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O Centenário de John William Cooke. Trajetória de um peronista revolucionário
Gustavo Santos da Silva
Mestrando no programa de pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense – UFF
ST - 17 Fluxo e refluxo na América Latina nos séculos XIX ao XXI: democracia, golpes,
ditaduras e revoluções
Introdução
No presente ano de 2019 se comemora o centenário de John William Cooke (1919-1968).
Cooke é um personagem praticamente desconhecido no Brasil, ou muitas vezes colocado como
simples nota de rodapé em passagens da História contemporânea da América Latina. Para além
de ter sido o delegado pessoal de Perón após o golpe da Revolución Libertadora em 1955 ele
foi um proeminente organizador da resistência peronista durante o período da proscrição e
clandestinidade do movimento. Ademais Cooke foi também um teórico marxista original e
atuante na Revolução Cubana, participando da resistência da invasão mercenária na Baía dos
Porcos (1961).
O presente trabalho pretende apresentar o personagem histórico à luz de suas contribuições
teóricas e políticas, sempre permeadas pelas lutas de classes que marcaram a Argentina entre
o Golpe de 1943 e sua precoce morte em 1968, assim como refletir sobre perspectivas de um
marxismo autóctone e não colonizado.
Palavras-chave: John William Cooke; Peronismo; Marxismo Latino-Americano
1- Cooke do radicalismo ao peronismo
Nascido em 14 de novembro de 1919 em La Plata (capital da província de Buenos
Aires), John William Cooke apesar de uma trajetória política fulminante, desaparecendo
fisicamente com apenas com 49 anos, deixaria em sua biografia um rastro dos capítulos mais
importantes da história política e social argentina e latino-americana no que sucede entre a II
Guerra Mundial e o conturbado ano de 1968 (ano de seu precoce falecimento).
Seu pai Juan Isaac Cooke, de descendência irlandesa foi um notório dirigente da Unión
Cívica Radical (UCR), onde chegou ocupar o posto de secretário-geral e deputado nacional
durante 1938-1943. A UCR foi um partido que aglomerou durante as presidências de Hipólito
Yrigoyen (1916-1922; 1928-1930) expressões nacionalistas como na luta pelo monopólio
estatal do petróleo, culminando na criação da Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) em
1922, da defesa do controle estatal de outros setores estratégicos como as ferrovias, além de
aglutinar um largo campo intelectual nacionalista, representando sobretudo pelo grupo
F.O.R.J.A (La Fuerza de Orientación Radical de la Joven Argentina). Juan Cooke ainda seria
embaixador da Argentina no Brasil entre 1947-1954, já durante os governos Perón, a qual apoia
desde os primeiros momentos, e posteriormente foi delegado perante a Organização das Nações
Unidas (ONU) até a queda de Perón em 1955.
John William Cooke seguindo o caminho paterno ingressou em 1938 no curso de
Direito na Universidad Nacional de La Plata (UNLP), onde a partir dali começou suas
atividades partidárias na UCR adotando a corrente antipersonalista do Partido, dirigida por
Marcelo de Alvear. Formado em 1943, logo passaria a trabalhar no setor de Defesa do
Ministério das Relações Exteriores como funcionário de seu pai. Durante sua trajetória
estudantil formou a Unión Universitaria Intransigente combatendo as tendências liberais e
conservadoras hegemônicas dentro do curso de direito.1
A experiência do radicalismo (UCR), encerrava seu ciclo com o golpe de 1930, onde
passava-se a sintonizar a fluência entre governo e Estado, centrando o poder todo nas mãos dos
senhores da elite latifundiária. Nascia a chamada Década Infame onde a fraude eleitoral era
vista como artífice patriótico, para que os conturbadores sociais (classe operária e setores
progressistas da política) não desalinhassem a fórmula que levaria a Argentina ao caminho do
desenvolvimento econômico: substituição das exportações através de uma industrialização
1 RECALDE, Aritz, “El pensamiento de John William Cooke em las cartas a Perón, 1956-1966",
disponível em: https://www.lahaine.org/mundo.php/ya_on_line_el_periodico_solidaridad_obre,
acessado: 08/05/2019.
articulada ao capital externo; latifúndio exportador afetado pela crise de 1929 e a completa
submissão dos frigoríficos argentinos ao capital inglês através do Pacto Roca-Runciman2.
O breve processo de incorporação social e de legislação social promovido por Yrigoyen
ao ser interrompido pela restauração conservadora do golpe de 1930, acabou por restringir as
vias de acesso as reivindicações dos trabalhadores através da pressão sob o governo, por outro
lado a indústria argentina entrava num processo de amplo crescimento, devido à crise
internacional do capital eclodida em 1929 que somente seria superada com a fim do segundo
conflito mundial (1945). Os países latino-americanos foram forçados em alguma medida em
praticar políticas de substituições de importações. Latifúndio e industriais se coligam e se
beneficiam mutuamente do desenvolvimento dependente da industrialização, estabelecendo
uma aliança de classes, pactuando uma hegemonia de classe. A própria elite oligárquica que
travava o processo industrializante no período radicalista, assume as rédeas de um dos períodos
de maior acentuamento do processo industrializador argentino.
A conjuntura histórica da Década Infame não é só a conjuntura da crise internacional
do Capital, também é a conjuntura da consolidação da dependência econômica da Argentina
perante Grã-Bretanha e a abertura de espaço para o capital estadunidense como uma massa
2 Firmado em 1933, o pacto entre Reino Unido e Argentina foi uma resposta desesperada e “vassala”
da elite latifundiária argentina perante a drástica redução de suas exportações após a Conferência
de Ottawa (1932), onde a Inglaterra perante a profunda crise acerta com os países da comunidade
chamada Commonwealth (países ex-colônias ou colônias inglesas) a prioridade das importações de
mercadorias do primeiro setor econômico. Tendo em vista a perda de mercado externo da noite
para o dia, Julio Roca, vice-presidente argentino, representando o interesse das elites agrárias, se
reúne com Walter Runciman (encarregado dos negócios britânicos) e através da criação de um pacto
entre os dois países, estabelece uma relação de completa submissão de setores chaves da economia
argentina ao capital britânico. Roca-Runciman firma que a Inglaterra não imporia restrições à
importação da carne bovina argentina, no entanto emitia-se uma série de “poréns” e obrigações dos
argentinos com os ingleses como ceder 85% das licenças de importação de carne, consolidando um
trust inglês dos frigoríficos, além de manter livre de impostos mercadorias como o carvão e outras
mercadorias importadas, reduzir taxas alfandegárias e não impor nenhum tipo de aumento as taxas
já existentes. Os grupos agrários consolidavam seu privilégio de dominação de classe, permitindo
uma leve industrialização articulada aos grupos financeiros internacionais para entender a demanda
interna, e ao mesmo manter sua participação no mercado internacional. MURMIS, Miguel e
PORTANTIERO, Juan Carlos, “Estudos sobre as origens do peronismo”, São Paulo: Brasiliense, 1973,
pp. 19-21.
cada vez mais a engordar no montante do capital argentino associado ao capital externo. As
antigas rivalidades políticas entre latifúndio e indústria, marcada sobretudo pela questão entre
“livre câmbio” ou “protecionismo” perante a crise internacional e a perda de potência de
exportações do primeiro setor, torna essas questões como debates de segunda instância. A
burguesia industrial passa a ser um setor incorporado ao bloco de poder da hegemonia de
Estado.
O Golpe de 1943, com seu programa nacionalista, antioligarquico, anticomunista e
antiliberal, centrava sua crítica na fraude eleitoral que marcou a política argentina nos 13 anos
anteriores e no aprofundamento da dependência econômica do país ao capital externo,
principalmente o inglês, provocando cisões internas em grupos e partidos políticos que se
opunham a todo o processo posterior à derrubada de Yrigoyen, principalmente dentro do
radicalismo, partido no qual se encontrava Cooke com apenas 23 anos e que logo passaria a
apoiar o novo governo, no qual já destacava como proeminente figura o tenente-coronel Juan
Domingo Perón, diria Cooke:
Viva la revolución, terminó con el fraude y el Ejército Argentino volvió a sus cuarteles con
honor. Cualquiera hayan sido los errores que cometieron sus hombres, el hecho es que salió de los
cuarteles pare devolver las libertades cívicas, y volvió a ellos cuando cumplió con su misión.3
Perón fundava a Secretaria de Trabalho e Previsão vinculada diretamente a Presidência
da República, e nela passa a promover uma legislação social avançada e articulada com os
sindicatos, convocando os dirigentes a redigirem leis trabalhistas a serem executadas pela
Secretaria, combinando dirigentes da Confederación General del Trabajo (CGT) nº1, membros
da CGT nº2 e da Unión Sindical Argentina (USA), formulando e promulgando leis importantes
como a Lei da Proteção a Maternidade (1944), Lei de Administração Geral de Vivendas (1945),
Lei de Aprendizagem. O reconhecimento da classe trabalhadora como ator social, foi
acompanhada pela integração social dessa mesma classe tutelada e supervisionada pelo Estado,
subordinando o movimento sindical, na qual ascendiam novos líderes atrelados ao novo
3 COOKE, John William Cooke, “Accíón parlamentaria, Tomo I”, Buenos Aires: Colihue, 2007, p.175.
processo político, formando um monolítico movimento que conjurava os interesses entre
governo e classe trabalhadora, sob a conduta do líder político4.
A adesão e fidelidade foi demonstrada no episódio de 17 de outubro de 1945, quando a
classe trabalhadora marcha pelas ruas em nome de Perón, exigindo sua soltura após ser preso
em 12 de outubro como uma tentativa do governo de frear a ampla oposição das oligarquias no
campo econômico, e no plano político da chamada Unión Democrática, ainda influenciada
pelo contexto da II Guerra Mundial, além dos setores mais à direita que apoiaram o golpe de
1943, mas que não viam com bons olhos a promoção social da população mais humilde
promovida por Perón.
Perón após a resolução da crise de outubro de 1945, é eleito em 1946 como presidente
da República derrotando a Unión Democrática que abrigava radicais, comunistas, liberais e
socialistas. Cabe indagar que elementos levaram grande parte da classe trabalhadora a aderir
ao peronismo e não ao projeto da Unión Democrática? O que levaria jovens como Cooke
formados na tradição política do radicalismo a encontrarem no peronismo uma proposta
plausível a superação das mazelas da Década Infame?
Para Juan Carlos Torre, através da criação do Partido Laborista Perón conseguiu
ultrapassar a dualidade da ação política da classe trabalhadora, quando no plano político
depositavam suas fidelidades nos partidos de sua classe e nas questões imediatas votavam
massivamente em setores alheios, porém que os incorporava a esfera dos direitos. Ainda que
mantivesse a característica policlassista, o peronismo ao se apresentar como doutrina e não
apenas como programa passava aglutinar os trabalhadores tanto na fidelidade política,
ideológica como econômica5.
4 Como explica Daniel James na época do golpe de 1943, o movimento operário argentino era débil e dividido em quatro centros gremiais: a Federación Obrera Regional Argentina (FORA) de hegemonia anarquista, a Unión Sindical Argentina (USA) e a Confederación General del Trabajo (CGT), cindida em duas facções, CGT nº 1 e CGT º2, na qual todas juntas organizavam cerca 20% da força de trabalho operária. JAMES, Daniel “Resistencia e Integración: El peronismo y la classe trabajadora argentina, 1946-1976”, Buenos Aires: Siglo XXI, 2006, p.20. 5 TORRE, Juan Carlos, “Ensayos sobre movimiento obrero y peronismo” In: GRIMSON, Alejandro e CAGGIANO, Sergio (orgs), “Antologia del pensamiento crítico argentino contemporâneo”, Buenos Aires: CLACSO, 2015, p. 164.
A Unión Democrática Argentina, advogava no contexto de um projeto político
multipartidário e autonomia sindical, Perón por outro lado, defendia uma relação direta entre o
líder e as massas, ambos, porém lutavam em alguma medida contra a ordem oligárquica da
Década Infame. Não obstante a Unión Democrática cometeu o equívoco de contar com o apoio
de homens do mundo dos negócios e da embaixada do EUA, sob a figura do embaixador
Spruille Braden, nessa disputa pela adesão ideológica e logo de votos. Perón soube usar a seu
favor esse apoio externo a seus rivais, num país amplamente afetado pela dependência ao
capital externo, além disso Perón tirou proveito de sua coligação com elementos internos, como
os grêmios sindicais e a Igreja, além de contar com parte do aparato estatal do golpe de 19436.
Segundo Daniel James, outro aspecto da astúcia de Perón esteve centrado em ter formulado um
outro conceito de cidadania, ligado a questão social e não abstrata e acima das classes sociais
como a formulada pelo radicalismo7.
Desse modo, a Década Infame foi forjada na cultura política peronista como um período
dicotômico ao construído pelo peronismo no poder, uma espécie de interrupção do processo
histórico da construção nacional depois da derrocada de Yrigoyen. A Década Infame seria uma
época de frustação e humilhação aos trabalhadores, enquanto o peronismo inaugurava um
processo de reconhecimento social do proletariado e representativo dentro da vida política da
Nação. O processo político peronista que visava se configurar como uma nova ordem buscou
desse modo elos com o passado (Juan Manuel de Rosas e Hipólito Yrigoyen) assim como com
outros processos políticos buscaram elos que os fundamentassem e que os polarizassem
dicotomicamente como aconteceu com: Chávez em relação a Bolívar e a dicotomia com o
neoliberalismo dos anos 1980-90; Fidel como a continuidade da revolução interrompida de
Martí e a dicotomia com as ditaduras alinhadas a Doutrina Monroe e a Emenda Platt; Mao
Zedong e a continuidade da Revolução Nacional de Sun Yat-Sen e a dicotomia do período
comunista em relação ao século de humilhações que precedeu 1949.
Cooke será um formulador essencial do sentido de nacionalismo a ser construído com
o peronismo, um nacionalismo fundado na concepção de “liberação nacional” num país de
capitalismo dependente, um nacionalismo distinto do chauvinismo europeu. A Terceira
6 TORRE, Op. Cit, pp. 170-171. 7 JAMES, Op. Cit, p.30.
Posição elaborada por Perón (nem pró EUA, nem em favor do socialismo soviético na Guerra
Fria a eclodir), era propícia a diversas interpretações tanto por parte da oposição, quanto aos
diversos setores que apoiavam o peronismo. O ano de 1946 marca a adesão de fato de Cooke
ao movimento peronista, ao ingressar como deputado nacional através Unión Civíca Radical –
Junta Renovada (UCR-JR), facção do radicalismo que havia apoiado a eleição de Perón para
presidência. Isso até Perón centralizar todas as forças apoiadoras de seu governo e de sua
doutrina numa única organização, o Partido Justicialista em 21 de novembro de 1946.
Cooke foi além na formulação do nacionalismo peronista colocando ingredientes
revolucionários na fórmula política. Interpretou a Terceira Posição peronista sob uma
perspectiva que superava o anticomunismo presente nas raízes políticas do peronismo. Desse
modo a Terceira Posição em Cooke rechaçava a espoliação de mecanismos internacionais
como FMI e o Banco Mundial ao mesmo tempo que reforçava um não-alinhamento ao
socialismo soviético, sem cair no anticomunismo, de modo que o seu marxismo pudesse ser
teoria criativa, não subordinada a normas e modelos advindos de outros processos
revolucionários.
La tercera posición es, precisamente, todo lo contrario. Significa no tener compromisos con los
bloques mundiales, estar en libertad de tomar las decisiones más convenientes a los intereses nacionales
(...) Una cosa es que nosotros tengamos una visión de las cosas argentinas que difiere de la del Partido
Comunista y tratemos de mantener la adhesión de las masas trabajadoras; otra muy diversa unirnos al
fanatismo regimentado que ve a los comunistas como criminales y a los países socialistas como
enemigos del género humano. Esto es renunciar a la facultad de raciocinio y aceptar que el bando
imperialista piense por nosotros. No necesito ser comunista para considerar que el principal responsable
de la Guerra Fría es el imperialismo occidental, ni para comprender que el enemigo más grande que
hoy tiene el género humano es la brutal plutocracia norteamericana.8
Cooke se destaca como parlamentar combativo ao enfrentar os monopólios de
imprensa, defendendo energicamente a expropriação do jornal La Prensa, periódico de
oposição a Perón, acusando esse veículo de estar associada as oligarquias latifundiárias e ao
capital estrangeiro. La Prensa dedicava suas páginas a atacar medida por medida de Perón e
8 COOKE, John William, ”El peronismo y la revolución cubana”, Buenos Aires: enero 1988. Fin de Siglo (7)/Dossier, pp.11-12.
sua figura. Os debates durariam na Assembleia Nacional de 1946 até 1951, quando finalmente
La Prensa foi expropriada.
Considero que la prensa comercial vinculada al imperialismo es uno de los mayores peligros
para los países que luchan por su liberación. La expropiación de La Prensa fue un acto realizado por los
procedimientos que autoriza la Constitución. No fue, como se dice, un atentado contra la libertad de de
opinión, por que La Prensa es una empresa comercial imperialista.9
O acalorado debate protagonizado por Cooke contra La Prensa, forneciam os primeiros
indícios do jovem deputado como teórico da realidade nacional e da revolução social. A
questão de liberdade de imprensa x liberdade de empresa, resvalava sobre um debate mais
amplo: censura como instrumento de uma revolução ou censura para transformar um governo
numa ditadura? O regulamento da imprensa e a expropriação de um dos principais jornais da
época pelo governo, seria logicamente um elemento para a oposição caracterizar o peronismo
como uma ditadura, Cooke respondia:
Nosotros sabemos que, para el imperialismo, el principio de la libertad de comercio, el principio
de la libertad de concurrencia, el principio de la libre actividad privada y el principio de la libre empresa
son todos fantasmas y mitos que a la larga sirven para acentuar cada vez más la desigualdad que ya
existe entre países coloniales y semicoloniales (…) A través de los años ha ido restringiéndose el
número de periódicos y formándose las grandes integraciones capitalistas que manejan todos los medios
de información, difusión y publicación de noticias escritas. Tanto Reuter como Associated Press y la
United Press poseen una red internacional y una organización privada, al margen de la cual hay poco
menos que una imposibilidad total para actuar a las demás agencias noticiosas, salvo que cuenten con
apoyos de gobiernos igualmente poderosos.10
Cooke não renova seu mandato parlamentar devido ao seu posicionamento crítico a
algumas medidas que Perón tomava no período como uma certa abertura ao capital
estadunidense, além de criticar a burocratização da condução renovadora iniciada em 1945.
Perón desde que assume a sua presidência em 1946, já havia retomado as relações diplomáticas
com a URSS. Fora do governo Cooke participa como delegado do Justicialismo na Conferência
da Paz dos Partidos Comunistas, realizado em Viena em 1953, aprofundando a cooperação
9 COOKE, Apud: MAZZEO, Miguel, “John William Cooke. Textos traspapelados, 1957-1961”, Buenos Aires: La Rosa Blindada,2000, p.69. 10 COOKE, John William Cooke, “Accíón parlamentaria, Tomo I”, Buenos Aires: Colihue, 2007, pp. 398-400.
econômica com países do campo socialista, que seriam interrompidas com o golpe de 1955.
No período entre 1952 e 1955, Cooke passa a condição de professor titular na cátedra de
Economia Política da Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, além de
participar do Instituto de Investigaciones Históricas Juan Manuel de Rosas, formulando um
grupo de pesquisa em torno da revisão histórica sobre a Ocupação Britânica nas Ilhas Malvinas
durante o governo de Rosas. Assim como passa a publicar o periódico De Frente, momento
em que se dedica intensamente a produção intelectual crítica quanto as questões nacionais da
Argentina, sobre a formulação da condução revolucionária do peronismo e da via argentina ao
socialismo11.
2-Cooke entre a questão nacional e o socialismo
As lutas de classes ocorridas entre o massacre de 16 de junho de 1955, em que militares
centralizados na Aviação Naval bombardeiam Buenos Aires e leva mais de 400 pessoas à
morte, e as batalhas encarniçadas em setembro entre militares golpistas e forças civis e militares
fieis a Perón, levando o presidente a renunciar no dia 19 de setembro, conduziram ao processo
golpista autoproclamado como Revolución Libertadora. O peronismo, el hecho maldito del
país burgués, passa a ser proscrito com a lei 4161. Nenhuma imagem, citação ou o canto da
marcha peronista é permitida, para Cooke ali se sinalizaria o fim das ilusões com a burguesia
nacional, a terceira posição de Perón que dividia o capital em progressista (nacional) e
explorador (imperialista), passaria a uma reformulação teórica mais profunda desde os
subterrâneos da resistência e da clandestinidade em Cooke e noutros jovens peronistas ou que
passariam ao peronismo após a tragédia da contrarrevolução fuziladora.
Quando a rebeldia cubana das selvas de Sierra Maestra se instaura como poder
revolucionário ao assaltar o Estado em 1959, Cooke imediatamente vai se instalar na maior das
Antilhas do Caribe para se encontrar com o comandante Ernesto “Che” Guevara que
simbolicamente passa a ser o elo principal entre revolução cubana e argentina e logo latino-
americana. Sua estádia que vai do convite do Movimiento 26 de Julio para o Primeiro Encontro
Latinoamericano de Solidariedade com Cuba até o ano 1963, é um período célebre na trajetória
de Cooke, onde o mesmo ao lado de sua companheira Alicia Eguren chega a participar da
11 MAZZEO Miguel. “En Pensar a John William Cooke”, Buenos Aires: Manuel Suárez, 2005. p. 49.
resistência à invasão organizada pelos EUA a Baía de Cochinos. Tal período é comumente
citado como o momento em que Cooke encontra a trajetória da luta peronista com a revolução
socialista. Entretanto nossa hipótese é que esse momento é uma afirmação de ideias
revolucionárias de Cooke que foram gestadas no seio da própria resistência peronista após a
Revolução Libertadora, ou seja que a militância em Cooke para transformar o peronismo num
movimento revolucionário não se dá como mero reflexo que a Revolução Cubana oferece para
a América Latina, mas das próprias lutas sociais internas na Argentina e ao caráter particular
do movimento peronista e da classe operária organizada inserida nesse movimento.
Cooke perante o golpe é um dos primeiros dirigentes peronistas a organizar grupos de
resistência e por isso é perseguido e logo encarcerado, primeiro no conurbano bonaerense de
Caseros, logo após seria enviado para Ushuaia, nos confins da América do Sul e finalmente
para o presídio de Rio Gallegos, na província de Santa Cruz, onde teria como companheiros de
masmorra alguns nomes conhecidos da política argentina dos 10 anos anteriores. Figuras como
Guillermo Patricio Kelli, Pedro Gomis, José Espejo e o futuro presidente do país Hector
Campora. No cárcere viveu entre a tensão permanente do fuzilamento, principalmente após o
decreto da lei marcial por parte do General Aramburu em junho de 1956 e as humilhações
psicológicas submetidas pelos vitoriosos da Revolución Libertadora. Tal penúria que duraria
até 18 de março de 1957, quando esse grupo de presos políticos fogem ao Chile, e lá formam
a División de Operaciones del Comando Superior, agrupamento de organização da resistência
peronista desde o exilio, sob a chefia de Cooke. Foi justamente durante seu cárcere que em 2
de novembro de 1956 Perón desde o exílio no Panamá nomeia Cooke como seu representante
pessoal na Argentina:
Por la Presente autorizo al compañero Dr. D. John William Cooke, actualmente preso, por
cumplir con su deber de peronista, para que asuma mi representación en todo acto o acción política. En
ese concepto su decisión será mi decisión y su palabra la mía. En él reconozco al único jefe que tiene
mi mandato para presidir a la totalidad de las fuerzas peronistas organizadas en el país y en el extranjero
y, sus decisiones, tienen el mismo valor que las mías. En el caso de mi fallecimiento, delego al Dr. D.
John William Cooke, el mando del movimiento12.
12 PERÓN, Apud: RECALDE, Op.Cit, p.95.
Cooke como uma das principais lideranças da resistência, se inquietava perante o
projeto político estratégico fundamental do peronismo. Julgava que a estratégia deveria ser a
preparação para a insurreição que levaria o peronismo não a uma nova condução reformista,
mas a uma revolução social, para ele já não bastava ser contra uma política, mas contra um
sistema:
Un movimiento como el Peronismo se nutre de absolutos. Es la gloria y es el inconveniente de
las fuerzas nacional-libertadoras. Deben llegar incorruptos, deben estar encima de las politiqueras, al
margen del juego común que desarrollan los partidos tradicionales13.
Cooke ainda se queixava com Perón de não existir as condições objetivas para
desencadear imediatamente a insurreição através de greve geral revolucionária. A repressão
generalizada da Revolução Libertadora e a clandestinidade de grande parte dos militantes
acabavam por reforçar as “camadas brandas” do peronismo. O embate durante o período
consistia sobretudo entre os sindicatos e os comandos de resistência (na qual se encontrava
Cooke). Enquanto os sindicatos eram instituições enraizadas na sociedade industrial, sua
atuação no contexto lhe conferia possibilidades limitadas e ainda um certo grau de imunidade
perante as mudanças de situação política devido ao seu papel intrínseco na sociedade. Os
comandos de resistência por outro lado eram organizações estritamente políticas, cuja atuação
e existência dependiam diretamente da correlação das circunstâncias históricas objetivas para
sua atuação, distinto aos sindicatos esses comandos não respondiam a demandas imediatas da
sociedade, mas sim tentavam criar novas situações políticas através de suas atuações táticas e
estratégicas14.
Nesse contexto em que o regime militar instaurado concedia certa liberdade relativa de
atuação dos sindicatos, pois considerava que a burocracia sindical formada no peronismo era
contentora do avanço do comunismo, ficava latente o conflito entre essas esferas legais de
atuação e os setores semilegais ou clandestinos de resistência. O embate chegou ao ápice
perante a articulação de Perón com Arturo Frondizi (UCR) para as eleições a serem abertas em
1958, na qual a “camada branda” ou “neoperonista” eleitoreira poderia sair fortalecidas. A
afirmação do pacto entre Perón e Frondizi, na qual foram representados respectivamente por
13 COOKE, Apud: JAMES, Daniel, Op. Cit, p.121. 14 Idem, p. 123.
Rogelio Frigerio e Cooke na assinatura do pacto secreto, foi para Daniel James o
reconhecimento da derrota tática de Cooke com a ideia de insurreição revolucionária. A
tentativa de capitalizar as greves dirigidas pelas 62 Organizaciones que vinham sofrendo
também com a repressão política fracassava, a greve geral revolucionária se tornava uma ideia
muito vaga e distante. Durante as eleições de fevereiro de 1958, Frondizi viria a triunfar com
44,79% com apoio oficial do peronismo. Entretanto cerca de 800.000 trabalhadores peronistas
desobedeceram às ordens do condutor votando branco ou boicotando o quórum, enquanto
grupos clandestinos frente a impossibilidade de traçar a luta armada viram o boicote eleitoral
como um rechaço ao antiperonismo e ao antinacionalismo, de modo que o voto seria uma
capitulação, sinalizando marcas entre formas de peronismo “à esquerda” e que se
aprofundariam na história do país ao longo das décadas seguintes15.
O período denominado Resistência Peronista (1955-1973) consolidou uma imagem na
cultura política argentina traçando um imaginário revolucionário que refletiu sob os jovens que
iam se engajar na luta armada tanto contra as ditaduras de Onganía (1966-1970), quanto de
Lanusse (1971-1973) e posteriormente a ditadura mais sangrenta da história do país, a
autodenominada Processo de Reorganização Nacional (1976-83). Cooke certamente teve uma
importância primordial na concepção de luta peronista e revolução peronista que
posteriormente iriam colocar em prática os principais grupos de luta armada como a Acción
Revolucionária Peronista (na qual Alicia Eguren, companheira de Cooke fazia parte e
desaparecia em combate em 1977), o Ejército Revolucionário del Pueblo – Partido
Revolucionário de los Trabajadores, os Montoneros, entre outros. Suas correspondências com
Perón seriam compiladas e publicadas em 1972, assim como seus livros e artigos seriam
reproduzidos em periódicos dos agrupamentos revolucionários argentinos após sua morte em
1968, consistindo em material de formação política daquela juventude que buscava em Cooke
um outro sentido do peronismo.
A Resistência Peronista passaria a ressignificar o próprio termo “resistência” na política
argentina, como sinônimo de política de esquerda e revolucionária. Sinônimo reforçado pelos
números das greves naquela conjuntura, segundo Daniel James, sem comparação a nenhum
outro momento da política argentina, 5 milhões de dias de trabalho perdidas em 1956 e
15 Idem, pp.124-125.
3.300.000 em 195716, além de movimentos espontâneos míticos como a tomada pelos próprios
operários do Frigorífico Nacional Lisandro de La Torre no bairro de Mataderos (Buenos Aires).
Fundamental no abastecimento do mercado interno de carne no país, a empresa estava para ser
privatizada por Frondizi em janeiro de 1959, enquanto esse visitava os EUA, desencadeando
uma ocupação por parte tanto dos trabalhadores locais, moradores do bairro, quanto de
sindicatos organizados nas 62 Organizaciones, levando a uma resistência encarniçada perante
a repressão do exército e da polícia, que conduziria 95 operários ao cárcere. Nesse episódio
não apenas se questionava a desnacionalização do Frigorífico, mas também se reivindicava o
retorno de Perón e um modelo de autogestão dos operários na empresa sob o lema ¡Patria sí,
colonia no!. Cooke com ativa participação no caso ficou responsável pela redação do
documento da proclamação greve em Mataderos:
Esta huelga es política, en el sentido de que obedece a móviles más amplios y trascendentes
que un aumento de salarios o una fijación de la jornada laboral. Aquí se lucha por el futuro de la clase
trabajadora y por el futuro de la Nación. Los obreros argentinos no desean ver a su patria sumida en la
indignidad colonial, juguete de los designios de los imperialismos en lucha.17
A Resistência Peronista ademais permite traçar a hipótese de que um movimento
político-ideológico enraíza e aprofunda sua influência numa determinada realidade não apenas
nos seus momentos de ascensão, mas sobretudo quando consegue demonstrar seu poderio
organizativo na retaguarda e nos momentos desfavoráveis a sua existência e manutenção,
outros exemplos comparativos estão na resistência soviética perante a agressão nazista que
alimentou o crescimento dos Partidos Comunistas por todo o mundo após aos seus feitos
heroicos como Stalingrado e a marcha sob Berlim, e a resistência da revolução cubana perante
os embargos econômicos por parte dos EUA e a vitória sob tentativas de invasões a Ilha como
na Baía dos Porcos em 1961 que feito sua capacidade de resistência aumentou sua influência
sob movimentos revolucionários e anti-imperialistas por toda a América Latina.
Considerações finais
16 Idem, p.128. 17 COOKE, John William, ”Proclama del Frigórifico Lisandro de La Torre” In: BASCHETTI, Roberto, ”Documentos de la Resistencia Peronista, 1955-1970, Vol I” La Plata: De La Campana, 2012, pp. 160-161.
Em uma conjuntura de ascensos de governos neoliberais, contrainsurgentes e
filofascistas na América Latina em que se abre um novo período de resistências tal qual marcou
o subcontinente do pós-guerra ao fim das ditaduras militares, suscita-se um exercício de pensar
desde a crise e desde a derrota. Podemos aprender em Cooke um teórico para além da esquerda
nacional argentina, que da experiência da derrota se abre dialeticamente a possibilidade da
superação crítica das deficiências teóricas que implica inevitavelmente na reformulação tática
e estratégica.
Quando se reflete em toda uma herança de aplicação mecânica de modelos estrangeiros
e de modismos acadêmicos advindos do centro do capital, apresentar a contribuição de Cooke
emerge sob o plano da descolonização do próprio marxismo, em cindir o divórcio entre teoria
e práxis, academia e política e entre cientificidade e compromisso revolucionário como diz
Nestor Kohan18. A ”apresentação” de Cooke para fora do âmbito da esquerda nacional
argentina implica em questões do resgaste ao passado como tarefa de buscar um processo de
aprendizagem em que seja necessário um revisionismo histórico no combate ao monopólio da
interpretação desde as classes dominantes e os modismos estrangeiros no pensamento crítico,
assim pensando uma ideia de consciência nacional, como consciência viva, dialética e em
constante transformação, uma consciência histórica.
A originalidade do pensamento de Cooke não pode ser compreendida deslocada da
esfera das lutas de classes que se arrebentavam por todo o Terceiro Mundo, as vitórias
anticolonialistas de Argélia, Congo, Líbia, os processos das guerras de Libertação Nacional
que indicavam a construção de uma sociedade em superação as estruturas econômicas vigentes
como China, Coreia, Cuba e Vietnã, o pensamento descolonizador de Ho Chi Minh, Che
Guevara, Fidel Castro, Frantz Fanon dialogavam a proposta cookiana, a Terceira Posição não
apenas ganhava novo sentido na conjuntura internacional, mas se inseria num movimento mais
amplo onde o monolítico monopólio do socialismo soviético, passava a dividir espaços com
criações marxistas e socialistas autóctones, que pensavam um Marx desde seu (terceiro)
mundo. O Peronismo revolucionário nesse sentido em Cooke ao se diferenciar do marxismo
clássico e eurocêntrico propagado desde Juan B. Justo e dos modelos mecânicos do PC
18 KOHAN, Nestor, ”Marx en su (Tercer) Mundo: Hacia um socialismo no colonizado”, La Habana: Centro de Investigación y desarollo de cultura cubana Juan Marinello, 2003, p.260.
argentino, poderia também ser enquadrado como um marxismo oriental, ou seja, o que
Domenico Losurdo caracteriza como o marxismo que quer se ver livre da dominação colonial,
da desumanização e da humilhação dos povos do Terceiro Mundo, fundando na luta pela
autodeterminação, no direito a exercer seu humanismo próprio19.
Em sua obra, ainda que de forma extremamente didática voltada para as bases da
militância há diversos apontamentos que o indicam como leitor de Lukács, Lênin e Gramsci.
Compartia com o filosofo húngaro a perspectiva crítica a um “utopismo messiânico” ou
“sectarismo messiânico” propagada parte dos socialistas de seu país, criticava a possibilidade
imediata de superação de toda a estrutura herdada do mundo burguês, compartindo com Lênin
a visão de que uma revolução social “pura” é impossível: No hay liberación sin el peronismo
pero el peronismo solo no puede hacer la liberación20 ; fundamentava sua visão de mundo em
acordo com as sínteses contidas em O Imperialismo de Lênin, em que a etapa monopolística
do capital passava a dividir substancialmente a luta revolucionária entre nações dominantes
opressoras e nações dominadas oprimidas: El nacionalismo sólo es posible como una política
antiimperialista consecuente21. Além do aspecto do pensar a hegemonia no que tange a um
movimento de origem policlassista no qual se aglutina diversos interesse particulares (ainda
que não antagônicos) em torno de uma unidade política.
Por outro lado, o traço fundamental da originalidade de concepção revolucionária em
Cooke foi possível devido a característica de ter partido do nacional ao internacional, a derrota
de 1955 suscitou em toda uma geração de esquerda uma completa revisão de suas concepções,
uma ressignificação do próprio peronismo e do caráter da revolução no país. A derrota nesse
sentido dialético pode ser entendida pela riqueza de não significar o sepultamento histórico,
mas a possibilidade de liberar de interior forças criadoras, não à toa nesse contexto pós
Revolución Libertadora, surgem clássicos da esquerda argentina como: Imperialismo y Cultura
(1957) de Juan Hernandez Arregui, História Crítica dos Partidos Políticos Argentinos (1956)
de Rodolfo Puiggrós e Revolución y Contrarrevolución em la Argentina (1957) de Abelardo
19 LOSURDO, Domenico, “O Marxismo Ocidental: Como nasceu, como morreu, como pode renascer”, São Paulo: Boitempo, 2018. 20 COOKE, John William, ”Apuntes para la militancia”, disponível em:http://www.labaldrich.com.ar/wpcontent/uploads/2013/05/John-William-Cooke-Apuntes-parala-militancia.pdf, acesso em: 14/07/2019, p.5 21 Idem, p.5.
Ramos, entre outros clássicos da literatura marxista argentina, que tiveram como originalidade
fundamental promover o casamento entre as tradições do pensamento crítico nacional com o
marxismo, contribuições essas que merecem ser resgatadas e inseridas dentro do debate
marxista e do pensamento crítico brasileiro, como forma de integração ao pensamento social
latino-americano como uma totalidade histórica, onde o marxismo e o pensamento crítico não
seja decalque, nem cópia de experiências exteriores ou subordinado aos modismos acadêmicos
formulados desde as metrópoles do capital.
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