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Página | 1 © José Rodrigues de Farias Filho, D. Sc. 18 jan. 11 Oficina de Estratégia Oficina de Estratégia Nº 3

H stern

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H. Stern mostra ao mundo o valor das pedras brasileiras

Conheça a história da empresa que buscou referências nacionais para renovar a milenar arte da joalheria.

Programa Mundo SA1

http://www.youtube.com/watch?v=QPdVYiOmqas

Marca brasileira de jóias foi pioneira ao mostrar ao mundo o valor das nossas pedras. A H. Stern formou parcerias com o mundo da dança, do design, das artes plásticas e da arquitetura em busca de referências de

                                                            1 Este Estudo de Caso foi veiculado no

Programa da GloboNews Mundo SA – http://globonews.globo.com/Jornalismo/GN/0,,MUL1640695-17665-315,00.html acesso em 13/01/2011.

brasilidade para renovar a milenar arte da joalheria.

A empresa está hoje em 32 países competindo no mercado globalizado e faz isso sem perder as características que têm conquistado clientes exigentes. A joalheria H. Stern entrou de cabeça no século 21 sem medo de se renovar e abriu as portas para a consultora de moda Regina Martelli mostrar como isso foi feito.

Consultar: http://www.hstern.com.br/site/home/default.asp

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H. STERN

Entre as estrelas mundiais do mercado de jóias, uma brilha verde e amarelo. Na mesma constelação

da francesa Cartier, da italiana Bulgari e da americana Tiffany

está a brasileira H.STERN. Jóias com design exclusivo, que ficam marcadas para sempre. Esta é a atual filosofia da brasileiríssima

joalheria, responsável por estabelecer uma nova escola de

design de jóias e por ter revolucionado o mercado mundial

de pedras preciosas.

-

16.5.06

Blog Mundo das Marcas2

A história

O senhor Hans Stern nasceu em Essen na Alemanha cego e só começou a enxergar, com o olho direito, aos 2 anos de idade. Quando tinha 16 anos, fugiu da Alemanha nazista e veio para o Brasil. Aos 23 anos, trabalhava como datilógrafo em uma empresa de importação e exportação de minerais. Numa viagem para Minas Gerais, ele conheceu as pedras brasileiras e, fascinado, as trouxe para a então                                                             2 Esta matéria foi publicado no Blog

Eletrônico Mundo das Marcas– http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/h-stern-jias-made-in-brazil.html. acesso em 13/01/2011.

 

capital e vendeu para os estrangeiros. Dali em diante, todos passaram a conhecer as água-marinhas, turmalinas, ametistas e citrinos. Em seguida, em 1945, o jovem empreendedor abriu a H.STERN num sobrado na Rua Gonçalves Dias, em frente à tradicional Confeitaria Colombo. Inicialmente vendia apenas pedras. Insatisfeito com o padrão de qualidade de lapidação e ourivesaria, Hans chamou artesãos europeus para trabalhar na sua empresa. Preocupado com a qualidade, criou, ainda em 1949, um Certificado de Garantia Internacional para atestar o valor de suas jóias e que autorizava a troca do produto durante um ano, o que possibilitava a quem não se afeiçoasse ao presente recebido a possibilidade de trocar por outro. Pouco depois, ainda neste mesmo ano, a primeira loja foi erguida no porto carioca. Localizada onde atracavam os navios vindo da Europa e dos Estados Unidos cheio de turistas foi estratégico. A jogada de marketing naquele tempo era mostrar aos turistas como as jóias eram produzidas.

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Logo depois inaugurou outra loja dentro do hotel Quitandinha em Petrópolis. Nos anos 50, a H.STERN lançou uma série de iniciativas pioneiras para atrair clientes estrangeiros que visitavam o Rio de Janeiro. Montou uma visita guiada pelas oficinas de ourivesaria de forma

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que os visitantes pudessem acompanhar todos os passos do delicado trabalho que envolve a produção de uma jóia. Em 1958, foi a primeira joalheria da América Latina a montar um laboratório gemológico para analisar pedras preciosas e metais nobres, e pesquisar novas matérias-primas. Por ali passam até hoje todas as pedras preciosas usadas pela empresa. Na década de 60, o design H.STERN já era referência no mundo. Reis e rainhas, artistas e um sem-número de celebridades visitaram a matriz da H.Stern, no Rio de Janeiro. Do pequeno escritório de exportação, Hans passou à produção de jóias e lapidação de pedras. Em 1964, quando se preparava para ir à Europa expandir a empresa, a renomada revista Time publicou uma matéria em que ele aparecia como o rei das gemas de cor. Depois da revista Time, vieram muitas outras publicações: Financial Times, New York Times, The Wall Street Journal, Reader’s Digest, Elle, Marie Claire, Vogue, Harper’s Bazaar e W, In Style. O reconhecimento da mídia veio na proporção em que a H.STERN crescia.

Um dos passos mais importantes da empresa foi a inauguração, em 1983, de sua sede mundial, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Foi o primeiro prédio no mundo construído para abrigar todos os setores do processo de fabricação de uma jóia: oficinas de ourivesaria e lapidação, escritórios,

loja, etc. Na ocasião, a atriz Brooke Shields foi convidada para a inauguração e participou de um desfile beneficente. Nada, porém, deu tanto prestígio à joalheria quanto o lançamento da coleção Catherine Deneuve, a inesquecível musa do filme A Bela da Tarde, nos anos 80. Jóias com a personalidade da atriz e assinatura na forma de letras CD espalharam-se pelos pulsos e pescoços de clientes no mundo. Foi a primeira joalheria brasileira a lançar jóias inspiradas em grandes artistas. Nas mãos do filho de Hans, Roberto Stern, a empresa passou por uma reestruturação interna a década de 90, profissionalizando processos. O produto começou a acompanhar de perto as tendências de comportamento de moda e consumo e foram criadas várias jóias inspiradas em personalidades. Surgiram coleções como a da empresária de moda Costanza Pascolato (1997), do músico Carlinhos Brown (1999) e da dupla de designers de móveis Fernando e Humberto Campana (2001). Entre as pedras, a H.STERN criou lapidações de formato orgânico em pedras como o cristal e o citrino. Foi preciso reeducar os lapidários, acostumados a buscar a simetria na lapidação, para que fizessem cortes assimétricos, tal qual uma pedra bruta.

O auge do design de pedras acontece em 2004, quando, após três anos de intensas pesquisas e desenvolvimento,

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a H.STERN lançou o diamante Stern Star, de lapidação exclusiva, com formas orgânicas. Nos últimos anos a empresa também expandiu o negócio para além do ramo de jóias, com a abertura de um spa, um restaurante e uma loja de artigos de decoração. Ao longo de 60 anos, a H.STERN se consolidou como uma joalheria de enorme prestígio. Hoje, a marca é sinônimo de beleza e bom gosto no Rio, em São Paulo, Nova York, Paris, Frankfurt, Tel Aviv e em outras importantes cidades ao redor do mundo.

A linha do tempo

1949

Inauguração de sua primeira loja internacional na cidade de Montevidéu no Uruguai.

1960

Expansão para os Estados Unidos com a abertura de sua primeira loja em Nova York.

1985

Lançamento da primeira coleção de relógios, chamada Safira, que está até hoje entre os best sellers da joalheria e são feitos artesanalmente. Investindo pesado em desenvolvimento, a empresa lançou, entre outras, as coleções Form (1998) e Sfera (2002).

1995

Lançamento da Coleção Mundial, por ocasião do aniversário de 50 anos da marca, com um conceito simples e elegante.

1997

Reabertura da loja da Quinta Avenida, em Nova York, com novo conceito arquitetônico, que passou a ser o padrão mundial das lojas da empresa.

2000

Lançamento da coleção Orbis Descriptio, em comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil. As jóias foram inspiradas no trabalho da artista plástica carioca Anna Bella Geiger e resultaram em pequenos pingentes com o mapa do Brasil; anéis cravejados de brilhantes que lembram o leito de um rio e pulseiras de ouro texturizado, inspiradas nas ondulações do relevo .

2003

Lançamento da coleção de relógios Les Mecaniques, toda em ouro, com mecanismos feitos à mão, peça por peça.

2004

Lançamento da coleção Diane Von Furstenberg, inspirada na vida e na carreira da estilista que vive em Nova York.

2005

Abertura de novas lojas âncoras (flagship stores) em Hamburgo, na Alemanha, Cannes, na França, Monterrey e Cidade do México.

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O design

O design diferenciado da H.STERN foi fundamental para o reconhecimento da marca e seus produtos. Para isso, uma equipe de especialistas vindos do exterior ensinou os primeiros passos aos ourives e lapidários da empresa. Afinal, Hans sempre prezou muito pela manufatura. Uma pedra tem exigência de regularidade, simetria, proporções, dimensões, entre outros. Então, ele trouxe lapidadores do exterior e formou uma escola aqui. Hoje em dia, a lapidação da H.STERN é uma das melhores do mundo. São 600 ourives que trabalham entre as oficinas do Rio de Janeiro e São Paulo. Não existe joalheria no mundo com isso. Na década de 1990, o foco passa a ser ainda mais no design e a imagem e comunicação da marca são unificadas. Nesta época, opta-se também por ampliar o portifólio de produtos, inicialmente com o lançamento de uma coleção mundial com 16 tipos diferentes de jóias. Cada linha contava com produtos que tinha em torno de 10 a 15 peças. Passou a ter as mesmas peças espalhadas por todas as filiais. Houve também uma padronização da arquitetura das lojas. Você olhava pela vitrine e já sabia que ali era H.STERN.

Os vendedores receberam o mesmo treinamento e os mesmos códigos de vestimenta. Para a equipe de vendas, houve treinamentos específicos. Há uma universidade para os vendedores e um candidato passa de oito meses a um ano estudando. Eles fazem provas e tem que ter média de oito e meio, além de contarem com supervisão nos primeiros meses de venda. No quesito produto, a fabricação de peça pode levar até dois anos para ser finalizada e envolve até 1.500 funcionários. A idéia sai em conjunto. O departamento de marketing, de produto, de embalagem, de comunicação, de venda e de treinamento, todos faz parte do processo para vender este novo produto. Desde sua fundação a H.STERN recebeu 23 prêmios pelo talento de seus designers e artesões.

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O marketing

Com mais de seis décadas de existência a marca é cravejada das melhores estratégias de marketing. Outra estratégia importante é a da comunicação. A joalheria foi a primeira a realizar desfiles no Brasil ainda em 1959. Hoje, eles fazem 300 desfiles intimistas por ano. A publicidade inicialmente foi vista nos catálogos e em ações de marketing direto. Mas o grande diferencial vem das lojas. A marca sempre usou o ponto de venda como forma de comunicar a marca. Desde o inicio, organiza visitas guiadas que mostram todo o processo de fabricação de uma peça. Na sede da empresa (um prédio de 17 andares com 14 mil metros quadrados), em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, há ainda um museu com mais de mil pedras lapidadas e minerais da coleção de Hans Stern. Fazer uma boa relação pública também é parte importante desta estratégia. Regulamente a empresa recebe jornalistas de toda a parte do mundo e anualmente os leva para Minas Gerais, para dentro de uma mina. Com isso, celebridades mundiais são flagradas com as jóias da grife em festas como o Oscar com em 2001, quando a atriz Catherina Zeta Jones usou um colar em água-marinha e diamantes na premiação. Um estudo encomendado pela própria empresa mostrou que se a grife tivesse que pagar pela publicidade gerada, a conta seria de US$ 10 milhões. Detalhe: o brinco (emprestado) valia US$ 160 mil. O mesmo aconteceu com Angelina Jolie ao usar um exemplar de US$ 10 milhões na premiação do Oscar de 2004.

Tanta exposição fez a H.STERN entrar no Guide de Luxe, o famoso guia das principais empresas de luxo do mundo. Outro objetivo da H. STERN é a fidelização do cliente. Isto é feito tanto de forma corporativa, enviando cartões de aniversário, de Natal, dando facilidades, quanto no atendimento direto na loja, com o vendedor. Hoje em dia a marca está presente em editoriais de moda das mais conceituadas revistas internacionais e enfeita celebridades do mundo todo. Nada mais natural para uma joalheria que tem nome de estrela (Stern, em alemão).

A evolução visual

Desde sua fundação até os dias de hoje, a H.STERN cresceu, se renovou e seu logotipo acompanhou esta evolução através dos anos. O atual logotipo foi desenvolvido em 2002 pelo renomado designer inglês Neville Brody agregando a imagem de modernidade, agilidade e dinâmica. O logotipo de personalidade forte é simples, mas com um S arrojado, que simboliza também a silhueta feminina, um tributo à nova posição e conquistas da mulher na sociedade atual.

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Dados corporativos

Origem: Brasil Fundação: 1945 Fundador: Hans Stern Sede mundial: Rio de Janeiro,

Brasil Proprietário da marca: H.

STERN Capital aberto: Não Presidente: Roberto Stern Diretor criativo: Roberto

Stern Faturamento: US$ 400

milhões (estimado) Lucro: Não divulgado Lojas: 160 Presença global: + 12 países Funcionários: 3.500 Segmento: Joalheria Principais produtos: Jóias e

relógios Ícones: O design de suas

jóias Slogan: Jóias H. Stern marcam

você. Website: www.hstern.com.br

A marca no mundo

A rede de joalherias H.STERN, a mais importante do Brasil e uma das cinco de maior prestígio e tamanho no mundo, tem 3.500 funcionários e 160 lojas próprias, das quais a metade está no exterior espalhada por 12 países como Estados Unidos, França, Alemanha, México, Portugal, Rússia e Israel. A marca está presente em 21 países, contando com 115 representantes, e fabricando mais de 20 mil peças por mês. Hoje, encontra-se o logotipo da H.STERN até mesmo em países como Emirados Árabes e Cazaquistão.

Você sabia?

Hans Stern morreu em 26 de outubro de 2007 aos 85 anos de causas naturais, deixando esposa e quatro filhos, que assumiram a condução da empresa já nos anos 90.

As fontes: as informações foram retiradas e compiladas do site oficial da empresa (em várias línguas), revistas (Fortune, Forbes, Newsweek, BusinessWeek e Time), sites especializados em Marketing e Branding (BrandChannel e Interbrand), Wikipedia (informações devidamente checadas) e sites financeiros (Google Finance, Yahoo Finance e Hoovers).

Brilho exterior

Como Roberto Stern, o herdeiro da maior joalheria do país, fez da

H.Stern uma estrela em ascensão no mercado externo

Mario Grangeia - 09/06/2003 14:41

Revista Exame3

É noite em Nova York. A estonteante Sharon Stone atrai todos os olhares ao cruzar, com passos sensuais e decididos, o salão do badalado restaurante japonês Nobu, em direção

                                                            3 Esta matéria foi publicada no Revista

Exame– http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0794/marketing/noticias/brilho-exterior-m0052403. acesso em 13/01/2011.

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ao sushibar. Lá, ela se apresenta ao carioca Roberto Stern, de 43 anos, presidente e diretor de criação da H.Stern, a maior rede de joalherias do Brasil, com faturamento estimado pelo mercado em mais de 200 milhões de reais. Num guardanapo Sharon rabisca o desenho de um par de brincos. Os dois conversam sobre generalidades e a loura se despede deixando seu desenho displicentemente sobre o balcão. Algumas semanas depois, ela recebe em sua casa uma caixinha com os brincos exatamente no modelo que desenhara. Em retribuição, a atriz envia rosas ao executivo.

A cena bem que poderia ser de um comercial da H.Stern. Mas ocorreu de verdade há dois anos, numa das viagens de Roberto aos Estados Unidos. Seu encontro com Sharon Stone é revelador de como a H.Stern (stern significa "estrela" em alemão) vem conquistando o mundo e virando a queridinha de muitas celebridades de Hollywood. (Nos últimos tempos as revistas internacionais têm publicado fotos de atrizes como Jennifer Lopez e Catherine Zeta-Jones usando peças da marca.)

Como uma grife de jóias brasileira conseguiu reconhecimento quase comparável ao de marcas prestigiadas, como a francesa Cartier, a americana Tiffany e a italiana Bulgari? Replicando no mercado internacional uma fórmula que já havia obtido sucesso no Brasil -- fazer jóias com pedras brasileiras e design diferenciado, por vezes inspirado em temas inusitados nesse mercado, como o universo do cantor Carlinhos Brown. "Estamos sempre inovando", diz Roberto Stern.

Nos próximos meses, a H.Stern vai fazer um movimento diferente dos que vinha fazendo até agora em sua estratégia de crescimento no mercado

internacional. Passará a vender suas jóias lá fora não apenas em pontos próprios -- seu modelo de negócios há décadas --, mas também em lojas de departamentos e joalherias locais. É o caso da sofisticada rede de varejo americana Neiman Marcus. A novidade foi anunciada em abril na cidade suíça de Basiléia, durante a maior feira de jóias e relógios do mundo. Para marcar presença no evento, a H.Stern investiu 1 milhão de dólares. Na ocasião, Roberto Stern e outros executivos da empresa fizeram mais de 500 apresentações a interessados em firmar parcerias. Desde então, os executivos não pararam de fazer visitas a vários países para avaliar as lojas em que os produtos da rede poderão ser oferecidos. Uma das próximas visitas será ao Casaquistão, ex-república da extinta União Soviética. Outros contatos também estão sendo feitos com lojas de praças mais óbvias, como França e Itália.

A lógica dessas parcerias, segundo Roberto Stern, é aumentar as receitas sem fazer investimentos muito altos. A abertura de um ponto em uma grande cidade européia ou americana -- seguindo os padrões arquitetônicos da rede, com pé-direito altíssimo e móveis de madeira nobre -- implica gastos de, no mínimo, 1,5 milhão de dólares. Com os novos parceiros, a H.Stern pretende ter um aumento anual de 10% em suas vendas ao longo dos próximos dez anos. Não é um caminho propriamente original. "Quem entende dos mercados no exterior são as empresas locais", diz Daniel Sauer, herdeiro da Amsterdam Sauer, joalheria carioca que vende jóias nos Estados Unidos, no Japão, na França, na Alemanha e na Inglaterra em lojas de terceiros e é uma das maiores concorrentes da H.Stern. "As vendas indiretas são uma tendência nesse setor", afirma o americano Ben Janowski, consultor da indústria

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joalheira. Ele alerta para um risco: a marca pode ficar diluída no meio de outras grifes. "Levamos muitos anos para construir nosso nome lá fora e não queremos vê-lo perdido entre tantos outros", diz Roberto. Por isso ele está sendo rigoroso na escolha dos parceiros, condicionando-a à adoção de medidas que garantam a visibilidade de seus produtos. Isso passa pela criação de catálogos e pelo treinamento de vendedores.

As parcerias estratégicas para crescer no exterior são a mais recente de uma série de mudanças pelas quais a joalheria vem passando desde que foi criada, em 1945, pelo imigrante judeu-alemão Hans Stern, pai de Roberto. Hans tinha 23 anos quando abriu, no centro do Rio de Janeiro, um pequeno escritório de compra e venda de pedras preciosas. Para montar seu negócio, Hans -- que nasceu cego e só passou a enxergar aos 2 anos, após um tratamento que lhe recuperou parcialmente o olho direito -- fez um curso de gemologia por correspondência. O capital inicial veio da venda de seu acordeão Hohner, única lembrança da terra natal, e de um pequeno empréstimo bancário. Assim, ele pôde desbravar o interior do Brasil para comprar águas-marinhas, turmalinas, topázios e ametistas diretamente dos garimpeiros. Naquela época, essas pedras não eram valorizadas pelo mercado joalheiro, que só dava importância para diamantes, esmeraldas, rubis e safiras.

Apostando na atração que as gemas nacionais poderiam exercer nos consumidores estrangeiros, Hans começou uma campanha para divulgá-las para os turistas em portos, aeroportos e hotéis. Quatro anos depois, em 1949, ele abriria sua primeira loja internacional, em Montevidéu, no Uruguai. E, 11 anos

mais tarde, a H.Stern se instalaria em Nova York. Depois, em Tel-Aviv, Israel. A escolha das cidades tinha relação com a nacionalidade dos turistas que mais compravam suas peças no Brasil. Esses primeiros pontos no exterior eram, na verdade, centros de manutenção para dar garantia ao produto lá fora. A lucratividade dessas filiais era deixada em segundo plano. "Não havia uma cobrança rigorosa em relação aos resultados porque o objetivo era fazer marketing", afirma Roberto.

Quando Roberto herdou a empresa, em 1995, passou a vigorar uma obsessiva busca por rentabilidade. Sob seu comando, a rede se reestruturou. Foram fechadas 65 lojas deficitárias ou não-estratégicas e abertos 32 pontos-de-venda. Isso resultou num corte de 650 dos 3 350 funcionários. Em seguida ele passou a focar outro ponto crucial: o design. Até então, a maior preocupação era com a qualidade e a beleza das gemas. "As jóias eram desenhadas como suportes tradicionais para as pedras preciosas", diz Roberto.

Para se destacar da concorrência, Roberto partiu para medidas radicais. Proibiu seus designers de olhar para qualquer jóia que não fosse de sua lavra. Isso mesmo: o antibenchmarking. Nada de ir a eventos do setor, o que, segundo ele, poderia dar origem a cópias involuntárias. A inspiração deveria partir da natureza, da arquitetura, das artes plásticas, da música e da moda.

As mudanças coincidiram, porém, com um momento bastante infeliz. No final da década passada, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), 75% dos consumidores de jóias deixaram de usá-las ou passaram a usá-las menos devido à violência nas grandes cidades.

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Outro agravante, segundo Hécliton Santini Henriques, presidente do IBGM, foi a queda do poder aquisitivo da população. "As vendas caíram, apesar do esforço dos joalheiros para ofertar produtos mais baratos", diz. Um levantamento feito pela empresa de consultoria Bain & Company revela que, entre 1997 e 2001, o consumo de jóias de ouro caiu pela metade.

Dentro da fábrica, a linha de produção foi reorganizada. Antes a montagem das jóias era dividida por função -- ourives, cravadores e polidores. Hoje vigora o conceito de célula de produção: pequenos ateliês multidisciplinares fazem um mesmo lote do início ao fim. O novo sistema permite que os artesãos troquem idéias e materiais com agilidade e diminuam o tempo de produção. A criação de uma peça, que antes levava em média dois anos, passou a ser feita em seis meses. "Com os pequenos ateliês, resgatamos o que de eficiente se fazia na antiguidade", diz Victor Natenzon, diretor de produto.

Aos olhos do consumidor, o resultado é uma linha de 1 500 modelos -- a maior variedade do mercado. "A maior diversidade deixou a H.Stern mais competitiva", diz Giovanni Fiorentino, vice-presidente da Bain & Company. "Quando a renda da classe média e o turismo voltarem a crescer no Brasil, a H.Stern será a joalheria mais preparada para conquistar esses públicos." Outro aspecto que mudou no negócio foi a fachada -- literalmente. O conceito das lojas foi revisto. De um mero espaço físico que poderia vender óculos ou elásticos para cabelo, as lojas passaram a ser encaradas como uma extensão das peças, ganhando ares de galeria de arte. Como numa exposição, a iluminação passou a ser dirigida às jóias, valorizando seu visual.

Nas lojas, os vendedores já se acostumaram a ouvir a frase "Sou amigo do Roberto" antes de pedidos de desconto. Essas tentativas são em vão. "Não temos política de dar descontos", diz Roberto. Avesso às câmeras e holofotes, ele raramente tem de ouvir atrizes e celebridades pedindo jóias de graça nas poucas festas que freqüenta. Para ganhá-las, a melhor tática é tentar namorá-lo -- Roberto é divorciado e tem uma filha, Carolina, de 4 anos. "Dou jóias que desenho a quem eu gosto", diz. Apesar de reservado, Roberto é um executivo bem-humorado, capaz de surpreender os candidatos a emprego na hora da entrevista com perguntas nada convencionais, como "quem manda na sua casa: você ou sua mulher?"

Seguindo a regra do "vá até onde o seu cliente está", a H.Stern providenciou vans para buscar turistas nos hotéis cinco-estrelas da zona sul carioca. O convite é para visitar o museu de gemas na sede da empresa, no coração de Ipanema. Lá, depois de ver as maravilhas da pedraria tropical, eles desembocam na loja, onde quase sempre compram algo. Na tentativa de aumentar as vendas a joalheria deu alguns passos em falso. Um deles foi em 1999, quando se lançou numa empreitada virtual. A idéia era criar um portal de serviços para noivos e noivas, em sociedade com o site americano The Knot, especializado nesse mercado. O portal, no entanto, levou seis meses para ser desenvolvido e não chegou a entrar no ar. A exemplo do que aconteceu com a maioria das pontocom, o The Knot enfrentou uma grave crise, que abortou o projeto. "Isso nos fez ser mais rigorosos na escolha de nossos parceiros", diz Roberto. "É o mínimo que temos de fazer se quisermos nos firmar nos quatro cantos do mundo no novo

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esquema de parcerias que estamos adotando."

LUZ PRÓPRIA

Quem é o empresário Roberto Stern, que cria as jóias da H.Stern...

� Carioca, 43 anos

� Jóias Um relógio (H.Stern, claro)

� Formação É economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez curso de extensão em gemologia no Gemological Institute of America, nos Estados Unidos, e desde 1998 assiste todos os anos aos estudos de casos de empresas promovidos pela Harvard Business School

� Aventuras profissionais Antes de trabalhar na empresa da família, atuou numa corretora de valores, numa fábrica de móveis, na agência de publicidade Salles e na joalheria americana Zales

� Hobbies Leitura, fotografia, passeios de bicicleta e windsurfe

...e como é a empresa que ele preside

� Sede Rio de Janeiro

� Ano de fundação 1945

� Donos Família Stern (100% do capital)

� Países onde atua 12

� Lojas 160 (metade delas no Brasil)

� Funcionários 3 000 (700 no exterior)

� Exportações em 2002 35 milhões de dólares

� Faturamento em 2002 200 milhões de reais*

� Principais mercados Brasil, Israel, Alemanha e Estados Unidos

� Produção 20 000 peças por mês

*Estimativa

Fonte: empresa