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A R T I G O "HERÓIS" OU "BANDIDOS"? MILITANTES DE ESQUERDA NOS CÁRCERES POLíTICOS (1964 -1979)1 II'lTRODUÇÃO JOSÉ GERARDO VASCONCELOS* perem os códigos de si- lêncio e honra imanentes aos grupos de esquerda. RESUMO Tem este estudo o objetivo de anaflsar o papel do herói no período correspondente às décadas de 60 e 70, no Brasil autoritário. O herói na política incorpora infindáveis códigos de honra fundados em atos de coragem e, principalmente, na lei do silêncio. Em se tratando de um período marcado pelaforterepressãopolí1ica,as quafldadespessoais dos heróis podem ser avivadas em imediata contraposiçãoao bandido (delator)que, rompendo os códigos de honra, põe em risco os sonhos coletivos dos agrupamentos de esquerda. O presente estudo é parte de urna pesqui- sa desenvolvida desde 1991, no Pro- grama de Pós-Graduação em Sociologia da Universi- dade Federal do Ceará, cujas conclusões iniciais, obtidas em 1993, serviram de base à dissertação do autor (VASCONCELOS, 1993), defendida junto ao referi- do Programa. A investiga- ção de que se trata foi aprofundada no doutoramento, na mesma área e instituição, com o estudo da memória dos militantes de esquerda no Brasil pós 64 (presos, clandesti- nos, mortos e desaparecidos) construída como estratégia política. Conforme os estudos de POLLAK(989), a memória pode entrar em disputa com a me- mória oficial e sobreviver, subterraneamente, aguardando o momento da escuta. Entendemos todavia, que essa disputa pode acontecer inclu- sive no interior da memória subterrânea. Neste trabalho enfocaremos alguns ele- mentos que possibilitem a compreensão de determinados atos de heroísmo, articulados aos sonhos coletivos construídos pela esquer- da brasileira. O período da pesquisa, vai de 1964, ano do golpe militar, até 1979, ano da anistia. Os heróis, contudo, encontram sua própria antinomia na figura dos delatores (bandidos para a esquerda), que não tendo a capacidade de silenciar perante os tortura- dores, são estigmatizados pelo fato de rom- o HERÓi E A MORTE Valeria repassar o significado da memória heróica dos militantes de es- querda que ganham um novo sentido com a morte, pois passam a ser consi- derados, unanimemente, como símbolos da resistên- cia. Na realidade temos uma construção simbólica, pois os militantes, por mais firmes que estejam na defesa dos chamados "ideais revolucionários", por mais que arrisquem a vida como prova do seu empenho na "luta contra a ditadura" que se instaurava no pós-64, só se transformaram ver- dadeiramente em "heróis" no momento em que foram mortos pela repressão. Vale lembrar que, na mitologia, a morte vem sempre acompanhada do sono; são irmãos, filhos da noite, que habitam os lugares sombrios onde o sol (Apelo) jamais ilumina. Essa morte/sono do he- rói como se fosse apenas urna passagem. A passa- gem da vida para a história. A morte, na Grécia, • Professor Adjunto do Programa de Pós- Graduação em Educação Brasileira da UniverSidladeFederal do Ceará; Ed~or·Chefe da Revista Educação em Debate da Faculdade de Educação da UFC; mestre e doutor em Sociologia 110 REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS V. 31 N. 1 2000 Era do gênero masculino, e nos monumentos de arte, é por vezes dificílimo distingui-Ia do Sono. Os dois irmãos eram gêmeos e frequentemente representados juntos (MÉNERARD, 1991:118). O caso de Carlos Marigbelkr pode ser representado como o símbolo que a esquer-

HERÓIS OU BANDIDOS? MILITANTES DE ESQUERDA NOS … · rigente era o Capitão Carlos Lamarcal . A guerrilha estava restrita ao espaço ur- ... Marigbella, do assassinato do Lamarca,

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A R T I G O

"HERÓIS" OU "BANDIDOS"? MILITANTES DE ESQUERDANOS CÁRCERES POLíTICOS (1964 -1979)1

II'lTRODUÇÃOJOSÉ GERARDO VASCONCELOS*

perem os códigos de si-lêncio e honra imanentesaos grupos de esquerda.RESUMO

Tem este estudo o objetivo de anaflsaro papel doherói no período correspondente às décadas de60 e 70, no Brasil autoritário. O herói na políticaincorpora infindáveis códigos de honra fundadosem atos de coragem e, principalmente, na lei dosilêncio. Em se tratando de um período marcadopela forte repressãopolí1ica,as quafldadespessoaisdos heróis podem ser avivadas em imediatacontraposiçãoao bandido (delator)que, rompendoos códigos de honra, põe em risco os sonhoscoletivos dos agrupamentos de esquerda.

O presente estudo éparte de urna pesqui-sa desenvolvidadesde 1991, no Pro-

grama de Pós-Graduaçãoem Sociologia da Universi-dade Federal do Ceará, cujasconclusões iniciais, obtidasem 1993, serviram de baseà dissertação do autor(VASCONCELOS, 1993),defendida junto ao referi-do Programa. A investiga-ção de que se trata foi aprofundada nodoutoramento, na mesma área e instituição,com o estudo da memória dos militantes deesquerda no Brasil pós 64 (presos, clandesti-nos, mortos e desaparecidos) construída comoestratégia política.

Conforme os estudos de POLLAK(989),a memória pode entrar em disputa com a me-mória oficial e sobreviver, subterraneamente,aguardando o momento da escuta. Entendemostodavia, que essa disputa pode acontecer inclu-sive no interior da memória subterrânea.

Neste trabalho enfocaremos alguns ele-mentos que possibilitem a compreensão dedeterminados atos de heroísmo, articuladosaos sonhos coletivos construídos pela esquer-da brasileira. O período da pesquisa, vai de1964, ano do golpe militar, até 1979, ano daanistia. Os heróis, contudo, encontram suaprópria antinomia na figura dos delatores(bandidos para a esquerda), que não tendo acapacidade de silenciar perante os tortura-dores, são estigmatizados pelo fato de rom-

o HERÓi E A MORTE

Valeria repassar osignificado da memóriaheróica dos militantes de es-querda que ganham umnovo sentido com a morte,pois passam a ser consi-derados, unanimemente,como símbolos da resistên-cia. Na realidade temos

uma construção simbólica, pois os militantes,por mais firmes que estejam na defesa doschamados "ideais revolucionários", por maisque arrisquem a vida como prova do seuempenho na "luta contra a ditadura" que seinstaurava no pós-64, só se transformaram ver-dadeiramente em "heróis" no momento emque foram mortos pela repressão.

Vale lembrar que, na mitologia, a morte vemsempre acompanhada do sono; são irmãos, filhosda noite, que habitam os lugares sombrios onde osol (Apelo) jamais ilumina. Essa morte/sono do he-rói como se fosse apenas urna passagem. A passa-gem da vida para a história.A morte, na Grécia,

• Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira daUniverSidladeFederal do Ceará; Ed~or·Chefe daRevista Educação em Debate da Faculdade deEducaçãoda UFC;mestre e doutor em Sociologia

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Era do gênero masculino, e nos monumentosde arte, épor vezes dificílimo distingui-Ia doSono. Os dois irmãos eram gêmeos efrequentemente representados juntos(MÉNERARD,1991:118).

O caso de Carlos Marigbelkr pode serrepresentado como o símbolo que a esquer-

da, naquele momento, necessitava para darprosseguimento aos seus projetos coletivos.Dentre as vários cisões que o Partido Comu-nista Brasileiro (PCB) propiciou, Marighellaacabou integrando um dos principais agrupa-mentos políticos que dirigiu a guerrilha urba-na no Brasil - a Ação Libertadora Nacional -ALN, sendo inclusive o seu comandante.Carlos Marighella, segundo a afirmação deALVES, 0993: 14), era Expansivo como osbaianos e briguento como o Zumbi, defensorda luta armada na cidade, como preparaçãoda guerrilha no campo. O seu projeto era, narealidade, um governo de libertação nacional.

Mulato baiano, havia participado, muitojovemainda, do movimento do PCBem 1935, quan-do se deslocou da Bahia para oRio dejaneiro.Foipreso, violentamente torturado, mas con-quistou na prisão uma liderança e afama dedirigente solidário e cornbatiuo ( ..) Em 1964,reagiu à ordem deprisão mas terminou preso,apesar deferido. A partir dali escreveu um li-vro ao qual deu o nome Por que resisti à Pri-são, demonstrando a disposição de não dartrégua à ditadura e convocando os militantesde esquerda para uma resistência ativa contrao regime militar (SADER,1995: 110).

Marighella transforma-se rapidamentenum mito para a esquerda. Encamava a resis-tência, a coragem, a valentia e encantava, prin-cipalmente quando se tinha a possibilidade dedefinir caminhos que fossem mais apropriadospara um novo projeto de humanidade.

Mas, o cerco começou a ser fechado, oscaminhos ficaram mais estreitos e as luzes queindicavam as saídas, como nos jogos eletrôni-cos, se foram apagando pouco a pouco.MarigheIla, ao perceber que as trilhas definha-vam, busca refúgio junto aos padres dominicanose, com toda a sua experiência, não percebiaque alguns já estavam presos e outros sob ex-cessivo controle dos órgãos repressivos.

Assim, ao marcar um encontro com osdominicanos, numa quarta-feira de novembrode 1969, num dia em que a cidade se encon-

trava deserta, por causa da transmissão pelatelevisão do jogo Santos e Corintbians,Marigbella caiu numa armadilha montadacontra ele, na alameda Casa Branca, entre asAvenidas Paulista e Nove de julho, no bairrodos jardins, em São Paulo" Ao atravessar arua, "Ospoliciais fuzilaram CarlosMarigbellasem que elepegasse uma arma ou esboçassequalquer reação" ( SADER,1995:126).

Acrescenta, ainda, SADER (995), que amorte de Marighella foi anunciada no intervalodo jogo, exibindo as imagens de seu corporecostado no banco traseiro do Fusca. Era umamorte eletrônica, encoberta pela mística da TV,envolvida num processo simbólico cercado deimagens e, ao mesmo tempo, anunciada, emmeio ao jogo de futebol, cuja audiência eraaltíssima. Era, na realidade, uma morte muitoespecial, vivida em vários momentos das lutasnacionais. Marighella era um desses senhoresdo tempo. Aquele que não conseguia morrer,mas simplesmente ficava encantado, adorme-ce momentaneamente para acordar os novosviventes. É como se ao desaparecer no céuencoberto por uma imensa nuvem de fumaçabranca, reaparecesse nas manifestações e, prin-cipalmente, na memória dos grandes liberta-dores e sonhadores do mundo.

Com características similares à AçãoLibertadora Nacional- ALN, um grupo de milita-res abandona os quartéis e se junta aos mari-nheiros, sargentos e cabos expulsos das forçasarmadas pelo golpe militar. Formam assim, outraorganização que representaria a esperança dosrevolucionários que combatiam o autoritarismode Estado. Essa organização era a VanguardaPopular Revolucionária- VPR, cujo principal di-rigente era o Capitão Carlos Lamarcal .

A guerrilha estava restrita ao espaço ur-bano. Além do PC do B, apenas a VPR, manti-nha um acampamento de treinamento nosertão da Bahia, que também foi desmontadopela repressão.

No começo de 1971 foi feito o último seqüestrode embaixador, que promoveu a libertação demais de 70 presos políticos. Essa ação foi

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realizada pelo capitãoLamarca, que, em segui-da, discordando da linha considerada milita-rista - por privilegiar os enfrentamentosarmados, deixando para segundo plano o tra-balho político de massas -, mudou de organi-zação política e foi tentar desenvolver umtrabalho com os camponeses no interior daBahia. Ali CarlosLamarca foi descobertoPelarepressão e morto, desaparecendo assim a se-gunda grande figura da luta armada daqueleperíodo da esquerdabrasileiraCSADER,1995:129)

As mortes de Marigbella e Lamarca trariamgrande mudança entre os combatentes nos anosde chumbo no Brasil, pois representava nãosomente a morte de "heróis", como também amorte de um projeto. O esgotamento da resis-tência passava a ser cada vez mais visível, oque possibilitava a produção de olimpianos, dequase deuses, que de agora em diante passari-am a ser mais temidos que os militantes, poisrepresentavam um símbolo.

A morte de Carlos Marigbella e do capi-tão Carlos Lamarca representou, para muitos, aconsciência da derrota, o limite da temporalidadee o fracasso da opção pelo enfrentamento aoRegime Militar. É o que afirmará José Ferreira deAlencar", 64, militante do PCB na época:

A consciência da derrota vem aípelos anos 70,principalmente depois do assassinato doMarigbella, do assassinato do Lamarca, e odesencadeamento da repressão a nível nuncavisto.Foi a época do governo Mêdici.

o que restava fazer? Na realidade, era atentativa desesperada de, heroicamente, sobrevi-ver resistindo ou de escapar fugindo das malhasdo terror, rompendo assim, os códigos de honra equebrando o silêncio com a fala da delação, paradepois envergonhar-se com a o tormento de suaslembranças lançadas na ótica dos militantes revo-lucionários nos escombros da história. As opçõeseram colocadas para os militantes ou para os dela-tores, que não poderiam simplesmente exteriorizaro cansaço dos seus limites. Teriam que refazersuas vidas a partir de seus projetos individuais ecoletivos. Talvez necessitassem refrear um pouco

os seus desejos, aprender a conviver com a ad-versidade. O período de chumbo já era realidadee a força da paixão já não era suficiente paracombater a força do Estado militar e a cultura domedo gerada na sociedade.

Alencar relata o contexto em que tomaconsciência da derrota e quando pela primeiravez é abatido pelo sentimento de impotência,talvez maior do que aquele que sentiu no mo-mento em que descobre na cadeia que haviaperdido a perna'. Com toda a sua manifestaçãode angústia, de fragilidade e, até certo ponto,de desencanto, resolve permanecer na militância.Na sua fala, era como se um enorme poderfosse incorporado, superando limites físicos esubjetivos. Um imenso fardo que, ao ser carre-gado, tomasse forma em nome de um projetocivilizatório muito maior e, principalmente, parahonrar os compromissos políticos assumidos. Éo discurso heróico do militante que supervalorizatodos os atos, como se quisesse recompensar asi mesmo pelos seus feitos memoráveis, obten-do assim o passaporte para entrar na história.

Eu ainda fiquei na militância até a prisão.Porquê?Porque eu ainda tinha assumido com-promissos. E compromissos, principalmentecom ajuventude. Havia muitos jovens e mui-tos quadros, quadros históricos. Eu não meconsiderava nenhum quadro histórico,mas emfrente à juventude eu era o mais velho. Porexemplo, existiam muitos estudantes da uni-versidade envolvidos na luta armada. Eu eraprofessor. Você encontra SiluioMoia, você vaiencontrar Fabiani, a Swiami ; basta dizer oseguinte: todos os presospolíticos que estavamno Paulo Sarasate (. ..) o único que tinha cur-so superior era eu. Todos os demais estavamem processo de formação (. ..) Eu era o únicoformado, portanto com direito a prisão espe-cial. E eu abri mào (...)para estar no coletivode presos e de companheiros (. ..). Eu me sen-tia com a responsabilidade muito grande, denão sair do barco na hora que o barco come-çava a dar água, não que eu me sentisse ocomandante da marinha, que é o último a dei-xar o barco (...) era uma atitude, vamos di-zer, nobre, de nobreza.

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Esse sentimento de solidariedade, eviden-temente digno, que nem todos os militantes deesquerda desenvolveram para com os seus com-panheiros, representava, além da opção, umaelevada preocupação normatizadora. Era comose todos tivessem a responsabilidade de conti-nuar lutando pelas idéias, pelos projetosemancipatórios que alimentavam a própria exis-tência e, ao mesmo tempo, se esse elo fossequebrado, isso poderia representar não somen-te a quebra dos valores éticos do revolucioná-rio, como também implicava punições para oindivíduo que se afastasse desses laços. Omilitante estabelecia um pacto normatizador.Um pacto de luta, de vida e de morte se fos-se preciso. Isso poderia ser gratificante nasrecordações coletivas dos grupos, mesmo quevividas clandestinamente.

A CULPA E O ANTI-HERÓI (BANDIDO)

A antinomia do Herói, gerada no contex-to autoritário é configurada nos atos de fala domilitante, no momento em que o silêncio eraexigido como condição de possibilidade paraalimentar o sonho revolucionário. Temos de lem-brar que o militante que fala (delata), seria efe-tivamente acometido de um grande sentimentode culpa e, além de tudo, poderia ser transfor-mado em anti-herói (Bandido). Muitos indivídu-os que viveram essa situação, ou pelo menosforam colocados como suspeitos, mesmo de-pois de todo o processo, ainda tentam justificarou esclarecer os detalhes de sua "fraqueza" paraos sobreviventes. A delação ou a simples pos-sibilidade, revelaria na óptica dos militantes, umaperda irreparável em relação a tudo o que po-deria ter o selo ético do revolucionário. PedroAlbuquerque', duas décadas depois ainda sedefende do estigma da "traição'". Magoado coma insinuação de delação. Albuquerque assegura:

Nenhum companheiro ou amigo caiu pelaminha boca. Tenho a consciência tranqüilasobre isso". E completa: "Não condeno mes-mo os que entregaram porque eles tambémforam vítimas. Ser humano não nasceu para

ser torturado. A tortura me ensinou que oser humano é capaz de amar além do queimagina. Posso encontrar-me com um demeus torturadores. Não sinto ódio, mas que-rojustiça (O Povo, 31/10/93: 27A).

A recuperação da memória como estraté-gia política não pode ser maculada pela míni-ma suspeita de anti-heroísmo. O possíveldelator teria que ultrapassar suatemporalidade, convivendo com esse fantas-ma, o que implica um sofrimento para o per-sonagem e para sua família, principalmentese essa família tem uma tradição de militância.Sua Mãe, Lourdes Albuquerque, 74, revela amágoa em relação à esquerda pela suspeitaque envolve um membro de sua família

Eu fiquei muito revoltada com a acusação doPomar. Tive vontade de responder e tudo, masfinalmente o partido respondeu. Ele (PedroAlbuquerque)saiu de lá (GuerrilhadoAraguaia),

porque a menina (sua esposa) estavagrávida eeleestavacom uma ferida muito grande na per-na.Masnão sairamfugidos, saíram tudodeacor-do. Jamais um filho meu seria um dedo-duro.Muitas vezes pessoas disseram que eu deveriaconversarcom meufilho Máriopara ele ir à tele-visãopara dizer que searrependeu. Eu dizia: eunão concordo. O Teimo(um delator conhecido)foi, eu me lembro do Teimo na Televisão.Eume admirei muito porque ele era uma criatu-ra idealista, não sei por que ele fez isso. Eunão acreditava. Dizem que ele delatou muitagente, eu não sei. Eu dizia para a minha che-fe: Eu prefiro perder emprego, perder tudo, doque um filho meu ir à televisão. Até eu ficoencabulada com um negócio desse. De ma-neira alguma eu aceito um negócio desse.

A saída do espaço de conflito deveria serjustificada ao centro de comando da guerrilha.O militante não poderia mais abandonar o lu-gar que fora cuidadosamente "escolhido" e "pla-nejado" nos detalhes de ação e de combate;afinal era a "questão de segurança" e de preser-vação das vidas doadas à causa revolucionáriaque estava em jogo e, nesse caso, a mínima

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suspeita apavorava a todos os membros quetestavam constantemente os valores revolucio-nários em atos de coragem, de heroísmo e desolidariedade. Além de tudo, a memória da fa-mília precisava ser preservada. Era uma memó-ria de luta, de militância, de perdas compensadaspela coragem de seus integrantes, não poden-do dar lugar à memória envergonhada do dela-tor. Essa memória deve ser escondida emescaninhos, pois a mínima suspeita é punidacom a eterna sombra da delação, mesmo quepossa revelar a fraqueza possível de qualquerser humano no momento de tortura.

o REENCONTRO COM O SíMBOLO VIVO NA FIRMEZADO NÁo-DITO DO HERÓi MODERNO

Figura como a de José Duarte traria no seucorpo e na sua trajetória de vida e de militânciaa própria reconstrução de um símbolo, que todosgostariam de acompanhar e que deveriam passaradiante. Para o velho militante era possível in-clusive ironizar com a repressão, mostrar quenão tinha sentido todo um aparato para vigiarum senhor de idade, frágil, doente mas, ao mes-mo tempo, sereno e firme nas suas convicções.

A cadeia era na realidade a casa de JoséDuarte, tendo sido preso várias vezes, inclusi-ve antes do Golpe Militar e essa experiência ecoragem eram repassadas aos demais militantescom quem dividiu o mesmo espaço institucional.A busca incessante de referências para a es-querda, já completamente desestruturada, erana realidade a busca do líder, do "herói". Amemória é aqui revestida de heroísmo. É a lem-brança que pode ser contada e repassada paraa história; contudo, o herói moderno é uma re-presentação. Para BENJAMIN (994),

o herói moderno não é herói - apenas repre-senta opapel de herói. A modernidade heróicase revela como uma tragédia onde opapel doherói está disponível (. ..). Cenário, ator e he-rói estão reunidos (BENJAMIN,1994:95).

Essa representação moderna do herói é,na política, revestida de uma necessidade apai-

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xonada, cujos desdobramentos inserem-se naspróprias ações dos heróis e dos seus produto-res. A idéia do risco, de atos que desafiem anoção do perigo, foram necessários para queos revolucionários continuassem acreditandonas próprias representações e nos seus desa-fios em que o medo da morte passa a ser umsimples detalhe, pois representa a resistênciaàs suas forças, mesmo que para isso o suicí-dio esteja em cogitação:

A modernidade deve manter-se sob o signo dosuicídio, selo de uma vontade heróica, quenada concede a um modo de pensar hostil.Esse suicídio não é renúncia, mas sim pai-xão heróica. É a conquista da modernidadeno âmbito das paixões (, ..). O suicídio deheróis antigos é uma exceção( ... J. Amodernidade mantém pronta a matéria pri-ma de tais representações e espera um mes-tre (BENJAMIN,1994: 74 e 75).

Para a mulher militante, contudo, a sensi-bilidade deveria seguir passo a passo o caminhoda política e juntar -se ao que era até então consi-derado forte ou heróico, levando em conta o fatode que o modelo de militância é masculino. Aimagem da mulher/musa, inspiradora dos talen-tos, expressão da beleza e da sensualidade, dapureza e do encanto, é acompanhada na mitolo-gia grega como a expressão da desgraça mascu-lina que, com a curiosidade de Pandora, mãe dogênero humano, abre a caixa que recebera deJúpiter, deixando que todos os males se espa-lhassem pela terra, restando apenas a esperança.BAUDELAIRE(996) mostra esses encantos:

...a mulher, numa palavra, não é somente parao artista em geral (, ..). É antes uma divindade,um astro quepreside todas as concepções do cé-rebromasculino, é uma reverbação de todos osencantos da natureza condensados num únicoser; é o objeto da admiração e da curiosidademais viva que o quadro da vida possa oferecerao contemp/ador (BAUDELAIRE;1996:54).

Todavia, é na imagem da heroina queBENJAMIN (994), ao comentar a poesia de

Baudelaire e suas considerações sobre Flaubert,lembra a preocupação com a mulher intelectu-al. Sem deixar de lado o elogio a Flaubert, quefoi capaz de construir o ser humano perfeito,apto para o cálculo e para o sonho, mostra queMadame Bovary permaneceu sendo um homem.Se a heroína não encontra lugar na modemidade,pois há uma grande incompatibilidade entre abeleza e a força, o herói moderno não conse-guiria sequer reproduzir a própria vida.

oherói é tãoforte, tão engenhoso, tão harmo-nioso, tão bem estruturado como essesnavios.Para ele, contudo, o alto- mar acena em vão.Pois uma má estrela paira sobre sua vida. Amodernidade se revela como uma fatalidade.Nela o herói não cabe; ela não tem emprego al-gum para essetipo.Amarra-o para sempre numporto seguro; abandona-o a uma eterna ocio-sidade(BENJAMIN, 1994: 93).

É então que o "herói" perdido no·tempose reencontra na política. Esse provavelmenteserá o seu último refúgio, o último sonho. Osmilitantes de esquerda no Brasil necessitavamconstruir os próprios "heróis".

o heroísmo apareceu como uma necessidadeque deveria satisfazer uma identidade enigmá-tica e, neste sentido, ela tinha eficácia. O heróique existe em cada mortal podia ser vivido emdiferentes situações, mas a revolução era umacontecimento paradigmâuco. Ela despertavaao espírito heróico a energia passional na di-reção do que era comum, do que erapúblico,permitindo ao herói revelar-se a si e aos outros.Ilusão necessária e eficaz fortalecia a auto -imagem do indivíduo e o referenciava social-mente( PIETROCOLLA,1995:53).

CONCLUSÃO

Nesses "heróis", o sonho coletivo poderiaalcançar níveis inesperados. Alguns grupos po-líticos foram realmente grandes produtores desonhos e de "heróis" que, em determinados ca-sos, revestiam-se de uma distância planetária

no que se referia à realidade social doautoritarismo. Em outros casos, alguns indivídu-os-militantes compactuaram, à sua maneira, dosonho coletivo, o que não deve diminuir outirar a importância da dimensão utópica e cria-dora desses maravilhosos revolucionários que,com sua capacidade de sonhar, deram um novosentido ao processo revolucionário brasileiro e,conseqüentemente, à luta contra o autoritarismo.

NOTAS

Este trabalho foi apresentado no VII Encontro deCiências Sociais do Norte/Nordeste - Modo depensar o Social- Espaço, Tempo e Imagens - GT-8 Política, Imagens e Representações, realizadono Ponta Mar Hotel em Fortaleza- CE,no períodode 10 a 13.06.97.

2 Militante comunista, fundador e dirigente nacio-nal da Ação Libertadora Nacional - ALN,nasceuem Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 1911.Começou a militar no Partido Comunista Brasilei-ro aos 18 anos, quando iniciava o curso de Enge-nharia na Escola Politécnica da Bahia. Foi presoem 1932, por fazer críticas através de um poemaao interventor Juracy Magalhães. Em 1935, mu-dou-se para o Rio de Janeiro. Como integrante doComitê Central, era responsável pelo trabalho deimprensa e divulgação do Partido. Em 1939, retomaao cárcere, onde mais uma vez renova o exemplode resistência e determinação frente aos interroga-tórios e às torturas. Em 1945, conquista a Anistia eretoma à liberdade. Em 1946, foi eleito deputadoconstituinte representando o Estado da Bahia. Em1948 foi cassado e retoma à clandestinidade. Em1952, foi enviado à China peJo Partido, onde estu-da a experiência da Revolução Chinesa. Em 1962,dá-se o início da ruptura com o PCB, que passa aser aprofundada com o golpe militar de 64. -"Marigghel1aaprofundou suas críticas à orientaçãooficial do partido poucas semanas após o golpe,no dia 9 de maio, foi localizado num cinema daTijuca, no Rio, e preso. Embora baleado, à quei-ma-roupa, repetiu a postura de altivez das prisõesanteriores. Fez de sua defesa um ataque aos cri-mes da ditadura. A mobilização política forçou osgenerais a aceitarem a concessão de um habeas-

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corpus que novamente lhe deu a liberdade"(Dossiê dos Mortos e Desaparecidos a partirde 64; 1995: 58). Esse episódio resultou em umlivro Porque resisti à prisão. O rompimento de-finitivo com o PCBseria efetivado com um docu-mento intitulado "Pronunciamento doAgrupamento Comunista de São Paulo", divulga-do em fevereiro de 1968. A organização foi, en-tão, denominada Ação Libertadora Nacional- ALN.Nascido no Rio de Janeiro em 27 de outubro de1937. Participou na juventude, de algumas mani-festações nacionalistas como "O Petróleo é Nos-so". Formou-se pela Escola Militar das AgulhasNegras, em Resende - Rio de Janeiro, em 1960.Em 1967,obtém a patente de Capitão. Foi em SãoPaulo, no quartel de Quitaúna, para onde foi trans-ferido em 1965,que Iarnarca, juntamente com umgrupo de companheiros, fez a opção revolucioná-ria pela luta armada. A Ação Libertadora Nacionaljá estava organizada - ALNe havia um grupo demilitares, expulso das forças armadas, que manti-nha ligação com o movimento operário, inicial-mente vinculado ao Movimento NacionalistaRevolucionário - MNR,que, unindo-se a setoresdissidentes da Política Operária (POLOP) deu ori-gem, juntamente com o grupo do Capitão Lamarca,à Vanguarda Popular Revolucionária - VPR. Emabril de 1971, discordando da VPR, ingressou noMovimento Revolucionário 8 de Outubro - MR-8,deslocando-se para o sertão da Bahia com o obje-tivo de manter uma base desta organização nointerior. Em agosto do mesmo ano, ocorre em Sal-vador a prisão de um militante que conhecia oseu paradeiro e a localização de um aparelho ondeestava localizada a sua companheira laraYavelberg. O referido aparelho foi rapidamentelocalizado, fazendo com que Yara se suicidassecom um tiro. Em seguida, partem para o local ondeLamarca estava refugiado. " A imprensa brasileiraapresentou na ocasião duas versões sobre o diálo-go que teria havido entre Lamarca e o 'agentefederal'. Para o Globo, foram apenas três frases:'Vocêé Lamarca?-' Sou o Capitão CarlosLamarca'.- 'Era. Agora você vai ser defunto'. A versão damaioria dos jornais foi um pouco mais longa:'Quem é você? - 'Carlos Lamarca'. - 'Sabe o queaconteceu com lara?' - 'Ela se suicidou em Salva-dor.' - 'Onde está sua mulher e seus filhos?' -

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'Estão em Cuba.' - 'Você sabe que é um traidor daPátria?'.Lamarca teria morrido sem responder essaúltima pergunta" (Dossiê dos Mortos e Desapa-recidos a partir de 64; 1995: 105)

4 Militante do PCB, preso várias vezes, inclusive an-tes do regime militar pós-64, atuava na Universi-dade Federal do Ceará, relata que "De 68 emdiante eu fui várias vezes preso e às vezes commuita violência. Eu tinha um problema circulató-rio, um problema de deficiência na circulação, eisso está muito relacionado com o problema tam-bém de tensão, de conflito, de stress. E a cabeça éboa, tem companheiro que se não tiver cuidado,companheiro que não agüentou tanta pressão. Aminha mazela se refletia mais no problema de úl-cera e o problema circulatório. Em 70 por exem-plo, depois de várias prisões, não foram nem umanem duas, foram várias prisões, sempre que acon-tecia alguma coisa eu era preso. Sabiam já qualera o endereço. Basta dizer que quando batiampalma na porta e diziam: é aqui que mora o se-nhor José Ferreira de Alencar, eu já sabia que es-tava preso; senhor José Ferreira de Alencar tá preso.Preso na maioria das vezes pelo Exército e algu-mas vezes pela Polícia Federal. Uma dessas pri-sões foi em dezembro de 70: eu fui preso, nãome recordo nem mais o motivo e nessa prisão, eufui estupidamente espancado na minha casa, semnenhum motivo. A casa foi invadida violentamen-te, rebentando porta, coisa de cinco e meia damanhã. Eu estava inclusive acamado, porque es-tava com crise muito séria de circulação na pernadireita. Quando despertei, já era com um soldado,não sei qual era a patente dele, no meu quarto. Eeu me levantei, me disse para pôr as mãos nacabeça, eu botei as mãos na cabeça; sem nenhummotivo eu levei logo um soco na cabeça, sem ne-nhum motivo. Eeu caí em cima da cama, uma camapequena, de solteiro, não estava em cama de casal,numa cama de solteiro por causa da doença. E acama tinha uma parte mais alta para facilitara reco-mendação médica, em cima de duas latas de leiteninho. Quando eu caí por cima das latas,da cama ...Ah!as latas desmoronaram e fez barulho. Eele queestava mais apavorado do que eu, puxou o gatilhoda metralhadora e armou-a. Na hora eu fiquei apa-vorado, logo pensei: vou morrer, sem motivo, eucom as mãos na cabeça. Eu disse: eu não estou

resistindo à prisão. Então, ele dá um chute naporta do quarto ao lado, onde eu tinha duasfilhas e uma sobrinha, que estavam dormindo.O quarto era pequeno. Minha casa era casa declasse média, média, casa pequena, quartosquase conjugados. Tinha dois filhos que nãomoravam comigo, para ver se aliviavam as ten-sões. A minha filha mais velha é acordada comele batendo com o cano da metralhadora nela,ela tinha quatorze anos. Ele a despertou, ba-tendo com o cano da metralhadora nela. E dáordem de prisão para todo mundo. As duas maisnovas, uma sobrinha e a outra filha tinham deze onze anos. Daí eu sou levado para a sala.Quando eu chego na sala, eu procuro falar comuma pessoa que parecia que chefiava, coman-dava o grupo. E fui falar com ela dizendo exa-tamente isso: olha eu não estou resistindo àprisão, não há necessidade de violência".Sofrendo de problemas circulatórios, com o pro-cesso que o levou a amputar a perna. "Eu tinhaperdido a perna, justamente com o agravante des-sa prisão violenta, pois eu tive problemas circula-tórios, isso foi até o dia 10 de dezembro. Eu jáestava em uma situação difícil, fui solto e presonovamente no final de 1970.No dia 18 de dezem-bro eu estava internado por uma gangrena nodedo, houve uma amputação no dedo porquegangrenou, porque com essa violência a doençaagravou-se rapidamente, houve bloqueio total, eeu perco um dedo. Fomos para a operação dodedo, e aí a gangrena degenera para a perna. E àminha revelia, que eu perdi os sentidos, eu aindatomei conhecimento da amputação do dedo nodia 19; no dia 20 as coisas se agravavam, eu entronuma base de sedativo violento e perco ... nãoentro em coma, mas perco a noção de realidade.Quando vou ter noção de realidade novamente, éno dia 10 de janeiro de 1971. Passei vinte diassem saber o que aconteceu na minha vida. Medisseram que dei até escândalo no hospital; fizcomício, discurso, falei de ditadura, de médico,chamei médico de filho da puta ... estava muitopressionado, muito, muito. Foi quando acordo dia10, é que eu sinto que perdi a perna. O pior, éque a dor continuava, reflexo... que isso é um pro-blema biológico. Você perde a perna, mas paraela ir embora do seu consciente, ainda hoje você

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fala dela e ela aparece. E a minha primeira reaçãoeu acho que foi psicologicamente boa. A primeiracoisa que eu pensei, quando vi que tinha perdidoa perna, procuro e não a encontro, foi um impac-to muito grande; se eu fosse o Pelé, eu estavaperdido, mas eu não sou o Pelé, foi o que pensei"Participou da Guerrilha do Araguaia na década de70, foi preso várias vezes pela repressão até optarpelo exílio. Sua mãe, Maria de LurdesAlbuquerque, relata sua história de vida. "Pedrofoi preso três vezes: a primeira vez, ele já estuda-va e fazia Escola Técnica. Ele tinha tomado ba-nho, estava na sala esperando o jantar, quando derepente eu procurei o Pedro e não encontrei mais.Foi aí que eu tomei um choque muito grande.Hoje eu não enxergo, só se estiver calma. Quatrodias depois, eu não enxergava nada. Um vizinhoentão disse que um soldado e um rapaz tinhamvindo buscá-lo. Depois eu soube que ele estavaperto do Tiradentes, andando de joelhos e umrapaz atrás dele. Esse rapaz era filho de um se-nhor que era da polícia. Ele passou a ser infor-mante da polícia. Estudava na EscolaTécnica, tinharaiva do Pedro, pois o Pedro ganhara o Grêmio.Depois o Pedro foi preso novamente, passou vin-te e três dias no 23ºBC (...) Depois o Pedro foipreso, lá no Congresso que houve em São Paulo(Ibiúna). Ele já participava do Centro Estudantil.Ele foi preso várias vezes, a história do Pedro émuito longa. Foi para a guerrilha, eu não sabiaonde ele estava. Soube depois que ele estava lá esó depois que ele chegou. Quanto à participaçãodele lá eu não sei de nada, porque ele não conta".A acusação de traição foi feita pelo guerrilheiroÂngelo Arroyo, único sobrevivente da terceirainvestida militar na região do Araguaia. Na reali-dade, Albuquerque teria fugido para relatar osacontecimentos da guerrilha. Contudo, a acusa-ção de delação é repetida pela reportagem da re-vista Veja de 13/10/93.

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