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HERANÇA CULTURAL E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA CRUZ, Marina David; FLORES, Ully Oliveira / SOUZA FILHO, Argemiro Ribeiro de INTRODUÇÃO Uma nova perspectiva de patrimônio histórico é apresentada no século XXI. A racionalidade que marcou o século passado é diferente da racionalidade socioespacial encontrada agora, já que novos sentidos e contornos foram atribuídos aos patrimônios arquitetônicos. Este texto destaca a importância em abordar o patrimônio arquitetônico da cidade de Vitória da Conquista (localizada na região sudoeste do estado da Bahia), sob aspectos históricos e culturais. Serão tratados aspectos identitários de lugares já sacralizados e daqueles não patrimonializados ainda, como o Solar dos Ferraz, atual propriedade da Casa da Cultura e da Prefeitura Municipal. A construção do patrimônio de cidades antigas, dá-se de tal forma que se faz necessária a discussão, revitalização e refuncionalização do patrimônio urbano. Entretanto, para cidades que nasceram no final do século XIX e século XX, existe um certo cuidado na definição do que deve ser contemplado como patrimônio material, visto que a cidade, como um todo, é um lugar de tensão, negociação e conflito, dada sua recente temporalidade. As construções mais antigas da cidade (erguidas há nove ou oito décadas) também são atingidas pela renovação da paisagem urbana. É nesse momento que as edificações consolidadas no imaginário arquitetônico são colocadas em risco, na iminência de que sejam removidas da paisagem urbana para dar lugar a estacionamentos ou novas construções. A cidade transita entre a expansão territorial com tecnologias modernas e a demolição de edificações consideradas antigas, mas que não possuem memória suficiente para serem protegidas e, neste contexto, há uma separação entre a estética arquitetônica e a história. Quando há uma preocupação

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HERANÇA CULTURAL E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO

HISTÓRICO DE VITÓRIA DA CONQUISTA - BA

CRUZ, Marina David; FLORES, Ully Oliveira / SOUZA FILHO, Argemiro Ribeiro de

INTRODUÇÃO

Uma nova perspectiva de patrimônio histórico é apresentada no século

XXI. A racionalidade que marcou o século passado é diferente da racionalidade

socioespacial encontrada agora, já que novos sentidos e contornos foram

atribuídos aos patrimônios arquitetônicos.

Este texto destaca a importância em abordar o patrimônio arquitetônico

da cidade de Vitória da Conquista (localizada na região sudoeste do estado da

Bahia), sob aspectos históricos e culturais. Serão tratados aspectos identitários

de lugares já sacralizados e daqueles não patrimonializados ainda, como o

Solar dos Ferraz, atual propriedade da Casa da Cultura e da Prefeitura

Municipal.

A construção do patrimônio de cidades antigas, dá-se de tal forma que

se faz necessária a discussão, revitalização e refuncionalização do patrimônio

urbano. Entretanto, para cidades que nasceram no final do século XIX e século

XX, existe um certo cuidado na definição do que deve ser contemplado como

patrimônio material, visto que a cidade, como um todo, é um lugar de tensão,

negociação e conflito, dada sua recente temporalidade.

As construções mais antigas da cidade (erguidas há nove ou oito

décadas) também são atingidas pela renovação da paisagem urbana. É nesse

momento que as edificações consolidadas no imaginário arquitetônico são

colocadas em risco, na iminência de que sejam removidas da paisagem urbana

para dar lugar a estacionamentos ou novas construções.

A cidade transita entre a expansão territorial com tecnologias modernas

e a demolição de edificações consideradas antigas, mas que não possuem

memória suficiente para serem protegidas e, neste contexto, há uma separação

entre a estética arquitetônica e a história. Quando há uma preocupação

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meramente estética sobre uma edificação, do ponto de vista da forma, a

perspectiva histórica acaba por se perder, visto que a estética de uma

construção pode apresentar uma repetição de expressões já existentes. No

entanto, no ponto de vista da história, o edifício está ligado a uma memória e a

herança do lugar. Quando tratamos de patrimônio, tratamos de vivência

histórica, identidade e lembrança afetiva.

A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO DE PATRIMÔNIO CULTURAL

Ao analisarmos o sentido e as origens da palavra “patrimônio”, sabemos

que se deriva dos vocábulos latinos pater e moniu (SOUZA, 2011). Sendo a

primeira “pai” no sentido religioso e social, como herança, e a segunda uma

condição, estado. A definição da palavra como um todo seria equivalente a

herança passada por gerações. Dito isto, podemos afirmar que a noção atual

de patrimônio histórico ultrapassa a simples ideia de propriedade, alcançando

valores além do material, como a representação da história e identidade que

permaneceu ao longo do tempo (SANT’ANNA, 2003, p. 51).

A atual definição da palavra “patrimônio” constituiu-se no fim do século

XVIII, passada a Revolução Francesa (1789) e a congregação dos estados

nacionais. A discussão acerca do patrimônio no Brasil, como nos mostra

Fonseca (1997), deu-se início por parte de intelectuais advindos do movimento

modernista (1922), sendo este definido pelo desejo de renovar e desapegar do

passado, construindo novos conceitos de arte, música e literatura. Nesse

sentido, temos o trabalho de Mario Andrade, responsável por redigir um projeto

de lei durante o governo de Getúlio Vargas, em 1936, a pedido do ministro da

Educação Gustavo Capanema, onde definiu o conceito de patrimônio como

"todas as obras de arte pura ou aplicada, popular ou erudita, nacional ou

estrangeira, pertencentes aos poderes públicos e a organismos sociais e a

particulares nacionais, a particulares estrangeiros, residentes no Brasil"

(CANANI, 2005).

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No intuito de abranger tudo o que diz respeito à produção artística e

cultural no Brasil, o trabalho desse escritor modernista marca o ponto de

partida do surgimento de debates sobre a preservação dos patrimônios

históricos brasileiros. A atuação de Mario Andrade, em defesa da preservação

de uma herança para futuras gerações, foi de fato vista pela sua dualidade de

propósitos, incentivando não somente a renovação pela modernização, como

também o resgate de tradições (GONÇALVES, 2003, p. 21-29).

A este ponto da discussão sobre história, patrimônio, memória, passado,

sabemos todos que nenhuma destas palavras tem um sentido único

(SANT’ANNA, 2003, p. 47). Em seu conjunto, estes vocábulos formam um

espaço de sentido múltiplo, onde diferentes versões contrariam saídas de uma

cultura plural e conflitante. A noção de “patrimônio histórico” deveria também

evocar estas dimensões múltiplas da cultura como imagens de um passado

vivo: acontecimentos e coisas que merecem ser preservadas porque são

coletivamente significativas em sua diversidade. Isso, no entanto, não é o que

parece acontecer.

Como bem assevera Maria Célia Paoli, ao falarmos de patrimônio

histórico, infelizmente, a imagem que nos vem à cabeça seria de um objeto

congelado no passado, paralisado em museus, monumentos arquitetônicos e

obras de arte, preservados em meio à paisagem urbana, sendo documentos

que interessam apenas a historiadores. Atitude esta revela que a preservação

do patrimônio, como produção simbólica e material, está longe de expressar as

experiências sociais do seu significado coletivo. A memória, bem como seu

legado e sua herança, apresentam-se sem referência direta ao presente, e sem

ligações significativas com as modificações da cidade e das relações humanas.

O patrimônio histórico, portanto, permanece no passado (PAOLI, 1992, p. 25).

A rigor a palavra patrimônio compõe um léxico contemporâneo de

expressões cuja característica principal é a multiplicidade de sentidos e

definições que a elas podem ser atribuídos (FERREIRA, 2006). Atualmente,

palavras múltiplas e contraditórias ganham cada vez mais espaço no cotidiano.

Quando se fala de patrimônio o sentido comumente encontrado é o da

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permanência do passado, a necessidade de guardar algo que foi e ainda é

significativo no que se refere à questão de identidades. Cabe dizer, então, que

essa relação de patrimônio com processos identitários pode ser comumente

entendida, com aquilo que Dominique Poulot informa ao dizer que "a história do

patrimônio é a história da construção do sentido de identidade e mais

particularmente, dos imaginários de autenticidade que inspiram as políticas

patrimoniais" (POULOT,1997, p. 36).

Conforme Daniel Sibony, o reconhecimento de algo como patrimônio

histórico, exige conhecimento de noções no que concerne ao tempo e à

identidade. Neste caso, a preocupação subliminar é a de garantir o presente de

cada herança, e não de reconstruir um passado supostamente conservado. Daí

a ideia de que o patrimônio não é um lugar de passado contido, mas sim de

presente e futuro. Simboliza uma forma de vida fixada, algo que se realizou

naquele objeto ou construção; ou seja, “a acepção de patrimônio é portadora

de tempo e vivências”. Segundo o autor, esses espaços patrimoniais trazem

também certa liberdade, devido à maleabilidade de se tornarem qualquer outra

coisa, e, além disso, acabou gerando outros movimentos possíveis, inclusive

suscitando outra função da memória, a do esquecimento (SIBONY, 1998).

HERANÇA E IDENTIDADE

O reconhecimento do direito à memória está, portanto, ligado ao

significado presente da generalização da cidadania por uma sociedade que

evitou até agora fazer emergir o conflito e a criatividade como critérios para a

consciência de um passado comum. Não teme restaurar e preservar o

patrimônio edificado sem pretender conservar o “antigo” ou fixar o “moderno”.

Orienta-se pela produção de uma cultura que não ignore sua própria história,

mas que se dê conta da participação nos símbolos da cidade, como o

sentimento de fazer parte de um todo. Por isto, inventa novos meios de operar

e de se produzir como espaço público, onde possam estar inscritas todas as

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significações de que é feita uma cidade. Passado, presente e futuro conversam

entre si (PAOLI, 1992, p.25).

Por que, então, nos incomodamos tanto com a questão da identidade,

da autenticidade e da originalidade dos patrimônios culturais? A condução à

memória de um passado, assim como a impressão de um novo valor cultural às

formas pretéritas, ainda são a aura que envolve o significado do patrimônio.

Walter Benjamin observara que a autenticidade dos objetos de arte vinculou-se

às técnicas modernas de reprodução. Portanto, o autêntico foi associado ao

original e o inautêntico à cópia ou reprodução – embora esta concepção tenha

se estruturado em um período onde a técnica não permitia a banalização da

reprodução como vemos hoje (BENJAMIN, 1975). Com a modernidade, as

novas formas de arte, como o cinema e a fotografia, desqualificam esta

discussão.

Após uma análise sistemática sobre a Modernidade, o filósofo judeu

alemão retorna à categoria de experiência que assume um papel relevante

quando se analisa a situação da sociedade e da cultura. Benjamin considerava

que o patrimônio histórico e cultural havia se adensado na mesma proporção

em que há um empobrecimento considerável da experiência. Qual o valor do

patrimônio cultural se a experiência não o vincula mais a nós? (1975, p. 11-

15).

Ainda para Walter Benjamin, a pobreza da vivência na Modernidade

consistiu na impossibilidade da elaboração e comunicação da prática coletiva,

visceral. A ausência de uma experimentação autêntica evidencia um modo de

perceber e de sentir próprio da Modernidade. Nesse sentido, a experiência, nos

tempos modernos, foi substituída pela erlebnis (experiência inautêntica) – a

vivência do indivíduo isolado (1975, p. 23-30).

O patrimônio cultural é objeto de disputa econômica, política e simbólica

entre o Estado, o setor privado e a sociedade civil. Afinal de contas,

as contradições no uso do patrimônio têm a forma que assume a

interação entre estes setores em cada período. Conciliar os

diferentes usos e primar pela permanência das populações

locais, observando as possibilidades de sobrevivência

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econômica e de acesso à moradia destas, sem excluir os

visitantes, nem o caráter público dos bens tombados, devem

constituir-se em uma preocupação central do planejamento

turístico (CANCLINI, 1994, p. 100).

Nessa acepção a urbanização, a mercantilização, a indústria cultural e o

turismo não devem ser considerados, necessariamente, inimigos do patrimônio

(Cf. CANCLINI, 1994, p.95). Desde que representem as reais características da

contemporaneidade que, de um modo ou de outro, contextualizam a natureza

da atual valorização do patrimônio cultural. Como nos lembra a historiadora

Françoise Choay (2001, p.207) “a mundialização dos valores e das referências

ocidentais contribuiu para a expansão ecumênica das práticas patrimoniais”, ao

considerar a Assembleia Geral da UNESCO, do ano de 1972, como o marco

inicial desta expansão.

Responsável por especificar o conceito de patrimônio cultural universal

de acordo com o patrimônio histórico, esta Assembleia determinou uma série

de exigências aos países dispostos a considerar os princípios por ela

instituídos, entre esses identificação, proteção, conservação, valorização e

transmissão do patrimônio cultural às futuras gerações (CHOAY, 2001, p.208).

Há uma necessidade da valorização e democratização das diferentes

formas e representações culturais de um espaço, já que um lugar nunca se

estabelece como pertencente somente ao passado. Renzo Piano, arquiteto

italiano e ganhador do Prêmio Pritzker em 1998, colocava em questão a

valorização patrimonial quando diz que

um lugar não pode ser politicamente correto. Ele é sempre, e ao

mesmo tempo, sagrado e profano, igreja e bordel. Devemos

aprender a incorporar estas construções híbridas do nosso

tempo e superar a dicotomia fácil dos conceitos puros:

local/global, natural/artificial, autêntico/inautêntico,

natureza/cultura.

Não obstante, o recente modo de intervir urbanisticamente preocupa-se

em não inibir a modernidade e o desenvolvimento econômico de espaços

urbanos degradados. A revitalização impõe uma nova atitude que diverge dos

métodos invasivos da renovação, assim como aos costumes excessivamente

conservacionistas. Essa postura não alude a sacralização de toda a construção

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antiga, mas pondera os atributos econômicos, culturais e sociais tolerados e

refletidos pelas cidades.

A CIDADE DE VITÓRIA DA CONQUISTA E A IMAGEM DO PATRIMÔNIO

EDIFICADO

O loco espacial para este estudo tomou como marco o município de

Vitória da Conquista, localizado no sudoeste da Bahia e fundado em 1873. A

origem da cidade está relacionada à busca do ouro, à introdução da atividade

pecuária e ao interesse da metrópole portuguesa em criar um aglomerado

urbano entre a região litorânea e o interior do Sertão (Cf. SOUSA, Maria

Aparecida Silva de, 2001). Pode-se considerar que a cidade foi

parte da expansão do ciclo de colonização dos fins do século XVIII.

A cidade de Vitória da Conquista possui traços valiosos da sua memória,

dentre os quais estão o seu acervo arquitetônico. O centro histórico e

geográfico, onde a cidade teve início, possuem casas e monumentos que

evidenciam o valor histórico dessas construções para a memória da cidade.

Essas características podem ser notadas pelas construções que circundam a

atual Praça Tancredo Neves, além da importância trazida pela própria praça.

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Edificações como a Casa Memorial Régis Pacheco, a igreja matriz

Nossa Senhora das Vitórias (1932), a casa do cineasta Glauber Rocha (1938),

são alguns exemplos dentre tantos imóveis que fazem parte do conjunto

patrimonial da cidade.

Portanto, a preservação de edificações históricas, não só na urbe de

Vitória da Conquista, mas em qualquer outro lugar, é demasiada importante

para um contexto de crescimento e desenvolvimento da própria cidade. A

preservação da memória e dos referenciais culturais é uma demanda social tão

importante quanto qualquer outra a ser atendida pelo serviço público.

Esta preservação das edificações é garantida por meios legais. À luz do

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o tombamento é

um ato administrativo realizado pelo Poder Público, nos níveis federal, estadual

ou municipal. Este pode ser feito pela União, através do IPHAN, pelo Governo

Estadual, por meio da Secretaria de Estado da Cultura – CPC, ou pelas

administrações municipais que dispuserem de leis específicas (MINISTÉRIO

DA CULTURA, 2000).

A Lei Municipal nº 707/93 é responsável por instituir normas sobre

tombamento de bens móveis e imóveis situados no território do

município. Segundo dados da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista,

apesar da lei estar em vigor há mais de 20 anos, apenas dois imóveis foram

tombados na cidade. São esses o prédio da antiga Câmara de Vereadores

(1910) e a Casa de Dona Jeny de Oliveira Rosa, conhecida como D. Zaza

(1896) (PMVC, 2016).

FIGURA 01: Praça Tancredo Neves

Foto: Acervo Pessoal

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A Câmara de Vereadores teve seu prédio edificado em 1910, pelo

mestre de obras Luiz Alexandrino de Melo, também conhecido como Luiz

Pedreiro, e já foi residência, hotel, Fórum e Justiça do Trabalho (PMVC, 2016).

A Casa de D. Zaza, por sua vez, é uma edificação construída no ano de

1896 e situada atual Rua Dois de Julho. A residência de Dona Zaza, líder

política e conselheira de importantes personagens da história da cidade, possui

platibanda com tratamento de estilo neoclássico, vãos em arcos plenos, uma

porta quase ao meio que dá entrada ao edifício, seguida à esquerda por seis

janelas de caixilharia em guilhotina que foi substituída pela metade em forma

de veneziana (PMVC, 2016).

Os demais imóveis de propriedade do governo municipal, como a Casa

Henriqueta Prates, Casa Régis Pacheco e o próprio prédio da Prefeitura

Municipal são apenas preservados pela administração, de acordo com dados

governamentais.

FIGURA 03: Casa de Dona Zaza

Foto: Acervo Pessoal

FIGURA 04: Detalhe de Esquadrias

Foto: Acervo Pessoal

FIGURA 02: Câmara de Vereadores

Foto: Acervo Pessoal

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Neste ponto, é importante lembrar o que foi dito ao iniciar este texto: em

cidades relativamente novas, tudo se faz em um tempo tão próximo que não

dispomos de instrumentos oferecidos pelo distanciamento histórico para definir

o que é necessário ser considerado patrimônio histórico e cultural. Entretanto,

não se pode preservar tudo, e já que a cidade é caracterizada por sua

demolição e construção permanentes, o que eleger como um edifício

merecedor de patrimonialização?

Há lugares na cidade que nos dizem coisas e outros não, e procuramos

entender por que nossas lembranças são constantemente ameaçadas por

novas edificações. Para responder a essa questão, destacamos como objeto

de estudo dessa pesquisa uma residência da década de 1920, conhecida como

Solar dos Ferraz, a fim de mostrar que, apesar do seu atual abandono, essa

pode ser integrante do patrimônio edificado da cidade de Vitória da Conquista.

O SOLAR DOS FERRAZ

O termo solar é utilizado para definir uma residência de família

supostamente nobre, que fosse herdada por gerações. A palavra em si, é

derivada do “solo”, por apresentar uma conexão com a terra por laços afetivos

e antigos, que foram conquistados ao longo do tempo pelos primeiros

descendentes (Cf. FERREIRA, 1999). Atualmente esse tipo de edificação é

pouco preservado, apesar de compor importante valor cultural no cenário

histórico de muitos centros urbanos.

As informações preliminares dão conta que João de Oliveira Lopes,

nascido na Bahia, mais precisamente em Aratuipe, na data de 03 de novembro

de 1897, veio a ser uma das figuras mais destacadas na vida comercial, social,

política e religiosa de Vitória da Conquista. Casou-se em 24 de janeiro de 1923

com Ana Ferraz Lopes, de tradicional família conquistense, filha de Virgílio

Ferraz de Oliveira. A união do casal deu origem a edificação.

O Solar dos Ferraz, pertence à engenharia urbana da década de 20 e é

um edifício-símbolo de grande interesse arquitetônico e histórico. Situada na

Praça Virgílio Ferraz, número 110, na vizinhança da Catedral Nossa Senhora

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FIGURA 05: Praça Virgílio Ferraz (Janeiro, 1960) Fonte: Fotos de Vitória da Conquista

FIGURA 06: Solar do Ferraz (Janeiro, 1960) Fonte: Fotos de Vitória da Conquista

das Vitórias, esta edificação representa um protótipo inequívoco da antiga

arquitetura de inspiração portuguesa no Município, com finalidade estritamente

residencial.

Ainda se veem nele aspectos típicos que remetem a meados da década

de 1919, que compõem a ambiência da descida da Rua dos Fonsecas, como

ramificação da Praça Tancredo Neves. Na área, a predominância das

edificações é o estilo eclético, da virada do século XIX para o XX (Cf.

BENEVOLO, 2001)

Não se trata de uma estrutura de concreto, mas de uma casa construída

de tijolos de olaria em um vão livre, situada em uma área territorial de onde se

pode extrair uma concepção histórica dos primeiros solares da cidade,

especialmente construídos pelo mestre Luiz Pedreiro, também construtor de

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outros monumentos arquitetônicos da cidade, tais como: Quartel de Polícia,

atual Prefeitura Municipal; sobrado Maneca Santos, hoje Câmara de

Vereadores; sobrado do Coronel Paulino Fernandes, demolido para construção

do Banco do Brasil; e o casarão do Coronel Gugé, tudo para atender a

aristocracia rural de Vitória da Conquista, que então se expandia por força da

economia advinda da exploração agropastoril.

O Solar traz peculiaridades geométricas nas instalações internas do

imóvel, sobressaindo-se dos demais edifícios da Praça pelo imponente

frontispício vazado em perfil neoclássico, apresentando paredes emolduradas,

em alto relevo, com motivos florais ao lado das quais se encontram janelas

com belas caixilharias e vitrais.

O edifício tem forma arquitetônica retangular com cobertura em três

águas e peitoris laterais. Consta de salas de estar íntima e jantar, quartos

frontais, ocupados por alcovas e camarinhas, banheiros, cozinha, despensa e

um amplo quintal. Todos os cômodos são forrados com tábuas de cedro e

pisos assoalhados de jacarandá.

Segundo a tradição, fazia parte da praxe aristocrática da época primar

pela elegância e estética dos solares edificados, de forma que neles

perpetuassem a cultura burguesa de uma sociedade hermética. O Solar dos

Ferraz, pela solidez de sua construção e pelas suas características

FIGURA 07: Esquadrias Internas

Foto: Acervo Pessoal

FIGURA 08: Detalhe das Pinturas

Foto: Acervo Pessoal

Page 13: HERANÇA CULTURAL E PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO … · significado presente da generalização da cidadania por uma sociedade que evitou ... visitantes, nem o caráter público dos

arquiteturais, representa, em sua integridade física e cultural, o melhor

exemplar da cultura regional.

A PATRIMONIALIZAÇÃO DO OBJETO

O casario da família Ferraz, como se assinalou, é localizado próximo à

Praça Tancredo Neves, para onde se voltam os olhos dos moradores e

FIGURA 09: Cômodo Interno/Sala de Jantar

Foto: Acervo Pessoal

FIGURA 10: Fachada do Solar

Foto: Acervo Pessoal

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usuários do centro da cidade. O geógrafo e arquiteto Kevin Lynch acredita que

nós desenvolvemos quadros mentais para nos deslocarmos pela cidade. Essas

imagens possibilitam a um pedestre, por exemplo, se deslocar pelo centro de

Vitória da Conquista em direção ao Solar dos Ferraz, sem pedir muitas

orientações, porque esse usuário teria um quadro mental referente ao espaço e

ao tempo de deslocamento até as edificações mais antigas, que ficam

próximas a Praça Tancredo Neves. Este mapa intelectual é formado pelo

convívio cotidiano com a cidade, e assim formamos a imagem urbana.

Quando o usuário fica um tempo sem visitar o local, e retorna a ele, a

paisagem pode parecer estranha, mas a lembrança que o indivíduo tem sobre

esse espaço não demora a ser percebida. Ou seja, nossa memória e nosso

quadro mental estão sempre em contato. Neste sentido, é necessário

entendermos que as imagens urbanas são formas de refletir a cidade, e

mesmo que sejam conceitos individuais, referem-se ao todo da cidade e a cada

um que elaborou Vitória da Conquista mentalmente. A existência de uma

cultura urbana é feita pela imagem determinada pelos moradores por meio das

suas lembranças, seus sentidos, impressões e sentimentos vividos nesse

espaço.

Visto assim, a cidade é composta por um conjunto de objetos físicos,

que abrangem edifícios, praças, ruas, viadutos, pontes, lagos, sinais etc, e as

imagens destes objetos podem ser visualizadas por um conjunto de pessoas

ou de forma individual, como já foi apontado. Essa imagética é tão significativa

para quem vive a cidade, que este conjunto de elementos pode ser

patrimonializado. É necessário que a localidade seja lida, que nessa leitura

sejamos capazes de imagina-la, e este conhecimento é aprimorado a medida

em que usufruímos do espaço urbano.

Segundo Gonçalves (1988, p.267) “os chamados patrimônios culturais

podem ser interpretados como coleções de objetos móveis e imóveis, através

dos quais é definida a identidade de pessoas e de coletividades como a nação,

o grupo étnico etc.”, pois o patrimônio transmite fidelidade à simbologia e às

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edificações nacionais, a partir do momento em que se tornam reconhecidos

pelo coletivo.

O Solar dos Ferraz é, dentre tantas outras, um dos elementos da

construção da identidade da cidade de Vitória da Conquista, remete à memória

do passado e conecta-se com as rememorações da época em que foi

construído. Portanto, essa edificação contribui na compreensão de como a

cidade foi construída, como se desenvolveu sua arquitetura e como ela passou

a ser parte do imaginário da população.

Por fim, questiona-se sobre a finalidade desta preservação/conservação

como fomentadora de uma cidadania, procurando observar a existência ou

não, de uma articulação entre a concepção de memória como algo provido de

um sentido social, portanto coletivo, não excludente, norteador de ações que

visam ao desenvolvimento igualitário e de uma tomada de consciência crítica

sobre o passado, além da construção de um patrimônio decorrente dessa

concepção.

A importância do objeto de análise desse artigo é indiscutível e esses

pontos como memória e patrimônio nos remetem ao tempo como sendo um

objeto estranho. Estranho, pois não fixa a imagem do passado, é vivo,

perecível, efêmero, reprodutível. Segundo Daniel Sibony, citado por Françoise

Dubost (1998), novos patrimônios, novos desafios ao pesquisador, novas

formas de compreender a relação do homem com o universo no qual se

encontra.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta desse texto foi, entre outros, questionar a cidade quanto

espaço híbrido, a interação da arquitetura com a população, com foco no

município de Vitória da Conquista, de maneira que possa conceber a

importância do acervo arquitetônico como um dos principais agregados da

cultura e história da urbe, fomentando a conscientização sobre as formas de

difusão, preservação e restauração de bens culturais. Desde que o valor

cultural das referências não é dado somente pelos técnicos especializados,

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mas principalmente pelo testemunho histórico e de concentração de

significados atribuídos pelo grupo social ao bem tombado.

Constatou-se que a urbanização, a mercantilização, a indústria cultural e

o turismo não devem ser considerados, necessariamente, opositores ao

patrimônio, mas sim características deste período, que acabam por

contextualizar e debater a origem da recente valorização destes monumentos

históricos. A ausência de um programa de ideias, capaz de coordenar a

hibridação da cultura, se deve pelo receio da sociedade acerca do

desenraizamento ou homogeneização cultural, que o mundo seria submetido

na propagação do neoliberalismo. Os estudiosos, ou apenas interessados pela

cultura e arte expressados em monumentos físicos, admitem apreciar a

capacidade das técnicas reprodutivas, conscientes que a cultura é, de fato,

uma mistura de aspectos materiais e simbólicos, que definiram suas feições

originais há bastante tempo, deixando de ser exclusivas ou autênticas de um

único grupo social.

Como estudiosos e pesquisadores temos o importante dever de

descobrir as diversas funções de um bem cultural na região, além de

compreender como um “lugar de cumplicidade cultural” (CANCLINI, 1994, p.

96), quando apreciado pelo olhar externo, de outras localidades, provoca

territorialidades segregadas ao lugar em si.

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REFERÊNCIAS

ARANTES, A. A. (Org.). Produzindo o passado: estratégias de construção

do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense, 1984.

ARARIPE, F. M. A. Do patrimônio cultural e seus significados.

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Figura 08: Detalhe das pinturas. Fonte: Acervo pessoal de Ully Flores, 2016.

Figura 09: Cômodo Interno/Sala de Jantar. Fonte: Acervo pessoal de Marina

David, 2016.

Figura 10: Fachada do Solar. Fonte: Acervo pessoal de Ully Flores, 2016.