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Hackers: o seu crime é a curiosidade Um conjunto de jovens portugueses quer libertar a informação pacificamente Nas últimas semanas, grupos como os LulzSec Portugal ou os AntiSecPT surpreenderam o país com ataques a diversos sites estatais e privados. Alegaram agir em retaliação aos incidentes ocorridos em frente ao parlamento, na recente greve geral. Mas enquanto a indignação levou estes hackers a actuaram anonimamente, a arte ou o desejo de tornar o país mais justo faz com que outros não escondam o seu nome. A sua maior transgressão é serem curiosos. Apesar do termo hacker ser normalmente traduzido para “pirata”, nem todos na área se dedicam a pilhagens. O traço que une estes exploradores tecnológicos é o encanto pelo desconhecido. Ricardo Lafuente e Ana Carvalho são dois exemplos. Ele tem 27 anos, ela 28. Sempre tentados a arriscar, seguem a definição original de hack, que é “uma forma alternativa, engenhosa e não óbvia de resolver um problema”. Interessa- lhes estabelecer pontes entre tecnologia, artes e ciências sociais. São designers, activistas do software livre e empreendedores. Responsáveis por um estúdio de investigação chamado Manufactura Independente, gostam de “espicaçar a tecnologia, fazendo projectos à volta de nichos como o hacking tipográfico ou a ressurreição de impressoras obsoletas”. Fazem parte dos fundadores do Hacklaviva, um espaço hacker no Porto. “O Hacklaviva é um grito”. Assim se apresentam no site oficial. Não têm líder, porta- voz ou orçamento. Provenientes de diferentes origens, une-os uma postura irrequieta no mundo. Querem sair de casa, pois o lugar da sua intervenção é cá fora, na comunidade. “Atrás do computador, na nossa zona de conforto, todos temos razão”, diz-nos Lafuente. Maioritariamente composto por jovens, o grupo orgulha-se da amplitude de idades registada nas suas iniciativas. “As pessoas que aparecem vão desde os 14 anos até para cima dos 60”. Recebem tralha electrónica que tentam reutilizar, sempre através de software não comercial um dos princípios fundamentais do colectivo. Entre duas passas num cigarro electrónico, Ricardo afirma orgulhoso que têm um computador Macintosh de 1992 ainda a funcionar. “Uma autêntica peça de museu”. Dá -lhes prazer editar constantemente a definição de hacking e reaprender ao fazer muito, com pouco (por exemplo, construir candeeiros com Macs ou modificar balanças electrónicas). Recentemente, mudaram o seu local de encontro para a Escola do Alto da Fontinha, sede do projecto Es.Col.A, um espaço comunitário autogestionado. Foi lá que, num fim-de-semana de Outubro, realizaram o primeiro Hackmeeting em Portugal, um evento que reúne hackers e teve a primeira edição em Itália, há 13 anos. A paisagem

Hackers: o seu crime é a curiosidade

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Reportagem de Francisco Fernandes Ferreira, publicada na Notícias Magazine, em dezembro de 2011.

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Page 1: Hackers: o seu crime é a curiosidade

Hackers: o seu crime é a curiosidade Um conjunto de jovens portugueses quer libertar a informação pacificamente

Nas últimas semanas, grupos como os LulzSec Portugal ou os AntiSecPT

surpreenderam o país com ataques a diversos sites estatais e privados.

Alegaram agir em retaliação aos incidentes ocorridos em frente ao parlamento,

na recente greve geral. Mas enquanto a indignação levou estes hackers a

actuaram anonimamente, a arte ou o desejo de tornar o país mais justo faz com

que outros não escondam o seu nome. A sua maior transgressão é serem

curiosos.

Apesar do termo hacker ser normalmente traduzido para “pirata”, nem todos na área

se dedicam a pilhagens. O traço que une estes exploradores tecnológicos é o encanto

pelo desconhecido. Ricardo Lafuente e Ana Carvalho são dois exemplos. Ele tem 27

anos, ela 28. Sempre tentados a arriscar, seguem a definição original de hack, que é

“uma forma alternativa, engenhosa e não óbvia de resolver um problema”. Interessa-

lhes estabelecer pontes entre tecnologia, artes e ciências sociais. São designers,

activistas do software livre e empreendedores. Responsáveis por um estúdio de

investigação chamado Manufactura Independente, gostam de “espicaçar a tecnologia,

fazendo projectos à volta de nichos como o hacking tipográfico ou a ressurreição de

impressoras obsoletas”. Fazem parte dos fundadores do Hacklaviva, um espaço hacker

no Porto.

“O Hacklaviva é um grito”. Assim se apresentam no site oficial. Não têm líder, porta-

voz ou orçamento. Provenientes de diferentes origens, une-os uma postura irrequieta

no mundo. Querem sair de casa, pois o lugar da sua intervenção é cá fora, na

comunidade. “Atrás do computador, na nossa zona de conforto, todos temos razão”,

diz-nos Lafuente. Maioritariamente composto por jovens, o grupo orgulha-se da

amplitude de idades registada nas suas iniciativas. “As pessoas que aparecem vão

desde os 14 anos até para cima dos 60”.

Recebem tralha electrónica que tentam reutilizar, sempre através de software não

comercial — um dos princípios fundamentais do colectivo. Entre duas passas num

cigarro electrónico, Ricardo afirma orgulhoso que têm um computador Macintosh de

1992 ainda a funcionar. “Uma autêntica peça de museu”. Dá-lhes prazer editar

constantemente a definição de hacking e reaprender ao fazer muito, com pouco (por

exemplo, construir candeeiros com Macs ou modificar balanças electrónicas).

Recentemente, mudaram o seu local de encontro para a Escola do Alto da Fontinha,

sede do projecto Es.Col.A, um espaço comunitário autogestionado. Foi lá que, num

fim-de-semana de Outubro, realizaram o primeiro Hackmeeting em Portugal, um

evento que reúne hackers e teve a primeira edição em Itália, há 13 anos. A paisagem

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que se vê da janela estende-se desde a baixa portuense até ao Douro, espelhando as

intenções do grupo em alastrar as suas acções por toda a cidade. De momento, estão a

tentar que a internet sem fios chegue a toda a população portuense. Universalizar o

acesso grátis facilitaria a criação e a partilha de informação e seria uma forma de

alertar a sociedade para as empresas que monopolizam o mercado, “sem espaço para

concorrentes menores que possam assegurar necessidades mais específicas e locais”.

Também nesta área, actuam os Unimos, outra associação portuguesa. São uma

comunidade de aficionados da tecnologia sem fios e trabalham na expansão de redes

comunitárias, livres e abertas. Já implementaram pontos de acesso em Ourém, Quiaios

ou na Nazaré e ajudam quem estiver interessado na construção do seu próprio

sistema.

O Hacklaviva acredita que o acesso de todos à informação contribui também para uma

maior clareza no desempenho dos órgãos de governação. Na iniciativa Transparência

Hackday, analisam a informação das inúmeras bases de dados públicas e apresentam-

na de forma simplificada no site Demo.cratica. É um “projecto independente, livre e

autónomo dedicado a oferecer uma nova visão sobre o parlamento português”. O

colectivo estima o seu valor em 50 mil euros. “É por ter um valor tão relevante que o

decidimos dar.”

Na mesma direcção caminha a plataforma Transparência na AP (Administração

Pública), onde se pode aceder de forma simplificada à informação que consta nos

contratos públicos. A ANSOL (Associação Nacional para o Software Livre), responsável

pela ferramenta, quis incentivar a consulta dessa documentação para combater a

corrupção. Esta organização é também muito crítica em relação à verba contemplada

no último Orçamento de Estado para software informático: mais de 100 milhões de

euros. Suportados por um estudo da ESOP (Associação de Empresas de Sotware Open

Source Portuguesas), defendem que com alternativas livres essa verba desceria para

metade.

Os limites da acção de um hacker

Tal como estes colectivos portugueses também movimentos internacionais defendem

ideais de liberdade e igualdade de acesso à informação. É o caso do fenómeno

Anonymous, dos extintos Lulzsec ou dos “velhinhos” Chaos Computer Club. Mas,

nestes casos, há quem o considere apenas fachada. Rogério Bravo, Inspector-Chefe na

Polícia Judiciária (PJ) desde 1991, afirma que os slogans free information e freedom for

information são apenas um pretexto. “Palavras-passe, configurações informáticas de

rede, dados comerciais, segredos de Estado, segredos diplomáticos ou de justiça, são

exemplos de informação da qual estas organizações não precisam”, revelou-nos o

especialista em cibercrime.

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Defensores da existência de uma ética hacker, como o finlandês Pekka Himanen ou o

americano Stephen Levy, não aceitam o roubo, o vandalismo ou a quebra de

confidencialidade. A meta deve ser sempre a melhoria do mundo. Para isso, dizem ser

preciso promover a partilha, a descentralização e o acesso total e ilimitado à

informação e a qualquer meio tecnológico que permita a aprendizagem. “O hacker

busca a informação diariamente e tem prazer em passá-la para quem quer pensar e

criar coisas novas”, defende Levy.

Em conversa, o polivalente artista Filipe Melo diz-nos que a razão se perde “quando se

age por interesses de moral dúbia ou para benefício próprio” ou ainda quando “se

prejudicam pessoas inocentes”. Aos 15 anos, ele e os amigos tinham acesso aos

números de cartão de crédito de todos os cidadãos norte-americanos. Podia ter

comprado o melhor computador do mercado ou prendas caras para as namoradas.

Podia ter acumulado um confortável fundo para enfrentar a vida adulta. Nunca se

aproveitou.

Para o Hacklaviva uma acção não deve ser descartada por violar a lei. Mas, ao

contrário dos Lulzsec Portugal ou dos AntiSecPT, não realizam DDoS (ataques que

impedem o funcionamento de um serviço), nem expõe informação. Também não

invadem sistemas como fez Melo. A sua “perspectiva de hacking está mais próxima de

uma dimensão social e criativa”, afirma Ricardo Lafuente. Preferem intervir dentro dos

limites legais e éticos, o que não significa que o tema não lhes interesse.

O colectivo nortenho considera ainda que, por vezes, há quem recorra a abusos para

mostrar uma realidade ainda mais abusiva. Esse terá sido, supostamente, o mote dos

recentes ataques, reivindicados como uma resposta à alegada presença de polícias à

paisana a incitar à violência, entre os manifestantes. A verdade é que durante as

últimas semanas se falou mais dos ataques piratas do que da sua aparente causa. “Há

uma visão algo hipócrita sobre que géneros de abusos são legítimos ou não”. Para

Filipe Melo, estes ataques são importantes “nem que seja para combater o

corporativismo e o capitalismo desenfreado”.

Estes ataques demonstraram a fragilidade de muitos dos sistemas de segurança de

sites estatais e institucionais no nosso país, revelando publicamente que a informação

e os dados de muita gente não estão assim tão seguros. “Ainda bem que há quem o

demonstre”, diz Lafuente.

A linha ideológica destes hacktivistas portugueses segue na linha dos internacionais

Lulzsec e Anonymous e não está totalmente demarcada. Ao apresentarem-se, referem

que o importante não é quem são mas sim o que são. As suas acções são assinadas,

mas não rotulam ninguém. Não têm uma identidade. Os nicknames que usam

individualmente também não revelam nacionalidade, profissão, cor da pele ou religião.

Se por vezes adoptam posições radicais contra instituições, noutros casos actuam

apenas com o divertimento como objectivo (for the lulz). Filipe Melo sublinha a

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legitimidade dos actos quando o objectivo é “mudar algo que está errado, ou se forem

pura e simplesmente actos humorísticos. O humor justifica quase tudo”. Saber que

existem adolescentes que penetram em estruturas de grandes dimensões como a

Nato, o FBI ou a Sony, apenas para provocar gargalhadas, pode constituir uma

mudança no equilíbrio de poderes.

Já em 1986, Loyd Blankenship, The Mentor, no seu Manifesto Hacker — texto doutrinal

para muitos — dizia que o maior crime dos piratas é a curiosidade. De acordo com a

declaração, privilegiam uma cultura baseada no mérito e julgam as pessoas “pelo que

dizem e o que pensam”. São muito mais do que miúdos sem nada para fazer. Para

Melo, a pirataria acelera o desenvolvimento de tecnologias que, por vezes, ainda não

estão acessíveis por motivos de estratégia financeira das empresas. “Se não houvesse

Napster, não haveria iTunes. Se não houvesse torrents, possivelmente não haveria

MEO videoclube. As empresas copiam os piratas e aprendem com eles”.

Muitos estão espalhados por meios académicos ou nos sistemas de segurança de

empresas. Partilham um sentimento de pertença a uma tribo. Por causa do sentido

pejorativo atribuído ao termo hacker, escondem-se atrás de rótulos como especialista

em TI ou analista de sistemas. Nuno Cardoso, outro jovem pirata português,

apresenta-nos esta subcultura fazendo uma analogia com a imagem dos políticos. São

vistos “por uma grande parte da sociedade como corruptos, ladrões, aldrabões e

mentirosos”, apesar de muitos serem honestos e agirem conscientes dos seus actos.

Resistir pacificamente, dentro do sistema

Nuno Cardoso pertence a um conjunto de hackers portugueses que, ao contrário do

Hacklaviva, dos Unimos ou da ANSOL, desejam entrar na luta partidária tradicional.

Mesmo que de tradicional tenham pouco. Em 2009, a partir de um fórum com alunos

de Engenharia Informática na Faculdade de Ciências em Lisboa, foi criado o Partido

Pirata Português (PPP). Ainda não conseguirão obter estatuto oficial mas sonham

chegar à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu. O núcleo duro envolve

uma dezena de membros, mas o seu portal conta já com mais de 400 inscrições. É

difícil traçar um perfil desses utilizadores. “Uma grande percentagem das pessoas

comete actos de pirataria. Faz todo o sentido que se façam representar de uma forma

mais séria”, afirma Filipe Melo sobre o tema.

O PPP foi criado à imagem do Piratpartiet, movimento que em 2009 conseguiu eleger

dois deputados para o parlamento sueco, com sete por cento dos votos. Já são a

terceira maior organização política do país nórdico e inspiraram a criação de cerca de

40 entidades semelhantes em todo o mundo. O seu braço juvenil, o Ung Pirat, é a força

partidária jovem com maior expressão na Suécia e agrega mais de 22 mil membros.

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Grande impulso para o crescimento do Piratpartiet foi o mediatismo do caso Pirate

Bay, uma plataforma sueca que facilita o download de conteúdos. É um dos cem

endereços mais visitados na Web e os seus criadores são estrelas. Foram condenados a

penas de prisão, a pagar multas milionárias e o seu espaço foi fechado diversas vezes.

Mas não cederam à pressão dos defensores dos direitos de autor e de indústrias como

a de Hollywood. Os seus servidores já estiveram alojados na Ucrânia ou na Holanda e

regressaram recentemente à Suécia para serem instalados numa caverna secreta nas

montanhas. “Somos o site mais resiliente do mundo”, defendem.

O PPP considera que a democratização do conhecimento passa pela partilha e garante

que uma protecção menos vincada dos direitos de autor beneficiaria a sociedade. Num

estudo da Harvard Business School, os economistas Oberholzer-Gee e Koleman

Strumpf reforçaram essa ideia ao mostrarem que a produção musical mais do que

duplicou nos últimos sete anos. Vende-se menos, mas cria-se muito mais. No ano 2000

foram lançados 35,5 mil discos, enquanto em 2007 o número subiu para cerca de 80

mil, incluindo 25 mil álbuns digitais. Com a Internet, “quem deixa de receber não são

os autores, mas as editoras”, afirmou recentemente à Agência Lusa André Rosa, um

dos fundadores do partido.

Para Manuel Lopes Rocha, advogado especializado na área, a economia capitalista não

vive de outra coisa a não ser da Propriedade Intelectual. Algo que pode mudar com o

surgimento de sistemas operativos cloud computing, onde toda a informação passa a

estar armazenada online e não nos computadores das pessoas. “O que é imaterial não

pode ser considerado propriedade”, defende Lopes Rocha. Mas segundo os piratas,

nem actualmente “existe qualquer fundamento legal para que um download possa ser

considerado ilegal”. E desafiam qualquer um a apresentar os artigos da Lei Portuguesa

que o contrariem.

No final de 2010, o movimento contestou a ameaça feita pela ACAPOR (Associação de

Comércio Audiovisual, de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal), que

pretendia efectuar mil denúncias por mês à Procuradoria-Geral da República. A

medida, suficiente para entupir a engrenagem dos tribunais, procurava acabar com a

impunidade no país, onde anualmente são feitos 50 milhões de descargas e onde

quatro em cada dez programas são pirateados. De acordo com o presidente da

associação, Nuno Pereira, foi uma chamada de atenção para a lei actual que, por ser

pesada e desproporcional (pena de prisão até três anos), leva as entidades

fiscalizadoras a optarem por não agir. Para o advogado, a solução seria descriminalizar

o download e passar a aplicar coimas e a bloquear o acesso à internet (seguindo a lei

Hadopi implementada em França por Sarkozy).

Só que para André Rosa, “o problema não é denunciar, mas sim a forma como

arranjam as provas” e acusa a ACAPOR de ter software que espia os cibernautas e de

também fazerem pirataria. “Houve recolha ilegal de dados das pessoas”.

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A luta contra monopólios e uma maior protecção dos dados privados da população são

marcas de todos os partidos piratas internacionais. Consideram que certas medidas no

controlo anti-terrorista e na luta contra o crime, por exemplo, podem pôr em causa a

privacidade das pessoas e ser usadas como armas repressivas.

No seu último programa, o Governo português comprometeu-se a reforçar o combate

às várias formas de pirataria e a promover mecanismos de monitorização. O PPP

considera a ideia vaga e obscura e relembra que, em 2009, Fernando Negrão, ex-

director geral da PJ e deputado do PSD, sugeriu a possibilidade das entidades de

investigação criminal introduzirem cavalos de Tróia (software informático malicioso)

em sistemas suspeitos. Para o partido, a repetida falácia apelidada pela comunicação

social de “download ilegal” tornaria qualquer cidadão suspeito. Qualquer um poderia

ser colocado sob vigilância permanente, o que seria uma perigosa violação da

Constituição. “Nada garante que esse sistema não seria abusado”.

Nuno Cardoso acrescenta que, muitas vezes, “quebrar as leis é um conceito subjectivo

e apenas uma interpretação dos poderes instituídos”. Para o jovem, os ataques a

empresas ou governos que atropelam os direitos das pessoas é o equivalente

informático a uma manifestação em massa à porta dessas instituições. Se há direito à

manifestação (que também provoca transtornos), o protesto tecnológico também

deve ser legítimo. Não acredita que estas acções questionem a soberania de estados e

fronteiras. Põe em causa, sim, políticas e alguns políticos. À ideia, acrescenta uma

citação de Thomas Jefferson: "Quando os governos temem as pessoas, há liberdade.

Quando as pessoas temem os governos há tirania".

Francisco Fernandes Ferreira