92
Maio 2007 - N° 2 - www.healthcarebrazil.com.br DOUTORES! Chega de tanto contorcionismo Pay for Performance promete acabar com a cansa- tiva e pouco produtiva maratona do pagamento por serviços e avança nos Estados Unidos e Reino Unido. Para especialistas, modelo se tornará rapidamente obrigatório e médicos que ainda resistem são os que temem responsabilidade por seus resultados Entrevista O brasileiro Hércules Pereira Neves, principal cientista do IMEC, maior centro europeu de pesquisas em mi- cro e nanoeletrônica, conta como a nanotecnologia vai impactar a assistência em curto prazo E MAIS: Para a ANS, TISS deve aperfeiçoar mecanismos de concorrência no setor Hora de flexibilizar André Médici e Bernardo Weaver Barros, do BID, explicam por que a ANS deveria flexibililizar os reajustes dos planos de saúde UTIs em estado crítico Baixa remuneração, ausência de leitos no setor público, ociosidade no setor privado e má ges- tão. Como tirar as UTI’s desse estado crítico? 224ajgcnvjectga26290kpff 3 224ajgcnvjectga26290kpff 3 2712814229 25<75<75 2712814229 25<75<75

HealthCare Brazil 2a Edição

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista bimestral sobre gestão hospitalar direcionada aos gestores hospitalares das principais instituições de saúde do Brasil.

Citation preview

Page 1: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 1

Maio 2007 - N° 2 - www.healthcarebrazil.com.br

DOUTORES!Chega de tanto contorcionismo

Pay for Performance promete acabar com a cansa-tiva e pouco produtiva maratona do pagamento por

serviços e avança nos Estados Unidos e Reino Unido. Para especialistas, modelo se tornará rapidamente

obrigatório e médicos que ainda resistem são os que temem responsabilidade por seus resultados

EntrevistaO brasileiro Hércules Pereira Neves,

principal cientista do IMEC, maior centro europeu de pesquisas em mi-

cro e nanoeletrônica, conta como a nanotecnologia vai impactar a

assistência em curto prazo

E MAIS: Para a ANS, TISS deve aperfeiçoar mecanismos de concorrência no setor

Hora de flexibilizarAndré Médici e Bernardo Weaver Barros, do BID, explicam por que a ANS deveria flexibililizar os reajustes dos planos de saúde

UTIs em estado críticoBaixa remuneração, ausência de leitos no setor público, ociosidade no setor privado e má ges-

tão. Como tirar as UTI’s desse estado crítico?

224ajgcnvjectga26290kpff"""3224ajgcnvjectga26290kpff"""3 2712814229"""25<75<752712814229"""25<75<75

Page 2: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 20072

Mercedes-Benz, marca registrada do Grupo DaimlerChrysler. CAC: 0800 970 90 90 • www.mercedes-benz.com.br

c Sprinter, um doutor furgão para o trabalhono setor médico-hospitalar porque oferece:c Espaço interno que permite ficar em pé;c Acesso fácil pelas amplas portas traseirase pelas portas laterais corrediças;c Facilidade de adaptação para as maisdiversas aplicações;

c Suspensão que garante conforto parao motorista, os atendentes e os pacientes;c Boa manobrabilidade que aumenta aagilidade e a rapidez no atendimento médico.c Venha conhecer de perto o Furgão Sprinter.Você vai perceber na hora que ele foi feitoexatamente para o que você está pensando.

Como você pode ver, cada vezmais a medicina se utiliza da alta tecnologia.

A Sprinter quer muito trabalhar para você.

224ajgcnvjectga26290kpff"""4224ajgcnvjectga26290kpff"""4 2712814229"""25<76<392712814229"""25<76<39

Page 3: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 3

PRESIDENTE EXECUTIVO

Edmilson Junior Caparelli

[email protected]

CONSELHO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

Conselho AdministrativoMarcelo Novais

[email protected]

Conselho FinanceiroLucia Caparelli

[email protected]

Secretária ExecutivaNozy Venditti

[email protected]

REDAÇÃO

EditoraKelly de Souza

[email protected]

TraduçãoManuela Zapparolli Martins Costa

[email protected]

DEPARTAMENTO DE ARTE

Projeto GráficoLucas Borges Ferreira

[email protected]

ImagensBanco de imagens – Photos.com

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Gerente ComercialAlessandro Alves

[email protected]

EXECUTIVOS DE CONTASLuiz Ribeiro

[email protected]

Diogo Facirolli

[email protected]

OPERAÇÕESDepartamento Jurí[email protected]

PesquisaGlobal Pesquisa

Suporte e atendimento on-lineGrupo Mídia Sistemas

ATENDIMENTO AO LEITOR: (16) 4009 0860

Grupo MídiaRua Marechal Rondon, 188.

Jardim Sumaré - Ribeirão Preto – SP

Cep: 14025-430

Tel: (16) 4009.0850 – Fax: (16) 4009-0857

www.grupomidia.com

CARTA AO LEITOR

BOA LEITURA!EQUIPE HEALTHCARE BRAZIL

Há muito tempo se discute a questão da viabilidade financeira para a saúde no Brasil. As discussões em torno de uma solução passam sempre pelos mesmos temas: inovação, incorporação tecnológica, profissio-nalização da gestão, recursos humanos, custos, etc., e volta sempre para a questão da remuneração médica.

Assunto que, mais uma vez, vem à tona com a adoção do Pay Por Per-formance na Europa e Estados Unidos, que deve em pouco tempo se tornar obrigatória. Nesta edição, conversamos com os principais espe-cialistas nesta área que contaram como esse processo está ocorrendo no mundo e como o mercado tem recebido e pressionado à mudança do desgastado fee for service.

Em se tratando de mercado, a HealthCare Brazil conversou com a Agência Nacional de Saúde Suplementar que vê no TISS uma forma de aperfeiçoar os mecanismos de concorrência do setor. Segundo Jussara Macedo, gerente da ANS, quem “surfar” nessa onda terá vantagens e sairá à frente. Os que só olharem para os custos terão dificuldades de sobreviver num ambiente cada vez mais competitivo.

Mas para que esta sobrevivência ao mercado seja garantida, a pró-pria ANS tem ainda um papel importante a cumprir. O artigo de André Médici e Bernardo Weaver Barros, do Banco Interamericano de Desen-volvimento, em Washington, explicam por que a ANS deveria flexibilili-zar os reajustes dos planos de saúde e como a agência ameaça a viabili-dade financeira do sistema e a própria qualidade dos planos ofertados.

Um destaque da edição deste mês é a entrevista com o brasileiro Hércules Pereira Neves, cientista principal do IMEC, maior centro euro-peu de pesquisas em micro e nanoeletrônica. Herc, como é conhecido na Europa, tem a missão hoje de utilizar a tecnologia de integração de microsistemas para solucionar problemas ainda não explorados na me-dicina. Em entrevista exclusiva à HealthCare Brazil, explica que as apli-cações da nanotecnologia estão muito mais próximas da vida das pes-soas e essencialmente da realidade médica. Para o cientista, o uso de biochips em diagnósticos deve gerar um grande impacto no setor em um curto espaço de tempo, reduzindo custo e tempo no atendimento.

MAIS UMA VEZ, A REMUNERAÇÃO MÉDICA

224ajgcnvjectga26290kpff"""5224ajgcnvjectga26290kpff"""5 2712814229"""25<76<462712814229"""25<76<46

Page 4: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 20074

224ajgcnvjectga26290kpff"""6224ajgcnvjectga26290kpff"""6 2712814229"""25<76<472712814229"""25<76<47

Page 5: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 5

224ajgcnvjectga26290kpff"""7224ajgcnvjectga26290kpff"""7 2712814229"""25<76<542712814229"""25<76<54

Page 6: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 20076

NESTA EDIÇÃO

SEÇÕES

10 Editorial

12 On-line

13 Cartas

14 Entre Aspas

27 360° - Prestadores

57 360° - Política

65 360° - Health-IT

82 Up to date

86 Na estante

88 Guia de Empresas

90 Inside

MAIO - 2007

40REPORTAGEM DE CAPA

REMUNERAÇÃO POR RESULTADOS, SIM SENHOR!

Não adiantou a resistência. Estados Unidos e Reino Unido se preparam para tornar o Pay for Per-formance em um modelo obrigatório de remunera-ção. Segundo os pioneiros, a maior diferença entre

o P4P e o tradicional fee for service, é que existe uma expectativa clara que responsabiliza o médico

pela qualidade e custo do cuidado que fornece. Apesar dos desafios operacionais significativos, os

incentivadores do P4P estão usando uma grande variedade de padrões estruturais, processos e

indicadores para comprovar a eficiência do modelo.

224ajgcnvjectga26290kpff"""8224ajgcnvjectga26290kpff"""8 2712814229"""25<76<632712814229"""25<76<63

Page 7: HealthCare Brazil 2a Edição

16 PRIMEIRA LEITURACOMO FLEXIBILIZAR OS REAJUSTES DE PLANOS DE SAÚDEO artigo de André Médici e Ber-nardo Weaver Barros, do Banco Interamericano de Desenvolvi-mento, em Washington, apresen-ta uma visão da experiência ame-ricana sobre a flexibilização dos reajustes dos planos de saúde.

20 ENTREVISTANANOTECNOLOGIA E O FUTURO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDEO brasileiro Hércules Pereira Ne-ves, do IMEC, maior centro euro-peu de pesquisas em nanotecno-logia, conta que a possibilidade de tornar portáteis uma grande parte de exames laboratoriais pode ter um impacto enorme na redução do tempo de internação ao paciente. Em termos de cus-tos, a redução esperada é de até 20% nos próximos dez anos.

34 ADMINISTRAÇÃO UTIS EM ESTADO CRÍTICOBaixa remuneração, ausência de leitos no setor público, ociosidade no setor privado e má gestão. Como tirar as UTI’s desse estado crítico?

60 POLÍTICANR-32 E A CRIAÇÃO DA FAPSaúde ocupa primeiro lugar no ranking de acidentes de traba-lho, superando até mesmo a construção civil. Além da NR 32, Governo cria novo incentivo finan-ceiro. Hospitais que reduzirem acidentes de trabalho poderão ter desconto de até 50% em alíquo-ta. Os que acidentarem mais sofrerão aumento de até 100%.

66 HEALTH-ITTISS DEVE APERFEIÇOAR MECANISMOS DE CONCORRÊNCIAJussara Macedo, Gerente Geral de Integração com o SUS da Agência Nacional de Saúde Suplementar, explica como a troca de informa-ções entre governo, operadoras e gestores do SUS poderá impactar no planejamento, monitoramento e avaliação dos serviços de saúde.

68 HEALTH-ITSAÚDE EM REDEAs Organizações Regionais de Informações de Saúde (RHIOS) avançam nos Estados Unidos e Europa. Para Carlos Eduardo Kuhl Nogueira, diretor geral da Inter-Systems, empresa que conta com mais de vinte projetos de comuni-dades de saúde nos EUA, países emergentes começam a enxer-gam no modelo uma forma de ganhar qualidade e baixar custos.

79 INDÚSTRIA MÉDICANOVO PRESIDENTE DA ABIMOFranco Pallamolla diz que vai ace-lerar ações que visem à isonomia tributária e promete pressionar o governo pela organização das com-pras de equipamentos nacionais

52 OPINIÃOA ADOÇÃO DO PAY FOR PERFOMANCE NAS MÃOS DO PACIENTEO artigo do consultor internacional Guilherme Hummel explica como o modelo P4P vem sendo incentivado pelos próprios usuários finais, que enxergam nele um formato mais apropriado para cobrar resultados quanto à forma de atendimento, a eficiência do tratamento, a preocupa-ção com a prevenção, e, principalmente, quanto ao posicionamento do médico na sua relação com o cliente-paciente.

MAIO 2007 7

16 20 34 60

796866

224ajgcnvjectga26290kpff"""9224ajgcnvjectga26290kpff"""9 2712814229"""25<76<682712814229"""25<76<68

Page 8: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 20078

224ajgcnvjectga26290kpff""":224ajgcnvjectga26290kpff""": 2712814229"""25<77<362712814229"""25<77<36

Page 9: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 9

224ajgcnvjectga26290kpff""";224ajgcnvjectga26290kpff"""; 2712814229"""25<77<452712814229"""25<77<45

Page 10: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200710

EDITORIAL

224ajgcnvjectga26290kpff"""32224ajgcnvjectga26290kpff"""32 2712814229"""25<77<542712814229"""25<77<54

Page 11: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 11

Kelly de Souza é editora da revista HealthCare Brazil e especializada em Economia da Saúde pela Universida-

de de São Paulo (USP).

DIVULGAÇÃO

CONTROLE NO QUE SE MEDE E O NO QUE SE GASTA

POR KELLY DE [email protected]

Uma pesquisa divulgada o mês passado, pela Blue Cross and Blue Shield of Mas-sachusetts, mostrou que mais de um quarto dos adultos ou alguém de sua família já passou por experiências com erros médicos enquanto estavam hospi-

talados. A maioria desses adultos gastou menos de duas horas pesquisando sobre a escolha de um médico ou hos-pital. Os consumidores têm raríssimas informações sobre o desempenho de seus prestadores de serviços. Existe um grande número de financiadores e empresas incentivando a transparência na qualidade e no custo do cuidado médico. O Governo de Massachusetts (www.mass.gov/healthcare-qc) quer emplacar uma norma para melhorar a qualidade da informação passada pelos prestadores de serviços de saúde, para ajudar a diminuir os custos com os cuidados. A tese é que os consumidores que têm informações irão es-colher e exigir mais qualidade de seus hospitais e médicos, e ao longo do tempo pressionarão aqueles que cobram al-tas taxas para se tornarem mais eficientes.

Segundo a pesquisa, ao escolher um médico as pes-soas com planos de saúde acreditam que a informação mais importante é referente à experiência do médico. Já ao escolherem um hospital, o critério passa a ser as taxas de infecções. A maioria escolhe baseando-se em recomendações de outros médicos, amigo ou parente. O governo de Massachussets está trabalhando com os prestadores de serviços com o objetivo de que até o ano que vem possam oferecer os índices públicos de infec-ções dos hospitais privados.

Num outro cenário, os hospitais estão recompensan-do seus executivos principais além de suas habilidades em atrair mais pacientes e manter as contas dos hospitais equilibradas. Seus salários dependerão também de medi-das de segurança, para reduzir erros nas medicações, além de infecção hospitalar e outros indicadores de qualidade.

Um artigo no Boston Globe mostrou como os executivos do Boston’s Academic Medical Centers, por exemplo, ga-nharam mais de US$ 1 milhão por ano em salários e bônus. Cerca de metade dos hospitais americanos sem fins lucrati-vos não recebem os bônus a não ser que alcancem seus ob-

jetivos. O chefe executivo do Beth Israel Deaconess Medical Center pode perder até US$ 195 mil em bônus anuais, se en-tre outras coisas falhar no número de médicos e enfermeiras que não lavam a mão, entre um paciente e outro. Esse é o terceiro ano que o executivo segue a regra.

O pagamento por performance saiu do âmbito da re-muneração médica e está passando agora para “níveis mais altos”. O texto cita inúmeros casos de hospitais que passaram a adotar a estratégia. Entre as medidas de de-sempenho aplicadas aos “chefes” estão porcentagem de pacientes com códigos de barra no pulso e o tempo de atendimento ao paciente.

Essas duas informações apresentam uma exigência cla-ra do mercado, só há controle naquilo que se mede, e muito mais naquilo que se gasta. Informação e custo estarão cada dia mais próximos. E, entre esses fatores, o pagamento por performance passa a sustentar o tripé. Sem informação e sem indicadores de qualidade, nem consumidores, nem fi-nanciadores e muito menos o Governo estarão dispostos a pagar por serviços duvidosos. É assustador ver que a maioria dos hospitais ainda trabalha “às cegas” e recusa a implantar sistemas que acompanhem o desempenho de suas equi-pes. Mas, é mais assustador ainda ver que mundialmente médicos e prestadores de serviços não se interessam em conhecer os seus “índices de qualidade”, achando tudo isso natural. Só o consumidor que não tem achado isso nada natural, afinal, como diz a sabedoria popular, só tem medo quem deve.

224ajgcnvjectga26290kpff"""33224ajgcnvjectga26290kpff"""33 2712814229"""25<77<592712814229"""25<77<59

Page 12: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200712

DIARIAMENTE • Últimas Notícias: a cobertura dos fatos mais importantes do setor médico-hospitalar no Brasil e no mundo• Eventos • White Papers • Enquetes• Blog da redação• Opinião• Entrevistas

NEWSLETTER • Economia e Finanças• Marketing• TI e Telecom• Indústria• Recursos Humanos• Política• Administração

O CONTEÚDO EXTRA DA REVISTA NO SITE

WWW. BRAZIL.COM.BR

O portal HealthCare Brazil disponibiliza dez diferentes canais de informações para que você possa acompanhar as notícias mais importantes do setor saúde de uma forma muito mais ágil.

NO SITE, VOCÊ PODERÁ CLICAR DIRETAMENTE NO SEU TEMA DE INTERESSE DIVIDIDO POR MEIO DOS SEGUINTES MERCADOS:

• Prestadores de Serviços• Operadoras de Planos de Saúde• Medicina Diagnóstica • Indústria Médica• Indústria Farmacêutica• Pesquisa• Política• TI e Telecom • Entrevistas• Artigos

A OPINIÃO DO LEITOR

Em relação à implantação do TISS, como você avalia a atuação da ANS:

Recebi todas as informações e suporte para a implantação nos prazos

Atendimento foi insuficiente para esclarecer todas as dúvidas e necessidades

25%

75%

224ajgcnvjectga26290kpff"""34224ajgcnvjectga26290kpff"""34 2712814229"""25<77<642712814229"""25<77<64

Page 13: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 13

‘‘ ‘‘‘‘‘‘‘‘ ‘‘‘‘‘‘

‘‘‘‘

‘‘

‘‘‘‘CARTAS

Fale com nossa redação!Envie um e-mail com sua opinião, sugestão ou comentário para [email protected]

Parabéns pelo novo trabalho. Estou totalmente de acordo com os temas abordados e com a linha editorial desenvolvida.

ANDRE MEDICIINTER AMERICAN DEVELOPMENT BANK

SENIOR SOCIAL DEVELOPMENT SPECIALIST - HEALTH

A revista é inovadora. Uma boa leitura, com conteúdo pertinente e útil ao nosso dia-a-dia. Concordo que existe um grande espaço para evolução

do Personal Health System, até hoje boa parte dos hospitais privados esteve focado nos sistemas para cobrança de conta de paciente e não em sistemas

para ajudar no atendimento a ele. Talvez com a evolução do mercado, os pacientes passem a perceber quem são os hospitais que dispõem deste dife-

rencial e possam pressionar os seus médicos / plano de saúde no momento da escolha do local para o seu tratamento. Mais uma vez, parabéns.

FERNANDO LUIZ S DUARTEGERENTE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

HOSPITAL SÃO LUIZConfesso que fiquei agradavelmente realizado com esta nova revista. Mais focada em assuntos de gestão, atualizada em temas que merecem nosso foco (dirigente de saúde) no dia-a-dia e, com certeza com uma agradá-vel e moderna forma gráfica de apresentação. Desejo vida longa à Healthcare Brazil e sucesso a todos os envolvidos.

FRANCISCO BALESTRIN VICE-PRESIDENTE DO GRUPO VITA

Acabei de receber a revista!!! Fico feliz em ver um padrão editorial que transcende as

propagandas pessoais e institucionais, focando no que há de melhor na gestão da saúde. Muito sucesso. A propósito conte com a gente no que

for preciso.

DR. ALEXANDRE BOMFIM FARIA SANTOSDIRETOR ADMINISTRATIVO

INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIAA publicação já nasce diferente, original e con-

sistente. Parabéns e sucesso! Conte conosco!JOÃO CARLOS BROSSDIRETOR BROSS CONSULTORIA E ARQUITETURA

Parabéns pela nova revista. As matérias sobre o PHR e o LifeSensor ficaram excelentes.

DANIEL N. SOLENTHALERB.A. HSG BUSINESS DEVELOPMENT MANAGER / ICW

Foi com satisfação que recebi a primeira edição da HealthCare Brazil. Parabéns é pouco.

‘‘EDSON SANTOSPRESIDENTE DO GRUPO VITA

224ajgcnvjectga26290kpff"""35224ajgcnvjectga26290kpff"""35 2712814229"""25<77<762712814229"""25<77<76

Page 14: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200714

ENTRE ASPAS

SERINGA E BISTURI DE METALDiante do advento da NR 32 e sobre as inúmeras

recomendações especiais referentes à higiene e este-rilização de materiais, e até mesmo sobre a polêmica para a reutilização, é possível imaginar que a Seringa e o Bisturi de metais eram comumente utilizados a partir da primeira metade do século XX? Obviamente, tudo esterilizado após o uso!

A seringa, uma bomba portátil de metal para aplica-ções de injeções ou para retirar líquidos do organismo foi posteriormente substituída por seringas de vidro ou descartáveis. O Bisturi de metal, utilizado para incisões cirúrgicas, foi substituído pelas lâminas descartáveis.

Fonte: Museu Joaquim Francisco do Livramento - Centro Histórico-Cultural Santa Casa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

‘‘

GERVÁSIO BAPTISTA/ABR

‘‘CARMEM BARROSO, DIRETORA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE PLANEJAMENTO FAMILIAR, ENTIDADE QUE ATUA EM 150 PAÍSES E DIVULGOU ESTUDO REVELANDO QUE 1 MILHÃO DE ABORTOS SÃO PRATICADOS NO BRASIL POR ANO O SUS GASTA R$ 33.7 MILHÕES COM COMPLICAÇÕES

‘‘‘‘JOSÉ GOMES TEMPORÃO, DURANTE ENCONTRO COM GRUPO DE GESTORES DE HOSPITAIS PRIVADOS EM SÃO PAULO,

DEFENDE O APOIO DA INICIATIVA PRIVADA PARA SOLUCIONAR OS PROBLEMAS DO SETOR

ANTONIO CRUZ/ABR

O Estado sozinho não resolverá a questão da medicina no Brasil.‘‘‘‘Nós estamos tirando a informação

debaixo do tapete.

ADSON FRANÇA, COORDENADOR DO PACTO NACIONAL PELA REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA E NEONATAL, SOBRE A INCLUSÃO DA MORTE MATERNA NO SISTEMA DE DETECÇÃO DE EMERGÊNCIAS EPIDEMIOLÓGICAS, COM NOTIFICAÇÃO EM NO MÁXIMO 24 HORAS APÓS O ÓBITO.

O custo do aborto inseguro para o sistema de saúde é altíssimo, enquanto que se nós possibilitássemos a essas mulheres a informação de que elas necessitam e o acesso aos serviços seguros, esses custos baixariam dramaticamente.

‘‘‘‘Quanto maior for o uso, maior o valor do plano. Os pacien-tes que têm doenças graves, com altos gastos nos hospitais, diminuem muito o lucro das operadoras. Elas identificam esses pacientes e por isso não renovam o contrato.

ROBERTO LUIZ D’ÀVILA, PRESIDENTE EM EXERCÍCIO DO CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, FALA DA PROIBIÇÃO AOS MÉDICOS DE PREENCHEREM O CID, NAS GUIAS DE CONSULTA DO PACIENTE.

224ajgcnvjectga26290kpff"""36224ajgcnvjectga26290kpff"""36 2712814229"""25<78<272712814229"""25<78<27

Page 15: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 15

Tudo sobre a feira: www.hospitalar.com

A MAIOR FEIRA DE SAÚDE DA AMÉRICA LATINA1.000 expositores de 30 países • 70.000 visitas de 52 países

12 - 15 | Junho | 2007 - 12h às 21hExpo Center Norte

São Paulo

Feira Certificada Banco Oficial Operadora de TurismoTransportadora

Oficial

The

United States of AmericaDepartment of Commerce

COMMERCIAL

SERVICE

Filiada à

InternationalHospital Federation

France

Apoio

GROUPS & EVENTS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE IMPORTADORES DE PRODUTOS

[email protected]

MEDICA

Düsseldorf - Alemanha

Feira Mundialda Medicina

Em cooperação com Patrocínio Institucional

FEDERAÇÃO NACIONAL DOSESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

SINDICATO DOS HOSPITAISDO ESTADO DE SÃO PAULO

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAINDÚSTRIA MÉDICO-ODONTOLÓGICA

CONFEDERAÇÃONACIONAL DE SAÚDEFeiras e Congressos

Hospitalar

Promoção e Realização

Rua Padre João Manuel, 923 - 6º andar - 01411-001 - São Paulo - SP - Fone: (11) 3897-6199 - Fax: (11) 3897-6191

e-mail: [email protected]

Eventos simultâneos

9ª Feira Internacional de Produtos, Serviços eEquipamentos para Análises Clínicas e Patologia

Diagnóstica

Reabilitação5ª Feira de Tecnologia & Assistência

Hospfarma5ª Feira Internacional de Produtos

para Farmácias Hospitalares e Drogarias

3ª Feira Internacional de Produtos, Equipamentos,Serviços e Tecnologia para Odontologia

224ajgcnvjectga26290kpff"""37224ajgcnvjectga26290kpff"""37 2712814229"""25<78<482712814229"""25<78<48

Page 16: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200716

PRIMEIRA LEITURA ANDRÉ MEDICI E BERNARDO WEAVER BARROS, BID

REAJUSTES DE PREÇOS DE PLANOS DE SAÚDE:O BRASIL E A EXPERIÊNCIA

DOS ESTADOS UNIDOSPOR ANDRÉ MEDICI E BERNARDO WEAVER BARROS

O mercado de saúde suplementar no Brasil pratica uma política de reajus-tes uniformes nas mensalidades dos planos e prêmios de seguro. Estes re-ajustes são autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),

órgão regulador das operadoras de planos e seguros de saúde. Os aumentos são justificados por uma combina-ção de fatores inflacionários que estão direta ou indire-tamente ligados ao mercado privado de saúde. Todos os chamados contratos novos, adaptados à legislação de 1998 (Lei 9656 de 4 de junho)[1], são necessariamente submetidos e limitados ao índice de aumento autorizado pela Agência. Em 2005, o aumento autorizado pela ANS foi de 11.69%, enquanto a inflação básica se manteve em 5.69%, segundo o índice oficial do governo, o IPCA.

É fato conhecido que a inflação no setor de saúde, por diversos fatores como o alto custo da incorporação de tecnologia em insumos e equipamentos e outros de ordem demográfica, como o envelhecimento da popu-lação, acabe sendo maior do que a inflação dos demais setores. Esta é uma tendência histórica que se verifica há várias décadas e o Brasil não foge à regra. Portanto, numa conjuntura onde os preços são controlados, é natural que o mercado privado de planos de saúde necessite de uma

224ajgcnvjectga26290kpff"""38224ajgcnvjectga26290kpff"""38 2712814229"""25<78<522712814229"""25<78<52

Page 17: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 17

EMBORA A EXPERIÊNCIA NORTE AMERICANA NÃO SEJA ISENTA DE PROBLE-MAS, ELA APRESENTA ALGUMAS LIÇÕES QUE PERMITEM FLEXIBILIZAR OS REAJUSTES DOS PLANOS DE ACORDO COM AS NECESSIDADES E CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DOS SEGURADOS E DAS OPERADORAS EM CADA REGIÃO

maior reposição das margens e perdas após oito anos de controle das mensalidades e prêmios, tal como se vem praticando no Brasil.

Atualmente, por conta da atuação da ANS, existe um padrão mínimo de cobertura e qualidade que não pode ser ultrapassado por força de lei e cuja fiscalização tem sido bastante eficaz em cobrar multas e aplicar penalida-des. Mas comparando-se ao contexto internacional, tanto o controle de preços quanto à manutenção de uma co-bertura básica, e de níveis mínimos de qualidade, existem também em vários países, só que de forma diferente.

Nos Estados Unidos, por exemplo, ainda que não exista uma Agência reguladora de planos e seguros de saúde com abrangência nacional, a maioria das adminis-trações estaduais pratica uma política ex-post de controles de preços asso-ciados. Tal política é complementada por fiscalizações, quanto à cobertura básica, e por processos voluntários de acreditação de planos e estabele-cimentos de saúde, através de entida-des como a National Control Quality Assurance (NCQA) e a Joint Commis-sion for Hospital Accreditation.

Não obstante, existem algumas diferenças que merecem serem anali-sadas. Em primeiro lugar, nos Estados Unidos, a regulação é estadual e não federal como ocorre no Brasil. O regu-lador estadual não fixa um valor básico de aumento para prêmios de todos os planos, mas sim indica, através de estu-dos em profundidade sobre os fatores que pressionam os custos dos planos, qual deveria ser, em caráter indicativo, o valor do reajuste a ser praticado pelas operadoras e divulga este valor entre os consumidores para que estes possam municiar-se para negociar os reajustes dos preços dos planos e seguros de saúde de acordo com suas expectativas.

No Brasil, o regulador federal determina o índice que deverá ser aplicado, de forma ex-ante, a todos os planos. Somente alguns casos são passíveis de alteração, quan-do se detecta desequilíbrio econômico financeiro da em-presa que possa comprometer sua solvência e ameaçar a cobertura futura dos segurados (Resolução da Diretoria Colegiada No. 29, da ANS).

Nos EUA o controle é muito mais sútil e flexível. Bus-ca-se evitar, por um lado, que o consumidor se exponha a grandes aumentos repentinos no valor de seu prêmio e,

por outro, que as operadoras não fiquem desprovidas de flexibilidade para aumentar sua fatia de mercado e maxi-mizar sua compensação financeira. Algumas regulações estaduais, por exemplo, buscam garantir uma proporcio-nalidade financeira quanto ao risco atuarial. A National Association of Insurance Comissioners (NAIC)[2], reco-menda, para incentivar a cobertura de seguro médico de pequenas empresas e de grupos vulneráveis em função da estrutura etária dos segurados, que o prêmio de um idoso não deve ser maior do que o dobro do premio de um jovem. No entanto, em alguns Estados norte-ameri-canos essa diferença chega a 3,5 vezes. No Brasil, a Lei 9656 permite que esta diferença possa ser de até seis vezes. Isto se reflete na proporcionalidade dos reajustes

dos prêmios de seguro e mensalida-des dos planos segundo a idade do segurado, desincentivando a solidarie-dade entre gerações e a permanência dos idosos nos planos administrados pelas operadoras.

Nos Estados Unidos, em geral, os reajustes dos planos giram em torno da tendência do mercado, calculada pelo regulador estadual. No entanto, por recomendação do NAIC, o reajus-te dos prêmios de seguro pode atingir valores superiores (em alguns Estados com um teto de até 15% acima da tendência estabelecida), desde que a operadora submeta informações atu-ariais, econômicas e financeiras que justifiquem o aumento proposto com base na sinistralidade do ano anterior. A operadora poderá reajustar o prêmio

no aniversário dos contratos, conforme permitido por lei, e a informação submetida ao regulador será avaliada ex-post. Se houver algum erro, as diferenças deverão ser re-ajustadas no valor do prêmio do próximo ano. Em caso de fraude contábil ou atuarial, poderá haver responsabilidade criminal, grandes prejuízos financeiros e indenizações, que serão pagas pela operadora fraudadora.

Existem ainda, nos Estados Unidos, incentivos para aumentar a proteção dos trabalhadores das pequenas e médias empresas no processo de asseguramento de saú-de. Em 12 estados, não é permitido cobrar diferenciais adicionais por riscos associados ao gênero dos segura-dos que trabalham em pequenas e médias empresas. Em oito Estados não é permitido cobrar valores adicionais aos prêmios em função da idade dos empregados destas em-

224ajgcnvjectga26290kpff"""39224ajgcnvjectga26290kpff"""39 2712814229"""25<78<562712814229"""25<78<56

Page 18: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200718

PRIMEIRA LEITURA ANDRÉ MEDICI E BERNARDO WEAVER BARROS, BID

SERIA PRUDENTE PARA A ANS COMEÇAR A APRO-FUNDAR MECANISMOS MAIS FLEXÍVEIS DE REA-JUSTE DE PREÇOS QUE AVANCEM NOS DIREITOS REAIS DOS CONSUMI-DORES, REDUZINDO INIQÜIDADES, DILUINDO RISCOS E EXPANDINDO MERCADOS

presas. Além do mais, em 11 estados a operadora não pode aumentar o prêmio por causa de perdas restritas a elas. Estas perdas serão incorporadas no reajuste médio do valor dos prêmios e diluídas por toda a base de segu-rados das empresas naqueles estados.

O modelo norte-americano de saúde busca proteger o mundo do trabalho através do mercado privado, concen-trando o gasto público nos grupos mais desprotegidos, pobres, idosos e aqueles que perdem sua capacidade de trabalho. Para tal, os governos estaduais regulam as em-presas de seguro-médico sobre a base de alguns princí-pios como a viabilidade econômica, a solidariedade entre grupos de risco e entre empresas seguradas segundo seu tamanho e eficiência empresarial. Logicamente que este processo pode acarretar aumentos de custo nesse mer-cado. Com a inexorável onda de flexibilização dos merca-dos de trabalho e a necessidade de reduzir custos labo-rais, muitas empresas passam a optar pelo uso de contas de poupança médica (medical savings accounts) as quais se baseiam na transferência de parte dos custos, espe-cialmente associados a riscos catastróficos, para fora da contabilidade dos planos de saúde. Este tem sido um dos pontos da agenda de reformas das políticas de saúde em-purrado pelo Presidente George Bush e em discussão no Congresso norte-americano.

Analogamente, o objetivo do mercado brasileiro é atender ao direito do consumidor. Este objetivo tem sido exercido através de um controle nominal dos preços dos planos, mesmo que o custo da saúde seja extremamente distinto de acordo com idade, gênero, planos individuais ou coletivos e, entre estes últimos, independentemente do tamanho da empresa. Assim, por mais que seja legíti-ma a preocupação de proteger o con-sumidor através de um controle unifor-me de preços dos planos, ela corre o risco de ameaçar a viabilidade finan-ceira do sistema e a própria qualidade dos planos oferta-dos nos distintos mercados regio-nais, em função de suas diferen-ças. Neste senti-do, seria prudente

224ajgcnvjectga26290kpff"""3:224ajgcnvjectga26290kpff"""3: 2712814229"""25<78<572712814229"""25<78<57

Page 19: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 19

André Medici é economista, atuando como

especialista sênior em desenvolvimento social

do Banco Interamericano de Desenvolvimento em

Washington, notadamente em temas de saúde.

Bernardo Weaver Barros é advogado e foi procurador da ANS. Atualmente é consultor do

BID na área de seguros e planos de saúde.

NOTAS[1] OS CONTRATOS ANTIGOS, RELATIVOS A SEGURADOS QUE NÃO ACEITARAM MIGRAR PARA OS NOVOS PLANOS REGULADOS PELA LEI 9656, TEM SIDO OBJETO DE CONFLITOS ENTRE AS OPERADORAS E A ANS DADO QUE SUAS COBERTURAS NECESSITAM DE REAJUSTES DIFERENCIADOS.[2] ÓRGÃO QUE CONGREGA AS SUPERINTENDÊNCIAS ESTADUAIS DE SEGURO NOS ESTADOS UNIDOS.

AS IDÉIAS MANIFESTADAS NESTE ARTIGO SÃO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES E NÃO REFLETEM, NECESSARIAMENTE, A POSIÇÃO OFICIAL DO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO.

para a ANS começar a aprofundar mecanismos mais flexí-veis de reajuste de preços que, por um lado, avancem nos direitos reais dos consumidores, reduzindo iniqüidades, diluindo riscos e expandindo mercados, e por outro per-mitam ajustar os preços dos planos às peculiaridades de cada operadora e de cada região, com vistas a aumentar a viabilidade e a consolidação desse mercado, assim como a qualidade dos planos oferecidos.

Embora a experiência norte americana não seja isenta de problemas, como vimos anteriormente, ela apresenta algumas lições que permitem flexibilizar os reajustes dos planos de acordo com as necessidades e condições espe-cíficas dos segurados e das operadoras em cada Região. Para aproveitar desta experiência a ANS deveria avançar em passos concretos no sentido de:

a) Estabelecer anualmente tendências de reajuste dos planos (através da fixação de bandas permitidas) que não sejam nacionais, mas que reflitam o mercado de cada Re-gião (Estado, RMs e capital x interior, etc.). Tal política de-veria incentivar mecanismos de solidariedade inter-gera-cional nos preços dos planos e estar baseada em estudos sistemáticos de atuária médica ao nível local. Estes estu-dos seriam realizados pela própria ANS ou por entidades regionais ou locais tecnicamente idôneas e reconhecidas, a serem contratadas para tal fim. A ANS deveria difundir essas tendências entre os consumidores e o mercado, com vistas a informar como os preços deveriam ser re-ajustados, apresentando as razões de ordem técnica ou econômica que justifiquem o reajuste.

b) Ao mesmo tempo, permitir que as empresas reajustem seus preços como quiserem sem consulta prévia à ANS, apresentando posteriormente documentação que com-prove e justifique o aumento, quando este ocorrer acima da banda recomendada regionalmente;

c) Sobre a base da documentação apresentada, a ANS de-veria revisar os reajustes ocorridos acima da tendência de forma ex-post, de acordo com normas e procedimentos transparentes, validando ou não aqueles que forem acima da tendência considerada no mercado, de acordo com a documentação a ser apresentada.

A implementação deste tipo de política poderia de-mandar da ANS uma ação mais especializada, ao nível dos escritórios regionais, para que possa acompanhar to-dos os processos de formação de preços dos planos de saúde nas distintas regiões do país, a fim de estabelecer

tendências realistas para o mercado de planos. Tal política permitiria, também, maior flexibilidade dos planos às va-riações e pressões de custos, impedindo que tendências altistas dos preços de algumas regiões sejam absorvidas de forma desnecessária por outras onde as pressões de custo são maiores e evitando desequilibrar a capacidade local de pagamento dos segurados, especialmente nas médias cidades e regiões mais distantes.

Por outro lado, a ANS poderia dedicar-se também a in-centivar, como ocorre nos Estados Unidos, processos vo-luntários de acreditação de planos e estabelecimentos de saúde. Tais processos, ao melhorar e aumentar a eficiên-cia e a qualidade dos serviços também poderão contribuir para evitar repasses de custos associados à ineficiência que ainda existe no mercado prestador.

DIVULGAÇÃO

224ajgcnvjectga26290kpff"""3;224ajgcnvjectga26290kpff"""3; 2712814229"""25<78<5;2712814229"""25<78<5;

Page 20: HealthCare Brazil 2a Edição

ENTREVISTA

O FUTURO DA MEDICINAEM NANOPARTÍCULAS

HÉRCULES PEREIRA NEVES, IMEC

MAIO 200720

224ajgcnvjectga26290kpff"""42224ajgcnvjectga26290kpff"""42 2712814229"""25<78<6;2712814229"""25<78<6;

Page 21: HealthCare Brazil 2a Edição

Em 1997, o brasileiro Hércules Pereira Neves – então professor da Universi-dade Federal de Minas Gerais – foi liderar um grupo de pesquisas em mi-crosistemas na Universidade Cornell (EUA). Lá trabalhou também com na-nobiotecnologia, mais precisamente na integração entre nanodispositivos e biomoléculas. Mais tarde lecionou no Departamento de Bioengenharia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde criou cursos

sobre transdutores biomédicos, nanofabricação e eletrônica integrada para dispositivos biomédicos. Desde 2003, assumiu o posto de Cientista Principal em MicroSistemas Bio-médicos do IMEC (www.imec.be), o maior centro europeu independente de pesquisas em micro e nanoeletrônica, nanotecnologia, metodologia de projeto e tecnologias para sistemas de informação e comunicação. O instituto, localizado em Leuven, na Bélgica, tem a missão de fazer e desenvolver pesquisas que estejam de três a dez anos à frente das necessidades da indústria. Estudos apontam que o tamanho do mercado para os produtos nanotecnológicos deve chegar a US$ 1 trilhão em 2010.

Herc Neves, como é conhecido na Europa, tem a missão hoje de utilizar tecnologia de integração de microsistemas para solucionar problemas ainda não explorados na me-dicina, além de coordenar o projeto europeu NeuroProbes, que congrega 14 instituições em 10 países europeus para o desenvolvimento de conjuntos de sondas multifuncionais para aplicações cerebrais.

Em entrevista exclusiva à HealthCare Brazil, Herc explica que as aplicações da nano-tecnologia estão muito mais próximas da vida das pessoas e essencialmente da realida-de médica. Para o cientista, o uso de biochips em diagnósticos deve gerar um grande impacto no setor em um curto espaço de tempo, reduzindo custo e tempo no atendi-mento. Ele explica também quais os impactos dessa incorporação e como o Brasil pode aproveitar as inúmeras oportunidades oferecidas neste setor.

224ajgcnvjectga26290kpff"""43224ajgcnvjectga26290kpff"""43 2712814229"""25<78<7;2712814229"""25<78<7;

Page 22: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200722

ENTREVISTA HÉRCULES PEREIRA NEVES, IMEC

O USO DE BIOCHIPS EM DIAGNÓSTICOS OFERE-CE A POSSIBILIDADE DE SE OBTER RESULTADOS COM PRECISÃO, EXECU-TANDO VÁRIOS TESTES SIMULTANEAMENTE, SEM INTERVENÇÃO HUMANA E EM TEMPO MUITÍSSIMO REDUZIDO. EM TERMOS PRÁTICOS, ISSO SIGNIFI-CA OBTER RESULTADOS ALI MESMO, EM FRENTE AO PACIENTE

HealthCare Brazil: A realidade “nano” está sendo explorada para ser utilizada tanto no diagnóstico como na terapia. Na sua opinião, qual o principal foco atual de pesquisa para a indústria médica?

Hércules Pereira Neves: A nanotec-nologia tem o potencial de disponibilizar o que chamamos de medicina molecular. Atualmente a nossa intervenção - tan-to para diagnóstico como para terapia - ocorre no nível celular, de tecido ou de sistema; com a nanotecnologia temos o potencial de interagir com moléculas, o que por sua vez pode propiciar uma maior especificidade (e consequentemente efi-cácia) tanto no diagnóstico como nas téc-nicas terapêuticas. Atualmente a atenção está voltada sobretudo a interações ge-nômicas, mas o trabalho em proteômica tem aumentado substancialmente. Mas não devemos nos esquecer da importân-cia do trabalho com células, já que elas também respon-dem a agentes de escala nanoscópica.

HCB: Quais áreas da medicina o senhor considera mais promissoras para o aparecimento de produtos?

Neves: É difícil falar de áreas específicas, já que a na-notecnologia promete muito na medicina como um todo. Pessoalmente vejo como muito promissoras duas áreas: diagnóstico utilizando biochips e tratamento de câncer através de hipertermia. O uso de biochips em diagnósti-cos oferece a possibilidade de se obter resultados com precisão, executando vários testes simultaneamente, sem intervenção humana e em tempo muitíssimo reduzido. Em termos práticos, isso significa obter resultados ali mesmo, em frente ao paciente, sem ter que mandar material para o laboratório e esperar alguns dias pela resposta. Para se ter uma idéia da importância disso basta lembrar que uma porcentagem considerável do período de internação de qualquer paciente se deve ao tempo necessário para se obter os resultados de exames laboratoriais. Outra área promissora é a da hipertermia. Utilizando-se nanopartículas

que se incorporam especificamente a um determinado tecido ou tipo de célula, é possível aquecer a região de interesse em alguns poucos graus (utilizando-se um campo eletromag-nético externo), o suficiente para que uma aplicação de radioterapia tenha, naquela região, um efeito mais pro-nunciado. Isso equivale a “focalizar” o tratamento na região específica onde ele é necessário, o que também impli-ca em doses inferiores de radiação.

HCB: Qual o impacto real para hos-pitais e outros prestadores de ser-viços de cuidados médicos? E, em quanto tempo se dará?

Neves: O impacto já começa a ser sentido, uma vez que o setor médico já está se preparando para absorver essas novas tecnologias. Ao mesmo

tempo em que há uma sede muito grande de novas solu-ções em medicina, existe também a necessidade de que as ciências médicas, até agora acostumadas a tecnologias relativamente tradicionais, se adapte às novas tendências. Não se pode culpar o profissional de saúde por esse apa-rente tradicionalismo; o que ocorre é que ele só se disporá a adotar algo fundamentalmente diferente daquilo que usa hoje caso haja um salto suficientemente grande nos bene-fícios obtidos com a tecnologia.

HCB: Baseado nestas novas tecnologias, como será o pa-ciente no futuro? Teremos um novo “tipo” de paciente?

Neves: Acho que a diferença do lado do paciente já pode ser observada hoje. Ela tem a ver sobretudo com o nível de informação que se disponibiliza. Hoje é comum que o paciente chegue ao consultório médico já conhe-cendo detalhes sobre sua condição. Com a internet não é necessário que se seja um profissional da área médi-ca para se ter acesso a informações detalhadas sobre as mais diversas doenças, seu diagnóstico e tratamento. O que deverá mudar, ao meu ver, é que o paciente terá

224ajgcnvjectga26290kpff"""44224ajgcnvjectga26290kpff"""44 2712814229"""25<79<332712814229"""25<79<33

Page 23: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 23

O SETOR MÉDICO JÁ ESTÁ SE PREPARANDO PARA ABSORVER ESSAS NOVAS TECNOLOGIAS. AO MESMO TEMPO EM QUE HÁ UMA SEDE MUI-TO GRANDE DE NOVAS SOLUÇÕES EM MEDICI-NA, EXISTE TAMBÉM A NECESSIDADE DE QUE AS CIÊNCIAS MÉDICAS, ATÉ AGORA ACOSTUMADAS A TECNOLOGIAS RELATI-VAMENTE TRADICIONAIS, SE ADAPTE ÀS NOVAS TENDÊNCIAS

acesso imediato a ferramentas que possam ajudar o pro-fissional de medicina a fazer um diagnóstico mais rápido e preciso. Da mesma forma que hoje, ao telefonar para o médico numa emergência doméstica, fornecemos infor-mações como a temperatura do paciente, será possível informar muito mais. Nada disso substituirá a intervenção do profissional de saúde, mas terá o potencial de ajudá-lo enormemente no seu trabalho.

HCB: A medicina está se tornando cada vez mais perso-nalizada?

Neves: As tecnologias de que estamos falando ofe-recem a possibilidade de intervir de forma mais direta na causa real das doenças em vez de atuar de uma forma predominantemente sistêmica. Por isso ela não deixa de se tornar mais personalizada. Isso é reforçado pelo avan-ço em diagnóstico, que ajudará a conhecer as peculiarida-des de cada indivíduo.

HCB: A gestão e monitoramento das doenças serão fa-cilitados?

Neves: Certamente que sim. Com a possibilidade de se intervir em diferentes níveis estruturais do nosso orga-nismo - de sistemas até moléculas - tem-se a oportunida-de de exercer algum controle sobre eles. Há muitas do-enças que embora não sejam curáveis podem ser gerenciadas para melhorar a qualidade de vida do paciente. Essas novas tecnologias certamente cami-nham nesse sentido.

HCB: E a relação com as doenças raras? Neves: Até os dias de hoje, o trata-

mento de doenças raras tem dependido de haver interesse específico dos cen-tros de pesquisas médicas e da indústria farmacêutica. Novas ferramentas como a nanotecnologia oferecem a possibili-dade de atacar os problemas de forma mais global, por exemplo focalizando sua atenção numa classe de proteínas ou num tipo de célula. Assim, surgem novas possibilidades para a abordagem de doenças que, pelo número reduzido de casos, normalmente não vêm mere-cendo a atenção necessária.

HCB: Como os hospitais devem se preparar para o futuro? O que deve

ser feito para não perderem essa linha de evolução? Neves: Creio que os hospitais estarão suficientemente

prontos a partir do momento que a nanotecnologia conse-guir provar sua real utilidade. Para isso, acho que o mais importante é que a nanotecnologia procure se adequar o melhor possível às necessidades dos profissionais de saú-de. Ou seja, é mais importante que a nanotecnologia se prepare para a realidade dos hospitais do que o contrário.

HCB: Existe ainda descrença por parte dos administra-dores da saúde de que isso aconteça? A indústria acaba enxergando mais longe, neste sentido?

Neves: A possível redução nos custos de internação, diagnóstico e tratamento por si só representam fatores extremamente atrativos para o segmento. Portanto não será a tecnologia propriamente dita, mas sim as suas con-seqüências econômicas que promoverão a adoção de so-luções usando a nanotecnologia.

HCB: Quem são os maiores investidores em nano-tecnologia?

Neves: Certamente os países que tradicionalmente investem mais em pesquisa tecnológica estão também à frente do investimento no setor. Vale ressaltar, entretanto, que a própria natureza da pesquisa em nanotecnologia,

assim como sua diversidade, facilitam o envolvimento de países em desen-volvimento. Ao contrário do que acon-tece com indústrias de alto volume de investimento (como é o caso da microeletrônica), na nanotecnologia é possível começar com pouco e mes-mo assim fazer algo extremamente relevante. Isso oferece possibilidades enormes para países como o Brasil.

HCB: Os investimentos do governo dos Estados Unidos na área de na-nociência e nanotecnologia vêm au-mentando a cada ano. Estima-se que estes investimentos alcancem os do Genoma.

Neves: Os Estados Unidos estão numa situação extremamente favorá-vel: desde cedo enxergaram o potencial da nanotecnologia, apóiam maciçamen-te as áreas científicas essenciais a ela (como a ciência dos materiais), atraem profissionais de primeira linha de todo

224ajgcnvjectga26290kpff"""45224ajgcnvjectga26290kpff"""45 2712814229"""25<79<342712814229"""25<79<34

Page 24: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200724

ENTREVISTA HÉRCULES PEREIRA NEVES, IMEC

Hércules Pereira Neves, cientista principal

em microsistemas biomédicos do IMEC, maior centro europeu

de pesquisas em nanotecnologia

o mundo e têm universidades onde não se poupa dinheiro com pesquisa. Além disso, especificamente no setor médi-co, têm um sistema de saúde altamente homogêneo (o que não é o caso na Europa).

Nos Estados Unidos há um número substancial de empresas de todo porte empenhadas na exploração de produtos incorporando nanotecnologia. A Europa vem avançando a passos largos nesse sentido, mas o merca-do americano é certamente mais propício e as condições oferecidas a empresas emergentes são bem melhores.

HCB: Como o Brasil está posicionado em relação à in-fra-estrutura e investimentos em nanociência e nano-tecnologia, se comparado à América Latina?

Neves: Conheço relativamente pouco sobre o mercado brasileiro, mas certamente está muito à frente da América Latina. Estamos falando de uma área que caminha de mãos dadas com a pesquisa acadêmica e as atividades em cen-tros de pesquisa e desenvolvimento. As redes de pesquisa em nanotecnologia no Brasil têm se mostrado prolíficas em sua produção científica; mesmo que sua produção se situe aquém dos países desenvolvidos, o Brasil tem feito muito mais do que seus vizinhos para fomentar a pesquisa. Até onde sei, no restante da América Latina não há centros de excelência como a Embrapa; o ideal para o Brasil seria ter várias Embrapas, em áreas como a nanotecnologia.

HCB: A pesquisa ainda está limitada a universidades e institutos financiados pelos governos? As aplicações de-pendem também do investimento privado?

Neves: As indústrias - sobretudo as pequenas - têm papel fundamental no desenvolvimento da nanotecnologia para uma transição rápida entre a idéia e o produto. Na mi-nha opinião, isso tem sido um fator determinante na posi-ção de liderança que os Estados Unidos têm tido no setor.

HCB: Esse é o principal entrave para a disseminação de novos produtos?

Neves: Um dos maiores entraves se refere à transição en-tre o resultado da pesquisa científica e o produto que possa ser efetivamente utilizado pelo profissional de saúde. Esse desen-volvimento intermediário normalmente não é do interesse do pesquisador nem tampouco da grande maioria das indústrias.

HCB: Na indústria farmacêutica, o desenvolvimento de pro-dutos tem o objetivo de tornar os tratamentos menos agres-sivos ao paciente, mas visam também à redução de custos.

Neves: A nanotecnologia apresenta o potencial de aumen-tar a especificidade dos medicamentos. Mas acho que o maior

impacto nos custos se fará através das inovações em diagnósti-co, sobretudo na aceleração dos resultados. Se a possibilidade de tornar portáteis uma grande parte dos exames laboratoriais (sangue e urina) já terá impacto enorme na redução do tempo de internação do paciente. Em termos de custo, acho possível uma redução de 20% nos próximos dez anos.

HCB: A União Européia possui um plano conjunto de ações?

Neves: A Comissão Européia tem dado atenção espe-cial ao suporte à nanotecnologia. Os programas de pesqui-sa da União Européia - chamados Programas-Quadro para pesquisa e desenvolvimento tecnológico - se dividem em prioridades temáticas; desde o programa anterior (Pro-grama-Quadro 6) há uma prioridade temática específica para nanotecnologia. No atual Programa-Quadro 7, além da prioridade temática “Nanociências, Nanotecnologias, Materials e Novas Tecnologias de Produção”, há também as prioridades “Tecnologias de Informação e Comunica-ções”, “Saúde”, “Energia”, “Bioeconomia Baseada no Co-nhecimento” e “Transportes” nas quais nanotecnologia está explicitamente contemplada. Para cada uma dessas prioridades temáticas há diversas chamadas para projetos colaborativos de pesquisa, redes de excelência e ações de coordenação e suporte. Além disso, existe uma Plata-forma Tecnológica Européia em Nanomedicina, cuja fun-ção é identificar os grandes desafios sócio-econômicos encontrados pela Europa para prover altos padrões de serviços de saúde e na garantia de alta qualidade de vida, com enfoque em novas terapias a custos razoáveis.

HCB: O senhor pode citar alguns projetos já em desen-volvimento que merecem destaque e a atenção da co-munidade médica?

Neves: São muitos os projetos. Em particular, gostaria de destacar o papel das redes de excelência como a Nano2Life, cujo objetivo é tornar a Europa líder em nanobiotecnologia através da aglutinação de conhecimento e experiência de diversas organizações. Ela é formada por 23 organizações européias.

DIVULGAÇÃO

224ajgcnvjectga26290kpff"""46224ajgcnvjectga26290kpff"""46 2712814229"""25<79<352712814229"""25<79<35

Page 25: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 25

224ajgcnvjectga26290kpff"""47224ajgcnvjectga26290kpff"""47 2712814229"""25<79<472712814229"""25<79<47

Page 26: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200726

224ajgcnvjectga26290kpff"""48224ajgcnvjectga26290kpff"""48 2712814229"""25<79<522712814229"""25<79<52

Page 27: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 27

360º360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

9 SOLUÇÕES PARA A SEGURANÇA DO PACIENTEA Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um documento em parceria com diversas entidades sugerindo nove soluções para a segurança do paciente. Nos países desenvolvidos, se es-tima que um em cada dez pacientes hospitalizados sofra danos originados da atenção recebida. Nos países em desenvolvimen-to, a OMS acredita que esse número seja muito maior. As nove soluções são baseadas em intervenções e ações que têm redu-zido os problemas relacionados com a segurança dos pacientes em vários países. No último ano, a OMS se reuniu com cerca de 50 líderes e especialistas no assunto para identificar e adaptar as soluções a diferentes necessidades. Para ler o documento aces-se: http://www.jcipatientsafety.org/24725/

MULHERES TÊM EXPECTATIVA DE VIDA DE 75 ANOS

MÁ DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL DAS DESPESAS EM SAÚDE Durante a 60ª Assembléia

Mundial da Saúde, realizada

em Genebra, a OMS alertou

em relatório a má distribui-

ção das despesas em saúde

no mundo. Os 30 países

mais industrializados, onde

vivem menos de 20% da po-

pulação mundial, dispõem

de 90% do orçamento

global no setor. Em 2004, os

países da OCDE gastaram

US$ 3.080 por habitante em

saúde, contra US$ 102 da

África e do Sudeste Asiático.

O fumo matará 8,3 milhões

de pessoas em 2030, 50%

mais que hoje, e 80% das

vítimas serão habitantes de

países de renda média e

baixa. O estudo conclui que

em 2030 as quatro causas

mais comuns de morta-

lidade serão as doenças

cardíacas e pulmonares, os

ataques cerebrais e a Aids.

Em 2030, as doenças não

contagiosas deverão causar

70% das mortes.

O relatório de Estatística Sanitária Mundial 2007, divulgado pela Organi-

zação Mundial da Saúde (OMS), indica que as mulheres de todo o mundo

vivem, em média, quatro anos a mais que os homens. A expectativa de

vida delas é de 68 anos, e a deles, de 64 anos. As mulheres com probabi-

lidade de viver mais são as japonesas (86 anos), seguidas das de Mônaco

(85 anos). As mulheres brasileiras têm expectativa de vida de 75 anos, e

os homens, de 68 anos. Já os homens, os que têm possibilidades de viver

mais são os de San Marino, com uma média de 80 anos, um a mais que

nas estatísticas de 2006.

2030: 80% DAS MORTES SERÃO CAUSADAS PELO FUMO

PRESTADOR, OPERADORA, MEDICINA DIAGNÓSTICA, PESQUISA

224ajgcnvjectga26290kpff"""49224ajgcnvjectga26290kpff"""49 2712814229"""25<79<592712814229"""25<79<59

Page 28: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200728

360º360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

PRESTADOR, OPERADORA, MEDICINA DIAGNÓSTICA, PESQUISA

CAUSA DE TRAUMAS EM IDOSOSEstudo realizado na Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto (EERP) mostra que a maioria dos traumas sofridos por idosos é decorrente de quedas. O estudo envolveu 121 idosos, de 60 a 74 anos, considerados assim idosos jovens, residentes em Londrina e Região Metropolitana, que sofreram algum trauma e necessitaram de internação hos-pitalar. O objetivo era analisar a capacidade funcional do idoso antes do trauma e depois de seis meses da alta hospitalar.

CONTRATAÇÃO DE MÉDICO É “QUARTEIRIZADA”Relatório do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), apontou que parceiros da

Prefeitura de São Paulo na gestão das unidades de saúde AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) que deve-

riam contratar médicos para esses serviços repassaram a tarefa a outras empresas e cooperativas de médicos.

Quatro das sete parceiras privadas (Santa Marcelina, Santa Catarina, Seconci e Unisa) que atuavam no fim do

ano passado adotaram a estratégia, chamada de “quarteirização”.

A pesquisa do conselho mostrou uma tendência de aumento de procedimentos menos complexos com a che-

gada das AMAs, crescimento de mais de 1,3 milhão de consultas entre 2005 e 2006, mas também uma queda

de atendimentos em prontos-socorros e postos de saúde. O modelo das AMAs foi implantado há dois anos

pelo ex-prefeito José Serra (PSDB), atual governador do Estado.

Dos traumas ocorreram em conseqüência de quedas.

De acidentes de trânsito, especialmente os atropelamentos, e em terceiro lugar, de agressões físicas ou violência, como ferimentos por arma de fogo.

62%

25,6%

224ajgcnvjectga26290kpff"""4:224ajgcnvjectga26290kpff"""4: 2712814229"""25<79<682712814229"""25<79<68

Page 29: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 29

FISIOTERAPIA REDUZ TEMPO DE INTERNAÇÃOUma pesquisa realizada pelo Serviço de Fisioterapia do

Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade

de Medicina da USP mostra que as sessões de fisioterapia

reduzem em até 40% o tempo de permanência do pacien-

te internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), quando

aplicadas sem interrupções, ou seja, 24 horas por dia. O

estudo avaliou 500 pacientes, num período de seis meses.

Nos primeiros três meses, as atividades do fisioterapeuta

levaram 12 horas e a média de internação do paciente na

UTI foi de dez dias. Nos três meses seguintes, o aten-

dimento foi de 24 horas e a média de permanência do

paciente caiu para seis dias.

SANGUE ARTIFICIALPesquisadores da Universidade de Sheffield, na Inglaterra,

apresentaram sua mais recente inovação: o sangue artifi-

cial. O produto é feito com moléculas de plástico que têm

um átomo de ferro em seu centro, como a hemoglobina,

que pode levar oxigênio pelo corpo. A idéia é desenvolver

o produto em grande escala para ser usado em situações

de emergência, como em áreas de conflito, onde os ban-

cos de sangue natural nem sempre estão com estoques

suficientes para salvar vidas. Segundo os cientistas, o

sangue artificial é leve e fácil de transportar, não precisa

de refrigeração e pode ser conservado por mais tempo.

224ajgcnvjectga26290kpff"""4;224ajgcnvjectga26290kpff"""4; 2712814229"""25<79<6;2712814229"""25<79<6;

Page 30: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200730

360º360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

PRESTADOR, OPERADORA, MEDICINA DIAGNÓSTICA, PESQUISA

SÃO CAMILO INVESTE EM DIAGNÓSTICO POR IMAGEMO Hospital e Maternidade São Camilo Santana, localizado em São Paulo, investiu US$ 3,5 milhões na conclusão da primeira fase do novo Centro de Apoio ao Diagnóstico por Imagem. De acordo com José Carlos de Oliveira, diretor administrativo, com o investimento o São Camilo triplica sua capacidade de atendimen-to. Foram adquiridos duas máquinas de ressonância magnética, dois tomógrafos, um equipamento de densitometria óssea, um mamógrafo e três aparelhos de ultra-sonografia. A segunda fase de conclusão do novo CDI deverá ocorrer em cerca de dois anos e incluirá toda a área de Radiologia.

MAIS UM PARA O DASA

NOVA ESTRUTURA NO FLEURYO Fleury implementou

uma nova arquitetura

organizacional que estabe-

lece quatro Unidades de

Negócio - Fleury Medicina

Diagnóstica, NKB Medicina

Diagnóstica, Fleury Hospi-

tal-Dia e Gestão de Saúde.

As mudanças contemplam

o plano de crescimento

da empresa que envolve a

consolidação no mercado

como um provedor de so-

luções e produtos em toda

a cadeia da saúde - preven-

ção, diagnóstico, gestão

de doença e terapêutico.

O Fleury realiza mais de 25

milhões de exames por ano

na área diagnóstica, em 121

unidades de atendimento.

Em 2006, obteve receita de

R$ 520,5 milhões.

MBA EXECUTIVO EM GESTÃO DE SAÚDE

O IBMEC São Paulo está

com inscrições abertas para

o MBA Executivo em Gestão

de Saúde até o dia 22 de

junho. O curso é uma parce-

ria entre o Hospital Israelita

Albert Einstein e o IBMEC

São Paulo e foi desenvolvi-

do para profissionais com

formação na área de saúde,

administração ou que atuem

em instituições médicas e

necessitam aprimorar seus

conhecimentos em gestão.

Mais informações no site

www.ibmecsp.edu.br

O grupo Diagnósticos da América (DASA) concluiu a aquisição do Labo-

ratório Exame de Brasília. O valor da transação é de R$ 56 milhões. Com a

aquisição, o DASA fica mais forte no mercado no Distrito Federal, terceira

região do Brasil em cobertura de saúde privada, com 32% da população

coberta por planos de saúde (ANS). O plano estratégico inclui o posiciona-

mento do Exame no segmento executivo e a abertura de novas unidades,

além da ampliação dos exames de análises clínicas. Em 2006, o Exame

registrou receita bruta de R$ 38,8 milhões.

224ajgcnvjectga26290kpff"""52224ajgcnvjectga26290kpff"""52 2712814229"""25<7:<222712814229"""25<7:<22

Page 31: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 31

224ajgcnvjectga26290kpff"""53224ajgcnvjectga26290kpff"""53 2712814229"""25<7:<322712814229"""25<7:<32

Page 32: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200732

360º360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

EUA EM ÚLTIMO LUGAR O sistema de saúde americano aparece em último lugar na lista que classifica a assistência sanitária nos países ricos em termos de qualidade, acesso e eficiência. O estudo realizado pelo Fundo Commonwealth, aponta que os Estados Unidos é o único país do grupo estudado que não garante acesso ao atendimento de saúde por meio de uma cobertura universal para seus cidadãos. Sob o título “Mirror, Mirror on the wall: an update on the quality of american health care through the patient`s lens” (Espelho, espe-lho meu: uma atualização sobre a qualidade do sistema de saúde americano do ponto de vista do paciente), o estudo baseou-se em entrevistas com médicos e pacientes da Austrália, Grã-Bre-tanha, Canadá, Alemanha, Nova Zelândia e Estados Unidos, aos quais pediu para que falassem sobre suas experiências e opini-ões com relação a seus sistemas de saúde. Enquanto isso, a Grã-Bretanha ficou com a maior pontuação entre os países estuda-dos. A Alemanha ficou com a segunda posição, enquanto a Nova Zelândia e a Austrália, com a terceira. É possível ler o estudo no site da Commonwealth www.commonwealthfund.org

DIX COMPRA MED CARD

2,1 MILHÕES DE USUÁRIOS

A Amil Assistência Médica

confirmou a compra da

Blue Life. O negócio deve

ser efetivado apenas em

julho, depois de auditoria

e aprovação da ANS. Com

o acordo, a Amil consolida

sua posição de liderança

em número de beneficiá-

rios no ranking nacional

do setor, com cerca de

2,1 milhões de associa-

dos. No ano passado, a

operadora atingiu fatura-

mento de R$ 3 bilhões. O

Hospital Santa Bárbara,

que conta com 108 leitos,

também foi incorporado

pela operadora.

VERTICALIZAÇÃO

Até o final de 2007, a

Prevent Sênior vai aumen-

tar o número de hospitais

em São Paulo. O terceiro

hospital da companhia, que

é especializado em planos

para a terceira idade, será

inaugurado em junho, na

região da Avenida Paulista,

com investimento de R$ 6

milhões. Mais dois outros

empreendimentos estão

no radar da Prevent – nos

bairros da Liberdade e na

região da Radial Leste. A

previsão é que até 2011 a

empresa passe a manter

12 hospitais próprios.

A Dix Saúde comprou a carteira de clientes da operadora de planos Med

Card – que deve operar com o mesmo nome depois da aquisição. Além

dos 61.2 mil beneficiários, a empresa incorpora o Hospital Santo Amaro

e dois centros médicos de São Paulo. Essa é a terceira aquisição da Dix

Saúde em quatro anos. Em 2006, a empresa atingiu faturamento de R$ 805

milhões e mais de 1 milhão de vidas atendidas. Com a aquisição, espera

fechar o ano com faturamento de R$ 1 bilhão.

PRESTADOR, OPERADORA, MEDICINA DIAGNÓSTICA, PESQUISA

224ajgcnvjectga26290kpff"""54224ajgcnvjectga26290kpff"""54 2712814229"""25<7:<3:2712814229"""25<7:<3:

Page 33: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 33

Administração Financeira de Serviços deSaúde

Profissionais da área da saúde 7 h

Atendimento em Serviços de Saúde Recepcionistas, auxiliares de serviços de saúde e colabo-radores que atuam em hospitais, clínicas e serviços afins

7 h

Atualização para Gestores da Saúde Administradores, médicos, enfermeiros e demais profis-sionais de gestão

16 h

Auditoria em Enfermagem - Introdução Enfermeiros coordenadores de serviços de enfermagem eenfermeiros com interesse em atuar em auditoria

7 h

7 hComo a Educação Continuada PodeContribuir na Qualidade da Assistência

Enfermeiros e equipe de enfermagem

Como a Enfermagem Pode Contribuir Parao Controle de Custos do Hospital

Profissionais de Enfermagem 7 h

Diagnóstico e Planejamento nos Serviçosde Saúde

Profissionais da área de saúde do setor público ou privado 7 h

Dimensionamento de Pessoal – Enfermagem Enfermeiros 7 h

Gestão de Laboratórios de AnálisesClínicas

Médicos, enfermeiros, biomédicos, bioquímicos, farma-cêuticos, biólogos, administradores de serviços de medi-cina diagnóstica de cunho ambulatorial ou hospitalar.

7 h

Emergências de Enfermagem Enfermeiros, técnicos, auxliares de enfermagem e profis-sionais afins

7 h

Estatística Hospitalar – Introdução Profissionais da área de saúde do setor público ou privado 7 h

Farmácia Hospitalar - Dose Unitária Administradores, farmacêuticos, equipe de auxiliares deFarmácia

7 h

Faturamento Hospitalar e de Serviços deSaúde

Administradores, enfermeiros, chefes de áreas deatendimento e cobrança

7 h

Gerenciamento do Serviço de Enfermagem Enfermeiros 20 h

Gestão de Custos Hospitalar Profissionais da área da saúde 7 h

Gestão de Hotelaria em Saúde Profissionais da área de hotelaria, em instalações, arquite-tura, decoração, mobiliário, serviço de govenança, gas-tronomia, lavanderia, limpeza, recepção e enfermagem

Gestão de Suprimentos em Serviços deSaúde - Abordagem Jurídica e de Qualidade

Gestores da área da saúde e profissionais ligados a supri-mentos 20 h

Gestão do Serviço de Prontuário doPaciente

Gestores da área da saúde e profissionais ligados ao SPP 20 h

Cursos Público-alvo Duração

Hospitalidade em Instituições de Saúde Todos os profissionais da área da saúde 7 h

Humanização da Assistência à Saúde Profissionais da assistência e da gestão em saúde 7 h

Indicadores Gerenciais e de Assistênciade Enfermagem

Enfermeiros 7 h

Lavanderia Hospitalar Funcionários de hospitais, administradores hospitalares,enfermeiros e demais interessados

7 h

Liderança Estratégica I – Hospitais e Ins-tituições de Saúde

Executivos, gerentes, coordenadores e demais lideranças dasaúde

48 h

Planejamento Estratégico de Hospitais eServiços de Saúde

Gestores da área da saúde 20 h

Programa de Gerenciamento de Resíduosem Serviços de Saúde

Administradores, enfermeiros, gerentes, em especial daárea de limpeza e higienização, profissionais da saúde

7 h

Qualidade na Atenção à Saúde Profissionais da área da saúde 20 hServiço de Controle de Infecção Hospitalar Médicos, enfermeiros e estudantes da área da saúde 7 h

Sistematização da Assistência deEnfermagem - SAE

Enfermeiros 7 h

7 h

Auditoria em Serviços de Saúde Enfermeiros, Médicos, Administradores, Chefes deFaturamento

7 h

Higiene Hospitalar e de Serviços de Saúde Profissionais da área de apoio de higiene hospitalar 7 h

Pró-Saúde - Associação Beneficente de Assistência Social e HospitalarRua Diogo Cabrera, 94 B - 02467-060 - São Paulo - [email protected] www.prosaude.org.br

Duração

Administração Hospitalar e de Serviços de Saúde

Profissionais graduados emnível superior que já atuamou pretendem atuar na áreada saúde

460 h

Curso

Público-alvo

Duração

Graduação da Àrea da Saúdeou Profissionais de nível supe-rior que atuam na área dasaúde

460 h

Curso

Público-alvo

Auditoria dos Serviços deSaúde

Levenossos cursos

para sua cidade

Cursos de Curta Duração

Pós-Graduação

Veja programação de cursos em Belo Horizonte (MG),Ribeirão Preto (SP),Vila Velha (ES) eSão Paulo (SP).

Cursos de Orientaçãopara Acreditação

Primeiros Passos para Acreditação 16 h

Gestão por Processos 16 h

Indicadores de Desempenho 16 h

Ferramentas da Qualidade 16 h

ContatosE-mail: [email protected]: (11) 6238-5566

!!

224ajgcnvjectga26290kpff"""55224ajgcnvjectga26290kpff"""55 2712814229"""25<7:<432712814229"""25<7:<43

Page 34: HealthCare Brazil 2a Edição

ADMINISTRAÇÃO UTI

COMO TIRAR AS UTISdo estado crítico?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve publicar nos próximos meses um novo regula-mento que estabelece o funcionamento de serviços de atenção ao Paciente Crítico e Potencialmente Crí-tico. Em outras palavras, a partir da publicação da nova RDC não só as Unidades de Terapia Intensiva

(UTIs) e de Cuidados Intermediários (UCIs) do setor público serão regulados pela Anvisa, como também as do setor privado. O texto, que passou por consulta pública em abril do ano passado e está em fase de redação final, prevê uma série de mudanças e regras em relação aos recursos humanos, equipamentos, materiais e medica-mentos necessários à operacionalização das unidades. Dentre as principais mudanças, a exigência do médico com título de especia-lista em medicina intensiva, o que ainda não é uma “figura” comum dentro das unidades de muitas regiões do País. Mas, essa é só uma ponta do iceberg que deixou as UTIs em um estado crítico - quase irreversível. Baixa remuneração, ausência de leitos no setor público, ociosidade no setor privado e má gestão são as principais causas que têm mantido os gestores em permanente alerta. Mas, como tirar as UTI’s desse estado crítico? A solução, segundo José Maria da Costa Orlando, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), é uma união de esforços e parcerias entre o Gover-no e empresários do setor privado.

MAIO 200734

224ajgcnvjectga26290kpff"""56224ajgcnvjectga26290kpff"""56 2712814229"""25<7:<442712814229"""25<7:<44

Page 35: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 35

224ajgcnvjectga26290kpff"""57224ajgcnvjectga26290kpff"""57 2712814229"""25<7:<4;2712814229"""25<7:<4;

Page 36: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200736

ADMINISTRAÇÃO UTI

Uma pesquisa divulgada em maio pela AMIB, única entidade oficial em medicina intensiva reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médi-ca Brasileira (AMB), revelou aumento de um dia no tem-po médio de internação nas UTI’s brasileiras, nos últimos dois anos. O estudo, que integra os dados do Sistema Quati (Qualidade em Terapia Intensiva), analisou 70 uni-dades – públicas e privadas - de diversas regiões do País. Em 2005, as UTIs adulto que integram o Sistema QuaTI registraram permanência média de pacientes de 5,7 dias. Já em 2006 esse número subiu para 6,7. Esses valores variam de acordo com as características do tipo e idade do paciente internado. Mas, segundo a associação pelo baixo número de hospitais/unidades participantes da pes-quisa, ainda não é possível agrupar dados, como por faixa etária. “O tempo de permanência no Brasil é superior ao que observarmos em países desenvolvidos onde não há falta de leitos”, explica José Maria da Costa Orlando, pre-sidente da AMIB.

Um dos motivos desse aumento de permanência nos leitos de terapia intensiva é a carência de unidades inter-mediárias de internação, chamadas também de semi-in-tensivas. “Em outros países esse tipo de unidade é co-mum porque permite dar alta ao paciente que passou por um período de tratamento na UTI sem correr o risco de mandá-lo direto para uma enfermaria ou quarto numa con-dição que eventualmente pode gerar uma complicação, por ainda estar num estado de fragilidade. Está faltando aí um grau intermediário no processo de alta da UTI”, conta Orlando. Segundo ele, o fato de não dispormos dessas unidades em grande escala, especialmente em hospitais públicos onde há permanentemente uma alta demanda por internações, gera insegurança no médico, que acaba mantendo o paciente mais tempo neste tipo de leito, mui-tas vezes sem necessidade efetiva. “O resultado é que, ou o médico estica a permanência do paciente na UTI ou an-tecipa a alta do paciente para a enfermaria - o que acaba acontecendo é que alguns desses pacientes apresentam intercorrências e retornam para a UTI, o que gera mais custos já que a patologia normalmente se agrava”, conta.

Segundo o estudo, a taxa de permanência das UTIs públicas é de 9,2 dias enquanto nas particulares é de 5,6. A gritante diferença reflete uma disparidade entre as áreas pública e privada. Faltam leitos no primeiro grupo, enquanto sobram no segundo. O Brasil conta atualmen-te com quase 35 mil leitos de UTI. Desses, 20 mil estão na rede pública – que conta com mais de 140 milhões de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) - e aproxi-madamente 15 mil encontram-se no setor privado – que

224ajgcnvjectga26290kpff"""58224ajgcnvjectga26290kpff"""58 2712814229"""25<7:<572712814229"""25<7:<57

Page 37: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 37

representa uma parcela de 40 milhões de vidas atendidas.

De acordo com o presidente da AMIB, o ministério da Saúde vem se apoiando em uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), da década de 80, que apontava as ne-cessidades de leitos de UTI para um hospital geral, na casa dos 4%, ou seja, em um hospital de 100 leitos, pelo menos quatro deveriam ser de te-rapia intensiva. “Essa é uma recomen-dação que tem quase 30 anos. De lá para cá, a demanda por leitos na UTI cresceu por diferentes motivos. Pri-meiro, a população está ficando mais idosa – o que acaba demandando mais leitos intensivos. Segundo, a violência urbana subiu muito no mundo intei-ro e, por último, a complexidade das cirurgias aumentou com as tecnologias, o que exige uma atenção pós-ope-ratória maior”, explica.

Hoje, a experiência mundial aponta como necessida-de mínima de 7 a 10% de leitos intensivos para um hos-pital geral. O dobro do praticado atualmente no Brasil. “Depois da implantação de cerca de 6 mil novos leitos, nos últimos quatro anos, sabemos pelas informações do ministério da Saúde que finalmente atingimos a casa dos 4%, no setor público. O que é claramente insuficiente. Já no setor privado é o contrário, temos uma oferta ge-nerosa e essa proporção sobe para 11%. E, quem tem acesso são os 40 milhões de privilegiados que são as-sistidos pela medicina suplementar. A grande massa de brasileiros depende da rede SUS”.

O alto custo envolvido na operação de um hospital, com a medicina cada vez mais centrada no paciente, tirará de dentro do âmbito hospitalar muitos dos atuais serviços oferecidos. O hospital do futuro será uma grande UTI, e deve – segundo Orlando – reunir tão somente algumas atividades essenciais, como centro-cirúrgico para pro-cedimentos de grande porte, pronto-socorro para emer-gências de maior complexidade e as unidades de terapia intensiva. “Então, o que vai sobrar dentro do hospital? Estruturas enxutas, com tecnologia concentrada na emer-gência, centro cirúrgico, UTI e poucos exames de maior porte. O paciente que permanecer no hospital será aquele que demandará maior vigilância, o resto será tratado em casa, em sistema de home care ou em day hospital”.

Para ele, esse é um fator irreversível já que os com-pradores de serviços pressionarão cada vez mais as insti-

tuições hospitalares a seguirem nesta trilha. Motivo pelo qual também se en-contram mais leitos de semi-intensiva nos hospitais privados e uma menor taxa de permanência. “Se consegue antecipar a alta desses pacientes, com uma rotatividade de leitos maior, à me-dida em que se dispõe de suporte das semi-intensivas, reduzindo custos e garantindo a segurança e a qualidade da assistência”, reforça.

Outra questão que pesa a favor da otimização dos leitos no setor privado é o processo de auditoria dos compra-dores de serviços. “As operadoras de planos não estão dispostas a ter um

dispêndio de recursos maior para manter um paciente na UTI quando ele já teria condições de ser monitorado em uma unidade intermediária, com custo menor. Então, os próprios compradores são grandes incentivadores da im-plantação desse tipo de unidade”, explica. Já no setor pú-blico, onde esse tipo de auditoria é frágil ou praticamente inexistente, esse incentivo deixa de existir, especialmente porque não é contemplado e reconhecido nas tabelas de remuneração do SUS.

Mas, Orlando faz um alerta. “Embora sejamos favo-ráveis à implantação das unidades intermediárias, elas não são uma porta de entrada e sim um degrau de saída para quem esteve internado na UTI. Em um determina-do momento, o Governo chegou a supor que como já se vinha implantando mais leitos intensivos, estava na hora de partir para a implantação das unidades semi-intensivas em hospitais públicos, onde ainda existe claramente uma demanda grande por leitos de UTI”, ressalta.

O que fazer?

Para ampliar a disponibilidade de UTIs, um caminho óbvio é implantar novos leitos. Mas, para o presidente da AMIB, é fundamental também melhorar a gestão dos leitos existentes. “Melhora-se a gestão de diferentes maneiras. Uma delas é ter critérios claros de internação. Saber exatamente que tipo de paciente pode e deve ser beneficiado, o que não é uma prática digamos forte em nosso contexto. E isso ocorre de uma forma geral no serviço público, como no privado. Esse último, inclu-sive, como tem uma disponibilidade maior de leitos in-terna casos que na rede pública nem se cogitaria. Esse também é um dos motivos em que há tantas diferenças

A TAXA MEDIANA DE

PERMANÊNCIA DAS UTIS

PÚBLICAS É DE 9,2 DIAS

ENQUANTO QUE NAS

PARTICULARES É DE 5,6.

A GRITANTE DIFERENÇA

REFLETE UMA DISPARI-

DADE ENTRE AS ÁREAS

PÚBLICA E PRIVADA

224ajgcnvjectga26290kpff"""59224ajgcnvjectga26290kpff"""59 2712814229"""25<7:<5;2712814229"""25<7:<5;

Page 38: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200738

ADMINISTRAÇÃO UTI

SOLUÇÕES PARA TIRAR AS UTIS DO ESTADO CRÍTICO

• Implantação de mais leitos no setor público• Criação dos leitos intermediários• Melhorar a gestão das unidades existentes• Realizar parcerias público-privadas

nos índices de mortalidade de um e outro tipo”, analisa. Para Orlando, o problema vai além da criação dos pro-

tocolos de atendimento. “A disponibilidade desses proto-colos, que definem critérios de internação, alta, etc, são muito comuns e, estão disponíveis em toda a literatura mundial. Esse não é o problema, e sim as reais condi-ções que temos atualmente de aplicá-los. Na prática, se fossemos aplicar o protocolo recomendado deveríamos, por exemplo, avaliar os casos tendo em mente aquele pa-ciente que poderia se beneficiar mais da internação na UTI e com mais chances de recuperação, e não neces-sariamente o caso mais grave. E, isso, certamente meus próprios colegas de emergência não admitiriam. Como levo um paciente que está estável e deixo um mais grave? É uma mudança cultural e estrutural”. (leia o quadro Hora de pensar na Ortotanásia).

O caminho óbvio, de implantação de novos leitos, é só um passo e não é o único. A solução, segundo o presi-dente da AMIB, além da criação de leitos intermediários e melhorar a gestão das unidades existentes, é estabelecer parcerias público-privadas. “Se eu tenho 20 mil leitos para 140 milhões de usuários e 15 mil leitos para 40 milhões, o ideal não é sair cons-truindo mais hos-pitais e sim esta-belecer convênios e contratos de serviços com a ini-ciativa privada, em

A EXPERIÊNCIA MUNDIAL

APONTA COMO NECES-

SIDADE MÍNIMA DE 7 A

10% DE LEITOS INTENSI-

VOS PARA UM HOSPITAL

GERAL. O DOBRO DO

PRATICADO ATUALMENTE

NO BRASIL

224ajgcnvjectga26290kpff"""5:224ajgcnvjectga26290kpff"""5: 2712814229"""25<7:<642712814229"""25<7:<64

Page 39: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 39

NA PRÁTICA, SE FOSSE-

MOS APLICAR O PROTO-

COLO RECOMENDADO

DEVERÍAMOS AVALIAR

OS CASOS COM MAIS

CHANCES DE RECUPE-

RAÇÃO, E NÃO NECES-

SARIAMENTE OS MAIS

GRAVES

HORA DE PENSAR NA ORTOTANÁSIA

Uma questão polêmica, mas muito presente no dia-a-dia das unidades de terapia intensiva é até quan-do investir em pacientes terminais, com suporte e mo-nitoramento tecnológico. No final do ano passado, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou a reso-lução que permite ao médico suspender tratamentos e procedimentos que prolonguem a vida de doentes ter-minais e sem chances de cura - desde que a família ou o paciente concorde com a decisão, que deve constar no prontuário médico.

A chamada ortotanásia tem o apoio da AMIB. Para José Maria da Costa Orlando, presidente da associa-ção, está na hora de se pensar ativamente no assunto. Embora, a resolução do CFM tenha sido aprovada ela não tem efeito legal. A ortotanásia ainda é considera-da crime pelo código penal brasileiro. “Chegou o mo-mento de se rediscutir a prática da ortotánasia exata-mente para não se fazer o oposto, que é a distanásia, prolongando uma vida sem nenhuma perspectiva de recuperação. Na verdade não se prolonga a vida, mas sim o processo de morte. E pelo critério bioético da justiça temos que levar em consideração o que é me-lhor para o paciente, mas sem desconsiderar o que é melhor para o conjunto da sociedade. Na hora em que decido levar para a UTI um paciente mais grave, mas com menos condições de se curar, ao invés de um com melhores chances, não estou fazendo justiça social. O beneficio coletivo está acima do pessoal. De qualquer forma costumamos dizer que a vida não tem preço, mas ela tem custo”.

que os hospitais privados passem a disponibilizar es-ses leitos para o setor público”. Da-dos apontam que a taxa de ocupa-ção média de uma UTI pública está acima dos 90%, já no setor priva-do a média nacio-nal não supera os 60%. “Porque o Governo não se propõe a utilizar

esse tipo de serviço ao invés de ter um custo superior para implantar toda uma estrutura hospitalar e de UTI para abrir novos leitos?”, indaga.

A solução não é simples porque passa pelo fator re-muneração. A defasagem das tabelas de pagamento do Sistema Único de Saúde não estimula o interesse do se-tor suplementar para estabelecer esse tipo de convênio. A portaria 3432, de 1998, classifica as UTIs em três diferen-tes tipos de complexidade e estabelece diferenças na re-muneração dependendo de cada grau. Para uma UTI nível 3, considerada a mais complexa, portanto, mais cara, a re-muneração atual prevista não chega a R$ 220,00 a diária, no setor público. Um levantamento da AMIB com hospi-tais públicos do estado de São Paulo mostra que o custo diário de uma UTI nível 3 está entre R$ 900,00 e mil reais por dia. “No setor privado esse valor ainda é superior. Em um encontro recente com o atual ministro da Saúde, em que apresentei esses valores, a resposta dele foi óbvia: a conta não fecha porque não há recursos para estabelecer reajustes na tabela de remuneração do SUS, que possa atender essa expectativa”, conta.

A aposta do atual ministro, José Gomes Temporão, se refere à implementação da Emenda 29, que estabelece um piso de repasse de verbas destinadas à saúde pelos estados. Atualmente, apenas sete estados brasileiros – incluindo São Paulo - cumprem a emenda. “À medida que os estados destinarem mais recursos para a saúde pode-se pensar em ampliar ou revisar as atuais tabelas do SUS. Mas, hoje, o ministro foi muito claro, não há como enfrentar esse problema. Existe uma defasagem muito significativa entre aquilo que é remunerado pelo SUS e o que realmente custa o serviço prestado”. A expectativa fica por conta da nova resolução.

224ajgcnvjectga26290kpff"""5;224ajgcnvjectga26290kpff"""5; 2712814229"""25<7:<682712814229"""25<7:<68

Page 40: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200740

REPORTAGEM DE CAPA

REMUNERAÇÃO POR RESULTADOS, SIM SENHOR!POR KELLY DE SOUZA

Não adiantou a resistência. Estados Uni-dos e Reino Unido se preparam para tornar o Pay for Performance em um modelo obrigatório de remuneração. O objetivo é acabar com a cansativa e pouco produtiva maratona do pagamen-

to por serviços. Atualmente, cerca de 53 milhões de ame-ricanos estão de alguma forma envolvidos em programas de pagamento por performance (P4P) nos serviços de saúde. São, ao todo, 115 programas diferentes. A maior diferença entre o P4P e o tradicional fee for service, é que existe uma expectativa clara que responsabiliza o médico pela qualidade e custo do cuidado que fornece. A lógica é simples: pagar mais para quem oferece assistência com qualidade e menos para quem oferece serviços ruins.

Simples... só no conceito. Prestadores de serviços – sejam eles médicos ou hospitais - não gostam de serem avaliados e comparados com seus “parceiros”. Apesar dos desafios operacionais e culturais significantes, os in-centivadores do P4P estão usando uma grande varieda-de de padrões estruturais, processos e indicadores para comprovar a eficiência do modelo.

224ajgcnvjectga26290kpff"""62224ajgcnvjectga26290kpff"""62 2712814229"""25<7:<722712814229"""25<7:<72

Page 41: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 41

224ajgcnvjectga26290kpff"""63224ajgcnvjectga26290kpff"""63 2712814229"""25<7:<762712814229"""25<7:<76

Page 42: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200742

REPORTAGEM DE CAPA

UMA OPORTUNIDADE IMEDIATAA consultoria Med Vantage - www.medvantage.com-,

que atende operadoras de planos de saúde, grupos de empregadores, agências do Governo e outras institui-ções, divulgou no ano passado uma pesquisa comparan-do a adesão aos programas de P4P em 82 companhias americanas. O resultado é um crescimento de 25% nas iniciativas. Segundo Geof Baker, CEO da empresa, esse número leva a crer que em dois, três anos o número de programas dobre nos Estados Unidos. (Veja a pesquisa no boxe Pesquisa P4P). Outro fator importante destacado na pesquisa é que a satisfação do paciente continua em de-clínio: 79% em 2003, 56% em 2004 e 37% em 2005. Esse índice deve resultar de forma significativa que pacientes que têm seguros de saúde passem a buscar sistemas que tenham programas de P4P.

Segundo François de Brantes, coordenador nacional do Bridges to Excellence (BTE), serviço de saúde ameri-cano que visa desenvolver programas de pagamento por performance para médicos, o P4P se tornará rapidamente obrigatório. Quase todos os planos de saúde começaram um programa de incentivo de qualidade/custo, ajustando uma parte do pagamento pago para hospitais e médicos através de seus desempenhos. “Estes esforços estão sendo fomentados principalmente pelo desejo de trocar o sistema de pagamento “por quantidade”, usado atual-mente, para um sistema que não se preocupe com o volu-me, mas sim com a qualidade do cuidado que é fornecido por médicos e hospitais”, ressalta.

As iniciativas nos Estados Unidos são públicas e priva-das. “O Governo está se envolvendo intensamente no pa-gamento por performance”. Já as companhias de seguros privado também têm trabalhado para mudar os progra-mas de pagamentos para hospitais e médicos, incluindo incentivos relacionados à qualidade e serviços com pre-ços acessíveis.

Os empresários são os principais interessados nessa mudança. Os custos com o seguro de saúde têm aumen-tado significativamente na última década. “Todos esses aumentos não refletiram em nenhum aumento de qualida-de. Então os empresários estão exigindo que os médicos e os hospitais demonstrem que eles merecem mais di-nheiro através da melhora da qualidade dos serviços que oferecem”, ressalta.

Segundo Brantes, todos os países no mundo estão

se esforçando para melhorar seus custos, com medidas claras de retorno. “Afinal o que está sendo produzido com todos esses recursos e qual ligação com resultados e pa-gamentos. Dessa forma, o P4P será incorporado na maio-ria das seguradoras de saúde do mundo”.

A qualidade do atendimento à saúde está intimamen-te ligada ao seu sistema de pagamento. O modelo mais aplicado quase que na totalidade dos prestadores e finan-ciadores brasileiros, fee for service, não reflete os valores importantes como qualidade clínica, medicina centrada no paciente e eficiência. Nem os sistemas de pagamento atual reconhecem a necessidade dos pagamentos de bô-nus para os bons prestadores de serviços.

O conceito de pagar mais por um bom desempenho é fundamental em inúmeros setores da economia, mas nos serviços de saúde é ainda relativamente novo. Nos Estados Unidos, segundo o relatório Rewarding Provider Perfomance, do Institute of Medicine (IOM), o Medicare e o Medicaid, sistemas públicos dos EUA que atendem mais de 40 milhões de americanos, iniciaram uma série de projetos para explorar o potencial do pagamento por desempenho, de forma a melhor à atenção e o atendi-mento nestes sistemas.

Para Peggy McNamara, analista senior da Agency for healthcare Research and Quality (AHRQ) - www.ahrq.gov, o número de programas continua crescendo também fora dos Estados Unidos. A pesquisadora analisou seis estu-dos de casos da adoção do P4P em diferentes países. Segundo ela, o presidente George W. Bush tem “encora-jado” cada vez mais os pagamentos ligados à qualidade do prestador. “Esse interesse também cresce em outros países desenvolvidos”, explica.

Peggy conta que além dos empresários e o governo, o próprio cliente está pressionando para as mudanças. “Através de inúmeros relatórios vimos que os problemas com a qualidade persistem, então estes clientes procu-ram valorizar seu dinheiro buscando fornecedores de alta qualidade”, conta. Por isso, a analista vê no Pagamento por Performance uma das muitas estratégias de qualida-de que devem ser seguidas. “Outras estratégias incluem o CQI (Consumer Incentives for Quality), que visa justa-mente motivar os consumidores para a gestão qualidade, registros públicos, etc”.

Para Tom Williams, diretor executivo da Integrated

224ajgcnvjectga26290kpff"""64224ajgcnvjectga26290kpff"""64 2712814229"""25<7:<7:2712814229"""25<7:<7:

Page 43: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 43

Healthcare Association (IHA), o P4P é um estímulo para inspirar medidas de desempenho, melhoria na qualidade e no final das contas, reforma no pagamento. “O Governo dos Estados Unidos, nos níveis federal e estadual, estão altamente interessados. A Inglaterra já instalou um pro-grama nacional e muitos outros países estão começando a agir neste sentido ou mostrar grande interesse. A IHA patrocina anualmente um evento sobre este tema que conta com visitantes do mundo inteiro”, conta.

Além do projeto da IHA, na Califórnia, que pagou US$ 90 milhões em bônus em 2005, outros grandes empre-gadores e operadoras têm oferecido recompensas para o desempenho dos médicos. Um exemplo é Bridges to Excellence - www.bridgestoexcellence.org -, programa de P4P que paga até US$ 100 por paciente se comprovado o desempenho. Desde 1999, o Hawaii Medical Service Association, afiliado a Blue Cross and Blue Shield, pagou prêmios individuais que variaram de US$ 500 a US$ 20 mil. Esses bônus representam 5.5% do salário total do médico. O programa nacional do Reino Unido, considera-do até mesmo pelos americanos como o mais completo, avalia mais de 140 indicadores de qualidade. O programa compara os resultados dos médicos e paga de acordo com o desempenho, através da pontuação destes indica-dores. Outro projeto com bons resultados, segundo Pe-ggy McNamara, é o da CMS-Premier - www.premierinc.com -, que concedeu US$ 8.85 milhões de incentivos aos 250 hospitais que tiveram alto desempenho, além de re-gistrar melhoria significativa na qualidade da assistência através de cinco áreas clínicas, e com indicadores aceitos de forma extensa.

Segundo o relatório do IOM, o alto custo da assistência à saúde americana não resulta em qualidade e bons resul-tados. Em alguns casos, ele é até prejudicial, colocando a vida de muitos pacientes em risco. Em conseqüência, não somente a qualidade, mas também o valor total pago pelos serviços tornou-se questionável.

Em 2004, a despesa com cuidados de saúde nos EUA alcançou US$1.9 trilhão, 16% do Produto Interno Bruto (PIB). O Governo americano estima que em 2014, a des-pesa projetada deve chegar a 18.4% do PIB. Apesar des-tes valores, os EUA ocupam o quarto lugar – dos paises industrializados – com maior taxa de mortalidade infantil. E, perde feio para outros países (onde o investimento per capita é mais baixo) em obesidade, doença do coração e diabetes. Para a população acima de 60 anos, por exem-plo, a taxa de diabetes aumentou.

Alguns desses programas começaram a mostrar que os prestadores de serviços respondem positivamente aos

224ajgcnvjectga26290kpff"""65224ajgcnvjectga26290kpff"""65 2712814229"""25<7:<7;2712814229"""25<7:<7;

Page 44: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200744

REPORTAGEM DE CAPA

cessos clínicos complexos. Duvidam também que os incen-tivos podem melhorar o cuidado e a saúde dos seus pacien-tes. O desafio principal para a introdução do pagamento por performance é superar o medo. Três alvos tiveram destaque no relatório do Institute of Medicine: domínio clínico, cuida-do centrado no paciente e eficiência. Eventualmente, outros aspectos devem também ser medidos e recompensados.

Em 2001, um outro relatório da IOM apontou dez diretrizes para redesenhar os sistemas de saúde, no qual tiveram destaques questões como compartilhar e incentivar o poder de decisão junto ao cidadão, adoção da medicina baseada em evidência, o aten-dimento não deve variar de forma ilógica de médico para médico, ou de prestador de serviço, antecipar-se às necessidades dos pacientes e não simplesmente reagir aos eventos; o sistema de saúde não deve des-perdiçar recursos ou o tempo do paciente; os médi-cos devem ser ativamente colaborativos e assegurar troca de informação sobre o atendimento.

O comitê que organizou o relatório considerou as estraté-gias de melhoria de desempenho de forma mais ampla e incluiu além das medidas de performance e os relatórios públicos, o uso de novas tecnologias, auxílio técnico, instrução dos pres-tadores de serviço e do consumidor, processos de certificação do fornecedores e novas estruturas organizacionais. Todos es-ses esforços podem ser amarrados aos incentivos financeiros.

incentivos de recompensar a melhoria de qualidade. O Me-dicare é o maior custo em programas de saúde dos EUA, com despesas totais de US$ 309 bilhões em 2004, e com tendência a crescimento. O gasto do Medicare em 2005, foi de mais de 332 bilhões. E a projeção para 2014 é de 748 bilhões. O sistema atual de pagamento, o fee for service, não promove a qualidade porque tende a recompensar o uso excessivo dos serviços, elevando o custo, procedimen-tos complexos e baixa qualidade. Pouca ênfase é colocada na eficiência (quando se consegue melhor qualidade clínica, com uma quantidade dada de recursos). A falta de incen-tivos desanima os prestadores de serviços. A esperança é que o estímulo à prática do cuidado de saúde, de forma glo-bal, estimule comportamentos organizacionais e individuais que resultarão na melhor qualidade do cuidado.

O uso sistemático dos incentivos que recompensem níveis elevados de qualidade pode guiar o comportamento institucional do prestador de serviço para uma melhor quali-dade. Os incentivos de pagamento por desempenho por si não serão suficientes para conseguir as mudanças institucio-nais necessárias e devem estar ligados ao uso de registros eletrônicos de saúde, relatórios públicos, incentivos ao be-neficiário e a instrução dos diretores que poderiam conduzir ganhos significativos e a sinergia na melhoria de qualidade.

Muitos prestadores de serviços são céticos de que as medidas de desempenho podem ser introduzidas nos pro-

INDICADORES

A qualidade clínica tem recebido o maior peso (50%) para ser considerada na distribuição dos pagamentos, seguida de Experiência e Comunicação com o Paciente (30%), e investimento em Tecnologia da Informação (20%). Mas, outros dois modelos também são colocados em prática, aqueles que distribuem de forma igual o investimento para bonificação (exemplo: se 3 bilhões estivessem disponíveis, cada grupo de indicadores receberia US$ 1 bilhão). Uma terceira opção, parecida com o primeiro modelo, colocaria mais critérios para cada sub-grupo, tendo assim pontuações diferentes para cada um dos indicadores. Os recursos também seriam alocados de acordo com o tipo de prestador ( medico, hospital, operadora), condição, aderência aos programas, etc.

$$$ $$ $Qualidade

clínicaExperiência

com o pacienteTecnologia

da informação

224ajgcnvjectga26290kpff"""66224ajgcnvjectga26290kpff"""66 2712814229"""25<7;<242712814229"""25<7;<24

Page 45: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 45

FEE FOR SERVICEA MARATONA DE QUEM ATENDE “MAIS”O Pay for Performance, além de seus objetivos ligados

à qualidade assistencial, promete acabar com a cansativa e pouco produtiva maratona do pagamento por serviço. No modelo fee for service, os médicos são incentivados a maxi-mizar os seus resultados, sendo submetidos a uma grande sobrecarga de trabalho, além de terem que atrair mais pa-cientes para que não haja queda em sua renda. No Brasil, ainda há de se considerar as baixas tabelas de remuneração dos serviços. O que pode motivar também a uma concentra-ção em procedimentos mais rentáveis. Tudo isso, significa elevar custos, fragmentar a atenção ao paciente e elevar a realização de intervenções. Segundo o relatório de Marian-gela Leal Cherchiglia, do Programa de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Organização Pan-Americana da Saúde, sobre formas de pagamentos e práticas médicas, no

modelo fee for service existe um incentivo ao médico para maximizar seus resultados, isto é, a quantidade de produ-tos na tentativa de aumentar renda. “Se assumirmos que os médicos são maximizadores de renda, então, eles irão ma-ximizar o lucro associado a cada um dos itens dos serviços providos, procurando reduzir os custos pessoais (tempo e esforço despendido) e financeiros (compras de equipamen-tos), maximizando a diferença entre renda (ganho) e custos”. Para isso, o médico pode incrementar seu ganho total au-mentando o número de serviços produzidos (atraindo pa-cientes adicionais ou trabalhando por longas horas). Ou, até mesmo, segundo o relatório, tentando prover mais serviços do que os pacientes precisam, provocando o efeito de de-manda induzida, o que pode gerar um número excessivo e desnecessário de tratamentos.

224ajgcnvjectga26290kpff"""67224ajgcnvjectga26290kpff"""67 2712814229"""25<7;<352712814229"""25<7;<35

Page 46: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200746

REPORTAGEM DE CAPA

E O MEDO DA AVALIAÇÃO

Para Peggy McNamara, da AHRQ, a resistência é exa-tamente porque profissionais e hospitais são contrários em ter seu trabalho observado e comparado. E poucos acreditam que os programas são realmente efetivos na questão da melhoria da qualidade. Mas, esse cenário tam-bém tem mudado. “As pesquisas com médicos que utili-zam o modelo têm indicado receptividade desde que os indicadores utilizados sejam validados e confiáveis”.

A resistência ao modelo de Pagamento por Performan-ce, segundo François de Brantes, coordenador do BTE, vem de uma grande crença que medir resultados nos cui-dados médicos é muito difícil. “Alguns dizem que é impos-sível”. Como resultado, os hospitais e médicos estão re-lutando para serem “medidos” e terem seus pagamentos ligados a suas performances. Um argumento usado é que nem sempre o médico e o hospital são responsáveis pelos resultados do atendimento ao paciente. Segundo Brantes isso é verdade, mas existem muitas maneiras, boas o bas-tante, para medir os resultados. “Esse argumento já não é válido, mas a resistência continua”. Para ele, a maneira mais usada e que assusta os profissionais é comparar o custo total do cuidado do paciente de um determinado médico, com pacientes de outros médicos. “Essas medi-das de custos são ajustadas à gravidade dos pacientes e focadas em condições ou doenças específicas. Existem muitas, mas muitas medidas de qualidades que estão em três amplas categorias: estrutura (tipos de sistemas e tec-nologias implantadas, como registros médicos), processo (os passos reconhecidos como necessários para assegu-rar o cuidado certo) e resultados (indicadores que o pa-ciente está estabilizado ou curado)”, analisa.

“Os únicos médicos que temem o P4P são os que resistem em serem responsabilizados pelos seus resul-

P4P

224ajgcnvjectga26290kpff"""68224ajgcnvjectga26290kpff"""68 2712814229"""25<7;<382712814229"""25<7;<38

Page 47: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 47

tados. A maior diferença entre P4P e o normal Fee-for-ser-vice é que existe uma expectativa clara que responsabili-za o médico pela qualidade e custo do cuidado que eles fornecem. Muitos médicos não querem ser responsáveis e estão certos de que a responsabilidade irá levar à queda de sua autonomia para administrar o paciente da maneira que eles querem. A maioria dos empresários das compa-nhias de seguro de saúde quer o P4P pela mesma razão: buscam melhorar a aderência dos médicos à medicina baseada em evidências e empurram os médicos e hos-pitais a prestarem atenção nos resultados dos cuidados que eles fornecem”.

Essa negativa acaba impedindo que muitos projetos não avancem de forma mais rápida. “Com exceção do Reino Unido que possui um programa nacional do P4P, que foi completamente revisado e está sendo implantan-do em todo o país. Nos Estados Unidos existem dúzias de esforços. Quase todos os planos públicos e privados se empenham na adoção do P4P. Mas, o resto dos países ainda está tentando projetar suas iniciativas”, comenta.

François de Brantes não acredita que o fee for service se acabará, já que existem muitos tipos de intervenções que são adequados a esse tipo de pagamento (como ca-sos ortopédicos, gripes, etc). “Mas, é bom frisar que es-tamos trabalhando duro para retirar o fee for service do mercado, que deve ser aplicado a um pequeno número de situações”, conta.

Para ele, o principal ganho é realmente começar a des-locar o foco dos médicos e dos hospitais da questão do “volume”, passando para o foco da qualidade. “Ainda não é claro quanto os hospitais podem economizar implemen-tando um programa P4P. O que nós sabemos é que mui-tos hospitais não são tão eficientes como deveriam ser e fornecem resultados medíocres. Então ainda existe muito chão para que as melhorias cheguem”, critica.

Já a questão da qualidade pode ser significantemente

melhorada se o programa for bem projetado. “O P4P não é uma formula mágica. Ao contrário, isso é definido como um progresso na reforma para um pagamento com mais fundamentos. Qualquer país ou sistema de seguro que esteja projetando e implantando um programa P4P deve fazê-lo com objetivo de criar e implantar uma reforma mais ambiciosa no pagamento”, disse.

Williams, da IHA, ressalta a importância de coletar da-dos e divulgar relatórios públicos com base nos resultados. “A resistência continua grande em alguns sentidos, mas, nos programas de hospitais onde os processos foram im-plantados, houve colaboração e a resistência foi menor. Trabalhamos duro para fazer com que os médicos compre-endam porque as medidas são necessárias”, afirma.

Segundo Williams, os médicos normalmente não se-guem à risca as diretrizes do hospital, apoiadas pela medi-cina baseada em evidência. Então, a qualidade do cuidado costumar ser irregular. “Nós podemos ter um serviço de saúde muito melhor. E isso deve começar através de me-didas que nos façam entender nossas deficiências. O Pay for Performance é uma maneira de levar a atenção para este problema”, conclui.

MUITOS HOSPITAIS NÃO SÃO TÃO EFI-CIENTES COMO DEVERIAM SER E FORNE-CEM RESULTADOS MEDÍOCRES

François de Brantes, coordenador do BTE

Tom Williams, da IHA

224ajgcnvjectga26290kpff"""69224ajgcnvjectga26290kpff"""69 2712814229"""25<7;<3;2712814229"""25<7;<3;

Page 48: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200748

REPORTAGEM DE CAPA

A REALIDADE NO BRASILNo Brasil, a negativa ao modelo não

é diferente. Para o vice-presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, as sociedades são contrárias à avaliação de performance. “O médico tem que ser pago pelo que ele faz. As tentativas que se fizeram aqui para alavancar esse tipo de pagamento visa só reduzir custos. Isso é uma perversidade”, ressal-ta. Meinão não vê como o pagamento por perfomance poderia ser aplicado ao modelo brasileiro. “Grande par-te dos médicos não tem vínculo com o hospital e com os indicadores que ele impor. Seria muito complicado impor esses indicadores aos médicos de consultório”. No entanto, o vice-presidente da APM reconhece que qualquer sistema de saúde que esteja vinculado a cri-térios de qualidade é aceitável, desde que não sejam embutidos mecanismos para controlar despesas. “Aqui, performance é quanto as empresas de planos de saúde vão lucrar. Nossos mecanismos de controles são frágeis

em relação a isso”, ressalta. Florisval Meinão diz que há alguns

anos os gastos das empresas com honorários médicos atingiam 44%. Hoje, variam entre 20-22%. “Há uma evidente transferência de recursos para outras áreas. Nossa luta é para recompor a remuneração do médico,

independente do modelo”. Para ele, é inaceitável que, no Plano Real, as empresas tenham tido reajustes de 170%, e para o médico esse valor não tenha atingido 40%. “Sem-pre vemos as novidades com um pé atrás. Mas, tenho que reconhecer que nossa preocupação com qualidade é tão grande, que qualquer proposta que tenha esse fim será bem-vinda. E, aqueles médicos que se recusarem a serem avaliados por qualidade não serão apoiados pelas sociedades médicas”, conclui.

Para Sérgio Lopes Bento, Superintendente Geral de Operações do Hospital Samaritano de São Paulo, o modelo atual no Brasil (fee for service) remunera a doença e não a saúde. “Com uma mão tento privilegiar o médico, com a outra tenho que negar recursos”. Para o executivo, os hospitais no Brasil estão começando lentamente a investir em pesquisas endicadores, mas os indicadores de perfor-mance assistenciais são quase um tabu. “Isso porque não estamos falando nem de ligar essa performance à questão financeira. É o médico quem toma a decisão, é ele quem tem a caneta na mão. E, nesta questão eles ainda são refra-tários”, conta. Para ele, independente da resistência essa é uma tendência, que deve oferecer muita credibilidade à classe médica e alterar o defasado modelo atual.

AQUI, PERFORMANCE É QUANTO AS EMPRESAS DE PLANOS DE SAÚDE VÃO LUCRAR

Sérgio Lopes Bento, Superintendente Geral de Operações do Hospital Samaritano de São Paulo

224ajgcnvjectga26290kpff"""6:224ajgcnvjectga26290kpff"""6: 2712814229"""25<7;<472712814229"""25<7;<47

Page 49: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 49

PESQUISA P4P3 A razão principal para criar um programa de P4P continua sendo a melhoria clínica; reduzir custo é o quarto na lista.

3 Entre os programas de P4P, os mais comuns estão nas áreas de Obstetrícia e Ginecologia (70%), Cardiologia (58%), e Endocrinologia (47%)

3 Todos os programas incluem os primeiros cuidados, mas agora 52% incluem também as especialidades. Em 2004, esse índice era de 42%.

3 64% medem o desempenho individual do médico

3 Os indicadores mais comuns para os médicos são a qualidade clínica (91%), a eficiência (50%) e a adoção de tecnologia da informação (42%).

3 Os programas de P4P em hospitais também estão em ascensão, 37% contra os 27% de 2004.

Dos programas desenvolvidos por hospitais, os indica-dores envolvem a qualidade clínica (100%), segurança do paciente (77%) e a eficiência (50%).

3 Apenas 30% submetem seus resultados a relatório pú-blico, embora 43% pretendem fazê-lo em 1-2 anos.

3 O relatório interno de desempenho está cada dia mais freqüente. 30% usam relatórios internos.

3 Embora não haja números comparáveis, a eficiência pa-rece ter aumentado se comparada a 2004.

3 A maioria dos financiadores (88%) usa algum tipo de bônus para o médico. Para os hospitais, esse índice refe-re-se a 60% dos bônus.

3 Há evidências que esses bônus devem aumentar, em-bora não haja dados referentes à questão em 2004. Para 2005, o bônus máximo médio do médico foi de 9%, com programas adicionais chegou a 15-20%.

3 Os incentivos não financeiros também influenciam o comportamento do fornecedor. Para os médicos, a sim-plificação administrativa (46%) é a mais comum, seguida por título de reconhecimento (30%).

FONTE: PESQUISA REALIZADA PELA CONSULTORIA MED VANTAGE, COM 82 PLANOS DE SAÚDE E EMPRESAS AMERICANAS, REFERENTE AO ANO 2005.

COMO FINANCIAR OS PROGRAMASNo sistema americano existem três diferentes fontes

para custear um programa de desempenho: (1) fundos existentes, (2) economias geradas, (3) dinheiro novo. A combinação destas fontes é usada em experiências atu-ais. Os incentivos no pagamento podem reduzir os baixos pagamentos de médicos.

RELATÓRIOS PÚBLICOS A divulgação de relatórios públicos de informa-

ções, obviamente com proteção à confidencialidade do paciente, podem também estimular níveis eleva-dos de qualidade, comparando o desempenho de um determinado hospital, operadora de saúde ou médico com àqueles de seus “pares”.

Muitos fornecedores do Medicare, incluindo hospi-tais e empresas de home care, já estão submetendo dados de desempenho para estes relatórios públicos. Há também medidas de performance para outros for-necedores, tais como laboratórios clínicos e centros cirúrgicos.

Neste momento, o governo americano tem iniciado um programa de envio voluntário do documento, com critérios pré-selecionados, que são ligados aos paga-mentos adicionais ou a um up to date anual do paga-mento do médico. O departamento de saúde america-no pretende, após esse programa que deve durar três anos, checar se essa participação é suficiente ou se ações mais fortes serão exigidas dos prestadores.

PORQUE NÃO PENALIZAR?Uma discussão que tem acirrado os ânimos de médi-

cos e hospitais, é que muitos incentivadores do P4P de-fendem a punição para aqueles maus prestadores de ser-viços. Hoje, os bons fornecedores recebem “bônus” no pagamento. Mas, aqueles que prestam um atendimento ruim ou de nenhum valor para o paciente, simplesmente não têm nenhum tipo de punição. A proposta é que no futuro se comprovado um atendimento ruim, o médico ou hospital também deve ter prejuízos financeiros. No Rei-no Unido, as penalidades financeiras para o desempenho baixo e persistente são consideradas. Segundo a IOM, consequentemente aqueles que “executarem mal seus serviços pagariam penalidades além da redução de seus pagamentos. Um sistema com penalidade criaria incenti-vos mais fortes para a atenção para o desempenho. No entanto, o modelo pode gerar resistência considerável entre os prestadores de serviços.

224ajgcnvjectga26290kpff"""6;224ajgcnvjectga26290kpff"""6; 2712814229"""25<7;<4:2712814229"""25<7;<4:

Page 50: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200750

REPORTAGEM DE CAPA

Os registros eletrônicos de saúde e outras tecnologias da informação e comunicação (TICs), devem trabalhar cada dia mais próximos aos programas de pagamento por performance. Esses sistemas facilitam a documenta-ção clínica, permitindo que médicos tenham informação mais completa sobre seus pacientes, melhorando assim a segurança, eficácia e a eficiência. Segundo a Institute of Medicine, o pagamento por performance deve incenti-var a adoção da TI. Alguns estudos apontam que apenas 12-27% dos médicos utilizam os registros eletrônicos. Os hospitais maiores tendem também a ter taxas mais eleva-das do uso da tecnologia de informação do que hospitais menores. Um exemplo, é que em 2005, muitos hospitais americanos (aproximadamente 50%) tinham automatiza-do seus sistemas clínicos e incorporavam aqueles dados nos arquivos clínicos que permitem o acesso do médi-co à revisão e recuperam resultados. Entretanto, poucos implantaram sistemas digitais mais sofisticados (8%). O próprio Governo americano, em adequação ao P4P tem incentivado e investido milhões de dólares nos prontuá-rios pessoais do pacientes e nas comunidades regionais de saúde (RHIOS).

O PAPEL DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

PROJETOS IMPORTANTES NOS EUA

Blue Cross of CaliforniaA mais popular seguradora dos EUA implementou

metas operacionais incluindo o envolvimento eficiente dos médicos ao pagamento dos profissionais.

Bridges to Excellence (BTE)O grupo distingue os médicos através de avaliações es-

pecíficas. Em relatório, a BTE disse que os médicos que tra-balham por performance apresentam de 15 a 20% a menos de custos do que os médicos que não participam de nenhum tipo de projeto.

Excellus/Rochester Individual Practice Association (RIPA)

Aprimorou a gestão de pacientes através do forneci-mento de medidas de qualidade aos médicos, responsa-bilidade e satisfação. Em 2004, investiu U$$1 milhão em tecnologia da informação da saúde, e reduziu os custos dos cuidados a saúde em cerca de US$ 3 milhões.

Integrated Healthcare Association (IHA)Por meio da comparação da performance dos médi-

cos, a IHA identificou melhoras em todas as medidas de qualidade. Alguns planos de saúde do grupo viram uma melhora de 40% na visita do paciente, reduzindo hospi-talização – especialmente em pacientes diabéticos.

Local Initiative Rewarding Results (LIRR)Cinco dos sete planos melhoraram a taxa de con-

sultas de bebês saudáveis, com um aumento de 4 para 35%. As consultas de adolescentes com médicos au-mentou de 7 para 14% em seis dos 7 planos.

Massachusetts Health Quality Partners (MHQP)Trabalhando com cinco planos de saúde e organizações

médicas do estado, o MHQP projetou e implementou um relatório de desempenho que pela a primeira vez permitiu a comparação das performances dos médicos da organiza-ção através da aplicação de medidas simples de qualidade.

Michigan Blue Cross Blue Shield (BCBS)Baixou taxas de infecções para 45% em pacientes nas

unidades intensivas de cuidado. Com o sucesso nesta área, iniciou processo de expansão do uso de pagamen-tos por performance, incluindo procedimentos cardíacos, cirurgias gerais e vasculares, perda de peso e cuidados com o câncer de mama.

FONTE: ROBERT WOOD JOHNSON FOUNDATION

224ajgcnvjectga26290kpff"""72224ajgcnvjectga26290kpff"""72 2712814229"""25<7;<592712814229"""25<7;<59

Page 51: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 51

DEZ LIÇÕES1. É necessário incentivos financeiros para motivar mudanças. Mas eles precisam ser expressivos para fazerem diferença na qualidade. Algumas organizações dizem que esse valor deve ser de pelo menos 10% da renda anual do médico.

2. Incentivos não financeiros também podem fazer dife-rença. Apenas com o fornecimento de apoios adicionais fazendo com que o trabalho do médico se torne mais fácil ou apoiando uma infra-estrutura para adicionar tecnologia pode motivar o médico a alcançar melhores índices de qualidade.

3. Atrair médicos é uma atividade crítica. Se os médicos não forem apresentados aos processos antes como colaborado-res para assegurar que os objetivos são clinicamente signifi-cativos, eles não adotarão nem apoiarão as mudanças.

4. Ainda não existe nenhuma certeza sobre o retorno do investimento. Estima-se que o retorno do investimento do P4P é essencial, mas alguns projetos estão sendo ad-ministrados para uma pesquisa mais rigorosa sobre esse tópico. Ainda existem questões sobre o benefício vindo com a economia nos custos e em quanto tempo o retorno do investimento deve ser calculado.

5. Relatórios públicos são grandes catalisadores dos pres-tadores para a melhoria da saúde. Mas de qualquer forma os fornecedores necessitam de ferramentas adequadas e dados para continuarem melhorando. Para maximizar o aprimoramento, os fornecedores também necessitam de recompensas para a instalação e utilização a tecnologia de informação da saúde e uma infra-estrutura construída para rastrear e comparar o desempenho.

6. Os médicos necessitam de um retorno sobre os seus desempenhos. Retornos freqüentes, claros são essen-ciais. Muitos dos projetos de Resultados por performance emitem cartas de relatos para ajudar os médicos a com-pararem seus desempenhos com outros e fazer com que seu desempenho seja mais transparente para os consu-midores. Os médicos precisam perceber em que aspecto de seu desempenho será avaliado; como a atuação será calculada; e como a atuação se relaciona com o estímulo. Eles também precisam receber ferramentas e orientações de como eles podem se aperfeiçoar.

7. Os médicos são inundados por informações clínicas e precisam receber informações de P4P. Para qualquer financiador, até mesmo para aqueles com uma grande

concentração no mercado, pode ser desafiante atrair a atenção do médico. Mas eles necessitam encontrar fer-ramentas de um entendimento eficaz para alcançarem os conhecimentos do P4P; se eles não conseguirem, os mé-dicos irão ignorar a demanda de melhorias à saúde, ou em alguns casos, descuidadamente atirar bônus no lixo por não estarem cientes do programa.

8. Integridade dos dados é importante. Os médicos prova-velmente participarão e adotarão o P4P se eles enxergarem as medidas claras e com bases científicas. Os alvos da qua-lidade necessitam ser clinicamente relevantes.

9. Experiência no gerenciamento de problemas. Onde as avaliação dos serviços foi vista como um modo seguro pa-recem mais sociáveis com o P4P porque os médicos e o público em geral estão mais acomodados com assuntos relacionados com a melhora da qualidade tanto como sua transparência, responsabilidade e semelhança na atuação.

10. P4P não é uma ferramenta mágica. Essa é uma de vá-rias atividades a serem encaminhadas pelos setores públi-cos e privados para melhorar a qualidade e incentivos para mudança que está impedindo com que o cuidado da saúde seja entregue e financiado. Se isso for bem implementado e alinhado a outros incentivos incluindo o acompanhamen-to, relatórios públicos, e apoio para a introdução dos siste-mas, ele será uma ferramenta extremamente funcional.

FONTE: ROBERT WOOD JOHNSON FOUNDATION

224ajgcnvjectga26290kpff"""73224ajgcnvjectga26290kpff"""73 2712814229"""25<7;<632712814229"""25<7;<63

Page 52: HealthCare Brazil 2a Edição

REPORTAGEM DE CAPA OPINIÃO

MAIO 200752

224ajgcnvjectga26290kpff"""74224ajgcnvjectga26290kpff"""74 2712814229"""25<7;<672712814229"""25<7;<67

Page 53: HealthCare Brazil 2a Edição

“A ADOÇÃO DO PAYFOR PERFOMANCE NAS MÃOS

DO PACIENTE”

Regina Herzlinger, da Harvard Business School, num recente estudo observou que um paciente norte americano típi-co normalmente espera em média uma semana para conseguir uma consulta, e depois espera mais de uma hora no con-

sultório médico para ser atendido. Herzlinger salienta que “qualquer rede de lavanderias que operasse dessa manei-ra iria à falência”. Bingo!

Certamente que no Brasil esses números estão longe de chegar perto da média. Se a consulta for pública, o referencial de espera passa a ser “meses” e o serviço de atendimento nunca ocorre antes de duas horas, quando ocorre. Na rede privada o problema não é diferente. A pri-meira pergunta que a atendente lhe faz, antes mesmo de você revelar seu nome ao telefone é: “qual é o plano de Saúde?”. Dependendo da resposta, o “mês” volta a ser o referencial de tempo para o agendamento da consulta. Quanto à espera nos consultórios e ambulatórios, chega-mos à beira do padrão “cortina de ferro”, isto é, não existe qualquer possibilidade de você ser atendido no horário, com as honrosas exceções de sempre.

POR GUILHERME S. HUMMEL

MAIO 2007 53

224ajgcnvjectga26290kpff"""75224ajgcnvjectga26290kpff"""75 2712814229"""25<7;<742712814229"""25<7;<74

Page 54: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200754

REPORTAGEM DE CAPA OPINIÃO

O que isso tem a ver com a forma de remuneração médica? Tudo.

Vamos à novela: as Operadoras de Saúde contratam os prestadores de serviços médico-hospitalares e os re-muneram de acordo com os serviços executados, normal-mente lastreados em tabelas de honorários e procedimen-tos clínicos. É o famigerado fee-for-service. O prestador tem autonomia para decidir os procedimentos necessá-rios para o tratamento e a remuneração ocorre conforme os serviços efetuados. Conclusão: o modelo estimula o aumento das despesas assistenciais, não privilegia o bom atendimento tampouco a cura ou a prevenção à doença. Baixo risco para o prestador, alto risco para o Sistema e nenhum controle de qualidade por parte do paciente.

Em 2002, o consórcio IHA - Integrated Health Asso-ciation, sem fins lucrativos, composto por representantes de várias empresas de planos de saúde americanos, lan-çou um projeto centrado em um sistema de remuneração baseado na bonificação em função do alcance de metas por parte da rede prestadora. Trata-se do iluminado P4P, ou Pay for Perfomance. O sistema baseia-se em paga-mentos de bônus por cumprimento de metas estabele-cidas a partir de critérios padronizados. Em 2003, houve distribuição de bonificação da ordem de 37 milhões de dólares e em 2004 de aproximadamente 54 milhões de dólares. Atualmente já operam com o P4P mais de 220 prestadoras de serviço, com cerca de 45 mil médicos, sendo a grande maioria da Califórnia e do Texas, onde o modelo foi inicialmente proposto .

Em agosto de 2006, um decreto do presidente George W. Bush, intitulado “Promoting Quality and Efficient Health Care in Federal Government Administered or Sponsored Health Care Programs”, autoriza a adoção do P4P nos programas de saúde governamentais. Isto é, aquilo que nasceu para ser uma opção espontânea e não obrigató-ria, corre para ser um modelo irreversível e quiçá daqui a alguns anos, compulsório em muitos países. Informações do governo dos EUA (abril/2007) mostram que 85% dos Estados americanos estarão remunerando por desempe-nho em até cinco anos (Medicaid).

O mais importante é que o modelo P4P vem sendo incentivado pelos próprios usuários finais, que enxergam nele um formato mais apropriado para cobrar resultados quanto à forma de atendimento, a eficiência do tratamen-to, a preocupação com a prevenção, e, principalmente, quanto ao posicionamento do médico na sua relação com o cliente-paciente.

De acordo com a American Academy of Family Physi-cians, os programas de P4P já afetam mais de 30 milhões

de pessoas nos EUA. No Reino Unido, a NHS (National Health Service) iniciou o projeto em 2004 (Quality and Ou-tcomes Framework - QOF) e provê aos médicos de família um contrato de remuneração centrado em 146 indicado-res de qualidade, cobrindo 10 grupos de doenças.

Pesquisa realizada pela empresa Thompson Medstat (vendas de 70 bilhões de dólares em 2005) e apresentada na conferência Connection 2006, em Phoenix, mostrou que dos 154 gerentes e executivos de hospitais, planos de Saúde, seguradoras e agências do Governo entrevis-tados, 42% disseram que suas organizações estão atu-almente envolvidas em projetos de P4P. Outros 45% re-velaram que esperavam entrar em projetos P4P ainda em 2006. A conclusão é que 85% dos pesquisados mostrou que o P4P é, ou poderia ser, a grande saída para sua Or-ganização, sendo que desses, 41% descreveu o modelo como muito ou extremamente valioso para sua empresa e para o mercado em geral.

O projeto de P4P do Estado da Califórnia (The Cali-fórnia Pay for Performance Program) é um dos maiores e mais bem-sucedidos exemplos de como o modelo pode ser um grande divisor de águas para todos os Sistemas de Saúde. No início contou, como sempre, com uma forte resistência dos setores conservadores encastelados nos Planos de Saúde e, principalmente, nas Organizações Prestadoras de Serviços. Desnecessário salientar a brutal pressão contrária da comunidade médica logo na apre-sentação do projeto. Passados mais de cinco anos, ainda há muito que o fazer e muitas arestas a serem aparadas. Mas com o tempo as entidades financiadoras e prestado-ras, notadamente os médicos, começam a perceber os primeiros resultados positivos.

Tom Williams, diretor executivo da Integrated Health-care Association (IHA), organização que gerencia o proje-to, revela que “existe uma constante avaliação do progra-ma por parte dos membros da cadeia de assistência, e passado esse período de implementação os resultados e as opiniões são favoráveis e encorajadoras”.

O formato de remuneração no projeto da Califórnia está centrado na aferição de desempenho em 3 verticais distin-tas, com seus respectivos pesos: clínica (50%), experiên-cia do paciente (30%) e tecnologia de informação (20%). No quesito “experiência do paciente”, a IHA leva em consi-deração 5 itens para avaliação da performance: (1) comu-nicação com o médico, (2) avaliação global da assistência, (3) atendimento especializado , (4) acesso rápido ao atendi-mento e (5) organização e estrutura do atendimento.

Como se vê a elaboração desses indicadores depen-de diretamente das informações coletadas junto aos pa-

224ajgcnvjectga26290kpff"""76224ajgcnvjectga26290kpff"""76 2712814229"""25<7;<7:2712814229"""25<7;<7:

Page 55: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 55

cientes. Pela primeira vez o usuário é chamado a “depor” para direcionar a composição da remuneração a ser paga ao “fornecedor do serviço médico”. É aqui que começa uma brutal transformação dentro dos Sistemas de Saú-de, públicos e privados. Ainda que ela comece tímida e suave, não existe possibilidade de reversão: médicos e demais membros da cadeia de assistência terão de se dobrar ao mercado consumidor. Uma dura jornada à frente, onde a comunidade médica, na primeira leitura, é e será contrária. Mas para a “tribo” que consome os serviços, os usuários dos Sistemas de Saúde, a notícia não poderia ser melhor.

A bem da verdade falta um pouco mais de “atrevi-mento” aos financiadores da Saúde Suplementar para perceberem que seu grande aliado na implementação de soluções tipo P4P é o seu cliente. Falta sentar com ele e convidá-lo a participar desse movimento, que afinal o tem como grande beneficiário. É a opinião do usuário que indica à indústria automobilística o que ela deve produzir, que mostra à indústria farmacêutica no que ela deve se concentrar ou que provê uma massa de informações à indústria financeira informando quais devem ser os me-lhores meios de pagamento (não foi ela que inventou o cheque pré-datado, mas o consumidor). É o consumidor que está destruindo a indústria fonográfica quando opta pela Internet para ter acesso às músicas. É o mesmo consumidor que tira o sono da gigante Microsoft quando “adota” um “google da vida”, ou quando mostra aos mé-dicos que ele tem cada vez mais acesso às informações clínicas (web driver) e está cada vez mais preparado para conversar com eles.

Os Sistemas de Saúde mundo afora estão aprenden-do a duras penas que uma das melhores estratégias é res-gatar a participação e a comunicação com seus usuários, colocando-os na trincheira da luta contra o eterno “apa-gão da saúde”. Ele, quando bem treinado, é um poderoso soldado na guerra contra a escalada dos custos, contra a mediocridade assistencial ou contra a omissão do Esta-do. É necessário deixar de tratá-lo como um espectador, que só é lembrado quando qualquer Órgão gestor anun-cia os “anuais” reajustes de preço. Se os Sistemas não trouxerem o consumidor para a luta serão massacrados pelo seu Poder, que só para citar um exemplo, quebrou mais de 27 grandes redes de varejo no país nas últimas décadas (Mappin, G. Aronson, Sears, etc.).

O modelo fee-for-service é um cadáver insepulto. Vai ficar pelo caminho da história focado em grupos de pro-cedimentos específicos, altamente complexos e vocacio-nados a uma remuneração de taxímetro. Nunca deixará

de existir, mas sua forma é reducionista, sectária e total-mente na contramão do que o consumidor do século XXI precisa (ou impõe).

Pagar por desempenho não é nenhuma panacéia e os desafios para que isso ocorra abundam. Mas, como diz a jornalista Mary Grayson, editora da Hospitals & Health Networks Magazine, “o P4P oferece um maior potencial para equilibrar as forças e equalizar a autonomia das partes (prestador e paciente), e isso é crítico para a prática de me-dicina responsável, assim como é crítico para os pacientes sentirem pelo que e para que estão pagando seu seguro saúde”. Completa Grayson: ...”ninguém sabe com certeza se a qualidade poderá conviver com a redução de custos. Muitos apostam nisso. Mas pelo menos com a qualidade no banco do motorista, nós teremos uma definição melhor do que estamos vendendo e comprando. E isso é mais do que uma tendência, é uma montanha delas!”.

Se o mote para a implementação dos modelos de re-muneração por desempenho é o custeio, ótimo. Vamos triturar os números, trazer transparência ao sistema e utilizá-los para reduzir a espiral crescente dos preços da assistência médica. Mas não se iludam, é na ponta da melhoria da qualidade do atendimento que mora a sobre-vivência de qualquer “p4p”. É o usuário que vai se entu-siasmar com um modelo que lhe consulta para remunerar a quem ele consulta. A verdadeira indução do processo está nas mãos do paciente. Se os Sistemas quiserem flo-rescer o P4P deve germinar o usuário final, ele é o seu grande aliado.

Quando a lavanderia atrasa a entrega das roupas, troca-mos de fornecedor. Quando o médico atrasa a consulta, es-peramos o fornecedor. Afinal, dirão os óbvios, Saúde e Roupa têm lá a sua enorme distância. Absolutamente correto. Mas com a cadeia de prestação de serviços clínicos sendo remu-nerada pelo desempenho, a distância será cada vez menor.

Guilherme S. HummelConsultor Internacional e autor do

livro “eHealth – O Iluminismo Digital chega a Saúde”

www.ehealth-summit.com

DIVULGAÇÃO

224ajgcnvjectga26290kpff"""77224ajgcnvjectga26290kpff"""77 2712814229"""25<7;<7;2712814229"""25<7;<7;

Page 56: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200756

224ajgcnvjectga26290kpff"""78224ajgcnvjectga26290kpff"""78 2712814229"""26<22<272712814229"""26<22<27

Page 57: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 57

360ºPOLÍTICA E DIREITO EM SAÚDE

360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS363

GOVERNO GARANTE FUNCIONAMENTO DO INCOR-DF

PORTABILIDADE NOS PLANOSA Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai propor ao Congresso

Nacional uma mudança nas regras que regulamentam a carência nos planos de

saúde individuais. A proposta prevê que o cliente seja autorizado a trocar de ope-

radora e carregar consigo a carência de atendimento já paga à empresa contrata-

da anteriormente. Para planos novos, a carência deve continuar valendo.

SALU PARENTE / AGÊNCIA CÂMARA

O Instituto do Coração do Distrito Federal (Incor-DF) continuará funcionando sob

administração da Fundação Zerbini por mais seis meses, até que o Ministério da

Saúde defina o destino da gestão do hospital. Até lá, o hospital será financiado

pelo Ministério da Saúde, Governo do Distrito Federal e também por recursos da

Câmara dos Deputados e do Senado. Cerca de R$ 5 milhões poderão ser remane-

jados pelo governo do estado e a meta é quitar as dívidas, além de adequar a folha

de pagamento à receita do hospital. As decisões foram tomadas pelo presidente

da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, o governador do DF José Roberto

Arruda; o ministro da Saúde, José Gomes Temporão; o ministro da Defesa, Valdir

Pires; o presidente da Fundação Zerbini, David Uip; o presidente do Conselho Cura-

dor da mesma fundação, Jorge Kalil; o promotor Diaulas Ribeiro, da Promotoria de

Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT); e

o secretário de Saúde, José Geraldo Maciel. A crise no Incor-DF atingiu seu auge

depois que o Governo de São Paulo impediu repasses da Fundação Zerbini – que

também enfrenta problemas financeiros – para a unidade do DF, em março deste

ano. Desde sua inauguração, em 2002, o Incor-DF gerou prejuízo operacional para

a Fundação Zerbini de R$ 56 milhões. Além disso, acumula dívidas com fornecedo-

res de R$ 13 milhões.

FIM DE LIMITE PARA VASECTOMIAS NO SUS

O coordenador da Secretaria de Aten-

ção à Saúde do Ministério da Saúde,

Ádison França, afirmou que acabou

o limite para a realização de vasecto-

mias na rede pública e conveniada

com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Na Bahia, por exemplo, o teto era de

100 cirurgias por mês. Isso agora não

existe mais.

Segundo França, a área de saúde tem

recursos. O que falta, em sua opinião,

é uma boa gestão. Ele informou que o

ministério envia verbas para os muni-

cípios e parte delas retornam, porque

não são aplicadas.

CFM PROÍBE PREENCHIMENTO DE CID NAS GUIAS DO TISS

O Conselho Federal de Medicina

(CFM) proibiu os médicos brasileiros a

preencherem a Classificação Inter-

nacional de Doenças (CID), tempo

de doença ou qualquer outro tipo de

identificação do paciente e diagnósti-

co nas guias da TISS. A proibição tem

exceção para a transmissão eletrônica

de informações.

224ajgcnvjectga26290kpff"""79224ajgcnvjectga26290kpff"""79 2712814229"""26<22<332712814229"""26<22<33

Page 58: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200758

Seringa de Segurança e

Prevenção de Reuso

Seringa de Segurança e

Prevenção de Reuso

EM B VEREEM B VERE

360º360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

POLÍTICA E DIREITO EM SAÚDE

FURP REDUZ PREÇO DE MEDICAMENTOS

A Fundação para o Remédio Po-pular (FURP), o maior laboratório público do País, vinculado à Secre-taria de Saúde do Estado de São Paulo alterou sua tabela comercial e reduziu o preço de 20 de seus 67

medicamentos. O que viabilizou a redução dos preços foi a moderni-zação dos processos de produção e a maior eficiência na aquisição de matérias-primas nos últimos anos. A FURP é responsável pela produção dos medicamentos distribuídos pelo Dose Certa, programa de assistência farmacêutica do país. O laboratório também atua em cerca de 3,2 mil municípios brasileiros e atende mais de cinco mil clientes como secretarias estaduais de saú-de, hospitais públicos, prefeituras, entre outros. Sua produção atual é de 2,5 bilhões de unidades farmacêuticas por ano e apresen-tou crescimento de 31% na última década.

MP TENTA DERRUBAR RESOLUÇÃO SOBRE ORTOTANÁSIA

APROVADO PROJETO PARA DOAÇÃO DO CORDÃO UMBILICAL E PLACENTA

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 30/07 que estimula a doação de sangue do cordão umbili-cal e placenta, usado no tratamento contra leucemia. A proposta diz que toda mulher deve ter acesso a infor-mações sobre possibilidades e bene-fícios da doação voluntária durante as consultas de pré-natal e também no momento do parto. A autora, Rita Camata (PMDB-ES), justifica que há dificuldade para encontrar doadores deste material genético. O projeto altera a Lei 9434/97 referente à remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de trans-plante. Há atualmente cerca de 100 bancos desse tipo no mundo. No Brasil, a Portaria 2381/GM de 2004, do Ministério da Saúde, criou a Rede Nacional de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário para Transplantes de Células-Tronco Hematopoiéticas (BrasilCord), para regulamentar o acesso, a disponibili-zação e a utilização de células-tronco Hematopoiéticas e Sangue de Cordão Umbilical e Placentário.

O Ministério Público Federal quer revogar a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que regulamenta e autoriza a prática da ortotanásia, propondo Ação Civil Público, com pedido de liminar. A resolução, aprovada em novembro do ano passado, permite aos médicos limitar ou suspender tratamentos e procedimentos empregados para prolongar a vida de pacientes termi-nais. Segundo o MP do Distrito Federal, o CFM não tem poder para regulamentar sobre o direito à vida, matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional. A ortotanásia e a eutanásia são crimes tipificados pelo Código Penal Brasileiro. Para o Ministério Público Federal, a decisão de pôr fim à vida não pode ficar a cargo apenas dos médicos e do paciente ou seu represen-tante legal, como prevê a resolução do Conselho. Aspectos psicológicos, sociais e econômicos também devem ser considerados.

224ajgcnvjectga26290kpff"""7:224ajgcnvjectga26290kpff"""7: 2712814229"""26<22<452712814229"""26<22<45

Page 59: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 59

Seringa de Segurança e

Prevenção de Reuso

EM B VERE

224ajgcnvjectga26290kpff"""7;224ajgcnvjectga26290kpff"""7; 2712814229"""26<22<562712814229"""26<22<56

Page 60: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200760

PÓLITICA NR - 32

224ajgcnvjectga26290kpff"""82224ajgcnvjectga26290kpff"""82 2712814229"""26<22<642712814229"""26<22<64

Page 61: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 61

LIDERANÇA INDESEJADA

Saúde ocupa primeiro lugar no ranking de acidentes de trabalho, superando até mesmo a construção civil. 85,5% dos casos são com materiais perfurocortantes. Além da NR 32, que define diretrizes de proteção e segurança aos trabalhadores dos serviços de saúde, Governo aposta em novo incentivo financeiro com redução de até 50% de alíquota para empresas que reduzirem ocorrências.

224ajgcnvjectga26290kpff"""83224ajgcnvjectga26290kpff"""83 2712814229"""26<22<6:2712814229"""26<22<6:

Page 62: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200762

O Brasil registra anualmente mais de 490 mil acidentes de trabalho. Segundo o Ministério da Previdência Social, cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) é gasto em função destas ocorrências, um montante de R$ 30 bilhões por ano. O setor da saúde – contrariando sua própria lógica - não cuida da saúde dos seus trabalhadores e ocupa o primeiro lugar no ranking de ocorrências, superando até mesmo a construção civil.

Só o Estado de São Paulo registrou mais de 14 mil ocor-rências nos últimos cinco anos, 85,5% dos acidentes são com materiais perfurocortantes. A maior incidência é com os auxiliares de enfermagem, que respondem por 46,4% dos casos. De acordo com a Divisão de Vigilância Epidemio-lógica do estado, o índice de sub-notificação chega a 45%, e embora não existam dados nacionais consolidados, a reali-dade de São Paulo se estende ao restante do Brasil.

Preocupado com o alto custo dos acidentes de trabalho e com o número de aposentadorias especiais vindas desse mercado, além do altíssimo número de casos nos estabeleci-mentos de saúde, o Governo Federal publicou em novembro de 2005 a NR 32, desenvolvida pelo Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) com diretrizes e medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saú-de. A norma, que ainda gera muitas dúvidas, teve seu prazo de implantação vencido em abril, tendo como única exceção a obrigatoriedade do uso de materiais perfurocortantes com dispositivos de segurança, que ainda não tem prazo definido e deve demandar investimentos para a adequação.

Com a NR 32, as instituições de saúde poderão desen-volver programas específicos para reduzirem esses índices. Mas, o Governo resolveu dar mais uma “mãozinha” e incen-tivar financeiramente as empresas, incluindo os hospitais, que tiverem os índices de acidentes reduzidos. Bom para uns, nem tanto para aqueles que não seguirem “a cartilha”.

Em fevereiro deste ano, o Ministério da Previdência So-cial publicou decreto estabelecendo novas alíquotas para a contribuição que as empresas fazem para cobrir os custos da Previdência com os acidentes de trabalho, o chamado Segu-ro Acidente de Trabalho (SAT). A publicação do Decreto 6042 faz com que o Fator Acidentário Previdenciário (FAP) passe a valer (veja cronograma abaixo). Com a criação do FAP, as

empresas que reduzirem os acidentes de trabalho, investindo em prevenção, segurança e saúde do trabalhador, poderão ter desconto de até 50% no valor de sua alíquota. Já aquelas que acidentarem mais sofrerão aumento de até 100%.

Hoje, a alíquota para todos os hospitais é de 2%, inde-pendente do índice de acidentes. Com a nova regra, ela po-derá variar de 1% a 4%. Segundo o consultor Mauro Daffre, a regra traz justiça tributária para o mercado. “Se o hospital não tem acidente, ele não dá custo para a sociedade. Será a primeira vez nesse país que se premia quem investe em segurança e saúde”. Mas, nem tudo são boas notícias. Para o consultor, há de se ter cuidado para que a norma não se torne apenas uma válvula de arrecadação. “O foco tem que ser a saúde do trabalhador e da própria empresa. E, não uma política de arrecadação do Governo”, ressalta.

Um outro ponto discordante da nova regra é que com o FAP o trabalhador acidentado passa a ser registrado através da Classificação Internacional de Doenças (CID). Antes da regra, se havia uma ocorrência busca-se uma causa. Com o CID, essa ligação é direta com a atividade da empresa. “Existe uma grande polêmica sobre isto porque conceitu-almente nem todos os eventos estão relacionados com a atividade do hospital”, comenta Daffre. Na prática, antes o trabalhador tinha que provar que a doença ou o acidente estavam relacionados à sua atividade profissional. Com o novo modelo, o INSS enquadra automaticamente pelo CID x atividade do hospital, e é a empresa que fica com a mis-são de se defender.

Para Daffre, essa pode ser uma grande “dor de cabeça” para os administradores de hospitais. “O hospital tem o di-reito de contestar ou pedir revisão para a previdência. Mas, o gestor terá que estar bem mapeado de argumentos, pro-gramas, gestão de segurança, controle e educação. Ou seja, terá que ser bem organizado para provar que uma devida ocorrência não está relacionada ao trabalho”, observa.

O principal ganho da nova regra, segundo o consultor, é que ela será um importante fator de competitividade. Um hospital do mesmo segmento e porte poderá variar muito no imposto pago, o que poderá dar boas margens econômicas para a empresa.

CRONOGRAMA01/04/07 – Perícias enquadram doenças ocupacionais conforme Decreto 6042 01/06/07 - 2% para CNAE hospitais passam a vigorar01/09/07 - Sai o FAP individualizado para pagar 01/01/08 – Recursos até 31/12/0701/06/2010 – Novas alíquotas individualizadas ou por setor.FONTE: MAURO DAFFRE

PÓLITICA NR - 32

224ajgcnvjectga26290kpff"""84224ajgcnvjectga26290kpff"""84 2712814229"""26<22<732712814229"""26<22<73

Page 63: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 63

224ajgcnvjectga26290kpff"""85224ajgcnvjectga26290kpff"""85 2712814229"""26<22<782712814229"""26<22<78

Page 64: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200764

224ajgcnvjectga26290kpff"""86224ajgcnvjectga26290kpff"""86 2712814229"""26<23<252712814229"""26<23<25

Page 65: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 65

360ºHEALTH IT - TELECOMUNICAÇÕES

360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS363

REGISTRO DIGITAL PESSOAL NO BRASIL

JORNADA DE GESTÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE

A 7ª Jornada de Gestão em Tecnologias da Informação em Saúde, que ocorre no dia 14 de junho na Feira Hospitalar, em São Paulo, trará uma visão sobre o e-hospital, a trans-formação do Personal Health Record e a grande revolução que vem ocorrendo em todo o mundo. Abordará a questão dos Devices e Sensores Clínicos e demais instrumentos móveis que estão transformando a medicina e fomentando os programas de prevenção. Outro tema de destaque são as Regional Health Information Organizations, além de como os EUA e a Europa estão construindo as Redes Digitais de Atendimento à Saúde. Os novos desafios tecnológicos para a implementação dos padrões da Troca de Informa-ções em Saúde Suplementar (TISS) e o que muda dentro da cadeia de saúde.

Consórcio formado por grandes empresas nacionais e internacionais da área

de e-Health lança durante a Hospitalar 2007, o primeiro Registro Digital Pessoal

do Paciente. Trata-se do LifeSensor, a primeira aplicação de Personal Health

Records a ser disponibilizada no Brasil e na América Latina. O Registro Pessoal

do Paciente estará disponível ao mercado consumidor a partir de outubro deste

ano e poderá ser acessado por qualquer um de seus usuários através da WEB

ou do Celular. Com ele, o paciente poderá armazenar todas as suas informações

clínicas, bem como de sua família, obtidas ao longo de sua vida, construindo

um histórico médico de grande importância para a Saúde familiar. O produto,

já lançado na Europa há alguns anos, chega ao Brasil pela ICW Corporate, líder

mundial em projetos de e-Health, em conjunto com vários parceiros da área

de TI e Telecom. O Personal Health Records é a maior revolução da indústria

mundial de Saúde nos últimos 10 anos, e o consórcio prevê 150 mil usuários do

LifeSensor até o final do ano e perto de um milhão até o final de 2009.

RADIOLOGIAA GE Healthcare destacará o RIS-

PACS que permite que radiologistas

tenham em uma única estação de

trabalho todas as imagens e dados

dos pacientes, facilitando e tornando

mais ágil o diagnóstico. O sistema

mantém todas as informações arma-

zenadas em segurança, e elas podem

ser requisitadas a qualquer momento

e em qualquer estação de trabalho.

PRONTUÁRIO PEROPERATÓRIOA Wheb Sistemas desenvolveu o

PEPO – Prontuário Eletrônico Perope-

ratório. A ferramenta tem o objetivo

de substituir a ficha anestésica,

comumente utilizada em cirurgias,

proporcionando maior segurança aos

profissionais envolvidos no procedi-

mento, além de garantir mais qualida-

de no atendimento ao paciente.

ENGENHARIA CLÍNICAA NExT Saúde apresentará um novo

aplicativo de engenharia clínica para

gerenciar as manutenções relativas

à estrutura física da instituição e

equipamentos clínicos, com rapidez,

precisão e economia nos processos.

SISTEMA PARA FILANTRÓPICASA Wareline lança o W-AIH, sistema

que automatiza o cálculo das cobran-

ças a serem registradas pelo SUS,

evita erros de consistências manuais

e minimiza o prejuízo causado pelas

glosas, contas não faturadas por esta-

rem fora do padrão exigido pelo SUS.

TI NA HOSPITALAR

224ajgcnvjectga26290kpff"""87224ajgcnvjectga26290kpff"""87 2712814229"""26<23<292712814229"""26<23<29

Page 66: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200766

HEALTH-IT TISS

TISS DEVE APERFEIÇOAR MECANISMOS DE CONCORRÊNCIA NO SETOR

Mesmo com muita discussão, re-sistência e cara fechada, não teve jeito. O prazo para a implantação do TISS (Troca de Informações em Saúde Suplementar) para o chamado grupo 1, composto pe-

las operadoras e prestadores de serviços de assistência à saúde venceu no último 31 de maio. E, mesmo com todos os entraves iniciais de incorporação às tecnolo-gias e padrões, a Agência Nacional de Saúde Suplemen-tar (ANS), que está preparando uma pesquisa sobre a implantação da norma, diz que a adesão já é bastante significativa. Além dos ganhos relativos à gestão e pro-

fissionalização do mercado, um ponto deve ser levado em consideração: o da concorrência.

Para Jussara Macedo, gerente geral de integração com o SUS da ANS e principal coordenadora do projeto, o TISS vai contribuir para aperfeiçoar os mecanismos de concorrência do mercado. “Quem tiver mais informação vai ter vantagens, ou seja: as empresas que saírem na frente levarão vantagens no setor. Muitas operadoras e prestadores já perceberam isso e fizeram investimentos consideráveis para surfar nessa onda. Os que só olham para os custos da implantação e não vislumbram os bene-fícios desse investimento terão dificuldades em sobrevi-ver num ambiente cada vez mais competitivo”, explica.

224ajgcnvjectga26290kpff"""88224ajgcnvjectga26290kpff"""88 2712814229"""26<23<322712814229"""26<23<32

Page 67: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 67

Neste caso, informação vai deter-minar a existência ou permanência de muitas companhias que atuam no se-tor. Para a ANS, o mercado se profis-sionalizará e dará foco na gestão com maior qualidade com o intercâmbio ele-trônico de informações, promovendo não só uma simplificação administrati-va, mas, gerando eficiência, agilidade nos pagamentos e maior transparência na relação entre operadoras e presta-dores de serviços, o que contribuirá para reduzir os conflitos entre os dois players. “Com a disponibilidade de in-formações mais confiáveis, governo, operadoras e gestores do SUS pode-rão trabalhar de forma mais articulada e utilizar essas informações para o pla-nejamento, monitoramento e avaliação dos serviços de saúde, o que sem dú-vida vai gerar mais benefícios para o setor”, analisa.

Existe grande expectativa de que o TISS seja incor-porado ao DATASUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde responsável por coletar, processar e disseminar informações e bases de dados nacionais sobre saúde. O que não foi descartado pela gerente da ANS. “O TISS é, sobretudo, um projeto de integração de informação na saúde. Estudos dos sistemas de informa-ção do Ministério da Saúde fizeram parte da pesquisa para modelagem do TISS”.

Jussara Macedo conta que o próprio Governo será beneficiado com a utilização das informações, de diver-sas formas. “Uma delas, por exemplo, é através da cole-ta de indicadores para construção de bancos de dados que permitam analisar com segurança e confiabilidade os parâmetros da saúde suplementar. O órgão regulador necessita de informações confiáveis do setor para criar suas políticas públicas”, ressalta.

Diversos países no mundo caminham para a integra-ção da informação em saúde através da internet e para a adoção universal do Registro Eletrônico de Saúde. “Nos Estados Unidos a lei HIPAA de 1996 trata disso; no Ca-nadá a agência INFOWAY busca adotar padrões para desenvolver o setor de saúde; na Austrália a NEHTA, na Inglaterra o Connecting for health e na Europa há um projeto internacional o E-health Europe. Há um investi-mento considerável nessa área, que é percebida como o maior instrumento disponível para enfrentar custos crescentes de um lado e limitações financeiras do ou-

tro. Também há um intenso esforço de construir padrões internacionais na área, pois há unanimidade que somente através de padrões pode se evitar desperdício e atingir a interope-rabilidade semântica, requisito essen-cial para a troca de informação eletrô-nica entre os players do setor”.

Para ela, não há porque ter medo do TISS, já que ele reflete uma neces-sidade. “Sempre que há mudanças, nossa parte conservadora se assusta. Principalmente se há necessidades de investimentos, porém, os resul-tados esperados revolucionarão o modo de gestão desse mercado, que mais informado combaterá o desper-dício e utilizará seus recursos de for-ma mais eficiente e efetiva”. O TISS é um projeto de EDI - Electronic Data

Interchange –, também chamado de e-business, o qual em todo o setor produtivo que foi implantado beneficiou toda a cadeia, e por isso são denominados projetos “ga-nha-ganha”.

De olho nas datasMesmo sem temer, como sugerido pela gerente da

ANS, é prudente que os grupos 2 e 3, que terão os pra-zos estendidos para o final de 2007 e 2008, fiquem de olho nas datas de implantação. Segundo ela, os prazos devem ser respeitados – já que o objetivo da ANS é mo-nitorar esse processo com o auxílio do próprio merca-do. “Sendo um padrão obrigatório, previsto em norma, o descumprimento da resolução configura uma infração passível de punição. Não há como a ANS deixar de uti-lizar esse dispositivo legal. Lembramos que o padrão e os prazos de implantação foram elaborados em parceria como o setor, representado no Comitê de Padronização de Informação em Saúde Suplementar (COPISS). A ANS tem um programa de divulgação, além de a norma (cuja publicação foi precedida por consulta pública) datar de outubro de 2005, havendo tempo suficiente para o setor se preparar para a implantação. A RN 124 também prevê dispositivos para análise “caso a caso”, dos problemas de não conformidade. Havendo dificuldades operacio-nais comprovadas por parte de operadoras e/ou presta-dores para cumprir os prazos, a ANS acordará um prazo para que a entidade afetada atenda à norma, antes de aplicar uma penalidade”, conclui.

COM A DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÕES MAIS CONFIÁVEIS, GOVERNO, OPERADORAS E GESTO-RES DO SUS PODERÃO TRABALHAR DE FORMA MAIS ARTICULADA E UTILIZAR ESSAS INFOR-MAÇÕES PARA O PLA-NEJAMENTO, MONITO-RAMENTO E AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE

224ajgcnvjectga26290kpff"""89224ajgcnvjectga26290kpff"""89 2712814229"""26<23<362712814229"""26<23<36

Page 68: HealthCare Brazil 2a Edição

HEALTH-IT INTERSYSTEM

As Organizações Regionais de

Informações de Saúde (RHIOS) avançam

nos Estados Unidos e Europa. Para

Carlos Eduardo Kuhl Nogueira, diretor

geral da InterSystems, empresa que

conta com mais de vinte projetos de

comunidades de saúde nos EUA,

os países emergentes começam a

enxergam no modelo uma forma de

ganhar qualidade e baixar custos.

No Brasil, iniciativas são lentamente

fomentadas pelos Governos estaduais

e municipais, dependendo ainda da

visão do gestor público. Para ampliar

oportunidades em mercados como a

Ásia e a América Latina, companhia

anuncia aquisição da parceira

Trakhealth, incrementa portfólio e espera

crescimento de 30% em 2007

MAIO 200768

224ajgcnvjectga26290kpff"""8:224ajgcnvjectga26290kpff"""8: 2712814229"""26<23<382712814229"""26<23<38

Page 69: HealthCare Brazil 2a Edição

SAÚDE EM REDE

As redes digitais de atendimento à saú-de, as chamadas Regional Health Infor-mation Organizations (RHIOs) crescem de forma intensa nos Estados Unidos e Europa. O alto custo da medicina tem motivado os Governos a rediscutirem

o modelo atual de assistência, e buscam na gestão da informação uma forma de minimizar desperdícios e am-pliar a eficiência do atendimento. Independente de onde o paciente esteja credenciado, toda a rede compartilha as informações, o que pode gerar redução de custo por meio de uma visão macro, de atendimento com qualidade e em escala. Nos países desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos, estima-se que 17% do Produto Interno Bruto (PIB) são para cobrir os custos da saúde. De acordo com estudos do Congresso Americano se nada for feito, em dez anos esse índice pode chegar a 30% do PIB. Os países europeus não ficam atrás e variam de 13 a 15%. Os RHIOS surgem como opção – especialmente no setor público, já que na saúde suplementar ainda existe pouco interesse em dividir informações, seja com outras empre-sas similares do mercado ou com a fonte pagadora.

Os países em desenvolvimento, que caminham para o mesmo colapso gerado pelo alto custo com a saúde, tam-bém estão enxergando nas redes digitais uma opção atraen-te de modelo. Se tudo isso parece óbvio, o que foge à regra é que grande parte desses países, incluindo o Brasil, sofre com a falta de infra-estrutura e, mais grave ainda, das resis-tências culturais em se trabalhar de forma integrada. Segun-do Carlos Eduardo Kuhl Nogueira, diretor geral da americana InterSystems para países emergentes, os prestadores de serviços ainda têm muitas resistências para as chamadas comunidades de saúde. A empresa conta atualmente com mais de vinte projetos de integração regional nos Estados Unidos. Tudo feito em tempo recorde. “Esse assunto come-

MAIO 2007 69

224ajgcnvjectga26290kpff"""8;224ajgcnvjectga26290kpff"""8; 2712814229"""26<23<3:2712814229"""26<23<3:

Page 70: HealthCare Brazil 2a Edição

HEALTH-IT INTERSYSTEM

çou a ser discutido há menos de dois anos no congresso americano. Para ini-ciarmos dois projetos, um deles pratica-mente o piloto, levamos dezoito meses. Nos últimos dois meses esse número saltou para vinte. Como a necessidade é premente, a partir do momento em que se apresenta uma idéia toda a rede fica muito aberta à adoção”, explica.

Para Nogueira, qualquer país emergente que quiser cres-cer tem que investir em saúde e educação. No Brasil, as ini-ciativas para a implantação das RHIOS partem dos estados e municípios, e ainda são muito dependentes da visão do gestor público. “Quando falamos do setor público, que é a grande massa do mercado de saúde brasileiro, existe uma falácia de que não existe dinheiro. Mas, o dinheiro está lá, e está sendo mal gasto. Falta muito mais um esforço de educação e venda do conceito”, ressalta. O executivo cita o projeto piloto em comunidade de saúde no Brasil, que tem parceria com a empresa Trakhealth, na região de Brasília e cidades vizinhas e visa à implantação do sistema em toda a rede de atendimento. Ao todo serão interligados dados de 6 milhões de pessoas. “Brasília tem servido de exemplo para outros países emergentes, que não querem referenciais americanos ou europeus, e sim projetos com realidades si-milares. E o Brasil sempre teve essa característica de correr riscos e inovar. Somos ávidos consumidores de tecnologia, absorvemos e testamos conceitos de forma mais ágil que outros países”, explica.

Para ele, os países emergentes compartilham da mesma visão. “O modelo americano e europeu não funciona. Ele se provou ineficaz, muito caro, que nenhum país emergente vai conseguir implementar. Ao mesmo tempo a arquitetu-ra de atendimento dos países emergentes é praticamente igual com médico de família, posto de atendimento, hospital regional e central. Em qualquer país emergente, Chile, Ve-nezuela, Índia, Brasil, África do Sul, é a mesma coisa – não existe gestão da informação. Aqui o que muda é o tamanho da fila de espera”. Destes países, só o Chile mantém infra-estrutura adequada. “Existe internet de norte a sul, alta velo-cidade, banda larga, fibra ótica. É só plugar”.

Se por um lado o executivo comemora a atratividade do mercado brasileiro, por outro aponta a barreira cultural como

atraso para novos projetos. “Temos que educar o médico, e isso não é algo sim-ples. É uma classe diferenciada, são pro-fissionais inteligentes, estão salvando vidas, mas são resistentes! É preciso sensibilizar para o uso da tecnologia, que ainda fica restrita a equipamentos e se esquece da gestão da informação”. Para Nogueira, a universidade – além dos for-

necedores – tem o dever de promover a discussão sobre a adoção de TI nos currículos. “Essa mudança de cultura passa por uma renovação curricular. O médico com menos de 35 anos adota a tecnologia de forma muito mais fácil porque é usuário dela antes mesmo da universidade. Então é uma bar-reira que tem que ser quebrada. Saúde é um negócio como qualquer outro. Tem que ter processo, controle.”, afirma.

No setor privado o problema passa pela “briga” entre prestadores e operadoras, o que gera uma barreira para a troca de informações. “Os hospitais e laboratórios são para as operadoras de saúde máquinas de ATMs, gastan-do dinheiro. E, tudo isso é conseqüência de má gestão e transparência na troca de informação”, analisa. O executivo critica também a falta de integração das associações re-presentativas em TI na área de saúde, onde nos EUA e Eu-ropa têm intensa atuação política e econômica. “Aqui não existe esse movimento forte. Existem pequenos grupos e que não têm uma visão comum. O debate ainda é frouxo. Vemos isso até pela questão do TISS (Troca de Informa-ções em Saúde Suplementar). Tem gente que ainda acha que não é pra valer, olhando de forma pontual, como obri-gação. Não notam que essa é uma grande oportunidade de se construir uma grande malha de informações sobre a saúde da população no Brasil”.

Se os projetos das RHIOS se ampliam de forma rápida, a Intersystem – que apostou suas fichas e adequou seu por-tfólio com foco para as Organizações Regionais de Informa-ções de Saúde -, cresce na mesma velocidade. Nos últimos cinco anos dobrou faturamento, e a subsidiária brasileira es-pera fechar 2007 com crescimento de 30%, e mundial 20%. “Nenhuma empresa que trabalha com software de infra-es-trutura cresceu tanto. As que ampliaram, foram com cresci-mento marginal, acompanhando a inflação. Crescemos mui-to em função desse conceito da gestão de saúde em rede e

MAIO 200770

EXISTE UMA FALÁCIA DE QUE NÃO EXISTE DINHEI-RO PARA A SAÚDE. MAS, O DINHEIRO ESTÁ LÁ, E ESTÁ SENDO MAL GASTO

224ajgcnvjectga26290kpff"""92224ajgcnvjectga26290kpff"""92 2712814229"""26<23<3;2712814229"""26<23<3;

Page 71: HealthCare Brazil 2a Edição

das comunidades”, explica. Segundo o executivo, o próprio TISS deve fomentar novos negócios para a companhia. Em 2006, o crescimento global da empresa foi de 20%, no Brasil 13%. No Chile e Índia a empresa espera crescer 50%, uma expectativa natural já que a empresa iniciou operações há menos de dois anos nestes países.

AQUISIÇÃO

A atuação conjunta desde 1991 entre Intersystems e a australiana Trakhealth rendeu mais do que uma boa parceria. A companhia americana anunciou oficialmente a compra da parceira complementando dessa maneira seu leque de pro-dutos com plataforma de integração e soluções de gestão clínica e hospitalar. O negócio, que não teve seu valor nego-ciado revelado, não surpreendeu já que as duas empresas dividiam há alguns meses a mesma estrutura física em São Paulo, e mantém o mesmo CEO, Terry Ragon.

Para Ragon, a união aumentará novas oportunidades em mercados internacionais como Ásia e América Latina. Já para Nogueira, em mercados emergentes não existem gran-des fornecedores de sistemas de gestão clínica, que estão normalmente concentrados em mercados maduros, como EUA e Europa. “A aquisição reforça nossa solidez e aumenta a visibilidade da InterSystems no segmento de saúde em todo o mundo e acelera nosso crescimento internacional-mente”, conclui.

Carlos Eduardo Kuhl Nogueira, diretor geral da InterSystems para países emergentes

MAIO 2007 71

DIVULGAÇÃO

224ajgcnvjectga26290kpff"""93224ajgcnvjectga26290kpff"""93 2712814229"""26<23<442712814229"""26<23<44

Page 72: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200772

224ajgcnvjectga26290kpff"""94224ajgcnvjectga26290kpff"""94 2712814229"""26<23<492712814229"""26<23<49

Page 73: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 73

360ºINDÚSTRIA

360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS363

QUALIDADE MUNDIAL A ABECbpf – Associação Brasileira das Empresas Certificadas – Boas Práticas

de Fabricação quer sensibilizar os profissionais que atuam na aquisição de

produtos para a saúde, sobre a importância de contar com fornecedores qua-

lificados. Segundo o presidente da ABECbpf, Benedito Fittipaldi, o certificado

de Boas Práticas de Fabricação colocou o Brasil em igualdade de condições de

qualidade de produtos com os maiores fabricantes do mundo.

As empresas importadoras de equipamentos e produtos mé-dico-hospitalares no Brasil movimentaram cerca de US$ 1,94 bilhão em 2006, com um crescimento de 22 % em relação a 2005. O presidente da Abimed – associação que representa as companhias -, Aurimar José Pinto, disse que as empresas associadas, “ao colocarem à disposição dos profissionais da área médica produtos de última geração produzidos no exte-rior, estão contribuindo para a inovação tecnológica do setor”.

ANVISA EXIGE MAIS DOS PRODUTOS NACIONAIS

O Brasil está permitindo que luvas

e outros artigos médicos produzi-

dos em fábricas ultrapassadas e

localizadas em regiões paupérri-

mas da Ásia entrem no mercado

nacional sem qualquer tipo de

controle e certificação, enquanto ,

para o produto nacional, é exigido

a certificação e o cumprimento de

uma legislação rigorosa. A opinião

é do senador Francisco Dornelles

(PP-RJ). Segundo ele, as luvas cirúr-

gicas importadas, que tinham uma

participação histórica de apenas

5% do mercado nacional, fecharam

o ano passado com mais de 50%

de participação nas vendas internas

Para Rui Dammenhain da INBRAVI-

SA - Instituto Brasileiro de Auditoria

em Vigilância Sanitária, entidade

que presta serviços de consultoria

para regularização de empresas e

produtos, a agência trata de forma

“extremamente liberal” produtos

importados, enquanto a indústria

nacional é obrigada a arcar com al-

tos custos de registro além de exi-

gências praticamente impossíveis

de serem atendidas por empresa

de pequeno e médio porte.

IMPORTAÇÃO MOVIMENTOU US$ 1,94 BILHÃO

FIESP LANÇA COMITÊ DA CADEIA PRODUTIVA DA SAÚDE

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) criou o

Comitê da Cadeia Produtiva do Setor da Saúde (COMSAÚDE), com o

objetivo de fomentar o setor industrial por meio de ações baseadas

em análises, estudos, projetos e pleitos para identificação dos prin-

cipais gargalos da cadeia produtiva. O COMSAÚDE será composto

por representantes que compõem a cadeia produtiva da industria da

saúde, convidados pelo presidente e pelo coordenador do comitê. A

comissão será presidida por Ruy Baumer, presidente do SINAEMO,

auxiliado por Franco Pallamolla, presidente da Abimo, que assume o

cargo de vice-coordenador do projeto.

224ajgcnvjectga26290kpff"""95224ajgcnvjectga26290kpff"""95 2712814229"""26<23<542712814229"""26<23<54

Page 74: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200774

360ºINDÚSTRIA

360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

EXCELSIOR SEGUROS EXPANDE NO NORDESTEO Grupo Excelsior Seguros está expandindo atuação pela região do Nordeste (AL,PE,PB e RN), e prevê iniciar ope-

rações em João Pessoa ainda este ano. Segundo Múcio Novaes, vice-presidente da empresa, a meta é atingir 110

mil vidas até o final deste ano, com investimentos estimados em R$ 3 milhões. A expectativa é que a receita conso-

lidada do grupo tenha um incremento de 40% em comparação ao ano de 2006, devendo atingir o montante de R$

220 milhões, entre prêmios emitidos de seguros e mensalidades de planos de saúde. Em pesquisa sobre o mercado

brasileiro segurador realizada recentemente pela Revista Conjuntura Econômica, da Fundação Getúlio Vargas-FGV, e

publicada na edição deste mês, o Grupo Excelsior Seguros aparece com o 2° maior crescimento (368%) em prêmios

ganhos ano de 2006, entre os pequenos e médios grupos.

A Cardif, seguradora do Grupo BNP Paribas, e a rede de Farmácias Fleming, que possui 14 lo-jas no estado do Paraná, acabam de firmar parceria para o lançamento de dois novos seguros de acidentes pessoais. Com preços baixos, a estratégia é conquistar o público de baixa renda. Segundo Cristiano Saab, superintendente comercial da Cardif, antigamente o brasileiro associa-va seguro a carro e a banco. “Agora, cada vez mais essa percepção está mudando. O mercado de seguros está sempre lançando produtos diversificados e criando novos canais de distri-buição”. A formalização da parceria Cardif e Farmácias Fleming foi intermediada pela Dellana Corretora de Seguros.

SEGURO DE VIDA NA FARMÁCIA

224ajgcnvjectga26290kpff"""96224ajgcnvjectga26290kpff"""96 2712814229"""26<23<6;2712814229"""26<23<6;

Page 75: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 75

LINHA DE CRÉDITO ESPECIAL PARA MÉDICOSO PanAmericano, especializada em financiamentos

e consórcios, disponibiliza uma nova linha de crédito

para médicos que queiram investir em seu consultório,

renegociar dívidas (pessoais ou profissionais) ou adqui-

rir algum bem. O Imóvel Pan disponibiliza empréstimos

tomando como garantia da operação um imóvel co-

mercial (como um consultório ou clínica) ou residencial

(desde que não-domiciliar), o que garante juros a partir

de 1,85% ao mês e um prazo de pagamento de até 60

meses. Os interessados poderão financiar até 70% do

valor do imóvel dado em garantia e o valor mínimo do

empréstimo é de R$ 30 mil.

SIEMENS LANÇA REDE PETNETA Siemens anunciou as operações da PETNET do Brasil, primeira rede de distribuição de FDG (Flúor-deoxy-glicose F18), material radioativo necessário para a realização de exa-mes de diagnóstico precoce do câncer, que possui tempo máximo de uso de aproximadamente oito horas.A rede começará a operar com quatro pontos de produção – Brasília, Campinas, Rio de Janeiro e Salvador – e será responsável também pela distribuição dos radiofármacos a hospitais, clínicas e instalações de pesquisa para diagnóstico por imagem PET. Para a criação desta rede, quatro institui-ções estão investindo, inicialmente, cerca de U$ 16 milhões de dólares. A rede PETNET Solutions existe nos Estados Unidos desde 1996 e hoje opera a maior rede de radiofar-mácias do mundo, com mais de 53 unidades e centros de distribuição em diversos locais, sendo mais de 450 mil doses vendidas por ano.

224ajgcnvjectga26290kpff"""97224ajgcnvjectga26290kpff"""97 2712814229"""26<23<792712814229"""26<23<79

Page 76: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200776

360ºINDÚSTRIA

360 GRAUS 360 GRAUS

360 GRAUS360 GRAUS

TYCO ADQUIRE A BRASILEIRA POLYSUTUREA americana Tyco Healthcare’s Surgical Devices acaba de

concluir um acordo para a aquisição da Polysuture, fabrican-

te brasileiro de material de sutura. “A aquisição demonstra

o nosso comprometimento com o mercado global”, explica

Richard Meelia, CEO da Tyco Healthcare. Segundo o execu-

tivo, o mercado de saúde na América Latina está crescendo

rapidamente e a aquisição permitirá competir mais efetiva-

mente na região. Em 2006, a Tyco International teve receita

bruta de US$ 41 bilhões.

NOVA FÁBRICA DA LIFEMED DEVE SER ENTREGUE EM SETEMBRO

A Lifemed, empresa fabricante de equipamentos

hospitalares para infusão de medicamentos, inves-

tiu R$ 36 milhões na construção de uma nova planta

industrial em Pelotas, Rio Grande do Sul, crescendo sua

produção na região. A nova unidade ampliará a atual

fabricação de bombas de infusão, campos cirúrgicos

e embalagens descartáveis. As obras começaram em

junho do ano passado e o prazo de conclusão estimado

é de 15 meses.

CARESTREAM HEALTH INICIA ATIVIDADES NO BRASILCom aproximadamente US$ 2,5 bilhões em vendas anuais, a Carestream Health começa, oficialmente, a operar como empresa

independente em 150 países. No Brasil, as operações sob a denominação Carestream Health começarão oficialmente no último 1

de junho. A empresa foi inicialmente criada como uma unidade de negócios da Eastman Kodak Company e continuará a utilizar a

marca Kodak em seus produtos. “Não poderíamos estar mais animados”, disse o CEO (Chief Executive Officer) da Carestream He-

alth, Kevin Hobert. “Temos agora uma oportunidade incrível de solidificar nossa história de inovação, de investir em nosso futuro

e de ampliar nossos negócios”.

224ajgcnvjectga26290kpff"""98224ajgcnvjectga26290kpff"""98 2712814229"""26<24<282712814229"""26<24<28

Page 77: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 77

ATHON GROUP LANÇA FERRAMENTA DE GESTÃOA Athon Group criou o programa Motiva, que oferece suporte direto ao usuário ao longo do tratamento. O produto é di-

recionado às operadoras de planos de saúde que querem racionalizar custo e qualificar a assistência médica. Após anali-

sar a carteira de uma operadora e estratificar a população de risco, cada grupo selecionado entra em um setor específico

do programa, para atender sua condição de saúde. Para Fernando Fernandes, diretor da empresa, cerca de 15% de uma

carteira de saúde possui perfil epidemiológico para ser acompanhada pelo programa. “Normalmente encontramos de 3

a 5% de pacientes crônicos avançados e de 10 a 12% nas fases intermediárias da evolução de suas doenças de base”.

Segundo a empresa, a estimativa de retorno sobre o investimento é da ordem de 1,7, ou seja, para cada R$1 investido

no programa, espera-se um retorno de R$1,7 ao final de 12 meses de acompanhamento. Esses valores geram impacto

direto de 35 a 40% no sinistro da população atendida pelo programa.

224ajgcnvjectga26290kpff"""99224ajgcnvjectga26290kpff"""99 2712814229"""26<24<322712814229"""26<24<32

Page 78: HealthCare Brazil 2a Edição

INDÚSTRIA PERFIL

A NOVA CARA DA INDÚSTRIA

MÉDICO-HOSPITALARNOVO PRESIDENTE DA ABIMO DIZ QUE VAI ACELERAR AÇÕES QUE VISEM À ISONOMIA TRIBUTÁRIA E PROMETE PRESSIONAR O GOVERNO PELA ORGANIZAÇÃO DAS COMPRAS DE EQUIPAMENTOS E INSUMOS MÉDICOS, LABORATORIAIS, ODONTOLÓGICOS E HOSPITALARES, PRODUZIDOS NO BRASIL

A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médi-cos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) tem um novo presidente. O administrador de empresas Franco Pallamolla, que dirige o grupo Lifemed, assumiu o cargo com grandes expectativas: quer isonomia tributária e pretende pressionar o governo pela organiza-ção das compras de equipamentos e insumos médicos, laboratoriais,

odontológicos e hospitalares, produzidos no Brasil. Em 2006, o setor movimentou cerca de R$ 6.5 bilhões e exportou US$ 442 milhões, 11% a mais em comparação a 2005. A associação, em conjunto com o SINAEMO – Sin-dicato da Indústria de Artigos e Equipamentos Odontológicos, Médicos e Hospitalares do Estado de São Paulo, representa 303 empresas filiadas, que respondem por 80% do faturamento total do setor.

Para o novo presidente da Abimo, o impacto da queda do dólar, abaixo de R$ 2, os danos causados pela pesada carga tributária e a vulnerabilidade aos produtos estran-geiros podem causar uma forte desintrustrialização. “Existe uma grande quantidade de fabricantes brasileiros em regime de recuperação judicial”. Para ele, de acordo com a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior brasileira, como o setor é estra-tégico deveria ter sido contemplado com os benefícios anunciados recentemente pelo Ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, para cinco áreas da indústria (têxtil e de vestuário, automobilística, naval, de calçados e móveis). As medidas de emergência anunciadas pelo governo para os 5 setores contemplam a redução dos tributos incidentes na folha de pagamento e o aumento de alíquotas de importação para proteger alguns produtos.

Segundo o executivo, sua gestão dará continuidade aos programas que estão sen-do conduzidos com sucesso, como o projeto de exportação, o incentivo às certifica-ção e qualificação de mão-de-obra. Em entrevista à HealthCare Brazil, Pallamolla conta como pretende criar novos projetos, sobretudo para incremento do mercado interno e de inovação tecnológica.

Franco Pallamolla é Presidente do Grupo de empresas Lifemed, já atuava como diretor conselheiro da entidade, e da ABNT – Associação Brasileira

de Normas Técnicas. É formado em administração de empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

MAIO 200778

224ajgcnvjectga26290kpff"""9:224ajgcnvjectga26290kpff"""9: 2712814229"""26<24<392712814229"""26<24<39

Page 79: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 79

DIVU

LGAÇ

ÃO

224ajgcnvjectga26290kpff"""9;224ajgcnvjectga26290kpff"""9; 2712814229"""26<24<432712814229"""26<24<43

Page 80: HealthCare Brazil 2a Edição

HealthCare Brazil: O senhor representa hoje um grupo que corresponde a 80% do faturamento da indústria médica na-cional. Quais as principais demandas atuais?

Franco Pallamolla: No momento estamos estudando me-didas que acelerem nossa ação para a conquista de isonomia tributária, inclusive como proteção adicional para o efeito nega-tivo do câmbio, para promover a inovação tecnológica e para pressionar o governo pela organização das compras de equi-pamentos e insumos médicos, laboratoriais, odontológicos e hospitalares, aqui produzidos. Principalmente isonomia tributá-ria. Os outros pontos são a questão da inovação tecnológica, a organização das compras governamentais, a criação de linhas de financiamento e programas de recuperação de hospitais.

HCB: Se compararmos com outros mercados, a indústria médico-hospitalar tem uma atuação política consideravel-mente tímida. Como o senhor pretende trabalhar com o go-verno, na parceria ou no confronto?

FP: O governo entendeu que o nosso setor é estratégico e nossas relações são muito construtivas. Para a resolução dos problemas nós sen-taremos à mesa e discutiremos com muita ética, levando sempre as sugestões e as reivindicações pertinentes ao nosso setor. Pretendemos conduzir estas reivindicações com muito diálogo e com base em uma ar-gumentação consistente e fundamentada em dados técnicos. Por exemplo, a melhor forma de reivindicar mudanças na tributa-ção é demonstrando os desequilíbrios tri-butários que existem. Para mudar a forma das compras governamentais na área de saúde é preciso alertar que o critério não pode ser somente preço, seremos parceiros do governo.

HCB: A carga tributária brasileira chegou a 38,8% do Produ-to Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2006. Qual é o impacto para o mercado da saúde?

FP: A carga tributária é grande e gera distorções, inclu-sive de questões que ferem a Constituição. Por exemplo, a questão da isonomia tributária. Neste momento, por ques-tões legais, alguns produtos importados não estão sujei-tos ao PIS e COFINS enquanto que os mesmos produtos aqui produzidos estão isentos apenas do COFINS. Por isto a questão tributária é prioritária, uma das metas da nova gestão. Além disso, esta enorme carga tributária exige um capital de giro cada vez maior, sufocando as empresas.

HCB: E os novos entrantes no mercado brasileiro?

FP: O câmbio ajuda muito e as empresas internacionais entram em uma posição muito favorável, pois elas contam com linhas de financiamento em seus países de origem e en-contram um mercado sem barreiras técnicas. Fora o proble-ma do contrabando que também está se agravando.

HCB: Nossos produtos são competitivos para o mercado internacional?

FP: Fizemos grandes esforços e conseguimos inserir mui-tas empresas no mercado internacional. A ação com a APEX foi decisiva no sentido de qualificar as empresas e prepará-las para exportar, auxiliá-las nos processos de certificação e na inteligência de mercado. Também o convênio com a ABDI foi decisivo, inclusive para identificação das rotas tecnológicas. Os produtos brasileiros a cada dia estão mais competitivos pelos seus preços, qualidade e tecnologia.

HCB: Quais serão os investimentos necessários para garantir a competitividade e alta nas exportações?

FP: É difícil mencionar o valor de um investimento destes. Com o apoio da ABDI temos trabalhado para identificar os gargalos. Um exemplo são as Rotas Tec-nológicas, ou seja, o planejamento estraté-gico da tecnologia para os próximos 10/15 anos. O custo desses estudos é elevado. Mas, através do Convênio da ABDI com a ABIMO, estamos concretizando esse im-portante projeto.

HCB: Existe uma grande preocupação em torno da capacidade e da disposição das empresas em investir...

FP: O marco legal é a maior barreira, a insegurança ju-rídica. Além disso, se o governo praticasse uma política de saúde que premiasse o esforço industrial nacional, o setor estaria atraindo investimentos. As coisas se amarraram na política pública, essa será uma das lutas em conjunto com o SINAEMO. Trabalharemos também para corrigir as injus-tiças tributárias, para que importar não seja mais barato do que produzir aqui.

HCB: O que os empresários devem esperar de sua gestão? FP: Será uma gestão comprometida com as diretrizes

criadas pelo conselho da ABIMO. Temos o compromisso de continuar a perseguir o desenvolvimento da base produtiva e a disponibilização de tecnologias a preços acessíveis. O Brasil pode se tornar cada vez mais auto-suficiente neste segmento e, também, ser um importante player internacional.

A TAXA DE CÂMBIO ATUAL TEM EFEITO CORROSIVO PORQUE EXPÕE O MERCADO A UMA VULNERABILIDA-DE MAIOR E FAVORECE A ENTRADA DE PRODU-TOS ESTRANGEIROS

MAIO 200780

INDÚSTRIA PERFIL

224ajgcnvjectga26290kpff""":2224ajgcnvjectga26290kpff""":2 2712814229"""26<24<4;2712814229"""26<24<4;

Page 81: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 81

224ajgcnvjectga26290kpff""":3224ajgcnvjectga26290kpff""":3 2712814229"""26<24<542712814229"""26<24<54

Page 82: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200782

INCUBADORA NATAL CARE ST

A Alliance lança a Incubadora Natal Care ST. O desenho da cúpula permite melhor

visualização do bebê durante os procedimentos. Um sistema eletrônico realiza o po-

sicionamento da cúpula em Trendelenburg ou reverso de Trendelenburg com centrali-

zação automática. Possui ainda dois canais para monitoração da temperatura da pele,

central e periférica, que podem ainda serem utilizados para o atendimento de gêmeos

na mesma unidade. A solução ainda traz painel de controle microprocessado com tec-

nologia LCD, balança incorporada ao leito e os módulos de servocontrole de Umidade,

Temperatura e Oxigênio.

UP TO DATE FEIRA HOSPITALAR 2007

CAMA DE PARTO A Hospimetal apresenta a Cama de Parto projetada para

as pacientes que requerem cuidados de maternidade-gi-

necologia, em todos os estágios da gestação: pré-natal,

parto e pós-natal. Há possibilidade de transformar a cama

na posição de cadeira para assegurar que a equipe médica

tenha fácil acesso, para conforto e total assistência durante

o parto. A construção da cama possibilita proceder com

todos os estágios do parto sem a necessidade de mover a

paciente para outra cama.

ULTRA-SOM SONOACE X8 A Medison traz o Sonoace X8, um ultra-som inovador, que alia design, funcionalidade, precisão e as

mais recentes tecnologias da ultra-sonografia. Quanto às funções do equipamento, destacam-se a

simplicidade na operação em 3D/4D, o Dynamic MR, que deixa as imagens 2D muito mais nítidas e

também o 3D XI, que possibilita a visualização das estruturas em cortes paralelos na mesma tela, de

forma similar às ressonâncias e tomografias.

TECNOLOGIA NA ÁREA DE VENTILADORES

A Magnamed, empresa voltada ao desenvolvimento de

módulos OEM, lança o módulo ventilador para anestesia,

onde todas as interligações são realizadas num único bloco

e uma eletrônica compacta de baixo consumo de energia

elétrica. As principais modalidades de ventilação disponíveis

são: ventilação de volume controlado (VCV), ventilação de

pressão controlada (PCV), ventilação mandatória sincronizada

intermitente (SIMV) com ou sem pressão de suporte (PSV).

224ajgcnvjectga26290kpff""":4224ajgcnvjectga26290kpff""":4 2712814229"""26<24<592712814229"""26<24<59

Page 83: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 83

Melhoraravida�É isso que agentefaz�

O paciente em primeiro lugar

Fazer a diferença na vida das pessoas�Esse é o papel do médico� Esse é o nossopapel� E esse é o nosso grande estímulona busca de necessidades médicasainda não atendidas: saber que estamoscontribuindo para que o profissionalmédico continue lutando contra oslimites que a doença muitas vezes impõeao paciente� salvando vidas e fazendo opaciente mais feliz� É o que nos motiva a pesquisar e buscar sempre novassoluções� Colocar o paciente sempre emprimeiro lugar� Esse é o compromisso domédico� Esse é o nosso compromisso�

MC250/07

04-2008-EMD-07-BR-250-J

DRÄGER APRESENTA SOLUÇÃO PARA INTEGRAR TECNOLOGIAS A Dräger Medical apresenta o Infinity Acute Care System – sistema que integra

desde a monitoração de pacientes e funções terapêuticas, até o gerenciamen-

to de informações. A empresa alemã também anuncia mais duas novas linhas

próprias de máscaras para anestesia, denominadas Litestar e Comfortstar.

ARMÁRIOS COM AÇÃO ANTIMICROBIANAA Nilko lança o Armário Multi-Uso com tinta especial: a WEG Nobac, que inibe a

proliferação de fungos e bactérias. Outro lançamento será o armário de canto, que

funciona como solução para locais onde a otimização de espaço é essencial.

224ajgcnvjectga26290kpff""":5224ajgcnvjectga26290kpff""":5 2712814229"""26<24<622712814229"""26<24<62

Page 84: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200784

UP TO DATE FEIRA HOSPITALAR 2007

MESA PARA CIRURGIA

VASCULARA Barrfab lança na

Hospitalar 2007 a

Mesa Cirúrgica BF-

683. Indicada para

alta cirurgia e cirurgia

vascular, o equipa-

mento traz como diferenciais a possibilidade de uso

de intensificador de imagem e o tampo confeccionado

com fibra de carbono, atendendo inclusive as normas

européias EN IEC 60601.

CHAMADA DE ENFERMAGEM

A Salutem Indústria Eletrônica, deten-

tora da marca SINCRON, apresenta

uma nova pêra de paciente com design

ergonômico e que pode ser desinfec-

tada por imersão. A empresa também

está em processo de desenvolvimento

de equipamentos que terão a possibili-

dade de integrar o sistema de chamada

de enfermagem com outros sistemas em funcionamento

nos hospitais, tais como softwares de gestão, sistemas de

monitoramento e alarme, etc.

BALANÇA PEDIÁTRICA ELETRÔNICA Uma balança pediátrica eletrônica é a novidade da Welmy. O produto tem estrutura em plástico moldado à vácuo com cadeira injetada, capacidade máxima de 15 kg; divisões de 5g; concha anatômica em polipropileno 540 x 300 mm injetada anti germes; pés reguláveis; função TARA; possibilidade de tara de até 9,895 Kgs; display com 5 dígitos; e chave seletora de tensão de 110/ 220 v.

OXÍMETRO DE PULSO E DE MÃO

A IMFtec apresenta uma nova linha de oxímetros de

pulso e portáteis de mão com inovações. A oxime-

tria (SpO2) é empregada para determinar a satu-

ração de oxigênio na hemoglobina do sangue rico

em oxigênio. As principais novidades são o visor

em LCD e a apresentação da curva pletismográfica.

Já na linha portátil de mão, a inovação fica com o

alarme e tendência 24 horas.

224ajgcnvjectga26290kpff""":6224ajgcnvjectga26290kpff""":6 2712814229"""26<25<322712814229"""26<25<32

Page 85: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 85

ELETROCIRURGIA E MECÂNICA RESPIRATÓRIA

A Tyco Healtchare apresenta o Force

Triad, um avançado equipamento em ele-

trocirurgia, que possui uma plataforma

que conjuga gerador eletrocirúrgico. Tam-

bém conta com o novo sistema de fusão

de vasos Liga Sure para selagem de

vasos e tecidos de até 7mm de diâmetro.

Outra novidade é o software Mecânica

Respiratória e Tendências para o ventila-

dor Puritan Bennett 840. Com capacidade

de realizar manobras e monitorar fatores

como: Pressão Inspiratória Máxima, P0.1,

Capacidade Vital Lenta, Complacência e

Resistência Dinâmicas, Fluxo Expiratório

Final para determinação de Auto-PEEP.

Também armazena dados importantes,

permitindo monitoração completa do

paciente, facilitando a rotina da equipe e

ajudando a adotar as melhores condutas

na arte da ventilação mecânica.

MENOR MEDIDOR DE GLICOSE

O aparelho Sidekick, considerado o menor medidor de glicose que existe atualmente no mercado mundial, será a grande novidade da Chase Diagnostics. O aparelho foi desen-volvido em tamanho reduzido para facilitar a vida dos pacientes que trabalham, praticam esportes e que precisam se deslocar cons-tantemente. O produto gera resultado em menos de 10 segundos, tamanho da amostra de sangue de apenas 1 microlitro, e ainda tecnologia de medição através de biosensor.

224ajgcnvjectga26290kpff""":7224ajgcnvjectga26290kpff""":7 2712814229"""26<25<342712814229"""26<25<34

Page 86: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200786

NA ESTANTE

Para os desafios do século XXI, os profissionais da saúde precisam de informações e propostas de diagnós-tico e tratamento ágeis e eficientes. À Beira do Leito traz um resultado prático dessa reflexão e traduz em algoritmos e instrumentos uma estratégia rápida, simples e possível de ser reproduzi-da por diferentes profissionais. Obra

foi estruturada a partir de discussões de casos clínicos, das quais tomaram parte, simultaneamente, médicos, enfermei-ras, dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, psicólogas, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais.

À BEIRA DO LEITO: GERIATRIA E GERONTOLOGIA NA PRÁTICA HOSPITALAR

Autores: João Toniolo Neto, Vitor Last Pintarelli, Talita Hatsumi YamattoEditora: ManoleNº de páginas: 324www.manole.com.br

Inédito na literatura médica nacional, no livro Síndrome Metabólica são encontrados os fatores de risco: hipertensão, hipercolesterolemia, tabagismo, sedentarismo, obesidade e diabetes. Quando dois ou mais desses fatores ocorrem no mesmo indivíduo, acentua-se a probabilidade da doença arterial coronariana. Por outro lado, cinco dos mesmos aparecem como critério diagnóstico da Sín-drome Metabólica: (1) pressão arterial, (2) obesidade central, (3) aumento dos triglicerídeos, (4) HDL - colestereol reduzido, e (5) alterações do metabolismo da glicose.

SÍNDROME METABÓLICA: UMA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR

Autor: Heno Ferreira Lopes Editora: AtheneuNº de páginas: 228www.atheneu.com.br

O Médico como Paciente é uma leitura clara, precisa e agradável,

que trata dos desafios e grandezas que envolvem o médico desde a sua formação. A obra é fruto da

extensa pesquisa e experiência da psiquiatra Alexandrina Maria Augus-

to da Silva Meleiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, rea-lizada para sua tese de doutorado.

A obra resgata, do sistema racional em que está inserido o médico, a figura do homem: o médico como pessoa. Nesse aspecto, o livro prepara o estudante de Medicina

para as reais condições de seu futuro trabalho, e também o médico já em exercício da profissão, funcionando como um

programa de conscientização e orientação.

O MÉDICO COMO PACIENTE

Autora: Alexandrina Maria Augusto da Silva Meleiro

Editora:Segmento FarmaNº de páginas: 191

www.segmentofarma.com.br

224ajgcnvjectga26290kpff""":8224ajgcnvjectga26290kpff""":8 2712814229"""26<25<372712814229"""26<25<37

Page 87: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 87

224ajgcnvjectga26290kpff""":9224ajgcnvjectga26290kpff""":9 2712814229"""26<25<442712814229"""26<25<44

Page 88: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200788

GUIA DE EMPRESAS

AAlban.......................................................................Pág. 89Site: www.alban.com.brABEC........................................................................Pág.56Site: www.abecbpf.com.brAGA..........................................................................Pág.72Site: www.aga.com.brBBasf.........................................................................3° CapaSite: www.basf.com.brBD............................................................................Pág. 58Site: www.bd.com/brasil/CCelm........................................................................Pág. 76Site: www.celm.com.br

Cirucan.......................................................................Pág. 86E-mail: [email protected]

Cristália...................................................................Pág. 31Site: www.cristalia.com.br

Cristófoli.................................................................Pág. 75Site: www.cristofoli.ind.br

FFeira Hospitalar......................................................Pág. 15Site: www.hospitalar.com

Fiat..........................................................................4ª CapaSite: www.fiat.com.brGGE...............................................................................Pág. 25Site: www.geultrasound.comGrupo Mídia............................................................Pág. 63Site: www.healthcarebrazil.com.brHHcenter....................................................................Pág. 88 Site: www.hcenterhospitalar.com.brLLavexmil..................................................................Pág. 89Site: www.lavexmil.com.br

Laktus.....................................................................Pág. 71 Site: www.laktus.com.br

M

Mercedes Benz.......................................................2ºCapaSite: www.mercedes-benz.com.br

Merck Sharp & Dohme...........................................Pág. 83Site: www.msd-brazil.com

MedPej....................................................................Pág. 04Site: www.medpej.com.br

Melhoramentos......................................................Pág. 26Site: www.melhoramentos.com.br/papeis

Microem..................................................................Pág. 81Site: www.microem.com.br

Missner...................................................................Pág. 85Site: www.missner.com.br

PPlataforma..............................................................Pág. 08Site: www.plataforma.com.br

Pró-Saúde...............................................................Pág. 33Site: www.prosaude.org.br

Plusoft.....................................................................Pág. 64Site: www.plusoft.com.br

RRoche......................................................................Pág. 29Site: www.roche.com.br

SSercon.....................................................................Pág. 59Site: www.sercon.ind.brSevengel.................................................................Pág. 89Site: www.sevengel.com.br

TTêxtil Sabie ............................................................Pág. 87Site: www.sabie.com.br

WWEM....................................................................... Pág. 77Site: www.wem.com.br

224ajgcnvjectga26290kpff"""::224ajgcnvjectga26290kpff""":: 2712814229"""26<25<482712814229"""26<25<48

Page 89: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 89

224ajgcnvjectga26290kpff""":;224ajgcnvjectga26290kpff""":; 2712814229"""26<25<592712814229"""26<25<59

Page 90: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200790

INSIDE

JUNINHO BORIM

224ajgcnvjectga26290kpff""";2224ajgcnvjectga26290kpff""";2 2712814229"""26<25<672712814229"""26<25<67

Page 91: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 2007 91

224ajgcnvjectga26290kpff""";3224ajgcnvjectga26290kpff""";3 2712814229"""26<25<742712814229"""26<25<74

Page 92: HealthCare Brazil 2a Edição

MAIO 200792

224ajgcnvjectga26290kpff""";4224ajgcnvjectga26290kpff""";4 2712814229"""26<25<792712814229"""26<25<79