HERMENÊUTICA BENTES

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  • MINISTMINISTRIO GOELRIO GOEL

    Pr. A. Carlos G. BentesPr. A. Carlos G. BentesDOUTOR EM TEOLOGIADOUTOR EM TEOLOGIA

    PhD em Teologia SistemPhD em Teologia Sistemticatica

    l")oGl")oG

    HERMENUTICA

    A SUA UNO VOS ENSINA A RESPEITO DE TODAS AS COISAS 1 Jo 2.27

    A sabedoria a coisa principal; adquire pois, a sabedoria; sim com tudo o que possuis adquire o conhecimento (Pv 4.7).

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    SUMRIO I. INTRODUO.............................................................................................................................. 3

    II. BREVE HISTRIA DA INTERPRETAO DA BBLIA........................................................ 3

    III. AS REGRAS DE INTERPRETAO:..................................................................................... 11

    IV. HERMENUTICA SAGRADA - ANLISE HISTRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL........ 14

    V. HERMENUTICA SAGRADA - PRINCPIOS TEOLGICOS DE INTERPRETAO ............. 15

    VII. HERMENUTICA SAGRADA - PRINCPIOS TEOLGICOS DE INTERPRETAO ......... 33

    X. PRINCPIOS TEOLGICOS DE INTERPRETAO - TIPOLOGIA........................................... 49

    XI. HERMENUTICA SAGRADA - MILAGRES........................................................................ 68

    XIII. PRINCPIOS GERAIS DE INTERPRETAO - AS PROMESSAS ........................................ 82

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    HERMENUTICA SAGRADA

    I. INTRODUO Toda leitura de um texto exige uma interpretao. No solucionamos as questes simplesmente

    citando um texto da Bblia. Ao l-lo surge, ainda que implicitamente, a pergunta: O que quer dizer este texto lido? Portanto, impe-se uma hermenutica que, em um sentido geral e amplo, a cincia e arte de interpretar. H diversas hermenuticas: literalista, histrico-gramatical, alegrica, existencial, racionalista etc. (Para que serve a teologia? Alberto F. Roldn) Os trs momentos da construo teolgica so:

    O momento positivo, que corresponde escuta da f (Hermenutica); O momento especulativo, que consiste na explicao da f (Teoria); O momento prtico, que busca atualizar ou projetar a f na vida (Prtica) (Clodovis Boff). Entendemos que toda teologia que se preze deve percorrer esses trs momentos: a hermenutica, a teoria e a prtica. (Para que serve a teologia? Alberto F. Roldn). Uma abordagem correta da interpretao bblica a necessidade cruciante nestes ltimos dias. Precisamos de alimento slido... no apenas de migalhas. Precisamos aprender a arte de mastigar...no de ficar somente a sugar mamadeiras. Precisamos abandonar as ondas do sculo 21 e voltarmos s Escrituras Sagradas. Cristianismo costumava ser um toque de trombeta chamando para uma vida santa, pensamento elevado e slido, e estudo da Bblia; agora um tmido e apologtico convite para um suave debate. Cristianismo peculiarmente religio de um s livro. Elimine a Bblia, e voc ter destrudo o meio pelo qual Deus decidiu apresentar Sua revelao ao homem atravs de sucessivas era. Segue-se, pois, que o conhecimento da Bblia o requisito indispensvel para o crescimento na vida crist (Frank E. Gaebelain)

    DEFINIO. Hermenutica. a cincia e a arte da interpretao. cincia porque estabelece regras positivas e invariveis. arte porque suas regras so prticas.

    A palavra hermenutica derivada do termo grego Hermneutik (e(rmhneutikh =) que, por sua vez, se deriva do verbo Hermneu (e(rmhneu/w ). Plato foi o primeiro a empregar como termo tcnico. Diz-se que a palavra hermenutica deve sua origem ao nome de Hermes (e(rmej) o deus grego que servia de mensageiro dos deuses, transmitindo e interpretando suas comunicaes aos seus afortunados ou, desafortunados destinatrios.

    II. BREVE HISTRIA DA INTERPRETAO DA BBLIA1 A igreja primitiva

    Os pais apostlicos no sculo II acompanharam o pensamento dos apstolos. A manifestao de falsos ensinos (em particular o gnosticismo) e os desafios ortodoxia criaram tumulto a interpretao. Para provar a unidade das Escrituras e sua mensagem, estudiosos como Irineu (c. 140-202 d.C.) e Tertuliano (c. 155-225 d.C.) desenvolveram estruturas teolgicas. Essas estruturas serviram como diretrizes de f na igreja.

    1 DOCKERY, David S. Manual Bblico Vida Nova. So Paulo: Vida Nova, 2001, p. 129-131.

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    Aprender a ler a Bblia pelos olhos dos cristos de um tempo e lugar diferentes revela provavelmente o efeito distorcvel de nossas prprias lentes culturais, histricas, lingsticas, filosficas e, sim, at mesmo as teolgicas. Isto no afirmar que os pais no tiveram sua prpria perspectiva distorcida e seus pontos obscuros. Deve-se argumentar, porm, que no chegaremos perspectiva e claridade a respeito de nossas prprias foras e fraquezas, se nos recusarmos a olhar ao longo da histria da Igreja e despojamos-nos, ns mesmos, dos dons do Esprito Santo, quando nos recusamos a nos movermos alm da zona de conforto de nossas prprias idias.2

    Mantendo a nfase cristolgica do primeiro sculo, a regra de f esboava as crenas teolgicas que encontravam seu centro no Senhor encarnado. s vezes, porm, a interpretao das Escrituras por intermdio dessa estrutura teolgica forava o texto bblico a se adaptar a um conjunto preconcebido de convices teolgicas.

    Essa abordagem resultou salvaguarda para a mensagem da igreja, mas reduziu a possibilidade de os intrpretes serem criativos como indivduos. Ela tambm tendia a divorciar o texto bblico de seu contexto literrio ou histrico.

    A interpretao bblica alcanou novos nveis com o surgimento da escola de Alexandria no sculo III, com o desenvolvimento da interpretao alegrica. A inovao da interpretao alegrica desenvolveu-se nesse contexto. A interpretao alegrica pressupe que a Bblia diz mais do que indicam suas palavras textuais. Os dois grandes representantes da escola de Alexandria foram Clemente (150-215 d.C.) Orgenes (185-254 d. C.).

    O sentido literal, porm, no era mensagem principal da Bblia para os alexandrinos. Orgenes, em particular, considerava absurdo que a Bblia, inspirada por Deus, no pudesse ser interpretada de maneira espiritual.

    Dessa suposio, seguiu-se a abordagem hermenutica trplice de Orgenes. Ele sustentava que a Bblia possua trs sentidos diferentes, mas complementares: (1) um sentido literal ou fsico, (2) um sentido alegrico ou espiritual e (3) um sentido antropolgico ou moral. Mas por vezes os alexandrinos desconsideravam o sentido literal e encontravam numerosas mensagens espirituais numa nica passagem, criando assim toda uma escala de interpretaes alegricas.3 A interpretao alexandrina era basicamente prtica. A obra desses intrpretes alegricos compreendida apenas quando se percebe isso.

    Os sucessores de Orgenes foram questionados pela escola de Antioquia, que dava nfase interpretao literal e histrica. Entre os mais destacados intrpretes da escola de Antioquia estavam Joo Crisstomo (347-407 d.C.) e Teodoro de mopsustia (c. 350-428 d.C.). Eles entendiam a inspirao bblica como uma ativao momentnea da percepo e compreenso dos autores, em que a atividade intelectual permanecia sob controle em nvel consciente. 4 Os intrpretes de Antioquia concentravam-se nos alvos e nas motivaes dos escritores bblicos, no uso que faziam das palavras e em seus mtodos. Eles acreditavam que o sentido literal e histrico da Bblia era primordial e as aplicaes morais eram dele extrados.

    A exegese madura de Teodoro e Crisstomo, ainda que literal, no era um literalismo cru nem rgido que no reconhecia figuras de linguagem no texto bblico. Dando continuidade aos costumes anteriores de Jesus e da igreja primitiva, os mestres de Antioquia liam as Escrituras de maneira cristolgica, pela aplicao da interpretao tipolgica.

    Quando a igreja entrou no sculo V, desenvolveu-se uma abordagem ecltica e multifacetada de interpretao5, que s vezes destacava o literal e histrico, e s vezes, o alegrico, mas sempre o teolgico. Agostinho (354-430 d.C.) e Jernimo (c. 341-420 d.C.) definiram os rumos desse perodo. O texto bblico era interpretado em seu contexto mais amplo, compreendido como o cnon da Bblia.

    2 HALL, Christopher A. Lendo As Escrituras Com Os Pais da Igreja. Viosa-MG: Ultimato. 2003, p. 39.

    3 BERKHOF, Louis. Princpios de interpretao bblica. So Paulo: Cultura crist. 2004, p. 76.

    4 BLANKENBAKER, Frances. Quero entender a bblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.98.

    5 PESTANA, lvaro Csar. Do texto parfrase. So Paulo: Editora Vida crist. 1992, p.126.

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    O cnon estabelecia parmetros para validar tanto a interpretao tipolgica como alegrica, de modo que o significado histrico permanecesse bsico, ainda que o sentido espiritual mais profundo no fosse desconsiderado. No predominavam nem as prticas alegricas de Alexandria, nem as nfases histricas de Antioquia. Emergiu um equilbrio influenciado por interesses pastorais e teolgicos. A Bblia era vista da perspectiva da f, produzindo interpretaes que davam nfase edificao da igreja, ao amor ao prximo e, principalmente, ao conhecimento de Deus e amor por ele.

    Ser proveitoso identificar as metodologias da igreja primitiva com os seguintes modelos ou pontos de apoio:

    a) O modelo pietista ou funcional, dos pais apostlicos; b) O modelo dogmtico ou autorizado, dos apologistas; c) O modelo alegrico ou orientado para o leitor, dos alexandrinos; d) O modelo histrico-literal ou orientado para o autor, dos antioquenos e e) O modelo cannico ou orientado para o texto, de Agostinho e Teodoreto. 6

    A Idade Mdia e a Reforma

    Da poca de Agostinho, a igreja, seguindo a liderana de Joo Cassiano (que morreu em cerca de 433), abraou a teoria do sentido qudruplo das Escrituras:

    1) O sentido literal era o que podia nutrir as virtudes da f, esperana e amor. Quando no o fazia, o intrprete podia apelar s trs virtudes complementares, em que cada sentido equivalia a uma das virtudes.

    2) O sentido alegrico referia-se igreja e sua f, quilo em que ela devia crer. 3) O sentido tropolgico7 ou moral referia-se aos indivduos e ao que eles deviam fazer,

    correspondendo ao amor. 4) O sentido anaggico 8 indicava a expectativa da igreja, correspondendo esperana. Por

    exemplo, a cidade de Jerusalm, em todas as referncias na Bblia, era compreendida literalmente como uma cidade judaica, alegoricamente como a igreja de Jesus Cristo, antropologicamente como as almas de homens e mulheres e anagogicamente como a cidade celestial. O sentido qudruplo caracterizou a interpretao na Idade Mdia.

    Martinho Lutero (1483-1546), o grande reformador, comeou empregando o mtodo alegrico, as depois afirmou t-lo abandonado.

    Martinho Lutero (1483-1546), o grande reformador, comeou empregando o mtodo alegrico, mas depois afirmou t-lo abandonado.

    Foi Erasmo (1466-1536), mais que Lutero, quem redescobriu a primazia do sentido literal. Joo Calvino (1509-1564), o maior intrprete da Reforma, desenvolveu a nfase no mtodo

    histrico-gramatical como base para o desenvolvimento da mensagem espiritual a partir da Bblia. A nfase de Lutero num sentido mais pleno localizado no significado cristolgico das Escrituras ligava os reformadores a Jesus, aos apstolos e igreja primitiva.

    Geralmente se acredita que os sucessores dos reformadores encolheram a liberdade de interpretao empregada por Lutero e Calvino. Apesar de ser uma declarao genrico e super-simplificada, verdade que eles conduziram sua exposio da Bblia ao longo de novas fronteiras teolgicas. Essa nova forma resultou numa interpretao autorizada e dogmatizada. Quase simultaneamente, o pensamento iluminista comeou a se desenvolver.

    6 DOCKERY, David S. Hermenutica contempornea luz da igreja primitiva. SP: Vida, 2005, p. 153.

    7 Tropologia. [Do gr. tropologa, linguagem figurada.] Substantivo feminino. 1.Uso de linguagem figurada. 2.Tratado

    acerca dos tropos. 8 Anagogia. [Do gr. anagog, ao de fazer subir, + -ia1.] Substantivo feminino. 1.Elevao da alma na contemplao das

    coisas divinas; xtase, arrebatamento, enlevo. 2.Interpretao das Sagradas Escrituras, ou de outras obras, como as de Virglio, Dante, etc., que permite passar do sentido literal ao sentido mstico.

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    Esse movimento rejeitava as abordagens autorizadas e dogmticas, resultando em duas reaes: (a) um novo pietismo associado a Philipp Jakob Spener (1635-1705) e August Herman Franke (1663-1727) e (b) um mtodo histrico-crtico que destacava a importncia da interpretao teolgica da Bblia.

    Inicialmente, tambm Lutero ainda se encontrava no mbito da tradicional doutrina eclesistica do sentido qudruplo da Escritura e estava convencido da legitimidade e necessidade da alegorese. Seu rpido abandono do mtodo escolstico, bem como sua compreenso totalmente nova da tarefa da teologia e da essncia da Igreja como comunidade que vive da palavra anunciada, no resultaram apenas na nfase cada vez maior no sentido literal (sensus literalis). Lutero continuou a usar amplamente o mtodo alegrico. Sua reforma, porm, trouxe mais do que uma modificao do mtodo exegtico. Ela deu incio libertao da Escritura do cativeiro babilnico da Igreja sob o predomnio da doutrina eclesistica, magistrio, tradio e harmonizao alegrica. Tambm a reao da ortodoxia posterior bem como de toda neo-ortodoxia somente conseguiu frear ou encobrir essa tendncia, mas jamais conseguiu det-la. Se a Escritura norma normativa, ento a interpretao se torna a principal tarefa teolgica.9

    A era atual tem geralmente se mantido em uma das trs direes; a abordagem reformada, a pietista ou histrico-crtico.

    A era atual

    A era atual testemunhou o surgimento e o desenvolvimento de vrias abordagens crticas das Escrituras. A interpretao existencial tem sido amplamente cultivada no sculo XX, principalmente sob a influncia de Rudolf Karl Bultmann (1884-1976). Essa abordagem declarava que os intrpretes deviam projetar-se na experincia do autor para reviv-la.

    A Nova Hermenutica desenvolveu-se da abordagem existencial. Eles consideravam a interpretao como a criao de um evento lingstico em que a linguagem autntica da Bblia confronta leitores contemporneos, desafiando-os deciso e f.

    Foi Deus quem nos deu a capacidade de raciocinar e de analisar logicamente as coisas. Entretanto, o racionalismo esqueceu-se de que a razo do homem est corrompida pelo pecado. A simples anlise racional no pode trazer o verdadeiro conhecimento de Deus ao homem. O homem natural no entende as coisas do Esprito de Deus (1 Co 2.14). somente com a assistncia do Esprito, trazendo cativo todo pensamento obedincia de Cristo (2 Co 10.5), que podemos apropriadamente entender as coisas de Deus. A exegese racionalista predominou por muitos anos a Igreja. Mas seu predomnio comeou a ser quebrado quando dos prprios intrpretes racionalistas perceberam as limitaes do mtodo histrico-crtico. A, entramos no perodo chamado de ps-moderno. Essa fase da histria da interpretao crist das Escrituras nos ensina muitas lies preciosas. Desejamos destacar apenas uma, que consideramos muito importante. Os intrpretes racionalistas tentaram interpretar a Bblia deixando de lado o pressuposto da sua inspirao e divindade, defendendo uma abordagem neutra. Insistiram que o mtodo histrico-crtico era cientfico. Entretanto, a Histria demonstrou que no houve essa neutralidade e que o mtodo no era to cientfico assim. Os pesquisadores se aproximavam da Bblia j com o pressuposto de que o sobrenatural no invade a Histria e, portanto, j descartando a priori os relatos miraculosos da Bblia. Tiraram o pressuposto da f e adotaram o da incredulidade. Em termos prticos, nenhum de ns pode ler a Bblia sem a influncia do que cremos. A prpria Bblia exige de ns que creiamos nela para podermos chegar ao conhecimento de Deus. O importante que tenhamos os pressupostos corretos em

    9 GUNNEWEG, Antonius H. Hermenutica do AT. So Leopoldo-RS: Sinodal, 2003, p. 46.

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    nossa leitura. E esses pressupostos so aqueles exigidos pela prpria Palavra de Deus: que reconheamos seu carter divino e humildemente creiamos no que ela nos afirma.10

    Alm da hermenutica existencial, entre os interesses recentes esto as abordagens lingstica, literria, estruturalista e sociolgica.

    Essas abordagens tendem a destacar o contexto histrico de um texto e a vida em seu ambiente original. So mais frutferas as abordagens hermenuticas da histria da interpretao e da hermenutica cannica.

    A primeira v o texto bblico pela tica da atividade salvadora de Deus e encontra-se no auge em Cristo.

    A Segunda interpreta o texto bblico de acordo com o cnon bblico com um todo. Observe o quadro abaixo. Ele apresenta os trs elementos constitutivos do processo de

    interpretao: o autor, o texto que ele produziu, e o leitor. No perodo da Reforma, o autor era o foco da hermenutica, que julgava encontrar na sua inteno a chave para a compreenso do texto.

    No perodo moderno, o foco deslocou-se para o texto, sua formao e sua histria, que seriam descobertos pelos mtodos crticos.

    Na ps modernidade, o foco move-se para o leitor, rejeitando-se a inteno autoral e o processo de formao do texto. O sentido encontra-se, agora, na interao do leitor com o texto.

    O Deslocamento do Sentido 11

    A hermenutica cannica deve estar atenta para no reduzir as nfases distintas dentro do cnon em favor de harmonizaes superficiais.

    H QUATRO PARTES BSICAS NO ESTUDO CORRETO DA BBLIA: 1. OBSERVAO. Que responde pergunta: Que vejo?. Aqui o estudante da Bblia aborda o texto

    como um detetive. Nenhum pormenor sem importncia; nenhuma pedra fica sem ser virada. Cada observao cuidadosamente arrolada para considerao e comparao posteriores.

    2. INTERPRETAO. Que responde pergunta: Que significa? Aqui o intrprete bombardeia o texto com perguntas como: Que significam estes pormenores para as pessoas s quais foram dados? [Por que o texto diz isto?] Qual a principal idia que ele est procurando comunicar?.

    3. CORRELAO. Que responde pergunta: Como isto se relaciona com o restante daquilo que a Bblia diz? O estudante da Bblia deve fazer mais do que examinar somente passagens individuais. Deve coordenar o seu estudo com tudo mais que a Bblia diz sobre o assunto. A precisa compreenso da Bblia leva em conta tudo que a Bblia diz sobre aquele assunto.

    4. APLICAO. Que responde pergunta: Que significa para mim? Esta a meta dos outros trs passos. Um especialista nessa rea disse-o sucintamente: Observao e interpretao sem aplicao aborto.

    10 LOPES, Augusto Nicodemos. A bblia e seus interpretes. SP: Editora cultura crist, 2004, p. 195.

    11 Ibid. p. 201.

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    A Bblia Deus falando. Sua Palavra exige resposta. Essa resposta tem de ser nada menos do que obedincia vontade de Deus revelada.

    A HERMENUTICA SUBDIVIDE-SE EM: a) Hermenutica Geral; b) Hermenutica Especial. A Hermenutica Geral se aplica interpretao de qualquer obra escrita. Henry A. Virkler, no

    seu livro: Hermenutica Princpios e Processos de Interpretao Bblica Ed. Vida, afirma: Hermenutica Geral o estudo das regras que regem a interpretao do texto bblico inteiro. Inclui os tpicos das anlises histrico-cultural, lxico-sinttica, contextual, e teolgico.

    A Hermenutica Especial se aplica a determinado tipos de produo literria, tais como, lei, histria, profecia, poesia. A definio de Virkler diz: Hermenutica Especial o estudo das regras que se aplicam a gneros especficos, como parbolas, alegorias, tipos e profecia.

    A HERMENUTICA SE RELACIONA COM OUTRAS CINCIAS: A Hermenutica se relaciona com o estudo do cnon, da crtica textual, da crtica histrica, da exegese, e da teologia bblica bem como da teologia sistemtica. 1. Estudo do Cnon o processo histrico mediante o qual certos livros entraram para o Cnon e

    outros no. A palavra cnon o aportuguesamento do vocbulo grego kanw/n (cana, rgua) (Gl 6.16; Fp 3.16; 2Co 10.13,15,16), que talvez seja derivada do hebraico (henfq) KANEH, significando uma vara de medir ou uma rgua (Ez 40.3). Usado, porm, para classificao ou seleo dos livros sagrados quer do Novo quer do Velho Testamento, ele tem os seguintes significados: a) Uma linha reta; b) Uma medida exata; c) Uma regra tica; d) Um prumo; e) Um limite que no se pode ultrapassar.

    2. A Crtica Textual a tentativa de averiguar o fraseado de um texto. Tal crtica necessria porque no possumos os originais dos manuscritos; temos apenas muitas cpias dos originais, e essas variam entre si. Sua tarefa consiste em determinar com a maior exatido possvel o texto grego (ou hebraico) que dever servir de base para a traduo e pesquisa posteriores.

    3. Crtica Histrica. Os eruditos deste campo estudam a autoria de um livro, a data de sua composio, as circunstncias histricas que cercam sua composio, a autenticidade de seu contedo, e sua unidade literria.

    4. Exegese. Somente aps um estudo da canonicidade, da crtica textual e da crtica histrica que o estudioso est preparado para fazer exegese. Exegese (e)ch/ghsij) a aplicao dos princpios da hermenutica para chegar-se a um entendimento correto do texto.

    Seguindo a exegese esto os campos gmeos da Teologia Bblica e da Teologia Sistemtica.

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    5. Teologia Bblica o estudo da revelao divina no Antigo e no Novo Testamentos. 6. Teologia Sistemtica o estudo organizado e lgico dos dados bblicos. L. S. Chafer define a

    Teologia Sistemtica como a coleo cientificamente arrumada, exibida e defendida de todos os fatos de toda e qualquer fonte referentes a Deus e s Suas obras. A Teologia Sistemtica tenta reunir toda a informao sobre determinado tpico de sorte que possamos entender a totalidade da revelao de Deus dada a ns sobre esse tpico.

    O diagrama abaixo resume a discusso anterior e mostra o papel decisivo e central que a hermenutica desempenha no desenvolvimento de uma teologia adequada.

    A IMPORTNCIA DA HERMENUTICA A importncia do assunto dificilmente pode ser exagerada, pois a hermenutica a base terica da

    exegese, que por sua vez, o alicerce tanto da Teologia (quer bblica, quer sistemtica) como da pregao.

    O diagrama abaixo ilustra estas relaes: Hermenutica Exegese Teologia Bblica Teologia Sistemtica Pregao

    Parece que, atualmente, pelo menos no Brasil, estas disciplinas tm sido relegadas por alguns segmentos evanglicos a segundo plano. Exegese, doutrina e pregao tm sido substitudas por coisas mais prticas (tais como ao social, o engajamento poltico, administrao eclesistica, etc. Quando se nega a importncia da exegese, da doutrina e da pregao, na teoria, nega-se na prtica. Convm observar, entretanto, que o apstolo Paulo exorta Timteo a cuidar de si mesmo e da doutrina, de modo que possa ser ele mesmo salvo bem como os seus ouvintes (1Tm 4.16). Ele admoesta a apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que no tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade (2Tm 2.15). E afirma que devem ser considerados merecedores de dobrados honorrios os presbteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na Palavra e no ensino (1Tm 5.17). No se pode esquecer de que aprouve a Deus salvar aos que crem, pela loucura da pregao (1Co 1.21); e de que a f vem pela pregao e a pregao pela Palavra de Cristo (Rm 10.17). A importncia da doutrina vista especialmente nas cartas do apstolo Paulo e no tratamento que faz da questo da justificao pela f na carta aos Glatas. Nem a Igreja de Corinto, com todos os

    ESTUDO DO CNON

    CRTICA TEXTUAL

    CRTICA HISTRICA

    HERMENUTICA EXEGESE

    TEOLOGIA BBLICA

    TEOLOGIA SISTEMTICA

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    seus problemas morais, foi to duramente tratada pelo apstolo quanto as igrejas da Galcia, em funo do seu desvio doutrinrio.

    A verdade de Deus expressa em sua Palavra o instrumento empregado pelo Esprito Santo para salvar e santificar. So as sagradas letras que podem tornar-te sbio para a salvao pela f em Cristo Jesus, e fazer com que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2 Tm 3.15,17). A est a importncia da hermenutica: ela a base terica da exegese, que por sua vez o fundamento da teologia e da pregao, das quais depende a sade espiritual da Igreja, e da nossa prpria vida. Uma hermenutica deformada fatalmente resultar em exegese deformada, produzir teologia e pregao deformadas, e se manifestar tragicamente em igrejas e vidas deformadas.

    A NECESSIDADE DA HERMENUTICA A Hermenutica , em essncia, uma codificao dos processos que normalmente empregamos

    em um nvel consciente para entender o significado de uma comunicao. Quantos mais bloqueios compreenso espontnea, tanto maior a necessidade da hermenutica.

    H diversos bloqueios a uma compreenso espontnea do significado primitivo da mensagem: 1. H um abismo histrico no fato de nos encontrarmos largamente separados no tempo, tanto dos

    escritores quanto dos primitivos leitores; 2. H um abismo cultural resultante de significativas diferenas entre a cultura dos antigos

    hebreus e a nossa; 3. H um terceiro bloqueio compreenso espontnea da mensagem bblica que a diferena

    lingstica. A Bblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego trs lnguas que possuem estruturas e expresses idiomticas muito diferentes da nossa lngua.

    4. Um quarto bloqueio significativo a lacuna filosfica. Opinies acerca da vida, das circunstncias, da natureza do Universo diferem entre as vrias culturas. Para transmitir validamente uma mensagem de uma cultura para outra, o tradutor ou leitor deve estar ciente tanto das similaridades como dos contrastes das cosmovises.

    Portanto, a Hermenutica necessria por causa das lacunas histricas, culturais, lingsticas e filosficas que obstruem a compreenso espontnea e exata da Palavra de Deus.

  • 11

    III. AS REGRAS DE INTERPRETAO: 1. Regra um: A Bblia a autoridade suprema em questes de religio, f e doutrina. 2. Regra dois: A Bblia a melhor intrprete de si mesma. 3. Regra trs: A f salvadora e o Esprito Santo so imprescindveis para a compreenso e

    interpretao da Bblia. 4. Regra quatro: Deve-se interpretar a experincia pessoal luz das Escrituras e

    no as Escrituras luz da experincia pessoal. 5. Regra cinco: O propsito principal das Escrituras mudar nossas vidas e no multiplicar

    nossos conhecimentos. 6. Regra seis: Os exemplos bblicos s tm autoridade prtica quando amparados por uma

    ordem que os faa mandamento universal. 7. Regra sete: Todo cristo tem o direito e a responsabilidade de interpretar as Escrituras

    segundo princpios universais aceitos pela ortodoxia bblica. 8. Regra oito: Apesar da importncia da histria da Igreja, ela no chega a ser decisiva na fiel

    interpretao das Escrituras.

    AS REGRAS DE INTERPRETAO SE DIVIDEM EM QUATRO CATEGORIAS:

    a) Princpios Gerais de Interpretao. So os que tratam da matria global da interpretao. So universais em sua natureza, no se limitando a consideraes especficas, includas estas nas outras trs sees.

    b) Princpios Gramaticais de Interpretao. So os que tratam do texto propriamente dito. Estabelecem as regras bsicas para o entendimento das palavras e sentenas da passagem em estudo.

    c) Princpios Histricos de Interpretao. So os que tratam do substrato ou contexto em que os livros da Bblia foram escritos. As situaes polticas, econmicas e culturais so importantes na considerao do aspecto histrico do seu estudo da Palavra de Deus.

    d) Princpios Teolgicos de Interpretao. So os que tratam da formao da doutrina crist. So, por necessidade, regras amplas, pois a doutrina tem de levar em considerao tudo que a Bblia diz sobre dado assunto. Embora tendam a ser regras um tanto complicadas, nem por isso so menos importantes, pois desempenham papel de profunda relevncia na obra de dar forma quele corpo de crenas a que voc chama suas convices.

    PRIMEIRA REGRA DE HERMENUTICA (At 8.26-35; Is 53.7,8)

    Scritura sacra sui ipsius interpres.

    A Bblia interpreta a si mesma

  • 12

    O primeiro intrprete da Bblia foi o Diabo (Gn 2.16,17; 3.1-5). Satans no negou as palavras ditas pelo Senhor, mas torceu-as, dando-lhes um sentido que no tinham. Esse tipo de erro d-se por omisso e por acrscimo.

    Omisso citar s parte que lhe convm e deixar de lado o restante. H dois tipos de morte na Bblia, fsica e espiritual. Morte fsica separar-se a alma do corpo. Morte espiritual separar-se a alma de Deus. Quando Deus disse a Ado: Certamente morrers (Gn 2.17), estava se referindo morte fsica e morte espiritual. Quando a serpente disse a Eva: certo que no morrereis (Gn 3.4), estava omitindo de propsito o fato da morte espiritual.

    Acrscimo dizer mais do que a Bblia diz. Em sua conversa com Satans, Eva cita o que Deus falou a seu marido. Mas acrescenta Palavra de Deus a frase: Nem tocarei nele (Gn 3.3). Voc pode torcer a Escritura fazendo-a dizer mais do que de fato diz. Geralmente o motivo o desejo de tornar irracional a ordem de Deus e assim indigna de ser obedecida.

    BBLIA INTERPRETA A SI MESMA. COMO? 1. Mediante a lei do contexto:

    1.1. Precedente; 1.2. Subseqente.

    2. Mediante os textos paralelos; 3. Mediante o ensino geral do livro e de seu autor; 4. Mediante o ensino geral da prpria Bblia.

    A BBLIA CRISTOCNTRICA (Jo 5.39; Lc 24.27,44). 1. Esprito Santo o melhor intrprete (Jo 14.26; 16.13; 1Co 2.6-13; 2Pe 1.20,21) 2. A Bblia a Palavra de Deus (a questo da inerrncia Berkhof Pg. 43; Virkler Pg.21).

    R. C. Sproul sugeriu que se pode apresentar um princpio lgico mais rigoroso em favor da infalibilidade bblica. Damos a seguir uma adaptao do raciocnio de Sproul:

    Premissa A: A Bblia um documento basicamente confivel e digno de confiana; Premissa B: base deste documento confivel temos prova suficiente para crer

    confiantemente que (1) Jesus Cristo reivindicou ser Filho de Deus (Jo 1.14,29,36,41,49; 4.42; 20.28) e (2) que ele forneceu prova suficiente para fundamentar essa reivindicao (Jo 2.1-14; 4.46-54; 5.1-18; 6.5-13,16-21; 9.1-7; 11.1-45; 20.30,31);

    Premissa C: Jesus Cristo, sendo o Filho de Deus, uma autoridade inteiramente digna de confiana (i.e.; infalvel);

    Premissa D: Jesus Cristo ensina que a Bblia a prpria Palavra de Deus; Premissa E: A Palavra de Deus completamente digna de confiana porque Deus

    perfeitamente digno de confiana; Concluso: base da autoridade de Jesus Cristo, a Igreja cr que a Bblia deve ser

    totalmente digna de confiana.

    CONDIES INDISPENSVEIS AO ENTENDIMENTO DA BBLIA:

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    1. Ser convertido a Jesus Cristo: Is 55.7; Jr 18.11; Ez 33.11; Mt 18.3; 1Pe 2.25; 2. Ser espiritual: 1Co 2.14-16; 1Rs 3.9; Mt 16.3; Lc 12.56; Hb 5.14; 3. Fazer do Esprito Santo o Mestre por excelncia: Jo 14.17,26; 15.26; Gl 5.16; 4. Estudar com diligncia a Palavra de Deus: Dt 6.17; Pv 13.4; 1Tm 4.14,15; 5. Ser humilde e despido de preconceito: Tg 1.5; Sl 119.18,19; J 22.29; Tg 4.6; 6. Ser um homem de orao e no apenas um terico: 1Rs 9.3; 2Rs 19.4; Rm 12.12;

    A CAUSA DA EXISTNCIA E PROLIFERAO DAS SEITAS : 1. A ignorncia da hermenutica; 2. Desprezo de suas regras lgicas; 3. Ausncia de espiritualidade, humildade, sinceridade e bom senso, que expe ao perigo

    constante de Pv 30.6; Ap 22.18.

    1 Teste prtico: Jz 11.29-40. Jeft sacrificou ou no a sua filha? A ignorncia da lei por parte de Jeft era muito grande, tendo-se em vista passagens como Lv 18.21; 20.2-5; Dt 12.31;18.10. Se de fato ofereceu sua filha em holocausto (oferta queimada), como sentido literal do texto indica, pode-se afirmar, com certeza, que no agradou a Deus. O sacrifcio humano, que se encontra em passagens como 2Rs 3.27; 16.3,17; 2Cr 33.6; Jr 7.31; 32.35, revela que tal costume pago no era desconhecido entre os hebreus. Louvamos o zelo de Jeft; condenamos seu voto temerrio. Desde a Idade Mdia, h intrprete que argumentam que Jeft jamais teria sacrificado sua filha nica, mas que somente a consagrara virgindade perptua. As frases e so as mais preferidas em prol dessa opinio.

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    IV. HERMENUTICA SAGRADA - ANLISE HISTRICO-CULTURAL E CONTEXTUAL

    INTRODUO: Mt 12.3-6; 19.3-6. Os fariseus faziam descaso das leis hermenuticas e tornavam a lei antiptica ao povo:

    1. Rigorismo sabtico: Ex 20.8-11; Mt 12.3-5; 2. Desleixo divorcista: Dt 24.1; Mt 19.3-6; 3. O exemplo de Cristo: Lc 24.7

    REGRAS FUNDAMENTAIS (Leia: Hermenutica Pg. 28-43 E. Lund e P. C. Nelson) 1. Nunca se deve interpretar um termo ou texto isoladamente, interprete escritura com

    escritura; 2. Nunca se deve basear doutrina em um verso isolado, interprete luz da Bblia; 3. Toda dvida ou incerteza sobre o sentido de uma palavra ou texto deve ser submetido

    ao consenso geral da Bblia; 4. A nica exceo a estas regras diz respeito interpretao dos provrbios.

    AUXLIOS APLICAO DESSAS REGRAS: 1. O contexto; 2. O vocabulrio do escritor; 3. O vocabulrio bblico; 4. O paralelismo; 5. O propsito do escritor.

    O VALOR PRTICO DESSAS REGRAS: 1. Contexto: No h Deus (Sl 14.1) verdade tal afirmativa?

    Estamos mortos para a lei. Rm 7.1-7; Ex 20.17. NOTA: Ao interpretar-se o contexto imediato anterior e posterior no for suficiente para

    aclarar o sentido, busque o contexto remoto! Interpretar desprezando o contexto forar o texto a dizer o contrrio do que diz. Como repete o Pr. Silas Malafaia:

    O texto fora do contexto um pretexto para a heresia. 2. O vocabulrio do escritor:

    Mandamento: 1Jo 3.23; Jo 6.29; 13.34; 15.12; 1Jo 2.4 3. O vocabulrio geral da Bblia:

    Justificao: Rm 4.1-5; 4.18-23.

    NOTA: s vezes o interprete tem que recorrer a toda Bblia para aplicao desta regra. Teste Prtico: H contradio na Bblia? Is 55.8,9; 1Co 2.16. Leia: Hermenutica: Princpios e Processos de Interpretao Bblica Pg. 57-70 (Henry A. Virkler).

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    V. HERMENUTICA SAGRADA - PRINCPIOS TEOLGICOS DE INTERPRETAO

    PARALELISMO: 1. Verbais: A mesma palavra em diferentes textos: GRAA (Jo 1.16,17; Tt 2.11; Rm 5.15; 1Co

    1.4; Ef 2.5,8) (ver o livro Hermenutica de P.C. Nelson Pg. 51-57); 2. Reais: Textos diversos tratando do mesmo assunto: Mt 26.36-46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46;

    Jo 18.1-11 (ver o livro Hermenutica de P.C. Nelson Pg. 58-61). 3. Doutrinrios: Inclui estudos tpicos sobre as grandes doutrinas da Bblia, tais como os

    atributos de Deus, a natureza do homem, a redeno, a justificao, e a santificao. Neste tipo de estudo voc rene todas as peas de informao e extrai uma concluso. O estudo indutivo da Bblia importante no desenvolvimento das suas convices. Estudando as partes voc pode captar um retrato cada vez mais claro do todo.

    Regra 1: necessrio consultar as passagens paralelas Regra 2: Uma doutrina no pode ser considerada bblica, a no ser que resuma e inclua tudo o que a Escritura diz sobre ela. Regra 3: Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bblia so contraditrias, aceite ambas como escritursticas, crendo confiantemente que elas se explicaro dentro de uma unidade mais elevada. (Exemplos: A Trindade, A Dual natureza de Cristo, A Origem e Existncia do Mal, A Soberana Eleio de Deus e a Responsabilidade do Homem. (Leia: Princpios de Interpretao da Bblia Pg. 67,68. Walter A. Henrichsen) Regra 4: A histria da Igreja importante, mas no decisiva na interpretao das Escrituras.

    necessrio consultar as passagens paralelas, explicando cousas espirituais pelas espirituais (1 Co 2.13, original). 12

    l. Com passagens paralelas entendemos aqui as que fazem referncia uma outra, que tenham entre si alguma relao, ou tratem de um modo ou outro de um mesmo assunto.

    2. No s preciso apelar para tais paralelos a fim de aclarar determinadas passagens obscuras, mas ao tratar-se de adquirir conhecimentos bblicos exatos quanto a doutrinas e prticas crists. Porque, como j dissemos, uma doutrina que pretende ser bblica, no pode ser considerada no todo como tal, sem resumir e expressar com fidelidade tudo o que estabelece e excetua a Bblia em suas diferentes partes em relao ao particular. Se sempre se houvesse tido isto presente, no se propagariam hoje tantos erros com a pretenso de serem doutrinas bblicas.

    3. Neste estudo importante convm observar que h paralelos de palavras paralelos de idias e paralelos de ensinos gerais.

    12E. LUND / P. C. NELSON. REGRAS DE INTERPRETACO DAS SAGRADAS ESCRITURAS. EDITORA VIDA, 1968, p. 51-61.

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    1. Paralelos de palavras

    Quanto a estes paralelos, quando o conjunto da frase ou o contexto no bastam para explicar uma palavra duvidosa, procura-se s vezes adquirir seu verdadeiro significado consultando outros textos em que ela ocorre; e outras vezes, tratando-se de nomes prprios, apela-se para o mesmo procedimento a fim de fazer ressaltar fatos e verdades que de outro modo perderiam sua importncia e significado.

    Exemplos: 1 - Em Gl 6.17, diz Paulo: Trago no corpo as marcas de Jesus. Que eram essas marcas? Nem o conjunto da frase, nem o contexto no-lo explica. Iremos, pois, s passagens paralelas. Em 2 Co 4.10, encontramos em primeiro lugar, que Paulo usa a expresso levando sempre no corpo o morrer de Jesus, falando da cruel perseguio que continuamente Cristo padecia, o que nos indica que essas marcas se relacionam com a perseguio que sofria. Porm ainda mais luz alcanamos mediante 2 Co 11.23,25, onde o apstolo afirma que foi aoitado cinco vezes (com golpes de couro) e trs vezes com varas; suplcios to cruis que, se no deixavam o paciente morto, causavam marcas no corpo que duravam por toda a vida. Consultando, assim, os paralelos, aprendemos que as marcas que Paulo trazia no corpo no eram chagas ou sinais da cruz milagrosa ou artificialmente produzidas, como alguns pretendem, porm marcas ou sinais dos suplcios sofridos pelo Evangelho de Cristo.

    2 - Na carta aos Glatas 3:27, diz o apstolo dos batizados: de Cristo vos revestistes. Em que consiste estar revestido de Cristo? Pelas passagens paralelas em Rom. 13:13,14 e Col. 3:12,14, tudo se esclarece. O estar revestido de Cristo, por um lado consiste em ter deixado as prticas carnais, como a luxria, dissolues, contendas e cimes; e por outro em haver adotado como vestido decoroso, a prtica de uma vida nova, como a misericrdia, benignidade, humildade, mansido, tolerncia e sobretudo o amor cujos atos os cristos primitivos simbolizavam no seu batismo, deixando-se sepultar e levantar em sinal de haverem morrido para essas prticas mundanas e de haverem ressuscitado em novidade de vida, com suas correspondentes prticas novas. Assim que, consultando os paralelos, aprendemos que o estar revestido de Cristo no consiste em haver adotado tal ou qual tnica ou vestido sagrado, mas em adornos espirituais ou morais prprios do Cristianismo simples, santo e puro (1 Pedro 3:3-6).

    3 - Segundo Atos 13:22, Davi foi um homem segundo o corao de Deus. Querer a Escritura com esta expresso apresentar-nos a Davi como modelo de perfeio? No, porque no cala suas muitas e graves faltas, nem seus correspondentes castigos. Como e em que sentido, pois, foi homem conforme o corao de Deus? Busquemos os paralelos. Em 1 Samuel 2:35, disse Deus: Suscitarei para mim um sacerdote fiel, que proceder segundo o que tenha no corao do que resulta, tomando toda a passagem em considerao, que Davi, especialmente em sua qualidade de sacerdote-rei, procederia segundo o corao ou a vontade de Deus, Esta idia se encontra plenamente confirmada na passagem paralela do cap. 13, verso 14, onde tambm verificamos que era em vista do rebelde Saul, e contrrio sua m conduta como rei, que Davi seria homem segundo o corao de Deus.

    Se bem que Davi, como vemos pela histria e pelos seus Salmos, de modo geral foi homem piedoso, em muitos casos digno de imitao, no nos autorizam de nenhum modo os paralelos de nossa passagem a consider-lo como modelo de perfeio, sendo seu significado primitivo, como temos visto, que Davi, em sua qualidade oficial, o contrrio do rebelde rei Saul, seria homem que procederia segundo o corao ou a vontade de Deus.

    4 - Um exemplo da utilidade de consultar os paralelos em relao aos nomes prprios, temo-lo no relato de Balao, em Nmeros, captulos 22 e 24, deixando-nos em duvida quanto ao verdadeiro carter e de sua pessoa. Foi ele realmente profeta? E, em tal caso, qual foi a causa de sua queda? Consultando os paralelos do Novo Testamento, verificamos por 2 Pedro 2:15,16 e Judas 11, que ele foi um pretenso profeta que atuava levado pela paixo da cobia, e por Apocalipse 2:14, que por suas instigaes Balaque fez os israelitas carem em pecado to grande que lhes custou a destruio de 23.000 pessoas.

    5 - Convm observar tambm que por este estudo de paralelos se aclaram aparentes contradies. Segundo 1 Crnicas 21:11, por exemplo, Gade oferece a Davi, da parte de Deus, o castigo de trs anos de fome, e segundo 2 Samuel 24:13, lhe pergunta Gade se quer sete anos de fome. Como pde

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    perguntar-lhe se queria sete e ao mesmo tempo lhe oferece trs? Simplesmente porque pelo paralelo de 2 Samuel 21:1, na pergunta de Gade compreendemos que toma em conta os trs anos de fome passados j, com o que esto passando, enquanto no oferecimento dos trs anos s se refere ao porvir.

    6 - Ateno. Ao consultar-se este tipo de paralelos convm proceder como segue: primeiramente buscar o paralelo, ou seja, a aclarao da palavra obscura no mesmo livro ou autor em que se encontra, depois nos demais da mesma poca e, finalmente em qualquer livro da Escritura. Isto d necessrio porque, s vezes, varia o sentido de uma palavra, conforme o autor que a usa, segundo a poca em que se emprega, e ainda, como j temos dito, segundo o texto em que ocorre no mesmo livro.

    Exemplos: 1 - Um exemplo de como diferentes autores empregam uma mesma palavra em sentido diferente, encontramo-lo nas cartas de Paulo e Tiago. A palavra obras, quando ocorre s, nas cartas aos Romanos e aos Glatas, significa o oposto f, a saber: as prticas da lei antiga como fundamento para a salvao. Na carta de Tiago se usa a mesma palavra, sempre no sentido da obedincia e santidade que a verdadeira f em Cristo produz. Neste caso, e em casos parecidos, no se aclara, pois, uma pela outra palavra; da compreendemos a necessidade de buscar paralelos com preferncia no mesmo livro ou nos livros do autor que se estuda. Notemos, todavia, que um mesmo autor emprega, s vezes, uma palavra em sentido diferente, em cujo caso tambm uma expresso explica a outra. Lemos em Atos 9:7, que os companheiros de Saulo, no caminho de Damasco ouviram a voz do Senhor, e no captulo 22:9 do mesmo livro, que no perceberam o sentido da voz ou, como diz outra verso, no ouviram a voz. porque entre os gregos, como entre ns, a palavra ouvir se usava no sentido de entender. Ouviram, pois, a voz e no a ouviram, significando: ouviram o rudo, porm no entenderam as palavras. Do mesmo modo distinguimos entre ver e ver, como o faziam os hebreus, usando a palavra em sentido diferente. Assim lemos em Gnesis 48:8, 10, que Israel viu os filhos de Jos, e em seguida, os olhos de Israel j se tinham escurecido por causa da velhice, de modo que no podia ver bem. Significa que os viu confusamente, porm no os podia ver com clareza, sendo necessrio coloc-los perto, como tambm diz o contexto. Busquem-se, pois, os paralelos, com preferncia e em primeiro lugar num mesmo autor, porm no se espere, mesmo assim, que sirvam de paralelos sempre todas as expresses iguais.

    2 - Prova de como pode mudar o significado de uma palavra segundo a poca em que se emprega, temo-la na palavra arrepender-se. Novo Testamento usada constantemente no sentido de mudar de mente o pecador, isto , no sentido de mudar de opinio, de convico ntima, de sentimento, enquanto no Antigo Testamento tem significados to diferentes que unicamente o contexto, em cada caso, os pode aclarar. Tanto assim, que no Antigo se diz do prprio Deus que se arrependeu, expresso que nunca empregada pelos escritores do Novo ao falarem de Deus, exceto no caso de citarem o Antigo Testamento. Da ser evidente que ao dizer que Deus se arrepende, no devemos de nenhum modo tomar no mesmo sentido do que ns compreendemos por arrependimento de um homem. Devem-se, pois, buscar os paralelos, em segundo lugar, nos escritos que datam de uma mesma poca de preferncia aos que se puder encontrar em outras partes das Escrituras.

    2. Paralelos de idias

    1. Para conseguir idia completa e exata do que ensina a Escritura neste ou naquele texto determinado, talvez obscuro ou discutvel, consultam-se no s as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos ou passagens esclarecedoras que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutvel. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de idias.

    Exemplos: 1 - Ao instituir Jesus a ceia, deu o clice aos discpulos, dizendo: Bebei dele todos. Significa isto que s os ministros da religio devem participar do vinho na ceia com excluso da congregao? Que idia nos proporcionam os paralelos?

    Em 1 Co 11.2-29, nada menos que seis versculos consecutivos nos apresentam o comer do po e beber do vinho como fatos inseparveis na ceia, destinando os elementos a todos os membros da igreja

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    sem distino. Inveno humana, destituda de fundamento bblico , pois, o participarem uns do po e outros do vinho na comunho.

    2 - Ao dizer Jesus: Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, constitui ele a Pedro como fundamento da igreja, estabelecendo o primado de Pedro e dos papas, como pretendem os papistas? Note-se primeiro que Cristo no disse: Sobre ti, Pedro. Nada melhor que os paralelos que oferecem as palavras de Cristo e Pedro, respectivamente, para determinar este assunto, ou seja, o significado deste texto. Pois bem, em Mateus 21:42,44, vemos Jesus mesmo como a pedra fundamental ou pedra angular, profetizada e tipificada no Antigo Testamento. E em conformidade com esta idia, Pedro mesmo declara que Cristo a pedra que vive, a principal pedra angular, rejeitada pelos judeus, em Silo, esta pedra foi feita a principal pedra angular, etc. (1 Pedro 2:4, 8). Paulo confirma e aclara a mesma idia, dizendo aos membros da igreja de feso (2:20) que so edificados sobre o fundamento dos apstolos e profetas, sendo ele mesmo Cristo Jesus, a pedra angular, no qual todo edifcio, bem ajustado cresce para santurio dedicado ao Senhor. Deste fundamento da igreja, posto pela pregao de Paulo, como prudente construtor entre os corntios, disse o apstolo porque ningum pode lanar outro fundamento, alm do que foi posto, o qual Jesus Cristo (1 Co 3:10,11).

    Cotejando estes e outros paralelos, chegamos concluso de que Cristo, neste texto, no constitui a Pedro como o fundamento de sua igreja.

    2. O modo de proceder, tratando-se deste tipo de paralelos, pois o de aclarar as passagens obscuras mediante paralelos mais claros: as expresses figurativas, mediante os textos paralelos prprios e sem figura, e as idias sumariamente expressas, mediante os paralelos mais extensos e explcitos. Vejamos a seguir novos exemplos:

    Exemplos: 1 - Acentua-se muito o amor aos crentes em 1 Pedro 4:8, porque o amor cobre multido de pecados. Como explicar este texto obscuro? Pelo contexto e cotejando-o com 1 Cor. 13 e Col. 1:4, compreendemos que a palavra amor usada aqui no sentido de amor fraternal. Porm, em que sentido cobre o amor fraternal muitos pecados? Em Rom. 4:8 e Salmo 32:1, vemos o pecado perdoado sob a figura de pecado coberto, sepultado no esquecimento, como ns diramos. Consultando o contedo de Prov. 10:12, citado por Pedro neste lugar, compreendemos que o amor fraternal cobre muitos pecados no sentido de perdoar as ofensas recebidas dos irmos, sepultando-os no esquecimento, contrrio ao dio que desperta rixas e aviva o pecado. No se trata, pois, aqui de merecer o perdo dos prprios pecados mediante obras de caridade, nem de encobrir pecados prprios e alheios mediante dissimulaes e escusas, como erroneamente pretendem os que no cuidam de consultar os paralelos, explicando a Escritura pela Escritura.

    2 - Segundo Glatas 6:15, o que de valor para Cristo a nova criatura. Que significa esta expresso figurada? Consultando o paralelo de 2 Cor. 5:17, verificamos que a nova criatura a pessoa que est em Cristo, para a qual as cousas antigas passaram e se fizeram novas; enquanto em Gl. 5:6 e 1 Cor. 7:19 temos a nova criatura como a pessoa que tem f e observa os mandamentos de Deus.

    3 - Paulo expe sumariamente a idia da justificao pela f em Filipenses 3:9, dizendo que deseja ser achado em Cristo, no tendo justia prpria, que procede de lei, seno a que mediante a f em Cristo, a justia que procede de Deus baseada na f. Para conseguir clareza desta idia preciso recorrer a numerosas passagens das cartas aos Romanos e aos Glatas, nas quais se explica extensamente como pela lei todo homem ru convicto diante de Deus e como pela f na morte de Cristo, em lugar do pecador, o homem, sem mrito prprio algum, declarado justo e absolvido pelo prprio Deus. Rom. 3, 4, 5; Gl. 3, 4.

    3. Paralelos de ensinos gerais

    1. Para a aclarao e correta interpretao de determinadas passagens no so suficientes os paralelos de palavras e idias; preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras. Temos indicaes deste tipo de paralelos na prpria Bblia, sob as expresses de ensinar conforme as Escrituras, de ser anunciada tal ou qual coisa por boca de todos os profetas, e de usarem

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    os profetas (ou pregadores) seu dom conforme a medida da f, isto , segundo a analogia ou regra da doutrina revelada. (1 Cor. 15:3, 14; Atos 3:18; Rom. 12:6.)

    Exemplos: 1 - Diz a Escritura: O homem justificado pela f sem as obras de lei. Ora, se desta circunstncia algum tira em conseqncia o ensino de que o homem de f fica livre das obrigaes de viver uma vida santa e de conformidade com os preceitos divinos, comete um erro, ainda quando consulte um texto paralelo. preciso consultar o teor ou doutrina geral da Escritura que trata do assunto; feito isso, observa-se que essa interpretao falsa por contrariar por inteiro o esprito ou desgnio do Evangelho, que em todas as partes previnem os crentes contra o pecado, exortando-os pureza e santidade.

    2 - Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus um esprito onipotente, purssimo, santssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes presente, coisa que positivamente consta numa multido de passagens. Pois bem, h textos que, aparentemente, nos apresentam a Deus como ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser interpretados luz de ditos ensinos gerais.

    O fato de haver textos que primeira vista no parecem harmonizar com esse teor das Escrituras, deve-se linguagem figurada da Bblia e incapacidade da mente humana de abraar a verdade divina em sua totalidade.

    3 - Ao dizerem as Escrituras: O Senhor fez todas as coisas para determinados fins, e at o perverso para o dia da calamidade (Prov. 16:4), querero aqui ensinar que Deus criou o mpio para conden-lo, como alguns interpretam o texto? Certamente que no; porque, segundo o teor das Escrituras, em numerosas passagens, Deus no quer a morte do mpio, no quer que ningum perea, mas que todos se arrependam. E, portanto, o significado da ltima parte do texto deve ser que o Criador de todas as coisas, no dia mau, saber valer-se inclusive do mpio para levar a cabo seus adorveis desgnios. Quantas vezes, pela divina providncia, no tiveram de servir os perversos qual aoite e praga a outros, castigando-se a si mesmos ao mesmo tempo!

    4. Paralelos aplicados linguagem figurada

    s vezes preciso consultar os paralelos para determinar se uma passagem deve ser tomada ao p da letra ou em sentido figurado. Vrias vezes os profetas nos apresentam a Deus, por exemplo, com um clice na no, dando de beber aos que quer castigar, caindo estes por terra, embriagados e aturdidos. (Naum 3:11; Hab. 2:16; Salmo 75:8, etc.) Esta representao, breve e sem explicao em certos textos, encontra-se aclarada no paralelo de Isaas 51:17,22,23, onde aprendemos que o clice o furor da ira ou justa indignao de Deus, e o aturdimento ou embriaguez, assolaes e quebrantamentos insuportveis.

    A propsito da linguagem figurada, preciso recordar aqui que alguma semelhana ou igualdade entre duas cousas, pessoas e fatos, justifica a comparao e uso da figura. Assim, pois, se houver certa correspondncia entre o sentido figurado de uma palavra e seu sentido literal, no necessrio, como tampouco possvel, que tudo quanto encerra a figura se encontre no sentido literal. Pela mesma razo, por exemplo, quando Cristo chama de ovelhas a seus discpulos, natural que no apliquemos a eles todas as qualidades que encerra a palavra ovelha, a qual aqui usada em sentido figurado. Em casos como este si bastar o sentido comum para determinar os pontos de comparao. Assim compreendemos que, ao chamar-se Cristo de o Cordeiro, somente se refere a seu carter manso e a seu destino de ser sacrificado, como o cordeiro sem mcula o era entre os israelitas. Do mesmo modo compreendemos em que sentido se chama ao pecado de dvida; redeno de pagamento da dvida, e ao perdo, remisso da divida ou da culpa.

    evidente que o sentido de tais expresses no deve ser levado a extremos exagerados: se bem que Cristo morreu pelos pecadores, no se admite em conseqncia, por exemplo, que todos os pecadores so ou sero salvos; e se bem que Cristo cumpriu toda a lei por ns, no resulta da que tenhamos o direito de viver no pecado; ou se consta que o homem est morto no pecado, no quer dizer que est de tal modo morto que no se possa arrepender e que fique sem culpa se deixar de ouvir o chamamento do Evangelho. Tratando-se de figuras de objetos materiais, no ser difcil determinar o

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    justo nmero de realidades ou pontos de comparao que designa cada figura, nem a conseqncia lcita ou ensino positivo que encerra cada ponto.

    Maiores dificuldades oferecem as figuras tomadas da natureza humana ou da vida ordinria. Muitos tm-se recreado em formar castelos de doutrinas sem fundamento, rebuscando e comparando tais figuras e smiles, tirando conseqncias ilcitas, e at contrrias s Escrituras. O esprito humano parece encontrar gosto especial em semelhantes fabricaes caprichosas e jogos de palavras. Devem-se, pois, estudar as figuras com sobriedade especial e sempre com toda a seriedade.

    Existe nas Escrituras certo nmero de aparentes contradies ou paradoxos. Aparentes porque na realidade no o so. Parecem contraditrias porque a mente finita do homem no pode compreender a mente infinita de Deus. Eis alguns dos conhecidos paradoxos para a mente humana: 1. A TRINDADE. No servimos a trs deuses, mas sim, a s Deus; contudo, cada Pessoa da Divindade plena e completamente Deus, e no apenas um tero Deus. Em essncia podemos concluir que um mais um so iguais a um. Nenhuma ilustrao humana pode explicar adequadamente este mistrio teolgico. Est inteiramente alm da nossa compreenso. 2. A DUAL NATUREZA DE CRISTO. Jesus Cristo Deus e homem completo. No meio Deus e meio homem; todavia, Ele no duas pessoas, mas somente uma. 3. A ORIGEM E EXISTNCIA DO MAL. Em termos lgicos, a mente humana deduz que de duas coisas, uma pode ser verdadeira. Ou Deus criou o mal, ou este Lhe co-eterno. A Bblia nos induz a crer que nenhuma destas verdadeira. um mistrio. 4. A SOBERANA ELEIO DE DEUS E A RESPONSABILIDADE HUMANA. Paulo afirma que Deus escolheu o crente em Seu soberano conselho antes da fundao do mundo (Ef 1.4). Pedro, porm, diz: No retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrrio, Ele longnimo para convosco, no querendo que nenhum perea, seno que todos cheguem ao arrependimento (2Pe 3.9). Atravs de todas as Escrituras h um bem intencionado oferecimento do Evangelho a todos os homens. O homem visto como agente moral responsvel de quem Deus pede contas, e Todo aquele que invocar o nome do Senhor, ser salvo (Rm 10.13). No h maneira pela qual as nossas mentes possam conciliar estas duas verdade difceis e aparentemente antagnicas. De todas as dificuldades, nenhuma causa tanta controvrsia emocional como a ltima. Possivelmente porque as trs primeiras soam mais como questes acadmicas, ao passo que a quarta toca as nossas sensibilidades morais. Ela tem a ver com o destino eterno do homem. Quando a Bblia deixa duas doutrinas conflitantes sem as conciliar, voc deve fazer o mesmo. Viver em tenso no agradvel, mas voc deve ter cuidado para no perder o equilbrio bblico ao procurar aliviar a tenso. No arranque partes da Escritura na tentativa de forar acordo entre as duas doutrinas conflitantes. Voc pode fazer aplicao dessas doutrinas conflitantes pregando a doutrina certa pessoa certa. Por exemplo, como cristo voc prega a si prprio que Deus o escolheu; voc no O escolheu. Se a escolha fosse sua, voc votaria contra Ele. Tudo que voc e tem dom da Graa de Deus. Isto deve ench-lo de humildade e singeleza. Mas voc pode proclamar com arrojo ao no-cristo que Deus o ama, pois Jesus mesmo disse: Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unignito (Jo 3.16).

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    Nossa lealdade no primeira e primordialmente a um sistema de teologia, mas Escritura. Quando voc interpretar a Bblia, no permita que a lgica humana a faa dizer nem mais nem menos do que de fato diz. Na proporo em que as Escrituras falam com clareza, voc pode falar com clareza. Quando as Escrituras fazem silncio, voc deve ficar em silncio. Onde a Bblia ensina duas doutrinas conflitantes, voc deve seguir o exemplo dela e sustentar ambas, mantendo cada uma em perfeito equilbrio com a outra.

    A Igreja no determina o que a Bblia ensina; A Bblia determina o que a Igreja ensina.

    Nas questes de religio o cristo se submete, consciente ou inconscientemente, a uma das seguintes autoridades, acatando-a como autoridade ltima: a tradio, a razo, ou as Escrituras. Conquanto todas as trs autoridades sejam importantes e tenham seu lugar prprio, a razo e a tradio tm de se render Escritura. Quando houver desacordo entre os trs tipos de autoridade, a Escritura tem de ser supremo tribunal de recursos. Quando estudamos a Cristologia somos devedores histria da Igreja, pois no decorrer dos anos as questes cristolgicas foram solucionadas. Jesus Cristo Deus, Jesus Cristo homem. Ele verdadeiro Deus de verdadeiro Deus. Nunca houve poca em que Ele no o fosse. Porm as interpretaes da Igreja tm autoridade somente na medida em que estejam em harmonia com os ensinamentos da Bblia como um todo.

    PROPSITO DO ESCRITOR: NOTA 1: Cada escritor bblico sob a inspirao divina, teve um propsito especfico ao escrever. Conhec-lo nos coloca na posio ideal de saber o seu ponto de vista e podermos seguir seus prprios pensamentos. Exemplos:

    1. O propsito do Evangelho de Joo (Jo 20.30,31); 2. O propsito do Evangelho de Lucas (Lc 1.1-4); 3. O propsito de Paulo em 1Timteo (1Tm 1.3,4); 4. O propsito de Apocalipse (Ap 1.19); 5. O propsito de Eclesiastes (Ec 1.3).

    Nota 2: s vezes para descobrir o propsito do escritor, voc tem que ler o livro todo vrias vezes, at ter uma viso geral, para ento definir o seu propsito. Mas d resultado faz-lo!

    CORRELAO A Bblia um todo harmonioso: 1. Uma s doutrina harmoniosa e perfeita: 2Tm 3.16,17; 2. Um s Autor: 2Sm 23.2; 2Pe 1.20,21; 3. Profecia: Zc 9.9 Cumprimento: Mt 21.5; 4. Tipo: Gn 22.6-13 Prottipo: Jo 19.17,18; 5. H verdades enunciadas em linguagem doutrinria: Jo 15.1-8;

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    6. H verdades enunciadas em linguagem moral: Mt 7.12; 7. H verdades enunciadas em linguagem filosfica: Pv; Mt 5. Nota 3: Levando-se em considerao que um sistema doutrinrio de um sbio, que eleva o esprito

    acima dos acidentes da vida filosofia o sermo do monte perfeita filosofia. Teste: Comparando Is 64; Tt 3.4-7; Ap 3.5; 19.8 que regra empregamos? Paralelismo Doutrinrio. Comparando Jo 14.6 com Lc 15.3-7.

    Estudar as regras oito e nove do livro Princpios de Interpretao da Bblia de Walter A. Henrichsen Pg. 29 35.

    DEUS TRIPESSOAL. 13

    Em nenhum ponto a alma devota sente mais suas limitaes do que quando confrontada com a responsabilidade de entender a PESSOA de Deus. O homem tornou-se incapaz, parte da iluminao divina, de compreender o Criador soberano, e o salvo s recebe esse conhecimento de Deus atravs da iluminao do Esprito Santo.

    O estudo da personalidade de Deus est amalgamado ao estudo da Trindade, pois Deus na sua essncia uno, Ele um ser simples, nico, no sentido que no existem nele partes componentes que, quando adicionada uma outra, componham o ser de Deus. Ele essencialmente um, porm a pluralidade de pessoas na deidade no nega a unidade essencial de Deus (R.C. Sproul).

    Precisamos ter o cuidado de no estabelecer a personalidade humana como padro pelo qual avaliar a personalidade de Deus. A forma original da personalidade no est no homem, mas em Deus; Sua personalidade arquetpica, ao passo que a do homem ectpica. A grande diferena entre ambos que o homem unipessoal, enquanto Deus tripessoal (Berkhof).

    Estamos acostumados a pensar em relao segundo a qual um ser equivale a uma pessoa. Cada pessoa que conheo no mundo um ser distinto. Entretanto, nada existe no puro conceito do ser que requeira que limitemos tal ser a uma nica personalidade, simplesmente porque estamos acostumados a pensar em uma pessoa que envolve um ser (R.C. Sproul).

    Na trindade, temos uma essncia (ser) e trs subsistncias. As trs pessoas da deidade subsistem na essncia divina (R.C. Sproul).

    Dizemos que h trs personas ou subsistncias, verdadeira e adequadamente assim chamadas, que so mutuamente distintas, cada uma possuindo inteligncia, subsistindo por si mesma e no transmitida ou transmissvel s outras, quais chamamos pessoas, de acordo com a definio que temos desse termo (Hermann Venema).

    As trs subsistncias, ou pessoas, tm a mesma natureza divina (ousia) (Hermann Venema). Deus no poderia existir em nenhuma forma a no ser a tripessoal (Berkhof).

    13 Copiado da apostila de Teontologia do Pr. Bentes.

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    Deus no poderia contemplar-se a si mesmo, conhecer-se e comunicar-se Consigo mesmo, se no fosse trino em Sua constituio (Shedd).

    Cada membro da trindade uma Pessoa com aquelas faculdades e elementos constituintes que pertencem personalidade. Personalidade a soma total das caractersticas necessria para descrever o que uma pessoa (intelecto, sensibilidade e volio). Estas faculdades e elementos de Deus so perfeitos em grau infinito, mas em sua natureza mantm uma semelhana extraordinria com aquelas faculdades imperfeitas e os elementos que fazem parte do homem. Deus afirma nas Escrituras que o homem, diferentemente das outras coisas do mundo, foi criado Sua prpria imagem e semelhana (Gn 1.26,27).

    A Bblia d testemunho que o homem, os anjos e Deus, todos possuem aqueles elementos essenciais que juntos constituem a personalidade (Chafer).

    A alma sede da personalidade e as Escrituras revelam Deus no s como Esprito, mas tambm como Alma: Is 42:1; Mt 12:17,18; Sl 11:5; Jr 9:9 ERC; Am 6:8 ERC; Hb 10:38; Jo 4:24.

    A verdade fundamental de toda a Escritura o fato de que Deus um Deus que subsiste em trs pessoas.

    Na trindade temos uma essncia (ousia - um s Esprito) e trs almas, ou Pessoas, e aps a encarnao um corpo (o do filho).

    Alm de ser espiritual e vivo, Deus pessoal. Ele um Ser individual com autoconscincia e vontade, capaz de sentir, escolher e ter um relacionamento recproco com outros seres pessoais e sociais. Em Deus temos personalidade sem corporalidade. O que ento a essncia da personalidade? Autoconscincia e autodeterminao (vontade prpria). Deus revelado nas Escrituras como Esprito e Alma: Is 42.1: Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Esprito. Mt 12.18: Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Esprito, e ele anunciar juzo aos gentios. Jr 9.9: Porventura, por estas coisas no os visitaria? --diz o SENHOR; ou no se vingaria a minha alma de gente tal como esta?. Hb 10.38: Mas o justo viver da f; e, se ele recuar, a minha alma no tem prazer nele. Am 6.8: Jurou o Senhor JEOV pela sua alma, o SENHOR, Deus dos Exrcitos: Tenho abominao pela soberba de Jac e aborreo os seus palcios; e entregarei a cidade e tudo o que nela h. Jo 4.24: Deus Esprito, e importa que os que o adoram o adorem em esprito e em verdade.

    AUTOCONSCINCIA: x 3.14: E disse Deus a Moiss: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirs aos filhos de

    Israel: EU SOU me enviou a vs. Is 45.5: EU SOU O SENHOR, e no h outro; fora de mim, no h deus; eu te cingirei, ainda

    que tu me no conheas.

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    1 Co 2.10,11: Mas Deus no-las revelou pelo seu Esprito; porque o Esprito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, seno o esprito do homem, que nele est? Assim tambm ningum sabe as coisas de Deus, seno o Esprito de Deus.

    AUTODETERMINAO (VONTADE PRPRIA): J 23.13: Mas, se ele est contra algum, quem, ento, o desviar? O que a sua alma quiser, isso

    far. Rm 9.11-16: porque, no tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o

    propsito de Deus, segundo a eleio, ficasse firme, no por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servir o menor. Como est escrito: Amei Jac e aborreci Esa. Que diremos, pois? Que h injustia da parte de Deus? De maneira nenhuma! Pois diz a Moiss: Compadecer-me-ei de quem me compadecer e terei misericrdia de quem eu tiver misericrdia. Assim, pois, isto no depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece.

    CONSCINCIA MORAL. Uma pessoa tem conscincia do que direito e do que errado e da obrigao de fazer o bem e de evitar o mal. Autoconscincia e Autodeterminao s tm sentido para quem tem conscincia moral. Deus tem conscincia moral. Ele santo e justo; conhece absolutamente o bem e o mal (Gn 2.9, etc). A Autoconscincia, a Autodeterminao e Conscincia Moral, estas faculdades da personalidade esto em grau superior de perfeio em Deus, porque Ele Personalidade Perfeita.

    VI. HERMENUTICA SAGRADA PRINCPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAO AUXLIOS EXTERNOS Introduo: O conhecimento das lnguas originais da Bblia hebraico e grego so de valor inestimvel ao intrprete, porque elucidam melhor tudo que se queira analisar do texto sagrado. Nada se compara com o intrprete poder ler as Escrituras nas lnguas em que elas foram escritas.

    LEITURAS: Mc 15.34,35; At 2.22,23; 2Rs 17.26-28. a. Os soldados romanos interpretaram errado as palavras de Jesus Eis que Ele chama por

    Elias Mt 27.46: Por volta da hora nona, clamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lam sabactni? O que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

    Mt 27.46 peri\ de\ th\n e)na/thn w(/ran a)nebo/hsen o( )Ihsou=j fwnv= mega/lv le/gwn, HliHliHliHli hlihlihlihli lema sabaxqani; tou=t' e)/stin, Qee/ mou qee/ mou, i(nati/ me e)gkate/lipej; Mc 15.34: hora nona, clamou Jesus em alta voz: Elo, Elo, lam sabactni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?. Mc 15.34: hora nona, clamou Jesus em alta voz: Elo, Elo, lam sabactni? Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?.

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    Mc 15.34: kai\ tv= e)na/tv w(/r# e)bo/hsen o( )Ihsou=j fwnv= mega/lv, ElwiElwiElwiElwi elwielwielwielwi lema sabaxqani; o(/ e)stin meqermhneuo/menon (O qeo/j mou o( qeo/j mou, ei)j ti/ e)gkate/lipe/j me. (Mc 15.34)

    b. Eles no conheciam que Jesus falava em aramaico (O texto de Mateus est em aramaico). c. Pedro apelou aos conhecimentos que os judeus tinham dos fatos alusivos a Jesus e aos Seus

    feitos notveis.

    Regra 1: O intrprete deve conhecer as lnguas originais.

    Regra 2: O intrprete deve conhecer a histria antiga dos tempos dos povos egpcios, cananeus, judeus e do cristianismo primitivo.

    Regra 3: O intrprete deve conhecer o mais possvel os costumes das pocas em que foram escritos os livros da Bblia.

    AUXLIO DAS VERSES MODERNAS 1. As muitas verses modernas que pudermos consultar comparando-as entre si, nos ajudaro

    muito a assimilar o sentido verdadeiro do texto estudado, porm no substituem o conhecimento das lnguas originais.

    2. A histria antiga e a arqueologia elucidam muito com respeito aos costumes, as condies ambientes da poca e a maneira de viver do povo de ento.

    3. A geografia da Palestina, a Histria Natural dali e a legislao antiga, igualmente so recursos externos que muito ajudam o intrprete a entender certos textos bblicos.

    Exemplo frisante: Salmo 126.1-6 nos d um exemplo de como a geografia e a histria natural nos ajudam a entender a Bblia: 1. Volta do cativeiro: v.1 2. O jbilo conseqente: v.v. 2,3 3. A splica ardente: v.4 4. As torrentes do Neguebe: v.4 5. A semeadura penosa: v.5 6. O resultado maravilhoso: v.6

    Esttua de Moiss, esculpida por Michelangelo, na catedral de So Pedro, em Roma. Devido a um erro de traduo na Vulgata latina, do texto de Ex 34.29 (que traz chifres em vez de resplandecia), Moiss era retratado com chifres na cabea.

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    Ex 34.29: Ao descer do monte Sinai com as duas tbuas da aliana nas mos, Moiss no sabia que o seu rosto resplandecia por ter conversado com o SENHOR. Ex 34:29 cumque descenderet Moses de monte Sinai tenebat duas tabulas testimonii et ignorabat quod cornuta esset facies sua ex consortio sermonis Dei. Cornuta = cornos, chifres.

    Ex 34.29 w(j de\ kate/bainen Mwush=j e)k tou= o)/rouj kai\ Quando descia Moiss do monte e ai( du/o pla/kej e)pi\ tw=n xeirw=n Mwush= katabai/nontoj as duas placas em sua mo Moiss descia de\ au)tou= e)k tou= o)/rouj Mwush=j ou)k v)/dei o(/ti ele do monte Moiss no sabia que dedo/castaidedo/castaidedo/castaidedo/castai h( o)/yij tou= xrw/matoj tou= prosw/pou au)tou= resplandescia o aspecto da cor do rosto dele e)n t%= lalei=n au)to\n au)t%= em a fala dele a ele (com ele).

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    dedo/castaidedo/castaidedo/castaidedo/castai = brilhava, resplandecia 34.29

    tud(fh toxul yn:$U yanyis rahm he$om teder:B yih:yaw yiK (adfy-)ol he$omU rfhfh-}im OT:dir:B he$om-day:B ;OTi) Or:Bad:B wyfnfP rO( }arfq}arfq}arfq}arfq E foi ao descer Moiss do monte Sinai, estando as duas tbuas do testemunho na mo de Moiss em sua descida do monte, Moiss no sabia que resplandescia a pele de seus rosto por ter falado (Deus) com ele (Traduo do Rabino Meir Meir Matzliah Melamed).

    }arfq = resplandecer, brilhar (qal); ter chifres (hifil) }ereq = qeren = chifre 2072 }arfq (qran) brilhar (qal); ter chifres (hifil). Verbo denominativo.

    Substantivo de Origem

    2072 }ereq (qeren) chifre Esse verbo denominativo de qeren denota primeiramente, aqueles raios fulgurante que brotam

    do rosto de Moiss depois de ele se encontrar com Deus (Ex 34.29) e, em segundo lugar, o ter chifres (Sl 69.31[32]. Foi esse erro de traduo na Vulgata, em que a palavra que aparece chifre, que levou Miguelangelo a colocar dois chifres pequenos na cabea de Moiss na famosa esttua que fez. Observe-se o mesmo erro de traduo na KJV em Habacuque 3.4. O uso do qal denota a forma de um chifre em vez do chifre propriamente dito. Deve-se contrastar a raiz com `hal, r, hlal, et al., que denotam um brilho e no a forma. A raiz ocorre 77 vezes (quatro como verbo).

    Qeren. Chifre, raio (de lu), monte. O vocbulo denota basicamente o chifre de diversos animais (carneiro, boi selvagem). (Cf. o ugartico qrn, UT 19: n 2279). Presas de elefante eram chamadas de chifres (ou erroneamente interpretadas como tais, Ez 27.15). uma denotao derivada que ocorre com certa freqncia tem que ver com fora, orgulho e vigor.L.Schmit acertadamente declarou: No AT o chifre no apenas uma expresso de fora fsica na ao simblica dos profetas (2RS 22.11) ou na descrio visionria do poder que dispersou Israel (Zc 21-4); um termo direto para poder (TWNT, v.3, p. 669). (Cf Dt 33.17; 2Sm 22.3; Sl 18.2[3].)

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    PRINCPIOS DE INTERPRETAO BBLICA (L. BERKHOF Pg.72,73) PRINCPIOS GRAMATICAIS DE INTERPRETAO O uso da palavra Sarks (sa/rc). A palavra sarks pode designar: 1. A parte slida de um corpo, exceto os ossos, (1Co 15.39; Lc 24.39); 2. Toda substncia do corpo, quando sinnimo de soma (sw=ma) (At 2.26; Ef 2.15; 5.29); 3. A natureza animal (sensual) do homem (Jo 1.13; 1Co 10.18); 4. A natureza humana enquanto dominada pelo pecado, lugar e veculo dos desejos pecaminosos

    (Rm 7.25; 8.4-9; Gl 5.16,17). Se um intrprete atribusse todos esses significados palavra como encontrada em Jo 6.53, ele

    iria, assim, atribuir pecado, em um sentido tico, a Cristo, a quem a Bblia representa como aquele sem pecado.

    Exerccios: (L. Berkhof): Qual o significado das seguintes preposies?: dia, em Rm 3.25; 1Co 1.9; Hb 3.16; Ap 4.11; en, em Mt 11.11; At 7.29; Ap 5.9; anti, em Mt 2.22; 20.28; huper, em 1Co 16.12; 3Jo 2; eis, em Mc 1.39; At 19.22; 20.29; Jo 8.30.

    A. O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS ISOLADAS

    A Bblia foi escrita em linguagem humana e, conseqentemente, deve ser interpretada gramaticalmente em primeiro lugar. No estudo do texto, o intrprete pode proceder de duas maneiras. Ele pode comear com a sentena, com a expresso do pensamento do escritor como uma unidade e, ento, descer aos particulares, interpretao das palavras isoladas e dos conceitos; ou ele pode comear do ltimo e, ento, gradualmente subir para uma considerao da sentena, do pensamento como um todo. De um ponto de vista puramente lgico e psicolgico, o primeiro mtodo merece preferncia. Cf. Woltjer, Het Woord, zijn Oorsprong en Uitlegging, p. 59. Mas, por razes prticas, se aconselha geralmente comear a interpretao de literatura estrangeira com um estudo das palavras isoladas. Da, devemos seguir essa ordem em nossa discusso. Trs coisas pedem considerao aqui.

    1. A ETIMOLOGIA DAS PALAVRAS. O significado etimolgico das palavras merece ateno em primeiro lugar, no por ser o mais importante para um exegeta, mas porque, logicamente, precede todos os outros significados. Como regra, no aconselhvel que o intrprete deva entregar-se muito s investigaes etimolgicas. Esse trabalho extremamente difcil e pode, ordinariamente, ser deixado para especialistas. Alm disso, o significado etimolgico de uma palavra nem sempre joga luz sobre seu significado corrente. Ao mesmo tempo, aconselhvel que o expositor da Escritura note a etimologia estabelecida de uma palavra, uma vez que isso pode ajudar a determinar seu significado real e pode ilumin-lo de uma maneira surpreendente. Tomemos as palavras hebraicas kopher kippurim e ka-pporeth, traduzidas respectivamente por resgate, redenes ou expiaes e propiciatrio. Todas elas so derivadas da raiz kaphar, que significa cobrir e contm a idia de uma redeno ou expiao realizada por uma certa cobertura. O pecado ou o pecador coberto pelo sangue expiatrio de Cristo, que foi tipificado pelo sangue dos sacrifcios do Antigo Testamento. Ou, pegue a palavra ekklesia do

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    Novo Testamento, derivada de ek e kalein. Ela uma designao da Igreja, tanto na Septuaginta quanto no Novo Testamento, e aponta para o fato de que essa consiste de um povo chamado, isto , separado do mundo em devoo especial a Deus. EXERCCIO: Encontre o significado original das seguintes palavras:

    a. Hebraico: hata' avah, tsaddiq, qahal, edhah; b. Grego: kleronomia, makrothumia, eutrapelia, spermologos.

    2. USO CORRENTE DAS PALAVRAS. O significado corrente de uma palavra tem muito mais importncia para o intrprete do que seu significado etimolgico. Para interpretar corretamente a Bblia, ele deve ter conhecimento dos significados que as palavras adquiriram no curso do tempo e do sentido em que os autores bblicos as usaram. Esse um ponto importante a ser estabelecido. Pode-se pensar que isso deve ser facilmente feito por meio da consulta a alguns bons lxicos, que geralmente do os significados originais e derivados das palavras e geralmente designam em que sentido elas devem ser usadas em passagens particulares. Na maioria dos casos, isso se aplica perfeitamente. Ao mesmo tempo, necessrio manter em mente que os lxicos no so absolutamente infalveis e menos ainda quando descem aos particulares. Eles simplesmente incorporam os resultados das obras exegticas dos vrios intrpretes que confiaram o julgamento discriminatrio do lexicgrafo e, freqentemente, revelam uma diferena de opinio. E bem possvel e, em alguns casos, perfeitamente evidente, que a escolha de um significado foi determinada por preferncia dogmtica. Tregelles adverte contra esse perigo, na obra introdutria da segunda edio do seu Gesenius. Diz ele: Da surge a importncia peculiar, mencionada acima, de se prestar a ateno adequada filologia hebraica. Um conhecimento real daquela lngua, ou mesmo a habilidade de escritores competentes em usar adequadamente as palavras, freqentemente mostrar que a afirmao dogmtica de que algo muito peculiar deva ser o significado de uma palavra ou sentena hebraica somente uma petitio principii delineada em nome de certas dedues a que se pretende chegar. Qualquer estudioso competente pode ver que esse significado estranho no s desnecessrio como tambm, muitas vezes, inadmissvel, a no ser que seja permitido nos valermos das mais arbitrrias conjecturas... O modo pelo qual alguns tm introduzido dificuldades no departamento da filologia hebraica tem sido pela atribuio de significados novos e estranhos s palavras hebraicas, afirmando que tais significados devem estar certos em passagens particulares (embora em mais nenhum outro lugar), e limitando o sentido de uma raiz ou de um termo para, assim, concluir que se pode encontrar alguma incorreo de declarao por parte dos escritores sagrados.

    Se o intrprete tem alguma razo para duvidar do significado de uma palavra, como apresentado no Lxico, ele ter de investigar por si mesmo. Tais trabalhos so, indubitavelmente, muito frutferos mas, tambm, extremamente difceis. (a) A maioria das palavras tem muitos significados, alguns literais e outros figurados; (b) O estudo comparativo de palavras anlogas em outras lnguas requer uma discriminao cuidadosa e nem sempre ajuda a fixar o significado exato de uma palavra, uma vez que palavras correspondentes em lnguas diferentes nem sempre tm, exatamente, o mesmo significado original e derivativo; (c) No estudo das palavras do Novo Testamento, imperativo que a avaliao do koin escrito e tambm do falado, seja considerada; (d) No sempre seguro concluir o significado de uma palavra do Novo Testamento a partir do seu significado no grego clssico, uma vez que o

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    Cristianismo acrescentou um novo contedo a muitas palavras. Alm disso, precrio admitir que uma palavra sempre tem o mesmo significado na Palavra de Deus. O Deus revelador falou muitas vezes e de muitas maneiras; sua revelao foi progressiva, e pode ter enriquecido o significado das palavras no curso do seu desenvolvimento.

    Mas, por mais difcil que essa tarefa seja, isso no pode deter o intrprete. Se necessrio, ele deve fazer, por si mesmo, um estudo completo de uma palavra. E o nico modo pelo qual ele pode fazer isso pelo mtodo indutivo. Ser sua incumbncia: (a) apurar, com a ajuda das concordncias grega e hebraica, onde a palavra encontrada; (b) determinar o significado da palavra em cada uma das conexes em que ocorre; e (c) fazer isso por meio das ajudas internas em vez das externas. Na busca de tal estudo, os vrios significados de uma palavra iro, gradualmente, se tornar aparentes. No entanto, o intrprete deve tomar cuidado com as concluses precipitadas, e nunca basear sua induo somente numa parte dos dados disponveis. Esse estudo indutivo pode capacit-lo a (a) determinar se um certo significado, confiantemente atribudo pelo lxico a uma palavra, , de fato, correto; ou (b) obter segurana a respeito do significado representado como duvidoso no lxico; ou (c) descobrir um significado que nunca antes havia sido atribudo a uma determinada palavra.

    Os chamados hapax legomena constituem uma dificuldade especial. Esses podem ser de dois tipos, a saber, (1) absoluto, quando uma palavra encontrada mais apenas uma vez em toda a extenso da literatura conhecida; e (b) relativo, quando h apenas um nico exemplo do seu uso na Bblia. O primeiro , particularmente, desorientador para o intrprete. A origem de tais palavras est freqentemente perdida na obscuridade, e seu significado s pode ser determinado de forma aproximada, por meio da conexo em que ocorre e pela analogia de palavras relacionadas na mesma lngua ou em outras. Reflita em epiousios de Mt 6.11; Lc 11.3; e pistikos em Mc 14.3; Jo 12.3.

    3. USO DE PALAVRAS SINNIMAS. Todas as lnguas contm antnimos e sinnimos. As palavras sinnimas so aquelas que tm o mesmo significado, ou concordam em um ou mais de seus significados, embora possam diferir em outros. Elas, freqentemente, concordam em seus significados fundamentais, mas expressam diferentes nuanas. O uso de sinnimos contribui para a beleza da linguagem tanto quanto capacita um autor a variar suas expresses. Alm disso, enriquece uma linguagem, fazendo-a capaz de expressar mais detalhadamente as diferentes nuanas e aspectos de cada idia particular.

    As lnguas em que a Bblia foi escrita so tambm ricas em expresses sinnimas e antnimas. de se lamentar que essas no tenham sido retidas, a uma grande extenso, nas tradues. Em alguns casos, isso foi completamente impossvel, mas, em outros, poderia ter sido feito. Mas, embora algumas das mais refinadas distines tenham sido perdidas na traduo, o intrprete nunca pode perd-las de vista. Ele deve atentar para todas as idias relacionadas da Bblia e perceber rapidamente o que elas tm em comum e em que diferem. Essa a condio sine qua non de um conhecimento distintivo da revelao bblica.

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    O Novo Testamento fornece um belo exemplo em Joo 21.15-17. Quando o Senhor ressurreto indagou pelo amor do Pedro cado, usou duas palavras, a saber, agapao e phileo. A distino entre as duas feita por Trench nas seguintes palavras: A primeira expressa um afeto mais racional de escolha e seleo, a partir do fato de se ver no objeto desse afeto algo que digno de considerao; ou ainda, a partir de um senso de que isso devido pessoa ento considerada, como um benfeitor ou semelhante; enquanto a segunda, sem ser necessariamente um afeto irracional, d menos explicao de si mesmo a si mesmo; mais instintivo, mais de sentimentos ou afeies naturais, implica mais paixo. A primeira, baseada em admirao e respeito, um amor controlado pela vontade e tem um carter duradouro; enquanto que a ltima, baseada na afeio, um amor mais impulsivo e propenso a perder seu fervor. Ento, quando o Senhor colocou primeiramente a questo a Pedro, tu me amas?, ele usou a primeira palavra, agapao. Mas Pedro no ousou responder afirmativamente questo, se ele amava ao Senhor com um amor permanente que alcana seus maiores triunfos nos momentos de tentao. Assim, em resposta, ele usou a segunda palavra, phileo. O Senhor repetiu a questo, e Pedro novamente respondeu da mesma forma. Ento o Salvador desceu at o nvel de Pedro e, em sua terceira questo, usou a segunda palavra, como se ele duvidasse at mesmo do philein de Pedro. No de se admirar que Pedro se entristecesse e fizesse um apelo oniscincia do Senhor.

    Jo 21.15-17: Depois de comerem, Jesus perguntou a Simo Pedro: Simo, filho de Joo, voc me ama (a)gap#=j me) mais do que estes? Disse ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (filw= se). Disse Jesus: Cuide dos meus cordeiros. 16 Novamente Jesus disse: Simo, filho de Joo, voc me ama? (a)gap#=j me) Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo (filw= se). Disse Jesus: Pastoreie as minhas ovelhas. 17 Pela terceira vez, ele lhe disse: Simo, filho de Joo, voc me ama? (filei=j me) Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez Voc me ama? (Filei=j me) e lhe disse: Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo (filw= se). Disse-lhe Jesus: Cuide das minhas ovelhas.

    Esses exemplos bastam para provar a grande importncia do estudo dos sinnimos. Um interessante campo de estudo se abre aqui para o intrprete. Mas, justamente por ser um estudo to fascinante, ele pode se tornar perigoso. As palavras sinnimas tm sempre um significado geral como tambm um distintivo especial; e o expositor no deve prosseguir no princpio de que sempre que essas palavras so usadas, o significado distintivo deve ser enfatizado porque, assim, ele estar sujeito a se encontrar enredado em todos os tipos de interpretaes fantasiosas. O contexto em que a palavra

    usada, os atributos atribudos a ela e os adjuntos somados a ela devem determinar qual o sentido em que deve ser entendida, se o geral ou o especial. Se duas ou mais palavras ou expresses sinnimas so encontradas em uma mesma passagem, geralmente seguro admitir que seu significado especial requer ateno.

    Exemplos onde RHEMA e LOGOS so sinnimas: At 18.24: Nesse meio tempo, chegou a feso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqente e poderoso nas Escrituras.

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    At 18.24: )Ioudai=oj de/ tij )Apollw=j o)no/mati, )Alecandreu\j t%= ge/nei, a)nha)nha)nha)nh\\\\r lo/giojr lo/giojr lo/giojr lo/gioj, kath/nthsen ei)j )/Efeson, dunato\j w)\n e)n tai=j grafai=j.

    Mt 7.28: Quando Jesus acabou de proferir estas palavras (lo/goujlo/goujlo/goujlo/gouj), estavam as multides maravilhadas da sua doutrina; Mt 7.28: Kai\ e)ge/neto o(/te e)te/lesen o( )Ihsou=j tou\j lo/goujlo/goujlo/goujlo/gouj tou/touj, e)ceplh/ssonto oi( o)/xloi e)pi\ tv= didaxv= au)tou=. Mt 8.8,16: Mas o centurio respondeu: Senhor, no sou digno de que entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra (lo/g%lo/g%lo/g%lo/g%), e o meu rapaz ser curado. Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra (lo/g%) expeliu os espritos e curou todos os que estavam doentes. Mt 8.8,16: 8 kai\ a)pokriqei\j o( e(kato/ntarxoj e)/fh, Ku/rie, ou)k ei)mi\ i(kano\j i(/na mou u(po\ th\n ste/ghn ei)se/lqvj, a)lla\ mo/non ei)pe\ lo/g%lo/g%lo/g%lo/g%, kai\ i)aqh/setai o( pai=j mou. 16 )Oyi/aj de\ genome/nhj prosh/negkan au)t%= daimonizome/nouj pollou/j: kai\ e)ce/balen ta\

    pneu/mata lo/g% kai\ pa/ntaj tou\j kakw=j e)/xontaj e)qera/peusen. Mt 26.75: Ento, Pedro se lembrou da palavra (rhmatos) que Jesus lhe dissera: Antes que o galo

    cante, tu me negars trs vezes. E, saindo dali, chorou amargamente. Mt 26.75: kai\ e)mnh/sqh o( Pe/troj tou= r(h/matojr(h/matojr(h/matojr(h/matoj )Ihsou= ei)rhko/toj o(/ti Pri\n a)le/ktora fwnh=sai tri\j a)parnh/sv me: kai\ e)celqw\n e)/cw e)/klausen pikrw=j.

    Mc 14.72: Marcos 14:72 E logo cantou o galo pela segunda vez. Ento, Pedro se lembrou da palavra (rhema) que Jesus lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me negars trs vezes. E, caindo em si, desatou a chorar. Mc 14.72: 14.72 kai\ eu)qu\j e)k deute/rou a)le/ktwr e)fw/nhsen. kai\ a)nemnh/sqh o( Pe/troj to\ r(h=mar(h=mar(h=mar(h=ma w(j ei)=pen au)t%= o( )Ihsou=j o(/ti Pri\n a)le/ktora fwnh=sai di\j tri/j me a)parnh/sv:

    kai\ e)pibalw\n e)/klaien.

    Hb 11.3: Pela f, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se v no foi feito do que aparente. Hebrews 11:3: Pi/stei noou=men kathrti/sqai tou\j ai)w=naj r(h/mati qeou=, ei)j to\ mh\ e)k fainome/nwn to\ blepo/menon gegone/nai .

    Jo 14.16: E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dar outro Conselheiro para estar com vocs para sempre. Jo 14.16 ka)gw\ e)rwth/sw to\n pate/ra kai\ a)/llon para/klhton dw/sei u(mi=n, i(/na meq' u(mw=n ei)j to\n ai)w=na v)=,

    a)/llon - a)/lloj = outro (da mesma espcie)

    TESTE: Jz 12.4-6 Qual era o problema que havia com esta palavra que causou tantas mortes? Nota: Na resoluo deste teste entra em jogo o conhecimento da lngua original. Shibolete ( vvvv) tlbv ; Sibolete ( S) tlbs S = Smek; V = Shin

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    VII. HERMENUTICA SAGRADA - PRINCPIOS TEOLGICOS DE INTERPRETAO O CONHECIMENTO DO TEMPO:

    Introduo: Identificar e distinguir o tempo em que certo fato teve lugar e o modo e circunstncias em que ocorreu, fundamentar ajuda ao intrprete na elucidao do mesmo. Portanto, o intrprete deve distinguir o tempo, levando-o na devida considerao em seus estudos e interpretaes da Bblia.

    LEITURAS: Gn 2.8,16,17; 3.17; 12.1,2; Dt 5.1-21; Jo 1.11-13,16,17. NOTA 1: Ado foi colocado por Deus no den com plena li