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  • Guia dos Direitos das Pessoas com Deficincia

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  • Guia dos Direitos das Pessoas com Deficincia

    1 edio

    2006

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  • ApresentAo

    Na presente gesto, o Sistema Fiesp (Federao das Indstrias do Estado de So Paulo) ampliou seu engajamento na causa dos direitos das pessoas com deficincia. Tem sido gratificante verificar a firme inten-o do empresariado paulista no sentido de contribuir para a incluso econmica e social desses cidados, que representam 14,5 % da populao brasileira.

    No mbito da meta de estimular a insero das pessoas com deficincia no mercado de trabalho, muito importante a atuao da Escola Senai talo Bologna, localizada no municpio de Itu, no interior do Estado. fundamental que seu modelo e expertise sejam parmetros para a multiplicao de estabelecimen-tos similares em todo o Pas, proporcionando aos profissionais com deficincia oportunidades de qualificao tcnica de alto nvel.

    Recentemente, a Fiesp tambm assumiu a Coordenao Executiva do Frum Permanente de Empre-sas para a Incluso Econmica das Pessoas com Deficincia. Participam do organismo no somente inds-trias paulistas, mas tambm empresas de servio e consultorias de abrangncia nacional.

    Esse Frum e seus desdobramentos, por meio de workshops temticos, tm como objetivo reunir as empresas que, por meio do know how obtido em conjunto com a Fiesp ou desenvolvido por elas mesmas, j alcanaram a excelncia na contratao de pessoas com deficincia. Sua experincia, portanto, valiosa como paradigma para o mercado. O Frum tambm busca proporcionar o dilogo entre empresrios, a sociedade ci-vil, governo e formadores de opinio, promovendo sua integrao em torno do debate sobre o relevante tema.

    Com essas e outras aes, a bandeira da Fiesp tem sido a de que o empresariado deva contratar os pro-fissionais com deficincia com base em critrios de eficcia e aptido profissional e no movido pelo paterna-lismo e apenas para cumprir as determinaes da legislao trabalhista. Assim, a insero profissional desses trabalhadores precisa ser analisada sob a mesma tica da sustentabilidade, qualidade e excelncia, valores que norteiam a administrao empresarial. Para ir alm, temos demonstrado que, ao cultivar a diversidade no ambiente das empresas, possvel aprimorar os processos da gesto.

    Temos a certeza de que esses cidados, desde que garantidos seus direitos educao, ao trabalho, ao transporte, cultura e ao lazer, podem contribuir de maneira expressiva para o crescimento e o desenvol-vimento do Pas. A produo e divulgao deste Guia dos Direitos das pessoas com Deficincia, numa linguagem clara e objetiva, tm justamente o propsito de fomentar o conhecimento e reforar, aos empre-srios e sociedade, o respeito quelas prerrogativas. Esperamos que todos apreciem sua leitura e faam valer os direitos nele apresentados.

    Paulo SkafEliane Pinheiro Belfort Mattos

    Guilherme Mac Nicol Bara

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  • ApresentAo

    Em consonncia com a evoluo da sociedade na abordagem das questes relacionadas s pessoas com deficincia, notadamente verificada aps a vigncia da Constituio de 1988, a Ordem dos Advogados do Brasil Seco de So Paulo, ao instituir a Comisso dos Direitos das pessoas com Deficincia oAB/sp, vem demonstrar o importante papel que desempenha na sociedade e, em especial, sua preocupa-o na discusso de assuntos de interesse e defesa dos direitos dos deficientes, segmento significativo da po-pulao, historicamente relegado ao esquecimento, que necessita ver resguardados seus direitos e debatidos os temas relacionados sua incluso social.

    Na inteno de atingir tais finalidades, a Comisso dos Direitos das pessoas com Deficincia oAB/sp tem por objetivos principais promover a divulgao, o aprimoramento e a defesa do cumprimento das normas e institutos jurdicos pertinentes s pessoas com deficincia; acompanhar os projetos de interesse dessas pessoas em tramitao nas Casas Legislativas e as questes que com elas guardem relao, bem como organizar e promover estudos, conferncias, pesquisas e debates relacionados a assuntos de interesse.

    Esta Comisso tem, portanto, como finalidade principal, fiscalizar a aplicabilidade da farta legislao em mbitos federal, estadual e municipal para ver satisfeitos os direitos das pessoas com deficincia resguar-dando, no cotidiano de cada uma destas pessoas, o direito acessibilidade, transporte, educao, trabalho, lazer, sade, enfim, proporcionando sua incluso social.

    Em uma de suas lutas pela defesa dos direitos da pessoa com deficincia, a Comisso dos Direitos das pessoas com Deficincia oAB/sp envidou todos os esforos para conquistar a prioridade no julga-mento de processos em que seja parte interveniente pessoa portadora de deficincia, tendo, enfim, o Egrgio Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo baixado o Provimento n 1.015, em 14 de dezembro de 2005.

    O presente trabalho foi elaborado com o escopo de trazer conhecimento e orientaes gerais para a sociedade, demonstrando que a incluso da pessoa com deficincia vem beneficiar, sobremaneira, a reabili-tao e auto-estima deste contingente populacional pois, em conformidade com o ltimo censo divulgado pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica -, encontramos uma populao de mais de 24,5 milhes de brasileiros com algum tipo de deficincia.

    Nesse sentido, a Comisso dos Direitos das pessoas com Deficincia oAB/sp vem assumir o compromisso permanente de ser um instrumento de interlocuo da defesa dos direitos assegurados aos seus representados, direitos estes sistematicamente desrespeitados pela inrcia dos poderes pblicos e, muitas vezes, incompreendidos ou ignorados pela sociedade.

    Mrcia Regina Machado MelarFrederico Antonio Gracia

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  • AGrADeCimentos

    Agradecemos aos colegas que colaboraram para a realizao deste trabalho e principalmente a todos que, sensveis causa, puderam prestar a sua valiosa contribuio para a confeco deste Guia.

    Os membros desta Comisso dos Direitos das Pessoas com Deficincia OAB/SP e colaboradores da redao deste Guia, quais sejam, as advogadas Dras. Ana Maria Navarro, Cristiane Aparecida Marion Barbuglio, Maria Jos Natel Costa Naum, Simone C. Gezualdo Roque e Vra Lcia Fernandes Vasques, supervisionadas pelo Dr. Jos Francisco Vidotto, vice-presidente da Comisso, agradecem a oportunidade de demonstrar sociedade que a participao efetiva das pessoas com deficincia faz-se necessria para o desenvolvimento pleno da cidadania.

    Este agradecimento extensivo Dra. Mrcia Regina Machado Melar, presidente em exerccio da Ordem dos Advogados do Brasil Seco de So Paulo e ao Dr. Frederico Antonio Gracia, presidente da Comisso dos Direitos das Pessoas com Deficincia OAB/SP que, juntamente com a equipe supramencio-nada, vm procurando superar desafios e obstculos para ver as pessoas com deficincia serem tratadas sem constrangimentos ou discriminao por parte da sociedade.

    E tambm Dra. Eliane Pinheiro Belfort Mattos, diretora titular do Comit de Responsabilidade Social CORES da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo Fiesp, e a todos os diretores do CORES, a saber, Drs. Alberto Jos Niituma Ogata, Ana Elisa Lemos da Silva Haenel, Ana Maria S Moreira de Figueiredo Ferraz, Ana Virginia Carvalho Affonso, Astrid Rossi Fernandes, Claudia Helena Melcher Scaff, Guilherme Mac Nicol Bara, Haroldo Mattos de Lemos, Marcelo Carvalho Rocha Yamin, Marco Antonio dos Reis, Marco Piva, Maria Cristina Scantamburlo Kirsner, Mariana Aude Jbali, Mariana Leito Brunini, Marielza Pinto de Carva-lho Milani, Marlene Tobaldini, Meire Alonso Jorge, Roberto Jorge de Souza Leo Rodrigues, Ruth Goldberg, Samuel Szwarc, Tereza Pereira Maia, Yolanda Cerqueira Leite e Zdenko Herbert Kirsner, sem a colaborao dos quais todo o trabalho do CORES e a produo deste Guia no seria possvel.

    Alm do Dr. Ronaldo de Souza Forte, diretor regional titular da Fiesp em Santos, diretor do Centro das Indstrias do Estado de So Paulo CIESP, Regional Santos, e diretor adjunto para Assuntos Institucio-nais da empresa Santos Brasil S/A, em conjunto com sua equipe da Santos Brasil, Drs. Thiago Diniz Lima e Andra Guelheri, que viabilizaram o patrocnio para a impresso desta primeira edio do Guia.

    Unidos, o Sistema da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo Fiesp, por meio do seu Comit de Responsabilidade Social CORES, a Ordem dos Advogados do Brasil Seco de So Paulo OAB/SP, suas respectivas Subseces e a Comisso dos Direitos das Pessoas com Deficincia OAB/SP, certamente faremos o mximo para ver germinar a semente que est sendo plantada e que ainda ter que ser muito regada e adubada para que se vejam nascer as flores e, posteriormente, sejam colhidos os seus frutos.

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  • nDiCe

    Breves Comentrios Sobre a Incluso das Pessoas com Deficincia na Sociedade ................................................................................................... 13

    Definies ....................................................................................................... 15

    Dos Direitos e Garantias das pessoas com Deficincia

    Introduo ............................................................................................ 23

    Da Acessibilidade ................................................................................. 27

    Da Sade e da Assistncia Social ........................................................... 35

    Da Educao ......................................................................................... 39

    Do Trabalho .......................................................................................... 43

    Do Transporte ....................................................................................... 51

    Da Cultura e do Lazer ........................................................................... 53

    Das Isenes ......................................................................................... 55

    Anexos

    Orientaes para o Trato com as Pessoas com Deficincia ..................... 59

    Legislao do Municpio de So Paulo .................................................. 61

    Legislao do Estado de So Paulo ........................................................ 69

    Legislao Federal ................................................................................. 73

    Normas Internacionais .......................................................................... 77

    Bibliografia ........................................................................................... 79

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 13

    Breves Comentrios soBre A inCluso DAs pessoAs Com DefiCinCiA nA soCieDADe

    Nos primrdios da civilizao, de acordo com a cultura de cada povo, as pessoas com qualquer tipo de deficincia eram exterminadas, por apresentarem anomalias.

    Com o passar do tempo, mudanas ocorreram no tratamento s pessoas com deficincia, iniciando-se pelos prprios familiares, que antes no permitiam que seus entes queridos ficassem expostos a olhares curiosos e, at mesmo, piedosos pela deficincia apresentada.

    Em algumas regies do Brasil, a pessoa com deficincia ainda vista com discriminao, sendo cons-tantemente alvo de chacotas e comentrios pejorativos, s vezes causando repdio por parte da sociedade.

    Isto acontece, sobretudo, em grandes capitais, porm nas regies onde a cultura popular no evoluiu, ainda comum encontrar pessoas com deficincia segregadas, mantidas em crcere privado ou abandonadas, inclusive pelos rgos pblicos.

    J nos centros urbanos, a pessoa com deficincia no sofre tal represso porm, em contrapartida, a segregao deve-se falta de acessibilidade, mercado de trabalho, transporte, sade, lazer, cultura, educao, dentre outros, nos quais encontram-se totalmente alijados pela sociedade que, sequer, preocupa-se com a in-cluso de aproximadamente 24,5 milhes de pessoas com qualquer tipo de deficincia; pessoas estas com ca-pacidade plena de trabalho, de ideais, formadores de opinio pblica, passveis de amar e de serem amados.

    Muitas pessoas com deficincia, detentoras de formao profissional, tm plena capacidade de serem inseridas no mercado de trabalho; entretanto, no o so por terem seus direitos tolhidos e pelo descaso da sociedade.

    O Brasil, nos dias de hoje, segundo a Organizao Mundial da Sade um dos pases que mais se preocupa com a pessoa com deficincia, no que tange existncia da vasta legislao para resguardar seus direitos. Por outro lado, o descaso e o descumprimento destas leis pela sociedade equivalem retroao de centenas de anos, sacrificando o exerccio dos direitos deste contingente social.

    E sabemos que nenhum pas to auto-suficiente, nenhum povo to soberano, que possa desprezar e discriminar este contingente da camada da populao que, sobremaneira, somados os esforos fariam, cer-tamente, a diferena desta Nao.

    Breves comentrios soBre a incluso das Pessoas com deficincia na sociedade

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 15

    Definies

    A discriminao contra pessoas com deficincia sempre fez parte da Histria de todos os povos. Mui-tos foram os termos utilizados para caracterizar estas pessoas, dentre outros, deformados, paralticos, aleija-dos, monstros, cochos, mancos, cegos, invlidos, surdos-mudos, imperfeitos, idiotas, dbeis mentais. Estes termos foram incorporados at mesmo pela literatura e pelos dicionrios atuais.

    O Decreto Federal n 3.298, de 20 de dezembro de 1999, ao regulamentar a Lei Federal n 7.853, de 24 de outubro de 1989 (que dispe sobre a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia e d outras providncias), considerou os seguintes conceitos:

    Art. 3 Para os efeitos deste Decreto, considera-se:I deficincia toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado normal para o ser humano;II deficincia permanente aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um perodo de tempo suficiente para no permitir recuperao ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tra-tamentos; eIII incapacidade uma reduo efetiva e acentuada da capacidade de integrao social, com necessidade de equipamentos, adaptaes, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficincia possa receber ou transmitir informaes necessrias ao seu bem-estar pessoal e ao desempe-nho de funo ou atividade a ser exercida.

    O Ministrio do Trabalho, em 2000, preocupando-se com a insero da pessoa com deficincia no mercado de trabalho, publicou a seguinte definio:

    Pessoa portadora de deficincia toda aquela que sofreu perda ou possua anormalidade, de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica, que venha gerar uma incapacidade para o desempenho de atividade dentro do padro considerado normal para o homem, podendo a gnese estar associada a uma deficincia fsica, auditiva, visual, mental, quer permanentemente, quer temporria.

    Definio dada com base nos conceitos expendidos nas recomendaes n. 99, de 955 e 68, de 983, da Organizao Internacional do Trabalho OIT, aprimorados pela Conveno n. 59, de 983, ratificada pelo Brasil, na Declarao dos Direitos dos Deficientes da Organizao das Naes Unidas ONU, atravs da Resoluo n. 3.447, de 975, no Decreto n. 3.298, de 999, embasado por sua vez em definio adotada pela Organizao Mundial da Sade OMS. (in NIESS, Luciana Toledo Tvora e Pedro Henrique Tvora, Pessoas Portadoras de Deficincia no Direito Brasileiro, So Paulo, Editora Juarez de Oliveira, 2003, p. 2)

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  • 16 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    A Lei Federal n 10.098, de 19 de dezembro de 20002 igualmente definiu a pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida, nos seguintes termos:Art. 2. Para os fins desta Lei so estabelecidas as seguintes definies:...III pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida: a que temporria ou permanen-temente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utiliz-lo.

    Especificamente, a Secretaria de Educao Especial do Ministrio da Educao e Cultura definiu a deficincia mental, para efeito de diagnstico e caracterizao daqueles que a tm:

    Considera-se deficincia mental o funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da mdia, oriundo do perodo de desenvolvimento, concomitante com limitaes associadas a duas ou mais reas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivduo em responder adequadamente s demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicao, cuidados pessoais, habilidades pessoais, desempenho na famlia e comunidade, independncia na locomoo, sade e segurana, desempenho escolar, lazer e trabalho3.

    Em 2004, o Decreto Federal n 5.296, de 2 de dezembro4 considerou, para todos os efeitos legais deste ato normativo, a pessoa portadora de deficincia:

    Art. 5. Os rgos da administrao pblica direta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de servios pblicos e as instituies financeiras devero dispensar atendimento prioritrio s pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida.. Considera-se, para todos os efeitos deste Decreto:I pessoa portadora de deficincia, alm daquelas previstas na Lei n 0.690, de 6 de junho de 20035,

    2 Esta Lei estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e d outras providncias.

    3 Programa de Capacitao de Recursos Humanos do Ensino Fundamental DEFICINCIA MENTAL, Editado pelo MEC (Secretaria de Educao Especial), organizado por Erenice Natlia Soares Carvalho Braslia, 997, p.27. (in NIESS, Luciana Toledo Tvora e Pedro Henrique Tvora, Pessoas Portadoras de Deficincia no Direito Brasileiro, So Paulo, Editora Juarez de Oliveira, 2003, p. 3)

    4 Regulamenta as Leis nos 0.048, de 8 de novembro de 2000, que d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e 0.098, de 9 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critrios bsicos para a promoo da acessibilidade das pessoas portadoras de deficincia ou com mobilidade reduzida, e d outras providncias.

    5 A Lei Federal n. 0.690, de 6 de junho de 2003 define a pessoa portadora de deficincia para os fins que especifica, nos seguintes termos: Art. 2 A vigncia da Lei no 8.989, de 24 de fevereiro de 995, alterada pelo art. 29 da Lei no 9.37, de 5 de dezembro de 996, e pelo art. 2 da Lei no 0.82, de 2 de fevereiro de 200, prorrogada at 3 de dezembro de 2006, com as seguintes alteraes: Art. Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI os automveis de passageiros de fabricao nacional, equipados com motor de cilindrada no superior a dois mil centmetros cbicos, de no mnimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro, movidos a combustveis de origem renovvel ou sistema reversvel de combusto, quando adquiridos por: ... IV pessoas portadoras de deficincia fsica, visual, mental severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermdio de seu representante legal; V ( VETADO) Para a concesso do benefcio previsto no art. considerada tambm pessoa portadora de deficincia fsica aquela que apresenta alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho de funes. 2 Para a concesso do benefcio previsto no art. considerada pessoa portadora de deficincia visual aquela que apresenta acuidade visual igual ou menor que 20/200 (tabela de Snellen) no melhor olho, aps a melhor correo, ou campo visual inferior a 20, ou ocorrncia simultnea de ambas as situaes. 3 Na hiptese do inciso IV, os automveis de passageiros a que se refere o caput sero adquiridos diretamente pelas pessoas que tenham plena capacidade jurdica e, no caso dos interditos, pelos curadores. 4 A Secretaria Especial dos Diretos Humanos da Presidncia da Repblica, nos termos da legislao em vigor e o Ministrio da Sade definiro em ato conjunto os conceitos de pessoas portadoras de

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 17

    a que possui limitao ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:a) deficincia fsica: alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acar-retando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, os-tomia, amputao ou ausncia de membro, paralesia cerebral, nanismo, membros com deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzam dificuldades para o desempenho de funes;b) deficincia auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqncias de 500Hz, .000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;c) deficincia visual: cegueira, na qual a acuidade visual igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; a baixa viso, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correo ptica; os casos nos quais a somatria da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrncia simultnea de quaisquer das condies anteriores;d) deficincia mental: funcionamento intelectual significativamente inferior mdia, com manifes-tao antes dos dezoito anos e limitaes associadas a duas ou mais reas de habilidades adaptativas, tais como:. comunicao;2. cuidado pessoal;3. habilidades sociais;4. utilizao dos recursos da comunidade;5. sade e segurana;6. habilidades acadmicas;7. lazer; e8. trabalho;e) deficincia mltipla - associao de duas ou mais deficincias; eII - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, no se enquadrando no conceito de pessoa portado-ra de deficincia, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou tempo-rariamente, gerando reduo efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenao motora e percepo. 2 O disposto no caput aplica-se, ainda, s pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lactantes e pessoas com criana de colo.

    deficincia mental severa ou profunda, ou autistas, e estabelecero as normas e requisitos para emisso dos laudos de avaliao delas. 5 Os curadores respondem solidariamente quanto ao imposto que deixar de ser pago, em razo da iseno de que trata este artigo. 6 A exigncia para aquisio de automveis equipados com motor de cilindrada no superior a dois mil centmetros cbicos e movidos a combustvel de origem renovvel ou sistema reversvel de combusto aplica-se, inclusive aos portadores de deficincia de que trata o inciso IV do caput deste artigo. (grifo nosso)

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  • 18 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    3 O acesso prioritrio s edificaes e servios das instituies financeiras deve seguir os preceitos estabelecidos neste Decreto e nas normas tcnicas de acessibilidade da Associao Brasileira de Nor-mas Tcnicas - ABNT, no que no conflitarem com a Lei no 7.02, de 20 de junho de 983, ob-servando, ainda, a Resoluo do Conselho Monetrio Nacional no 2.878, de 26 de julho de 200. (grifo nosso)

    O inciso II, do pargrafo primeiro, do artigo 227 da Constituio Federal Brasileira destacou trs clas-ses de deficincia: a fsica, a sensorial e a mental6. Cada uma delas possui peculiaridades prprias, admitindo cada espcie subclassificaes, por considerar o sentido afetado (deficincia sensorial), a limitao fsica (de-ficincia fsica) ou, ainda, a modalidade da deficincia mental. Seja qual for a deficincia, esta ser congnita ou adquirida, comportando diferentes graus.

    J para a Organizao Mundial da Sade, a deficincia classificada em fsica (tetraplegia, paraplegia e outros), mental (leve, moderada, severa e profunda), auditiva (total ou parcial), visual (cegueira total e viso reduzida) e mltipla (duas ou mais deficincias associadas).

    Apesar dos esforos envidados no sentido de buscar uma terminologia mais adequada para definir estas pessoas, ainda hoje persiste a confuso. Assim sendo, vale a pena lembrar que toda pessoa com defi-cincia poder manifestar uma necessidade especial, mas nem toda pessoa com necessidade especial possui uma deficincia.

    J o uso do termo portador tambm vem sendo questionado. Embora ainda se encontre na legisla-o e em boa parte da literatura sobre o assunto, hoje h um consenso de que a expresso imprpria. A de-ficincia no algo que se carrega, no um objeto que se porta durante um certo tempo e depois se desfaz. A deficincia parte constituinte da pessoa. No h como a pessoa se desfazer dela por sua mera vontade. Assim, a pessoa no porta deficincia, ela a possui como integrante de sua identidade, de seu ser.

    Outro equvoco o uso da expresso deficiente fsico para indicar outros tipos de deficincia como, por exemplo, a sensorial e a mental.

    Insta ressaltar, por oportuno, que nem todas as deficincias so aparentes, como por exemplo, uma pessoa com audio reduzida e os surdos.

    Assim, recomenda-se bastante cuidado antes de qualquer concluso precipitada, seja para caracterizar uma deficincia, seja para negar a sua existncia, uma vez em que vivemos numa sociedade que sempre esta-belece padres de perfeio, beleza, inteligncia, etc.

    Uma das maiores preocupaes deste trabalho evitar os rtulos maledicentes, lembrando sempre que o maior problema da pessoa com deficincia no a deficincia em si, mas o tratamento que a mesma recebe por parte da sociedade.

    Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE buscou identificar a realidade

    6 Dispe o inciso II, do artigo 227, da Constituio Federal: Art. 227....II criao de programas de preveno e atendimento especializado para os portadores de deficincia fsica, sensorial ou mental, bem como de integrao social do adolescente portador de deficincia, mediante o treinamento para o trabalho e a convivncia, e a facilitao do acesso aos bens e servios coletivos, com a eliminao de preconceitos e obstculos arquitetnicos.

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 19

    scio-econmica e o nmero destas pessoas com deficincia no Brasil, cujos dados foram colhidos por amos-tragem, por meio de questionrios completos (que incluem perguntas sobre deficientes), passados a cada dez domiclios visitados, ora extrados da home page oficial do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, refletindo apenas uma amostragem da populao do Brasil, e no a totalidade de pessoas com deficincia do pas. Talvez por isso, hoje entendemos porque nunca foram suficientes os recursos aplicados nesta rea.

    Neste trabalho foi utilizado um percentual da OMS Organizao Mundial de Sade, que considera que em pases desenvolvidos, 10% da populao portadora de algum tipo de deficincia.

    No site U.S. Census, do Governo Americano, possvel reparar que o censo de 1995 encontrou 20% (vinte por cento) de pessoas com algum tipo de deficincia.

    Nos Estados Unidos, os deficientes representam 20% da populao. Por este motivo, acredita-se que no Brasil o percentual no pode ser menor que este, considerando-se nosso histrico de pobreza, desnutri-o, falta de preveno, etc.

    Espera-se que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE e o governo brasileiro apurem nmeros mais prximos da realidade ao fazer um levantamento estatstico das pessoas com deficincia, para que seja possvel adotar polticas pblicas e de planejamento na ateno deste considervel segmento popu-lacional, at hoje pouco conhecido e praticamente desprezado.

    Fonte IBGE Censo 2000.Pessoas com Deficincia no BrasilCenso Demogrfico 2000O Censo indica um nmero maior de deficincias do que de deficientes, uma vez que as pessoas includas em mais de um tipo de deficincia foram contadas apenas uma vez (Fonte: IBGE, Censo Demogrfico 2000, nota ), portanto, o nmero de pessoas que apresentam mais de uma deficincia de quase dez milhes.O Censo Brasileiro de 2000 revelou que 4,5% da populao brasileira era portadora de, pelo me-nos, uma das deficincias investigadas pela pesquisa. A maior proporo se encontrava no Nordeste (6,8%) e a menor no Sudeste (3,%).Aps vrias reivindicaes, o IBGE incluiu nos questionrios do Censo um item especfico das PPDs (pessoas portadoras de deficincia). Pela primeira vez, o Brasil conhece e tem uma radiografia da populao com deficincia.Anteriormente, o pas utilizava os dados estimativos da Organizao Mundial da Sade (OMS), sobre os quais os governantes executavam as suas plataformas administrativas, razo pela qual nunca foram suficientes os recursos aplicados s pessoas com deficincia.Havia uma discrepncia enorme entre os dados fornecidos pela OMS e a realidade vivida no Brasil.Os dados apresentados pelo IBGE conferem maior confiana, com uma margem de erro muito pequena.Como podemos perceber, os dados so muito diferentes daqueles que o Pas usava at h algum tempo atrs. Mas, ao analisarmos mais atentamente esses dados, nos assustamos, porque encontramos uma

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  • 20 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    populao de mais de 24,5 milhes de brasileiros com algum tipo de deficincia. Dentre os deficientes visuais, 59.824 responderam que so incapazes de enxergar. J entre os brasileiros com deficincia auditiva, 76.067 responderam que so incapazes de ouvir. Os dados do Censo mostram ainda, que os homens predominam nos casos de deficincia mental, fsica (especialmente no caso de falta de membro ou parte dele) e auditiva. O resultado compatvel com o tipo de atividade desenvolvida pelos homens e mostra que os acidentes de trabalho vm contribuindo no aumento destes ndices. Entre as mulheres, predominam as dificuldades motoras (incapacidade de caminhar ou subir esca-das) ou visuais, o que at certo ponto coerente porque elas dominam na composio por sexo da populao e idade acima de 60 anos. Tambm, ao somarmos o nmero de deficientes fsicos com o dos motores, temos um total de 3,9% de pessoas com dificuldades fsicas, ou seja, 6,59 milhes de brasileiros7.

    Os dados que estavam disponveis nesta rea, alm de serem parciais e contraditrios, eram estimativas de pases em desenvolvimento, mas com dificuldades muito menores que as nossas.

    Finalmente, conseguimos mostrar a cara do Brasil deficiente. Conseguimos mostrar que de cada 100 brasileiros, no mnimo 14 apresentam alguma limitao fsica ou sensorial. Esta ltima em nmero muito maior em relao quela. Por outro lado, os dados nos jogam para uma dura e triste realidade. Onde esto estes cidados e cidads? Esto trabalhando? Esto na escola? Tm acesso sade, ao lazer, ao prazer, ao tra-balho...? Realmente, so perguntas que no podem calar diante de tais dados. No podemos deix-los sem resposta. Afinal, estamos num novo sculo, num novo milnio, na era tecnolgica... Toda a sociedade espera estas respostas.

    7 Informaes colhidas da obra O Deficiente sem Fronteiras Informao continuada como ferramenta de eficincia, de autoria da ATRADEF Associao Trabalhista de Defesa dos Interesses das Pessoas com Deficincia.

    definies

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  • Dos Direitos e GArAntiAs DAs pessoAs Com DefiCinCiA

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 23

    introDuo

    Os direitos das pessoas com deficincia receberam maior ateno com a proclamao da Declarao Universal dos Direitos do Homem e do Cidado, em 10 de dezembro de 1948 e com a Declarao dos Direitos das Pessoas Deficientes, em 9 de dezembro de 1975, pela ONU Organizao das Naes Unidas. Ainda, em 3 de dezembro de 1982 a ONU elaborou o Programa de Ao Mundial para as Pessoas com Deficincia, sendo o Brasil aderente de todos esses documentos.

    Cabe considerar que a Carta de 1988, como marco jurdico da transio ao regime democrtico, am-pliou significativamente o campo dos direitos e garantias fundamentais, assegurando o exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justia, como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos...

    So, portanto, objetivos fundamentais do Estado Brasileiro construir uma sociedade justa, livre e soli-dria, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalizao, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao, assegurando os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana como um imperativo de justia social.

    Desta forma, o valor da dignidade da pessoa humana impe-se como ncleo bsico e informador de todo ordenamento jurdico, como critrio e parmetro de valorao a orientar a interpretao e compreenso do sistema constitucional.

    Infere-se, pois, que o valor da dignidade humana e o valor dos direitos e garantias fundamentais vm a constituir os princpios constitucionais, conferindo suporte axiolgico a todo o sistema jurdico brasileiro.

    A inovao trazida pela Carta de 1988 inclui, alm do alargamento da dimenso dos direitos e garan-tias, no apenas os direitos civis e polticos, mas tambm os sociais.

    Nesta tica, a Constituio Federal de 1988 acolhe o princpio da indivisibilidade e interdependncia dos direitos humanos. Foram acrescidos aos direitos individuais, os direitos coletivos e difusos aqueles pertinentes a uma certa classe ou categoria social.

    A nossa Carta Magna prev em seus artigos 1 e 38, dentre outros fundamentos, o respeito dignidade

    8 Dispem os artigos e 3 da Constituio Federal: Art. A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo poltico. Pargrafo nico. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituio...Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    introduo

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  • 24 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    da pessoa humana e a promoo do bem comum, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminao.

    O Poder Pblico, em especial a Administrao Federal, tem o dever de assegurar s pessoas com defi-cincia o pleno exerccio e a viabilizao de seus direitos individuais e sociais, sua completa integrao social; promover aes governamentais visando ao cumprimento dessa e das demais leis; conferir tratamento prio-ritrio e adequado aos assuntos relativos s pessoas com deficincia; implementar a Poltica Nacional para a integrao da Pessoa com Deficincia, com a criao e o desenvolvimento de planos, programas e projetos especficos, alm do dever de executar essa Poltica.

    Dentre os direitos garantidos pela Constituio Federal e pela criada Lei Federal n 7.853, de 24 de outubro de 1989, (que dispe sobre o apoio s pessoas com deficincia, sua integrao social e sobre a COR-DE Coordenadoria Nacional para Integrao da Pessoa com Deficincia, aborda a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas e as responsabilidades do Ministrio Pblico e, ainda, define como crime, punvel com recluso, obstar sem justa causa, o acesso de algum a qualquer cargo pblico, por motivos derivados de sua deficincia, bem como negar-lhe, pelo mesmo motivo, emprego ou trabalho), s pessoas com deficincia, destacam-se:

    o direito igualdade de tratamento e oportunidade; o direito de ir e vir, isto , a acessibilidade a edifcios, logradouros, vias pblicas, transportes, etc.; o direito justia social; o respeito dignidade da pessoa humana; o bem-estar pessoal, social e econmico; o direito de no sofrer discriminao e preconceito; o direito educao, bem como a adoo de educao especial que abranja, dentre outras coisas,

    programas de habilitao e reabilitao de profissionais; o direito sade e assistncia social, alm da adoo de programas voltados s pessoas com

    deficincia e que lhes propiciem a integrao social; o direito ao trabalho, com garantia de apoio governamental formao profissional e reserva de

    mercado de trabalho pessoas com deficincia; o direito ao lazer, cultura, previdncia social, ao amparo, infncia e maternidade.Dessa forma, por meio da Lei Federal n 7.853/89, foi criada a Coordenadoria Nacional para Inte-

    grao da Pessoa Portadora de Deficincia CORDE, rgo incumbido de elaborar os planos e programas que compem a Poltica Nacional para Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia, bem como propor medidas que garantam sua completa implantao e seu adequado desenvolvimento, alm de acompanhar e orientar a execuo dessa Poltica. Ainda, na elaborao dos planos e programas a seu cargo, o CORDE dever, dentre outros, considerar a necessidade de ser oferecido efetivo apoio s entidades privadas volta-das integrao social da pessoa com deficincia (artigo 14, pargrafo 2, inciso II, do Decreto Federal n 3.298/99).

    introduo

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 25

    J o Decreto Federal n 914, de 6 de setembro de 1993, atualizado em 20 de dezembro de 1999 pelo Decreto n 3.298, que regulamenta a Lei Federal n 7.853/89, instituiu a Poltica Nacional para a Integrao da Pessoa Portadora de Deficincia, executada sob coordenao da CORDE, com o objetivo de assegurar o pleno exerccio dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficincia, adotando, dentre outros, os seguintes princpios, fins, diretrizes e instrumentos:

    a ao conjunta entre Estado e sociedade para assegurar a plena integrao das pessoas com deficincia no contexto scio-econmico-cultural;

    o respeito a essas pessoas com garantia da igualdade de oportunidades na sociedade, sem privilgios ou paternalismos;

    o acesso, ingresso e permanncia de pessoas com deficincia em todos os servios oferecidos comunidade;

    o desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das necessidades especiais das pessoas com deficincia;

    o estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais que assegurem s pessoas com deficincia o pleno exerccio de seus direitos bsicos que, decorrentes da Constituio e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econmico;

    a incluso das pessoas com deficincia, respeitadas as suas peculiaridades, em todas as iniciativas governamentais relacionadas educao, sade, trabalho, edificao pblica, previdncia social, assistncia social, transporte, habitao, cultura, esporte e lazer;

    a ampliao de alternativas de insero econmica das pessoas com deficincia, proporcionando sua qualificao profissional e incorporao no mercado de trabalho;

    a integrao das aes dos rgos e entidades pblicos e privados nas reas da sade, educao, trabalho, transporte, assistncia social, edificao pblica, previdncia social, habitao, cultura, desporto e lazer, visando preveno das deficincias, eliminao de suas mltiplas causas e incluso social;

    a formao de recursos humanos para atendimento das pessoas com deficincia; a garantia da efetividade dos programas de preveno, de atendimento especializado e de incluso

    social; o fomento formao de recursos humanos para adequado e eficiente atendimento das pessoas

    com deficincia; a aplicao da legislao especfica que disciplina a reserva de mercado de trabalho em favor das

    pessoas com deficincia, nos rgos e nas entidades pblicos e privados; o fomento da tecnologia de bioengenharia voltada para a pessoa com deficincia, bem como a

    facilitao da importao de equipamentos; e a fiscalizao do cumprimento da legislao pertinente s pessoas com deficincia.Ademais, os direitos e interesses das pessoas com deficincia podem ser protegidos e assegurados por

    meio de Ao Civil Pblica, proposta pelo Ministrio Pblico ou pelas demais pessoas legitimadas por lei

    introduo

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  • 26 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    (artigo 3, da Lei Federal n 7.853/899).Sero consideradas crime contra o exerccio dos direitos das pessoas com deficincia as condutas

    previstas no artigo 8 da Lei Federal n 7.853/89, isto , as aes ou omisses que estiverem dessa forma descritas em lei10.

    Apesar de toda esta preocupao, ser que estes cidados tm acessibilidade aos direitos e garantias que lhe so previstos?

    9 Estabelece o artigo 3 da Lei Federal n 7.853/89: Art. 3 As aes civis pblicas destinadas proteo de interesses coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficincia podero ser propostas pelo Ministrio Pblico, pela Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal; por associao constituda h mais de (um) ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pblica, fundao ou sociedade de economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteo das pessoas portadoras de deficincia.

    0 Dispe o artigo 8 da Lei Federal n 7.853/89: Art. 8 Constitui crime punvel com recluso de (um) a 4 (quatro) anos, e multa: I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrio de aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, pblico ou privado, por motivos derivados da deficincia que porta; II - obstar, sem justa causa, o acesso de algum a qualquer cargo pblico, por motivos derivados de sua deficincia; III - negar, sem justa causa, a algum, por motivos derivados de sua deficincia, emprego ou trabalho; IV - recusar, retardar ou dificultar internao ou deixar de prestar assistncia mdico-hospitalar e ambulatorial, quando possvel, pessoa portadora de deficincia; V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execuo de ordem judicial expedida na ao civil a que alude esta Lei; VI - recusar, retardar ou omitir dados tcnicos indispensveis propositura da ao civil objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministrio Pblico.

    introduo

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 27

    DA ACessiBiliDADe

    Toda pessoa com deficincia ou com mobilidade reduzida, tem os seus direitos assegurados pela De-clarao Universal dos Direitos Humanos, pela Carta de 1988, pela Organizao das Naes Unidas, pela Organizao Mundial da Sade e demais legislaes federais, estaduais e municipais, leis estas que objetivam a concretizao efetiva de uma cidade humanizada e com acessibilidade a todos os direitos que lhe so garan-tidos, como tambm o acesso dessas pessoas com deficincias a locais pblicos e privados, garantindo-lhes sua incluso social, no que concerne: acessibilidade para pessoas com deficincia motora, visual, auditiva e mental, conforme sua peculiaridade.

    O Decreto Federal n 5.296, de 2 de dezembro de 2004, que regulamenta as Leis Federais ns 10.048, de 8 de novembro de 200011, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, define a acessibilidade e estabelece as modalidades de barreiras, em seu artigo 8, verbis:

    Art. 8o Para os fins de acessibilidade, considera-se:I - acessibilidade: condio para utilizao, com segurana e autonomia, total ou assistida, dos espa-os, mobilirios e equipamentos urbanos, das edificaes, dos servios de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicao e informao, por pessoa portadora de deficincia ou com mobili-dade reduzida;II - barreiras: qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o acesso, a liberdade de movi-mento, a circulao com segurana e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso informao, classificadas em:a) barreiras urbansticas: as existentes nas vias pblicas e nos espaos de uso pblico;b) barreiras nas edificaes: as existentes no entorno e interior das edificaes de uso pblico e coletivo e no entorno e nas reas internas de uso comum nas edificaes de uso privado multifamiliar;c) barreiras nos transportes: as existentes nos servios de transportes; ed) barreiras nas comunicaes e informaes: qualquer entrave ou obstculo que dificulte ou impos-sibilite a expresso ou o recebimento de mensagens por intermdio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicao, sejam ou no de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso informao;...

    Esta Lei d prioridade de atendimento s pessoas que especifica, e d outras providncias.

    da acessiBilidade

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  • 28 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    V - ajuda tcnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmen-te projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida;VI - edificaes de uso pblico: aquelas administradas por entidades da administrao pblica, dire-ta e indireta, ou por empresas prestadoras de servios pblicos e destinadas ao pblico em geral;VII - edificaes de uso coletivo: aquelas destinadas s atividades de natureza comercial, hoteleira, cultural, esportiva, financeira, turstica, recreativa, social, religiosa, educacional, industrial e de sade, inclusive as edificaes de prestao de servios de atividades da mesma natureza;VIII - edificaes de uso privado: aquelas destinadas habitao, que podem ser classificadas como unifamiliar ou multifamiliar; eIX - desenho universal: concepo de espaos, artefatos e produtos que visam atender simultaneamen-te todas as pessoas, com diferentes caractersticas antropomtricas e sensoriais, de forma autnoma, segura e confortvel, constituindo-se nos elementos ou solues que compem a acessibilidade.

    de se notar que a Lei Federal n 10.098/2000 obriga que toda construo, ampliao ou reforma de edifcios pblicos ou privados destinados ao uso coletivo devero ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessveis s pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida e institui, no mbito da Secretaria de Estado de Direitos Humanos do Ministrio da Justia, o Programa Nacional de Acessibilidade, cuja execuo ser disciplinada em regulamento12.

    Como visto, para facilitar a locomoo e a acessibilidade fsica pela pessoa com deficincia, a Consti-tuio Federal e o Decreto Federal n 5.296/2004 estabelecem normas gerais e critrios bsicos para a pro-moo da acessibilidade das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida, cujos dispositivos seguem abaixo transcritos.

    O artigo 227, pargrafo 2, da Constituio Federal prev: Art. 227 ...2 - A lei dispor sobre normas de construo dos logradouros e dos edifcios de uso pblico e de fabricao de veculos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado s pessoas portadoras de deficincia.

    J o Decreto Federal n 5.296/2004 estabelece:Art. 0. A concepo e a implantao dos projetos arquitetnicos e urbansticos devem atender aos princpios do desenho universal, tendo como referncias bsicas as normas tcnicas de acessibilidade da ABNT, a legislao especfica e as regras contidas neste Decreto....Art. . A construo, reforma ou ampliao de edificaes de uso pblico ou coletivo, ou a mudana

    2 Estabelece o artigo 22 da Lei Federal n 0.098/2000: DAS MEDIDAS DE FOMENTO ELIMINAO DE BARREIRAS Art. 22. institudo, no mbito da Secretaria de Estado de Direitos Humanos do Ministrio da Justia, o Programa Nacional de Acessibilidade, com dotao oramentria especfica, cuja execuo ser disciplinada em regulamento.

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 29

    de destinao para estes tipos de edificao, devero ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessveis pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida. As entidades de fiscalizao profissional das atividades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao anotarem a responsabilidade tcnica dos projetos, exigiro a responsabilidade profissional decla-rada do atendimento s regras de acessibilidade previstas nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT, na legislao especfica e neste Decreto. 2 Para a aprovao ou licenciamento ou emisso de certificado de concluso de projeto arquitet-nico ou urbanstico dever ser atestado o atendimento s regras de acessibilidade previstas nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT, na legislao especfica e neste Decreto. 3 O Poder Pblico, aps certificar a acessibilidade de edificao ou servio, determinar a colo-cao, em espaos ou locais de ampla visibilidade, do Smbolo Internacional de Acesso, na forma prevista nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei no 7.405, de 2 de novembro de 985....Art. 4. Na promoo da acessibilidade, sero observadas as regras gerais previstas neste Decreto, complementadas pelas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT e pelas disposies contidas na legislao dos Estados, Municpios e do Distrito Federal....Art. 8. A construo de edificaes de uso privado multifamiliar e a construo, ampliao ou reforma de edificaes de uso coletivo devem atender aos preceitos da acessibilidade na interligao de todas as partes de uso comum ou abertas ao pblico, conforme os padres das normas tcnicas de acessibilidade da ABNT.Pargrafo nico. Tambm esto sujeitos ao disposto no caput os acessos, piscinas, andares de recre-ao, salo de festas e reunies, saunas e banheiros, quadras esportivas, portarias, estacionamentos e garagens, entre outras partes das reas internas ou externas de uso comum das edificaes de uso privado multifamiliar e das de uso coletivo....Art. 20. Na ampliao ou reforma das edificaes de uso pbico ou de uso coletivo, os desnveis das reas de circulao internas ou externas sero transpostos por meio de rampa ou equipamento ele-tromecnico de deslocamento vertical, quando no for possvel outro acesso mais cmodo para pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida, conforme estabelecido nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT....Art. 22. A construo, ampliao ou reforma de edificaes de uso pblico ou de uso coletivo devem dispor de sanitrios acessveis destinados ao uso por pessoa portadora de deficincia ou com mobili-dade reduzida....

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  • 30 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    3 Nas edificaes de uso coletivo a serem construdas, ampliadas ou reformadas, onde devem exis-tir banheiros de uso pblico, os sanitrios destinados ao uso por pessoa portadora de deficincia deve-ro ter entrada independente dos demais e obedecer s normas tcnicas de acessibilidade da ABNT. 4 Nas edificaes de uso coletivo j existentes, onde haja banheiros destinados ao uso pblico, os sanitrios preparados para o uso por pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida devero estar localizados nos pavimentos acessveis, ter entrada independente dos demais sanitrios, se houver, e obedecer as normas tcnicas de acessibilidade da ABNT....Art. 25. Nos estacionamentos externos ou internos das edificaes de uso pblico ou de uso coletivo, ou naqueles localizados nas vias pblicas, sero reservados, pelo menos, dois por cento do total de vagas para veculos que transportem pessoa portadora de deficincia fsica ou visual definidas neste Decreto, sendo assegurada, no mnimo, uma vaga, em locais prximos entrada principal ou ao elevador, de fcil acesso circulao de pedestres, com especificaes tcnicas de desenho e traado conforme o estabelecido nas normas tcnicas de acessibilidade da ABNT. Os veculos estacionados nas vagas reservadas devero portar identificao a ser colocada em lo-cal de ampla visibilidade, confeccionado e fornecido pelos rgos de trnsito, que disciplinaro sobre suas caractersticas e condies de uso, observando o disposto na Lei no 7.405, de 985. 2 Os casos de inobservncia do disposto no estaro sujeitos s sanes estabelecidas pelos rgos competentes. 3 Aplica-se o disposto no caput aos estacionamentos localizados em reas pblicas e de uso coletivo. 4 A utilizao das vagas reservadas por veculos que no estejam transportando as pessoas citadas no caput constitui infrao ao art. 8, inciso XVII, da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 997.Art. 26. Nas edificaes de uso pblico ou de uso coletivo, obrigatria a existncia de sinalizao visual e ttil para orientao de pessoas portadoras de deficincia auditiva e visual, em conformidade com as normas tcnicas de acessibilidade da ABNT.Art. 27. A instalao de novos elevadores ou sua adaptao em edificaes de uso pblico ou de uso coletivo, bem assim a instalao em edificao de uso privado multifamiliar a ser construda, na qual haja obrigatoriedade da presena de elevadores, deve atender aos padres das normas tcnicas de acessibilidade da ABNT. No caso da instalao de elevadores novos ou da troca dos j existentes, qualquer que seja o n-mero de elevadores da edificao de uso pblico ou de uso coletivo, pelo menos um deles ter cabine que permita acesso e movimentao cmoda de pessoa portadora de deficincia ou com mobilidade reduzida, de acordo com o que especifica as normas tcnicas de acessibilidade da ABNT. 2 Junto s botoeiras externas do elevador, dever estar sinalizado em braile em qual andar da edificao a pessoa se encontra. 3 Os edifcios a serem construdos com mais de um pavimento alm do pavimento de acesso,

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 31

    exceo das habitaes unifamiliares e daquelas que estejam obrigadas instalao de elevadores por legislao municipal, devero dispor de especificaes tcnicas e de projeto que facilitem a instalao de equipamento eletromecnico de deslocamento vertical para uso das pessoas portadoras de deficin-cia ou com mobilidade reduzida. 4 As especificaes tcnicas a que se refere o 3 devem atender:I - a indicao em planta aprovada pelo poder municipal do local reservado para a instalao do equipamento eletromecnico, devidamente assinada pelo autor do projeto;II - a indicao da opo pelo tipo de equipamento (elevador, esteira, plataforma ou similar);III - a indicao das dimenses internas e demais aspectos da cabine do equipamento a ser instalado; eIV - demais especificaes em nota na prpria planta, tais como a existncia e as medidas de botoeira, espelho, informao de voz, bem como a garantia de responsabilidade tcnica de que a estrutura da edificao suporta a implantao do equipamento escolhido.

    No que tange ao acesso comunicao e informao, o diploma legal supramencionado tambm resguarda estes direitos s pessoas com deficincia, em seus artigos 47 a 60, merecendo destaque os ser-vios de radiodifuso sonora e de sons e imagens, que devero adotar plano de medidas tcnicas com o escopo de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra substituio, para garantir o direito de acesso informao s pessoas com deficincia auditiva e visual, na forma e prazo previstos em regulamento, mediante norma complementar pelo Ministrio das Comunicaes. Esta regulamentao dever prever a utilizao, entre outros, dos sistemas de reproduo das mensagens veiculadas s pessoas com defici-ncia auditiva e visual, consistentes na substituio, por meio de legenda oculta; no uso de janela com intrprete de LIBRAS Linguagem Brasileira de Sinais e, na descrio e narrao em voz de cenas e imagem.

    Com relao deficincia auditiva, existem vrios tipos de surdos: oralizados, sinalizados, bilnges e bimodais, essa classificao existe porque existem surdos que usam diferentes mtodos de comunicao. A acessibilidade predominante ocorre pela viso, por meio do sistema closed caption e pela comunicao atravs dos sinais dos dedos das mos, mais conhecida como LIBRAS, garantindo a lei que todos os rgos pblicos devem ter um funcionrio com esta qualificao para um contato mais efetivo com a pessoa com deficincia.

    Atualmente em vigor, a Lei Federal n 7.405, de 12 de novembro de 1985, torna obrigatria a colo-cao do Smbolo Internacional de Acesso em todos os locais e servios que permitam sua utilizao por pessoas com deficincia, nos termos que especifica.

    J a Lei Federal n 8.160, de 8 de janeiro de 1991, torna obrigatria a colocao do Smbolo Interna-cional de Surdez em todos os locais que possibilitem acesso, circulao e utilizao por pessoas com deficincia auditiva, bem como em todos os servios que forem postos sua disposio ou que possibilitem o seu uso.

    Na cidade de So Paulo, o Decreto Municipal n 45.552, de 29 de novembro de 2004 disps sobre o Selo de Acessibilidade, este institudo pelo Decreto Municipal n 37.648, de 25 de setembro de 1998, que dever estar obrigatoriamente afixado nas edificaes que menciona.

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  • 32 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    Ao deficiente visual, a acessibilidade se d por meio de piso ttil, que representa uma linha-guia per-ceptvel sensibilidade do deficiente visual, bem como pelo sistema Braille para comunicao visual. A Lei Federal n 9.610/9813 diz que no constitui ofensa aos direitos autorais a reproduo, sem fins comerciais, de obras literrias, artsticas ou cientficas, pelo sistema Braille, para deficientes visuais14.

    Em 27 de junho de 2005 sobreveio a Lei Federal n 11.126 para dispor sobre o direito da pessoa com deficincia visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de co-guia, cons-tituindo ato de discriminao, a ser apenado com interdio e multa, sua violao.

    A Lei Estadual Paulista n 12.295, de 7 de maro de 2006, estabelece que a Secretaria da Educao do Estado de So Paulo dever atender s solicitaes dos alunos com deficincia visual, matriculados nas escolas estaduais e particulares, para a impresso na linguagem em Braille dos livros, apostilas e outros ma-teriais pedaggicos.

    Ainda no mbito estadual paulista, a Lei n 11.263, de 12 de novembro de 2002 estabelece normas e critrios para a promoo da acessibilidade das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzida.

    Torna-se necessria, de igual, a utilizao dos chamados semforos sonoros para facilitar a acessibili-dade destas pessoas com deficincia visual que, timidamente, vm sendo aplicados em alguns lugares.

    J a deficincia mental, notadamente caracterizada pela paralisia cerebral, poder ser mais leve, caso em que sero adotadas as mesmas necessidades da coordenao motora, at a mais grave, situao em que o deficiente necessitar, indubitavelmente, da ajuda de terceiros para realizar qualquer tipo de atividade. Neste ltimo caso, destacamos o portador de deficincia mltipla e tambm o deficiente de natureza grave como, por exemplo, o tetraplgico.

    Na cidade de So Paulo, foi criada a Comisso Permanente de Acessibilidade (CPA), que um rgo consultivo e deliberativo acerca das normas e legislao sobre acessibilidade. Coordena aes integradas nas diversas secretarias da administrao municipal para a eliminao de barreiras arquitetnicas e de comunica-o e tem como atribuio assegurar a acessibilidade das pessoas com deficincia ou com mobilidade reduzi-da a edificaes, vias e espaos pblicos, transportes, mobilirio, equipamentos urbanos e de comunicao.

    Dessa forma, no tocante deficincia motora, a acessibilidade diz respeito mobilidade em logradou-ros e reas pblicas e privadas, construes e meios de transporte.

    Ainda que a questo da mobilidade urbana passe pelo planejamento e pelos recursos oramentrios disponveis, o deficiente fsico enfrenta o complexo e difcil problema do sistema de transporte. O deficiente com necessidade de veculo adaptado muitas vezes se depara com a falta de humanizao no atendimento e sensibilidade das autoridades que, historicamente, excluram o problema da mobilidade das pessoas com deficincia de suas agendas e debates.

    3 Esta Lei altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.

    4 Dispe o artigo 46, inciso I, alnea d, da Lei Federal n 9.60/98: Art. 46. No constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reproduo: ...d) de obras literrias, artsticas ou cientficas, para uso exclusivo de deficientes visuais, sempre que a reproduo, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatrios...

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    A acessibilidade em edificaes outro tema de relevncia para assegurar condies de circulao e uso por todas as pessoas, independentemente de suas caractersticas fsicas15.

    Assim sendo, todos os espaos onde h circulao de pessoas devem estar adaptados ao uso por pes-soas com deficincia ou mobilidade reduzida. O nvel da adaptao depende da capacidade de lotao e do tipo de uso desses locais. Exigncias so feitas aos vrios tipos de edificao, dentre elas, de estacionamentos, edifcios residenciais, pblicos e coletivos, com qualquer capacidade de lotao.

    5 Na cidade de Santos, no Estado de So Paulo, foi elaborado um Guia Prtico para Eliminao e Transposio de Barreiras Arquitetnicas, denominado Cartilha Santos para Todos, com o objetivo de orientar os responsveis por condomnios, estabelecimentos comerciais e de servios a melhor forma de tornar sua edificao acessvel, com o fim de eliminar barreiras fsicas, que reafirmam barreiras sociais. Este guia alicera-se na Lei Federal n 0.098/2000, nas Normas ABNT NBR 9050/2004 (que trata da acessibilidade a edificaes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos) e NBR 3.994/2000 (que dispe sobre elevadores de passageiros elevadores de transporte de pessoa portadora de deficincia) e no Decreto Federal n 5.296/2004.

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 35

    DA sADe e DA AssistnCiA soCiAl

    Constituem aes primrias de sade pelo Poder Pblico a promoo sade, a preveno primria e a deteco precoce de deficincias na:

    a) assistncia criana; b) assistncia ao adolescente; c) assistncia mulher; d) assistncia ao trabalhador; e) assistncia ao idoso; f ) preveno de incapacidades, eg) Programa de Estimulao do Desenvolvimento Neuropsicomotor.As aes secundrias referem-se ao acompanhamento e controle dos grupos de risco para instalao de

    incapacidade; grupos de ressocializao e promoo de autonomia; grupos de orientao e acompanhamento de usurios com incapacidade instalada, leve e moderada; grupos de estimulao global do desenvolvimento de crianas deficientes; intervenes teraputicas visando manuteno do grau de autonomia alcanado; diagns-tico da deficincia; avaliaes setoriais; consultas especializadas; exames complementares; aes bsicas de reabi-litao, ressocializao e integrao social; visita e atendimento domiciliar e concesso de rteses e prteses.

    Finalmente, as aes tercirias dizem respeito s aes complexas e hospitalares.A Lei Federal n 9.656, de 3 de junho de 1.998 regula Planos de Seguros Privados e de Assistncia

    Sade assegurando, em seu artigo 14, a participao da pessoa com deficincia: Art. 4. Em razo da idade do consumidor, ou da condio de pessoa portadora de deficincia, ningum pode ser impedido de participar de planos privados de assistncia sade.

    J o Decreto Federal n 3.298/99, em seus artigos 16 a 23, fixa uma srie de garantias, como atendi-mento domiciliar e psicolgico, reabilitao e ajuda tcnica, que inclui prteses e equipamentos16.

    6 Dispem os artigos 6 a 23 do Decreto Federal n 3298/99: Art. 6. Os rgos e as entidades da Administrao Pblica Federal direta e indireta responsveis pela sade devem dispensar aos assuntos objeto deste Decreto tratamento prioritrio e adequado, viabilizando, sem prejuzo de outras, as seguintes medidas: I - a promoo de aes preventivas, como as referentes ao planejamento familiar, ao aconselhamento gentico, ao acompanhamento da gravidez, do parto e do puerprio, nutrio da mulher e da criana, identificao e ao controle da gestante e do feto de alto risco, imunizao, s doenas do metabolismo e seu diagnstico, ao encaminhamento precoce de outras doenas causadoras de deficincia, e deteco precoce das doenas crnico-degenerativas e a outras potencialmente incapacitantes; II - o desenvolvimento de programas especiais de preveno de acidentes domsticos, de trabalho, de trnsito e outros, bem como o desenvolvimento de programa para tratamento adequado a suas vtimas; III - a criao de rede de servios regionalizados, descentralizados e hierarquizados em crescentes nveis de complexidade, voltada ao atendimento sade e reabilitao da pessoa portadora de deficincia, articulada com os servios sociais, educacionais e com o trabalho; IV - a garantia de acesso da pessoa portadora de deficincia aos estabelecimentos de sade pblicos e privados e de seu adequado tratamento sob normas tcnicas e padres de conduta apropriados; V - a garantia de atendimento domiciliar

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    O Decreto Federal n 5.085, de 19 de maio de 2004, por sua vez, define as aes continuadas de assistncia social que visam ao atendimento peridico e sucessivo, notadamente, s pessoas com deficincia17.

    A assistncia social compreende um conjunto de aes de incluso e proteo social s pessoas com deficincia que estejam em situao de vulnerabilidade social, sendo regulada pela Lei Federal n 8.742, de 7 de dezembro de 199318, abrangendo:

    Informao e orientao ao muncipe portador de deficincia e seus familiares; Apoio tcnico para a incluso de crianas, adolescentes e adultos com deficincia nos diversos

    servios da SAS; Reabilitao social atravs de convnios com entidades sociais especializadas que oferecem

    programas de sociabilizao, pr-profissionalizao ou capacitao profissional para pessoas com deficincia;

    Apoio e orientao scio-familiar para famlias de pessoas com deficincia.

    de sade ao portador de deficincia grave no internado; VI - o desenvolvimento de programas de sade voltados para a pessoa portadora de deficincia, desenvolvidos com a participao da sociedade e que lhes ensejem a incluso social; e VII - o papel estratgico da atuao dos agentes comunitrios de sade e das equipes de sade da famlia na disseminao das prticas e estratgias de reabilitao baseada na comunidade. Para os efeitos deste Decreto, preveno compreende as aes e medidas orientadas a evitar as causas das deficincias que possam ocasionar incapacidade e as destinadas a evitar sua progresso ou derivao em outras incapacidades. 2 A deficincia ou incapacidade deve ser diagnosticada e caracterizada por equipe multidisciplinar de sade, para fins de concesso de benefcios e servios. 3 As aes de promoo da qualidade de vida da pessoa portadora de deficincia devero tambm assegurar a igualdade de oportunidades no campo da sade. Art. 7. beneficiria do processo de reabilitao a pessoa que apresenta deficincia, qualquer que seja sua natureza, agente causal ou grau de severidade. Considera-se reabilitao o processo de durao limitada e com objetivo definido, destinado a permitir que a pessoa com deficincia alcance o nvel fsico, mental ou social funcional timo, proporcionando-lhe os meios de modificar sua prpria vida, podendo compreender medidas visando a compensar a perda de uma funo ou uma limitao funcional e facilitar ajustes ou reajustes sociais. 2 Para efeito do disposto neste artigo, toda pessoa que apresente reduo funcional devidamente diagnosticada por equipe multiprofissional ter direito a beneficiar-se dos processos de reabilitao necessrios para corrigir ou modificar seu estado fsico, mental ou sensorial, quando este constitua obstculo para sua integrao educativa, laboral e social. Art. 8. Incluem-se na assistncia integral sade e reabilitao da pessoa portadora de deficincia a concesso de rteses, prteses, bolsas coletoras e materiais auxiliares, dado que tais equipamentos complementam o atendimento, aumentando as possibilidades de independncia e incluso da pessoa portadora de deficincia. Art. 9. Consideram-se ajudas tcnicas, para os efeitos deste Decreto, os elementos que permitem compensar uma ou mais limitaes funcionais motoras, sensoriais ou mentais da pessoa portadora de deficincia, com o objetivo de permitir-lhe superar as barreiras da comunicao e da mobilidade e de possibilitar sua plena incluso social. Pargrafo nico. So ajudas tcnicas: I - prteses auditivas, visuais e fsicas; II - rteses que favoream a adequao funcional; III - equipamentos e elementos necessrios terapia e reabilitao da pessoa portadora de deficincia; IV - equipamentos, maquinarias e utenslios de trabalho especialmente desenhados ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficincia; V - elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessrios para facilitar a autonomia e a segurana da pessoa portadora de deficincia; VI - elementos especiais para facilitar a comunicao, a informao e a sinalizao para pessoa portadora de deficincia; VII - equipamentos e material pedaggico especial para educao, capacitao e recreao da pessoa portadora de deficincia; VIII - adaptaes ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e a autonomia pessoal; e IX - bolsas coletoras para os portadores de ostomia. Art. 20. considerado parte integrante do processo de reabilitao o provimento de medicamentos que favoream a estabilidade clnica e funcional e auxiliem na limitao da incapacidade, na reeducao funcional e no controle das leses que geram incapacidades. Art. 2. O tratamento e a orientao psicolgica sero prestados durante as distintas fases do processo reabilitador, destinados a contribuir para que a pessoa portadora de deficincia atinja o mais pleno desenvolvimento de sua personalidade. Pargrafo nico. O tratamento e os apoios psicolgicos sero simultneos aos tratamentos funcionais e, em todos os casos, sero concedidos desde a comprovao da deficincia ou do incio de um processo patolgico que possa origin-la. Art. 22. Durante a reabilitao, ser propiciada, se necessria, assistncia em sade mental com a finalidade de permitir que a pessoa submetida a esta prestao desenvolva ao mximo suas capacidades. Art. 23. Ser fomentada a realizao de estudos epidemiolgicos e clnicos, com periodicidade e abrangncia adequadas, de modo a produzir informaes sobre a ocorrncia de deficincias e incapacidades.

    7 Estabelece o artigo do Decreto Federal n 5.085/2004: Art. So consideradas aes continuadas de assistncia social aquelas financiadas pelo Fundo Nacional de Assistncia Social que visem ao atendimento peridico e sucessivo famlia, criana, ao adolescente, pessoa idosa e portadora de deficincia, bem como as relacionadas com os programas de Erradicao do Trabalho Infantil, da Juventude e de Combate Violncia contra Crianas e Adolescentes.

    8 Esta Lei dispe sobre a organizao da Assistncia Social e d outras providncias.

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    O artigo 203 da Constituio Federal19 prev a obrigao da habilitao e reabilitao, pelo Poder P-blico, e a promoo na vida comunitria, como tambm o benefcio mensal de um salrio mnimo, pessoa com deficincia, independentemente de prvio custeio, se dele necessitar. O auxlio deve ser requisitado nas agncias do INSS Instituto Nacional da Seguridade Social.

    A Lei Federal n 7.070, de 20 de dezembro de 1982, alterada pela Medida Provisria n 2.187, de 2001, e pela Lei Federal n 10.877, de 4 de junho de 2004, estabelece que cabe ao Poder Pblico conceder penso especial, mensal, vitalcia e intransfervel aos portadores de deficincia fsica conhecida como Sn-drome da Talidomida que a requererem, mediante comprovao de atestado mdico, devida a partir da entrada do pedido de pagamento junto ao INSS, compreendendo a incapacidade para o trabalho, para a deambulao, para a higiene pessoal e para a prpria alimentao, atribuindo-se a cada uma 1 ou 2 pontos, respectivamente, conforme seja o seu grau parcial ou total. Este benefcio ter natureza indenizatria, no prejudicando eventuais benefcios de natureza previdenciria e no poder ser reduzido em razo de even-tual aquisio de capacidade laborativa ou de reduo de incapacidade para o trabalho, ocorridas aps sua concesso.

    Sem prejuzo do adicional acima tratado, o beneficirio desta penso especial far jus a mais um adi-cional de 35% (trinta e cinco por cento) sobre o valor do benefcio, nos termos desta Lei.

    H tambm o auxlio-doena e a aposentadoria por invalidez que so um benefcio mensal a que tem direito o segurado inscrito no regime Geral de Previdncia Social, do INSS, ao ficar incapacitado para o tra-balho (mesmo que temporariamente), em virtude de doena ou invalidez, por mais de quinze dias consecuti-vos. A solicitao do benefcio deve ser feita por meio de requerimento ao rgo que paga a aposentadoria. necessrio comprovar a doena mediante laudo pericial emitido por servio mdico oficial da Unio, Estado, Distrito Federal ou Municpio.

    Para fins previdencirios, so consideradas doenas graves: tuberculose ativa; hansenase; alienao mental; neoplasia maligna; cegueira; paralisia irreversvel e incapacitante; cardiopatia grave; doena de Pa-rkinson; espondiloartrose anquilosante; nefropatia grave; estado avanado da doena de Paget (ostete defor-mante); sndrome da deficincia imunolgica adquirida (Aids); e contaminao por radiao, com base em concluso da medicina especializada.

    O Municpio de So Paulo adotou o Programa de Ateno Sade da Pessoa Deficiente, cuja po-pulao-alvo so pessoas com deficincia, temporria ou permanente, em todas as faixas etrias (crianas, adolescentes, adultos e idosos).

    9 Dispe o artigo 203 da Carta Magna: A assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuio seguridade social, e tem por objetivos: I a proteo famlia, maternidade, infncia, adolescncia e velhice; II o amparo s crianas e adolescentes carentes; III a promoo da integrao ao mercado de trabalho; IV a habilitao e reabilitao das pessoas portadoras de deficincia e a promoo de sua integrao vida comunitria; V a garantia de um salrio-mnimo de benefcio mensal pessoa portadora de deficincia e ao idoso que comprovem no possuir meios de prover prpria manuteno ou de t-la provida por sua famlia, conforme dispuser a lei.

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 39

    DA eDuCAo

    dever do Poder Pblico assegurar a todos os cidados o acesso educao, possibilitando o atendi-mento educacional especializado s pessoas com deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino, nos termos dos artigos 205 e 208 da Constituio Federal20.

    O deficiente necessita de habilitao e qualificao profissionais adequada funo ou tarefa que de-seja realizar, para exercer a cidadania com o desempenho de um trabalho digno.

    As pessoas com deficincia enfrentam inmeros problemas que vo desde a ausncia de transporte adequado s escolas, at a plena falta de acessibilidade nos estabelecimentos de ensino.

    O Censo 2000 do IBGE revela que essa parcela da populao apresenta menor taxa de alfabetizao, menor ndice de freqncia escola e menos anos de estudo que a sociedade em geral.

    A baixa escolaridade um dos principais motivos ressaltados pelos empregadores na hora de fechar as portas do mercado de trabalho s pessoas com deficincia. A maioria das empresas exige formao mnima de Ensino Mdio completo para oferecer uma oportunidade de trabalho a qualquer pessoa, independente da funo. Essa condio foi alcanada, at agora, por apenas 9,3% das pessoas com deficincia. No entanto, importante frisar que a falta de qualificao atinge a populao brasileira como um todo, em virtude do baixo nvel da educao em nosso Pas.

    A defasagem educacional precisa ser combatida. Para tanto, mister proceder recuperao desta defasagem escolar e investir no ensino profissionalizante, entendimento este do Professor Helvcio Siqueira, diretor da escola Senai talo Bologna, localizada na cidade de Itu, no interior do Estado e referncia em trei-namento e qualificao para pessoas com deficincia no Pas.

    Uma das principais dificuldades queles que lutam pela empregabilidade das pessoas com defici-ncia , alm de reivindicar a abertura de vagas para essa parcela da populao, desenvolver mecanismos

    20 Estabelecem os artigos 205 e 208 da Constituio Federal: Art. 205. A educao, direito de todos e dever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaborao da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho... Art. 208. O dever do Estado com a educao ser efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele no tiveram acesso na idade prpria; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 4, de 996) II - progressiva universalizao do ensino mdio gratuito; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 4, de 996) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pr-escola s crianas de zero a seis anos de idade; V - acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, atravs de programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade. - O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo. 2 - O no-oferecimento do ensino obrigatrio pelo Poder Pblico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. 3 - Compete ao Poder Pblico recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsveis, pela freqncia escola.

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  • 40 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    para mant-las no emprego.O Professor Helvcio refora a idia de que, para os adultos, a formao escolar deve ocorrer junto

    com a profissionalizante, pois, alm de garantir a permanncia no mercado, a recuperao do tempo perdido nas escolas e a conseqente profissionalizao das pessoas com deficincia possibilitaro que estas sejam ca-pazes de produzir, tanto quanto as que no possuem qualquer limitao fsica ou mental.

    Outra forma seria a realizao de supletivos e de qualificao profissional para suprir a defasagem das pessoas adultas com deficincia.

    mister iniciar um projeto de incluso das crianas com deficincia nos colgios, de modo a evitar que este problema se repita ao tornarem-se adultas.

    O Censo Escolar de 2003, divulgado pelo Ministrio da Educao, revela que as escolas da rede pblica e particular esto dando os primeiros passos rumo educao inclusiva. Os dados mostram que h 358.987 crianas com deficincia visual, auditiva, fsica, mental ou superdotados freqentando escolas sendo que, desse total, 144.583 esto em classes comuns de Ensino Bsico. O aumento de 30,6% em relao ao ano anterior ao Censo. Ainda expressivo o nmero de crianas com deficincia estudando em classes de educao especial. A rede particular de ensino a principal acolhedora desses alunos. Na rede pblica, o destaque fica com as escolas estaduais, nas quais esto matriculadas 76.144 crianas com deficincia. Outras 62.312 esto matriculadas em colgios mantidos pelas prefeituras e apenas 721 em instituies federais.

    Os problemas para incluso na escola so parte das barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficincia para obter capacitao profissional. Outras h como, por exemplo, as barreiras na famlia, quando os pais segregam seu filho deficiente dentro do prprio lar, tratando-o como eterna criana; aquelas entre profes-sores, predominando preconceitos, estigmas, esteretipos e atitudes discriminatrias, bem como a falta de informao sobre deficincias e necessidades especiais.

    Com a edio da Lei Federal n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, foram estabelecidas as Diretrizes e Bases da Educao, prevendo em seus artigos 58 e seguintes a educao especial para educandos com de-ficincia21.

    O Decreto Federal n 3.298/99, como dito linhas atrs, traou a Poltica Nacional para a Integrao

    2 Estabelecem os artigos 58 a 60 da Lei Federal n 9.394/96: Art. 58. Entende-se por educao especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educao escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Haver, quando necessrio, servios de apoio especializado, na escola regular, para atender s peculiaridades da clientela de educao especial. 2 O atendimento educacional ser feito em classes, escolas ou servios especializados, sempre que, em funo das condies especficas dos alunos, no for possvel a sua integrao nas classes comuns de ensino regular. 3 A oferta de educao especial, dever constitucional do Estado, tem incio na faixa etria de zero a seis anos, durante a educao infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino asseguraro aos educandos com necessidades especiais: I - currculos, mtodos, tcnicas, recursos educativos e organizao especficos, para atender s suas necessidades; II - terminalidade especfica para aqueles que no puderem atingir o nvel exigido para a concluso do ensino fundamental, em virtude de suas deficincias, e acelerao para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especializao adequada em nvel mdio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integrao desses educandos nas classes comuns; IV - educao especial para o trabalho, visando a sua efetiva integrao na vida em sociedade, inclusive condies adequadas para os que no revelarem capacidade de insero no trabalho competitivo, mediante articulao com os rgos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas reas artstica, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitrio aos benefcios dos programas sociais suplementares disponveis para o respectivo nvel do ensino regular. Art. 60. Os rgos normativos dos sistemas de ensino estabelecero critrios de caracterizao das instituies privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuao exclusiva em educao especial, para fins de apoio tcnico e financeiro pelo Poder Pblico. Pargrafo nico. O Poder Pblico adotar, como alternativa preferencial, a ampliao do atendimento aos educandos com necessidades especiais na prpria rede pblica regular de ensino, independentemente do apoio s instituies previstas neste artigo.

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  • Guia dos direitos das Pessoas com deficincia 41

    da Pessoa com Deficincia, dispondo que a educao da pessoa com deficincia deve ser, preferencialmente, na rede regular de ensino, respeitando as necessidades especiais do aluno. O artigo 27 deste regulamento assegura ainda que as instituies de ensino devem oferecer as adaptaes necessrias ao aluno para a realiza-o de provas e exames22. Com relao educao profissional, as escolas e instituies devero oferecer, se necessrio, servios de apoio especializado para atender s peculiaridades da pessoa com deficincia, como a adaptao dos recursos instrucionais (material pedaggico, equipamento e currculo), a capacitao dos recursos humanos (professores, instrutores e profissionais especializados) e a adequao dos recursos fsicos (eliminao das barreiras arquitetnicas, ambientais e de comunicao).

    Os rgos e as entidades da Administrao Pblica Federal direta e indireta responsveis pela educao dispensaro tratamento prioritrio e adequado aos assuntos objetos do Decreto Federal n 3.298/99, viabi-lizando as seguintes medidas:

    A matrcula compulsria em cursos regulares de estabelecimentos pblicos e particulares de pessoas com deficincia capazes de se integrar na rede regular de ensino;

    A incluso, no sistema educacional, da educao especial como modalidade de educao escolar que permeia transversalmente todos os nveis e as modalidades de ensino;

    A insero, no sistema educacional, das escolas ou instituies especializadas pblicas e privadas; A oferta, obrigatria e gratuita, da educao especial em estabelecimentos pblicos de ensino; O oferecimento obrigatrio dos servios de educao especial ao educando com deficincia em

    unidades hospitalares e congneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano; e

    O acesso de aluno com deficincia aos benefcios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudo.

    A Lei Federal n 10.845, de 5 de maro de 2004 instituiu, no mbito do Fundo Nacional de De-senvolvimento da Educao FNDE o Programa de Complementao ao Atendimento Educacional Es-pecializado s Pessoas Portadoras de Deficincia PAED, com os objetivos de garantir a universalizao do atendimento especializado de educandos com deficincia, cuja situao permita a integrao em classes comuns de ensino regular e de garantir, progressivamente, a insero destes educandos nas classes comuns de ensino regular.

    Por outro lado, o Programa Universidade para Todos PROUNI, que regula a atuao de entidades beneficentes de assistncia social no ensino superior, foi institudo pela Lei Federal n 11.096, de 13 de ja-neiro de 2005, e destina bolsas de estudo a estudantes com deficincia, nos termos da Lei.

    A Lei Federal n 11.129, de 30 de junho de 2005 instituiu o Programa Nacional de Incluso de Jovens

    22 Transcrevemos o artigo 27 do Decreto Federal n 3.298/99: Art. 27. As instituies de ensino superior devero oferecer adaptaes de provas e os apoios necessrios, previamente solicitados pelo aluno portador de deficincia, inclusive tempo adicional para realizao das provas, conforme as caractersticas da deficincia. As disposies deste artigo aplicam-se, tambm, ao sistema geral do processo seletivo para ingresso em cursos universitrios de instituies de ensino superior. 2 O Ministrio da Educao, no mbito da sua competncia, expedir instrues para que os programas de educao superior incluam nos seus currculos contedos, itens ou disciplinas relacionados pessoa portadora de deficincia.

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  • 42 Guia dos direitos das Pessoas com deficincia

    ProJovem, de carter emergencial e experimental, destinado a executar aes integradas que propiciem aos jovens brasileiros, entre 18 e 24 anos, e queles com deficincia, desde que atendida a sua necessidade espe-cial, a elevao do grau de escolaridade, visando concluso do Ensino Fundamental, qualificao profissio-nal voltada a estimular a insero produtiva cidad e o desenvolvimento de aes comunitrias com prticas de solidariedade, exerccio da cidadania e interveno na realidade local, em consonncia com os requisitos previstos em seu artigo 2, quais sejam, jovens que tenham concludo a 4 srie e no tenham concludo a 8 srie do Ensino Fundamental e que no tenham nenhum vnculo empregatcio.

    No mbito do Ministrio da Educao, ainda foi criado o Projeto Escola de Fbrica pela Lei Federal n 11.180, de 23 de setembro de 2005, com a finalidade de prover formao profissional inicial e continuada a jovens de baixa renda que atendam aos requisitos nesta Lei, mediante cursos ministrados e espaos educa-tivos especficos, instalados no mbito de