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Estudos da Realidade Contemporânea - Célia Lara Hegel e o desenvolvimento histórico: A importância da história no processo de formação da subjetividade TEXTO SINTESE Diferentemente de Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel se preocupava em entender o processo de formação da consciência, sobre a partir de qual momento adquirimos as faculdades racionais e o como se desenvolve em um âmbito geral. Dessa forma, Hegel criticou Kant em várias obras alegando que a subjetividade, ou seja, a razão e a consciência, é promovida por um desenvolvimento histórico. Kant acreditava que a subjetividade era oriunda de um sujeito transcendental, como se fosse dada ao homem e não adquirida. Por isso, não se questionava acerca da origem do processo de formação. Hegel, por sua vez, alegou que a história era extremamente importante para a construção da consciência. A partir do momento, e então somente, que pudermos entender sobre como a subjetividade foi desenvolvida ao longo dos tempos, é que poderemos entender o que e por que somos o que somos hoje. No prefácio à Filosofia do direito (1821), lemos: “O que quer que aconteça, cada indivíduo é sempre filho de sua época; portanto, a filosofia é a sua época tal como apreendida pelo pensamento. É tão absurdo imaginar que a filosofia pode transcender sua realidade contemporânea quanto imaginar que um indivíduo pode superar seu tempo, saltar sobre Rodes”. Se a razão, segundo Hegel, fosse um resultado da mente humana, não explicaria como se corresponde aos fatos atuais. Concernente a isto, seria necessário que a subjetividade fosse atribuída para o homem por uma divindade transcendental, assim como pregava Kant. Analogamente, deve-se considerar que o processo de formação da consciência é extremamente importante para o nosso entendimento do processo histórico, pois é através da consciência crítica de

Hegel e a Importância Da História No Processo de Formação Da Razão (3)

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Hegel e a Importância Da História No Processo de Formação Da Razão (3)

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Estudos da Realidade Contempornea - Clia LaraHegel e o desenvolvimento histrico: A importncia da histria no processo de formao da subjetividadeTEXTO SINTESE

Diferentemente de Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel se preocupava em entender o processo de formao da conscincia, sobre a partir de qual momento adquirimos as faculdades racionais e o como se desenvolve em um mbito geral. Dessa forma, Hegel criticou Kant em vrias obras alegando que a subjetividade, ou seja, a razo e a conscincia, promovida por um desenvolvimento histrico.Kant acreditava que a subjetividade era oriunda de um sujeito transcendental, como se fosse dada ao homem e no adquirida. Por isso, no se questionava acerca da origem do processo de formao. Hegel, por sua vez, alegou que a histria era extremamente importante para a construo da conscincia. A partir do momento, e ento somente, que pudermos entender sobre como a subjetividade foi desenvolvida ao longo dos tempos, que poderemos entender o que e por que somos o que somos hoje. No prefcio Filosofia do direito (1821), lemos: O que quer que acontea, cada indivduo sempre filho de sua poca; portanto, a filosofia a sua poca tal como apreendida pelo pensamento. to absurdo imaginar que a filosofia pode transcender sua realidade contempornea quanto imaginar que um indivduo pode superar seu tempo, saltar sobre Rodes.Se a razo, segundo Hegel, fosse um resultado da mente humana, no explicaria como se corresponde aos fatos atuais. Concernente a isto, seria necessrio que a subjetividade fosse atribuda para o homem por uma divindade transcendental, assim como pregava Kant.Analogamente, deve-se considerar que o processo de formao da conscincia extremamente importante para o nosso entendimento do processo histrico, pois atravs da conscincia crtica de nossa histria individual que poderemos compreender a histria no coletivo, ou seja, as leis da histria. importante lembrar que a reflexo filosfica emerge nesse processo de construo.Em sua obra Lies de Iena, Hegel formula suas concepes acerca do processo de formao da conscincia. Consiste em trs elementos bsicos: as relaes morais, a linguagem e o trabalho. Kant desenvolvia o conceito de conscincia como unidade transcendental originria. Hegel, no entanto, considera que a unidade de conscincia no originria, mas sim como produto da correlao entre esses trs elementos bsicos.As relaes morais consistem na importncia do papel de outro para a construo da conscincia do indivduo. Ele s se torna um sujeito a partir do momento que for reconhecido por outro como tal. Esse reconhecimento d-se primeiramente na famlia e depois na vida social. O trabalho abrange sobre como a natureza importante para a construo da conscincia, pois atravs dessa relao que o homem se depara com os meios possveis para se extrair dela, propriedades de sua subsistncia. Por fim, a linguagem, isto , os sistemas de representaes simblicas, revela como nossas experincias sensveis so dependentes do emprego de smbolos que ns mesmos produzimos. Sendo assim, a identidade da conscincia que nomeia e identifica os objetos, no pode ser anterior ao processo de conhecimento, como, segundo Hegel, pensava Kant. Ao contrrio, formada no mesmo processo atravs do qual a objetividade do mundo toma forma na linguagem.Como desenvolveu em Filosofia do direito, Hegel afirmava que o modo de compreenso do sujeito necessariamente histrico. Face a isto, cada conscincia conscincia de seu tempo e, ao compreender sua situao histrica, compreende seu lugar na histria. A partir do momento que o sujeito compreender o processo histrico, sobre como se constri e desenvolve, poder entender a lgica interna do processo histrico, sua direo e sentido e sua lei. Entendendo o desenvolvimento desse processo, pode transcender o seu momento determinado. Surge ento a importncia das Lies de filosofia da histria, onde analisa a prpria histria da humanidade e da cultura, desde os primrdios at a poca contempornea.Em Fenomenologia do esprito Hegel diz: Ao retirar o vu que cobre o real, procurando penetras nas coisas, encontramos apenas a ns mesmos. Atravs de estudos fenomenolgicos, formulou que um importante passo para a construo da conscincia, era o entendimento. A conscincia torna-se conscincia de si e passa, ento, no momento que chega essncia dos fenmenos da conscincia, a descobrir nela prpria o ser que julgava encontrar fora dela. Para compreender o entendimento das experincias sensveis, ope-se ao objeto e encontra nele, seu desejo de entender a si mesma. No h como entendermos a estruturao da conscincia apenas pela considerao de que resultando de um processo histrico tendo em vista que ela mais do que isso. A conscincia formada por uma interao com o outro que se desenvolveu ao longo do tempo.