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HERMENÊUTICA JURÍDICA PROFESSOR CLODOVIL MOREIRA SOARES DIREITO TEMA 3: TEMA 3: MÉTODOS E TIPOS MÉTODOS E TIPOS DOGMÁTICOS DE DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO * * Os chamados métodos de interpretação são, na Os chamados métodos de interpretação são, na verdade, regras técnicas que visam á obtenção de verdade, regras técnicas que visam á obtenção de um resultado. Com elas procuram-se orientações um resultado. Com elas procuram-se orientações para os problemas de decibilidade dos conflitos.” para os problemas de decibilidade dos conflitos.” (* Tércio Sampaio Ferraz Tércio Sampaio Ferraz ) )

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HERMENÊUTICA JURÍDICA

PROFESSOR CLODOVIL MOREIRA SOARES

DIREITO

TEMA 3: TEMA 3: MÉTODOS E TIPOS MÉTODOS E TIPOS DOGMÁTICOS DE DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃOINTERPRETAÇÃO**

““Os chamados métodos de interpretação são, na Os chamados métodos de interpretação são, na verdade, regras técnicas que visam á obtenção de verdade, regras técnicas que visam á obtenção de um resultado. Com elas procuram-se orientações um resultado. Com elas procuram-se orientações para os problemas de decibilidade dos conflitos.”para os problemas de decibilidade dos conflitos.” ((**Tércio Sampaio FerrazTércio Sampaio Ferraz))

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3.0. MÉTODOS E TIPOS DOGMÁTICOS DE INTERPRETAÇÃO

CRITÉRIOS BÁSICOS: CRITÉRIOS BÁSICOS:

A) COERÊNCIA (BUSCA DO SENTIDO A) COERÊNCIA (BUSCA DO SENTIDO CORRETO):CORRETO):

►► Sistema hierárquico de normas;Sistema hierárquico de normas;► ► Conteúdos normativos.Conteúdos normativos.

B) CONSENSO (BUSCA DO SENTIDO B) CONSENSO (BUSCA DO SENTIDO FUNCIONAL):FUNCIONAL):

►► Respaldo socialRespaldo social..

C) JUSTIÇA (BUSCA DO SENTIDO C) JUSTIÇA (BUSCA DO SENTIDO JUSTO):JUSTO):

►► Objetivos axiológicos do Objetivos axiológicos do direitodireito..

“EM FUNÇÃO DELES, PODEMOS FALAR EM MÉTODOS LÓGICO-SISTEMÁTICO, SOCIOLÓGICO E HISTÓRICO E TELEOLÓGICO-AXIOLÓGICO”. (Tércio Sampaio Ferraz)

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3.1. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL, LÓGICA E SISTEMÁTICA.

● PROBLEMAS SINTÁTICOS

I - Questões léxicas: questões de conexão da palavras nas sentenças. (Interpretação Gramatical) v.g. “ a investigação de um delito que ocorreu num país estrangeiro não deve levar-se em consideração pelo juiz brasileiro”.[A análise léxica é apenas um instrumento há mostrar e demonstrar o problema, não a solução]

II – Questões lógicas: questões de conexão de uma expressão com outras expressões dentro de um contexto. (Interpretação Lógica) v.g. Tributo: Art. 155,§3º/ Art. 150, I. [Também é um instrumento técnico a serviço da identificação de inconsistências]

III – Questões sistemáticas: questões de conexão das sentenças num todo orgânico, estrutural, pressupondo a unidade do sistema jurídico. (Interpretação Sistemática)

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● COMO RESOLVER AS INCOMPATIBILIDADES LÓGICAS?

MEDIANTE TRÊS PROCEDIMENTO:

A) ATITUDE FORMAL: BUSCA AS CONDIÇÕES DE DECIDIBILIDADE PELO ESTABELECIMENTO DE RECOMENDAÇÕES GERAIS PRÉVIAS Á OCORRÊNCIA DE CONFLITOS – Princípio da prevalência do especial sobre o geral, o princípio de que a lei não tem expressões supérfluas, o princípio de que , se o legislador não distinguir, não cabe ao interprete fazê-lo.

B) ATITUDE PRÁTICA: CORRESPONDE A RECOMENDAÇÕES QUE EMERGEM DAS SITUAÇÕES CONFLITIVAS, POR SUA CONSIDERAÇÃO MATERIAL, COMO O PROCEDIMENTO DAS CLASSIFICAÇÕES E RECLASSIFICAÇÕES, DEFINIÇÕES E REDEFINIÇÕES QUE ORA SEPARAM OS TERMOS NA FORMA DE OPOSIÇÕES SIMÉTRICAS OU DE CONJUGAÇÃO.

C) ATITUDE DIPLOMÁTICA: EXIGE UMA CERTA DOSE DE INVENTIVIDADE DO INTÉRPRETE, COMO É A PROPOSTA DA BOA-FÉ.

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3.2. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA, SOCIOLÓGICA E EVOLUTIVA.

● PROBLEMAS SEMÂNTICOS: referem-se aos significados das palavras ou de sentenças prescritivas. (ambiguidade e vagueza)

A) Conceitos indeterminados: aqueles que possuem uma extensão imprecisa de seu campo de referência objetiva, de antemão não é possível precisar o objeto. Vg. Repouso noturno, perigo iminente...

B) Conceitos valorativos: aqueles que possuem uma imprecisão quanto aos atributos que o definem, cuja intenção não fica clara sendo necessário a referência ao contexto social em que são utilizados. Vg. Mulher honesta, libidinagem, decoro parlamentar...

C) Conceitos discricionários: cuja imprecisão existe até que o interprete atribua uma relação de meio/fim, pois são expressos por predicados correlacionais: grande/pequeno, risco grave/leve, preponderante/secundário...

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3.2. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA, SOCIOLÓGICA E EVOLUTIVA.

““È preciso ver as condições específicas do tempo em que È preciso ver as condições específicas do tempo em que a norma incide, mas não podemos desconhecer as a norma incide, mas não podemos desconhecer as condições em que ocorreu a sua gênese.” (TSFJr.)condições em que ocorreu a sua gênese.” (TSFJr.)

● PRECEDENTES NORMATIVOS;● TRABALHOS PREPARATÓRIOS;● OCASIO LEGIS

““A maior parte da doutrina minimiza o papel do projeto de A maior parte da doutrina minimiza o papel do projeto de lei, das discussões nas comissões, relatórios, debates lei, das discussões nas comissões, relatórios, debates em plenário.” (Luís Roberto Barroso)em plenário.” (Luís Roberto Barroso)

● “O STF já utilizou em acórdão a interpretação histórica para suspender a lei estadual que prévia a instituição de contribuição previdenciária sobre proventos de inatividade e pensões de servidores.”

Barroso, ainda, lembra que a Suprema Corte americana Barroso, ainda, lembra que a Suprema Corte americana considerou que a interceptação telefônica não feria a considerou que a interceptação telefônica não feria a 4ª emenda, pois não existia telefone á época da 4ª emenda, pois não existia telefone á época da redação.redação.

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● COM BASE NESSES LEVANTAMENTOS DA CONDIÇÕES HISTÓRICAS E SOCIOLÓGICAS, A INTERPRETAÇÃO

ASSUME DUAS FORMAS: A) Controle de ambigüidade por interpretação conotativa: pode ser feita

de modo que o significado da palavra ou da sentença prescritiva seja mais claramente definido por meio de uma descrição formulada em outros termos. Vg. Mulher honesta.

B) B) Controle de vaguidade por Controle de vaguidade por interpretação denotativainterpretação denotativa: Diante de : Diante de um conjunto de fatos um conjunto de fatos experimentados e delimitados por experimentados e delimitados por sua função, seja possível decidir sua função, seja possível decidir com um com um sim ou não, ou talvez, sim ou não, ou talvez, se o se o conjunto de fatos constitui ou não conjunto de fatos constitui ou não uma referência que corresponde á uma referência que corresponde á palavra ou á sentença. Vg. depósitopalavra ou á sentença. Vg. depósito

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3.3. INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA E AXIOLÓGICA

“As normas devem ser aplicadas atendendo, fundamentalmente, ao seu espírito e á sua finalidade.(...) procura revelar o fim da norma, o valor ou bem jurídico visado pelo ordenamento com a edição de dado preceito.”( Luís Roberto Barroso)

““No direito brasileiro, a própria Lei de No direito brasileiro, a própria Lei de Introdução ao Código Civil, em seu Art. 5º, Introdução ao Código Civil, em seu Art. 5º, contém uma exigência teleológica: ‘contém uma exigência teleológica: ‘Na Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e as exigências do sociais a que ela se dirige e as exigências do bem comum.’ bem comum.’ ” (TSF Jr.)” (TSF Jr.)

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3.4. TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

A interpretação pode ser classificada quanto a sua A interpretação pode ser classificada quanto a sua extensão, levando-se em conta se as extensão, levando-se em conta se as decodificações utilizaram um código forte, decodificações utilizaram um código forte, reforçando o rigor da denotação e da conotação reforçando o rigor da denotação e da conotação dos símbolos, ou conforme um código fraco, dos símbolos, ou conforme um código fraco, deixando espaço para ambigüidade e para a deixando espaço para ambigüidade e para a vaguidade, nesta escala, temos, então, a vaguidade, nesta escala, temos, então, a interpretação interpretação especificadorespecificador, , restritivarestritiva e e extensivaextensiva..

I. INTERPRETAÇÃO ESPECIFICADORA

► Também chamada de declarativa.► É aquela em que o intérprete se limita a declarar o sentido da norma jurídica interpretada, sem amplia-la nem restringi-la. Parte do pressuposto de que o sentido da norma cabe na letra de seu enunciado.► Ex. Art. 930 do C.C., a expressão “Culpa de terceiro”

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II. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA

► É a que restringe o sentido e o alcance apresentado pela expressão literal da norma jurídica.Toda vez que o sentido da norma é limitado pelo interprete, não obstante a amplitude da sua expressão literal.► Ex. Normas que reduzem os direitos e garantias fundamentais, Leis fiscais e normas de exceção.

III. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA

►Amplia o sentido e o alcance apresentado pelo que dispõe literalmente o texto da norma jurídica. A NORMA DISSE MENOS DO QUE QUERIA.► Ex. Estender os direitos do Art. 5º. As pessoas jurídicas.

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3.5. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO DIREITO

A QUESTÃO DOS MODOS DE INTEGRAÇÃO DIZ RESPEITO AOS INSTRUMENTOS TÉCNICOS Á DISPOSIÇÃO DO INTÉRPRETE PARA EFETUAR O PREENCHIMENTO ( OU COLMATAÇÃO) E

A CONSTATAÇÃO DA LACUNA.

"... a grande diferença entre "... a grande diferença entre interpretaçãointerpretação e e integração, portanto, está em que, na integração, portanto, está em que, na primeira, o intérprete visa a estabelecer as primeira, o intérprete visa a estabelecer as premissas para o processo de aplicação premissas para o processo de aplicação através do recurso à argumentação retórica, através do recurso à argumentação retórica, aos dados históricos e às valorizações aos dados históricos e às valorizações éticas e políticas, éticas e políticas, tudo dentro do sentido tudo dentro do sentido possível do textopossível do texto; já na integração o ; já na integração o aplicador se vale dos argumentos de ordem aplicador se vale dos argumentos de ordem lógica, como a analogia e o argumento lógica, como a analogia e o argumento a a contrariocontrario, , operando fora da possibilidade operando fora da possibilidade expressiva do texto da normaexpressiva do texto da norma."." (Ricardo Lobo Torres)

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A QUESTÃO DA LACUNA E DA A QUESTÃO DA LACUNA E DA CONSEQUENTE INTEGRAÇÃO CONSEQUENTE INTEGRAÇÃO APARECE EM RAZÃO DE :APARECE EM RAZÃO DE :

a)a) Desde que se postule uma distinção Desde que se postule uma distinção entre atividade legislativa, executiva e entre atividade legislativa, executiva e judiciária;judiciária;

b) O intérprete encara o direito como b) O intérprete encara o direito como norma posta indispensável;norma posta indispensável;

c) As necessidades sociais de uma c) As necessidades sociais de uma sociedade em mudança exigem sociedade em mudança exigem rompimento da atitude acrítica;rompimento da atitude acrítica;

( Tércio Sampaio Ferraz) ( Tércio Sampaio Ferraz)

3.5. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO DIREITO

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3.5.1 MODOS DE INTEGRAÇÃO DO DIREITO

A - INSTRUMENTOS A - INSTRUMENTOS QUASE-LÓGICOSQUASE-LÓGICOS

B - INSTRUMENTOS B - INSTRUMENTOS INSTITUCIONAISINSTITUCIONAIS

São aqueles que exigem São aqueles que exigem alguma forma de alguma forma de

procedimento analítico.procedimento analítico.

São aqueles que buscam São aqueles que buscam apoio na concepção de apoio na concepção de

instituição.instituição.

ANALOGIAANALOGIA

INDUÇÃO AMPLIADORA INDUÇÃO AMPLIADORA

INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO EXTENSIVAEXTENSIVA

COSTUMESCOSTUMES

PRINCÍPIOS GERAIS DO PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITODIREITO

EQUIDADEEQUIDADE

““quasequase porque não porque não obedecem estritamente ao obedecem estritamente ao

rigor da lógica formal”rigor da lógica formal”

Emanam da concepção de Emanam da concepção de certa instituição: normas certa instituição: normas consuetudinárias, justiça consuetudinárias, justiça e ordenamento jurídicoe ordenamento jurídico

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A - INSTRUMENTOS QUASE-LÓGICOSA - INSTRUMENTOS QUASE-LÓGICOS

I - I - ANALOGIA: quando uma norma, estabelecida com e para ANALOGIA: quando uma norma, estabelecida com e para determinada determinada facti species, é aplicável a conduta para a qual não facti species, é aplicável a conduta para a qual não há norma, havendo entre ambos os supostos fáticos uma há norma, havendo entre ambos os supostos fáticos uma semelhançasemelhança..

FasesFases: 1 - Constatação de que o caso em exame não tenha sido de : 1 - Constatação de que o caso em exame não tenha sido de nenhum modo previsto pela lei e nem tenha pretendido regular nenhum modo previsto pela lei e nem tenha pretendido regular negativamente o caso.negativamente o caso.2 - Deve-se verificar se entre a situação prevista em lei e a ser 2 - Deve-se verificar se entre a situação prevista em lei e a ser regulamentada há relações essenciais ou de semelhança entre os regulamentada há relações essenciais ou de semelhança entre os supostos fáticos.supostos fáticos.

Espelha-se nos brocados Romanos: “Espelha-se nos brocados Romanos: “Ubi eadem ratio ibi idem jus” e “ Ubi eadem ratio ibi idem jus” e “ Ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio”Ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio”

Art. 4Art. 4º.º.  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogiaanalogia, os costumes e os princípios gerais de direito., os costumes e os princípios gerais de direito. (LICC)

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IIII – – INDUÇÃO AMPLIFICADORA: sugere um processo mais amplo, INDUÇÃO AMPLIFICADORA: sugere um processo mais amplo, porque não encontrando regra jurídica que regulamente caso porque não encontrando regra jurídica que regulamente caso semelhante, ao julgador se permite extrair filosoficamente (por semelhante, ao julgador se permite extrair filosoficamente (por dedução ou indução) o axioma predominantemente de um dedução ou indução) o axioma predominantemente de um conjunto de regras ou de um instituto, ou disciplinadoras de um conjunto de regras ou de um instituto, ou disciplinadoras de um instituto semelhante. V.g. Estatutos sociais – Princípio da instituto semelhante. V.g. Estatutos sociais – Princípio da maioria.maioria.

IIIIII – – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: partimos de uma norma e a INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: partimos de uma norma e a estendemos a casos que estão compreendidos implicitamente estendemos a casos que estão compreendidos implicitamente em sua letra ou explicitamente em seu espírito. Entre as três em sua letra ou explicitamente em seu espírito. Entre as três modalidades é a que possuiu a decodificação mais presa a modalidades é a que possuiu a decodificação mais presa a codificação que acompanha a norma. codificação que acompanha a norma.

Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito.e aos princípios gerais de direito.

LEMBRE-SE: LEMBRE-SE: Indução amplificadora e Interpretação Indução amplificadora e Interpretação Extensiva não se confundem.Extensiva não se confundem.

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B - INSTRUMENTOS INSTITUCIONAISB - INSTRUMENTOS INSTITUCIONAIS

I – COSTUMES : É a reiteração sistemática, I – COSTUMES : É a reiteração sistemática, intensa e regular, de um modo de ser ou intensa e regular, de um modo de ser ou conduta social, aceita e posteriormente, de conduta social, aceita e posteriormente, de forma gradual, incorporada pelo Direito forma gradual, incorporada pelo Direito positivo, com força de obrigatoriedade, positivo, com força de obrigatoriedade, tornando-se um modo pelo qual o direito se tornando-se um modo pelo qual o direito se expressa. ( Maria Helena Diniz)expressa. ( Maria Helena Diniz)

II – PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: São II – PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: São pressupostos que articulam, ampla e pressupostos que articulam, ampla e genericamente, a ciência do Direito e o genericamente, a ciência do Direito e o ordenamento jurídico, e que servem para ordenamento jurídico, e que servem para orientar racionalmente a compreensão do orientar racionalmente a compreensão do ordenamento, fundamentando o ordenamento, fundamentando o aparecimento de novas normas e a validade aparecimento de novas normas e a validade de outras já existentes. (Fábio Silva Costa)de outras já existentes. (Fábio Silva Costa)

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III – EQUIDADE : É o elemento de integração III – EQUIDADE : É o elemento de integração que se caracteriza como um julgamento que se caracteriza como um julgamento racional sobre o caso posto em questão racional sobre o caso posto em questão individualmente, atentando-se para a lógica individualmente, atentando-se para a lógica do bom senso, da ponderação, da do bom senso, da ponderação, da razoabilidade, em harmonia com as razoabilidade, em harmonia com as circunstâncias da dinâmica do caso circunstâncias da dinâmica do caso concreto.concreto.

B - INSTRUMENTOS INSTITUCIONAISB - INSTRUMENTOS INSTITUCIONAIS

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BIBLIOGRAFIABOBBIO, Norberto, A Era dos Direitos. Tradução de Carlos Nelson Coutinho – Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BARROSO, Luís Roberto, Interpretação e Aplicação da Constituição, 4ªed., São Paulo:Saraiva, 2002.

COSTA, Fábio Silva Costa, Hermenêutica Jurídica e Direito Contemporâneo. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.

DINIZ, Maria Helena. Compêndio de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva, 1997.

FERRAZ Jr., Tércio Sampaio, Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão e Dominação. São Paulo: Editora Atlas, 2007.

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Professor Clodovil Moreira Soares

“ Interpretar uma expressão de Direito

não é simplesmente tornar claro o

respectivo dizer, abstratamente

falando; é, sobretudo, revelar o sentido

apropriado para a vida real, e

conduzente a uma decisão reta.”CARLOS MAXIMILIANO.

Paz a todos!Estudem bem, estudem muito.Professor Clodovil Moreira Soares