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FACULDADE 7 DE SETEMBRO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO HENRYQUETA MAYARA MATIAS LEITE CINTRA EMPREENDEDOR INDIVIDUAL: ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE CRÉDITO NO BANCO PALMAS FORTALEZA - 2012

Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

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Page 1: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

FACULDADE 7 DE SETEMBRO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

HENRYQUETA MAYARA MATIAS LEITE CINTRA

EMPREENDEDOR INDIVIDUAL: ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE

CRÉDITO NO BANCO PALMAS

FORTALEZA - 2012

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HENRYQUETA MAYARA MATIAS LEITE CINTRA

EMPREENDEDOR INDIVIDUAL: ANÁLISE DO PROCESSO DE CONCESSÃO DE

CRÉDITO NO BANCO PALMAS

Monografia apresentada à Faculdade 7 de Setembro, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. Maiso Dias Alves Júnior, Me.

FORTALEZA – 2012

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais que contribuiram enormemente para esta conquista tão

significante em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por sua infalível misericórdia, proteção e

iluminação e por estar sempre ao meu lado me trazendo paz e graças, cujos meus

agradecimentos nunca serão suficientes.

A toda minha famíla que sempre acreditou em meu potencial e capacidade de

vencer desafios, em especial aos meus pais que abriram mão de inúmeras vontades

e desejos por mim e às minhas irmãs que tornam a minha vida ainda mais feliz.

Ao meu orientador Maiso Dias Alves Júnior que, pacientemente e de forma

profissional, me acompanhou e auxiliou nas dificuldades e conquistas deste estudo e

da vida acadêmica e aos demais professores da instituição que contribuiram para a

minha formação .

À toda equipe do Banco Palmas, em especial ao Sr. Asier Ansorena, que

atenderam as minhas solicitações, cederam informações e permitiram o estudo tão

importante para este trabalho.

A todos os meus amigos de faculdade, em especial a Geilza Oliveira, que

colaborou imensamente com a finalização deste trabalho, Lourdirene Lobo, Ana

Paula Araújo, Andson Coutinho, Ruy Cavalcante, Marieta Passos, que tornaram

minha vida acadêmica tão maravilhosa e inesquecível, com quem eu pude dividir as

alegrias e tristezas e a Ana Iara Veras e Osmundo Aguiar por dividir comigo os

medos, angústias e alívios desse momento tão especial.

Aos meus amigos de trabalho que me incentivaram e compreenderam minhas

falhas, em especial a Midiã Martins por estar sempre ao meu lado na vida pessoal e

profissional, em chorar meus prantos e comemorar minhas vitórias.

Às minhas amigas Roberta Silva e Regiane Nunes sempre presentes em

minha vida, que mesmo a distância, o tempo e o destino foram capazes de nos

afastar.

Não poderia deixar de agradecer ao amigo André Martins, que sempre esteve

ao meu lado e mesmo distante, me incentiva, alivia e conforta me fazendo sempre

seguir em frente, mesmo diante das adversidades.

Agradeço enfim a todos que torceram e contribuiram em todas as minhas

conquistas e, principalmente, possibilitaram a formação do ser humano que sou

hoje.

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O Senhor é meu pastor e nada me faltará Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias de minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias. Salmo 23

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RESUMO

Em um cenário de precariedade das ações governamentais voltadas a proporcionar condições de sobrevivência e desenvolvimento para as camadas mais empobrecidas da população e onde o crescente número de formalizações de empreendedores individuais nem sempre dispõe de linhas de crédito para financiar sua atividades nos bancos oficiais, surge um panorama de potencialidade de crescimento, uma vez que, as atividades empresariais recém constituídas podem modificar a realidade da região de forma positiva com o surgimento de ações de empreendedorismo social. Desta forma, este trabalho discute aspectos da atividade de concessão de crédito para empreendedores individuais, a partir de um estudo de caso do Banco Palmas. O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar os aspectos que permitem a viabilidade do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais junto ao Banco Palmas, localizado na Associação de Moradores do Conjunto Palmeira (ASMOCONP), em Fortaleza-CE, no ano de 2011, da solicitação de crédito a sua aplicação. Para sua concretização têm-se como objetivos escpecíficos: 1) identificar as etapas para a obtenção de crédito aos empreendedores individuais junto ao Banco Palmas; 2) Relacionar o destino do crédito obtido pelos empreendedores individuais junto ao Banco Palmas; 3) Identificar os pontos fortes e fracos do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais no Banco Palmas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa quanto a abordagem e exploratória no que se refere a seu objetivo, com pesquisa documental, bibliográfica e estudo de caso, com instrumento de coleta de dados entrevista semi-estruturada em profundidade e observação não participante. Os dados foram interpretados por análise de conteúdo tendo em vista os objetivos. Como resultado tem-se que o microcrédito está inserido em uma dinâmica de rede que proporciona seu êxito, pois o banco Palmas reorganiza as economias do bairro, criando uma rede local de produtores e consumidores que estimula as pessoas a produzirem e consumirem na própria comunidade, criando um ciclo financeiro e social de desenvolvimento local, por meio da oferta de vários produtos complementares e interdependentes, sendo este o ponto diferencial em termos de viabilidade e estratégia.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedor individual. Empreendedorismo social. Microcrédito. Banco Palmas

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ABSTRACT

In a scenario of instability of the governmental actions focused to give survive conditions and development to the most poor part of population and where the crescent number of formalizations of individual entrepreneurs do not always have credit lines to finance their activities in official banks, there is an overview of potential for grow, since the newly formed business activities can change the regional reality in a positive way with the appearance of social entrepreneurial actions. Thus, this paper discusses aspects of the activity of granting credit to individual entrepreneurs, from a case of study of the Palmas Bank. The objective of the research is to analyze the aspects that allow the viability of the process of granting credit to the individual entrepreneurs with the Palmas Bank, located in Associação de Moradores do Conjunto Palmeira – ASMOCONP (Association of residents of Conjunto Palmeira), in Fortaleza-Ce, in 2011, of the credit demand to your application. To your concretization there haves specific objectives: 1) Indentify the stages to obtaining credit for the individual entrepreneurs with the Palmas Bank; 2) Connect the destiny of the obtained credit by the individual entrepreneurs with the Palmas Bank; 3) Identify the strong and weak points of the granting credit to individual entrepreneurs on Palmas Bank. This is a qualitative and exploratory approach as in relation to their objective, documentary research, literature and study case, with data collection instrument semi-structured in depth-in non-participant observation. The data were interpreted by content analysis in the view of the goals. Like results, we have that the microcredit is inserted in one dynamic network that provides your success, because the Palmas Bank rearranges the neighborhood economies, making one local network of manufactures and consumers that encourages people to produce and consume in this community, creating one cycle of financial and social local development, by offering various products complementary and interdependent, and this is the differential point in terms of feasibility and strategy.

KEYWORDS: Individual entrepreneur. Social entrepreneurship. Microcredit. Palmas Bank.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Linhas de conceituação do empreendedorismo........................................18

Figura 2 - Empreendedorismo privado ou de negócios X empreendedorismo social

segundo Melo Neto e Froes (2002)............................................................................22

Figura 3 - Características da responsabilidade social e empreendedorismo social..24

Figura 4 - Benefícios do empreendedorismo social...................................................27

Figura 5 - Etapas do processo de concessão de crédito do banco Palmas..............66

Figura 6 - Diagrama de tempo de conclusão de processo de concessão de crédito no

banco Palmas.............................................................................................................67

Figura 7 - Etapas do processo de cobrança aos inadimplentes no banco Palmas....68

Figura 8 - Cadeia produção-consumo segundo Melo Neto e Magalhães (2008).......71

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Participação relativa das MPE’s no total de estabelecimentos, empregos

e na massa de remuneração paga aos empregos formais nas empresas privadas

não-agrícolas..............................................................................................................25

Gráfico 2 - Razões de negação do crédito pelos bancos as micros e pequenas

empresas....................................................................................................................39

Gráfico 3 - Empréstimo em banco nacional...............................................................40

Gráfico 4 - Empréstimo em banco cearense..............................................................41

Gráfico 5 - Distribução das categorias de atividade segundo Farias (2011)..............51

Gráfico 6 - Ramos de atividade dos empreendedores...............................................52

Gráfico 7 - Distribuição de cliente de microcrédito banco Palmas.............................63

Gráfico 8 - Distribuição dos destinos dos microcréditos no banco Palmas................70

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................13

2 EMPREENDEDORISMO.........................................................................................17

2.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES...................................................................17

3 EMPREENDEDORISMO SOCIAL...........................................................................21

3.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES...................................................................21

3.2 DESAFIOS E BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL...................26

3.3 O EMPREENDEDOR SOCIAL.............................................................................28

4 EMPREENDEDOR INDIVIDUAL.............................................................................31

4.1 HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO...........................................................................31

4.2 BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL............................................34

5 MICROCRÉDITO NO BRASIL ...............................................................................38

5.1 IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO PARA A ATIVIDADE EMPRESARIAL .............38

5.2 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO...........................................................42

5.3 O MICROCRÉDITO..............................................................................................44

5.4 O MICROCRÉDITO EM FORTALEZA-CE...........................................................49

5.5 DESTINO DO MICROCRÉDITO ..........................................................................50

6 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................53

6.1 PLANO E TIPO DE PESQUISA...........................................................................53

6.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA...........................................................................54

6.3 TÉCNICA DE PESQUISA.....................................................................................55

6.3.1 Documentação indireta...................................................................................55

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6.3.2 Documentação direta ......................................................................................56

6.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS..........................................................56

6.5 OBJETO DE PESQUISA......................................................................................58

6.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS.....................................................60

7 RESULTADOS DA PESQUISA...............................................................................62

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................75

REFERÊNCIAS...........................................................................................................79

APÊNDICES................................................................................................................83

ANEXOS.....................................................................................................................88

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................13

2 EMPREENDEDORISMO.........................................................................................17

2.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES...................................................................17

3 EMPREENDEDORISMO SOCIAL...........................................................................21

3.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES...................................................................21

3.2 DESAFIOS E BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL...................26

3.3 O EMPREENDEDOR SOCIAL.............................................................................28

4 EMPREENDEDOR INDIVIDUAL.............................................................................31

4.1 HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO...........................................................................31

4.2 BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL............................................34

5 MICROCRÉDITO NO BRASIL ...............................................................................38

5.1 IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO PARA A ATIVIDADE EMPRESARIAL .............38

5.2 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO...........................................................42

5.3 O MICROCRÉDITO..............................................................................................44

5.4 O MICROCRÉDITO EM FORTALEZA-CE...........................................................49

5.5 DESTINO DO MICROCRÉDITO ..........................................................................50

6 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................53

6.1 PLANO E TIPO DE PESQUISA...........................................................................53

6.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA...........................................................................54

6.3 TÉCNICA DE PESQUISA.....................................................................................55

6.3.1 Documentação indireta...................................................................................55

6.3.2 Documentação direta ......................................................................................56

6.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS..........................................................56

6.5 OBJETO DE PESQUISA......................................................................................58

6.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS.....................................................60

7 RESULTADOS DA PESQUISA...............................................................................62

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................75

REFERÊNCIAS...........................................................................................................79

APÊNDICES................................................................................................................83

ANEXOS.....................................................................................................................88

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1 INTRODUÇÃO

Antes da lei complementar nº 128, de 19 de dezembro 2008, que instituiu a

figura do empreendedor individual, a formalização da micro empresa era um

processo consumido por elevado tempo, recurso e burocracia, o que o inviabilizava

em inúmeros casos, em especial nos pequenos negócios. Como consequência,

permaneciam na informalidade, sem acesso a serviços bancários, previdenciários e

com problemas legais e de competitividade no mercado.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(Sebrae) (2012a), após o lançamento do programa do empreendedor individual em

1º de julho de 2009 até o ano de 2011 foram 1.871.176 cadastrados em todo o país,

sendo Fortaleza o sexto município com maior número de inscritos, com 26.696

empreendedores.

Lages e Morais (2002) corroboram com a relevância do estudo desse grande

contingente de empresas ao afimarem que:

as micro e pequenas empresas constituem-se, de fato, na maioria dos agentes econômicos de países tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, sendo responsáveis pela maior parte dos empregos e postos de trabalho, bem como por significativa parte da renda gerada.

Em outra reportagem divulgada pelo Sebrae (2012b), o Sr. Adalberto Oliveira

dos Santos, o primeiro microempreendedor a se formalizar, fala da importância da

nova figura jurídica :“O informal quando vai pedir empréstimo ou comprar a crédito

só tem o comprovante de endereço para apresentar. O empresário possui CNPJ e

declaração de renda. Isso faz diferença”, demonstrando a importância da lei para a

vida de milhares de profissionais que permaneciam na informalidade e hoje podem

comandar seus empreendimentos com maior segurança, tranquilidade e melhores

oportunidades de crescimento.

Para o então Ministro do Trabalho Paulo Jobim (2002, apud GONDIM e

ALMEIDA, 2002) os “agentes de crédito constituem a nova profissão que vai crescer

no país em razão da expansão das linhas de financiamento para empreendedores

de baixa renda”.

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Paradoxalmente são quase 27 mil micro negócios na cidade de Fortaleza que

demadam produtos e serviços, que nem sempre são satisfatoriamente atendidos,

especialmente quando o assunto é crédito, mas para Dornelas (2008):

[...] muitos empreendedores não conhecem as alternativas para capitalizar sua empresa, nascente ou em desenvolvimento. O problema é que a maioria dos empreendedores recorre apenas aos bancos de varejo, quando poderiam ser mais bem informados sobre as várias formas de financiamento existentes antes de tomar a decisão de qual, ou quais, utilizará em sua empresa e em que momento.

Combinado a esse cenário vem a crescente precariedade da atuação

governamental no sentido de proporcionar condições minimamente aceitáveis de

sobrevivência e desenvolvimento em especial para as camadas mais empobrecidas

da população.

Assim o estudo se justifica por três principais fatores: a) crescimento no

número de empreendedores individuais, onde de cada 10 novas empresas, 5,5 são

de empreendedores individuais, profissionais que puderam se formalizar e alcançar

mais um estágio na busca da competitividade; b) pela demanda de linhas de crédito

voltadas para este público a fim de financiar suas atividades, uma vez que os

bancos oficiais muitas vezes não demonstram interesse nesse perfil de cliente e; c)

pelo potencial de transformação da realidade de uma região, seja econômica e

principalmente social, quando as duas variáveis anteriores estão efetiva e

corretamente combinadas, por meio da atuação de insituições do terceiro setor

como o Banco Palmas.

Seguindo nesta linha de raciocínio este estudo proporá a análise de uma

instituição que pratica o empreendedorismo social por meio de diversos serviços,

dentre os quais a concessão de crédito para essas empresas, uma vez que o

acesso a ele constitue-se de fator determinante para a criação e/ou manutenção dos

negócios, trazendo ainda para as pessoas a possibilidade de desenvolver uma

atividade empresarial, como no caso do microempreendedor individual, destacando

os fatores que tornam viável o ciclo gerado pelas operações realizadas no Banco

Palmas.

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Diante do exposto até aqui essa pesquisa visa responder a seguinte

problemática: como o processo de concessão de crédito aos empreendedores

individuais no Banco Palmas torna-se viável e estratégico?

Com a exposição do problema foram colocadas as seguintes hipóteses a

pesquisa: a) a aplicação de taxa de juros reduzida, que pode incentivar e facilitar o

pagamento por parte dos clientes; b) a atuação da comunidade nas ações de crédito

do banco, o que pode estreitar a relação entre os integrantes da comunidade,

reduzindo a inadimplência e trazendo credibilidade as ações da instituição; c) a

burocracia e exigências reduzidas, que pode facilitar o acesso e estimular o ciclo

produtivo do bairro.

Na busca de solucionar a problemática, bem como verificar as hipóteses

expostas, o estudo tem como objetivo geral analisar os aspectos que permitem a

viabilidade do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas, localizado na Associação de Moradores do Conjunto

Palmeira (ASMOCONP), em Fortaleza-CE, no ano de 2011, da solicitação de crédito

a sua aplicação. Para sua concretização tem-se como objetivos específicos: 1)

Identificar as etapas para a obtenção de crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas; 2) Relacionar o destino do crédito obtido pelos

empreendedores individuais junto ao Banco Palmas; 3) Identificar os pontos fortes e

fracos do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais no

Banco Palmas.

Para que os objetivos do estudo sejam alcançados apresenta-se neste

trabalho o referencial teórico, a base para tal estudo acadêmico, que se divide em 4

capítulos que buscam possibilitar a plena compreensão do leitor acerca da

abordagem do tema.

Inicialmente este estudo irá conceituar o empreendedorismo em termos

gerais, bem como suas implicações, no capítulo 2, para posteriormente, no capítulo

3, tratar do empreendedorismo social, seus desafios e benefícios, trazendo um

comparativo com o empreendedorismo privado, destacando a importância da figura

do empreendedor social e o desenvolvimento local, de modo apresentar as

implicações dessa nova visão do empreendedorismo.

Já o capítulo 4 traz o esclarecimento acerca das regras que permeiam a

constituição do empreendedor indidivial, público alvo da pesquisa, bem como os

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benefícios obtidos com as mudanças na legislação, trazendo-as de forma

cronológica.

O capítulo 5 traz as características do microcrédito, uma vez que, o estudo se

propõe a análise da concessão de crédito do público citado anteriormente, torna-se

imprescindível destacar a importância do crédito para a atividade empresarial,

abordar as dificuldades de acesso, conceituar o microcrédito, metodologia e o

destino dos créditos obtidos, com um breve histórico acerca de sua utilização em

nível nacional e no município de Fortaleza-CE, onde o estudo foi realizado.

Na sequência vem a metodologia que trará a forma pela qual a pesquisa será

desenvolvida, delineando-a e destacando quais instrumentos serão utilizados e os

meios de análise para responder adequadamente o problema investigado. Desta

forma, o capítulo 6 está composto por plano e tipo de pesquisa, delimitação da

pesquisa, técnica de pesquisa, instrumentos de coleta de dados, objeto de pesquisa

e processamento e análise de dados.

Após a coleta das informações, são apresentados os últimos capítulos:

apresentação de resultados e considerações finais, onde o primeiro expõe os

produtos da pesquisa em conjunto com o embasamento teórico, apresenta as

conclusões obtidas.O segundo apresenta uma síntese das conclusões obtidas, bem

como a resposta a problemática e objetivos geral e específicos, contribuição

científica e sugestões de estudos posteriores.

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2 EMPREENDEDORISMO

2.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES

O empreendedorismo teve origem na tradução da palavra inglesa

entrepreneurship, que caracteriza os estudos referentes ao empreendedor, seu

perfil, suas origens, sistema de atividades, relações com o meio no qual está

inserido, entre outras situações concernentes a atividade empreendedora. (MELO

NETO e FROES, 2002).

Segundo Alves Júnior (2010) “o termo ‘empreendedor’ surgiu na França por

volta dos séculos XVII e XVIII , [...] que significa aquele que se compromete com um

trabalho ou uma atividade específica e significante”.

Já segundo Hisrich, Peters e Shepherd (2009) o empreendedorismo surgiu na

época de Marco Polo, por volta do ano 1260, que realizava o trabalho de

intermediação ao estabelecer rotas comerciais para o extremo oriente, onde

assinava um contrato com uma pessoa de recursos para vender suas mercadorias.

Posteriormente, na idade média, o termo empreendedor foi usado para descrever

tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção.

Para então evoluir aos conceitos dos séculos XVII e XVIII citados anteriormente.

Atualmente empreendedorismo pode ser definido pelo processo de “criar algo

novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos

financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes

recompensas da satisfação e da independência financeira e pessoal”. (HISRICH,

PETERS e SHEPHERD, 2009).

Segundo Dornelas (2008) no Brasil, o conceito de empreendedorismo tem-se

difundido nos últimos anos, em especial no fim da década de 1990 com a criação de

pequenas empresas e a necessidade da redução dos altos índices de mortalidade

destas. Sendo o empreendedorismo uma alternativa para o aumento da

competitividade, redução de custos e manutenção no mercado, devido a

necessidade de estabilizar a economia do país diante da globalização.

Nesse processo de evolução do conceito de empreendedorismo, diversos

estudiosos têm demonstrado seu interesse, dentre os quais se destacam duas linhas

de conceituação acerca do empreendedorismo: os economistas, que consideram o

homem como um elemento na atividade empresarial, que visa predominantemente o

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lucro e; os humanistas, que são psicólogos e sociólogos, que atribuem a atividade

empreendedora ao comportamento humano, tendo este último o papel fundamental

no desenvolvimento econômico, considerando o indivíduo peça-chave para o

alcance dos objetivos. Tais correntes estão expressas com seus respectivos

estudiosos e pensadores na figura 1.

Figura 1 - Linhas de conceituação do empreendedorismo

\\\\

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Corroborando com o exposto acima Jean Baptiste Say (1803, apud FILION,

1999), estudioso economista, considerava o empreendedor o indivíduo capaz de

mover recursos econômicos de baixa para outra de maior produtividade e retorno e

Schumpeter (1949, apud DORNELAS, 2008), também economista, aprimora o que

foi dito por Say ao afirmar que “empreendedorismo é o que destrói a ordem

EMPREENDEDORISMO

HumanistasEconomistas

Cantillon Smith Say Schumpeter Knight

Weber McClelland Collins Moore Drucker Ray Timmons Filion Dolabela Paiva Junior

Page 19: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de

novas formas de organização e pela exploração de novos recursos e materiais”.

Em contrapartida, dentre os humanistas, Filion (1999) caracteriza o

empreendedor como pessoa imaginativa, com capacidade de fixar alvos e objetivos

com perspicácia, percebendo e/ou detectando oportunidades. Esse indivíduo é que

propicia o ideal de empreendedorismo de Dornelas (2008) caracterizado pelo

“envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de

idéias em oportunidades”.

Assim sob ótica de ambas correntes de pensamento pode-se chegar ao

conceito de empreendedorismo que as condensa como: uma nova ou remodelada

reunião de recursos, sejam eles materiais ou humanos no sentido de transformar um

propósito em algo concreto, modificando a realidade existente.

Vale ainda destacar a relevância da figura do empreendedor como agente de

mudanças, que Dornelas (2008) confirma ao afirmar o empreendedor como alguém

fundamentalmente: visionário, determinado, dinâmico, dedicado, otimista,

independente, líder, bem relacionado, organizado, apaixonado pelo que faz, tomador

de decisões, que faz a diferença, que sabe aproveitar ao máximo as oportunidades,

que constroe seu prórpio destino, que possue conhecimento, que assume riscos

calculados e cria valor para a sociedade.

Em virtude da perceptível abrangência das características dos

empreendedores, é necessário tipificá-los no sentido de facilitar a compreensão,

pois para Bessant e Tidd (2009) “as pessoas criam novos empreendimentos por

razões diferentes e é essencial entender os diferentes motivos e mecanismos do

empreendedorismo”, nesse sentido foi criado o quadro 1.

Page 20: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 1 - Tipos de empreendedor segundo Bessant e Tidd (2009)

Tipos de Empreendedor Características

Modo de Vida

Procuram independência e desejam ganhar a vida com base nas suas possibilidade e valores pessoais. Tipos mais comuns de um novo empreendimento e importante fonte de emprego autônomo.

Crescimento

Têm como objetivo se tornarem ricos e poderosos por meio da criação e do crescimento agressivo de novos negócios. Em geral criam uma série de empreendimentos e criam corporações por meio de aquisições, dominando o mercado e se tornando influentes.

InovadoresSão guiados pelo desejo de criar ou mudar algo por meio da inovação. Não objetivam a independência, reputação e riqueza, embora eles possam ocorrer.

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Deste modo o empreendedorismo estende-se para diversas vertentes dentre

as quais para atingir os objetivos deste estudo destaca-se o empreendedorismo

social, tema do próximo capítulo, o qual inserido em um contexto de mundo

globalizado, com gigantescas desigualdades, que carregam consigo diversos

problemas sociais e uma realidade brasileira de insuficiente e/ou inadequada

atuação governamental , esta linha de atuação foi capaz de florescer como uma

alternativa para vislumbrar novos horizontes em ambientes de adversidades

extremas.

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3 EMPREENDEDORISMO SOCIAL

3.1 CONCEITUAÇÃO E IMPLICAÇÕES

A pobreza é considerada como a face mais perversa da desigualdade social,

para a qual a viabilização da inclusão social, através de ações centradas não

apenas em aspectos econômicos, mas no desenvolvimento social e humano, seria o

caminho. (NOLETO E WERTHEIN, 2004).

Nesse contexto começa a surgir o empreendedorismo voltado para a

sociedade, onde as ações estão impregnadas por um verdadeiro amor pela missão

social: o empreendedorismo social.

Segundo a Ashoka empreendedores sociais (2012), o termo empreendedor

social foi criado por Bill Drayton, fundador e presidente da instituição, ao perceber a

existência de indivíduos que combinam praticidade, compromisso, resultados e visão

de futuro para realizar profundas transformações sociais.

Para Melo Neto e Froes (2002), quando se fala de empreendedorismo social:

Trata-se sim, do negócio do social, que tem na sociedades civil o seu principal foco de atuação e na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado a sua estratégia-base. O desafio não é mais a busca incessante do lucro e do aumento da produtividade, excelência na gestão e a competividade do negócio. [...] A tarefa não é nada fácil. É preciso mudar completamente. Criar um novo paradigma.

Nesse sentido o empreendedor social atua com o objetivo de mudar a

realidade no âmbito social e local e, não do foco econômico como principal, como na

maioria dos casos. Alves Júnior (2010) confirma tal afirmação ao descrever o

empreendedorismo social como sendo “ [...] a busca de soluções inovadoras

implementadas por pessoas com perfis característicos e peculiares, que sabem e

conseguem realocar recursos de quaisquer espécies, otimizando a sua utilização,

para promover maiores benefícios sociais”.

Destacam Bessant e Tidd (2009) que o empreendedorismo vai além da

preocupação humana básica de se doar aos outros, mas que visa mudanças

sustentáveis, onde os menos favorecidos sejam capazes de solucionar seus

Page 22: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

problemas no longo prazo, pois “a solidariedade que produz apenas ajuda

assistencialista representa fantástico processo de imbecilização” (DEMO, 2002),

uma vez que deve-se não somente buscar saídas para os obstáculos imediatos e

sim possibilitar planejamento e desenvolvimento de ações duradouras.

Embora tenham focos e resultados distintos o empreendedorismo social

assemelha-se em alguns aspectos ao empreendedorismo privado, mas Oliveira

(2004 apud GALVÃO, 2012) destaca que o primeiro necessita apresentar algumas

características fundamentais, a saber: a) uma idéia inovadora e possível de ser

realizada; b) auto-sustentabilidade; c) envolvimento de várias pessoas e segmentos

da sociedade, principalmente a população atendida; d) impacto social e que

possibilidade de avaliação dos resultados. Assim, a figura 2 apresenta as

características de ambos os tipos de empreendedorismo, bem como possibilitar de

forma clara a distinção entre ambos.

Figura 2 - Empreendedorismo privado ou de negócios X empreendedorismo social segundo Melo Neto e Froes (2002)

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 23: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

De acordo com Melo Neto e Froes (2002) o empreendedorismo social

apresenta algumas características, que o diferencia dos outros tipos de

empreendedorismo expressos na figura 2, onde o que muda essencialmente é o

foco de atuação, uma vez que, ambos são empreendedorismo, mas com aplicações

e, consequentemente, produtos diferentes.

Há ainda que se distinguir o empreendedorismo social da responsabilidade

social, que muito embora esteja presente no mundo empresarial caracteriza-se por

“um conjunto organizado e devidamente planejado de ações internas e externas, e

uma definição centada na missão e atividade da empresa, face as necessidades da

comunidade”. (OLIVEIRA, 2012). Desta forma, a linha que distingue o

empreendedorismo privado, da responsabilidade social, que por sua vez se

diferencia do empreendedorismo social é bastante tênue, a figura 3 sintetiza suas

características e facilitar a compreensão.

Diante do fato de que o empreendedorismo social visa reestruturar a ordem

social vigente e, que se ela necessita ser revista é um sinal de sua precariedade ou

inadequação, essa nova visão do empreendedorismo ganha espaço nas

comunidades de baixa renda localizadas nas periferias das grandes metrópoles, alvo

do estudo do renomado jornalista e colunista do jornal canadende Globe and Mail,

Douglas Saunders que escreveu um livro sobre as favelas brasileiras e em

entrevista ao jornalista Danilo Thomaz (2012) da revista Época, apresentou duas

principais conclusões sobre o tema, onde: a) um pequeno investimento feito na

atualidade no sentido de intergrar a favela a cidade e a economia formal

representaria uma economia no futuro em virtude da necessidade de gastos sociais

e de combate a violência caso essas comunidades permanecessem isoladas; b) o

empreendedorismo torna-se mais importante que os programas de geração de

renda para as comunidades na medida em que os pequenos empreendimentos

conectam a comunidade pobre a cidade por meio do consumo, do intercâmbio

cultural, de troca de produtos e conhecimento, além de movimentar a economia local

e ser gerador de empregos e de exemplo para as crianças dessas localidades.

A figura 3 demonstra que a responsabilidade social está entre o privado e o

social representando um elo de ligação entre empresa e comunidade, mas de forma

que os interesses empresariais estejam sobrepostos aos sociais, sendo neste ponto

que está a principal distinção entre ambas.

Page 24: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Figura 3 - Características da responsabilidade social e empreendedorismo social

Fonte: Adaptado de Melo Neto e Froes (2002).

Tais conclusões são confirmadas pelo Anuário do Trabalho da Micro e

Pequena Empresa 2010/2011, realizado pelo Sebrae (2012c) que demontra dentre

outras conclusões a participação das micro e pequenas empresas - MPE’s no que

se refere ao total de estabelecimentos, empregos e remuneração.

O gráfico 1 revela que as micro e pequenas empresas representavam em

2010, dados mais recentes disponíveis, 99% dos estabelecimentos formais, gerando

51,6% dos empregos, que eram responsáveis por 39,7% da massa de remuneração

gerada, evidenciando o potencial dessas empresas e a atenção governamental e

privada que merecem, daí a relevância da atuação de organizações de fomento aos

pequenos negócios.

Page 25: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Gráfico 1 - Participação relativa das MPE’s no total de estabelecimentos, empregos e na massa de remuneração paga aos empregos formais nas

empresas privadas não-agrícolas99,2 99,3 99,3 99,3 99,3 99,2 99,2 99,1 99,1 99,1 99,0

54,1 55,4 55,6 55,8 54,8 54,4 53,6 52,4 52,3 52,3 51,8

39,740,039,439,740,540,941,041,841,741,340,2

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 10

Estabelecimento Emprego Massa de Remuneração Fonte: Sebrae (2012c).

Em outro estudo recentemente divulgado pelo jornal virtual Periferia em

Movimento (2012), as principais conclusões foram: 1) existem 140 negócios sociais

no Brasil, sendo que 24% deles estão no Nordeste; 2) os negócios sociais, além de

serem rentáveis, têm um impacto social direto nas classes baixas, seja com

produtos ou serviços de qualidade e preços acessíveis e; 3) 96% dos

empreendimentos foram idealizados com a intenção de causar impacto social e que

68% oferecem ao público de baixa renda acesso a produtos ou serviços e têm como

parceiros de negócios pessoas das classes populares, atuando como fornecedores,

distribuidores ou proprietários.

Os estudos acima mencionados demonstram a importância da atuação das

organizações de cunho privado mas que prestam serviços de âmbito social no

incentivo e suporte da atividade dos micro e pequenos negócios, contribuindo para o

que o potencial transformador destes empreendimentos se reflitam na realidade

atual.

Page 26: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Apresentada a relevância do empreendedorismo social, é chegada a hora de

comprovar tal valor por meio da evidenciação dos desafios e benefícios obtidos para

as comunidades onde as ações são realizadas, o que ocorre no próximo item deste

capítulo, 3.2 – Desafios e benefícios do empreendedorismo social.

3.2 DESAFIOS E BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Os desafios para galgar os degraus rumo ao alcance dos objetivos não são

pequenos, uma vez que, comparativamente, o empreendedorismo social não lida

com as leis de mercado, onde os papéis estão muito bem definidos, como no

empreendedorismo convencional, requerendo segundo Melo Neto e Froes (2002)

“[...] uma análise profunda quanto as questões comportamentais, culturais,

econômicas, políticas, ambientais e regulatórias”.

Nessa temática o quadro 2 reúne os principais aspectos que necessitam ser

devidamente planejados, executados e acompanhados para o êxito das ações de

empreendedorismo social, de modo que os as particularidades dos obstáculos sejam

mais facilmente descobertas e estudado plano de ação no sentido de minimizá-los.

Quadro 2 - Desafios do empreendedorismo socialO que precisa ser

gerenciadoDesafios

Busca de oportunidades

Localizar oportunidade, conexão, possibilidade que pode ser desenvolvida diante da variedade de opções possíveis, sentimento de paixão por cada uma delas, havendo necessidade de desenvolvimento de habilidade de análise no empreendedor

Seleção estratégicaConquistar credibilidade e apoio de outras pessoas ou instituições

ImplementaçãoApropriar diversos recursos e fazer acontecer, com recursos limitados

Estratégia de inovaçãoPossível perda da visão total havendo necessidade de um claro planejamento para traduzir a visão em realidade

Organização inovadora

Realizar implementação eficaz de projeto de âmbito social com estruturas organizacionais soltas e orgânicas, onde os vínculos se dão por meio de um sentido de finalidades comuns

Vínculos poderososFormação de redes de trabalho, mobilizando apoio e dando acesso a diversos recursos através de redes ricas e fortalecidas.

Fonte: Adaptado de Bessant e Tidd (2009).

Page 27: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Após o adequado acompanhamento evolutivo das ações de

empreendedorismo social, com todas as precauções apontadas anteriormente, é

momento de colher os benefícios para a comunidade apresentados na figura 4.

Figura 4 - Benefícios do empreendedorismo social

Fonte: Adaptado de Melo Neto e Froes (2002).

As ações ou projetos de empreendedoriso social além de promoverem a

melhora de uma série de aspectos, extremamente positivos para os favorecidos,

apresentam, assim como na imagem 4, a comunidade como centro, girando em

torno dela os efeitos benéficos em forma de rede ou ciclo virtuoso.

Desta forma, o empreendedorismo social vem como uma forma de

suplementar e, em alguns casos, substituir as ações governamentais na tentativa de

minimizar os impactos das dificuldades sociais enfrentadas pelas parcelas mais

pobres da população.

Comunidade

Mudança de valores

Melhora da qualidade

de vida

Nível de conhecimento

Participação

Novas ideias

Auto Estima

Auto Suficiência

Empreendimentos Sociais

Sentimento de Conexão

Nível de Conscientização

Page 28: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Para que o empreendedorismo social chegue a obter os benefícios acima

detalhados, necessita do agente de mudança para a execução das ações de

desenvolvimento social, sendo este abordado no capítulo, 3.3 - O empreendedor

social.

3.3 O EMPREENDEDOR SOCIAL

O empreendedor social representa a peça-chave para a consecussão dos

objetivos do empreendedorismo social tanto que para Galvão (2012) o

empreendedor social

[...] é a pessoa que tem o perfil de ajudar a provocar mudanças sociais, visando buscar soluções para os problemas da comunidade, problemas ambientais e até mesmo econômicos. O objetivo do empreendedor social não é gerar lucro, mas ganho em qualidade de vida.

E diferentemente do empreendedor privado:

não deixa as necessidades da sociedade só para o governo ou a iniciativa privada, [...] identificam o que não está funcionando e buscam colocar em ação soluções para os problemas estruturais e sistêmicos da sociedade. Além disso, se comprometem a disseminar essas novas soluções e a persuadir toda a sociedade a tomar esses novos saltos também. (ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS, 2012).

Diante do exposto, pode-se dizer que os empreendedores sociais são

profundos insatisfeitos com os problemas sociais vivenciados, mas que não se

permitem permanecer inertes, nem perder tempo, diantes de situações que a

coletividade e o empenho podem ser capazes de reverter, unido-se a sociedade,

mesmo que isso represente a busca de um ideal cada vez maior e mais desafiador.

Os empreendedores sociais apresentam características bastante próprias e

relacionadas com a atividades social, as quais estão reunidas no quadro 3.

Page 29: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 3 - Características dos empreendedores sociais

Característica Descrição

AmbiciososLidam com questões sociais importantes com paixão por fazer a diferença.

Motivados por uma missão

Principal preocupação é a geração de valor social antes de riqueza, com intensa concentração, perseverança e incansável busca da ideia social.

Estratégicos

Veem e atuam sobre o que outros desconsideram: oportunidades para melhorar sistemas, criar soluções e inventar novas abordagens que geram valor social.

Talentosos

Operam em contextos em que têm acesso limitados a importantes e tradicionais sistemas de apoio a mercados, sendo excepcionalmente hábeis em recrutar e mobilizar recursos humanos, financeiros e políticos.

Voltados para resultados

São motivados pelo desejo de ver as coisas mudarem e produzirem retorno mensurável, com resultados que estão buscando essencialmente “fazer do mundo um lugar melhor”.

Fonte: Adaptado de Adaptado de Bessant e Tidd (2009).

Diante do exposto, o que distingue, em essência, o empreendedor privado do

social é a finalidade da sua ação inovadora, pois enquanto o primeiro a faz visando a

primordialmente a lucratividade, o segundo a realiza com o objetivo de mudar a

difícil realidade social no qual está inserido. O quadro 4 traz outros pontos de

divergência entre os dois tipos de empreendedores.

Page 30: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 4 - Diferenças entre empreendedores de negócios e sociais

Empreendedores de negócios Empreendedores sociais

Força é experiência pessoal, energia e conhecimento.

Força é sabedoria coletiva e experiência de organizações é a chave.

Foco em pequenos termos financeiros Foco na capacitação profissional.

Liberdade de ideiasIdeias baseadas na organização estão a missão.

Lucro é o fim e embolsado e/ou distribuído com acionistas

Lucro é um significado e retorna para a organização na ordem para servir mais.

Riscos pessoais e/ou financeiros em ativos

Riscos, ativo organizacional, imagem e crença pública.

Fonte: Adaptado de Thalhubner (2008 apud ALVES JÚNIOR, 2002).

Nesse ponto se faz imprescindível não somente destacar sua distinção, bem

como a importância dos empreendedores sociais, que ainda segundo Melo Neto e

Froes (2002) “são pessoas que trazem aos problemas sociais a mesma imaginação

que os empreendedores do mundo dos negócios trazem à criação de riqueza”,

configurando-se nos agentes de mudança que possibilitam que essa desejo de

transformação tenha força suficiente ou maior para sobrepujar as dificuldades e

concretizar planos de uma melhoria na qualidade de vida das partes envolvidas.

Assim essas organizações ou associações que instucionalizam o

empreendedor social, de cunho privado, mas que disponibilizam produtos e serviços

de caráter público e promovem profundas mudanças na vida de milhares de

pessoas, merecem a devida atenção, respeito e contribuição de todos no intuito de

construir uma sociedade menos desigual.

Diante desse cenário e ciente da importância dos micro e pequenos negócios

para a economia nacional, por meio de legislação o governo federal a cria a figura

do empreendedor individual (EI), no sentido de contribuir com o acesso do pequeno

negócio na esfera empresarial, tema tratado com maior profundidade no capítulo 4 –

Empreendedor individual.

Page 31: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

4 EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

4.1 HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO

O caminho em termos de legislação para chegar ao empreendedor individual

atualmente caracterizado, passou por um processo que teve início na constituição

federal, que previa tratamento diferenciado para a micro e pequena empresa,

conforme artigos 146, 170 e 179 expostos a seguir:

Art. 146: “Cabe à lei complementar:[...]III – estabelecer normar gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: d ) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e § § 12 e 13, e da contribuiçãoa que se refere o art. 239”.Art. 170: “A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:[...]IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995)”.Art. 179: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei”.

O movimento no sentido de garantir o que foi anteriormente previsto na

constituição ganhou força principalmente com a lei complementar nº 123, de 14 de

dezembro de 2006, a lei geral da micro e pequena empresa, que após mais de três

anos de tramitação e negociações instituiu o Estatuto nacional da microempresa e

da empresa de pequeno porte, que representou um divisor de águas no sentido

estimular a formalização das empresas e de redução da burocracia.

Segundo Mendes (2010) a lei complementar nº 123 teve como principais

benefícios:

Page 32: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

a) redução da burocracia, pois estabelece que o preenchimento de dados

cadastrais para registro de pessoas jurídicas sejam feitos de uma só vez,

além de simplificar a obtenção do alvará de funcionamento e

encerramento de atividade;

b) responsabilidade limitada, que garante ao empresário ser

responsabilizado pelos débitos do negócio somente com os bens e direitos

vinculados a atividade, não incluindo nesse processo, bens e direitos

pessoais;

c) a redução da carga tributária com a criação do super simples, que unificou

a cobrança de tributos federais, estaduais e municipais em uma única

guia;

d) compra conjuntas, onde a lei garante o direito de formação de consórcio

para compras conjuntas, barateando o preço unitário devido maior poder

de barganha junto aos fornecedores em virtude do volume;

e) compras governamentais privilegiadas, pois as micro e pequenas

empresas são priorizadas nas licitações públicas para compras de bens e

serviços de até R$ 80 mil;

f) dispensa de cumprimento de algumas obrigações trabalhistas, como

anotação de férias dos empregados em livros ou fichas de registro, mas

que não os desobriga a conceder o período de férias ao colaborador que

eventualmente possua.

O ano de 2007 trouxe um novo avanço com a lei fereral nº 11.598, de 3 de

dezembro, que além de garantir as conquistas já alcançadas, estabeleceu diretrizes

e procedimentos para a simplificação e integração do processo de registro e

legalização de empresários e de pessoas jurídicas, bem como criou a Rede Nacional

para a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios

(REDESIM).

A lei complementar nº 128, de 19 de dezembro de 2008 veio pra realizar

algumas modifiações na lei nº 126 e criar a figura do microempreendedor individual

na forma que vigora atualmente, representando a última ação de âmbito legal até o

momento.

Deste modo, o empreendedor individual refere-se a pessoa que trabalha por

conta própria, isto é, que não possua nenhum vínculo empregatício, nem societário

com nenhuma outra empresa formalmente constituída. Para estar enquadrado nesta

Page 33: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

categoria empresarial, o faturamento no máximo é de R$ 60 mil por ano ou R$ 5 mil

por mês e ter no máximo um empregado contratado que receba o salário mínimo ou

o piso da categoria.

Vale destacar que nem todas as empresas podem ser enquadradas no

microempreendedor individual, pois consta na Resolução do Comitê Gestor do

Simple Nacional - CGSN nº 58, de 27 de abril de 2009 alterada, posteriormente, pela

Resolução - CGSN nº 78, de 13 de setembro de 2010, todas as atividades passíveis

de enquadramento, reunidas e apresentadas neste estudo no anexo 1.

No sentido de facilitar a compreensão do leitor, segue o quadro 5, que traz a

ordenação histórica de aprovação das leis que conduzem as micro e pequenas

empresas e posteriormente ao microempreendedor individual.

Quadro 5 - Ordenação histórica da legislação

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A legislação que veio se modificando ao longo dos anos trouxe vários

avanços e consequentes benefícios que serão detalhados no item 4.3 – Benefícios

do empreendedor individual, deste capítulo.

Page 34: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

4.2 BENEFÍCIOS DO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL

Segundo o portal do empreendedor (2012), por meio do qual o empreendedor

realiza a formalização, a nova legislação trouxe de benefícios:

a) cobertura da previdência social, onde o empreendedor e sua família

podem gozar de benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por idade,

salário-maternidade após 10 contribuições mensais, pensão e auxílio

reclusão com o custo de 5% do salário mínimo, atualmente R$ 31,10;

b) possibilidade de contratação de um empregado para contribuir com as

atividades do negócio com custo reduzido, com 3% para a previdência

social e 8% para o FGTS,ambas alícotas aplicadas baseadas no salário

mínimo, o que resulta em R$ 68,42;

c) isenção de custos para o registro e obtenção de alvará de funcionamento

da empresa da empresa, pois o mesmo ocorre por meio da Internet e sem

qualquer custo. Já a formalização em traz um custo mensal R$ 31,10,

correspondente ao INSS e mais R$ 5,00 em caso de prestação de serviço

ou R$ 1,00 em caso de comércio e indústria;

d) redução da burocracia e simplificação de controles, em virtude da

necessidade de declaração de faturamento anual, registro mensal em

formulário simplificado o total das suas receitas e da não obrigatoriedade

de contabilidade formal;

e) compras em conjunto garantidas pela lei, que possibilita a formação de

consórcios que em virtude do volume da aquisição permitem maior poder

de barganha;

f) parceiros no desenvolvimento dos negócios, como o Sebrae, os escritórios

de contabilidade para a formalização em todo o território nacional e o

INSS;

g) segurança jurídica, como visto anteriormente neste estudo a figura do

empreendedor individual foi criada por meio de uma lei complementar, só

podendo ser alterada por lei de igual relevância, o que exigiria a votação

do Congresso Nacional e a sanção do Presidente da República,

garantindo assim que as regras não sejam alteradas com tanta facilidade

ou rapidez;

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h) acesso aserviços bancários, dentre os quais o crédito, com a formalização

o empreendedor terá condições de obter crédito junto aos bancos,

principalmente bancos públicos.

Para facilitar a compreensão do leitor segue quadro 6 com a sintetização dos

benefícios e respectivas descrições:

Quadro 6 - Benefícios lei do empreendedor individual - lei n.128/2008

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Ratificando as contribuições trazidas pela lei, o deputado federal Carlos

Melles (2010, apud MENDES, 2010) afirma que “[...] isso [a nova lei] representa uma

verdadeira reforma tributária e previdenciária – o que eu gosto de chamar de ‘lei

santa’ ou do ‘ganha-ganha’, pois todos são benficiados por ela”.

Page 36: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

O I Fórum de inclusão financeira realizado pelo Sebrae (2012d) em parceria

com o Banco Central do Brasil chegaram a níveis de expectativas dos

empreendedores individuais quanto aos benefícios trazidos com a lei, que encontra-

se na tabela 1:

Tabela 1 - Expectativa dos benefícios da lei n.128/2008Quant. %

Facilidade para conseguir crédito bancário 45 32%Aposentadoria por idade ou invalidez 25 18%Ter CNPJ 20 14%Seguro de acidente de trabalho 12 9%Não ter as mercadorias apreendidas por fiscais 11 8%Seguro reclusão 9 6%Licença maternidade 8 6%Pensão por morte 2 1%Todas as alternativas anteriores 8 6%Total 140 100%

Fonte: Sebrae (2012d).

Muito vem sendo divulgado nos meios de comunicação de massa acerca dos

ganhos do lei, mas apesar de todos os benefícios, expostos anteriormente, existem

controvérsias acerca da efetividade dos avanços aos quais a lei se propõe. Para o

advogado e professor acadêmico Luiz Guerra (2010, apud MENDES, 2010)

enquanto o Brasil não mudar o modelo de intervençao na economia, continuaremos a fazer muito esforço com pouco resultado. [...] ficaremos na mesmice, no faz de conta, no pacto da mediocridade, com custos de produção e carga tributária, mesmo após a redução ainda elevados, na simulação de geração de empregos.

Nesse sentido ainda muito a ser feito, partindo do âmbito governamental ou

não, em especial para o início da vida empresarial de tais empreendimentos, que

dentre outras necessidades precisam da captação de recursos para subsidiar o

começo das atividades. Mas o processo de concessão do crédito ao pequeno

empreendedor nem sempre se mostra viável, com expectativas nem sempre

atendidas, daí o espaço para a atuação do microcrédito por instituições não

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governamentais no objetivo de inserir o empreendedor individual na dinâmica de

mercado, assunto em destaque no capítulo 5, da sequência, que trata do

microcrédito no Brasil e em Fortaleza, bem como a aplicação dos créditos obtidos.

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5 MICROCRÉDITO NO BRASIL

5.1 IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO PARA A ATIVIDADE EMPRESARIAL

O crédito tem a sua função destacada por Schumpeter (1985, apud FARIAS,

2011) que afirma que “ o desenvolvimento, em princípios, é impossível sem crédito”,

uma vez que trata-se de “ recursos financeiros que ao serem destinados a atividade

produtiva de uma empresa podem propiciar e fomentar seu desenvolvimento

econômico e financeiro” (BERNI, 1999).

Como não seria diferente o empreendedor individual também necessita dele

para iniciar ou dar continuidade a suas atividades, em especial para o objeto da

pesquisa, que será detalhado no item metodologia deste estudo, que está localizado

na periferia da cidade de Fortaleza-CE, onde residem pessoas com baixo nível de

renda e que pra iniciar a atividade empresarial muito provavelmente necessitarão de

recursos.

A pesquisa empreendedor individual 2011 publicada pelo Sebrae realizada

por Moreira (2012), visa traçar o perfil do empreendedores individuais e trazer

conclusões acerca de vários aspectos, e no sentido de verificar a relação entre

crédito e vendas, observa-se que, entre os empreendedores individuais que

obtiveram crédito, há uma tendência de impacto positivo nas vendas, como

apresentada na tabela 2, mostrando que há uma correlação positiva entre crédito e

vendas, mesmo esta não podendo ser de fato comprovada, mas ressalvando a sua

relevância para o crescimento dos Empreendedores Individuais.

Tabela 2 - Busca de crédito x impacto nas vendas

BUSCOU CRÉDITOIMPACTO NAS VENDAS

Aumentaram Não se alteraram

Diminuíram Total

Buscou e conseguiu 48% 48% 4% 100%Buscou, mas não conseguiu 33% 63% 4% 100%Não buscou 26% 69% 5% 100%

Total Geral 28% 67% 5% 100%

Fonte: Moreira (2012).

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Muito embora exista a necessidade latente de crédito, as micro e pequenas

empresas encontram dificuldades de encontrá-lo nas instituições de crédito

tradicionais, os bancos, que impõem uma série de exigências para as concessões,

as quais o pequeno empreendedor não é capaz de atender, negando-lhes o acesso.

Dentre os principais motivos das negativas estão: falta de garantias reais,

registro nos órgãos de proteção ao crédito, insuficiência de documentos,

inadimplência da empresa, linhas de crédito fechada e projeto inviável, as quais

encontra-se a distruibuição no gráfico 2.

Gráfico 2 - Razões de negação do crédito pelos bancos as micros e pequenas empresas

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Outras

Projeto Inviável

Linhas de crédito fechadas

Inadimplência da empresa

Insuficiência de documentos

Registro no Cadin/Serasa

Falta de garantias reais

Fonte/Elaboração: Sebrae SP (2004 apud FARIAS 2011).

Outro aspecto levantado por Bessant e Tidd (2009) para a provavel negativa

de crédito é a falsa crença que ainda existe na sociedade de que os mais pobres

não têm poder aquisitivo e não representam um mercado viável, mas apesar da

baixa renda, o tamanho absoluto do mercado o torna interessante, com potencial de

atendimento de cerca de quatro bilhões de pessoas.

Ainda para Farias (2011) as economias de um modo geral possuem

dificuldades para a manutenção, sobrevivência ou crescimento das atividade dos

pequenos negócios, mas após a superação de diversos entraves, dentre os quais o

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de acesso ao crédito, o potencial de crescimento destes tende a ser maior, gerando

o aumento do emprego e da renda.

Mesmo diante da citada possibilidade de alavancagem, a relação entre os

bancos e os empreendedores ainda está muito frágil por motivos elencados por

Brito, Vargas &Cassiolato (2001, apud FARIAS, 2011): a) os custos operacionais

elevado para transações em maior fluxo e menor volume; b) elevação dos custo do

crédito em virtude do risco do tomador; c) adequação do montante de financiamento

as necessidades dos empreendedores; d) a falta de garantias disponíveis para

oferta e; e) falta de articulação entre os agentes financeiros. Destacando a falta de

ações de direcionadas por parte das instituições para este público que deixaria de

representar um risco para demonstrar sua competência estratégica.

A pesquisa empreendedor individual 2011 realizada por Moreira (2012), traz

também a questão do acesso ao crédito em banco, onde mostra que apenas 12%

dos pesquisados recorreram a bancos e destes apenas 43% conseguiram, o que

configura apenas 5% do total, conforme o gráfico 3.

Gráfico 3 - Empréstimo em banco nacional

Fonte: Moreira (2012).

A conclusão da pesquisa confirma o que já foi exposto anteriomente: quando

o empreendedor individual busca crédito nos bancos não consegue concretizá-lo.

Assim:

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[...] há um papel duplo para as instituições de apoio:mobilizar ainda mais bancos quanto à importância de facilitar o acesso ao crédito por parte do EI, utilizando preferencialmente um atendimento proativo e, feito isso, direcionar os empreendedores individuais que precisarem de crédito para bancos que ofereçam linhas para eles. (MOREIRA, 2012).

Pesquisa nos mesmos moldes mas no âmbito cearense desenvolvida pelo

Sebrae (2011) afirma que grande maioria dos empreendedores, 89%, não buscou

empréstimo em banco e dos 11% que buscaram, 6% conseguiram, enquanto 5%

não obtiveram sucesso, chegando a mesma conclusão do estudo nacional,

conforme gráfico 4.

Gráfico 4 - Empréstimo em banco cearense

Fonte: Sebrae (2011).

Destacada a importância do crédito para a atividade empresarial, o

microcrédito ofertado por instituições não-governamentais, tratado no item 5.2 deste

capítulo, vem ser a alternativa de financiamento dos empreendimentos que não

possuem acesso ao sistema bancário oficial.

Page 42: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

5.2 ANÁLISE E CONCESSÃO DE CRÉDITO

Segundo Caouette, Altman e Narayanan (1999) a concessão de crédito

remota do ano 1800 a.C., onde o código de Hamurabi apresentava seções relativas

a regulamentação do crédito na Babilônia, demonstrando assim a antiguidade desse

tipo de atividade.

As atividades de concessões de crédito foram evoluindo e na mesma

velocidade os critérios de análise, tanto que para Gitman (1997) o processo de

concessão de crédito presupõe uma análise tendo por base os 5 “C’s” do crédito a

saber:

a) caráter, que para Silva (1997) constitue-se da intenção do cliente em

honrar fielmente os compromissos assumidos perante a instituição de

crédito, muito embora, quando o cliente não o faz, não necessariamente

ele o esteja fazendo por falta de intenção de quitar suas dívidas, mas de

imprevistos ou situações que escaparam ao seu controle, daí a

importância do adequado levantamento de informações no momento da

análise e acompanhamento, no sentido de dar tratamento diferenciado

para cada tipo de cliente.

b) capacidade, ainda segundo Silva (1997) refere-se a “habilidade dos

indivíduos em gerir seu negócio, a fim de gerar lucro e pagar obrigações”,

demonstrando assim este aspecto da análise está muito mais ligado a

competência do gerenciamento do negócio do que ao comprometimento

do orçamento com o pagamento do crédito obtido.

c) capital, que segundo Blatt (1999) constitue-se a origem dos recursos para

pagamento do crédito solicitado, analisando frequência, constância,

volume e a relação receita-despesa do cliente.

d) condições, que Berni (1999) afirma serem fatores econômicos e setoriais

que podem aumentar ou diminuir o risco da concessão. Geralmente

relacionados a fotores externos a empresa sobre os quais o

empreendedor não tem controle, como política governamental,

concorrência ou eventos naturais.

e) colateral, conceituado por Silva (1997) como “ a capacidade da empresa

de oferecer ativos complementares para garantir segurança ao crédito

Page 43: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

solicitado”. Vale destacar que este aspecto de análise especificamente

para o microcrédito não se faz presente, pela própria metodologia desse

tipo de produto, que possue público alvo específico, uma vez que o

candidato ao crédito não dispõe de garantias que não excedem o aval.

Tais critérios de análise visam dar maior transparência e facilitar a devida

conclusão quanto a solicitação de crédito, buscando mitigar os riscos intrínsecos as

concessões.

Adicionalmente a esses aspectos, Berni (1999) levanta duas outras

precauções ou características que merecem atenção no processo de concessão de

crédito:

a) a função do analista de crédito, também chamado de credit man, que além

do bom-senso e experiência devem contar com conhecimento técnico

setorial, regional ou local, de modo que seja capaz de conhecer as

principais minúcias das atividades exercidas pelo seu cliente, tais como

custos de fabricação, de frete, sazonalidades entre outros aspectos, ou

mesmo dispor de ambiente e recursos propícios a adequada pesquisa

quanto a essas informações, estando apto a detectar disparidades entre o

que foi declarado e o que de fato acontece. Mas, para que essa função

possa ser bem desempenhada entra o próximo fator destacado;

b) a visita ao cliente, que deve preceder preparação e conhecimento quanto

aos desafios inerentes a atividade empresarial do cliente, mas com dois

principais pilares: saber ouvir o que o cliente tem a dizer, questionar e

expor e observar de forma crítica e imparcial o estabelecimento, o

proprietário, ferramentas de trabalho, maquinário, etc, de forma a captar a

essência e a veracidade das informações.

Existe então uma relação de interdependência entre esses dois fatores, uma

vez que, a visita ao cliente dá subsídios menos abstratos de análise, o devido

conhecimento, experiência e intimidade com o contexto no qual o analista está

inserido, implícitos em sua função, permitem segurança e expectativa de retorno do

capital investido maiores, gerando um ciclo positivo de circulação de crédito.

Para os objetivos desse estudo, que giram em torno da acessibilidade de

crédito por parte do empreendedor individual, o pequeno empreendedor, em sua

maioria, contam com renda reduzida que comprometeria o desenvolvimento da

atividade empresarial, o microcrédito, tema do próximo item 5.3 deste capítulo,

Page 44: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

oferecido por organizações não governamentais de cunho social tem espaço para

operar e proporcionar o desenvolvimento local.

5.3 O MICROCRÉDITO

No cenário de falta de acesso ao sistema de financiamento tradicional é que

tem surgimento o microcrédito, que segundo estudo publicado pelo conselho da

comunidade solidária, desenvolvido por Barone et al. (2002)

Microcrédito é a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos empreendedores e microempresas sem acesso ao sistema financeiro tradicional, principalmente por não terem como oferecer garantias reais. É um crédito destinado a produção e concedido com metologia específica.

Desta forma, o microcrédito vem para reduzir a exclusão do sistema

financeiro pela qual são submetidos diversos brasileiros todos os dias, promovendo

transformações estruturais na sociedade, em especial dos mais pobres.

Vale destacar que para que este tipo de crédito tenha êxito é necessário

seguir uma metodologia específica, como já apontado anteriormente por Barone et

al (2002), que apresenta como características:

a) destinação do crédito – o microcrédito é destinado para o pequeno

empreendimento informal e a microempresa, buscando apoiar os negócios

de pequeno porte;

b) indisponibilidade de garantias reais – em virtude da sua destinação, com

público de baixa renda, essa garantia real é substituída por dois outros

tipos possíveis: o aval solidário, onde um grupo de três a cinco pessoas se

reúnem para financiar o capital do qual precisam e dividem a

responsabilidade pelo pagamento; ou um avalista/fiador que atenda as

axigências da instituição de microcrédito;

c) necessidade de assistência – a falta de profissionalização dos pequenos

negócios, a formação dos pequenos empreendedores e a ausência de

garantias exigem um acompanhamento. A atuação do concedente não

termina na liberação do crédito, ele inicia com a entrevista do pretendente,

Page 45: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

realiza a análise, libera o crédito e acompanha o pagamento, orientando-o

para que possa obter êxito;

d) adequação ao ciclo do negócio – os pequenos empreendimentos são

distintos entre si e necessitam de uma adequada análise quanto ao tipo de

crédito, valor, forma de pagamento que case com os fluxos e entradas de

caixas do negócio;

e) baixo custo de transação e elevado custo operacional – quanto ao

primeiro a instituição de crédito deve estar próxima ao local de trabalho do

cliente, adotar o mínimo de burocracia e possuir agilidade na entrega do

crédito. Já no que se refere ao segundo, a elevação se dá em virtude da

necessidade de tecnologia de microfinanças que nem sempre implicam

em em custos baixos;

f) ação econômica com forte impacto social – a capacidade de

transformação do meio social das pessoas de baixa renda, representando

um forte elemento na busca do enfrentamento da probreza e da exclusão

social.

Nota-se que a metodologia do microcrédito exige um profundo conhecimento

e comprovação das informações obtidas e fontes consultadas. Vale ainda destacar

que o microcrédito inserido em um contexto de microfinanças possue diferenças no

que se refere a metodologia, exposta acima, a carteira de empréstimos e

características da estrutura das instituições reguladas quando comparadas ao

sistema financeiro tradicional como apresenta o quadro 7.

Page 46: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 7 - Diferenças entre o sistema financeiro tradicional

e o setor de microfinanças

ÁreaSistema Financeiro

TradicionalMicrofinanças

Metodologia para

concessão de

crédito

Baseado em garantias

Muita documentação formal

Menos trabalho intensivo

Baseado nas características do

tomador

Documentação formal reduzida

ao mínimo

Mais trabalho intensivo

Carteira de

empréstimos

Volume menor de empréstimo

Valores altos de empréstimos

Menor volatilidade

Garantias colaterais

Prazos longos de vencimento

Volume maior de empréstimos

Valores baixos de empréstimos

Maior volatilidade

Sem garantias colaterais

Prazos curtos de vencimento

Características

da estrutura das

instituições

reguladas

Maximização de lucros como

objetivo principal

Criação por transformação de

instituições reguladas

Organizações centralizadas

com agências em áreas

urbanas

Maioria não tem fins lucrativos

Criação por transformação de

organização não

governamental

Pequenas unidades

descentralizadas em areas com

pouca infra-estruturaFonte: Fiori, Goldmark e Nichter (2002).

Mas para que o microcrédito tenha o alcance dos objetivos para os quais foi

desenvolvido necessita estar inserido em um contexto de economia solidária, que

segundo o Ministério do Trabalho e Emprego – MTE (2012), caracteriza-se por

constituir uma forma diferente de relação econômica, com um conjunto de atividades

de produção, distribuição, consumo, poupança e crédito, demonstrando-se como

uma alternativa inovadora de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da

inclusão social. A economia solidária está intimamente ligada: a cooperação, onde

os objetivos individuais se reúnem em uma mesma sistemática; a autogestão, onde

os participantes das organizações tem oportunidade de exercerem funções de

direção e coordenação; a dimensão econômica, sobre a qual gira a agregação de

esforços e recursos pessoais para a atividade econômica com todos os seus atores

Page 47: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

e; a solidariedade por meio de relações com os movimentos sociais com a

comunidade local para o desenvolvimento sustentável.

Muito embora os impactos positivos das concessões de microcrédito sejam

inegáveis, esses processos também enfrentam diversas dificuldades, estas listadas

por Barone et al (2002):

a) número reduzido de instituições de microcrédito, sendo incompatíveis com

a demada existente, atendendo menos de 3% de todo o potencial;

b) montande reduzido de recursos destinado ao setor de microcrédito;

c) reduzido acesso da população de mais baixa renda em virtude de

condições educacionais, culturais e econômicas serem incipientes;

d) alta taxa de mortalidade das pequenas empresas, que mesmo com

redução gradativa, ainda apresenta índices preocupantes;

e) dúvidas sobre a capacidade empreendedora do tomador;

f) desigualdades regionais de oferta de microcrédito, pois praticá-lo nas

localidades menos desenvolvidas com continuidade e sustentabilidade

ainda representa uma série de entraves;

g) falta de níveis de escala adequados e ineficiência na prestação dos

serviços.

Considerando ainda que o Brasil foi um dos primeiros países a adotar o

microcrédito para o setor urbano é de extrema relevância a apresentação do quadro

8, que traz se forma sintetizada e cronológica as experiências brasileiras. Este

exemplifica e evidencia a aplicação desse tipo de concessão de crédito, facilitando a

percepção da viabilidade em virtudes de várias experiências em contextos e regiões

distintos, respeitando as particularidades de cada um.

Page 48: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 8 - Histórico do microcrédito no BrasilInstituição e ano

de fundaçãoAtuação Descrição

Programa Uno 1973

Recife e SalvadorMicrocrédito e capacitação de trabalhadores de baixa renda informais com o “aval moral”.

Rede CEAPE 1987 Nacional Concessão de créditos individuais com garantia de avalista e grupos solidários.

Banco da Mulher 1989

Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Amazonas, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia

Microcrédito ao público feminino e posteriormente ao masculino

Portosol1995

Porto Alegre

Crédito a pequenos empreendimentos para capital de giro e fixo, com aval simples e solidário.

VivaCred 1996

Rio de JaneiroCrédito aos microempreendedores de propriedade de pessoas de baixa renda.

Credi Amigo 1998

Nordeste, norte de Minas Gerais e Espírito Santo

Concessão de crédito com aval de grupos solidários e capacitação gerencial.

Sebrae2001

NacionalMicrocrédito para ampliar as oportunidades de acesso ao crédito para pequenos empreendimentos.

Fonte: Adaptado de Barone et al (2002).

Barone et al (2002) alega ainda que grande parte desses problemas poderiam

ser combatidos ou minimizados com a fomação de indústria microfinanceira com

instituições que ofereçam serviços financeiros de forma permanente, com alta

produtividade e baixa inadimplência, sendo este o maior desafio do setor no Brasil.

Além do detalhamento de âmbito nacional, o processo de concessão de

microcrédito, em virtude de sua metodologia, necessita de uma análise mais próxima

da realidade, mais contextualizada, justificando o próximo item 5.3 – O microcrédito

em Fortaleza-Ce, que trata dessa temática no município onde o estudo foi realizado.

Page 49: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

5.4 O MICROCRÉDITO EM FORTALEZA-CE

A cidade de Fortaleza assim como algumas outras grandes metrópoles

espalhadas pelo mundo enfrenta os problemas decorrentes da urbanização

desordenada, provocada em grande medida pelo êxodo rural. Cada vez mais

pessoas se deslocam das zonas rurais e passam a ocupar a cidade em condições

que agravam os problemas sociais já existentes, aprofundando ainda mais as

desigualdades sociais e a pobreza.

Segundo Silva (2011) “ [...] os elos existentes entre a pobreza e a

desigualdade social exigem, para sua superação, o investimento em enfoques

diferenciados e combinados de ações de desenvolvimento orientadas para o futuro.”.

Nesse contexto o microcrédito vem com um poder transformador ao ponto de

avançar em transformações não apenas econômicas, mas políticas e culturais que

extrapolem as fronteiras regionais e nacionais , promovendo o sugimento de novas

relações de produção pós-capitalista – uma sociedade centrada na colaboração

solidária. (SILVA, 2011).

Assim, muitas insituições da cidade passaram a atuar nesse sentido e estas

estão elencadas no quadro 9.

A última instituição apresentada no quadro 9 refere-se ao objeto deste estudo,

de forma que este representa atuação reconhecidamente benéfica para a

comunidade na qual está inserida. Assim, para fins deste estudo serão apresentados

e relacionados no próximo item 5.4 os destinos dos créditos obtidos no sentido de

traçar um comparativo entre este e os resultados observados no estudo realizado no

Banco Palmas.

Page 50: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 9 - Instituições de microcrédito em Fortaleza

Instituição Natureza

Ande – Visão Mundial Não – governamental

Instituto de Desenvolvimento do Trabalho – IDT/Prorenda

Mista

Fundação de Economia Solidária – Fundesol/DVHS

Não – governamental

Cáritas Regional Não – governamental

Credamigo/Banco do NordesteGovernamental

Fundação Caixa do Povo Não – governamental

Projeto A Força da Mulher - Cearah Periferia

Não – governamental

Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo/Projeto crédito empreendedor

Governamental

Banco Palmas Não - governamental

Fonte: Adaptado de Silva (2011).

5.5 DESTINO DO MICROCRÉDITO

Em estudo desenvolvido por Farias (2011) um dos aspectos pequisados

objetivava verificar a predominância de tipos de atividades por setor econômico dos

empreendedores individuais em bairros da periferia da cidade de Fortaleza no

Ceará, estando as categorias elencadas no quadro 10.

O quadro 10 traz a categorização dos tipos de atividade mais encontrado nas

regiões pesquisadas. Vale destacar que tal estudo tem aplicação para esta pesquisa

uma vez que, as localidades alvo possuem problemas de ordem econômica e social

semalhantes aos da região onde fica o objeto de estudo, além de estarem situadas

na mesma cidade, muito embora possuam contigente populacional distintos.

Page 51: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 10 - Categorias de atividade do empreendedor individual

Categorias

Comércio Serviços Indústria

Loja de construção AutosserviçoFábrica de produtos de

limpeza doméstica

Loja de tintas e materiais afins Manicure e PedicureEngarrafamento de água

mineralLoja de alimentos Salão de beleza Fábrica de confecções

Loja de artigos para casa, decoração e presentes

Serviço de internet

Loja de autopeças Restaurante

Loja de aviamentos de costura Transporte de carga

Loja de vestuário masculino e feminino

Loja de bijuterias e relógios

Loja de produtos naturais, vitaminas e suplementos

Venda de couros para estofado e afins

Fonte: Farias (2011).

Já o gráfico 5 apresenta a distribuição das categorias de atividade, no sentido

de demonstrar a possível concentração de destinação de recursos de microcrédito

por parte das instituições que ofertam o produto. Dando maior visibilidade e

conhecimento quanto a demanda a ser esperada para cada categoria.

Gráfico 5 - Distribução das categorias de atividade segundo Farias (2011)

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 52: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

No sentido de efetivamente investigar o destino da aplicação dos

microcréditos obtidos, Silva (2011) desenvolveu estudo que traz os tipos e

respecticas concentrações das atividades desenvolvidas. Para fins desta pesquisa

as atividades foram dividas na mesma categorização utilizada por Farias (2011) no

sentido de facilitar e corresponder com a divisão utilizada pelo objeto de estudo,

conforme o gráfico 6.

Gráfico 6 - Ramos de atividade dos empreendedores

Fonte: Adaptado de Silva (2011).

Com o comparativo dos estudos é possível perceber uma certa tendência da

concentação dos grupo serem as mesmos na destinação do crédito devido seu

volume. Asiim como esta pesquisa tem em um de seus objettivos específicos

relacionar a aplicação dos créditos obtidos, os estudos foram parâmetro de

comparação com os resultados observados.

Page 53: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

6 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia visa dar cientificidade a pesquisa que está sendo

desenvolvida, uma vez que traz métodos, procedimentos e técnicas, que quando

rigorosamente seguidos, conferem a fidedignidade das informações obtidas. Tanto

que para Marconi e Lakatos (2007):

Trata-se do conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Assim, Kerlinger (1989, p 94 apud BEUREN, 2004) afirma que “o

delineamento focaliza a maneira pela qual um problema de pesquisa é concebido e

colocado em uma estrutura que se torna um guia para a experimentação, coleta de

dados e análise”.

6.1 PLANO E TIPO DE PESQUISA

A pesquisa tem como objetivo geral analisar os aspectos que permitem a

viabilidade do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas, localizado na Associação de Moradores do Conjunto

Palmeira – ASMOCONP, em Fortaleza-CE, no ano de 2011, da solicitação de

crédito a sua aplicação. Para sua concretização têm-se como objetivos escpecíficos:

1) identificar as etapas para a obtenção de crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas; 2) Relacionar o destino do crédito obtido pelos

empreendedores individuais junto ao Banco Palmas; 3) Identificar os pontos fortes e

fracos do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais no

Banco Palmas.

Trata-se de pesquisa exploratória no que se refere a seu objetivo, uma vez

que, segundo Gil (2000 apud PEREIRA, 2010), esta “visa proporcionar maior

familiaridade com o problema com o intuito de torná-lo explícito ou de construir

hipóteses”. Cooper e Schindler (2003), explicam que “o estudo exploratório é

Page 54: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

particularmente útil quando os pesquisadores não têm uma ideia clara dos

problemas que vão enfrentar durante o estudo”.

Já no que se refere a abordagem a pesquisa é qualitativa, pois Richardson

(1999, p 80 apud BEUREN, 2004) afirma que:

os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais

Assim como o objetivo do estudo é analisar os aspectos que permitem a

viabilidade do processo de concessão de crédito a determinado público, esta

abordagem traz maiores e melhores possiblidades de concretizá-lo.

6.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A escolha do objeto de pesquisa pode ser caracterizada segundo Gil (2002)

como por tipo de amostragem não probabilística por acessibilidade ou por

conveniência, constituído como o menos rigoroso de todos os tipos de amostra, pois

não se baseia em fins matemáticos ou estatísticos, mas por critérios definidos pelo

pesquisador. Assim como pesquisa visa analisar o processo de concessão de

crédito aos empreendedores individuais legalmente enquadrados e formalizados e

levando em consideração que as grandes instituições de crédito não disponibilizam

de forma simplificada produtos de crédito para este público, buscou-se uma

instituição que o fizesse, daí a escolha do Banco Palmas.

A pesquisa demonstra ainda o processo de concessão de crédito aos

empreendedores individuais enquadrados na descrição legal realizada no capítulo 4,

de mesmo nome, deste estudo, junto ao Banco Palmas, que será descrito em

maiores detalhes no item 6.5 deste capítulo.

Dentre as diversas linhas disponíveis no banco este estudo se aterá aos

microcréditos para produção, comércio ou serviço realizados em 2011, uma vez que,

é este o produto direcionado ao público alvo da pesquisa: o empreendedor

individual, sendo concedido para os que não tem acesso as fontes de financiamento

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tradicionais por conta da burocracia, exigências quanto ao fiador, nível de renda,

patrimônio e outras normas das instituições.

A instituição conta atualmente com 235 créditos ativos para empreendedores

individuais, sendo todos realizados no ano de 2011, janela temporal estudada,

sendo nesses procedimentos que ficaram focados os esforços.

6.3 TÉCNICA DE PESQUISA

Marconi e Lakatos (2007) definem técnica de pesquisa como “um conjunto de

preceitos ou processos de que serve uma ciência ou arte e a habilidade de usar

esses preceitos ou normas, a parte prática”. Ainda segundo os autores existem dois

grandes grupos de técnicas de pesquisa que se dividem em documentação indireta

e documentação direta, ambas aplicadas ao desenvolvimento do estudo.

6.3.1 Documentação indireta

Segundo Marconi e Lakatos (2007) caracteriza-se pela busca de informações

de várias fontes independente dos métodos ou técnicas empregados, “realizada com

o intuito de colher informações prévias sobre o campo de interesse”. Para Bauren

(2004) também conceituados como fontes secundárias, onde “os dados baseiam-se

fundamentalmente em contribuições já publicadas sobre o tema”, mas coletados

para fins diferentes do problema em pauta. (MALHOTRA, 2006) .

Considerando que o objetivo deste estudo caracteriza-se por analisar os

aspectos que permitem a viabilidade do processo de concessão de crédito aos

empreendedores individuais junto ao Banco Palmas, conhecer as características

envolvidas nos alvos da análise são imprescindíveis e para tal feito foram

consideradas como fonte de coleta de dados: a) pesquisa documental, que segundo

Beuren (2004) é realizada a partir de documentos considerados cientificamente

autênticos, não fraudados, que “podem ser livros e artigos científicos, relatórios de

pesquisa, documentos internos, de época, fotos, gravações, informações extraídas

de jornais, revistas e folhetins”.(BERTUCCI, 2009) e; b) pesquisa bibliográfica no

sentido de conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado

existente sobre o tema (CERVO e BERVIAN, 1983, p 55 apud BEUREN, 2004). Gil

(2002) que corrobora o a ideia ao afirmar que “ a pesquisa bibliográfica é

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desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de

livros e artigos científicos”. Vale destacar que ambas as fontes de coleta de dados

foram utilizadas, pois foram consideradas as mais adequadas para os objetivos da

pesquisa.

6.3.2 Documentação direta

A documentação indireta caracteriza-se pelo levantamento de dados no local

onde os fenômenos ocorrem (MARCONI E LAKATOS, 2007), que Malhotra (2006)

considera como “dados originados pelo pesquisador com a finalidade específica de

solucionar o problema da pesquisa”.

Nesse sentido, o que mais se adequa para a obtenção dos dados e chegar

aos fins desejados é o estudo de caso, que para Yin (2010) define-se como “uma

investigação empírica que visa um fenômeno contemporâneo em profundidade e em

seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre os fenômenos e o

contexto não são claramente evidentes”. Beuren (2004) concorda ao caracterizar

como “estudo concentrado de um único caso no intuito de aprofundar seus

conhecimentos a respeito de determinado caso específico”, uma vez que o contexto

no qual o objeto de estudo está inserido tem fundamental influência na análise do

processo em questão.

6.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Para a obtenção de informações por meio da técnica de pesquisa documental

foi utilizada a análise da ficha cadastral do cliente, presente nesse estudo no anexo

2, bem como do levantamento socio econômico do cliente, com modelo no anexo 3,

ambos que compõem junto com a documentação do cliente o dossiê de concessão

de crédito ao empreendedor individual do banco Palmas, a fim de comprovar seu

enquadramento nesta figura jurídica, ramo de atuação e destino dos créditos.

No que se refere a pesquisa bibliográfica foram utilizadas os materiais

desenvolvidos pelo Instituto Palmas, uma organização da Sociedade Civil de

Interesse Público (OSCIP), dentre as quais figuram sete livros, uma fotonovela, três

cartilhas, três vídeos em formato DVD e uma peça teatral.

Page 57: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Já para a técnica de estudo de caso foram utilizados dois instrumentos de

coleta de dados sendo o primeiro deles a entrevista semi-estruturada em

profundidade com coordenador e analista de crédito do Banco Palmas, Sr. Asier

Ansorena, que segundo Marconi e Lakatos (2007) “consiste no desenvolvimento de

precisão, focalização, fidedignidade e validade de certo ato social como a

conversação”, com o objetivo de captar informações, opiniões, regras e métodos de

análise, que envolvem o processo que está sendo investigado, com a estruturação

de um roteiro de entrevista apresentado no apêndice 1 deste estudo, composto por

13 questões distribuídas entre estruturadas e não-estruturadas e divididas em duas

etapas, onde as seis primeiras perguntras estão diretamento ligadas a

operacionalização da concessão de crédito, que sonda quanto aos procedimentos,

taxas, valores, documentação, etc. Já as cinco perguntas restantes constituem um

processo de avaliação quanto a participação da comunidade, do sistema

operacional, das dificuldades enfrentadas e dos benfefícios gerados. As perguntas

foram assim distribuídas no sentido de atender aos objetivos específicos na mesma

ordem de sua apresentação neste estudo.

A entrevista visa conhecer e descrever as etapas, documentos, normas,

implicações, processamento de dados, dificuldades do processo de concessão de

crédito, bem como o destino do crédito, confrontando com os dados da pesquisa

documetal, a fim de aprofundar os aspectos que permeiam essa atividade, bem

como verificar a atuação do objeto de pesquisa na comunidade, benefícios gerados

pela atuação e impacto na realidade local.

O outro instrumento utilizado no estudo de caso foi a observação não-

participante de dois processos de concessão de crédito efetivados da solicitação a

liberação do crédito. Desta forma Marconi e Lakatos (2007) alegam a observação

não-participante ser caracterizada pela “[...] coleta de dados para conseguir

informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da

realidade”. Afirmam ainda que o pesquisador presencia os acontecimentos sem

participação alguma neles, está apenas como espectador. “Isso, porém, não quer

dizer que a observação não seja consciente, dirigida e ordenada para um fim

determinado”.(LAKATOS e MARCONI, 2007).

Para a adequada direção e ordenação da observação foi construído o

formulário observacional , presente no apêndice 2 deste estudo, divido em três

etapas a saber: a) no momento da solicitação do crédito; b) na visita ao

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estabelecimento do cliente e; c) na análise de comitê de aprovação, que segue a

estrutura proposta por Malhotra (2006) que “ deve especificar quem, o quê, quando,

onde por quê e o modo de comportamento a serem observados”.

Muito embora os processos em estudo sejam de uma janela temporal distinta

da qual ocorreu a observação, as condições se mantiveram as mesmas em virtude

de não haverem ocorrido mudanças estruturais no processo em estudo.

6.5 OBJETO DE PESQUISA

O Banco Palmas está inserido em uma comunidade com aproximadamente

32 mil habitantes da periferia da cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará,

que surgiu com a realocação dos moradores de áreas de risco e das situadas no

vetor de expansão urbana, que possuiam grande potencial econômico e

especulativo. O bairro não possuía sistema de esgoto, água encanada e energia

elétrica e foi nesse cenário de extremas dificuldades que começou a ser fomentado

o sentimento de mudança e de estímulo para buscá-las.

Inicia-se um processo de lutas sociais em busca de serviços básicos que tem

um de seus marcos em 1979 com a consolidação da Associação dos Moradores do

Conjunto Palmeira (ASMOCOMP), bem como a construção de sua sede própria. A

partir daí, a instiuição passa a tomar frente das ações em busca da atenção das

entidades públicas para proporcionar aos habitantes do local condições minimante

humanas.

Muitas manifestações foram feitas, mas sem atingir plenamente os objetivos.

Assim em 1991 é realizado o primeiro seminário Habitando o Inabitável, com o

objetivo principal de planejar a urbanização do bairro nos próximos 10 anos,

contando com recursos governamentais e a participação efetiva da população.

Com as conquistas de construção do canal de drenagem, da praça do bairro,

ampliação da sede da associação dos moradores, além do esgotamento sanitário,

água encanada e pavimentação de algumas vias, estando o bairro semi urbanizado,

as preocupações passaram a ser outras pois muitos dos moradores que lutaram

veementemente pela urbanização do bairro começaram a vender suas casas, pois o

avanço trouxe taxas e imposto anteriormente inexistentes que aliado a pobreza

econômica da população, impossibilitou a permanência dessas pessoas.

Page 59: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Diante desses fatos é realizada a segunda edição do seminário Habitando o

Inabitável em 1997 para avaliar a situação atual do bairro e planejar a estratégia dos

próximos anos. Ficou durante esse processo a extrema necessidade de um projeto

no sentido de proporcionar a geração de trabalho e renda para o bairro.

Assim em janeiro de 1998, surge o Banco Palmas, banco comunitário, filiado

a rede de bancos solidários, que funciona na associação de moradores do bairro e,

que passa a prestar serviços financeiros a população, no sentido de promover o

desenvolvimento local, por meio de ações e produtos que concentrem a renda e o

fluxo do comércio e fabricação no próprio bairro, formando uma rede de produção e

consumo.

Segundo Melo Neto Segundo e Magalhães (2008) atuais coordenador geral e

coordenadora de relações institucionais do banco, respectivamente:

O Banco Palmas integra em um mesmo cenário instrumentos de crédito, produção, comercialização e consumo, na perspectiva de montar localmente as cadeias produtivas, oportunizando trabalho e renda para os moradores.

O banco Palmas é hoje reconhecido internacionalmente por suas ações de

combate a pobreza e incentivo do desenvolvimento econômico e social local, mas o

começo foi difícil pois são poucos os investidores que aceitam empregar seu capital

para empréstimos a uma população com renda tão baixa, o que trouxe muitas

negativas ao banco. Até que a organização não governamental Cearah Periferia,

com sede em Fortaleza-CE, que na época do surgimento do Banco Palmas tinha um

fundo de apoio a projetos de auto-gestão para iniciativas comunitárias, emprestou

R$ 2.000,00 para serem pagos em 12 meses com taxa de 1% ao ano. O valor foi

completamente emprestado no primeiro dia após a inauguração do banco, que ficou

sem recursos para novos empréstimos até os primeiros pagamentos das

concessões realizadas anteriormente.

Posteriormente, cerca de quatro meses após sua fundação, o banco firmou

parcerias internacionais de onde angariou mais R$ 15.000,00 de empréstimo, o que

lhe permitiu incrementar o volume de transações.

Page 60: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

O banco foi ganhando forças e desenvolvendo vários outros produtos e

serviços dentre os quais se pode citar os principais: a) feira dos produtores locais,

onde os produtos que são fabricados exclusivamente no bairro são comercializados

uma vez por semana; b) loja solidária, que segue os mesmos moldes da feira de

produtores mas que funciona a semana inteira; c) moeda circulante palmas, que é

utilizada apenas no bairro, aceita em diversos estabelecimentos e concentra a

circulação de dinheiro no bairro; d) incubadora feminina, que integra mulheres em

situação de risco a rede de produtores e consumidores do Banco Palmas; e)

palmatech, a escola comunitária de socioeconomia solidária do banco; f) palmacard,

um cartão de crédito um pouco diferente dos convencionais, pois não conta com o

plástico magnetizado, mas visa estimular o consumo local com circulação apenas

nos estabelecimentos do Conjunto Palmeira.

Assim, o objetivo do Banco Palmas é proporcionar o desenvolvimento local e

solidário do Conjunto Palmeira, a baixo custo e de forma sustentável, melhorando a

qualidade de vida de seus moradores e, parte importante de toda essa cadeia de

operações e produtos é alvo desta pesquisa: a concessão de crédito.

6.6 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

O processamento dos dados se deu em etapas de acordo com os

instrumentos de coleta de informações conforme quadro 11, a partir de plano

proposto por Bertucci (2009).

A análise dos resultados se deu por análise de conteúdo que para Richardson

(1999) “é utilizada para estudar material de tipo qualitativo (aos quais não se pode

aplicar técnicas aritméticas)”, pois anteriormente definida a abordagem da pesquisa

como qualitativa, esse procedimento encaixa-se com a sua finalidade.

Page 61: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quadro 11: Etapas de processamento dados

Instrumento de coleta Etapas

Ficha cadastral, levantamento socio-econômico do cliente do banco Palmas e materiais desenvolvidos pelo Instituto Palmas

1ª. Leitura do material disponível2ª. Identificação das informações relevantes para a pesquisa3ª. Análise e sistematização das informações filtradas4ª. Construção da apresentação de resultados com as informações processadas dos demais instrumentos de coleta

Entrevista semi-estruturada

1ª Realização da entrevista2ª Leitura sistemática e aprofundada de toda a entrevista3ª Tratamento e interpretação do material5ª. Construção da apresentação de resultados com as informações processadas dos demais instrumentos de coleta

Observação não-participante

1ª Identificação dos eventos a serem observados2ª Elaboração do formulário observacional 3ª Registro das observações realizadas4ª Análise do material e construção da apresentação de resultados com as informações processadas dos demais instrumentos de coleta

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 62: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

7 RESULTADOS DA PESQUISA

O banco Palmas possui atualmente renome internacional com suas ações de

empreendedorismo social e de combate e enfrentamento a pobreza por meio da

criação de um ciclo auto sustentável de inter relações entre os diversos atores

locais. Desta forma, o banco Palmas tem como missão proporcionar o

desenvolvimento local e solidário do Conjunto Palmeira, a baixo custo e de forma

sustentável, melhorando a qualidade de vida de seus moradores.

Para os fins desta pesquisa, conforme capítulo 6 que trata da metodologia, foi

realizada entrevista em profundidade com o coordenador do crédito do Banco

Palmas, Sr. Asier Ansorena, espanhol que atua a cerca de três anos no banco,

trazendo sua experiência de ações de empreendedorismo social e de

cooperativismo de crédito internacionais das quais participou. A entrevista ocorreu

em 24 de abril de 2012, na sede da associação de moradores do conjunto Palmeira

– ASMOCONP, local onde também está localizado o banco, situado a Avenida

Valparaíso, n.698 – Conjunto Palmeiras, em ambiente climatizado com duração de

60 minutos, ocorrendo assim de 14h as 15h, onde a entrevistadora esclareceu em

maiores detalhes o motivo da visita e alvo da pesquisa e o entrevistado pode

expressar seus pontos de vista, direcionado por meio de questionamentos

previamente estabelecidos presente nesse estudo no apêndice 1, feitos pela

entrevistadora e autora da pesquisa.

Complementarmente a entrevista, foi realizada observação não-participante,

como já citado anteriormente, de dois processos de concessão de crédito, número

limitado pela reduzida demanda no período da pesquisa, desde a sua solicitação a

sua liberação, onde ambos processos obtiveram êxito na aprovação que

contribuiram para a melhor compreensão dos processos descritos ao longo deste

capítulo.

Inicialmente, o entrevistado foi questionado quanto volume de clientes

empreendedores individuais, que segundo ele representam algo em torno de 15%

do total de nossos clientes [1567 de créditos ativos] com créditos de valores

reduzidos quando comparados aos bancos maiores.

A situação acima descrita foi detalhada no gráfico 6, para que os resultados

descritos sejam de melhor forma compreendidos.

Page 63: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Gráfico 7 - Distribuição de clientes de microcrédito banco Palmas

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Tal afirmação expressa no gráfico 6 confirma uma das características que

diferencia as microfinanças do sistema financeiro tradicional apresentada por Fiori,

Goldmark e Nichter (2002), que implica o que se refere a carteira de empréstimos de

valores reduzidos e maior número de transações. Outra característica é a estrutura

das instituições que tendem a localizar-se em regiões com pouca estrutura,

confirmada pela própria região de localização da sede do banco Palmas, que

mesmo o bairro alcançando conquista em diversas áreas ainda apresenta problemas

de infra-estrutura quando comparada a outras regiões da cidade.

No que se refere a captação dos pretendentes ao crédito, o entrevistado

afirma não haver uma busca do cliente como nas instituições de crédito tradicionais,

uma vez que, o banco acredita que para a solicitação do empréstimo necessita ser

convicta de modo a levar o requerente até a área de atendimento do banco,

demonstrando a relevância do crédito para a atividade empresarial destacada por

Berni (1999). Ele afirma ainda que mesmo não havendo a busca, todas as ações

são amplamente divulgadas na comunidade, de modo que se o empreendedor não

procura o banco para a solicitação, não o faça por não possuir necessidade e, não

por falta de conhecimento das opções de crédito disponíveis.

No tocante as taxas de juros e limites de concessão para este público-alvo foi

estruturada a tabela 3 onde estão elencadas as práticas do banco.

Page 64: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Tabela 3 - Taxas de juros e limites de concessão do banco PalmasValores (R$) Taxa de juros mensal (%)

De AtéR$ 500,00 R$ 2.500,00 2,5 %

R$ 2.501,00 R$ 5.000,00 3,0 %

R$ 5.001, 00 R$ 15.000,00 3,5 %

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A tabela 3 foi construída com o objetivo de não só de conhecer os valores e

taxas utilizados, mas de fazer o entrevistado se posicionar quanto a competitividade

ou diferencial das mesmas, que de fato não representam condições distintas das

praticadas pelos bancos tradicionais, obedecendo a um critério de juros

progressivos. Quanto maior o valor, maior a taxa de juros utilizada, uma vez que, o

capital disponível para as concessões de juros são obtidos junto ao Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que possui uma linha de crédito

para o tipo de projeto desenvolvido pelo banco Palmas, lhes concedendo os

recursos e aplicando uma taxa de remuneração sobre o capital disponibilizado. Ou

seja, o valor emprestado ao Palmas necessita ser devolvido ao BNDES acrescido

dos respectivos juros, que por sua vez são cobrados nas operações realizadas.

Desta forma fica claro que a taxa de juros não representa diferencial no processo em

estudo.

No que se refere a documentação exigida esta se restringe ao estritamente

necessário, buscando fugir da burocracia imposta pelos bancos tradicionais, uma

vez que a comprovação das informações se dá por meio da visita, que os vizinhos

são questionados acerca da idoneidade do empreendedor, ponto importante para o

processo, segundo Berni (1999) no capítulo deste estudo que trata da análise e

concessão de crédito, podendo ainda sofrer flexibilização conforme atividade, ramo

e estágio do estabelecimento que pleiteia o crédito. De modo geral é solicitada a

apresentação de cópias de carteira de identidade, cadastro de pessoa física (CPF),

comprovante do endereço da residência do empreendedor e do estabelecimento, se

houver, uma vez que, nem todas as atividades necessitam de ambiente físico para

sua realização, tais como vendedores ambulantes, feirantes entre outros. Essa

articulação por parte do banco em reconhecer as especificidades de algumas

atividades facilita e agiliza o processo, além de demonstrar o conhecimento das

Page 65: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

características que compõem o empreendedor individual conforme apresentados,

nesta pesquisa, no capítulo 4 acerca desta figura jurídica, bem como os tipos de

atividade elencados no anexo1.

Adicionalmente, é necessário o preenchimento da ficha cadastral do cliente

com informações dadas pelo mesmo, apresentada no anexo 2, divida em cinco

blocos de informações a saber: a) dados pessoais tais como nome, sexo, idade,

estado civil, escolaridade, etc. no sentido de conhecer o empreendedor; b) dados do

empreendimento tais como tipo de atividade, tempo e local de funcionamento, dentre

outros, a fim de trazer características preliminares do negócio; c) referências

pessoais com nome, telefone e parentesco para confirmação do funcionário que

colhe as informações; d) pesquisa da moeda social quanto a utilização da moeda

social circulante local, que visa fortalecer o comércio e produção locais; e) crédito

solicitado, que é expresso o valor desejado, prestação compatível com o orçamento

do cliente e finalidade.

Para uma visão ainda mais profunda acerca da real situação do cliente é

igualmente necessário o preenchimento do levantamento socioeconômico,

apresentado no anexo 3 dividido em 5 blocos a saber: a) dados familiares, onde são

detalhadas a renda, os gastos e saldo familiar; b) dados do negócio, onde é

infomada a composição do faturamento e gastos do negócio, informações

financeiras, existência de empregado, frequência, valores e importância de compras

de produtos, histórico de vendas e sazonalidade.

A confecção dos dois modelos acima descritos se dá no momento da visita do

cliente ao banco Palmas para a solicitação, sendo estes que dão início ao processo,

onde um funcionário do banco realiza entrevista, coleta as informações e as registra

em sistema informatizado. Em conjunto formulários devidamente assinados pelo

cliente, dentre eles a cédula de crédito, e cópia da documentação compõem o

dossiê da concessão de crédito e dão prosseguimento as etapas seguintes.

A partir daí são dados continuidade aos procedimentos necessários que o

entrevistado descreveu nas etapas apresentadas conforme figura 5.

Page 66: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Figura 5 - Etapas do processo de concessão de crédito do banco Palmas

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A figura 5 revela cada passo trilhado até a liberação do crédito. Além dessa

descrição, esta pesquisa pode contar ainda com a observação não participante,

conforme apresentado no capítulo de metologia, onde cada uma das divisões do

formulário observacional, presente no apêndice 3, corresponde com um conjunto de

etapas apresentados a saber: a) 1ª etapa agrupa as 2 primeiras atividades; b) 2ª

etapa agrupa 3ª e 4ª atividades e; c) 3ª etapa agrupa as demais atividades. Assim

fica nítida a correspondência e encaixe dos instrumentos de coleta utilizados.

Outro aspecto ainda referente as etapas do processo está o tempo levado

desde a solicitação a liberação, que compõe um dos estágios do ciclo, que

apresenta-se na figura 6.

Page 67: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Figura 6 - Diagrama de tempo de conclusão de processo de concessão de crédito no banco Palmas

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A figura 6 detalha em um processo hipotético de concessão, que teve início

em 1º de abril de 2012 e terminou em 5 de abril do mesmo ano, as etapas bem

como o tempo levado em cada uma delas em seus prazo máximos, pois em

períodos de demanda elevada esses são os prazos de conclusão, que compreende

até cinco dias úteis conforme linha do tempo presente na parte superior da figura.

Há que se destacar ainda a formação do Comitê de Análise de Crédito (CAC)

composto pelo analista de crédito designado, o coordenador do banco Palmas e a

Diretoria Executiva da Associação, o que pode onerar o tempo do processo em

virtude de impossibilidade da atuação destas figuras na decisão.

Em contrapartida, em períodos de demanda reduzida, como o período em que

a pesquisa foi realizada esse tempo pode ser reduzido para 2 e 3 dias úteis, pois

algumas etapas podem ter seus prazos encurtados, como é o caso da realização da

visita do analista ao estabelecimento do empreendedor que passaria a ser realizada

Page 68: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

pela manhã e encaminhada para a etapa seguinte no mesmo dia e assim

sucessivamente.

Mas a atuação do banco não encerra na liberação do crédito ao cliente, o

entrevistado informa ainda que bimestralmente, tempo definido em virtude da

reduzida mão de obra disponível, é realizado um acompanhamento dos créditos

liberados, com foco nos que estão em atraso. Nesse ponto reside um aspecto

importante no que se refere ao tratamento diferenciado a cada tipo de cliente como

apresentado na figura 7.

Figura 7 - Etapas do processo de cobrança aos inadimplentes no banco Palmas

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A figura 7 demonstra que o comitê verifica quais os motivos de não

pagamento, ou seja, de inadimplência que pode ocorrer por diversos motivos, para

então direcionar medidas a serem tomadas, tendo a solidaderiedade como princípio.

Page 69: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quando o cliente não realiza o pagamento pela falta de intenção de pagar, a cédula

de crédito é enviada para protesto em cartório e as cobranças continuam. Quando o

cliente não quita seus débitos por conta de problemas que fugiram ao seu alcance,

mas este demonstra vontade em honrar com seus compromissos, o banco age no

sentido de auxiliar ao empreendedor no enfrentamento das dificuldades, uma vez

que um dos pontos da metodologia do microcrédito está na necessidade de

assistência dos empreendedores apontada por Barone et al (2002), exigindo uma

atenção diferenciada para cada caso, ação essa realizada pelo banco.

O entrevistado alerta ainda acerca da inadimplência que apresentada índices

entre 2,5% e 3,0%, o que comparado ao índice de inadimplência dos bancos

tradicionais, que foi de 5,63% no ano de 2011, segundo informações do Banco

Central do Brasil (2012) é um índice reduzido e fator de comprovação da efetividade

do processo.

Uma outra etapa que poderia enriquecer o processo seria quando da

verificação da atitude de má fé do cliente, ou seja, que ele de fato não quitou o

débito por não ter a intenção de fazê-lo, o processo de análise de crédito ser revisto

no sentido de detectar possíveis falhas que poderiam ser sanadas para as próximas

concessões, buscando que a ação de empreendedorismo social desenvolvida pelo

banco possa aprender com os possíveis erros cometidos, como por exemplo da

inobservância de alguns dos aspectos apresentados por Gitman (1997), no capítulo

deste estudo que trata de análise e concessão de crédito

Outro aspecto analisado na entrevista foi a qualificação dos analistas de

crédito, que é realizada pelo Instituto Palmas, por meio da Palmatech, a escola

comunitária de socioeconomia solidária do banco, onde estes são capacitados

acerca dos preceitos da economia solidária, do empreendedorismo social, dos

aspectos imprescindíveis para uma visita ao cliente e análise adequada, apontando

para uma cautela acerca dessa peça-chave do processo, como citado por Berni

(1999) do credit man no capítulo sobre análise e concessão de crédito.

Muito embora existam alguns pontos a melhorar há uma perceptível

preocupação da formulação das etapas do processo em conhecer a fundo a

realidade do cliente, buscando analisá-lo considerando cada aspecto e detectando

incompatibilidades entre o declarado e o que de fato ocorre, o que casa com a

maioria dos “C’s” do crédito apresentados nesse estudo por Gitman (1997) como

citado anteriormente.

Page 70: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Quando questionado acerca das principais destinações ou aplicações dos

microcréditos obtidos pelos empreendedores o entrevistado informa a distribuição

presente no gráfico 8.

Gráfico 8: Distribuição dos destinos dos microcréditos no banco Palmas

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

A distribuição do gráfico 6, segundo o entrevistado, se dá por conta do

elevado número de estabelecimentos que realizam atividades de comércio na região

e, não por uma preferência entre determinado ramo ou segmento de atividade. Tal

divisão remete a um comparativo com a pesquisa realizada por Silva (2011) acerca

da aplicação de microcrédito em bairros da periferia de Fortaleza, onde o comércio

de forma semelhante também reúne a maior parcela de destinos de crédito

Acerca da avaliação do entrevistado no que se refere a participação da

comunidade no qual está inserida foi lhe disponibilizada uma escala de graduação

numérica que varia de 1 a 10, onde 1 representa nenhuma participação e 10 confere

participação bastante ativa, na qual a comunidade foi pontuada como 10, pois cerca

de 90% dos colaboradores do Banco Palmas e da associação de moradores é

residente no bairro e principalmente, as ações são desenvolvidas pelo bairro em prol

da comunidade, pois para ele

Page 71: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Não há empreendedorismo social, independente do tipo de atividade, sem que a comunidade onde se desenvolve a ação não se faça presente e seja o principal origem, meio e fim dos benefícios gerados por essa ação, já que o nosso papel não é comercializar crédito ou qualquer outro produto do Palmas, mas por meio dele, desenvolver de forma sustentável a região.

Já em avaliação com escala de graduação semelhante acerca da importância

do microcrédito produtivo, este foi avaliado como 7, mesmo com o reconhecimento

do entrevistado acerca da necessidade de crédito para a atividade empreendedora,

conforme aponta o capítulo acerca da importância do crédito para a atividade

empresarial, este produto do banco está inserido em uma realidade de várias

operações que visam fomentar o desenvolvimento local do bairro, pois segundo

Melo Neto Segundo e Magalhães (2008) coordenadores do banco Palmas: “Temos

que oferecer junto com o crédito solidário, uma estratégia de produção sustentável,

de comercialização justa e de consumo ético”, com uma relação entre essas

variáveis conforme descrito na figura 8.

Figura 8 - Cadeia produção-consumo segundo Melo Neto e Magalhães (2008)

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 72: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

A cadeia apresentada na figura 8 originou-se da percepção de que para que o

projeto do banco Palmas obtivesse êxito seria necessário, inicialmente, organizar o

consumo, ou seja, incentivar os moradores a consumirem no próprio bairro, para que

a renda das transações permanecesse nesse território, para posteriormente investir

na produção. Pois

o microcrédito quando concedido isoladamente e dentro da lógica da economia capitalista, levando os pequenos produtores a concorrerem entre si para disputar o mercado, normalmente leva o tomador do crédito a uma situação pior do que estava antes. (MELO NETO SEGUNDO E MAGALHÃES, 2008).

Com isso, nota-se que o papel do banco Palmas nessa comunidade funciona

não somente como meio de porporcionar serviços bancários, pois isso se obtem por

meio dos correspondentes bancários dos bancos tradicionais atualmente existentes

em todo o país, mas de promover a ação econômica com forte impacto social, como

defendido por Barone et al (2002).

Questinado ainda acerca dos benefícios gerados pelos projetos e ações do

banco, o entrevistado declara que estes se resumem em três pontos: a) incentivo a

produção e consumo no bairro, que favorecem a circulação do capital na própria

comunidade; b) o incentivo da integração e articulção da comunidade; c) inclusão

social e econômica, gerando a recuperação do sentimento de humanização as

comunidades mais pobre usualmente excluídas da sociedade. Tais declarações

confirmam e configuram que as atividades desenvolvidas pelo banco são de fato de

empreendedorismo social como descrito por Melo Neto e Froes (2002), uma vez que

têm como centro e alvo dos resultados positivos gerados a comunidade.

Em último questionamento o entrevistado pode apresentar as principais

dificuldades e falhas do processo de concessão de crédito. Estas em conjunto com

os pontos fortes, oportunidades e ameaças detectadas por meio de análise de

conteúdo, conforme descrito no capítulo de metodologia, das informações obtidas

durante a aplicação dos instrumentos de coleta de dados foi estruturado o quadro

12, que traz a matriz Swot. Segundo Montana e Charnov (1998) tal ferramenta

criada pelos professores norte-americanos Kenneth Andrews e Roland Christensen

tem como objetivo fazer análise de cenário, por meio de quatro quadrantes divididos

Page 73: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

em 2 tipos de ambiente: a) interno, com pontos fortes e fracos e. b) externo, com

oportunidades e ameaças.

Quadro 12-Matriz Swot do processo de concessão de crédito no Banco Palmas

Am

bie

nte

Inte

rno

Pontos Fortes Pontos Fracos

Capacidade de geração de benefícios para a comunidade

Limitação de recursos humanos, materiais e financeiros

Participação e comunicação ativa da e para a comunidade nas ações do banco, uma vez que, esta é a maior beneficiada

Dificuldade de gerenciamento dos recursos em época com maior demanda

Inserção do microcrédito em uma rede de produção e consumo local

Taxas de juros aplicadas sem distinção com as praticadas no mercado

Busca de informações do cliente que não se restringe a documentação

Utilização de formulários de cadastro extensos, o que demanda tempo no preenchimento

Flexibilização da documentação, com a redução da burocracia, o que atrai o empreendedor

Falta de revisão dos pontos defeituosos nos processos que resultaram em inadimplência

Flexibilização do tempo de execução das atividades do processo

Gerenciamento contábil e financeiro da instituição com instrumentos simples de análise

Sistema de cobrança de inadimplência diferenciado, reduzindo seu índice

Elevado risco de inadimplência, o que em alguns casos implica em redução da oferta de recursos com destinação ao microcrédito

Busca da qualificação do quadro de colaboradores

Concentração de algumas funções em pessoa específica

Análise isonômica no processo de concessão independente do ramo de atividade do empreendedor

Am

bie

nte

Ext

ern

o

Oportunidades Ameaças

Maior visibilidade e reconhecimento das ações do banco Palmas em nível nacional e internacional

Captação dos empreendedores pelos bancos oficiais, quando possuem certa estabilidade do negócio e representam assim menores riscos

Melhora das condições de infraestrutura da região

Redução do capital destinado ao microcrédito por parte de financiadores

Crescente número de empreendedores individuais formalizados

Falta de políticas públicas e apoio governamental

Aplicação de juros sobre o capital emprestado pelos financiadores dos recursos utilizados nas concessões de microcrédito

Necessidade da população em respostas mais imediatas as solicitações

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 74: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

O quadro 12 traz dentre outras informações os pontos fortes do processo, que

coadunam com a metodologia de microcrédito apresentada por Barone et al (2002).

Diante de todas as considerações expostas não cabe aqui se criar um juízo

de valor para priorizar os aspectos que tornam em maior ou menor medida viável o

processo de concessão de crédito, uma vez que, o objetivo geral é analisar os

aspectos que permitem a viabilidade do processo de concessão de crédito aos

empreendedores individuais junto ao Banco Palmas, o que foi realizado e sintetizado

por meio do quadro 12.

Por fim, para condensar os resultados que visam atender aos objetivos

específicos se apresenta o quadro 13.

Quadro 13 - Objetivos específicos x Resultados

Objetivos Específicos Resultados

Identificar as etapas para a obtenção de

crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas

Etapas identificadas e analisadas por

meio de diagramas de fluxo de processo

e de tempo.Relacionar o destino do crédito obtido

pelos empreendedores individuais junto

ao Banco Palmas

Distribuição dos créditos obtidos

verificada e exposta por meio de gráfico,

bem como comparativo com os destinos

encontrados em pesquisa anteriormente

realizada e apresentada neste estudo.Identificar os pontos fortes e fracos do

processo de concessão de crédito aos

empreendedores individuais no Banco

Palmas

Pontos fortes e fracos, oportunidades e

ameaças encontrados e apresentados

por meio de Matriz Swot.

Fonte: Elaborado pela autora (2012).

Page 75: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu uma visão clara acerca do processo de concessão

de microcrédito no banco Palmas, bem como o conhecimento dos aspectos

envolvidos em sua operacionalização e impactos gerados.

No âmbito geral tem-se como objetivo : analisar os aspectos que permitem a

viabilidade do processo de concessão de crédito aos empreendedores individuais

junto ao Banco Palmas, localizado na Associação de Moradores do Conjunto

Palmeira (ASMOCONP), em Fortaleza-CE, no ano de 2011, da solicitação de crédito

a sua aplicação, originado da seguinte problemática: como o processo de concessão

de crédito aos empreendedores individuais no Banco Palmas se torna viável e

estratégico?. Como resultado da análise do problema e do objetivo tem-se que o

microcrédito está inserido em uma dinâmica de rede que proporciona seu êxito, pois

o banco Palmas não realiza a simples oferta de crédito, este é um dos intrumentos

que possibilitam a reorganização das economias do bairro, criando uma rede local

de produtores e comsumidores que estimula as pessoas a produzirem e consumirem

na própria comunidade, criando um ciclo financeiro de desenvolvimento local, por

meio da oferta de vários produtos complementares e interdependentes, estando

nesse ponto o diferencial em termos de viabilidade e estratégia.

Para atender ao objetivo específico identificar as etapas para a obtenção de

crédito aos empreendedores individuais junto ao Banco Palmas, foi desenvolvido

fluxograma do processo com as seguintes etapas: 1) o empreendedor vai até o

banco Palmas para a solicitação de crédito no período da manhã; 2) o atendente do

Banco Palmas realiza o preenchimento dos cadastros necessários e acolhe

documentação necessária; 3) o analista de crédito realiza visita ao estabelecimento

ou residência do empreendedor no período da tarde; 4) as informações obtidas na

visita são registradas na documentação do dossiê de análise de solicitação de

crédito; 5) a solicitação é analisada pelo Comitê de Análise de Crédito – CAC; a

partir daí , se o crédito for aprovado seguem-se dua etapas : 6a) o cliente é

informado da aprovação e; 7a) o cliente comparece ao Banco Palmas para receber o

dinheiro do crédito aprovado. Já se o crédito for reprovado seguem-se duas outras

etapas: 6b) o cliente é informado da reprovação e; 7b) o cliente comparece ao banco

Palmas para a devolução da documentação e inutilização dos formulários.

Page 76: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Vale destacar a divisão do local de realização de cada uma das etapas, que

ocorrem em quatro momentos: a) no banco Palmas, mais especificamente na área

de atendimento ocorrem as etapas 1) e 2); b) no estabelecimento ou residência do

cliente acontecem as etapas 3) e 4); c) no banco Palmas, mais especificamente na

sala de reuniões, ocorrem a etapa 5) e; d) ainda no banco Palmas, novamente na

área de atendimento se passam as etapas 6a), 6b), 7a) e 7b) de acordo com o

resultado da análise. É importante salientar que cada um dessas etapas possui

procedimentos, formulários e abordagens específicos conforme destacado no

resultado da pesquisa.

Outro objetivo específico é relacionar o destino do crédito obtido pelos

empreendedores individuais junto ao Banco Palmas no ano de 2011, que ficou

distribuído de acordo com o ramo de atividade desenvolvida obtida por meio da

pesquisa documental dos formulários de aprovação e liberação. As atividades

compreendidas como no âmbito da produção, ficaram com 8%, o que corresponde a

18 dos créditos aprovados. Já a prestação de serviços correspondeu a 12% do total,

com 28 das concessões, enquanto que o comércio ocupou 80%, com 189 dos

processos que obtiveram êxito. Tal divisão se dá em virtude do elevado número de

estabelecimentos de comércio da região e, não por favorecimento de determinado

ramo.

No que se refere ao terceiro e último dos objetivos específicos, identificar os

pontos fortes e fracos do processo de concessão de crédito aos empreendedores

individuais no Banco Palmas, foram caracterizados como pontos fortes: a) a

capacidade de geração de benefícios para a comunidade, bem como sua

participação e comunicação ativas, uma vez que, esta é a maior beneficiada; b) a

inserção do microcrédito em uma rede de produção e consumo local, o que contribui

para o êxito do processo; c) a busca de informações do cliente que não se restringir

a documentação, assim como sua flexibilização, com a redução da burocracia, que

atrai o empreendedor; d) a flexibilização do tempo de execução das atividades do

processo; e) o sistema de cobrança de inadimplência diferenciado, reduzindo seu

índice; f) a busca da qualificação do quadro de colaboradores, que agrega valor ao

processo; g) a análise isonômica no processo de concessão independente do ramo

de atividade do empreendedor.

Em contrapartida, foram apresentados como pontos fracos: a) a limitação de

recursos humanos, materiais e financeiros, bem com a dificuldade de gerenciamento

Page 77: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

destes em época com maior demanda; b) as taxas de juros aplicadas sem distinção

com as praticadas no mercado; c) a falta de revisão dos pontos defeituosos nos

processos que resultaram em inadimplência; d) o gerenciamento contábil e

financeiros da instituição com instrumentos simples de análise, o que pode impactar

na redução de investidores e de capital para as concessões de crédito; e) o elevado

risco de inadimplência, o que em alguns casos implica em redução da oferta de

recursos com destinação ao microcrédito. Complementarmente, foram apresentadas

de forma resumida e superficial, uma vez que não eram o foco do estudo, as

oportunidades e ameaças disponíveis nos resultados da pesquisa.

O estudo apresentou ainda as hipóteses que poderiam tornar o processo

pesquisado viável e estratégico. A primeira delas foi a aplicação de taxa de juros

reduzida, que poderia incentivar e facilitar o pagamento por parte dos clientes, o que

não se mostrou verdadeiro, e que ficou comprovado por meio da análise documental

das concessões realizadas em 2011 e de declarações do Sr. Asier Ansorena,

coordenador do crédito do banco Palmas durante entrevista realizada, resultando na

formulação da tabela 3 apresentada nos resultados, não sendo assim um dos

fatores de diferenciação do processo.

A hipótese seguinte foi a atuação da comunidade nas ações do banco, o que

estreitaria a relação da comunidade, reduzindo a inadimplência e trazendo

credibilidade as ações da instituição, o que se mostrou verdadeiro, uma vez que a

comunidade se mostrou bastante participativa, percebido inclusive durante os

períodos de visita da pesquisadora ao banco.

A última hipótese foi a burocracia e exigências reduzidas, que facilitaria o

acesso e estimularia o ciclo produtivo do bairro, o que se confirmou e apresenta-se

como um dos pontos positivos encontrados. Em suma, a primeira hipótese foi

refutadas enquanto as duas outras foram confirmadas. Vale destacar ainda que os

aspectos de viabilidade e estratégia do processo não se restringem a estes dois

fatores e sim, a todos os pontos fortes juntos se complementando.

A contribuição deste estudo está no reconhecimento do crescente número de

empreendedores individuais, uma vez que, fica comprovada sua relevância para a

economia local e nacional, com o potencial de desenvolvimento oriundo dos

negócios empreendidos por eles, assim como da dificuldade de alcançar linhas de

crédito nos bancos oficiais e tradicionais para financiar o início ou o crescimento da

atividade empresarial, destacas também por este estudo. A pesquisa propõe ainda

Page 78: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

uma análise de cenários, onde os pontos fortes e fracos, ameaças e oprotunidades

são apontados, colaborando assim para futuras formulações de ações estratégicas

por parte do banco Palmas, no sentido de mitigar os impactos dos aspectos

negativos e potencializar os positivos.

As restrições do estudo estão na análise apenas o processo específico do

Banco Palmas e suas implicações, não podendo as conclusões deste serem

aplicadas a outras realidades, uma vez que, como visto no decorrer da pesquisa os

resultados compõem o contexto onde a instituição está inserida. Como dificuldades

enfrentadas estiveram a distância de localização entre pesquisadora e objeto de

estudo e a lentidão do banco em responder as solicitações apresentadas,

destacando que quando atendidas estas ocorreram de forma completa e satisfatória.

Como sugestão de pesquisas futuras fica a sondagem do perfil dos

moradores empreendedores sociais do Conjunto Palmeiras no sentido de verificar a

relação entre as características encontradas e a capacidade de captação de

recursos para a atividade empresarial. Outra opção seria a análise dos aspectos do

processo de concessão de crédito em outros bancos comunitários no estado do

Ceará, para traçar um comparativo entre eles.

Page 79: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

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Page 83: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

APÊNDICES

Apêndice 1: Roteiro de entrevista semi-estruturada

Roteiro de Entrevista

Título da pesquisa: Empreendedor Individual: Análise do processo

de concessão de crédito no Banco Palmas

Entrevistado(a): ________________________________________

Entrevistador(a): _______________________________________

Data: ___/___/____ Local: ______________________________

Horário: de ___:___h às ___:____h

Esta entrevista tem como objetivo colher informações acerca do processo de

concessão de crédito produtivo destinado exclusivamente aos empreendedores

individuais realizado no Banco Palmas, desta forma antecipadamente agradecemos

a vossa disponibilidade, atenção e veracidade dos dados.

1. Quantos clientes o Banco Palmas possui atualmente?Destes clientes quantos

são empreendedores individuais?

2. Como ocorre a captação de pretendentes ao crédito produtivo? Porquê?

a) O cliente procura o Banco Palmas

b) O cliente é procurado por um agente ou analista de crédito

3. Preencha a tabela abaixo com os limites mínimos e máximos de concessão e

respectivas taxas de juros.

Valores (R$) Taxa de juros mensalDe Até

Essas taxas tornam o banco competitivo?

4. Qual a documentação exigida? Ela visa reduzir a burocracia imposta pelos

bancos oficiais?

5. Quais os procedimentos adotados da solicitação de crédtio ao pagamento?

6. Durante o processo ou após a liberação do crédito o cliente recebe alguma

orientação acerca do gerenciamento do capital? Porquê?

Page 84: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

a) Sim b) Não

7. Como e qual qualificação os analistas de crédito recebem?

8. Quais as principais aplicações dos créditos solicitados? Qual sua distribuição?

Destinos Distribuição (%)ComércioProduçãoPrestação de serviçosOutros: Qual ?

9. Quanto ao sistema informacional no gerenciamento do processo de

concessão de crédito, marque na escala abaixo o grau de qualidade:

10.Na escala abaixo onde o micro crédito produtivo está localizado? Justifique.

11.Quais os principais benefícios proporcionados pelo Banco Palmas a

comunidade segundo sua visão? Justifique (Pode-se escolher mais de uma

opção)

a) Incentivo ao consumo no bairro

b) Incentivo a produção no bairro

c) Incentivo a educação

d) Melhores condições de urbanização

e) Conquista de serviços básicos

f) Inclusão social

g) Geração de empregos

h) Outros/ Qual?

12.Quais as principais dificuldades enfrentadas no processo de concessão de

crédito? Justifique (Pode-se escolher mais de uma opção)

a) Processo demorado

b) Centralização de decisões

c) Ausência de documentação exigida

d) Insuficiência de capital

e) Problemas na entrevista/visita

Participação extremamente

ativa

Page 85: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

f) Insuficiência de recursos (físicos e humanos)

g) Outros

Page 86: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Apêndice 2: Formulário observacional

Formulário observacionalProcesso: ___________________________________________Data: ___/___/____Local: ______________________________________________Horário: de ___:___h às ___:___h

1ª etapa: Na solicitação do crédito

• Quem: Os funcionários do Banco Palmas que realizam atendimento ao

empreendedor individual solicitante do crédito e os clientes que o

buscam.

• O quê: Diálogo ocorrido entre as partes envolvidas, bem como a

documentação solicitada, formulários e sistema utilizados.

• Quando: Dia 19 de abril de 2012, de 08:00h as 12:00h.

• Onde: Sede do banco Palmas localizada na Av. Valparaíso, n.698 –

Conjunto Palmeiras – Fortaleza - Ce.

• Por quê: Realizar comparativo das informações obtidas com a

pesquisa documental e entrevista e verificar aspectos adicionais que

contribuam com o alcance dos objetivos

• Modo: Observador pessoal não-disfarçado

2ª etapa: Na visita ao estabelecimento do cliente

• Quem: Os analistas de crédito do Banco Palmas que realizam visita

estabelecimento ou residência do empreendedor individual solicitante

do crédito e os clientes que o buscam, bem como seus locais de

trabalho.

• O quê: Diálogo e artifícios utilizados na comprovação das informações

dadas no atendimento na sede do banco Palmas

• Quando: Dia 19 de abril de 2012 de 14:00h as 16:00h

• Onde:No estabelecimento ou residência do empreendedor individual

Page 87: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

• Por quê: Realizar comparativo das informações obtidas com a

pesquisa documental e entrevista e verificar aspectos adicionais que

contribuam com o alcance dos objetivos

• Modo: Observador pessoal não-disfarçado

3ª etapa: Na análise do comitê de aprovação

• Quem: Os analistas e coordenadores de crédito do Banco Palmas que

realizam análise em conjunto para a decisão da concessão.

• O quê: Análise a partir das informações colhidas pelo primeiro contato

com o banco e na visita do analista.

• Quando: Dia 24 de abril de 2012, de 09:30h as 10:30h

• Onde: Sede do banco Palmas localizada na Av. Valparaíso, n.698 –

Conjunto Palmeiras – Fortaleza - Ce.

• Por quê:Verificar os aspectos e critérios de análise utilizados pelo

banco.

• Modo: Observador pessoal não-disfarçado.

Page 88: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

ANEXOS

Anexo 1: Ocupações enquadradas no microempreendedor individual resolução do comitê gestor do simples nacional - CGSN nº 78, de 13 de setembro de 2010

OCUPAÇÕES

FABRICANTE DE RAPADURA E MELAÇO

FABRICANTE DE REFRESCOS, XAROPES E PÓS PARA REFRESCOS

FABRICANTE DE ROUPAS ÍNTIMAS

FABRICANTE DE SABÕES E DETERGENTES SINTÉTICOS

FABRICANTE DE SUCOS DE FRUTAS, HORTALIÇAS E LEGUMES

FABRICANTE DE VELAS, INCLUSIVE DECORATIVAS

FARINHEIRO DE MANDIOCA

FARINHEIRO DE MILHO

FERRAMENTEIRO

FERREIRO/FORJADOR

FILMADOR

FORNECEDOR DE ALIMENTOS PREPARADOS PARA EMPRESAS

FOSSEIRO (LIMPADOR DE FOSSA)

FOTOCOPIADOR

FOTÓGRAFO

FOTÓGRAFO AÉREO

FOTÓGRAFO SUBMARINO

FUNILEIRO / LANTERNEIRO

GALVANIZADOR

GESSEIRO

GRAVADOR DE CARIMBOS

GUARDADOR DE MÓVEIS

GUIA DE TURISMO

GUINCHEIRO (REBOQUE DE VEÍCULOS)

HUMORISTA

INSTALADOR DE ANTENAS DE TV

INSTALADOR DE EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA DOMICILIAR E EMPRESARIAL, SEM

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA E SEGURANÇA

INSTALADOR DE EQUIPAMENTOS PARA ORIENTAÇÃO À NAVEGAÇÃO MARÍTIMA,

FLUVIAL E LACUSTRE

INSTALADOR DE ISOLANTES ACÚSTICOS E DE VIBRAÇÃO

INSTALADOR DE ISOLANTES TÉRMICOS

INSTALADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS

INSTALADOR DE PAINÉIS PUBLICITÁRIOS

INSTALADOR DE REDE DE COMPUTADORES

INSTALADOR DE SISTEMA DE PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO

INSTALADOR E REPARADOR DE ACESSÓRIOS AUTOMOTIVOS

INSTALADOR E REPARADOR DE ELEVADORES, ESCADAS E ESTEIRAS ROLANTES

Page 89: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

INSTALADOR E REPARADOR DE SISTEMAS CENTRAIS DE AR CONDICIONADO, DE

VENTILAÇÃO E REFRIGERAÇÃO

INSTRUTOR DE ARTE E CULTURA EM GERAL

INSTRUTOR DE ARTES CÊNICAS

INSTRUTOR DE CURSOS GERENCIAIS

INSTRUTOR DE CURSOS PREPARATÓRIOS

INSTRUTOR DE IDIOMAS

INSTRUTOR DE INFORMÁTICA

INSTRUTOR DE MÚSICA

JARDINEIRO

JORNALEIRO

LAPIDADOR

LAVADEIRA DE ROUPAS

LAVADEIRA DE ROUPAS PROFISSIONAIS

LAVADOR E POLIDOR DE CARRO

LAVADOR DE ESTOFADO E SOFÁ

LIVREIRO

LOCADOR DE ANDAIMES

LOCADOR DE APARELHOS DE JOGOS ELETRÔNICOS

LOCADOR DE EQUIPAMENTOS CIENTÍFICOS, MÉDICOS E HOSPITALARES, SEM

OPERADOR

LOCADOR DE EQUIPAMENTOS RECREATIVOS E ESPORTIVOS

LOCADOR DE FITAS DE VÍDEO, DVDS E SIMILARES

LOCADOR DE LIVROS, REVISTAS, PLANTAS E FLORES

LOCADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS SEM OPERADOR

LOCADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA CONSTRUÇÃO SEM OPERADOR,

EXCETO ANDAIMES

LOCADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA ESCRITÓRIO

LOCADOR DE MATERIAL MÉDICO

LOCADOR DE MÓVEIS E UTENSÍLIOS, INCLUSIVE PARA FESTAS

LOCADOR DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

LOCADOR DE OBJETOS DO VESTUÁRIO, JÓIAS E ACESSÓRIOS

LOCADOR DE OUTRAS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS

NÃO ESPECIFICADOS ANTERIORMENTE, SEM OPERADOR

LOCADOR DE PALCOS, COBERTURAS E OUTRAS ESTRUTURAS DE USO

TEMPORÁRIO, EXCETO ANDAIMES

LOCUTOR DE MENSAGENS FONADAS E AO VIVO

MÁGICO

MANICURE/PEDICURE

MAQUIADOR

MARCENEIRO

MARMITEIRO

MECÂNICO DE MOTOCICLETAS E MOTONETAS

MECÂNICO DE VEÍCULOS

Page 90: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

MERCEEIRO/VENDEIRO

MERGULHADOR (ESCAFANDRISTA)

MESTRE DE OBRAS

MOENDEIRO

MONTADOR DE MÓVEIS

MONTADOR E INSTALADOR DE SISTEMAS E EQUIPAMENTOS DE ILUMINAÇÃO E

SINALIZAÇÃO EM VIAS PÚBLICAS, PORTOS E AEROPORTOS

MOTOBOY

MOTOTAXISTA

MOVELEIRO

MOVELEIRO DE MÓVEIS METÁLICOS

OLEIRO

OPERADOR DE MARKETING DIRETO

ORGANIZADOR MUNICIPAL DE EXCURSÕES EM VEÍCULO PRÓPRIO

OURIVES

PADEIRO

PANFLETEIRO

PAPELEIRO

PASTILHEIRO

PEDREIRO

PEIXEIRO

PINTOR DE AUTOMÓVEIS

PINTOR DE PAREDE

PIPOQUEIRO

PIROTÉCNICO

PIZZAIOLO EM DOMICÍLIO

POCEIRO/CISTERNEIRO/CACIMBEIRO

PRODUTOR DE PEDRAS PARA CONSTRUÇÃO, NÃO ASSOCIADA À EXTRAÇÃO

PROFESSOR PARTICULAR

PROMOTOR DE EVENTOS

PROMOTOR DE TURISMO LOCAL

PROMOTOR DE VENDAS

PROPRIETÁRIO DE ALBERGUE NÃO ASSISTENCIAL

PROPRIETÁRIO DE BAR E CONGÊNERES

PROPRIETÁRIO DE CAMPING

PROPRIETÁRIO DE CANTINAS

PROPRIETÁRIO DE CARRO DE SOM PARA FINS PUBLICITÁRIOS

PROPRIETÁRIO DE CASA DE CHÁ

PROPRIETÁRIO DE CASA DE SUCOS

PROPRIETÁRIO DE CASAS DE FESTAS E EVENTOS

PROPRIETÁRIO DE ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS

PROPRIETÁRIO DE FLIPERAMA

PROPRIETÁRIO DE HOSPEDARIA

PROPRIETÁRIO DE LANCHONETE

Page 91: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

PROPRIETÁRIO DE PENSÃO

PROPRIETÁRIO DE RESTAURANTE

PROPRIETÁRIO DE SALA DE ACESSO À INTERNET

PROPRIETÁRIO DE SALÃO DE JOGOS DE SINUCA E BILHAR

QUEIJEIRO/MANTEIGUEIRO

QUITANDEIRO

QUITANDEIRO AMBULANTE

RECARREGADOR DE CARTUCHOS PARA EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA

RECICLADOR DE BORRACHA, MADEIRA, PAPEL E VIDRO

RECICLADOR DE MATERIAIS METÁLICOS, EXCETO ALUMÍNIO

RECICLADOR DE MATERIAIS PLÁSTICOS

RECICLADOR DE SUCATAS DE ALUMÍNIO

REDEIRO

RELOJOEIRO

REMOVEDOR E EXUMADOR DE CADÁVER

RENDEIRA

REPARADOR DE APARELHOS E EQUIPAMENTOS PARA DISTRIBUIÇÃO E CONTROLE

DE ENERGIA ELÉTRICA

REPARADOR DE ARTIGOS E ACESSÓRIOS DO VESTUÁRIO

REPARADOR DE BALANÇAS INDUSTRIAIS E COMERCIAIS

REPARADOR DE BATERIAS E ACUMULADORES ELÉTRICOS, EXCETO PARA VEÍCULOS

REPARADOR DE BICICLETA

REPARADOR DE BRINQUEDOS

REPARADOR DE CORDAS, VELAMES E LONAS

REPARADOR DE EMBARCAÇÕES PARA ESPORTE E LAZER

REPARADOR DE EQUIPAMENTOS ESPORTIVOS

REPARADOR DE EQUIPAMENTOS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS, EXCETO

VÁLVULAS

REPARADOR DE EQUIPAMENTOS MÉDICO-HOSPITALARES NÃO-ELETRÔNICOS

REPARADOR DE EXTINTOR DE INCÊNDIO

REPARADOR DE FILTROS INDUSTRIAIS

REPARADOR DE GERADORES, TRANSFORMADORES E MOTORES ELÉTRICOS

REPARADOR DE GUARDA CHUVA E SOMBRINHAS

REPARADOR DE INSTRUMENTOS MUSICAIS

REPARADOR DE MÁQUINAS DE ESCREVER, CALCULAR E DE OUTROS

EQUIPAMENTOS NÃO-ELETRÔNICOS PARA ESCRITÓRIO

REPARADOR DE MÁQUINAS E APARELHOS DE REFRIGERAÇÃO E VENTILAÇÃO PARA

USO INDUSTRIAL E COMERCIAL

REPARADOR DE MÁQUINAS E APARELHOS PARA A INDÚSTRIA GRÁFICA

REPARADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA A INDÚSTRIA DA MADEIRA

REPARADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL, DO

VESTUÁRIO, DO COURO E CALÇADOS

REPARADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA AGRICULTURA E PECUÁRIA

REPARADOR DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS PARA AS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS,

Page 92: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

BEBIDAS E FUMO

REPARADOR DE MÁQUINAS MOTRIZES NÃO-ELÉTRICAS

REPARADOR DE MÁQUINAS PARA BARES E LANCHONETES

REPARADOR DE MÁQUINAS PARA ENCADERNAÇÃO

REPARADOR DE MÁQUINAS, APARELHOS E EQUIPAMENTOS PARA INSTALAÇÕES

TÉRMICAS

REPARADOR DE MÓVEIS

REPARADOR DE PANELAS (PANELEIRO)

REPARADOR DE TANQUES, RESERVATÓRIOS METÁLICOS E CALDEIRAS, EXCETO

PARA VEÍCULOS

REPARADOR DE TOLDOS E PERSIANAS

REPARADOR DE TONÉIS, BARRIS E PALETES DE MADEIRA

REPARADOR DE TRATORES AGRÍCOLAS

REPARADOR DE VEÍCULOS DE TRAÇÃO ANIMAL

RESTAURADOR DE INSTRUMENTOS MUSICAIS HISTÓRICOS

RESTAURADOR DE JOGOS ACIONADOS POR MOEDAS

RESTAURADOR DE LIVROS

RESTAURADOR DE OBRAS DE ARTE

RESTAURADOR DE PRÉDIOS HISTÓRICOS

RETIFICADOR DE MOTORES PARA VEÍCULOS AUTOMOTORES

REVELADOR DE FILMES FOTOGRÁFICOS

SALGADEIRA

SALINEIRO/EXTRATOR DE SAL MARINHO

SALSICHEIRO/LINGUICEIRO

SAPATEIRO

SELEIRO

SEPULTADOR

SERIGRAFISTA

SERIGRAFISTA PUBLICITÁRIO

SERRALHEIRO

SINTEQUEIRO

SOLDADOR / BRASADOR

SORVETEIRO

SORVETEIRO AMBULANTE

TANOEIRO

TAPECEIRO

TATUADOR

TAXISTA

TECELÃO

TECELÃO DE ALGODÃO

TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR

TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE ELETRODOMÉSTICOS

TÉCNICO DE MANUTENÇÃO DE TELEFONIA

TELHADOR

Page 93: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

TINTUREIRO

TORNEIRO MECÂNICO

TOSADOR DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

TOSQUIADOR

TRANSPORTADOR AQUAVIÁRIO PARA PASSEIOS TURÍSTICOS

TRANSPORTADOR DE ESCOLARES

TRANSPORTADOR DE MUDANÇAS

TRANSPORTADOR MARÍTIMO DE CARGA

TRANSPORTADOR MUNICIPAL DE CARGAS NÃO PERIGOSAS(CARRETO)

TRANSPORTADOR MUNICIPAL DE PASSAGEIROS SOB FRETE

TRANSPORTADOR MUNICIPAL DE TRAVESSIA POR NAVEGAÇÃO

TRANSPORTADOR MUNICIPAL HIDROVIÁRIO DE CARGAS

TRICOTEIRA

VASSOUREIRO

VENDEDOR AMBULANTE DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS

VENDEDOR DE AVES VIVAS, COELHOS E OUTROS PEQUENOS ANIMAIS PARA

ALIMENTAÇÃO

VERDUREIRO

VIDRACEIRO DE AUTOMÓVEIS

VIDRACEIRO DE EDIFICAÇÕES

VINAGREIRO

Fonte: Receita Federal, 2010

Page 94: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Anexo 2: Ficha cadastral do cliente do banco Palmas

Fonte: Banco Palmas, 2012.

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Anexo 3: Levantamento socioeconômico do cliente do banco Palmas

Page 96: Henryqueta - Empreendedor Individual: Análise de e do Processo de Concessão de Crédito do Banco Palmas

Fonte: Banco Palmas, 2012.