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GUIÃO PARA VISITAS GUIADAS AO
Museu de São Roque
DESTINADO A GUIAS-INTÉRPRETES
ANDRÉ MARTINS DA SILVA
Guião para visitas guiadas ao Museu de São Roque, elaborado por André
Martins da Silva, Técnico Superior do Serviço de Públicos e Desenvolvimento
Cultural da Direção da Cultura da SCML, Guia-Intérprete e Historiador de Arte.
Janeiro de 2018
2
Índice
Apresentação ..................................................................................................... 3
Introdução .......................................................................................................... 3
Informações gerais ............................................................................................. 5
Contatos .............................................................................................................................. 5
Condições de acesso .......................................................................................................... 5
Condições de acesso para Guias-Intérpretes e grupos acompanhados pelos mesmos ... 6
Horários de funcionamento ................................................................................................. 6
Equipamentos ..................................................................................................................... 6
Marcações de visitas guiadas ............................................................................................. 7
Breve história ..................................................................................................... 8
Sugestões de percurso .................................................................................... 10
A Igreja e o Museu de São Roque em cerca de 30m ....................................................... 10
A Igreja e o Museu de São Roque em 45m / 1h ............................................................... 10
A Igreja e o Museu de São Roque em 1h / 1h30m ........................................................... 10
Guião para visitas guiadas ao Museu de São Roque ....................................... 13
Núcleo da Ermida de São Roque ..................................................................................... 13
Núcleo da Companhia de Jesus ....................................................................................... 14
Núcleo de Arte Oriental ..................................................................................................... 20
Núcleo da Capela de São João Batista ............................................................................ 22
Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ............................................................ 26
Cronologia ........................................................................................................ 29
Bibliografia complementar e outros recursos ................................................... 34
Histórico de atualizações ................................................................................. 36
3
Apresentação
O presente guião constitui um elemento de apoio à realização de visitas
guiadas ao Museu de São Roque, destinado aos Guias-Intérpretes que operam
no local ou que tencionam operar no futuro. É fruto de um resumo de
informações selecionadas da respetiva bibliografia específica, reunidas como o
essencial a reter sobre este museu, permitindo assim facilitar o trabalho da
preparação de vistas guiadas por parte destes profissionais. Pretende, ainda,
incentivar os Guias-Intérpretes que operam na Igreja de São Roque a incluírem
o Museu de São Roque nos seus tours.
Sendo uma ferramenta de trabalho que procura reunir, através da
escrita, um conjunto de informações destinadas à respetiva transmissão oral,
não configura – por esta razão – uma publicação de cariz científico ou
académico, motivo pelo qual não se organiza de acordo com esta metodologia.
Assim, dispensou-se o uso de notas de rodapé, citações e referenciação
bibliográfica, estando toda a bibliografia consultada listada no final, onde surge
apresentada como bibliografia de caráter complementar à preparação de visitas
guiadas ao Museu de São Roque.
Introdução
Em 1898 – poucos anos depois de a Casa Real ter entregado a Capela
de São João Batista e a respetiva coleção à Santa Casa da Misericórdia de
Lisboa – teve lugar na sacristia da Igreja de São Roque uma exposição do
tesouro da importante capela setecentista, coincidente com o 4º centenário da
Fundação da Santa Casa e da chegada de Vasco da Gama à Índia. O sucesso
da mesma levou à criação do Museu do Thesouro da Capela de S. João
Baptista, instalado na antiga Sala de Extrações da Lotaria, cuja inauguração se
celebrou no dia 11 de janeiro de 1905, com a presença do Rei D. Carlos e da
Rainha D. Amélia.
Entre 1929 e 1931 o museu foi renovado e ampliado, com obras
conduzidas por Jorge Cid. Passou a ser possível a apresentação de peças não
4
pertencentes à coleção de S. João Batista e por isso o museu passa a Museu
de Arte Sacra de São Roque. Em 1968 é concluída uma outra importante
operação de remodelação, conduzida pela conservadora Maria João Madeira
Rodrigues e pelo arquiteto Fernando Peres Guimarães, aumentando-se área
útil e atualizando-se o museu de acordo com os preceitos museológicos da
época. O museu assume-se então como Museu de Monumento, pela sua
associação à antiga Casa-Professa dos jesuítas e à Capela de São João
Batista.
Mais recentemente, a remodelação de 1993 – conduzida pelo
conservador Nuno Vassallo e Silva e pelo arquiteto João Bento e Almeida –
veio alterar o discurso museológico e ao Núcleo da Capela de S. João Baptista
foram acrescentados três novos núcleos: Ermida de São Roque, Companhia de
Jesus e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Entre 2006 e 2008 tiveram
lugar as obras que deram ao museu a sua atual disposição, dirigidas pela atual
Diretora, Teresa Freitas Morna, e pelo arquiteto Carlos Pietra Torres.
O Museu de São Roque tem agora um discurso cronológico que
acompanha a história do local onde está instalado. Foi dotado de várias
infraestruturas de apoio, como acessibilidades para visitantes de mobilidade
reduzida, cafetaria (instalada no claustro seiscentista), ascensor e ponto
multimédia. Acrescentou-se um novo núcleo, o Núcleo de Arte Oriental, e
procederam-se igualmente a escavações arqueológicas que colocaram a
descoberto alguns enterramentos e vestígios da Casa-Professa.
5
Informações gerais
Contactos
Receção do Museu de São Roque: 21 323 54 44 (disponível durante o
horário de abertura do museu)
Marcação de visitas guiadas: Serviço de Públicos e Desenvolvimento
Cultural da Direção da Cultura da SCML – 21 324 08 89/69/87
Condições de acesso
Bilhetes de entrada na exposição permanente:
Geral - 2,50 €
Detentores do cartão Lisbon Card e do cartão ACP - 1,00€
Portadores de Cartão Jovem - 1,00 €
Bilhete família numerosas (família com 3 ou mais filhos) - 5,00€
Bilhete anual - 25,00€
Entrada gratuita:
Domingos até às 14h00
Entrada gratuita mediante comprovação documental:
Beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI)
Crianças até aos 14 anos de idade
Desempregados
Funcionários da SCML
Guias-Intérpretes
Maiores de 65 anos de idade
Membros do APOM/ICOM
Professores e estudantes de todos os níveis de ensino
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Condições de acesso para Guias-Intérpretes e grupos
acompanhados pelos mesmos
Guias-Intérpretes devidamente identificados têm direito a acesso gratuito
ao Museu de São Roque. Grupos acompanhados por Guias-Intérpretes
devidamente identificados têm igualmente direito a acesso gratuito ao Museu
de São Roque. Por motivos de gestão dos visitantes no espaço, é obrigatório o
check-in na receção, antes do início da visita guiada ao MSR.
Se tem uma Agência ou colabora com uma Agência interessada em
incluir a Igreja e o Museu de São Roque nos seus programas, por favor
contacte André Martins da Silva ([email protected] / 21 324 08 89).
Horários de funcionamento
Horário de outubro a março:
Segunda-feira das 14h00 às 18h00
Terça-feira a Domingo das 10h00 às 18h00
Horário de abril a setembro:
Segunda-feira das 14h00 às 19h00
Terça-feira e Quarta-feira das 10h00 às 19h00
Quinta-feira das 10h00 às 20h00
Sexta-feira a Domingo das 10h00 às 19h00
Encerrado: 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de
Dezembro.
Nota: O acesso à exposição realiza-se até 30 minutos antes do
encerramento do museu.
Equipamentos
O MSR dispõe de loja, cafetaria e WC e acessos adaptados. Os WCs
destinam-se exclusivamente aos visitantes do museu. Para averiguar sobre a
possibilidade de entrada de veículos de transporte de pessoas de mobilidade
reduzida no Largo Trindade Coelho, p.f. contacte o Serviço de Públicos e
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Desenvolvimento Cultural da Direção da Cultura da SCML (21 324 08
89/69/87).
Marcações de visitas guiadas
As visitas guiadas à Igreja e Museu de São Roque efetuam-se mediante
marcação prévia junto do Serviço de Públicos e Desenvolvimento Cultural da
Direção da Cultura da SCML (21 324 08 89/69/87). São gratuitas e realizam-se
de acordo com a disponibilidade de agenda do referido serviço. O SPDC tem
três Guias-Intérpretes nos seus quadros, que asseguram visitas em português,
francês, inglês e espanhol. As temáticas e duração das visitas são
perfeitamente ajustáveis às necessidades e interesses do grupo.
8
Breve história
Segundo a Chronica da Companhia de Iesu nos Reynos de Portugal –
escrita entre 1645 e 1647 pelo Pe. Baltazar Telles – em 1506 o Rei D. Manuel
solicitou a Veneza uma relíquia de São Roque para proteger Lisboa da
epidemia de peste que a afligia. Para a albergar, foi edificada uma ermida
consagrada ao santo, fora do perímetro da muralha fernandina, que ocupou o
local onde agora se ergue a Igreja de São Roque. À época, o espaço do futuro
Bairro Alto de São Roque era ocupado por um olival. Em 1523 foi consagrado o
adro da mesma ermida, utilizado então para sepultamento dos pestíferos.
Em 1553, treze anos depois de a Companhia de Jesus se instalar em
Portugal, o Rei D. João III concedeu a Ermida de São Roque à ordem, para
instalação da respetiva casa-mãe. São Francisco de Borja, representado num
dos quadros do museu, esteve presente quando os jesuítas tomaram conta do
local. Dois anos volvidos iniciou-se a construção de uma igreja de três naves,
de acordo com a vontade do rei, para o que se aproveitou a estrutura pré-
existente. No entanto, em 1567, já após a morte de D. João III (†1557), foi
iniciada a construção do atual templo, para o que se demoliram as pré-
existências, de modo a ser edificado de raiz. O projeto para edificação da
Casa-Professa foi trazido de Roma, sendo aplicado pelos arquitetos Afonso
Álvares, Baltazar Álvares e Filipo Terzi. Inicialmente a igreja possuía apenas
quatro capelas laterais (as situadas entre os púlpitos e a capela-mor), com o
remanescente espaço ocupado por confessionários, que no início do século
XVII foram substituídos pelas outras quatro capelas laterais. Em 1573 a igreja
foi aberta ao culto sem estar concluída, o que era então bastante comum. Dois
anos mais tarde a construção chegou até à cimalha e em 1587 o projeto para
pintura do teto foi aprovado por Filipe I de Portugal.
A Igreja de São Roque viu-se depois valorizada por várias importantes
campanhas decorativas, destacando-se o teto pintado (Francisco Venegas, c.
1587, e Amaro do Vale, início séc. XVII); o conjunto azulejar da Capela de São
Roque (Francisco de Matos, 1584); as Capelas das Relíquias (doação de D.
João de Borja, 1587); o Ciclo da Vida de S. Francisco Xavier da sacristia
(André Reinoso, c.1619) e a Capela de São João Batista (Luigi Vanvitelli,
9
Nicola Salvi e João Frederico Ludovice, 1742-1752). Grande parte da
decoração é devida não só aos jesuítas como também às várias congregações
e famílias nobres que mantiveram capelas na igreja, cumprindo finalidades
sociais, cultuais e funerárias. Acrescenta-se a importância da intervenção da
Coroa, diretamente envolvida na campanha do teto e da Capela de São João
Batista.
Com o sismo de 1755 grande parte da Igreja de São Roque sobreviveu,
com exceção dos tetos das três primeiras capelas do lado do Evangelho e do
frontão da igreja, cujo colapso levou uma parte do teto pintado e uma imagem
do Salvator Mundi, que outrora ocupou o local onde agora está o óculo da
fachada. Na sequência da expulsão dos jesuítas, decretada em 1759, a Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa recebeu o edifício para instalação da sua sede
e do recolhimento dos órfãos e dos expostos.
10
Sugestões de percurso
A Igreja e o Museu de São Roque em cerca de 30m
Igreja
1. Introdução à Igreja e Museu de São Roque
2. Capela de São João Batista
a. Acesso ao piso superior do Museu através das escadas de acesso ao Piso 1
Museu
3. Núcleo da Companhia de Jesus – subnúcleo da Devoção a Cristo
4. Núcleo da Capela de São João Batista
5. Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
A Igreja e o Museu de São Roque em 45m / 1h
Igreja
1. Introdução à Igreja e Museu de São Roque
2. Capela de São João Batista
3. Capela de São Roque
a. Acesso ao piso superior do Museu através das escadas de acesso ao Piso 1
Museu
4. Núcleo da Companhia de Jesus – subnúcleo da Devoção a Cristo
5. Núcleo de Arte Oriental
6. Núcleo da Capela de São João Batista
7. Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
A Igreja e o Museu de São Roque em 1h / 1h30m
Igreja
1. Introdução à Igreja e Museu de São Roque
2. Capela de Nossa Senhora da Doutrina
3. Capela de São Roque
4. Altar-mor e capelas laterais das relíquias
5. Capela de São João Batista
a. Acesso ao piso inferior do Museu, através do corredor de ligação à zona de
acolhimento
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Museu
6. Núcleo da Ermida de São Roque
7. Núcleo da Companhia de Jesus
8. Núcleo de Arte Oriental
9. Núcleo da Capela de São João Batista
10. Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
13
Guião para visitas guiadas ao Museu de
São Roque
Núcleo da Ermida de São Roque
O Relicário de São Roque (Portugal, c.1808, madeira polícroma)
contém a relíquia que, segundo algumas fontes escritas jesuítas, foi enviada
para Lisboa a pedido do rei D. Manuel para proteger a cidade contra a peste. O
relicário inicial foi derretido durante as invasões francesas e substituído por
outro, neoclássico, com a forma de um obelisco. A identificação deste relicário
como o que contém a dita relíquia foi feita em 2007 pelo historiador de arte
João Miguel Simões, técnico do Museu de São Roque.
As Tábuas de São Roque (Cristóvão de Utreque ou Jorge Leal (?), c.
1520, óleo s/ madeira) pertenciam ao altar-mor da antiga Ermida de São
Roque, que outrora ocupou o local da atual igreja. Fariam parte de um conjunto
maior, que incluiria talha, escultura e um sacrário, como seria habitual na
altura. É o mais antigo ciclo da vida do santo na Península Ibérica e um dos
mais antigos na Europa. Conta a vida de São Roque, da esquerda para a
direita e de baixo para cima, com um total de 8 passagens: Natividade e
Adolescência de São Roque; Cura miraculosa do Cardeal e Reconhecimento
do milagre pelo Papa; Estadia em Piacenza e Retiro na floresta; Prisão e Morte
beatífica de São Roque. Foram atribuídas a Cristóvão de Utreque ou Jorge
Leal pelo Prof. Fernando António Baptista Pereira, proposta que não é
unanimemente aceite pelos especialistas. São Roque é um santo de origem
francesa que terá vivido na segunda metade do século XIV. Nasceu em
Montpellier, filho de uma família burguesa, e ao chegar à idade adulta
abandonou os bens terrenos para peregrinar até Roma, dedicando-se a ajudar
os doentes, em particular os pestíferos. Depois da sua morte, com as várias
epidemias de peste que grassaram pela Europa, assumiu uma grande
popularidade como o santo protetor contra as doenças epidémicas.
Iconograficamente é representado trajado como peregrino e acompanhado por
um cão e por um anjo, pois reza a lenda que, depois de contaminado pela
14
peste bubónica, terá sido salvo por um cão que o alimentava e um anjo que o
curou. A ferida que apresenta na perna é um dos sinais desta doença.
Núcleo da Companhia de Jesus
Companhia de Jesus
No contexto reformista do século XVI foi, em 1534, criada a Companhia
de Jesus. 6 anos depois recebeu aprovação papal, de Paulo III, e nesse
mesmo ano de 1540 instalou-se em Portugal, onde foi criada a Província
Portuguesa da Companhia de Jesus, a primeira do mundo.
O início deste setor apresenta alguns retratos de personagens
incontornáveis para a instalação da Companhia de Jesus em São Roque.
O Retrato de S. Inácio de Loyola (autor desconhecido, início do séc.
XVII, óleo s/ tela) apresenta uma iconografia pouco comum, pois normalmente
o santo é representado vestido com a indumentária própria dos padres jesuítas
do século XVI, ainda que a Companhia de Jesus não tivesse um hábito
propriamente dito. Depois de gravemente ferido durante o cerco de Pamplona,
Santo Inácio dedicou-se à vida religiosa, fundando a Companhia de Jesus com
um grupo de companheiros, incluindo Simão Rodrigues de Azevedo e S.
Francisco Xavier, os primeiros a chegar a Portugal. A sua vida está
representada num ciclo pictórico na Igreja de São Roque, que acompanha o
perímetro da mesma junto às janelas, da autoria de Domingos da Cunha.
Os Retratos do Rei D. João III e da Rainha D. Catarina de Áustria
(atr. Cristóvão Lopes, 1550-60, óleo s/ madeira) seguem os modelos das
pinturas com o mesmo tema feitas por António Moro e guardadas atualmente
no Museu do Prado. As versões de São Roque pertenciam aos jesuítas,
atestando a proximidade entre a corte e a Companhia de Jesus. Foi D. João III
quem pediu ao seu enviado em Roma, D. Pedro de Mascarenhas, as
diligências necessárias para trazer os padres jesuítas para Portugal. Foi
também este rei que ordenou a entrega da antiga Ermida de São Roque à
Companhia de Jesus, em 1553, iniciando-se pouco depois as obras para
edificação da atual casa.
15
O Retrato de S. Francisco de Borja (Domingos da Cunha, c.1630, óleo
s/ tela) foi feito pelo pintor jesuíta Domingos da Cunha, conhecido como O
Cabrinha. Francisco de Borja foi embaixador de Carlos V, Duque de Gandia e
Vice-rei da Catalunha. Esteve desde cedo ligado aos padres de São Roque e
às famílias reais portuguesa e espanhola. Reza a tradição que quando viu o
corpo morto da Imperatriz Isabel (mulher de Carlos V, irmã de D. João III), terá
exclamado “Não mais servirei Senhor que possa morrer”, razão pela qual tem
como atributo uma caveira coroada. Pouco depois, a sua esposa – a nobre
portuguesa D. Leonor de Castro – falece também e S. Francisco de Borja
professa na Companhia de Jesus. Pertenceu à conhecida família Bórgia
(italianização do nome espanhol Borja), sendo bisneto do Papa Alexandre VI
Bórgia e de Fernando, o Católico. Teve vários filhos, um dos quais D. João de
Borja – o doador da coleção de relicários do Museu de São Roque – que se
encontra sepultado na cripta do altar-mor da igreja.
Culto às relíquias
A importância da devoção às relíquias foi um dos pontos fundamentais
do contexto da Contra-Reforma, onde se enquadra grande parte da coleção de
arte sacra do Museu de São Roque. Apesar de se saber de relíquias em São
Roque antes de 1587 e de ter havido doações em períodos muito posteriores, o
momento-chave da coleção de relicários do MSR situa-se na doação de D.
João de Borja, ocorrida no ano referido. D. João de Borja foi embaixador de
Filipe II de Espanha na corte de Rodolfo II na Saxónia. Graças aos contactos
que tinha com a Europa do Norte (recentemente tornada protestante, abolindo
o culto às relíquias) e com Roma, conseguiu obter uma vastíssima coleção de
relicários. Em 1587 ofereceu-a aos jesuítas de São Roque, muito devido à
ligação que o seu pai tinha com esta casa. O conjunto inicial foi crescendo com
doações adicionais ao longo dos séculos, tornando-se numa das mais
importantes coleções do género.
O Relicário de S. Gregório Taumaturgo (escultura: Ratisbona, séc.
XVI; base e resplendor: Portugal, séc. XVII; prata cinzelada e dourada) é
composto por uma escultura de N.ª Sr.ª com o Menino, feita em prata dourada
no século XVI em Ratisbona, à qual foi mais tarde acrescentado o resplendor e
16
o relicário, do século XVII. Este relicário, que constitui a base da peça, contém
o crânio de S. Gregório Taumaturgo, redescoberto numa investigação
conduzida em 2007 pelo historiador italiano Domenico Condito, após ter estado
dado como perdido durante décadas.
A Arca-relicário de S. João de Brito (Henrich Mannlich, Augsburgo,
1694-98, prata cinzelada e dourada, vidro e seda bordada a ouro) é uma peça
barroca de grande qualidade, encomendada pelo rei D. Pedro II para guardar o
cutelo usado para matar S. João de Brito, seu contemporâneo e conhecido. O
cutelo perdeu-se ao longo dos séculos, havendo registo de estar guardado no
Colégio de Santo Antão-o-Novo em 1759, ano da expulsão da Companhia de
Jesus. As faces laterais da tampa têm baixos-relevos com passagens da vida
do santo. No topo está a mais antiga representação de S. João de Brito
conhecida, pensando-se por isso que seja a base de todas as imagens do
santo feitas até hoje.
O Braço-relicário de S. João Crisóstomo (Portugal, final do séc. XVI,
cobre dourado, prata e pedras engastadas) é muito provavelmente o braço-
relicário de melhor qualidade pertencente à coleção da SCML e um excelente
exemplar da ourivesaria nacional de finais do século XVI, primando sobretudo
pelo grande naturalismo do trabalho. S. João Crisóstomo, Doutor da Igreja
Oriental e Arcebispo de Constantinopla, foi um dos principais Santos Padres da
Igreja, pela sua vasta produção de textos teológicos.
O Relicário da Anunciação (Itália, 2ª metade séc. XVII, ébano, prata e
pedrarias) é uma peça na qual é notório o gosto italiano, pelo uso das pedrarias
e pela influência da arquitetura. Mostra, na sua portinhola, a Anunciação
pintada sobre alabastro, onde o pintor utilizou os veios naturais da pedra para
criar o efeito da luz que emana da pomba do Espírito Santo. Tinha a função de
guardar outros relicários de menor dimensão, alguns deles guardados na vitrina
fronteira.
17
Devoção aos santos
A devoção aos santos está, naturalmente, indelevelmente relacionada
com o culto às relíquias. Da vasta coleção de imagética religiosa do MSR,
destacam-se alguns exemplares.
As Esculturas de S. Inácio de Loyola e S. Francisco Xavier (trabalho
português de influência nanbam, c.1600, madeira policromada e dourada)
representam os dois principais santos da Companhia de Jesus. O primeiro,
Loyola, o fundador e mentor espiritual, e o segundo, Xavier, o evangelizador.
Por este motivo, é frequente a representação destes dois santos em parelha.
Loyola, Xavier, S. Francisco de Borja, S. Luís Gonzaga e S. Estanislau Kostka
(Portugal, séc. XVII, madeira dourada e policromada) são os cinco principais
santos da Companhia de Jesus, aparecendo frequentemente nos respetivos
programas iconográficos, como o do altar-mor da Igreja de São Roque. Kostka,
santo polaco, é o patrono dos noviços, papel que lhe foi atribuído pelo grande
fervor devocional que demonstrou desde muito cedo e por ter morrido bastante
jovem.
Os dois conjuntos de duas pinturas cada, Cristo em Glória Rodeado
pelos Santos Mártires (Fernão Gomes, c.1590-1600), sobrepujado pelo
Cordeiro Místico Adorado pela Corte Celestial (Bento Coelho da Silveira,
c.1683), e a Virgem em Glória Rodeada pelas Santas Mártires (Diogo
Teixeira, c.1590-1600), sobrepujada por outra representação do Cordeiro
Místico Adorado pela Corte Celestial (Bento Coelho da Silveira, c.1683),
integram o percurso de pintura maneirista e barroca do Museu de São Roque,
no qual estão representados alguns dos principais pintores portugueses destes
períodos. Estas peças, pertencentes na sua origem aos altares das relíquias da
Igreja de São Roque, mantinham parte da coleção de relicários escondida.
Estão bem patentes os valores tridentinos, por remeterem para a importância
do culto aos santos, com particular incidência nos mártires, e por
predominarem as alusões ao mundo celestial.
18
Objetos de uso litúrgico e ornamentação da Igreja
O MSR preserva ainda parte do conjunto de peças de uso litúrgico
anteriormente usadas na Igreja de São Roque, pertencentes tanto à
Companhia de Jesus como às várias irmandades que aqui tiveram sede.
Os Frontais de Altar (Portugal, séc. XVII, tecido de lhama de seda
bordada a ouro) em exposição destinavam-se, como o nome indica, à
colocação diante dos altares das capelas da Igreja de São Roque. Entre as
várias salvas, destaca-se, pelo seu interesse histórico, a Salva Armoriada
(Portugal, séc. XVI, prata cinzelada), por apresentar o brasão de D. Francisco
da Gama, Conde da Vidigueira e descendente de Vasco da Gama. O Palácio
dos Gamas situava-se muito próximo da Igreja de São Roque, num local
atualmente ocupado por infraestruturas da SCML, junto à Calçada do Duque.
Sensivelmente ao centro do expositor, está uma Salva e Gomil (Portugal,
c.1720, prata repuxada e cinzelada) de aparato, decorada com macacarias.
Devoção a Cristo – Paixão e Glorificação
O próximo subnúcleo apresenta a vida de Cristo, contada do fim para o
início. Começa com a Paixão, ciclo da vida de Cristo particularmente
importante para a Companhia de Jesus, ordem consagrada ao próprio nome de
Jesus.
As peças Cristo a Caminho do Calvário e Descida da Cruz (pintor
desconhecido, Portugal, séc. XVII) pertenciam originalmente à Capela de N.ª
Sr.ª da Piedade da Igreja de São Roque, na qual cobriam vários nichos
contendo relicários. São pinturas maneiristas de influência italiana,
apresentando-se densamente ocupadas pela figuração humana, com grande
dramatismo e teatralidade. Esta característica distingue-as dos gestos contidos
e da austeridade da maioria da pintura portuguesa tardo-maneirista, como por
exemplo as duas pinturas seguintes.
A Oração de Cristo no Horto e a Cerimónia do Lava-pés (Simão
Rodrigues e Domingos Vieira Serrão, c.1600) são exemplos muito
interessantes da pintura do período: austera, simples, reduzida ao essencial e
intemporal. Seguem gravuras da obra Evangelicae Historiae Imagines, da
19
autoria do Pe. Jerónimo Nadal e impressas por Wierix, fonte iconográfica muito
importante para os inacianos. Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão são
dos principais nomes do período, tendo trabalhado juntos por várias ocasiões.
A Descida da Cruz (Flandres (?), séc. XVII (?)) constitui um dos poucos
exemplos de pintura estrangeira na Igreja e Museu de São Roque. Trata-se de
uma pintura que segue o mesmo modelo da famosa Descida da Cruz pintada
por Rubens para a Catedral de Antuérpia. Foi durante muito tempo entendida
como uma obra de André Gonçalves, pintor setecentista, mas estudos recentes
concluíram que é, provavelmente, flamenga e do século XVII.
Devoção a Cristo – Encarnação e devoção à Virgem
Na Santíssima Trindade (Fernão Gomes, início séc. XVII, óleo s/ tela) é
visível um interessante modelo deste dogma, representado aqui na sua forma
antropomórfica, com imagens distintas de Deus Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Destaca-se pela forma como o Filho é representado, não só por receber
maior destaque na composição em relação aos outros elementos da
Santíssima Trindade, característica incomum, mas também por se apresentar
segundo a iconografia do Salvator Mundi, devoção importante para a
Companhia de Jesus, aparecendo, por exemplo, no topo da capela-mor da
Igreja de São Roque.
A Anunciação e a Adoração dos Reis Magos (Bento Coelho da
Silveira, c.1656, óleo s/ tela) pertenceram muito provavelmente a um altar
consagrado à Natividade localizado em parte incerta na Casa-Professa de São
Roque. São peças barrocas e bons exemplares da fase inicial de atividade de
Bento Coelho da Silveira, um dos principais pintores portugueses da segunda
metade do século XVII. A Anunciação é característica das representações
deste episódio bíblico após Trento, por apresentar a Glória dos Céus em
destaque e o Arcanjo S. Gabriel ajoelhado frente à Virgem, numa posição de
reverência.
As duas pinturas de N.ª Sr.ª do Pópulo (autores desconhecidos,
Portugal, sécs. XVI e XVII, óleo s/ tela) representam uma iconografia de
particular importância para a Companhia de Jesus. Seguem o modelo do ícone
20
Salus Populi Romani (“Salvadora do Povo Romano”), que se preserva em
Roma e que na altura a tradição atribuía a S. Lucas Evangelista. Por este
motivo foram feitas várias cópias, difundidas pelas casas da Companhia de
Jesus, depois de S. Francisco de Borja ter conseguido autorização papal para
o fazer. O original é, de facto, um ícone bizantino. Há registos de ter havido
uma capela consagrada a esta devoção num dos claustros de São Roque, bem
como mais outras duas pinturas com esta iconografia.
Devoção a Cristo – Natividade e Infância
A Adoração dos Reis Magos (círculo de Gaspar Dias, c.1570, óleo s/
madeira) é uma das melhores pinturas maneiristas na coleção da SCML,
apresentando grande qualidade na forma de tratamento dos rostos, das
ourivesarias e no domínio da técnica do óleo. Gaspar Dias foi, segundo alguns
autores, o principal pintor português do seu tempo, tendo estudado pintura em
Itália a expensas do rei D. João III. Em São Roque, existem quatro obras que
lhe são atribuíveis (esta Adoração dos Reis Magos, a Aparição do Anjo a São
Roque e a Morte de São Roque da capela do santo, e a Anunciação do Altar da
Anunciação). O rosto praticamente igual ao da Virgem na Anunciação solidifica
a atribuição a uma autoria comum.
Enquanto a Adoração dos Reis Magos alude à adoração do salvador
pelas elites, a Adoração dos Pastores (oficina de André Reinoso, séc. XVII,
óleo s/ tela) remete para a sua adoração pelo povo. Trata-se de uma peça do
período protobarroco, sendo Reinoso o principal nome do mesmo, autor
também de duas telas na Capela da Sagrada Família e do Ciclo de São
Francisco Xavier na sacristia da Igreja de São Roque.
Núcleo de Arte Oriental
O sector de Arte Oriental reporta à presença da Companhia de Jesus no
Oriente, apresentando-se dividido de acordo com a região de origem das
peças. Estando no centro da sala, de costas para a entrada: lado esquerdo -
Índia e Ceilão; frente, esquerda - Japão; frente, direita e lado direito - China;
21
atrás - Palestina. É exceção a Mesa que suporta o Contador (China, séc. XVII,
madeira lacada e madrepérola), por ser de feitura portuguesa, ao gosto chinês
e do século XIX.
No expositor concernente à Índia destaca-se o Relicário de S.
Francisco Xavier (Goa, 1686-90, madeira de teca, vidro e prata vazada), peça
encomendada pelo Governador de Goa D. Rodrigo da Costa para albergar
relíquias do santo, incluindo um dedo do seu pé. Ao longo dos séculos o seu
conteúdo foi crescendo, tendo à data da sua doação à SCML um total de 18
peças e 7 autênticas. A peça esteve na posse das famílias Costa, Almeida e
Castro, passando entre as mesmas através de laços hereditários e
matrimoniais, e em 2009 foi doada à SCML por D. Teresa Mendia de Castro
(Nova-Goa). É uma obra-prima da prataria goesa do período. Destaca-se
igualmente o Cristo Crucificado (Índia, final séc. XVII, marfim), não só pelas
suas dimensões fora do normal (tendo em conta que se trata de marfim), como
também pela grande precisão anatómica. Esta peça veio do Convento de São
Pedro de Alcântara, pertença da SCML desde 1833, situado a escassos
minutos do Museu de São Roque e também visitável.
No conjunto japonês tem particular interesse o Cofre-relicário (Japão,
final do séc. XVI, período Momoyama; madeira lacada, madrepérola e cobre).
Proveniente o altar dos Santos Mártires da Igreja de São Roque, este cofre
destaca-se justamente pela sua proveniência, sendo uma doação à antiga
Casa-Professa da Companhia de Jesus, encontrando-se documentado em
inventários de 1588 e 1695, e portanto proveniente da época em que a
Companhia de Jesus está ativa no Japão. No mundo cristão, estes pequenos
cofres viram-se usados como relicários ou cofres para o Santíssimo, razão pela
qual há vários que chegaram aos nossos dias.
Na coleção chinesa, assinala-se o Conjunto de Paramentaria Litúrgica
(China, meados do séc. XVIII, seda, linho e fios metálicos) destinado a Missa
Solene, constituído por 10 peças distintas, não se encontrando todas em
exposição. No conjunto de porcelana, destaca-se o Serviço de chá com
imagens de S. Inácio de Loyola (China, dinastia Qing, período Qianlong,
c.1750, porcelana da China, tinta-da-china e ouro), provavelmente feito para
assinalar o segundo centenário da fundação da ordem. Este serviço encontra-
22
se atualmente disperso, com peças nas coleções de vários museus. A imagem
do santo é baseada numa pintura de Rubens, cuja reprodução gravada chegou
à China.
No caso da Palestina, a Cruz-peitoral/relicário (Palestina, séc. XVII-
XVIII, madeira, madrepérola, latão e cristal de rocha) é uma peça com duas
partes distintas, formalmente bastante diferentes: a cruz-relicário e o suporte
que lhe foi adicionado mais tarde. A cruz-relicário (séc. XVII) serviria
originalmente como um colar (como se pode constatar pelo anel que ainda tem
no topo), contendo um total de 14 relíquias, identificadas com tendo sido
obtidas ao longo de uma peregrinação à Terra Santa, conhecendo-se a
proveniência de cada uma. O suporte (séc. XVIII) apresenta uma imagem de
Santa Verónica, certamente outrora pertencente a uma Cruz de Altar como a
que lhe está ao lado (Palestina, meados do século XVIII, madeira de oliveira e
madrepérola), um tipo de peça muito produzido pelos franciscanos na Terra
Santa a partir de finais do século XVI, em resposta ao crescimento da procura
provocado pelas peregrinações.
Núcleo da Capela de São João Batista
Para o cerimonial da liturgia áulica da Capela de S. João Batista –
encomendada por D. João V em 1742 – foi concebido um vasto conjunto de
objetos de uso litúrgico, constituindo atualmente uma das melhores coleções
do género, pela qualidade individual de cada peça (algumas delas únicas no
mundo), pela importância histórico-artística do conjunto como um todo
(coerentemente devido a uma única encomenda), e pelo estado de
preservação em que se encontra. É, por estas razões, a coleção de maior
importância no Museu de São Roque, ao que acresce o facto de estar na
origem do mesmo.
Em março de 1744, menos de dois anos volvidos da encomenda da
Capela Real, é encomendado a Roma o vasto conjunto de alfaias litúrgicas que
a deveria acompanhar. Entendendo-se, ainda assim, que o pedido estaria
incompleto, em maio do mesmo ano é expedido um novo documento,
23
acrescentando mais peças. A articulação da encomenda em Roma deve-se a
Manuel Pereira de Sampaio, embaixador de Portugal na Santa Sé, que ficou
incumbido de contratar os artistas e de assegurar a comunicação entre o
encomendante e os executantes. Quando se viu acusado de má gestão do
tesouro régio, mandou compilar, em 1745, o importante Álbum Weale, um
documento inestimável para a história da Capela de São João Batista, por
registar o conjunto que foi feito e os artistas que nele colaboraram. Este álbum
pertence atualmente à École nationale supérieure des beaux-arts, em Paris.
Como inclui desenhos das peças, este álbum permite saber como seriam os
objetos que infelizmente desapareceram. Além do muito que não nos chegou, é
de destacar uma custódia integralmente feita em ouro, da autoria do ourives
Tommaso Politi, desaparecida antes de 1784 – conjuntamente com as
restantes peças feitas no precioso metal – por razões ainda por esclarecer
completamente. Efetivamente, neste ano é feito um inventário do conjunto, no
qual estes objetos já não surgem mencionados.
Todavia, a coleção que chegou aos nossos dias é atualmente
considerada como única pelos especialistas, ultrapassando mesmo as suas
congéneres italianas, graças a coerência do conjunto, à qualidade individual de
cada peça e ao estado de preservação em que se encontra.
Entre os exemplares mais notáveis destacam-se:
Os dois Tocheiros Monumentais (ourives Giuseppe e Leandro
Gagliardi, modelos escultóricos de Giovanni Battista Maini, Roma, 1749, prata
e bronze fundidos, cinzelados e dourados) são peças excecionais do contexto
do barroco romano, destacando-se pelas suas dimensões, constituindo peças
de ourivesaria traduzidas a uma escala monumental. Profusamente decorados,
apresentam na base as figuras dos Doutores da Igreja: São Jerónimo, São
Tomás de Aquino e Santo Ambrósio (tocheiro esq.), e São Gregório Magno,
São Boaventura e Santo Agostinho (tocheiro dto.).
O Frontal de Altar muta nobile (ourives Antonio Arrighi, modelos
escultóricos de Agostino Corsini e Bernardino Ludovisi, Roma, 1744-50, prata
repuxada e cinzelada, bronze dourado e lápis-lazúli) destinava-se a ser usado
nas ocasiões mais solenes, como o dia de S. João Batista. A raridade desta
24
peça provém não só da grande qualidade do trabalho como também dos
materiais, posto que a esmagadora maioria dos frontais de altar são peças em
tecido sobre madeira. Ao centro, uma representação da Adoração do Cordeiro
Místico.
A Maquete da Capela de São João Batista (Giuseppe Palms,
Giuseppe Fochetti, Giuseppe Voyet e Genaro Nicoletti, Roma, 1744-47,
madeira policromada e dourada, pintura s/ cobre) é uma das duas únicas
maquetes joaninas que chegaram aos nossos dias, conjuntamente com a da
capela-mor da Sé de Évora, guardada em S. Francisco da mesma cidade.
Sabe-se que o projeto inicial da Capela de S. João Batista foi alvo de
sucessivas alterações – impostas por João Frederico Ludovice – e que esta é a
segunda maqueta que foi feita, tendo-se perdido a primeira. Trata-se, portanto,
da versão final do projeto que é aqui apresentada, provavelmente para
aprovação do rei.
As Sacras para Missa Solene (António Vendetti, Roma, 1744-50, prata
branca e dourada, cinzelada e gravada) são também peças de excecional
qualidade, como é apanágio de toda a coleção. Eram utilizadas para leitura de
excertos específicos da liturgia, como o início do Evangelho de S. João, o
Cânon Romano ou o Credo. Apresentam uma complexa iconografia, muita dela
de simbologia eucarística, como por exemplo a decoração em parras de uvas e
espigas de trigo da sacra central, remetendo para o sangue e corpo de Cristo.
Ao lado da maquete, do lado oposto ao expositor das Sacras, está um
conjunto de alfaias litúrgicas várias. O Cálice é usado para conter a água e o
vinho, misturados e consagrados na celebração eucarística, contidos
anteriormente no par de Galhetas e Salva. Seguindo o importante tratado de
São Carlos Borromeu, Instructiorum Fabricae et Supellectilis Ecclesiasticam
(1577), têm um sinal que permite identificar o conteúdo, designadamente um
“A” e um “V”. O Vaso de Comunhão – ou Cibório – é usado para conter as
hóstias que são distribuídas pelos fiéis aquando da comunhão, o Purificador é
usado para a limpeza das mãos do presbítero quando a comunhão é dada fora
da missa, o Apagador usa-se para apagar as velas que iluminavam a capela,
enquanto a Campainha se ouviria nas alturas mais importantes da celebração.
25
(Antonio Gigli, Roma, 1744-50, prata cinzelada e dourada - todas as peças
referidas neste parágrafo).
O Turíbulo, Naveta e Colher (Leandro Gagliardi, Roma, 1744-50, prata
cinzelada e dourada) estão relacionados com os atos de incensar. A naveta
contém o incenso e a colher é usada para o colocar no turíbulo, onde é
queimado.
A coleção de quatro Relicários (Carlo Guarinieri, Roma, 1744-50, prata
fundida, cinzelada e dourada) respeita a metade do todo, havendo registos de
mais quatro, também em prata. Apresentam dois modelos diferentes: o de urna
e o de templete. Os que nos chegaram contêm relíquias de S. Próspero, S.
Félix, S. Urbano e S. Valentim.
A vasta coleção de Paramentaria Litúrgica contém peças em 6 cores
diferentes, e conjuntos festivos, solenes e quotidianos, num total de 12
conjuntos. A utilização variava consoante a ocasião e período litúrgico. São
eles: Branco para Missa Solene (Giuliano Saturni, Francesco Giuliani; Roma,
1744-49, gros de tours branco laminado em prata e bordado a ouro); Vermelho
para Missa Solene (Girolamo Mariani, Francesco Giuliani; Roma, 1744-49, gros
de tours vermelho laminado em prata e bordado a ouro); Branco Festivo (Nicolo
Bovi, Roma, 1744-49, bordado sobre tela de linho a fio de prata, seda,
lantejoulas); Vermelho Festivo (Filippo Salandri, Francesco Giuliani; Roma,
1744-49, gros de tours vermelho laminado a fio de prata dourada e bordado a
ouro); Verde Festivo (Filippo Gabrielli, Francesco Giuliani; Roma, 1744-49, gros
de tours verde laminado a fio de prata dourada e bordado a ouro); Roxo Festivo
(Cosimo Paternostro, Francesco Giuliani; Roma, 1744-49, gros de tours roxo
laminado a fio de prata dourada e bordado a ouro), e Rosa Festivo, (Filippo
Salandri, Francesco Giuliani; Roma, 1744-49, gros de tours rosa laminado a fio
de prata dourada e bordado a ouro), ao que acrescem os Quotidianos, nas
cores Branca, Vermelha, Verde, Preta e Roxa (Carlo Abbondio, Gio Batta
Salandri, Benedetto Salandri, Filippo Gabrielli, Nicolo Bovi, Francesco Giuliani;
Roma, 1744-49, gros de tours moiré bordado).
Os conjuntos solenes destinavam-se a ocasiões especiais, nas quais
seriam usados por altos dignitários do clero. Os festivos, como o nome indica,
26
destinavam-se aos dias religiosos festivos, não estando o seu uso limitado às
altas hierarquias. Nas restantes ocasiões, usavam-se os quotidianos.
A cor branca era destinada ao Natal, Páscoa, solenidades dos santos e
administração dos sacramentos do Matrimónio, Batismo e Ordenação; a
vermelha usava-se no Pentecostes e no sacramento da Confirmação; verde
nos períodos depois da Epifania e depois do Pentecostes (atualmente
denominado Tempo Comum); roxo no Advento, Quaresma e sacramento da
Penitência; rosa no terceiro Domingo do Advento (Domingo Gaudete) e quarto
Domingo da Quaresma (Domingo Laetare), e preto na liturgia dos defuntos.
Núcleo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
História e Iconografia da Instituição
A SCML foi fundada em 15 de agosto de 1498 pela Rainha D. Leonor de
Lencastre, viúva de D. João II e irmã do monarca reinante, D. Manuel I. A
fundadora aparece representada no Retrato da Rainha D. Leonor (José
Malhoa, 1926, óleo s/ tela), estudo para a pintura homónima pertencente ao
Museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha.
Inicialmente instalada na Capela da Terra Solta, no claustro da Sé de
Lisboa, a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia foi transferida para a
Igreja da Misericórdia em 1533, atual Conceição Velha. Com os enormes
estragos provocados nesta igreja pelo terramoto de 1755 e com a expulsão dos
jesuítas em 1759, a SCML foi transferida para a Casa-Professa de São Roque
em 1768. Muito do património que a SCML tinha perdeu-se no terramoto e a
esmagadora maioria das peças que atualmente integram a coleção da
Instituição foram-lhe entregues ou executadas depois do sismo. São exceções
o Casamento de Santo Aleixo e o Cetro do Provedor da Misericórdia, que
resistiram à catástrofe.
As Bandeiras da Misericórdia (Bernardo e Manuel Pereira Pegado,
c.1784, óleo s/ tela) apresentam a iconografia elegida para a instituição, com
N.ª Sr.ª do Manto protegendo os Três Estados: Clero, Nobreza e Povo. O
27
prisioneiro alude a “Remir cativos e presos visitar”, obra de Misericórdia
corporal. Há 14 Obras de Misericórdia ao todo, 7 espirituais e 7 corporais.
Uma relativamente recente adição à coleção, a Anunciação (mestre
desconhecido, Flandres, 1555, óleo s/ madeira) constitui um belo exemplar da
pintura primitiva flamenga, seguindo os habituais moldes das anunciações
deste contexto, com apenas uma pequena (mas importante) diferença, pela
sua raridade: o conjunto de crianças que segura o manto do Arcanjo S. Gabriel,
interpretadas como crianças institucionalizadas. A proteção dos Expostos da
Roda foi durante muito tempo a principal responsabilidade da SCML.
A famosa representação do Casamento de Santo Aleixo (Garcia
Fernandes, 1541, óleo s/ madeira) é a mais conhecida pintura da coleção da
SCML. A sua fama deve-se ao facto de durante muito tempo ter sido
interpretada como o III Casamento do Rei D. Manuel, leitura que remonta, pelo
menos, a meados do século XVIII. Esta interpretação derivava da existência de
uma suposta nota de encomenda de uma peça com esta representação,
referida pelo Abade de Castro mas impossível de localizar atualmente, bem
como pela presença de D. Álvaro da Costa, responsável pela negociação do
matrimónio. Em 1998 o historiador de arte Joaquim de Oliveira Caetano propôs
uma nova interpretação, como o Casamento de Santo Aleixo. O terceiro
casamento de D. Manuel uniu em matrimónio o rei e D. Leonor de Áustria,
originalmente prometida ao futuro D. João III. A alteração dos moldes
inicialmente previstos levaram à contestação por uma parte da corte, onde,
mesmo depois da questão se ter estabilizado, a mudança nunca foi bem aceite
por D. João. Pintada em 1541, esta peça foi feita 20 anos após a morte de D.
Manuel, entendendo-se que não faria sentido a representação comemorativa
que um evento que o monarca reinante não viu com bons olhos. Está
documentada a existência de uma Confraria de Santo Aleixo na antiga Igreja
da Misericórdia (de onde esta peça provém), ainda que poucas décadas depois
da realização desta pintura, e conhece-se uma pintura mural na Ermida de
Santo Aleixo de Montemor-o-Novo, comprovadamente deste tema e bastante
semelhante com a do MSR. Apesar de a interpretação desta peça continuar em
discussão, a maioria dos especialistas concorda com o Casamento de Santo
Aleixo.
28
Legados, doações e benemerências
Ao longo dos seus mais de 5 séculos de História a SCML reuniu um
vasto conjunto patrimonial, muito graças a heranças, doações e legados, assim
como à integração de património que se encontrava em edifícios ao longo dos
tempos que foram sendo confiados à sua guarda.
A última sala do percurso museológico é ao mesmo tempo a primeira
sala do museu, uma vez que foi aqui que o museu nasceu. Quando o Museu
do Thesouro da Capela de S. João Baptista foi inaugurado ocupava apenas
este espaço, até 1903 Sala de Extrações da Lotaria Nacional. Atualmente, aqui
expõem-se essencialmente peças doadas e legadas à SCML e, como tal, não-
provenientes da antiga Casa-Professa jesuíta.
No que diz respeito à pintura setecentista, destaca-se o Martírio de S.
Sebastião (Joaquim Manuel da Rocha, 2ª metade séc. XVIII, óleo s/ tela), com
o interesse de apresentar três passos da paixão de S. Sebastião: Audiência
com Diocleciano, Flagelação e Martírio; a Imposição da Regra por S. Teresa
de Ávila (Pedro Alexandrino de Carvalho, 2ª metade séc. XVIII, óleo s/ tela), a
única peça deste importante pintor em exposição, aludindo à reforma das
Carmelitas pela santa quinhentista, e as imagens de S. Joaquim, Santa Ana,
S. Maria Madalena, S. José e S. João Baptista (André Gonçalves, c.1750-60,
óleo s/ tela), de proveniência desconhecida, exemplares de um outro
importante pintor deste contexto.
No final do percurso expositivo, apresenta-se um núcleo de escultura
predominantemente barroca, portuguesa e do século XVIII. Destacam-se, pela
qualidade, a escultura de S. João Baptista (António Ferreira, 2ª metade do
séc. XVIII, terracota policromada) e a de S. Sebastião (Barros Laborão,
Portugal, 2ª metade do século XVIII, terracota policromada e dourada).
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Cronologia1
Século XVI
1505 - Epidemia de peste negra na cidade de Lisboa.
1506 - Edificação da Ermida de São Roque.
1515 - Consagração da ermida pelo bispo D. Duarte;
1527 - Sagração do chamado adro da peste da ermida de São Roque,
pelo bispo D. Ambrósio, conforme lápide em exposição no museu.
1525-1527 - Instituição da Irmandade de São Roque;
1534 - Fundação da Companhia de Jesus.
1540 - Aprovação da Companhia de Jesus pelo Papa Paulo III através
da Bula Regimini Militantis Ecclesiae; D. Pedro de Mascarenhas, embaixador
em Roma, é incumbido por D. João III de trazer os primeiros Padres da
Companhia de Jesus; chegada a Lisboa de Simão Rodrigues de Azevedo e
Francisco Xavier;
1553 - Os Jesuítas tomam posse de São Roque
1555 - Início da construção da igreja, então com 3 naves, usando-se a
ermida pré-existente.
1564 - Padre Manuel Godinho trouxe de Roma desenhos de uma igreja;
1567 - Nova ampliação, com uma nave, sob a orientação do mestre-de-
obras de D. João III, Afonso Álvares.
1567-1568 - Decide-se dar uma nova forma à capela-mor, destruindo-se
assim o que já possuía no interior;
1573 - Abertura ao culto com a igreja ainda inacabada
1577 - Baltazar Álvares dá continuidade ao trabalho de Afonso Álvares;
a construção do edifício da Casa Professa deve ter decorrido em simultâneo
com a igreja
1584 - Pintura dos azulejos da Capela de São Roque por Francisco de
Matos.
1586 - Filipe Terzi opera modificações na fachada da igreja e concebe o
remate, cobertura e acabamentos interiores;
1 Adaptado de:
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6227
30
1587 - Escritura de doação das relíquias por D. João de Borja, conde de
Ficalho e mordomo-mor da Imperatriz D. Maria, filho do Duque de Gandia D.
Francisco de Borja, Geral da Companhia, e de D. Leonor de Castro,
1587-1589 - Pintura do teto por Francisco Venegas;
1596 - Colocação de azulejos "ponta de diamante" da escola Triana de
Sevilha no transepto e subcoro;
Século XVII
1602 - Pintura dos painéis dos seguintes dos arcos por Amaro do Vale e
um deles por Fernão Gomes;
1613 - Fundação da Capela da Senhora da Piedade por iniciativa de
Martim Gonçalves da Câmara;
1619 - Pintura de 20 telas da sacristia por André Reinoso, sobre a vida
de S. Francisco Xavier;
1623 - Instituição da capela de São Francisco Xavier por Luís Roiz de
Elvas;
1625-1628 - Construção da capela-mor por ordem do Padre Diogo
Monteiro;
1634 - Contrato entre a Companhia de Jesus e a Congregação dos
Irmãos da Doutrina estabelecendo que a obra da Capela da Doutrina e
respetiva sacristia era da responsabilidade desta;
1635, cerca - pintura de painéis da Capela da Sagrada Família por
André Reinoso e Avelar Rebelo;
1636 - Fundação da capela do Santíssimo Sacramento (na altura de
Nossa Senhora da Assunção) por Luís Frois.
1640, cerca - pintura de duas telas da Capela de São Francisco Xavier
por Avelar Rebelo;
1642 - Padre António Vieira prega o "Sermão das Quarenta Horas" no
púlpito oriental da igreja;
1688 - Feitura do retábulo de Nossa Senhora da Doutrina pelo
entalhador José Rodrigues Ramalho.
Séc. 17 - séc. 18 - renovação estética da Capela do Santíssimo;
Século XVIII
31
1709 - Renovação da decoração da capela de Nossa Senhora da
Piedade;
1721 - Pintura de dois óleos para a Capela de Santo António por Vieira
Lusitano;
1742-1747 - Construção da capela de São João Batista, em Roma,
encomendada por D. João V, com projeto dos arquitetos Luigi Vanvitelli e
Nicola Salvi; o pavimento em mosaico é da autoria de Enrico Enuo e os painéis
laterais, com cartões de Agostino Masucci, foram executados por Mattia
Moretti;
1744 - Sagração da capela de São João Batista em Roma, pelo Papa
Bento XIV, na Igreja de Santo António dos Portugueses;
1747-1752 - Montagem da capela de São João Batista no lugar da
antiga capela do Espírito Santo, demolida;
1754 - Enterro de D. Tomás de Almeida, Iº Cardeal-Patriarca de Lisboa,
na capela-mor
1755 - O terramoto atinge pouco a igreja, sendo sobretudo danificadas a
fachada e a torre sineira, cuja queda afetou a Capela de Santo António;
Séc.18, 2.ª metade - obras na capela de Santo António que adquire uma
nova decoração, ao gosto da época; colocação das duas séries superiores de
pintura na sacristia.
1759 - Decreto de expulsão da Companhia de Jesus;
1768 - Carta régia doando a Igreja e Casa professa de São Roque à
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para ali estabelecer e acomodar o
Recolhimento das órfãs e expostos;
séc. 18, final - Instalação da sala de extrações da Misericórdia na sala
principal da Casa Professa.
Século XIX
1809 - Planta da igreja, Casa Professa, edifício dos Expostos e respetiva
cerca, mostrando, entre outros elementos, a existência de cinco capelas entre
os claustros e o pátio com duas cisternas;
1842 - Descoberta das relíquias ocultas atrás dos retábulos das capelas
do cruzeiro;
32
1848 - Colocação do órgão, proveniente do Convento de São Pedro de
Alcântara, na capela do transepto do lado da Epístola;
1893-1894 - Grande campanha de obras sob a direção de António César
Mena Júnior: construção do coro-alto, pela oficina da carpintaria e marcenaria
de Frederico Augusto Ribeiro; pinturas no teto do subcoro e guarda em
marmoreados fingidos por Domingos Afonso Oliveira e florões executados na
oficina do entalhador Guilherme Coutinho; colocação de vidros foscos para o
coro-alto; transferência do órgão para o coro-alto;
Século XX
1902-1907 - Grande campanha de obras no edifício sede da
Misericórdia, projetadas por Adães Bermudes e a cargo do mestre-de-obras
António Ribeiro;
1905 - Inauguração do Museu do Tesouro da Capela de São João
Baptista
1929 - Primeira remodelação do Museu, promovida pelo conservador
Jorge Cid.
1937 - Remodelação do Museu, que passa a estar dotado de uma
galeria de pintura.
1968 - Conclusão de nova remodelação, conduzida pela Conservadora
Maria João Madeira Rodrigues e financiada pela Fundação Calouste
Gulbenkian. O museu passa a assumir-se como Museu de Monumento.
1993 - Novos trabalhos levados a cabo por Nuno Vassallo e Silva. Ao já
existente Núcleo da Capela de São João Batista são acrescentados os Núcleos
da Ermida de São Roque, da Companhia de Jesus e da Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa.
Século XX
2006 - Início das obras da mais recente remodelação do museu.
Condução de escavações arqueológicas no sítio da antiga Casa-Professa.
2008 - O Museu de São Roque reabre ao público com um novo discurso
expositivo, organizado cronologicamente e compreendendo mais um núcleo,
dedicado à Arte Oriental. Foi também dotado de acessibilidades para visitantes
com mobilidade reduzida e estruturas de apoio ao visitante, designadamente
33
uma loja e um restaurante/cafetaria. Este projeto foi cofinanciado pelo FEDER /
Programa Operacional de Cultura
2013 - É concluído o restauro da Capela de São João Batista.
34
Bibliografia complementar e outros
recursos2
Bibliografia
CAETANO, Joaquim Oliveira (coord.) – O Tecto da Igreja de S. Roque -
História, Conservação e Restauro. Coleção Património Artístico,
Histórico e Cultural da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, vol VII.
Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque,
2002
CAETANO, Joaquim Oliveira – Garcia Fernandes - Um Pintor do
Renascimento Eleitor da Misericórdia de Lisboa. Lisboa: Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 1998
CAETANO, Joaquim Oliveira – Pintura - Colecção de Pintura da
Misericórdia de Lisboa – Século XVI ao Século XX. Lisboa: Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 1998
MORNA, Teresa Freitas (coord.) – Arte Oriental nas Colecções do Museu de
São Roque. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 2010
MORNA, Teresa Freitas (coord.) – Escultura - Século XVI ao Século XX,
Colecção de Escultura da Misericórdia de Lisboa. Colecção
Património Artístico, Histórico e Cultural da Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa, vol VI Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – Museu
de São Roque, 2000
MORNA, Teresa Freitas (coord.) – Igreja de São Roque. Roteiro. Lisboa:
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 2008
MORNA, Teresa Freitas (coord.) – Museu de São Roque. Catálogo da
Exposição Permanente. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa –
Museu de São Roque, 2008
MORNA, Teresa Freitas (coord.) – Museu de São Roque. Roteiro. Lisboa:
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 2008
OLIVEIRA, Maria Helena (coord.) – Património Arquitectónico da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia
de Lisboa – Museu de São Roque, 2006
PIMENTEL, António Filipe – Uma jóia em forma de templo: a Capela de São
João Baptista. in Oceanos, nº43, Lisboa, Julho/Setembro, 2000
PIMENTEL, António Filipe – Nobre, séria e rica, a encomenda da capela
lisboeta de S. João Baptista e a controvérsia Barroco versus
2 NOTA: A bibliografia aqui indicada é a mesma que se usou para a redação do
presente guião.
35
Classicismo. in PEREIRA, Sónia Gomes (org.) – Anais do VI Colóquio
Luso-Brasileiro de História da Arte. vol. I. Rio de Janeiro: 2004
RIBEIRO, Victor – A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Reprodução fac-
similada da edição de 1902. Lisboa: Academia das Ciências, 1998
RODRIGUES, Maria João Madeira – A Capela de São João Baptista e as
suas colecções, Lisboa: INAPA, 1988
SERRÃO, Joaquim Veríssimo – A Misericórdia de Lisboa - Quinhentos anos
de História. Livros Horizonte, 1998
SERRÃO, Vítor – A Lenda de São Francisco Xavier pelo pintor André
Reinoso. Lisboa: Bertrand Editora, 2006
VALE, Teresa Leonor (coord.) – Capela de São João Batista da Igreja de
São Roque. A encomenda, a obra e as coleções. Lisboa: Santa Casa
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Casa da Moeda, 2015
VASSALLO E SILVA, Nuno (coord.) – O Púlpito e a Imagem – Os Jesuítas e
a Arte. Catálogo da exposição temporária. Lisboa: Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 1996
VASSALLO E SILVA, Nuno (coord.) – Ourivesaria e Iluminura. Século XIV ao
Século XX. Colecção Património Artístico, Histórico e Cultural da Santa
Casa da Misericórdia de Lisboa, vol IV. Lisboa: Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa – Museu de São Roque, 1998
VITERBO, Francisco de Sousa; ALMEIDA, Rodrigo Vicente d' – A Capella de
S. João Baptista Erecta na Egreja de S. Roque. Lisboa: Livros
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Fontes primárias
TELLES, Baltazar – Chronica da Companhia de Iesu. Lisboa: 1645
MENA JÚNIOR, António César – Memória Justificativa e Descriptiva Das
Obras Executadas na Egreja de S. Roque de Lisboa, Desde 12 de
Outubro de 1893 até 18 de Junho de 1894. Lisboa: Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa,1894
Recursos online
Museu de São Roque – www.museudesaoroque.com
Sistema de Informação para o Património Arquitetónico -
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=622
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Histórico de atualizações
22 de janeiro de 2018 – Publicação da primeira versão.