H7-Apostila

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    1/33

    CCuurrssoo::ZZOOOOTTEECCNNIIAA

    MMdduulloo::AALLIIMMEENNTTAAOO,,PPRROODDUUOOEECCOONNSSEERRVVAAOODDEEFFOORRRRAAGGEEMM

    PPPrrrooofff CCCAAARRRLLLAAAWWWAAANNNDDDEEERRRLLLEEEYYYMMMAAATTTTTTOOOSSS

    Petrolina/PE

    Dez/2009

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    2/33

    2

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    INTRODUO

    1 HISTRICO

    ALFAFAprimeira forrageira cultivada (146 a.C. pelos romanos).

    Registros de fenao50 d.C pelos romanos.

    Trevocultivado na Itlia em 1550.

    Entre 1780 e 1820 foram feitos os primeiros ensaios com plantas forrageiras na

    Inglaterra.

    No final do sculo XIXaumento do uso de tecnologias.

    Incio do sculo XVIIconquista do serto nordestino pela pecuria.

    Incio do sculo XXmaioria dos Estados j importava produtos de origem animal.

    2 COMO SURGIU O MANEJO DE PASTAGENS?

    Com a domesticao dos ruminantes, o homem percebeu a necessidade de desenvolver

    formas de alimentao. Se anteriormente, os animais transitavam livremente, a partir de ento,

    passaram a ter seus movimentos controlados, pois era primordial para as sociedades primitivasda poca, que os animais fossem mantidos prximo a fim de proverem alimento quando

    necessrio.

    Desta forma, o homem tomou para si a responsabilidade de administrar a oferta de

    alimento para estes animais, dando origem ao manejo das pastagens,onde pastorar consistia

    na forma predominante de manejo. A partir de ento, o homem encontra-se envolvido com o

    desafio de aperfeioar o processo, buscando obter mximo rendimento e produtividade.

    3 ALGUNS CONCEITOS FUNDAMENTAIS

    Plantas forrageiras toda e qualquer planta de interesse na alimentao animal. So

    conhecidas como alimentos volumosos aquosos (pastos e capineiras).

    Forragem parte comestvel das plantas, exceto os gros, que pode servir na

    alimentao dos animais em pastejo ou colhida e fornecida.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    3/33

    3

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Pastagemtipo de unidade de manejo, fechada e separada de outras reas por cerca ou

    outra barreira, e destinada produo de forragem para ser colhida, principalmente,

    mediante pastejo.

    Pastejoao livre do animal consumir o pasto (de porte herbceo), envolvendo duas

    aes: pisoteio e consumo de forragem.

    Capineira instalao onde se tem em uma rea a comunidade vegetal, a qual no

    consumida diretamente pelo animal, mas colhida e levada at ele. Em outras palavras,

    consiste em uma rea cultivada com capim, para colheita e fornecimento aos animais

    domsticos fora dos seus limites.

    Ramoneio o pastejo em um pasto de porte arbustivo.

    Figura 1Caprinos realizando o ramoneio.

    4 IMPORTNCIA (FORRAGICULTURA E MANEJO DAS PASTAGENS)

    O Brasil, devido grande extenso territorial e clima favorvel ao crescimento vegetal,

    apresenta condies excelentes para o desenvolvimento da pecuria. Desta maneira, a

    implantao adequada de pastagens e capineiras consiste na melhor opo de alimentao do

    rebanho, por se constituir no alimento de menor custo disponvel (j que produzido na prpria

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    4/33

    4

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    fazenda) e que oferece todos o nutrientes necessrios para que os animais possam expressar todo

    seu potencial produtivo.

    Ao longo dos anos a mentalidade de reservar as piores reas da propriedade para produo

    de forragem foi sendo substituda por prticas (escolha dos terrenos e forragens, adubaes,

    combate s pragas e plantas invasoras e manejo) que, nos dias atuais, j tm credibilidade junto

    aos pecuaristas. O custo elevado dos insumos e a exigncia do mercado, hoje globalizado, por

    mxima produtividade a custos reduzidos tornam a pastagem um dos principais componentes da

    pecuria tecnicamente evoluda.

    5 MORFOLOGIA

    Consiste no estudo das caractersticas fsicas (estrutura externa) das plantas. Tem o

    propsito no apenas biolgico, mas tambm, de auxiliar nas decises de manejo da planta

    forrageira.

    As caractersticas fsicas refletem os componentes de produo da planta (nmero de

    perfilhos, nmero de folhas, tamanho das folhas, etc.).

    A morfologia a base para a identificao das plantas, especialmente, atravs das folhas,flores e sementes e baseia-se em terminologia descritiva padronizada.

    5.1 TERMINOLOGIA

    As normas internacionais determinam que o nome da ESPCIE seja composto por dois

    nomes grifados ou escritos em letra que seja diferente do texto (geralmente itlico).

    Panicum maximum.

    Brachiaria brizantha.

    Panicum maximum cv. Tanznia.

    Brachiaria brizantha cv. Marandu.

    CLASSIFICAO DAS PLANTAS FORRAGEIRAS

    As plantas forrageiras apresentam caractersticas prprias, as quais podem ser agrupadas de

    acordo com a durao de seu ciclo, poca de crescimento, hbito de crescimento e famlia.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    5/33

    5

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    1 DURAO DO CICLO

    O ciclo diz respeito ao tempo de vida das plantas em uma pastagem. As forragens, neste

    caso, so divididas em anuais (duram menos de um ano) e perenes (duram vrios anos).

    As plantas forrageiras anuais priorizam a produo de sementes para atravessarem

    perodos desfavorveis, enquanto as perenes priorizam a acumulao de reservas. Quando

    comparadas com as anuais, as perenes apresentam crescimento inicial mais lento.

    No uma classificao usual, uma vez que uma mesma espcie pode ser classificada

    como anual em uma regio e perene em outra.

    2 POCA DE CRESCIMENTO

    Refere-se poca em que a forrageira concentra seu crescimento.

    HIBERNAIS

    Clima temperado

    Dias menosensolarados

    Caules finos efolhagem tenra

    Semeadas nooutono

    ESTIVAIS

    Clima tropical

    Elevado potencialde crescimento

    Colmos grossose folhas largas

    Semeadas naprimavera

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    6/33

    6

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Hibernaisgerminam ou rebrotam no outono, desenvolvem-se ao longo do inverno e

    florescem durante a primavera. No vero, as altas temperaturas aliadas a perodos secos

    determinam a morte dessas plantas, quando anuais, ou a reduo do seu crescimento,

    quando perenes.

    Estivais rebrotam na primavera, crescendo e frutificando durante os perodos de

    vero-outono (meses mais quentes do ano). Com a chegada do frio podem vir a morrer

    (anuais) ou cessar seu crescimento (perenes).

    Quadro 1Durao do ciclo e poca de crescimento de algumas plantas forrageiras

    PLANTAS FORRAGEIRAS

    GRAMNEAS

    LEGUMINOSAS

    Anuais/Hibernais capim Doce, etc. Ervilhaca, etc..Anuais/Estivais Milho, Sorgo, etc. Feijo mido, Mucuna preta, etc.Perenes/Hibernais Aveia, Centeio, Azevm, etc. Alfafa, Cornicho, etc.Perenes/Estivais Colonio, Elefante, Buffel, etc. Soja perene, etc.

    3 HBITO DE CRESCIMENTO

    Refere-se forma como a parte vegetativa das plantas se desenvolve, sendo importante

    para adequar o manejo da pastagem. Os tipos mais comuns so:

    Estolonferoas plantas expandem seu caule horizontalmente, enraizando-se ao solo.

    Suas folhas so emitidas na vertical.

    Prostradoso vegetais semelhantes s estolonferas, diferenciando-se por seus caules

    no emitirem razes.

    Rizomatosoplantas com caule e gemas subterrneas.

    Cespitoso plantas que se desenvolvem em forma de touceira e apresentam pouca

    expanso lateral Em geral, apresentam qualidade inferior s demais.

    Ereto plantas que apresentam crescimento perpendicular ao solo e sua gemas

    encontram-se acima do nvel do solo.

    Decumbente plantas que apresentam inicialmente crescimento estolonfero e,

    posteriormente, competindo com outras plantas, apresentam crescimento ereto.

    Trepador ou escandenteplantas que se apiam em outras.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    7/33

    7

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    4 FAMLIA

    As que mais contribuem para a alimentao animal pertencem s famlias das Gramneas

    (capim Elefante, Tifton, Buffel, Tanznia, Pangola, etc.) e Leguminosas (feijo Guandu,

    Algaroba, Leucena, etc.). Todavia, devem ser citadas, ainda, as cactceas (palma forrageira,

    mandacaru, etc.), euforbiceas (manioba, mandioca, etc.) e convolvulceas (jitirana).

    As gramneas so plantas com folhas estreitas, enquanto leguminosas apresentam folhas

    mais largas e vagens como frutos. Esta famlia tem, ainda, a capacidade de fixar nitrognio no

    solo por meio de uma associao com bactrias radiculares dos gneros Rhyzobium e

    Bradirhizobium, apresentando, geralmente, um teor de protena bruta mais elevado do que asgramneas.

    CARACTERSTICAS DESEJVEIS EM UMA PLANTA FORRAGEIRA

    1 ALTA RELAO FOLHA COLMO

    Varia com:

    Espcie (capim Elefante x capim Andropogon).

    Dentro da espcie (capim Elefante Napier x Roxo).

    Estdio vegetativo (estdio de crescimento relao folha:caule).

    2 RAPIDEZ NA REBROTA

    Varia com:

    Hbito de crescimento.

    ndice de rea foliar (IAF residual: IAF rapidez).

    Carboidratos (CHO) de reserva (CHO de reserva rapidez).

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    8/33

    8

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Se o IAF = 4 implica dizer que se tem 4 m2de folha em 1 m2de solo.

    3 DISTRIBUIO DA PRODUO DURANTE O ANO

    Varia com:

    Espcie (perene x anual).

    Clima (pluviosidade, temperatura, insolao).

    Manejo (adubao, diferimento de pastos).

    4 SER PERENE

    Brachiaria plantagineaxDigitaria decumbens

    5 RESISTNCIA

    Extremos de temperatura.

    Umidade.Pragas e doenas.

    6 PRODUZIR GRANDE QUANTIDADE DE SEMENTES VIVEIS

    Vantagens:

    Menor custo de formao de pastagens.

    Resistncia seca.

    Resistncia s pragas e doenas.

    Resistncia ao fogo.

    Onde, VC = valor cultural da semente, G = germinao e P = pureza.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    9/33

    9

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Apesar de ser desejvel um maior valor cultural (VC), deve-se ficar atento ao valor final

    que se paga por quilograma de semente de capim.

    Exemplo:Compra-se, em determinada loja agropecuria, 1 kg de semente de capim Buffel com

    VC = 87% por R$ 7,00, enquanto em outra loja, a mesma quantidade com um VC = 75%

    vendida por R$ 5,80. Em qual das duas lojas a compra deve ser efetuada? Por que?

    870 g de capimR$ 7,00

    1000 g de capimx

    x = R$ 8,05/kg de capim

    750 g de capimR$ 5,80

    1000 g de capimx

    x = R$ 7,73/kg de capim

    Apesar de a semente vendida na Loja 2 apresentar um menor valor cultural, a compra deve

    ser realizada nesta loja, uma vez que o preo final a ser pago/kg de semente de capim ser de R$7,73, ao invs de R$ 8,05.

    7 SER SENSVEL S ADUBAES

    Varia com:

    Sistema de produo (intensivo x extensivo).

    Custo do produto obtido.

    Irrigao.

    8 RESISTENTE AO CORTE E PASTEJO

    Varia com:

    Espcie.

    Ponto e hbito de crescimento.

    Manejo.

    Loja 1

    Loja 2

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    10/33

    10

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    9 VALOR NUTRITIVO

    Varia com:

    Espcie.

    Dentro da espcie.

    Estdio de crescimento.

    Persistncia (gramneas tropicais x leguminosas e palma).

    10 PALATABILIDADE

    Varia com:

    Espcie.

    Relao folha:caule.

    Estdio vegetativo.

    Solo e clima.

    Espcie animal.

    Hbito alimentar.Estgio fisiolgico.

    Presso de pastejo (relao entre o nmero ou peso corporal dos animais e a quantidade

    de forragem disponvel na pastagem).

    11 FACILIDADE DE SE ESTABELECER E DOMINAR

    Varia com:

    Espcie.

    Tcnica de plantio.

    Perfilhamento.

    Manejo.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    11/33

    11

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    PRINCIPAIS FAMLIAS DE PLANTAS FORRAGEIRAS

    1 GRAMNEAS

    Famlia mais importante, produzindo alimentao para ruminantes e cereais (milho, trigo e

    arroz), para alimentao humana. Setenta e cinco por cento das forrageiras fazem parte desta

    famlia, a qual compreende 700 gneros e 12.000 espcies (nmero varia entre autores), estando

    presentes nos mais diversos ambientes em todo o mundo (distribuio cosmopolita).

    O porte varivel, indo desde as rasteiras (gramas), passando pelas intermedirias (maioria

    dos capins), at as de porte mais elevado (milho, sorgo, capim Elefante, etc.); so utilizadas na

    forma de pastagem, fenos e/ou silagens.

    Figura 2Partes de uma gramnea.

    1.1 SISTEMA RADICULAR

    Refere-se a todas as razes da planta. As principais funes so:

    Absoro de gua e minerais.

    Sustentao da planta no solo.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    12/33

    12

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Armazenamento de nutrientes.

    Desta forma, pode-se afirmar que o vegetal fixa-se no solo e retira sua nutrio por meio

    de seu sistema radicular.

    Nas gramneas, as razes so do tipo fasciculado ou de cabeleira. Desenvolvem-se,

    principalmente, nas camadas pouco profundas, explorando a parte superficial do solo (20-30

    cm). Todavia, existem relatos na literatura de que podem alcanar profundidades de 2,0 m.

    Figura 3Tipo de raiz encontrado nas gramneas.

    1.2 COLMOS

    So tpicos (no se ramificam), com ns e entrens.

    1.3 HBITOS DE CRESCIMENTO

    Os tipos de crescimento comumente observados em gramneas so:

    Cespitoso ereto o caule cresce perpendicularmente em relao ao solo (Colonio,

    Elefante, milho, sorgo, etc.).

    Cespitoso prostrado/decumbente os colmos crescem encostados ao solo, sem

    enraizamento nos ns, erguendo-se, apenas, a parte que tem a inflorescncia (Brachiaria

    decumbens).

    Estolonfero os colmos rasteiros, superficiais, enrazam-se nos ns que esto em

    contato com o solo, originando novas plantas em cada n (Cynodon).

    Rizomatoso colmo subterrneo, aclorofilado, sendo coberto por afilhos (perfilhos).

    Dos ns partem razes e novas plantas (capim Quicuio, grama Bermuda - estolonfero-

    rizomatoso).

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    13/33

    13

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Figura 4Hbitos de crescimento de plantas forrageiras.

    1.4 TIPOS DE INFLORESCNCIA

    Espigasinflorescncia de flores ssseis (sem pedicelo1) dispostas sobre um eixo.

    Panculas tipo de cacho em que o eixo da inflorescncia ramificado (cacho

    composto), apresentando uma forma cnica ou piramidal. Flores com pedicelo.

    Racemos ou cachosas flores so inseridas em um eixo (rquis) no ramificado.

    1Pedicelo = pequeno pednculo (haste de uma flor ou de um fruto).

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    14/33

    14

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Quadro 2Inflorescncia de algumas gramneas usadas para formao de pastagensGRAMNEA

    TIPO DE INFLORESCNCIANOME VULGAR NOME CIENTFICO

    Cana-de-acar Saccharum espigasTrigo Triticum spp. espigasCapim Elefante Pennisetum purpureum panculasCapim Colonio Panicum maximum panculasCapim Setria Setaria anceps panculasSorgo Sorghum bicolor panculasCapim-de-Planta Brachiaria mutica racemosCapim Buffel Cenchrus ciliares racemosCapim-de-Rhodes Chloris gayana racemosCapim Tifton Cynodon dactylon racemos

    Milho Zea mayso milho uma planta monica, isto , apresentauma inflorescncia masculina (pendo) e umainflorescncia feminina (espiga).

    2 LEGUMINOSAS

    uma famlia produtora de gros e de forragem para os ruminantes, sendo importante na

    economia pela produo de alimentos como soja (Glycine max), alfafa (Medicago sativa), feijo

    (Phaseolus vulgaris), etc. As leguminosas encontram-se distribudas em regies temperadas,

    tropicais e subtropicais de todo o mundo, compreendendo 500 gneros e 11.000 espcies (varia

    entre autores).

    Apresentam porte varivel, onde as utilizadas como forrageiras so, predominantemente,

    herbceas, sendo ricas em protena. A caracterstica tpica dessa famlia apresentar o fruto do

    tipo legume (vagem).

    2.1 SISTEMA RADICULAR

    Nas leguminosas, as razes so do tipo pivotante/axial e podem penetrar no solo poucos

    centmetros como tambm, muitos metros. Apresentam uma raiz primria (dominante), mais

    robusta, com pequenas ramificaes (razes secundrias).

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    15/33

    15

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Figura 5Tipo de raiz encontrado nas gramneas.

    O sistema radicular apresenta ndulos formados atravs do

    contato das razes com bactrias do gnero Rhizobium(simbiose), as

    quais fixam o N2da atmosfera (caracterstica ecolgica de extrema

    importncia).

    3 CACTCEAS

    Famlia representada pelos cactos, sendo formada por cerca de 84 gneros e 1.400

    espcies. So vegetais suculentos, perenes e espinhosos, adaptadas a terrenos e climas com baixa

    umidade. Seu metabolismo do tipo CAM, permite uma maior eficincia no uso de gua do que

    os vegetais do tipo C3 e C4.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    16/33

    16

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    H trs tipos de assimilao fotossinttica de CO2 pelas plantas clorofiladas, segundo as quais estas soclassificadas em plantas C3, C4 e CAM.

    A denominao C3advm do fato de a maioria das plantas verdes formarem como primeiro produto estvel da

    cadeia bioqumica da fotossntese o cido 3-fosfoglicrico (3-PGA), uma molcula com trs carbonos (3C).

    As plantas C4 so assim chamadas por formarem como primeiro produto da fotossntese o cido oxalactico (4C),

    o qual rapidamente reduzido cido mlico e cido asprtico, ambos com 4C, porm mais estveis.

    Plantas do tipo CAMso plantas suculentas de deserto ou habitats sujeitos a secas peridicas e que apresentam

    fotossntese diferenciada das plantas C3 e C4. Elas apresentam o metabolismo cido crassulceo, por isso so

    conhecidas como plantas MAC ou CAM (fecham os estmatos durante o dia).

    Tabela 1 Eficincia do uso de gua de leguminosas, gramneas e cactceas, conforme o

    metabolismo fotossintticoMETABOLISMO FOTOSSINTTICO EFICINCIA DO USO DE GUA (KG DE GUA/KG DE MS)

    Leguminosas 700-800

    Gramneas 250-359

    Cactceas 100-150

    Dentre as cactceas, a palma forrageira destaca-se como alimento bsico na alimentao de

    ruminantes em regies ridas e semi-ridas, por se tratar de uma cultura adaptada s condies

    edafoclimticas com elevadas produes de matria seca/unidade de rea. Alm disto, fonte de

    energia (rica em carboidratos no fibrosos), matria mineral e gua (caracterstica importante em

    regies ridas e semi-ridas).

    Apresenta elevado coeficiente de digestibilidade (CD = 75%; IPA, 2006), mas baixos

    teores de fibra em detergente neutro (FDN), tornado necessrio sua associao a fontes de fibra

    efetivas.

    A fibra efetiva refere-se porcentagem da fibra em detergente neutro (FDN) que efetivamente estimula amastigao, ruminao, motilidade ruminal e produo de saliva (importante para manuteno adequada do pH

    ruminal). Para o adequando funcionamento do rmen faz-se necessrio um mnimo de fibra efetiva.

    O teor de FDN fisicamente efetivo determinado pela porcentagem de FDN da matria seca retida em peneira de

    1,18 mm aps ser agitamento vertical. Na prtica significa dizer que partculas de tamanho inferior a 1,18 mm

    passam rapidamente pelo rmen e no contribuem para estimular a ruminao e/ou mastigao.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    17/33

    17

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    A palma no uma forrageira nativa do Brasil; em Pernambuco, sua introduo ocorreu

    por volta de 1880. No Nordeste, as espcies de palma encontradas so a gigante (Opuntia fcus

    indica), redonda (Opuntia sp) e mida (Nopalea cochonilifera).

    IMPLANTAO DA PASTAGEM

    Para a produo animal, a deciso de investir na implantao ou formao da pastagem

    pode ser considerada como uma das mais importantes sob o ponto de vista econmico. O tcnico

    e/ou produtor deve procurar, da melhor maneira possvel, utilizar as tcnicas mais recomendadas

    para a regio (propriedade) onde sua pastagem ser implantada.

    de conhecimento geral que a produtividade do pasto encontra-se relacionada a fatores

    como:

    Escolha do local para implantao da pastagem.

    Escolha das espcies forrageiras.

    poca de plantio e preparo do solo.Calagem e adubao.

    Controle de plantas invasoras.

    Cuidados durante o plantio.

    Utilizao da pastagem (pastejo x capineira, espcie animal, etc.).

    1 LOCAL DE PLANTIO

    A escolha do local depende da topografia, fertilidade do solo e facilidade de construo de

    cercas. Alm disso, deve-se considerar que elevadas produes so obtidas em solos com maior

    fertilidade.

    Quando da formao de reas para pastejo direto fundamental que haja disponibilidade

    de rvores e a presena de aguadas, para fornecer, respectivamente, sombra e gua aos animais

    nos horrios mais quentes do dia.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    18/33

    18

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    2 ESCOLHA DAS ESPCIES FORRAGEIRAS

    De forma sucinta, para a escolha da forrageira, a seguinte metodologia deve ser observada:

    Diagnstico da rea realizado por meio de anlise qumica do solo, tipo de solo,

    clima, topografia, pragas, invasoras, impedimentos fsicos ou mecnicos, histrico da

    rea e outros (Kichel, 2001).

    Deve-se considerar, ainda, a produtividade desejada, nvel tecnolgico a ser adotado,

    objetivo da produo e poca de utilizao.

    2.1DISPONIBILIDADE DE SEMENTES NO MERCADOBrachiaria brizanthacapim Braquiaro ou Marandu.

    B. decumbensBraquiria, Debumbens, Braquiria Basilisk ou Australiana.

    Panicum maximum - capim Colonio, Tobiat, Tanznia e Mombaa.

    Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina.

    Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineiro.

    Calopogonium mucunoidesCalopo.

    2.2ADAPTAO A SOLOS DE BAIXA FERTILIDADE

    B. decumbensBraquiria, Debumbens, Braquiria Basilisk ou Australiana.

    B. humidicolacapim Quicuio.

    Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina.

    Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineiro.

    Calopogonium mucunoidesCalopo.

    2.3 ALTA PRODUO DE FORRAGEM, EXIGNCIA EM FERTILIDADE, RESPONSIVOS ADUBAO

    NITROGENADA

    Pennisetum purpureumcapim Elefante, Napier, Cameroon, Roxo, etc.

    Panicum maximum -capim Colonio, Tobiat, Tanznia e Mombaa.

    Brachiaria brizantha - capim Braquiaro ou Marandu.

    Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast-Cross.

    Medicago sativaAlfafa.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    19/33

    19

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    2.4TOLERNCIA SECA

    Cenchrus ciliariscapim Buffel.

    B. decumbensBraquiria, Debumbens, Braquiria basilisk ou australiana.

    Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina.

    Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineiro.

    Calopogonium mucunoidesCalopo.

    Brachiaria brizanthacapim Braquiaro ou Marandu.

    2.5TOLERNCIA A PRAGAS E DOENAS

    Pragas: cigarrinhaBrachiaria brizanthacapim Braquiaro ou Marandu.

    Andropogon gayanus - capim de Gamba cv. Planaltina.

    Doenas: Antracnose

    Stylosanthes guianensis - Estilosantes cv. Mineiro.

    2.6TOLERNCIA AO SOMBREAMENTO

    Arachis pintoi - amendoim forrageiro.Panicum maximum - cv. Aruana.

    2.7TOLERNCIA AO ENCHARCAMENTO

    Brachiaria muticacapim Fino, Angola, capim-de-planta.

    Setaria anceps capim Setria cv. Kazungula.

    Echinocloa sp. - Angolinha do rio.

    Brachiaria humidicolaCapim Quicuio da Amaznia.

    2.8TOLERNCIA AO FRIO

    Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast Cross.

    Medicago sativaAlfafa.

    2.9PRODUO DE FENO

    Cynodon spp. - Tifton-85, Tifton-68, Florakirk, Florona, gramas Estrela e Coast Cross.

    Medicago sativaAlfafa.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    20/33

    20

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Digitaria decumbens - cv. Transvala, capim Pangola.

    Chloris gayana - capim de Rhodes.

    2.10COM PROBLEMAS ESPECFICOS PARA ANIMAIS

    Brachiaria decumbens.ovinos (fotossensibilizao).

    Setaria anceps - Bovinos e eqinos (oxalatos).

    Brachiaria humidicolaEqinos.

    3 POCA DO PLANTIO E PREPARO DO SOLO

    O plantio deve ser efetuado no incio do perodo chuvoso, uma vez que a umidade e o

    calor so importantes neste momento. Por sua vez, o preparo do solo deve ser realizado no final

    do perodo seco, com o objetivo de criar condies ideais para a germinao das sementes e

    crescimento da planta. Nesse momento, importante:

    Permitir maior contato da semente com as partculas de solo;

    Garantir a colocao das sementes em profundidade adequada.No preparo do solo so relevantes as seguintes prticas:

    Destoca do terreno.

    Controle da eroso.

    Arao (mais profunda possvel).

    Gradagem.

    Quando a rea apresentar facilidade ou risco de eroso, ou ainda, escorrimento superficial

    da gua de chuvas, recomenda-se a construo de terraos ou curvas de nvel.

    4 CALAGEM E ADUBAO DE FORMAO OU DE IMPLANTAO

    Escolhida a rea para implantao da forragem, no perodo anterior ao plantio deve-se

    efetuar a anlise de solo. De posse dos resultados da anlise, e j estando definida(s) a(s)

    espcie(s), categoria(s) e peso corporal dos animais que iro alimentar-se da pastagem, devem

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    21/33

    21

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    ser estabelecidas as doses de calcrio e nutrientes a serem utilizadas, assim como as de

    fertilizantes a serem empregadas.

    Como coletar amostras de solo a fim de caracterizar sua fertilidade?

    Ao se coletar amostras de solo visando caracterizar sua fertilidade, deve-se forcar na camada arvel do solo, a

    qual, geralmente, consiste naquela que sofre grandes alteraes, tanto pelas araes e gradagens, quanto pela

    adio de corretivos, fertilizantes e/ou restos culturais. A coleta deve, portanto, contemplar essa camada, ou seja,os primeiros 20 cm de profundidade (ATENO COM AS MANCHAS DE SOLO).

    No caso de semeadura direta, recomenda-se que, quando possvel, a coleta seja realizada em duas profundidades

    (0-10 e 10-20 cm). O objetivo avaliar a disponibilidade de clcio e a variao da acidez entre as duas

    profundidades.

    Existem reas, todavia, que no necessitam de calagem. Nestas reas, a coleta de solo para fins de indicao de

    fertilizantes poder ser feita logo aps a maturao fisiolgica da cultura anterior quela que ser implantada.

    Para a avaliao daacidez do soloutiliza-se a escala do pH (potencial hidrogeninico) do solo. Nos solos cidos(pH

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    22/33

    22

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Onde:

    NC = necessidade de calcrio (ton/ha) na profundidade 0-20 cm.

    V2= ndice de saturao de bases desejada de acordo com as exigncias da planta forrageira.

    V1= ndice de saturao de base trocveis do solo, em porcentagem, antes da correo.

    CTC ou T = capacidade de troca de ctions (em cmolc/dm3) de acordo com a anlise de solo.

    S = soma das bases trocveis em cmolc/dm3

    .f = fator de correo do PRNT do calcrio.

    Dentre as diversas metodologias de clculo de necessidade de calagem (quantidade de

    calcrio a ser aplicada), o mtodo de Saturao por Bases tem sido o mais usual por

    recomendar a elevao da saturao por bases (V%) a valores pr-estabelecidos de acordo com a

    espcie forrageira.

    Saturao por bases (S) ndice de acidez do solo, definido como a proporo da capacidade de troca de ctions(CTC) ocupada por bases trocveis (K

    +, Ca

    2+, Mg

    2+e Na

    +).

    Capacidade de troca de ctions (CTC) consiste na capacidade do solo de reter ou liberar nutrientes para seremabsorvidos e aproveitados pelas plantas ou na quantidade de ctions (Al3+, H+, Ca2+, Mg2+e K+) que o solo capaz

    de reter.

    As indicaes de adubao devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes encontrados

    na anlise de solo. importante mencionar que a necessidade de calagem da rea de pastagem

    encontra-se relacionada produtividade esperada, potencial de resposta da planta forrageira

    frente acidez, extrao de nutrientes e do nvel de acidez do solo.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    23/33

    23

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Paulino (2004) reportou recomendaes de adubao e calagem para dez diferentes

    situaes de cultivo de forrageiras. Os agrupamentos adotados para as plantas forrageiras do

    mesmo tipo basearam-se em exigncias de fertilidade do solo (Quadros 3 e 4).

    Quadro 3 - Agrupamento das forrageiras em funo das exigncias em termos de fertilidade dosolo

    TIPO DEEXPLORAO

    FORRAGEIRA

    Gramneas parapastos exclusivo

    Grupo I

    Panicum maximum (Aruana, Centenrio, Colonio, Tanznia, Tobiat,Vencedor), Cynodon (Coast-cross, Tiftons), Pennisetum purpureum(Cameron, Elefante, Napier); Chloris(Rhodes), Hyparrenia rufa(Jaragu);

    Digitaria decumbens (Pangola, Transvala), Pennisetum clandestinum(Quicuio), etc.

    Gramneas parapastos exclusivo

    Grupo II

    Brachiaria brizantha (Braquiaro, Marandu), P. maximum (Green panic,Mombaa), Andropogon gayanus (Andropogon), Cynodon plectostachyus(Estrelas), etc.

    Gramneas parapastos exclusivo

    Grupo III

    Brachiaria decumbens(Braquiria, Australiana);B. humidcola(Quicuio daAmaznia), Paspalum notatum (Batatais ou Gramo, Pensacola), Melinisminutiflora(Gordura), Setaria anceps(Setria), etc.

    Leguminosasexclusivas

    Grupo I

    Neonotonia wightii (Soja-perene), Leucaena leucocephala (Leucena),Desdemodium intortum e D. ovalifolium (Desmdio), Arachis pintoi

    (Arachis), Lotononis bainesii (Lotononis), Trifolium (Trevo Branco,Vermelho e Subterrneo), etc.

    LeguminosasexclusivasGrupo II

    Stylosanthes (Estilosante), Calopogonium mucunoides (Calognio),Centrosema pubescens (Centrosema), Macroptilium atropurpureum(Sitrato), Macrotiloma axillare (Macrotiloma ou Guat), Pueraria

    phaseoloides (Kudzu tropical), Cajanus cajan (Guandu), Galactia striata(Galxia), etc.

    Capineiras Penninsetum purpureum (Elefante, Napier, etc.)Gramneas para

    fenaoCoast-cross, Tifton, Pangola, Rhodes, Green-panic, Transvala, etc.

    Pasto consorciado

    Grupo IGramnea + leguminosa do Grupo I

    Pasto consorciadoGrupo II

    Gramnea + leguminosa do Grupo II

    Leguminosa paraexplorao intensa

    Medicavo sativa(Alfafa)

    FONTE: Paulino (2004).

    A aplicao do calcrio para elevar a saturao por bases, conforme o tipo de

    forrageira pode ser feita de acordo com o quadro apresentado a seguir:

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    24/33

    24

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Quadro 4 - Recomendao da elevao de saturao por bases, conforme os grupos de plantasforrageiras

    FORRAGEIRA

    SATURAO POR BASES

    (V%)

    DOSE MXIMA A APLICAR

    (t/ha)FORMAO MANUTENO FORMAO MANUTENO

    Gramneas do Grupo I 70 60 7 3Gramneas do Grupo II 60 50 6 3Gramneas do Grupo III 40 40 5 3Leguminosas do Grupo I 70 60 7 3Leguminosas do Grupo II 50 40 5 3Capineiras 70 60 7 3Gramneas para fenao 70 60 7 3Pasto Consorciado do Grupo I 70 60 7 3Pasto Consorciado do Grupo II 50 40 5 3Leguminosa p/ explorao intensiva 80 80 10 5FONTE: Paulino (2004)

    EXEMPLO DE CLCULO:

    Considerando os resultados de anlise de solo como sendo:

    pH CaCl2= 4,4 SB = 11,0 mmolc/dm V1= 26%.Ca = 8,0 mmolc/dm CTC = 72,0 mmolc/dm Al = 14 mmolc/dm

    Mg = 2,1 mmolc/dm3

    Objetivando a implantao de uma pastagem de Braquiaro (Brachiaria brizantha cv.

    Marandu), a partir do mtodo da elevao da Saturao por Bases, quanl a necessidade de

    calagem a ser aplicada? Utilize calcrio dolomtico com PRNT de 80%.

    Braquiaro (Brachiaria brizantha cv. Marandu) gramnea do Grupo II (Quadro 3),

    logo V2= 60.

    NC = 3,06 t/ha

    1Soma das bases.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    25/33

    25

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Na adubao de implantao, recomenda-se, basicamente, a aplicao de fsforo,

    observando-se, sempre, a anlise de solo e a exigncia da planta para a produtividade desejada.

    Como o calcrio reduz a acidez do solo?

    Os processos e reaes de reduo da acidez do solo mediante a utilizao de calcrio so complexos, mas de

    maneira simplificada pode-se dizer que:

    O pH do solo expressa a atividade do on H+. O calcrio reduz a acidez do solo (eleva o pH) pela converso

    de alguns desses ons H+em gua. A reao pode ser descrita da seguinte forma:

    Solo-H + CaCO3 ? Solo-Ca + H2O + CO2

    Converso do H+em H2O

    Mas ATENO: a inverso desse processo tambm pode ocorrer, ou seja, um solo cido pode tornar-se mais cido

    se um programa adequado de calagem no for realizado, tendo em vista que medida que ons bsicos como Ca2+

    ,Mg

    2+e K

    +geralmente removidos por absoro pelas culturas, podem ser substitudos pelo H

    +. Alm disso, esses

    ons tambm podem ser perdidos por lixiviao e, novamente, serem substitudos por H+.

    4.1 BENEFCIOS DA CALAGEM

    Fornecimento de Ca e Mg.Aumento do pH do solo.

    Reduo do Al3+, Mn2+e Fe3+em excesso.

    Aumento da disponibilidade de N, P, K, Mg, S, Mo, etc.

    Melhoria da atividade bacteriana.

    Aumento da CTC do solo.

    Aumenta eficincia dos fertilizantes.

    Aumenta a produtividade das culturas.

    4.2 GESSO AGRCOLA

    Indicado para culturas anuais ou perenes e, no caso de pastagem, para aquelas formadas

    por espcies mais susceptveis ao alumnio e mais exigentes em clcio, como as forrageiras do

    gneroPanicume os cultivares do capim Elefante.

    O gesso no corretivo de acidez e no substitui o calcrio, mas favorece o

    aprofundamento das razes, melhora as condies fsicas do solo, alm de ser fonte de enxofre.

    Deve ser aplicado dentro das normas tcnicas, pois seu excesso pode causar mobilizao de

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    26/33

    26

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    nutrientes no solo com possveis perdas. Pode ser aplicado antes ou aps o calcrio, incorporado

    ou na superfcie do solo.

    O gesso agrcola (sulfato de clcio) tem sido recomendado nas camadas subsuperficiais do

    solo (20 cm) para reas onde o teor de alumnio elevado e o de clcio baixo.

    6 SEMEADURA/PLANTIO

    O plantio deve ser efetuado quando o solo encontra-se bem preparado, com boa umidade(da semeadura e emergncia das plntulas at seu completo estabelecimento), baixa incidncia

    de invasoras, pragas ou outras forrageiras, utilizando equipamento adequado, na profundidade da

    semeadura recomendada e rolo compactador. Desta forma, a escolha da poca e do momento de

    semeadura (ou plantio, no caso de mudas) primordial para evitar perodos de ocorrncias de

    veranicos.

    Para cada espcie tem-se uma indicao da taxa de semeadura (kg de SPV/ha), a qual deve

    ser respeitada. A recomendao pode ser calculada pela seguinte frmula:

    onde:

    Q = quantidade de sementes comerciais (kg) a serem semeadas.

    SPV = sementes puras viveis em kg/ha (Quadro 5).

    VC = valor cultural.

    EXEMPLO DE CLCULO:

    Para implantar 2,5 ha de Brachiaria brizantha (Braquiaro), cujas sementes foram

    adquiridas com pureza fsica de 20% e germinao de 76%, quantos quilogramas de sementes

    devero ser utilizados?

    Recomendao em sementes puras germinveis = 2 kg/ha.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    27/33

    27

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Para implantar 2,5 ha sero necessrios, ento:

    1,0 ha 13,3 kg

    2,5 ha x

    A legislao brasileira s permite a comercializao de sementes com valor cultural (VC)

    superior a 15% paraPanicum maximume 10% para as demais espcies forrageiras. Geralmente,

    a validade da semente expira aps um perodo de 10 meses aps a anlise do valor cultural.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    28/33

    28

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Quadro 5 - Recomendaes da taxa de semeadura para algumas gramneas forrageiras

    GRAMNEAS

    FORRAGEIRAS NOME CIENTFICO

    N DE SEMENTES/g

    (APROXIMADO)

    Q

    (kg/ha deSPV*)

    Capim Andropogon Andropogon gayanus 360 2,5

    Capim Braquiaro Brachiaria brizantha 150 2,8

    Capim Braquiria Brachiaria decumbens 200 1,8

    Capim Humidicola Brachiaria humidicola 270 2,5

    Capim Pojuca Paspalum atratum cv. Pojuca 438 2,0

    Capim Aruana Panicum maximum cv. Aruana 1304 2,1

    Capim Colonio Panicum maximum cv. Colonio 780 1,6

    Capim Mombaa Panicum maximum cv. Mombaa 770 1,8

    Capim Tanznia Panicum maximum cv. Tanznia 960 1,6

    Capim Tobiat Panicum maximum cv. Tobiat 680 2,5

    Milheto Pennisetum americanum - 10 -20

    Capim Coast-cross Cynodon dactilon - 3 t/ha**

    Capim Elefante Pennisetum purpureum - 3-4 t/ha***kg/ha de SPV (sementes puras viveis) equivalentes a um valor cultural de 100%, aqui usado apenascomo referncia.**kg de mudas vegetativas/ha.

    6.1.FORMAS DE PLANTIO

    Plantio a lano pode ser realizado sobre o solo devidamente preparado com uma

    grade leve, de maneira a incorporar as sementes 0,5 a 4,0 cm de profundidade.

    recomendvel logo aps a ltima gradagem, aplicao da semente e passagem do rolo

    compactador de ferro ou pneu (com maior peso no solo arenoso; mdio, no misto e leve,

    no argiloso). Em solos com excesso de umidade no se deve passar o rolo, a fim de evitar

    que a terra fique presa no rolo.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    29/33

    29

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    Plantio com semeadeira deve seguir as mesmas exigncias do plantio a lano, com

    espaamento entre linhas de 13 a 40 cm (dependendo da espcie forrageira e do

    equipamento) e profundidade de 0,5 a 4,0 cm. Pode-se realizar, na mesma operao, a

    adubao da pastagem ou a consorciao com outras espcies. Se a semeadeira no

    possuir sistema de compactao, deve-se passar o rolo compactador.

    Plantio direto um sistema de manejo do solo, onde palha e restos de cultura so

    deixados na superfcie do solo. O solo revolvido apenas no sulco onde so depositadas

    as sementes e fertilizantes. As plantas invasoras so controladas por herbicidas, no

    existindo preparo do solo alm da mobilizao no sulco de plantio. Exige boa coberturade solo, sem limitaes fsicas ou qumicas, sem eroso,compactao, cupins, tocos, etc.

    Utiliza-se linhas com espaamento de 13 a 40 cm, colocando-se entre 10 e 20% a mais de

    sementes.

    Na prtica, verifica-se que as sementes das plantas forrageiras possuem tamanho pequeno a

    mdio e, por isso, no devem ser enterradas muito profundamente, uma vez que, mesmo havendo

    umidade, as sementes no dispem de reservas suficientes para permitir a perfeita emergncia

    das plntulas. Para a maioria das espcies a profundidade varia de 20 a 40 mm (2,0 a 4,0 cm),

    sendo a menor recomendada para sementes muito pequenas, aprofundando progressivamente

    medida que o tamanho da semente aumenta. .

    PLANTIO EM CONDIES IDEAIS

    - Plantio em poca normal.

    - Solo analisado e corrigido.- Solo bem preparado.

    - Reposio de nutrientes.

    - Equipamentos em boas condies.

    - Uso de rolo compactador.

    - Plantio solteiro.

    PLANTIO EM CONDIESMDIAS

    - Plantio a lano/superfcie.

    - Plantio com solo semi preparado.- Plantio consorciado com outras culturas.

    - pocas com incidncia de veranicos.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    30/33

    30

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    PLANTIO EM CONDIESADVERSAS

    - Plantio areo ou tardio.- Plantio em terreno com declive.

    - Plantio com pouco preparo de solo.

    - Plantio em vrzeas midas.

    - Plantio a lano manual.

    - Plantio sem previso de chuva.

    - Equipamentos com m regulagem

    7 CONTROLE DE PRAGAS E INVASORAS

    Na formao das pastagens, as pragas mais importantes so as lagartas, cupins

    subterrneos e formigas. Sempre que o nvel de infestao for significativo este deve ser

    controlado com pesticidas especficos para cada tipo de praga, obedecendo sempre as dosagens

    recomendadas pelo fabricante e/ou tcnico. A falta de controle dessas pragas pode comprometer

    a formao e a persistncia da pastagem.

    Em reas com elevada infestao de plantas invasoras (anuais e/ou perenes) deve-se,

    sempre que possvel, adotar o controle mecnico, cultural e qumico.

    Mecnicopreparo do solo escalonado, a fim de reduzir o banco de sementes do solo.

    Culturalreas que apresentam infestao de invasoras devem ter aumentadas em at

    50% a quantidade de sementes recomendada.

    Qumicoaps a germinao da pastagem, ocorrendo infestao de invasoras de folhas

    largas (em parte ou em toda a rea), pode-se fazer uso de herbicidas na base 2,4-D (cido

    diclorofenoxiactico). Aplicar quando as invasoras atingirem de duas a seis folhas.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    31/33

    31

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    8 MANEJO

    Depois de implantada a pastagem faz-se necessrio um manejo adequado para obteno de

    elevada produtividade e longevidade. Desta forma, o conhecimento da relao solo-pastagem-

    animal fundamental.

    O solo fonte de nutrientes para a pastagem e base do sistema; a planta, por sua vez a

    fonte de nutrientes para o animal, enquanto o animal atua como agente modificador das

    condies de solo e planta.

    Uma rea de pastagem deve proporcionar ao animal alimentao nutritiva e regular durante

    todo o ano, reduzir a degradao ambiental e conservar a fertilidade do solo.

    Ressalta-se que a diversificao do stand, ou seja, a utilizao de

    mais de uma espcie forrageira sempre recomendvel.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    32/33

    32

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    QUADRO SINTICO

    Caractersticas das principais plantas forrageiras

    GGRRAAMMNNEEAASS

    Espcie

    Exigncia

    em

    fertilidade

    Tolerncia Profundidadeplantio

    (cm)

    TeorPB*

    Pontos de VC/haCondies de plantio

    Frio Seca Umidade Cigarrinha tima Mdia RuimBrachiaria brizantha

    cv. MaranduMdia a

    alta Mdia Mdia Baixa Resistente 2-4 Mdia 280 400 500Brachiaria decumbens

    cv. Basilisk Mdia abaixa Mdia Boa Baixa Susceptvel 2-4 Mdia 180 280 380Brachiaria dictyoneura

    cv. Llanero Baixa Mdia Boa Mdia Tolerante 1-3Mdia

    abaixa

    250 350 450

    Brachiaria humidicolacv. Humidcola Baixa Mdia Boa Alta Resistente 1-3 Baixa 250 350 450Panicum maximumcv. Mombaa Alta Mdia Mdia Baixa Tolerante 0,5-2,5 Alta 160 300 400Panicum maximumcv. Tanznia Alta Mdia Mdia Baixa Tolerante 0,5-2,5 Alta 160 300 400

    Panicum maximumcv. Massai

    Mdia aalta Boa

    Mdiaa boa Baixa Tolerante 0,5-2,5

    Mdiaa alta 160 300 400

    Paspalum atratum

    cv. Pojuca

    Mdia abaixa Mdia Mdia Alta Resistente 1-3

    Mdiaa

    baixa

    200 300 400

    Andropogon gayanuscv. Baeti Baixa Alta Alta Mdia Resistente 0,5-1 Mdia 250 350 450

    Pennisetum glaucumMilheto

    Mdia abaixa Baixa Alta Baixa Resistente 1-4 Alta

    linha12 kg/ha

    lano16 kg/ha

    16kg/ha

    20kg/ha

    20kg/ha

    24kg/ha

    Eleusime corocamaP-de-galinha Baixa Mdia Alta Baixa Resistente 0,5-2 Baixa 8 kg/ha

    10kg/ha

    12kg/ha

    Paspalum sauraePensacola

    Mdia aalta Boa Boa Baixa Tolerante 0,5-2 Mdia 1.600 1.900 2.000

    Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE

    *Teor de protena: com relao qualidade das pastagens no que se refere ao teor em protena e digestibilidade da matria seca,existe uma grande variao conforme a espcie, poca do ano, estdio de desenvolvimento, parte da planta e nvel de fertilidade

    do solo. O teor de protena pode variar de 5% a 24% e a digestibilidade de 45% a 75%.**Condies de plantio referente a preparo de solo, potencial de invasoras, equipamento a ser utilizado, poca de plantio,condies climticas, topografia (susceptibilidade eroso) e objetivos de uso da forragem.

  • 7/26/2019 H7-Apostila

    33/33

    Curso: ZootecniaClassificao e Implantao de ForragensProf: CARLA WANDERLEY MATTOS

    LLEEGGUUMMIINNOOSSAASS

    Espcies

    Exignciaemfertilidade

    Tolerncia Profundidadeparaplantio (cm)Condies ideais

    kg/ha de semente (90% VC)Condies de plantio (kg/ha)**

    Frio Seca Umidade tima Mdia RuimCalopognio Baixa a mdia e

    Alta Baixa Alta Mdia 1,0-3,0 2 3 4Estilosantes CampoGrande Baixa - Alta - 0,5-2,0 2 3 4Leucena Alta Mdia Alta Baixa 1,0-4,0 32 35 40Guandu Baixa, Mdia e

    Alta Mdia Alta Baixa 2,0-4,0 25 35 40Arachis pintoi Baixa a mdia Mdia Mdia Mdia 2,0-4,0 8 9 10Mucuna-preta Baixa a mdia Mdia Alta Baixa 3,0-5,0 50 60 70Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE

    *Teor de protena: com relao qualidade das pastagens no que se refere ao teor em protena e digestibilidade da matria seca,existe uma grande variao conforme a espcie, poca do ano, estdio de desenvolvimento, parte da planta e nvel de fertilidadedo solo. O teor de protena pode variar de 5% a 24% e a digestibilidade de 45% a 75%.**Condies de plantio referente a preparo de solo, potencial de invasoras, equipamento a ser utilizado, poca de plantio,condies climticas, topografia (susceptibilidade eroso) e objetivos de uso da forragem.