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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA GUILHERME CALDEIRA QUINTINO PEREIRA ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MODIFICADORES REOLÓGICOS APLICADOS EM MEMBRANAS ACRÍLICAS IMPERMEABILIZANTES LORENA 2014

GUILHERME CALDEIRA QUINTINO PEREIRA - … · ACRÍLICAS IMPERMEABILIZANTES / Guilherme Caldeira ... Fabio Franco, Antonio Severo, ... Tabela 4.1: Formulação

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

GUILHERME CALDEIRA QUINTINO PEREIRA

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MODIFICADORES REOLÓGICOS APLICADOS EM MEMBRANAS ACRÍLICAS

IMPERMEABILIZANTES

LORENA

2014

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

GUILHERME CALDEIRA QUINTINO PEREIRA

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MODIFICADORES REOLÓGICOS APLICADOS EM MEMBRANAS ACRÍLICAS

IMPERMEABILIZANTES

Projeto de monografia apresentado à Escola de

Engenharia de Lorena – Universidade de São

Paulo como requisito parcial para obtenção de

título de Engenheiro Químico.

Orientadora: Profª. Drª. Jayne Carlos de Souza Barbosa

LORENA

2014

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA AFONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Caldeira Quintino Pereira, Guilherme ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DEMODIFICADORES REOLÓGICOS APLICADOS EM MEMBRANASACRÍLICAS IMPERMEABILIZANTES / Guilherme CaldeiraQuintino Pereira; orientadora Jayne Carlos de SouzaBarbosa. - Lorena, 2014. 52 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2014Orientadora: Jayne Carlos de Souza Barbosa

1. Modificadores reológicos. 2.Impermeabilizantes. 3. Membrana acrílica. 4.Reologia. I. Título. II. Carlos de Souza Barbosa,Jayne, orient.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais pelo amor incondicional,

ao meu irmão pela amizade de sempre,

aos professores que passaram pelo meu

caminho e aos meus amigos de colégio,

faculdade, viagens e vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre me dar forças quando necessário e

iluminar a minha vida e a de todos ao meu redor.

Agradeço aos meus pais Caio Graco e Shirley, meu irmão Leonardo, meus avós e avôs e

todos da família que fizeram parte da minha vida e me apoiaram incondicionalmente.

Agradeço aos meus amigos de São Paulo Leandro, Robson, Eduardo, Thiago K.,

Caio, Marjorie, Gabriela, Juliana, Giovana, Yumi, Raul, Cadu, Gihed, Nelson e Ricardo

que fizeram parte da minha infância e adolescência e até hoje nossa amizade perdura.

Agradeço aos meus amigos de Salvador Ramon, Leon, Gabriel, Mateus, Luma,

Danilo, Caio, João, Ícaro, Vitor pela grande amizade e crescimento pessoal que tive com

vocês.

Agradeço aos meus amigos da faculdade Vinícius, Bruna R., Bruna Y., Ana Paula,

Luana, Bruno Y., Rômulo, Augusto, Márcio, Bruno R., Júlia, Maeba, Roberta, Radamés,

Caio W., Elias, Gustavo M., Gustavo Z., José Felipe, Maurício, Leandro, Leonardo, Arthur

S., Arthur Bazinga, João, Maria, Natasha, Danilo, Tiago B., M, Karen, Marília e outros que

fizeram parte dessa inesquecível vida acadêmica na USP.

Agradeço a todos da família e “República 4 de Paus” Caio, Abud, Tiago, TB,

Lucas, João Sanches, João Vitor, João Pedro e Diego por me acolherem nesses anos e por

fazerem parte significativa da minha vida.

Agradeço à Profª. Drª Jayne Barbosa por me orientar nesse trabalho e ao Prof. Dr.

Antonio Aarão Serra por me dar a oportunidade de realizar iniciação científica com ele em

2012.

Agradeço à BASF que me disponibilizou as condições necessárias para realizar

essa monografia.

Agradeço aos meus orientadores de estágio e também amigos Lucas Seraphim,

Fabio Franco, Antonio Severo, Maurício Pinheiro e Marlon Santos que me deram a

oportunidade de estágio e a toda equipe AWETA.

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“É muito melhor arriscar coisas grandiosas,

alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a

derrota, do que formar fila com os pobres de

espírito que nem gozam muito nem sofrem muito,

porque vivem nessa penumbra cinzenta que não

conhece vitória nem derrota.”

(Theodore Roosevelt)

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RESUMO

PEREIRA, G. C. Q. Estudo da influência de diferentes tipos de modificadores reológicos aplicados em membranas acrílicas impermeabilizantes . Lorena 2014. 53 fls. Trabalho de conclusão de curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena – SP, 2014.

Atualmente, o mercado de construção civil está em alta atividade e por conta disso

existe uma grande procura de novas tecnologias e desenvolvimento de novas aplicações

para atender a demanda. Um novo produto, no segmento de impermeabilizantes, que vem

ganhando destaque é a manta líquida, também conhecida como membrana acrílica devido à

sua composição ser majoritariamente de polímeros acrílicos. Uma das matérias-primas

mais importantes deste produto é o modificador reológico, pois garante estabilidade,

facilidade na aplicação e também espessamento, entretanto tem impacto na absorção de

água que é uma característica extremamente importante para o ramo de

impermeabilizantes.

Esse estudo focou na realização de testes baseados na norma NBR 13321 da

ABNT para membranas acrílicas, e outros testes secundários, realizando um estudo

comparativo de uma mesma formulação de impermeabilizante variando somente as

diferentes tecnologias de modificadores reológicos para uma mesma faixa de viscosidade.

Constatou-se que diferentes tecnologias de modificadores reológicos tem grande

influência especialmente na absorção de água pelo seu mecanismo de estabilização de

cargas, como também na resistência às intempéries.

Palavras-chave: Impermeabilizante, Modificador reológico, Membrana Acrílica

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ABSTRACT

PEREIRA, G. C. Q. Influence study of different types of rheology modifiers applied into acrylic waterproof membranes. Lorena 2014. 53 pgs. Trabalho de conclusão de curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena – SP, 2014.

Nowadays, the construction market is highly active and because of that there is a

great search for new technologies and development of new applications to attend the

demand. A new product in the waterproofing segment gaining prominence is the

waterproof membrane, also known as acrylic membrane because of its composition is

mainly of acrylic polymers. One of the most important raw materials of this product is the

rheology modifier, because it gives stability, ease to apply and also thickening, however it

worsens the water absorption which is an extremely important characteristic in the

waterproofing area.

This project focused on conducting tests based on norm NBR 13321 for acrylic

membranes, and others secondary tests, performing a comparative study of a single

formulation varying only different rheology modifier technologies for a same viscosity

range.

It was observed that different technologies of rheology modifier have great

influence especially in water absorption due to its filler stabilizing mechanism, but also in

weather resistance.

Keywords: Waterproofing, Rheology modifier, Acrylic membrane.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

NBR Normas Brasileiras Regulamentares

PVC Policloreto de Vinila

PEAD Polietileno de Alta Densidade

EPDM Etileno-Propileno-Dieno-Monômero

HASE Emulsões Alcalinas Expansíveis Modificadas Hidrofobicamente

ASE Emulsões Alcalinas Expansíveis

HEUR Copolímero Uretânico Etoxilado Modificado Hidrofobicamente

HMPE Poliéteres Hidrofobicamente Modificados

TNV Teor de não voláteis

TPO Poliolefinas termoplásticas

CIE Comissão Internacional L'Eclairage

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1: Aplicação de argamassa polimérica com desempenadeira 17

Figura 4.2: Aplicação de manta asfáltica 18

Figura 4.3: Membrana asfáltica preparada após agitação mecânica 19

Figura 4.5: Aplicação de membrana acrílica pigmentada de vermelho 21

Figura 4.6: Modelo newtoniano para escoamento de fluidos 22

Figura 4.7: Taxa de cisalhamento de um pincel comum. 23

Figura 4.8: Gráfico Tensão de cisalhamento x Taxa de cisalhamento para fluidos independentes do tempo 25

Figura 4.9: Gráfico Viscosidade x Tempo para fluidos dependentes do tempo. 26

Figura 4.10: Classificação de modificadores reológicos. 27

Figura 4.11: Argila Montmorilonita 28

Figura 4.12: Estrutura formada com modificador reológico HEUR 30

Figura 4.13: Diferença estrutural entre modificadores reológicos do tipo HASE e ASE 32

Figura 4.14: Mecanismo de atuação dos tixótropos derivados do óleo de mamona em tintas à base de solvente e as condições para serem evitadas 33

Figura 5.1: Molde utilizado para cortar corpo de prova 39

Figura 5.2: Dimensões do corpo de prova 40

Figura 5.3: Espectofotômetro Elrepho; Máquina de ensaios Kratos; Viscosímetro

Brookfield 41

Figura 6.1: Gráfico da variação da viscosidade com a taxa de cisalhamento 44

Figura 6.2: Gráfico da absorção de água das formulações 46

Figura 6.3: Gráfico do alongamento na ruptura para as membranas antes e após

envelhecimento 47

Figura 6.4: Gráfico da tensão de ruptura para as membranas antes e após

envelhecimento 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Formulação proposta para membrana acrílica 37

Tabela 6.1: Resultados iniciais de viscosidade das formulações 42

Tabela 6.2: Resultados finais de viscosidade das formulações 43

Tabela 6.3: Resultado dos ensaios mecânicos antes de envelhecimento 45

Tabela 6.4: Resultados absorção de água (24 horas, 3 dias e 7 dias) 45

Tabela 6.5: Resultado dos ensaios mecânicos após envelhecimento 47

Tabela 6.6: Variação de brancura das formulações padrões e envelhecidas 48

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 13

2. OBJETIVOS 14

2.1. OBJETIVO GERAL 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14

3. JUSTIFICATIVA 15

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16

4.1. IMPERMEABILIZANTES 16

4.1.1. SISTEMAS RÍGIDOS 16

4.1.1.1. ARGAMASSA IMPERMEÁVEL COM ADITIVOS HIDRÓFUGOS 16

4.1.1.2. ARGAMASSA CRISTALIZANTE 17

4.1.1.3. ARGAMASSA POLIMÉRICA 17

4.1.2. SISTEMAS FLEXÍVEIS 18

4.1.2.1. MANTA ASFÁLTICA 18

4.1.2.2. MEMBRANA DE POLÍMERO MODIFICADO COM CIMENTO 19

4.1.2.3. MANTAS SINTÉTICAS 19

4.1.2.4. MEMBRANA ACRÍLICA 20

4.2. REOLOGIA 22

4.3. MODIFICADORES REOLÓGICOS 26

4.3.1. MODIFICADORES REOLÓGICOS INORGÂNICOS 28

4.3.2. MODIFICADORES REOLÓGICOS ORGÂNICOS 28

4.3.2.1. MODIFICADORES REOLÓGICOS CELULÓSICOS 29

4.3.2.2. HEUR (COPOLÍMERO URETÂNICO ETOXILADO MODIFICADO HIDROFOBICAMENTE) 29

4.3.2.3. HMPE (POLIÉTERES HIDROFOBICAMENTE MODIFICADOS) 30

4.3.2.4. ASE (EMULSÕES ALCALINAS EXPANSÍVEIS) 30

4.3.2.5. HASE (EMULSÕES ALCALINAS EXPANSÍVEIS MODIFICADAS HIDROFOBICAMENTE) 31

4.3.2.6. ÓLEOS DE MAMONA HIDROGENADOS 32

4.4. FORMULAÇÃO DE MEMBRANA ACRÍLICA 33

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5. METODOLOGIA 37

6. RESULTADOS 42

7. CONCLUSÕES 49

8. TRABALHOS FUTUROS 50

BIBLIOGRAFIA 51

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta um grande mercado potencial de impermeabilizantes, sendo este

dividido em diferentes tecnologias, que estão contidas nos dois grandes grupos: sistemas

rígidos (argamassas com hidrofugantes, argamassas cristalizantes, argamassas modificadas

com polímero semi-flexível, etc) e sistemas flexíveis (emulsão asfáltica, emulsão de PVC e

TPO, argamassa modificada com polímero flexível, membrana acrílica, etc).

Nos projetos de impermeabilização, cada uma dessas tecnologias tem seu espaço

garantido, levando sempre em consideração os quesitos custo, flexibilidade, contato direto

com água, exposição a intempéries, facilidade de aplicação, presença de tráfego constante,

segurança, etc. Dentre essas tecnologias, a membrana acrílica vem ganhando destaque

neste mercado, pois se trata de um material pronto para uso, de fácil e segura aplicação,

com alta flexibilidade, baixa absorção de água, entre outras qualidades. Este material

apresenta, como principal matéria prima, polímeros acrílicos com baixa absorção de água

e, na maioria das vezes, com alta flexibilidade. Entretanto, não são apenas os polímeros

que contribuem com essas características na membrana acrílica final e sim um conjunto de

aditivos utilizados para sua formulação. Entre eles, deve-se destacar os modificadores

reológicos, essenciais ao sistema, pois eles ajudam na estabilidade, espessamento e

determinam a trabalhabilidade do material.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem como objetivo verificar a influência de diferentes tipos de

modificadores reológicos na formulação de membranas acrílicas utilizadas para

impermeabilização.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Com base nos resultados a serem encontrados, serão feitas as seguintes análises:

a) Influência do tipo de modificador reológico na absorção de água de membranas

acrílicas;

b) Influência do tipo de modificador reológico no poder de espessamento e pós-

espessamento de membranas acrílicas;

c) Influência do tipo de modificador reológico na estabilidade de membranas

acrílicas;

d) Influência do tipo de modificador reológico nas propriedades mecânicas de

membranas acrílicas antes e pós-envelhecimento em U.V.;

e) Influência do tipo de modificador reológico na resistência à deterioração da

coloração devido à ação de intempéries.

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3. JUSTIFICATIVA

O mercado de impermeabilizantes encontra-se amadurecido e as empresas precisam

se sobressair perante as outras para ganhar mercado. Para isso, são feitos desenvolvimentos

de novos produtos ou o aperfeiçoamento de produtos já existentes.

Um dos novos produtos do mercado é a membrana acrílica impermeabilizante que

ainda possui muitas oportunidades para melhorar a sua performance.

Os modificadores reológicos são muito importantes na formulação de membranas

acrílicas por garantir a estabilidade da mistura, pois existe uma grande quantidade de

material sólido suspenso na solução. Além disso, também espessam ela, deixando-a mais

viscosa o que ajuda na aplicação do material e também confere diferentes tipos de

comportamentos reológicos, a depender de sua natureza química, à solução.

Por outro lado, eles são uns dos principais responsáveis pelo aumento da absorção

de água do sistema, o que o torna ainda mais importante quando se trata de

impermeabilização. No mercado, são utilizados na maioria das formulações modificadores

reológicos acrílicos pela certeza de que ele tem compatibilidade com o polímero, todavia

existem outras tecnologias que também possuem compatibilidade.

Dentro deste contexto, verificar o comportamento de diferentes tipos de

modificadores reológicos na formulação de membranas acrílicas torna-se relevante.

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4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. IMPERMEABILIZANTES

Impermeabilizantes são substâncias que possuem como característica principal a

capacidade de repelir a água. São utilizados para revestir e isolar superfícies e objetos que

não podem entrar em contato com água, preenchendo parcialmente ou completamente as

porosidades do material revestido. São extremamente importantes na área da construção

civil por evitar danos estruturais em fundações, paredes, pisos, lajes, piscinas, entre outros.

Eles podem ser classificados em sistemas rígidos e flexíveis segundo a norma NBR 9575

(ABNT, 2010).

4.1.1. SISTEMAS RÍGIDOS

A impermeabilização rígida é o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas

partes construtivas não sujeitas à fissuração. Os impermeabilizantes rígidos não trabalham

junto com a estrutura, o que leva a exclusão de áreas expostas a grandes variações de

temperatura. Segue algumas aplicações de sistemas rígidos (ABNT, 2003).

4.1.1.1.ARGAMASSA IMPERMEÁVEL COM ADITIVOS HIDRÓFUGOS

Argamassa de revestimento utilizada para impermeabilização de elementos que não

estejam sujeitos a movimentações estruturais, pois ocasionaria a formação de trincas e

fissuras.

O hidrófugo impermeabiliza concretos e argamassas pela redução do ângulo de

molhagem dos poros dos substratos. Pode ser adicionado ao concreto ou utilizado para

preparar argamassa impermeável de revestimento diretamente (Impermix,2011).

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4.1.1.2. ARGAMASSA CRISTALIZANTE

Argamassas com aditivos minerais que possuem propriedade de absorção osmótica

nos capilares da estrutura. O cristalizante é um silicato que, quando misturado com a água

e com toda a alcalinidade do cimento, acaba se transformando em hidrosilicato. Ou seja,

uma parte do pó se transforma na presença de água, transformando-se num outro produto,

que tem como principais características ser um cristal insolúvel em água, que entope os

poros da argamassa (FERREIRA, 2013).

4.1.1.3. ARGAMASSA POLIMÉRICA

São argamassas compostas de cimentos especiais, latéx de polímeros, agregados

minerais inertes e aditivos, aplicados sob a forma de pintura sobre o substrato formando

uma película impermeável que resiste a infiltração tanto para pressões d’água positivas

como negativas. São produtos de fácil aplicação, bicomponentes (parte pó e parte líquida)

e possui boa resistência a pressões hidroestáticas positivas (FERREIRA, 2013).

Seu sistema de impermeabilização se dá pela formação de um filme de polímeros

que impede a passagem da água e da granulometria fechada dos agregados contidos na

porção cimentícea.

Figura 4.1: Aplicação de argamassa polimérica com desempenadeira

Fonte: <http://equipedeobra.pini.com.br/>

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4.1.2. SISTEMAS FLEXÍVEIS

Compreende o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas

sujeitas à movimentação e fissuração e podem ser classificados como membranas ou

mantas. Membranas são os materiais que são moldados no local e mantas são aqueles que

são pré-fabricados (PIRONDI, 1988).

4.1.2.1. MANTA ASFÁLTICA

Sistema mais tradicional no Brasil, utilizado desde o início da impermeabilização

de edificações no Brasil. É um sistema flexível pré-fabricado, formado por um elemento

estruturante central (filamentos de poliéster ou véu de fibra de vidro que conferem ao

produto grande resistência mecânica) e recoberto em ambas as faces por um composto

asfáltico. A produtividade da aplicação é baixa por ter uma possibilidade razoável de falha

de execução, devido às necessidades de recortes e emendas (FERREIRA, 2013).

Figura 4.2: Aplicação de manta asfáltica

Fonte: <http//www.viapol.com.br/>

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4.1.2.2. MEMBRANA DE POLÍMERO MODIFICADO COM CIMENTO

É um material formado à base de resinas termoplásticas e cimento aditivado,

resultando em uma membrana de polímero que é modificada com cimento. É indicado para

impermeabilizações em torres de água e reservatórios de água potáveis elevados ou

apoiados em estrutura de concreto armado. Dentre suas características destacam-se a

resistência à pressão hidrostática positiva, produto de fácil aplicação, inodoro e atóxico.

Deve-se preparar a mistura mecanicamente até atingir a consistência de uma pasta

cremosa, lisa e homogênea. A seguir, aplicar a primeira demão do produto sobre o

substrato úmido, com o auxílio de uma trincha, aguardando a completa secagem e a

segunda demão em sentido cruzado em relação à primeira, incorporando uma tela

industrial de poliéster resinada. Aplicar as demãos subseqüentes, aguardando os intervalos

de secagem entre demãos até atingir o consumo recomendado (PIRONDI, 1988).

Figura 4.3: Membrana asfáltica preparada após agitação mecânica

.

Fonte: Imagem feita pelo autor

4.1.2.3. MANTAS SINTÉTICAS

São mantas pré-fabricadas à base de diferentes materiais sintéticos como PEAD,

PVC, EPDM e TPO. São feitas de ligas elásticas e flexíveis e são resistentes aos raios

ultravioletas e ataques químicos, dependendo de sua formulação.

O uso das geomembranas de PEAD e EPDM é mais indicado para obras de maior

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porte, como lagos artificiais, aterros sanitários e tanques. Além de proteger as estruturas, a

impermeabilização nesses casos também tem o objetivo de preservar o meio ambiente.

Elas criam uma barreira física que evita a contaminação do solo e de lençóis freáticos por

material orgânico decomposto, óleos e combustíveis (FERREIRA, 2013).

As mantas de EPDM, assim como as de TPO e PVC, também são bastante

utilizadas em obras de edificações, principalmente na impermeabilização de coberturas. Há

produtos disponíveis na cor branca, que, segundo o Green Building Council Brasil, reflete

os raios solares e, com isso, ajuda a diminuir a temperatura no interior da edificação e no

seu entorno.

Figura 4.4: Diferentes tipos de mantas sintéticas

Fonte:<http//http://equipedeobra.pini.com.br/>

4.1.2.4. MEMBRANA ACRÍLICA

É um impermeabilizante formulado à base de resinas acrílicas dispersas, sendo

indicado para impermeabilização exposta de lajes de cobertura, marquises, telhados, pré-

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fabricados e outros. É um material monocomponente que pode ser aplicado com rolo,

pincel e dependendo da formulação com spray.

A principal vantagem desse sistema é a não necessidade de uma camada de

proteção mecânica sobre a membrana, somente será necessário se o uso da laje for de

tráfego muito intenso de pessoas ou existir tráfego de automóveis. A desvantagem é a

necessidade de reaplicação do produto uma vez que não tem camada de proteção mecânica.

Além disso, é um produto que possui resistência às intempéries, proporciona uma

impermeabilização sem nenhuma emenda, material elástico tendo maior capacidade de

permanecer íntegro em áreas sujeitas a trincas e fissuras, aceita a aplicação direta de

pinturas, texturas, gesso e revestimentos diversos e pode ser pigmentado proporcionando

maior estética (URBAN, 2002).

Figura 4.5: Aplicação de membrana acrílica pigmentada de vermelho

Fonte: < http://articulo.mercadolibre.com.ar/>

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4.2. REOLOGIA

É o estudo do fluxo de matéria, principalmente no estado líquido, mas também

como fluidos, sólidos e gases, sob condições em que eles respondem com o fluxo plástico

em vez de deformação elástica, em resposta a uma força aplicada. Aplica-se a substâncias

que têm uma microestrutura complexa, tais como lodo , lama, barro, suspensões ,

polímeros e outros formadores de vidro ( por exemplo, silicatos), bem como muitos

alimentos e aditivos, fluidos corporais ( por exemplo, de sangue) e de outros materiais

biológicos ou outros que pertencem à classe de matéria macia (BRETAS, 2005)

As propriedades reológicas de um material se dividem em três tipos:

Materiais viscosos: Durante a deformação dissipam todo o trabalho externo

aplicado.

Materiais elásticos: Armazenam todo o trabalho externo aplicado.

Materiais viscoelásticos: Dissipam e armazenam todo o trabalho externo aplicado.

Diferentes sistemas vão resistir mais ao escoamento do que outros e a medição da

resistência é a medida da viscosidade do sistema. Isaac Newton introduziu um modelo para

a medição do escoamento entre duas placas paralelas.

Figura 4.6: Modelo newtoniano para escoamento de fluidos

. Fonte: BASF, 2014

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Um fluido localizado entre um prato estático e outro se movendo a certa velocidade

resiste ao escoamento entre as placas gerando uma tensão de cisalhamento e uma taxa de

cisalhamento de acordo com a seguinte equação.

(Equação 1):

[ ] [ ] [ ] Tensão de cisalhamento ( ): Força aplicada a superfíce A quando deformada por uma

taxa de cisalhamento.

Taxa de cisalhamento ( ): Razão entre a velocidade v da placa que se movimenta e a

distância entre as placas h

(Equação 2):

[ ] [ ] [ ]

A taxa de cisalhamento aplicada pode variar de centenas a milhares de segundos

recíprocos dependendo do método utilizado de aplicação. Por exemplo a taxa de

cisalhamento gerada da aplicação de uma tinta utilizando um pincel.

Figura 4.7: Taxa de cisalhamento de um pincel comum

Fonte: BASF

Este modelo é válido somente para fluidos não-newtonianos, porque a viscosidade

depende ou do cisalhamento aplicado ou do tempo de sua aplicação. Para estes fluidos a

viscosidade deixa de ser um coeficiente para se tornar uma propriedade que varia de

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24

acordo com as condições com as quais o fluido se depara. Neste caso, a viscosidade passa a

ser denominada de viscosidade aparente (BRETAS, 2005).

O fluido newtoniano, por sua vez é um fluido no qual os estresses oriundos da

resistência ao escoamento, que surgem em todos os pontos do fluido, são proporcionais à

taxa de cisalhamento, ou seja, mesmo alterando o vetor velocidade do fluido a viscosidade

se mantém constante. Entretanto, são poucos os casos de fluidos que obedecem à esse

modelo como água e o ar (BRETAS, 2005).

Os fluidos podem ser dividos em dois grupos: os que são dependentes do tempo e

os que não são.

Os fluidos independentes do tempo apresentam cinco tipos de comportamento:

Pseudoplasticidade: Nos fluidos que apresentam esse fenômeno, a viscosidade

aparente cai de um valor máximo não infinito e constante, na medidade em que a

taxa de deformação é aumentada até se estabilizar e assumir um valor constante. A

pseudoplasticidade ocorre com maior frequência em suspensões, polímeros no

estado fundido e em soluções em faixa de cisalhamento de baixa à moderadamenta

alta.

Dilatância: Comportamento oposto à pseudoplasticidade. Sistemas expandem

volumetricamente sob cisalhamento.

Fluido de Bingham: Fenômeno caracterizado pela existência de um valor residual

para a tensão de cisalhamento, o qual deve ser excedido para que o material

apresente um fluxo viscoso. Comportamento comum às composições altamente

concentradas em que a interação partícula-partícula desempenha um papel

importante.

Fluido de Herschel-Bulkley: Comportamento igual ao dos fluidos de Bingham,

exceto pelo fato de que a relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de

deformação não é linear.

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Fluidos newtonianos

Figura 4.8: Gráfico Tensão de cisalhamento x Taxa de cisalhamento para fluidos independentes do

tempo.

Fonte: < http://mecanicadefluidosft.blogspot.com.br/>

Ainda existem os fluidos que possuem comportamentos dependentes do tempo:

Tixotropia: Fenômeno caracterizado pela diminuição da viscosidade aparente do

líquido com o tempo de aplicação de uma dada taxa de deformação. É resultado da

destruição gradual da estrutura construída pelas partículas da fase dispersa, devido

ao cisalhamento imposto quebrando as ligações. Este fenômeno é isotérmico e

reversível, pois após a retirada do esforço externo, as ligações quebradas são

reconstituídas (BRETAS, 2005).

Anti-tixotropia: Comportamento oposto ao da tixotropia. Mas deve-se acrescentar

que as particulas da fase dispersa devem possuir uma tendência à aglomeração, a

qual é aumentada pela ação do cisalhamento imposto. O fenômeno reopexia é

comumente confundido com a anti-tixotropia. O primeiro acontece quando o

comportamento tiver ocorrido em velocidades superiores às comumente esperadas

para movimentos suaves (BRETAS, 2005).

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Figura 4.9: Gráfico Viscosidade x Tempo para fluidos dependentes do tempo.

Fonte: <http://www.chasqueweb.ufrgs.br/>

4.3. MODIFICADORES REOLÓGICOS

Também conhecidos como espessantes por sempre aumentar a viscosidade

aparente, são aditivos orgânicos ou inorgânicos que controlam as características reológicas

de uma formulação líquida. São utilizados em segmentos da construção civil e em tintas

para propiciar propriedades pseudoplásticas ou tixotrópicas. Fornecem a viscosidade, a

propriedade, fluidez para que a membrana ou tinta possa ser aplicada adequadamente,

estabilidade química, controla o escoamento, possibilita a aplicação de fluidos muitos

viscosos com rolos, pincéis e sprays, ajuda no nivelamento da aplicação, além de ajudar no

brilho e na resistência ao intemperismo (BASF, 2009).

Eles podem ser associativos ou não associativos. Os associativos funcionam através

de interações das terminações de cadeia hidrofóbicas do modificador reológico com outros

componentes da mistura ou com ele mesmo, formando uma rede.

Os espessantes não-associativos funcionam de forma diferente: atuam via

emaranhamentos nas cadeias poliméricas. A efetividade desse tipo de espessante está

conectada principalmente ao peso molecular do polímero. As formulações utilizando

modificadores reológicos deste tipo apresentam comportamento reológico pseudoplástico e

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grande propriedade elástical. Entretanto podem apresentar baixa fluidez, comparada a de

outros espessantes, pode flocular e dessa forma não se incorpora ao sistema, e

ocasionalmente problemas de compatibilidade.

Ainda podemos classificá-los como low shear e high shear, ou seja, os que

precisam de uma pequena variação na tensão de cisalhamento para ficar mais fluidos (low

shear) e os que necessitam de uma tensão muito maior para mudar o comportamento

reológico (high shear)

O aumento de viscosidade causado pela ação deles, causa um aumento na

estabilidade da mistura, fazendo que quão mais viscoso seja ela, mais difícil ocorrer

sedimentação, separação de fase ou coagulação.

Existem várias tecnologias de modificadores reológicos que são divididos quanto a

natureza química.

Figura 4.10: Classificação de modificadores reológicos.

Fonte: Imagem feita pelo autor

Modificadores Reológicos

Inorgânicos

Argilas

Silicatos

Argilas Especiais

Orgânicos

Celulósicos

Sintéticos

Associativo

HEUR/HMPE

HASE

Não Associativo ASE

Baseado em outros solventes

Óleo de mamona hidrogenado

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4.3.1. MODIFICADORES REOLÓGICOS INORGÂNICOS

Eles podem ser modificados como as atapulgitas, bentonitas, argilas orgânicas ou

não modificados como alguns silicatos. A maioria deles é utilizada na forma de pó e

funciona como agente de suspensão ou formador de gel e ainda tem uma segunda utilidade

como extensor de pigmentos. Eles tendem a ter um rendimento alto e dão comportamento

tixotrópico a formulação.

Geralmente a viscosidade da formulação diminui com o tempo durante

cisalhamento constante até a estrutura de gel quebrar e quando retirado o esforço, a

viscosidade volta gradualmente ao valor original. Dependendo do tipo de classificação do

mineral, ele pode ser utilizado em sistemas aquosos ou sistemas a base de solvente. São

mais utilizados em formulações aquosas como um modificador reológico secundário para

melhorar a resistência ao escorrimento, anti-sinerese e anti-fixação. O espessamento da

formulação se dá pela interação de natureza específica quando íons dispersos na solução

mostram alta afinidade química com a superfície do mineral ou quando os íons eletro-

estaticamente são adsorvidos pela superfície do mineral (BASF, 2009).

Figura 4.11: Argila Montmorilonita

Fonte: <http://www.dicci-eponimos.blogspot.com/>

4.3.2. MODIFICADORES REOLÓGICOS ORGÂNICOS

Existe uma diversidade maior do que os inorgânicos. Podem ser subdividos em

produtos baseados em matéria prima natural como celulose ou produtos baseados em

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síntese de química orgânica como poliacrilatos e poliuretanos, sendo estes ainda

subdividos em modificadores reológicos associativos ou não associativos.

4.3.2.1. MODIFICADORES REOLÓGICOS CELULÓSICOS

São modificadores reológicos de origem natural e são vendidos comercialmente na

forma de HEC (Hidróxi-etilcelulose). A molécula de HEC forma solução na água e espessa

através de simples emaranhamento de cadeias e imobilização de moléculas de água

compelidas. Possuem uma grande desvantagem, porque tem mais facilidade de sofrer

contaminação bacteriológica devido a sua natureza química favorecer a proliferação de

microorganismos vivos (BASF, 2009).

4.3.2.2. HEUR (COPOLÍMERO URETÂNICO ETOXILADO MODIFICADO HIDROFOBICAMENTE)

Espessantes Poliuretânicos são do tipo associativos não iônicos e formam micelas

devido a sua estrutura anfipática. Uma molécula desse composto pode participar em duas

ou mais micelas que são unidas juntas fisicamente. Moléculas individuais de espessantes

formam micelas com outras moléculas de espessantes e também interações partículas

hidrofóbicas em emulsão ou outro ingrediente hidrofóbico da formulação. A associação

imobiliza esses componentes proporcionando o efeito de espessamento.

Em alguns casos os modificadores reológicos poliuretânicos atuam como

dispersantes ou umectantes. Dependendo do tipo de pigmento, as partes hidrofílicas ou

hidrofóbicas da molécula de espessante podem interagir, proporcionando maior fixação do

pigmento (BASF, 2009).

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Figura 4.12: Estrutura formada com modificador reológico HEUR

Fonte: <http://www.dow.com/>

4.3.2.3. HMPE (POLIÉTERES HIDROFOBICAMENTE MODIFICADOS)

Assim como os modificadores reológicos HEUR, esses também são do tipo

associativos e não-iônicos e possuem mecanismo de funcionamento similar. Os

grupamentos hidrofóbicos de final de cadeia se ligam aos centros hidrofóbicos da

formulação (BASF, 2009).

4.3.2.4. ASE (EMULSÕES ALCALINAS EXPANSÍVEIS)

São dispersões de polímeros acrílicos funcionais ácidos em água. São do tipo não-

associativo, são fornecidas a um pH baixo e os grupos ácidos nas cadeias de polímero

necessitam ser neutralizados para que o polímero inche e espesse.

Sob condições ácidas, o polímero tem uma estrutura em espiral e após a adição de

substância alcalina no sistema (amônia, soda cáustica, ec), o pH aumenta e os grupos

funcionais ácidos no agente espessante começam a dissociar-se. Consequentemente, o

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agente espessante se torna mais solúvel em água e começa a desenrolar. À medida que o

pH aumenta ainda mais, o polímero torna-se uma estrutura de cadeia longa mais aberta,

levando ao emaranhamento de moléculas de espessante entre si e isto resulta em um

aumento da viscosidade.

A concentração de grupamentos ácidos, o peso molecular e a quantidade de

ligações entre as cadeias poliméricas são importantes fatores que influenciam no perfil

reológico e na eficiência do espessamento (BASF, 2009).

4.3.2.5. HASE (EMULSÕES ALCALINAS EXPANSÍVEIS MODIFICADAS HIDROFOBICAMENTE)

Se diferem dos modificadores reológicos ASE por conter também grupos

hidrofóbicos de cadeia longa em adição aos grupamentos ácidos distribuídos ao longo da

cadeia polimérica.

São obtidos quando as porções hidrofóbicas referidas como monômeros associativos

são copolimerizadas na estrutura de um espessante do tipo ASE. Polímeros do HASE

apresentam espessamento acima do pH 7 através da repulsão dos anions carboxilatos ao

longo da estrutura do polímero. Contudo, os polímeros do HASE apresentam um aumento

de viscosidade maior em relação aos do tipo ASE, porque os grupamentos hidrofóbicos se

agregam na fase aquosa de maneira similar ao jeito que os surfatantes formam as micelas.

Essas modificações hidrofóbicas podem associar tanto com cada uma numa base intra ou

intermolecular como numa combinação com outros compostos hidrofóbicos, especialmente

latéx e surfatante na formulação de tintas. Por isso eles são considerados espessantes

associativos (BASF, 2009).

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Figura 4.13: Diferença estrutural entre modificadores reológicos do tipo HASE e ASE

Fonte: BASF, 2014

4.3.2.6. ÓLEOS DE MAMONA HIDROGENADOS

São geralmente utilizados em tintas à base de solvente por oferecer um

espessamento muito forte em diferentes sistemas de pinturas. Além disso fornecem

comportamento tixotrópico ao material para que filmes com espessuras grandes possam ser

aplicados. Previne o escoamento de pinturas verticais durante a aplicação, todavia a

fixação do pigmento é reduzida substancialmente.

O mecanismo de trabalho desse tipo de modificador reológico basea-se na

aglomeração entre si dos compostos orgânicos derivados do óleo de mamona. Com a

solubilização em solvente junto a um umectante e com o fornecimento de temperatura

ocorre a desaglomeração desses compostos levando ao inchamento. Dessa forma, quando é

fornecida uma taxa de cisalhamento, eles são totalmente dispersados e ativados como

tixotrópicos orgânicos. Entretanto, se for fornecido um aquecimento muito alto, os

compostos após se solubilizarem e posteriormente resfriarem, irão sedimentar perdendo a

característica tixotrópica (BASF, 2009).

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Figura 4.14: Mecanismo de atuação dos tixótropos derivados do óleo de mamona em tintas à base de

solvente e as condições para serem evitadas

Fonte: BASF, 2014

4.4. FORMULAÇÃO DE MEMBRANA ACRÍLICA

As membranas acrílicas são formuladas a partir de uma mistura de componentes que

podem variar basicamente de acordo com a microestrutura do polímero utilizado na

formulação. As matérias primas são:

Polímero: Compostos químicos de alta massa molecular, macromoléculas,

formadas a partir de varias unidades de repetição denominadas monômeros através

de reações de polimerização. Polímeros que possuem dois tipos de monômeros são

copolímeros e os que possuem três monômeros de terpolímeros. É a matéria prima

mais importante da formulação, pois é ela que ira ditar as características mecânicas

e de resistência à água. Componente em maior proporção na formulação.

Geralmente as membranas de mercado utilizam de 35-45% de polímero em sua

formulação. É adicionado na forma de dispersão polimérica, que é feita a partir de

monômeros derivados do ácido acrílico ou metacrílico. Também podem ser

utilizados copolímeros polimerizados com estireno para aumentar a rigidez da

membrana (CANEVAROLO, 2002).

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Pigmentos: Os pigmentos são pós ou partículas bem reduzidas dispersados nas

membranas. São os pigmentos que proporcionam as cores e também as principais

fontes do poder de cobertura.

O dióxido de titânio (TiO2), é o principal pigmento branco, muito utilizado em

formulações de membrana. Possui: brancura excepcional ao dispersar a luz; poder

de cobertura em tintas foscas e brilhantes, tanto úmidas como secas; é

relativamente caro; o uso de um extensor (ou carga) correto garante o espaçamento

adequado das partículas de TiO2 para evitar o acúmulo e a perda do poder de

cobertura, especialmente em tintas foscas ou acetinadas (PROGRAMA SETORIAL

DE QUALIDADE – TINTAS IMOBILIÁRIAS, 2012).

Pigmentos coloridos proporcionam cor pela absorção seletiva da luz. Há dois tipos

principais:

Orgânicos: incluem os de cores mais brilhantes, alguns dos quais são bastante

duráveis no uso em exteriores. Exemplos de pigmentos orgânicos são o azul ftalo e

o amarelo.

Inorgânicos: geralmente são menos brilhantes do que as cores orgânicas. Muitos

são descritos como cores terrosas, considerados os pigmentos exteriores mais

duráveis. Exemplos de pigmentos inorgânicos são os óxidos de ferro vermelho,

marrom e amarelo (PAINT QUALITY INSTITUTE, 2008).

Os pigmentos coloridos são combinados em dispersões líquidas chamadas corantes,

que são adicionadas no ponto de venda às bases de pigmentação (mixing machine).

Na fábrica, os pigmentos de cor são usados nas formas de pó seco ou líquido, no

preparo de tintas pré-embaladas.

Carga: Proporcionam volume a um custo relativamente pequeno. Oferecem um

poder de cobertura muito menor do que os pigmentos e interferem em diversas

características, incluindo brilho, resistência à abrasão e retenção de cor, entre outras

(PAINT QUALITY INSTITUTE, 2008). Algumas das cargas usadas mais

frequentemente são:

Argila: silicato de alumínio (também chamado de caulim ou argila da China) é

usado principalmente em pinturas interiores, mas também em algumas pinturas

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exteriores. A argila proporciona maior poder de cobertura do que a maioria das

cargas em tintas porosas; a argila delaminada aumenta a resistência às manchas.

Sílica e silicatos: proporcionam excelente resistência à escovação e à abrasão.

Muitos deles têm grande durabilidade em pinturas exteriores.

Sílica diatomácea: é uma forma de sílica hídrica que consiste em antigos

organismos unicelulares fossilizados, usada para controlar o brilho em membranas,

tintas e vernizes.

Carbonato de cálcio: também chamado de giz, é um pigmento de uso geral, baixo

custo e reduzido poder de cobertura, usado tanto em tintas para exterior como para

interior.

Talco: silicato de magnésio é uma carga de uso geral relativamente macio usado

em tintas para exterior e interior.

Óxido de zinco: é um pigmento reativo muito útil por sua resistência a mofo

(bolor), como inibidor de corrosão e bloqueador de manchas.

Água: Parte líquida da membrana, atua como veículo para dispersar a parte pó em

toda a formulação. Todas as membranas são à base de água.

Surfactantes: São agentes que atuam nas interfases de um sistema para controle de

tensão superficial (líquidos) e energia de superfície (sólidos). Os surfatantes

estabilizam a membrana de forma que seus componentes não se separem ou que se

torne muito espessa para ser usada; mantém os pigmentos dispersos para brilho e

cobertura máximos; ajudam a diminuir a tensão superficial, umedecer a superfície

que está sendo pintada para que a membrana não se movimente ao ser aplicada;

proporcionam compatibilidade entre corantes, de forma que a cor correta seja

obtida e não se altere ao ser aplicada (PAINT QUALITY INSTITUTE, 2008).

Biocidas: Também conhecidos como conservantes, há dois tipos principais que são

usados em membrana:

Bactericida: para evitar que bactérias cresçam sobre a membrana, especialmente

importante nas membranas armazenadas em recipientes constantemente abertos e

fechados, uma vez que pode ocorrer contaminação;

Fungicida ou algicida: para desestimular o crescimento de fungos e algas na

superfície da membrana depois de aplicada.

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Antiespumantes: Rompem as bolhas e impedem a formação de espuma quando a

mistura é colocada no misturador/agitador, é movimentada ou é aplicada à

superfície, especialmente com o rolo.

Espessantes e Modificadores de Reologia: Fornecem a viscosidade apropriada e

fluidez para que a membrana possa ser aplicada adequadamente. Os modificadores

reológicos ajudam as membranas a respingar menos quando aplicadas por um rolo;

fluírem mais suavemente e para manter a homogeneidade.

Base alcalina: Aumentam o pH da formulação para melhorar a estabilidade da

mistura e também para aumentar a performance do modificador reológico.

Geralmente é ajustado o pH para 9.

Plastificantes: Suavizam o produto final aumentando a sua flexibilidade. Ajudam

também na trabalhabilidade do material e o seu uso é facultativo na formulação. Só

são utilizados se a microestrutura do polímero dá ao material muita rigidez.

4.5. SISTEMA DE CORES SUBTRATIVAS CIE LAB

O Lab é um sistema subtrativo de cor proposto pela Commision Internationale

L'Eclairage - CIE. Essa combinação de cores subtrativa é usada para definir as cores de

materiais não emitentes especialmente os pigmentos que definirão as cores dos tecidos,

plasticos e tintas (CIE, 1994).

Utiliza como o LUV um canal de luminância e dois de crominância. Mas aqui a

luminância é substituida pela luminosidade (ou seja a medida de como a intensidade

luminosa é percebida). O sistema CIE Lab estabelece coordenadas uniformes no espaço

tridimensional de cor.

Nesse projeto, esse sistema só sera utilizado para analisar a brancura das

membranas de acordo com a cor branca desse sistema.

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5. METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho, para a realização dos testes mecânicos e

absorção d’água, está baseada na norma NBR 13321 “Membrana Acrílica para

impermeabilização” com algumas modificações. A dispersão polimérica utilizada no

trabalho não necessita de plastificante, pois ela não deixará o material rígido devido a sua

microestrutura. Foi realizada uma formulação inicial de cada espessante em escala menor

visando ter uma idéia do poder de espessamento deles utilizando uma mesma quantidade

de massa de acordo com o TNV (Teor de Não Voláteis) de cada espessante. Quatro tipos

de modificadores reológicos foram usados para realizar os testes: um com tecnologia

HEUR associativo (poliuretânicos), um celulósico associativo, um ASE não-associativo e

um HASE associativo (acrílico modificado hidrofobicamente).

Tabela 4.1: Formulação proposta para membrana acrílica

HASE HEC PU ASE

Rheovis HS 1180

Natrosol 250 HHBR

Rheovis PU 1191

Rheovis AS 1110

68,80% 68,80% 68,80% 68,80%

Ordem % % % % TNV

6 Resina 39,84% 39,84% 39,84% 39,84% 49,9%

3 Dispersante 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 30,0%

4 Umectante 0,05% 0,05% 0,05% 0,05% 0,0%

2 Anti-espumante

0,30% 0,30% 0,30% 0,30% 100,0%

1 Água 10,99% 9,00% 10,96% 10,94% 0,0%

5 Pigmento 1,00% 1,00% 1,00% 1,00% 100,0%

7 Carga 47,16% 47,16% 47,16% 47,16% 100,0%

8 Rheovis HS 1180

0,414% 0,00% 0,00% 0,00% 29,0%

8 Natrosol 250 HHBR

0,00% 2,40% 0,00% 0,00% 5,0%

8 Rheovis PU 1191

0,00% 0,00% 0,445% 0,00% 27,0%

8 Rheovis AS 1110

0,00% 0,00% 0,00% 0,46% 26,1%

9 Bactericida 0,20% 0,20% 0,20% 0,20% 100,0%

TOTAL 100,000% 100,00% 100,00% 100,00%

Fonte: Tabela feita pelo autor.

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Modificadores Reológicos Propostos:

- Rheovis HS 1180 – Espessante Acrílico associativo HASE de alto poder de

espessamento;

- Rheovis PU 1191 – Espessante Poliuretânico associativo de alto poder de espessamento;

- Rheovis AS 1110 – Espessante acrílico ASE não-associativo que atribui ao sistema

características pseudoplásticas;

- Natrosol 250 HHBR – Espessante, estabilizante e agente de consistência para emulsões.

Apresenta grande poder de espessamento e baixa absorção de água, quando em contato

com sistemas aniônicos. Não pode ser aplicado tal qual. É necessário preparar uma solução

a 5% desse espessante em água e cisalhar a mistura em equipamento apropriado de modo

que forme um gel devido a reação com a água mediante agitação.

Inicialmente, em um Béquer de 2 litros adicionou-se a água, o dispersante, o

umectante e o anti-espumante. O agitador mecânico foi ligado e ajustou-se a velocidade de

agitação em 400 rpm e deixou-se o sistema homogeneizar por 5 minutos. Depois disso foi

adicionado o pigmento e deixou-se ele dispersar por cerca de 10 minutos, pois ele tem mais

dificuldade de dispersar. Em seguida foi adicionada a dispersão polimérica, deixou-se

homogeneizar um pouco e acrescentou-se a dolomita, aumentando a agitação para 600

rpm para garantir a sua total dispersão durante 20 minutos. Foi adicionado o modificador

reológico devagar para que ele não se aglomere, e por fim adicionou-se o biocida. Deixou-

se o sistema sob agitação por cerca de 20 minutos e a agitação foi aumentada ao mesmo

passo que a mistura foi espessando para deixar um vórtice.

Depois do término do tempo. Cessou-se a agitação, passou-se a mistura em frascos

para posterior aplicação e a viscosidade inicial da membrana foi medida em viscosímetro

Brookfield RVT utilizando spindle 6 à 20 rpm. As viscosidades em todas as etapas do

trabalho foram medidas com essas especificações. Guardou-se um dos frascos para testar a

estabilidade da membrana em estufa de 60ºC por 7 dias para simular o tempo de prateleira

do material.

Foi feito inicialmente em escala menor a formulação para descobrir o poder de

espessamento de cada modificador reológico em cada formulação e baseado nesses dados,

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as formulações finais foram feitas para chegar em uma faixa de viscosidade de 10000 –

15000 cP.

Depois de formuladas as membranas dentro da faixa de viscosidade proposta, foram

feitas medições de viscosidade das formulações variando a taxa de cisalhamento para

atestar a veracidade do comportamento pseudoplástico.

No dia seguinte mediu-se a viscosidade da membrana no tempo de 24 horas, para

ter noção de quão forte é o pós-espessamento do modificador reológico. Após esta medida,

aplicou-se em uma superfície plana um plástico de tamanho 60x30 cm, preso nela com fita

adesiva de modo que ele fique completamente esticado. Depois disso mediu-se a área real

do plástico e foi calculado o quanto de membrana devia ser aplicada por demão. Devem ser

aplicados 112,5 gramas de membrana para 1800 cm² com 72% de teor de sólidos por

demão. Realizou-se as contas necessárias e foram aplicadas 4 demãos cruzadas, espaçadas

cada uma de um intervalo de quatro horas para secar todo o material.

Depois da última demão, deixou-se a membrana secar por 7 dias em ambiente

climatizado (22ºC e 50% de umidade do ar) de frente e depois ela foi virada de bruço e

deixou-se secar novamente por mais 7 dias. Retirou-se a membrana e ela foi cortada de 8 à

10 corpos de prova em prensa manual no modelo da figura 5.1, para testes mecânicos.

Figura 5.1: Molde utilizado para cortar corpo de prova

Fonte: Imagem feita pelo autor

Depois de cortados, mediu-se a espessura dos corpos de prova em três pontos

diferentes e foi feita uma média aritmética para a espessura média.

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Figura 5.2: Dimensões do corpo de prova

Fonte: Imagem feita pelo autor

Prendeu-se o corpo de prova em um dinamômetro de testes através de abas

ranhuradas e o dinamômetro foi acionado previamente ajustado às condições do teste e

aguardou-se até que ocorresse a ruptura do corpo de prova. O aparelho dá os valores de

alongamento e força de ruptura. Para o cálculo da tensão de ruptura foi utilizada a seguinte

fórmula:

(Equação 3):

100)()(

)()/( 2

mmLmme

NForçammNTensão ruptura

Ruptura

A norma pede que a membrana tenha alongamento na ruptura de 100% ou mais e

tensão de ruptura igual ou maior à 1,5 Mpa.

Com outro pedaço de membrana, cortou-se 12 corpos de prova no tamanho de 5x5

cm, foram pesados em balança analítica com 4 casas decimais e foram anotados os pesos

iniciais. Mergulhou-se todos os corpos de prova em uma bacia com água, e foram retirados

quatro corpos de prova com 24 horas de imersão, quatro corpos de prova com 3 dias de

imersão e quatro corpos de prova com 7 dias de imersão. Pesou-se todos, depois de retirar

a água em excesso, e foi calculado quanto de água foi absorvida. A norma pede que a

membrana não absorva mais que 15% em massa de água nos 7 dias iniciais.

Com outro pedaço de membrana, cortou-se 4 corpos de prova no tamanho de 10x12

cm, foram embrulhados em papel siliconado deixando somente uma face desprotegida e

L e

li

L

Onde:

li = comprimento inicial (33 mm)

L = largura inicial (6,00 mm)

e = espessura. Esta medida deve ser tomada

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foram postas em uma câmera ultra-violeta para simular as intempéries alternando de 4 em

4 horas radiação ultravioleta e condensação, durante um tempo de 300 horas. Finalizado

este tempo, retirou-se os corpos de prova do aparelho, cortou-se com o molde da figura 5.1

e foram realizados os mesmos testes mecânicos que foram descritos anteriormente. Os

corpos de prova devem obedecer as mesmas especificações também, indicando que o

material se manteve estável.

Em um espectrofotômetro Elrepho, analisou-se o teor de brancura pelo sistema

subtrativo CIE Lab para as membranas padrão e pós-envelhecida para verificar a variação

da brancura.

Figura 5.3: Da esquerda para a direita: Espectofotômetro Elrepho; Máquina de ensaios

Kratos;Viscosímetro Brookfield.

Fonte:<http://www.tainstruments.com/>

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42

6. RESULTADOS

Foram feitas quatro formulações iniciais, em escala menor, tendo como massa final

a quantidade de 400 gramas para conhecer o poder de espessamento de cada espessante e

os resultados foram os seguintes:

Tabela 6.1: Resultados iniciais de viscosidade das formulações

Rheovis

HS 1180

Natrosol

250

HHBR

Rheovis

PU 1191

Rheovis

AS 1110

Massa

espessante (g) 1,68 9,6 1,6 1,84

Viscosidade

inicial (cP) 12500 6250 4500 3250

Viscosidade 24

horas (cP) 19000 6500 7500 5000

Percentual de

espessante na

massa total (%)

0,42 2,4 0,4 0,46

Percentual de

pós-

espessamento

(%)

52,00 4,00 66,66 53,85

TNV (%) 29 5 26,1 27

Fonte: Tabela feita pelo autor

Depois de medido as viscosidades inicial e de 24 horas e foi constatado que o

espessante do tipo HASE possui poder de espessamento relativamente muito alto em

relação aos demais. Foram postas frações da membrana na estufa à 60ºC por 7 dias para

avaliar a estabilidade das mesmas. Foi constatado que as amostras de Rheovis PU 1191 e

de Rheovis AS 1110 sedimentaram, devido a sua viscosidade baixa.

Com os resultados obtidos foram feitas 4 novas formulações com ajuste de

viscosidade para a faixa de 10000 cP – 15000 cP para que elas fossem mais estáveis e que

fosse possível realizar todos os procedimentos explicados na monografia. Partindo da

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formulação inicial de cada um e feito os ajustes na viscosidade, chegou-se aos seguintes

resultados para formulação com massa total de 1200g :

Tabela 6.2: Resultados finais de viscosidade das formulações

Rheovis

HS 1180

Natrosol

250

HHBR

Rheovis

PU 1191

Rheovis

AS 1110

Massa

espessante

(g)

4,2 60,8 6,55 10,1

Viscosidade

inicial (cP) 7500 9250 7500 8500

Viscosidade

24 horas (cP) 12500 10000 10000 11500

Percentual de

espessante

na massa

total (%)

0,35 4,9 0,55 0,84

TNV (%) 29 5 26,1 27

Fonte: Tabela feita pelo autor

Constatou-se que o modificador reológico celulósico possui dificuldade para

espessar a formulação a partir de certo ponto na adição dele, tendo em vista a grande

quantidade dele que foi utilizada para alcançar a viscosidade de 10000 cP.

Com as membranas formuladas, a próxima etapa foi simular o tempo de prateleira

do material em estufa à 60ºC por 7 dias para avaliar se ele possui a estabilidade necessária

para essa condição drástica. Foi constatado que a formulação com Rheovis PU 1191

sedimentou novamente, entretanto em menor quantidade depois do tempo determinado em

estufa.

Foi realizada medições de viscosidade em um viscosímetro Brookfield para atestar

o comportamento reológico das formulações de acordo com diferentes taxas de

cisalhamento:

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Figura 6.1: Gráfico da variação da viscosidade com a taxa de cisalhamento

Fonte:Imagem feita pelo autor

Verificou-se que todas as formulações possuem comportamento reológico

pseudoplástico e que o motivo da curva do espessante PU estar mais abaixo das demais foi

a impossibilidade de medir a viscosidade da formulação com uma taxa de cisalhamento no

intervalo de 0 a 1 rpm. Dessa forma pode-se inferir que esse modificador reológico

necessita de uma pequena taxa de cisalhamento para cair drasticamente a viscosidade, o

que também explica o auto-nivelamento da formulação quando aplicada com pincel.

A próxima etapa foi a da aplicação das formulações em substrato plástico para os

próximos testes de tração, elongação, absorção de água e envelhecimento com intempéries.

Logo depois começaram os testes mecânicos e de absorção de água em paralelo.

Primeiramente foram feitos os ensaios mecânicos para averiguar se as membranas estão de

acordo com as especificações da norma 13321. Os resultados foram os seguintes:

1 2,5 5 10 20 50 100

Rheovis AS 1110 105000 50000 30000 17000 11500 5300 3250

Rheovis PU 1191 30000 22000 17000 13000 10000 5300 3150

Natrosol 250 HHBR 110000 50000 28000 16000 10000 4600 2750

Rheovis HS 1180 110000 56000 33000 19250 12500 5600 3300

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

Vis

cosi

da

de

(cP

)

Taxa de cisalhamento (rpm)

Viscosidade x Taxa de cisalhamento

Rheovis AS 1110

Rheovis PU 1191

Natrosol 250 HHBR

Rheovis HS 1180

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Tabela 6.3: Resultado dos ensaios mecânicos antes de envelhecimento

Espessura

média

(mm)

Carga

média

(kgf)

Força

ruptura

média (N)

Li

(mm)

Alongamento

na Ruptura (%)

Tensão de

Ruptura

(MPa)

Rheovis

HS 1180 1,17 1,03 10,07 33 201,89 1,45

Rheovis

AS 1110 1,08 1,04 10,23 33 190,65 1,6

Natrosol

250 HHBR 1,1 0,99 9,74 33 214,39 1,48

Rheovis

PU 1191 1,2 1,14 11,21 33 248,37 1,5

Fonte: Tabela feita pelo autor

Depois de realizados os ensaios mecânicos, foi iniciado o teste de absorção de água

das membranas formuladas e os resultados obtidos foram os seguintes:

Tabela 6.4: Resultados absorção de água (24 horas, 3 dias e 7 dias)

Massa

média (g)

Absorção

d'água 24

horas (%)

Absorção

d'água 3

dias (%)

Absorção

d'água 7

dias (%)

Rheovis

HS 1180 5,1234 7,1238 18,2695 27,9784

Rheovis

AS 1110 4,8494 10,0914 21,5144 37,4402

Natrosol

250 HHBR 4,6297 6,6051 14,172 27,6049

Rheovis

PU 1191 4,8871 5,3771 12,9716 21,7616

Fonte: Tabela feita pelo autor

Com os resultados obtidos pode-se concluir que o espessante PU proporciona a membrana

acrílica maior resistência à água em relação aos demais.

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Figura 6.2: Gráfico da absorção de água das formulações

Fonte: Imagem feita pelo autor

Depois foram realizados os experimentos de envelhecimento em câmara de UV

com duração de 300 horas com alternação de 4 horas com ciclo de exposição de

ultravioleta e de simulação de chuva. E os resultados são os seguintes:

Tabela 6.5: Resultado dos ensaios mecânicos após envelhecimento.

Espessura

média

(mm)

Carga

média

(kgf)

Força

ruptura

média (N)

Li (mm) Alongamento

na Ruptura (%)

Tensão de

Ruptura

(MPa)

Rheovis

HS 1180 1,09 1,69 16,56 33 115,97 2,53

Rheovis

AS 1110 1,2 1,82 17,87 33 125,12 2,45

Natrosol

250 HHBR 1,03 1,57 15,4 33 112,52 2,5

Rheovis

PU 1191 1,06 1,61 15,77 33 162,63 2,51

Fonte: Tabela feita pelo autor

7,12

10,09

6,61 5,38

18,27

21,51

14,17 12,97

27,98

37,44

27,60

21,76

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

Rheovis HS 1180 Rheovis AS 1110 Natrosol 250 HHBR Rheovis PU 1191

Absorção d'água (%)

24 horas 3 dias 7 dias

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Figura 6.3: Gráfico do alongamento na ruptura para as membranas antes e após envelhecimento

Fonte: Imagem feita pelo autor

Figura 6.4: Gráfico da tensão de ruptura para as membranas antes e após envelhecimento

Fonte: Imagem feita pelo autor

201,89 186,36

206,78

237,27

115,97 125,12

112,52

162,63

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

Rheovis HS 1180 Rheovis AS 1110 Natrosol 250 HHBR Rheovis PU 1191

Alongamento na Ruptura (%)

Inicial Pós-UV

1,45 1,6

1,48 1,5

2,53 2,45 2,5 2,51

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Rheovis HS 1180 Rheovis AS 1110 Natrosol 250 HHBR Rheovis PU 1191

Tensão de ruptura (MPa)

Inicial Pós-UV

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Com os resultados obtidos, observou-se que não houve variação significativa em

relação à tensão de ruptura, mas no alongamentou de ruptura o espessante PU apresentou

leve vantagem aos demais, talvez devido ao seu auto-nivelamento que proporcionou

melhor assentamento entre as demãos da aplicação. Os resultados manteram-se

proporcionais com o envelhecimento com UV.

Foi feito uma análise de brancura de acordo com o modelo colométrico CIELab

com as membranas antes e após envelhecimento em um espectofotômetro Elrepho e foi

medido a variação de brancura de cada formulação:

Tabela 6.6: Variação de brancura das formulações padrões e envelhecidas

Rheovis

HS 1180

Rheovis

AS 1110

Natrosol

250 HHBR

Rheovis

PU 1191

Brancura da amostra

padrão (%) 80,45 80,52 80,06 81,32

Brancura da amostra

envelhecida (%) 40,36 47,17 42,13 59,88

Variação de brancura

(%) 40,09 33,35 37,93 21,44

Fonte: Tabela feita pelo autor

Basedo nos resultados obtidos, pode-se inferir que o espessante PU proporciona

melhores resistência às intempéries devido a uma menor variação no teor de brancura, o

que evidencia menor decomposição das substâncias na formulação pela ação da radiação

UV.

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49

7. CONCLUSÕES

Por ser um estudo comparativo, o objetivo foi analisar as características que os

modificadores reológicos poderiam influenciar para uma mesma formulação de

membrana acrílica. Logo, embora três delas não tenham alcançado a tensão de

ruptura mínima de acordo com a norma, esse problema poderia ser facilmente

contornado diminuindo um pouco o percentual da dispersão polimérica na mistura

ou aumentando o número de demãos de quatro para seis ou oito ou principalmente

utilizar um polímero na fórmula que tenha menor tendência de absorver água.

A formulação que obteve ligeiramente melhores resultados mecânicos no geral foi

a Rheovis PU 1191. Isso pode ser explicado pelo ótimo nivelamento da formulação,

facilitando o assentamento do impermeabilizante na superfície aplicada.

No quesito absorção d´água, a formulação que utilizou o espessante poliuretânico

obteve melhor resultado devido principalmente ao mecanismo de estabilização de

cargas da mistura e pela microestrutura química do modificador reológico ser

anfipática.

A análise de viscosidade contra taxa de cisalhamento, demonstrou que todas as

formulações tem comportamento pseudoplástico.

A formulação com Rheovis PU 1191 apresentou sedimentação após período de sete

dias em estufa a 60ºC o que sugere que ela apresente menor estabilidade dentre

todas as formulações. Isso acontece devido ao mecanismo dos modificadores

reológicos HEUR não promover ligações tão fortes quanto os mecanismos dos

outros modificadores reológicos e também devido a sua microestrutura química não

ser totalmente compatível com ácido acrílico e seus derivados. Dessa forma, seria

necessário um aumento percentual desse modificador reológico na formulação que

garantiria maior estabilidade.

O modificador reológico Rheovis PU 1191 promove melhoria significativa no que

tange a resistência às intempéries. Pode-se concluir isso a partir dos ensaios

mecânicos e principalmente na menor variação do teor de brancura da membrana

acrílica após envelhecimento em câmara de UV.

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Também pode-se inferir que o modificador reológico Rheovis PU 1191 pode

promover uma melhoria relevante na incorporação do pigmento a formulação visto

que o teor de brancura inicial é mais alto do que as outras formulações.

De maneira geral, pode-se concluir que diferentes tecnologias de modificadores

reológicos promovem mudanças em algumas características na aplicação de

membranas acrílicas, mesmo estando em quantidades relativamente menores de

massa do que outros itens da formulação. Os mecanismos de cada modificador

reológico e também microestrutura química favorecem e desfavorecem em

determinadas situações. O modificador reológico que se sobressaiu perante aos

outros foi o poliuretânico por promover melhorias significativas dentre os outros.

8. TRABALHOS FUTUROS

Realizar estudo com ensaios semelhantes aos utilizados nessa monografia, porém

com resina polimérica que proporcione melhores propriedades mecânicas e menor

absorção de água;

Realizar estudo para verificar a influência de um plastificante em conjunto de

diferentes tecnologias de modificadores reológicos aplicados em membrana acrílica

impermeabilizante;

Realizar estudo para observar os resultados que mistura de diferentes tecnologias

de modificadores reológicos aplicados na mesma menbrana acrílica podem conferir

na aplicação.

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51

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