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Guia VoIP O essencial da Telefonia IP para Iniciantes Breve Histórico A história da telefonia e a trajetória de uma tecnologia que atingiu um uso massivo, como nenhuma outra tecnologia, é surpreendentemente muito recente quando comparada com a história da humanidade, e isto se apenas considerarmos o período que compreende o advento dos primeiros assentamentos agrícolas até os tempos atuais, o que cobre ao menos 10.000 anos de história. As primeiras tecnologias de voz vieram ao mundo por volta de 1870, embora pareça para nós que sempre tenham existido, sendo muito difícil imaginar o mundo sem o telefone, assim como sem televisão ou computador. Este período da história curiosamente coincide com o ápice dos movimentos nacionalistas e a consolidação das grandes nações, movimento que nos apresentou a guerra em escala industrial. Não devemos ter dúvidas, as tecnologias de comunicação e a telefonia contribuíram muito para as transformações radicais que a humanidade sofreu no último século. Costuma-se atribuir a invenção do telefone ao escocês Alexander Graham Bell, embora tal paternidade tenha sido sempre contestada ao longo do tempo. Se é controversa a primazia da invenção, que na verdade deveu-se, para sermos justos, como conseqüência dos grandes movimentos inventivos de uma determinada época, graças ao esforço conjunto e competitivo entre diferentes cientistas e inventores, é correto atribuir-lhe a primazia por ter sido o primeiro a patentear a sua invenção. Seria correto também atribuir a Thomas Edison a co-autoria do aparelho e tecnologia que ele então patenteava. Os primeiros equipamentos de telefonia não possuíam teclas para discagem, e com isto era necessário o operador do outro lado da linha para fazer a conexão, em um processo que vemos nos filmes mais antigos, onde um operador conectava um plug entre o chamador e o destinatário daquela ligação. O primeiro “PBX” foi criado em 1889, por Almon B. Strowger, juntamente com o primeiro telefone de discagem. O mais incrível de tudo isto é que, apesar do mais de um século nos separa da criação do telefone, em muitos lugares do Brasil, senão em sua maioria, o aparelho analógico que utilizamos incorpora praticamente os mesmos princípios e tecnologia dos telefones primordiais, o que denota o grande mérito daqueles inventores de outrora. Recentemente, o maior avanço que experimentamos foi a adoção do tom de discagem digital, substituindo o pulso, possibilitando com isto a adoção dos serviços de Call e Contact Center, através dos quais nos comunicamos com bancos e outros serviços. Ainda assim, e apesar das centrais mais modernas incorporarem algum tipo de inteligência e a comunicação digital entre centrais, em nossos escritórios e residências ainda é bastante comum o uso em larga escala da telefonia analógica tradicional. O motivo deste sucesso é que a telefonia atingiu um grau de confiabilidade e perfeição que chegou ao padrão de disponibilidade de 99.999%. É curioso observar como causa

Guia vo ip 02

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Page 1: Guia vo ip 02

Guia VoIP – O essencial da Telefonia IP para Iniciantes

Breve Histórico

A história da telefonia e a trajetória de uma tecnologia que atingiu um uso massivo, como

nenhuma outra tecnologia, é surpreendentemente muito recente quando comparada com a

história da humanidade, e isto se apenas considerarmos o período que compreende o

advento dos primeiros assentamentos agrícolas até os tempos atuais, o que cobre ao

menos 10.000 anos de história. As primeiras tecnologias de voz vieram ao mundo por

volta de 1870, embora pareça para nós que sempre tenham existido, sendo muito difícil

imaginar o mundo sem o telefone, assim como sem televisão ou computador. Este

período da história curiosamente coincide com o ápice dos movimentos nacionalistas e a

consolidação das grandes nações, movimento que nos apresentou a guerra em escala

industrial. Não devemos ter dúvidas, as tecnologias de comunicação e a telefonia

contribuíram muito para as transformações radicais que a humanidade sofreu no último

século.

Costuma-se atribuir a invenção do telefone ao escocês Alexander Graham Bell, embora

tal paternidade tenha sido sempre contestada ao longo do tempo. Se é controversa a

primazia da invenção, que na verdade deveu-se, para sermos justos, como conseqüência

dos grandes movimentos inventivos de uma determinada época, graças ao esforço

conjunto e competitivo entre diferentes cientistas e inventores, é correto atribuir-lhe a

primazia por ter sido o primeiro a patentear a sua invenção. Seria correto também atribuir

a Thomas Edison a co-autoria do aparelho e tecnologia que ele então patenteava.

Os primeiros equipamentos de telefonia não possuíam teclas para discagem, e com isto

era necessário o operador do outro lado da linha para fazer a conexão, em um processo

que vemos nos filmes mais antigos, onde um operador conectava um plug entre o

chamador e o destinatário daquela ligação. O primeiro “PBX” foi criado em 1889, por

Almon B. Strowger, juntamente com o primeiro telefone de discagem. O mais incrível de

tudo isto é que, apesar do mais de um século nos separa da criação do telefone, em

muitos lugares do Brasil, senão em sua maioria, o aparelho analógico que utilizamos

incorpora praticamente os mesmos princípios e tecnologia dos telefones primordiais, o

que denota o grande mérito daqueles inventores de outrora.

Recentemente, o maior avanço que experimentamos foi a adoção do tom de discagem

digital, substituindo o pulso, possibilitando com isto a adoção dos serviços de Call e

Contact Center, através dos quais nos comunicamos com bancos e outros serviços. Ainda

assim, e apesar das centrais mais modernas incorporarem algum tipo de inteligência e a

comunicação digital entre centrais, em nossos escritórios e residências ainda é bastante

comum o uso em larga escala da telefonia analógica tradicional.

O motivo deste sucesso é que a telefonia atingiu um grau de confiabilidade e perfeição

que chegou ao padrão de disponibilidade de 99.999%. É curioso observar como causa

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mortífera indignação o fato de o telefone ficar mudo por algumas horas, ainda que seja

por uma única vez em vários anos, a indignação e o sangue subindo à cabeça.

O fato é que nos acostumamos a entender o telefone como uma peça de tecnologia

perfeita que não pode, não deve, e não irá nunca quebrar. Por outro lado, a

indisponibilidade de água, ou o corte abrupto de energia elétrica, ou mesmo o atraso de

aeronaves, engarrafamentos ou o “bolo” no dentista ou médico não causam a mesma

indignação que um telefone mudo. Esta tecnologia atingiu aquilo que chamamos de

“estado da arte”, acaba e pronto, e portanto definitivo. Por isto, o senso comum

acostumou-se com a noção de que não haveria nenhum motivo para substituí-la por

outra.

Por que substituir uma “tecnologia perfeita” por uma alternativa ? Na seqüência deste

guia iremos responder a esta questão fundamental. Afinal, porque usar o VoIP se estamos

falando do “estado da arte em tecnologia” ? Uma tecnologia entrante, como o VoIP não

vai, com certeza propiciar o grau de disponibilidade de 99.999% que já era obtido com a

tecnologia clássica e mais do que centenária. Então, porque usar o VoIP ? Há vários

motivos, e não é somente devido ao custo. O fato é que vivenciamos uma nova revolução

tecnológica, que é aquela representada pela comunicação total, que veio para alterar

radicalmente usos e costumes. Mas antes, voltemos aos fundamentos da telefonia para

melhor compreender o que deve ser levado em consideração antes de avaliar um sistema

de telefonia baseado em VoIP.

Alguns Fundamentos Chave

É importante entender que freqüências nosso ouvido é capaz de perceber. Teoricamente,

uma pessoa dotada de boa capacidade de audição e que não tenha sofrido redução de sua

sensibilidade auricular devido à idade ou algum trauma é capaz de perceber os sons na

faixa de freqüência que compreende de 20Hz a 20kHz (20.000 Hz). Somos capazes, no

entanto, de produzir sons audíveis apenas na faixa de 50Hz para cima, ao passo que a

maior parte da energia sonora que produzimos através do nosso aparelho vocal está

concentrada na faixa de 300 Hz a 3 kHz. Por este motivo, entre outros, determinou-se que

a faixa compreendida entre 300Hz e 3.4kHz é a que concentra a maior parte da

inteligibilidade e informação relativa ao reconhecimento da voz.

Desta forma, os sistemas de telefonia foram projetados para utilizar a faixa entre 300 Hz

e 3.4 kHz, o que é o suficiente para manter uma conversação de qualidade e

possibilitando o emprego de tecnologia mais eficiente para lidar com esta faixa de

freqüência.

A maioria dos telefones analógicos que conhecemos emprega um sistema conhecido

como “loop-disconect”, ou “loop start”, conectando o sinais de voz em duas direções,

usando dois fios (two-wire), transportando eletricamente a informação correspondente

aos dígitos discados e a voltagem de campainha. Uma voltagem de 48V sobre o par de

fios é empregada para alimentar o telefone, e por isto não o ligamos na tomada – o sem

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fio é outra estória, e monitorar a “tirada do gancho”, “colocação no gancho” e pulsar a

atividade de discagem.

Para iniciar uma chamada, o usuário levanta o fone, ação esta que fecha um switch no

telefone e faz a corrente elétrica fluir em loop, motivo pelo qual chamamos este sistema

de “loop start”. A corrente gerada é detectada na Central e fornece um tom para a linha,

tom este que sinaliza ao usuário que agora ele pode iniciar a discagem.

Atualmente o método mais empregado é baseado em DTMF. Neste sistema, cada número

é representado por dois tons, associados a um grupo de freqüências alto (1209Hz,

1336Hz e 1447Hz), e a um grupo de freqüências baixas (697Hz, 770Hz, 852Hz e 941Hz).

Estes tons são transmitidos simultaneamente, por um curto período de tempo, um padrão

que é definido pelo ITU-T. Foi a introdução deste sistema que possibilitou a implantação

dos sistemas atuais baseados em menu, tais como home banking, serviços de seguros, call

centers automatizados, e outros sistemas baseados em reconhecimento de tons.

Relativamente em relação aos Estados Unidos, estas implementações demoraram muito a

acontecer no Brasil, mas hoje são de uso corrente e de conhecimento por boa parte da

população, o que passou a acontecer graças às reformas tornadas possíveis após a

privatização das Teles e da inversão maciça de investimentos que permitiu a

disseminação destes sistemas.

A maioria dos sistemas de telefonia baseados em PBX atualmente é digital, embora isto

não implique no uso de telefones digitais, necessariamente. Dado o seu elevado custo no

mercado brasileiro, é muito comum o uso do telefone analógico, ainda que acoplado a

uma central digital. Neste caso, a interface do PBX converte o sinal analógico do

aparelho telefônico na codificação PCM (*). O sonho de muitos é possuir uma Central IP

de última geração, com o aparelho mais barato da praça, o que nem sempre faz sentido...

Sistemas de PBX

De maneira geral, o PBX é o sistema de interligação telefônica pertencente a uma

organização. Seu objetivo e fornecer comunicação de voz e frequentemente dados entre

os seus usuários. Os usuários podem estabelecer chamadas uns com os outros na sua

organização, simplesmente discando o seu ramal. Chamar uma pessoa não conectada na

mesma rede de um PBX requer que a chamada seja roteada através da rede pública PSTN

(Public Switched Telephon Network), que no caso do Brasil pode ser a Telemar,

Telefônica, Brasil Telecom, GVT, entre outras. Isto usualmente envolve a discagem de

um código de acesso, como um “9” ou “0”, seguido da numeração completa de discagem

referente, com referência ao código de área ou país, conforme o caso.

A maioria dos maiores sistemas de PBX fornecidos atualmente é digital, significando que

a conversação deve ser convertida primeiramente de analógica na codificação PCM. O

núcleo do PBX é composto pelo Controle de Comandos e a Matriz de Chaveamento. O

Centro de Comando é o “cérebro” que controla a operação do PBX. Entre suas funções

está o reconhecimento de que o telefone foi tirado do gancho e conectar um gerador de

Page 4: Guia vo ip 02

tom àquele aparelho, interpretar os dígitos discados e rotear a chamada para uma

interface de ramal ou tronco. A matriz de switch compõe múltiplos canais de 64Kbps ,

conectando-os a outros canais de 64Kbps ou a uma determinada interface.

As interfaces do PBX são compostas de dois tipos principais: linhas de ramal e troncos.

Linhas de Ramal conectam dispositivos dos usuários como aparelhos de telefone

analógicos e digitais, ou outros dispositivos, como terminais de dados. Troncos

significam linhas compartilhadas que podem carregar conexões originadas da interfaces

de linha do mesmo PBX, ou outros troncos também conectados àquele PBX. Troncos

analógicos suportam apenas uma conexão por vez, enquanto troncos digitais podem

suportar muitas conexões simultaneamente. Existem também os troncos da PSTN

(Central Office) e troncos privados. Os troncos da PSTN conectam o PBX à rede pública

e os troncos privados conectam o PBX a outros PBXs em uma rede privada.

Interfaces de Voz no PBX

Dentre as variadas interfaces de voz destacamos as mais comuns:

Interfaces de Linha – são as interfaces no PBX que conectam o telefone de mesa. As mais

comuns são as de dois fios 2-fios loop disconnect/loop start e as interfaces digitais de 4

fios, normalmente aderentes ao padrão ISDN ou proprietárias, em outros casos.

Interfaces de Tronco Privadas – estas interfaces fornecem as conexões entre os PBXs em

uma rede composta por múltiplos PBXs. Geralmente possuem sinalização E&M, ou

digital com sinalização CAS ou CCS.

Interfaces de Tronco Públicas – estas interfaces fornecem a conexão do PBX à rede

pública (PSTN) para chamadas entrantes e saintes. Geralmente são compostas por tronco

analógico Ground Start com dois fios, ou digital CAS ou CCS.

No Brasil é mais comum o oferecimento da conexão E1/R2, padrão brasileiro, digital,

com 30 canais de voz. Esta quantidade de troncos pode ser fracionada, geralmente a partir

de 8 e sua oferta varia de operadora para operadora. Para menos de 8 canais de voz é

mais comum o oferecimento de um sequenciamento de linhas, geralmente em instalações

para onde convergem 6 ou menos troncos analógicos.

A Mudança

O preâmbulo que descrevemos brevemente no capítulo anterior refaz brevemente o

percurso da telefonia ao longo do último século, período durante o qual a telefonia

experimentou uma lenta e consistente evolução, rumo àquilo que poderíamos denominar

o estado da arte em tecnologia, visto que a confiabilidade dos sistemas de telefonia, desde

que devidamente mantidos, alcançou o tão almejado fator dos cinco noves “99.999%” de

confiabilidade.

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De fato, em princípio, poucos motivos haveria para se realizar qualquer substituição em

um moderno sistema de telefonia que não fosse por motivos relacionados à expansão ou

ampliação dos recursos, geralmente quando se requer um “Contact Center’ ou “Call

Center”. Desta forma, tem permanecido pouco claro para muitos ainda o motivo pelo

qual deveríamos substituir um moderno sistema de telefonia por outro “mais moderno

ainda” e baseado em VoIP. Tais decisões podem ser afetadas por complicadores

adicionais, como a oferta de serviços diversos por parte das operadoras, que

compreendem planos de subscrição altamente vantajosos, alguns subtendendo uma

subestrutura de voz que permite oferecer as mesmas vantagens de uma implementação

VoIP, ou seja, tarifas muito agressivas. Serviços agregados e de IP Centrex também

podem aparentemente obscurecer as razões para se usar VoIP. Ainda assim, o VoIP tem

apresentado uma evolução inexorável e contínua em todos os mercados, contanto ainda

que possa competir com variadas implementações oferecidas pelas operadores, enquanto

for possível oferecer uma vantagem financeira, postergando a sua adoção.

Em outras palavras, Operadoras tem sido de fato capazes de oferecer planos e

“outsourcings” de telefonia que fazem uso da estrutura atualmente existente, motivo pelo

qual a telefonia IP tem encontrado algumas barreira de entrada. Porém, tem sido

observado também que as operadoras oferecem tais vantagens apenas para os seus Mega-

Clientes, ou clientes “premium”. É fato, contudo, que estas ofertas por parte das

operadoras não pode contemplar a totalidade do mercado. Neste contexto, é importante

entender como se deu a evolução da tecnologia de voz digital e como esta progressão em

direção à adoção do VoIP vem ocorrendo.

A voz digital nada mais é do que a representação dos sinais de voz analógica que usa a

codificação binária de “0”s e “1”s. Esta codificação é conhecida como Pulse Code

Modulation (PCM) G.711. Basicamente, quando uma pessoa fala, é criada uma pressão

no ar. O aparelho de telefone captura estas alterações de pressão e transforma-as em

sinais elétricos que são análogos ao sinal acústico emitido do falante. Este sinal analógico

é transformado em uma seqüência de bits de dados que representam o sinal de voz.

O sinal de voz é amostrado a uma taxa de 8000 vezes por segundo. Esta taxa deriva de

uma teoria desenvolvida por Harry Nyquist, que estabelece que a taxa de amostragem

deva ser ao menos duas vezes a máxima taxa do sinal amostrado, ou seja (2 x 3.4KHz).

Por uma questão de otimização apenas as freqüências mais usadas na conversação

humana são transmitidas em uma conversação telefônica. Este é o motivo pelo qual não é

possível ouvir determinadas freqüências, em favor da conversação telefônica pura e

simples.

No Brasil é mais comum o uso da interface E1, de 2,048 Mbps, nos PBXs. É bastante

comum a interligação com ISDN PRI, porém, para as aplicações que mais demandam o

VoIP tem sido mais comum a utilização da interface E1, eleita preferencialmente como

interface padrão para conexão entre PBX’s ou entre Gateways VoIP e PBXs. Por este

motivo, este tipo de interface será preferencialmente tratada neste Guia. As seguintes

recomendações são referenciadas:

Page 6: Guia vo ip 02

G.703: define a interface física elétrica

G.704: define as estruturas de enquadramento utilizadas

G.711: PCM; define a modulação da voz em si

No caso do G.703 podem ser usados dois tipos de interface, sendo o primeiro o cabo

coaxial de 75-Ohms ou o cabo par trançado de 120 Ohms. Novamente, é mais comum

atualmente que os equipamentos de VoIP utilizem o cabo par trançado, e por este motivo

assumiremos a conexão par trançado como a preferencial, interligados ao PBX com um

baloon, quando o conector do PBX for coaxial.

Por outro lado, a forma de sinalização mais encontrada no uso do E1, na ligação entre o

gateway (VoIP) e o PBX, tem sido o CAS (Channel Associated Signaling) ou CCS. No

caso do Brasil, empregamos em geral o padrão E1/R2. É comum também a interligação

através do ISDN PRI, sempre entre gateways e o PBX. Estes esquemas ficarão mais

claros adiante, quando descrevermos a função do Gateway VoIP e sua relação com a rede

pública e os PBXs.

Compressão de Voz

A compressão de voz descreve o processo de digitalizar a fala em uma taxa de

transmissão inferior a 64Kbps. É normal, entretanto, começar com uma taxa de 64Kbps

da codificação PCM e comprimi-la para uma taxa inferior. A compressão de voz é

possível por causa da quantidade de dados redundantes que a codificação PCM carrega.

Além disto, é possível tratar as pausas de conversação para suprimir dados igualmente

redundantes. Por outro lado, é necessário apensar dados e controles que, entre outras

coisas, permitem suprimir o eco. A combinação de algorítimos, controles e técnicas de

compressão determinam um maior ou menor consumo do processador referente àquele

Codec (o compressor utilizado), bem como efeitos colaterais, mas conhecidos como

distorção da voz. A eficiência da compressão estará muitas vezes ligada ao volume de

tráfego concorrente naquele circuito, no caso em que há compartilhamento com o link de

dados, e o meio empregado para a transmissão. Fatores como delays, congestionamento e

QoS poderão ter grande influência sobre a qualidade de voz e, dependendo da codificação

empregada, a sensibilidade poderá ser maior ou menor a estes fatores.

Em geral as compressões mais agressivas requerem premissas acerca da qualidade do

link, controle de banda e congestionamento mais otimistas, estando muito mais sujeitas a

distorções em função das condições do link. Apenas para fins de ilustração,

evidentemente, um link em laboratório, dedicado apenas à transmissão de voz, bem

comportado e sem influência do meio externo permitirá exibir uma excelente ligação com

6kbps de uso de banda, ou até menos, sem problemas de eco ou distorção.

Evidentemente, estamos falando de um laboratório, em condições que jamais serão

encontradas no mundo real. Em termos acadêmicos discutem-se níveis de compressão

ainda menores, sem distorção excessiva, porém com qualidade assegurada apenas em

ambiente de laboratório altamente controlado, sem qualquer fonte de ruído ou

interferência presente, requerendo um grande processamento e técnica de inteligência

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artificial, tratando-se de limites teóricos, neste momento, portanto. Atualmente, a

compressão mais usual e utilizada no Brasil é aquela proporcionada pelo Codec G.729, e

que resulta em um consumo de banda ao redor de 30kbps, nas melhores condições.

A seguir apresentamos um quadro típico de menu de um PBX IP, com relação à escolha

dos Codecs:

G.723 (MP-MLQ speech coding at 6,3(5,3) kbit/s rate)

G.726-16 (ADPCM speech coding at 16 kbit/s rate)

G.726-32 (ADPCM speech coding at 32 kbit/s rate)

G.726-24 (ADPCM speech coding at 24 kbit/s rate)

G.729a (CS-ACELP speech coding at 8 kbit/s rate) (preferred)

G.711a (PCM audio coding standard, 8 kHz sample rate, 8 bits, 64 kbit/s data rate)

G.711u (PCM audio coding standard, 8 kHz sample rate, 8 bits, 64 kbit/s data rate)

O que é um Gateway de voz ?

Existem várias definições para a palavra Gateway, que não possui tradução em português,

e designa uma classe de dispositivos que é capaz de fazer, literalmente falando, o

encaminhamento de fluxos de informações de uma rede para outra, independente do seu

protocolo. Alguns “Gateways” agem como conversores de protocolos, permitindo que

determinados tipos de informação codificados de uma certa maneira, e em um

determinado tipo de rede, possam ser convertidos em outro tipo de protocolo, e

encaminhada em outro tipo de rede.

Este tipo de definição distinguiria o Gateway de um roteador, que age sobre redes

diferentes, porém sob o mesmo protocolo. O Gateway, portanto, realiza um determinada

forma de tradução entre redes díspares e encaminha fluxos de informações distintos entre

redes que possuem protocolos de comunicação também distintos.

Especificamente no caso do Gateway de voz, este tipo de equipamento é capaz de

interpretar um fluxo de informação que é constituído pelo tráfego de voz, como o

analógico, por exemplo, e converter um determinado tipo de sinalização em pacotes de

dados aderentes ao protocolo IP, para que então, aí sim, possam ser roteados por

roteadores. Por outro lado, ao chegar ao seu destino, estes pacotes podem ser

reconvertidos no sinal original, via um Gateway equivalente.

Page 8: Guia vo ip 02

É comum que alguns equipamentos de VoIP sejam incorporados em um Roteador ou

mesmo dentro de um PBX. Em todo o caso, o que teremos em um ou outro caso, é

sempre um Gateway incorporado em outro equipamento, e ainda que possa haver uma

“impressão” de integração, o que existe apenas é o empacotamento 2 em 1 ou 3 em 1,

mas sempre haverá o componente Gateway de Voz inserido em algum lugar.

Por outro lado, temos os equipamentos de VoIP puros, ou seja, equipamentos que

perfazem a solução de telefonia fazendo uso apenas do tráfego IP, e com a função de

telefonia, normalmente um processador IP, integrada, sem uso de telefonia analógica ou

digital. Neste caso, os aparelhos telefônicos são todos IP, havendo apenas uma conversão

do IP em voz humana no próprio aparelho. Neste caso, não temos Gateways, visto que

todos os aparelhos telefônicos são inteligentes e embutem dispositivo IP.

No Brasil, atualmente, a forma mais comum de implementação da telefonia IP tem sido

realizada através de Gateways, de uma forma ou de outra, visto que o custo, a

confiabilidade, bem como a questão do sistema legado tem representado uma barreira de

entrada para os sistemas baseados puramente na telefonia IP, ou seja, tem sido adotada

preferencialmente a convivência do VoIP com os PBXs tradicionais, muitos dos quais

baseados em telefonia analógica. Outro fator que representa a barreira de entrada é a

resistência evidente que teremos em fazer a transição de um central de telefonia que se

encontra em funcionamento há anos, com centenas ou milhares de usuários, para uma

nova tecnologia. Os Gateways têm possibilitado a adoção de características híbridas na

telefonia, ou seja, permitem tanto o uso de telefonia analógica como telefonia IP.

Em termos gerais, a telefonia analógica é composta por aparelhos de baixo custo, de uso

amplamente difundido no Brasil, que se conectam ao Gateway por meio de uma linha do

tipo FXS. Em alguns casos, determinados Gateways possuem a função de telefonia IP,

casos estes em que podemos ter um PBX IP com telefonia analógica e IP integrado com o

Gateway em um único equipamento.

O aparelho de telefone IP nada mais é do que o telefone baseado em software. Pode ser

desde um aparelho à parte, com inteligência variada, com um tipo de handheld acoplado

com múltiplas funções, ao aparelho cego, que possui apenas a capacidade de interpretar o

pacote IP e transformá-lo em conversação de voz. De qualquer forma, tais aparelhos de

telefonia IP são, em última instância, dispositivos de rede, interligados à rede local,

peferencialmente alimentados pelo cabo de rede (PoE – Power Over Ethernet). Podem ser

também aparelhos Wi-Fi internos ao escritório. De qualquer forma, são dispositivos de

rede local que falam IP e produzem como resultado a conversação. O mesmo vale para o

notebook ou estação de rede com softphone. O notebook com softphone registrado na

rede é um aparelho de telefonia IP.

Desta forma, nos casos em que se deseja usar telefones IP, sob variadas formas e

tamanhos, teremos um PBX IP, que incorporará as funções do roteador, do Gateway e do

PBX IP. Este equipamento geralmente irá funcionar sozinho. Em alguns casos haverá o

desejo de se conectar um Gateway ao PBX para ampliar o número de portas FXS/FXO,

ou mesmo uma porta E1/R2, preferencialmente. Sempre lembrando, um PBX IP é um

Page 9: Guia vo ip 02

software. Enfim, é o uso destes dispositivos de telefonia IP que determinará a

substituição dos equipamentos de telefonia tradicionais pelos PBX’s IP.

Se a quantidade de linhas não for grande, poderá ser usado o Gateway FXS, com

múltiplas portas e usar algumas linhas de tronco não utilizadas no PBX para fazer a

conexão ao mundo VoIP. Algumas operadoras tendem a oferecer um serviço conhecido

como IP Centrex. Este é um conceito interessante e que deverá concorrer com o conceito

de rede de telefonia interna. Neste caso, a Operadora possui um “PBX” remoto,

totalmente baseado em software, IP, (protocolos MGCP, SIP ou H.323), e oferecendo em

seu lugar um Gateway de borda. Em outras palavras, a Operadora oferece, por exemplo,

“swtiches” de voz, com padrão 1U e 24 portas cada, empilháveis, conectados a uma

central inteligente, plenamente IP, por meio de uma linha de dados. Todo o tratamento da

telefonia é realizado no IP Centrex. Este tipo de serviço vem sendo oferecido por

algumas operadoras em contraposição ao modelo híbrido, que usa gateways e PBXs

híbridos e ao modelo baseado em PBX IP puro dentro das instalações do cliente.

Estes modelos hoje concorrem entre si e há muita discrepância de análise quanto às

perspectivas de mercado de cada um deles. O fato é que a melhor solução dependerá

sempre da melhor relação custo/benefício, da topologia e contexto de cada cliente. Estas

soluções concorrerão por muito tempo ainda entre si. A melhor análise de solução,

portanto, deve ser baseada nos seguintes fatores:

1) Retorno (Payback)

2) Confiabilidade

3) Contingenciamento

4) Continuidade

5) Qualidade

O atendimento destes cinco pontos é fundamental para o sucesso de um projeto. Uma

perda em qualquer dos cinco quesitos aqui citados poderá comprometer seriamente o

projeto. Descreveremos a seguir os cinco quesitos e os pontos de avaliação a eles

referenciados.

1) Payback – o sentido de todo e qualquer projeto deve ser o retorno financeiro. Este

retorno muitas vezes é complexo de medir, mas no caso da telefonia IP é

rapidamente mensurável baseado nos seguintes custos:

1.1 Ganho com “Toll Bypass”: estamos falando aqui do ganho com redução de

custos de telefonia global. Uma análise detalhada das contas de telefonia e a

tarifação oferecida pela operadora tradicional pode ser confrontada com um

demonstrativo das tarifas oferecidas pela Operadora de Telefonia IP.

1.2 Ganho com mobilidade e desempenho: aqui devemos saber medir o ganho

com o aumento da flexibilidade de equipe comercial potencialmente realizável

com a utilização de telefonia IP e seus recursos de office-phone. Mais difícil

de mensurar, é preciso detalhar os usos e necessidades e o impacto no

desempenho da equipe.

Page 10: Guia vo ip 02

1.3 Devolução de linhas fixas. Com o custo extremamente elevado da assinatura

telefônica básica, principalmente para as empresas, é extremamente tentador

pensar na possibilidade de devolver ao menos parte do pacote de linhas, em

favor das linhas “virtuais” oferecidas pela Operadora de Telefonia IP.

2) Confiabilidade – uma característica clara e verdadeira do velho e bom sistema de

telefonia é que sua confiabilidade é extremamente elevada, impossível de

suplantar. O número de minutos parados de um sistema de telefonia é bastante

reduzido ao longo de um ano. Isto não é verificado em uma rede local, por

exemplo, que pode ser atingida por vírus e outras ameaças. É preciso medir a

sensibilidade da solução e o tempo potencial de horas paradas que a mesma

poderá acarretar, bem como o impacto em falhas de telefonia para a operação da

empresa. A adoção de um sistema de telefonia IP, no momento atual, acarretará,

necessariamente, em perda de confiabilidade. Por outro lado, a pressão por

redução de custos pesa do outro lado da balança.

3) Contingenciamento – sabidamente os sistemas baseados em IP são menos

confiáveis do que as redes de telefonia tradicionais. Tendo em vista tal

característica, que é inerente ao sistema de Voz sobre IP, é preciso projetar a rede

para que ela possa retornar ao seu estado normal de operação no menor tempo

possível, sem necessidade de peças de reposição que podem demorar a chegar e

possibilitando o estabelecimento de um procedimento alternativo de operação em

caso de falhas, para que a telefonia nunca sofra interrupções ou, se sofrer, que tais

interrupções sejam as mais breves possíveis. O contrato de manutenção deve

prever um contingenciamento.

4) Continuidade – em concomitância com o contingenciamento, é preciso avaliar se

a solução proposta permite a continuidade das operações sensíveis de telefonia e

permitem a recuperação a partir de um incidente conforme o tempo previsto.

5) Qualidade – sabemos que a qualidade da voz em telefonia não confere com a alta

fidelidade, porém nos acostumamos com certo padrão de qualidade de voz,

exatamente aquele livre de ruídos, inteligível e confortável oferecido pela

telefonia tradicional. Um sistema de telefonia que produza atrasos na voz,

flutuações, distorções, ecos e outros efeitos corrosivos na inteligibilidade da

conversação poderão tornar o sistema intolerável para o uso interno e, sobretudo,

para com o mundo externo, com os seus clientes. A despeito de se ter obtido

sucesso com os quatro primeiros quesitos, se a qualidade da voz não for

disponibilizada o tempo todo e houver um nível de degradação da qualidade

acima do determinado, o sistema poderá causar sérios prejuízos de imagem e

relacionamento interno e externo, anulando por completo todo o ganho obtido no

payback financeiro. Em última instância, será boicotado e desativado pelos

próprios usuários.

Protocolos de VoIP

Page 11: Guia vo ip 02

As sinalizações abordadas nos capítulos anteriores garantem a compatibilidade e

interconexão entre diferentes equipamentos e centrais público-público, privado-privado e

privado-público. Por outro lado, o VoIP tem alcançado rápida popularização, a despeito

de considerações mais sérias a respeito de qualidade de voz, gerenciamento de banda,

QoS e restrições de qualidade quando empregada na Internet.

VoIP quer dizer, em termos gerais, o tráfego de voz, analógico ou digital, convertido e

reconvertido em uma série de pacotes IP. O pacote IP, por ser reconhecível em qualquer

rede TCP/IP pública e privada, sendo uma destas redes a Internet, pode ser facilmente

roteado e transportado entre localidades ao redor do globo. De forma geral, o VoIP

permite trafegar a voz na forma de pequenos pacotes de dados, sob o protocolo IP.

Entretanto, existem algumas outras considerações que devem ser levadas em conta de

forma a permitir a emulação completa do contexto de telefonia sobre uma rede de dados.

O “roteamento” de chamadas deve seguir um determinado protocolo, que destacamos em

seguida, geralmente empregando-se o SIP, H.323 ou MGCP, sobre os quais

discorreremos rapidamente mais adiante. Estes protocolos é que permitem emular o

contexto de telefonia, permitindo o início das chamadas, seu roteamento e seu

encerramento. Desta forma, precisamos saber se o contexto onde ocorrerá a telefonia é

SIP, H.323 ou MGCP. Muitas vezes será preciso determinar o “domínio” de rede a que

pertencem os dispositivos VoIP de uma rede, tal qual uma pequena, média ou grande rede

VoIP.

O padrão vinha sendo mais utilizado até mais recentemente foi o H.323, que responde por

grande parte do legado atual de dispositivos, motivo pelo qual é o protocolo preferido

quando se insere novos equipamentos em redes legadas. Entretanto, o SIP é o protocolo

que mais rapidamente vem sendo adotado, sendo o protocolo preferido das grandes

operadoras, ainda que as mesmas estejam apenas timidamente ensaiando a oferta de

serviços VoIP. O SIP é o protocolo mais flexível e aberto, permitindo uma grande

interoperabilidade entre diferentes fabricantes de Centrais IP (softswitches) e Gateways.

O SIP é o protocolo do presente e também do futuro. O MGCP, por seu turno, é muito

empregado por operadoras de TV a cabo por causa da arquitetura destas estruturas, sendo

o protocolo adotado por estas operadoras.

Para a implantação de novas redes de telefonia internas, onde ainda não exista um padrão

pré-definido, é bastante recomendável que a implanatação seja realizada através do SIP.

Desta forma, o SIP deve ser a primeira escolha, caso não exista alguma restrição devido

ao parque legados.

Devemos considerar dois outros protocolos importantes, mas que são constituintes de

todos os protocolos acima, o RTP (Real Time Protocol) e o RSVP. De forma geral, são

protocolos que se preocupam em resguardar uma característica extremamente distinta do

tráfego de voz em relação ao de dados. O tráfego de voz é extremamente sensível a jitters

e delays, ou seja, é preciso que o tráfego siga um determinado fluxo, dentro de uma certa

taxa, com pequenas flutuações e a mínima variância. Para tanto, marcadores especiais,

Page 12: Guia vo ip 02

bem como protocolos específicos são empregados para orientar outros elementos da rede,

tais como os gerenciadores de banda e dispositivos de QoS em geral, a tratar estes

tráfegos com o prioridade e evitando deslocamentos temporais que provocarão, na ponta

ouvinte, distorções na voz, picotagem da mesma, perda de conexão, ecos, entre outros

efeitos indesejáveis que podem causar desconforto.

Cabe notar que, quando se submete o tráfego de voz a uma rede pública como a Internet,

não existe, dentro da estrutura da própria Internet, nenhuma infra-estrutura implantada

para lidar com este tráfego. Desta forma, a qualidade da voz na Internet estará

condicionada ao best-effort (máximo esforço) dos dispositivos implementados nas

extremidades. Desta forma, não há garantias de qualidade, embora a experiência do VoIP

em meio hostil, como a Internet, dadas as devidas condições e configurações de

equipamentos, tratamento devido de QoS e qualidade dos equipamentos empregados,

possa produzir resultados bastante positivos. Entretanto, mesmo os melhores

equipamentos não poderão exercer um firme controle sobre o tráfego na Internet, de

natureza caótica, por melhores que sejam os resultados. A rigor, tal controle somente

poderia ser possível onde houvesse controle fim-a-fim do transporte de dados de VoIP.

Page 13: Guia vo ip 02

O SIP

O protocolo SIP (Session Initiation Protocol (SIP), desenvolvido pelo IETF, é um

protocolo de sinalização projetado para ser mais simples e flexível do que o protocolo

H.323. O SIP usa as estruturas existentes na estrutura Internet e no HTML para propiciar

transmissões VoIP. Adicionalmente, o SIP é mais escalável, permitindo desta forma o

crescimento sem vinculação com a estrutura existente. O SIP provê aos administradores

de rede a flexibilidade necessária para se encaixar em qualquer tipo de arquitetura, desde

uma rede fortemente concentrada, controlada extensivamente por um servidor, a uma

rede menos concentrada, onde a inteligência é encontrada nas extremidades que se

comunicam umas com as outras. A grande vantagem do SIP, portanto, é sua grande

flexibilidade, opções de arquitetura, escalabilidade, grande nível de interoperabilidade

entre diferentes fabricantes, e distribuição de inteligência.

H.323

O padrão H.323 é definido pelo ITU-T, e sua primeira versão foi divulgada em 1996. É

um padrão complexo, porém flexível e abrangente, amplamente utilizado e preferido por

alguns dos grandes fabricantes. Sua implementação é mais difícil, pois existem

implementações baseadas em subconjuntos das definições, e uma polêmica em torno da

interoperabilidade entre diferentes fabricantes. Gatekeepers são os componentes mais

importantes neste tipo de estrutura e atuam como um ponto central para todas as

chamadas sob domínio de um Gatekeeper e provêem serviços de controle de chamada

para registrar participantes. O H.323 possui uma grande base instalada e pode ser o

padrão requerido necessariamente em uma rede de VoIP já existente.

MGCP

O protocolo de Meda Gateway (MGCP) endereça as necessidades de uma rede de

telefonia “carrier-based”. O protocolo é usado por Media Gateway Controllers (MGCs)

para controlar os Media Gateways, como os Gateways de voz de ponta, por exemplo. No

ambiente MGCP, a inteligência é encontrada no centro da rede com o MGC. A natureza

do MGCP é do tipo master-slave, de forma que o master controla os slaves remotamente.

Com o MGCP os pontos extremos não têm a capacidade de se comunicar diretamente uns

com os outros. Este tipo de estrutura é adequada a Operadoras (Carrier) ou ISP’s que

desejam manter controle sobre as transmissões de VoIP, com objetivos de bilhetagem e

segurança. É um protocolo muito empregado em operadoras de TV a cabo.

Que Protocolo Usar ?

O SIP é um protocolo emergente que possui uma construção muito mais simples do que o

H.323 e é otimizado para obter uma melhor performance. O SIP possui menos overhead

do que o H.323 e uma arquitetura mais simples. O MGCP também é largamente

Page 14: Guia vo ip 02

empregado, especialmente onde se requer um controle exercido a partir de uma

localidade central. O SIP tende a ser o protocolo mais usado pelas operadoras de

telefonia, especialmente nas redes de nova geração. Contudo, o H.323 possui uma grande

base instalada, ao passo que o MGCP vem ficando restrito às operadoras de TV a Cabo.

De qualquer forma, a partir do ponto zero, o custo de implantação da solução SIP é

menor do que as demais, e de implantação bem mais simples do que os demais

protocolos. O SIP tem recebido o endosso de todos os fabricantes e adquirido a

preferência do mundo adepto dos padrões abertos, motivo pelo qual a matriz de

compatibilidades é bastante ampla.

PBX IP

O PBX IP é um PBX por software, emulando todas as funções de um PBX, agregando

outras mais ao equipamento de telefonia, e que se comunica através da rede IP. De modo

geral, um PBX pode ser implementado com um micro-computador e placas de telefonia a

ele acopladas. Se for puramente IP, bastará o software e o micro. Equipamentos mais

elaborados e completos, porém, possuem um hardware mais apropriado e seguro,

possuindo também inúmeras funções de programação do PBX que, geralmente, e de

forma desejável, sejam manipuladas através do browser, abrindo sua configuração para a

rede interna. Desta forma, toda a programação das regras, políticas, Codecs,

acessibilidade, call forwarding e relay, bem como funções referentes ao auto-

atendimento, voice-mail e demais funções do “office-phone” podem ser programadas

através de uma interface GUI, no Windows, pelo browser da rede interna.

A diferenciação entre os modelos de PBX diz respeito ao empacotamento de hardware,

quantidade de linhas FXS e FXO, ou E1, se híbrido ou “puramente IP”, e funções

inteligentes de PBX. É comum que estes equipamentos incorporem funções de

networking, tais como roteamento, firewall, VPN, entre outras funções, compactando

todas estas funções, de telefonia e roteamento em um único equipamento.

Os modelos de menor porte suportam algo que varia entre 16 e 70 ramais, entre ramais IP

e ramais IP/FXS, sendo comum a hibridização, ou seja, que algo como 16 linhas FXS

sejam nativas do equipamento, por exemplo. As demais extensões serão necessariamente

IP, obrigando ao uso do telefone IP. Entretanto, é possível acoplar Gateways FXS a uma

estrutura deste tipo, ampliando a capacidade para 24, 48, ou mais portas FXS, além

daquelas nativas. Desta forma, é possível configurar um PBX IP usando apenas portas

analógicas e telefones de baixo custo, destinando os telefones IP de alta funcionalidade

para um determinado grupo.

Para equipamentos de maior porte esta capacidade pode ser escalada para 100, 200, 500

até 1000 usuários ou mais. Entretanto, para este tipo de escala de implementação, é

desejável o uso da rede de telefonia puramente IP, com telefones IP, e um uso apenas

residual de telefonia analógica. A hibridização em larga escala apresenta um custo muito

alto e perde o seu sentido. Geralmente é difícil encontrar sistemas baseados em telefonia

Page 15: Guia vo ip 02

IP que apresentem mais do que 32 telefones analógicos em concomitância com os demais

telefones IP, já que faria mais sentido manter o PBX analógico para cumprir esta função.

Cabe lembrar que o PBX IP pode vir sem nenhuma porta real, do tipo FXS, estando

subtendido que devam ser agregados a ele telefones IP ou Gateways.

Asterisk

O Asterisk é um PBX Open Source que fornece toda a funcionalidade de um sistema de

telefonia. O software é livre e roda em cima de qualquer plataforma Linux. O Asterisk foi

criado originalmente por Mark Spencer, da Digium, e atualmente é patrocinado pela

própria Digium, enquanto o software permanece Open Source. É muito comum e popular

a implementação de sistemas de telefonia baseados no Asterisk e com uma interface

própria de cada fornecedor. A Digium é um fabricante especialmente interessado no

desenvolvimento do Asterisk, visto que acabou tornando-se o principal fornecedor de

hardware para integração.

Existe uma miríade de integrações, com maior ou menor conjunto de características,

robustez e confiabilidade do hardware, mais ou menos user-friendly. Entre as funções

suportadas pelo Asterisk estão:

Suporte às interfaces analógicas e digitais, do tipo E1, T1, PRI, SIP, IAX e H.323

Suporte a VoIP com telefones analógicos

Podem funcionar como softswitches

Funcionalidades diversas de telefonia, tais como transferência de chamadas,

conferência-3, voice mail, chamada em espera com música, entre outras

funcionalidades básicas da telefonia profissional

Muitos equipamentos do tipo PBX usam o Asterisk sem, contudo, explicitá-lo, a despeito

da performance, interfaceamento e confiabilidade. É uma importante opção quando se

pensa em uma rede de telefonia IP fechada, sem a operadora. Como desvantagem,

apresenta o fato de ser difícil de manipular para os não iniciados. Contudo, versões

“amaciadas” e com interfaces mais agradáveis podem rodar em diversos equipamentos.

O que é ATA e IAD

ATA significa adaptador de telefone analógico, normalmente um Gateway que possui

duas interfaces FXS (para telefone analógico) e uma ou duas entradas de rede. Refere-se

geralmente a aparelhos do tipo Gateway de uso residencial, geralmente com protocolo

SIP. Podem também ser usados em pequenos escritórios (SOHO). Em alguns casos, para

alguns tipos de Gateways permite a interligação ao PBX. Nestes casos, entretanto, dada a

miríade de fabricantes, é uma utilização sensível que requer homologação da Anatel. O

uso de aparelhos inadequados em concomitância com PBXs de porte maior pode

Page 16: Guia vo ip 02

ocasionar efeitos indesejáveis face a possíveis incompatibilidades de implementação nos

padrões de telefonia, nem sempre seguidos com o devido rigor pelos fabricantes.

O uso de Gateways ATA tem sido bastante divulgado junto ao público residencial, para

uso doméstico e a qualidade e capacidade de compressão de voz são bastante distintas

entre os aparelhos, muitos dos quais não são homologados pela Anatel. Em virtude destes

aparelhos em muitos casos serem interligados apenas aos aparelhos de telefonia

analógicos domésticos e conectados à Internet através do Modem, e por não estarem

conectados à rede pública, o controle sobre o uso e comercialização dos mesmos não tem

sido rigoroso. Este equipamento é também conhecido pela sigla IAD (Integrated Access

Device), ou Dispositivo de Acesso Integrado. Para uso profissional recomenda-se,

portanto, que o aparelho seja homologado pela Anatel e por Operadoras.

FXS e FXO

Portas FXS (Foreign Exchange Station) conectam telefones analógicos, aparelhos de fax

e a linhas de cobre dos troncos de um PBX. As portas FXS, em um Gateway conectado a

uma rede de telefonia interna, comportam-se como “ramais”.

Portas FXO (Foreign Exchange Office) conectam-se diretamente a linhas PSTN, da rede

de telefonia pública, ou a extensões de ramal dos PBXs, conectando-o à rede IP.

Geralmente as portas FXS são empregadas com maior freqüência, em função da conexão

direta aos aparelhos da rede de telefonia, em substituição às portas do PBX. As portas

FXO são empregadas em geral para fazer a conexão à rede pública, PSTN, ou para

propiciar a ligação das portas de extensão ramal do PBX (que são FXS) à rede IP.

A seguir apresentamos alguns diagramas que apresentam a posição correta, e também a

incorreta, de uso em relação às portas FXS e FXO.

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ALGUMAS ARQUITETURAS VoIP:

A seguir apresentamos alguns diagramas de interligação de equipamentos do tipo

Gateway, empregando diagramas do fabricante (Mediatrix), onde são dispostas as

interligações típicas.

Neste cenário, troncos de PBX externos, à esquerda, que se conectariam à Central

Telefônica e na PSTN são ligados alternativamente aos Gateways de acesso FXS (1104).

Para realizar uma chamada, um usuário do PBX disca um dígito pré-configurado para

encontrar o tronco habilitado para o IP. O Mediatrix gera um tom de discagem para que o

usuário do PBX disque um número pré-definido para ligar para o escritório pretendido.

Neste caso, o “toll-bypass” é simplesmente utilizar a rede IP para conduzir o tráfego de

voz entre as localidades.

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ACESSO REMOTO À PSTN

Neste cenário os Gateways FXS (série 11XX), fornecem conectividade aos PBX’s

legados, enquanto os Gateways FXO (1204) estão localizados nas localidades remotas.

Desta forma, os troncos do PBX (Office 1) são conectados ao equipamento 1104, neste

caso 4 troncos, e os usuários do PBX central podem discar um determinado dígito para

colocar uma chamada em outra cidade, através da PSTN remota. As unidades 1204 na

localidade remota conectam-se diretamente ao tronco local da PSTN local por meio das

portas FXO.

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ARQUITETURA CONVERGENTE

Em uma rede convergente a tecnologia apropriada de telefonia se encaixa em uma VPN existente, ou a ser implantada, garantindo a integridade dos dados e das conversações telefônicas, bem como a sua privacidade. Um servidor de comunicação IP, tal como um SIP Server, pode realizar o papel de redirecionador de chamadas, ou mesmo tarefas adicionais, tais como o auto-provisionamento. Na arquitetura acima é possível potencializar o parque de telefonia legado, e ao mesmo tempo o acesso de telefonia por parte de todas as unidades.

Page 24: Guia vo ip 02

INTERLIGANDO AO SERVICE PROVIDER

No exemplo acima os escritórios podem ser interligados através do serviço oferecido por

uma Operadora de Telefonia IP, ou um Service Provider.

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DISPOSIÇÃO DO TIPO “OPERADORA”

Neste exemplo, os equipamentos do tipo Gateway 1124 podem ser utilizados para abrir

ramais telefônicos no cliente, ou escritório, ou mesmo em uma rede condominial. Toda a

função de telefonia fica a cargo do Service Provider, em um esquema de IP-Centrex. O

próprio cliente pode hospedar a estrutura de SIP Server, neste caso.

Quadro E1/T1 PBX Legado

QuadroE1/T1 Rio de Janeiro

PSTN Telefonica

Conexão com PBX‘s existentes.

Todas as extensões PBX podem fazer chamadas IP

Conecta através do roteador da companhia ou diretamente à Internet

Também pode estabelecer uma VPN para tornar as chamadas seguras

Quadro4x São Paulo

Internet

PSTN Telemar

E1

Page 26: Guia vo ip 02

Neste exemplo o Gateway E1 pode suportar 30 ligações simultâneas, via SIP,

interligando outras unidades como, neste caso, uma filial dotada de PBX IP. O Gateway

interliga-se ao PBX de modo bastante simples, por meio de uma porta E1 do PBX. Desta

forma, de maneira instantânea, é possível habilitar 30 ligações simultâneas entre o PBX e

a rede VoIP, por meio de uma única porta.

QUESTIONÁRIO

O questionário abaixo auxilia no levantamento de informações que poderão facilitar a

elaboração do projeto e a qualificação do mesmo.

Informações Cadastrais do Cliente

Empresa (*)

Endereço:

Bairro: Cep:

Município: UF:

CNPJ: IE:

Pessoa para Contato: (*)

Cargo:

E-mail: (*)

Telefone:

(*)

Fax:

Informações sobre a Infra-estrutura de Internet

1) Tipo de acesso Internet? (*)

(Nome do fornecedor: ____________________________________)

a. ( ) Link dedicado

b. ( ) Velox (ADSL)

c. ( ) Speed (ADSL) d. ( ) Via Rádio

e. ( ) Via TV a Cabo

f. ( ) Outro: ___________________________

2) É VPN ? _________________________________________

3) Existe algum desenho da rede que está conectada ao roteador ?

____________________________________________________________

4) Velocidade do seu Acesso Internet? (*)

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a. ( ) 128 Kbps

b. ( ) 256 Kbps c. ( ) 300 Kpbs

d. ( ) 512 Kbps

e. ( ) 600 Kbps

f. ( ) 800 Kbps g. ( ) 1Mb

h. ( ) 2Mb

i. ( ) Outra: ___________________________

CIR: _________________

5) Discriminar a taxa de:

a. Upload__________________

b. Download________________

6) Verificar se já foi feita alguma medição quanto à utilização do link, i.e,

se o link está sobrecarregado ou se há folga na utilização.

____________________________________________________________

7) No caso de seu acesso ser do tipo ADSL, como está instalado seu Modem? (*)

a. ( ) Bridge

b. ( ) Router

8) A navegação está aberta?

__________________________________________________________

9) Existem aplicações especiais, tais como transferências muito grandes de

arquivos em Upload? ____________________________________________________________

________

10) No caso de seu acesso ser do tipo ADSL, Qual a Marca e Modelo do seu

Modem ADSL? (*)

Marca: __________________________

Modelo: __________________________

11) Sua rede possui quantas estações de trabalho? (*)

________

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12) Qual o sistema operacional usado nos servidores de rede de sua

empresa? (*)

a. ( ) Windows

b. ( ) Linux

c. ( ) Outro __________________________

13) Possui Firewall na sua Rede ? (*)

a. ( ) Sim

b. ( ) Não

14) Administração da sua rede é própria ou terceirizada? (*)

a. ( ) Própria

b. ( ) Terceirizada : Empresa:_________________

Contato:__________________

Fone:____________________

15) Quantidade de filiais ? (*)

_________________

Informações sobre a Infra-estrutura de Telefonia

16) Você possui PABX na sua empresa? (*)

a. ( ) Sim b. ( ) Não

17) Qual a marca e modelo de seu PABX? (*)

Marca: ______________________

Modelo: ______________________ Empresa de Manutenção do PABX: _____________________

Contato: ___________________

Fone: ____________________

18) Quantidade de troncos analógicos no PABX (Posições para receber

linhas telefônicas)? (*)

Em Uso: ______________________

Sem uso: ______________________

19) Quantidade de ramais no PABX? (*)

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Em Uso: ______________________ Sem uso: ______________________

20) Verificar quantas portas analógicas (se for do tipo FXS/FXO) estão

livres; definir quantas FXS e quantas FXO, no lado do PBX, estão

disponíveis.

(*) informações essenciais

CUIDADOS E PROBLEMAS

A tecnologia VoIP vem alcançando rápida popularização e um dos fatores mais atraentes

para a adoção deste tipo de tecnologia é, sem dúvida, a redução de preços substancial que

pode ser obtida por meio do uso do VoIP. Por outro lado, existe uma miríade de

fornecedores de “tecnologia VoIP”, que pode alcançar a casa das centenas de

fornecedores.

Um dos maiores cuidados a serem tomados em um projeto de VoIP é, justamente por

isto, a qualificação dos fornecedores, principalmente da Operadora de Telefonia VoIP.

Muitas empresas optam pela interligação VoIP por meio de rede “interna”, quando são

usados SIP Servers internos para rotear as chamadas que ficarão confinadas na rede

interna do cliente, dispensando o uso de uma Operadora de Telefonia IP. É cada vez mais

comum, porém, o emprego de estruturas baseadas em Telefonia IP, onde a Operadora

VoIP será a responsável pelo roteamento das chamadas saintes e entrantes. Neste caso, a

continuidade, integridade e qualidade do serviço devem ser fatores preponderantes na

escolha.

Um dos erros por parte dos clientes é o uso de Operadoras de Telefonia IP sem

credenciamento junto à Anatel, que muitas vezes fazem apenas o “brokerage” de minutos

junto a Grandes Corretoras que muitas vezes sequer possuem estrutura no Brasil. Existe

um mercado de compra e venda de minutos, ao nível internacional, e que satisfazem em

muitos casos as necessidades de clientes individuais e de empresas informais, pelo menos

enquanto o serviço estiver disponível. O problema maior ocorre quando se utiliza este

tipo de serviço em substituição à telefonia tradicional, expondo muitas vezes o serviço de

telefonia a falhas e indisponibilidades que muitas vezes são intoleráveis.

Para piorar a situação, é comum o emprego de golpes nesta área, ao melhor estilo da

pirâmide albanesa, quando um País inteiro sucumbiu a uma grande pirâmide. Neste caso,

é de se desconfiar de todo e qualquer serviço que cobre uma taxa de adesão ou compra de

linha. É mau sinal. O brasileiro é especialmente sensível a propostas que representem um

negócio da China. Caso típico é a oferta de serviços de telefonia onde se cobram 6, 5, 4

ou menos centavos por minuto, às vezes até ligação ilimitada por US$ 80,00, desde que, é

claro, “compre-se” uma linha por US$ 500.00. Desconfie destas ofertas. Evidentemente,

se o serviço é prestado internamente, não poderia ser cobrado em dólares, e tarifas muito

baixas não vão remunerar alguma contraparte. Em algum momento o serviço poderá sair

do ar. Em todo o caso, o critério mais acertado é verificar se os equipamentos e serviços

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oferecidos são regulados e normalizados pela Anatel. Se possível verifique a estrutura de

serviços da Operadora e pesquise os clientes da mesma.

Outros fatores que podem alterar o resultado e a qualidade do serviço de telefonia IP são:

Segurança

Integridade e Inviolabilidade

Vírus

QoS interno externo

Qualidade da Operadora

Link dedicado x ADSL

Perdas na Internet

Linhas presas

Como Analisar tarifas

Ao contrário do que se costuma pensar, a telefonia de IP pode ser “grampeada”, mas não

da mesma forma que a telefonia tradicional. Ela pode ser “grampeada” da mesma forma

que os dados da rede do cliente. Desta forma, a única forma de garantir a integridade e

inviolabilidade da Telefonia IP é através do uso de VPN’s, com o emprego de túneis e

criptografia. Em uma rede interna de telefonia VoIP, portanto, é interessante adotar

VPN’s, visto que é uma tecnologia bastante acessível para se obter a inviolabilidade, a

privacidade e integridade dos dados (voz, VoIP).

Outro fator a ser considerado é o QoS. Os Gateways de Voz, VoIP, são capazes de fazer a

marcação do pacote de VoIP, possibilitando ao roteador priorizar os dados na saída.

Quando possível e estiver disponível é recomendável fazê-lo. Em determinadas

circunstâncias, especialmente para um número maior de ligações e dependendo do perfil

de tráfego, é requisito essencial implementar o QoS. Muitos roteadores e os próprios

Gateways são capazes de marcar os pacotes e fazer o QoS, por este motivo não há porque

não fazê-lo.

Quando se utiliza um link de internet ADSL para trafegar VoIP, convém analisar algumas

limitações. Uma destas limitações é que o Uplink da ligação pode estar limitado a

128Kbps ou 256Kbps, mesmo que para Download se disponha de 1Mbps. Nestes casos, o

que vale é o link de Upload. Por outro lado, dificilmente poderá se contar com mais de

50% de disponibilidade real deste link de Upload. Usando o Codec G.729 o consumo de

banda é de 30Kbps. Desta forma, para um link com Upload de 256Kbps, dificilmente se

poderá se contar com mais de 4 ligações simultâneas concorrentes com o tráfego de

dados. Para mais do que 4 ligações simultâneas o uso do VoIP deverá requerer

necessariamente um link dedicado de pelo menos 256Kbps, para que o resultado seja

condizente com a qualidade esperada e uma disponibilidade plena. Um link deste

tamanho poderá disponibilizar até 6/8 ligações VoIP simultâneas (mas cuidado com o

CIR). Acima deste número deve-se usar links a partir de 512Kbps, chegando a 1Mbps.

No caso de links maiores, o uso deve ser concomitante com a conexão E1 ao PBX.

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Outro fator a ser considerado é que a Internet é um meio de baixa confiabilidade, logo

alguma flutuação na qualidade de Voz pode ocorrer em função das condições de tráfego

na Internet, sobre o qual não existe controle, de parte a parte, pois não é possível QoS

fim-a-fim na Internet com os serviços oferecidos atualmente. Estes fatores devem ser

levados em consideração no projeto de VoIP.

Por outro lado ainda é muito comum nos links ADSL a oferta real de banda muito abaixo

do nominal apresentado. Devemos sempre ter em conta que, com um Codec de G.729,

haverá necessidade de 30Kbps por canal, efetivo, incondicionalmente. Desta forma, se o

link efetivo em um determinado momento for muito abaixo do necessário, haverá

redução de capacidade e qualidade nas ligações. Todos estes fatores devem ser

necessariamente medidos, pesados e quantificados.

Por fim, devemos lembrar que uma rede de telefonia VoIP é essencialmente uma rede de

dados. A diferença é que o tratamento destes dados deve obedecer a regras que

caracterizam os requerimentos da Voz, daí a necessidade do protocolo RTP (Real Time

Protocol) e do controle de QoS. Por outro lado, a rede VoIP estará sujeita a fatores que

ameaçam uma rede de dados, como ataques de DoS, DDoS, vírus e outros fatores que

podem derrubar uma rede de dados. Desta forma, os requisitos de segurança que devem

ser adotados em uma rede dados devem ser rigorosamente obedecidos. Estes cuidados

devem levar em conta que os firewalls da rede não devem barrar o tráfego de UDP

proveniente da rede interna. A política de segurança e as regras devem, portanto, levar

em consideração, a partir de agora, os dispositivos de VoIP, sem contudo impedir o seu

funcionamento.