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GUILEE PEREIRA DE MATOS O AVAÇO DOS BLOGS JORALÍSTICOS UIVERSIDADE OVE DE JULHO SÃO PAULO – 2008

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GUILE�E PEREIRA DE MATOS

O AVA�ÇO DOS BLOGS JOR�ALÍSTICOS

U�IVERSIDADE �OVE DE JULHO

SÃO PAULO – 2008

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GUILE�E PEREIRA DE MATOS

O AVA�ÇO DOS BLOGS JOR�ALÍSTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como exigência, para obtenção do grau de Bacharel no curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, da Universidade Nove de Julho (UNINOVE).

Orientadora: Profª. Drª. Marcela Matos

U�IVERSIDADE �OVE DE JULHO

SÃO PAULO – 2008

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Dedico este trabalho

Em primeiro lugar a Deus, Aos meus pais e ao meu irmão.

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AGRADECIME�TOS

Agradeço a DEUS, por tudo, pois sem Ele nada seria possível.

A meu pai Justino e minha mãe Brinca, pela força e apoio e ao meu irmão, Júnior, por me incentivar a voltar a estudar.

A minha orientadora, profª. drª. Marcela Matos, pelo privilégio de ter sido sua aluna e orientanda, além de ter me ajudado, durante esse último ano, a fazer esta pesquisa.

Ao querido, prof. e grande mestre Alexandre Barbosa, que me despertou para web e me ajudou a chegar no meu tema de estudo.

A profª. drª. Cilene Victor, a quem devo grande parte da minha formação acadêmica e a profª. Patrícia Kay, que me auxiliou no desenvolvimento de parte desta pesquisa com importantes sugestões.

A profª. Ana Ziccardi que foi importante para a minha permanência no curso.

Ao prof. José Amaral, que com profissionalismo me ajudou a ver determinadas matérias de forma positiva.

A amiga e parceira, Samanta, pelos momentos de sufoco que juntas passamos, em vários trabalhos realizados nesses quatro anos de curso.

A amiga Janaina, por ser a responsável pelo meu primeiro estágio, além de ter sido durante muito tempo minha editora.

Aos amigos, Elisa, Karina e Jorge, por tudo que durante esses quatro anos fizeram por mim, compartilhando conhecimentos.

A todos que participaram desta importante conquista em minha vida. E também a toda turma de 2008 pela honrosa convivência.

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A Internet, talvez seja o último espaço de liberdade do homem.

Ricardo oblat

Gutenberg nos fez leitores, máquina xérox nos fez editores e a eletrônica e os computadores em

rede nos fazem autores. Marshall McLuhan

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique

e ninguém que não entenda. Cecília Meirelles

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MATOS, Guilene Pereira. O avanço dos blogs jornalísticos. 2008. 109 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2008.

RESUMO

Esta pesquisa analisa o porquê, atualmente, tantos jornalistas terem deixado empregos formais para dedicar-se a blogs. O avanço no meio cresce de maneira significativa, contribuindo, assim, para o desenvolvimento da blogosfera. O trabalho investiga as características que fazem do diário online uma opção ao profissional de se manifestar sem censura. Também, levanta outras questões que norteiam o tema. Como, a veracidade da informação transmitida por essa nova mídia, a tecnologia que favorece as pessoas, onde quer que elas estejam e a interatividade, responsável por não haver mais um receptor e um emissor, já que, todos somos tudo e ao mesmo tempo. A mudança no jornalismo é apresentada desde a chegada da Web 2.0, que trouxe aos meios de comunicação uma forma inovadora de informar. E com uma inusitada promessa, de se fazer jornalismo com total liberdade de expressão. Independência que, nos últimos tempos, fez dos blogs uma das maiores descobertas da Internet. Veremos, porém, que em certos momentos, essa liberdade é questionável, uma vez que, se tem vários meios de censurar. E se tratando da imprensa brasileira, os blogs não ficariam de fora.

Palavras-chave: Internet; blogs; interatividade; web 2.0; liberdade de expressão.

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MATOS, Guilene Pereira. The advance of blogs journalistic. 2008. 109 f. Completion of Work of Course (Graduation), University Nine of July, São Paulo, 2008.

ABSTRACT This research examines the why nowadays so many journalists have left formal jobs to devote themselves to blogs. The advance in the middle grows in a meaningful way thus contributing to the development of the blogosphere. The study analyzes the characteristics that make the daily online option for a professional to demonstrate without censorship. Also raises other issues that guide the issue. As the veracity of the information supplied by this new medium the technology that encourages people wherever they are and interactivity responsible for no more a receiver and a transmitter since we are all at the same time. The change in journalism is presented since the arrival of Web 2.0 which brought the media to inform an innovative way. And with an unusual promise to do journalism with total freedom of expression. Independence that in recent times the blogs made a major discovery of the Internet. We will see however that at certain times such freedom is questionable since it has various means of censoring. And it was the Brazilian press the blogs would not be out. Keywords: Internet, blogs, interactivity; Web 2.0; freedom of expression.

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SUMÁRIO

I�TRODUÇÃO.......................................................................................................................10

1. O ADVE�TO DA I�TER�ET..........................................................................................12

1.1 Início...................................................................................................................................12

1.2 A criação da Web................................................................................................................13

1.3 O que mudou no jornalismo com a Internet........................................................................15

1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs..........................................................................19

2. I�TERATIVIDADE...........................................................................................................21

2.1 Emissor e receptor...............................................................................................................22

2.2 Os rumos da interatividade.................................................................................................24

2.3 Usabilidade..........................................................................................................................26

2.4 Novas mídias & interatividade............................................................................................27

2.5 A interatividade dos blogs...................................................................................................29

3. WEBLOGS E BLOGS........................................................................................................31

3.1 O papel dos blogs................................................................................................................34

3.2 Blogs no Brasil....................................................................................................................36

3.3 Os blogs mais populares.....................................................................................................37

3.4 Blogs corporativos..............................................................................................................38

4. BLOGS JOR�ALÍSTICOS...............................................................................................42

4.1 Jornalismo com a Web 2.0..................................................................................................44

4.2 Webjornalismo e blogs........................................................................................................47

4.3 A informação nos blogs......................................................................................................51

4.4 Jornalistas blogueiros..........................................................................................................53

5. LIBERDADE DE EXPRESSÃO.......................................................................................58

5.1 Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).................................................................61

5.2 O censor da ditadura militar................................................................................................63

5.3 DOI-Codi e Dops................................................................................................................64

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5.4 Ato Institucional n.5 (AI-5)................................................................................................68

6. A CE�SURA �O BRASIL.................................................................................................70

6.1 Liberdade de Imprensa........................................................................................................71

6.2 A falta de democracia hoje..................................................................................................72

6.3 A censura dos blogs............................................................................................................77

6.4 Quando as leis ameaçam.....................................................................................................80

7. ESTUDO DE CASO............................................................................................................82

7.1 Perfil dos moderadores........................................................................................................82

7.2 A análise dos blogs.............................................................................................................83

7.3 Blog do Tas.........................................................................................................................84

7.3.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................84

7.4 Blog do Milton Neves.........................................................................................................88

7.4.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................89

7.5 Blog do Noblat....................................................................................................................92

7.5.1 Descrição das publicações diárias....................................................................................93

CO�CIDERAÇÕES FI�AIS.................................................................................................99

REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................101

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I�TRODUÇÃO

Os blogs vêm crescendo cada vez mais como fontes de informação na Internet. Isso

porque jornalistas renomados, também, têm aderido a essa nova forma de dar notícias,

recheadas de críticas e opiniões. Através desses diários online surge um estilo inovador de

escrita, com expressão própria.

Os assuntos são diversificados, o que chama a atenção e atrai leitores. A interação

promove uma discussão do autor e seu leitor, através dos comentários. Que, algumas vezes,

são respondidas outras não. Mesmo porque é o escritor quem determina qual ponto de vista

poderá ser publicado.

A pesquisa teve como objetivo descobrir o porquê os blogs têm atraído tantos

jornalistas. Fazendo, até mesmo, com que esses profissionais deixassem empregos formais

para se dedicar inteiramente ao diário, que passou a ser fonte renda.

A estrutura do trabalho está dividida em sete capítulos. Os assuntos abordados foram

necessários para chegar á resposta da questão levantada. Inicialmente, no capítulo I, é

explicado o advento da internet na comunicação, que levanta desde a história e sua

representação na comunicação, até a mudança geral com chegada da Web 2.0.

No capítulo II, o foco é a maior característica da Internet do século XXI, a

interatividade, que tratará do que é o emissor e receptor nos dias de hoje, em que, não há mais

diferença, todos somos tudo e ao mesmo tempo.

Já no capítulo seguinte, III, o assunto será o desvendamento do tema, ou seja, a

Weblogs ou Blogs, que verificaremos desde a origem dos weblogs a sua proliferação rápida.

No IV capítulo, os blogs jornalísticos, de informação online, e jornalistas blogueiros são o

destaque.

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No capítulo V, a liberdade de expressão, será lembrada desde o Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP), passando pelos maiores repressores de todos os tempos, DOI-

Codi e Dops, até o fim da ditadura militar. Na atualidade, esse assunto continua no capítulo

VI, a Censura no Brasil, que falará de como ficou a liberdade da imprensa pós-ditadura. Da

democracia, e de como os blogs, apesar de ser referência da liberdade atual, indiretamente,

são controlados.

No VII e último capítulo, um estudo de caso feito no período de sete dias, de 22 a 28

de outubro de 2008, em três blogs jornalísticos, respectivamente: Marcelo Tas, Milton Neves

e Ricardo Noblat; dá de forma prática a resposta para essa pesquisa. Na análise, em questão,

além de apresentar o perfil de cada um dos autores, mostrará o gênero predominante dos

posts, a freqüência, números de comentários diários, e respostas, a linguagem utilizada e a

forma da organização das informações.

Por ser um tema em ascensão, a motivação de pesquisar o crescimento dos blogs,

principalmente, foi por ser um assunto de gosto pessoal. Sou leitora assídua de alguns diários

há muito tempo, tive a curiosidade de saber não só a história e o trajeto dos blogs, como o

porquê do seu notável avanço entre jornalistas, e claro, por ser algo, por enquanto, pouco

estudado.

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1. O ADVE�TO DA I�TER�ET

A chegada da Internet, realmente, revolucionou o mundo. Com o crescimento mais

rápido da história, trouxe uma grande quantidade de informações, ajudando as pessoas a se

comunicar umas com as outras. Além de ser a mais importante inovação vinda das novas

tecnologias.

A Internet chegou para ficar. Não é uma moda passageira e não haverá retrocesso. Jamais os usuários de e-mail voltarão a escrever cartas e deslocar-se até o correio para postá-las. Mas não podemos esquecer que o comércio eletrônico não decolou de imediato e que continuou sendo mais confortável assistir ao Grande Prêmio de Fórmula I na frente da TV, com balde de pipoca ao lado, do que tendendo enxergar o que se passa no tremido vídeo que mal consegue chegar à próxima cena. (FERRARI, 2004:21-22).

A forma que os usuários podem se informar, comunicar e escrever, em um curto

espaço de tempo é enorme. É o que atraiu, ao longo dos anos, mais e mais internautas. Por

isso a Internet é, segundo Kucinski (2004:72-73), a maior revolução nas comunicações desde

a invenção de Gutemberg.

1.1 O início

Em 1969 surgiu a Internet, uma invenção do Departamento de Defesa Norte-

Americano que criou a Agência de Pesquisa e Projetos Avançados (ARPA). A intenção era de

focar nas pesquisas de informações para o serviço militar.

Na época o mundo estava em plena Guerra Fria, e a luta dos Estados Unidos (EUA)

com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) pelo poder mundial, fez com que

surgisse a idéia de armazenar informações nesse novo banco de dados.

Foi originalmente chamada ARPANET, e passou a funcionar mais do que um arquivo

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de dados de informações militares, mas também como meio de enviar documentos extensos

por meio de e-mails.

A partir daí novas redes foram surgindo, como forma de oferecerem acesso à outras

organizações de pesquisas americanas. A Internet se alastrou de forma rápida e evolutiva,

tanto que, segundo Ferrari (2004:15) só no ano de 2003 já existiam mais de duzentos milhões

de usuários espalhados pelo mundo.

1.2 A criação da WEB

Foi em 1980, que Tim Bernes Lee, inventou a World Wide Web, conhecida por

(WWW). Uma espécie de programa que veio a ser a espinha dorsal da Internet. Sem ela, hoje

em dia, praticamente não se navega. E com esse recurso, pode-se ir dos Estados Unidos ao

Japão em segundos.

Com o surgimento da Microsoft Internet Explorer, em 1995, empresa de Bill Gates, o

fácil acesso a Internet fez com que, um ano depois, fossem mais de 80 milhões de pessoas

acessando a Internet, em mais de 150 países.

Durante a década de 1990, a Internet cresceu de maneira popular. No mundo onde as

informações eram transmitidas normalmente através de jornais, televisões e rádios, a Web

tornou possível uma interação maior a cada indivíduo, e possibilitou um leque de acesso as

notícias mundiais.

A comunicação com outras pessoas em longas distâncias foi apenas mais uma

novidade, que diga se de passagem, não só entre duas, mas em milhões ao mesmo tempo. Ou

seja, através da Web a pessoa tem acesso em tempo real ao que acontece do outro lado

mundo, isso, indiferentemente do fuso horário.

A Web é uma das inovações mais importantes da Internet. De um modo geral é a

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plataforma que faz com que seja incrivelmente fácil de interligar documentos e hipertexto que

estão acessíveis na rede.

Hoje, quase todo mundo que usa a Internet pode facilmente acessar a Web usando um

navegador. Como, Microsoft Internet Explorer ou Mozilla Firefox. Eles permitem que o

computador possibilite ao usuário visualizar páginas da Web e navegar de uma para outra,

apenas clicando em um link de hipertexto.

Os responsáveis pelo maior número de acessos na rede é o chamado endereço

eletrônico (Email). No início era exigido ao usuário ter um servidor pago mensalmente.

Porém, com o passar dos anos surgiu o email gratuito. Além de ser, extremamente fácil de

usar. Não importa em que lugar esteja no mundo, desde que tenha acesso à Internet, pode-se

receber e enviar e-mail.

No início, os usuários se dividiam em dois grandes grupos: o residencial e o não-residencial. Dos acessos não-residenciais predominavam os engenheiros, correspondendo a 42,4% do total de usuários em 1986 e a 38,7% em 1987. Seguiam-se os médicos, os comerciantes e os analistas de sistemas, que foram, porém, suplantados pelos advogados, em 1987. (IURI, 2002: 28-29).

Por volta de 1990 a Internet chegou ao Brasil, crescendo rapidamente, não só devido

ao baixo custo dos computadores domésticos, mas pela queda, também, do valor das linhas

telefônicas e a criação de provedores gratuitos. Isso resultou para que hoje, segundo

IBOPE/NetRatings, até o primeiro trimestre de 2008 já tinham 41,5 milhões de pessoas que

acessam a rede em todo o país.

Estava constado que a rede Internet era sucesso no mundo e também no Brasil. Além

das possibilidades já confirmadas no campo da comunicação, ampliaram-se os usos dos

serviços educativos, comerciais e de lazer, dentre muitos outros.

De acordo com IURI (2002:29), com a Internet, qualquer pessoa (um jornalista, por

exemplo) pode, de sua própria casa, oferecer um serviço na rede, expor suas idéias ou

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mergulhar em uma imensidão de informações, utilizando-se somente um microcomputador,

um modem e uma linha telefônica.

Atualmente a maioria das pessoas que utilizam a Internet, o faz para ter acesso ao e-

mail. Tudo é por e-mail. O endereço eletrônico é tão prioritário como a carteira de identidade.

Pois se tornou extremamente fácil de enviar mensagens a uma ou dezenas de pessoas, ao

mesmo tempo.

A Internet é considerada importante por ter sido, até hoje, uma grande revolução na

história da humanidade, e na comunicação no geral. Faltar conexão hoje no trabalho é como a

ausência de luz, ninguém trabalha, ou melhor, não tem como trabalhar.

1.3 O que mudou no jornalismo com a Internet

O jornalismo sofreu influência direta da Internet. Para Barbosa (2004) a consolidação

da rede como nova tecnologia e prática social, favoreceu a emergência de um novo status para

o uso dos bancos de dados no jornalismo digital. “Representou uma inovação nos modos de

obtenção de informação para acrescentar maior contexto e profundidade às notícias e

reportagens - além de ter sido uma das primeiras tecnologias empregadas para a entrega

eletrônica de conteúdos.” (BARBOSA, 2004).

Hoje tudo se tem e faz através da rede. É possível, por exemplo, encontrar fonte para

uma matéria, e ainda mais, entrevista-lá via online. Mas essa facilidade afeta o jornalista e

principalmente a veracidade da informação.

Por esse motivo alguns profissionais não estão seguros quanto ao conteúdo da Web.

Ferrari (2004:45), menciona que “o editor do site Financial Times, de Londres, Paul

Maidment, não se sente confortável em fornecer aos seus leitores apenas o material das

agências de notícias, mesmo quando se trata de urgência”.

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A Internet ainda está em gestação, a caminho de uma linguagem própria. Não podemos encará-la apenas como uma mídia que surgiu para viabilizar a convergência entre rádio, jornal e televisão. A Internet é outra coisa, uma outra verdade e conseqüentemente uma outra mídia, muito ligada ä tecnológica e com particularidades únicas. Ainda estamos, metaforicamente, saindo da caverna. (FERRARI, 2004:45).

O profissional da comunicação passou a ser, no século XXI, um multimídia. De

acordo com Gradim (2003), o jornalista do futuro será uma espécie de MacGyver, homem dos

mil e um recursos, trabalha sozinho, equipado com uma câmera de vídeo digital, telefone

satélite, laptop com software de edição de vídeo e html, e ligação sem fios à Internet. Ou seja,

quando ele sai para fazer uma matéria já não leva consigo só uma caneta, bloquinho de

anotações e um gravador de áudio.

Mas apesar das mudanças visíveis, nos Estados Unidos, uma pesquisa feita para

analisar quais as mudanças que a Internet trouxe para o jornalismo mostrou que a ela não

mudou o jornalismo da maneira esperada, a notícia saiu no jornal, The ew York Times

divulgada no domingo, 16 de março de 2008.

A Internet mudou profundamente o jornalismo, mas não da maneira que se esperava, no surgimento do jornalismo online, concluiu um estudo do Project for Excellence in Journalism, nos Estados Unidos. Segundo o estudo, acreditava-se que a Internet iria democratizar a informação, oferecendo novas vozes, histórias e perspectivas, mas a agenda de notícias continua limitada – os sites oferecem primordialmente as mesmas informações. (INTERNET, 2008).

Essa pesquisa reforça o porquê da previsão de Bill Gates não ter dado certo. De acordo

com Di Franco (2008), o dono da Microsoft previu que até 2000 não haveria mais jornais

impressos, pois tudo seria adaptado à rede. Muitos outros jornalistas também apostavam

nessa profecia.

O jornalista Ricardo Noblat em seu livro, A arte de fazer um jornal diário (2002), foi

direto e apostou claramente no fim do jornal impresso.

Os jornais, contudo, morrerão, sinto dizer-lhe isso. Tal como existem hoje, tudo indica que morrerão. Só não me arrisco a dizer quando.

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Que viva, pois o jornalismo! Porque pouco importa a forma que os jornais venham a tomar no futuro, pouco importa se alguns deles acabarão preservados como espécies de relíquias – o homem sempre precisará de informações. (NOBLAT, 2002:19).

Em seu outro livro, O que é ser jornalista (2004), ele menciona a crise do jornal

impresso, através de dados estatísticos de retiradas dos jornais.

Entre março de 2001 e março de 2002, os 15 maiores jornais brasileiros, responsáveis por 74% do volume total de exemplares vendidos no país, diminuíram sua circulação em 12%. Deixaram de vender exatos 346.376 exemplares. É como uma edição inteira da Folha de S. Paulo tivesse deixado de circular. (NOBLAT, 2004:14).

Mas essa “tal” morte ou crise que os jornais impressos passam já vem lá de trás, bem

antes da Internet surgir no Brasil. “O jornal sempre vai estar em crise, porém, desde o seu

surgimento (1605), a história do jornal, revela que ele resistiu, assim como o livro, a todos os

embates da tecnologia e das mudanças sociais.” (DINES, 1974:72).

Mais de três décadas depois e o jornal tem confirmado o que Dines (1974:72)

escreveu, uma enorme resistência. Essa sobrevivência que segundo Di Franco (2008) é o

contrário da sombria profecia de Gates, é por causa do alto salto de qualidade, uma autêntica

reinvenção que mantém, hoje, os diários vivos.

Há muito espaço para o jornalismo impresso. Trata-se de ocupá-lo. Com competência, ousadia, criatividade e, sobretudo, com ética. A percepção do cidadão a respeito do papel do jornal é um inequívoco reconhecimento do seu vigor editorial e da força da sua credibilidade. Isso é bom. Mas não pode se esgotar num mero reforço da auto-estima. Deve, sim, ser um ponto de partida. Não podemos deixar a peteca cair. O Brasil depende, e muito, da qualidade técnica e ética dos seus jornais. (DI FRANCO, 2008).

A Internet deu aos jornalistas uma liberdade suprema e livre de toda e quaisquer tipo

de censura. Hoje eles podem ter seus sites ou blogs e escrever a notícia da forma que quiser.

A Web 2.0 trouxe aos profissionais da comunicação novos estilos, cada um está livre para

criar o seu próprio.

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Por ser tão aberta, a maioria dos sites e blogs de jornalistas saem do jornalismo neutro.

Pois, exprimem suas críticas e opiniões levando quem lê a formar um ponto de vista

tendencioso.

O jornal impresso é estático e diário. Já o webjornal, forma como é chamado o

jornalismo da Internet, é móvel e precisa ser atualizado a todo instante, por isso é 24 horas. É

o jornal que nunca fecha. Segundo Teixeira (2005) o que antes chamávamos de jornalismo

online atualmente talvez pudesse ser mais propriamente usar o termo de webjornalismo.

Trata-se da articulação de linguagens distintas do jornalismo em um suporte propiciado pelo ambiente Web. Talvez a aplicação do termo jornalismo online seja mais adequada a todo possível impacto do suporte digital-eletrônico não só sobre a produção jornalística direcionada no ambiente Web, mas também àquela presente nas redações tradicionais de jornais, rádio e TV: uso do e-mail entre colunistas e leitores de jornais ou entre leitores, assessores e jornalistas, consulta a sites como pesquisa prévia de textos e imagens para execução de matérias, a simples transposição online no site do jornal das matérias veiculadas em sua versão impressa, dentre outros. Assim, o jornalismo online seria um gênero e o webjornalismo uma de suas mais sofisticadas espécies. (TEIXEIRA, 2005).

Uma notícia na Web publicada pela manhã já pode estar velha à tarde. Essa é uma das

mudanças positivas que a chegada da rede causou ao jornalismo. Pois, além do fato de poder

modificar a notícia a cada informação nova que chega na redação, o internauta pode ler hoje a

notícia que sairá no jornal só amanhã.

Nós não paramos. O jornal tem um dead-line, um momento de fechamento, aqui nós estamos fechando o tempo todo, sem nunca fechar. Está é a grande diferença entre o jornal e a Internet. No jornal chega uma hora, 10h da noite, o editor faz a manchete manda rodar as máquinas. Se alguma coisa acontece depois disso, não tem como mudar, a não ser que você reimprima todo o jornal. Na Internet você te uma facilidade muito grande de ficar mudando as coisas. Então, o nosso site e os sites de notícias da Internet são todos muito ágeis. Eles dão enquanto a notícia estiver acontecendo. É como se fosse uma cobertura ao vivo pela televisão. Só que tem texto, foto, links para outros trabalhos locais e que voe acha que sejam interessantes para matéria. (RABINOVICI apud IURI, 2002: 72).

Com o advento da Internet não se criou apenas uma nova forma de fazer jornalismo,

mas sim, um novo profissional. “A Internet não só está mudando os modos de acesso à

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informação pelos utilizadores, o modelo de comunicação tradicional, a economia mundial e as

empresas de comunicação, mas também o perfil do jornalista.” (MARTIN, 2001 apud

AROSO, 2005).

Sobre esse aspecto Canavilhas (2003), fala que, “apesar de todas as mudanças

provocadas no processo de comunicação’, o que se, realmente, pretende é explorar a

integração dos elementos multimídia no jornalismo e, por conseqüência, tentar identificar

algumas características de uma nova narrativa jornalística adaptada ao novo meio”.

1.4 Web 2.0 o ápice para a chegada dos blogs

A informação era a principal característica da web 1.0, chamada de primeira geração

da Internet. Época que o papel dos usuários era o de espectador, eles não tinham autorização

para alterar nem reeditar o conteúdo. Além de sair muito caro para quem utilizava, já que, a

maioria dos serviços eram pagos, e o acesso discado, o que elevava e muito o valor da conta

telefônica.

A Web 1.0 teve enorme avanço à informação de um modo geral, porém estava longe

do que realmente se pretendia com a Internet. Ou seja, um espaço livre sem controle de nada e

nem de ninguém.

Com a chegada da Web 2.0 tudo mudou na Internet. Pois os expectadores de antes

passaram a produzir seus próprios documentos e publicarem na rede. Isso sem terem maiores

conhecimentos de programação. Agora além de consumidores de informação passaram então

a seus produtores.

A Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos da rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva. (O’REILLY, 2005 apud BENTES; BOTTENTUIT; IAHN, 2008).

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A praticidade da Web trouxe aos usuários a possibilidade de serem escritores da rede.

Isso porque, “a Internet se apresenta em várias formas: blogs pessoais, sites e portais. Sendo

que, para manter um site ou portal, apesar da hospedagem poder ser gratuita, ainda há o custo

da produção.” (KUCINSKI, 2004:76).

O blog ou diário online foi à forma mais fácil para que esses internautas se

expressarem. O que levou a ser muito popular, tornando-se uma das mais importantes

ferramentas da Internet, nos dias de hoje.

E àqueles que já tinham sites, muitas vezes hospedados em portais renomados, foram

atraídos pelo poder de interação dos blogs, que dá a possibilidade do blogueiro com o leitor

que comenta. Além de ser fácil criar um diário virtual, não precisando ter maiores

conhecimentos de programas para sua produção.

De acordo com Primo (2006), “a Web 2.0, segunda geração de serviços online se

caracteriza por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de

informações, além de ampliar os espaços para interação dos usuários que dela se utilizam”.

Para ele o conceito de “eu mídia” está fazendo crescer astronomicamente, o numero de blogs

criados, que já chegaram a 200 mil em um único dia, na era do “eu mídia” os internautas

querem se ver, acima de tudo.

Enfim, os recursos oferecidos pela Web 2.0 está evoluindo na medida em que surgem

necessidades dos usuários. O que, na realidade é a grande tendência da Internet do futuro.

“Para ser imune a qualquer forma de censura, controle ou limitação.” (KUCINSKI, 2004:72).

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2. I�TERATIVIDADE

O desenvolvimento rápido da internet foi o maior responsável por muitas mudanças na

comunicação, o que originou novas formas de fazer jornalismo. E as novidades são entre

muitas a produção, divulgação e o consumo de notícias. Surge o webjornalismo e junto o

crescimento, avassalador, da interatividade na rede.

De acordo com Mattoso (2004), o termo interatividade surgiu por volta de 1960, como

derivado do neologismo inglês interactivity. A palavra foi empregada nessa época, para

denominar o que os pesquisadores da área de informática entendiam como uma nova

qualidade da computação interativa. Mas, o termo muito usado na relação entre internautas,

não é exclusividade da rede, e Levy (1999:79) apud Mattos (2004:22) explica:

Mesmo sentado na frente da televisão sem controle, o destinatário decodifica, interpreta, participa, mobiliza seu sistema nervoso de muitas maneiras... Ou seja, a interatividade pode ser encontrada, em diferentes graus, em vários tipos de relacionamentos, da conversa pelo telefone à partida de videogame. O fato é que, com o surgimento do webjornalismo, a interatividade tornou-se uma das marcas que legitimam essa nova mídia.

O fato é que, segundo Comassetto (2007), durante a maior parte da história humana, as

interações eram feitas face a face. Os indivíduos se relacionavam entre si principalmente na

aproximação e no intercâmbio de formas simbólicas. Essa forma de interagir mudou com o

desenvolvimento dos meios de comunicação.

De acordo com Berlo (1985:98), “comunicamos boa parte do tempo falando nos meios

como se comportam as fontes e os recebedores de comunicação”. De início, definimos a

comunicação com um processo e afirmamos que é dinâmica, evolutiva, sem pontos de início e

fim. E isso, vem se confirmando nos últimos anos com o avanço tecnológico muita coisa

mudou no desenvolvimento da comunicação.

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Mas entender a interatividade na comunicação não é tão fácil assim. Mesmo porque, é

preciso entender a relação entre receptor e mensagem. A Internet vem sendo o ponto de fuga

para o surgimento de novas formas de se comunicar um com o outro, pois, “Uma mesma

mídia pode apresentar diferentes graus de interatividade, dependendo do eixo escolhido para

se proceder a análise.” (LEVY, 1999 apud AGUIAR, 2006).

A interatividade vem ganhando força em pautas de discussão. Isso se dá pelas novas

formas de interação e pela criação de novos tipos de relacionamentos sociais. Como chats,

sites de relacionamentos, fale conosco, comentários, grupos de discussões, salas de bate-papo,

blogs e o mais recente, assunto, o Ensino á Distância (EAD), que é totalmente interativo entre

o aluno e professor (ambos fazendo a duas funções, emissor e receptor) pelo portal da

faculdade, que é o meio por onde se comunicam. Exigindo presença física mínima em sala de

aula, apenas para avaliação. É o chamado ensino online.

Por isso, diferente da TV e do rádio a Internet é conhecida como uma mídia totalmente

interativa, pelas ferramentas que ela proporciona aos seus usuários. O fato de poder se

comunicar com o outro na mesma velocidade, independente do lugar, fez do emissor um

receptor simultâneo e vice e versa. Todos fazem os dois papéis ao mesmo tempo.

2.1 Emissor e Receptor

O processo de comunicação de antes que era caracterizado por ser bipolar, ou seja,

havia um emissor e um receptor já não existe mais. O que segundo Oliveira M. (1997) torna a

rede pluridirecionada.

Em outros termos, as redes instauram uma nova maneira de se perceber o emissor e o receptor, através delas ambos passam a ser interativos no processo comunicacional. Na relação pluridirecionada, o processo comunicativo é dinâmico, ambos interagem, ou seja, o (EU) pode ocupar o lugar do outro (TU) e vice e versa. (OLIVEIRA M., 1997).

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Na perspectiva da teoria funcionalista, Oliveira M. (1997) diz que o receptor em um

processo de comunicação, é visto como elemento passivo. Essa afirmação é reforçada por

Fayard (2000:113) ao mencionar que “enquanto o usuário das mídias tradicionais é passivo e

pode sentir-se vítima e impotente diante de uma atualidade quente, o internauta tem por

definição um comportamento ativo, que lhe dá a impressão de acesso a, ou mesmo o poder de

intervir numa história que está sendo feita”.

A comunicação era baseada no modelo mecanicista, segundo o qual comunicar era chegar uma informação de um pólo a outro, como o mínimo de interferência. Este processo concebia ao receptor como um ser indefeso, sujeito a qualquer tipo de manipulação. Aliás, ainda hoje existem estudiosos para os quais prevalece a idéia de que o bastasse o papel de um mero espectador. (OLIVEIRA M., 1997).

A verdade é que na prática o receptor não tinha saída, a não ser, aceitar o que lhe era

imposto. Situação que muda completamente a partir da Internet. Mais precisamente com a

chegada da WEB 2.0, no mercado.

Pois, até o selecionador de notícia, não depende só do emissor, depende também do

receptor. Surgi então, segundo Amaral (2008) um gatekeeper misto.

O que, para Castro (2007), não se trata de uma inovação tecnológica, mas de uma

mudança de conceitos em que a importância da rede é deslocada dos criadores de conteúdos

para os usuários.

Wolf (2008: 180) conceitua o gatekeeper como sendo (selecionador), conceito que foi

elaborado por Kurt Lewin, em 1947. “As zonas de filtro são controladas por sistemas

objetivos de regras ou por gatekeepers. Neste último caso, há um individuo, ou um grupo, que

tem o poder de decidir se deixa passar a informação ou se bloqueia”.

Genericamente, entende-se que desde que existam hiperligações, o produto constitui um exemplo de interatividade. (...) Assim sendo, o receptor (agora convertido em utilizador) passa a ter um papel pró-ativo, que procura informação personalizada de acordo com seus interesses. Os autores

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argumentam ainda que, se a seleção depende do receptor e não apenas do emissor, podemos falar de um <<gatekeeper misto>>. Esta alteração, em relação aos media tradicionais, deve-se sobretudo à interatividade enquanto característica própria da rede. Este elemento do cenário digital modifica a relação clássica entre emissor e receptor, já que agora o receptor se converte em utilizador e pode, simultaneamente, ser emissor de mensagens. (AMARAL, 2008).

Essa mudança de posição, não é de hoje, embora o assunto tenha se expandido nos

últimos anos. No fim de 1990, Lemos (1997) apud Amaral (2008), disse que, a comunicação,

já apresentava a passagem do modelo “um-todos” para o modelo “todos-todos”. Ou seja, antes

havia um emissor e um receptor, atualmente os dois são um só, não há mais diferença entre

eles.

2.2 Os rumos da interatividade

Segundo Castro (2007), a interatividade pode ter diferentes níveis. Já para Primo

(2006), esses níveis são reduzidos a apenas dois tipos, o mútuo que é provido de negociações

relacionais durante seu processo, e o reativo que depende da previsibilidade e da

automatização das trocas.

Tomando o hipertexto por base com o objeto de estudo, a interatividade mútua do mesmo se daria se o papel do usuário se juntasse ao papel do programador, tendo ambos a mesma liberdade de incluir links ou complementos as informações existentes no hipertexto. O que ainda se vê na Web é, na maioria das vezes, a interatividade reativa, pois o usuário não tem a opção de incluir novos links. Dessa forma a escolha do usuário passa ser limitada. (REZENDE, 2007).

Mas nem todos gostam dessa evolução, que a Internet proporciona, em interagir o

individuo. Prioli (2007) acha que “essa interatividade toda é o fim, ou melhor, uma forma de

suicídio, um jeito de escapar da realidade da vida para o universo de ilusão que é criado por

alguns veículos de comunicação (TV e Internet)”. O que faz o ser humano participar

ativamente.

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A vaca ruma para o brejo e o que faz o vaqueiro? Tenta tirá-la do atoleiro, colocando-a no caminho dos pastos verdejantes? Nada disso, faz o exato contrário. Com estridência e obstinação, tange a criatura para o terreno onde afundará e do qual só sairá - se conseguir sair - com ajuda externa, de algo que a puxe para fora da imobilidade. "Mas isso é uma loucura, um contra-senso!" - dirão os lúcidos. "O sujeito vai acabar com o seu ganha-pão!" Sem dúvida, é isso mesmo, mas quem disse que o vaqueiro é lúcido?A vaca é a televisão e o brejo, a internet. (PRIOLI, 2007).

Comassetto (2007), classifica a interatividade em três tipos: a face a face, quase

interação imediata e modo monológico.

Face a Face é quando os participantes estão imediatamente presentes, partilham o

mesmo sistema referencial de espaço e de tempo. Ex: cartas, conversas no telefone, etc. Ou

seja, de certa forma usam o meio técnico para se comunicar.

A chamada quase Interação Mediata, quando o individuo utiliza seus próprios recursos

para interpretar a mensagem. Ex: livros, jornais, rádio, televisão, etc. Essa tem uma grande

quantidade de informação e a forma de entender vai depender de vários fatores ligados aos

valores do usuário.

O modo Monológico é quando as formas simbólicas são produzidas para um número

indefinido de receptores, nesse caso, a comunicação é predominante do sentido único. Ex:

leitor de um livro.

Outras formas só são criadas a partir do desenvolvimento tecnológico. Ou seja, um

jeito de acompanhar a modernidade da informação. Assim, se criam novos meios de interagir,

que Comassetto (2007) diz que permite atrair um maior grau de receptividade.

A emergência de vários tipos de meios eletrônicos nos séculos XIX e XX foi suplementando cada vez mais formas de interação. O intercâmbio de interações e conteúdo simbólico acontece em proporção sempre crescente devido a difusão dos produtos da mídia. Dentro desta destaca-se a WEB de forma profunda e irreversível no intercâmbio do mundo moderno, reestruturando as informações produzidas e inter cambiáveis dos indivíduos entre si. (COMASSETTO, 2007).

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Porém essas classificações dadas por esses pesquisadores são questionáveis na visão

de Josh (2001) apud Comassetto (2007). Na concepção dele esses níveis de interatividade são

três diferentes dos apresentados anteriormente.

Ele destaca o primeiro modelo como sendo o de broadcast, que é visto como não tendo

nenhuma interatividade. Ex: vídeo, sites ou parte deles que funcionam sem o usuário clicar

em nada.

O segundo nível é quando há interatividade no sentido de que uma pessoa apenas com

uma parte predefinida do design. Ex: videogames e sites de informações.

O último dos três níveis é o que mais atrai os internautas, por ser, o que proporciona

interatividade entre pessoas. O site no caso funciona apenas como um canal para essa

interação, que, nesse caso pode ter uma comunicação instantânea, como um Chat, ou não, no

caso de Email, em que você envia e o receptor não necessariamente esteja do outro lado pra te

responder.

2.3 Usabilidade

O conceito de usabilidade, segundo Ferrari (2004:60), “é o conjunto de características

de um produto que definem seu grau de interação com o usuário”. Ela ainda cita o exemplo

dos automóveis e eletrodomésticos que passam por testes de usabilidade para que seus

fabricantes possam fazer uma avaliação do aproveitamento dos futuros compradores.

Usabilidade é a ferramenta da Web. Se um cliente não consegue encontrar um produto, simplesmente não irá comprá-lo. A Web é a fronteira entre o empreendedor e o cliente. Se ele der dois cliques no mouse e não encontrar o que procura, outros competidores no mundo oferecerão o mesmo produto, mas num outro clique,fora de seu site. (NIELSEN apud FERRARI, 2004:60).

No mundo virtual fora da parte coorporativa a usabilidade, também, tem de estar cem

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porcento funcionando, para que haja uma boa interatividade. Por exemplo, se um banco de

dados de um site de informação, jornalística, não estiver com sua usabilidade testada e

aprovada, o internauta, que pode estar trabalhando do outro lado do mundo, irá se prejudicar

por não haver uma boa interação dele com o que precisa. E não é só nesse caso, todo e

qualquer site para que tenha uma interação deve estar funcionando bem, principalmente no

seu uso.

Para os jornalistas, essa interatividade passou a ser fundamental para o bom

andamento do seu trabalho. Pois, a internet propícia que se entreviste grandes personalidades

em qualquer parte do mundo. Permite com facilidade que se façam cálculos, gráficos,

pesquisas, consultas a bibliotecas mundiais, bate-papos, conversas com pesquisadores de

outros países, a partir do objeto de análise. Seja para compor uma boa matéria, seja para

escrever um bom artigo, enfim, é de vital importância esse alastramento tecnológico que se

tem através da interação.

Agora, se o conceito de usabilidade não for feito pela empresa como ficaria todo esse

trabalho. Na verdade, com o crescimento que tem sido do mundo da Web, a usabilidade é bem

capaz de vir antes dos bancos de dados, de tão importante que passou a ser. Ou seja, sem um o

outro não existe. “Essa facilidade deu origem a um novo gênero de matéria jornalística, o

infográfico, que tenta classificar e simplificar o conhecimento por meio visual. Permite que o

trabalhador intelectual corrija, edite, ilustre, formate e até imprima seu próprio material.”

(KUCINSKI, 2004:75).

2.4 �ovas mídias & interatividade

A Internet passou então não só a se caracterizar como rede, mas como um meio de

interligar conteúdos. Interligando também receptor com seu emissor, no caso dos blogs os

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comentários são a interação entre quem escreve e quem lê.

Para Fayard (2000:112), não é só a interatividade fundamental característica das

novas mídias, mas sim a facilidade de interconectividade que ela proporciona. Isso, por serem

independentes de coações espaciais, ou seja, a interatividade na Internet ultrapassa largamente

o número de possibilidades de mudança de canais de televisuais. Além de oferecerem acesso a

somas consideráveis de dados.

A interatividade que elas permitem constitui uma característica fundamental. As novas mídias distinguem-se das mídias de massa tradicionais por sua natureza distribuída entre os pontos emissores-receptores, pela flexibilidade de seus usos e pela sua interconectividade. Enquanto as mídias tradicionais cobrem – na maior parte do tempo – uma área de difusão limitada geograficamente, as novas não têm outras fronteiras teóricas, a não ser a rede telefônica internacional. (FAYARD, 2000:112-113).

O novo jornalismo ou o webjornalismo passou a ter então uma grande promessa, a de

explorar o máximo essa possibilidade de interação. Barbosa (2004) vê a interatividade entre

jornalistas e leitores, “como sendo uma das grandes vantagens e um dos grandes perigos do

jornalismo online”.

Os jornalistas online no caso, como cita Aroso (2003), devem ter a mesmas

competências que os de outros media.

Todas as regras habituais do jornalismo devem ser aplicadas: a pesquisa e a edição devem ser sólidas, os factos têm que ser verificados e re-verifucados. Assim, não deve haver publicação instantânea: ninguém deve colocar online um texto que não tenha passado pelo processo de edição. (GENTRY, 1998 apud AROSO, 2003).

Para ela, enquanto alguns autores ou mesmo jornalistas vêm nesta característica a

possibilidade de saberem a opinião do público, outros de alguns jornais, profissionais ou não

temem futuro desse leque. Até porque essa novidade exige empenho da parte de quem vai

utilizar.

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2.5 A interatividade dos Blogs

Embora, não se saiba ao certo quando surgiu a interatividade da Internet, ela tem,

segundo Lustosa (2004), se mostrado cada vez mais eficaz, principalmente, em se tratando de

blogs, sites como, Observatório da Imprensa, Comunique-se, Mídia Alternativa, entre outros.

Pois, abrem discussões cada vez mais livres interagindo diretamente com o leitor. O que, ela

afirma ser a classe jornalística os mais contemplados nesse contexto.

Embora ainda exista quem acredite ser o jornalista um privilegiado,detentor do poder da informação, aquele intermediário entre o público e o acontecimento com o poder de manipular os fatos a seu bel prazer, a cada dia a sociedade se torna mais consciente de que os verdadeiros detentores desse poder são os donos das empresas, os interesses políticos, econômicos e comerciais. O caso recente da demissão de Alberto Dines do Jornal do Brasil, depois de ter criticado a cobertura do periódico em seu programa Observatório da Imprensa e no site homônimo, reforça essa convicção. (LUSTOSA, 2004).

Com a chegada dos Blogs, situações como a de Dines não acontecem. O profissional

da comunicação pode manifestar seus pensamentos através de críticas ou não, e não sofrerá

represálias, por parte de ninguém. Afinal, blog é particular, ou melhor, é o seu diário

eletrônico.

A interação com o leitor é imediata, á medida que os posts vão entrando, os leitores

daquele texto, podem comentar, debater e até criar fóruns de discussões sobre o assunto, com

outros internautas. Isso, quando não, os blogs tem uma forma de avisar aos seus leitores mais

assíduos, sobre novas publicações, como um newsletter, disparando as atualizações online

para os, e-mail, cadastrados. Uma forma de receber atualizações rápidas e instantâneas.

Talvez, por isso, a interatividade é a principal característica da esfera digital. Já que,

segundo Faria & Cardoso (2006), ela veio não só para ser um meio de comunicação de massa,

mas construído pela massa, os internautas. Isso começa a tornar realidade com os blogs,

também conhecidos por diários virtuais.

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O Blog “é um espaço no qual as pessoas podem dizer o que realmente pensam, sem se

importarem com a censura e represálias. Nos blogs você pode escrever textos, publicar fotos,

filmes ou Links para outros sites.” (FARIA & CARDOSO, 2006).

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3. WEBLOGS OU BLOGS

O que é Blog? De acordo com Hewitt (2007:9) é a contração da palavra Weblog, que

segundo Lemos (2007) apud Luccio & Costa (2005) é o termo criado por John Barger, editor

do site Robot Wisdom em 1997. E para Rodrigues (2006:25) é o resultado dessa palavra

inglesa web (rede) e log (diário de bordo). Ou pode ser, “simplesmente o trabalho público de

uma pessoa”. (BATELLE, 2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

Segundo Amorim & Vieira (2006), “o século passado pode ser, sem exagero, chamado

de Era do Rádio e TV”. E o século XXI?

Muitos dizem que será a era da Internet. Em vez de um meio de comunicação de massa, com um transmissor central para milhões de ouvintes ou telespectadores, a rede mundial promete ser um meio de que todos possam participar, onde todos possam publicar e gerar conteúdo. Promete ser um meio de comunicação não apenas de massa, mas construído pela massa – os internautas. O que começa a tornar essa promessa realidade são os diários virtuais conhecidos como blogs. Se o século passado foi a era do rádio e da televisão, o século XXI é, portanto, a Era da Internet e – também – dos Blogs. (AMORIM & VIEIRA, 2006).

Os blogs são páginas pessoais da Internet, em formato de diários online, da qual é

possível qualquer pessoa manter um. De acordo com Luccio & Costa (2005), o blogueiro,

blogger ou weblogger, como é chamado quem registra os textos, publica assuntos que ache

interessantes. O blogueiro adiciona a publicação (post), no topo da página, abaixo ou acima

fica data e hora, é comum também encontrarmos o nome ou apelido do autor.

Segundo Rodrigues C. (2006:26), qualquer pessoa pode ter seu próprio blog para nele

dar a sua opinião e tecer comentários sobre os mais variados assuntos. Para isso, basta ter um

computador ligado na Internet, seguir uns pequenos passos e mergulhar na blogosfera. Essa

afirmação não é certa, já que, de 2006 pra cá, o número de lan house cresceu muito, o que

mostra que não precisa, necessariamente, estar em casa para ter um diário online.

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Essa facilidade de se criar e se manter um diário eletrônico independente da condição

financeira, dispensa, também, maiores conhecimentos de informática. A pessoa que quer ter

um blog, basta seguir as instruções dadas nas páginas dos servidores escolhido para o diário.

As ferramentas utilizadas são disponibilizadas gratuitamente, para que qualquer leigo possa

criar o seu.

Escrever para um blog é um tão de exteriorizar palavras ou idéias, sendo que qualquer pessoa que tenha afinidade e ou navegue na Internet pode fazer. Antes do surgimento dos blogs, para publicar algum tipo de informação ou página pessoal na Internet, o internauta deveria ter conhecimento técnico, paciência, tempo e disposição para criar uma homepage. Hoje basta usar o sistema blog. (DREVES, 2004).

Quanto a data exata da criação dos blogs ainda há controvérsias. Orduña et al (2007:2)

considera que o primeiro blog tenha sido a página What´s new in 92, publicada por Tim-

Bernes Lee a partir de janeiro de 1992. Thompson (2006) apud Montardo & Passerino (2006)

diz que, foi o Links net, criado pelo estudante Justin Hall, em 1997. E, para Hewitt (2007:9),

só surgiu em 1999, mais ou menos. Ou seja, não se tem uma pesquisa séria e precisa de

quando realmente criou-se o primeiro blog.

Os blogs chamaram a atenção pela primeira vez quando invadiram com pompa e circunstância a seara da política e do jornalismo. Surgiu então todo um universo de blogs políticos não só sobre política, mas necessariamente sobre a mídia. Nos Estados Unidos, esses blogs levantaram grandes quantias para candidatos, mudaram perfil da participação política do cidadão e alteraram o rumo da eleição presidencial de 2004. Depois de 11 de setembro, houve uma nova onda de blogs, genericamente chamados de blogs de guerra, cujos autores acorreram ao teclado pela urgência daquele terrível acontecimento. (HEWITT, 2007:10).

A partir de 11 de setembro de 2001 o número de blogs saltou em dois milhões.

Segundo Hewitt (2007:9), há hoje mais de quatro milhões de blogs. Uma pesquisa

apresentada por Sifry (2006) apud Montardo & Passerino (2006) revela que o número de

blogs dobra a cada seis meses e meio, que 175 mil novos blogs são criados por dia, significa

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que são 18,6 posts feitos por segundo. Isso, aliado com o crescimento de serviços disponíveis

na Internet e o número de internautas, é o responsável para aumento relevante da blogosfera.

Blogosfera é o termo empregado para definir o universo dos blogs. Foi criado em 1999 por um blogueiro, Brad L. Graham, quase como uma brincadeira. William Quick, mais conhecido como DailyPundit, um dos blogueiros mais influentes, o renomeou em dezembro de 2001 após a explosão do universo dos blogs que se sucedeu com os atentados contra Nova York e Washington. (ORDUÑA ET AL, 2007:63).

De acordo com uma pesquisa do site IDG ow, quase metade dos adolescentes que

usam redes sociais têm um blog. A faixa de idade está entre 12 e 17 anos. As meninas, estão a

frente, com 35% contra 20% dos garotos e 70% dos entrevistados lêem blogs alheios, 76%

comentam em diários de amigos. Esse número, cresce entre adolescentes devido à

possibilidade de, além de desabafar, poder compartilhar com o outro problemas do cotidiano,

ou mesmo informações. Antigamente se usava o chamado caderno-diário, hoje o diário

online.

Estudos do Pew Internet Center, nos Estados Unidos, constataram o perfil dos

blogueiros, que, segundo Orduña et al (2007:64), os criadores de blogs são 57% do sexo

masculino, dentre os jovens, 48% têm menos de 30 anos, 70% usam banda larga e são de

classe média alta e com elevado nível de instrução. A pesquisa também detectou que o

crescimento da blogosfera se duplicava a cada cinco meses.

Nesse estudo, outras situações puderam ser comprovadas, como o desinteresse por

blogs depois de criados. De cada três blogs, dois são abandonados, o fato é a facilidade de se

fazer um. Quem perde o interesse mais rápido são os homens. Mas mesmo assim, com todas

essas desistências, os diários são um sucesso na rede.

Os blogs são feitos por pessoas, e as pessoas adoram falar umas sobre as outras. Blogs são um tipo de mídia, e a mídia tradicional é tão ameaçada quanto fascinada pelos blogs. E, claro, a mídia adora falar sobre si mesma... (...) resumindo, o aspecto mais importante no mundo (dos humanos) é a atenção. O valor está nas coisas para as quais as pessoas dão atenção. E elas estão interessadas no que os outros estão fazendo online. Isso faz com que

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uma web seja tão interessante quando a vida... (BATELLE, 2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

Segundo Lemos apud Vieira (2006) a vida transforma-se em algo espetacular na

Internet e todos podem ter acesso a ela: a vida torna-se conteúdo público. Para Sibilia apud

Vieira (2006) a razão da exposição dos diários virtuais é uma só a vocação exibicionista, para

serem vistos e lidos por milhões de olhos alheios nas telas da rede mundial de computadores.

De acordo com Rodrigues C. (2006:26) quem escreve deseja ser lido por alguém,

anseia ter visibilidade, ser reconhecido não só pelo público, mas também pelos seus pares.

Pensando em escritores diferentes, Amorim & Vieira (2006) fala que, atualmente existem dois

tipos de blogueiros: os produtores de conteúdo, que produzem o que ainda não existe, e os

roteadores de conteúdo, que buscam e indicam o que não é inédito na rede.

3.1 O papel dos blogs

Os blogs vieram com uma promessa inovadora, que, de acordo com Rodrigues C.

(2006:25), é algo que os média de massa não podiam dar, pelo menos com total plenitude: a

possibilidade de cada um dar a sua opinião sobre um determinado assunto. “A liberdade

criativa, a instantaneidade, a interatividade e a ausência de constrangimento econômico são

características fundamentais apresentadas pelos blogs”. (RODRIGUES C., 2006:25).

Os diários informam, e de uma forma diferenciada, como cita Dreves (2004) os blogs

dispõem de ordem cronológica da informação, exibindo em primeiro lugar os textos postados

em data mais recente. Nesse universo usa-se a palavra postar para indicar a colocação da

informação na rede. Ou seja, a palavra post, muito usada pelos blogueiros, significa o ato de

postar, de escrever uma atualização ou uma alimentação de algum texto já postado.

(...) weblogs possuem uma estrutura padrão, um formato específico, com algumas variáveis, e por isso são facilmente reconhecíveis na internet Tal

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estrutura é determinada por um conjunto de blocos de conteúdo textual e/ou imagético permanente renovado. Os weblogs são ainda organizados em função do tempo, ou seja, com as últimas atualizações na parte superior do sítio e as mais antigas logo a abaixo, organizadas de acordo com a data da publicação do bloco de texto, privilegiando a atualização mais recente, permitindo que o visitante saiba quando ou se o sítio fora atualizado. (SILVA, 2003:21 apud DREVES, 2004:14).

A maioria dos blogs, de acordo com Orduña et al (2007:63), possui nanoaudiências,

públicos bastante restritos que, apesar de seu tamanho, criam e potencializam redes sociais.

São audiências mínimas, mas que estão bem interconectadas. Independente disso, percebe-se

que o internauta tem uma posição realmente ativa, participando da criação da rede, através da

interação mútua. (PRIMO, 1998 apud PRIMO & RECUERO, 2003).

Para Orduña et al (2007:64), os blogs são formados por superusuários: intensivos

consumidores de meios que podem agir como guias e prescritores. Para ele esse papel é

desempenhado graças à confiança que passam para o restante dos membros da comunidade.

Ou seja, a maioria tem seu próprio blog ou se relaciona com os meios, os movimentos sociais

e políticos.

Esses dispositivos para Rodrigues C. (2006:27), pelo menos alguns deles, são um caso

exemplar de um meio que exerce uma vigilância crítica e constante sobre os meios de

comunicação social e não só. O fato, principalmente, de se poder comentar em blog

praticamente em tempo real já é uma enorme conquista já que esta era a principal promessa da

WEB 2.0.

(...) além disso, através dos links e hiperligações, cada blog acaba por ser uma sugestão para visitar outros sites, outros blogs, outras opiniões. “O desenvolvimento das novas tecnologias obriga à redefinição das relações comunicativas entre os informadores, as fontes de informação e a audiência”. Esta forma de publicação pessoal e auto-edição parece de fato alargar o espaço de participação dos cidadãos, multiplicando ou se quisermos,criando novos espaços públicos que podem ou não ser ampliados pelos media e pela sociedade geral. (RODRIGUES C., 2006:28).

De acordo com Hewitt (2007:140), os blogueiros são as mesmas pessoas que eram há

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alguns anos, não precisam convencer ninguém a ter o direito de convencer alguém. Ou seja,

para ele os escritores escrevem hoje pela mesma razão que escreviam na época de Homero.

“O Blog é apenas um novo modo de transmitir esa escrita, um meio que ignora

completamente todos os direitos. O público é o editor”. (HEWITT, 2007:140).

Quanto ao fator notícia a confiabilidade dos posts, segundo Hewitt (2007:140), a

credibilidade dos blogs depende de sua atualidade e precisão, mas invariavelmente a

qualificação dos blogueiros também tem importância. Para Kucinski (2004:24), cada um tem

o dever de pensar antes de tudo em si mesmo, cada individuo, nesses tempos pós-modernos,

teria a faculdade de decidir sua própria conduta, cultivar seus próprios valores.

Portanto, o autor de um determinado post que vai informar, deve se ater se é verdade

ou não, se vale a pena a publicação desse assunto. Agindo assim, esse autor criará, no meio,

credibilidade pela sua conduta ética com as publicações diante de um impasse duvidoso.

Tendo consciência que ele não escreve só para si, mas que na rede tem milhões de possíveis

pessoas que vão ler a publicação e a partir daí formar uma opinião sobre o postado.

Segundo Siqueira apud Ribeiro & Teixeira (2008), já foi o momento do jornalista

querer ser o dono da notícia, não é mais exclusiva dele. Blogueiro pode fazer isso bem, desde

que tenha um comportamento ético como tem um bom jornalista. É verdade que esse

comportamento ético dos jornalistas na maioria das vezes vem de manuais de redações, que

ditam o que pode e como podem informar. Quando deveria vir do senso de honestidade

intelectual do profissional.

3.2 Blogs no Brasil

No Brasil, segundo Mattoso (2003), os blogs surgiram a partir de 1999, com a chegada

da WEB 2.0. O aumento do potencial de transmissão de dados, abriu caminho para os diários.

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De acordo com Silva (2003) apud Dreves (2004), os primeiros blogs, brasileiros, foram o de

Marcos Zamorin (www.zamorin.eti.br) que usava um formato de publicação de diário

eletrônico em 2000. E o da gaúcha Viviane Menezes (www.wiredkitsune.net/weblog) de

acordo com a revista Play, começou a postar em fevereiro de 1998, em formato html.

Segundo o site Best Blog Brazil (BBB), começou em 11 de setembro de 2007, como

forma de reconhecer o trabalho de dos blogueiros. É como se fosse uma premiação feita

através de uma seleção, por meio de votação online, onde, os melhores blogs de cada área, são

escolhidos. A recompensa é justamente fazer parte do rol de ganhadores do BBB. Ou seja,

ganha aquele que forneceu conteúdo de boa qualidade.

O ano foi atípico para os blogueiros, com grandes debates sobre o papel dos blogs. O prêmio ajuda a afirmar quem realmente é bom na área e é significativo até em termos de negócios. (...) Foram 981 blogs inscritos. Cinco pessoas, todos criadores de sites que agregam blogs,selecionaram os finalistas para as 23 categorias. Os critérios de escolha não forma clara,ente expostos, o que deixou desconfiados os blogueiros não indicados. (QUAL SERÁ..., 2007).

De acordo com Taddei (2008), no Brasil, hoje existem três milhões de blogs. Isso

significa 6% do número de blogs registrados pelo Technorati (Google dos blogs). Como nem

todos estão registrados, o número de blogs é ainda maior. “Os blogs são o primeiro passo para

que todas as pessoas alfabetizadas tenham sua própria plataforma no mundo. (BATELLE,

2007 apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

3.3 Os blogs mais populares

Em Cuba, país comunista que vive um regime opressor e censura tanto a Internet

quanto outros meios de comunicação, tem havido “brigas entre blogueiros e a ditadura

cubana”. (GASPARI, 2008). Por conta disso, em 24 de março de 2008, o blog, “Generácion

Y”, da cubana, graduada em lingüística, Yoani Sánchez, de 32 anos, foi bloqueado pelo

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governo. Segundo Boadle (2008), no mês anterior o diário recebeu, cerca de, 1,2 milhões de

visitas.

Os censores anônimos do nosso famélico ciberespaço tentaram me trancarem um quarto, apagar a luz e não deixar meus amigos entrarem, escreveu ela nesta segunda-feira. Sánchez diz que não consegue acessar seu blog diretamente de Cuba, o que impede novas atualizações, Mas ela descobriu uma maneira de driblar os censores comunistas, por meio de rota diferente. (...) Ela conquistou um número considerável de leitores ao escrever sobre o dia-a-dia em Cuba e descrever as dificuldades econômicas e restrições políticas que enfrenta. (CENSURA..., 2008).

Mas o país que é controlado pelo Estado, e não tem mídia independente, “qualquer um

com o mínimo de prática com computador sabe como contornar isso, disse ela”.

(CENSURA..., 2008). O propósito dos governantes do país é impedir a leitura. Atualmente,

Sánchez hospeda o blog em um domínio da Alemanha, e continua postando freqüentemente.

De acordo com Amorim & Vieira (2006), o Technorati é autoproclamada a autoridade no

que diz respeito ao mundo dos blogs. É a fonte mais confiável e atualizada de informações

sobre o que se faz na blogosfera. O Technorati, em 2007, divulgou os 200 blogs mais

populares do Brasil. Desses escolhidos os dez melhores estão abaixo na ordem da

classificação: Meio Bit, BR. Linux, Undergoogle, Brainstorm#9, Interney, Sedentário e

Hiperativo, Cocada Boa, Tableless e Revolução etc.

3.4 Blogs corporativos

Os blogs corporativos, segundo Silva (2007), tem como principal função criar um

ambiente transparente e mais humanizado de comunicação com os consumidores. Os

funcionários são os blogueiros e os clientes podem participar através de comentários e dando

sugestões.

Um blog corporativo é um blog publicado por ou com a ajuda de uma organização que queira atingir seus objetivos e metas. Em relação à

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comunicação externa os potenciais benefícios incluem o fortalecimento do relacionamento com importantes públicos-alvo. Quanto à comunicação interna, os blogs são geralmente uma ferramenta que serve para a colaboração e a gestão do conhecimento. (WACKA apud GONÇALVES & TERRA, 2007).

Um diário eletrônico de uma empresa exige muito mais necessidade de atualização por

parte do autor do que qualquer outro, pois está em jogo o nome da corporação envolvida. E se

o blog fica largado “as moscas”, perde-se credibilidade, com isso, conseqüentemente clientes.

“Manter um blog profissional da área pode dar trabalho e requer um autor que sempre atualize

o conteúdo para que seus leitores sejam constantemente presenteados com novas notícias”.

(SILVA, 2007).

Por essa razão é necessário que a empresa pense muito bem antes de criar um blog. “É

preciso que a empresa pense com cuidado quando decidir adotar um blog corporativo.

Devemos antes saber onde estamos pisando, quais são as alternativas de exploração, as

vantagens, desvantagens, como implementar, como divulgar, e assim por diante”. (CIPRIANI,

2006:34 apud GONÇALVES & TERRA, 2007).

Segundo Silva (2007) entre os blogs corporativos mais bem elaborados, no Brasil está

o Blog da Tecnisa (www.blogtecnisa.com.br). Nele os posts são assinados por diferentes

funcionários da construtora. Este blog é constantemente atualizado e foi o primeiro do

segmento do país,

O movimento dos blogs corporativos no Brasil, acredita que as possibilidades de aproximação com os públicos de interesse, a postura de transparência, a riqueza das informações obtidas, o efeito viral são vantagens e diferenciais competitivos para organizações que optam pelos blogs corporativos. No Brasil ainda há poucas empresas que usam blogs desse tipo. (TERRA, 2006 apud SILVA & 2007).

Segundo Hewitt (2007:155), o blog interno pode ser dividido em três tipos: blog de

liderança, da gerência e do empregado.

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Todos os dias um blog dá a executivos talentosos uma oportunidade de se comunicar com suas tropas: inspirar, informar, lisonjear ou pedir. Principalmente informar. Na primeira pessoa, será lido. Fará tudo o que um boletim interno não pode fazer, porque é realmente sua voz. Se você fizer isso, eles chegarão. De verdade. Se você descobrir como blogar com eficácia – encontrar uma voz e a usar – aprodutividade de sua organização irá disparar. Se você obtiver feedback, ficará por dentro de tudo. Os níveis de gerenciamento desaparecem no meio blogueiro. Você irá ouvir falar daquele idiota que é tirano e, se for pródigo em elogios e encorajamentos, irá ouvir falar dos super-heróis e dos carinhas que andam a segunda milha. (HEWITT, 2007: 155-156).

Blog de liderança, segundo Hewitt (2007:155) é o blog do líder, ou seja, do executivo

da empresa, seja ele o dono, presidente ou o diretor. Já o blog da gerência, função essa, que

para ele não é inspirar ou liderar. “O gerente tem metas a cumprir e resultados a medir. Ou

seja, em todo lugar se segue uma hierarquia. No mundo dos blogs não é diferente”.

(HEWITT, 2007:157)

Para que um blog lhe seria útil? Primeiro, se você precisa se comunicar com a sua equipe, pode fazer muito mais facilmente com um blog que se limite a mensagens básicas e as o comandos mais simples. Você é avesso ao risco? Então limite seus posts ao tipo de informação de que todos realmente precisam e que parece nunca estar a disposição. (...) É importante reconhecer que tudo que for postado será lido por todos. Mas, mesmo com essa importante precaução em mente, seu blog poderá tanto atrair a atenção dos superiores quanto conquistar mais lealdade e mais dedicação de empregados ou membros em pontos mais baixos da hierarquia. (HEWITT, 2007:157-158).

O terceiro e último item, o blog do empregado, é de acordo com Hewitt (2007:158), o

do subordinado, do funcionário, daquele que mais ordem recebe.

Então, há algum benefício em fazer um blog? Sim, mas não sobre as pessoas e estruturas da empresa – pelo menos não normalmente. Mas recolha informações sobre concorrentes ou crie links para sites ou artigos valiosos e você irá conquistar a admiração relutante de seus colegas e superiores, e talvez a atenção de pessoas em outros lugares, que poderão remunerá-lo melhor para fazer um trabalho mais interessante. Mas se você atacar, fofocar ou se queixar, irá descobrir que seu blog é um atalho para a porta da rua. E com justiça. (HEWITT, 2007:158).

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Dados do crescimento da blogosfera corporativa brasileira, mostram que, segundo

Cipriani (2008) “de junho de 2006 até hoje, os blogs corporativos passaram de 3 para 263,

incluindo 14 blogs extintos”.

Ao longo desse ano eu criei uma nova categoria para classificar os blogs de universidades e escolas em geral, os “Blogs de Ensino”. Muitas outras categorias poderiam ser criadas, especialmente entre os “Blogs de Pe&Med Empresas”. A categoria “Blog Corporativo” ainda poderia ser melhor refinada e somente mostrar aqueles que eu considero os melhores exemplos de blogs corporativos: alguém de dentro da empresa falando abertamente com o mercado e colocando suas próprias e sinceras opiniões na rede. A maioria dos “Blogs CXOs” têm cumprido muito bem a tarefa. (CIPRIANI, 2008).

Cipriani (2008), diz que “o número de blogs corporativos cresceu mais de 300% entre

2007 e 2008, passando de 62 para 263. Podemos ver que é um crescimento sólido no número

de empresas que fazem uso dessa ferramenta”.

Segundo Silva (2007), o que se nota hoje é que os blogueiros estão ativos na Internet

dentro e fora das empresas. Ou seja, “o que hoje se trata de uma nova oportunidade para os

que buscam informações diretamente de seus consumidores, pode em breve se tornar uma

obrigação das empresas”. (SILVA, 2007). Isso confirma a teoria de, Gonçalves & Terra

(2007), a rede criou um novo meio/ferramenta de comunicação empresarial.

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4. BLOGS JOR�ALÍSTICOS

O estouro, dos blogs jornalísticos, se deu a partir de 1998. Neste ano, aconteceu, o

primeiro grande furo, através de um blog. Quando o jornalista norte-americano, Matt Drudge,

divulgou, pelo seu diário o caso que ficou, mundialmente, conhecido do então presidente dos

Estados Unidos, “Bill Clinton e a estagiária Mônica Lewinski”. (AGUIAR, 2006). A história

só foi noticiada por um jornal quatro dias depois.

Em 17 de janeiro, o desconhecido site “The Drugde Report” publica na Internet o relatório sobre o caso Bill Clinton e Mônica Lewinsky, conseguindo atrair mais de 100 milhões de page views num único mês. A estagiária da Casa Branca de 21 anos torna-se domínio público. No dia 21 de janeiro, o Washington post publica sua primeira história sobre o “affair” Lewinsky. (FERRARI, 2004:113).

Segundo, Recuero (2003) apud Aguiar (2006), na época, o blog foi chamado,

pejorativamente, de “panfleto digital” e levantou uma discussão, que dura até hoje, se um blog

pode ser considerado como veículo de informação séria ou não. “A discussão acerca da

validade dos blogs como veículos jornalísticos se justifica, afinal, eles tocam em pontos

cruciais e delicados do jornalismo, como a objetividade e a neutralidade”. (AGUIAR, 2006).

No Brasil esse “boom” só se deu no século XXI. Vários sites jornalísticos, de

jornalistas já estavam na rede, porém foi com o “famoso” blog do Noblat que outros grandes

nomes seguiram esse trajeto. “(...) Depois de passar por importantes veículos impressos do

país, como as revistas Veja e Isto é, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense, ele migrou para a

web. O blog do Noblat está no ar desde março de 2004, fazendo a cobertura dos bastidores da

política brasileira”. (AGUIAR, 2006).

A web-estréia do jornalista acontece em função de uma coluna semanal mantida no jornal O Dia. Como suas notas não se sustentavam até o final de semana, surgiu a idéia de criar um blog para poder atualizar os textos mais freqüentemente. Assim, ele poderia aproveitar a possibilidade de realizar atualizações contínuas em seus textos. Mesmo com o fim da coluna, o blog

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se manteve e passou a servir de referência na discussão de assuntos ligados à política nacional. (AGUIAR, 2006).

Amorim & Vieira (2006) relatam que quando Noblat lançou seu blog, ele não era

vinculado a nenhum veículo, por conta da audiência alcançada ele acabou sendo contratado

pelo jornal O Estado de São Paulo. Além, de passar a ser leitura obrigatória dos políticos.

Hoje seu blog está hospedado no portal do jornal O Globo.

Mesmo com o surgimento de vários, outros, blogs com conteúdo jornalístico mantido

por jornalistas renomados, ainda assim, não se excluiu a idéia da veracidade, ou melhor, da

relevância desses diários como sendo um veículo confiável de informação. Apesar de seus

moderadores serem respeitados como profissionais. “Estamos conscientes da fragilização da

fronteira entre jornalismo e não jornalismo que a Internet (e particularmente a blogosfera)

potencia, mas também sabemos que a seu tempo o trigo se separará do joio”. (ZAMITH,

2003).

Dados atuais da Technorati (2008) contabilizaram até agosto de 2008 que a rede

contava com 112,8 milhões de blogs. Um crescimento de 2.720%, em quatro anos. “Diante de

números assim a quem defenda que novas mídias como essa exercerão cada vez mais o papel

de informação e entretenimento antes restritos aos veículos de massa”. (RIBEIRO &

TEIXEIRA, 2008).

Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), nesse complexo panorama de transformações

surge uma analogia entre as mídias tradicionais e digitais e conseqüentemente, uma

indagação: o blogueiro é o novo jornalista?

Sobre a pergunta, Zamith (2003) alerta que não é preciso se temer, nem os jornalistas

os blogueiros e muito menos os blogueiros o jornalista.

A blogosfera é livre, é para todos, e cada um acabará por assumir o seu lugar. Não tememos a alegada perda de “influência” dos jornalistas nem as

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profecias de desnessidade desta profissão. A sociedade vai continuar a precisar de técnicos qualificados para a pesquisa, seleção, confirmação, redação e difusão de notícias. Quem tem razões para temer esta “concorrência”da blogosfera não são os jornalistas, mas sim os comentadores e colunistas. O êxito de alguns blogs está já a alargar o leque de “opinion makers”, não sendo de estranhar a recente “invasão” da blogosfera por colunistas dos media tradicionais. (ZAMITH, 2003).

De acordo com Perret apud Cordeiro (2006), a tendência da Internet é tornar possível

que qualquer pessoa tenha voz. Agora, se essa voz será ouvida ou se a pessoa tem algo de útil

a dizer, são outras questões. “Não é de se admirar, então que muitas pessoas sejam dedicadas

a produzir notícias, comentar, resgatar e processar tudo, com a vantagem de oferecer ao

público uma escrita mais pessoal e descompromissada”. (MATTOSO, 2003: 35).

Esse impasse sobre o jornalismo de blogs e o blogueiros que atuam como jornalista é o

mais complicado dessa era da informação via Internet. Se por um lado o maior furo da história

político-americana foi dado por um blog, por outro são inúmeros os casos de falsas notícias

que rondam a rede, gerando receita ao Jurídico.

4.1 Jornalismo com a Web 2.0

O Jornalismo 3.0 é conhecido, também como, jornalismo participativo, uma inovação

proporcionada a partir da chegada da Web 2.0. É um tipo de jornalismo, em que, há

participação de leigos, ou seja, pessoas que não são jornalistas.

Os blogs são tido como uma forma desse tipo de jornalismo. “Hoje, graças ao

Jornalismo Participativo, também chamado de 3.0, o monopólio da voz pública vem

diminuindo e os leitores passaram a atuar em fóruns e dar opiniões”. (OLIVEIRA J., 2008).

Para Hewitt (2007:10), hoje, “todo mundo é um jornalista em potencial, incluindo seu

assistente e o office-boy”. Segundo Primo & Trâsel (2006), a principal função do

webjornalismo participativo é cobrir o buraco que mídia tradicional deixa.

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O weblog H2otown é produzido por uma dona de casa norte-americana em Watertown, subúrbio de Boston. Insatisfeita com o jornal semanal e a coberturas superficial do Boston Globe, maior veículo de sua área, decidiu publicar notícias sobre eventos, acontecimentos e política da comunidade por si mesma. Reunindo dados do sistema de televisão a cabo comunitária, informativos de organizações civis, outros blogs e jornais das redondezas, bem como indo a rua participar de eventos locais, entrevistar pessoas e receber dicas de fontes. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).

Segundo Orduña et al (2007:74), os partidários do Jornalismo 3.0 partem de duas

certezas:

Que o público sabe mais das notícias e das informações que os próprios jornalistas. É o famoso lema de Dan Gilmor. Que a informação deve ser uma conversação de muitos para muitos. Os grandes meios têm convertido a informação em uma conferência. O público pode acatar ou deixar de lado os dados, as notícias, mas não construí-las ou participar delas. O Jornalismo 3.0 constrói a informação a partir da conversação, na qual a participação da audiência é fundamental para que se possa concluir o discurso e a informação. (ORDUÑA et al, 2007:74).

Os blogs fazem isso corriqueiramente. E os grandes jornais quando o assunto é de,

menor repercussão ou interessa a um grupo menor de pessoas. Pois, as redações não

disponibilizam repórter até o local.

Nesse caso, é conveniente que haja participação de uma terceira pessoa, pois, mesmo

assim os veículos querem dar a notícia. De acordo com Especialistas... (2008), “Wilpers

chegou a defender que os leitores possam vir a atuar como ‘repórteres’ para os jornais a fim

de ampliar a ‘cobertura local’ dessas publicações”.

Pense nas cidades pequenas, nos povoados, nos bairros, nos lugares onde se desenvolve a vida cotidiana das “pessoas normais”. Os meios de comunicação fizeram cobertura da vida cotidiana, mas não suficientemente a fundo. A profundidade a que podem chegar os meios de comunicação tradicionais e as redações profissionais quanto a assuntos cotidianos das comunidades mais próximas do cidadão é escassa. (...) Para superar esses furos no tecido informativo local surgiram os meios cidadãos hiperlocais (...), meios informativos cuja informação provém basicamente das colaborações de vizinhos e cidadãos interessados no que ocorre nas comunidades locais. (...) a quem se deve grande parte do que um dia foi o jornalismo cidadão e do que hoje conhecemos como Jornalismo 3.0 (considerado a terceira versão do jornalismo digital: a socialização da informação)”. (ORDUÑA et al, 2007:44-45).

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Malini (2008), descreve essa teoria como sendo:

(...) o impasse, grandes jornais online decidiram se abrir a participação dos usuários, criando canais de jornalismo cidadão, uma forma de trazer os conteúdos circunscritos a blogs e sites independentes, que, com freqüência, gera audiência e complementa as informações dos jornais online.

Ele cita alguns exemplos de jornais que criaram espaços para que o cidadão, não

jornalista, participe ativamente como repórter, são eles: “o jornal espanhol El Pais (Yo,

Periodista), jornal americano da CNN (I Report)”. No Brasil, os sites Terra (Vc repórter), IG

(Minha notícia), Agência Estado (FotoRepórter) e o Globo Online (Eu, Repórter), entre

outros.

Nesse contexto, o cidadão comum envia fatos, fotos jornalísticas, que são divulgados,

inclusive, em página principal. “Além disso, dá mais capilaridade a estes, tornando-os ainda

mais local, à medida que boa parte do noticiário se concentra em notícias locais e opiniões

sobre temas de forte apelo público”. (MALINI, 2008).

(...) essa nova prática jornalística é diretamente influenciada pelo aparelhamento tecnológico da sociedade que, principalmente, através da internet, possibilita às pessoas a produzirem informações e conteúdos multimídia e os distribuírem, em diversos formatos, em redes sociais online, em wikis, em sites independentes de publicação peer-to-peer (p2p), através dos telefones móveis e, principalmente, através dos blogs. (GILMOR, 2005 apud MALINI, 2008).

Na Espanha, o jornal 20 minutos, segundo Orduña et al, (2007:50) é o primeiro

veículo feito por leitores. Além de gratuito, é líder entre os demais jornais do país. E ainda se

transformou no carro-chefe do jornalismo participativo.

O 20 minutos, com quase 2,5 milhões de leitores, já é o jornal mais lido na Espanha, segundo dados do Estudio General de Medios (EGM). O El País, líder absoluto nos últimos dois anos, agora passa a figurar no segundo lugar. Com a nova posição, o 20 minutos, que utiliza uma licença da Creative Commons, consegue outro mérito: é a primeira vez que uma publicação líder possui conteúdo livre. (CAVALCANTI, 2006).

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Arsênio Escolar, diretor do jornal 20 minutos, “explica que a renovação de sua página

na web em fevereiro de 2005 e a adoção de fórmulas do Jornalismo 3.0 não são novidades no

jornal gratuito”. (ORDUÑA et al, 2007:50).

Não se trata de nossa estréia no jornalismo participativo, isso nós já fazemos desde o dia que surgimos (3 de fevereiro de 2000). Nossa seção de cartas, por exemplo, é a que mais possui maior espaço de todas as seções de cartas de todos os jornais que conheço,e acredito que eu seja o único diretor de jornais que lê pessoalmente a maioria das cartas que chegam ( uma média de 250 por dia). Coma imensa quantidade de leitores que temos, é lógico que os convidamos a participar da elaboração do jornal. Além das cartas, temos uma subseção na seção local que se chama “Los Lectores Informan”, na qual pequenas notícias de bairro são enviadas por eles. E quando a notícia não é pequena, mas grande, a informação requer para ela um redator, e tanto os leitores quanto os jornalistas a assinam. (ESCOLAR apud ORDUÑA et al, 2007:50).

4.2 Webjonalismo e blogs

De acordo com Mattoso (2003:19) o jornalismo digital nasce em 1981, quando o

Columbus Dispatch, nos Estados Unidos, disponibiliza todo conteúdo da edição diária na

rede, cobrando uma taxa para os usuários. “O primeiro jornal norte-americano a criar um

suporte digital foi o San Jose Mercury ews, em 1994 e desde então, a transposição dos

conteúdos da edição em papel para edição online impera na rede”. Mas, para Primo & Trâsel

(2006) o webjornalismo não é mais o mesmo, embora tenha inúmeras vantagens em

comparação a outros veículos. Entre elas:

Uma informação equivocada em uma revista mensal só poderá ser corrigida na edição do mês seguinte. Essas erratas, normalmente, não têm destaque e não ocupam o mesmo espaço da matéria original. E, como se trata de impresso, a errata pode remeter ao texto anterior, mas naquela matéria não aparecerá, por razões óbvias, uma referência (link) para a errata. Nesses casos, uma informação com erros numa revista pode ter um efeito prolongado, e sua correção pode nem ser vista. No webjornalismo, contudo, um erro pode ser corrigido a qualquer tempo no mesmo local onde foi feita a publicação original. (PRIMO & TRÂSEL, 2006).

Para Manta apud Mattoso (2003:19), o advento da World Wide Web, em 1992, foi

decisiva para o crescimento e consolidação das publicações na internet, “possibilitando uma

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melhor adaptação de jornais e revistas ao suporte digital. Criando, assim o jornalismo online,

que segundo Kucinski (2004:77), esse nome é um conceito-fetiche, porque não explica o que

mudou ou não na prática jornalística em função da Internet.

De acordo com Aroso (2005), “o jornalismo online influência os vários aspectos da

realidade jornalística”. Um deles é, o fato do jornalista também ser profundamente afetado.

Um fato que opõe o webjonalismo aos posts informativos de blogs é porque, segundo Gentry

apud Aroso (2005) “não deve haver publicação instantânea: ninguém deve colocar online um

texto que não tenha passado pelo processo de edição”. E no blog, além de haver publicação

que quase sempre é instantânea, quase nunca há edição.

Ferrari (2004:25) menciona que no Brasil o primeiro site jornalístico foi criado em

maio de 1995, do Jornal do Brasil (JB). Mas Mattoso (2003:19) contesta dizendo que antes

do JB, a versão digital da Agência Estado e do Jornal do Commercio, de Recife, já entrará no

ar. Colocando seus arquivos na rede, mesmo antes da chegada da Web 2.0, no país, que só

ocorrerá em 1999, segundo ele.

No ano 2000, o provedor IG lançou o primeiro jornal totalmente concebido para Web, o Último Segundo, com material de agências de notícias e um time próprio de repórteres. Logo em seguida, os portais roubaram a cena produzindo conteúdos jornalísticos em uma nova escala. (...) “...os portais,de fato, produziram uma categoria de jornalismo online: o jornalismo de portal, marcado por uma dinâmica mais ágil, principalmente pela consolidação do modelo de notícias em tempo real, as chamadas hard news (...)”. (MATTOSO, 2003:20).

Os blogs no jornalismo entram a partir do experimento de um estudante universitário.

Em 18 de março de 1999, Brad Fitzpatrick, norte-americano de 19 anos, nascido em Portland, Oregon, lançou o LiverJournal na época em que estudava Ciências da Computação na Universidade de Washington, Seatle. Era o primeiro serviço voltado exclusivamente para blogs, apesar de Fitzpatrick ter preferido o termo “diário” para nomear seu CMS programado em linguagem Perl e com licença Open Source”. (ORDUÑA et al, 2007: 23).

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Segundo Amorim & Vieira (2006), em 2006 Noblat publicou uma importante reflexão

sobre o que é ser jornalista-blogueiro:

“É bem mais arriscado ser jornalista blogueiro que simplesmente jornalista. Porque, em um jornal, o erro tem vários pais – o repórter, o editor, o chefe da redação(...) aqui, não. O erro só tem um pai. E, quando ocorre, o mundo desaba na cabeça do responsável. (...) Nada ou pouca coisa separa o blogueiro dos leitores. Do médico, se diz que ele pensa que é Deus. Do jornalista, que tem certeza. Ao fazer um blog, o jornalista descobre que não é Deus. Se não descobrir, deixará de ser blogueiro em pouco tempo”. (NOBLAT apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

Esse sucesso do blog do Noblat, para Sá (2005), se deu porque blogs políticos

conquistam cada vez mais adeptos e leitores. Isso tem explicação. Segundo Reynolds apud

Amorim & Vieira (2006), os blogs permitem que o cidadão comum faça parte do debate

político com muito mais força. (REYNOLDS apud AMORIM & VIEIRA, 2006).

É possível, então, praticar jornalismo em um blog? Para Simão (2006:148) possível é,

no entanto dificilmente se praticará e atualmente ninguém o faz. “Blogs não são jornalismo,

seja novo ou velho, a grande maioria dos blogs não tem a mínima intenção de fazer

jornalismo e nem são considerados como jornalistas blogueiros”. (ORIHUELA, 2006 apud

SIMÃO, 2006:148).

Simão (2006:149), diz ainda que, é possível sim, porque os blogs oferecem duas das

mais importantes necessidades dos webjornalismo; a atualização constante, renovação de

informação e a interação com os webnautas. Sobre isso Orduña et al (2007:67) relata: “há

blogs que fazem jornalismo e outros que não o fazem; de fato, muitos o fazem de vez em

quando”.

Não é o jornalismo que define os blogs, mas a comunicação interpessoal em forma de diário intertextual. Os meios não são tradicionais porque são jornais impressos, televisões, rádios ou meios digitais, mas, sim, por seus valores e pelo jornalismo que praticam, independente do meio em que são difundidos. Muitos jornalistas importantes recusaram as propostas acadêmicas de conceitualizar a profissão. Sempre defenderam que há apenas dois tipos de jornalismo: o bom e o mau. O mesmo poderia ser dito dos blogs. (ORDUÑA et al, 2007:67).

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“Mas então qual a diferença que nos leva a identificar o conteúdo dos blogs como

fontes de informação e não como jornalismo?” (SIMÃO, 2006:154). Orduña et al (2007:67)

diz que, “o bom jornalismo necessita de conteúdo próprio: informação única, exclusiva e

diferenciada. Quanto aos blogs, não”.

Para responder essa pergunta, Simão (2006:154) pergunta, o que é jornalismo?

“Jornalismo é a atividade profissional que consiste em apurar, recolher e coligir informação,

redigindo-a sob a forma de notícia que se destina a ser divulgada junto do público através de

um meio de comunicação de massas”. (GRADIM, 2005 apud SIMÃO, 2006:154).

Assim temos que o jornalismo é uma atividade que é regida por regras, legais e por critérios editoriais de cada órgão de comunicação social. Um jornal é formado por uma estrutura composta por jornalistas, editores, chefe de redação, e diretor. A profissão de jornalista está ainda sujeita às regras da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas. (SIMÃO, 2006:154).

O primeiro e o segundo artigo do Estatuto do Jornalista (Lei, 1/99 de 13 de janeiro)

disponível no site da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas (1999) diz:

1 - São considerados jornalistas aqueles que, como ocupação principal, permanente e remunerada, exercem funções de pesquisa, recolha, seleção e tratamento de fatos, notícias ou opiniões, através de texto, imagem ou som, destinados a divulgação informativa pela imprensa, por agência noticiosa, pela rádio, pela televisão ou por outra forma de difusão eletrônica. 2 - Não constitui atividade jornalística o exercício de funções referidas no número anterior quando desempenhadas ao serviço de publicações de natureza predominantemente promocional, ou cujo objeto específico consista em divulgar, publicitar ou por qualquer forma dar a conhecer instituições, empresas, produtos ou serviços, segundo critérios de oportunidade comercial ou industrial.

O mesmo Estatuto, no artigo terceiro, fala sobre a compatibilidade do exercício da

profissão de jornalista:

a)Funções de angariação, concepção ou apresentação de mensagens publicitárias;

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b) Funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de orientação e execução de estratégias comerciais; c) Funções em qualquer organismo ou corporação policial; d) Serviço militar; e) Funções de membro do Governo da República ou de governos regionais; f) Funções de presidente de câmara ou de vereador, em regime de permanência, a tempo inteiro ou a meio tempo, em órgão de administração autárquica.

Para Simão (2006:155), “os blogs não reúnem, então, condições necessárias para

serem considerado jornalismo. Não só pela legislação, mas também pela forma com que são

utilizados, sem uma estrutura que permita a recolha isenta e sistemática de dados de forma a

coligir, organizar e editar informações”. Já para Orduña et al (2007:68), a questão é, “que

cada um faça o que achar conveniente desde que não prejudique ninguém”.

4.3 A informação nos blogs

Essa facilidade em postar notícia sem um blog, fez da rede um veículo suspeito quanto

a veracidade das informações contidas nele. Segundo Correia (2008), “o rótulo de notícia é

colocado quase sempre por um profissional da comunicação, o jornalista. Mas quais são os

critérios de escolha do que é ou não notícia?”.

O que se sabe com clareza é da fase crítica da falta de confiança da qual vem

passando, pois de acordo com Orduña et al (2007:76) “os grandes meios de comunicação

sofrem grande crise de credibilidade. Os cidadãos os consideram excessivamente próximos

dos poderes e muito distantes da realidade”.

Apesar de muitas especulações e várias opiniões sobre a questão de notícias dadas por

diários serem postas em dúvida, isso não está de todo certo. “a mídia tradicional acreditava

que apenas ela gozava do respeito inerente às antigas instituições de disseminação de

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informação, instituições que as pessoas ainda acreditavam oferecer reportagens honestas e

corretas”. (HEWITT, 2007:46).

Quando o ew York Times, o “grande jornal” do país, foi informado, pelo San Antonio Star Express, em 29 de abril de 2003, de que um de seus principais jovens repórteres, Jayson Blair, poderia ter plagiado material, teve início uma seqüência de acontecimentos que, assim como no caso Lott com relação à política, definiu a blogosfera como um mecanismo de responsabilidade da mídia. (HEWITT, 2007:47).

Isso significou que se o jornal mais influente do mundo, tido como referência, teve,

ainda que, sem conhecimento, parte de suas notícias plagiadas, porque por, então, os blogs

como algo de conteúdo duvidoso. Claro, que isso depende de quem o modera. No caso se for

um jornalista renomado a situação, pode, mudar de figura.

E isso se passa no restante do mundo. Diversas pesquisas realizadas na Europa e nos Estados Unidos mostram que mais da metade dos cidadãos não acredita mais nos meios de comunicação tradicionais. Sem confiança não há credibilidade e sem esta a informação é insegura. Esse descrédito faz que alguns se distanciem da informação, mas a maioria busca meios alternativos e mais confiáveis pelos quais podem informar-se. (ORDUÑA et al, 2007:77).

Nesse caso, os blogs são tidos, por alguns, como fonte de informação. “Em outras

palavras, “informação confiável” passou a significar “informação confiável muito recente. É

onde entra a blogosfera”. (HEWITT, 2007:121).

A maioria das pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim e não tem tempo ou disposição para vasculhar as notícias políticas, nacionais e internacionais todo o dia ou toda hora, ou editar o que pode ler. Eu sou um atalho, uma conveniência. [...] Os blogueiros estão cumprindo uma função informativa, determinando os atos das pessoas de centenas de milhares de formas. (HEWITT, 2007:121).

Segundo Malini (2008), “assim as diferentes linguagens jornalísticas passam a habitar

um espaço marcado pelas singularidades que atuam em rede, compondo um novo campo de

atuação comunicacional”. Apesar disso, “certamente, estas fórmulas novas de escritura

colaborativa colocam problemas sobre a validade das informações, a responsabilidade dos

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autores, a pretensa ausência de linha editorial, as temáticas umbilicais etc. E o debate está

vivo entre os defensores e os detratores destes sites”. (COUCHOT apud MALINI, 2008).

E quanto aos blogs que suas informações foram verdadeiros furos na imprensa?

Isso, de acordo com Simão (2006:153) “não faz deles jornais, mas sim fontes”. Ou

seja, os blogs para ele não passam de boas fontes para o webjornalismo. Pois, há informações

que escapam aos jornais e não aos blogs. Para Weis (2006), “a Internet precisa ser aproveitada

para se descobrir novas maneiras de apresentar material informativo – que, inevitavelmente,

se transformará em material jornalístico robusto, produzido por quem o faz em tempo

integral”.

É certo que, quem bloga, não vai parar e quem lê não vai deixar de ler. Por isso,

Orduña et al (2007:89), afirma, “os cidadãos que estão nos meios sociais de comunicação

vieram para ficar. Sempre quiseram estar onde estão, mas as barreiras eram muito grandes:

econômicas, tecnológicas, moderadoras. Esses obstáculos foram derrubados e é difícil que

voltem a se levantar”.

4.4 Jornalistas blogueiros

A maioria das pessoas, que lêem blogs de jornalistas, o fazem porque confiam no

conteúdo, associam a credibilidade do nome da pessoa à sua produção. “A maioria das

pessoas que lê Hugh Hewitt o faz porque confia em mim. (...) Eu sou um atalho, uma

conveniência”. (HEWITT, 2007:121).

Atualmente, no Brasil, segundo Castro (2004), os melhores blogs são mantidos por

jornalistas. Mas ainda há uma pluralidade de opiniões sobre o assunto que se contradizem.

Para Peixoto (2008) apud Ribeiro & Teixeira (2008), é possível a união das duas funções.

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“um jornalista atuar como blogueiro ajuda muito na sua formação profissional, e um

blogueiro transmitir uma notícia não o desqualifica por não ter diploma”.

Opinião semelhante tem Ethevaldo Siqueira, jornalista de O Estado de S. Paulo. Veterano articulista sobre novas tecnologias, Siqueira afirma que já foi o momento de o jornalista querer ser o dono da notícia, não é mais exclusivo dele. Blogueiro pode fazer isso bem, desde que tenha um comportamento ético como tem o bom jornalista. Apesar de confiar no amadurecimento da rede, Siqueira diz que ainda falta experiência aos blogueiros: Pelo menos no Brasil, ainda não estão mais bem preparados que os jornalistas, porque ainda não têm tradição ética. O único denominador comum que os blogueiros têm é um espaço na internet. (SIQUEIRA, 2008 apud RIBEIRO & TEIXEIRA (2008).

Segundo Borges (2006), os blogs de jornalistas não funcionam “o grande problema

para os jornalistas é que, na internet, os leitores estão presentes em carne e osso. Para os

jornalistas, os internautas são uma pedra no sapato”.

Mesmo com a internet a manivela (de antes), era mais fácil. Se um e-mail não agradava, bastava apagar. Fingir que não chegou... Quem iria provar? Carta, então... nem precisava abrir; bastava rasgar e jogar fora. Se o chato incomodasse muito, era só inventar, em cinco minutos, uma metáfora qualquer para humilhar o leitor em público – e ele saía de circulação. Agora é uma desgraça: tem ‘leitor’ publicando em tudo quanto é canto! Onde é que nós vamos parar? (BORGES, 2006).

Essa opinião de Borges (2006) é controversa. Para Palácios apud Nascimento (2007),

o que acontece é que os jornalistas ainda não se adaptaram as mudanças. “Os jornalistas

devem entender que estão atuando em uma profissão em fase de mudança, em que a notícia

pode ser trabalhada numa mesma redação em diversas mídias”.

Borges (2006) ainda diz que os blogs de jornalistas só vão melhorar, quando acabar

em jornais de papel e não fizeram mais sentido a dependência governamental.

Enfim, os blogs dos jornalistas não funcionam também porque o blog por dinheiro, e só por dinheiro, é uma contradição em termos. Como o blog político o é, se for mero instrumento de assessoria de imprensa (e se não houver, por parte do blogueiro, nenhuma paixão que o mova). Os jornalistas brasileiros passaram muitos anos amarrados, manietados, obedecendo a ordens e replicando as opiniões de seu empregador – é natural, portanto, que se movimentem desajeitadamente num ambiente onde a liberdade de

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expressão nunca foi tamanha... O pior é que a internet, generosa como sempre, vai absorvê-los no final. (BORGES, 2006).

Aliás, discussão que sempre é levantada, sobre até quando os jornais sobreviverão.

Desde que chegou a televisão, depois a internet e agora os blogs. Uns preverem que ia acabar,

outros que vai durar um pouco mais, mas a maioria aposta numa vida longa eles.

Os blogs capitaneados por jornalistas criam um ponto de contato entre os grandes veículos e o que chama de blogosfera. “Não creio que os blogs vão acabar com o jornalismo, porque a maioria dos conteúdos dos blogs vem da grande imprensa, não o contrário”. (PALACIOS apud NASCIMENTO, 2007).

Bogart apud Manta A. (2005) “os jornais convencionais irão sobreviver e prosperando

no mundo digital. Kammel apud Manta A. (2005) aposta nisso também, pois para ele os

impressos promoverão mudanças radicais no conteúdo. É exatamente isso que vem

acontecendo.

Quase todos os jornais impressos de grande circulação mudaram seu layout para

aproximar do que os leitores querem. Até revistas estão com seu formato parecido a páginas

da internet. Um exemplo e a Revista da Semana (Editora Abril), em que, as matérias são

curtas e distribuídas em blocos, semelhantes a colunas da Web.

Na televisão é a era das revistas eletrônicas. Tudo para não perder leitores,

telespectadores e cada vez mais aproximando do que é a Internet. Artistas, cantores e autores

de novela, cada um com seu blog, uma forma de ganhar fãs e conquistar telespectadores.

Portanto, a Internet mudou o comportamento das pessoas. E, também, dos jornalistas.

As empresas de comunicação disponibilizaram em seus portais, links para que seus

profissionais mantenham seus blogs hospedados na própria organização. O que não deixa de

ser uma forma de controle.

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Nos Estados Unidos, segundo Castro (2002), vários jornais estão tentando controlar os

blogs de seus jornalistas. “E quaisquer outros blogs, sobre quaisquer outros assuntos, têm que

ser previamente aprovados por uma redação nada simpática ao assunto”.

Para Bastelle apud Amorim & Vieira (2006), o fato dos setores de comunicação

publicarem seus próprios blogs é uma habilidade que as empresas devem adquirir, por ser

uma forma diferente de mídia. Mas onde fica a liberdade de expressão. Depende da empresa.

E do jornalista.

De acordo com Castro (2002), o jornal O Globo saiu na frente e ofereceu blogs aos

seus colunistas. A intenção é que os outros jornalistas, da casa, também tenham no futuro.

“Alguns aceitaram, outros não, talvez relutando em abrir mão da liberdade de escrever o que

bem quiserem em seus blogs independentes”.

Não precisavam ter medo. Pelo menos, não por enquanto. Apesar de O Globo hospedar esses blogs dentro do seu próprio site, não há qualquer tentativa de controle do conteúdo. Os colunistas-blogueiros não receberam quaisquer instruções sobre que tipo de conteúdo seria adequado incluir nos blogs. A única regra não deixar o blog parado mais de uma semana. (CASTRO, 2002).

Claro que, o jornalista tem que ter bom senso e seguir o Manual de Redação e Estilo

do jornal. Segundo Ribeiro & Teixeira (2008), tanto Carlos Albuquerque, jornalista do O

Globo, no Rio, quanto Leonardo Cruz, editor assistente, da Folha de S. Paulo, seguem esses

preceitos. A mesma postura ética é usada, também, quando o assunto é jabá.

Verdade é que, blogs de jornalistas, quando dão certo, elevam o profissional num

patamar, antes nunca alcançado. De acordo com Ribeiro & Vieira (2008), nos Estados

Unidos, segundo a Revista Time, a colunista Arianna Huffington, se tornou, por causa do seu

blog (Huffington Post), uma das cem pessoas mais influentes dos Estados Unidos.

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Fazer jornalismo com total liberdade é o sonho de todos os profissionais. E para

Noblat apud Ribeiro & Vieira (2008) a Internet, talvez seja, o último espaço de liberdade do

homem. E é essa liberdade que atrai tanto os jornalistas para a blogosfera.

Segundo Ribeiro & Vieira (2008), caberá aos jornalistas a luta para manter a tradição

da imprensa e “do método reconhecido pela sua confiabilidade, construído em outras eras,

centenas de anos antes do mundo digital. E blog é uma outra história,diferente do jornalismo,

ainda em construção. Nem melhor, nem pior”.

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5. LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A busca pela liberdade, de um modo geral, faz parte da história. O ser humano desde o

princípio de vida almeja ficar livre de tudo o que o reprima, segundo a Bíblia Sagrada apud

Almeida (1993), Jesus Cristo, o nazareno, morreu para que ficássemos livres dos pecados. Ou

seja, a morte dele seguida por sua ressurreição traria, de certa forma, liberdade à humanidade.

Mil anos após termos ficado livres dos pecados, surgiu uma das maiores perversidades

religiosas. Àquela que julgava toda e qualquer fé contrária ao catolicismo, como sendo

herege. A Santa Inquisição, como era chamada, Que segundo Luz [s.d], foi instituída em

1232, pelo papa Gregório IX, era uma forma de implantar obrigatoriamente o catolicismo e

extinguir com as demais religiões. Durou até 1859, portanto, foram mais de seis séculos de

repressão a liberdade religiosa e milhares de vítimas mortas de forma cruel. Uma delas, talvez

a mais conhecida da história Joana D´arc,

De acordo com Percília (2007), Joana foi uma das mulheres mais fortes e guerreiras

que o mundo já conheceu. Porém, em 1430, foi levada a julgamento no tribunal inglês, um

martírio que durou seis meses, sua sentença foi ser queimada viva, em uma fogueira aos 19

anos de idade. Foi o fim da heroína francesa. Assim eram as mortes decretadas pela

inquisição, todas com um requinte de perversidade, que o faziam em nome de Deus.

Afinal alguém teria que manter tão complexa estrutura. O alvo maior em solo lusitano era o cristão-novo, judeus convertidos a fé cristã, que a Inquisição julgava manter seus ritos judaicos secretamente. Acusados de profanar as hóstias e desvirtuar muitos cristãos do caminho de Deus, esse povo pagou com a vida e com seus bens a manutenção do equilíbrio do reino. (LUZ, [s.d]).

Dessa forma vimos que há censura, nos mais variados sistemas, e que a busca pela

liberdade, de expressão ou não, não é só um problema dos dias atuais. “A censura não é um

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processo de coação da liberdade de expressão, exclusivo do Antigo Regime, nem dos regimes

políticos totalitários. Em todo o caso, não é somente neste sentido que a vimos nos textos [...].

É a máquina intrínseca de todos os sistemas de poder”. (RODRIGUES A., 1985).

A luta de liberdade de imprensa em relação à influência do Estado, de acordo com

Kunczik (2002:26), começou na Inglaterra, onde, em 1649, o Partido Leveller defendeu um

projeto de lei que havia apresentado o Parlamento.

Nesse contexto sobressai o tratado Areopagitica (1644), de John Milton (1608-1674), centrado na liberdade de imprensa. Milton não só assinalou que o papa e a Inquisição introduziram a censura –os pontos de referência mais negativos possíveis para os ingleses do século XVII – mas também demonstrou a impossibilidade de se ter uma censura perfeita que, feita por intelectuais subalternos, só levaria à supressão da verdade. (KUNCZIK, 2002:26)

Na Inglaterra a censura deixou de existir quando não se renovou mais a Lei de

Autorização, em 1965.

Segundo Costa Neto [s.d] em 1789, a França num movimento revolucionário gritou:

"Liberté, Egalité, Fraternité" (Liberdade, Igualdade, Fraternidade), frase de Jean-Jacques

Rousseau. Era um período em que os países viviam sobre o comando dos seus colonizadores.

E a liberdade era o sonho. Esses três princípios passaram a ser denominação da Declaração

dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Um dos artigos dessa declaração, o artigo XI diz que “A livre comunicação de idéias e

opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem. Todos os cidadãos podem, dessa forma,

falar, escrever e imprimir com liberdade.” (KUNCZIK, 2002:27).

A liberdade pode ser político, religiosa, econômica, física ou de expressão. Segundo

Chauí (2000), durante a revolução francesa, foi quando se definiu melhor o significado da

liberdade, na linguagem da declaração vigorada mais precisamente em 26 de agosto de 1789.

Sobre o assunto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) diz:

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Artigo I “os homens nascem livres e iguais em direitos (...)”; Artigo IV “a liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que não prejudique a outrem (...)”; Artigo X “ninguém deve ser molestado pelas suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem publica (...)”; Artigo XVII “sendo propriedade um direito inviolável e sagrado, dela ninguém pode ser privado, salvo quando a necessidade publica, legalmente verificada o exigir evidentemente e com a condição de uma justa e prévia indenização (...)”.

Porém, não foi tão fácil assim chegar um consenso, e os fatos da época resultaram na

chamada Revolução Francesa. Durante esse mesmo ano que a França teve a vitória vigorando

a Declaração, entre os dias dois e sete de setembro, foram mais de mil franceses julgados e

executados, entre eles, monarquistas e presumíveis traidores. Foi quando surgiu a figura mais

importante para a resolução desses acontecimentos, o jovem general Napoleão Bonaparte que

conduziram à Constituição de 24 de dezembro de 1799, dando fim a revolução.

Para Chauí (2000:61) “a primeira grande teoria filosófica da liberdade foi exposta por

Aristóteles na obra Ética a icômac”. Teoria essa, que com variantes, permanece até hoje.

Essa concepção fala que a liberdade opõe-se ao que é condicionado externamente

(necessidade) e ao que acontece sem escolha deliberada (contingência). Essa teoria reforça a

frase de Rousseau, em que diz, “o homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se

acorrentado”. (WILD, 1997).

A liberdade é concebida como o poder pleno e incondicional da vontade para determinar a si mesma ou para ser autodeterminada. É pensada, também, como ausência de constrangimentos externos e internos, isto é, como uma capacidade que não encontra obstáculos para se realizar, nem é forçada por coisa alguma para agir. Trata-se da espontaneidade plena do agente, que dá a si mesmo os motivos e os fins de sua ação, sem ser constrangido ou forçado por nada e por ninguém. (...) Sem dúvida, poder-se-ia dizer que a vontade livre é determinada pela razão ou pela inteligência e, nesse caso, seria preciso admitir que não é causa de si ou incondicionada, mas que é causada pelo raciocínio ou pelo pensamento. (CHAUÌ, 2000:41).

Chauí (2000:61) diz, ainda, que para Aristóteles, é livre aquele que tem em si mesmo o

princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de

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não agir.

No Brasil a restrição a liberdade de expressão, sempre foi mais abrangente, “não

atingiu só a imprensa, sendo bem mais ampla, e abarcando as artes, os espetáculos, os livros,

o cinema, o teatro, a música etc...”. (RESENDE, 2006). A criação do Departamento de

Imprensa e Propaganda (DIP) no “Estado Novo” foi o precursor para posteriores e novas

formas de censura que estavam por vir.

5.1 Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)

Segundo Dines (2007), o DIP foi criado, em 1939, dois anos depois do início do

Estado Novo, para substituir o, até então, Departamento de Propaganda e Difusão Cultura

(DPDC), de 1934. Também havia substituído o Departamento Oficial de Propaganda (DOP),

criado em 1931. Mas tanto o DOP, quanto o DPDC, eram muitos limitados para atender o

governo naquilo que era necessário. Todos esses departamentos tinham como comandante o

jornalista sergipano Lourival Fontes.

A ditadura instalada por Getúlio Vargas em 10 de dezembro de 1937 concebeu e montou um centro de controle e produção de informações, o Departamento de Imprensa e Propaganda, celebrizado pela sigla DIP, que até a derrocada do regime ditatorial, em 29 de outubro de 1945, manteve a imprensa sob rédea curta. (AZEDO, 2007).

A era de Vargas durou de 1930 até 1945, dividida em três épocas: governo

revolucionário provisório (1930 a 1934), governo constitucional (1934 a 1937) e ditadura do

Estado Novo (1937 a 1945). O chamado presidente amado por uns e odiado por outros, foi o

responsável por um governo nacionalista e populista.

A Ditadura do Estado Novo seguia métodos semelhantes aos do governo de Adolph

Hitler na Alemanha, principalmente no que diz respeito à ideologia do povo sendo

manipulado através da mídia. O controle que era feito pelo DIP, sempre exaltava o presidente

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e o país com um orgulho patriota exagerado, um verdadeiro ufanismo. De acordo com Noblat

(2004:170), “foi esse órgão que instalou a censura e vetou o registro de 420 jornais e de 360

revistas”.

Fontes era simpatizante do ditador italiano fascista Benito Mussolini, aliado do líder

nazista alemão Adolf Hitler. Ele instalou “um sistema de controle da informação à base do

morde-assopra. De um lado tinha censura, a que todos os veículos de comunicação estavam

submetidos (...) e de outro a oferta de trabalho em órgãos, publicações e realizações do

governo (...)”. (AZEDO, 2007).

A capacidade de abrangência das funções desse novo departamento, DIP, era bem

maior do que a dos seus antecessores. Mesmo porque, tinha um poder de penetração na

sociedade forte comparado aos outros. Também os serviços de publicidade e propaganda dos

ministérios, departamentos e órgãos da administração pública passaram a ser responsabilidade

do DIP, além, de ter total controle sobre todas as manifestações brasileiras.

Nesse período, segundo a Biblioteca online da Folha, do jornal Folha de São Paulo, havia “a existência do culto da personalidade ao ditador, com o funcionamento do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que além de fazer o marketing do ditador, possuía poder de censura em cada publicação de jornais, revistas, livros e radiodifusão. Músicas eram censuradas e até mesmo sambas-enredo.” (MOURA, 2001).

Os setores de divulgação de radiodifusão, teatro, cinema, turismo e imprensa eram

todos controlados pelo DIP, que cabia-lhe coordenar, orientar e centralizar a propaganda

interna e externa, fazer censura. Vários estados possuíam órgãos filiados ao DIP, os chamados

"Deops".

Essa estrutura altamente centralizada permitia ao governo controlar a informação, em

todo o país, assegurando-lhe o domínio da vida cultural do país. “Tanto o DIP como o Deops

– órgãos de repressão do governo varguista funcionaram como engrenagens reguladoras das

relações entre o Estado e o povo; verdadeiras máquinas de filtrar a realidade, deformando os

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fatos e construindo falsas realidades”. (CARNEIRO apud RESENDE, 2006).

Quanto a imprensa, a uniformização das notícias era garantida pela Agência Nacional.

O departamento as distribuía gratuitamente ou como matéria de auxílio, dificultando o

trabalho das empresas particulares. Com uma grande equipe, a Agência Nacional conseguia

monopolizar o noticiário.

Através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, o Estado Novo controlava com mão de ferro qualquer crítica ao sistema político, apelando para a prisão de quem ousasse divergir. A imprensa foi declarada de utilidade pública, o que obrigava todos os jornais a publicar comunicados do governo. Para dificultar ainda mais o seu trabalho, o DIP exigiu o registro dos jornais e dos jornalistas e baixou decreto determinando o mesmo para a importação de papel de imprensa. Dezenas de jornais tiveram que fechar as portas uma vez que não conseguiam o registro. Até o sisudo jornal O Estado de São Paulo chegou a ser confiscado, levando ao exílio seu dono Júlio de Mesquita. (RABELO, 2004).

O jornalista Fontes ficou no comando do DIP até 1942, quando a direção passou a ser

do major Coelho dos Reis, até julho de 1943. O capitão Amilcar Dutra de Menezes atuou até a

extinção do DIP, em maio de 1945.

5.2 O censor da Ditadura Militar

A Ditadura Militar foi o período da política brasileira em que os militares governaram

o Brasil, época que vai de 1964 A 1985. Suas principais características foram a falta de

democracia, supressão dos direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão

aos que eram contra o regime militar.

Foi um período em que o país temia que o socialismo dominasse, pois o mundo estava

em plena Guerra Fria. Esse período gerou inúmeras manifestações, inclusive a do dia 19 de

março, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu milhares de pessoas pelas

ruas do centro da cidade de São Paulo.

O clima de crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. No dia 31 de

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março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Paulo saem às ruas, para evitar uma guerra civil.

João Goulart (Jango), presidente na época, se exila no Uruguai e os militares tomam o poder.

O censor que era quem autorizava ou não a publicação de um livro, letra de música,

matérias de jornais, revistas, rádio e TV. No caso do censor da imprensa, se alojavam nas

redações, e o faziam por uma pauta-prévia, que segundo Santos (2008) ainda está em uso em

algumas redações de hoje. A pauta-prévia foi um documento pela ditadura militar. Ou seja,

uma forma do censor triar o que ia sair na imprensa.

A pauta-prévia do passado foi instrumento de robotização de jornalistas. A do presente é moderna e tecnicamente bem elaborada por destacados comunicadores do infinito, mas é semelhante à pauta da ditadura militar. (...) Por meio da pauta-prévia, o censor da ditadura controlava previamente toda matéria noticiosa a ser produzida por repórteres. O pauteiro era o astro que definia o que era ou não objeto de cobertura jornalística. Assim, sob comando do censor, o pauteiro só programava cobertura de matérias aceitas pelo regime de exceção que controlava jornais, rádios e TVs. (SANTOS, 2008).

Ao longo da história, a censura sempre procurou controlar a informação de todas as

formas, e, com isso, o pleno exercício da cidadania virou algo impossível. Situação essa, que

ficou mais visível durante os vinte anos em que os militares estiveram no poder. A falta de

liberdade de expressão ficou em primeiro lugar, ganhando um contorno estratégico, ”já que o

regime buscava se tornar hegemônico e se legitimar, tentando criar um novo imaginário

social”. (RESENDE, 2006).

5.3 DOI-CODI e DOPS

O Destacamento de Operações de Informações (DOI) era subordinado ao Centro de

Operações de Defesa Interna (CODI), junto com o Departamento de Ordem Política e Social

(DOPS), fizeram parte dos maiores órgãos de inteligência, e de severa repressão do governo,

durante o regime militar. O DOI-CODI surgiu a partir da Operação Bandeirante (OBAN), em

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1969 com o objetivo de coordenar e integrar as ações dos órgãos de combate às organizações

armadas de esquerda

Seu objetivo era o de combater o que para eles eram "inimigo interno", como a de

outros órgãos de repressão brasileiros no período, a sua filosofia de atuação era pautada na

Doutrina de Segurança Nacional. Estabelecido em quase todos os estados. Em São Paulo, se

localizava na rua Tutóia, lá atualmente funciona o 36° Distrito Policial.

O auge da tortura se deu no período 1969/73, quando os militares reagiram ao enfrentamento aberto da esquerda estruturando a Operação Bandeirantes e os DOI-Codi's, que, inicialmente, se incumbiam apenas dos militantes da vanguarda armada. As organizações desarmadas, como o velho PCB, continuaram sendo por bom tempo atribuição dos Deops, que ainda se mantinham dentro de certos limites. (LUNGARETTI, 2008b).

O DOI-CODI funcionava, clandestinamente, como meio de extermínio aos opositores

do regime. Em seus porões várias mortes foram provocadas através de torturas. Sobre esse

período, Callado apud Corrêa (2006) diz, que suas conferências rolaram entre a demencial e a

crescente violência da tortura, no apogeu dos DOI-CODI, dos sumiços de presos e dos

cadáveres, com o silêncio garantido pela censura, estúpida e torva, estimulada pela

impunidade e a cobertura fardada.

Para driblar a imprensa, os que apareciam mortos, eram apresentados como suicídas.

Pois, quando prisioneiros eram encontrados enforcados na cela. O caso mais conhecido é o do

jornalista Vladmir Herzog, morto em 25 de outubro de 1975. Mas o por que da sua morte

repercutir tanto até os dias de hoje, sendo que há inúmeros casos, até mais cruéis, e de pessoas

revolucionariamente mais significativas, como cita Lungaretti (2008a) o caso de Mário Alves,

que chegou a ser empalado com um cassetete dentado.

Há vários motivos. Primeiramente, chocou e até hoje choca sabermos que Herzog se dirigiu pelas próprias pernas ao encontro da morte, acreditando que sofreria apenas o interrogatório para o qual foi convocado. Por que ele não desconfiou de que poderia ter o mesmo destino que tantos tiveram antes dele? Por um motivo simples: em 1975 a tortura já arrefecera, depois de

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dizimada a esquerda armada. (LUNGARETTI, 2008a).

Essa farsa, porém, não se sustenta, pois, os “tais” suicidas, que se enforcavam, nas

dependências do DOI-CODI, amarravam seus cintos nas grades das celas, sem vão livre, ou

seja, não havia espaço entre o piso e seus pés. Neste contexto as mortes de alguns

prisioneiros, se tornaram suspeitas. Como, de Herzog e do operário Manuel Fiel Filho. Esses

casos levaram o presidente Geisel a iniciar um confronto público com a linha dura da polícia

repressiva.

(...) teríamos pela frente os cinco anos do contraditório mandato do general-presidente Ernesto Geisel – de 15 de março de 74 a 15 de março de1979 -, que sai de cena depois de desmontar os aparelhos de tortura e de restabelecer a liberdade de imprensa e, na contramão, de determinar a obra revolucionária de desarticulação institucional e de desmoralização do sistema político pelos esquivos atalhos do casuísmo”. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:8).

Até hoje há casos de execução do DOI-CODI estão sendo julgados. Segundo o Jornal

dos Jornalistas (ago/2008), em 15 de julho de 1971, o jornalista, de 23 anos, Luiz Eduardo

Merlino, foi preso em sua casa, em Santos. Levado para o DOI-CODI, Merlino morreu quatro

dias depois, seu corpo com marcas de tortura, foi encontrado, mais tarde, pela família no

Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo, em uma gaveta sem nome. A explicação dada

pelas autoridades foi que ele havia de suicidado jogando-se na frente de um carro na BR-116.

Esse é um dos casos que é movido uma ação declaratória na área cível,

responsabilizando o coronel reformado do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, hoje com

75 anos, que na época era o comandante do DOI-CODI de São Paulo. De acordo com

Magalhães (2008), o coronel Ustra foi condenado em 09 de outubro de 2008, por outro crime

de tortura, contra o casal de ex-presos políticos Maria Amélia de Almeida Teles e César

Augusto Teles. Também foi reconhecida a tortura a Criméia Schmidt de Almeida, irmã de

Maria.

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O julgamento é apenas moral e político, já que Ustra foi beneficiado pela Lei de Anistia, em 1979, que beneficiou pessoas condenadas por atos terroristas e militares que tenham participado de sessões de tortura durante o período de ditadura. Porém, o caso também ainda pode ser discutido na Justiça. "Eu me sinto vitoriosa, Eu gostaria que a Justiça tivesse reconhecido também a tortura a mim e ao meu irmão, que éramos crianças na época. Mas o juiz disse que não há elementos para isso. A decisão faz com que a gente pense mais. De uma maneira mais séria dos crimes do passado. Ela traz à família satisfação e alívio", diz Janaína Teles, que na época tinha cinco anos de idade. O irmão, Cesar Teles, é um ano mais novo. (MAGALHÃES, 2008).

De acordo com o Jornal dos Jornalistas (ago/2008), o casal Teles, a irmã de Maria

Amélia e os dois filhos, Janaina e Edson, foram presos em 1972. Os adultos enfrentaram

torturas e as crianças, na época seis e cinco anos, ficaram mantidas no mesmo local por vários

dias.

O economista Waldir Quadros e o jornalista Sérgio Gomes faziam parte do movimento

estudantil, quando em 04 de outubro de 1975 foram presos por policiais à paisana,

encapuzados, no Rio de Janeiro. Algemados e vendados com esparadrapo, foram colocados

em carros separados e mandados de volta para São Paulo.

No DOI-Codi, a sessão de tortura começou logo na chegada. O funcionário encarregado de fichar os dois pediu o nome e endereço de parentes para onde deveriam "mandar os corpos depois". Em seguida, Quadros e Gomes foram separados. Despidos e jogados numa cela, receberam choques por todo o corpo. Levaram incontáveis socos, pontapés e pauladas, além de terem sido obrigados a beber água com creolina. Gomes ainda foi pendurado de cabeça para baixo no "pau-de-arara" e Quadros colocado nu numa câmara fria. (LEVY, 2004).

Nas dependências do DOI-CODI permaneceram por vinte dias. Depois disso, os

amigos ficaram mais três semanas no DOPS. Quadros foi transferido para o então recém-

inaugurado distrito policial do Cambuci, onde passaria mais 50 dias, até ser libertado.

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5.4 Ato Institucional n. 5 (AI-5)

O AI-5 de 13 de dezembro de 1968, foi o quinto de vários decretos emitidos pelo

regime militar posteriores ao Golpe militar de 1964. Foi um dos instrumentos de maior força

que deu ao regime poderes absolutos e cuja primeira conseqüência foi o fechamento do

Congresso Nacional por quase um ano e o mais temido da época recrudesceu a censura,

determinando a censura prévia, que se estendia à música, ao teatro e ao cinema de assuntos de

caráter político.

O AI-5 era chamado pela imprensa da época de “golpe dentro do golpe”, tamanha era

o estrago que fazia no que diz respeito a liberdade de expressão, totalmente proibida. Teve

fim dez anos depois, em 10 de outubro de 1978.

No mesmo ano em 29 de dezembro surgiu a Lei de Segurança Nacional que prevê

penas mais brandas, possibilitando a redução das penas dos condenados pelo regime militar.

Decreto possibilita o retorno de banidos pelo regime.

Pode-se até desfrutar da discutível satisfação de ser preso, de ir para a cadeia e ser julgado por um tribunal militar sob a Lei de Segurança Nacional. Eu passei por tudo isso. Temporariamente, você se sente um pouco melhor, como se tivesse pago um imposto de renda moral a algum futuro governo de sua escolha, que finalmente tornará o país respeitador das leis, decente e livre. Mas a satisfação dura pouco, acima de tudo porque você sabe que combatentes jovens, estudantes ou trabalhadores, impacientes demais para esperar por um momento melhor para mudar as coisas, estão sendo o tempo todo presos e torturados, presos e assassinados. Não estão apenas presos e julgados, mas simplesmente mutilados ou assassinados. Não são poupados. Não são integarntes da Igreja, não contam talvez com o apoio de um jornal poderoso, como aconteceu comigo, não tiveram sequer o tempo de construírem um nome, uma reputação, que pudesse lhes servir de escudo contra seus torturadores. (CALLADO apud CORRÊA, 2006:73-74).

A censura impedia que o povo soubesse dos problemas, o rádio, a televisão e os

jornais, só mostravam notícias e pontos positivos. Já que, os meios de comunicação, por força

maior, demonstravam que o caminho seguido pelo regime era o correto.

Mas em 8 de maio de 1985, o Congresso Nacional aprovou emenda constitucional que

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acabava com os últimos vestígios da ditadura. E aparentemente também com a censura. Mas

esta, de fato nunca acabou.

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6 A CE�SURA �O BRASIL

A censura no Brasil existe antes mesmo da independência. De acordo com Leite Filho

apud Negreiros (1979), foi nos anos 20 que ela começou a dar sinais de que veio para ficar.

Com a tentativa de sufocar uma onda de inconformismo, surge, então, a primeira lei de

imprensa no Brasil, projeto original do senador paulista Adolfo Gordo.

A lei Infame ficou conhecida como “Lei Adolfo Gordo”. A lei invocava o lema da

liberdade com responsabilidade para encobrir um dos seus propósitos acabar com a chamada

imprensa proletária mantida pelos trabalhadores.

A Lei Adolfo Gordo foi uma lei antioperária, não foi uma lei contra a liberdade de imprensa. Foi uma lei que resultou das greves, das grandes greves de 1917 e 1919, que foram os maiores movimentos da massa operária que se deram no Brasil até hoje. A de 1917 foi ainda mais forte, mais ampla. Em vários pontos, por exemplo, do Rio Grande e de São Paulo, os anarquistas estiveram eventualmente no poder. (...) Só havia anarquistas e sindicalistas livres e independentes. A lei se destinava a reprimir o movimento operário. Não atingia, ou pelo menos não pretendia e de fato não atingia, a imprensa não-operária, atingia a imprensa liberal. (LEITE FILHO apud NEGREIROS, 1979).

Essa lei, segundo Azedo (2007), é a mesma que anos mais tarde vai dar a partida para

uma legislação feroz de repressão à imprensa, que ganham forma precisa, abrangente e de

duração prolongada sob o Estado Novo de Getúlio Vargas.

A verdade é que os únicos que se enganam com a censura são os próprios censores. (...) A existência da censura é fato mais grave do que aquilo que ela proíbe divulgar. E a existência da censura é fatalmente desvendada no seu exercício. (...) A falência da censura é notória, ela sustenta-se mais no conformismo dos jornais do que na força da autoridade. Todo o aparato do Estado Novo ruiu fragosamente. (DINES, 1974:138-139)

De acordo com Callado apud Corrêa (2006:38), uma conseqüência da censura no

Brasil é o fato de que jamais teremos uma imprensa equilibrada. A censura imposta em

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caráter quase permanente, ao ser suspensa, tende a produzir efeito semelhante, ao de um

desses bonecos de mola que salta quando sua caixa é aberta. Para Dines (1974:139), por sua

vez, a comunicação pode unir países divididos, a censura, porque não pode ser disfarçada,

aumenta os rancores e cisões.

O assunto censura já faz parte da tradição brasileira, pois é encarada como um assunto

permanente. Já que, existe há muito tempo. “Aliás, pode-se dizer que os momentos de

liberdade é que são exceção ao longo de nossa história. Há momentos, como após o golpe de

1964, em que ela foi exacerbada e objetivou, inclusive, a conquista dos corações e mentes dos

brasileiros”. (RESENDE, 2006).

6.1 Liberdade de Imprensa

O mundo necessita de informação e, segundo Mattos (2005), a liberdade de imprensa é

imprescindível, não só para os jornalistas, como também para todas as camadas da população.

O que, historicamente, é sabido que no Brasil, essa liberdade, sempre sofreu ameaça de uma

assombração, chamada censura. O primeiro jornal brasileiro, Correio Braziliense, já nasceu

amedrontado, e para sobreviver a censura, durante algum tempo teve de ser impresso em

Londres, na Inglaterra.

Mattos (2005) lembra ainda que, a Constituição Brasileira promulgada em 5 de

outubro de l988 garante, em seu artigo 220, que a manifestação do pensamento não sofrerá

nenhuma restrição e, nos parágrafos 1º e 2º, veda totalmente a censura, impedindo até mesmo

a existência de qualquer dispositivo legal que "possa constituir embaraço à plena liberdade de

informação jornalística, em qualquer veículo de comunicação social".

Pena que essa lei é muito bonita para enfeitar as páginas da constituição, porque na

prática mesmo os próprios responsáveis por elas, os políticos, são os primeiros a ignorá-las. E

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na primeira oportunidade em que se vêem ameaçados por qualquer matéria de jornal tomam

medidas totalmente contrárias a democracia que aparentemente vivemos.

Garantias essas que são tão esquecidas quanto a famosa Lei de Imprensa, Lei 5.250, de

9 de fevereiro de 1967, sancionada pelo presidente, na época, Castelo Branco. Embora já não

exista a censura prévia, a atual Lei de Imprensa estabelece limites, uma vez que, entre outras

coisas, não permite a exceção da verdade contra o presidente da República e outros ocupantes

de altos cargos, violando, assim, a liberdade de expressão, além de contrariar diretamente a

Constituição.

Mattos (2005) cita de exemplo o processo movido, em 1991, pelo então Presidente

Fernando Collor de Mello contra Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, sem que fosse

admitida a prova da verdade. Mas como ele era autoridade política o processo foi executado.

6.2 A falta de democracia hoje

Engana-se quem pensa que a censura acabou com o fim da ditadura. Pelo contrário

ganhou novas formas. Embora a liberdade de expressão esteja prevista na Constituição não

costuma ser respeitada nem pelo governo e nem pela sociedade.

Há uma realidade mundial ainda desconhecida da maioria dos brasileiros: prisões, perseguições e ameaças a escritores, jornalistas e meios de comunicação em geral. Elas acontecem em países onde a democracia, quando existe, é frágil. (WERTHEIN, 1999).

A pesquisa de Werthein (1999) diz que, “em 1997, 26 jornalistas perderam a vida e

185 foram presos no exercício da profissão. Mais de 1 mil é a soma de tentativas, em todo o

planeta, de violação da liberdade de expressão e de imprensa contra indivíduos, 97 somente

na América do Sul”.

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E contra os meios de comunicação (censura, destruição de prédios, interdições etc.), a

soma é igualmente assustadora: 362. Os dados segundo Werthein (1999) são da Rede

Internacional para a Liberdade de Expressão (IFEX), grupo de organizações não-

governamentais e profissionais comprometido com o alerta e a coordenação de ações contra

ameaças à liberdade de informação.

Debates sobre as várias formas de violação dessa liberdade. Trata-se daquelas que, curiosamente, sobrevivem aos Estados democráticos e de Direito, onde a liberdade de expressão é defendida abertamente, onde opiniões contrárias às dos poderes vigentes são permitidas, mas onde ainda impera o constrangimento diante das figuras públicas de maior prestígio e poder. São as ações mais sutis de controle e de censura que merecem reflexão nos Estados democráticos. Ameaças veladas ou explícitas de demissão, censura a matérias e artigos que contrariam interesses políticos ou empresariais, exposição a pressões e constrangimentos diversos são exemplos do que subsiste em países considerados democráticos. (WERTHEIN, 1999).

O problema é que não há uma democracia, pois, quando há uma plena e irrestrita

instaura o fim da censura, seja ela “sutil ou agressiva, tácita ou explícita, política ou

econômica, social ou individual” (WERTHEIN, 1999). É por isso que para muitos estudiosos

ainda vivemos na ditadura, embora mascarada, de alguma forma mais amena, porém sujeitos

a porões como os do DOI-CODI.

Os métodos utilizados atualmente pela Polícia paulistana continuam sendo os mesmíssimos adotados pela repressão política na época da ditadura militar. (...) Os leopardos não perdem as pintas, embora hoje estejam impedidos de extrapolar certos limites: já não podem chegar ao cúmulo de torturar tais parentes na frente daquele de quem querem arrancar confissões, como os comandados de Brilhante Ustra fizeram com a família de Ivan Seixas nos anos de chumbo. (LUNGARETTI, 2008b).

Fica evidente que só as leis democráticas não garantem ao povo exercer livremente o

exercício da expressão do pensamento. Por isso, para Werthein (1999), “enquanto essas peças

forem vistas como ameaças à estabilidade da maioria e aos interesses de uma minoria, nem

governo nem sociedade estarão de fato vivendo um Estado democrático”.

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Pois, se trata de um exercício contrário, ao que diz a Declaração Universal dos

Direitos Humanos (1948):

"Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independente de fronteiras."

Em 1989, após Fernando Collor ser eleito presidente, o jornalista Ricardo Noblat foi

demitido do Jornal do Brasil. Os motivos eram óbvios, Noblat, cobria política e atacava o

então candidato com suas matérias.

Sob o título ”Falso Brilhante”, eu disse em maio de 1989 que o principal ponto fraco de Collor era “a falta de conteúdo político de qualquer natureza. Ele é vazio, não tem nada, a não ser intenções meritórias. Parece um ator que decorou sua fala e que interpreta o papel que lhe deram de maneira convincente”. A dois dias da eleição de Collor, sob o título “Vale tudo pra ganhar”, alertei: “(ele) é um político capaz de fazer qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo para alcançar seus objetivos. Revela aspectos morais e éticos, desrespeita costumes e atropela princípios para obter o que deseja. Pode conseguir se eleger presidente assim. Mas que tipo de presidente será?”. (NOBLAT, 2004:153).

Resultado, o jornalista ganhou um inimigo. Ele mesmo diz que como colunista de

política acertou em alertar a população das suas convicções, porém, errou feio no ponto de

vista da manutenção do seu emprego. Mesmo porque o assessor de Collor, Cláudio Humberto

já o havia avisado, caso Collor fosse eleito o primeiro a perder o emprego seria Noblat.

Collor foi eleito no domingo dia 17 de setembro de 1989. Na sexta, dia 22, Noblat foi

demitido, por telefone, no Recife onde passava férias com a família. Na mesma manhã o

jornal A Tribuna da Imprensa publicou matéria assinada pelo seu dono e editor Hélio

Fernandes.

O jornalista Ricardo Noblat será demitido hoje do JB. Ele já foi chefe da sucursal de Brasília e teve que deixar o lugar a pedido de um presidente da República. Agora o colunista respeitado deixa a coluna para agradar a um presidente que ainda não tomou posse. No domingo, o Sr. Manuel Francisco do Nascimento Brito reclamou com o editor Marcos Sá Corrêa que o jornal estava muito petista. O editor respondeu: “Vamos fazer o seguinte:

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encostamos o Rogério Coelho Neto, que é muito ‘collorido’ mas que não pode ser demitido por ter mais de 20 anos de casa, e demitimos o Noblat”. (NOBLAT, 2004:155).

O assunto não parou por ai, no mesmo dia, de acordo com Noblat (2004:155),

Nascimento Brito disse ao ex-repórter do JB, que ele fora demitido por razões administrativas.

E que já ia o demitir antes das eleições. Essa situação vivida pelo jornalista político, confirma

o que Callado apud Corrêa (2006:12) disse, que na raiz da mais negra crise que castiga a

mídia desde a queda do Estado Novo de Getúlio Vargas, nenhum setor pagou e continua

pagando mais caro que a cobertura política.

Casos como esse estão longe de fazer parte do passado. ”Em fevereiro de 1999 foi

registrado o primeiro caso em que uma sentença judicial impôs censura prévia a uma

publicação após o fim da ditadura militar, em 1985. A vítima foi o jornal Floresta, editado

por ecologistas do Pará”. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

O jornal foi impedido de publicar matéria que denunciava o desmatamento criminoso

em São Feliz do Xingu. Os beneficiários eram, nada mais, nada menos que os donos de uma

poderosa madeireira. Situação mais grave aconteceu com o jornal A otícia.

Em 24 de maio de 2002, o semanário A otícia, de Maceió, foi invadido na calada da noite pela Polícia Federal. Por ordem de um obscuro advogado transformado em juiz provisório do TRE, a PF recolheu todos os computadores da empresa e prendeu seu diretor de redação. Motivo: em sua edição anterior o jornal publicara matéria na qual moradores de uma cidade do interior alagoano acusavam três juízes eleitorais de suposto suborno para manter no cargo o então prefeito, acusado de inúmeras irregularidades. (LEITÃO, 2005).

O semanário A otícia entrou, infelizmente, para a história da imprensa brasileira

como o primeiro jornal a ser cassado, diretamente, por força policial depois do

restabelecimento da democracia. O jornalista João Marcos Carvalho, repórter de A otícia,

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que já havia sido vítima de violências por conta de sua combatividade a censura, ficou preso

por 15 dias.

O caos completo. Censura é um dos ingredientes das ditaduras. Quando ela ocorre em plena vigência do estado democrático é sinal que as coisas estão pelo avesso. O que estamos assistindo hoje, com essa avalanche de censura prévia, é uma catástrofe. (...) É fundamental lembrar que hoje a censura está atingindo desde microjornais no interior do país até as grandes empresas de comunicação. (...) Mas o que mais me deixa perplexo é a tímida reação a essas agressões. Com exceção da velha ABI, que protestou por todos os cantos, a Fenaj, as centrais sindicais e o próprio Congresso Nacional se limitaram a espasmos. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

Dois anos e meio depois o jornalista Carvalho foi indenizado pela União por perdas e

danos morais.

João Marcos, que também é historiador, vem trabalhando na redação final de um livro que pretende contar a história do recrudescimento da censura no Brasil nos últimos cinco anos. Ele denuncia que juízes, que deveriam defender a liberdade de imprensa, resolveram rasgar a Constituição e se transformar em censores. O jornalista também condena a apatia dos profissionais de imprensa com relação ao tema e chama a atenção para um retrocesso institucional. (LEITÃO, 2005).

O Correio Braziliense, em 2002 chegou a ter um censor em sua redação, exatamente

como nos tempos da ditadura. “É fundamental lembrar que hoje a censura está atingindo

desde micro jornais no interior do país até as grandes empresas de comunicação, como a

Editora Abril, a Rede Globo, o Estado de S. Paulo etc”. (CARVALHO apud LEITÃO, 2005).

Mais uma vez a situação envolve o jornalista Ricardo Noblat, diretor de redação do

Correio Braziliense, foi quem recebeu o censor, um japonês, ou melhor, o oficial de justiça

Ricardo Yoshida e o dr. Adolfo Marques da Costa, advogado do governador de Brasília

Joaquim Roriz. Os fotógrafos do Correio Braziliense registraram tudo.

Os editores foram orientados a escreverem com letras grandes “censurado” em todas

as notícias que fossem vetadas pelo censor. Óbvio que essa, ilustre, visita se transformou na

manchete de capa dia seguinte - “Correio é censurado a pedido de Roriz”.

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Confesso que tinha a curiosidade mórbida de ver um censor censurando. Quando já perderá qualquer esperança, finalmente vi um. Não era um censor clássico, desses de páginas de romances. Sua atividade principal não era nem mesmo a de censurar. Mas – ora, bolas! – estava ali para censurar o jornal, sim. E tinha poderes até para empastelá-lo. Recepcionei-o à porta da minha sala no primeiro andar do prédio do Correio pouco depois das 22 horas de 23 de outubro de 2002, uma quarta-feira. Mandei que lhe servissem café e água antes que desse início à sua atividade. Destaquei o repórter Luiz Alberto Weber para levá-lo aonde desejasse ir. E proclamei em voz alta, atento aos mais tinhosos e à posteridade: _Atendam a todos os pedidos dele. Ordem judicial não se discute, cumpre-se. (NOBLAT, 2004:202).

Nem todos os editores tiveram a mesma reação que o diretor. Pois, outros trancavam

as portas para impedirem que o “tal” censor entrasse. Mas a ordem do diretor prevalecia.

Porém, em novembro do mesmo ano Noblat deixou do Correio Braziliense.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, em 05 de maio de 2005, o jornalista e escritor

Fernando Morais teve seu livro, “Na toca dos leões”, censurado, como se ainda vivêssemos no

regime militar. “A justiça deu a editora Planeta o prazo de no máximo vinte dias para que os

exemplares fossem retirados do mercado. O livro conta a história da agência W/Brasil. Em 20

de outubro do mesmo ano a venda do livro foi liberada”. (JUSTIÇA..., 2005).

Até 2005, de acordo com Carvalho apud Leitão (2005), foram registrados 128 casos

de censura prévia, 21 assassinatos, 30 tentativas de homicídio, 16 espancamentos, 44 ameaças

de mortes, 10 prisões arbitrárias e 3 seqüestros de profissionais de imprensa, incluindo aí

jornalistas e radialistas.

6.3 A censura nos Blogs

Engana-se quem pensa que bloquear blogs é coisa de cubanos. Verdade é, que

mesmo antes do diário mais lido de Cuba, "Generación Y", ser bloqueado, em 24 de março

de 2008, no Brasil onde não vivemos mais na ditadura, e é lei constitucional a liberdade de

expressão de um país que se diz democrático com a Internet livre, blogs brasileiros sofrem a

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mais clara censura. “Como se vê, é importante compreender que a liberdade de

manifestação de pensamento não é absoluta em nenhum meio de comunicação, inclusive

nos blogs”. (LEONARDI, 2005).

Os diários eletrônicos que de certa forma vieram para revolucionar a era da Internet

com total democracia, sofrem violentamente a falta de liberdade de expressão. Segundo Tas

(2006) um processo judicial, corre desde 2004, e a juíza usou o termo "democrático" na sua

sentença.

Eu não sei não. Para mim, o Brasil corre o risco de permanecer para sempre na pole position do atraso. Está caminhando rapidamente para se tornar o primeiro país do mundo a decretar o controle editorial da internet por juízes e advogados "democráticos". São pessoas que ignoram que a rede mundial tem uma capilaridade que impede o seu controle. A natureza da rede é descentralizante. Não se dobra ao mundo mecânico e linear das fronteiras, artigos e versículos dos cânones jurídicos ou religiosos inventados pelos humanos. A rede é incontrolável. É líquida como a água. Rápida como a eletricidade. Está em todo lugar e em lugar algum. É fluxo contínuo de conhecimento ao alcance de um clique. Assim deve continuar. Para obrigar que nos conheçamos melhor. Para que descubramos como nos comunicar com ética. Sem a pata pesada do autoritarismo ou a mão boba da irresponsabilidade. (TAS, 2006).

Ou seja, o que está acontecendo é que, o que era para ser livre também, está sendo

claramente monitorado e passivo de penalidade. Caso os “democratas” achem que esse ou

aquele post está indo contra o que deveria ser. E pior, nesse caso o comentário foi o alvo,

então aquela interação livre entre o blogueiro e o seu leitor não poderá mais existir. Em outras

palavras, os comentários serão censurados pelo moderador.

Sobre isso, Tas (2006) diz, “há três anos, este blog tinha comentários livres. Há um

mês passei a moderá-los”. Ele ainda completa que a ação da respeitável autoridade do

Judiciário tem um lado positivo apenas: “levantar a discussão da responsabilidade dos

anônimos aproveitadores da internet. De resto, é apenas patético, não fosse trágico”.

Blog é condenado por comentário ofensivo de leitor. O blog Imprensa Marrom, de crítica à imprensa, foi condenado em primeira instância a pagar

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R$ 3.500 por danos morais a João Pedro Boria Caiado de Castro, por ofensas postadas nos Comentários do site por um usuário. A decisão foi divulgada na semana passada e é a primeira condenação no Brasil por Comentários, ou seja, não por texto de quem faz o blog, mas de um de seus leitores com veiculação automática. (BLOG, 2006).

Segundo o jornal Folha de São Paulo, essa ação já vem desde setembro de 2004 e

chegou a retirar o blog Imprensa Marrom (http://www.imprensamarrom. com.br) do ar.

Através de uma liminar, posteriormente revisada no Tribunal de Justiça de São Paulo.

“Censurar blogs por motivos políticos parece não ser mais privilégio de países regidos por

sistema ditatorial. Agora, o Brasil pode se enquadrar nesse rol”. (RAMONE, 2006).

Isso porque,de acordo com Ramone (2006), no Amapá, uma caricatura do senado José

Sarney (PMDB) compondo a expressão "Xô!", feita pelo cartunista Ronaldo Rony no muro de

sua casa, gerou um precedente com repercussão até em outros países.

Uma foto do muro foi publicada no blog da jornalista amapaense Alcilene Cavalcante, o que gerou indignação na coligação partidária capitaneada por Sarney, candidato à reeleição pelo Amapá. Assim, no último dia 25 de agosto, a Justiça Eleitoral determinou que a imagem fosse retirada do ar (ou isso, ou R$ 2.000,00 por dia de não cumprimento da determinação). (RAMONE, 2006).

Não ficou só nisso, pois o blog da jornalista Alcinéia Cavalcante acabou sendo retirado

do ar por ordem judicial. Em virtude desses acontecimentos um grupo de jornalistas

blogueiros solidários ao ocorrido fizeram um movimento na internet “Xô Sarney”, que

continua até hoje. Alcinéia migrou seu blog para um servidor no exterior.

"É inaceitável que indivíduos que se dizem jornalistas armem uma longa teia de comunicação na internet para a prática de crimes", disse o texto de uma das nove representações impetradas contra o Repiquete, blog de Alcinéia, que no dia 1º de setembro também saiu do ar. Segundo uma dessas representações da coligação União por Amapá, eleitores, jornalistas e internautas, inclusive de outros países, estão sendo convocados a "compor um bando de criminosos". A rede de blogueiros, assim, estaria "organizada em prol de atingir a boa imagem do candidato". (RAMONE, 2006).

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O fato é que, processar sites, blogs e inclusive comentários por danos morais virou

segundo Mattos (2005) a chamada "indústria do dano moral", das quais suas vítimas foram

condenadas a pagar indenizações absurdas, tanto para veículos como para os jornalistas, em

processos relacionados a artigos e reportagens veiculadas, contribuindo assim para gerar um

clima de inibição e de autocensura no setor.

A Associação Antipirataria Cinema e Música (APMC), segundo Moreira (2008), no

primeiro semestre deste ano aumentou dez vezes em relação ao mesmo período de 2007. Isso

porque a APMC já tirou ao longo dos primeiros seis meses deste ano, 22.113 blogs.

Isso acontece porque ”alguns advogados encontraram um caminho jurídico por meio

de uma combinação do inciso X do artigo 5º da Constituição com os artigos 20 e 21 do novo

Código Civil ,que lhes permite impor censura prévia aos meios de comunicação”. (MATTOS,

2005).

6.4 Quando as leis ameaçam

De acordo com Mattos (2005), em outubro de 1995, o deputado Pinheiro Landim

(PMDB-CE), relator do projeto de Lei de Imprensa, anunciou que seu parecer seria submetido

ao plenário da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara e,

depois, ao Senado.

Na forma de substitutivo ao Projeto de Lei no. 3.232, de 1992, o parlamentar manteve a idéia do projeto do Senado, suprimindo penas privativas de liberdade, e estabelecendo penas de prestação de serviços à comunidade e multa. O parecer, datado de agosto de 1995, limita os valores das indenizações, de acordo com o alcance da publicação ou transmissão: veiculação de âmbito nacional, 100.000 reais; estadual, 50.000 reais e municipal 10.000 reais. Segundo o relator, essa gradação pretende avaliar de forma justa a diversidade de repercussão das matérias jornalísticas e leva em conta o poder econômico das empresas de comunicação. (...) Em virtude do confronto dos interesses, o projeto permanece à espera de votação no Plenário da Câmara. (MATTOS, 2005).

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Segundo o advogado José Paulo Cavalcanti Filho apud Mattos (2005), o valor das

indenizações estipulado pela Justiça para processos contra os jornais é considerado "elevado,

ameaçador e contrário à liberdade de imprensa". O assunto é controverso.

Em 2005, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – 3 de maio – a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) emitiu nota oficial defendendo a aprovação de uma nova Lei de Imprensa no Brasil, pois "sem liberdade de imprensa não há jornalismo, uma atividade que se caracteriza, essencialmente, por apurar e divulgar os fatos de interesse público." Intitulada "Em defesa da democracia: Liberdade de imprensa e jornalistas respeitados", a nota oficial da Fenaj denuncia que as liberdades de opinião e de imprensa continuam ameaçadas no Brasil, onde "a liberdade prevalente continua a ser a liberdade do poder: poder político, poder econômico, poder patronal. Confunde-se liberdade de imprensa com liberdade de empresa, na qual o interesse público é muitas vezes relegado" (FENAJ apud MATTOS, 2005).

Cardoso (2008) diz que depois de uma longa batalha de lobbystas jogando contra e a

favor, foi aprovado, pelo Ministério da Justiça, o Projeto de Lei 2332/07, que determina a

criação de horários diferenciados para blogs e sites de Internet, do Senador Fernando Gabeira.

O Projeto pretende conter a expansão dos blogs frente à Velha Mídia. (...) A saída proposta pelo Senador é criar "horários de exibição", fora dos quais os sites não estariam disponíveis. "Não é censura"- diz ele. "é apenas a aplicação das normas que já são seguidas pelas emissoras de TV". Com isso blogs como o do Dino1, o maior capper de vídeos da internet brasileira, só ficariam acessíveis depois das 22h. Já o MeioBit, conforme notificação enviada pela Secretaria de Diversões Públicas da Polícia Federal, poderia estar online desde que fora do horário escolar. (CARDOSO, 2008).

Se continuar dessa forma, uma censura aqui, e outra lei ali, vamos acabar mudando o

regime do país, elegendo um general, regredindo no século e voltando a tortura dos porões do

DOP´s. Porque em pleno século XXI, em vez dos país por regras em casa, os políticos se

preocupam em vigorar leis para colocar horário aos blogs, voltar a ditadura, só é o que falta.

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7. ESTUDO DE CASO

Os blogs escolhidos para a pesquisa foram três: blog do Marcelo Tas, Milton Neves e

do Ricardo Noblat. Os assuntos abordados nos textos, desses diários, respectivamente são:

variedades, esporte e política.

A escolha desses blogs se deu pela popularidade de seus donos e por serem atualizados

diariamente. Assim como, pela audiência que seus diários alcançam, podendo, ser claramente

percebidas pelo número de comentários, de certos posts, que ultrapassam a duzentos por

textos.

7.1. Perfil dos moderadores

Marcelo Tas (pseudônimo), ou seja, Marcelo Tristão Athayde de Souza, nasceu na

cidade de Ituverava, em 10 de novembro de 1959. É diretor, apresentador, escritor e roteirista

de televisão brasileiroe rádio. É formado em engenharia civil, mas não concluiu a faculdade

de Rádio e TV, ambas na USP, tem curso de aperfeiçoamento profissional em cinema e

televisão e em multimídia e novas tecnologias pelo Fullbright Scholarship Program na Tish

School of Arts da Universidade de Nova York.

Ficou nacionalmente conhecido pelo seu personagem humorístico Ernesto Varela, um

repórter fictício que ironizava personalidades políticas da época da abertura, apresentando-

lhes perguntas desconcertantes.

Atualmente, é colunista do jornal O Estado de S. Paulo, apresentador do programa

Custe o Que Custar (CQC), na Band, ao lado de Rafinha Bastos e Marco Luque e blogueiro.

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Já Milton Neves Filho, nasceu na cidade de Muzambinho, em 6 de agosto de 1952. É

radialista, publicitário e jornalista especializado em esportes. Iniciou a carreira aos dezessete

anos, como locutor na rádio Continental de sua cidade natal.

Atualmente está apresentando o programa Terceiro Tempo, na TV Bandeirantes. E

como radialista na Rádio Bandeirantes AM e BandNews FM.Além de manter uma coluna na

revista Placar, da Editora Abril, e outra no Jornal Agora SP, do Grupo Folha.

Ricardo Noblat, por sua vez, nasceu em Recife, em 1949. É jornalista, formado pela

Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor-chefe do Correio Braziliense e da sucursal

do Jornal do Brasil, em Brasília.

Trabalhou como repórter do jornais Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e

das sucursais do Jornal do Brasil e da revista Veja em Recife. Noblat também foi chefe de

redação da sucursal da revista Manchete. Chefiou a revista Veja durante dois anos, em

Salvador. Depois foi editor-assistente da mesma revista em São Paulo.

Atualmente, além de autor dos livros A Arte de Fazer um Jornal Diário, O Que É Ser

Jornalista e Céu dos Favoritos, Noblat, escreve todas às segundas-feiras para o jornal O

Globo. E desde março de 2004 mantém o Blog do Noblat, sobre política, hospedado no portal

do jornal O Globo.

7.2 A análise dos blogs

Os blogs foram analisados, no período de sete dias, de 22 a 28 de outubro de 2008.

Durante esse tempo, verificou-se o gênero ao qual cada blog mais se aproxima. Bem como, a

linguagem transmitida, a organização das informações, a quantidade de posts diários, de

comentários e quantas foram as respostas do moderador ao leitor.

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7.3 Blog do Tas

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal da UOL, teve 14 posts,

com um total de 736 comentários, dos quais 9 foram respondidos pelo autor. O texto do dia

27.10.2008, de título CQC 33 (referindo-se ao número de programa), foi o pico, tendo 215

comentários. Para postar no diário são exigidos, nome, cidade e email, sendo que, idade e

profissão são opcionais. Os textos são arquivados quinzenalmente.

Os posts variavam de conteúdo, mas por ter sido a semana do segundo turno,

predominou o assunto “política”. Em alguns momentos ironizando a candidata à prefeitura de

São Paulo Marta Suplicy, em outros o candidato à prefeitura do Rio de janeiro Fernando

Gabeira, chegando a publicar a famosa foto dele, dos anos 60, de tanga roxa.

Todos os textos são do gênero opinativo. Diferente dos jornais, o sarcasmo faz parte

da linguagem textual, que embora, com certa dose de informação, nada têm a ver com

matérias de jornal.

Alguns posts são curtos, outros nem tanto, mas nenhum muito longo, a ponto de

cansar o leitor, pelo contrário todos são fáceis de entender. Talvez, devido ao estilo bem

humorado proferido pelo autor no estilo de escrever. Vídeos e fotos são encontrados na

maioria dos textos.

7.3.1 Descrição das publicações diárias

No primeiro dia de análise, 22.10.2008, dois textos foram ao ar: O de título “Top 5

com erros da equipe CQC”, que teve 85 comentários, dos quais 01 foi respondido pelo autor.

O post se referia a erros do próprio programa, CQC, em que Tas é o apresentador. Já que, a

cada segunda-feira cinco micos ou erros de outros programas, no quadro chamado de Top

Five, são apresentados.

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O outro texto no mesmo dia de título “Quem são os ‘donos da mídia’ no Brasil?”, teve

22 comentários, e 03 foram respondidos. O conteúdo é sobre um novo banco de dados na

internet, “Donos na Mídia”, um trabalho liderado por um grupo de pesquisadores de Porto

Alegre, mas que conta com a colaboração de indivíduos e instituições por todo Brasil. Ainda

se encontra em fase de atualização e publicação na web.

Já em 23.10.2008, “Crise inspira luta-livre entre mega publicitários”, teve 74

comentários, sendo que 01 foi respondido. Esse post é sobre a atual e tão discutida pela mídia,

crise financeira. No conteúdo se fala dos mais incomodados com isso, os “mega”

publicitários. É mencionado o evento MaxiMídia intitulado "Indústria da Comunicação -

Oportunidades e Riscos", do último dia 09.10.2008, que acabou virando um duelo verbal

entre os publicitários Nizan Guanaes x Fábio Fernandes.

O dia 24.10.2008, o que registrou mais posts. Em que um foi uma auto-entrevista

coletiva sobre "Tas na Zona", que teve 26 comentários. O texto se trata de uma reparação com

alguns estudantes que procuraram Tas nos últimos meses, para entrevistas, sobre trabalhos de

escola e TCCs. Como forma de pagara dívida, esse post têm as respostas das perguntas

enviadas pelos internautas, em que Tas não havia respondido, por isso ele se desculpa e

publica perguntas e respostas sobre o tema das eleições municipais e da série "Tas na Zona

Eleitoral", produzida e publicada no site do UOL.

O texto, publicado dois dias antes das eleições, “O mau-humor, não Kassab, venceu

Marta”, teve 60 comentários, 01 respondido. Na foto, uma imagem, caricata, de Kassab que

parece estar de saco cheio de Marta, que está ao lado, cheia de rugas, descabelada e de braços

cruzados com cara de raiva.

No post é mencionado a gula pelo poder, a ansiedade em que leva candidatos a gastar

muito tempo e dinheiro com discursos e marqueteiros, perdendo, assim, o essencial. Além de

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falar do mau-humor que corroeu a candidatura de Marta Suplicy, que no texto, é referida

como uma senhora que se tornou tão chata e intragável, que mesmo num simples bom-dia,

tirou o ânimo até da própria eleição.

Sob o título “Precisa-se: produtor-editor” que teve 17 comentários e 01 respondido. É

feito um serviço de utilidade pública, no post é publicado que estão precisando de produtor e

editor para um novo projeto que se iniciará no UOL, e menciona as exigências básicas do

currículo para o cargo, e o email para os interessados enviarem do currículo.

“Braincast: Os prefeitinhos do twitter” que teve 22 comentários, é um vídeo do

Braincast 3, em que, Carlos Merigo e Cristiano Dias entrevistam Tas, que explica sobre novas

mídias, e, principalmente, o twitter.

Na véspera das eleições, 25.10.2008, o texto “Zona Eleitoral: último round”, teve 25

comentários, é um agradecimento a todos os internautas que passaram pelo blog, com o

intuito de discutir como votar melhor e até mesmo por que votar. É falado, também, da série

publicada pela UOL, com o tema: Tas na Zona Eleitoral, em que, de um jeito humorístico ele

tentava ensinar a todos sobre eleição, candidatos, e assim melhorar a contribuição de cada um

á sua cidade.

No dia seguinte, 26.10.2008, após a perda das eleições para prefeitura da Cidade do

Rio de Janeiro, o post irônico “Gabeira ganha quando perde” com 29 comentários,

é publicado a mais famosa foto do ex-candidato Fernando Gabeira de sunga roxa, nos anos

60. Na legenda da foto está: Gabeira com sua famosa sunga roxa, quando "ganhou" na volta

do exílio no exterior após ter "perdido" para a ditadura.

No texto há um link para a leitura do mesmo, no blog do Noblat. No conteúdo é feito

uma comparação com a ditadura que perdeu, porém ganhou por ter sobrevivido. Com a perda

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da prefeitura, apesar do índice tão alto de eleitores favoráveis a ele, o que significa que ao

eleger-se novamente poderá até se tornar governador.

No mesmo dia, a também perdedora é lembrada no post, publicado às 18:51 (quando

já se tinha uma idéia de que Marta havia perdido as eleições) “Marta e seu inimigo

implacável: o espelho” com 50 comentários e 01 respondido. Se refere a ex-candidata à

prefeitura de São Paulo como uma pessoa que sempre tenta manter a pose, a todo custo, com

o nariz empinado, apesar da derrota.

O texto, menciona, “a dura verdade do espelho para ela, pois este acompanha por onde

vai. Inclusive, até na hora de fingir com vestido florido, sorriso emborrachado e sinal de

positivo que vai tudo bem”. (TAS, 2008).

Na segunda-feira, 27.10.2008, “CQC 33”, teve 215 comentários. O título faz

referência ao número de programas, e no conteúdo, um breve resumo do que vai ao ar neste

dia.

“Braincast, última parte: o "segredo" do número 1”, com 24 comentários e 01

respondido. É publicado mais um vídeo de entrevista no programa Braincast, de Carlos

Merigo.

Ainda no dia seguinte as eleições o post ironicamente referindo-se a vitória do então

candidato à prefeitura do Rio de Janeiro “A derrota de Paes, com 56 comentários, é uma

reprodução, assim como no blog de Noblat, da indignação e do desabafo de Cora Ronai,

blogueira e colunista do jornal O Globo. No qual ela se mostra totalmente descontente com o

resultado.

No último dia de análise, 28.10.2008, mais uma vez, a crise é lembrada com o título

“A crise é muito bem-vinda!”, com 31 comentários, é mencionado que há muita gente louca

para injetar um pânico geral com a crise. E dito que, pra quem já sobreviveu a: ditadura,

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Sarney, Itamar, Collor, FHC, Lula... Tem condições de encarar mais uma crisezinha sem

medo.

Ainda fala que do cidadão, que paga mais de 40% de impostos e ainda por cima é

obrigado a pagar por educação e plano de saúde privados. Então, por isso, é capaz de colocar

essa crise no chinelo. Isso porque, na verdade nós cidadãos brasileiros já estamos em crise há

tanto tempo, é não é agora que vamos nos espantar com mais uma.

7.4 Blog do Milton �eves

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no portal do IG, teve 16 posts,

com um total de 2.752 comentários recebidos, dos quais 41 foram respondidos pelo autor. O

post do dia 25.10.2008, de título “Ôôôôôô, o timão voltou!!!”. E o verdão vergonhoso.

(referindo-se a vitória do Corinthians e a derrota do Palmeiras) foi o pico, tendo 356

comentários. Para publicar no diário é exigido, nome e email, sendo que, o email não é

divulgado e opcional só o website. Os textos são arquivados mensalmente.

Os posts são todos sobre esporte e obedecendo mais o gênero informativo. Até lembra

um jornal online. Embora, em alguns textos a primeira linha seja de opinião, com frases do

tipo: até que enfim, o roliço jogador, que beleza, ainda atolado no buraco e que saudades.

Ainda assim o conteúdo das publicações estão mais para informação, porém sem

fontes. Esta linguagem parecida com jornal, talvez seja porque o blog dá notícias. Se tiradas

de outros veículos ou não, impossível saber, já que, não há menção.

Os posts estão divididos, uns são curtos, outros médios e há aqueles que, de tão

longos, cansa-se ao ler. A maioria é fácil de entender. Talvez, devido ao cunho jornalístico

que o autor utiliza ao escrever. Além do que, todas as publicações têm fotos.

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7.4.1 Descrição das publicações diárias

No dia 22.10.2008, “Verdão prejudicado, Inter copeiro e Vasco esperançoso”, com

254 comentários e 05 respondidos, o texto fala da vergonha do Palmeiras, sendo prejudicado

em casa contra o “Atlético-PR” da Argentina. Pois, ainda no primeiro tempo o gol de falta do

Léo Lima foi cancelado.

O texto também fala do Internacional que aprendeu a virar copeiro, pois, foi o único

time brasileiro a salvar a pátria contra os argentinos. E, do Vasco que finalmente reagiu e, em

noite do “animal”, referindo-se a Edmundo, conquistou importante vitória de 4 a 2 contra o

Goiás, no Serra Dourada.

Já a do mesmo dia “Monte a seleção dos piores jogadores de seu time nos últimos 15

anos”, com 168 comentários e sendo 13 respondidos, é uma enquete para saber quais são os

piores jogadores da história, nos últimos 15 anos, entre os eles: os ex-são-paulinos Ameli,

Dill, Dênis, Rondom, Wilson e Paulão, ou os ex-palmeirenses Gioino, Edmílson, Arílson,

Florentin, Júnior Tuchê e Rosembrink, e ainda, os ex-santistas Henao, Tapia, Claudiomiro,

Saulo, Frontini.

Nesse post Neves (2008) faz a pergunta “Quem não se lembra dos ex-corintianos

Alcindo, Alex Rossi e Mark Willians, Iran e Aílton?”, 2008).

O leitor Daniel Inácio (2008), comenta montando um time, na opinião dele, dos piores

jogadores: “Pior time do grêmio da história, goleiro - Eduardo Martini, laterais - Escalona e

Ayupe, zagueiros - Fábio Bilica e Baloy, volantes - Astrada e Marcos Vinícios, meias - Bruno

e Ricoe atacante- Adriano Chuva e Adão”. Na resposta Neves (2008) diz, “Fábio Bilica, bem

lembrado, viu?”.

No dia seguinte, 23.11.2008, “Grêmio e SP “Jason” vencem; Fla massacra”, teve 260

comentários e 03 respondidos. Nesse post é dito o quanto Grêmio e São Paulo suaram para

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ganhar, enquanto o Flamengo, no Maracanã, passeou contra o Coritiba. O termo “Jason” é

como o técnico do São Paulo é chamado, por “matar” os outros times.

No mesmo dia, o texto “Quem joga mais do que Alex no Brasil?”, com 122

comentários, refere-se a uma pergunta da capa do site oficial do Internacional, com fotos dos

candidatos ao título, além de Alex Mineiro, Diego Souza, Marcão, Dagoberto, Hernanes,

Rogério Ceni, Keirrison, Dentinho, Douglas, Juan, Guilherme, Wagner e Victor.

E o texto “Corinthians x Palmeiras é o maior clássico do Brasil? E o Gre-Nal, o Fla-

Flu e o Ba-Vi?”, com 184 comentários, é publicado, uma lista com os dez clássicos de maior

rivalidade no mundo do futebol, retirada do site da rede americana de TV C . No Brasil,

como principais rivais estão Corinthians x Palmeiras.

Já em 24.10.2008, “Vampeta é palmeirense!!!”, com 127 comentários, fala da

declaração dada pelo jogador Vampeta, que com a língua afiada, disse que torcerá para o

Palmeiras ser o campeão brasileiro. Isso porque ele tem gratidão pelo atual técnico

palmeirense, Vanderley Luxemburgo

Outro post do mesmo dia teve o título “Promoção: Os Palpites Infalíveis do Milton

Pitonisa Neves”, e 222 comentários, que fala de palpites do placar dos próximos jogos. Por

exemplo, ele acertou, o palpite do Corinthians x Ceará, e também de Santos x Figueirense.

E, ainda, “Com mais 15 pontos, São Paulo será hexacampeão!!!”, com 218

comentários, sendo 03 respondidos. No texto se chega a conclusão de que com mais 15

pontos, o São Paulo “Jason Sexta-Feira 13” será hexacampeão brasileiro. Ou seja, precisa

vencer três em casa e duas fora, podendo perder dois jogos. Outra possibilidade, mencionada

no blog, é a do Tricolor triunfar três vezes no Morumbi, e faturar uma vitória e três empates

como visitante.

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Em 25.10.2008, “Peixe recuperado, Raposa refugante, Galo empatador e Lusa no

sufoco”, teve 200 comentários e 04 foram respondidas. O texto que inicia com: Que beleza! O

Santos “incaível”, fala da recuperação do time que nas mãos de Márcio Fernandes seguirá na

Primeirona, em 2009. E, também, fala que, São Paulo é o único que pode tirar o título do

Grêmio.

No mesmo dia, o post exaltando a vitória do Corinthians e lamentando o fracasso do

Palmeiras, sob o título, “Ôôôôôôô, o Timão voltooooooooou!!!. E Verdão vergonhoso”, teve

368 comentários e 02 foram respondidos. O outro texto começa “Que saudades Corinthians!!!

Você fez uma falta danada na Primeira Divisão!!! Oxalá voltou rápido!!!”, fala do resultado

obtido pelo Corinthians no sábado, quando conseguiu retornar ao primeiro escalão do futebol,

a série A. Em compensação o Palmeiras que está nessa série, vem perdendo um jogo atrás do

outro.

“Grêmio dispara nas chances de ser campeão. Você concorda?”, único post do dia

26.10.2008, teve 285 comentários e 04 foram respondidos. Mencionando o matemático

Tristão Garcia, quando fala que o Grêmio voltou a disparar nas chances de título, após o

término da 31ª rodada, com sete ainda restantes. E é o atual líder tem 43% das possibilidades

de ser campeão brasileiro.

O post “Muricy vai ser tetra?”, também foi único no dia 27.10.2008, com 180

comentários, sendo 07 foram respondidos. O texto lembra que apesar de Luxemburgo ser tido

como especialista em pontos corridos, Muricy Ramalho, atual técnico do São Paulo, ou o

“Jason Sexta-Feira 13 do futebol”, é quem está provando ser mestre na tal fórmula. Aliás, se

for campeão em 2008, Muricy, que é malinha, honesto e bom treinador será tetra.

No último dia, 28.10.2008, o post “Maradona é o novo técnico da seleção argentina”,

com 72 comentários, começa com, surpresa na Argentina. O desenrolar é segundo

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informações do site do jornal de Buenos Aires Clarin, e trata da confirmação do ex-craque

Diego Maradona, como novo treinador da seleção nacional, para substituir a Alfio Basile.

Esta não será a primeira experiência de Maradona no banco de reservas. Pois, ele já dirigiu o

Racing Club, um dos mais populares clubes do país.

O texto “Adriano barrado na Inter”, do mesmo dia, teve 49 comentários, e fala a

punição sofrida pelo o atraso do atacante Adriano ao treino do Inter, motivo teria sido uma

balada com Ronaldinho Gaúcho, do Milan. Adriano foi suspenso do jogo e mandado ir pra

casa, sem treinar. Já Gaúcho, não sofreu nenhuma represália. É levantada uma questão, se foi

correto isso, já que ambos cometeram infrações, e só um pagou.

E “Fenômeno detona circo de Weggis…. dois anos depois”, com 43 comentários, fala

de um desabafo do jogador, Ronaldo Fenômeno, ao programa ‘Bem Amigos’, do Sportv,

sobre a fase de preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2006 realizada na

cidade suíça de Weggis, da qual ele se refere como tendo sido “Um circo”.

No post Ronaldo é chamado como o roliço jogador, que está se recuperando de uma

contusão no joelho. No final, uma pergunta do autor do blog, se não acham que Fenômeno

deveria ter aberto a boca em 2006 e não agora.

7.5 Blog do �oblat

Durante o período analisado, o blog que é hospedado no site de O Globo, teve 266

posts, com um total de 7.692 comentários recebidos, nenhum respondido. No dia 26.10.2008,

foram publicados 72 textos, quase o dobro da média, que é de, 35 a 45 por dia. Isso porque se

tratando de conteúdo político, foi o domingo do segundo turno.

O pico do post com mais comentários ficou para o dia 28.10.2008, com a “frase do

dia”, sendo, 232 comentários. Boa parte das publicações não tem fotos. Para comentar no

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diário é necessário fazer um cadastro no portal, e é exigido, nome, podendo ser divulgado só o

apelido e o email a divulgação é opcional. O arquivamento é feito mensamente.

Os posts são de conteúdo político. Com intercalações no decorrer do dia, de: frases,

vídeos, charges, clips de música, obra prima, dicas de blogs, fotos do dia, entre outros. Outras

pessoas também enviam textos, para o blog, que são publicados. Como no caso do dia,

22.10.2008, Karenina Moss enviou o Poema da Noite, Nem um profundo mar – Lupe Cotrim

Garaude.

Não sou uma vitória ou uma derrota, mas me conquisto sempre cada dia, procurando essa forma mais remota do que em mim nos instantes se perdia. Nem um profundo mar, nem superfície, nem vento ou pedra: leve, na existência, balanço entre as montanhas e a planície com asas no sentir, preso à consciência (...). (MOSS apud Noblat, 2008).

Na maioria das publicações, predomina o gênero informativo. Mesmo porque, são

retiradas de vários jornais de todo o Brasil, e do exterior. Mas tudo, devidamente creditado.

Os poucos textos opinativos, são de artigos publicados por outros jornalistas. E menos ainda

assinados por Noblat. Portanto, quanto a linguagem mais se parece com a de um jornal

convencional.

Quase todos os textos são curtos, sendo raros os que não são. Atraindo assim, um

maior número de leitores. É comum, também, ver poucos comentários em cada post, isso

porque as publicações são seqüenciais e as publicações rápidas e impede que o mesmo texto

fique parado na tela. Ou seja, quando um post tem vários comentários é porque ele realmente

agradou aos leitores.

7.5.1 Descrição das publicações diárias

Dos 266 posts e 7.692 comentários, durante esse período, foram mencionadas na

descrição, apenas, 22 textos e 3.740 comentários. Isso porque foram escolhidas para análise as

de maior e menor número de comentários. E, aleatoriamente, algumas publicações

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diferenciadas.

No primeiro dia de análise, 22.10.2008, apesar do blog ser de seguimento político, a

imagem, escolhida como “A foto do dia” foi do caso Eloá, sob o título “Nayara depõe e

desmente a polícia”, com 64 comentários. Em um texto curto é resumido o depoimento da

adolescente em que afirma ao delegado Sergio Luditza, que Lindemberg Alves, não atirou

momentos antes da invasão dos policiais.

Em outro texto do mesmo dia o título “Não houve tiro antes da invasão, diz Nayara”,

retirado do jornal O Estado de S. Paulo, teve 95 comentários. E uma menção particular de

Noblat, em que ele diz: comentário meu, a Polícia Militar de S. Paulo disse que só invadiu o

apartamento depois que tiros foram disparados lá dentro. Nayara desmente.

O post “Rio de Janeiro - Paes, o novo subversivo”, com 165 comentários, traz um

relato do que se passava na campanha de Paes. Pois, dia sim, dia não, a Justiça Eleitoral do

Rio de Janeiro apreendia em comitês do candidato do PMDB, material apócrifo produzido

contra o candidato Fernando Gabeira (PV).

O texto “Indústria da construção pede IPI zero, por Agnaldo Brito”, retirado do jornal

Folha de S. Paulo, teve 02 comentários, e fala do pedido entregado pela Associação Brasileira

da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) a cinco ministros do governo Lula. A

solicitação se trata de um pedido de redução imediata do IPI para todos os tipos de material de

construção.

No dia seguinte, 23.10.2008, “De olho na TV - A falta de sorte de Marta”, com 165

comentários, é um Artigo de Cila Schulman, jornalista e coordenadora de comunicação e

estratégia de campanhas eleitorais, no post ela diz, “O governador José Serra (PSDB)

apareceu nesta penúltima noite de campanha na televisão no programa de Gilberto Kassab

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(DEM). No primeiro turno, o PSDB tinha oficialmente outro candidato, Geraldo Alckmin’.

(SCHUMAN apud NOBLAT, 2008).

No mesmo dia é postado “Pacote da era Lula chega a R$ 207 bilhões”, por Eliane

Oliveira, do jornal O Globo, teve 14 comentários e fala do agravamento da crise financeira

internacional, e que o governo vem anunciando a conta-gotas um esboço inédito que já

somam vinte e duas medidas e formam um dos maiores pacotes econômicos.

E ainda a “Obra-prima do dia: Pintura - Regatta at Cowes”, de Raoul Dufy, teve 02

comentários, é uma colaboração de Catharina Mafra. A obra se trata de um quadro "Regatta at

Cowes" de 1934, um conjunto de barcos à vela disputa uma regata. Raoul Dufy nasceu em Le

Havre, França, em 1877 e morreu em Forcalquier em 1953.

No dia 24.10.2008, o post escrito logo após o debate da Rede Globo “SP - Marta perde

o fôlego”, teve 17 comentários. No texto é dito que Marta Suplicy (PT) não consegue mais

nem respirar, de tanto que faz cobranças ao candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM).

Pois, ela não conseguiu parar de falar no debate da TV Globo.

“Suspeita de fraude preocupa campanha de Gabeira”, publicado no mesmo dia, teve

151 comentários, é dito que um integrante da campanha de Eduardo Paes, no bairro da Penha,

havia confidenciado, a dois amigos, que estava sendo oferecido dinheiro a mesários para que

facilitassem a fraude na votação do próximo domingo. Não deu em nada, a pessoa foi

encontrada, mas não quis formalizara denúncia na delegacia.

No dia seguinte, 25.10.2008, o texto “Geddel diz que tensão entre PT e PMDB na BA

é natural", retirado do jornal Folha de S. Paulo, com 01 comentário, é a entrevista do Ministro

Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) à Folha. Ele diz, entre outras coisas, que não

pretende romper a aliança com o Partido dos Trabalhadores (PT).

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“Rio - Quem brilhou por último foi Gabeira”, teve 146 comentários, aponta algumas

das falhas do último debate no Rio de Janeiro, entre Eduardo Paes e Fernando Gabeira. Noblat

classificou o debate como morno, sem nenhum incidente, por medo de arriscarem, já que

ambos estavam empatados nas pesquisas.

A última fala dos candidatos é sempre a mais importante. Gabeira teve a sorte de falar depois de Paes. E aí descontou eventuais pontinhos que possa ter perdido para ele ao longo do debate. A fala de Paes foi convencional, sem brilho, sem imaginação. A de Gabeira foi uma aula de habilidade, de celebração à inteligência e de ecumenismo político, digamos assim. Foi a única vez que a emoção encontrou espaço durante o debate. (NOBLAT, 2008).

E, ainda, no mesmo dia, sob o título, “Traidores Anônimos”, com 27 comentários, é o

trecho de um artigo que quinzenal o senador Cristovam Buarque (PDT), escreve. No post ele

faz uma relação do Brasil de anos atrás como de agora, no que diz respeito a pesquisas

espaciais, estagnando o país em pesquisas cientificas e tecnológicas.

Já no dia das eleições, 26.10.2008, foi o dia que teve mais posts no geral, foram 72 e

1.208 comentários. Desses textos foram analisados: “Rio - Vantagem de Paes foi menor do

que um Maracanã”, com 27 comentários, é feito uma referência ao total de lugares no estádio

do Maracanã (92 mil pessoas), com os resultados da eleição na cidade do Rio de Janeiro,

principalmente, sobre a diferença de 55.225 votos - 1,66% do total, que fez Gabeira perder.

O texto, do mesmo dia, que também foi mencionado no blog do Tas, “Gabeira só

ganha quando perde”, com 94 comentários, fala da trajetória política de Gabeira, que é

marcada por um extraordinário paradoxo: ele ganha quando perde. Gabeira sai desta eleição

como o maior eleitor individual do Rio. Poderá ser candidato ao Senado em 2010. Poderá até

mesmo disputar o governo.

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O post do resultado das eleições na cidade do Rio de Janeiro, sob o título “Rio -

Eduardo Paes, o novo prefeito”, com 132 comentários. O texto atribui a perda de Fernando

Gabeira (PV), aos mais de 900 mil eleitores que deixaram de votar. Noblat (2008), publica:

Aumentou a abstenção. No primeiro turno, cerca de 350 mil cariocas deixaram de votar. Estima-se que agora o número de ausentes deverá oscilar em torno de 900 mil. Muita gente viajou aproveitando o feriado do Dia do Funcionário Público marcado para amanhã pelo governador Sérgio Cabral.

No dia seguinte, 27.10.2008, o texto “O João é o mesmo. Marta é que não é Lula”,

com 182 comentários, fala sobre a responsabilidade que marqueteiro de Marta Suplicy, João

Santana Filho, que por sinal é o mesmo do presidente Lula, teve assumindo sozinho a culpa

pelo comercial que falava da vida pessoa de Kassab. Já que, até um néscio sabe que um

marqueteiro não manda sozinho na campanha. Muito menos em uma campanha do PT,

partido onde prevalece a cultura de tudo discutir à exaustão.

A matéria extraída da Folha de S. Paulo, no mesmo dia, “Refém das Farc é libertado

por desertor”, com 01 comentário, fala do ex-deputado Óscar Tulio Lizcano, refém das Farc

(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) por oito anos, foi encontrado ontem

(26.10.2008) por militares, após fugir com o líder do grupo do comando guerrilheiro, que o

mantinha refém, e vagar pela selva por três dias.

E, ainda, "Amanhã, posso voltar a usar bermuda e chinelo", de Ruth de Aquino, tirado

do site da revista Época, com 43 comentários, fala do avanço que Gabeira teve saindo de 5%

para 50% do eleitor carioca. Fala, ainda, agora ele pode sonhar em 2010 se tornar senador ou

governador. Pois perdeu a essa batalha, para depois ganhar a guerra.

Em 28.10.2008, “A dimensão política da crise” - trecho do artigo de Rui Falcão,

Deputado Estadual pelo Partido dos Trabalhadores, com 24 comentários, fala sobre a crise

econômica do país e menciona comentários Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-

secretário geral da Unctad, publicado pela Folha de S. Paulo, em 24.10.2008. Falcão fala dá

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impressão que o problema parece se limitar apenas aspectos técnicos, e sem vinculação de

valores éticos e independentes das relações de poder.

O texto também publicado no blog do Tas, “A derrota de Paes” - é um artigo retirado

do blog da jornalista Cora Rónai, do jornal O Globo, e teve 189 comentários. No post ela

mostra indignação com a vitória de Paes:

Abrindo mão das próprias convicções (se é que um dia as teve), aliando-se ao que há de mais podre no estado, gastando rios de dinheiro, jogando sujo, usando descaradamente a máquina estadual, federal e universal, beneficiando-se até de um feriado mal intencionado, enfim, com tudo isso, Eduardo Paes só conseguiu ganhar de Gabeira por 50 mil míseros votos. (...) Se Gabeira tivesse sido eleito prefeito, o Rio, que hoje não significa nada em termos políticos, voltaria a ter relevância, até pelo inusitado da coisa. Um prefeito eleito na base do voluntariado, do entusiasmo dos eleitores e da vontade coletiva de virar a mesa seria alguém em quem o país seria obrigado a prestar atenção. Agora, lá vamos nós para quatro anos de subserviente nulidade, quatro anos em que o recado das urnas será interpretado, pela corja que domina esta infeliz cidade, como um retumbante "Liberou geral!" Nojo, nojo, nojo. (RONAI apud NOBLAT, 2008).

O post “Serra nega que vitória de Kassab seja derrota de Lula” - De Renata Giraldi da

Folha Online, teve 199 comentários, fala sobre o governador José Serra (PSDB) que negou

nesta terça-feira (28.10.2008) que a vitória do prefeito Gilberto Kassab (DEM), tenha

representado a derrota do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele a derrotada foi Marta

Suplicy (PT).

“Bancos: resultados no azul”, retirado do jornal O Globo, teve 02 comentários, e é

sobre a antecipação que o banco Unibanco fez ao divulgar seus resultados na última sexta-

feira 24.10.2008. E assim, sucessivamente os demais bancos também foram levando a público

seus lucros no terceiro trimestre do ano. Mostrando também o impacto da atual economia do

país, que levou, o balanço de determinados bancos a aumentar as despesas operacionais.

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CO�CLUSÃO

A presente pesquisa, conclui que, se por um lado a facilidade de interação e o baixo

custo da manutenção de blogs é uma das principais hipóteses para o avanço dos diários

jornalísticos, por outro, fica evidente em, dados momentos, que a liberdade de expressão que

tanto o atraí, não é tão livre assim. Pois, a partir do momento em que o profissional hospeda

seu diário online em portais de grandes instituições de comunicação ele já está abrindo mão

de parte da independência que poderia ter, caso seu blog estivesse em um servidor particular.

Com base no estudo realizado, os blogs jornalísticos têm uma falsa independência. Já

que, a verdadeira liberdade está em poder se expressar livremente. E sabe-se que isso é

impossível à quem está ligado, direta ou indiretamente, a uma empresa de comunicação.

Independente de ser um blog ou não. Pois, as instituições têm Manuais de Redação e Estilo,

com normas e conceitos a serem seguidos por seus subordinados, e também um lado político a

defender.

Ou seja, ainda que não tenha um superior para podar esse ou aquele texto, o autor

deixa de ser sozinho o gatekeeper da sua publicação. Até por que, ainda que sutilmente, segue

determinadas normas de escolha do que pode ou não ir ao ar. Quando não, há um editor, que

faz a função do gatekeeper. Nesse caso, o blogueiro atua, então, diretamente como um

gatewatching, porque, de acordo com Bruns (2003) apud Primo & Tränsel (2006), significa a

observação desde a origem da informação e do veículo noticioso até as fontes, para saber

identificar o que vale a pena ser postado. Antes de passar pelo crivo institucional

Essa é a “tal” liberdade mascarada. Isso acontece por causa da rentabilidade financeira

dada ao profissional. E, uma vez, sendo jornalistas conceituados na mídia, há procura das

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grandes empresas acaba gerando uma concorrência entre elas, já que, ter o diário online de

uma pessoa renomada, significa lucro.

Portanto a liberdade atrai sim, e muito. Mas para mantê-la é preciso ser independente

das demais organizações de comunicação. O que acontece hoje, é que para se sustentar o

profissional acaba, de certa forma, vendendo o seu diário, e isso significa, claramente,

consignar sua “tão sonhada” liberdade.

Embora, há aqueles, jornalistas blogueiros, que não abrem mão de jeito nenhum da

liberdade de poder dizer o que quiser sem seguir nada e nem ninguém. E quando isso

acontece, em algumas situações a censura volta a atacar, principalmente quando o assunto é

política. Quem barra dessa vez, não são um editor ou normas institucionais e sim o Poder

Judiciário, que através de leis e liminares, muitas vezes, tiram o blog do ar. E o profissional

responde a processos.

A censura sempre vai existir, de uma forma ou de outra. O que é preciso saber é até

que ponto se deseja a liberdade, pois esta pode custar caro, àqueles que a driblam. Se engana,

tanto quanto, quando se fala de isenção. Pois, a pesquisa mostrou que ninguém é totalmente

isento e nem totalmente livre. Quando se trata de jornalismo, a neutralidade é uma fábula e a

liberdade de expressão continua sendo um sonho.

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REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IURI, Luciano et al. Webjornalismo: uma reportagem sobre a prática do jornalismo online. 2. ed. Rumograf. São Paulo: 2002.

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_____. A arte de fazer um jornal diário. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2002.

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SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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b) Livros em meio eletrônico CHAUÍ, Marilena. Convite a Filosofia. A Liberdade. Cap.06. São Paulo: Ática, 2000. Online. Disponível: http://br.geocities.com/mcrost02/convite_a_filosofia_41.htm, (12 de outubro de 2008). FIDALGO, Antônio; SERRA, Paulo. Jornalismo Online. Vol. I. 1. ed. Portugal: Covilhã. UBI, 2003. Online. Disponível: http://bocc.unisinos.br/pag/fidalgo-groth-jornalismo-online.pdf, (20 de setembro de 2008). RODRIGUES, Catarina. Blogs e a fragmentação do espaço público. 1. Ed. Covilhã:Labcom, 2006. Online. Disponível: http://www.labcom.ubi.pt/livroslabcom/pdfs/rodrigues-catarina-blogs-fragmentacao-espaco-publico.pdf, (20 de setembro de 2008). b) Artigos em meio eletrônico AGUIAR, Kátia Fonseca. Blog-jornalismo: interatividade e construção coletiva da informação. Online. Disponível: http://www.bocc.ubi.pt/pag/aguiar-katia-blog-jornalismo.pdf, (25 de agosto de 2008). AMARAL, Inês Albuquerque. A interatividade na esfera do ciberjornalismo. Online. Disponível: http://www.bocc.ubi.pt/pag/amaral-ines-interactividade-esfera-ciberjornalismo.pdf, (20 de agosto de 2008). AROSO, Inês Mendes Moreira. A Internet e o novo papel do jornalista. Online. Disponível: http://www.bocc.up.pt/aInterneteonovopapeldojornalista.html, (12 de junho de 2008). BORGES, Julio Daio. Porque os bogs de jornalistas não funcionam. Online. Disponível: http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=2062, (04 de outubro de 2008). BOTTENTUIT, J.B.J; IAHN, L.F.; BENTES, R.F. As ferramentas da WEB 2.0 nas organizações: vantagens e contextos de utilização. Online. Disponível: http://rnti.fesppr.br/include/getdoc.php?id=340&article=78&mode=pdf, (12 de junho de 2008). CANAVILHAS, João. Webjornalismo: considerações gerais sobre jornalismo na WEB. Online. Disponível: http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=canavilhas-joao-WEBjornal.html, (12 de junho de 2008). _____. A internet como memória. Online. Disponível em: http://www.webjornalismo.com/sctions.php?op=viewarticle&artid=78, (07 de agosto de 2008). CARDOSO, Carlos. Ministério da Justiça institui horários para blogs. Online. Internet. Disponível:

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h) Documento Jurídico em meio eletrônico

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