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COLEÇÃO HISTÓRIA LASSALISTA EM MOÇAMBIQUE N° 01 LASSALISTAS DO BRASIL EM MOÇAMBIQUE Viagem dos Irmãos Provinciais brasileiros a Moçambique 03 a 11 de outubro de 1991 PUBLICADO ORIGINALMENTE EM CADERNOS LASSALIANOS 14 2ª edição Província Lassalista Brasil – Chile Setor de Moçambique 2015

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COLEÇÃO

HISTÓRIA LASSALISTA EM MOÇAMBIQUE N° 01

LASSALISTAS

DO BRASIL

EM MOÇAMBIQUE

Viagem dos Irmãos Provinciais brasileiros a Moçambique

03 a 11 de outubro de 1991

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM CADERNOS LASSALIANOS 14

2ª edição

Província Lassalista Brasil – Chile

Setor de Moçambique

2015

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COLEÇÃO

HISTÓRIA LASSALISTA EM MOÇAMBIQUE N° 01

LASSALISTAS

DO BRASIL

EM MOÇAMBIQUE

Viagem dos Irmãos Provinciais brasileiros a Moçambique

03 a 11 de outubro de 1991

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM CADERNOS LASSALIANOS 14

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DADOS DA PRIMEIRA EDIÇÃO

PROVÍNCIA LASSALISTA DE SÃO PAULO Rua Avaré, 201 - Consolação 01.243 - SAO PAULO SP Tel (011) 256 2517 Texto Irmão Israel José Nery fsc Irmão Marcos Antonio Corbellini fsc Datilografia. Maria Salete S. Amorim Revisão Irmão Benno Backes

DADOS DA SEGUNDA EDIÇÃO

PROVÍNCIA LASSALISTA BRASIL – CHILE

Setor de Moçambique

Reeditado por

Hno. Rodolfo Patricio Andaur Zamora

Revisão

Irmão Nelson Rabuske

Primeira edição: São Paulo, Brasil, 12 de outubro de 1991 Segunda edição: Beira, Moçambique, 15 de agosto de 2015

Com permissão do Superior

Irmão Lino Matias Jung

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INTRODUÇÃO

Durante o ano 2014 pediu-se à Comunidade de Beira fazer um artigo

sobre a presença dos Irmãos das Escolas Cristãs em Moçambique. Ao

assumir o dito compromisso, procurei informação na revista

"Mensagem" que o Distrito de São Paulo publicava, que consegui

localizar na biblioteca da antiga Casa Provincial da Província de São

Paulo.

Alguns Irmãos que passaram por esta missão lassalista contribuíram

com informações e lembranças. Muitos recordavam um artigo escrito

pelos Irmãos Provinciais da época, aonde descreviam sua viagem de

avançada em 1991. Mais nenhum tinha o documento.

Em fevereiro de 2014, o Ir. Reinaldo Souza de Oliveira encontrou, na

biblioteca do Centro Educativo e Assistencial Lassalista (CEAL) uma

reprodução pouco legível deste documento. Além da falta de clareza,

tinha problemas de paginação e com correções manuscritas.

Como se aproxima a celebração dos 25 anos de presença lassalista

neste país, em 2017, me pareceu interessante recuperar e voltar a

difundir seu conteúdo. É uma maneira de recuperar a memória

histórica desta missão. Seu conhecimento, junto ao arquivo fotográfico

que está em preparação, como outros documentos que relatam o

acontecido entre os anos 1992 a 2014, será uma ocasião de agradecer

a tantos Irmãos e leigos vindos de muitas partes do mundo lassalista:

Brasil, México, Itália, Portugal, Espanha e Chile, que têm dado vida e

continuidade a esta aventura apostólica.

É evidente que este não é um trabalho acabado. Ainda faltam muitos

testemunhos e entrevistas bem como páginas para ler, que poderão

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dar novas luzes sobre os momentos vividos na história ainda em

construção. Ter-se-á que pesquisar sobre os projetos em Anchilo e

Magunde. Conhecer mais as muitas ações empreendidas pelos Irmãos

junto a ESMABAMA, na formação de docentes em forma semi

presencial ou a distância (que hoje a Universidade Católica de

Moçambique continua), as visitas de acompanhamento e capacitação a

esses docentes-alunos em seus lugares de origem ou em ser pioneiros

na introdução da informática ou na organização da educação. O

efetuado tem conseguido que a Congregação seja altamente valorizada

e hoje outras dioceses gostariam de contar com seu apoio no trabalho

educativo que têm.

A leitura de suas páginas permitirá fazer uma avaliação do percorrido.

É preciso voltar a valorizar ou repensar os objetivos que se sonharam

outrora. Em especial uma pastoral vocacional que seja capaz de

mostrar, aos jovens moçambicanos, a oblação de si a Deus, do sentido

da renúncia pessoal por um bem maior: ajudar a salvação humana e

cristã de crianças e jovens de seu país. E a uma formação que convença

e permita a perseverança de quem põem a mão no arado. São alguns

dos desafios que se teve nos começos e que ainda estão pendentes.

Em Cristo, La Salle, São José, padroeiro do Instituto, e Maria.

Irmão Rodolfo Patricio Andaur Zamora fsc

Beira 15 de agosto de 2015, festa da Assunção da Virgem.

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APRESENTAÇÃO

Com o impulso dado pelo 41° Capitulo Geral de 1986, pela Regra de

1987 e pelos insistentes apelos da Igreja (cf. João Paulo II ("Redemptoris

Missio”) e dos Superiores de nosso Instituto, a Missão "Ad Gentes" ou

"sem-fronteiras" vem se tornando cada vez mais realidade em todo o

Instituto Lassalista.

Os Irmãos do Brasil são devedores dos Lassalistas missionários vindos

da França, da Bélgica, da Áustria, da Alemanha e da Espanha, têm

alguns anos de experiência missionária no interior do norte do Brasil no

Pará (Altamira e Uruará-Km 180 da Transamazônica) e no Maranhão

(Cândido Mendes, Presidente Médici) e um ensaio missionário, de

pouca duração em Cuba.

Atentas às sugestões dos Superiores, as duas Províncias Lassalistas do

Brasil acolheram a proposta de Missão na África de língua portuguesa.

O fato de o Instituto já contar com jovens Irmãos angolanos no Zaire

despertou o interesse de uma primeira comunidade em Angola. Mas os

insistentes pedidos de dom Jaime Pedro Goncalves, Arcebispo da Beira,

em Moçambique, circundado com o pleno apoio dos Irmãos Superiores

em Roma, levaram as duas Províncias a optarem inicialmente por

Moçambique.

Para os necessários encaminhamentos da primeira Comunidade

naquele país, os Irmãos Provinciais Marcos Antônio Corbellini (Porto

Alegre) e Israel José Nery (São Paulo) visitaram Moçambique de 03 a 11

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de outubro de 1991. Este livreto traz a "Crônica" desta importante

viagem e as perspectivas para a missão lassalista em Moçambique,

inicialmente na Arquidiocese da Beira. Na primeira parte colocamos um

resumo dos antecedentes da viagem situando a evolução do chamado

"Projeto Afríca".

Que a leitura deste trabalho desperte e confirme para nós a convicção

missionária, essencial à Igreja, portanto à nossa fé e à nossa vocação

lassalista.

Ir . Marcos A Corbellini fsc Ir. Israel J. Nery fsc

Provincial de Porto Alegre Provincial de S. Paulo

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I PARTE

IRMÃOS LASSALISTAS DO BRASIL PARA ÁFRICA DE LÍNGUA

PORTUGUESA

1. ANTECEDENTES

Em 1987 o irmão Superior Geral John

Johnston enviou carta circular a todas as

Províncias da América Latina, no dia 07 de

abril, festa litúrgica de São João Batista de

La Salle, sobre o tema “Proposta Missionária

aos Irmãos da RELAL". Desejava ele motivar

as Irmãos a respeito das Missões em

conformidade com o 41° Capitulo Geral de

1986, a nova Regra e a preocupação do

Instituto especialmente ao longo das

últimas décadas. Relembra o Irmão Superior

a Declaração n° 24 e as proposições 2 e 3 do

Capítulo Geral e faz as aplicações à realidade da

América Latina, dando uma série de sugestões concretas no item

"realidade missionária na RELAL".

Na primeira página da referida Circular, no parágrafo "Contribuição

em pessoal" o Irmão Superior escreve textualmente: "Com esta

finalidade o Capítulo Geral convida a cada Conferência Regional a

estabelecer uma quantidade generosa que corresponda, pelo menos a

10% de seus Irmãos, para prestar serviço missionário nas regiões do

Ir. John Johnston Superior Geral

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mundo que tenham mais necessidade da presença e da competência

destes Irmãos". Em outros parágrafos dá orientações quanto à "partilha

de recursos econômicos" para se poder assumir este desafio

missionário. A sugestão de um território missionário, naquele

momento, também foi contemplada. Aparece na página da Circular

"constituir, a partir de 1988 e em um período de 3 anos e sob

coordenação do Irmão Provincial de Antilhas, uma equipe de 6 (seis)

Irmãos disponíveis para reiniciar a missão do Instituto em Cuba".

Na IV Assembleia da RELAL, janeiro de 1988, em Córdoba, Argentina,

com a presença do Superior Geral John Johnston, o assunto foi tratado

e alguns passos decididos. Em breve os Irmãos abririam uma primeira

comunidade em Cuba. Decidiu-se também por realizar uma pesquisa

junto a todos os Irmãos da RELAL para um outro território missionário

na América Latina. Feita a pesquisa optou-se por El Salvador. As

dificuldades foram aparecendo em relação ao Projeto Cuba de modo

que a V Assembleia da RELAL, Março 1991, na Guatemala, tomou a

decisão de postergar o Projeto El Salvador.

Mas, em abril de 1990, em Bogotá, algo novo começou a aparecer,

com mais clareza, na questão missionária da RELAL, para as Províncias

brasileiras. No encontro conjunto "Conselho Geral do Instituto e

Provinciais da América Latina", alguns Conselheiros sugeriam para os

brasileiros os países de fala portuguesa na África, reiterando algumas

conversas anteriores. Naquele encontro os dois Provinciais Irmão

Marcos Corbellini (Porto Alegre) e Irmão Israel Nery (São Paulo) tiveram

uma reunião específica com alguns Conselheiros Gerais sobre o

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assunto, delineando-se que, talvez, fosse preferível, de fato, que o

Brasil atendesse a África (com vantagem da língua e de algumas

aproximações culturais) e as demais Províncias da RELAL, Cuba e El

Salvador, sendo que México já estava com Japão.

2. OS PASSOS DADOS ATÉ AGORA

Os dois Irmãos Provinciais brasileiros

voltaram de Bogotá com o propósito de aos

poucos traçarem um plano global em vista de

um Projeto Missionário para as Províncias do

Brasil em algum país de fala portuguesa na

África. Lentamente os Irmãos foram sendo

notificados deste possível Projeto. Enquanto

isso o diálogo prosseguia com

o Conselho Geral,

especialmente com os

Irmãos Genaro Saez de

Ugarte e Martin Corral,

que haviam tratado da

questão na visita que realizaram no Brasil em

1990 e na carta que enviaram apresentando as

orientações a partir da visita citada (20/09/90)

Por ocasião do encontro dos dois Conselhos

Lassalistas, no dia 26 de abril de 1991, em

Curitiba, o Projeto foi tratado com base num

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texto em duas partes a) apresentação, b) cronograma. Os conselheiros,

após amplo diálogo, com argumentos a favor e contra decidiram, via

consenso, favoravelmente e acataram o cronograma proposto, que

inclui:

a) um trabalho de conscientização dos Irmãos e de nossas escolas,

b) levantamento de irmãos dispostos a irem para a África,

c) escolha e preparação dos Irmãos a serem enviados,

d) abertura da primeira Comunidade, do segundo semestre de

1993 em diante,

e) outros pasmos.

Este material foi enviado a todos os Irmãos no Boletim "La Salle São

Paulo" nº 09/91

No dia 08 de maio de 1991 o Irmão

Conselheiro Geral Vincent Rãbemahafaly

enviou aos Irmãos Provinciais do Brasil

carta com diversas propostas de obras em

Moçambique. Vinham de dom Jaime Pedro

Gonçalves (Arcebispo de Beira, em carta

enviada ao Irmão Superior Geral John

Johnston, dia 23 de abril de 1991:

a) Colégio João XXIII em São Benedito da

Manga,

b) Colégio Santo Antônio, na Paróquia de

Barada,

c) Colégio São Carlos Lwanga, em Murraça.

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Pouco depois dom Jaime passou por Roma e visitou a Casa

Generalícia. Os Irmãos Genaro e Vincent escreveram novamente aos

Irmãos Provinciais do Brasil, sugerindo, com certa insistência, que a

Missão na África de língua portuguesa pudesse ser iniciada por

Moçambique e na Diocese da Beira, devido ao apoio concreto de dom

Jaime Pedro Gonçalves. Davam os Conselheiros a época de fevereiro de

1992, por causa do início do ano escolar.

Os Irmãos Provinciais Marcos Corbellini e Israel Nery responderam a

ambos os Conselheiros argumentando a dificuldade real de se atender

a solicitação para fevereiro de 1992:

a) Necessidade de se fazer o levantamento dos Irmãos;

b) Importância de um preparo suficiente dos Irmãos escolhidos;

c) Dúvidas a respeito do tipo de obra com que começar a Missão

na África.

Em resposta ambos os Conselheiros pediram aos Irmãos Provinciais

entabulassem diretamente o diálogo com dom Jaime Pedro Gonçalves,

inclusive informando da não viabilidade de uma viagem dos dois

Provinciais a Moçambique em fins de julho ou agosto de 1991, como

era esperado.

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PROVÍNCIA LASSALISTA DE PORTO ALEGRE - PROVÍNCIA LASSALISTA

DE SÃO PAULO

PROJETO DE AÇÃO MISSIONÁRIA NA ÁFRICA

NOSSA SENHORA DA ÁFRICA NOS CHAMA

ETAPAS PASSOS * Responsável 91 92 93 94 95 96 97 98

1. CONSCIENTIZAÇÃO MISSIONÁRIA:

Irmãos, formandos, Família Lasallista

• Comissão de Ação Missionária

** **

****

** **

** **

** **

** **

** **

** **

1. CRIAÇÃO DE FUNDO MISSIONÁRIO

(com contribuições das comu-

nidades, a partir de renúncias...)

• Comunidades

** **

** **

** **

** **

****

** **

** **

** **

2. LEVANTAMENTO DE NOMES DE

IRMÃOS QUE DESEJAM SER

ENVIADOS

• Direção Provincial

****

**

3. DIÁLOGO COM OS IRMÃOS QUE

DESEJAM SER ENVIADOS E

DEFINICÃO DOS NOMES

• Irmão Provincial

** **

5. DEFINIÇÃO DO PAÍS (Local,

Missão Específica, Recurso) DE

COMUM ACORDO COM IRMÃO

SUPERIOR GERAL E CONSELHO GERAL

• Direção Provincial – Conselho Provincial

****

** **

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6. PREPARAÇÃO DOS IRMÃOS A

SEREM ENVIADOS

** ** **

7. INÍCIO DA MISSÃO EM TERRAS DE

ÁFRICA

• Irmãos Missionados1

** **

8. ENVIO DE DOIS IRMÃOS

Irmãos Missionados.2

• Direção Provincial – Conselho

Provincial

** ** ** **

** **

9. CONFIAR A LEIGOS OBRAS

PARA PERMITIR A LIBERAÇÃO DE

IRMÃOS (se necessário)

• Direção Provincial – Conselho

Provincial

** **

** **

** **

** **

** **

** **

** **

10. AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO

• Direção Provincial – Conselho

Provincial

****

** **

** **

** **

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** **

** **

** **

O assunto "Projeto África" entrou no VI Capítulo Provincial da

Província de São Paulo (16-20/07/1991) merecendo um longo debate.

No final foi aprovado todo um Capítulo, com "Fundamentação" e com

"Propostas" ficando assim assumido pela instância mais alta da

1 Palavra adicionada na 2ª edição 2 ib.

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Província. O levantamento iniciado com o Boletim "La Salle São Paulo"

n° 09/91 de maio, tabulado em agosto, revela um bom grupo de Irmãos

que se oferece para as Missões na África. O mesmo ocorre na Província

de Porto Alegre A escolha dos Irmãos acontecerá ao longo do segundo

semestre. A preparação conjunta de escolhidos de Porto Alegre e de

São Paulo, seria feita ao longo de 1992 e 1993.

3. OS DESAFIOS DO PROJETO ÁFRICA

Somente à luz da fé e do zelo se pode compreender e aceitar que na

situação dos dois Distritos do Brasil e diante das imensas necessidades

de nosso país, se obedeça ao chamado da Igreja, do 41° Capítulo Geral,

da nova Regra e de nossos Superiores atuais. É também compreensível

que alguns Irmãos não estejam aceitando a decisão tomada. E este é o

primeiro desafio que o Projeto encontra dificuldade séria quanto à sua

aceitação por alguns, dentre os quais uns poucos chegam a fazer

oposição.

Além do desafio da escolha dos voluntários que se apresentaram, há

também o da preparação psicológica, cultural e espiritual dos referidos

Irmãos. Mas é preciso levar em conta também a questão do tipo de

compromisso com o qual iniciar na África. Estamos concretamente com

propostas de três colégios, inclusive um deles em regime de internato.

Não seria melhor trabalhar na formação de professores e de agentes

de pastoral vocacional? Outros grandes desafios que aparecem são,

por exemplo, Irmãos brasileiros para a África por alguns anos

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subseqüentes, financiamento do Projeto, envolvimento de nossas

escolas do Brasil e de leigos voluntários.

É fundamental que, agora, uma vez tomada a decisão de se obedecer

ao Espírito Santo, as Províncias, COMO

UM SÓ CORPO, "Juntos e por

Associação", com fé, zelo, coragem

e generosidade, tornemos

realidade este Projeto. Iniciemos,

Irmãos, colocando-o fortemente

em nossa oração e em nosso

trabalho de pastoral escolar.

D. JAIME PEDRO GONÇALVES Arcebispo da Beira

Fotos em preto e branco são do original – Fotos em cor são da 2ª edição

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II PARTE. A VIAGEM DOS PROVINCIAIS

1. O CONTEXTO

No ano da celebração do tricentenário

do Voto Heróico de São João Batista de La

Salle, comprometendo-se em 1691, com

os Irmãos Nicolau Vuyart e Gabriel Drolin,

a estabelecer e consolidar, por espírito de

fé e zelo, o Instituto dos Irmãos das

Escolas Cristãs, fundado em 1680, mas

naquele momento em grave crise, os

Irmãos Lassalistas do Brasil decidiram em

1991 pela abertura de uma comunidade

missionária na África de língua

portuguesa

Para concretizar a decisão tomada e

levando-se em conta a troca de

correspondência com os Superiores do

Instituto, os Irmãos Marcos Corbellini

(Provincial de Porto Alegre) e Israel José Nery (Provincial do São Paulo)

resolveram visitar a Arquidiocese da Beira, em Moçambique, em fins de

setembro de 1991 para ver " in locco" a situação da Igreja, do país e de

algumas obras, colocadas por dom Jaime Pedro Gonçalves à disposição

dos Irmãos.

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Moçambique, hoje com 14 milhões e meio de habitantes, foi povoado

no século III d.C. por populações de língua Bantu. Nos séculos VIII e IX

mercadores asiáticos chegaram à costa moçambicana à procura de

ouro e marfim c influenciaram muito as populações em questões de

religião, língua e costumes, constituindo-se, assim, em Moçambique,

alguns sultanatos. No século XV chegaram os Europeus, em sua rota

para a Índia. Vasco da Gama passou por Moçambique em 1498,

exatamente em Beira, na costa, hoje situada na metade da extensão do

país. Portugal, percebendo a importância de Moçambique, por causa

do ouro e da rota para a Índia, resolveu ocupar a Ilha de Moçambique

em 1507 e invadir o sultanato de Angoche em 1511. Em 1560 aconteceu

a primeira expedição missionária chefiada pelo Padre Gonçalo da

Silveira, que foi assassinado. O governo português, em 1572, declarou

guerra ao governo local de Monomopata, mas foi derrotado. Mais

tarde, em 1627, Portugal transformou Moçambique num Estado

vassalo, devido ao enfraquecimento do império local por guerras

internas e que pediu ajuda ao governo português.

A colonização portuguesa durou até 1974. A concessão da

independência a diversos países africanos por parte de França, Bélgica,

Inglaterra e Holanda nas décadas de 50 e 60 incentivou profundamente

forças nacionalistas de Moçambique à luta pela independência.

Portugal, entretanto, não admitiu a possibilidade do fim da colonização

em seus territórios de além-mar. Além disso, os portugueses de

Moçambique, contrários ao governo Salazar, queriam fazer de

Moçambique o verdadeiro Portugal e investiam no país o mais que

podiam. Em 1962 nasceu a FRELIMO (Frente de Libertação de

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Moçambique) sob direção do Eduardo Chivambo Modlane e em 1961

teve início a luta armada pela independência, com imensos estragos no

país até a vitória em 1974, com os acordos de Lusaka. FRELIMO

organizou então o governo nacional colocando como presidente

Samora Moisés Machel e adotando o sistema comunista para o país.

Uma parte da FRELIMO, não suficientemente contemplada pelo

governo, se separou formando a RENAMO (Resistência Nacional de

Moçambique) que está em todo o pais, principalmente no norte,

fixando-se em Gorongosa. Surgiu, então a Guerrilha contra a FRELIMO,

ou seja, contra o governo, com o apoio dos países vizinhos, também de

Portugal e outros países capitalistas.

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O governo revolucionário encampou imediatamente todos os

templos, escolas, fábricas e bancos num nacionalismo e estatização

radicais. “É preciso destruir tudo e começar de novo", dizia Mache1. Os

estrangeiros tiveram de abandonar tudo, assim como a Igreja. Sem

condições de assumir o que havia confiscado, aos poucos o país se

transformou numa imensa sucata. A guerrilha piorou ainda mais a

situação, consumindo as forças do país. Com a morte de Samora

Machel, em 1986, a crise do regime comunista no Leste Europeu e a

retirada das forças cubanas, a FRELIMO se viu órfã e sem a mínima

condição de levar à frente seu projeto para Moçambique,

O novo Presidente Chissano começou a abrandar o regime. Os dois

grupos rivais aceitaram discutir termos para a paz com mediação de

alguns países e da Igreja e já realizaram 8 rodadas de negociações. Em

1991 começou a abertura para empresas particulares e a devolução de

prédios confiscados e até mesmo algumas escolas. Alguns acordos

firmados entre FRELIMO e RENAMO já possibilitaram algumas

condições para a reconstrução do país.

A Igreja, apesar de todo o ocorrido contra ela nestes 16 anos de

regime comunista, é agora uma instância de confiança do atual governo

de Moçambique, e por isso, é força nas conversações pela paz e está

recebendo lentamente a liberdade e os prédios encampados. Estes

prédios, porém, na sua totalidade, estão em ruínas, é para este

recomeço de Moçambique que a Igreja está pedindo ajuda missionária,

também ao Brasil.

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2. DE BRASIL A MOÇAMBIQUE (2 a 4/10/91)

De 02 a 11 de outubro de 1991, mês das missões, os Irmãos Provinciais

Marcos Corbellini (Porto Alegre) e Israel José Nery (São Paulo) fizeram

uma viagem a Moçambique em vista da concretização de uma missão

lassalista brasileira naquele país. A viagem, marcada para o dia 26 de

setembro, teve de ser adiada por atrasos na concessão do visto de

entrada a Moçambique de Irmão Nery, por causa de falhas no envio da

documentação. Irmã Eduarda, secretária da Conferência Episcopal

Mocambicana (CLM), se dedicou exemplarmente na tramitação

requerida para os vistos de entrada.

No dia 02 de outubro à noite, chegou à Casa Provincial de São Paulo o

Ir. Marcos Corbellini, procedente de Porto Alegre. De madrugada, às

4h30, Irmão Benno Backes, secretário da Província de São Paulo, levou

os dois Provinciais ao Aeroporto de Guarulhos para o vôo RG 790 com

decolagem prevista para as 06h30 e chegada no Rio as 07h30. Houve

troca de aeronave no Rio e o vôo marcado para as 9h00 teve uma hora

de atraso, por problemas técnicos.

A viagem transcorreu normal, com leves balanços do avião algumas

vezes. O número de passageiros era pequeno para uma aeronave tão

grande, um DC/10. Às 11h30 foi servido um prato frio com bebida à

escolha. Alguns filmes entretiveram os passageiros. Antes da chegada

a Johannesburg, foi servido o jantar. O avião aterrissou no Aeroporto

Jan Smuts às 22h40. Procuramos imediatamente o Hotel Airport Sun.

Soubemos depois que podíamos ter ficado dentro do Aeroporto num

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Hotel para transito. Nem RAPTIM, Varig, South African Airline e nem o

Consulado nos informaram sobre isso. E teria sido gratuito.

Durante a viagem de São Paulo a Johannesburg, da conversa dos dois

Provinciais, foram importantes os seguintes assuntos:

a) É, por fé e obediência ao Senhor e ao Instituto, que estamos

indo à África,

b) Estamos indo para ver, ouvir, dialogar, levantar dados para o

necessário discernimento quanto à missão lassalista brasileira na

África de língua portuguesa,

c) Teremos contatos em Maputo, onde dispomos de dois dias antes

de ir a Beira. Desejamos visitar a Conferência Episcopal de

Moçambique, a Conferência dos Religiosos e alguns brasileiros

missionários (Irmãs, Irmãos, Sacerdotes) que lá vivem,

d) Estamos indo a Beira, a convite do senhor Arcebispo dom Jaime

Pedro Gonçalves e insistência de nossos Superiores maiores, para

visitarmos obras que a Igreja se prontifica a confiar aos Irmãos

Lassalistas já para fevereiro de 1992. Estamos disponíveis ao

diálogo para discutirmos sobre este compromisso, sem a suficiente

preparação dos Irmãos, se for para 1992,

e) De acordo com o tipo de atividade concreta na África,

escolheremos os Irmãos entre os que se ofereceram para esta

missão. Será uma tarefa complicada, sem dúvida, sobretudo se for

efetivamente necessário abrir a primeira comunidade em começos

de 1992.

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3. EM MAPUTO, CAPITAL DE MOÇAMBIQUE (1° dia 4/10/91)

No dia 01 de outubro, Festa do São Francisco do Assis, deixamos o

Hotel Airport Sun às 6h30min e viajamos para Moçambique às 8h00 por

SAA. Houve dúvidas, por parte do funcionário que nos atendeu, quanto

a termos o visto de entrada no Aeroporto do Maputo. Confiantes,

viajamos e de fato houve demora por parte da Polícia do Aeroporto a

encontrar os vistos.

Para nos receber estava o Irmão Marista gaúcho Justino Hartmann,

com 40 anos de missionário na África. Estava acompanhado pelo

motorista da Conferência Episcopal Moçambicana senhor Alberto.

Irmão Marcos havia combinado com o Ir. Justino a nossa chegada.

Fomos levados ao Hotel Turismo, no centro da Cidade, por falta de lugar

nas casas religiosas da cidade, segundo Ir. Justino.

Cidade Maputo: centro e Catedral

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Descansamos e almoçamos no Hotel e às 15h30 Irmão Justino nos

veio buscar. Visitamos a cidade, diversos bairros e praias da belíssima

baía, a Catedral e a igreja dos Padres Sacramentinos. Passamos na

Conferência Episcopal. Irmã Eduarda havia viajado para um Retiro.

Atendeu-nos a Ir. Celestina. Às 18h00 participamos da Santa Missa,

festa de São Francisco, na Paróquia Santo Antônio de Polana, dos Freis

Franciscanos. Terminamos a jornada oferecendo, no Hotel, um jantar

ao atencioso e fraterno Irmão Justino Hartmann.

Do diálogo com Irmão Justino, enquanto nos mostrava Maputo, é de

se destacar:

a) "A revolução destruiu o país com a introdução do comunismo e a

guerra interna. A Igreja perdeu suas obras e bens. A paz ainda não

aconteceu. Estamos em trégua. Dom Jaime Gonçalves é um dos

mediadores e por isso está continuamente na Itália, pais que

abriga e patrocina as conversações.

b) Estamos em nova fase. A vinda de vocês, Irmãos Lassalistas, é

promissora. Há muito campo de ação. Mas estamos realmente

sem recursos financeiros. O custo da vida é muito alto e tudo é

muito caro. Há muita exploração. O que falta nos supermercados

está nas feiras, mas bem mais caro.

c) Necessitamos sangue novo, novos sonhos, novo impulso. Vejam,

consultem e escolham um tipo de compromisso apostólico que,

efetivamente, seja uma ajuda significativa à Igreja e ao país neste

início de reconstrução de tudo aqui.

Page 26: H° Lassalista em Mocambique 01 - Lassalista de Brasil em MOÇAMBIQUE (buena).pdf

24

d) A escola está toda nas mãos do governo socialista. A religião é

proibida. Agora o governo vai permitir novamente a escola

particular. Mas não vai repercutir bem na Igreja que os religiosos

abramos escolas para classes melhor situadas.

e) A meu ver, confessa o Ir. Justino, é prioritária a formação de

agentes multiplicadores: catequistas, professores, líderes. Como

estamos tendo um bom número de vocações, é importantíssimo

fazer algo para a boa formação dos seminaristas e dos que se

preparam para a Vida Religiosa.

f) Não vejo como prioridade o internato que em muitos casos é

pensionato. E aqui a dificuldade é maior por causa do custo de

vida. Conseguir alimentar uma certa quantidade de internos é

uma proeza.

g) O clero diocesano é muito reduzido. A maior parte das Paróquias

está com religiosos. Isso nos forçou a desenvolver um ministério

laical variado. Durante o regime comunista as Igrejas se

esvaziaram, agora começam a encher novamente.

h) O povo é muito bom. Profundamente religioso. Predominam os

Católicos. Em segundo lugar estão os Muçulmanos. Anglicanos e

Presbiterianos também há, mas poucos.

i) Tínhamos, antes da independência, muitas escolas católicas.

Foram confiscadas pelo Estado. Todo o primário estava nas mãos

da Igreja. Hoje as escolas estão em péssimas condições. Os

professores, em maioria portugueses, foram embora com a

revolução. O ensino, portanto, caiu vertiginosamente em

qualidade. Muitos religiosos sobreviveram como professores do

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25

Estado. O Estado está devolvendo Igrejas o Templos e alguns,

prédios (seminários) que estão em péssimas condições.

j) É conveniente que prevejam uma Comunidade em Maputo, por

ser a capital e centro de referência principal do país.

k) Como nem a Igreja e nem o Estado podem ajudá-los

financeiramente, sinceramente não sei como os Irmãos em

pouco tempo poderão se auto sustentar. Ainda mais que o abrir

uma escola paga, como disse, não repercutiria nada bem.

l) Vocações há e bastantes. Há problemas que necessitam de

atenção: dois principalmente. A busca de Casas de Formação e

Seminários por causa da qualidade de ensino. O celibato não

entra no esquema cultural do africano. É preciso trabalhar esse

assunto na verdade da fé e não com justificativas humanas de

disponibilidade, mais tempo etc. É por causa do Reino.

m) É importante, porém, não vir com projetos prontos, nem com

pressa. É necessário ouvir, contatar, ter visão ampla".

4. EM MAPUTO, CAPITAL DE MOÇAMBIQUE (2° dia 5/10/91)

Às 9h00 do dia 05 de outubro, sábado, o Irmão Justino veio nos buscar

no Hotel Turismo. Ele nos mostrou primeiramente o Centro Cultural

Brasileiro que está em frente do Hotel. Depois nos conduziu à nova

residência das Irmãs Paulinas ("Paulistas" como são denominadas em

Portugal e em Moçambique). É uma mansão muito bem construída e

ampla, ao lado da embaixada da União Soviética.

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26

Foi uma alegria conviver umas horas com as Irmãs brasileiras e de

grande utilidade para nós o que nos informaram:

a) “O diploma universitário brasileiro é reconhecido e bem-vindo a

Moçambique. Em alguns casos o pagamento é feito pelo governo

em dólares. Se os Irmãos que vierem têm nível universitário é

possível emprego em cargos do governo ou em escolas

internacionais para classes altas.

b) A proposta de "formar multiplicadores" é excelente e deveria ser

prioritária, sobretudo no nível de catequese, agentes de pastoral

e professores. O mesmo com relação à alfabetização de adultos.

c) Quanto à Pastoral Vocacional. É fundamental para as

Congregações que desejam se estabelecer em Moçambique para

logo terem religiosos autóctones. Mas muitos bispos são contra a

Pastoral Vocacional para a Vida Religiosa e Congregações não

diocesanas. Numa das Assembléias Diocesanas um bispo propôs,

há poucos meses, proibir a P.V. que não fosse para o clero

diocesano, pelo menos por 5 anos. É importantíssimo falar cum o

senhor Bispo da Beira direta e francamente sobre o assunto".

d) Com relação ao trabalho apostólico, também as Irmãs Paulinas

são reticentes quanto a internatos e escolas pagas. Dizem que

"em Beira há agora a proposta de criar, por iniciativa da Igreja,

uma Universidade Particular em união com outras forças. O

Estado está devolvendo, em precárias condições, o prédio do

Centro Catequético. Esta é uma alternativa boa para os Irmãos

formar Catequistas e Agentes de Pastoral.

e) Em Maputo é urgente a criação de um Instituto de Ciências

Religiosas para Religiosos e Leigos. O currículo do Seminário se

Page 29: H° Lassalista em Mocambique 01 - Lassalista de Brasil em MOÇAMBIQUE (buena).pdf

27

torna, por exigência das autoridades eclesiásticas, cada vez mais

clerical e não se coaduna com as necessidades dos religiosos,

especialmente religiosas e leigos.

f) A alternativa de começar a missão por Angola não deve ser

descartada. Há muito boas perspectivas de apoio. O fato de já

haver Irmãos Lassalistas em Angola facilita o começo do Projeto

Moçambique ficaria para um segundo momento.

g) É conveniente levar em consideração no discernimento, a Igreja

como um todo e não tanto uma determinada Igreja particular que

convidou e oferece algumas alternativas concretas.

h) Na hipótese de o governo devolver os Colégios dos Irmãos

Maristas em Beira e em Maputo, seria conveniente analisar, em

termos de visão de Igreja, como ajudar os Irmãos Maristas a

retomarem os Colégios deles.

i) A Congregação, estabelecendo-se em Moçambique, necessitará

em breve tempo de uma casa em Maputo".

Um pouco antes de despedir-nos das Irmãs, chegaram dois sacerdotes

italianos da Congregação dos Padres da Consolata e o Padre Vicente,

dos Padres Brancos, Reitor do Seminário Maior. Estes sacerdotes

reafirmaram o que até o momento havíamos conversado com o Ir.

Justino e as Irmãs Paulinas. Expressaram que, em coerência com a

teologia e a pastoral no Brasil, a opção dos Lassalistas deveria ser por

Moçambique, onde a pobreza é extrema. A renda per capita é de 85

dólares por ano!

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28

Ir. Justino, por algum motivo especial, não nos mostrou a residência

dos Irmãos Maristas, mas nos levou para ver a situação calamitosa em

que se encontrava o Colégio deles em Maputo, encampado pelo

Estado. Depois fomos visitar a cidade de Matola, onde diversas

Congregação têm suas casas de Formação. Ele nos aconselhou a

providenciar terreno no lugar para nossos futuros formandos.

Almoçamos às 12h00 no Hotel, às 14h00 para o Aeroporto. Ali nos

encontramos com a Irmã Celeste, da Congregação das Franciscanas

Missionaria de Nª Sª da Vitória, que se alegrou ao saber nossa vinda

para Moçambique e insistiu conosco para não colocar barreira alguma

a ação do Espírito quanto à missão em Moçambique.

5. EM BEIRA (1° dia. 6/10/91)

Viajamos para Beira, dia 05/10 às 16h30, onde chegamos às 17h30.

Padre Manuel Chiuanguira Machado, Vigário Geral, nos esperava. Dom

Jaime Pedro Gonçalves havia viajado dia 02/10 para Roma a fim de

participar de mais uma rodada de negociações (a 8ª) em busca de paz

em Moçambique entre as partes em guerra: FRELIMO, que está no

poder, e RENAMO. Fomos alojados no Palácio Episcopal, onde residem

os cinco sacerdotes diocesanos em Comunidade com o Bispo.

Conhecemos durante a janta os Padres Matias e Paulino e uma Irmã da

Congregação Diocesana Nª Sª da Anunciação. Ir. Marcos e Ir. Nery

visitaram a capela da Cúria e foram se recolher após falar por telefone

com os Irmãos Maristas de Beira.

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29

No domingo, dia 6 de outubro, festa de Nª Sª do Rosário, e padroeira

da Arquidiocese da Beira, fomos participar da Missa às 9h00 na

Catedral. A celebração foi solene, cantada, com 2 horas de duração,

muito inculturada em termos de canto, dança, ritmo a língua. Foi para

nós de grande riqueza este contato com o povo. Visitamos as

dependências do Seminário Médio, junto à Catedral e o complexo de

construções pertencentes aos Padres Franciscanos. Tudo em precárias

condições pelos estragos feitos pelo descaso do governo.

Almoçamos às 12h30, após o momento de conversa informal e

aperitivo. Às 14h15 saímos

para acompanhar uma

"Caminhada pela Paz"

promovida pelos jovens, da

Catedral à Igreja Nª Sª de

Fátima. Levamos chapéu por

causa do tipo de calor do sol

que é causticante neste

período de início de verão

tropical, fim dos 6 meses de

seca e começo das chuvas. Havia um vento suave permanente que

amenizava o calor. Pelas informações recebidas, de dezembro a abril o

calor é intenso, úmido, com forte mormaço. A caminhada teve duas

paradas para reflexão e culminou no recinto da Igreja Nª Sª de Fátima,

que é muito espaçosa. Havia uns 1.600 jovens e adultos congregados.

Houve Celebração da Palavra com muitos cantos bem rítmicos e

animados, dirigidos pelo Padre Júlio, que é compositor. No final o Padre

Cidade da Beira: Casa de ferro

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30

Manuel nos apresentou à multidão, que nos recebeu com muitas

palmas e ovação. Toda a Celebração da Paz durou 3 horas e meia, que

participamos de pé, mesmo dentro da Igreja, por falta de lugar.

Das conversações com os sacerdotes residentes no Palácio Episcopal,

principalmente com o Vigário Geral Padre Manuel Chiuanguira,

registramos alguns dados importantes.

a) "Há em Beira em 1991, na Arquidiocese, 10 Congregações

religiosas femininas e 5 masculinas, entre as quais os Irmãos

Maristas.

b) A Arquidiocese está gestionando a criação de uma Universidade

Católica. Padre Manuel nos informou que bastam 3 Faculdades

para se ter o status de Universidade. Pensa-se, no momento, em

Pedagogia, Agropecuária e Direito. Espera-se, também neste

campo, a ajuda dos Irmãos Lassalistas.

c) A cidade de Beira tem mais ou menos 1.000.000 habitantes, há

apenas 3 escolas secundárias. Em Moçambique há 7 anos de

primária (1ª a 7ª ) e três de secundária (8ª a 10ª) aos poucos, está-

se introduzindo a 11ª série, como reforço. O ensino em

Moçambique está em condições muito precárias

d) O governo vai devolver à Igreja o prédio do Colégio Marista que é

da Arquidiocese, que por sua vez o pede reformado. Como o

governo está interessado na criação da Universidade está

disposto a atender o pedido da Igreja.

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31

e) Pelas conversações de dom Jaime

com os Superiores Lassalistas em

Roma, dá-se como certa a vinda

dos Irmãos Lassalistas do Brasil

em começos de 1992 para o

Colégio João XXIII, em São

Benedito, num complexo de

missões criado e construído

pelos Padres Brancos,

confiscado pelo governo.

Agora está sendo devolvido

completamente depredado. Os

Padres Brancos e a

Arquidiocese estão reformando

algumas partes deste complexo

f) Há em Beira, a uns 60 Km, uma espaçosa

construção já pronta para uma Escola Agrícola, mas que o

governo não tem condições de fazer funcionar lá será colocada a

faculdade de Agropecuária.

g) Mas o que se pede aos Irmãos Lassalistas, de concreto e imediato,

é assumir o Colégio João XXIII, com seis salas de aulas, como

escola particular católica. Iniciar ali a secundária (8ª série em

diante, com a 8ª série em 92). O Estado não ajudará em nada e

nem a Diocese. E se a Diocese ajudar em algo, será um salário

simbólico, pois não tem condições para mais. Os Irmãos

morariam na casa dos Padres Brancos (são três numa residência

muito espaçosa). O governo devolve apenas um pavilhão da

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32

Escola. Os outros estão sendo ocupados para alunos de 1ª a 6ª

séries e por enquanto não há como devolver os prédios".

Argumentamos com o Padre Manuel algumas dificuldades

fundamentais que desejamos esclarecidas para nossa decisão. E ele,

dentro do possível, deu as explicações da Diocese:

a) Pastoral Vocacional. Se viermos colocaremos como uma das

prioridades a Pastoral Vocacional, também para Irmão Lassalista,

pois achamos imprescindível termos Irmãos autóctones. E como

leva muito tempo para se formar um Irmão, precisamos começar a

P V. logo. Padre Manuel respondeu que há conflitos sérios quanto

à P.V. A orientação dada é que se faça a P.V. para clero diocesano

e Congregações Diocesanas e não cada Congregação por conta

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33

própria. Há uma Equipe Vocacional Diocesana que trabalha para

todas as vocações. Reconhece que há limitações neste campo.

b) Colocamos algumas dificuldades quanto a assumir escola já em

1992, fevereiro. Os Irmãos são brasileiros e nada conhecem da

legislação moçambicana de ensino e nem do que os alunos já

estudaram até a 7ª série. Não conhecem nada de cultura do país.

É inviável, portanto, respon-

sabilizar-se por algo tão sério

como uma Escola em outro

país. Se houve uma guerra

contra a colonização portu-

guesa não podemos em

hipótese alguma sequer dar a

impressão de colonização

brasileira em Moçambique.

Ora, se os Irmãos brasileiros

são obrigados a assumir em

fevereiro a direção de uma

escola, evidentemente eles

só podem fazer o que

aprenderam e sabem e tudo ao

estilo brasileiro. Padre Manuel concordou plenamente com nossa

reflexão. Disse que esta questão foi levantada. Dom Jaime pediu

que a Irmã Rosa, atualmente em Portugal, e que foi Diretora do

Colégio João XXIII, por alguns anos, viesse ajudar os Irmãos nesse

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34

começo. Mas, de fato, a questão de um mínimo de inculturação é

fundamental.

c) Outra dificuldade levantada foi quanto à necessidade de se cobrar

dos alunos para se poder manter a escola. Isso resultará em

elitização econômica e cultural dos alunos e provocaria um choque

muito grande na população e na pastoral. Padre Manuel concordou

plenamente com a argumentação, mas não vê outra saída. No

começo o Estado, assim parece, aceita que os professores da

região trabalhem na escola da Igreja, o Estado pagando. Mas não

sabemos até quando.

d) Perguntamos se houve oferta da obra aos Irmãos Maristas. Padre

Manuel respondeu que sim, mas que eles não tinham condições de

assumir a obra. E o Colégio dos Maristas, como já foi dito, ficará

destinado para sediar a futura Universidade Católica da Beira.

Visita Arcebispo em 1992

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35

Igreja de N. S. do Rosário Catedral da Beira

ARQUIDIOCESE DA BEIRA

Data da Criação: 4 de setembro

de 1940

Elevação a Arquidiocese: 20 de

junho de 1984

Padroeira: Nossa Senhora do

Rosário (7 de outubro)

Superfície: 129.851 Km2

DADOS ARQUIDIOCESE 1992

População: 1.700.000 Habitantes

Católicos: 92.500

Catecúmenos: 12.096

Paróquias: 40 (das quais, 7 em formação)

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DADOS ARQUIDIOCESE 20083

População: 1.715.557

Habitantes4

Católicos: 1.381.3385

Catecúmenos: 12.096

Paróquias: 33 (das

quais, 7 em formação)

Sacerdotes diocesanos:

26

Diáconos diocesanos: 03

Congregações

femininas: 13 (com 101

membros)

Congregações

masculinas: 11

Sacerdotes 56

Irmãos: 11

Catequistas: 9.340

3 Cf. Anuário Católico de Moçambique 2008 http://www.fecongd.org/fec/anuarios_igrejas_lusofonas/anuario_mz.pdf Consultado o 05de agosto 2015 4 Censo 2007 5 Ib,

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37

6. EM BEIRA (2° dia: 7/10/91)

No dia 7 de outubro fomos visitar o complexo das missões, construído

e dinamizado pelos Padres Brancos. Iniciado em 1940, São Benedito do

Alto da Manga (assim chamado por estar no bairro das mangueiras), foi

evoluindo, chegando a ser um plano modelo de missões. Ali funcionava,

antes do golpe de estado, uma Igreja, a residência dos Padres (com 9

quartos e diversas dependências), a residência das Irmãs com 6 quartos

e diversas dependências, prédios escolares, campos para esportes

(futebol, tênis, vôlei), um salão de cinema, uma maternidade, dois

pavilhões para internato (o feminino e o masculino), a ala para

refeitórios e cozinha, terras para plantio de cereais, prédios para

oficinas etc.

O governo revolucionário encampou tudo e deixou ao léu. Todo o

complexo foi depredado e está em ruínas. O Estado mantém escola

para mais de 1.000 alunos e um centro de formação de professores (em

regime de internato) para 150 alunos. Tudo, porém, em situação de

ruína.

Com o acordo de devolução, um Irmão leigo da Congregação dos

Padres Brancos, e que é de família rica e influente na Alemanha, está

reconstruindo este complexo das missões. Iniciou em agosto 1991 e já

tem quase pronta a residência dos padres Como está chegando o

período das grandes chuvas, o Irmão está tentando recuperar o mais

possível os telhados dos vários prédios que tiveram os caibros

destruídos pelos cupins, e as calhas, que durante muitos anos ficaram

Page 40: H° Lassalista em Mocambique 01 - Lassalista de Brasil em MOÇAMBIQUE (buena).pdf

38

entupidas, estão com arbustos crescidos. A grande Igreja foi

transformada pelo governo em depósito de alimentos e está em

péssimas condições.

Irmão Günther garante que até janeiro estarão reconstruídos os

prédios da Residência e da Escola e se preciso também o da Residência

das Irmãs, que pode ficar para os Irmãos. Nesta residência está

atualmente a Secretaria da Escola de Professores e por isso o prédio

não foi arruinado. Mas Ir. Günther acha que se os Irmãos aceitarem

poderão morar na Casa dos Padres, que tem 9 quartos. A proposta da

Diocese é que os Irmãos Lassalistas assumam já para 1992 o 2° grau (8ª

serie em diante) no prédio que o Estado vai devolver. Ir. Günther

permanecerá por alguns anos ainda no Complexo São Benedito para

cuidar da reconstrução. Aos poucos o governo devolverá os prédios que

ocupa para o primário e a escola de professores, ficando apenas com a

maternidade. A grande propriedade do Complexo das Missões foi

ocupada até próximo aos prédios por refugiados de guerra e não vai ser

fácil removê-los dali.

Às 14h30, passamos na agência de viagens para antecipar o vôo de

Beira a Maputo de quinta-feira para quarta-feira, devido ao receio de

perda do vôo de 5ª, o que nos atrapalharia a volta ao Brasil. Em seguida

visitamos o Centro Nazaré, numa extensão de 15 hectares com 32 casas

de família e 7 prédios. Era um Centro de Formação de Catequese e

Pastoral. O governo havia encampado e transformado em centro de

treinamento do Partido Socialista. Alguns dos prédios estão destruídos,

outros bastante danificados.

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39

Ao voltar, visitamos, ali perto, a nova paróquia dos Padres Brancos e

participamos da Missa às 18h00 no Seminário Médio em Beira. Após a

missa atendemos a algumas perguntas dos seminaristas. Às 20h00

fomos jantar na residência dos Irmãos Maristas a convite do Ir. Justino,

que havia chegado de Maputo, e dos Irmãos Ignácio, Ezequiel e Manuel

e dos 4 juvenistas. Estavam presentes um Irmão Franciscano, o 1° de

Moçambique, Frei Salvador, e um sacerdote Diocesano médico, Padre

Manuel, que havia recebido naquele dia uma carta comunicando o sim

de uma bolsa de estudos no Hospital da PUC de Porto Alegre.

Os Irmãos Maristas nos incentivaram muito a aceitarmos o trabalho

apostólico em São Benedito, a Escola João XXIII, como ponto de partida,

ainda mais com o apoio do Arcebispo, dos Padres Brancos e das Irmãs

Franciscanas. Aos poucos os Irmãos perceberão outras frentes e

escolherão as prioritárias. O importante é começar logo.

7. EM CHIMOIO - NOVA DIOCESE (8/10/91)

Passamos o dia 8 de outubro, terça-feira, em Chimoio, cidade próxima

a Zimbabwe, sede da recém-formada Diocese, distante 3 horas de carro

da cidade de Beira. Padre Manuel Chuanguira nos levou e nos mostrou

a cidade e arredores. Depois do almoço na improvisada cúria

episcopal (o centro social e pastoral da Paróquia dos Franciscanos, há

pouco devolvido pelo Estado), conversamos com o senhor Bispo dom

Francisco Silota.

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40

Da conversa com

dom Francisco destaca-

se:

a) Ao ser criada a

nova Diocese, dom

Francisco, antes mesmo

da posse (1990), visitou

o Brasil em 1989 para

pedir ajuda missionária

em recursos humanos,

principalmente sacerdotes e

religiosos (as).

O Brasil deu a entender (CNBB Nacional e CNBB Sul 3) que

preferia realizar um projeto tipo "Igreja-Irmã". CNBB e

Conferência Episcopal de Moçambique (CEM). Dom Francisco

tentou explicar que não estava em nome da CEM e que um

projeto desse alcance, naquelas circunstâncias, era inviável. Ele

estava apenas em nome de uma nova Diocese, a de Chimoio,

que para começar precisava de sacerdotes e religiosos.

Não tendo sido compreendido nem pela CNBB Nacional e nem

pela CNBB Sul 3, até 1991 nada de concreto foi realizado pelo

Brasil quanto ao Projeto "Igreja-Irmã" com a CEM e com a nova

Diocese de Chimoio.

Chimoio hoje

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41

Apenas agora em dezembro de 1991 é que haverá a visita a

Chimoio do Padre Eleutério, secretário do Sul 3 para Missões em

Moçambique. E a esperança de ajuda brasileira é retomada por

dom Francisco.

Ir. Marcos Corbellini se prontificou a tentar transmitir ao Sul 3,

diretamente ao Padre Eleutério, o que dom Francisco se esforçou

por comunicar, mais não conseguiu se fazer entender.

b) Dom Francisco nos deu uma rápida visão panorâmica da nova

Diocese: 9 sacerdotes com ele, todos religiosos, 22 religiosas e

tudo por começar. Alimenta alguns sonhos sobre algumas

prioridades como Pastoral Vocacional para Clero Diocesano (não

há sacerdote Diocesano) e centro de formação de líderes,

catequistas e agentes de pastoral. Este momento de instalação da

Diocese coincide com a pior seca dos últimos anos, com uma

terrível fome, que vem afetando irremediavelmente a população,

principalmente as crianças. Não bastasse o flagelo da guerra!

c) Dom Francisco comentou conosco a necessidades do esforço de

inculturação dos missionários, para se atender ao que a igreja

local precisa e pede, e não impor esquemas trazidos de fora. Não

há melhor preparação do que viver no país um estágio de

observação, diálogo, contato, escuta, aprendizado. Felicitou-nos

por ter vindo ver, escutar.

d) Insistiu também dom Francisco na importância da prioridade de

formação de agentes de Pastoral, de Catequistas e de

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42

Professores, neste momento que vive o país de começo de uma

nova fase da história do "pós regime comunista" e "pós-guerra".

Na volta à Beira nos acompanhou no carro um Frei franciscano.

Padre Manuel acelerou o carro pois precisava celebrar às 18h00

no Seminário. Após a janta nos recolhemos logo pois a jornada

havia sido muito cansativa.

8. ÚLTIMO DIA EM BEIRA (9/10/91)

Nosso último dia em Beira, 9 de outubro, foi dedicado à elaboração

de algumas perspectivas quanto à vinda dos Irmãos e ainda de

algumas perguntas à Diocese. Das 9h00 às 11h30 nos reunimos os dois

Provinciais, enquanto Padre Manuel coordenava uma reunião

diocesana.

Às 12h30 fomos almoçar na Casa das Irmãs do Sacré Coeur de Marie

(Irmãs do Sagrado Coração de Maria). Ao voltar, arrumamos as malas e

indo para o Aeroporto visitamos as Irmãs Franciscanas de Nossa

Senhora (Franciscanas de Calais) para receber uma lembrança da

Arquidiocese, uma toalha decorada com os motivos dos 50 anos da

Diocese da Beira. É desta Congregação a Irmã Rosa que o Arcebispo está

pedindo para ajudar os Irmãos no complexo missionário de São

Benedito da Manga.

No Aeroporto, antes do vôo às 17h00, fizemos uma reunião final com

o Padre Manuel Chiuanguira e agradecemos calorosamente a acolhida

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43

e orientações recebidas. Deixamos para o Seminário um presente em

forma de ajuda financeira.

Deste último dia ficam as

seguintes principais reflexões a

respeito de uma primeira

Comunidade dos Irmãos

Lassalistas em Beira:

a) Padre Manuel nos

orientou que o Arcebispo pagará

mensalmente 18 dólares por

Irmão e colocará à

disposição, gratuitamente, a

casa para moradia. Será elaborado

um "Convênio" ou "Contrato" escrito entre a Arquidiocese e as

Províncias Lassalistas do Brasil O senhor Arcebispo gestionará,

junto ao governo, a possibilidade de o Curso Secundário, a ser

assumido pelo Irmãos, ser "magistério" (Escola Normal) devido a

permanente necessidade da formação de professores neste

momento do país. Far-se-ão também todos os esforços para que

a Irmã Rosa ou outro(a) religioso(a) assuma a escola no primeiro

ano, para que os Irmãos tenham um mínimo de conhecimento da

realidade do país, legislação, exigências, nível de ensino etc. Um

outro esforço é para se conseguir que o governo ceda os

professores, evitando assim a necessidade de cobrar

mensalidade dos alunos, e ao menos no 1º ano, não abrir o

Construção no meio do pátio em 1991. Posteriormente se sacou.

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44

internato. Padre Manuel conseguiu-nos uma cópia da nova lei

que possibilita a abertura de Escolas Particulares.

b) As Irmãs do Sagrado Coração, de Maria nos motivaram a quanto

antes fundarmos uma Comunidade Lassalista em Beira.

Prometeram dar todo o apoio, principalmente na área

vocacional, reforçando a importância de o Instituto se inculturar

no país.

Durante a viagem de Beira a Maputo, ambos os Provinciais trocamos

algumas reflexões complementares face à concretização da 1ª

Comunidade já em janeiro de 1992:

1) Realizar uma reunião do Conselho de cada Província para

repasse do que vimos e refletimos;

Irmã Rosa primeira Diretora em 1992

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45

2) Tentar enviar em janeiro de 92 pelos menus 3 Irmãos

basicamente para Escola: aula, orientação, administração,

cursos vários.

3) Enviar até começos de novembro uma carta com as decisões das

duas Províncias ao senhor Arcebispo da Beira.

4) Enviar um relatório de nossa visita a todos os Irmãos e aos

Superiores em Roma.

5) Elaborar um folheto sobre missão em Moçambique para maior

envolvimento possível dos Irmãos e de nossas escolas.

6) Fazer um Projeto específico sobre a 1ª Comunidade em

Moçambique para SECOLI.

7) Comunicar à CNBB, à CRB e à CNBB Sul 3 algo de nossa viagem

a Moçambique com os critérios que recebemos a respeito da

ajuda missionária que o Brasil pode dar àquele país.

8) Os Irmãos verão "in locco" a necessidade ou não de um carro na

missão de São Benedito, pois é muito caro (113 mil dólares) já

que deve ser importado da Europa ou do Japão.

9) Um dos Provinciais deverá acompanhar os primeiros Irmãos

para Moçambique em janeiro 92.

10) A Promoção Vocacional é prioridade para nós em Moçambique.

9. ÚLTIMO DIA EM MAPUTO (10/10/91)

Aterrissamos em Maputo às 18h00 do dia 9/10. Esperava-nos no

Aeroporto, o senhor Alberto, motorista da Conferência Episcopal.

Levou-nos para o Convento dos Padres Franciscanos, junto à Igreja de

Santo Antônio de Polana e à sede da CEM. Fomos muito bem recebidos

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e alojados pela Comunidade. É que na véspera havíamos telefonado às

Irmãs Paulinas para que nos fizessem o favor de nos conseguir um

alojamento em alguma casa de Religiosos, pois era-nos preferível do

que novamente um hotel. Após visitar a capela, participamos da janta

e da recreação, assistindo ao noticiário pela televisão. Às 21h30 nos

recolhemos para as anotações do dia, a oração da noite e o descanso.

Pela primeira vez usufruímos de ducha com água quente.

Às 08h00 do dia 10/10, quinta-feira, nos reunimos com o Frei Adriano

Langa, Franciscano, Provincial e Presidente da Conferência dos

Religiosos de Moçambique. Desta reunido destacamos:

a) "Há duas Conferências de Religiosos no país, uma feminina,

presidida por Ir. Auxiliadora, da Congregação das Vicentinas, a

outra masculina, presidida pelo próprio Frei Adriano. A masculina

realiza duas reuniões (conferências) por ano (+/- abril e +/-

novembro). Há no país ao redor de 700 religiosos e umas 700

religiosas.

b) Há boas perspectivas na área vocacional. Entretanto, existe uma

tensão entre os religiosos e a hierarquia quanto à Pastoral

Vocacional. A hierarquia insiste na promoção vocacional para o

clero diocesano e as Congregações diocesanas, ou nacionais.

c) As duas Conferências estão estudando a criação de um Instituto de

Ciências Religiosas. Algo já foi encaminhado neste sentido. Foi feita

uma coleta nas comunidades e se construiu em Matola um prédio

que, entretanto, está sendo destinado para Seminário. A CRM já

questiona a CEM sobre a finalidade do prédio, pois os que

ajudaram a construi-lo necessitam de uma explicação.

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d) Com relação à Educação, os(as) religiosos(as) já dialogaram

bastante sobre o assunto. Permanecem, porém, muitos impasses

como financiar a reforma das Escolas depredadas pelo descaso do

Estado, como pagar os professores e, já que o Estado quer devolver

as Escolas à Igreja, como tornar o Estado obrigado a, pelo menos,

pagar os professores, como conseguir melhor formação para os

professores etc. Há uma comissão da Igreja encarregada de realizar

o diálogo com o Estado, apresentando as necessidades e critérios

da Igreja quanto a colaborar na educação de povo. A vinda para

Moçambique de uma Congregação especializada em Educação é

providencial e auspiciosa nesse momento de discernimento da

Igreja nesta questão, diz Frei Adriano, reconhecendo, porém, as

dificuldades específicas acenadas acima.

No final da manhã as Irmãs Paulinas nos levaram a almoçar na

residência delas. A secretária da CEM se encarregou de providenciar a

confirmação dos vôos da nossa viagem de volta ao Brasil. Passamos pela

Livraria das Irmãs. Após o lauto almoço, visitamos a espaçosa residência

das Paulinas. Irmã Clara Boff nos levou ao Mercado Central e depois a

um supermercado. Compramos presentes para as Irmãs o para os Freis

em gratidão pela acolhida. No final da tarde, tendo comprado alguns

livros, passamos pela Conferência Episcopal para agradecimentos.

Depois da janta na residência dos Franciscanos, vieram visitar-nos o

Padre jesuíta Giovane e a Irma Ilza, das Paulinas. Das conversas da tarde

destacamos:

a) A necessidade e oportunidade de maior comunicação entre as

Congregações no Brasil que têm religiosos(as) em Moçambique,

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para apoio mútuo e aproveitamento de viagens de alguém a

Moçambique para contatos.

b) Estarem os missionários brasileiros atentos para evitar o

"colonialismo brasileiro" em Moçambique.

c) A situação no país é tensa (guerra, pobreza, violência e excesso de

trabalho) e isso esgota facilmente os missionários.

d) Há receio de que após o acordo de paz possam surgir e crescer

rivalidades tribais, camufladas agora pela situação de guerra.

10. DE MOÇAMBIQUE AO BRASIL (11/10/91)

Às 07h45 do dia 11 de outubro fomos levados ao Aeroporto pelo

motorista da CEM. Viajamos pela South African Airlines (SAA) às 10h00,

chegando a Johannesburg às 11h00. Aguardamos na sala de espera o

vôo da VARIG previsto para às 12h15. Houve escala na cidade do Cabo.

Às 15h15 decolamos rumo ao Rio.

Na viagem conhecemos um brasileiro residente em Harare,

Zimbabwe, Director de Caritas Norte-americana para a África Austral.

O senhor Palmari H. Lucena nos deu algumas informações e orientações

a partir de sua experiência:

a) É fundamental formar lideranças, agentes de pastoral,

professores.

b) Na atual situação é preciso trabalhar o modelo do mutirão e

evitar “paternalismo”.

c) Há em Moçambique uma certa reticência à pastoral libertadora

do Brasil e por isso é prudente ter calma nesta questão.

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d) “Caritas” tem ajuda para projetos de Promoção Humana que

auxiliem a Comunidade a se virar por si mesma depois do

treinamento e do apoio inicial.

Passou-nos, o senhor Palmari, o endereço de algumas instituições no

Brasil que estão engajados na formação de lideranças e em diversos

cursos para o povo, também em Moçambique. Referiu-se

especialmente ao IATTERMUND (Instituto de Apoio Técnico aos países

do Terceiro Mundo), da UNB em Brasília e ao INED (Instituto de

Educação à Distância e Apoio Comunitário), também em Brasília. Estas

instituições trabalham com o chamado “Laboratório Organizacional”

com a “capacitação massiva” que favorecem a organização de

cooperativas, pequenas empresas, pela união das pessoas em projetos

comunitários.

A viagem da cidade de Cabo ao Rio de Janeiro durou oito horas e trinta

minutos. Aproveitamos o tempo para trocar impressões sobre a

experiência vivida, ver filmes, orar, ler, escutar música, dormir. Tivemos

almoço no começo da viagem e um lanche no final. Chegamos ao Rio às

l8h25, hora local. Tivemos de aguardar prosseguimento da viagem para

São Paulo prevista para às 20h00. Contatamos por telefone Curitiba e

soubemos pelo Irmão Egydio Busanello que o Encontro Plenário das

Vocacionadas a Irmã Lassalista teve seu primeiro dia muito bom.

Deixamos recado na Casa Provincial em São Paulo quanto à nossa

chegada em Guarulhos às 21h00, já que Ir. Benno Backes estava na Casa

de Encontros Rogate no Curso Provincial de Catequese, 2ª Etapa. E ele

foi ao aeroporto nos buscar.

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Chegamos à Casa Provincial, onde se encontrava o Ir. Bernardo

Damke, trocamos algumas informações e nos apressamos em

descansar, pois estávamos excessivamente cansados.

No dia 12/10, festa de Nossa Senhora Aparecida, louvamos o Senhor

por esta primeira viagem de Irmãos brasileiros a Moçambique. Uma vez

mais, pelas mãos de Maria e por intercessão de São João Batista de La

Salle, colocamos no coração do Senhor o Projeto Missionário Lassalista

na África de língua portuguesa. Irmão Nery, tendo entrado em contato

com Irmão Pedro Ruedell e Ir. Stella Herrera, em Curitiba, decidiu

poupar-se devido ao cansaço da viagem e não ir ao Encontro das

Vocacionadas. Ir. Marcos A. Corbellini, viajou às 16h00 para Porto

Alegre.

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Foto do relato original

A Escola hoje

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III. PARTE.

ENCAMINHAMENTOS

Os dois Provinciais concordamos nos seguintes pontos, a serem

propostos aos respectivos Conselhos Províncias.

a) Enviar relatório da visita ao Irmão Superior Geral e ao Conselho

Geral.

b) Comunicar aos Irmãos das Províncias o relato da visita.

c) Motivar o envolvimento de todos os Irmãos e da família lassalista,

bem como dos alunos das escolas para ajudarem na implantação

desta primeira comunidade missionária em terras africanas.

d) Encaminhar projeto de ajuda financeira à SECOLI.

e) Através da Comissão de Ação Missionária ou de outro Irmão

designado para isso, estabelecer um esquema de apoio

permanente aos Irmãos enviados.

f) Designar os três primeiros Irmãos a serem enviados.

g) Enviar correspondência ao Sr. Arcebispo de Beira, dom Jaime Pedro

Gonçalves, com nossa proposta para aceitação da obra que nos

oferece, com cópia ao Conselho Geral.

h) Nessa proposta constariam os seguintes itens:

➢ Enviaremos três Irmãos no início do mês de janeiro de 1992 para

assumir a Escola João XXIII de São Benedito do Alto da Manga,

em Beira.

➢ Durante o primeiro ano, com o fim de tomarem consciência da

realidade do país e iniciarem processo de inculturação, os

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Irmãos teriam o papel de assessoramento a uma pessoa

designada pelo Sr. Arcebispo para dirigir a Escola.

➢ A responsabilidade jurídica da escola diante do organismo

estatal responsável será a Arquidiocese de Beira.

➢ A Escola deverá ser gratuita para os alunos, no máximo

cobrando-se a mesma contribuição que as escolas estatais do

mesmo nível cobram das famílias. Para isso é indispensável que

a Arquidiocese obtenha do governo a cedência dos professores

necessários para o funcionamento da escola.

➢ No caso de haver necessidade de selecionar os alunos devido a

um excesso de procura em relação às vagas disponíveis, serão

escolhidos os alunos mais pobres prioritariamente.

➢ Os Irmãos, junto com a pessoa designada pelo Sr. Arcebispo

para dirigir a escola, definirão a série e a quantidade de turmas

que serão abertas inicialmente, bem como todas as normas

necessárias para o bom início do ano letivo.

➢ É interesse nosso dar à Escola a orientação de curso de

magistério (Escola Normal). O Sr. Arcebispo gestionará junto as

autoridades educacionais a necessária autorização.

➢ Na chegada dos Irmãos, no mês de janeiro, a Arquidiocese

pagará a quantia necessária para o sustento durante o primeiro

mês.

➢ É prioritário para a realização de nosso trabalho, a possibilidade

de realizar promoção vocacional para a vida religiosa lassalista,

de forma integrada à comissão arquidiocesana de vocações, e

com nosso compromisso formal de trabalhar para as vocações

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sacerdotais. Não podemos, em hipótese nenhuma, aceitar

assumir esta obra sem esta possibilidade.

➢ Concordamos em assinar um convênio entre a arquidiocese e

a Congregação, onde constarão as responsabilidades e

compromissos mútuos.

Pré-escola João XXIII 2014

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CEAL 2014

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INDICE

Introdução ............................................................................ 3

Apresentação ........................................................................... 5

I PARTE: Irmãos Lassalistas do Brasil para África de língua portuguesa ............................................................................... 7

1. Antecedentes .............................................................. 7

2. Os passos dados até agora .......................................... 9

3. Os desafios do projeto África ................................... 14

II PARTE: A viagem dos Provinciais .................................... 16

1. O contexto..................................................................... 16

2. Do Brasil a Moçambique (2 a 4/10/91)......................... 20

3. Em Maputo, capital de Moçambique (1° dia 4/10/91) .. 22

4. Em Maputo, capital de Moçambique (2° dia 5/10/91) .. 25

5. Em Beira (l° dia. 6/10/91) ............................................. 28

6. Em Beira (2° dia: 7/10/91) ............................................ 37

7. Em Chimoio - Nova Diocese (8/10/91) ........................ 39

8. Último dia em Beira (9/10/91) ...................................... 42

9. Último dia em Maputo (10/10/91) ................................ 45

10. De Mocambique ao Brasil (11/10/91)......................... 48

III. PARTE. Encaminhamentos ............................................. 52

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