para que você retorne para casa com as melhores lembraças do seu passeio.
alguns motivos para você ler este guia elaborado pelo Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi)*:
Um navio de cruzeiro transporta cerca de três mil passagei-ros e mil tripulantes.
o período médio de permanência é de 7,3 dias por pessoa embarcada.
a concentração de pessoas contribui para a propagação de doenças, seja por transmissão interpessoal, seja por meio de superfícies, água ou alimentos contaminados.
Entre 1970 e 2003 foram registrados mais de cem surtos de doenças em viagens de navio, segundo a organização Mun-dial da saúde (oMs). Esse número é subestimado, já que muitos surtos não são notificados.
*Fundado em 2008, o Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi) é o primeiro centro privado de medicina do viajante no rio de Janeiro.
4 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 5
Em novembro de 2011, 86 pessoas a bordo de um navio de cruzeiro holandês, atracado no porto do rio de Janeiro, fo-ram acometidas por surto de gastroenterite causada por no-rovírus.
itinerários “internacionais” reúnem pessoas de diversos paí-ses, o que facilita ainda mais a transmissão de doenças, seja durante o convívio na embarcação ou durante as visitas aos portos.
Muitas dessas pessoas podem vir de países sem programas de vacinação de rotina e, portanto, podem ser fontes de transmissão de agentes infecciosos.
a ansiedade e o estresse gerados pela viagem podem agravar condições crônicas de saúde em grupos especiais, como ges-tantes e idosos, que são mais suscetíveis às complicações em decorrência de doenças infecciosas.
a essa altura, é possível que você esteja pensando: “acho que o melhor é ficar em casa!” saiba que você está errado(a). o melhor é prevenir! a vida está repleta de oportunidades que passam pelo contato com as pessoas, novas experiências e culturas, e é isso que a faz ainda mais interessante. Basta que você esteja preparado(a). Portanto, faça a sua parte: cuide-se bem!
Boa leitura e boa viagem!
a t e n ç ã o Este guia pretente ser um instrumento de informação e educação para a prevenção. não substitui, de forma alguma, a avaliação e a orientação médica. lembre-se de que nenhum medicamento ou procedimento deve ser adotado sem que tenha sido prescrito por médico. Em caso de dúvidas, consulte um especialista.
Introdução
Você, viajante, e a medicina de viagem
Antes de você seguir viagem por este guia, vamos conhecer alguns
conceitos básicos.
Medicina de viagem
durante muitos anos, principalmente quando os deslocamentos pelo globo terrestre eram mais difíceis, os cuidados “saúde-via-gem” ficavam restritos à medicina tropical (prevenção de doenças típicas de países geralmente em desenvolvimento).
nos últimos 20 anos, entretanto, a medicina de viagem se expandiu nas correntezas da globalização. Hoje, abrange uma sé-rie de cuidados que visam prevenir danos à saúde daqueles que se deslocam entre cidades de seu país ou para o exterior. é re-presentada pela sociedade internacional de Medicina de Viagem (istM, na sigla em inglês), da qual o CBMEVi faz parte. a istM reúne mais de 2.500 profissionais da saúde em instituições locali-zadas em mais de 80 países.
a medicina de viagem, ou medicina do viajante, é uma es-pecialidade interdisciplinar preocupada não apenas com a pre-venção de doenças infecciosas, mas também com a segurança pessoal dos viajantes, o que significa ajudar a evitar até mesmo os riscos ambientais.
6 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 7
a consulta da medicina de viagem inclui orientações sobre: comportamento pessoal responsável, doenças evitáveis por
vacinação e necessidade de atualizar o calendário vacinal;
prevenção e tratamento de doenças transmitidas por inse-tos, água e alimentos contaminados e de doenças sexual-mente transmissíveis;
necessidade de uso de determinados medicamentos (qui-mioprofilaxia) para a prevenção da malária (para itinerários que implicam risco dessa doença);
a melhor opção de seguro médico de viagem;
cuidados especiais para viajantes portadores de doenças crô-nicas (diabetes, doenças do coração, pulmonares, imunoló-gicas, entre outras);
transporte adequado e seguro de medicamentos (incluindo questões de alfândega);
acesso a cuidados médicos durante a viagem (instituições de atendimento ao viajante que integram o “international sos” e oferecem acesso a mais de seis mil médicos em 70 países).
Riscos associados a viagens de navio
segundo a associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (abre-mar), o Brasil é o quinto maior mercado consumidor de cruzei-ros no mundo. a abremar afirma que na temporada 2010/2011, mais de 792 mil pessoas embarcaram em viagens de navio (99.029 eram estrangeiros – a expectativa da associação é que esse núme-ro aumente 35% em 2012, chegando a 134 mil).
Pessoas de diversas localidades, portos em várias cidades e até mesmo países, diferentes padrões de saúde pública (saneamen-to, controle de doenças, qualidade de vida, etc.), favorecem a expo-sição a diversos riscos e facilitam a introdução de doenças trans-missíveis pelos passageiros e membros da tripulação.
nas últimas décadas, foram notificados os seguintes surtos entre os passageiros de navios: sarampo, rubéola, catapora, menin-gite meningocócica, hepatite a, legionelose, doenças respiratórias e gastrointestinais. os recentes surtos do vírus da gripe (influenza) e norovírus (um dos principais causadores de diarreia em cruzeiros) representam desafios para a saúde pública e para as navegações.
Mesmo assim, não é preciso deixar de curtir suas férias no navio! Esses surtos ocorrem também em terra firme e a palavra de ordem, marujo, é PrEVEnção.
Definição de risco
Imagine que você partiu de navio e foi aportar em uma ilha onde você não conhece bem as condições ambientais, não tem informações sobre a ocorrência de surtos, e vai praticar mergulho, caminhar por trilhas... E mais: você não sabe se está com as vacinas em dia! É isso: os riscos relacionados à saúde do viajante são todas as condições ou situações que possam causar dano, comprometendo sua segurança e bem-estar físico e emocional.
– O senhor não precisa vermeu históricopessoal por quê?
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Prazo ideal para a
realização da consulta? de um mês a um mês e meio antes de viajar... mas se você é um(a) ‘viajante de última hora’, não deixe de buscar orientação médica.
Capítulo 1
Cuidados antes de embarcar
Consulta pré-viagem
Entre os detalhes que serão avaliados pelo médico estão as carac-terísticas epidemiológicas das localidades a serem visitadas por você, ou seja, o nível de risco a que você poderá estar exposto, conforme as condições de cada lugar. os riscos acarretados por agentes infecciosos podem variar muito, ainda que dentro de uma mesma região geográfica, implicando diversas situações: os surtos de doenças podem ser restritos àquele local; os portos de alguns países podem exigir a vacina da febre amarela; algumas doenças podem ser endêmicas (ocorrer de forma concentrada) em determinadas áreas...
Portanto, procure descobrir o máximo de detalhes sobre os locais que visitará, os meios de transporte que vai usar, tipos de hospedagem (em caso de pernoite em terra), de alimentação e de atividades durante a viagem. Esses detalhes serão preciosos para que o médico, na consulta pré-viagem, possa fornecer as orienta-ções específicas sobre vacinas, medicamentos para a prevenção e outros conselhos de saúde.
– E então, doutor, o senhor acha que tem tratamento pra mim aqui na aldeia?
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O que você deve informar
Histórico médico: doenças crônicas, tratamentos, gravidez.
Histórico de vacinações.
Medicamentos de que faz uso.
alergias a medicamento ou alimentos.
reações após aplicação de vacinas ou medicamentos contra malária.
nome do médico assistente, endereço, telefone e e-mail.
nome da empresa e endereço (se for viagem de trabalho).
datas de partida e regresso.
todos os locais que serão visitados durante a viagem.
natureza da viagem (negócios, prazer, visita a amigos e parentes, estudo ou ensino, missionária ou a serviço).
Em caso de pernoite em terra: tipos de hospedagem que utilizará (hotel, pousada, alojamento, casa de amigos ou outros).
História de problemas de saúde ou acidentes em viagens anteriores.
Problemas no retorno e encaminha-mentos para especialistas (se foi o caso).
na consulta será feito um ‘mapa’ da sua condição de saúde e dos possíveis riscos. Este mapa será elaborado a partir da aná-lise do seu histórico de adoecimento, da condição imunológica (considerando vacinas já recebidas) e do levantamento de infor-mações, como:
Aproveite também o seu momento de preparação para:
1) atualizar todas as vacinas do calendário de vacinação conforme a faixa etária (incluindo a da gripe, independentemente da época do ano, em particular se o viajante pertencer a grupo de risco para a doença);
2) fazer um check-up dental (dor de dente durante viagens pode fazer você perder o melhor da programação);
3) lembrar que as mulheres devem fazer também um check-up gineco-lógico – principalmente se for uma viagem de média ou longa duração;
4) analisar a contratação de um seguro de assistência médica de viagem.
Condições de saneamento nos locais de destino,
disponibilidade de água potável e de acesso a recursos médicos
adequados.
Tipos de transporte.
Tipo de viagem a ser realizada.
Condições a que o viajante estará exposto, como: mudanças bruscas e
significativas de altitude, umidade, temperatura.
Tipos de hospedagem.
12 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 13
Ocorrência (epidemiologia) de determinadas
doenças nas localidades de
destino.
Conhecendo a estrutura do navio
Você já escolheu a cabine, já sabe que o navio tem boate, cinema, shopping, academia... Ufa! tem até cassino! Mas, como ninguém quer “entrar de gaiato no navio”, solicite ao seu agente de viagem informações sobre as instalações para atendimento médico e so-bre a equipe de profissionais da saúde; investigue se o navio ofe-rece estrutura adequada para atendimento ambulatorial básico, capaz de dar conta das intercorrências mais comuns (sala para atendimento, com disponibilidade de material para curativos e medicamentos para as situações mais comuns de emergências médicas, como náuseas, diarreias, dores, crises de asma e crises de hipertensão, por exemplo).
Procure saber também se a empresa responsável pelo cru-zeiro oferece uma estrutura em terra capaz de atender a proble-mas mais graves que possam exigir tratamento e equipamentos hospitalares, e qual é o procedimento adotado nos casos de ocor-rências desse tipo quando o navio ainda não aportou.
Cabe à empresa responsável pelo cruzeiro garantir que:
as orientações também se estendem às competências mínimas desejadas de médicos e enfermeiros (experiência no atendimento de situações de emergências e de pronto atendimento), aos treinamentos da equipe de saúde, aos equipamentos, medicamentos e suprimentos, e aos recursos laboratoriais e radiológicos.
durante a consulta de pré-viagem você será orientado(a) sobre isso.
E fique atento(a): viajante portador(a) de doença crônica e sob tratamento contínuo deve solicitar uma “revisão” ao médico que o(a) acompanha no tratamento.
a estrutura e as rotinas do navio foram planejadas de modo a facilitar a manutenção de um ambiente saudável – espaços físicos arejados, qualidade do ar e higiene de ambientes adequadas, etc.;
a água, os alimentos e os materiais disponibilizados a bordo são seguros;
a tripulação foi treinada para a manutenção de um ambiente saudável, tendo disponíveis equipamentos, instalações e materiais necessários para isso;
um sistema de gerenciamento de risco é praticado para assegurar a identificação, a notificação e a minimização dos riscos à saúde.
Legislação internacional
noruega, Panamá, itália e muitas outras nacionalidades são repre-sentadas nas bandeiras dos navios que a cada ano aportam em ter-ras brasileiras. Por essa razão, eles são regidos por normas interna-cionais. as normas de saneamento, que integram o regulamento sanitário internacional revisado pela assembleia Mundial da saú-de em 2005, estabelecem que as viagens de navio devem passar por vigilância sanitária e que a tripulação deve estar apta a atuar nas situações a bordo relacionadas com doenças infecciosas.
Essas normas incluem protocolos sobre o fornecimento de água potável e alimentos, controle de vetores (roedores, moscas, pássaros, entre outros) e eliminação de resíduos.
Contudo, não há requisitos especiais para o corpo médico em navios de cruzeiro (ao contrário dos navios mercantes) e cada país determina sua legislação, de modo que os equipamentos e requisitos médicos podem variar muito.
Em geral, o serviço oferecido restringe-se ao atendimento ambulatorial. Embora nenhuma agência oficial regule a prática médica a bordo de navios de cruzeiro, os profissionais são enco-rajados a adotar as diretrizes baseadas em consenso. a Clia (as-sociação internacional de linhas de Cruzeiro) representa as 25 principais empresas de cruzeiro no mundo e recomenda que as instalações médicas tenham capacidade para:
fornecer cuidados médicos emergenciais para os passageiros e a tripulação;
estabilizar a condição de saúde dos pacientes e dar início à intervenção de diagnóstico e tratamento;
facilitar a transferência de pacientes gravemente doentes ou feridos.
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contaminação dos reservatórios de água;
desinfecção inadequada da água de consumo;
contaminação da água potável pelo esgoto do navio;
inadequação da construção dos tanques de armazenamento de água potável;
deficiências na manipulação de alimentos;
preparo de alimentos com uso de água do mar pela cozinha do navio.
Capítulo 2
Principais riscos
a partir de agora, prepare-se: vamos falar de probleminhas de saúde e esse tipo de assunto não costuma agradar muito. Mas foi pensando na sua saúde que elaboramos esse guia. “o melhor é prevenir!”, lembra? Este é o nosso lema e esperamos que seja também o seu. Então, vamos lá!
os surtos em navios de cruzeiro mais frequentemente do-cumentados estão associados a infecções respiratórias (gripe e legionelose), infecções gastrointestinais (principalmente por no-rovírus) e doenças preveníveis, como rubéola e catapora.
Doenças gastrointestinais – fique atento(a)
16 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi
Consultas aos serviços médicos em navios de cruzeiro – principais causas
Condições infecciosas (69%-88%)
Acidentes (12% a 18%)
Outras causas (19%)
Fonte: Clia, 2010
17
respiratórias (19% a 29%)
gastrointestinais (9%)
Mal-estar, enjoo, cólica... se você não exagerou na bebida, é importante ficar atento(a). as doenças que acometem o sistema digestivo são, ao lado das doenças respiratórias, as causas mais frequentes de comprometimento da saúde do viajante em navio de cruzeiro.
a maior parte dos surtos de doenças gastrointestinais associa-se a alimentos ou água consumida a bordo e os principais fatores que contribuem para surtos em navio incluem:
Norovírus
o norovírus é altamente contagioso e se reproduz com muita agi-lidade. Em caso de surto em navio de cruzeiro, mais de 80% dos passageiros podem ser afetados. isso se deve à fácil transmissão do vírus de pessoa a pessoa e à sua capacidade de sobreviver aos procedimentos rotineiros de limpeza.
ForMa dE transMissão – além da transmissão de pessoa a pessoa, o norovírus pode ser disseminado por meio de alimentos, água ou superfícies contaminadas. se você já está querendo procurar um culpado, saiba que mãos mal lavadas são veículos “classe a” para o norovírus. Então, mantenha as suas sempre limpas.
sintoMas – em geral, iniciam de modo súbito, com vômitos e/ou diarreia. Pode haver febre, dor abdominal e mal-estar.
trataMEnto – existe medicamento capaz de inibir a capacidade de multiplicação do vírus, reduzindo, assim, a duração da doen-ça. lembre-se: nenhum medicamento deve ser usado sem orien-tação médica. Converse sobre isso durante a consulta pré-viagem.
PrEVEnção – para prevenir ou reduzir os riscos de surtos por no-rovírus, os navios estão implementando medidas de maior controle da higiene de alimentos e da água, bem como a desinfecção de superfícies. Muitos disponibilizam reservatórios de álcool em gel nos locais estratégicos
para higienização das mãos de passagei-ros e da tripulação. Faça a sua parte!
Uma vez embarcado(a), fique atento(a): aos primeiros sintomas gastrointestinais,
procure os serviço de atendimento médico de bordo e permaneça em isolamento pelo menos até
24 horas após o desaparecimento dos sintomas. Esse cuidado é importante para proteger os de-
mais passageiros e a tripulação.
Diarreia do viajante
ForMa dE transMissão – assim como ocorre com o norovírus, aqui a transmissão também se dá por água e alimentos conta-minados por agentes infecciosos. os mais associados aos surtos em navios são: Escherichia coli, Salmonella, Shigella, Vibrio, Sta-phylococcus aureus, Clostridium perfringens, Cyclospora e o vírus da hepatite a.
sintoMas – pode causar grande desconforto, impedir a realiza-ção de atividades importantes e prejudicar a programação duran-te a viagem. a principal complicação costuma ser a desidratação, principalmente em crianças, idosos e portadores de do-enças crônicas. a doença costuma ser autolimita-da (evolui para cura ao longo de dois ou três dias), porém, durante esse tempo, dias de viagem a negó-cios ou de lazer podem ser perdidos.
trataMEnto – é importante evitar o consumo de alimentos gordurosos, de grãos (por estimularem o movimento natural de digestão, contribuindo para aumentar a dor abdominal em função da cólica) e priorizar alimentos leves. além disso, fique atento(a) à ingestão abundante de líquido (água, água de coco e sucos).
PrEVEnção – depende basicamente dos cuidados de higie-ne na manipulação e conservação dos alimentos. Contra alguns dos agentes causadores da diarreia do viajante existem vacinas específicas: Salmonella typhi (vacina da febre tifoide), E. coli (vacina da diarreia do viajante) e vacina da hepatite a (pode ser aplicada em conjunto com a da hepatite B e, assim, ampliar a prevenção).
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o que é?Esse vírus contra o qual não existe vacina adora uma festa com muitos convidados e usa como principal porta de entrada a negligência com os cuidados básicos de higiene pessoal. é o agente mais envolvido em surtos de gastroenterites em navios.
o que é?o termo “diarreia do viajante” aplica-se a um grupo de distúrbios que têm a diarreia como principal sintoma.
Doenças respiratórias
elas são as vedetes em ambientes fechados e com grande concen-tração de pessoas (salões de shows, bares e restaurantes, boates e cassinos, por exemplo). Basta um... aaaaaaaaatchim!
Gripe (Influenza)
ForMa dE transMissão – por meio de gotas de saliva (durante um espirro ou fala, por exemplo) ou por contato com objetos contaminados recentemente. Viajantes e tripulantes que vêm de várias partes do mundo nas quais o vírus influenza está em circulação sazonal (no hemisfério sul, de abril a setembro, e no hemisfério norte, de outubro a abril) podem levar esse vírus e transmiti-lo durante a viagem por mais de sete dias após o sur-gimento dos sintomas da gripe.
sintoMas – febre alta de início súbito, calafrios, dor de cabeça e garganta, fadiga, tosse seca e falta de apetite são os principais. Em idosos e crianças menores de dois anos a gripe costuma ser mais grave, podendo provocar sintomas como vômito, dor no ab-dômen, diarreia e complicações, como a otite média aguda e a pneumonia.
trataMEnto – em geral são prescritos medicamentos para ame-nizar os sintomas. Já os pacientes com maior risco de complica-ções requerem atenção especial. Em qualquer caso, deve-se bus-car a avaliação médica.
PrEVEnção – a vacinação anual é a forma mais eficaz de prevenção da gripe. Está indicada a partir dos seis meses de vida. o médico saberá
orientar você durante a consulta de medicina de viagem.
Legionelose
ForMa dE transMissão – é causada por inalação ou aspiração da bacteria Legionella presente em gotículas ou aerossóis de águas superficiais como as de lagos, rios e reservatórios contaminados – mesmo em temperaturas elevadas. não há transmissão de pessoa a pessoa nem pela ingestão de água e alimentos.
Piscinas e banheiras de hidromassagem contaminadas são as principais fontes de Legionella em navios, mas as melhorias na construção naval e nos sistemas de tubulação, além da padroni-zação de medidas de desinfecção de spas e dos reservatórios de abastecimento de água, têm contribuído para reduzir os riscos.
sintoMas – são três as condições geradas por essa bactéria: a in-fecção pode ocorrer de forma assintomática; pode provocar um quadro clínico conhecido como Febre Pontiac (geralmente auto-limitada e caracterizada por dor nas articulações e musculatura), afetação do estado geral e desordem gastrointestinal – sintomas que tendem a desaparecer em até 48 horas após o iníco das mani-festações; pode também provocar pneumonia grave, produzindo sintomas como febre elevada, tosse, dor muscular, calafrios, dor de cabeça, dores torácicas, falta de ar, salivação, diarreia, confu-são ou alteração do estado de consciência.
trataMEnto – deve ser iniciado o mais rápido possível com an-tibióticos específicos que só podem ser prescritos pelo médico. Vale lembrar que o uso inadequado de antibióticos, tomados por conta própria, pode mascarar os sintomas e contribuir para dei-xar a bactéria mais resistente. Portanto, diga “não” para a auto-medicação.
PrEVEnção – uso de cloração, biodispersantes, higienização pe-riódica de reservatórios de água; evitar o banho em lagos, rios e fontes caso não se tenha certeza da qualidade da água.
o que é? a gripe é a principal complicação respiratória em navios, responsável por surtos entre passageiros e tripulação. é causada pelo vírus influenza.
o que é?o nome é bastante estranho, mas um dos distúrbios causados pela bactéria Legionella é bem conhecido: a pneumonia grave. nos últimos 30 anos foram relatados cerca de 50 surtos de legionelose em navios, envolvendo mais de 200 casos. Pessoas acima de 65 anos ou com o sistema imunológico comprometido apresentam maior risco de desenvolver a infecção.
20 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 21
Outros riscos de origem infecciosa
Você pode pensar, como muitos ainda acreditam, equivocadamen-te, que catapora e rubéola sejam doenças de criança. ledo engano. adultos suscetíveis também têm risco de contrair essas doenças que já produziram surtos em viagens de navio. Por isso, é tão im-portante que todos estejam com a caderneta de vacinação em dia.
Problemas como a malária, a dengue e a febre amarela (cau-sadas por mosquitos) e outros como a febre maculosa (causada por carrapatos) costumam ser endêmicos em algumas regiões que podem fazer parte dos trajetos de cruzeiros (já é comum, por exemplo, roteiros que incluem regiões da amazônia e do Panta-nal, por exemplo).
Contra a febre amarela existe vacina eficaz e o certificado de vacinação pode ser exigido para a entrada em alguns países. Con-tra dengue, malária e febre maculosa ainda não há vacina e a pre-venção se faz com o uso de repelentes específicos, de acessórios como cortinado para dormir (ambientes com ar-condicionado também afastam os mosquitos) e de roupas e calçados que pro-tejam o corpo durante caminhadas por matas e rios, ou mesmo durante o desembarque em portos das regiões endêmicas. Esses cuidados fazem parte das orientações da medicina de viagem.
ConVéM LeMBRaR
os passageiros e tripulantes devem atualizar as vacinas de rotina antes da viagem. isso deve ser feito preferencialmente 15 dias antes do embarque.*
* Esse tempo é necessário para que o organismo produza anticorpos.
22 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 23
Como agir em caso de surtos
a equipe de saúde do navio é quem define as condutas e medidas de prevenção que devem ser adotadas por pas-sageiros e pela tripulação. Fique atento(a) às instru-ções, acatando-as com rigor,
mas sem se deixar influen-ciar pelo medo de contágio e pela ansiedade, pois eles só atrapalham. ademais, redobre os cuidados com a higiene, principalmente a das mãos.
SARA
MPO
RUBÉO
LA
CATA
PORA
MEN
INGITE M
ENIN
GOCÓ
CICAH
EPATITE A
LEGION
ELOSE
DOEN
ÇAS RESPIRA
TÓRIA
S
E GASTRO
INTESTIN
AIS
GRIPE
(INFLU
ENZA
)
PREVENÇÃO
Capítulo 3
Alterações fisiológicas e outros desconfortos
Quem já navegou, sabe: é difícil fugir dos efeitos do balanço do mar, repetido por horas a fio. os principais sintomas sofridos pe-las pessoas ‘mareadas’ são: enjoo, mal-estar, suor excessivo, fadi-ga e dor de cabeça. o quinteto compõe um quadro também cha-mado de “doença do balanço do navio” e pode ocorrer mesmo nas embarcações de grande porte e com estabilizadores (embora seja menos frequente nessas condições).
Felizmente, não se trata de uma doença, mas de uma reação natural do organismo às variações rápidas e contínuas de posi-ção. Medo ou ansiedade, assim como o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, podem contribuir para o surgimento e/ou intensificação desses sintomas. Então, fique atento(a) e procure se acalmar praticando atividades recreativas que distraiam a sua atenção da viagem.
Variações de temperatura e umidade, mudanças nos hábitos alimentares e exageros nas atividades físicas também contribuem para o surgimento de desconfortos. Costumam ser mais frequen-tes em idosos que, como agravante, podem ter a condição crônica de saúde piorada. acidentes causando ferimentos e emergências odontológicas também são frequentemente relatados.
Se enjoos e dores de cabeça surgirem e se tornarem incômodos demais, podem ser tratados com medicamentos. Para isso, procure o auxílio da equipe de saúde. Para saber mais, leia o capítulo 7 “Cuidados com o balanço do navio” (p.32).
24 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 25
Capítulo 4
Comunicados oficiais e uso de medicamentos
lembre-se: nas viagens de navio, queira ou não, você pertence a um grupo. isso significa que o que acontecer a terceiros pode impactar você, e vice-versa. Portanto, qualquer sintoma que fuja da normalidade deve ser comunicado ao serviço médico.
o passageiro que estiver doente deve agir com responsabili-dade, jamais se automedicar e permanecer em relativo isolamen-to, evitando o contato com os demais passageiros, até que seu quadro clínico seja esclarecido ou o risco de transmissão para outros esteja afastado.
Comunicar ao serviço médico do navio:
FebrediarreiaVômito
Queda do estado geral (desânimo, sonolência, etc.)Calafrio
tossedor muscular localizada ou não, entre outros.
ao ser informado sobre qualquer um desses sintomas, o serviço médico, além de assumir o acompanhamen-to do seu estado de saúde, se responsabilizará pela avaliação dos riscos epidemiológicos, pela implemen-tação de medidas de contenção da disseminação da doença e notificará às autoridades sanitárias a existência ou probabilidade de surtos.
26 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi 27
Capítulo 5
Para não ficar a ver navios
todo viajante deve adotar as medidas descritas a seguir, visando não apenas a proteção de sua saúde, mas também a dos passa-geiros e tripulantes do navio, das pessoas que vivem nas cidades que visitará e tambem daqueles que habitam sua comunidade de origem, por ocasião do retorno (passageiros desprevenidos transformam-se em possíveis vetores – agentes de transmissão – de doenças infecciosas).
adotar cuidados simples de prevenção, como lavar as mãos com água e sabão (ou com álcool em gel) com frequência, observar outras condições de higiene, evitar excessos alimentares e de bebidas alcoólicas, evitar alimentos e bebidas de procedência desconhecida;
comunicar imediatamente ao serviço médico do navio qualquer sintoma sugestivo de doença infecciosa;
acatar as eventuais recomendações do serviço médico do navio;
usar protetor solar;
evitar contato com pessoas doentes; praticar sexo seguro;
evitar automedicação;
incluir na bagagem todos os medicamentos de uso pessoal em suas embalagens originais, bem como a prescrição ou declaração do médico referente a estes medicamentos;
levar na bagagem os medicamentos básicos para as situações mais comuns, como náusea, febre, dor de cabeça, pequenos ferimentos;
evitar viajar enquanto estiver doente, principalmente no caso de doenças contagiosas. adiar ou cancelar uma viagem pode ser inconveniente e resultar em despesas adicionais, mas esses gastos podem ser pequenos em comparação com os custos de saúde pública relacionados a um surto da doença.
Lembre-se de realizar a consulta pré-viagem para
avaliação dos riscos e receber orientações gerais e
específicas de prevenção de danos à saúde (incluindo
a necessidade de atualizar o calendário de vacinação
e tomar vacinas específicas).
Dicas gerais de cuidados com a saúde
2928 gUia dE saÚdE – ViagEns dE naVio | CBMEVi
Capítulo 6
Terra à vista! Você em terras
estrangeiras
Orientações básicas em terra
os mesmos cuidados gerais de prevenção de doença e acidentes adotados dentro do navio
devem ser observados quando você desembarcar nas localidades de visitação do cruzeiro. Mas algumas
medidas básicas devem ser sempre observadas, independente-mente das especificidades epidemiológicas locais: lavar as mãos com frequência; evitar alimentos crus ou mal cozidos – em caso de frutas,
preferir aquelas que possam ser descascadas; não consumir alimentos e bebidas de ambulantes; beber muita água, de preferência mineral (industrializada)
com gás (porque é mais difícil de ser adulterada); usar repelentes e protetores solares adequados e certificados
por instituições de confiança, como a oMs; evitar exageros alimentares; precaver-se contra acidentes.
Orientações específicas
Medicamentos alguns medicamentos podem tratar ou encurtar quadros infec-ciosos, como os antibióticos e as medicações para diarreia com maior cobertura. nestes casos, devem ser previamente prescritos pelo médico. na consulta pré-viagem, esta possibilidade deve ser discutida com o médico, que poderá fornecer a prescrição e as orientações sobre o uso.
VacinasQualquer que seja o destino do cruzeiro ou a idade do viajan-te, as vacinas do calendário brasileiro de vacinação devem estar em dia. outras vacinas podem ser recomendadas, de acordo com os destinos específicos, grau de exposição aos riscos infecciosos, condições de saúde do viajante e exigências locais de vacinação. a consulta de medicina de viagem é útil para se obter essa defi-nição. Veja no anexo (p. 46) as vacinas de rotina indicadas e as que podem ser recomendadas conforme a análise individual de risco em cada viagem.
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Oba!Ainda falta muito para chegar!
Tratamento
Medicamentosos sintomas causados pela exposição contínua aos movimen-tos do navio tendem a diminuir espontânea e progressivamente. Quando for necessário o uso de medicamentos, eles devem ser indicados por médico para que você receba todas as informações sobre os riscos e benefícios, sobre os efeitos adversos possíveis e eventuais interações medicamentosas. Por isso é tão importante a consulta antes da viagem.
Alternativas que podem aliviar o quadro de náuseas Evitar as situações já conhecidas como desencadeadoras dos
sintomas, como odores fortes, luz, sabores, etc. Priorizar as cabines localizadas na região central do navio,
para hospedagem. tentar alimentar-se antes do início dos sintomas. Esta me-
dida acelera o esvaziamento gástrico, contudo, em algumas pessoas, pode agravar o enjoo. Estude o seu caso.
reduzir estímulos sensoriais. Por exemplo: deite-se; olhe para um ponto fixo (pode ser o horizonte) ou mantenha os olhos fechados. descubra como se sente melhor.
alguns odores trazem alívio para algumas pessoas, como os de hortelã, de lavanda e de gengibre. outro recurso que você pode experimentar é o consumo de balas ou pastilhas ácidas e refrescantes.
Capítulo 7
Cuidados com o balanço do navio
PaRa oBSeRVaR
os anti-histamínicos são os medicamentos mais usados, mas muitos causam sedação (os anti-histamínicos não sedativos parecem ser menos eficazes).
a sedação excessiva de crianças pequenas por anti-histamínicos pode levar a efeitos secundários graves. não é raro as crianças apresentarem agitação devido ao uso de anti-histamínicos. Por isso, essa medicação, quando prescrita pelo médico, deve ser testada em casa, antes da viagem.
Muitos medicamentos não podem ou não devem ser usados em crianças ou, se não houver alternativa, devem ser administrados com precaução, seguindo estritamente a orientação médica.
no caso das gestantes, os obstetras definirão quais medicações levar e como poderão ser usadas.
Qualquer viajante pode ter enjoos causados pelo movimento constante da embarcação, mas alguns grupos são de maior risco:• crianças entre dois e 12 anos de idade são mais suscetíveis,
enquanto as menores e bebês raramente são afetados;• mulheres, especialmente durante a gravidez, no período
menstrual ou sob tratamento com hormônios;• pessoas que sofrem de dor de cabeça com frequência ou de
enxaqueca tendem a apresentar crises de náusea durante os episódios de dor de cabeça, e vice-versa;
• pessoas que embarcam predispostas ao sintoma e já esperam sentir enjoo, provavelmente serão afetadas.
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Capítulo 8
Cuidado com o calor e a exposição ao sol
Não exagere: hidrate-se, proteja-se e aproveite!
Calor e alterações na umidade do ar
HidRatação – calor excessivo e alterações na umidade do ar são condições frequentes em viagens de cruzeiro. o calor causa perda de água e eletrólitos pelo suor, o que gera a sensação de cansaço e, em situações extremas, exaustão térmica e insolação. Portan-to, beba muito líquido. o truque para controlar uma hidratação adequada é observar se a produção de urina está normal (número de micções, cor e odor). os bebês e crianças peque-nas devem rece- ber atenção especial, pois perdem líquidos e desidratam com mais facilidade.
além de beber muito líquido, outra medida que pode ajudar, se não
houver problema de saúde que a contrain-dique, é a ingestão preferencial de alimentos e
bebidas ricos em potássio, que auxilia na reposição dos eletrólitos perdidos na transpiração excessiva (água
de coco, banana, frutas cítricas, inhame, abóbora, beterra-ba, arroz, feijão, lentilha, castanhas, uva-passa, alface, pimentão, tomate, etc.).
PeLe – calor e umidade também favorecem o surgimento de lesões de pele (brotoejas) que podem complicar com infecção fúngica. Banho diário e o uso de roupas leves, de tecido natural (algodão), ajudam a prevenir a propagação destas infecções.
oLHoS – a exposição à radiação solar, ao ar quente e à poeira (quando em terra firme) pode irritar os olhos. Procure usar ócu-los escuros com garantia de filtro contra os raios UV e evite usar lentes de contato nessas condições climáticas.
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Escolha do protetor solar
alguns protetores contêm substâncias que refletem a luz e as radiações UV. são espe-cialmente recomendados para pessoas que tomam medicamentos que podem causar reações de fotossensibilidade. Em geral são opacos e mancham as roupas. outros protetores absorvem no lugar de refletir a radiação UV. são uma combinação de agentes químicos que fornecem proteção contra raios UVa e UVB. Para escolher a melhor opção para você, além de sempre conferir a data de validade, considere:
FPs não deve ser menor que 15.
resistentes à água e ao suor.
Que contenham pelo menos três diferentes ingredientes ativos:
• derivados do Paba, salicilatos (homossalato e salicilato de octilo – substâncias que filtram as radiações) ou cinnamates (octil methoxicinnamate, cinoxato) para absorção de UVB;
• benzofenonas (oxibenzona, dioxibenzona, sulissobenzona) para proteção de UVa de comprimento de onda menor;
• avobenzona, ecamsule, dióxido de titânio ou óxido de zinco para o espectro UVa restante.
Evite produtos que contenham protetor solar e repelente de insetos juntos, pois o protetor solar geralmente precisa ser reaplicado mais vezes e em maior quantidade do que o repelente.
Cuidados que não devem ser negligenciados
Evite o sol entre 10h e 15h, horários de maior intensidade das radiações.
aplique o protetor solar labial e para o corpo, com FPs acima de 15, cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol. reaplique a cada duas horas ou após nadar ou usar a toalha (até mesmo em dias nublados). atenção especial à aplicação nas orelhas, couro cabeludo (se exposto), lábios, nuca, dorso do pé e das mãos.
a aplicação do filtro solar deve ser feita antes do uso de repelentes de insetos porque aqueles que contêm deet podem diminuir em um terço a eficácia do FPs e os protetores solares podem aumentar a absorção de deet pela pele.
Use roupas leves, de tecido natural, ou roupas de tecidos especiais com proteção contra radiação – se você for de maior risco para queimadura solar e câncer de pele (esses tecidos são tratados com compostos incolores que absorvem as radiações UV).
Proteja especialmente as crianças.
Use óculos escuros e chapéus com abas.
Evite exposição ao sol durante a gestação.
Radiação solar
as radiações ultravioletas UVa e UVB são prejudiciais à pele e aos olhos. Quanto maior o índice de radiação, maior o risco de danos e menor o tempo de exposição necessário para provocar estes danos. o índice dessa radiação será maior quanto mais pró-ximo você estiver da linha do Equador.
a radiação UVB é mais intensa no verão, no período das 10h às 16h. Ela penetra na água limpa até a profundidade de cer-ca de um metro, aumenta cerca de 5% a cada ganho de 300 m de altitude e é intensificada pelo reflexo na água, na neve e na areia clara.
a radiação UVa tem intenso efeito na estrutura da pele por penetrar mais profundamente que a radiação UVB, favorecendo seu ressecamento e envelhecimento prematuro; e também contri-bui para o desenvolvimento de câncer de pele.
os principais danos causados pelas radiações UV, mesmo em dias nublados ou sob a sombra, são:
Queimaduras na pele, sobretudo em pessoas de cor clara.
Pterígio, catarata e ceratite ocular.
Urticária solar (prurido e vermelhidão na pele).
Envelhecimento acelerado e câncer de pele.
Fotossensibilização com alguns medicamentos (anticon-cepcionais, antimaláricos, alguns antimicrobianos, anti-inflamatórios e diuréticos) – em caso de uso de uma dessas medicações, leia a bula para saber se há risco de sensibilida-de à luz.
Prejuízo do sistema imunológico por exposição excessiva ao sol, facilitando o aparecimento de doenças infecciosas.
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Capítulo 9
Crianças no navio
de modo geral, quanto mais moderno é o navio, melhor costuma ser a estrutura, oferecendo mais comodidades para quem viaja com crianças. Em relação à documentação necessária, para embarcar com crianças valem as mesmas regras aplicadas para viagens de avião.
Muitas operadoras de cruzeiros impõem uma idade mínima para crianças e esse limite varia de uma companhia para outra. além disso, mesmo dentro de uma mesma em-presa, as regras em relação à idade podem variar de acordo com as características do navio e do roteiro. de qualquer forma, a maioria não permite bebês com menos de três me-ses de vida. Então, se você é pai/mãe, busque esta informa-ção durante o planejamento da viagem.
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Documentação
todos os documentos requeridos no embarque devem ser origi-nais (cópias não são aceitas).
Dentro do território brasileiroMenores de 18 anos devem portar documento de identidade (passaporte com validade mínima de seis meses ou rg). Certi-dão de nascimento original só é aceita para menores de 12 anos.
Menores desacompanhados de ambos os pais deverão obri-gatoriamente apresentar autorização por escrito do pai e/ou da mãe com firma reconhecida em cartório.
Cruzeiros em outros paísesneste caso, não é permitido o embarque de passageiros de qual-quer idade (mesmo bebês) portando apenas certidão de nasci-mento. no caso de países integrantes do Mercosul, não há obri-gatoriedade da apresentação de passaporte, bastando apresentar um documento de identidade com foto e em bom estado. Entre-tanto, no caso de cruzeiros em outros continentes, os passageiros de qualquer idade devem portar passaportes.
Menores desacompanhados de um ou ambos os pais em viagens internacionais, tanto para países do Mercosul como para outros continentes, devem observar as seguintes regras:
desacompanhados de ambos os pais, mas em companhia de terceiros maiores de idade, devem apresentar uma autoriza-ção por escrito dos pais, com foto da criança e com firma reconhecida em cartório;
viajando com apenas um dos pais, devem apresentar uma autorização por escrito do genitor ausente, com foto da criança e com firma reconhecida em cartório;
em caso de falecimento de um dos genitores, o menor deve portar o atestado de Óbito original.
Atividades e diversão
a maioria dos navios não permite que crianças que ainda usem fraldas entrem nas piscinas. alguns oferecem servi-ço de baby-sitter ou alguma espécie de berçário para os be-bês menores – em geral pagos à parte. Para crianças maio-res, mas que não usam fraldas, muitos navios contam com ‘clubinhos’ de entretenimento. as idades mínimas para a participação nas atividades desses clubinhos também são regulamentadas e os monitores e recreadores têm acesso aos registros do navio, com a data de nascimento de cada criança.
antes de escolher o cruzeiro, o viajante deve verificar quais os tipos disponíveis de entretenimento a bordo para crianças, isto é, se existem recreadores, ‘clubinhos’, ativi-dades programadas como pintura, gincana, sala de jogos, etc. Muitos navios, sobretudo os menores, não oferecem muito mais do que piscina e alguns poucos monitores com algumas brincadeiras programadas.
Mesmo que existam monitores e recreado-res, é aconselhável manter uma supervisão frequente, uma vez que estes profissionais não são ‘babás’ e muitas vezes podem não perceber alguma criança afastar-se do grupo ou assumir atitude de risco.
Como o novo passaporte brasileiro (azul) não tem registro de filiação, as crianças acompanhadas ou não dos pais deverão apresentar no embarque nos portos brasileiros, junto com o passaporte, o RG ou a certidão de nascimento original, para comprovação de paternidade.
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LEMBRE-SEAs crianças devem estar
em dia com todas as vacinas do calendário
da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Conforto para as crianças e para os pais
aCoModação – ao planejar a viagem com criança pe-quena, convém verificar se o navio oferece berço e se o
tamanho da cabine comporta o móvel extra. Em geral, não há grades nas camas, nem móveis que possam ser arrastados para organizar algum tipo de proteção. Como alternativa, o passageiro pode levar de casa ou berço ou grade desmontáveis – mas atenção ao tamanho da cabine escolhida!tRanSPoRte – a circulação com carrinho de bebê
pode não ser muito fácil dentro do navio, então, dê pre-ferência a alternativas como “canguru” ou sling.aLiMentação – a maioria dos cruzeiros não tem cardápio especial para crianças. Então, antes de viajar, é preciso informar-se sobre o cardápio básico e se há disponibilidade de local para preparo de mamadeiras e outras refeições infantis pela própria família.
Segurança
os navios mais modernos costumam ter parapeitos e proteções de vidro na altura da cintura ou do peito de um adulto, o que reduz o risco de quedas. Mas, no caso de crianças, todos os cui-dados serão insuficientes se ela estiver determinada a escalar o parapeito. Portanto, com crianças maiores, é preciso pensar mui-to bem antes de escolher uma cabine com varanda.
ao embarcar, o passageiro costuma receber: um cartão mag-nético para sua identificação na portaria; a chave do quarto; e o cartão de despesas para uso dentro do navio. atualmente, muitos navios oferecem um cartão magnético que pode também funcio-nar como chave da cabine e nele são registrados os gastos para pagamento no final da viagem. Cada ocupante da cabine recebe um. Para evitar que crianças consumam sem o conhecimento dos responsáveis, é aconselhável verificar se existe alguma forma de identificação de idade e de restrição de uso.
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ANEXOS
anexo 1
ADULTOS – Vacinas que devem estar atualizadas, independentemente do tipo de viagem
• tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola)
• tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche)
• Hepatite a e B
• gripe
• Varicela (para quem não teve a doença)
• Meningocócica
Vacinas que podem ser recomendadas, de acordo com a análise individual de risco, conforme cada viagem
• Febre amarela
• Febre tifoide
• diarreia do viajante
• Pneumocócica
• HPV
• Encefalite japonesa
• Poliomielite para adultos
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referênCIas (último acesso: dezembro/2011)
a BRief HiStoRy of tRaVeL MediCinewww.departures.com/articles/a-brief-history-of-travel-medicine
aSSoCiação BRaSiLeiRa de CRuzeiRoS MaRítiMoS (aBReMaR)www.abremar.com.br/
aSSoCiação BRaSiLeiRa de iMunizaçõeS (SBim). Guia de VaCinação do ViaJante BRaSiLeiRo, 2009.
CenteRS foR deSeaSeS ContRoL and PReVention – CdC www.cdc.gov/nceh/vsp/default.htmwww.cdc.gov/travel
CentRo BRaSiLeiRo de MediCina do ViaJante (CBMeVi)www.cbmevi.com.br
CoMo tudo funCionahttp://viagem.hsw.uol.com.br/cruzeiros1.htm
CRuiSe Line inteRnationaL aSSoCiation (CLia)www.cruising.org
CRuzeiRoS MaRítiMoS – eStudo de PeRfiL e iMPaCtoS eConôMiCoS no BRaSiLhttp://abremar.com.br/pdf/EstUdo.pdf
inteRnationaL aSSoCiation foR MediCaL aSSiStanCe to tRaVeLLeRSwww.iamat.org/index.cfm
inteRnationaL SoCiety of tRaVeL MediCine (iStM)www.istm.org
Guía téCniCa PaRa La PReVenCión y ContRoL de La LeGioneLoSiS en inStaLaCioneSMinistério de sanidad, Política social e igualdad / gobierno de Españawww.msc.es/ciudadanos/saludamblaboral/agenBiologicos/guia.htm
oRGanização MundiaL da Saúde (oMS)www.who.int/ith/chapters/en/index.htmlhttp://whqlibdoc.who.int/publications/2008/9789241580410_eng.pdf
tHe PRaCtiCe of tRaVeL MediCine: GuideLineS By tHe infeCtiouS diSeaSeS SoCiety of aMeRiCawww.uphs.upenn.edu/bugdrug/antibiotic_manual/idsatravelmed.pdf
anexo 2
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Área geográfica e vacinas que estão (ou podem estar) recomendadas
aMériCa latina
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
Febre tifoide Pneumocócica
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaFebre amarela
diarreia do viajanteHPV
aMériCa do nortE
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
HPV
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaPneumocócica
EUroPa
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
HPV
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaPneumocócica
ásia
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
Febre tifoide Pneumocócica
Poliomielite
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaFebre amarela
diarreia do viajanteHPV
Encefalite japonesa
áFriCa
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
Febre tifoide Pneumocócica
Poliomielite
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaFebre amarela
diarreia do viajanteHPV
oCEania
tríplice viral Hepatite a
gripe Meningocócica
Febre tifoide Pneumocócica
Encefalite japonesa
tríplice bacterianaHepatite B
VaricelaFebre amarela
diarreia do viajanteHPV
Este guia foi composto nas tipologias Minion, corpo 10, para texto e americana para títulos.
Magic|rM Comunicação.dezembro de 2011.