29
INVESTIGACIÓN-SISTEMATIZACIÓN OSALA Nombre de la Experiencia A EXPERIÊNCIA DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA DA FAMÍLIA STEFAN EVALDT: AGROBIODIVERSIDADE, SUCESSÃO FAMILIAR E MERCADOS LOCAIS. Lugar Comunidade Três Passos, município de Morrinhos do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Resumen A família Stefen Evaldt vive no município de Morrinhos do Sul, na comunidade Três Passos, a qual se localiza na região geográfica do Litoral Norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, mais precisamente na escarpa da Serra do Mar. Está é uma das regiões mais tropicais do estado do Rio Grande do Sul e onde ocorrem as maiores precipitações pluviométricas, cerca de 1800 mm por ano, sendo o local onde entra no estado a Floresta Ombrófila, a Mata Atlântica strictu senso, um dos ecossistemas com a maior biodiversidade do mundo. A família é composta pelo casal Valdeci e Zelma, pelos seus filhos Elias, Marta e Messias, e pelo neto Gabriel, que é filho da Marta. Marta está concluindo a construção de uma casa no município vizinho, Três Cachoeira, e em breve está indo morar lá. A experiência desta família mostra um exitoso e avançado processo de transição agroecológica e de soberania alimentar, tanto da família como das redes as quais esta está inserida. As principais atividades produtivas para a comercialização são a produção diversificada de hortaliças, produção de bananas em Sistema Agroflorestal (SAF) e o processamento da polpa da palmeira juçara (Euterpe edulis), além de diversas plantas de lavoura. A comercialização destes produtos é realizada principalmente em quatro feiras de agricultores nos municípios de Caxias do Sul, Canoas, Porto Alegre (bairro Menino Deus) e de Torres, além de comercializarem para duas cooperativas de consumidores da região e para a vizinhança. A produção de alimentos para o autoconsumo é extremamente importante para o bem estar e autonomia da família, a qual estima- se corresponder cerca de 25% da receita da família. Eles produzem diversas frutas, duas variedade de soja, cinco de arroz, feijões, cana-de-açúcar, palmito, milhos, uma infinidade de hortaliças, criação de animais (gado de leite, aves e suínos) e entre outros. Um ponto a ser destacado desta experiência é que Elias e Messias, filhos do casal, permanecem e pretendem permanecer trabalhando com agricultura na propriedade, muito devido à participação nas tomadas de decisão de na distribuição dos recursos financeiros. Desde o início do processo de transição agroecológico, a família recebe a assessoria técnica da organização não governamental (ONG) Centro Ecológico (CE) que atua na região do Litoral Norte desde meados da década de 90 desenvolvendo atividades relacionadas à Agroecologia. A família está inserida em várias organizações, podendo citar a Associação de Agricultores Ecologistas de Morrinhos do Sul (APEMSUL), a cooperativa ECONATIVA e a Rede Ecovida de Agroecologia, além de estar articuladas em diversas redes como com cooperativas de consumidores de produtos ecológicos e com o Movimento dos Pequenos Agricultores. A família se tornou referencia em agroecologia na região e nos últimos anos vêm recebendo muitas visitas de pessoas e grupos para conhecer sua experiência. Com o aumento da periodicidade destas visitas, a família começou a oferecer almoços feitos principalmente com os alimentos produzidos na propriedade e na região e a cobrarem por este serviço, dando início a um tipo de turismo rural e de estudos. Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 1

Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

INVESTIGACIÓN-SISTEMATIZACIÓN OSALA

Nombre de la Experiencia

A EXPERIÊNCIA DE TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA DA FAMÍLIA STEFAN EVALDT: AGROBIODIVERSIDADE, SUCESSÃO FAMILIAR E MERCADOS LOCAIS.

Lugar

Comunidade Três Passos, município de Morrinhos do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

Resumen

A família Stefen Evaldt vive no município de Morrinhos do Sul, na comunidade Três Passos, a qual se localiza na região geográfica do Litoral Norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, mais precisamente na escarpa da Serra do Mar. Está é uma das regiões mais tropicais do estado do Rio Grande do Sul e onde ocorrem as maiores precipitações pluviométricas, cerca de 1800 mm por ano, sendo o local onde entra no estado a Floresta Ombrófila, a Mata Atlântica strictu senso,

um dos ecossistemas com a maior biodiversidade do mundo.A família é composta pelo casal Valdeci e Zelma, pelos seus filhos Elias, Marta e Messias, e pelo neto Gabriel, que é filho da Marta. Marta está concluindo a construção de uma casa no município vizinho, Três Cachoeira, e em breve está indo morar lá. A experiência desta família mostra um exitoso e avançado processo de transição agroecológica e de soberania alimentar, tanto da família como das redes as quais esta está inserida.As principais atividades produtivas para a comercialização são a produção diversificada de hortaliças, produção de bananas em Sistema Agroflorestal (SAF) e o processamento da polpa da palmeira juçara (Euterpe edulis), além de diversas plantas de lavoura. A comercialização destes produtos é realizada principalmente em quatro feiras de agricultores nos municípios de Caxias do Sul, Canoas, Porto Alegre (bairro Menino Deus) e de Torres, além de comercializarem para duas cooperativas de consumidores da região e para a vizinhança. A produção de alimentos para o autoconsumo é extremamente importante para o bem estar e autonomia da família, a qual estima-se corresponder cerca de 25% da receita da família. Eles produzem diversas frutas, duas variedade de soja, cinco de arroz, feijões, cana-de-açúcar, palmito, milhos, uma infinidade de hortaliças, criação de animais (gado de leite, aves e suínos) e entre outros.Um ponto a ser destacado desta experiência é que Elias e Messias, filhos do casal, permanecem e pretendem permanecer trabalhando com agricultura na propriedade, muito devido à participação nas tomadas de decisão de na distribuição dos recursos financeiros.Desde o início do processo de transição agroecológico, a família recebe a assessoria técnica da organização não governamental (ONG) Centro Ecológico (CE) que atua na região do Litoral Norte desde meados da década de 90 desenvolvendo atividades relacionadas à Agroecologia. A família está inserida em várias organizações, podendo citar a Associação de Agricultores Ecologistas de Morrinhos do Sul (APEMSUL), a cooperativa ECONATIVA e a Rede Ecovida de Agroecologia, além de estar articuladas em diversas redes como com cooperativas de consumidores de produtos ecológicos e com o Movimento dos Pequenos Agricultores. A família se tornou referencia em agroecologia na região e nos últimos anos vêm recebendo muitas visitas de pessoas e grupos para conhecer sua experiência. Com o aumento da periodicidade destas visitas, a família começou a oferecer almoços feitos principalmente com os alimentos produzidos na propriedade e na região e a cobrarem por este serviço, dando início a um tipo de turismo rural e de estudos.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 1

Page 2: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Palabras clave

Produção; manejo florestal; sementes crioulas; construção de conhecimentos agroecológicos; canais curtos de comercialização, pequenos/as agricultores/as.

Persona sistematizadora

a) Nombre: Gustavo Ayresb) Contacto: [email protected] c) Relación con la experiencia:A família faz parte da minha rede pessoal de contatos, a qual foi sendo construída nos últimos anos na militância relacionada aos assuntos como a Agroecologia e a Soberania Alimentar, além do contato com outros atores sociais que também estão envolvidos com o processo desta família.A primeira vez que tive contato com a família foi em 2007, durante uma atividade de uma disciplina da universidade. A maior aproximação ocorreu durante a execução do projeto “Fortalecimento das Agroflorestas no Rio Grande do Sul: formação de redes, etnoecologia e segurança alimentar e nutricional”, o qual integrei a equipe executora nos anos de 2011 e 2012. Dentre as atividades do projeto estavam a realização de sistematizações de experiências em agroflorestas no RS e de trocas de experiências sobre este tema. Em 2012 fiz parte da equipe que realizou a sistematização de experiência em agroflorestal da família Stefan Evaldt e o “Encontro de Trocas de Experiência em Agroflorestas do Litoral Norte do RS”, encontro o qual parte foi realizada na propriedade da família. Ainda, como parte do projeto, realizamos em 2012 o “I Seminário sobre Agroflorestas do RS”, onde houve a participação da família fazendo o relato de sua experiência com o manejo florestal.Foi neste contexto que fui me acercando da família e dos atores sociais que atuavam conjuntamente com ela.

Fecha de fin de la Sistematización

20 de março de 2013

Contacto de la experiencia

O contato com a família Stefan Evaldt se dá através da ONG Centro Ecológico do Litoral Norte:- Telefone: (51)36640220- Email: [email protected] Endereço eletrônico: www.centroecologico.org.br/

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 2

Page 3: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Descripción de la Experiencia

1. Nombre de la experienciaA experiência de transição agroecológica da família Stefan Evaldt: agrobiodiversidade, sucessão familiar e mercados locais.

2. LugarComunidade Três Passos, município de Morrinhos do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil.

3. Contexto geográficoA cidade de Morrinhos do Sul se localiza na escarpa da Serra do Mar no Litoral Norte do Rio Grande do Sul (RS). É uma das regiões mais tropicais do estado e com maior precipitação pluviométrica, cerca de 1800 mm por ano. Nesta região é por onde entra a Floresta Ombrófila Densa no RS, a Mata Atlântica strictu sensu.

4. Actividad/objetivosSão realizadas diversas atividades na propriedade, tendo como os principais objetivos a produção de alimentos para o autoconsumo e a geração de renda principalmente para os filhos, procurando gerar condições para a permanência destes na propriedade e proporcionar maior autonomia e independência à família. As atividades realizadas na propriedade são a produção diversificada de alimentos para o autoconsumo e a comercialização do excedente, a produção diversificada de hortaliças, a produção de bananas em Sistema Agroflorestal, a produção de polpa através do processamento do fruto da palmeira juçara (Euterpe edulis). As hortaliças, a banana e a polpa, além da produção excedente para o autoconsumo, são comercializados em quatro pontos de feira em diferentes municípios do RS, para duas cooperativas de consumidores de produtos ecológicos e através de uma cooperativa de produtores. Outra atividade que vem sendo desenvolvida nos últimos anos é a realização de almoços na casa da família, o qual é oferecido aos grupos de pessoas que vem constantemente visitar a propriedade para conhecer a experiência da família.

5. Actores implicados en la experienciaNo transcorrer da história da família Stefan Evaldt, estes estiveram envolvidos com diversos atores sociais, em diferentes graus de envolvimento e em diferentes momentos.

Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Pastoral da Juventude Rural (PJR): tiveram grande importância no processo de formação política da juventude rural da região, na organização dos agricultores e na discussão e reflexão sobre modelos de agricultura.

Centro Ecológico (CE): foi a organização que proporcionou espaços de capacitação em agricultura ecológica e deu assessoria técnica no início do processo de transição agroecológica, a qual atua até hoje na região e trabalha com a família. Técnicos do CE salientaram a importância do trabalho da CPT e da PJR com os agricultores como algo bastante relevante e que ajudou e facilitou muito o início do trabalho deles.

Associação do Agricultores Ecologistas de Morrinhos do Sul (APEMSUL): grupo que contem atualmente 7 sócios e o qual a família é sócia fundadora, iniciado no começo da atuação do CE na região.

Rede Ecovida de Agroecologia: organização que se constituiu com o principal objetivo de suprir a demanda pela certificação de produtos orgânicos, mas, além disso, proporciona outras coisas para os agricultores como, por exemplo, realização de cursos e de espaços para a troca de experiências

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 3

Page 4: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

entre os agricultores. A família participa da rede desde seu processo de fundação através da APEMSUL.

Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA): a família tem menor grau de envolvimento e um contato mais recentes com o MPA em relação às organizações anteriores, mas também participam de espaços promovidos pelo movimento.

Em seu processo de transição agroecológica, a família se relacionou com as organizações supracitadas, as quais possuem uma atuação reconhecida na busca de alternativas ao modelo excludente de agricultura gerado com o processo de “modernização”. Cabe salientar, a disposição da família para tal envolvimento, propondo-se a participar dos diversos espaços proporcionados por estas organizações.

6. Formas de organización interna y relaciones con otros actores e iniciativasCentro Ecológico (CE): foi a organização que proporcionou espaços de capacitação em agricultura ecológica e deu assessoria técnica no início do processo de transição agroecológica, a qual atua até hoje na região e trabalha com a família. Técnicos do CE salientaram a importância do trabalho da CPT e da PJR com os agricultores como algo bastante relevante e que ajudou e facilitou muito o início do trabalho deles.

APEMSUL: a associação foi a primeira forma de organização criada logo no início do processo de transição agroecológica, em 1997. Foi através desta associação que os agricultores passaram a se organizar para conseguir espaços de comercialização em conjunto, adquiriram um caminhão para levar os produtos para as feiras e uma casa de maturação de banana.

Rede Ecovida de Agroecologia: foi contituida em 1998 e com o principal objetivo a certificação de produtos orgânicos.

Cooperativas de consumidores de Produtos Ecológicos: a família comercializa seus produtos para duas cooperativas de consumidores, a COPET que fica no município de Três Cachoeira e a Ecotorres que fica no município de Torres.

Cooperativa Regional dos Produtores Ecologistas do Litoral Norte do RS e Sul de Santa Catarina (Econativa): são sócios fundadores da cooperativa e esta tem como principal finalidade fortalecer os agricultores para a realização da comercialização de seus produtos. A família comercializa principalmente a polpa dos frutos da palmeira juçara através da cooperativa.

MPA: participam de atividades promovidas pelo movimento.

7. Datos económicos de la experiencia o viabilidad económicaDevido à complexidade da experiência da família, o que proporcionou analisar diversos outros aspectos, e também pela infinidade de produtos produzidos, optou-se por não realizar uma análise econômica mais apurada, pois tomaria muito tempo do processo de sistematização e consequentemente levaria a uma análise superficial de outros elementos importante da experiência.Porém, com o convívio com a família e em conversas sobre questões produtivas, é possível fazer uma estimativa da composição da renda da família. Estima-se que cerca de 40% da renda familiar provém da comercialização de hortaliças, cerca de 30% da venda de bananas, 18% da produção vegetal e animal para o autoconsumo, 10% da venda de polpa de juçara e 2% da realização de almoços para os visitantes.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 4

Page 5: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

8. Tamaño físico (ha o alcance territorial) y social de la experiencia (+ nº mujeres/hombres)

A família é composta pelo casal Valdeci e Zelma, seus filos Messias e Elias e do neto Gabriel, que é filho de Marta, filha do casal, que mora em uma casa separada presente na mesma propriedade e atualmente está terminando a construção de uma casa no município vizinho e pretende ir morar lá. A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados.

9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)A família é de descendência alemã e tanto Valdeci como Zelma nasceram no município de Morrinhos do Sul. Valdeci desde que nasceu mora na mesma propriedade. Já Zelma quando criança foi morar em Santa Catarina, no município de Mundaí, mas seguindo vinha visitar seus parentes em Morrinhos do Sul. Foi numas destas visitas que Zelma conheceu o Valdeci. O casal casou-se em 1984 e foram morar na propriedade da família do Valdeci. Naquela época praticavam uma agricultura tradicional, agricultura de queimada, faziam o rodizio das áreas de cultivo, deixando a regeneração da floresta recuperar a fertilidade do solo. O pai da Zelma vendeu as terras que possuía no Paraná e comprou terra no Mato Grosso do Sul. Isso ocorreu 1 ano após o casal se casar. Lá moraram por dois anos e foi onde tiveram o primeiro filho, o Elias. Lá tiveram que desbravar o mato e construir tudo do zero. O pai do Valdeci havia ficado doente e então, 2 anos depois, resolveram voltar para Morrinhos. Quando chegaram, os bananais estavam muito atacados pelo mal-do-Panamá e aos poucos foram sendo eliminados e sendo substituídos por outras variedades de bananas mais resistentes. Valdeci e seu pai sempre gostaram muito de cultivar arvores pela propriedade e estas vieram por conta nos novos bananais. Por volta de 1995, Valdeci começou a participar de uma associação de produtores de banana do município e foi incentivado a utilizar insumos convencionais. Comprou 10 sacos de adubo e 1 litro de herbicida. O herbicida não usou meio frasco e adubo usou até terminar e depois não comprou mais. Naquela época vendiam a banana somente para os caminhoneiros e atravessadores. Entre 1996 e 1997, a família passou a receber assessoria da ONG Centro Ecológico que vinha desde 1995 incentivando agricultores da região a manejar sua propriedade de forma ecológica. Neste processo, em 1997 é constituída a Associação dos Produtores Ecologistas de Morrinhos do Sul (APEMSUL) a qual a família integra até os dias de hoje. Depois disso, a família passou a participar de diversas atividades relacionadas a Agroecologia a Soberania Alimentar, o que fez que com eles se qualificassem e tornassem referência sobre essas temáticas e outras na região. Além da diversificada produção para o autoconsumo e venda e a comercialização em diversos espaços, como feiras e cooperativas de produtores, a família destaca-se com a sua experiência no manejo agroflorestal e no trabalho com a despolpa da palmeira juçara. Devido a êxito de sua experiência e a riqueza de aspectos a serem vistos, imitados e analisados, a família recebe muitos visitantes todos os anos.

Metodología

A sistematização da experiência foi realizada buscando dar mais visibilidade aos aspectos sobre a agrobiodiversidade relacionada às questões produtivas, a sucessão familiar e aos espaços de comercialização. Durante a realização da sistematização de experiências inspirou-se em elementos do método etnográfico e da observação participante para o acompanhamento do trabalho cotidiano da família. Foi utilizado o caderno de campo para o registro escrito das conversas e experiências vivenciadas e uso de máquina fotográfica para o registro visual. No decorrer das atividades, foram elaborados questionários semiestruturados que serviam de lembrete e orientação para as conversas durante a vivência com a família.Além disso, foram utilizadas técnicas participativas. Foi feito o calendário de produção agrícola, com a intensão de discutir e visualizar o período em que cada espécie vegetal é cultivada, assim como saber a origem dos materiais propagativos e quais tarefas são realizadas por cada membro da

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 5

Page 6: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

família. Também foi feito um mapa de fluxo de produção, para permitir a visualização das formas e pontos de comercialização, quais produtos iam para cada ponto e quem era responsável pela comercialização, além gerar a discussão sobre a divisão dos recursos dentro da família. Outra técnica utilizada foi o desenho do mapa da propriedade, onde pode-se visualizar o tamanho da propriedade, a dimensão das diferentes áreas e atividades produtivas, os corpos de água presentes na propriedade e entre outros aspectos.

Dimensiones de la Agroecología y Género

DIMENSÃO ECOLÓGICO-PRODUTIVA

(i) Unidad Produtiva

Tamanho da propriedade: 13,8 ha são próprios e 2,5 ha são arrendadosSituação da posse da terra: A escrita de 11 ha está em nome de Valdeci e 2,8 ha estão em nome de ZelmaComposición da familia: A família é composta pelo casal Valdeci (53 anos) e Zelma (47 anos), pelos filhos Elias (27 anos) e Messias (25 anos) e pelo neto Gabriel (11 anos), o qual é filho da Marta (23 anos), filha do casal que está se organizando para ir morar em outro município

(iii) Manejos agroecológicos

Conservação do solo

Em conversa com a família, a mesma comentou que há diversidade em relação à qualidade do solo, mas que de maneira geal o solo na propriedade é bom.

A família afirmou não haver problemas de erosão na área. Durante o processo de sistematização, não foi avistado regiões com problema de erosão, sendo que a maior parte das áreas de cultivo estavam cobertas com cultivos, o uso do solo é bastante intensivo e em poucos momentos ficam descoberto. As áreas de hortaliças são alternadas com as áreas de plantas de lavoura, havendo a rotação de cultivos. Essas áreas é onde há a maoir mobilização do solo para a prepração de canteiro e são as áreas mais planas da propriedade. A cada ano, os canteiros de hortaliças ficam cerca de 2 meses sem serem cultivados, em pousio, e então é feita uma roçada e preparados novos canteiros. As áreas com maior declividade são manejadas em Agrofloresta, com o cultivo permanente de banana, possuindo muita cobertura morta sobre o solo com diferentes tamanhos de partículas, havendo folhas, galhos e tocos.

É empregado o uso de adubação verde, diversos consórcios, a sucessão e rotação de cultivos, a prática do pousio e o cultivo em curva de nível.As áreas mais declivosas são destinadas ao cultivo permanenete de banana manejada em Agrofloresta, áreas onde há grande quantidade de cobertura morte sobre o solo.

Rotações e sucessões:É realizada a rotação entre as áreas de cultivo de plantas de lavouras (milho, aipim, feijão, soja, arroz e outras) e as de hortaliças. Em cada ano as plantas de lavoura são cultivadas em áreas diferentes, e onde no ano anterior era lavoura são preparados canteiros para o cultivo de hortaliças ou são cultivadas diretamente no solo, dependendo da espécie. Além disso, nos canteiros procura-se não repetir um mesmo cultivo.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 6

Page 7: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Principais consórcios empregados:

- Rúcula com cenoura: é feito risco perpendiculares no canteiro com uma e é semeada uma linha de rúcula e outra de cenoura utilizando ferramenta feita por um vizinho. A ferramenta é um cano de PVC com um corpo de caneta conectado a ponta. - Milho com repolho: quando semeiam o milho no cedo, o mesmo é semeado em consórcio uns 15-20 dias depois do plantio de repolho.- Beterraba com rabanete ou rúcula.- Espinafre com cenoura. - Salsa com rabanete.- Salsa com rúcula.- Banana cultivada em SAF, onde contem espécies como a palmeira juçara, a licurana, embaúba, canjerana e entre outras.- Inhame com couve.

Biodiversidade Vegetal

Tipo de cultivos, nº de variedades, procedência, quem produz o material propagativo e quem maneja as plantas: Ver a Tabela 2.

Cerca de 50% dos materiais propagativos utilizados na propriedade são de produção própria.A maior parte das sementes comrpadas são convencioais, cerca de 80%.

Zelma é quem seca e conserva as sementes de hortaliças e entre outras, guardando em vidros no frezer. Valdeci é responsável por armazenar os materiais propagativos das plantas de lavoura.Faz 2 anos que eles utilizam o calendário biodinâmico para a realização de plantios e semeaduras

Utilização de policultivos: er Cuestión “2. Conservação do solo”, Atributo “Utilização de sucessões, rotações e associações de cultivos.”

Biodiversidade Animal

Espécies, quantidade, nº de raças, procedência e quem maneja os animais criados na propriedade:Ver Tabela 3

Zelma é quem cuida dos animais. Os demais membros da família as vezes ajudam ou só os cuidam na ausência de Zelma.

Produtos de origem animal para o consumo da família: Gado de leite: tiram leite para o consumo da família e é realizados o beneficiamento de alguns produtos, como o queijo e nata. As vezes criam um terneiro para a produção de carne. O gado quando é abatido, sua carne é compartilhada com os vizinhos. Os vizinhos quando abatem um gado, fazem o mesmo.

Galinhas: ovos e carne. Suínos: abatem de 2 a 3 suínos por ano.

Comercializam em média 10 dúzias de ovos por semana.A família recebe seguidamente visitas em sua propriedade para conhecerem sua experiência de transição agroecológica, e nestas visitas são servido almoços compostos praticamente com alimentos produzidos na propriedade. As carnes produzidas na propriedade não são vendidas diretamente, e sim seridas nstes almoços. As galinhas abatidas na propriedade são praticamente todas utilizadas para serem servidas nos almoços. As carnes de gado e de suíno produzidas, também são utilizadas para os almoços.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 7

Page 8: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Os bovinos são criados em uma área de potreiro de cerca de 2 ha. See principal alimentando é do pasto produzido nesta área. As sobras dos cultivos, poucas vezes são destinadas para dos bovinos.

A prioridade do destino das sobras dos cultivosé para as galinhas e porcos, principalmente as hortaliças que não são aproveitadas e bananas. Também são produzidos mandioca, cana-de-açucar e milho para a alimentação dos animais. Assim, cerca de 90% da alimentação dos animais é proveniente da propriedade. O restante provem de ração comprada em uma cooperativa de venda de insumos, a COPERJI. Compram ração convencional para os animais, por que não encontram orgânica, certificada. Estão tendo dificuldades para encontrar insumos orgânicos certificados para a alimentação animal.

Pragas e doenças

Ocorrência de pragas e doenças: espécie atacada, pragas e doenças e formas de tratamento: Ver tabela 4

De maneira geral não foram identificados problemas graves de ocorrência de pragas e doenças na propriedade. A intensidade na ocorrência de pragas e doenças varia de ano para ano, podendo ser o ataque mais severo em algum determinado cultivo. Porém, devido a utilização alta diversidade de cultivos as infestações não ameaçam a produção na propriedade, pois normalmente a maior parte dos cultivos não são atingidos de forma a prejudicar de forma significativa a produção. Uma das doenças mais graves presentes na região é o mal-do-Panamá, que inviabilizou a produção de diversos bananais convencionais, mas nas áreas produtivsas da família a doença encontra-se controlada devido ao manejo do bananal de forma orgânica e em Agrofloresta.

Plantas espontâneas

Formas de controle:Banana: é feito roçada com a utilização de roçadeira costal ou com foice cerca de duas vezes por ano.Hortaliças: é utlizada a roçadeira e encanteiradora puxadas por um microtrator para preparação de canteiros. O preparo do solo nos canteiros já feitos, no início do ciclo de um novo cultivo, é realizada a capina com a enxada. Nos canteiros onde já há plantas crescendo, o controle de plantas espontâneas é realizado através do arranquio manual, e quando possível também é utilizada a enxada.Plantas de lavoura: são capinados com a enxada de 2 a 3 vezes, dependendo do cultivo

(iii) Insumos

Uso de fertilizantes: Tabela 1.

Elias é quem mais realiza a tarefa de adubar as plantas e o único a utilizar o moto pulverizador para a adubação do bananal. Os demais membros da família também ajudam na tarefa de adubar. As plantas que são cultivadas a partir de sementes, sendo estas semeadas diretamente no solo, o canteiro é todo adubado. O adubo é espalhado com a pá e incorporado superficialmente ao solo através do uso do garfo. As plantas que são cultivadas de muda, como por exemplo o repolho e a beterraba, o adubo é colocado do lado da muda de uma semana a 15 dias após o plantio nas mudas que estiverem bem pegadas.

Nas bananeiras, o adubo é colocado na parte de cima do broto novo. A palha que está sobre o solo é retirada para a colocação do adubo. O soro de leite, urina de vaca e o gigamix são aplicados com

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 8

Page 9: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

o moto pulverizador.As plantas de lavoura não são adubadas, aproveitado somente a adubação residual que é utilizada nas hortaliças.

Os restos de alimentos, das hortas e bananas que podem ser utilizadas para alimentação animal são dados para os suínos e galinhas. Os demais resíduos são colocados no Quintal Agroflorestal para adubação. Os estercos da propriedade são utilizandos na horta, mas representam uma pequena procentagem do total de fertilizantes utilizados. Estão testando a produção de alguns biofertilizantes, mas é pouco representativo.

Cerca de 90% dos fertilizantes utilizados na propriedade são provenientes de fora, considerando a quantidade utilizada e não o número de produtos.

A família não identifica algum tipo de problema no solo.

Formas de preparo do solo: Canteiros: as hortaliças cultivadas em canteiros, o solo é preparado com a enxada rotativa com encanteiradora puaxa por um microtrator.Direto no solo: é feito a capina com a enxada e o plantio e covas pequenas necessárias para o plantio de cada expécie.

Só quem utiliza o trator para a preparação de canteiros é o Elias. As plantas que são cultivadas diretamente no solo, o preparo é feito por todos os membros da família

A água provem de uma nascente na propriedade.

Foi realizada análise microbiológica e química da água e está encontra-se em ótimas condições para o consumo humano e animal. Água nunca falta na propriedade.

Nas nascentes e arroios é deixada a regeneração natural da vegetação nativa, que na região é de floresta.

A casa possui fossa séptica com 3 caixas, com a existência de caixas separadas para as águas negras (banheiro) e cinzas (cozinha).

Para a irrigação, possuem 4 aspersores que são movimentados pela propriedade de acordo com a necessidade, porém é possível fazer funcionar somente um de cada vez. A água é captada através de mangueiras pretas de um arroio que passa pela propriedade. Nas áreas de maior altitude, pela alta declividade, a água que vem pela mangueira possui maior pressão é distribuída nas áreas produtivas somente pela gravidade. Nas áreas mais baixas, devido ao relevo plano e a grande extensão da área, a água perde pressão e é necessária a utilização de um motor para bombear a água e fazer mover os aspersores.

Não possuem Sistema de recliclagem de água.

Utilização de agrotóxicos e adubos sintéticos

Não utilizam. A família do Valdeci sempre praticou uma agricultura tradicional, sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Antes de iniciarem o trabalho com a “agricultura ecológica”, por volta de 1995, Valedci começou a participar de uma associação de banancultores da região, e integrar esta assoociação teria que começar a utilizar adubos e agrotóxicos. Valdeci comprou 1 litro de “mata mato” e 10 sacos de adubo. O mata mato foi utilizado foi utilizado poucas vezes e

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 9

Page 10: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

dize que “se fosse para fazer aquilo ele largava a agricultura”. O adubo foi utilizado até acabar e a família nunca mais adquiriu nenhum agrotóxico e nem adubos sintéticos.

A família aduba as plantas pela experiência e pela observação da resposta no desenvolvimento dos cultivos. Após a decisão tomada pelo núcleo da Rede Ecovida o qual a família integra de não mais utilizar cama de aviário para a adubação, a família vem testando diferentes materiais para serem utilizados como fertilizantes.

A maior parte dos adubos utilizados vem de fora, quase 100%.

Usam os estercos da propriedade, mas é pouco representativo.

Instalções, equipamentos, maquiária e implementos

Instalações da propriedade:Galinheiro com estábulo, chiqueiro, estufa para produção de mudas de hortaliças e 2 galpões.

Instalações da associação: A APEMSUL possui uma câmara fria para maturação da banana.

Forma de aquisição das instalações coletivas: A associação se articulou para reivindicar a câmara fria, e através da prefeitura e de um deputado conseguiram recursos a fundo perdido para a construção da câmara de maturação de banana.

Possuem um moto pulverizador, um microtrator, enxada rotativa encanteiradora e carreta para o microtrator, uma roçadeira e uma motosserra.

Não utilizam mais a tração animal e venderam sua junta de boi, que era utilizada principalmente para transportar a banana. Até 2005 utilizavam somente tração animal na propriedade e pararam de utiizar quando compraram o microtrator.

Principalmente o Elais é quem utiliza as máquinas, e as vezes o Messias. Zelma e Valdeci não mexem nas máquinas. Elias é quem faz a manutenção de todas as máquinas e equipamentos.

Veículos

Possuem uma saveiro para o transporte de insumos e comercialização dos produtos. A associação (APEMSUL) possui um caminhão para o transporte dos produtos para a comercialização em feiras.

A família adquiriu o primeiro carro por volta de 2006/2007, um Fiat Uno Mile antigo. O que os motivou a comprar este carro foi o início da feira de Torres, para fazer o frete dos produtos. Mas o Uno estragava muito e a família resolveu comprar outro carro, adquirindo em 2007 a saveiro ano 98.

A saveiro pertence a Elias e foi adquirida com a ajuda do Vô, quem emprestou o dinheiro e permitiu que o neto fosse pagando aos poucos, com os recursos que foram sendo gerados pela comercialização na feira.

Energia

Não possuem nenhuma forma de produção própria de energia. Utilizam a rede elétrica pública.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 10

Page 11: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

(iv) Transformação alimentárias

Quais tranformações alimentárias são realizadas, quem realiza, infraestrutura e equipamentos utilizados, destino da produção, legalização, receberam capacitaçõe: ver Tabela 5

Zelma inventou um sagu de açaí, que é muito elogiado. Foi realizada na região uma festa do açaí, e os membros do Centro Ecológico haviam pedido para os agricultores e agricultoras inventarem receitas com a fruta. Depois do evento, Zelma fez um sagu de açaí, pois a sua família sempre fazia sagu com diversas frutas. Também, fez pudim de açaí. Todas as duas receitas foram e são muito elogiadas.

Zelma mistura farina de soja em quase todos os pães que faz, com o objetivo de diminuir o uso da farinha de trigo e para utilizar melhor os alimentos que produzem na propriedade.

As receitas da família é a Zelma quem desenvolve, adapta a seu modo os conhecimentos que vem passando de geração em geração e também a troca de conhecimentos entre os visinhos.

No ano de 2012 foi construído um espaço para o processamento da polpa da juçara, porém o mesmo ainda não está legalizado. A família foi quem pagou os materiais e a mão de obra para a construção da agroindústria e os equipamentos foram adquiridos através de projeto feito pelo Centro Ecológico, onde adquiriram freezers, despolpadora e embaladora.

A família vem enfrentando algumas dificuldades para regularizar a produção para a venda de polpa da juçara e de banana passas. Banana passas só comercializam na feira de Canoas. Não estão produzindo maiores quantidades de bananas passas, pois a fiscalização já pegou o produto deles em Canoas e pediu para que fosse colocado rótulo no produto.

(v) Autoconsumo

Estimativa da parcela da renda que provém da produção para o autoconsumo: cerca de 18%.

Compram basicamente sal, açucar branco, farinha de trigo e café. Compram também algumas guloseimas, “porcarias” como disse a família.

Estima-se que cerca de 95% dos alimentos são produzidos na propriedade ou trocado com os vizinhos.

(vi) Outras atividades na propiedade

Realização de visitas guiadas à propriedade e preparação de almoços aos visitantes.

Estas atividades iniciaram em dialogo com o pessoal do CE, a família combinou que quando eles trouxessem visitantes para conhecer sua experiência, estes almoçassem com eles e pagassem um determinado valor, pois os visitantes passavam a manhã na propriedade, depois iam comer em Três Cachoeiras para logo voltar à tarde.Além disso, ao almoçarem com a família, os visitam podem continuar a conversar, o que proporciona uma maior interação e também permitindo que visitantes experimentem a culinária desenvolvida a partir dos produtos produzidos pela família.

Valdeci é quem faz a visita guiada na propriedade. Zelma prepara o almoço. Elias prepara o suco

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 11

Page 12: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

de açaí de Juçara (Euterpe Edulis). A família está planejando construir cabanas para receber os visitantes, seja para turismo, estágios ou estudos. A universidade ULBRA procurou a família para desenvolver um trabalhar com turismo rural. Também um hotel de Torres os procurou incentivando a ter cabanas para os turistas.

DIMENSÃO SÓCIO-ECONÔMICA

(i) Circuitos socioeconômicos

Formas de comercialização:

Feira de agricultores do município de Caxias do Sul: Este espaço de comercialização é chamado atualmente de Ponto Safra, o antigo Ponto de Colheita, e ocorre na Avenida Bento Gonçalves do município de Caxias do Sul, durante todas as sextas-feiras das 7h às 17:30. Está feira não é para a comercialização de produtos orgânicos/ecológicos, e nela APEMSUL comercializa somente banana. Devido a grande demanda do mercado de Caxias, são vários grupos comercializam banana neste espaço, sendo que a cada 21 dias 2 grupos participam da feira. No dia desta feira, todos os integrantes da APEMSUL levam banana para vender e há o revezamento de quem vai para comercializar.

A APEMSUL foi o grupo o qual iniciou este espaço de comercialização em Caxias do Sul, sendo que ele ocorria de 15 em 15 dias. No começo, em 1997, só existia a banca deles e era comercializada somente banana. A proposta da feira desde o início foi de vender sacolas já pesadas pelo o preço de R$ 1,00. No primeiro dia foram vendidas cerca de 100 sacolas de banana e aos poucos o volume de venda foi aumentando. Em 1997 a sacola continha 2,5 kg e naquela os atravessadores estavam pagando 5 centavos pelo kg de banana em Morrinhos do Sul. Para eles valia muito a pena ir comercializar em Caxias, pois estavam vendendo a banana a 40 centavos o kg. As vendas foram cada vez mais aumentando e chegou um momento em que eles começaram a vender 1000 sacolas por feira. Pelé, integrante da associação, comentou que eles nem sabiam vender tanto, era muita quantidade, se atrapalhavam todos.

Em pouco tempo a prefeitura decidiu aumentar o número de bancas na feira e diversificar os produtos. Logo no começo o grupo pensou que isso seria ruim para as vendas de banana, que iriam vender menos, que os consumidores iriam comprar outros produtos ao invés da banana. Mas eles se enganaram, pois foi a partir do aumento da feira e da diversificação de produtos que cada vez mais pessoas passaram a frequentá-la. A maior diversidade atraiu mais os consumidores e foi ai que as vendas da banana aumentaram ainda mais e atualmente eles vendem de 4 a 5 mil sacolas de banana por feira.

Feira ecológica de Canoas: Faz cerca de 12 anos que a APEMSUL comercializa nesta feira, a qual localiza-se na avenida Inconfidência esquina com a rua Santos Ferreira, bairro Marechal Rondon do município de Canoas, e acontece às quartas-feiras à tarde e aos sábados pela manhã, sendo que a APEMSUL participa somente no sábado. Nesta feira a família comercializa tudo o que é produzido na propriedade.

Feira Ecológica do Menino Deus: a família comercializa somente banana para feira do menino deus e há o revezamento entre os sócios.

Feira Ecológica de Torres: localiza-se no município de Torres, próximo a Lagoa do Violão. A feira é composta por 4 bancas desde de sua fundação, que ocorreu no ano de 2003.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 12

Page 13: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

O Centro Ecológico (CE) possuía uma banca para divulgar produtos diferentes como a batata yacon, inhame e outros alimentos in natura e também processados que não tinham na feira, como cereais e produtos que vinham da serra (tomate, uva), além de outros que eram pegos na cooperativa de consumidores Ecotorres, com a intenção de aumentar a diversidade de produtos e estimular as pessoas a frequentarem a feira. Houve um momento que o pessoal do CE ofereceu o espaço para Elias e o mesmo aceitou, começando a comercializar produtos na feira em 2007. Nesta feira a família comercializa tudo o que é produzido na propriedade.

Cooperativa ECONAVITA: vendem através da cooperativa principalmente o açaí. O produto é destinado principalmente para a merenda escolar, dos municípios de Três Cachoeiras, Arroio do Sal e entre outros s. Quando falta produtos para a cooperativa e a família tem excedente de produção, comercializam também algumas hortaliças.

Comercialização para os vizinhos: alguns vizinhos vêm buscar produtos na casa deles. Vendem de tudo. O Gabriel, filho da Marta, vende hortaliças de bicicleta pela vizinhança. Esta atividade iniciou quando tinha uns 8 anos. Provavelmente isso oi inspirado na sua mãe, Marta, que antes disso já vendia hortaliças de bicicleta para os vizinhos. Teve um período que Marta passou a fazer esta venda de carro e o Gabriel passou a acompanha-la. Gabriel comentou que gostava de ir junto, pois encontrava outras crianças para brincar. A período principal em que o Gabriel vende verduras aos vizinhos é de maio a outubro, época a qual há maior produção de hortaliças. Normalmente comercializa os produtos que estão sobrando, o excedente de produção. Cenoura e beterraba são os produtos que mais vendem, mas repolho, vagem, pepino, milho verde, rúcula, banana passas também vendem bem.Gabriel disse que é a vó quem mais o ajuda a preparar os produtos para a venda. O dinheiro da comercialização fica com o Gabriel. Vende em média 30 reais por viajem. Segundo Gabriel, ele sai para vender quando tem vontade, não é sempre e nem uma obrigação. Vai em média uma vez por semana. Ele avisa os vizinhos mais ou menos quando vai passar para que não comprem verduras em outros lugares ou dos verdureiros que passam, e sim comprarem dele.Zelma comentou que quando ela está precisando de dinheiro para alguma coisa, ela pega parte do dinheiro. O Elias comentou que às vezes a Zelma faz o Gabriel comprar algumas coisas para a casa, algo que esteja faltando, como uns kg de farinha e coisas do tipo.

Cooperativa de consumidores ecológicos de Torres - ECOTORRES: a família entrega produtos todo sábado. Levam produtos especialmente para deixar na cooperativa e ainda deixam os produtos sobram da feira de Torres. A família adquire vários produtos na cooperativa, como sal, farinha de trigo, café, granola, açúcar branco, mas mesmo assim sempre tem algum dinheiro para receber. A cooperativa é pequena, com cerca de 100 sócios, tendo gente dos estados do RS e de Santa Catarina. Seguidamente a cooperativa passa por problemas financeiros e a melhor maneira que encontraram de “vender” para eles foi através de receberem seu pagamento com produtos.

Cooperativa de Consumidores de Produtos Ecológicos de Três Cachoeiras (COPET): a cooperativa foi fundada em 1999 e a família comercializa principalmente hortaliças e um pouco de açaí. Entregam os produtos todas as terças-feiras desde 2012. Conseguem gerar uma boa renda vendendo para eles, ao equivalente a quase o valor de uma feira.

O Ponto de Colheita teve início em outubro de 1997, e só foi possível pela articulação do CE com a prefeitura da época. Como a feira de Caxias, também foi o CE que articulou as feiras de Canoas e Porto Alegre. Inicialmente estes espaços de comercialização foram articulados pelo CE, e depois o pessoal da APEMSUL foi se envolvendo e se apropriando.

Atualmente, a família consegue comercializar praticamente tudo o que produzem. Somente a polpa

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 13

Page 14: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

do açaí que estão entrentando um pouco de dificuldade, pois é um produto novo e não é tão conhecido. Segund a família a comercialização para as cooperativas, EcoTorres e COPET, não é uma venda garantida, não garantia na venda do produto e há muita flutuação na quantidade de produtos comercializados. Se os produtos não são comercializados é o agricultor quem deixa de ganhar. Com isso, a família opta por comercializar principalmente excedente de produção para as cooperativas. Não planejam sua produção pensando em vender para as cooperativas. Planejam e priorizam a produção para pensando em vender nas feiras, onde há um público mais assíduo e uma maior relação com os consumidores.

DIMENSÃO POLÍTICO-CULTURAL

(i) Acesso a poíticas públicas

Acesso a terra

Boa parte das terras da família é de herença da família do Valdeci e está no nome dele. Recentemente fora madquiridos alguns hectares com recursos próprios e estão no nome da Zelma.

Acesso a água

Na região a água é abundante e a água dá família é de fontes naturais provenientes da própria propriedade.

Acesso a material propagatio vegetal e razas

Os materiais propagativos vegetais vem de várias origens: própria família, troca com os vizinhos, organização de ATER e dos vários eventos que participam que são promovidos por diversas organizações (MPA, CPT, CE, ANAMA, EMATER e outras).Não possuem muito conhecimento sobre as raças de animais, mas são adquiridas principalmente na região através da compra e troca com vizinhos. Algumas galinhas são adquiridas nas agropecuárias locais.

(ii) Desenvolvimento rural

Acesso a recursos materiais, tecnológicos e financeiros

Construiram sua casa através de programa do governo federal através da mediação do Movimento dos Pequenos Agricultores.

Acesso a produções não industriais (produção artesanal, agricultura familiar, produção

agroecológica, etc)

Há dificuldades para a comercialização dos produtos processados, como a banana passas e a polpa do açaí de juçara. A lesgislação que vem sendo desenvolvida no último século para o beneficiamento de produtos no Brasil; em aspectos sanitários, ambientais, contábeis, burocráticos e entre outros; vem inviabilizando o beneficiamento de produtos em pequena escala em detrimento do beneficiamento em escalas industriais.

Sistema participativo de garantia

A família participa da Rede Ecovida de Agroecologia, a qual tem como um dos principais

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 14

Page 15: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

objetivos a certificação participativa de “produtos orgânicos”. O principal promotor da rede na região é o Centro Ecológico.

Acesso a mercados

Comercializam em 4 feiras legalizadas, vendem para 2 cooperativas de consumidores, através da cooperativa de agricultores e para a vizinhança. A comercialização nas feiras foi articulada através do CE e das prefeituras, avendo atualmente um bom protagonismo dos agricultores. A venda para as cooperativas de consumidores foi articulada através do CE e agricultores.

Desenvolvimento da agroecologia

A principal organização que promoveu o desenvolvimento da agroecologia no âmbito desta experiência foi o Centro Ecológico que foi fundado em 1995 e passa a atuar no Litoral Norte do RS por volta de 1995. Além disso, atribuiu-se grande relevancia a atuação da igreja católica através da Pastoral da Juventude Rural (PJR) vinculada a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a qual teve papel muito relevantes no processo de organização e concientização de grupos de jóvens rurais, principalmente no que diz respeito às discussões políticas relativas à sociedade e aos modelo de modernização da agricultura, fato este que facilitou a atuação do CE.

(iii) Decisões e tarefas

Tomanda de decisões

Na família: a decisão é tomada em conjunto, mas foi relatodo que a Zelma é quem tem maior poder nos momentos de toamda de desisão.Na APEMSUL: as decisões são tomadas no coletivo e por votação dos sócios durante as reuniões semanais do grupo.Na Rede Ecovia: não foi investigado.Na cooperativa Econativa: não foi investigado

Distribuição de tarefas e responsabilidades

As tarefas exercidas por cada membro da família são de maneira geral bem definidas. A Zelma é quem gerencia a parte das hortas, tendo a ajuda do Messias e do Elias, e quando necessário do Valdeci. O Valdeci gerencia os bananais e as plantas de lavoura, tendo o auxilio dos filhos quando necessário. O trabalho com a polpa da Juçara é gerenciado pelo Elias, tendo o auxílio do Messias e do Valdeci quando é preciso. Zelma é quem mais cuida dos animais, mas quando necessário todos ajudam. As tarefas da casa, cozinhar e assar as bananas passa são atividades realizadas pela Zelma.

(iv) Atividades de formação

A realização de atividades de formação, como cursos, visitias a outras experiências e outras são organizadas principalmente pelo CE, mas também por outras outras organização relacionadas como o MPA e a Rede Ecovida de Agroecologia. No processo de transição agroecológica em que a família esta envolvida percebe-se que cada vez mais há o protagonismo dos agricultores, mas que a ação de mediação de agluns atores sociais foram e ainda continuam sendo fundamentais para animar o processo.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 15

Page 16: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

(v) Mudanças sociais

Segundo relatos da família, “antes de entrarem na ecologia” eles nunca utilizavam agrotóxicos e muito pouco adubo químico. Sempre praticaram uma agricultura tradicional. Em 1995, Valdeci começou a participar de uma associação de bananicultores de Morrinhos do Sul e para entrar na associação tinha que utilizar diversos insumos, como herbicidas e adubos químicos. Ele comprou um 1 litro de “Mata Mato” e uma carga de uns 10 sacos de adubo. O mata mato ele não chegou a usar meio litro e depois nunca o utilizou. O adubo colocou toda a carga comprada e depois também nunca mais comprou, pois logo depois passou a trabalhar com agricultura ecológica através da mediação do CE.

Zelma disse que, se não fosse pelo Valdeci, ela estaria cultivando de forma convencional. Segundo Zelma “Valdeci que é o chato. Não toma nem água na garra de plástico”.

Visibilidade da experiência e pertencimento a causa da agroecologia

A família recebe muitas visitas na propriedade para conehcerem sua experiência em agroecológica, snedo uma das propriedades modelo do Centro Ecológico. Além disso, nos últimos três anos receberam estudantes de uma de uma escola Waldorf de Florianópolis/SC para vivenciarem a experiênincia de estarem no meio rural. A família mostrou orgulhosa algumas vezes uma revista suéca contendo uma reportagem sobre a sua experiência em agroecologia. No dia a dia, os integrantes da família utilizam diversas roupas das organizações agroecológicas que participam e dos projetos os estiveram e estão envolvidos. Todos os membros da família participam anualmente de diversas atividades. Porém, é Elias o que mais sai da propriedade, tanto por que é o que mais gosta mais de participar em atividades, como também pelo incentivo e pela priorização dos pais de que os filhos participam mais do que eles.

(vi) Mobilização

Valdeci recem havia ido em uma mobilização em Brasília reivincicando a proibição do uso de agrotóxicos. A família participa de várias atividades periodicamente e ao perguntar diretamente eles não souberam nem dizer todas. As participações em diferentes atividades iam surgindo no decorrer das conversas, necessitando de mais tempo para outros elementos viessem a tona.

(vii) Natureza

Gostam muito e valorizam em viver em cotato com a natureza. Contribuem bastante para o desenho da paisagem, tendo como uma característica importante o gosto em ter e plantar árvores, sendo a propriedade muito arborizada.

(viii) Habitos e consumo

Consumo de produtos ecológico

Consomem praticamente só produtos ecológicos, principalmente os que eles produzem, e também alimentos que são trocados com os vizinhos e na ccoperativa de consumidores de produtos ecológicos de torres. Apesar de priorizam o consumo de produtos ecológicos, muitas vezes acham o preço muito caro.

Consumo de alimentos não transformados

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 16

Page 17: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Estima-se que cerca de 65% dos alimentos consumidos são frescos. Do total dos alimentos consumidos na propriedade, cerca de 90% ou mais são produzidos na propriedade ou obtidos através de trocas com os vizinhos. Dos alimentos consumidos pel família que são processados, estima-se que cerca de 90% são produzidos na propriedade ou trocado com os vizinhos, como pães, massas, geleias, doce de leite, melado, polpa de juçara, bolos e muitos outros.

(ix) Certificação de produtos orgânicos

A família é certificada pela Rede Eovida de Agroecologia, que é um sistema participativo de grantia, através da APEMSUL, participando desde o início de sua fundação. Elias é fiscal da rede pela associação, e atualmente é responsável por pesquisar e estudar a legislação de orgânicos.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 17

Page 18: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Aprendizajes

A reflexão e discussão sobre aspectos relacionados ao processo histórico vivido por está família nos trazem inúmeras aprendizagens, emanando lições que podem servir de exemplo e de inspiração para animação de processos de transição agroecológica rumo a soberania alimentar. Porém, mesmo sendo uma experiência bastante exitosa, também podemos visualizar e discutir pontos que ainda podem ser melhorados e algumas dificuldades enfrentadas para avanço do processo.Uma dificuldade que a família vem enfrentando é o fato de não encontrar rações orgânica no mercado para ser ministrada às galinhas, sendo necessário, mesmo que represente uma pequena porcentagem de todo alimento oferecido aos animais, a necessidade de compra de ração convencional.Outra dificuldade é a de encontrar no mercado sementes de hortaliças orgânicas. Apesar de eles produzirem boa parte das sementes utilizadas na propriedade, cerca de 50% das sementes de hortaliças são compradas, e destas, parte é convencional.A família e os agricultores ecológicos da região estão bem preocupados por causa das atuais exigências da lei de produtos orgânicos brasileira, a qual vem dando prazos para os agricultores se enquadrarem na legislação, sendo uma das exigências a utilização de 100% de sementes e mudas produzidas de forma orgânica. Está havendo um esforço grande do CE em trazer mais informações aos os agricultores para que eles possam qualificar e aumentar sua própria produção de sementes.Outro ponto da lei dos orgânicos que vem gerando preocupação aos agricultores é relativo ao uso de fertilizantes. Em discussão recente dentro do núcleo da Rede Ecovida o qual a família integra, foi decido que os agricultores deveriam parar de utilizarem cama de aviário para a adubação. Com isso, a família vem experimentando diversos outro fertilizantes na propriedade. Neste ponto, faz-se necessário um maior acompanhamento técnico sobre as possibilidades de adubação através de capacitações e ao incentivo à produção de adubos na própria propriedade, como biofertilizantes, vermicomposto e outros, que sejam adequados para os tipos de cultivos, além da busca de produtor no mercado.A família afirma que devido às exigências presentes na legislação para a produção de produtos orgânicos no país, vão ter muitos agricultores “saindo da ecologia”, desistindo de plantar produtos orgânicos.Para a realização da preparação dos produtos da feira e alguns pequenos processamentos, a família construiu uma varanda ao lado da casa, porém está ainda necessita de algumas melhorias para que o espaço proporcionar um ambiente mais ergonômico de trabalho de com melhores condições de higiene.Agora, será tratado sobre as aprendizagens positivas, e traz-se como uma das principais a diversa produção de alimentos para o autoconsumo, contendo uma infinidade de espécies e variedades de plantas e animais. Isto confere maior autonomia à família, ao mesmo tempo em que diversifica seus sistemas de produção, dando maior estabilidade ambiental e possibilitando a produção de produtos diversificados para a comercialização e geração de renda. Também, o emprego de policultivos na produção vegetal, nas plantas de lavoura, nas hortaliças, no cultivo de banana em Sistema Agroflorestal, confere alta estabilidade ecológica e produtiva aos diferentes agroecossistema existentes.Cabe salientar as diversas formas de cooperação as quais a família está envolvida, podendo citar a participação em uma associação (APEMSUL) e uma cooperativa de produtores (Econativa) e ser certificados através de um sistema participativo de garantia (Rede Ecovida de Agroecologia). Além disso, é de grande relevância os diferentes espaços criados para a comercialização de produtos orgânicos, como as quatro feiras (Caxias do Sul, Torres, Porto Alegre e Canoas), as duas cooperativas de consumidores (COPET e Ecotorres), a cooperativa Econativa e a venda de porta em porta para a vizinhança realizada pelo Gabriel.

Page 19: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Sobre as questões de gênero e de sucessão familiar, está experiência nos trás valiosos aprendizados. A Zelma exerce importante papel na organização e gestão das atividades desenvolvidas dentro da família, executado e distribuindo tarefas. De forma geral a família se organiza de forma horizontal e equitativa, onde todos tem voz no processo de decisão. Esta forma de se organizar, buscando decidir em conjunto os rumos das atividades da família, também vem proporcionando o maior empoderamento dos jovens, o que sem dúvidas gerou um ambiente favorável a sua permanência na propriedade. Desde jovens os filhos do casal já participam na distribuição dos recursos que são gerados pelo trabalho de todos, sendo essas decisões tomadas em conjunto.Um aspecto que de grande relevância para está experiência é a grande importância dada pela família a produção de seus próprios alimentos, tanto na parte produtiva como na preparação de seus alimentos. A família procura aproveitar o máximo dos produtos produzidos na propriedade na vizinhança, fazendo diversas receitas e possuem uma grande diversidade gastronômica.

Plan de Acción y retos

Dentre as estratégias que devem ser desenvolvidas para a superação de algumas dificuldades que vem sendo encontradas pela família está a busca de alternativas a alimentação animal para evitar o uso de rações convencionais, como produzir seu próprio alimento, comprar alimentos orgânicos dos vizinhos ou buscar produtos no mercado.Devido às exigências da legislação de produtos orgânicos do Brasil, há a demanda de produzir ou adquirir sementes e mudas orgânicas, principalmente de hortaliças. O CE e a Rede Ecovida já vêm discutindo e realizando atividades sobre este tema e é necessária a continuidade deste trabalho até que os agricultores estejam utilizando 100% de mudas e sementes orgânicas. A estratégias prioritárias vêm sendo o estimulo a produção própria de sementes e a articulação de trocas entre os agricultores. Como no caso das sementes, as restrições ao uso de alguns fertilizantes vêm gerando incomodo aos agricultores. Mesmo que o uso de cama de aviária seja permitido, respeitando alguns padrões, o núcleo da Rede Ecovida o qual a família integra decidiu não utilizar mais este insumo. Com isso, faz-se necessário o acompanhamento por parte do CE para proporcionar mais conhecimento sobre a produção de adubos orgânicos, como a produção de biofertilizantes, compostos e vermicomposto. Além disso, há a necessidade da busca de informações sobre as possibilidades de adubos orgânicos que estejam disponíveis no mercado.Recentemente foi construída uma varanda ao lado casa a qual ainda necessita de aperfeiçoamentos, para permitir melhores condições para o processamento dos produtos para a feira e a realização dos almoços. Uma das prioridades é fazer um piso no local.A família vem planejando em construir cabanas para poder qualificar a recepção aos diversos visitantes que vem conhecer sua propriedade durante o ano. A ideia é ter um espaço que possam alugar para os visitantes poderem ter um lugar tranquilo para ficar e uma experiência no meio rural. A ideia ainda vem sendo discutida dentro da família e eles estão pensando de que forma farão este investimento. Durante a realização da sistematização de experiência eles já haviam comprado algumas telhas recicladas de tetra pak com a ideia de construir as cabanas.Na perspectiva de permanência dos dois filhos do casal e de estes continuarem tocando a propriedade e trabalhando com atividades agrícolas, a família está procurando adquirir mais terras próximas à propriedade já existente. Ainda no período da sistematização eles estavam negociando mais alguns hectares de terras.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 19

Page 20: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Conclusiones hacia la Soberanía alimentaria

Como o primeiro aspecto a ser salientado no processo histórico desta experiência, é fundamental trazer a questão do envolvimento que esta família teve e tem com diversos atores sociais em seu processo desenvolvimento, no qual foi e vem sendo construída uma rede de contatos e articulações sólidas em pró de objetivos comuns, contribuindo para o êxito do trabalho de todos e para a transição agroecológica na direção da soberania alimentar. Foi e é através destas articulações que a família vem se inserindo em processos de aprendizado sobre agricultura ecológica e agroecologia, a certificação participativa de seus produtos, conquistando diversos espaços para a comercialização, tendo acesso às políticas públicas e entre outras coisas.Outro ponto que devemos observar nesta experiência é da importância que tem para a agricultura familiar (explicar conceito) a produção de alimentos para o autoconsumo, gerando maior autonomia para a família e excedente de produção para a comercialização. Além disso, a valorização e a elaboração de receitas a partir destes alimentos produzidos na propriedade e também a partir de produtos oriundos da região e trocados com a vizinhança, também contribuem para a maior autonomia da família e de sua soberania alimentar, além de proporcionar uma alimentação composta por alimentos mais frescos e saudáveis. A diversificação de produtos para a comercialização e a diversidade de formas de vender são bastante importante para garantir a geração de renda para todos os integrantes da família. A família produz muitos alimentos para o autoconsumo e o excedente destes são comercializados, podendo citar as plantas de lavoura, as hortaliças, a banana, flores e plantas medicinais. Em alguns pontos de venda, na feira de Canoas e de Torres e as duas cooperativas de consumidores, são comercializados todos os produtos que são produzidos pela família.Um dos principais aspectos que chamam a atenção nesta experiência é a forma democrática e horizontal na qual as decisões são tomadas dentro da família, e também na equidade e na valorização da opinião da Zelma nas tomadas de decisões. Além disso, os dois filhos do casal, Elias e Messias, participam ativamente nas decisões e também na divisão dos recursos financeiros gerados, fatos estes, sem dúvidas, que são essenciais para a permanência destes jovens nas atividades agrícolas e na propriedade.Nos últimos anos, a experiência da família é referência na região, o que tem levado a um grande número de visitas em sua propriedade, abrido espaço para o desenvolvimento da atividade de turismo rural agroecológico e acadêmico. Esta atividade vem crescendo bastante nos últimos anos, e a família tem dado maior atenção e pensado como qualificá-la.

Sistematización de experiencias en Soberanía alimentaria y Agroecología 20

Page 21: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Tabela 1. Uso de fertilizantes e de produtos para o controle de pragas e doenças.

Produto Origem Quantidade

Onde? Quando utiliza Custo Quem aplica

Como aplica Observação/finalidade

Esterco de peru, Ferticel

Externa 2t/ha/ano Olerícolas e banana

Olerícolas: 7-15 dias após o plantio de mudas e na semeadura de smentes.Banana: principalmente no verão.

R$ 14,00 por 40 kg

Elias, principalmente, mas muitas vezes os demais ajudam.

Canteiros: aplicado em todo o canteiro e espalhado com o garfo.Mudas: ao lado das mudas.Banana: na parte de cima do broto novo, mas antes se tira a palha que está sobre o solo.

Passaram a utilizar este produto quando acordaram no núcleo da Rede Ecovida o qual participam que não iriam mais utilizar cama de aviário para adubação. Este é um produto certificado para utilização na agricultura orgânica no Brasil.

Estercos da propriedade: galinhas, gado e suínos.

Interna Não souberam informar

Olerícolas

Igual ao esterco de peru.

- Igual ao esterco de peru.

- Segundo os agricultores, a quantidade é pouco significativa comparada com a quantidade de adubos comprados. As galinhas e os bovinos ficam a maior parte do tempo soltos, o que dificulta a coleta dos estercos.

Fosfato natural Externa 9 sacos de 50 kg

Banana 2012 - Valdeci - Foi aplicado uma vez sem basear-se em análise de solo.

Sulfato de potássio

Externa - Banana 2012 Valdeci - Foi aplicado uma vez sem basear-se em análise de solo.

Cisco de cavaco

Externa - Valdeci - Estão começando a testar o material.

21

Page 22: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Resíduo de fábrica de celulose

Externa Valdeci - Cinza composta por pinus, eucalipto e casca de arroz. Estão começando a testar o material.

Gigamix Externo Mistura de 250 g em 20 litros de água. É aplicado de 2 a 12 vezes por ano 4 bombas de 20 litros contendo 2 litros da mistura em toda área de banana.

Banana (2,5 ha)

R$ 40,00/kg

Elias Moto pulverizador Pó-de-rochas queimadas. Começaram a utilizar em 2012. Não há critérios bem definidos para realizar das aplicações. Estão começando a testar o material.

Urina de vaca Propriedade

É aplicado de 2 a 12 vezes por ano 4 bombas de 20 litros contendo 1 litros de urina.

Banana (2,5 ha)

Elias Moto pulverizador Não há critérios bem definidos para definir a quantidade de aplicações realizadas em um ano. Tem anos que aplica 2-3 vezes e tem ano que aplicam todos os meses. A urina de vaca é coletada na hora da ordenha.

Soro de leite propriedade

É aplicado de 2 a 12 vezes por ano 4

Banana (2,5 ha)

Elias Moto pulverizador Não há critérios bem definidos para realizar das aplicações

22

Page 23: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

bombas de 20 litros contendo 2 litros de soro de leite.

Cama de aviário

externo 6-8 cargas de 20 m³ por ano em toda a propriedade.

Banana e hortaliças

- Caxias do sul: R$ 1400,00/ 20 m³ (400 sacos)- Santa Catarina: R$ 800,00/ 20³ (300-400 sacos)

Valdeci - Até 2012 era o principal adubo utilizado na propriedade. Pararam de utilizar devido a decisão do núcleo da rede ecovida, principalmente pela cama ser composta por serragem de madeira tratada. Também, por os produtos não serem certificados para agricultura orgânica.

Água com cinza

Propriedade

Banana Principalmente no inverno, período de maior incidência da doença do cabinho da banana.

-

Colocam na água que utilizam para remoção da nódia, gosma que sai da banana no momento em que estão despencando os cachos.

Controle da podridão no cabo da banana na penca.

23

Page 24: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Tabela 2. Biodiversidade vegetal presente na propriedade.

Tipo de Cultivo

Nº de variedades

Procedência

Quem produz o material

propagativo

Quem

maneja as variedades?

Observações

Olerícolas

Tomate 3 Própria Zelma Zelma Redondo de tamanho médio, cultivado desde o tempo dos avós. Tem também o perinha e o cereja. São as únicas variedades que sobrevivem bem na região devido ao excesso de umidade.

Pimenta 1 Própria Zelma Zelma Dedo-de-damaRepolho 1 Bionatur Zelma Zelma, Elias e

MessiasFeijão-de-vagem

1 própria Zelma

Quiabo 1 Própria Zelma ZelmaRadite 1 Própria Zelma ZelmaEspinafre 1 Própria Zelma Zelma

Lavouras

Inhame Própria Zelma TodosArroz 5 Própria Zelma TodosSoja 2 Própria Zelma Todos Soja preta e soja normal. Utiliza para fazer os pães e bolinhos,

além da soja preta ser utilizada de trato para as galinhas e suínos. Batata-doce 4 Própria Zelma Zelma Batata-doce abóbora (laranja por dentro), beterraba (redondinha

e roxa por dentro e por fora), rosa (casca rosa, a que mais plantam e mais gostam de comer), batata-doce-aipim (branca, folha bem recortada). Todas do tempo dos avós, encontram as mudas nos matos e nem sabem ao certo de onde que veio.

Milho 2 Astequi, pegou com

Valdeci Valdeci Sabugo fino/Astequi (vende milho verde), colorido (verde, farinha, animais)

24

Page 25: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

um vizinho. Abóbora 1 própria Zelma ZelmaMoranga 1 própria Zelma Zelma

Florestais e Frutíferas

Sassafrás 1 Externa - Valdeci Olho essencial, ameaçada de extinçãoLicurana 1 Nativa - Valdeci Adubação, construçãoPau-macuco 1 Nativa - Valdeci lenhaUvaia 1 Externa - Valdeci Comradas, não correm naturalmente na regiãoCambucá 1 Nativa - ValdeciBaguaçu 1 Nativa - Valdeci Madeira boa para construçãocapororoquinha 1 Nativa - Valdeci ConstruçãoJuçara 2, vermelha

e brancaPrópria Valdeci Valdeci Construção, fruto – tem aparecido doenças no tronco,

rachaduras, dizem que é por causa da baixa variabilidade genética da população. Planta ameaçada de extinsão.

Grandiuva 1 Nativa - Valdeci Preteia as bananeirasSobraji 1 Externa - Valdeci Fazer relha de carro de boi. Trouxe muda de outras terras, mas

ela não se desenvolve bem naquele lado do morro, ali dá melhor o cedro.

Goiaba 1 Externa - Valdeci 50 mudas melhorada, vinda de SPGraviola Externa - 1 pé plantado na volta da casa, não tinham certeza que fruta era.Figueira folha larga

2 Vizinhos Valdeci Valdeci Plantas plantadas de galho nos caminhos da propriedade.

Flores

Açafrão 1 Própria Zelma Zelma Comercializam na feiraDália 1 Própria Zelma Zelma Comercializam na feiraCrista de galo 1 Própria Zelma Zelma Comercializam na feira

25

Page 26: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Tabela 3. Informações referentes a criação animal.

Tipo QuantidadeNº de raças

Procedência/Observações

Quem maneja

Homem Mulher

Bovino de leite 3 2Animais cruzados na região. Cruza de Jersey com raça zebuína.

x

Galinha Cerca de 100 2

São de raça caipira e poedeira. As caipiras eles criam a muito tempo na propriedade e as poedeiras são adquiridas anualmentenas agropecuárias da região.No galpão da propriedade vivem vários gambas e faz cerca de 11 anos que eles não atacam mais as galinhas. A família disse que os ataques param desde que passaram a cultivar outros alimentos por perto da casa, como por exemplo as o cultivo de banana.

x

Suíno 5 3

São 4 porcos e 1 javali. Criam cerca de 2 a 3 suínos por ano. Compram os leitões de um vizinho. Não souberam dizer a raça ao certo. Zelma disse que era cruza com Macau. Valdeci disse que era cruza com Duroc.

x

26

Page 27: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Tabela 4. Ocorrência de pragas e doenças e formas de tratamento.Praga ou doença Espécie atacada Tratamento

Nematoide Cenoura Cultivo de tajetes como planta iscaLargarta grande, não identificada

Beterraba, cenoura e feijão vagem.

Catação e eliminação.

Vaquinhas, largarta-da-terra, grilo.

Hortaliças. Catação e eliminação.

Formiga Hortaliças. Utilização de iscas inseticidas; colocar nos canteiros borra de café como repelente; espalhar casca de laranja com cobre nos canteiros para serem carregadas pelas formigas, o que mata o fungo criado pelas formigas; esmagar as formigas no trilho faz com que elas se mudem para outro local.

Percevejo (Nezara viridula)

Principalmente arroz e feijão, mas ataca outros cultivos.

Catação e eliminação.

Mal-do-Panamá Banana Há forte ocorrência do mal-do-Panamá nos bananais da região. Valdeci semeou juçara (Euterpe edulis) a lanço a cerca de 30 anos pensando em ter no bananal uma outra fonte de renda, pois ele estava muito atacado pelo doença. Com a o manejo da área em Agrofloreta, atualmente a doença encontra-se controlada e se expressa de forma muito leve nos bananais, possibilitando boa produtividade e a convivência com a doença.

Sigatoka amarela Banana A intensidade da doença varia muito de ano para ano. Aplicam soro de leite com urina de vaca e gigamix (pó-de-rochas).

27

Page 28: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

Tabela 5. Alimentos transformados na propriedade.

Produto Quem realiza?Infraestrutura e equipamentos

Destino Legalização Capacitação Observações

Banana passas

Zelma cuida do forno, mas todos ajudam a cortar a banana e ensacar.

Forno de barro. Venda. Não. Não.

Utilizam apenas bananas que sobram das feiras e que estão amadurecendo no bananal. É uma forma de aproveitamento. Utilizam principalmente a banana prata. Variedade caturra só no inverno, quando a banana é mais firme.

Polpa de Juçara

(Euterpe

edulis)

Elias

Agroindústria, despolpadora,

freezer, embaladora.

Venda. Não. Sim.

Existe um trabalho desde 1997 sendo desenvolvido com a família: Jorge Luiz Vivan e CE. A agroindústria a família construir com recursos próprios e os equipamentos foram adquiridos através projeto com o CE.

Cucuz de massa de mandioca

Zelma. Na cozinha. Consumo. - -Ganham a massa de mandioca de um vizinho, subproduto do polvilho.

Pão de massa de mandioca

Zelma. Na cozinha. Consumo. - -

Bolo com massa de mandioca

Zelma. Na cozinha. Consumo. - - É misturado com melado feito pela família.

Pão de milho e soja

Zelma. Na cozinha. Consumo. - -A soja e o milho são produzidos na propriedade. Fazem esta receita para diminuir a necessidade de comprar farinha de trigo.

Queijo Zelma - Consumo. - -

Arroz descascado

-Moinho de pedra

em Três Cachoeiras.

Consumo. - -Pagam cerca de R$ 3,00/ lata de 15 kg para descascar. Zelma comentou achar caro, mas disse: “agente sabe o que tá comendo, come o que gosta”.

Farinha de milho

-Moinho de pedra

em Três Cachoeiras.

Consumo. - -Pagam cerca de R$ 15,00/ lata de 15 kg para fazer a farinha. Zelma comentou achar caro, mas disse: “agente sabe o que tá comendo, come o que gosta”.

Crepe d Zelma. Na cozinha. Consumo. - -

28

Page 29: Gustavo Ayres Plantilla OSALA2€¦ · A área total de terra utilizada pela família é de 17,3 ha, sendo 13,8 próprios e 2,5 arrendados. 9. Breve historia de la experiencia (etapas/cronología)

milho verde

Bolo de soja com milho

Zelma. Na cozinha. Consumo.- -

Pão de trigo Zelma. Na cozinha. Consumo. - -Melado com ovo

Zelma. Na cozinha. Consumo.- -

29