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[HETERONÍMIA EM FERNANDO PESSOA] Portugu ês Escola Secundária Martins Sarmento - Guimarães Ano Lectivo 2009/2010 Elaborado por: - Vítor Martins Pereira nº26 12ºCT2 Professora: Isabel Teibão

Heteronímia em Fernando Pessoa

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Page 1: Heteronímia em Fernando Pessoa

[HETERONÍMIA EM FERNANDO PESSOA]

Português

Escola Secundária Martins Sarmento - Guimarães

Ano Lectivo 2009/2010

Elaborado por:- Vítor Martins Pereira nº26

12ºCT2

Professora: Isabel Teibão

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ConteúdoIntrodução..............................................................................................................................................3

“O ENIGMA EM PESSOA”........................................................................................................................4

Introdução à obra de Fernando Pessoa.........................................................................................4

Uma vida, Muitas invenções.........................................................................................................5

As temáticas de Fernando Pessoa.................................................................................................6

-O fingimento poético / intelectualização dos sentimentos...........................................................6

- A dor de pensar;...........................................................................................................................6

-A fragmentação do eu;..................................................................................................................6

Características dos Heterónimos...................................................................................................7

Alberto Caeiro (“O Mestre”)...........................................................................................................7

Ricardo Reis....................................................................................................................................8

Álvaro de Campos...........................................................................................................................9

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IntroduçãoO presente trabalho foi elaborado no âmbito do tema – Heteronímia

em Fernando Pessoa - para a disciplina de Português com o principal

objectivo de compensar o facto de não ter realizado a segunda ficha de

avaliação sumativa, ficha de leitura e apresentação oral por motivos de

saúde.

Este trabalho possibilita-me também consolidar os meus

conhecimentos sobre Fernando Pessoa bem como da sua criação literária.

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“O ENIGMA EM PESSOA”

Introdução à obra de Fernando Pessoa

Nascido em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1888, Fernando Pessoa perdeu o pai aos cinco anos de idade. Em 1896, a família transferiu-se, levada pelo segundo marido da sua mãe, para a cidade de Durban, na África do Sul. Lá, completou o secundário, revelando cedo atracção pela literatura. Em 1903, ingressa na Universidade do Cabo.

Fernando Pessoa, educado em inglês, adquiriu o gosto pela poesia lendo Milton, Byron, Shelley, Edgar Allan Poe e outros poetas de língua inglesa.

Deixando a família em Durban, o jovem estudante, que até pensava em inglês, retorna a Portugal. Fernando Pessoa matricula-se, então, no Curso Superior de Letras, que cedo abandona, e entra em contacto com os grandes escritores da língua portuguesa. Impressiona-se com os sermões do Padre António Vieira (1608-1697) e particularmente com a obra de Cesário Verde (1855-1886). Em 1908 começa a trabalhar como tradutor de cartas comerciais para empresas estrangeiras. Deste emprego modesto retirou o sustento durante toda a vida. Boémio, encontrava-se com os amigos em cafés, especialmente a "Brasileira do Chiado", para discutir literatura. Em 1912 conheceu o poeta Mário de Sá-Carneiro (1890 - 1916), de quem se tornou  grande amigo. Em Paris, no dia 26 de Abril de 1916, Sá-Carneiro suicidou-se após escrever cartas angustiadas a Fernando Pessoa.

A revista Orpheu, fundada em 1915 por Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e outros amigos como Almada Negreiros e Luís de Montalvor   representa o marco inicial do Modernismo em Portugal.

Após a notoriedade, nem sempre positiva, adquirida com a publicação de Orpheu, Pessoa mergulhou em anos de relativa obscuridade. Publicou um pequeno volume de poemas em inglês, Antinuos and 35 Sonnets (1918), ensaios e poemas esporádicos em algumas revistas, fundou outras, envolveu-se com o ocultismo e a magia negra e dedicou-se ao estudo da astrologia. Em 1934, publicou o livro Mensagem, e com ele participou ganhou o prémio de Categoria B de "Antero de Quental".

No dia 30 de Novembro de 1935, morreu de cirrose hepática. Fernando Pessoa nunca teve, em vida, o reconhecimento que merecia. Viveu

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modestamente, em relativa obscuridade. Quando vivo, teve apenas dois livros publicados: Alguns poemas em inglês e Mensagem.

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Uma vida, Muitas invenções

Desde cedo, Fernando Pessoa inventara seus companheiros. Ainda em Durban, imaginou os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher.

Criou também o especialista em palavras cruzadas Alexander Search e outras figuras menores. Mas seria no dia  8 de Março de 1914 que os heterónimos começariam a aparecer com toda a força.

Neste dia, Pessoa escreveu, de uma só vez, os 49 poemas de O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro. Como resposta, escreve também os seis poemas de Chuva Oblíqua,   que assina com seu próprio nome. Logo, inventou Álvaro de Campos e, em Junho do mesmo ano, Ricardo Reis. Um semi-heterónimo de Pessoa, Bernardo Soares, só em 1982 escreveu a sua obra, O Livro do Desassossego, composta por fragmentos de prosa poética.

Álvaro de Campos e Ricardo Reis, assim como o próprio Pessoa, consideravam-se discípulos de Alberto Caeiro mas, cada um seguiu os ensinamentos do mestre à sua forma, e chegaram até a travar uma polémica muito interessante sobre o fazer poético.

A última frase de Fernando Pessoa foi escrita em inglês no dia da sua morte, traduzida significa: “Eu não sei o que o amanhã trará”

       

O amanhã trouxe para Fernando Pessoa uma admiração crescente. As suas obras foram aos poucos sendo publicadas e ele é considerado hoje, ao lado de Camões, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos.

Nenhum poeta, em língua portuguesa, obteve tanto prestígio em todo o mundo. O obscuro e modesto lisboeta tornou-se, assim, um nome importante em todo o mundo.

Graças ao poder da palavra. Graças à magia da poesia.

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“ Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e ideias, os escreveria. Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados.”

Fernando Pessoa

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As temáticas de Fernando Pessoa

-O fingimento poético / intelectualização dos sentimentos

Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem

as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do

“fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve

apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que

não é real.

O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.

No poema “Autopsicografia”, Fernando Pessoa apresenta a criação

estética como um processo de intelectualização de emoções sentidas: o

leitor não tem acesso à dor sentida nem à dor fingida, mas só à dor

escrita, só ao poema, susceptível de gerar emoção estética. Noutro texto,

considera que o grau máximo do poeta seria aquele que fosse “vários

poetas, um poeta dramático escrevendo em poesia lírica” (tal como um

autor cria as personagens do seu romance, o poeta dramático criaria as

personagens, não de um romance, porque não teriam acção efectiva, mas

da sua poesia lírica - ou seja: vários poetas/heterónimos, várias

expressões líricas). O progresso do poeta dentro de si próprio realiza-se

pela vitória sobre a sinceridade, pela conquista da capacidade de fingir.

Poderemos, pois, inferir dos poemas “Autopsicografia” e “Isto” que a

heteronímia surge como parte desse processo intelectualizante.

- A dor de pensar;O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao

nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, a constante

intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela

pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque,

assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através

disso, tudo fica distante, confuso e negro.

Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda,

quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.

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-A fragmentação do eu;O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se

consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se

reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio. Sofre a vida

sendo incapaz de a viver.

Características dos Heterónimos

Alberto Caeiro (“O Mestre”)

Características temáticas

-   Objectivismo;-   Sensacionismo;-   Anti-metafísico (recusa do conhecimento das coisas);-   Panteísmo naturalista (adoração pela natureza).

Características estilísticas

-   Verso livre, métrica irregular;-   Despreocupação a nível fónico;-   Pobreza lexical (linguagem simples, familiar);-   Adjectivação objectiva; -   Pontuação lógica; -   Predomínio do presente do indicativo; -   Frases simples; -   Predomínio da coordenação; -   Comparações simples e raras metáforas.

 

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Ricardo Reis

Características temáticas

-   Epicurismo - procura do viver do prazer;-   Estoicismo - crença de que o Homem é insensível a todos os males físicos e morais;-   Horacionismo - seguidor literário de Horácio;-   Paganismo - crença em vários deuses; -   Neoclassicismo - devido à educação clássica e estudos sobre Roma e Grécia antigas;

 Características estilísticas

-   Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita;-   Forma métrica: ode; -   Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não com hexassílabo; -   Verso branco; -   Recurso frequente à assonância, à rima interior e à aliteração;-   Predomínio da subordinação; -   Uso frequente do hipérbato; -   Uso frequente do gerúndio e do imperativo; -   Uso de latinismos;-   Metáforas, eufemismos, comparações; -   Estilo construído com muito rigor e muito denso;

 

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Álvaro de Campos

Características temáticas

-   Decadentismo – cansaço, tédio, busca de novas sensações;-   Futurismo - corte com o passado, exprimindo em arte o dinamismo da vida moderna. O vocabulário onomatopaico pretende exaltar a modernidade;-   Sensacionismo - corrente literária que considera a sensação como base de toda a arte;-   Pessimismo – última fase, dá-se por vencido;

Características estilísticas-   Verso livre, em geral, muito longo;-   Assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas);-   Grafismos expressivos; -   Mistura de níveis de língua; -   Enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva; -   Desvios sintácticos; -   Estrangeirismos, neologismos; -   Subordinação de fonemas; -   Construções nominais, infinitivas e gerúndios;-    Metáforas ousadas, personificações, hipérboles;-   Estática não aristotélica na fase futurista.

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ConclusãoApesar de lamentar não ter feito a ficha de avaliação, a ficha de

leitura e a apresentação oral, agradeço que me tenha sido possível fazer

este trabalho pois permitiu-me, tal como referi na introdução, consolidar

os meus conhecimentos sobre Fernando Pessoa bem como da sua criação

literária e portanto, foi uma mais-valia para mim e tive imenso gosto em

fazê-lo.

Obrigado.

Espero que tenha sido agradável também à leitura…

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Webgrafia

http://cab.blogspot.com/2008_04_01_archive.html

http://pequenosgrandessentimentos.blogspot.com/2009/07/eu-quero-

tudo-ou-um-pouco-mais.html

http://www.prof2000.pt/users/secjeste/dlrc/SeucSec/Unid12/

Pg002400.htm

http://luiza26.blogspot.com/2009_10_01_archive.html

http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/

portugues/portugues_trabalhos/fernpessoa.htm

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