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HealthCare Brazil 1a Edição

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Revista bimestral sobre gestão hospitalar direcionada aos gestores hospitalares das principais instituições de saúde do Brasil.

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Abril 2007 3

CARTA AO LEITOR

INTELIGÊNCIApara a informação

PRESIDENTE EXECUTIVO

Edmilson Junior [email protected]

CONSELHO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

Conselho FinanceiroLucia Caparelli

[email protected]

Secretária FinanceiraSelma Saragoça

[email protected]

Secretária ExecutivaNozy Venditti

[email protected]

REDAÇÃO

EditoraKelly de Souza

[email protected]

Gabriel Pizzo [email protected]

TraduçãoManuela Zapparolli Martins Costa

[email protected]

DEPARTAMENTO DE ARTECriação e Arte

Roger [email protected]

Projeto GráficoLucas Borges [email protected]

ImagensBanco de imagens – Photos.com

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Diretor ComercialMarcelo Caparelli

[email protected]

Gerente ComercialAlessandro Alves

[email protected]

EXECUTIVOS DE CONTASLuiz Ribeiro

[email protected]

Marcio de [email protected]

Rodolfo de [email protected]

OPERAÇÕESDepartamento Jurídico

[email protected]

Global PesquisaSuporte e atendimento on-line

Grupo Mídia Sistemas

ATENDIMENTO AO LEITOR: 0800 723 2006

Grupo MídiaRua Marechal Rondon, 188.

Jardim Sumaré - Ribeirão Preto – SPCep: 14025-430

Tel: (16) 4009.0850 – Fax: (16) 4009-0857www.portalgrupomidia.com.br

O mercado de saúde brasileiro passou na última década por uma

série de mudanças culturais, econômicas, administrativas, tecnológi-

cas e jurídicas. O jornalismo especializado neste segmento não acom-

panhou a evolução. Criou muros para o que acontecia no mundo,

contrário a outros setores da economia que viram surgir publicações

direcionadas essencialmente para a análise de mercado e não apenas

para o simples registro da informação.

A HealthCare Brazil nasce para preencher esta lacuna sendo a pri-

meira publicação brasileira com foco mundial em gestão da saúde. A

revista contará com renomados especialistas do mercado que trarão

os temas mais importantes em administração e novas tecnologias

discutidos em diversos países da Europa, América do Norte e América

Latina, traçando um importante paralelo entre as iniciativas internacio-

nais e brasileiras.

Acreditamos em uma relação cada vez mais próxima entre os

mercados nacional e internacional, bem como na relação entre quem

gera e distribui conteúdos. Por isso, a revista HealthCare Brazil abre

espaço a todos que queiram contribuir para o desenvolvimento do

setor saúde. Agradecemos aos articulistas, entrevistados e empresas

patrocinadoras que contribuíram para esta primeira edição, tornando

possível a realização deste projeto.

Boa Leitura!Equipe HealthCare Brazil

Fale com nossa redação!Envie um e-mail com sua opinião, sugestão ou comentário para [email protected]

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NESTA EDIÇÃO

REPORTAGEM DE CAPA

44Poderia ser apenas mais

uma das muitas promessas “milagrosas” para resolver

todos os problemas da assistência mundial à saú-de, mas não. Os Sistemas Pessoais da Saúde consti-

tuem, de fato, uma ruptura com tudo o que o merca-do de saúde conhece até hoje. Eles tiram o “poder” das mãos dos hospitais e médicos e passam para o

próprio cidadão.

SEÇÕES

08 Editorial

10 On-line

16 360°

22 Entre Aspas

64 Health-IT

74 Indústria

78 Up–to–date

80 Na Estante

81 Guia de Empresas

82 Inside

Abril - 2007

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12 PRIMEIRA LEITURAA Professora da Harvard Busi-ness School, Rosabeth Moss Kanter, fala da visão americana sobre a tecnologia da informa-ção e o sistema de saúde

66 TECNOLOGIAGuilherme Hummel conta como os sensores eletromagnéticos, os bionsensores e os devices estão fazendo diferença em ehealth.

40 POLÍTICA 5 anos, 4 ministrosAdriano Londres analisa a in-constância do ministério da Saúde e a necessidade de se criar um ambiente propício à continuidade na tomada das decisões.

58 INFLAÇÃO MÉDICAA saúde sobe menos do que a in-flação? Enrico De Vettori, Gerente sênior da área de Consultoria Em-presarial da Deloitte, explica os índices atuais.

36 ADMINISTRAÇÃO Regras para a saúde. Roberto Cury, superintendente da Anahp, ressalta os problemas entre os players que atuam no mercado e a necessidade da criação de um código de ética para a saúde.

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24 ENTREVISTAClaudio Luiz Lottenberg comanda uma das mais avançadas institui-ções hospitalares da América Latina. O executivo acredita que a per-sonalização do atendimento é uma tendência, embora ainda longe de ser palpável.

30 ADMINISTRAÇÃOPrestadores de serviços da saúde passam a empre-gar Sistema de Produção Toytota visando produção enxuta, redução de estoques e “defeito” zero.

38 PERFILJosé Gomes Temporão, novo ministro da Saúde, afirma que está longe do perfil de técnico e aposta em sua força política.

56 PESQUISAOs custos de assistência à saúde para os empresários americanos devem crescer 6% em 2007. O dado faz parte da pesquisa “Health Care Cost Survey”, da consultoria Towers Perrin.

70 INDÚSTRIA MÉDICO-HOSPITALARIndústria brasileira investe pouco em marketing e perde negócios em mercados árabes.

62 INDICADORES Queda de receita dos hospitais privados por paciente–leito é credi-tada à verticalização.

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EDITORIAL

CIDADÃOPASSA A DITAR REGRAS DA SAÚDE

Por Kelly de [email protected]

Parlamento Europeu, Bruxelas, fevereiro de 2007. O local, também chamado de “o centro do mundo” por reunir as mais diferentes nações, não deixa dúvida sobre a importância do tema: Personal Health Systems (Siste-mas Pessoais de Saúde). Quatrocentos líderes reunidos, entre eles, CEOs da indústria global de equipamentos e serviços médicos, pesquisadores, secretários de Saúde de grandes metrópoles, deputados do Parlamento Euro-peu, dezenas de representantes da indústria de Telecom e autoridades governamentais aguardam ansiosamen-te o início dos trabalhos. Quem abre a sessão é Gerard Comyn, Chefe da Unidade de Tecnologias de Informação e Comunicação da Governança Européia, um dos mais ilustres membros da Comunidade Européia e fomentador incansável dos modelos de e-Health.

Sua colocação inicial é clara: quem dita as regras na área de Saúde? Há alguns anos, nenhum executivo hesitaria em responder a questão: o médico, claro! E hoje?

Para respondê-la esqueça tudo o que você sabe so-bre as regras culturais, comportamentais e tecnológicas vigentes nos Sistemas de Saúde, bem como a atual lógi-ca mercadológica do setor. Boa parte desse conhecimen-to terá pouca ou nenhuma importância para a resposta. O mercado de saúde está mudando, na verdade, ele já mudou, mas poucos percebem, aceitam ou entendem. O eixo da mudança chama-se patient empowerment, ou seja, o indivíduo está assumindo o posto de comando. Que não haja mais dúvida sobre isso, ainda que médicos, gestores, estudiosos, governantes e mesmo o próprio ci-

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Kelly de Souza é editora da revista HealthCare Brazil e especializada em

Economia da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP).

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dadão duvidem ou reclamem, o movimento é irreversível. Cada um de nós, como indivíduo ou como cidadão, ou como contribuinte ou mesmo como uma simples pessoa vai ter de cuidar e gerenciar a sua própria saúde.

As transformações sociais, como a alta taxa do envelhe-cimento da população, a expectativa de vida, o estilo de vida ou o aumento do volume de doentes crônicos, colocaram em risco a sustentabilidade dos sistemas públicos e priva-dos de saúde. O fato é que nenhum dos gestores atuais, que vem assumindo ao longo dos anos a responsabilidade de modelar os Sistemas de Saúde (ou salvá-los), conseguiu sucesso em deter de forma sólida os custos do setor ao mesmo tempo que melhorava a qualidade da assistência.

O governo e a Saúde Complementar estão percebendo, aos “trancos e barrancos”, que sem o usuário do Sistema não vão chegar a lugar nenhum e hoje, em muitos países, como discutido no Parlamento Europeu, já procuram feroz-mente formas de convencê-lo e capacitá-lo para esse desa-fio. A conclusão é simples: o cidadão é o principal e mais va-cacionado membro da cadeia de assistência à Saúde capaz de gerenciar suas próprias condições físicas e mentais.

Para se ter uma idéia do tamanho desse “esforço”, só a Comunidade Européia deve investir de 2007 a 2013 cerca de 3,6 bilhões de Euros em programas e projetos voltados a e-Health, sendo boa parte desse valor dire-cionado para soluções que permitam a cada cidadão melhorar a gestão de sua Saúde.

O evento na Bélgica foi apenas um dos inúmeros que têm ocorrido ao redor do mundo e que têm levado as perso-nalidades mais importantes da saúde a discutir os projetos de Personal Health Systems, ou Sistemas de Gestão Perso-nalizada da Saúde. O objetivo é aumentar a colaboração de todos os setores e traçar políticas sócio-econômicas mais apropriadas a essa nova regra. Notem: não há mais discus-são sobre se este é o não o formato ideal. O que se tenta alinhar é como e com que impacto isso se dará.

Não foi apenas o Governo ou as lideranças do mercado que notaram a mudança. A indústria está de olho nessa nova realidade e se prepara para atuar com força total no merca-do. Por isso, companhias fornecedoras de tecnologia para o mercado de Saúde buscam desenvolver soluções que apóiem o consumidor final nessa empreitada.

Você entenderá mais essa revolução nesta edição, que é dedicada quase que inteiramente ao tema. Aqui estão depoimentos dos mais importantes estudiosos no mundo. A edição traz também uma entrevista exclusiva com Norbert Olsacher, membro do Board da ICW, empre-sa que acaba de chegar ao País e traz a primeira solução em PHR para o Brasil.

Divulgação

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www. brazil.com.brO CONTEÚDO EXTRA DA REVISTA NO SITE

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INDÚSTRIA

Saiba mais sobre o desem-

penho das exportações da

indústria de equipamentos

médico-hospitalar na entre-

vista com o Juan Quirós, pre-

sidente da APEX.

ADMINISTRAÇÃO O modelo de administra-

ção “enxuta” adotado pela

Toyota atraiu os hospitais.

Leia o artigo do pesquisador

Augusto Silberstein sobre a

aplicação de princípios de

consumo enxuto num ser-

viço de saúde e de outros

estudiosos do tema.

PRONTUÁRIO PESSOALConheça os principais projetos no mundo em Personal Health Record (PHR). Leia mais sobre o Life Sensor, primeiro sistema de PHR no Brasil, e entrevista completa com Norbert Olsa-cher, da ICW.

PERFIL José Gomes Tempo-rão assumiu a pasta do ministério da Saú-de, no último mês de março. Leia na ínte-gra a entrevista do novo ministro à revis-ta HealthCare Brazil.

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A TECNOLOGIA E O SISTEMA DE SAÚDE

PRIMEIRA LEITURA HARVARD BUSINESS SCHOOL

UMA VISÃO AMERICANA

Por Rosabeth Moss [email protected]

As conseqüências das novas biociências ainda estão surgindo, ao passo em que a Tecnologia da Informação (TI) já faz parte de nossas vidas. Recentemente, muitos americanos descobriram que a tecnologia estava sendo usada contra nós, para vigilância, em nome da segurança nacional. Ao invés disso, ela deveria ser melhor aproveita-da para nós mesmos, em áreas vitais para a nossa segu-rança econômica no futuro, principalmente à saúde.

Como todos os que precisam do sistema de saúde sa-bem, basta um breve contato com ele para passar mal. O

Institute for Healthcare Improvement - organização com sede em Boston e alcance nacional - anunciou sua cam-panha “5 million lives” (“5 milhões de vidas”) em dezembro de 2006, pois aproximadamente cinco milhões de pessoas nos Estados Unidos são prejudicadas por erros médicos que podem ser evitados ou infecções hospitalares.

Não tenho problemas com os médicos dedicados e no-bres enfermeiras de quem dependemos, apesar de desejar que houvesse mais deles, já que o déficit é iminente. Não es-tou criticando os laboratórios farmacêuticos, os quais do dia

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para a noite deixaram de ser vistos como as empresas mais admiradas do mundo para serem chamados de gananciosos em busca de lucro às custas de cidadãos viciados, muito semelhante ao que acontece na indústria do fumo. Não me refiro nem mesmo ao financiamento da saúde, apesar de haver muito para se reclamar, com tantos americanos sem con-vênio médico.

O que me incomoda é o sistema de saúde. Talvez este incômodo venha de esperas em filas intermináveis para conseguir dar entrada no hospital para fazer exames de rotina e ter de repetir a mesma informação para uma série de atenden-tes tagarelas que não escutam quem está do outro lado. Talvez tenha sido a luta para conseguir que a minha sogra - que sofria de Alzheimer e não podia falar por si - recebesse os pagamen-tos do Medicare, o que na época significou horas infindáveis para que seu prontuário fosse encontrado, além de formulário atrás de formulário para ser preenchido. Ou quem sabe tenha sido a morte desnecessária de um querido membro da comu-nidade (ironicamente, um repórter da área de saúde de um grande jornal) que por engano recebeu quatro vezes a dose correta de uma medicação em um hospital de renome.

Atrasos, duplicidade, erros e negligência causam sofrimen-to, aumentando os custos humanos e financeiros. Estudos re-centes mostram que os médicos usam apenas 16% de seu tempo para o cuidado direto ao paciente, en-quanto outros 60% de seu tempo são gastos em busca de informação - incluindo resultados de exames, históricos médicos e até mesmo a localização de seu paciente no hospital. “Cerca de um terço dos 1,6 milhões de dólares que gastamos com a saúde vão para cuidados dupli-cados, que fracassam em melhorar a saúde do paciente, ou que podem até mesmo piorá-la”, escreveu a senadora Hillary Rodham Clinton na New York Times Magazine. Segundo o renoma-do Institute of Medicine (Instituto de Medicina), 55% das mortes que podem ser prevenidas acontecem devido a erros médicos, muitos de-les associados a falhas na transmissão de infor-mações, como erros de prescrição. Enquanto

alguns hospitais grandes e com bons recursos fi-nanceiros são pioneiros no uso da tecnologia para melhorar a qualidade e re-duzir custos, outros não estão nem sequer enga-tinhando. No que se refe-re a custos, exércitos de funcionários processando papelada significam orça-mentos de grandes pro-porções. A duplicidade inútil, como por exemplo, precisar digitar novamen-te informações enviadas para um banco de dados incompatível, poderia ser

eliminada. Um hospital de grande porte tem cerca de 150 bancos de dados que não conversam entre si.

Transformar o modo como o sistema de saúde lida com as informações pode poupar tempo, dinheiro e vidas. O uso inteligente da tecnologia da informação poderia ser um fator determinante para tornar o convênio médico mais acessível para praticamente todos os americanos; sem ir muito longe, o preenchimento eletrônico de pedidos resultaria em uma eco-nomia de 70 bilhões de dólares em dez anos. No Washington Hospital Center (WHC) em Washington, e na sua matriz, o Gru-po MedStar, uma das maiores redes de hospitais dos Estados Unidos, as redes de informações resultaram nestes benefícios e em muitos outros.

Como parte da estratégia para transformar o departamen-to de emergência do WHC do pior da cidade no seu melhor,

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Dr. Craig Feied deu início, em 1996, à criação de um sistema para a área de saúde semelhante ao do controle de tráfego aé-reo, que tornasse todos os dados existentes, incluindo cópias digitalizadas de documentos preenchidos à mão, onipresente e instantaneamente acessíveis a partir de qualquer aparelho. O Dr. Feied, um homem jovial que gosta de gravatas borboleta e que mistura telas de dados complexos com cartuns em suas palestras, criou seu sistema de maneira discreta, usando um pequeno grupo de pessoas com a mente mais aberta do que o departamento de TI do hospital e disseminando-o na base do boca-a-boca, à medida em que os médicos descobriam so-zinhos quanto tempo haviam poupado e o quanto haviam me-lhorado o cuidado com o paciente - por exemplo, ao receber o resultado de um eletroencefalograma em seus computadores de mão onde estivessem em questão de minutos, ao invés de esperar quatro horas até alguém levar prontuários de um lugar para outro e depois encontrar o médico.

Com um mínimo investimento, o sistema Azyxxi do Dr. Feied melhora a qualidade dos cuidados médicos. Médicos e enfermeiras têm acesso a pedidos, resultados de exames e raios-X em tempo real e instantaneamente acessam resultados de exames, diagnósticos ou raios-X antigos. Prontuários de vi-sitas anteriores revelam padrões e problemas que podem não ser diagnosticados em uma única visita. Imagens disponíveis

de imediato podem salvar vidas em casos críticos, como trau-mas cerebrais. Os médicos têm acesso em poucos cliques ao histórico de medicação de um paciente, e então fazem pres-crições instantaneamente, reduzindo o tempo de espera e os erros. E no topo da minha lista de desejos pessoais, qualquer membro da equipe pode dar entrada a pacientes imediatamen-te, usando um computador Exchandheld.

Entre 1996 e 2001, o mesmo número de funcionários do WHC atendeu duas vezes mais pacientes, de 35.000 passaram a 70.000, enquanto o tempo médio no setor de emergência caiu de oito horas para apenas duas. A satisfa-ção dos pacientes chegou a 99%, ante os 14% anteriores, em comparação com outros hospitais. Tamanho sucesso fez do WHC o centro de tratamento preferido para as víti-mas do ataque ao Pentágono em 11 de setembro de 2001. Alguns meses mais tarde, o hospital se tornou um exemplo nacional no rastreamento de informações sobre a exposição ao antrax. O então Secretário de Saúde Tommy Thompson reconheceu o enorme potencial do sistema do Dr. Feied para o setor de saúde pública. O Azyxxi aponta focos de doenças - chegando à precisão de bairros e ruas -, alertando a tempo para desastres em potencial na área de saúde.

Os problemas de financiamento à saúde e da prestação deste serviço não serão resolvidos esparramando computado-res por todo canto. Mas existe a grande possibilidade de se apri-morar o serviço com melhores informações. Uma rede nacional de informações de saúde proposta pelo Congresso armazenaria dados de prontuários médicos eletrônicos (anonimamente) para verificar o que funciona ou não, fornecendo aos profissionais da área médica uma alternativa aos estudos elaborados por labora-tórios farmacêuticos e fabricantes de equipamentos hospitalares para seu próprio interesse. Os economistas da área de saúde estão divididos - não sabem se esta solução pouparia dinheiro ou aumentaria a demanda, uma vez que saberíamos quais tra-tamentos são eficazes. Mas o termo “aumentar a demanda” é como os economistas se referem a melhorar as vidas das pes-soas através de melhores cuidados médicos. Saúde melhor traz benefícios para nossas vidas e também para a economia - como descobriram cientistas franceses ao usar modelos estatísticos para argumentar a favor do aumento das doações de remédios para tratamento de AIDS na África, provando que um pequeno investimento em saúde traz grandes recompensas na forma de oportunidades econômicas.

Dizem que o conhecimento nos torna livres - mas somente se a informação chegar às pessoas certas na hora certa.

© Copyright 2007 Por Rosabeth Moss Kanter. Extraído sob autorização da Dra. Kanter de seu livro “America the Principled: 6 Opportunities for Becoming a Can-Do Nation Once Again” (Nova York:

Crown, outubro de 2007).

PRIMEIRA LEITURA HARVARD BUSINESS SCHOOL

Abril 200714

Rosabeth Moss Kanter é professora daHarvard Business School

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Abril 200716

360º

A expectativa média de vida dos japoneses que vieram ao Brasil diminuiu em 17 anos, e a incidência e a mortalidade por doenças cardiovasculares e cérebrovasculares aumenta-ram com a imigração. O estudo realizado por Emílio Morigu-chi, diretor do centro de geriatria e gerontologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, apontou como causa as mudanças dos hábitos de vida, principalmente da dieta, com a ampliação no consumo de carne vermelha, sal e açúcar e uma diminuição no consumo de peixe, frutos do mar, algas e produtos derivados de soja.

Diminui expectativa de vida de japoneses no Brasil

Iatrogenia provoca mais de 15 milhões de lesões por ano

Segundo o Institute for Healthcare Improvement ocorrem cerca de 15 milhões de lesões por falhas na assistência por ano. As chamadas iatrogenias - danos provocados por falhas no atendimento ao paciente - representam cerca de 40 mil eventos in-desejados por dia. Em 2006, o instituto lançou nos Estados Unidos, a campanha 5 milhões de vidas, que objetiva reduzir os eventos indesejáveis e mor-tes de pacientes. Participam da campanha 3.100 hospitais americanos, 55 espalhados pelo mundo (em sua maioria do Canadá) e apenas 4 no Brasil. O São Camilo Pompéia e Santana acabam de anunciar a adesão. Ao todo são 12 programas e os hospi-tais podem aderir a quantos considerar conveniente, sempre com o compromisso de implementar de for-ma correta as ações e enviar os dados ao Instituto mensalmente, para publicação de relatório anual.

O teste chamado reflexo vermelho, popularmente co-nhecido como “teste do olhinho”, passa a ser obrigató-rio nas maternidades do Estado de São Paulo, através da Lei 12551/2007, publicada em 06/3/2007. O teste detecta precocemente doenças graves como catarata congênita, opacidade congênita de córnea e glaucoma congênito.

Campanha para aumentar número de trabalhadores na saúde

A OMS lançou uma campanha internacional para aumen-tar a “força de trabalho” no mercado de saúde. Segundo a organização, faltam mais de 4.3 milhões de trabalhadores de saúde no mundo, só a África é responsável por mais de um-milhão. A força tarefa, presidida por Nigel Crisp, que dirigiu o serviço de saúde nacional da Inglaterra, focalizará ações práticas de investimento e treinamento dos trabalhadores em países deficitários.

Desordens neurológicas atingem um bilhão de pessoas

Um relatório apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que as desordens neurológicas, variando de epilepsia à mal de Alzheimer, afetam até um bi-lhão de pessoas no mundo. As desordens incluem também ferimentos no cérebro, infecções neurológicas, doenças de Parkinson, etc. O estudo apontou também que 6.8 milhões de pessoas morrem em conseqüência das patologias, com custo estimado em 139 bilhões de euros, em 2004.

Teste do olhinho passa a ser obrigatório

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Abril 200718

360º

Recorde de reclamações de SACs é dos planos de saúde

A pesquisa do Programa de Análise de Produtos do Instituto Nacio-nal de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) sobre os serviços de atendimento ao cliente (SACs) apurou que, entre seis áreas pesquisadas, o recorde de reclamações dos consumidores está concentrado no setor de planos de saúde. Foi pesquisada uma amostra de dez companhias, de diferentes portes e regiões do País. As per-guntas foram feitas via e-mail e por telefone, observando se a resposta teve qualidade, se foi rápida e, ainda, a questão da cortesia, ou seja, a cordialida-de existente no relacionamento do atendente com o cidadão. Um problema chamou a atenção dos técnicos do Inmetro no setor de planos de saúde - o tratamento pela internet é incompleto. Cerca de 40% das empresas de planos de saúde pesquisadas apresentaram-se problemáticas. Somente duas empresas da amostra obtiveram pontuação superior ao mínimo de 80 pontos de conformidade com a metodologia do Inmetro. Foram elas a Porto Seguro (84,2 pontos) e a Sul América (82,3 pontos).

80% das unidades privadas em Portugal não estão licenciadas

Mais de 80% das unidades de Saúde privadas em Por-tugal não têm licença, apesar do processo ser obrigatório, revela a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

O relatório aponta também a falta de licenças de fun-cionamento em 80% das unidades de radioterapia e ra-diodiagnóstico, 75% dos laboratórios de análises clínicas, 47% das unidades de medicina física e de reabilitação e uma em cada quatro unidades de internação.

A ERS justifica como causas a inoperância da fiscaliza-ção e o fato do sistema ser complexo e demorado, além de licenças específicas para cada tipo de estabelecimento.

Apesar de atingir uma grande parte da população - 121 milhões de pessoas no mundo, sendo 17 milhões apenas no Brasil - a depressão não é diagnosticada nem trata-da de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 2020. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado.

Uma pesquisa coordenada pela Federa-ção Mundial para Saúde Mental, com apoio dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, chamada Testando os Médicos, revela que apenas 1/3 dos clínicos gerais acredita que a faculdade de medicina ofe-receu preparo suficiente para diagnosticar a doença na primeira consulta assim como reconhecer e tratar os sintomas físicos e emocionais. A pesquisa mostra também que 67% destes médicos demonstram preocupações sobre a possibilidade de um diagnóstico equivocado num paciente que apresenta sintomas de dor, quando na realidade está sofrendo de depressão. No total, foram avaliados cerca de 500 clínicos gerais com cerca de três a cinco anos de experiência, num período de três meses. A pesquisa entrevistou médicos do Brasil, França, Alemanha, México e Reino Unido.

75% não recebem tratamento adequado

Depressão

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Abril 200720

360º

A Agência Nacional de Vigilância Sanitá-ria (Anvisa) publicou nova regulamentação que autoriza a entrada de medicamentos genéricos nos mercados de contraceptivos e hormônios. No Brasil são vendidas mais de 92 milhões de unidades por ano, o que cor-responde a um faturamento de US$ 481 mi-lhões. Esse mercado encontra-se hoje con-centrado em três empresas multinacionais, que juntas detêm aproximadamente 70% de participação. Os genéricos, por lei, custam em média 35% menos que os medi-camentos de referência. Estudos realizados pela Pró Genéricos (Associação Bra-sileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos) estimam que a economia feita pela população brasileira ao optar pelos medicamentos genéricos nos últimos seis anos (2001-2006) foi da ordem de R$ 5,4 bilhões.

Atendimento a cidadãos europeusO Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, acaba de ser reconhecido

pela instituição internacional Temos - Telemedicine for the Mobile Society, com o nível máximo de excelência para prestar atendimento a cidadãos europeus em viagem ao Brasil. Patrocinada pela European Space Agency (ESA), a Te-mos avalia instituições a fim de integrá-las em uma rede mundial de serviços remotos na área da saúde. O Hospital tornou-se referência local da entidade no nível terciário de assistência, que envolve cirurgias de alta complexidade, além de ser qualificado a utilizar recursos de telemedicina ao enviar exames de um paciente em atendimento no Brasil para seu país de origem.

Em 2005, 4 milhões de pessoas

morreram de doenças respiratórias

crônicas em todo o mundo. Segun-

do a Aliança Mundial contra Doen-

ças Respiratórias Crônicas (GARD),

sem medidas urgentes, os núme-

ros podem subir 30% em 10 anos.

O Grupo faz parte de um trabalho

global da Organização Mundial da

Saúde (OMS) e passa a atuar no

Brasil com o objetivo de incentivar

medidas preventivas, diagnóstico e

tratamento adequados.

Entre as causas de interna-

ção por fatores respiratórios, em

São Paulo, de 2000 e 2005, foram

215.000 internações por asma. Só

em 2005 foram gastos aproxima-

damente R$ 10.6 milhões na capital

paulista com internações por asma.

Hospital Oswaldo Cruz

+ 30% em 10 anos

Contraceptivos e Hormônios terão genéricos

Doenças Respiratórias

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Abril 200722

ENTRE ASPAS

EscarradeiraA escarradeira foi utilizada a partir da segunda

metade do século XIX para evitar o contágio de do-

enças através do escarro como a tuberculose, por

exemplo, além de receber o material expelido pela

boca dos portadores de doenças bronco-pulmo-

nares. Esse exemplar, de origem alemã, é de uso

pessoal e demonstrava um certo refinamento de

quem utilizava. Com a evolução da ciência médica

e o aprimoramento da terapêutica, diminuiu-se o

uso de escarradores.

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dar posse a José Gomes Temporão como novo ministro da saúde.

“Você é quase uma unanimidade dentro da área da saúde. Se na teoria você parecia tudo isso, agora, vamos dar o pepino da Saúde para você administrar”.

David Whintlinger, diretor de padrões e interoperabilidade em saúde, da Intel, e presidente da Continua Health Alliance, em entrevista à HealthCare Brazil.

“As companhias de telecomunicações estão se tornando cada vez mais ativas na área de saúde, em lugares diferentes do mundo. Muitas como centrais de serviços, oferecendo o Electronic Health Records (Prontuários Digitais) para a área médica”.

Claudio Lottenberg, presiden-te da Sociedade Beneficente

Israel i ta Brasi leira Albert Einstein, em entrevista à

HealthCare Brazi l .

“Engano imaginar que a fonte de

financiamento da saúde não seja cada um de nós como cidadão”.

Agência Brasil

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Abril 2007 23

“Vamos utilizá-la na perspectiva de ‘chegar junto’ dos parlamentares. O objetivo é que a categoria ‘não saia atrás’ quando houver projetos que a categoria avalie que contrariam os interesses da sociedade”.

Alceu Pimentel, diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Na-cional, sobre o lançamento da Agenda da Saúde Responsável, que traz as posições de médicos e autoridades em saúde sobre os projetos que tramitam no Congresso.

As peças pertencem ao Museu Joaquim Francisco do Livramento - Centro Histórico-Cultural Santa Casa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

Máscara de Anestesia “Ombredane”Utilizada para anestesia em partos e cirurgias. No reci-

piente coloca-se éter ou outra substância para que o paciente

aspire pelo bucal. Substituída com a descoberta de outras

substâncias anestésicas. Foi utilizada a partir da segunda me-

tade do século XIX, em uma época onde não haviam sido

inventados ainda anestésicos e analgésicos.

“Interesses particulares e políticos do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, junto a Cuba e Fidel Castro, fizeram com que os ministérios das Relações Exteriores desses dois países assinassem em Havana um protocolo que prevê a formação de uma comissão

nacional que será constituída por portaria interministerial, para fazer um “ajuste complementar” ao reconhecimento dos diplomas de Medicina expedidos a brasileiros em Cuba, burlando a lei de nossa Pátria, na tentativa insana de beneficiar a indústria de formação

de médicos existente naquele País. Por que somente àquela ilha se abriria uma concessão absurda e irresponsável?”

“O modelo de assistência à

saúde no Brasil é equivocado,

porque se gasta muito dinheiro no tratamento em si,

mas não se investe convenientemente na prevenção, que gera economia em longa

escala”.Francisco Batista Júnior, presidente

do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em moção de repúdio ao cor-te orçamentário, que prevê bloqueio

de R$ 3.5 bilhões para a saúde.

Abdon Murad, Conselheiro do CFM e Presidente do CRM-MA, em artigo publicado no portal do Conselho Federal de Medicina sobre a revalidação de diplomas de médicos cubanos.Di

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ENTREVISTA

CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG, presidente do hospital Albert Einstein

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Abril 2007 25

HealthCare Brazil: A personalização do atendimento à

saúde é uma realidade – especialmente na Europa e Es-

tados Unidos. Como o senhor vê a questão no mundo e

sua aplicação no Brasil?

Claudio Luiz Lottenberg: A personalização do atendimento

tem suas raízes na genômica que atribui um padrão único

e individual e traz muito mais objetividade e foco na abor-

dagem dos diferentes tratamentos. Evidentemente que

todo resto, embora mais tangível aos nossos olhos, seria

um desdobramento do conhecimento deste nível. Uma

vez que possamos partir deste princípio, inúmeras serão

as oportunidades de fazer algo que realmente as pessoas

precisam e não fazer aquilo que as pessoas não precisam

cortando os desperdícios. Isto é customização, que é um

pouco do que as pessoas gostam de sentir e que, no caso

da saúde, permitiria utilizar somente o que agrega valor.

A minha visão é que, embora se desenhe isto como uma

tendência e uma necessidade, estamos ainda muito lon-

ge de termos algo mais palpável no Brasil e fora do Brasil.

Aqui por falta absoluta de recursos e desconhecimento; na

Europa por falta de conhecimento, porém com mais recur-

sos. Nos Estados Unidos, até mesmo por um excesso de

recursos, houve um abuso em parte devido a uma política

comercial muito agressiva da indústria.

HCB: Os Prontuários Pessoais ganham força e o cidadão

passa a ser gestor de sua saúde, tendo obviamente po-

der de decisão sobre o atendimento. Como os hospitais

devem se organizar para esse novo perfil de paciente?

Lottenberg: É importante que o paciente, instrumentali-

zado de forma verdadeira acerca da saúde, seja co-res-

ponsabilizado pelos tratamentos a que é submetido, com

acesso a informações sobre seu estado de saúde para

que, com isso, tenha maior adesão aos procedimentos e

o resultado seja mais eficaz. A construção dessa consci-

ência envolve maior transparência na tomada de decisões

e na aplicação de recursos. Infelizmente, o que vemos

hoje é só uma co-responsabilização no momento do pa-

gamento e não na gestão do conhecimento.

HCB: Muitos gestores vêem essa questão como uma

realidade muito distante, de difícil execução. A própria

demanda – de pacientes – tem gerado essa necessi-

dade, o que vem sendo prontamente atendida pela in-

dústria que enxerga no Brasil 182 milhões de clientes

potenciais. Neste sentido, quem ditará as regras de fun-

cionamento de mercado serão os próprios usuários, e

não mais o Governo, ou prestadores ou financiadores.

O senhor concorda com essa visão?

PERSONALIZAÇÃODO ATENDIMENTO

Claudio Luiz Lottenberg comanda uma das mais avançadas instituições hospitalares da Amé-rica Latina. O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, não é só grande em marca, mas surpreende também com seus números. Com mais de cinco mil funcionários, quase 500 leitos e um faturamento superior a meio bilhão de reais, foi a primeira instituição fora dos Estados Unidos a ser certificada pela Joint Commission International. Só em 2005, atendeu cerca de 36 mil pacientes, com taxa de ocupação média de 83%. No total foram 113 mil consultas ambula-toriais e 92 mil atendimentos de emergência no pronto-atendimento. Lottenberg acredita que a personalização do atendimento é uma tendência, embora ainda longe de ser palpável, e quem responde pela gestão e financiamento da saúde é o próprio paciente. “Mesmo nos sistemas públicos, quem paga os impostos se não nós mesmos?”. Para o executivo, o que vemos hoje no Brasil é só uma co-responsabilização do pagamento e não à gestão do conhecimento.

Leia a entrevista concedida à HealthCare Brazil.

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Abril 200726

Lottenberg: Em suma quem

responde pela sua própria

saúde é o paciente e o fi-

nanciamento desta também

é de sua responsabilidade.

Mesmo nos sistemas públi-

cos, quem paga os impostos

se não nós mesmos? O que

acontece é que esta cons-

cientização não atinge hoje a

todos nós. As discussões da

eqüidade são objeto de um

debate universal e, portanto,

para fazer cumprir a saúde

como um direito social de

verdade, valorizá-la como o

maior bem da vida, nada me-

lhor que dar ao verdadeiro

interessado uma responsa-

bilização maior. Num extre-

mo, acredito que sua visão

seja adequada, embora em

uma linha do tempo ainda distante.

HCB: O problema na adoção desse modelo não é de fi-

nanciamento, e sim de promoção e cultura... O que o

senhor pensa em relação ao financiamento desse tipo de

projeto e, em sua opinião, quem deve pagar a conta?

Lottenberg: Concordo com isto, pois esta transparência traz

uma nova proposta na ordem social com a qual concordo

plenamente. O seu financiamento a meu ver segue todo o

processo de financiamento da saúde que em tese sempre é

pago pelo cidadão, por meio de tributos ou pelos benefícios

de sua atividade trabalhista. Engano imaginar que a fonte de

financiamento não seja cada um de nós como cidadão.

HCB: Os médicos brasileiros estão preparados para esse novo

formato ou ainda estão alheios ao que ocorre no mundo?

Lottenberg: No Brasil, temos ainda uma peculiaridade

que vale a pena ser citada: de um lado há especialistas

consagrados internacionalmente e, de outro, existe uma

carência de material humano e de recursos nas regiões

mais distantes. Essa diferença entre as regiões pode di-

ficultar a implantação de qualquer nova metodologia de

atendimento. Por outro lado, a mídia costuma estimular o

consumo tecnológico incorporando-o de modo fragmen-

tado ao leigo – que vê esse

consumo como a salvação

para todos os males.

HCB: Os governos, de um

modo geral, estão no topo

das iniciativas de fomento

às tecnologias relaciona-

das aos sistemas pessoais

de saúde, justamente por-

que conhecem a “bola de

neve” relacionada aos cus-

tos com pacientes crônicos

e idosos. O senhor esteve à

frente de uma secretaria da

saúde. Por que o governo

brasileiro, em suas diferen-

tes esferas, é ainda tão au-

sente nesta questão?

Lottenberg: Não diria que

o governo está ausente a

estas iniciativas, pois a in-

formação como conhecimento e conseqüente ferramenta

na melhoria de processos é muito bem percebida nas di-

ferentes esferas. A questão é que este processo demanda

tempo e muita infra-estrutura, que no caso não é simples-

mente de caráter material, mas fundamentalmente huma-

no. A tecnologia da informação impõe um novo contexto

nas relações, mas para que seja adotada passa por mecâ-

nicas de amadurecimento. Confio muito em um processo

da arquitetura da informação e credito a ele toda sustenta-

bilidade na área da saúde, pois para mim ele é estrutural

no setor em que os custos só aumentam e a qualidade

lamentavelmente só decai.

HCB: O senhor vê um maior interesse de novos entran-

tes no mercado de saúde? Quais?

Lottenberg: A questão da qualidade formal e a capacida-

de de inovação em saúde são os grandes diferenciais en-

tre as instituições no mundo e que procuram melhorar e

cortar o desnecessário. Frente a isto acredito que todas as

frentes que façam uma interface neste sentido terão um

grande espaço na área da saúde. Isto já vem acontecen-

do, pois o reflexo é na própria alocação de recursos dos

diferentes produtos internos brutos que vêm crescendo

proporcionalmente em saúde nas diferentes economias.

ENTREVISTA

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Abril 2007 27

O papel da tecnologia da informação eventualmente é o

melhor exemplo de um crescente significado.

HCB: A internet tem ajudado no relacionamento e comu-

nicação do médico/hospital e seus pacientes?

Lottenberg: Sim. Cada vez mais os pacientes têm acesso a um

número maior de informações médicas. E os profissionais de

saúde têm um total contato com colegas de várias partes do

mundo. Tanto para os profissionais como pacientes, os bene-

fícios são muitos, a comodidade, agilidade na comunicação,

possibilidade de troca de experiência entre especialistas e

oportunidade de novas formas de atenção à saúde. Eu diria que

vivemos em um status de permanente congresso médico.

HCB: A desospitalização é um dos principais efeitos den-

tro dessa nova lógica de atendimento, o que deveria su-

gerir um número menor de novos hospitais. No entanto,

muitos empreendimentos e expansões são e serão reali-

zados nos próximos anos no Brasil. Não chega a ser um

contra-senso deste mercado?

Lottenberg: A desospitalização é de fato uma realidade

sendo um produto de simplificação processual. A tecno-

logia torna-se mais simples e fica mais acessível, o que

com segurança nos permite tirar de dentro do hospital

tudo que pode ser feito fora do hospital. O que ocorre é

que a epidemiologia, ciência que nos permite trabalhar

focados nas doenças mais prevalentes, é muito dinâmi-

ca. Com o envelhecimento, o perfil das doenças, o tem-

po médio de permanência e os recursos necessários mu-

dam e se ampliam. Portanto, não se trata simplesmente

de uma mudança física e sim de uma mudança que aten-

de um novo perfil etário, um novo perfil epidemiológico

e as conseqüentes demandas impostas.

HCB: O mercado brasileiro da saúde – especialmente o priva-

do – é administrado de forma colaborativa ou falta incorporar

o conceito de cadeia produtiva?

Lottenberg: O sistema de saúde

brasileiro vive uma tensão cons-

tante. Usuários, fornecedores

de serviços e fontes pagadoras

reclamam do atendimento, da

remuneração e das regras do

mercado. Quem administra os

recursos financeiros são as fon-

tes pagadoras. Na rede pública,

o gestor do recurso é o SUS. Na área privada, as segura-

doras e convênios. Na atual conjuntura, cada um dos com-

ponentes do mercado da saúde tem gerenciado sua área

de atuação de maneira independente. Portanto, o conceito

de cadeia produtiva já existe. O que precisamos é de uma

organização e metodologia mais eficientes e um debate

centrado em questões de qualidade e não em questões

de caráter financeiro. A sustentabilidade será resultado de

uma melhor eficiência.

HCB: Qual o formato ideal de atendimento e prevenção

à saúde no Brasil?

Lottenberg: Olhar para frente significa dividir a medicina

em duas grandes vertentes: a previsível, na qual o papel

da prevenção ganhará enorme dimensão e a imprevisível,

na qual a traumatologia deverá representar a grande massa

da atividade médico-assistencial. Estrategicamente essas

duas linhas – a médio e longo prazo – nortearão políticas

consistentes que se concretizam em uma infra-estrutura

física que possa atendê-las. Como gestor, posso afirmar

que nada vai para frente sem um levantamento sério de

informações. A implementação de ajustes estruturais está

vinculada ao conhecimento das dimensões da dinâmica e

das metas a serem atingidas.

HCB: Para finalizar, qual será o cenário da saúde no Bra-

sil para a próxima década?

Lottenberg: A saúde certamente será um dos maiores de-

safios que o Brasil e o mundo terão de equacionar no futuro

próximo. Constatar o que temos hoje para encontrar formas

de lidar com esse dilema amanhã se faz extremamente neces-

sário diante do cenário que se avizinha. Um dos principais fato-

res é descobrir como custear a saúde e torná-la mais acessível

dentro de uma proposta de eqüidade. É necessário promover

maior integração entre os processos que, atualmente, são ex-

cessivamente fragmentados. Temos que dizer não à cultura do

desperdício e desmistificar a

participação da iniciativa priva-

da no sistema público. O foco

no paciente, os princípios de

qualidade formal, a medicina

baseada em evidências que já

hoje são debatidas com matu-

ridade representam uma opor-

tunidade de melhorar e muito a

prática assistencial brasileira.

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ADMINISTRAÇÃO

PARA O HOSPITALPor Gabriel Pizzo [email protected]

DA FÁBRICA

Pode soar estranho, mas os hospitais querem ser a Toyota. Explico: as instituições de saú-de descobriram no modelo de gestão empregado por uma das montadoras mais rentáveis do mundo uma forma de solucionar questões de custo, desperdícios e erros. Será falta de modelos ade-quados para o mercado de saúde ou a filosofia japonesa tem seus méritos, independente ao setor onde é empregado?

O TPS (Sistema Toyota de Produção, na sigla em inglês), tem servido de inspiração para várias empresas do mundo, que se aproveitam das idéias empregadas no método para pregar a produção enxuta, defeito zero e redução de estoques para o

seu crescimento. Após a 2ª Guer-ra Mundial, a empresa enfrentou sérios problemas envolvendo em-pregados e sindicatos e, diante disso, deu início a um processo de gestão no qual predominam os valores culturais japoneses com o objetivo de melhorar as atividades dos processos de produção, redu-ção de custos e responsabilidade daquilo que é produzido.

O Hospital Geral West Penn Allegheny (WPAHS), da Pen-silvânia, nos Estados Unidos, desenvolve há seis anos práticas elaboradas a partir do toyotismo, por meio do programa intitula-do como Modelação Excelente. Popular naquele país, a técnica ainda é pouco utilizada em hospitais e enfrenta resistência prin-

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TOYOTISMO

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Abril 2007 31

cipalmente dos funcionários. As idéias do toyotismo foram apli-cadas no departamento de emergência, fluxo de pacientes que são retirados do hospital, unidades médico-cirúrgicas, unidades de telemetria, laboratório, unidades de reabilitação e de ambu-latório cirúrgico. “Cada experiência é muito diferente da outra e da fábrica de carros”, explica a vice-presidente da Excelência Organizacional do Sistema da Saúde do West Penn Allegheny, Diane C. Frndak.

Embora não divulgue valores, estima-se que a instituição te-nha economia de R$ 500 mil por ano em custos. Houve ainda redução de perdas financeiras com a eliminação de desperdícios através de um processo de replanejamento. Prova do sucesso do trabalho é que uma das unidades do hospital está há 12 me-ses sem infecções hospitalares, embora o resultado fosse no-tado em aproximadamente todos os setores do hospital. Mas, para se chegar a estes resultados o trabalho foi intenso. “Ocorre-ram muitos desafios para aplicar essas idéias porque as pessoas rejeitavam o propósito de trabalhar com um modelo de fábrica nos cuidados com a saúde”, argumenta Diane.

Segundo a executiva, é necessário entender o pensamento intenso atrás do TPS para adaptá-lo ao hospital, uma vez que a idéia gerencial pode fornecer grande percepção do modelo e au-xiliar na administração. Um dos motivos que levaram o Allegheny a aplicar o TPS foi a busca por novas soluções para consertar pro-blemas envolvendo qualidade, segurança e a experiência dos pa-cientes através de uma maneira onde a relação custo-benefício fosse viável. “Os empregados que estão cientes das idéias do TPS estão mais animados em fazer melhoras. As paredes entre as unidades foram quebradas e as pessoas estão mais focadas nos pacientes do que em assuntos departamentais, mas isso é muito duro de se trabalhar e se torna, às vezes, uma batalha complicada”, conta.

Atualmente, o Allegheny desenvolve treinamento denomi-nado “just in time” para os estrategistas da instituição, uma vez que este tipo de empregado também oferece resistências. “Nós provavelmente temos os maiores desafios com as lideranças, mas isso não é exatamente resistência, e sim negócios dentro do status quo”, admite.

A partir da expressão “o paciente é o foco de tudo o que fazemos”, o Hospital Geral de Allegheny desenvolve ações com o objetivo de remodelar experiências nos cuidados com a saú-de. Para realizar essa transformação, foram definidas estratégias onde o foco principal é o paciente. “Nós procuramos o que fun-ciona para o mundo real dos cuidados com a saúde, utilizamos idéias de outros campos e replanejamos modelos de outras áre-as, como a teoria do caos e o próprio TPS”, define Diane.

A Remodelação Excelente pretende aplicar métodos inédi-tos de performance através dos sistemas de novos projetos e ciclos. Alinhados às necessidades dos pacientes e profissionais

RESULTADOS

• Eliminação da mortalidade por infecção de 50% a 100% em seis meses

• Eliminação de erros de rotulação no laboratório em revisar as amostras

• Sistema de disponibilidade de plano de cadeira de rodas, fazendo com que os pacientes não precisem esperam muito tempo pelo transporte

• 90% de redução do alerta vermelho (desviar os pacientes para sala de emergência) sustentado por dois anos em um hospital

• 38% de redução no tempo total no transporte do paciente no hospital

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da saúde, esses métodos têm sido desenvolvidos para aumen-tar a qualidade, serviço e segurança dos pacientes, realizar pro-cessos mais eficientes e menos burocráticos para clientes e profissionais de cuidados com a saúde, reduzir custos gerais, criar ambiente positivo e alcançar excelência na entrega dos serviços.

Qualquer departamento dentro do WPAHS pode desen-volver os conceitos de remodelação de excelência. Os times, como são chamados os grupos de funcionários aptos a desen-volverem tais técnicas, são encorajados a convencer a diretoria da organização de que querem tal reformulação.

O primeiro foco da experiência é se colocar no lugar dos

pacientes. “Nós chamamos isso de Reality Show dos cuidados à saúde. Pedimos para nossa equipe de estrategistas juntarem seus “bons-pequenos-insights-que-podem-ajudar-no-suces-so-de-todos” (GLITCHES). Os GLITCHES, idéias, desperdício, barreiras, e dados são coletados em um “Dream room” (quar-to dos sonhos) na unidade. Nós conectamos a teoria com a aplicação imediata de conceitos com os cenários do mundo real na unidade. Os esquemas de programação da Remodela-ção da excelência estão sendo oferecidos e suas localizações devem ser acessíveis”. Depois de detectar o que está ou não funcionando, é traçado um planejamento para que todo o pro-cesso que está sendo trabalhado possa ser refeito.

TRADICIONAL MODELO DE REMODELAGEM DA EXCELÊNCIA

Quem Gerentes e liderança; consultores; grupo de melhoria da qualidade – com aborda-gem de cima para baixo.Formar uma força de tarefas que se con-tra semanalmente ou mensalmente.

Estrategistas com apoio dos líderes como alunos e pro-fessores – abordagem da base para cima.

Quando Retrospectiva – deve levar meses; pla-nejar eventos.

Em tempo real levando minutos, horas ou no má-ximo dias.

Por que Grande ação identificada por evento de sen-tinela, dados que identificam uma tendên-cia ou o significado de algum problema.

Pequena ação diferente do que se esperava. Todos se tornam efetivos fazendo e melhorando seus trabalhos.

O que Soluções genéricas como um melhor time de trabalho, educação, política; ins-talar suportes e criar programas.

Intervenções específicas baseadas em um problema es-pecífico; todos sabem os princípios e projetando e me-lhorando atividades, conexões de ajuda ao consumidor e caminhos.Pequenos problemas são o mesmo que grandes proble-mas – todos são sintomas de um processo ruim proje-tado; permitir alívio sintomático sem a resolução funda-mental do problema.

Como Analise de causa das raízes com pastas de informação; dizer as pessoas fazerem seus trabalhos diferentemente; melhores práticas pré determinadas e aplicadas no processo.

Análise de causa pequena “r”-perguntando os 5 motivos na hora da ocorrência; ação de análise da causa (referên-cia – a maneira); processos líderes em resolver proble-mas científicos; todos aprendem fazendo a melhor práti-ca em uma propriedade do processo de emergência.

Aonde Conferências ou salas de aula – distante do lugar aonde está o problema.

No estabelecimento da Toyota; no ponto de vista dos cuidados da saúde.

Responsabilidade Encontrar quem errou Descobrir o que saiu errado

Uso dos dados Para descobrir problemas Para entender a capacidade do processo

Aprendizagem Aprendizagem individual de recur-sos externos.

Organizacional e individual, aprendizado no contexto do lugar de trabalho.

Foco Foco, partes fragmentadas Sistema, todo o foco,uma parte é conectado ao todo.

ADMINISTRAÇÃO TOYOTISMO

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Abril 2007 33

Fonte: Augusto Silberstein

O PENSAMENTO “ENXUTO”

Originário do contexto da manufatura - tem o potencial de eliminar os trade-offs de eficiên-cia e qualidade e pode fazer a diferença nos serviços de saúde. Organizações orientadas

pelo pensamento enxuto têm produzido resul-tados que impressionam quando comparadas

com empresas tradicionais:

123

4

56

Extrae o dobro da pro-dutividade em termos de espaço, estoque e equipamentos

Requer metade do tem-po de desenvolvimento de um produto

Possui um tempo de processamento de 80% a 90% mais eficiente

Baixa a um décimo a taxa de rejeição de produtos por defeito

Necessita de menos peças em estoque em cada etapa do proces-so produtivo

Utiliza um número menor de fornecedores

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Abril 200734

ADMINISTRAÇÃO TOYOTISMO

HCB: Como os hospitais se benefi-ciam com a metodologia? Ferro: Os principais ganhos são melhor qualidade, principalmente aqueles que resultam de proces-sos amplos e abrangentes, melhor satisfação dos colaboradores dos hospitais (melhor nivelamento da carga de trabalho), custos meno-res, ampliação da capacidade de entrega de serviços, entre outros.

HCB: Há aderência dos executivos de hospitais ao TPS? Ferro: Os médicos parecem ter

mais dificuldades em entender os princípios do sistema mas o pessoal de enfermagem tende a ter uma visão mais sistêmica e operacional. A percepção da necessidade de mudanças pro-fundas ainda é muito pouco difundida entre o corpo dirigente da maioria dos hospitais. Sem a percepção da necessidade de uma mudança profunda, nada vai acontecer. HCB: Como se dá a implantação? Ferro: Inicialmente é necessário que a administração identifique claramente as necessidades. Deve-se escolher um piloto sufi-cientemente relevante para chamar a atenção. O médico diretor do hospital Flinders em Adelaide na Austrália sugere que se inicie em processos onde os médicos não estejam tão envolvidos.

HCB: Há mudanças operacionais dentro do hospital? Ferro: A gestão se torna mais previsível, os controles mais vi-suais, os recursos são melhores utilizados, há uma maior pa-dronização e as pessoas estão mais envolvidas em solução de problemas e melhorias.

HCB: Quanto o hospital precisa investir?Ferro: É necessário treinamento e capacitação de uma equipe líder que vai coordenar a implementação.

A filosofia da “produção enxu-ta”, preconizada pela Toyota, é di-fundida no mundo pela Lean Institu-te, organização sem fins lucrativos com sede em diversos países. Para José Roberto Ferro, presidente da entidade no Brasil (www.lean.org.br), os sistemas de saúde são um dos maiores desafios para a apli-cação dos conceitos “Lean”. Ferro explica que em diversos países, hospitais pioneiros têm demons-trado como a filosofia, inspirada no Sistema de Produção da Toyota, pode reduzir erros e melhorar as condições de trabalho dos colaboradores, ao mesmo tempo em que libera a capacidade de atendimento e reduz custos.

Há um movimento crescente no sistema de saúde em di-versos paises. Na Austrália, em fevereiro, houve um encontro promovido pelo Lean Enterprise Austrália que reuniu mais de 500 pessoas. Alguns dos mais importantes hospitais norte-americanos estão envolvidos na transformação Lean como o Massachussetts General, a Clínica Mayo, o sistema da Univer-sidade de Michigan e hospitais nos estados da Florida, Pensil-vânia, Virginia, Washington etc.

Na Inglaterra o sistema público iniciou esforços em inú-meros hospitais. O Instituto realizará, nos dias 25 e 26 de junho, em Kenilworth na Inglaterra, o primeiro Global Lean Healthcare Summit (www.leanuk.org), que reunirá os pio-neiros do movimento Lean em saúde no mundo. Leia entrevista abaixo.

HealthCare Brazil: O Sistema de Produção Toyota (TPS), que faz sucesso em setores produtivos passou a ser incorporado no setor de serviços. É possível manter a efetividade do con-ceito para setores tão heterogêneos?José Roberto Ferro: Temos visto a aplicação dos conceitos e ferramentas em diversos setores, inclusive serviços. Todavia são ainda raros os exemplos de entendimento do caráter sis-têmico da filosofia lean. A Toyota tem uma historia particular, mas o seu sistema pode ser aplicado com sucesso em outras empresas e setores.

INICIATIVAS NO BRASIL Por Kelly de Souza

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Leia mais sobre este assunto no portal www.healthcarebrazil.com.br Augusto Silberstein escreve artigo, baseado em sua tese, sobre a aplicação de princípios do

consumo enxuto em serviços de saúde no Brasil.

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Abril 200736

ADMINISTRAÇÃO OPINIÃO

O Sistema Privado de Saúde, responsável pela cobertura de mais de 36 milhões de usuários, vive em constante crise oriunda dos custos crescentes e da falta de transparência nas relações entre seus membros. Este sistema tem sua susten-tação nos planos empresariais que representam 75% do total de usuários da saúde suplementar.

A falta de crescimento do setor, aliada à situação econô-mico-financeira das empresas, onde saúde é o principal bene-fício e corresponde a cerca de 9% dos gastos com folha de pagamento, tem levado muitas empresas a procurar alterna-tivas de redução dos gastos com o benefício com a conse-qüente troca de operadoras e/ou de categoria de plano onde a rede credenciada prestadora de serviços é mais restrita.

A pressão das empresas contratantes de planos de saú-de, que são os verdadeiros financiadores do sistema, junto às operadoras faz com que estas pressionem seus prestadores de serviços que por sua vez pressionam seus fornecedores numa tentativa até então malograda de conter a elevação de custos. A solução deste problema é muito complexa e só será alcançada se houver por parte de cada elemento da cadeia da saúde uma reflexão sobre a sua responsabilidade na crise.

Vale ressaltar ainda a falta de investimentos e ações volta-das para a educação e promoção à saúde e prevenção à do-enças. Apesar do conhecimento da situação acima as ações das operadoras são movidas com foco exclusivamente na redução dos gastos/custos, ou seja, uma gestão meramente financeira do sistema.

Por outro lado, observa-se uma tendência em alguns seg-mentos de operadoras (Medicinas de Grupo e Cooperativas Médicas) de verticalização do sistema, ou seja, a operadora de plano de saúde utilizando-se de recursos próprios (hospitais, ambulatórios, centro de diagnósticos etc) como forma de con-trole de utilização dos serviços por parte de seus beneficiários.

Esta mudança precisa ser acompanhada por um processo de controle da qualidade dos serviços ofertados (Acreditação) para que o beneficiário não seja prejudicado no acesso aos

serviços e tecnologias disponíveis quando necessário.Muito se fala na crise do sistema privado e pouco se faz.

A indústria de materiais, medicamentos e equipamentos mé-dicos hospitalares que muito tem a ver com a crise não se envolve ou não é envolvida de uma forma a participar das dis-cussões e busca de soluções para o sistema de saúde seja ele público ou privado.

NA SAÚDEPor Roberto [email protected]

ÉTICA

Roberto Cury é médico, Administrador de Siste-mas de Saúde, professor do MBA em Economia e Gestão em Saúde do Centro Paulista de Economia da Saúde da UNIFESP e Superintendente da Asso-

ciação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

Divulgação

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O setor de saúde tem muitos desafios a superar e somen-te conseguirá sucesso se houver uma conscientização de que todos são igualmente responsáveis pelos erros e acertos pas-sados, presentes e futuros.

Para que se possa evoluir na busca de soluções realistas é fundamental que se estabeleça um “Código de Ética para o Setor da Saúde”, onde os princípios abaixo sejam respeitados:- Ser transparente em tudo o que fizer.- Ter como missão a saúde e qualidade de vida do usuário.- Investir na promoção à saúde e prevenção de doenças.- Investir na educação do usuário. - Busca constante da eficiência: melhor qualidade e rendi-mento pelo menor custo.- Promover a prestação de serviços baseados em conheci-mento científico, associado à experiência, a todos os que po-dem se beneficiar dos mesmos.- Evitar a prestação destes serviços àqueles que não irão se

beneficiar dos mesmos.- Evitar a sub, super e a má utilização de recursos.- Evitar adiamento prejudicial a quem recebe e a quem presta assistência.- Respeito às preferências, necessidades e valores dos pacientes.- Promover a segurança do ambiente assistencial.- Prevenção de dano ao paciente durante a assistência.- Aferição, monitoração e controle da assistência ao paciente.- Prestar assistência cuja qualidade não varie de acordo com características individuais como sexo, etnia, localização geo-gráfica e situação econômica.- Investir em pesquisas e informações.- Compartilhar soluções.- Interagir com os concorrentes.- Trabalhar em função do fortalecimento da cadeia produtiva da saúde.

Falta de transparência no relaciona-

mento entre operadoras, consumi-

dores e prestadores.12 Imposição de regras e valores por

parte das operadoras.

3Usuário não sabe utilizar o sistema

de saúde.

4Usuário não é responsável com a

própria saúde.

5 Não se gerencia a demanda

aos serviços.

6

Decisões são tomadas somente

em função das finanças e das leis.

7

Remuneração dos prestadores de

serviços baseadas nas doenças.

8Evolução crescente

dos gastos.

Ausência de um sistema eficiente

de triagem.

Comportamento do prestador

de serviços.

910

11 Desperdício de recursos.

12 Insatisfação dos

consumidores.

13 Insatisfação dos presta-

dores de serviços. 14 Falta de informações sobre o

desempenho do setor. 15 Novas tecnologias são incorporadas ao sistema

gerando aumento de gastos, sem produzir os

benefícios esperados.

Soluções não compartilhadas.1617 Dificuldade de acesso a informações

sobre saúde e autocuidados.

PRINCIPAIS PROBLEMAS ENVOLVIDOS NESTE CENÁRIO

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Abril 200738

Um dos ministérios mais disputados durante a reforma do Governo Lula, a pasta da Saúde passou a ser represen-tada desde o último 16 de março pelo médico sanitaris-ta José Gomes Temporão. A disputa se estendeu não só aos partidos coligados ao Governo, mas dentro do próprio PMDB – partido no qual o atual ministro é vinculado – e que dificilmente perderia a disputa.

Durante os três primeiros meses do ano, muita discus-são partidária, pouca discussão sobre o perfil para a pasta. Quem seria o nome ideal? Um profissional técnico ou po-liticamente forte? Ficou o técnico que, segundo o próprio

“NÃO SOU UM TECNOCRATA”

POLÍTICA PERFIL

Novo ministro da Saúde afirma que está longe do perfil técnico e aposta em sua força políticaPor Gabriel Pizzo Ottoboni e Kelly de Souza

presidente Luis Inácio Lula da Silva, está com um “abacaxi nas mãos para descascar”. A escolha de José Gomes Tem-porão, gestor respeitado desde sua passagem pelo Institu-to Nacional de Câncer (INCA), em 2003, deixou o mercado sem muitas palpitações. Esperava-se um nome politica-mente mais forte, como o do ex-ministro Ciro Gomes.

Em entrevista à HealthCare Brazil, Temporão não demons-trou preocupação com a questão, mas não se sente confor-tável em ser chamado de técnico. “A minha força política não vem da força política partidária. Essa coisa de técnico muitas vezes passa um conteúdo pejorativo tecnocrata e eu estou

Agência Brasil

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bastante distante desse perfil. Me formei na época da ditadu-ra, quando o movimento da saúde pública estruturou uma no-vidade, digamos assim, uma ousada política social. Eu não es-tou exagerando: o SUS hoje é a política social mais ousada e de maior sucesso. Indiscutivelmente, todas as outras políticas sociais estão a anos luz de distância do setor saúde. Minha força política vem dessa trajetória, vem da legitimidade dada exatamente do meu trabalho como sanitarista”, ressalta.

O novo ministro afirma ter sido mal interpretado quando se referiu a mudanças no setor através da realização de me-didas semelhantes àquelas adotadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) anunciado pelo presidente Lula para “destravar” a economia do País. Para Temporão, vários aspectos sociais emperram o crescimento da saúde. “Todos estamos cientes que as grandes questões da saúde pública não se resolverão apenas com o aperfeiçoamento da assistência aos doentes. Hoje vivemos um intenso pro-cesso de medicalização perdendo-se a perspectiva de que, o que mais produz saúde, na maior parte das vezes está fora da governabilidade setorial. Refiro-me à renda, em-prego, habitação, saneamento, lazer, cultura e educação. Segundo a Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde, a saúde é, antes que biológica, uma produção social. Assim, para que a sociedade brasileira alcance me-

José Gomes Temporão

Idade: 56 anosProfissão: Médico Sanitarista. Formado pela Faculda-de de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialização: Doenças infecciosas e tropicais, mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e doutor em Saúde Co-letiva pelo Instituto de Medicina Social da Uerj.Governo Lula: Primeiro cargo em 2003, como diretor do Inca.Último cargo: Desde 2005, ocupava a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde.

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Prioridades na pasta1. Combater fraudes e adotar mais rigor no uso dos re-cursos públicos.2. Fortalecer os serviços de atenção básica de saúde.3. Lutar por mais recursos para a saúde.4. Fortalecer o controle social, ampliando ações de edu-cação da população sobre saúde.5. Fortalecer as ações ligadas à saúde reprodutiva, com ênfase no planejamento familiar, na atenção ao aborta-mento ilegal e no combate ao câncer ginecológico.6. Instituir a Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, para combater câncer de próstata, alcoolis-mo, tabagismo e obesidade.7. Promover hábitos saudáveis e prevenção de doen-ças cardiovasculares.8. Criar a Escola de Governo em Saúde, em Brasília.9. Dar continuidade à reforma psiquiátrica no país.10. Contribuir para “decifrar a esfinge do Rio de Janei-ro”, melhorando a relação entre os governo federal, estadual e municipal.11. Adotar visão integrada para aproximar as ações de saúde, educação, cultura, esportes, saneamento, segu-rança e habitação das políticas de inclusão social.12. Fortalecer a política de humanização.13. Melhorar atendimento às populações em situ-ação de risco.14. Desenvolver abordagens inovadores nas ações di-recionadas a idosos e às mães com recém-nascidos.15. Ampliar e fortalecer a participação do Brasil em or-ganismos internacionais ligados à saúde.16. Buscar maior integração entre o SUS e as políticas da ANS.17. Abrir canal de diálogo com profissionais de saúde para tratar de questões salariais e de qualidade de trabalho.18. Incentivar ações de pesquisa e inovação tecnológica. 19. Traçar uma estratégia nacional para estimular o desen-volvimento do setor de saúde a gerar empregos e renda.20. Garantir acesso da população a medicamentos, através de fornecimento gratuito e Farmácia Popular.21. Criar novos modelos de gestão para a rede pública de hospitais.22. Fortalecer a descentralização do sistema de saúde.

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Abril 200740

POLÍTICA PERFIL

lhores níveis de saúde, é imprescindível que o Estado e a sociedade cada vez mais implementem ações setoriais”. A articulação entre o ministério da Saúde e os ministérios das Cidades e Meio Ambiente é outro assunto em pauta.

Sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), Temporão acre-dita que o modelo brasileiro é um dos mais eficientes do mundo, porém concorda que há falhas políticas e estrutu-rais. “Se você for ao Canadá e precisar fazer uma cirurgia de hérnia, eu te garanto que no SUS você vai conseguir mais rápido do que no sistema de saúde canadense”, comparou.

Ele reconhece que o conjunto das indústrias produtoras de insumos para a saúde é estratégico em virtude de vín-culos estabelecidos com políticas industrial, tecnológica e comércio exterior. “Nesse contexto, a competitividade e o potencial de inovação nas indústrias da saúde devem cons-tituir núcleos centrais da estratégia nacional de desenvol-vimento do governo vinculando competitividade, inovação e inclusão social. A saúde representa 8% do PIB (Produto Interno Bruto) e constitui mercado anual que supera 150 bilhões de reais, empregando cerca de 10% da população brasileira. É a área em que os investimentos em pesquisa e

desenvolvimento são os mais expressivos do País”. Questionado sobre o setor privado de saúde, Temporão

afirma que a prioridade do Ministério da Saúde é o SUS, em-bora dependa de parceiros para o bom funcionamento da rede pública. “No setor privado, podemos visualizar diversas parcerias que podemos realizar, como no caso de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis”, afirma.

Para o ministro, somente o aperfeiçoamento do sis-tema de controle interno e de auditorias mais adequadas podem garantir transparência em relação a novos investi-mentos, assim como evitar escândalos como o de super-faturamento de ambulâncias que ocorreu no ano passado e contou com a participação de deputados das alas gover-nista e oposicionista.

Priorizar a consolidação de um sistema público de saúde que funcione como uma ferramenta de inclusão social e redu-ção das desigualdades regionais foi o fator principal da proxi-midade do atual ministro com o presidente Lula. Sobre seus antecessores na pasta, disse ter a certeza de que “todos eles deram muito de si para melhorar a qualidade da assistência à saúde da população”.

Fotos: Agência Brasil

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POLÍTICA OPINIÃO

O ministério da Saúde passou a contar com o quarto titular à frente da pasta no governo Lula. Independente-mente de qualquer juízo de valor sobre seus ocupantes, os números revelam um dado preocupante: não há conti-nuidade nas decisões tomadas, pois a mera troca de mi-nistros, e de seus assessores diretos, já cria um ambiente propício à interrupção destas decisões.

Para se ter uma base de comparação com um outro mi-nistério do governo - o da política econômica - basta lembrar que nos últimos 12 anos o ministério da Fazenda teve ape-nas três titulares: Pedro Malan, nos oito anos de mandato de Fernando Henrique, Antonio Palocci desde o início do gover-no Lula e mais recentemente Guido Mantega.

Como pano de fundo desta constatação uma triste verdade continua a se impor: a saúde não é assunto prio-ritário dos nossos governantes, e sua condução costuma ser moeda de troca em acordos políticos. E isto a despei-to da saúde ser consagrada em nossa Constituição Fede-ral como “um direito de todos e dever do Estado, garan-

tido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. É o que diz o artigo 196 de nossa Carta Magna.

Há alguns dias assumiu o ministério o Dr. José Gomes Temporão, 56 anos, mestre em Saúde Pública e doutor em Medicina Social. Os desafios são estratosféricos con-forme reconhece o próprio ministro. Em um de seus pri-meiros pronunciamentos fez referência a colocações de seus amigos que o tem, se não me engano, como um “descascador de abacaxis ou pepinos”.

Entre inúmeras propostas apresentadas destacamos duas importantes brigas que o ministro pretende comprar com o governo. Em primeiro lugar, o ministro tem se posi-cionado corretamente ao dizer que não abre mão da liber-dade de nomeação de cargos e ainda que esta questão será tratada a partir de critérios técnicos. Está correto o mi-nistro ao querer blindar sua pasta de ingerências políticas.

SAÚDE

Por Adriano [email protected]

5 ANOS 4 MINISTROS

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Em segundo lugar, o ministro também quer evitar os crônicos desvios de recursos da Saúde para outras áreas, conforme tem feito, de forma escancarada, o próprio go-verno do qual passou a fazer parte. Além do desvio, mui-tas vezes através de maquiagens onde gastos sociais são indevidamente rubricados como sendo da saúde, o atual governo divulgou recentemente, sem qualquer cerimônia, cortes no orçamento da Saúde.

Por mais bem intencionado que esteja, isto tudo tam-bém traz preocupações. De um lado, o ministro acerta ao atacar frontalmente desvios históricos do setor público e, em especial, da saúde. De outro lado, fica a dúvida quanto ao efetivo respaldo político que terá exatamente para tirar a politicagem da saúde. E, por fim, a constatação surrea-lista de que, mesmo empossado para cuidar da saúde da população o ministro tenha que primeiro cuidar da inefici-ência de seu ministério.

Que nesta etapa, seguido o que colocam seus amigos, o ministro consiga, como tem feito até então, descascar estes imensos, enraizados e complexos “abacaxis e pepi-nos”, de forma a não ser apenas mais um ministro.

Adriano Londres é vice-presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) e autor

do livro “Saúde é coisa Séria”.

Divulgação

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REPORTAGEM DE CAPA

HORA DE DAR

Por Kelly de [email protected]

Antibióticos, Anatomia, Vacinas, Raios X, Anestesia, Identificação do Colesterol, Técnicas de culturas de Bac-térias, Circulação, Bacteriologia e DNA. Para os médicos e pesquisadores Meyer Friedman e Gerald Friedland, esse é o ranking das inovações que mais impactaram até o momento a saúde moderna. Do holandês que fabricava lentes de aumento e teve a curiosidade de examinar uma gota de chuva, percebendo então as bactérias -, aos ingle-ses que decifraram a estrutura do DNA, a medicina pas-sou por inúmeras descobertas.

Mas, como identificar uma inovação? Provavelmente pelo impacto que a descoberta causa e por seu ineditis-mo na sociedade.

O mundo hoje está diante de uma assustadora inova-ção: a responsabilidade pela Gestão da Saúde de cada indivíduo não é mais do médico, ou do hospital, ou da operadora de saúde ou mesmo do Estado, mas dele pró-prio. Esteja onde estiver, pertença à classe que pertencer e tenha o perfil que tiver, ele vai assumir a gestão da sua saúde. Os que ainda não sabem disso, serão induzidos a saber. E os que não quiserem assumir essa gestão, serão punidos por isso.

PODER AO USUÁRIOPODER AO USUÁRIO

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Page 45: HealthCare Brazil 1a Edição

Abril 2007 45

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Os demais continuarão a fazer o que sempre fizeram – com raras exceções – gerenciar a doença. Como definido pela Or-ganização Mundial da Saúde (OMS), “saúde” é o “estado de completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo somente ausência de uma doença ou enfermidade”. Assim, ninguem melhor do que cada indivíduo para gerenciar o seu estado físico, mental e social. A área de Saúde está entrando na Era da Conscientização do Indivíduo.

Não é necessário fazer uma análise mais profunda para perceber que os modelos atuais, seja no Brasil ou no resto do mundo, não passam nem perto do que a OMS recomenda. E não são poucos os que acreditam que esse novo formato é puro “conto de fadas” ou mais um moder-nismo da globalização.

Nem sonho, nem ficção científica. Dentre tantas des-cobertas e inovações na área de Saúde, algumas rela-tadas por Friedman e Friedland, uma seguramente esta causando grande impacto: a utilização das tecnologias de informação e comunicação focadas no desenvolvimento dos Sistemas Pessoais de Registro Clínico, em outras pa-lavras, o Prontuário Eletrôni-co Pessoal do Paciente (PHR – Personal Health Records).

Poderia ser apenas mais uma das muitas promessas “milagro-sas” para resolver todos os pro-blemas de assistência à Saúde, mas não é. Não se trata nem de uma promessa e nem virá resol-ver todos os problemas da Saúde do individuo. Mas os PHRs, que apareceram no mercado no final dos anos 90, constituem, de fato, uma revolução na gestão da Saúde. Mais que isso, uma ruptura com tudo o que o mercado conhece e aplica até hoje. O “poder” da cura continuará com os médicos, mas o “poder da Saúde” está sendo entregue nas mãos de cada cidadão.

Para Jorgo Chatzimarkakis, membro do Parlamento Euro-peu, “os PHRs colocam o cidadão no centro dos cuidados à saúde”. Ele mesmo passa a gerenciar o seu próprio “ecossiste-ma de Saúde” e sustentabilidade do seu bem-estar.

O usuário não estará sozinho nessa “vigilância”. O mer-cado está provendo uma enorme quantidade de equipa-mentos e instrumentos móveis de monitoramento capazes de apoiar a sua missão (microarrays, celulares, devices que medem peso, pressão sanguínea, taxa de açúcar no sangue, batimentos cardíacos, etc).

Os Personal Health Records (PHR) são sistemas aplicativos, centrados na Internet e acessados em tempo real, com capa-cidade de armazenar arquivos médicos, registros clínicos ou

qualquer outra forma de documento digital que cada indivíduo recebe ao longo de sua vida e que constitui o seu histórico cli-nico. Diferentes registros – digitais ou manuais – feitos pelos médicos nos hospitais ou em seus próprios consultórios esta-rão agora sendo inseridos nos PHRs por eles ou pelo próprio usuário – doente ou não. Sua utilização encoraja um estilo de vida voltado à prevenção de doenças e permite ao médico, quando o usuário autorizar, entender o paciente e gerar proce-dimentos terapêuticos mais adequados (e baratos).

Os Estados Unidos e a Europa lideram a implantação e as políticas de utilização dos Prontuários Pessoais. Em 2004, o Go-verno George W. Bush lançou um plano de interoperabilidade para integrar os registros eletrônicos de “todos os americanos” até 2014. O objetivo é reunir todos numa única rede de infor-mações clinicas que possa ser acessada por toda a cadeia da assistência à Saúde. Os PHRs não escapam do projeto e estão se expandindo de maneira clara no EUA.

A mudança de comportamento do consumidor é o principal fator que motiva a expansão desse tipo de aplicação. Ele está passando de um mero receptor de informações, que aceita

tudo o que o médico diz em relação ao seu tratamento, para um agente ativo na to-mada de decisão clínica. As-sumiu o seu papel de cliente, o que a grande maioria dos prestadores de serviços em saúde tem dificuldade para aceitar. A transformação do “paciente” em “cliente” está tornando a revolução dos

prontuários pessoais irreversível, independente de governos, prestadores de serviços ou da indústria de insumos. Dúvida?

Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em de-zembro do ano passado pela Markle Foundation revelou que 65% dos americanos desejam ter acesso a suas in-formações de saúde via internet, de forma personalizada, principalmente por acreditarem que poderão aumentar a prevenção de doenças. O estudo mostra que os consumi-dores vêem os registros pessoais de saúde como um im-portante elemento para reduzir erros médicos e aumentar a qualidade do cuidado à saúde.

Para Zoë Baird, presidente da Markle Foundation, os ame-ricanos compreendem que a qualidade da assistência poderia melhorar e os custos diminuírem quando suas informações médicas estiverem disponíveis na internet para eles e para aqueles a que derem acesso. “Os cidadãos estão claramente prontos para fazer sua parte e melhorar nosso sistema do cui-dado de saúde”, ressalta.

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Page 46: HealthCare Brazil 1a Edição

Abril 200746

REPORTAGEM DE CAPA

ATRASO ADMINISTRATIVO

3 Os hospitais ou médicos gerenciam os dados

do paciente 3 A informação fica sob guarda do prestador de

serviço ou operadora de saúde

3 Os pacientes têm pouco ou nenhum acesso ao

seu prontuário

3 O hospital é quem dá a autorização para que o

paciente acesse seus registros

3 O prontuário geralmente está em papel

3 O paciente não pode “carregar” suas informações

médicas e não há uma “central de informações

MODELO ATUAL

O envelhecimento da população e a alta prevalência das taxas de doenças crônicas tornaram os sistemas pes-soais de saúde uma necessidade, forçando os governos – incluindo os da América Latina – a investir em tecnolo-gia e um novo modelo de organização para responder às necessidades da população. A opinião é de Rosanna Tar-ricone, PHD em economia da saúde pela Universidade de Londres e diretora do departamento de economia da Eucomed, organização que representa 4500 fabricantes e fornecedores de tecnologia médica na Europa.

“A maioria dos sistemas de atenção à saúde ainda é administrada pelos paradigmas dos anos 70 e 80, que não atendem mais às necessidades do Governo, dos sis-temas privados de saúde e dos próprios cidadãos. O nú-mero de hospitais e camas hospitalares tem diminuído dramaticamente nas últimas três décadas”.

Para ela, os sistemas pessoais representam indubita-velmente uma importante solução para reduzir custos e melhorar a qualidade da assistência. “Todos os esforços devem ser feitos para facilitar o ingresso e o desenvolvi-mento dos mercados de saúde através da telemedicina e dos modelos de eHealth. O PHR representa uma ferramen-ta forte para a capacitação dos clientes. Isso quer dizer que a relação entre pacientes e médicos está mudando e os pacientes não estão totalmente dependentes das escolhas dos médicos. Em termos de mercado isso quer dizer fun-cionalidade, ou seja, o cidadão passa a ser um importante atuante e o mercado precisa considerar isso em suas ope-rações e organização de serviços”, argumenta.

Na Europa e Estados Unidos, o fomento às soluções

pessoais é uma realidade além do âmbito conceitual. No mercado europeu, os sistemas de cuidado pessoal e domi-ciliar cresceram 19%, contra os 5-6% do tradicional siste-ma de atenção à saúde. Em todo o mundo, a indústria de TeleSaúde cresceu de US$ 3.2 bilhões em 2003, para US$ 7.7 bilhões em 2006 – um aumento de 241% em três anos.

Para Rosanna, o futuro do PHR é potencialmente positi-vo. O governo e os financiadores têm que se adaptar rapi-damente para não perder os benefícios da inovação, “tanto em termos da saúde dos pacientes, qualidade de vida dos cidadãos, qualidade nos cuidados e ultimamente até para a própria saúde dos Sistemas de Saúde”. Para ela, a “re-sistência às mudanças” está na natureza humana. “J. M. Keynes disse que a dificuldade está não apenas em idéias novas, mas em escapar das antigas. Educação é a única ferramenta que nós temos para mudar essa atitude”.

Se o pensamento do economista J.M.Keynes se aplica à dificuldade em aceitar as mudanças, já um dos pensadores mais respeitados do século XX, o sociólogo e filósofo fran-cês Edgar Morin vai mais longe e afirma que cada nascimen-to arrasta consigo uma morte. A tese não se aplica apenas ao campo do pensamento ou inovações tecnológicas, em que cada descoberta traz por conseqüência o desapareci-mento da anterior. Ela se aplica também a nós, no qual o próprio fator nascimento traz por si a expectativa da morte, e em conseqüência todo o elo entre os dois fatores. Para ele, o prolongamento da vida humana – com o avanço da medicina – não é sempre um uma extensão com plena saúde. “Prolon-ga-se a vida dos seres humanos em estado de enfermida-de lamentável. Portanto, a solução não está em prolongar a quantidade de vida; é preciso agregar qualidade”.

No lato sensu do conceito, o mercado mundial de cui-

MODELO FUTURO3 O cidadão é quem gerencia seus da-dos – imputando informações relevantes sobre sua vida e saúde (com ou sem a ajuda do hospital ou médico) 3 Todas as informações são “portáteis” porque estão em ambiente web3 É o paciente que dá a autorização para o hospital ou profissional para acessar seu registro médico e por quanto tempo ele determinar – através de uma senha de sistema.

3 Todo seu histórico médico, do nas-cimento à morte, fica num mesmo local – mesmo que ele mude de hospital, ope-radora de plano de saúde ou médico

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dado à saúde esqueceu-se de que a doença não é o úni-co fator que une o nascer e o morrer. Talvez, por isso, a ausência de qualidade de vida – ressaltada por Morin – seja tão evidente. A adoção dos prontuários pessoais devolve ao cidadão os outros elos que compõem esse ciclo. Não só a doença passa a ser monitorada, como o próprio estilo de vida das pessoas, evitando ou poster-gando o aparecimento do estado patológico.

Para Stephan Kiefer, cientista do Instituto de Tecno-logia e Biomedicina (IBMT), na Alemanha, os cidadãos se tornarão cada vez mais capacitados para administrar efetivamente sua saúde através do uso do PHR e servi-ços relacionados à eHealth, simplesmente porque as in-formações sobre doenças e opções de tratamento estão disponíveis na internet. “Chegou a hora de decidirmos como indivíduos e como sociedade quanto nós quere-mos investir em nossa saúde”, ressalta.

Kiefer acredita que a desospitalização é a única forma de se reduzir custos. Segundo ele, o maior problema ainda é que o modelo introduz um novo fluxo de trabalho ou mo-difica um fluxo existente de assistência à saúde, que fre-qüentemente não é aceito por hospitais e médicos. “De-vemos nos focar na otimização do atual fluxo de trabalho em hospitais para economizar tempo, esforços ou custos através de eHealth e PHR. Fora isso, os médicos temem trabalhar mais com computadores e tecnologias no lugar do paciente. Outro problema é que com o uso de eHealth eles temem ser supervisionados por seus colegas”.

Para Hanhijärvi Hannu, diretor executivo na área de saúde do Sitra, um fundo de inovação tecnológica pú-blico ligado ao parlamento Finlandês, os prontuários pessoais irão mudar o mercado. “É claro que será um grande desafio para o médico. Eles não poderão mais negligenciar seus pacientes e nem fornecer tratamento ruim. A consciência do cidadão reduzirá a má prática da medicina. Agora estamos em uma nova Era. Medicina não é mais uma ciência mecânica, as informação estão aí, gratuitas. Essa é a maior mudança. Os doutores estão se tornando almas mortais como todos nós”.

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REPORTAGEM DE CAPA

CAMPEÃS DE MORTALIDADE E CUSTO

97% das pessoas acreditam que se o médico acessar todos os seus registros de saúde oferecerão um atendimento melhor

96% acham importante ter acesso às suas informações médicas para controlar sua própria saúde

65% querem que esse acesso seja via internet

53% dos americanos com mais de 60 anos expressaram alto interesse no novo modelo

75% estão dispostos a compartilhar suas informações pessoais para ajudar o governo ou outras instituições em pesquisas que vise a cura de doenças e a melhora do cuidado à saúde, desde que tenham proteção de sua identidade

91% querem rever o que os médicos escreveram em seus prontuários

88% dos entrevistados acreditam que os registros pessoais reduziriam o número de exames e procedimentos desnecessários

84% gostariam de visualizar se há erros em seu registro médico

90% desejam observar sintomas ou mudanças em seu estado de saúde via web

83% dos pais estão interessados em usar a internet para acompanhar a saúde das crianças, tal como seguir datas para vacinas, etc

68% querem ter mais informação on-line que dê maior controle sobre seu próprio cuidado de saúde

O QUE PENSAM OS AMERICANOS

Fonte: Markle Foundation

Outro fato impulsionador da vigilância pessoal à Saúde são as doenças crônicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma ação global para prevenir doenças crônicas pode salvar 36 milhões de pessoas que do contrário estarão mortas até 2015. Anualmente, 17 milhões morrem prematura-mente vítimas da epidemia global. No Brasil, mais de 60% de todas as mortes são relacionadas a doenças crônicas. Em 2005, o número de mortos foi estimado em 1.2 milhão. Só para termos uma idéia, nos próximos dez anos será computado um aumento de 82% nas de mortes por diabetes. O País deverá perder US$ 3 bilhões de dólares de toda a sua produção nacional devido a mortes prematuras por doenças do coração, acidente vascular cerebral e diabetes. Nos próximos dez anos a perda prevista é de US$ 49 bilhões de dólares. A OMS estima que se houver uma redução de 2% a cada ano na taxa de mortes por doenças crôni-cas, nos próximos dez anos o resultado será um ganho de US$ 4 bilhões de dólares para o País.

No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou o resultado do monitoramento de fatores de risco e prevenção para doen-ças crônicas não transmissíveis (Vigitel), implantado em 2006. O estudo, realizado nas 26 capitais brasileiras, realizou aproximada-mente 54 mil entrevistas telefônicas, em uma amostra da popu-lação adulta residente em domicílios com linhas fixas de telefo-ne. O estudo reforça a necessidade de desencadear ações para a prevenção dos principais fatores de risco como a elaboração, implementação e aprimoramento de políticas antitabagismo, de estímulo aos hábitos saudáveis (alimentação adequada e ativida-des físicas), redução do consumo de bebidas alcoólicas, etc.

Cada vez mais, as doenças crônicas exercem pressão so-bre o sistema de saúde brasileiro. Considerando estimativas de custos relativos a consultas, internações e cirurgias, os gastos chegam a R$ 10,9 bilhões por ano.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), cujo monitoramento é feito pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. De acordo com a publicação “Saúde Brasil 2006”, entre os anos de 2002 e 2004 ocorreram 1.858.370 óbitos por doenças não trans-missíveis, representando 61,8% do total de mortes registra-das no período. Desse universo, as doenças cardiovasculares responderam por 27,5%.

Os números não deixam dúvida sobre a necessidade de uma ação em massa para frear o rolo compressor do custeio. Só com o apoio e a participação dos usuários dos Sistemas de Saúde será possível essa reversão. Com os PHRs eles passam a contar com um poderoso instrumento de prevenção e po-dem entrar na guerra junto com os Sistemas de Assistência.

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aplicações de eHealth, com serviços de telemoritoramen-to e teleassistência, custam 420 euros. Para ele, a Europa e os Estados Unidos estão experimentando um novo nível de serviços e infra-estrutura com a aplicação das TIC’s na saúde. Na América Latina, algumas iniciativas estão sendo testadas, em Córdoba (Argentina) e em Santiago (Chile), por exemplo. A maioria ainda está no estágio de integrar e conectar uma rede de hospitais. Já o desenvol-vimento de soluções de PHS na América Latina está for-temente relacionado ao mercado de Seguros e Planos de Saúde, que não conseguirão arcar com os custos do aten-dimento se não houver uma expansão da prevenção de forma contínua, o que deve gerar grandes impactos em termos da qualidade de vida, da redução de custos e do acesso desnecessário aos hospitais, especialmente os de primeiros-socorros. “Os riscos atuais, com o atendimento a pessoas idosas e intervenções caras, irão ultrapassar a disposição de pagamentos dessas empresas, e se nada for feito todos os custos relacionados terão um forte im-pacto no mercado. A forma ideal de atendimento hoje é por meio da prevenção, melhorando o estilo de vida das pessoas, que devem ser olhadas de maneira personali-zada, através dos PHR’s. Esses sistemas têm um forte impacto na redução de custos, mesmo em curto prazo. Por isso, o principal desafio atual é atingir o maior número possível de usuários”.

Não é de hoje que a OMS e outros institutos de pes-quisa alertam para um possível colapso dos sistemas de saúde com o aumento da taxa de população idosa. E não é para menos. No mundo existem mais de 600 milhões de pessoas acima de 60 anos. Em 2050, a estimativa é que esse número salte para 2 bilhões. Só na Europa, por exem-plo, a taxa corresponde a 20% de toda a população.

Uma pesquisa divulgada pelo fundo americano Fidelity Investments mostrou que as pessoas acima de 65 anos que se aposentam este ano nos EUA precisam de US$ 215.000 para cobrir custos médicos depois que param de trabalhar, um aumento de 7.5%, comparado ao ano pas-sado. Segundo a empresa, a inflação médica cresce mais rapidamente do que a inflação global por conta das novas tecnologias, prescrição de drogas novas e mais caras e uma expectativa de vida mais longa.

No Brasil, um artigo do pesquisador Samuel Kilsztajn, de 2003, mostrou que embora o processo de envelheci-mento se inicie no nascimento, só a partir dos 45 anos ele é acompanhado por uma elevação das taxas de morbida-de. Para a faixa etária dos cinco aos 44 anos, o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para internações foi de R$ 11,26 por habitante (excluindo os partos); mas ao analisar a faixa etária de 75 anos ou mais, este valor cres-ceu para R$ 84,81. Considerando um crescimento médio de 2,5% ao ano até 2050, a demanda por serviços de saúde entre os idosos deverá crescer 59% para consul-tas médicas, 96% para exames, 122% para tratamentos e 39% para internações. Em relação aos custos, o envelhe-cimento populacional acarretará um aumento do gasto de saúde em relação ao PIB de cerca de 30%. Uma bomba-relógio a ser desmontada.

Os Sistemas Pessoais de Saúde provaram ser ferra-mentas capazes de melhorar a qualidade de assistência à saúde, com custos acessíveis no tratamento de pesso-as idosas. O objetivo, segundo Gerard Comyn, Chefe da unidade de tecnologias de informação e comunicação da Governança Européia, é levar o paciente de volta para a casa, tornando-o mais independente, além de reduzir os custos. Segundo Cristiano Pagetti, do ministério da Saú-de da Itália, os custos mensais por paciente, com uma enfermeira em casa, podem chegar a 2700 euros. Já as

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

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REPORTAGEM DE CAPA

PROBLEMA OU OPORTUNIDADE?Enquanto muitos no mercado de saúde “choram” pelo avanço do envelheci-

mento da população e das doenças crônicas, David Whintlinger, diretor da Intel na área de saúde e presidente da Continua Health Alliance, vê esses dois eixos como grandes oportunidades para a indústria, para os prestadores de serviços na área de saúde e para os próprios usuários, com o uso dos sistemas pessoais.

Em 2006, cerca das cem maiores empresas fornecedoras de tecnologia da informação para a área de saúde se uniram para desenvolver um ecossistema favorável ao uso das TIC’s em saúde no mundo. Aproximadamente 250 enge-nheiros e especialistas trabalham com a missão de criar sistemas de saúde, com grande interoperabilidade, de forma a dar poder aos cidadãos. Para Whintlinger, a expansão dos sistemas pessoais está sendo guiada por duas forças comerciais. A primeira é o custo para o tratamento das doenças crônicas. “Em alguns sistemas de cuidados à saúde, 40 a 70% dos gastos são com pacientes crônicos. Isso ao mesmo tempo é uma tragédia e uma oportunidade. Muitos planos de saúde e de seguros estão altamente motivados para encontrar melhores maneiras para lidar com estes pacientes. E o uso do PHR melhora o monitoramento, promove reduções efetivas de custos e melhoram os resultados da assistência”, explica. O segundo fator fundamental é que os grandes empresários também estão atentos à questão. “As grandes indústrias estão buscando e oferecendo dispositivos per-sonalizados para manter seus funcionários saudáveis”, ressalta. Para ele, nenhum país está distante da adoção do PHR, que é ainda um mercado muito jovem. “O consumidor que adotou a Internet de banda larga vai acabar adotando um siste-ma pessoal da saúde”.

David Whintlinger, diretor da Intel e pre-sidente da Continua Health Alliance:Nenhum país está distante da adoção do PHR. O consumidor que adotou a Internet de banda larga vai acabar adotando um sistema pessoal da saúde.

HealthCare Brazil: Estamos vivendo hoje um momento de transição dos sistemas de EPR (Electronic Patient Re-cord), para os PHR’s? David Whintlinger: Estamos em um período de transformação da automação dos dados na indústria da saúde. Desde o come-ço da medicina, a informação tem sido registrada em arquivos de papel e filmes de raio-X. Durante os anos 80 e 90 diversas empresas passaram por uma transformação dos registros de papel para arquivos eletrônicos - devido à utilização do computa-dor, armazenamento em massa e a alta velocidade dos arquivos em rede. Hoje, o que vemos é que mesmo os fornecedores de prontuários digitais para hospitais estão começando a abrir es-ses prontuários aos seus pacientes.

HCB: Muitos hospitais não acordaram para a realidade de que os pacientes, cada dia mais, possuem poder so-bre a gestão de sua saúde?Whintlinger: Infelizmente. Na maioria das economias, as pesso-as simplesmente esperam que seus planos de saúde tomem conta deles – e esse é um modelo completamente atrasado. Quando um indivíduo está doente ou necessita de emergência,

eles procuram por seus planos de saúde e buscam tratamento. Agora isso deve mudar! Os números de pacientes com doenças crônicas no futuro se projetam para afundar o sistema de saúde. Nós simplesmente não temos trabalhadores da saúde suficiente (médicos e enfermeiras) para atender essa realidade. Aí então teremos uma mudança, a sociedade vai precisar começar a mo-tivar os indivíduos para aumentar a responsabilidade pela sua própria saúde simplesmente porque o sistema atual não tem capacidade para isso.

HCB: O médico ainda tem medo da tecnologia?Whintlinger: Os médicos querem informações exatas para to-mar decisões sobre o tratamento do paciente. Se o paciente colhe essas informações em sua casa e criam seus próprios arquivos, os médicos não se sentem seguros. Estamos no co-meço da curva de adoção e vai levar algum tempo para que os médicos aprendam a confiar nestes arquivos e determinar o me-lhor a ser feito. Agora, uma nova geração de médicos está se graduando em faculdades de medicina. Esses são médicos que sempre tiveram um computador, a Internet e o celular conectado em uma rede. Esses definitivamente não temem a tecnologia!

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Os Estados Unidos não estão longe de outros países, como na Europa, para desenvolver uma infra-estrutura nacional da informação da saúde. O assunto tem emergi-do na agenda nacional. O presidente Bush espera ter os ePHRs funcionando para a maioria dos norte–americanos em 10 anos e estabeleceu um Gabinete de Coordenadoria Nacional para a Informação da Saúde que inspecionará esse empenho. De qualquer forma, a natureza fragmen-tada da assistência à saúde nos EUA, com o importante envolvimento do setor privado, cria alguns desafios adi-cionais para a implementação.

Para facilitar a parceria necessária e seguir em frente, o Gabinete está focado em cinco áreas-chave: contratos para harmonizar os padrões tecnológicos, desenvolver a confor-midade e o processo de certificação dos sistemas, criar pro-tótipos para uma rede nacional de informação da saúde, re-conciliar as políticas estatais e leis de segurança e identificar melhores práticas para promover a adoção de ehealth.

Dentro dos EUA existem modelos bem-sucedidos. Um dos pioneiros nessa área é o do Departamento de Administração da Saúde dos veteranos (VHA), que usa o sistema integrado da informação da saúde conhecido como VistA, um sistema de registro digital dos pacientes que permite aos clínicos acesso integral aos registros dos pacientes, medicações e laboratório.

O VHA recentemente lançou My Health Vet, um ePHR que fornece aos veteranos informações clínicas e benefí-

cios, um jornal pessoal da saúde, e a habilidade de renova-ção das prescrições. No futuro, os participantes poderão visualizar suas consultas, balanços de pagamentos, e os registros médicos on-line, além de mensagens para seus médicos. O VHA tem a colaboração de parceiros públicos e privados para promover a adoção da versão pública do sistema Health-People-VistA.

Existe uma série de exemplos dos PHRs comercialmen-te disponível que varia em sua funcionalidade. A promessa e o potencial do desenvolvimento de uma rede interope-rável de informações da saúde – para os cidadãos – são enormes e a AARP busca seguir promovendo e rastreando o desenvolvimento do sistema e isso é uma importante promessa para melhorar a assistência do paciente.

O CENÁRIO NOS EUA

No ano passado, a AARP organizou uma conferência internacional sobre os desafi os, oportunidades e melhores práticas para os Prontuários Pessoais de

Saúde. O evento reuniu representantes da Austrália, Alemanha, Inglaterra, Irlanda e Canadá e resultou em um documento “Aprendendo com outros países: Lições e

questões da Política Nacional para os Registros Pessoais da Saúde”. O documento e outros materiais da conferência estão disponíveis no site www.aarp.org/healthit.

Por Josh CollettJosh Collett é

consultor internacional da AARP, organização

não-governamental que representa 38 milhões

de membros, defenden-do políticas e interesses de pessoas acima de 50

anos e seus impactos econômicos. Di

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Fonte: http://esa.un.org/unppFonte: AARP Public Policy Institute (Jan 2006)

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REPORTAGEM DE CAPA

QUEM DEVE PAGAR?Embora focado no cidadão, a expansão dos sistemas pesso-

ais da saúde está intimamente ligada ao mercado B2B. Para David Whintlinger, da Intel, as empresas que recebem a conta do alto cus-to da assistência, como o governo e operadoras de saúde, são a chave para o financiamento. “Os provedores de planos de saúde e empresários estão começando a empregar taxas aos indivíduos que fumam, são obesos ou pessoas que escolheram estilos de vida que levam a doenças crônicas. Mesmo assim, esse cenário deve se acentuar, as pessoas precisam ser motivadas para mudar seus com-portamentos. Aqueles que pagam pelos cuidados da saúde, seja em uma empresa ou seguradora, devem utilizar os PHR’s para ter a situ-ação sob controle”, explica.

Nos Estados Unidos, cinco empresas multibilionárias (Applied Materials, a BP America Inc., a Intel Corporation, a Pitney Bowers Inc. e a Wal-Mart) fundaram um instituto independente, sem fins lucrativos, para desenvolver o “Dossia”, um serviço baseado na Web por meio do qual os funcionários, dependentes e aposentados nor-te-americanos poderão manter uma ficha médica pessoal por toda a vida. Juntas, as companhias fornecerão esse benefício a mais de 2,5 milhões de pessoas em 2007.

O Dossia será disponibilizado inicialmente para os funcionários, dependentes e aposentados norte-americanos das cinco empresas originais, mas em pouco tempo será estendido para outras comunida-des de usuários e desenvolvedores de aplicações médicas pessoais. O Dossia continua a recrutar outros empregadores que compartilham os objetivos dos fundadores.

O envolvimento do usuário com foco na utilização racional dos benefícios e a gestão da saúde, de forma compartilhada com a or-ganização, também é fundamental para as companhias, além do de-senvolvimento de programas de gestão de saúde e monitoramento periódico de fornecedores e desempenho.

No Brasil, as empresas são as grandes financiadoras dos planos privados de saúde, que hoje atendem cerca de 36 milhões de beneficiá-rios. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam que, na soma dos contratos novos e antigos – anteriores à lei 9656/98 que regulamenta o setor – 68,6% são referentes aos planos coletivos, ligados às companhias. Se forem considerados apenas os planos no-vos – posteriores à legislação – o índice chega a 75,8%. A tendência é que esse número se amplie ainda mais nos próximos anos. Para a consultoria Towers Perrin, que realizou recente pesquisa sobre benefí-cios e sobre a inflação médica, o empresariado brasileiro deve aderir à iniciativa americana, passando a gestão da saúde para os funcionários, como forma de reduzir custos e minimizar riscos para a companhia.

(Leia mais na página 56, entrevista com Lais Perazo, gerente da área de saúde da consultoria Towers Perrin).

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O crescimento dos serviços de Telediagnóstico, Telemedicina e Teleterapia trouxe ao mercado de saúde um novo player: a indústria de telecomunicações. Essas empresas, que tinham na composição de sua receita basicamente o tráfego por voz, estão perdendo espaço e rentabilidade devido ao cresci-mento acelerado da voz pela Internet (Voip). Por conta disso, as operadoras de Telecom buscam no setor de serviços uma saída para driblar as perdas. Não demorou muito para notarem no mercado de saúde uma grande chance de negócio. E não apenas no fornecimento de banda larga ou storage. No mundo inteiro, elas estão se tornando empresas de serviços.

Para Hanhijärvi Hannu, do Sitra, as companhias de telecomunicação são certamente importantes “jogadoras” no desenvolvimento dos Sistemas Pessoais da Saúde. “Se elas entenderem seu papel cor-retamente, perceberão que são partes fundamentais para ligar o paciente ao provedor de seguro saúde. É ela quem fará a comunicação entre o consumidor e o profissional”, explica.

Diana Hodgins, da European Technology for Business (ETB), aposta que estas companhias são parte vital para os serviços da saúde do futuro. “Algumas telecoms estão investindo fortemente nessa área”, explica. E “investir” significa oferecer sozinhas – ou através de parceiros no mercado de saúde – serviços de TeleHealth para sua base de clientes. No mundo, isso significa 747 milhões de pessoas, com mais de 15 anos, que utilizaram a internet – em janeiro de 2007 – segundo a empresa de pesquisa comScore Ne-tworks. O Brasil tem quase 15 milhões de pessoas com acesso à internet, número que deixa o país como o 11º do mundo em quantidade de usuários da rede, o que representa um aumento de 16% no número de internautas no Brasil entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007. O crescimento global foi de 10%.

Se por um lado, as empresas e operadoras de saúde passaram a ver no prontuário pessoal uma chance de reduzir seus custos, por outro, a indústria de Telecom quer também agregar clientes à sua base, além de buscar novas receitas. Mundialmente, a fórmula tem dado certo e inúmeras empresas de telecomunicações estão agregando os prontuários pessoais como serviço para seus clientes, além do estabelecimento de inúmeras parcerias com governos, hospitais e operadoras de planos. “As com-panhias de telecomunicações estão se tornando cada vez mais ativas na área de saúde, em lugares diferentes do mundo. Muitas como centrais de serviços, oferecendo o Electronic Health Records (Pron-tuários Digitais) para a área médica”, defende Whintlinger, da Intel.

A telefonia móvel é outro importante “jogador” no mercado de saúde. As aplicações em saúde atra-vés dos PDA’s e celulares são crescentes. Uma pesquisa americana realizada recentemente mostrou que 60% dos executivos de hospitais planejam incluir os PDA’s em suas organizações dentro de dois anos. E as soluções não são exclusivas para hospitais e médicos. A Ericsson, por exemplo, uma das maiores fornecedores de sistemas móveis do mundo, deve apresentar ao mercado brasileiro o sistema Ericsson Mobile Health, celular destinado ao monitoramento do paciente. Segundo Marcelo Henrique dos Santos, gerente de vendas da Ericsson Enterprise no Brasil, a companhia está estudando o mercado para identificar as oportunidades e estabelecer preços e investimentos para a implantação do produto no País. A Ericsson atua em 140 países, contando com 100 mil clientes empresariais no mundo e 8 mil no Brasil. O mercado brasileiro é o quarto maior da empresa no mundo.

O Ericsson Mobile Health auxilia no tratamento de apoio e monitoração das doenças agudas e crô-nicas, incluindo patologias do coração, hipertensão e diabetes. Com o sistema, o paciente executa suas próprias medições, descreve o seu estado de sua saúde e instantaneamente passa as informações ao médico ou enfermeiro responsável por seus cuidados. Santos conta que até agora houve uma “aceitação fantástica” nos hospitais por todo o mundo. “Hoje, hospitais em Chipre, Singapura, Portugal, Espanha e muitos outros países estão testando o serviço Ericsson”, ressalta. A empresa assinou recentemente um contrato com dois hospitais públicos de Singapura para ajudar a monitorar pacientes agudos, tirando a sobrecarga da equipe de enfermagem.

A PARTICIPAÇÃO DAS TELECOMS

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REPORTAGEM DE CAPA

Na manhã de 8 de março passado uma seleta platéia – com os nomes mais expressivos da indústria de TICs em Saúde no Brasil, presente em um famoso hotel de São Paulo, assistiu a um anúncio histórico: a primeira iniciati-va de um Personal Health Records para o País. Norbert Olsacher, membro do Board da empresa alemã InterCom-ponentWare AG (ICW), uma das mais importantes forne-cedoras de sistemas PHR do mundo, disse estar conten-te com a conclusão do plano de negócios, a abertura do escritório em São Paulo, e de ter o Brasil como ponto de partida para a atuação da companhia na América Latina.

E não é para menos. Até o final deste ano, cerca de 100 mil brasileiros terão os seus próprios registros pesso-ais. O LifeSensor, sua solução de PHR, é direcionado ao paciente permitindo o acesso e gerenciamento das suas informações de saúde e estilo de vida. Para os próximos dois anos, a empresa prevê projetos em grande escala, que atenderão de 1 a 10 milhões de prontuários pessoais no País. “O usuário não vai mais esperar o médico, a ca-deia suplementar ou o Governo”, explica. A ICW pretende investir cerca de 3 milhões de euros na inserção e regio-nalização do produto no mercado brasileiro. Segundo o executivo, baseado na entrada da companhia em outros países, esse orçamento disponibilizado pela matriz é flexí-vel. “Ele pode se ampliar, assim que houver demanda ou um dinamismo no mercado”, explica.

Para atingir estes números, a empresa vai lançar a versão em português do LifeSensor, em junho, durante a Feira Hospitalar. “Vamos caminhar em duas direções. A primeira focando os clientes de operadoras privadas e grandes empresas. Na Áustria, por exemplo, estamos trabalhando com a maior operadora de saúde do país, a Uniqa, que utiliza o LifeSensor como forma de promover a saúde preventiva dos associados, reduzindo riscos. Ao todo são 1.3 milhões de vidas”.

BRASILLIFESENSOR, A PRIMEIRA INICIATIVA

Olsacher conta que a segunda estratégia é atuar em parceria com as empresas de telecomunicações, que são importantes parceiros de negócios nos países onde a ICW atua. “Estamos em fase de negociação para fechar em curto prazo um projeto piloto com pelo menos 100 mil usuários. No mundo, as empresas de Telecom estão cada vez mais propensas à área de serviços, com um grande interesse no mercado de saúde. No Brasil as conversas estão se iniciando e até junho queremos fechar os contra-tos com os parceiros que estamos negociando”.

Os serviços e acesso do prontuário pessoal por meio do celular também integram as negociações. “Estamos em contato com empresas de celular que querem ofe-recer aos seus clientes este tipo de serviço. A intenção é que se passe cada vez mais dados via celular, para ter mais tráfego. Com dados isolados de saúde, estas em-presas de telefonia móvel não conseguem fazer isso. Neste contexto eles precisam necessariamente de um produto como o LifeSensor, que para o usuário tem grande valor ”, conta.

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3 Demanda “No Brasil existem 40 milhões de clientes potenciais da saúde suplementar mais os clientes das empresas de Telecom. Então, a demanda é um ponto importante para nós. Para equipar este número de cidadãos va-mos demorar mais tempo que os planos de negócios em outros países que geralmente prevêem, entre 5 e 7 anos. Os números do Brasil são grandes”

3 Capacidade “Não existe um limite tecnológico. A plataforma é baseada em alta tecnologia, com sistema SAP, que permite crescer em escala aten-dendo a grandes demandas. Tecnologicamente, estamos prontos”.

3 Política de preço“Ainda não temos a resposta pronta, o mercado se mostra difícil neste sentido porque é muito segmentado, mais do que na Europa. Nas próximas semanas teremos um modelo para o mercado brasi-leiro. A idéia é que o valor mensal para o usuário não ultrapasse os R$ 25,00. Na Europa esse valor corresponde a cerca de 6 euros”.

3 Quem paga“Não há um caminho preferencial. Quem identifica normalmente os campos de atuação são os parceiros, ou seja, operadoras, go-verno, telecom. Para cada um desses parceiros é necessário um modelo de negócio”.

3 Aderência“O banco eletrônico também causou estranheza no início. Hoje, no mundo inteiro tenho acesso ao meu dinheiro. Vamos dar po-der ao paciente”

3 Resistência“Como é algo novo para o médico, hospitais e outros profissionais há, sempre algum tipo de resistência. Mas, à medida em que o médico se beneficia com as funcionalidades do sistema, automa-ticamente passa a ser o maior incentivador. Isso muda um pouco o papel do médico, que se torna um “coach” de saúde, o que também gera mais negócios para ele”.

3 Números“O Brasil deve representar de 8 a 10% do nosso faturamento. No primeiro ano, vamos colocar no mercado de 100 a 200 mil prontuá-rios. Minha experiência diz que, depois dessas primeiras implemen-tações, e provado o benefício, é muito mais fácil chegar ao primeiro, segundo milhão de usuários”.

NORBERT OLSACHER

O LifeSensor (www.lifesensor.com) per-mite que o próprio cidadão gerencie a sua saúde através de ferramentas de telemonitoramento, acesso e inclusão de dados clínicos, como o registro de remédios recebidos, acompanhamen-to de doenças crônicas, integração de dados laboratoriais, dados emergen-ciais e até mesmo medidas preventi-vas focando fitness, alimentação, etc. O acesso do usuário pode ser feito por internet, através de browser, celular, PDA. Todo o sistema pode ser integra-do aos outros sistemas ou outras ferra-mentas de terceiros.

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Leia mais sobre os Personal Heath Records (PHR), sobre o Life Sensor e os planos da ICW no mercado brasileiro em www.heathcarebrazil.com.br

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ECONOMIA

Os custos de assistência à saúde para os empresários americanos devem crescer 6% em 2007. O dado faz parte da pesquisa “Health Care Cost Survey”, da consultoria Towers Perrin, realizada duran-te agosto e setembro de 2006, com 167 companhias – que integram o ranking da revista Fortune e registram 3.5 milhões de vidas. O benefício da saúde para es-tas empresas representam mais de US$ 15 bilhões por ano. A despesa bruta deve aumentar em média US$ 518 por empre-gado, para uma média total de custos de US$ 8.748 por ano, contra US$ 5.386 de 2002. No Brasil, a projeção – segundo a consultoria – é que a inflação médica che-gue a 10.22%, com um custo médio de R$ 83,52 por mês, por empregado.

As empresas devem subsidiar 78% do benefício, contra os 22% cobertos pelos próprios trabalhadores. Em 2002, 81% do valor era pago pelas empresas. Para Lais Perazo, gerente da área de saúde da con-sultoria Towers Perrin, esse crescimento tem motivado as companhias a diminuir sua participação, repassando os custos para o empregado. “Esse é um número muito alto para um país que tem inflação

No Brasil, esse índice passa dos 10%Por Kelly de Souza

Inflação médica nos EUAdeve atingir 6% em 2007

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média de 2%. A tendência é que cada vez mais se compartilhe riscos entre empresas e empregados”.

Nos últimos cinco anos, os custos com o benefício aumen-taram 60%, nos EUA. A boa notícia é que os 6% projetados em 2007 representam o quarto ano de queda na média total. Mas, segundo a Towers isso não significa que as pressões estão dimi-nuindo ou que as companhias possam sentar e esperar que os custos diminuam. O estudo mostra que a ascensão dos custos com a saúde está destruindo as margens de lucro das empre-sas, bem como o aumento do salário dos empregados.

A análise apontou uma variação significante das despesas entre as companhias – que foram divididas como de alto e baixo desempenho. As companhias com custos mais baixos (alto de-sempenho) mostraram disposição de decidir e tomar decisões em relação aos benefícios. Quase metade das companhias de baixo custo (46%) toma decisão de forma mais ágil, enquanto as de alto custo “esperam para ver”.

O que diferencia os grupos de alto e baixo desempenho são as estratégias para criar uma “cultura da saúde” para a organização. Mais de 60% das empresas com alto desempe-nho implantaram ou devem implantar ainda este ano planos de saúde “dirigidos” pelos consumidores. Segundo Lais Pera-zo, esse redesenho do modelo de assistência à saúde prevê não só o compartilhamento dos custos, mas essencialmente transferência da responsabilidade da gestão da saúde para o empregado. “A intenção é incentivar a promoção da saúde por meio de prevenção, gerenciamento da saúde ou mesmo a uti-lização correta do plano”, explica. Seguindo essa tendência, os empresários estão não só exigindo que seus funcionários sejam mais responsáveis em relação a sua saúde e o próprio

processo do consumo médico, bem como estão apoiando a criação dessa mentalidade.

Para a consultora, a empresa é uma facilitadora do acesso à assistência e informação de saúde. “As compa-nhias não suportarão mais os custos sozinhas, por isso, não tenho dúvidas que elas vão investir para que os funcio-nários sejam bons consumidores e gestores de sua própria saúde. Os empresários entenderam, definitivamente, que se não fizerem isso o risco maior é deles”.

Lais Perazo, gerente da área de saúde da consultoria Towers Perrin

O que fazem as empresas com melhor desempenho

Divulgação

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ECONOMIA INFLAÇÃO MÉDICA

Por Enrico de Vettori [email protected]

A SAÚDE SOBE MENOSQUE A INFLAÇÃO

Recentemente, uma das mais importantes revistas

do País trouxe à tona o assunto: a inflação da saúde no

Brasil subiu menos que a inflação geral no período de

2001 a 2005. Confesso que a afirmação, em um primeiro

momento, causa indagação, já que em todas as localida-

des do mundo o padrão da inflação da área de saúde é

maior que o índice geral de inflação.

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Apenas para exemplificarmos, se pegarmos como re-ferência a taxa acumulada da inflação do setor de saúde versus o índice de preços ao consumidor em alguns países desenvolvidos, como os EUA e Canadá, notaremos que atingiram, respectivamente, valores superiores a 40% e 35%, no período de 2002 a 2004.

Então, ao mesmo tempo que o assunto era discuti-do, tomei conhecimento de um belíssimo trabalho, assi-nado por Carlos Octávio Ocké-Reis e Simone de Souza Cardoso, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), intitulado, “Texto para discussão nº1232 – uma descrição do comportamento dos preços dos planos de assistência à saúde (2001-05)”.

Entendi, portanto, que o trabalho em questão, realiza-do de forma politicamente correta, é realmente um texto para discussão e tenta refletir, especificamente, se os re-ajustes dos planos individuais acompanharam a evolução da inflação da economia e do setor da saúde.

Não podemos considerar a frase, “a saúde sobe me-nos que a inflação”, fora do contexto analisado – reajuste dos planos individuais e familiares versus a inflação geral -, totalmente correta se analisarmos os outros nichos e setores da cadeia da saúde de maneira sistêmica.

Aspectos metodológicos, variáveis e perspectivas dos atores da cadeia de saúde podem alterar os resultados aqui focados nos porcentuais autorizados pela Agência Nacio-nal de Saúde Suplementar (ANS) como teto máximo de reajuste para os planos individuais e familiares. Sabemos que a tecnologia não está distribuída de maneira uniforme, conforme dados do próprio setor, onde apenas 34 hospi-tais privados, num universo de sete mil estabelecimentos, detêm 7% dos equipamentos de tomografia computadori-zada do País. Desta forma podemos concluir que dentro da cadeia da saúde aspectos como regionalização e utilização da tecnologia médica especializada de última geração po-dem influenciar o padrão obtido neste estudo.

Em nível internacional, a escalada dos custos no âmbito dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não produziu me-lhores condições de saúde da população, nem atenção médica mais eficiente, e sim maiores preços, como, por exemplo, no caso dos EUA. No Brasil, constata-se o peso crescente da saúde no orçamento das famílias e a elevada participação de seus produtos na formação das taxas dos índices de preço ao consumidor.

Assim, parece razoável investigar os impactos da infla-ção do setor saúde sobre a economia, o sistema de saúde e a população, seja em relação à participação do setor saú-de no Produto Interno Bruto (PIB) ou à eficiência e à eqüi-

dade das políticas, apesar das características econômicas e institucionais do mercado dificultarem a mensuração dos preços dos bens e serviços do setor.

Como parte integrante do setor de serviços, o fator tra-balho é intensamente utilizado, além de apresentar baixa mobilidade e reduzida taxa marginal de substituição, consi-derando, respectivamente, seu caráter não comercializável e alto grau de especialização. Nessa estrutura, o apareci-mento de inovações tecnológicas não implica aumento au-tomático e generalizado da produtividade média, tampou-co permite que seu crescimento se dê no mesmo ritmo da atividade industrial, podendo alimentar uma tendência de alta dos custos dos serviços médicos.

O mercado de serviços de saúde se distingue dos de-mais setores da economia por possuir uma demanda ine-lástica e uma oferta indutora da procura.

Crer nessa tendência não obscurece a percepção de que determinados aspectos dos modelos de proteção social, da história das instituições, da formação dos pro-fissionais, da gestão dos sistemas de saúde, das formas de pagamento aos prestadores, e das técnicas geren-ciais podem se constituir em elementos decisivos para contra-arrestar a suposta inevitabilidade dos custos cres-centes, vis-à-vis a melhoria das condições de atenção médica e saúde das populações.

Em especial, no contexto da regulamentação da saúde privada, tornou-se necessário refletir sobre a inflação do setor saúde, considerando que a regulamentação dos pla-nos é de competência legal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Lei 9.961, em seu capítulo I, afirma

Enrico De Vettori é Gerente sênior da área de Consultoria Empresarial da Deloitte

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que cabe à agência “(...)autorizar reajustes e revisões das contraprestações pecuniárias dos planos privados de as-sistência à saúde, ouvido o Ministério da Fazenda (redação final da Medida Provisória n.o 2.177-44, de 24 de agosto de 2001)” (ANS, 2000). Em particular, a partir de 2000, a cada ano, a agência vem definindo, por meio de resolu-ções normativas, os índices para a aplicação de reajustes, estabelecendo a política de preços dos planos individuais e familiares e dos planos de autogestão não patrocinados (financiados diretamente pelos usuários). Esses planos de-pendem de prévia autorização da agência para aplicação de reajustes, leiam-se, contratados após janeiro de 1999 ou adaptados à Lei 9.656, de 1998 (ANS, 1998).

Chamamos a atenção do leitor para certos aspectos relacionados à política de reajuste dos preços dos planos individuais. Assumindo uma dimensão exploratória, avalia-se o comportamento dos preços dos planos de assistência à saúde, a partir dos índices de preços do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômi-cas (Fipe), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da base de dados macroeconômicos, financeiros e regionais do Ipeadata.

ECONOMIA INFLAÇÃO MÉDICA

Comparam-se tais índices com os reajustes da ANS, no período compreendido entre maio de 2001 e abril de 2005, comparando a diferença do reajuste patrocinado pela agên-cia e o aumento dos planos empresariais (os quais, em tese, deveriam funcionar como uma espécie de referência média, um benchmark); outro, estimando a evolução dos preços do setor saúde, à luz da política regulatória definida para o período 2006-2007; e o último comparando a evolu-ção do salário real versus a evolução dos preços dos pla-nos individuais, evidenciando uma crise de subconsumo.

Esses índices foram comparados com os reajustes de preços definidos pela Agência Nacional de Saúde Su-plementar (ANS), para responder, basicamente, se os re-ajustes dos planos individuais acompanharam a evolução da inflação da economia e do setor saúde. Não é correto, portanto, afirmar que a saúde cresceu menos que a infla-ção quando analisamos sob outras dimensões que não as envolvidas neste belo estudo de caso.

Nessa linha, é importante desenvolver estudos acer-ca das implicações da inflação do setor saúde sobre o bem-estar dos consumidores, cuja liberdade de escolha restrita ao mercado de planos pode tornar o efeito infla-cionário dramático.

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ECONOMIA

Verticalização tira receita dos hospitais privados

A Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), em parceria com o Centro Paulista de Economia da Saúde (CPES), apresentou o último levantamento do Sistema In-tegrado de Indicadores Hospitalares, referente ao terceiro trimestre de 2006. A Anahp conta atualmente com 36 as-sociados, que representam 12% do PIB do setor. Compa-rado a 2005, o EBTIDA mediano dos hospitais cresceu de 16.9% para 19.2%. Em relação ao segundo trimestre de 2006, esse índice foi 18.8%.

Mesmo com uma margem considerada boa para o mer-cado de saúde brasileiro, a associação não vê esse número como um sinal de recuperação. Segundo Roberto Cury, su-perintendente da Anahp, houve queda de receita por pa-ciente/dia por leito – o que preocupa a entidade. “A vertica-lização dos serviços por parte das operadoras de planos de saúde, que cada dia mais passam a ter serviços próprios, está desviando os pacientes dos hospitais”, explica.

Cury ressalta que existe falta de visão de cadeia produ-tiva para o setor. “Até que ponto isso é bom para o sistema? Se as operadoras usassem a verticalização como uma for-ma de melhorar a qualidade, mas a estratégia vai de encon-tro apenas à redução de custos. Esse é o problema e uma ameaça para todos no mercado. Não adianta apenas um elo da cadeia ser forte”.

Para o superintendente da Anahp, os hospitais priva-dos ainda são dependentes da margem de comercializa-ção dos materiais e medicamentos para sobreviverem. O repasse desses produtos representou - segundo o le-vantamento - 42,8% da receita dos hospitais. “As diárias e taxas não sobem, as glosas crescem. Essa é a única forma que temos para equilibrar as contas”, ressalta. Por um outro lado, os indicadores de qualidade conti-nuam subindo. O estudo mostrou ainda que o índice de pessoal por leito aumentou.

VEJA OS PRINCIPAIS INDICADORES ABAIXO

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HEALTH - IT

Treinamento de médicos on-lineA Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal

de Medicina (CFM) lançaram o Programa Nacional de Educação Continuada a Distância, totalmente em ambiente web, que visa atualizar os mais de 316 mil médicos ativos no Brasil. As aulas abrangerão 56 especialidades médicas reconhecidas oficialmen-te pelas instituições, com total de 2688 horas de programação. O treinamento será baseado no Projeto Diretrizes, que reúne as melhores evidências científicas, permitindo a profissionais dos setores público e privado, utilizaram-se de procedimentos e diag-nósticos comprovadamente eficazes.

A solução, desenvolvida pela Med Center, garante que mé-dicos moradores de regiões distantes do interior do Brasil ou de difícil acesso recebam o mesmo conteúdo de excelência que os médicos de hospitais de referência dos grandes centros.

Segundo o presidente do CFM, Edson Oliveira Andrade, por ano mais de 35 mil artigos são indexados. Em cinco anos se per-de cerca de 50% do conhecimento.

O processo valerá créditos para a revalidação do título de es-pecialista que deve ocorrer, obrigatoriamente, a cada cinco anos.

Japão, EUA e Brasil formam consórcio para pesquisar robótica biológica

O Instituto Internacional de Pesquisa Avançada em Tele-comunicações (ATR, na sigla em inglês), em Kyoto, no Japão, fechou consórcio com os centros de neurociência no Brasil, Estados Unidos e Suíça, que estudam a criação de próteses neurais baseadas na interface entre cérebro e máquina.

O objetivo da colaboração, segundo o diretor do De-partamento de Robótica Humanóide e Neurociência Com-putacional do ATR, Gordon Cheng, é criar robôs e disposi-tivos robóticos que poderão ser controlados pelo cérebro de pacientes com paralisia corporal.

Além do ATR, participam do consórcio o Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke (Estados Uni-dos) e o Instituto do Cérebro e da Mente da Escola Poli-técnica Federal de Lausanne (Suíça).

No Brasil, as três entidades certificadas são o Institu-to Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) e, Natal, o Laboratório de Neuroenge-nharia, coordenado pelo Hospital Sírio-Libanês (HSL) e a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio a Pesqui-sa (AASDAP), ambos de São Paulo.

Atualmente, os sistemas desenvolvidos pelo grupo de Cheng são inspirados inteiramente em modelos biológicos. Gordon vê como próximo passo um olhar à interação entre humanos e autômatos.

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APARELHOS CELULARES SEGUROS

Ligações feitas de telefones celulares não afetam os dispositi-vos médicos de hospitais. Testes realizados na Clinica Mayo, em Minessota, mostraram que o uso dos aparelhos, também nas liga-ções recebidas, não causou nenhuma interferência em equipamen-tos médico-hospitalares. A pesquisa, que contou com mais de 300 testes em cinco meses, testou 192 dispositivos médicos diferen-tes. A maioria dos hospitais americanos proíbe o uso de celulares.

Já o CD Player portável e dispositivos antifurto causaram erros de leitura e de ritmos em eletrocardiogramas, marcapassos e des-fibriladores.

CalifórniaTI na ordem executiva

As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na área de saúde continuam na ordem executiva da Califórnia (EUA). O Governador Arnold Schwarznegger assinou uma parceria com o governo federal dos EUA que prevê investimentos de US$ 3.45 bilhões em fundos federais. O objetivo é melhorar a qualidade da informação nos sistemas público e privado da região, expandindo os benefícios para os cuidados da saúde.

Oracle incrementa plataforma para saúde

Com a proposta de incrementar a interface das infor-mações entre profissionais e instituições do setor de saú-de, como hospitais e centros médicos, a Oracle aprimorou o Oracle Healthcare Transaction Base (HTB), plataforma de integração, desenvolvimento e operação de aplicações de TI para a área de saúde. A solução é baseada no padrão HL7, projetado para assegurar a troca de informações clí-nicas, garantir a confiabilidade dos dados e favorecer a sinergia entre as diferentes áreas operacionais.

De acordo com Marcelo Challú, diretor para o Setor Público da Oracle América Latina, padrões como o HL7 são ferramentas fundamentais na rotina das instituições de saúde que garantem a qualidade do atendimento mé-dico e o controle exercido pelas agências governamentais de saúde. “A adoção dessa classe de padrões por parte das organizações na América Latina é fundamental para que elas consigam lidar com o desafio de oferecer mais serviços com níveis de qualidade elevados e custos con-trolados”, afirma.

Pará terá prontuário eletrônico dos pacientes

A Secretaria de Estado de Saúde Públi-ca (Sespa) do Pará vai elaborar um projeto para a implantação de um novo Sistema de Gerenciamento de Informação em Saúde. O médico cardiologista Hervaldo Sampaio Carvalho, que desenvolveu um sistema de gerenciamento que já está sendo utilizado no Hospital Universitário de Brasília, será o responsável pelo projeto.

A finalidade é unificar todas as informa-ções do Sistema de Saúde em uma única rede, facilitando o acesso de qualquer par-te do Estado. “Com as informações atuais e em tempo real nas mãos, fica mais fácil para os gestores tomarem as decisões. Va-mos tentar melhorar a assistência à saúde usando a tecnologia. As informações de saúde do paciente têm que ir aonde o pa-ciente estiver”, acrescentou.

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HEALTH-IT OPINIÃO

Peter Waller é um contumaz participante de maratonas. Com 42 anos, treina todos os fins de semana para estar sempre pronto para os novos desafios dessa modalidade esportiva. Na próxima maratona de Nova York, Peter vai vestir uma malha de lycra, sem costura, exatamente igual ao colete dos maratonistas. A malha tem embutida em seu tecido uma coleção de biosensores (smart shirt sys-tem). Nos treinamentos, bem como na prova, o colete estará aferindo em tempo real o seu batimento car-díaco, os níveis de sua respiração, a temperatura do corpo, a pulsação e vários outros sinais que de alguma forma sinalizam sobre como seu or-ganismo reagirá a cada passada. O

colete poderia ser de lã ou algodão e não produz qualquer desconforto. Um amigo de Peter, médico, sempre que pode, de seu consultório, a milhas de distância do atleta, dá “uma olhada” nos sinais enviados para seu computa-dor pela malha do amigo. Peter é gerente de uma loja de equipamentos de pesca, classe média, dois filhos e não foi e nunca será um atleta profissional.

Malha com Biosensores? Ficção Científica? Não. Realida-de, atual e comercializada pela empresa americana Sensatex desde o ano 2000.

Assim como Peter, que não tem nenhum problema cardíaco, milha-res de usuários estão “entrando”

Por Guilherme S. [email protected]

É a sua roupa lhe comunicandoATENÇÃO! SUA PRESSÃO SANGUÍNEA ESTÁ ALTERADA!

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nessas malhas, não para correr, mas para prover um eficiente mo-nitoramento de suas condições fí-sicas, a maioria com antecedentes de disfunções crônicas.

Albert Norval é um finlandês re-sidente em Helsinque. Casado três vezes, como manda a boa tradição nórdica, possui um razoável histó-rico familiar de doenças cardíacas. Há dois anos comprou um celular Herz Handy (Vitaphone). O mesmo possui dois eletrodos na sua parte inferior que em contato com o cor-po de Norval é capaz de aplicar um ECG (exame eletrocardiográfico) e enviar os dados por satélite a uma Central de Atendimento que o mo-nitora 24 horas por dia. O celular também possui um GPS (sensor capaz de localizar o aparelho) que nunca deixa Norval sem a possibi-lidade de uma imediata localização e atendimento.

A Sra. Elizabeth Krull vem tra-tando a algum tempo de sua dia-bete. Mora na Califórnia, pesa 93 kg e tem 1,81 de al-tura. Os problemas cresceram e ela se viu obrigada a entrar num programa de monitoramento contínuo. Para tanto, utiliza todo o tempo uma faixa sensorial no braço esquerdo, denominada SenseWare (largura com cerca de 40 cm). Mesmo dormindo, o software InnerView, que comanda os sensores da faixa, está continuamente afe-rindo os sinais vitais de Elizabeth e os enviando à Clínica responsá-vel pelo seu programa de moni-toramento. Qualquer anomalia é imediatamente identificada pe-los sensores e enviada à Clinica. Elizabeth é medicada em função dos dados acumulados e sua qualidade de vida nesse período melhorou dramaticamente.

Os sensores eletromagnéti-cos, os bionsensores e os devices (equipamentos de comunicação sem fio) vão lhe fazer companhia em pouco tempo. Vão estar com você o tempo todo. No trabalho,

no lazer, enquanto você dorme ou mesmo enquanto desenvolve suas atividades sexuais. Você vai com-prá-los em Farmácias e vai presen-tear seus familiares e amigos com a última novidade em Biosensor. Vai ganhar um de brinde no final do ano e vai achar que sua vida sem eles não tem garantias.

Biosensores? Sensores Clíni-cos? Roupas Sensorizadas? Mais brinquedinhos da sociedade de consumo ou algum novo modismo médico? Não. A única definição pos-sível: uma espantosa revolução, irre-versível, que pode dar uma grande dianteira à ciência médica na corrida contra as doenças crônicas.

Um biosensor é um dispositivo no qual se incorpora uma subs-tância (ex: uma enzima, um anti-corpo, uma proteína, DNA, etc.) para poder medir de modo seleti-vo determinadas substâncias. Um exemplo seria medir a quantidade de chumbo ou de bactérias na

água ou a quantidade de toxinas presentes nos alimen-tos. Eles não são só utilizados na área de Saúde, mas 60% deles estão centrados nas aplicações clínicas.

O professor Anthony Turner, da Universidade de Cran-field, Inglaterra, uma das maiores autoridades no mundo sobre o assunto, escreveu que “os sensores médicos e os biosensores vão mudar totalmente a forma como com-

preendemos a Saúde de um ser humano”. Sua revolução não tem paralelo na medicina moderna. Seu potencial é indescritível e abre uma enorme quantidade de aplica-ções nunca antes imaginadas.

Os sensores clínicos eletro-magnéticos não são menos impor-tantes. Em poucos anos qualquer pessoa poderá estar em sua casa ou em qualquer lugar do planeta e ser monitorada e gerenciada por esses sensores que detectam, avisam e podem até mesmo inte-ragir diante de qualquer descom-pensação do organismo.

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Outro sensor, desenvolvido pelo Fraunhofer Institu-te for Integrated Circuits, na Alemanha, objetiva apoiar a cura da apnéia do sono. Trata-se de um dispositivo portátil, dotado de sensores polímeros, que é fixado no tórax do paciente e que durante o sono grava vários si-nais vitais, tais como sua respiração, sua pulsação, seu batimento cardíaco, o nível de oxigênio no sangue e até mesmo a posição em que o usuário dorme. Os dados são comunicados às Centrais de Atendimento através da tecnologia bluetooth, ou rádio freqüência (RFDA), e são analisados de modo que os médicos possam identificar as características do problema de cada paciente e esco-lher a melhor terapia ou procedimento clínico.

Você já se imaginou fazendo compras num Shopping Center de Roupas Inteligentes? Não?

Pois bem, não menos revolucionárias são as “roupas inteligentes” (Smart Clothes), um outro campo em que os sensores ganham rapidamente espaço. Roupas inteligen-tes, como o colete de Peter, são plataformas tecnológicas formadas a partir de sensores miniaturizados e capazes de aferir os sinais vitais oriundos do organismo do usuá-rio. Essa plataforma é composta também por uma rede in-terna de comunicação, implantada dentro do tecido, que armazena e comunica em tempo real as medições feitas.

O interesse pelo Monitoramento da Saúde realizado por Sensores “Usados” pelos pacientes, também deno-minados de WHS - Wearable Health Systems, tem origem na necessidade de se estender os cuidados médicos para

HEALTH-IT OPINIÃO

fora dos Ambientes de Atendimento (hospitais, clínicas, ambulatórios, etc.). As principais nações do mundo estão preocupadas em desenvolver instrumentos, sistemas e serviços capazes de monitorar o paciente de forma “so-litária”, por longos períodos de tempo e fora do ambiente médico-presencial. Os motivos são óbvios: redução de custos e melhoria na qualidade de vida do cidadão.

Em poucos anos suas “meias inteligentes” poderão medir seu peso a qualquer instante, suas “roupas ínti-mas espertas” terão a capacidade de aferir a intensida-de de sua libido e seu “sapato notável” saberá quantos quilômetros você andou naquele dia e qual foi o circui-to, mostrando a região, o bairro e os nomes de cada rua ou praça que você passou. Novamente, lembro que não se trata de ficção Matrix ou texto de auto-ajuda. Os avanços em Pesquisa e Desenvolvimento nessa área já movimentam bilhões de dólares em todo o mundo.

Isso só está sendo possível pela introdução de um conjunto de tecnologias biomédicas que utilizam a mi-cro e a nanotecnologia, a moderna engenharia de mate-riais têxteis e as avançadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Esse conjunto de “ferramentas” poderá em algum tempo nos alertar dos problemas com antecedência e talvez evitar, por exemplo, cerca 40% dos casos de óbitos por lesões coronárias.

A idéia de empregar sensores na área médica não é nova e a própria introdução do marcapasso foi um grande salto na direção de utilizar dispositivos

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sensoriais capazes de prever problemas de Saúde e prover ações que os neutralizassem.

Hoje o desafio tecnológico está focado na confiabili-dade, na precisão e na “responsabilidade” dos sensores em captar as informações com segurança. Para isso as tecnologias biomédicas, as amplas possibilidades de mi-niaturização dos sensores, a capacidade crescente dos sistemas de telemetria sem fio (wireless telemetric) e a nanotecnologia têm dado uma grande ajuda, tornando os sensores cada vez mais uma realidade.

Exemplos desse avanço não faltam. Já existem à disposição do mercado consumidor dispositivos senso-riais e equipamentos portáteis de grande importância, tais como os dispositivos de transferência telefônica da pressão sanguínea do usuário (BP-Tel), ou do controle de seu peso (Weight-Tel) ou mesmo com relação aos níveis de glicose no sangue (Blood GlucoseMeter).

Os jogadores de baseball do Boston Red Sox estão usando nos treinamentos um pedômetro pequeno (intelli-gent pedometer), sem fios, chamado o ActiPed. Não é um pedômetro qualquer, mas um sensor-monitor que contro-la a atividade do atleta com precisão, aferindo quantas calorias ele queima, qual a distância percorrida nos treina-mentos e vários outros itens importantes na preparação da equipe. O sensor, acoplado ao tênis do atleta, trans-mite automaticamente todas as métricas ao notebook do preparador físico. O sistema ActiHealth, que gerencia o pedômetro, recebe os dados e provê informações ao res-ponsável do time sobre a atividade física, peso, gordura no corpo, pressão sangüínea, batimento cardíaco e glico-se no sangue, a qualquer hora e em qualquer lugar.

Mas talvez o caso mais fantástico seja um sensor de-senvolvido com o auxílio da nanoteconologia que vem sen-do estudado pela Harvard University. Trata-se de um minús-culo componente, menor do que a largura de um cabelo humano e conhecido pelo nome de nanowire. O “bichinho” é 1000 vezes mais sensível do que os testes convencionais de DNA e é capaz de produzir os mesmos resultados em minutos. Nos estudos preliminares, em laboratório, o novo sensor mostrou que tem potencial para detectar com mui-to mais eficiência, por exemplo, o gene do “fibrosis cystic”. Esse gene é responsável por uma doença genética fatal, comum entre os povos de origem européia.

“Esse minúsculo sensor deverá representar uma nova Era para o diagnóstico médico,” diz Charles M. Lieber, Ph.D., professor de Química de Harvard e um dos cientistas que estudam o nanowire.

É assombroso pensar que você poderá entrar num consultório médico, retirar uma gota de sangue do dedo

e em minutos ouvir do médico o diagnóstico relativo a um vírus fatal, de alto impacto na geração de uma do-ença genética. Os responsáveis pelo projeto informam que o nanowire pode distinguir com precisão dois tipos de fragmentos de um gene, mesmo ocorrendo em ní-veis baixíssimos, o que jamais um teste convencional de DNA poderia detectar. Mais que isso, o nanosensor não necessita de técnicas sofisticadas e de alto custo, ao contrário dos testes convencionais.

Há milhares de anos nossos antepassados além de comida e abrigo, precisavam de roupas para proteger o corpo das intempéries do clima. Há mais ou menos seis mil anos o homem começou a substituir a pele dos animais, que era a única forma de “tecido” capaz de gerar roupas, por mercadorias fabricadas com tecidos feitos manualmente pelos teares e depois pelas primei-ras roupas desenvolvidas de forma industrial.

As roupas foram protegendo o corpo, apropriando várias tecnologias e atributos estéticos. Transforma-ram-se em nossa segunda pele.

Existe um velho pensamento chinês mostrando “que a vida humana pode ser resumida em três fatos importan-tes: nascer, viver e morrer. Mas o homem não se sente nascer, sofre ao morrer e se esquece de viver”. Os sen-sores e os biosensores estão chegando para nos ajudar a lembrar, dia e noite e onde quer que estejamos sobre a importância de viver. Eles estarão sempre atentos, caso nossa ignorância amordace nossa memória.

Guilherme S. Hummel é autor do livro “eHealth – O Iluminismo Digital chega a Saúde”

www. ehealth-summit.com

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INDÚSTRIA

O Brasil está perdendo oportunidades em mercados árabes por falta de investimento em marketing promo-cional e programas de relacionamento. A opinião é do diretor de Projetos da Feira Arab Health, Simon Page, que considera necessária uma ênfase maior na divulgação de informações sobre a produção brasileira, através de cam-panhas promocionais para a abertura de novas possibili-dades de negócios entre as duas regiões. “Outra forma é que fossem convidadas as delegações do Oriente Médio para visitar as indústrias brasileiras”.

Segundo Page, a região obteve nos últimos três anos injeção maciça de investimentos oriundos dos setores pú-

blico e privado. Um dos motivos é a economia, que per-manece estável devido ao preço do petróleo assim como a moeda, ligada ao dólar, que juntos somam um atrativo a mais para a instalação de hospitais e companhias. Isso atraiu nomes de peso como os americanos Moorefield´s eye Hospital, Harvad Medical e Mayo Clinic, só para citar alguns exemplos dos investimentos estrangeiros no país. Mais de 90% dos produtos das áreas médicas e farma-cêuticas utilizados em alguns países são importados.

A participação da indústria brasileira na Arab Health 2007 gerou receita superior a US$ 1 milhão, em quatro dias. O saldo foi divulgado pela ABIMO (Associação Bra-

Indústria brasileira perde negócios em mercados árabes. Falta de informação e campanha promocional sobre produtos impedem crescimento

comercial entre as duas regiõesPor Gabriel Pizzo [email protected]

POUCO MARKETING =

MENOS NEGÓCIOS

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sileira da Indústria de Artigos e Equi-pamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), que acredita que o número pode saltar para até US$ 12 milhões em contratos de exportação nos próximos 12 meses, como resultado da participação de 34 companhias brasileiras no evento. En-tre 2001 e 2005, as vendas externas do setor cresceram 112%. Atualmente, a América Latina chega a representar até 50% das exportações brasileiras, con-tra 20 a 30% para países árabes. Nesse último caso, porém, problemas de lo-gística (transporte e frete) encarecem os produtos.

Mas os números são tímidos se comparados aos Estados Unidos, Ale-manha, Japão e os emergentes China e Índia. Um dos fatores que favorecem a entrada desses países em solo árabe é a economia e, no caso dos dois últi-mos, a mão-de-obra acessível e o alto custo-benefício para os fabricantes.

Segundo Page, uma das áreas mais atrativas para novos entrantes é a in-dústria de tecnologia da informação para a saúde. “É bom para nós por que geralmente a tecnologia é limitada e, como não são muitos os hospitais anti-

gos, a última infra-estrutura de TI foi incluída quando eles foram construídos”.

Exigência de certificação

E a evolução das exportações aumentou também os investimentos em certificações de produtos. O setor sal-tou de 4.873 produtos certificados em 2003 para 38.828 em 2005, em um grande esforço público-privado de inser-ção em mercados com alto potencial de compra. No ano passado, o aporte de recursos para a obtenção de certifi-cações chegou a aproximadamente R$ 200 milhões.

E o investimento faz sentido. A preocupação com pro-dutos relacionados com a saúde é tanta que os países do GCC, composto por Emirados Árabes, Catar, Arábia Saudi-ta, Omã, Estado de Barém e Kuwait centralizam suas com-pras nos mercados norte-americano e europeu devido aos padrões internacionais de qualidade. A apreensão da co-munidade internacional com certificações e adequações

de produtos é tanta que parte dos R$ 20 milhões empre-gados no novo projeto entre a ABIMO e a APEX (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) serão em-pregados nesse aspecto, além de ações de capacitação empresarial e missões internacionais em Cingapura, Peru, Venezuela, Panamá, Egito e Estados Unidos, assim como no Leste Europeu, África e Oriente, com Polônia e Turquia como países-chave para a entrada nessas regiões com grande potencial comprador. “O esforço para conquistar novas fronteiras está permitindo ao Brasil exportar hoje mais para países em desenvolvimento do que para países desenvolvidos”, argumenta Hely Audrey Maestrello, dire-tor executivo da Abimo. “Temos qualidade diferenciada e preços competitivos”, garante Juan Quirós, presidente da Apex. “Há também a recente abertura dos mercados no leste europeu e a necessidade de produtos importados, que surge como boa opção para o país”.

Estão programadas onze feiras internacionais, confec-ção de materiais promocionais e a realização do chamado Projeto Comprador, que é a vinda de importadores ao Bra-sil, além da produção de estudos de mercado. “Aumentar a capacidade de negócios inclui duas vertentes: pé na es-trada e qualidade” argumenta o presidente em exercício da Abimo, Djalma Rodrigues. “O mercado externo é mais exigente por normas de qualificação. Temos que aumen-tar as qualificações e preparar novos produtos”. Segundo Rodrigues, cabe ainda ao Governo contribuir com as em-presas brasileiras investindo na compra de novos equipa-mentos para os hospitais nacionais.

O dragão vermelho e a burocracia

Os empresários são unânimes em afirmar: os principais obstáculos para o desenvolvimento da indústria médico-hospitalar brasileira passam pela alta burocracia envolvendo os negócios e a China, economia que cresce ao nível impressionante de 10% ao ano.

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O excesso de burocracia e a alta carga tributá-ria tornam o país menos competitivo. “Esses gargalos não chegam a ser um empecilho para as exportações das micro, pequenas e médias empresas”, garante o presidente da Apex, Juan Quirós. “Muitas vezes, a prin-cipal dificuldade é saber, de fato, para quem exportar, como distribuir e promover seus produtos”, garante.

A associação se defende com números. Uma pesquisa realizada pela CNI (Confede-ração Nacional da Indústria) aponta que os principais entra-ves para a exportação são a bu-rocracia alfandegária e custos portuários. Especialistas ava-liam que os problemas logísti-cos oneram a estrutura produti-

va brasileira em percentuais que variam entre 12 e 25%. Segundo a Apex, no modal aéreo, a Infraero dis-

pôs de R$ 470 milhões em 2005 para investimento em obras e reformas de terminais aeroportuários de pas-sageiros e de cargas. Já a linha ferroviária recebeu em 2005 investimentos que ultrapassaram R$ 2,1 bilhões. “Somado a isso, temos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) lançado recentemente pelo presidente que prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010 em infra-estrutura em estradas, portos, aeroportos, energia, habitação e saneamento”. O plano, no entanto, ainda não foi bem recebido por economistas.

A Apex-Brasil está investindo na instalação de Cen-tros de Distribuição de produtos brasileiros em países estratégicos com o objetivo de agilizar a entrega de pro-dutos ao comprador e reduzir a distância entre o produto brasileiro e o consumidor. O setor de equipamentos de saúde partiu de US$ 195 milhões de exportações em 2003 para US$ 400 milhões em 2006, com destaque para equi-pamentos odontológicos, implantes de silicone, equipa-mento neonatal, implantes odontológicos e ortopédicos, bisturis elétricos e os de consumo instrumental.

Mas um dos grandes empecilhos para as exporta-ções brasileiras pode ser a China e a Índia. A densida-de demográfica desses países favorece a produção em grande escala principalmente pela quantidade de mão-de-obra disponível, o que resulta em vantagem compe-titiva. “Mas, no Brasil, o setor tem buscado minimizar a ação desses dois concorrentes investindo em novas tecnologias a partir da fabricação de produtos diferen-ciados. Isso significa que o Brasil deve se posicionar no mercado pela qualidade e tecnologia, aliadas ao bom custo/benefício”, analisa Quirós.

Estimativas apontam que em 3 ou 4 anos esses países podem ampliar a oferta, assim como tem acontecido na

área de tecnologia da infor-mação, com produtos com preços mais acessíveis aos praticados pelo mercado. “Temos chances de buscar nichos de mercado e apos-tar na demanda por produ-tos de qualidade, até por-que estamos tratando com a saúde das pessoas”.

Simon Page, diretor de Projetos da Feira Arab Health

INDÚSTRIA

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Divulgação

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INDÚSTRIA

O Santander Banespa firmou convênio com a Associação dos Médicos do Hospital Mãe de Deus (AMEND), de Porto Alegre, para que pacientes pos-sam utilizar crédito das redes Visa e Mastercard junto aos médicos sócios. Entre as vantagens, está a pos-sibilidade do parcelamento em até 12 meses, sem qualquer taxa adicional. Todo médico sócio terá direito a usufruir o sistema, mas aqueles que são correntistas do Santander poderão ainda antecipar os valores rece-bíveis por meio de uma linha de crédito exclusiva.

A estratégia visa facilitar a vida do paciente, que poderá financiar procedimentos muitas vezes não cobertos pelos planos de saúde. O sistema permite que se amplie o prazo de pagamento, ao mesmo tempo em que reduz o risco de inadimplência.

O Santander Banespa conta com R$ 41,3 bilhões em fundos de investimentos e 7,4 milhões de clientes. Com uma rede de mais dois mil pontos-de-venda, entre agências e postos de atendimento, é o quarto maior banco privado do País em ativos e o primeiro banco estrangeiro. Na América Latina, o Grupo é a franquia bancária líder, administrando volumes de negócio de aproximadamente US$ 250 bilhões (créditos, depósitos e fundos de investimento e de pensão) por meio de 4,3 mil agências. Em 2006, o Santander obteve lucro líquido de US$ 2,86 bilhões na região, volume 29% superior ao apresentado em 2005.

Santander Banespa fecha parceria com Mãe de Deus

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INDÚSTRIA

TRAKHEALTH ANUNCIA ESTRATÉGIA

A TrakHealth, multinacional especializada em gestão da tecnologia da informação em sistemas de informações hospi-talares e laboratórios clínicos, anunciou durante o Partner Focus 2007 - evento dirigido aos parceiros de negócios da companhia - sua nova estratégia de metodologia de serviços e de implan-tação de projetos, o Trak Implementation Methodology (TIM), baseado em técnicas de gestão de processos, mudanças e projetos. O TIM propõe implementações por fases, com resul-tados rápidos “quickwins”, utilização de templates e padrões, além da colaboração do cliente durante a implementação.

A companhia está universalizando suas estratégias com foco na gestão de vendas e na administração de seus parcei-ros. Durante o evento, foram apresentados novos produtos da companhia e suas finalizações tecnológicas. Atualmente, a subsidiária brasileira é responsável por 20% do faturamento total do grupo e mantém um crescimento médio de 30% ao ano desde sua entrada no país, em 2002. Possui em sua cartela de clientes no país 45 Unidades de Atendimento à Saúde. A empresa espera fechar dez novos clientes este ano no Brasil.

HOME DOCTOR MUDA SUPERINTENDÊNCIA

O médico cirurgião Carlos Eduardo Lodovici Tavolari assumiu a Superintendência Geral da Home Doctor. Sua missão será implementar o planejamento estratégico da empresa junto aos colaboradores. Tavolari é especializa-do em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas.

ABIMED TEM NOVA DIRETORIAA Associação Brasileira dos Importadores de Equipa-

mentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed) passa a ser presidida, até o final de 2007, por Aurimar José Pinto (Johnson & Johnson). A nova diretoria também é composta pelo vice-presidente Abrão Luiz Mel-nik (Promedon), diretor-secretário Silvio Ferrari, da Baxter Hospitalar; pelo diretor financeiro Pedro Stern, da CAS Pro-dutos Médicos e pelo diretor Ely Dabbah, da Dabasons.

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UP TO DATE

O Sistema de Ultra-som Hi Vision, da Hitachi, é digital e leva a última geração da tecnologia de processamento de sinais, design so-fisticado do transdutor e um grande número de características e op-ções que capacitam a representação gráfica através de toda extensão de situações clínicas. A arquitetura eletrônica do 5500 incorpora um circuito avançado de designs, otimizando a eficiência e funções. O resultado final é uma performance na qualidade da imagem e na ope-ração do sistema.

O dinâmico painel de controle iluminado da Hitachi usa uma ilumi-nação de 3 estágios para fornecer um visual de retroação na operação do sistema.

HI VISION™ 5500

HEARTSTART MRX DESFIBRILADORA Philips possui a única tecnologia bifásica do mercado, SMART

Biphasic, que recebeu por parte da American Heart Association de-claração atestando sua eficiência e segurança nos tratamentos que utilizam desfibrilação de baixa energia. A família de desfibriladores e cardioversores HEARTSTART, (HEARTSTART FR2+, HEARTSTART XL e HEARTSTART MRx) permite rápido atendimento pediátrico e adulto em ambientes hospitalares e pré-hospitalares.

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Um detector agudíssimo de quantum é a base para todos os sistemas Multi Slice CT Toshiba. Segundo a empresa, os sistemas Aquilion revelam detalhes nas imagens que só é possível com uma tecnologia Quantum 0.5 mm. Suplementada com uma variada seleção das tecnologias SURE, o sistema Aquilion assegura a melhor performance em diagnóstico com uma menor dose de raios.

MULTI SLICE CT TOSHIBA

LED HEADLIGHTSEsse Fotóforo 3S LED possui iluminação coaxial, temperatura de cor referência de

6000°K, luz brilhante e branca e uma distância de trabalho de 250mm, proporcionando o dobro de luminosidade que outros padrões LED ou lâmpadas convencionais, 3W e alta potência com 20.000 horas de tempo de serviço, íris de regulagem contínua, foco de 20mm a 130mm (a uma distância de 500mm) reostato com indicador luminoso, sinal sonoro de desligamento e regulagem de luminosidade integrado. Montado sobre a cinta de cabeça, permite adaptação para microcâmeras ou lupas “HR” e “HRP”, cinta de ca-beça regular L macia e transformador. O 3S LED HeadLights pesa somente 70 gramas e assegura conforto até durante um longo período de uso.

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NA ESTANTE

A Enfermagem na Gestão em Atenção Primária à Saúde

Autores: Álvaro da S. Santos e Sônia de MirandaEditora: Manole Nº de páginas: 464

Esta obra busca contribuir para a compreensão sobre a gestão em Atenção Primária à Saúde (APS) e a inserção do enfermeiro nessa área. Considerando-se que, nas duas últi-mas décadas, a gestão em saúde teve de se remodelar, trazendo conheci-mentos da administração geral, mas incluindo novos aspectos que tentam responder à diversidade de situações, grupos, necessidades e eventos da área de saúde.

Gestão da Qualidade na Saúde: Princípios Básicos

Autor: João Catarin MezomoEditora: ManoleNº de páginas: 301

A administração dos serviços de saúde deve, igualmente, ser re-desenhada para dar-lhe a eficácia necessária.Gestão da Qualidade: Princípios Básicos, tem seu con-teúdo baseado em temas como a administração e a qualidade em saúde, focando os princípios bási-cos para que a melhoria dos ser-viços prestados pelos hospitais tenham subsídios para a busca da Qualidade Total.

Hospital - Acreditação e Gestão em Saúde

Autor: Renato C. Couto e Tânia Moreira Pedrosa Editora: GuanabaraNº de páginas: 392

Fundamento na experiência de seus autores e colaboradores, “Hospital - Acre-ditação e Gestão em Saúde” fornece ao leitor entendimento global do funciona-mento de um hospital, as funções que devem estar presentes para sua sobrevi-vência, além de disponibilizar as ferramen-tas necessárias para que o gestor possa estruturar um sistema operacional viável que atenda as necessidades da socieda-de, prestando um serviço de qualidade e que satisfaça seus clientes.

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GUIA DE EMPRESAS

AABEC............................................................. Pág. 15Site: www.abecbpf.com.br

BBBraun.......................................................... Pág. 79Site: www.bbraun.com.br

CCelm.............................................................. Pág. 76Site: www.celm.com.br

Compugraf...................................................... Pág. 81Site: www.compugraf.com.br

Cristália........................................................ 2° CapaSite: www.cristalia.com.br

DDräger........................................................... 3° CapaSite: www.drager.com.br

FFiat................................................................ 4ª CapaSite: www.fiat.com.br

GGE.................................................................... Pág. 21Site: www.geultrasound.com

Grupo Mídia................................................... Pág. 4 Site: www.healthcarebrazil.com.br

HH.Strattner................................................... Pág. 28 Site: www.strattner.com.br LLinde Gás..................................................... Pág. 35Site: www.linde-gastherapeutics.com.br

LS Coelho.................................................... Pág. 78 Email: [email protected]

MMadis Rodbel............................................... Pág. 17Site: www.madisrodbel.com.br

MedPej.......................................................... Pág. 77Site: www.medpej.com.br

Melhoramentos........................................... Pág. 19Site: www.melhoramentos.com.br/papeis

Microem....................................................... Pág. 75Site: www.microem.com.br

Missner......................................................... Pág. 61Site: www.missner.com.br

NNec do Brasil............................................... Pág. 60Site: www.nec.com.br

PPlusoft.......................................................... Pág. 41Site: www.plusoft.com.br

Pró-Saúde.................................................... Pág. 11Site: www.prosaude.org.br

RRoche........................................................... Pág. 43Site: www.roche.com.br

SSercon.......................................................... Pág. 73Site: www.sercon.ind.br

WWEM............................................................. Pág. 74Site: www.wem.com.br

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LULA, A DAMA DE FERRO E O NOVO MINISTRO DA SAÚDE

INSIDE

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Abril 2007 83Because you careEmergency Care • Perioperative Care • Critical Care • Perinatal Care • Home Care

Reduza o tempo de entubação em até

Qual a solução que causaria maior impacto na sua

unidade de Cuidados Críticos?

com o protocolo de desmame automático do software SmartCareTM da Dräger Medical.Não é apenas uma possibilidade, é uma realidade. Pense no que isso significa para seuspacientes, para sua produtividade e para melhoria no fluxo de trabalho. Esse é apenas umdos aspectos das nossas Soluções CareAreaTM para Critical Care e para todos os processosenvolvidos no cuidado ao paciente.

Para saber mais sobre como nossas soluções integradas podem impactar todo o processoclínico, acesse www.draeger-medical.com

*F. Lellouche e outros, Intensive Care Medicine 2004, Vol. 30, Suplemento 1, 254:P69.

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