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Professora:
Doutora Alda Pereira
Mestrandas:
Ilda Bicacro
Felícia Figueiredo
Julieta Cordas
Manuela Pereira
INVESTIGAÇÃO EDUCACIONAL
Guião de Entrevista
MESTRADO
EM
SUPERVISÃO
PEDAGÓGICA
Maio de 2010
Índice
Introdução....................................................................................................3
1.A Entrevista e os Objectivos da Investigação...........................................3
2. Tipo de Entrevista a Aplicar.....................................................................3
3. Construção do Guião da Entrevista..........................................................4
4. Critérios a Adoptar na Escolha dos Entrevistados....................................5
5. Medidas a Considerar Durante a Entrevista.............................................5
5.1 Ambiente de Realização da Entrevista..........................................................5
5.2 Durante a Realização da Entrevista..............................................................6
6. Método de Análise do Material Recolhido................................................6
7. Conclusões Preliminares..........................................................................7
Bibliografia...................................................................................................7
Investigação Educacional - Guião de Entrevista Equipa
Azul 3
Introdução
A escolha da entrevista como método de recolha de dados em investigação
prende-se com algumas das vantagens que apresenta. Saliente-se a
flexibilidade, a oportunidade de aprofundar os elementos de análise recolhidos
como imagem, voz e registo multimédia entre outros, revelando ainda esta
metodologia a oportunidade de questionar, a adaptação a novas situações e a
novos entrevistados, a diversificação de dados, a interpretação rica de
pormenores e a importância dos testemunhos.
1. A Entrevista e os Objectivos da Investigação
Entenda-se a entrevista como uma conversação mais ou menos estruturada
que pressupõe um indivíduo que questiona e outro que responde. No entanto,
Valles (1999:178) citando Schatzman e Strauss, (1973) refere “ No campo, o
investigador considera toda a conversação entre ele e outros como formas de
entrevista…As conversas podem durar poucos segundos ou minutos, mas
podem conduzir a oportunidades de sessões mais longas”.
Este autor distingue a entrevista formal de uma mera conversa, na medida em
que a entrevista formal está orientada para os objectivos da investigação e por
um conjunto de factores:
a) Na entrevista, a participação do entrevistador e do entrevistado conta
com “expectativas explícitas” : um fala e o outro escuta;
b) O entrevistador anima constantemente o entrevistado a falar, sem o
contradizer;
c) Para o entrevistado a responsabilidade de organizar e manter a
conversação é do entrevistador (criando uma ilusão de fácil comunicação que
faz parecer breves as sessões prolongadas).
A entrevista é um método de pesquisa qualitativa de excelência quando
a sua preparação se faz de modo cuidado e tendo em consideração alguns
suportes teóricos que se vêm formulando. No entanto, segundo alguns
teóricos, é a flexibilidade da entrevista que a torna um método muito escolhido
para obter informação relevante.
2. Tipo de Entrevista a Aplicar
Mestrandas: Ilda Bicacro – Felícia Figueiredo – Julieta Cordas – Manuela Pereira
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Azul 4
Valles (1999: 180) considera quatro modalidades de entrevista:
1- A entrevista conversação informal, caracterizada pelas perguntas que
surgem num dado contexto, sem que haja selecção prévia dos temas.
2- A entrevista baseada num guião, caracterizada por preparação prévia
dos temas e pela liberdade do entrevistador para fazer as questões e as
colocar ao longo da entrevista.
3 - A entrevista estruturada aberta, caracterizada pelo emprego de uma
lista de perguntas ordenadas e redigidas para todos os entrevistados, mas de
resposta livre e aberta.
4 - A entrevista estruturada fechada, caracterizada pelo emprego de uma
lista de perguntas ordenadas e redigidas por igual para todos os entrevistados,
mas de resposta fechada.
Destas quatro modalidades de entrevista, só as três primeiras podem ser
considerados entrevistas qualitativas, embora a terceira modalidade se possa
considerar entre as qualitativas e as quantitativas. A quarta modalidade
configura a entrevista quantitativa. O mesmo autor considera ainda vários
campos de aplicação da entrevista. Aborda-se só o campo da entrevista de
investigação, entendida como técnica de obtenção de informação relevante
para os objectivos de um estudo. O seu campo de utilização encontra-se nas
ciências sociais, especialmente onde pode adoptar formatos e estilos variados
ao longo de um tempo mais ou menos determinado. As entrevistas de
investigação social designam-se por “entrevistas em profundidade” e estas
podem ser: focalizadas, não programadas, especializadas e de elites e
biográficas – intensiva, individual aberta ou semiaberta ou longa, entre as
principais.
3. Construção do Guião da Entrevista
A construção de um guião de entrevista deve fazer-se com todo o rigor
possível e seguindo vários passos, dos quais destacamos:
- Descrição do perfil do entrevistado (nível etário, escolaridade, …);
- Selecção da população e da amostra de indivíduos a entrevistar;
- Definição do propósito da entrevista (tema, objectivos);
- Escolha do meio de comunicação [oral, escrito, telefone, email, …, o espaço
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Fig.1 – Guião de entrevista qualitativa
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Azul 5
(sala, jardim, …) e o momento (dia, hora, duração, …);
- Discriminação dos itens/questões a colocar;
- Elaboração do guião (apresentação gráfica, …);
- Validação da entrevista pelo aconselhamento e crítica de personalidades
relevantes.
- Elaboração das questões de acordo com o
tema, objectivos da entrevista, expectativas do
entrevistador e de possíveis utilizadores do
estudo, considerados os aconselhamentos.
- Escolha de perguntas abertas (fale-me de …)
e fechadas (das seguintes hipóteses escolha
…);
- Adequação das perguntas ao entrevistado,
utilizando vocabulário claro, acessível e
rigoroso;
- Construção/revisão de perguntas alternativas
para evitar eventuais fugas ao tema;
- Decisão do número de perguntas e sua
ordenação, no âmbito de cada dimensão
temática;
- Formatação da entrevista (cabeçalho com
identificação, instituição, proponentes, título,
data);
- Apresentação sucinta da entrevista, incluindo
os objectivos;
- Estruturação das perguntas.
4. Critérios a Adoptar na Escolha dos Entrevistados
Existem três características que se revelam importantes na actuação com
diferentes pessoas e por isso a ter em conta na escolha dos entrevistados:
sensibilidade para as relações humanas, introspecção e receptividade.
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5. Medidas a Considerar Durante a Entrevista
A realização da entrevista obedece também a importantes cuidados, quer no
que se refere ao ambiente em que ocorre, quer no tratamento que se dá ao
entrevistado. Há um conjunto de verificações a fazer e de procedimentos a ter
em consideração, para que o momento crucial, o da entrevista possa decorrer
de forma tranquila.
5.1 Ambiente de Realização da Entrevista
No que respeita ao ambiente geral onde se vai desenrolar a entrevista, saliente-se os seguintes requisitos:
- Verificação do espaço/local da entrevista - Proporcionar as condições
dignas à entrevista (temperatura, luz, móveis, …);
- Manutenção de uma distância audível entre o entrevistado e o
entrevistador (1 a 2 metros); Em casos de entrevista em grupo, pode ser
vantajoso subdividi-los em pequenos grupos;
- Criação de um ambiente não intimidatório;
- Verificação das condições de privacidade do entrevistado.
- Verificação de pedido de autorização e convocação do entrevistado;
5.2 Durante a Realização da Entrevista
Chegado o momento em que se está frente a frente com o entrevistado, há
cuidados particulares que devem ser adoptados para que o evento tenha o
máximo sucesso. De um conjunto alargado de considerações destaque-se:
- Usar um tom informal;
- Explicar os objectivos da entrevista;
- Previamente, verificar os suportes de registo (papel, captação do som,
…);
- Antes de iniciar a entrevista, pedir autorização ao entrevistado para
fazer a gravação (em caso da mesma);
- Registar com as mesmas palavras do entrevistado, evitando resumi-las;
- Anotar, se possível, gestos e expressões do entrevistado;
- Registar tudo o que o entrevistado diz;
- Gerir o tempo de conversação;
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- Mostrar compreensão e simpatia pelo entrevistado;
- Apresentar as questão oralmente e por escrito (não obrigatório);
- Começar com as questões mais simples, de fácil resposta;
- Evitar influenciar as respostas por gestos ou palavras;
- Apresentar uma questão de cada vez;
- Manifestar aceitação pelas opiniões do entrevistado;
- Encerrar a entrevista num ambiente de cordialidade agradecendo ao
entrevistador e solicitando futuras participações, se necessário.
6. Método de Análise do Material Recolhido
Devem considerar-se todos os dados válidos recolhidos. Há elementos verbais
e não verbais. Estes são todas as contribuições não faladas que são dadas pelo
entrevistado e também todas as contribuições sobrepostas ao verbal., tais
como: expressões corporais (mímica facial, o olhar, a mímica, gestos, …); os
actos; os escritos, onde se inclui o modo de vestir, os enfeites, jóias, cabelo, o
curriculum vitae além de outros.
A verificação dos dados fornecidos pelo entrevistado prende-se com a
validade, a relevância, a especificidade, a profundidade e a extensão das
respostas concedidas e registadas. A validação faz-se normalmente por
comparação com dados recolhidos noutras fontes; a relevância é dada pela
relação da informação recolhida na entrevista com os objectivos da
investigação; a especificidade está ligada à clareza e objectividade dos dados
fornecidos; a profundidade está relacionada com as características físicas e
intelectuais mostradas pelo entrevistado e a extensão está directamente
relacionada com a dimensão e características das respostas.
Uma investigação qualitativa está dependente de interpretações mais ou
menos subjectivas, por isso deve reger-se por parâmetros que possam conferir-
lhe rigor. Existem algumas formas de validar e dar o máximo de fiabilidade ao
estudo, como por exemplo, a triangulação - encontrar convergência em outras
fontes de informação; com diferentes investigadores ou diferentes métodos
utilizados; feedback- (memberchecks) – receber feedback dos participantes no
estudo e auscultar as suas opiniões relativamente aos resultados do estudo,
são algumas das formas de validar o estudo realizado através da entrevista.
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7. Conclusões Preliminares
Nas conclusões preliminares devem ser tidas em conta algumas das
desvantagens do método de recolha por entrevista: risco de intimidação dos
sujeitos e outros problemas de utilização da técnica e competências do
entrevistador; a dificuldade dos dados recolhidos servirem à análise específica
em estudo; nem sempre os dados se adequam ao propósito inicialmente
formulado (pode ter sido introduzido “ruído”). O investigador, durante a análise
de resultados, pode verificar a realidade ou ilusão das respostas do
entrevistado e aferir da sua sinceridade.
Bibliografia
Carmo, H. & Malheiro, M.F. (2008). Metodologias da Investigação. Universidade Aberta.
Costa, C. (2004). A entrevista. Lisboa: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Gil, A. (1999). Métodos e Técnicas de pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas
Ghiglione, R, Matalon, B. (1994). O Inquérito: Teoria e Prática. Oeiras: Celta Editora
Hill, M. & Hill, A. (2005). Introdução à Investigação. Lisboa: Edições Sílabo, Lda .
Ketele, J. & Roegiers, X. (1999). Metodologia da recolha de dados. Lisboa:
Instituto Piaget. Valles, .M. (2000): Técnicas cualitativas de investigación social.
Reflexión metodológica e práctica professional (2ª ed.). Madrid:
Síntesis/Sociologia.
http://claracoutinho.wikispaces.com/investiga%C3%A7%C3%A3o+qualitativa+passos+fundamentais (acedido a 6-5-2010).
http://www.socialresearchmethods.net/kb/intrview.php (acedido a 6-5-2010).
http://fds.oup.com/www.oup.co.uk/pdf/0-19-874204-5chap15.pdf
http://www.qualitative-research.net/index.php/fqs/article/view/1089
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