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LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos da água. In: AQUINO, C. M. S. A.; SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2 HIDROGRAFIA DO ESTADO DO PIAUÍ, DISPONIBIDADES E USOS DA ÁGUA Iracilde Maria de Moura Fé LIMA 1 RESUMO Este estudo teve por objetivo discutir aspectos relativos à ocorrência, circulação das águas no espaço piauiense e aos problemas hidroambientais, decorrentes das características do meio natural e de seus usos inadequados. Partiu-se do pressuposto de que o conhecimento e a conservação da água tornam-se importantes para todas as sociedades, principalmente porque é vital para a existência e manutenção dos ecossistemas terrestres. A água é também indispensável para a humanidade, pois além de compor mais de 50% do corpo humano, se constitui um importante suporte à sustentabilidade socioeconômica, tendo em vista que corresponde a um dos fatores limitantes para o desenvolvimento sustentável das sociedades. Buscando o atendimento do objetivo proposto, foram realizados levantamentos de dados disponibilizados em estudos acadêmicos e documentos técnicos, bem como em experiências vivenciadas pela autora, ao longo de sua vida profissional em pesquisas no estado do Piauí. Como base de análise e como síntese da discussão de dados e observações foram gerados mapas através do geoprocessamento, possibilitando a localização dos mananciais hídricos no espaço piauiense. Concluiu-se que as dificuldades encontradas pela sociedade, em relação ao acesso e uso da água no Piauí, decorrem, principalmente, da falta de políticas públicas voltadas para a gestão da água, ou seja, de um sistema de planejamento e gerenciamento eficiente dos recursos hídricos. Palavras-Chave: Recursos hídricos. Potencial hídrico do Piauí. Rio Parnaíba. Rios litorâneos. Problemas hidroambientais. ABSTRACT The present study aimed to introduce a discussion about aspects of the occurrence and spatial circulation of water in the Piauí space, highlighting some hydro-environmental problems arising from the characteristics of the natural environment and its inappropriate uses. It was assumed that the knowledge and conservation of this natural substance are important for all societies, mainly because it is vital for the existence and maintenance of earth ecosystems. The water is also vital for humanity, as it compose more than 50% of the human body and is important as a support to socioeconomic sustainability, since it corresponds to one of the limiting factors for the sustainable development of societies. Aiming to meet the proposed objective, data were collected from academic studies, technical documents of environmental researchers, and from the experiences the author lived during her professional life in research in the state of Piauí. As basis for analysis and as a synthesis of the discussion of these data and observations, maps were organized through geoprocessing, making it possible to locate the water sources and dynamics, as well as their relations with the Piauí environment. It was concluded that the difficulties encountered by society in relation to access and use of water in Piauí are mainly due to the lack of public policies aimed at water management, that is a system of planning and Management of water resources in Piauí. Keywords: Water resources. Piauí water potential. Parnaíba river. Coastal rivers. Hydro- environmental problems. 1 Doutora em Geografia. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do Piauí. E-mail: [email protected] - http://lattes.cnpq.br/6880418044055731

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LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos da água. In: AQUINO, C. M. S. A.;

SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias

hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2

HIDROGRAFIA DO ESTADO DO PIAUÍ, DISPONIBIDADES E USOS DA ÁGUA

Iracilde Maria de Moura Fé LIMA1

RESUMO

Este estudo teve por objetivo discutir aspectos relativos à ocorrência, circulação das águas no espaço

piauiense e aos problemas hidroambientais, decorrentes das características do meio natural e de seus

usos inadequados. Partiu-se do pressuposto de que o conhecimento e a conservação da água tornam-se

importantes para todas as sociedades, principalmente porque é vital para a existência e manutenção dos

ecossistemas terrestres. A água é também indispensável para a humanidade, pois além de compor mais

de 50% do corpo humano, se constitui um importante suporte à sustentabilidade socioeconômica,

tendo em vista que corresponde a um dos fatores limitantes para o desenvolvimento sustentável das

sociedades. Buscando o atendimento do objetivo proposto, foram realizados levantamentos de dados

disponibilizados em estudos acadêmicos e documentos técnicos, bem como em experiências

vivenciadas pela autora, ao longo de sua vida profissional em pesquisas no estado do Piauí. Como

base de análise e como síntese da discussão de dados e observações foram gerados mapas através do

geoprocessamento, possibilitando a localização dos mananciais hídricos no espaço piauiense.

Concluiu-se que as dificuldades encontradas pela sociedade, em relação ao acesso e uso da água no

Piauí, decorrem, principalmente, da falta de políticas públicas voltadas para a gestão da água, ou seja,

de um sistema de planejamento e gerenciamento eficiente dos recursos hídricos.

Palavras-Chave: Recursos hídricos. Potencial hídrico do Piauí. Rio Parnaíba. Rios

litorâneos. Problemas hidroambientais. ABSTRACT The present study aimed to introduce a discussion about aspects of the occurrence and spatial

circulation of water in the Piauí space, highlighting some hydro-environmental problems arising from

the characteristics of the natural environment and its inappropriate uses. It was assumed that the

knowledge and conservation of this natural substance are important for all societies, mainly because it

is vital for the existence and maintenance of earth ecosystems. The water is also vital for humanity, as

it compose more than 50% of the human body and is important as a support to socioeconomic

sustainability, since it corresponds to one of the limiting factors for the sustainable development of

societies. Aiming to meet the proposed objective, data were collected from academic studies, technical

documents of environmental researchers, and from the experiences the author lived during her

professional life in research in the state of Piauí. As basis for analysis and as a synthesis of the

discussion of these data and observations, maps were organized through geoprocessing, making it

possible to locate the water sources and dynamics, as well as their relations with the Piauí

environment. It was concluded that the difficulties encountered by society in relation to access and use

of water in Piauí are mainly due to the lack of public policies aimed at water management, that is a

system of planning and Management of water resources in Piauí.

Keywords: Water resources. Piauí water potential. Parnaíba river. Coastal rivers. Hydro-

environmental problems.

1 Doutora em Geografia. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade Federal do

Piauí. E-mail: [email protected] - http://lattes.cnpq.br/6880418044055731

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LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos da água. In: AQUINO, C. M. S. A.;

SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias

hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2

1 INTRODUÇÃO

Este estudo buscou traçar uma visão geral da hidrografia do estado do Piauí, tendo por

base estudos realizados anteriormente por pesquisadores de diversas instituições e também de

relatórios de observação de campo.

Partiu-se do pressuposto de que o conhecimento e a conservação da água tornam-se

importantes para todas as sociedades, principalmente porque é vital para a existência e

manutenção dos ecossistemas terrestres. A água é também indispensável para a humanidade, pois

além de compor mais de 50% do corpo humano, se constitui um importante suporte à

sustentabilidade socioeconômica, tendo em vista que corresponde a um dos fatores limitantes para o

desenvolvimento sustentável das sociedades (SALLATI et al, 1999). Justificando essa afirmação,

esses autores colocam que suas evidências são encontradas a partir do desenvolvimento de

civilizações que tiveram seu florescimento nos vales onde a disponibilidade da água se fazia de forma

abundante e com características especiais. Dentre elas, são destacadas as civilizações mais antigas

como a da Mesopotâmia Tigres/Eufrates, a egípcia do vale do rio Nilo, a da bacia do México e da

atual Península de Yucatan, onde floresceu a civilização Maia, nas quais o desenvolvimento da

agricultura e da urbanização moldaram as suas estruturas econômicas e sociais.

Outro aspecto importante a se considerar constitui o fato de que o atual período da história

humana tem se caracterizado por escassez, desperdício e redução da qualidade das águas doces em

grande parte das bacias hidrográficas do mundo, principalmente em decorrência de seus usos

múltiplos de forma inadequada (TUNDISI, 2003).

Rebouças (1999), dentre outros autores, destaca que atualmente esse recurso natural se torna

limitante ao desenvolvimento socioeconômico não somente em relação à quantidade disponível, mas

principalmente pela sua qualidade. Destaca, ainda, que nem toda a água que circula na Terra se

encontra disponível para o consumo direto, uma vez que aproximadamente 97,5% do seu volume

existente no planeta Terra se compõem de águas salgadas, presentes nos oceanos e mares, e

que apenas cerca de 2,5% correspondem à água doce, distribuída nos lençóis subterrâneos,

nos rios e lagos, na atmosfera e nas geleiras das altas montanhas e das regiões polares.

Com relação ao território brasileiro, estudos indicam que nele se encontra grande

quantidade de água doce que representam um volume em torno 12% do total mundial. Esse

país se destaca também pela grande descarga de água doce de seus rios, que é estimada em

cerca de 53% da água doce do continente Sul-Americano. Esses dados conferem ao Brasil a

condição de ser um país rico em recursos hídricos (REBOUÇAS, 1999).

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O Piauí, por se encontrar numa faixa de transição entre as condições climáticas de

elevada umidade da Amazônia e a semiaridez do Nordeste Oriental, apresenta variações na

ocorrência e na circulação das águas em seu território, mesmo tendo cerca de 80% de seu

espaço localizado numa estrutura geológica de rochas sedimentares (LIMA, 1987).

Para o atendimento do objetivo proposto, a pesquisa realizada teve natureza

bibliográfica em associação a observações de trabalhos de campo realizados no espaço

piauiense. Como apoio ao tratamento, espacialização e discussão dos dados e observações,

foram utilizadas imagens de satélites disponíveis online trabalhadas em ambiente digital, por

meio do geoprocessamento, gerando mapas locais.

Conclui-se que as dificuldades encontradas pela sociedade em relação ao acesso e uso

da água no espaço piauiense não decorrem somente da sua distribuição desigual ou da sua

relativa escassez no espaço e no tempo, mas principalmente da ineficiência do gerenciamento

dos recursos hídricos.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Estado do Piauí, objeto deste estudo, encontra-se na região Nordeste do Brasil,

apresentando uma área de 251.530 Km2. O seu espaço encontra-se limitado pelas seguintes

latitudes: ao norte 2º44’49 S, na Ilha Grande de Santa Isabel, na ponta da barra das Canárias,

defrontando-se com o Oceano Atlântico; e ao sul 10º55’41” S., na chapada da Limpeza,

município de Cristalândia do Piauí. A oeste, o seu ponto extremo é limitado pelo meridiano de

40º29’12” W, na curva do rio Parnaíba logo a jusante da cachoeira da Apertada Hora,

município de Santa Filomena, e a leste pelo meridiano de 46º00’09” W, na área de nascentes

do riacho Marçal, em Pio IX (BAPTISTA, 1974).

Para traçar um panorama da ocorrência, disponibilidade das águas doces, seus usos e

principais problemas hidroambientais que ocorrem nesse estado, esta pesquisa teve por base

levantamentos de natureza bibliográfica, associados às observações de campo no espaço

piauiense.

Assim, fez-se inicialmente o levantamento do referencial em estudos acadêmicos,

relatórios técnicos de pesquisadores de instituições ligadas ao meio ambiente, incluindo

mapeamentos disponíveis sobre a hidrografia do Piauí, contextualizando-os em escalas

regionais e locais. Os relatos de condições hidroambientais recentes identificadas em bacias

hidrográficas piauienses tiveram como base as observações e entrevistas não-estruturadas

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realizadas em trabalhos de campo durante o desenvolvimento de pesquisas da autora, ao longo

de sua vida profissional.

Em seguida foram organizados e discutidos os dados e os mapas que compõem este

estudo, buscando também levantar questões sobre os problemas hidroambientais enfrentados

pela população, decorrentes dos usos múltiplos das águas e de características do meio natural

associadas principalmente às condições climáticas.

Utilizou-se a expressão problemas hidroambientais para caracterizar os problemas

ambientais que têm relações direta e indireta com as águas/recursos hídricos, provocados por

fatores naturais e também por ação dos agentes antrópicos.

Para a organização dos mapas utilizou-se a vetorização dos mapas fonte, com o auxílio

do ArcGIS 10.3 (licença UFPI) sobrepondo os arquivos shapefiles do IBGE, da ANA, da

CPRM e do INPE por meio de dados TOPODATA, todos na escala de 1:250.000 e das Cartas

DSG, escala de 1:100.000. O modelo 3d foi gerado no software Global Mapper 9.0 com a

ferramenta Show 3d view, software também usado para sobrepor o arquivo shapefile dos rios

no modelo 3d gerado. A montagem do layout final dos mapas foi toda organizada no ArcGis,

sendo que todos os arquivos digitais foram reprojetados para o Sistema de Coordenadas

Geográficas, com o Datum SIRGAS 2000.

No mapa de rios litorâneos, fez-se o traçado do divisor topográfico de suas bacias,

como forma de se identificar o limite do conjunto de sistemas fluviais locais com o da bacia

hidrográfica do rio Parnaíba, no espaço piauiense.

3 VOLUME E CIRCULAÇÃO DE ÁGUAS DOCES NO PIAUI

Questões ligadas à curiosidade sobre a dinâmica da natureza, ao longo da história da

humanidade, tais como: de onde vem e para onde vai a água? Qual a sua quantidade? Estas

certamente contribuíram para impulsionar os avanços científicos sobre este tema,

possibilitando o atual entendimento do funcionamento do ciclo hidrológico na Terra

(CABRAL, 1997).

Assim, a evolução dos estudos passou a demonstrar que as fases do ciclo hidrológico

se encontram intimamente relacionadas, embora geralmente seja dada maior importância ao

escoamento superficial, porque trata da ocorrência e transporte da água doce na superfície

terrestre. Este fato é considerado decorrente da maioria dos estudos hidrológicos estar ligada

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ao aproveitamento da água superficial e à proteção contra os fenômenos desencadeados pelo

seu deslocamento (BARBOSA JUNIOR, 2003).

No espaço piauiense a ocorrência e a circulação das águas doces no meio ambiente

estão associadas ao grande volume de águas subterrâneas, à presença de lagoas naturais,

açudes e lagos de barragens geralmente construídos em vales fluviais. O sistema de redes

fluviais em sua maior parte é comandado pelo rio Parnaíba e, em pequena expressão

espacial, por um conjunto de pequenos rios litorâneos.

Estudos de avaliação geral das potencialidades hídricas do estado do Piauí estimaram

que esse estado detem grandes reservas de águas subterrâneas e superficiais, com um volume

total de cerca de 19,005 bilhões de metros cúbicos de águas doces (PIAUI/SEMAR, 2010).

3.1 Águas subterrâneas

O volume de águas subterrâneas existente no Piauí é considerado muito grande,

por estar situado na Bacia Sedimentar do Parnaíba em mais de dois terços de sua área,

mesmo ficando em terceira posição em relação às reservas dos demais aquíferos das bacias

sedimentares brasileiras. Essas reservas atingem um grande volume de águas doces, sendo

superado, no espaço brasileiro, apenas pela Bacia Sedimentar do Paraná (porção no espaço

brasileiro) e pela Bacia Sedimentar do Amazonas (REBOUÇAS, 1999) (Tabela 1).

Tabela 1 - Reservas de Águas Subterrâneas em Aquíferos das Grandes Bacias

Sedimentares Brasileiras

Localização dos Aquíferos Área

(1.000 Km2)

Volume de água

(Km3)

Bacia Sedimentar do Paraná (porção no Brasil) 1.000 50.400

Bacia Sedimentar do Amazonas 1.300 32.500

Bacia Sedimentar do Parnaíba 700 17.500

Total do Brasil 8.512.000 112.000

Adaptado de Rebouças (1999).

A partir dos dados hidrogeológicos identificados na porção da Bacia Sedimentar do

Parnaíba, correspondente a uma faixa centro-norte dos estados do Maranhão e Piauí, entre as

coordenadas geográficas 4° e 6°S e 42° e 45°W, Leal (1977) avaliou que essa área oferece

boas perspectivas com relação às reservas de águas subterrâneas tanto no volume

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armazenado, quanto no acesso ao topo dos aquíferos. A profundidade encontrada para 144

poços tubulares perfurados nessa área não foi além de 59,54 m, sendo a profundidade média

dos níveis estáticos de 12,36 m, enquanto a vazão específica média ficou em 2,48 l/h/m.

Em relação ao Estado do Piauí, o sistema aquífero Poti-Piauí presente na bacia

Sedimentar do Parnaíba é considerado o que detém a maior reserva explotável: 130 m3/s

(ANA, 2007).

Estimativas mais recentes, divulgadas pelos estudos que compõem o Plano Estadual de

Recursos Hídricos (PIAUI/SEMAR, 2010), em relação especificamente à disponibilidade das

reservas de águas subterrâneas do Estado do Piauí, informam que poderá ser utilizado um

volume de até 10 bilhões de m³/ano sem que haja rebaixamento das águas dos aquíferos, num

prazo de 50 anos seguidos.

3.2 Águas superficiais

3.2.1 Lagoas e Barragens

É grande o número de lagoas existentes no espaço piauiense, localizadas desde o sul

ao norte do estado, tendo se destacado no Quadro 1 as que apresentam reservatório de maior

porte, ou seja, com capacidade de armazenamento de água a partir de 20.000 m3.

Além destas, encontram-se muitas outras lagoas de variados tamanhos por todo o

espaço piauiense, tendo sido identificadas por Baptista (1974) um total de 175 lagoas.

Com relação às barragens construídas nos vales fluviais, encontram-se no Piauí muitos

reservatórios com capacidade para armazenamento de milhões de metros cúbicos de água.

Dentre os que apresentam médio e grande porte, ou seja, que têm capacidade de

armazenamento acima de 10.000.000 m3, foi identificado um total de 25 barragens, sendo a

maior delas denominada Boa Esperança, que barra o rio Parnaíba. Construída com o objetivo

de geração de energia elétrica, a capacidade de armazenamento de água dessa barragem é

estimada em 5.000.000.000 m3, sendo quatro os municípios piauienses banhados pelo lago

por ela formado: Guadalupe, Porto Alegre do Piauí, Antônio Almeida e Uruçuí (RIVAS,1996;

SEMAR, 2003).

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Quadro 1 – Lagoas Piauienses de Grande Porte

Denominação Capacidade de

armazenamento

(1.000 m3)

Localização

Município Bacia hidrográfica

De Parnaguá 77.000 Parnaguá Gurguéia

Grande do Buriti 39.000 Buriti dos Lopes Longá

De Nazaré 35.000 Nazaré do Piauí Canindé

Do Cajueiro 34.300 Luzilândia/

Joaquim Pires

Difusas do Baixo

Parnaíba

Do Sobradinho 26.300 Luís Correia Difusas Litorâneas

Do Salgado 20.000 Buriti dos Lopes/

Murici dos Portela

Longá

Do Pavussu 20.000 Pavuçu Itaueira

Do Portinho 20.000 Parnaíba/

Luís Correia

Difusas Litorâneas

Mutuns 20.000 Joca Marques Difusas do Baixo

Parnaíba

Fontes: Cartas do DSG (1973); Baptista (1974); RIVAS (1996); SEMAR (2003).

3.2.2 Bacia Hidrográfica do Rio Parnaíba

A Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba encontra-se classificada como uma das 12

Regiões Hidrográficas do Brasil, constituídas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos

(Resolução n.32 de 2003) com a finalidade de orientar o planejamento e o gerenciamento dos

recursos hídricos em cada uma dessas regiões Hidrográficas (ANA, 2007). (Figura 1).

Os estudos sobre a Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba apresentam diferentes valores

para a sua área. Para a ANA (2007), a área dessa bacia é de 333.000 Km2, enquanto para

Rivas (1996), essa área é de 330.000 Km2, com abrangência espacial de 75% no Piauí, 19%

no Maranhão e 6% no Ceará.

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Figura 1 – Identificação das Regiões Hidrográficas do Brasil

Fonte: ANA (2007).

No entanto, ao se considerar que as questões de litígio territorial entre os estados do

Piauí e Ceará ainda não foram legalmente resolvidas (BAPTISTA, 1974; BRASIL/MMA,

2011; ADERALDO, 2012), a abrangência dessa bacia hidrográfica passa a corresponder

valores diferentes para as áreas desses estados, como se observa na Tabela 2.

Tabela 2 – Área e abrangência da Bacia Hidrográfica do rio Parnaíba

Área (Km2) Localização Percentagem (%)

249.497,2 Estado do Piauí 75,3

65.491,7 Estado do Maranhão 19,8

13.690,2 Estado do Ceará 4,1

2.762,4 Zona Litigiosa Piauí/Ceará 0,8

331.441,5 Área total da Bacia Hidrográfica 100,0

Fonte: MMA/SRH (2011).

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Com relação aos aspectos hidrográficos, a observação das áreas de abrangência dessa

bacia hidrográfica torna-se importante por possibilitar a identificação da origem das águas que

vão alimentar a maioria dos rios que compõem os sistemas de drenagem do espaço piauiense.

Estes, consequentemente, vão se refletir nos valores das vazões de todo o sistema hidrográfico

do rio Parnaíba (Tabela 3).

Tabela 3 – Origem e valores das vazões do sistema hidrográfico do rio Parnaíba

Origem da vazão Vazão observada

m3/s m

3/ano

Gerada no espaço piauiense 681 21,50

Gerada fora do espaço piauiense 304 9,67

Total 985 31,00

Fonte: PIAUI/SEMAR (2010).

3.2.2.1 Parnaíba: o principal rio piauiense

O rio Parnaíba corresponde ao maior rio perene da região nordeste do Brasil que tem

seu curso totalmente incluído na região Nordeste. Apresenta uma extensão de cerca de 1.450

Km, desde suas nascentes principais até a foz, no Oceano Atlântico, onde forma um grande

delta em mar aberto. Em todo o seu percurso apresenta direção geral Sul-Norte, formando o

limite territorial com o estado do Maranhão, tornando-se, assim, um rio federal para efeito de

gestão de suas águas.

Identificado com os nomes de Rio Grande dos Tapuios e Rio das Garças, nos relatos

dos primeiros viajantes que percorreram o espaço brasileiro no século XVI, o batismo do

nome Parnaíba é atribuído ao bandeirante Domingos Jorge Velho, quando aqui esteve no

século XIX, em suposta homenagem à sua cidade natal (BAPTISTA, 1974).

A importância deste rio pode ser historicamente identificada na vida dos piauienses,

seja em registros poéticos (DA COSTA E SILVA, 1985), seja nos símbolos oficiais do Estado

do Piauí, como o hino e o brasão, seja no surgimento de muitas cidades e atividades

ribeirinhas, seja na navegação por suas águas. Assim, esse rio passou a representar não

somente o eixo do processo de colonização do Piauí, no século XVIII, mas também a

integração comercial com vocação internacional, até meados do século XX. Isto porque “a

primazia em projetos de desenvolvimento regional foi apreendida e a navegação a vapor

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tornou-se uma realidade que proporcionou oportunidades de expansão no âmbito do mercado

de exportação/importação” (GANDARA, 2010, p.340).

Nos primeiros tempos de colonização do Piauí, o gado era a base para a alimentação e

comercialização realizada com outras Capitanias brasileiras, que se fazia de forma legal e

ilegal, por caminhos de terra e também pelo rio Parnaíba (OLIVEIRA, 2004). Esta atividade

passou a se organizar e a diversificar os produtos comercializados a partir da criação da

Alfândega no litoral e da transferência da primeira Capital do Estado do Piauí de Oeiras para

Teresina em 1852, às margens do rio Parnaíba, a partir de quando se intensificou a navegação

a barcas e a vapor com grande volume de exportações para outros países, principalmente

europeus, através do porto de Tutoia localizado no delta desse rio. A desativação dessa

navegação teve como fator de maior peso a intensificação da construção de rodovias a partir

da década de 1960, quando o eixo Picos/Teresina passou a ser a principal via de ligação entre

o Nordeste Oriental e a região Norte do Brasil (BARBOSA, 1986).

No espaço piauiense, os principais rios que compõem o sistema de drenagem da

bacia hidrográfica do rio Parnaíba podem ser considerados como sistemas hidrográficos sub-

regionais, pela grande abrangência espacial e complexidade ambiental que caracterizam suas

bacias hidrográficas. Estas são classificadas como sub-bacias hidrográficas do rio Parnaíba,

cuja margem direita, excetuando-se a área cearense, ocupa cerca de 99% da área do estado do

Piauí (Figura 2).

Os estudos dos rios geralmente classificam os trechos de áreas drenadas em alto,

médio e baixo cursos, tendo por base a análise da sua dinâmica, que geralmente se reflete no

traçado do seu perfil longitudinal, ou em detalhado trabalho de campo. Para tanto, são

observados indicadores como gradiente do leito, rupturas de declives, granulometria dos

sedimentos transportados pelo rio, dentre outros que possibilitem identificar o tipo de

dinâmica fluvial que caracteriza cada trecho do rio (PENTEADO, 1983).

Com relação ao rio Parnaíba, o trecho de sua bacia que se classifica como alto curso

recebe os fluxos d’água desde suas nascentes principais até a foz do rio Gurgueia; como

médio curso o trecho entre a foz do rio Gurguéia e a foz do rio Poti; e o trecho da foz do Poti

até o delta é considerado como seu baixo curso (BAPTISTA, 1974). As características desses

trechos são a seguir identificadas:

Vale do Alto Parnaíba: trecho de rios totalmente perene, que abrange uma

área de 77.100 Km2 com uma vazão média anual de 253 m

3/s, tendo uma

disponibilidade hídrica livre de 7,9 bilhões de m3/ano para as descargas e

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realimentação dos aquíferos, cujos deflúvios diretos são de cerca de 15%.

Vale do Médio Parnaíba: o espaço perene corresponde a uma área de

160.200 Km2, com uma vazão média em torno de 1.505 m

3/s tendo uma

disponibilidade hídrica livre de 47,5 bilhões de m3

de água anual para a

circulação superficial e recarga dos aquíferos, dos quais o deflúvio direto é

da ordem de 27,4%. Vale do Baixo Parnaíba: o estirão perene envolve uma

área de 93.100 Km2, com uma vazão anual em torno de 2.455 m

3/s tendo

uma disponibilidade hídrica livre de 77,3 bilhões de m3

de água para a

recarga e descarga dos aquíferos, dos quais o escoamento direto é da ordem

de 36,7% (RIVAS, 1996, p.53).

Com relação ao regime de vazão do rio Parnaíba, considerou-se como fatores do

ambiente natural que são responsáveis pela sua perenidade, atuando de forma combinada: o

seu vale localiza-se na faixa de regime de chuvas que apresentam médias anuais em torno de

1.200 a 1.400mm; recebe alimentação de afluentes perenes em seu alto curso; em grande parte

do trecho do médio e do baixo cursos o seu canal corta as rochas sedimentares da formação

Piauí, a qual representa um dos maiores aquíferos regionais da bacia do Parnaíba. No entanto,

nos trechos do médio e do baixo cursos a maioria de seus grandes afluentes da margem

piauiense apresenta regime de vazão temporário, principalmente porque têm as nascentes e/ou

a área do seu alto curso na faixa de clima semiárido e, ainda, porque parte de sua área se

encontra na estrutura do embasamento geológico cristalino (LIMA, 2002).

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Figura 2 – Mapa das sedes municipais do Piauí, por Bacia Hidrográfica

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017). Base de Dados: PIAUI/SEMAR (2003).

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Como forma de traçar um perfil geral dessas áreas em relação aos aspectos

hidrográficos no espaço do Estado do Piauí, organizou-se as características das sub-bacias dos

maiores rios-afluentes do Parnaíba (margem direita), constantes na Tabela 4.

Tabela 4 – Características das grandes Sub-bacias do rio Parnaíba no espaço piauiense

Sub-bacia Àrea

aprox.

(Km2)

1

Extensão

aprox. do rio

principal

(Km)

Vazão

média do

trimestre

mais seco

m3/s

Vazão

média do

trimestre

mais

chuvoso

Regime do

rio

principal

Local das nascentes

principais

e altitudes

aproximadas2

Piranji 1.300 130 - - Temporário Planalto da Ibiapaba-

CE, a 720 m

Longá 22.900 320 15,34 432,00 Temporário Lagoa do Mato em

Alto Longá, a 100m

Poti (3)

55.300 550 5,60 346,00 Temporário Serra Joaninha no

CE, a 600 m

Canindé 80.800 340 2,80 88,00 Temporário Serras da Tora/Dois

Irmãos, a 500m

Itaueira 8.900 330 0,95 9,00 Temporário Chapada de Guaribas

a 650m

Gurgueia 52.000 740 7,00 63,00 Perene Em brejos, entre

Serras Alagoinha/

Santa Marta a 500 m

Uruçuí

Preto

16.000 300 23,30 43,00 Perene Em brejos, entre as

Serras Guaribas e

Patos, a 500 m

Bacias

Difusas

22.970 - - - - -

Total 249.570 - - - - -

1 – Áreas calculadas por meio digital, com base no mapa de Bacias Hidrográficas do Piauí, elaborado pela SEMAR

(2003), tendo em vista as discrepâncias dos valores das diversas fontes.

2 - Fontes: Carta do DSG (1973); Baptista (1974); Rivas (1996); observação em trabalhos de campo pela autora, na

maioria das nascentes.

3 - A Bacia do rio Poti tem área estimada em 36.000 Km2 no Piauí. Seu rio principal apresenta extensão de 350 Km no

Piauí, 180 Km no estado do Ceará e 20 Km na área de litígio (BAPTISTA, 1974).

Como reflexo dessas condições, o leito do rio Gurgueia se destaca como um eixo que

forma o limite dos rios que apresentam regime de vazão perene (incluindo o seu leito),

localizados à oeste, em relação aos sistemas de drenagem da área leste (incluindo os afluentes

do rio Gurgueia da margem direita), onde quase a totalidade dos seus afluentes são

temporários.

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Essas condições vão refletir, uma grande variação dos deflúvios anuais do rio

Parnaíba, apresentando os maiores valores no período de dezembro a maio e a menor

disponibilidade de fluxo superficial nos meses sem chuvas e/ou de mínimos índices

pluviométricos, ou seja, de junho a novembro (RIVAS, 1996; PIAUÍ/SEMAR, 2010).

Desta forma, os deflúvios médios dos rios da maior bacia hidrográfica do estado do

Piauí, indicam que o rio Parnaíba apresenta uma grande variação no seu volume de água,

tanto em relação aos trechos do alto, médio e baixo curso, como em relação aos trimestres do

ano mais chuvoso e mais seco. Indicam também que em toda a sua extensão o maior

percentual desses deflúvios advém das águas subterrâneas (escoamento de base), sendo

significativamente maior no seu alto curso e menor no baixo curso, com base em dados da

década de 1970 (Tabela 5).

Com relação à disponibilidade hídrica na Região Hidrográfica do Parnaíba, estimativas

mais recentes indicaram os seguintes valores, segundo estudos da ANA (2007):

Vazão média: 753 m3/s;

Vazão específica média: 2,3 l/s/Km2;

Disponibilidade hídrica (m3/s): 290;

Disponibilidade hídrica em 95% de probabilidade: 0,9 l/s/Km2;

Reservas subterrâneas explotáveis: 20 m3/s;

Reservas subterrâneas explotáveis específicas: 0,06 l/s/Km2

Dados constantes no Plano Estadual de Recursos Hídricos (PIAUI/SEMAR, 2010)

indicam que, anualmente, pelo leito do rio Parnaíba são drenados cerca de 20 bilhões de

metros cúbicos de água, com uma vazão média da ordem de 6.000 m3/s. Para as vazões

mínimas foram encontrados valores torno de 280 m3/s no seu baixo curso, no período

outubro/novembro, quando os seus afluentes perenes normalmente baixam os níveis de suas

águas e os afluentes temporários se encontram em parte ou totalmente secos.

Tabela 5 – Distribuição da média anual dos deflúvios do rio Parnaíba, segundo do tipo

de escoamento superior e de base.

Localização no

trecho do rio

Parnaíba

Deflúvio

Médio Trim.

mais seco

Deflúvio médio

Trim.

mais úmido

Deflúvio médio

anual

Escoamento do rio

Parnaíba (%)

m3/s % m

3/s % m

3/s % Superior De base

A jusante da foz

do rio Uruçuí

Preto

125,5 40,2 262,0 14,3 212,4 20,0 22,3 77,7

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A jusante da foz

do rio Canindé

270,0 86,5 694,0 38,0 529,7 49,4 - -

A jusante da foz

do rio Poti

279,3 89,5 846,0 46,3 600,8 56,6 31,9 68,1

Próximo a sua

foz do Parnaíba

311,9 100,0 1.826,0 100,0 1060,0 100,0 43,2 56,8

Org.: LIMA (2013), com base em: BRASIL/SUDENE (1975)

3.2.2.1.1 Nascentes principais do rio Parnaíba

As nascentes principais do rio Parnaíba se localizam na faixa próxima à linha da divisa

territorial dos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Bahia, na Chapada das Mangabeiras.

Essa Chapada tem grande importância como área de recarga hídrica não somente para o rio

Parnaíba, também para os rios Tocantins e São Francisco, pois corresponde ao divisor

topográfico dessas bacias hidrográficas, além de representar a divisa territorial desses Estados.

No seu nascedouro o rio Parnaíba recebe o nome de Riacho Água Quente, passando a

se chamar Rio Parnaíba a partir da foz do seu afluente denominado Riacho Curriola, conforme

se observa na Figura 2. Este riacho foi definido como o principal formador do rio Parnaíba,

ao invés do riacho Curriola (ou Surubim), a partir do estudo que estabeleceu oficialmente as

fronteiras (RELATÓRIO DA COMISSÃO DE LIMITES, 1924), resolvendo questões de

litígio pela disputa do Piauí e Maranhão por essa faixa de terras. Dentre os indicadores

adotados por uma Comissão coordenada pelo Exército Brasileiro, nomeada para tal finalidade,

destacam-se: maior bacia de captação de água; maior profundidade do leito e maior volume

de água escoado (BAPTISTA, 1971).

Tendo em vista que o Curriola apresenta características muito semelhantes ao riacho

Água Quente e que é o seu maior afluente e, ainda, que somente a partir do encontro dos dois

rios, que ocorre a uma altitude de cerca de 380 metros, é que o rio formado por eles passa a se

chamar Parnaíba, a bacia conjunta desses dois riachos é genericamente chamada de área das

nascentes principais do rio Parnaíba. Calculou-se por meio digital a área dessas duas bacias

formadoras do rio Parnaíba, encontrando-se os valores aproximados de 29.100 hectares para o

riacho Água Quente e de 23.400 hectares para a área do riacho Curriola (Figura 3).

Destaque-se que nessa área as bordas da Chapada das Mangabeiras apresentam

altitudes em torno de 780 m, e que esta que tem sido a altitude considera para os três olhos

d’água formados do riacho Água Quente (BAPTISTA, 1974). Entretanto, constatou-se em

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trabalhos de campo que é em um dos patamares estruturais dessas escarpas, onde se formam

muitas veredas, que brotam os três olhos d’água que dão início a formação do riacho Água

Quente (LIMA, 2013).

Embora não se tenha utilizado um GPS de precisão, as coordenadas geográficas que

foram encontradas para um desses olhos d’água apresentam uma aproximação de suas

nascentes principais: 10°13’02.31”S e 45°57’18” W (LIMA, 2002; 2013) (Figura 4). Assim,

considerou-se que o rio Parnaíba nasce numa altitude de cerca de 530 metros, sendo

classificada de nascente difusa, no sopé de uma das escarpas das Mangabeiras.

Figura 3 – Mapa de Localização das nascentes principais do rio Parnaíba.

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017).

Tendo como objetivo a preservação do patrimônio ambiental e seus recursos naturais,

dentre eles a água e a biodiversidade, nesta área de nascentes em 2002 foi criado o Parque

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Nacional das Nascentes do rio Parnaíba, abrangendo vários municípios dos Estados do Piauí,

Maranhão e Tocantins, com uma área de 724.324,61 hectares (MMA/ICMBIO, 2011).

Figura 4 – Fotografias das escarpas e patamar estrutural da Chapada das Mangabeiras

(à esquerda); e um dos olhos d’água que formam o riacho Água Quente, nessa área de

veredas (à direita).

FFotos: Iracilde M.M.Fé Lima (set. 2002).

3.2.2.1.2 O Delta do rio Parnaíba

A foz do rio Parnaíba no Oceano Atlântico corresponde a um delta em mar aberto,

através do desmembramento do seu leito em cinco largos canais. Entre esses canais

formaram-se quatro grandes ilhas: Grande de santa Isabel, das Canárias, do Caju e Grande do

Paulino.

Todos esses canais contornam sedimentos arenoargilosos, mangues e dunas, formando

cerca de 70 ilhas, através do trabalho conjunto do rio Parnaíba e do mar . Estas

ilhas apresentam áreas que variam de dezenas a centenas de metros quadrados.

A área total do delta é de cerca de 2.700km2, sendo que sua maior parte está situada

no Maranhão e apenas 35% dessa área se encontra em território piauiense, formando

pequenas ilhas e a Ilha Grande de Santa Isabel. Esta ilha se encontra entre o canal principal

do rio Parnaíba e o canal secundário de leste: o rio Igaraçu, enquanto do lado maranhense

encontram-se as demais ilhas formadas entre esse canal principal e o rio Santa Rosa, a oeste

(BAPTISTA, 1974).

Assim, os canais do rio Parnaíba que formam este delta no espaço piauiense,

juntamente com os rios que têm suas bacias hidrográficas nessa faixa litorânea e também

Área de veredas

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desembocam no Oceano Atlântico, compõem os sistemas fluviais dessa área do Piauí e sendo

por isto chamados especificamente de “rios litorâneos”, como se observa na Figura 5.

Nesse litoral foi criada a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (APA) pelo

Decreto Federal de 28 de agosto de 1996, envolvendo municípios do Maranhão, Piauí e

Ceará, num total de 313.809 hectares e perfazendo um perímetro de 460.812 m, incluindo

uma faixa de área marítima. No Piauí a APA abrange parte dos municípios de Parnaíba, Luíz

Correia, Ilha Grande de Santa Isabel e Cajueiro da Praia (IBAMA, 1998).

3.2.2.2 As Bacias Difusas Litorâneas do Piauí

Os rios de maior extensão que têm suas bacias totalmente incluídas na faixa litorânea piauiense e suas

desembocaduras diretamente no Oceano Atlântico são o Portinho, o São Miguel, o Cardoso, o

Camurupim e o Ubatuba (DSG, 1973).

Figura 5 – Mapa do Litoral do Piauí e Delta do rio Parnaíba

Org.: Iracilde M.M.Fé Lima (2017).

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Conforme se observa na Figura 5, o divisor topográfico desse conjunto de rios litorâneos faz

limite com a bacia hidrográfica do rio Parnaíba nos topos do relevo da margem direita do Rio Piranji,

último afluente do rio Parnaíba no espaço norte piauiense. Esse divisor de direção geral leste-oeste, inflete

para o norte continuando a formar o limite entre a bacia do rio Portinho e os riachos que desaguam

diretamente no rio Parnaíba, no trecho de jusante da foz do Piranji até a foz do rio Portinho, área

considerada como final do Baixo Parnaíba (PIAUI/SEMAR, 2003).

No litoral do Piauí o rio Ubatuba se destaca por ter sua foz conjunta com a do rio cearense

Timonha que, juntos, formam uma baía onde se localiza a Ilha Grande. Também nessa faixa litorânea os

rios Portinho e São Miguel chamam a atenção, principalmente dos turistas, por terem seus baixos cursos

barrados pelo avanço das dunas móveis sobre seus leitos, formando as grandes lagoas fluviais do Portinho

e Sobradinho, respectivamente.

Com relação à água subterrânea dessa área, o seu potencial é classificado como

relativamente bom, tendo em vista que, além da faixa dos tabuleiros pré-litorâneos formados

pelos sedimentos do Grupo Barreiras, onde as bacias hidrográficas têm seu alto e médio

cursos, na planície litorânea encontra-se um grande estoque de dunas, de aquíferos livres pela

sua alta permoporosidade. Também porque as aluviões dos vales fluviais e flúvio-marinhos

são consideradas possuidoras de um razoável potencial hidrogeológico (IBAMA, 1998).

4 A ÁGUA, USOS E PROBLEMAS HIDROAMBIENTAIS

Os diversos usos das águas apresentam relações diretas com o tipo de clima e

solo, bem como das características do ciclo hidrológico local ou regional (TUNDIZI,

2006). Deve-se considerar, portanto, que os problemas de escassez da água enfrentados

pelas populações são decorrentes tanto de causas naturais, quanto do seu uso inadequado

(RICCIOPPO et al, 2011).

Tendo em vista que nas últimas décadas o crescimento da população urbana,

apresentou um acelerado crescimento e, com ele, a promoção de uma crescente pressão

sobre os recursos hídricos, surgiu como consequência a necessidade de aumento dos

volumes de água para suprir as populações de forma adequada, sem causar danos à

saúde pública (TUNDIZI, 2006).

Em relação à ocupação urbana do espaço piauiense, pode-se perceber que ocorre

uma grande concentração de sedes municipais na bacia hidrográfica do rio Canindé, em

relação às demais sub-bacias do rio Parnaíba, como se observa na Figura 2. Tendo em

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vista que nessa área predomina o clima semiárido e que se encontra sobre grande parte

do escudo cristalino, de rochas impermeáveis, a pressão sobre os recursos hídricos se

torna bem mais significativa nesse espaço. Assim, essas condições se refletem em uma

rede de drenagem temporária e num sistema de abastecimento por água subterrânea não

satisfatório para atender a demanda produtiva em grande parte da área dessa bacia.

No caso de toda a bacia hidrográfica do Parnaíba a população urbana projetada para

2010 correspondia a 65% da população total, sendo abastecida por água em cerca de 91% dos

domicílios, equivalente à média brasileira. No entanto, a situação se tornou crítica em relação

a rede de esgotamento sanitário que apresentava um valor médio de apenas 10%, muito

abaixo da média nacional, considerada de 62% (ANA, 2007).

Na área dessa bacia, a maior demanda pela água correspondia à atividade de

irrigação (9,225 m3/s) de forma semelhante à posição da média nacional, guardadas as

devidas proporções em termos de volume e percentuais. Esta era seguida pela demanda

urbana (6,695 m3/s), enquanto as demais ordens de posições se diferenciaram das posições

relativas da média nacional, uma vez que a terceira maior demanda correspondeu ao uso

animal (2,673 m3/s), bem abaixo da demanda urbana, enquanto para o uso rural a demanda

ficou na penúltima posição (1,387 m3/s) Esta demanda era seguida do uso industrial que

representou apenas 0,638 m3/s (BRASIL/MMA, 2006), demonstrando um uso da água

irrisório em todos esses setores das atividades econômicas.

Especificamente sobre o uso das águas subterrâneas no Piauí, os estudos indicaram

que até o ano de 1999 só era utilizado pela população cerca de 1% da reserva explotável,

correspondendo a aproximadamente 101 m³/hab/ano. Este volume de água também foi

considerado muito baixo, em relação ao grande potencial de reservas de águas subterrâneas

existente no espaço piauiense.

Com relação aos problemas hidroambientais, uma preocupação fundamental a ser

encarada diz respeito à conservação e preservação dos solos e das águas, buscando prevenir a

geração de problemas subsequentes como o risco à erosão e assoreamentos dos mananciais.

Tendo em vista que esses processos ocorrem de forma inter-relacionada, seus desdobramentos

atingem toda a área da bacia hidrográfica, inclusive o litoral, onde os sedimentos

transportados principalmente pelos processos fluviais vão gerar dunas, ilhas e restingas, em

trabalho conjunto com o mar.

Como forma de identificar os problemas hidroambientais que vêm ocorrendo nas

últimas décadas no espaço piauiense, foram destacados alguns exemplos considerados

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LIMA, I. M. M. F. Hidrografia do Estado do Piauí, disponibilidades e usos da água. In: AQUINO, C. M. S. A.;

SANTOS, F. A. Recursos Hídricos do Estado do Piauí: fundamentos de gestão e estudos de casos em bacias

hidrográficas do centro-norte piauiense. Cap. 3. Teresina: EDUFPI, 2017, p.43-68. ISBN: 978-85-509-0201-2

significativos, tendo por base os conhecimentos adquiridos pela autora ao longo de

pesquisas envolvendo trabalhos de campo.

O vale do rio Gurguéia, muito decantado pelo seu volume de água, potencial

pesqueiro e qualidade dos solos, vem demonstrando redução de sua capacidade produtiva e

queda do volume de água do seu leito, em consequência principalmente das interferências

antrópicas na sua grande bacia mantenedora: os cerrados piauienses. Seu leito está sofrendo

atualmente sério problema de assoreamento, com risco de se tornar um rio temporário.

No alto curso, o seu afluente Paraim tem seu leito descaracterizado pelo efeito da

acumulação de sedimentos em grande extensão de seu curso, acumulação essa intensificada

pela contenção de suas águas com sacos de areia, há pelo menos um século. O objetivo

dessa prática consiste em buscar a manutenção da umidade em maior faixa do vale, para

usos da agricultura e pecuária, conforme relataram proprietários de terras da região

(Entrevistados A e B, 2002; 2010). As consequências deste uso se refletem na redução do

escoamento superficial e também na mudança do nível de base da maior lagoa piauiense que

é alimentada pelo rio Paraim: a Lagoa de Parnaguá. Estas condições de uso associadas à

redução dos índices pluviométricos representaram fatores determinantes para que a lagoa

secasse totalmente em 2015.

Também merece preocupação a questão dos poços perfurados ao longo do vale do

Gurguéia, em sua grande maioria construídos sem planejamento quanto ao seu uso e

destinação e que, ao invés de contribuir para a manutenção do regime do rio, tem se

caracterizado como desperdício da água nessa bacia.

Os rios Piauí e Canindé, que têm suas bacias no clima semiárido piauiense (LIMA,

2004), vêm sofrendo várias interferências danosas, como o barramento de seus leitos que,

além de provocarem o seu assoreamento, modificam os sistemas de erosão em função do

estabelecimento de novos níveis de base locais. Outro fator é a supressão de vegetação ciliar,

que vem contribuindo para a degradação de suas margens, além do mau uso do solo por falta

de práticas conservacionistas adequadas. Também o regime de chuvas do clima semiárido,

por ser altamente concentrado, favorece ainda mais a intensificação dos processos erosivos e

de assoreamento dos seus leitos.

O rio Poti, que tem o médio e o baixo cursos no estado do Piauí, vem

experimentando vários problemas de uso das terras e das suas águas, a semelhança das demais

bacias hidrográficas piauienses. Têm destaque, no entanto, os problemas relacionados à falta

de saneamento, notadamente na área do seu baixo curso, onde se localiza a capital do estado,

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Teresina. Além da redução da qualidade das águas, nesta área os problemas de inundações são

agravados principalmente pelo grande aporte de sedimentos provocado pelo mau uso do solo

e pela construção de galerias plúvio-fluviais inadequadas (LIMA, 2016).

No rio Longá encontram-se várias barragens construídas ao longo do seu curso e de

seus afluentes, sem planejamento de utilização efetiva de suas águas tendo, assim, pouco

contribuído para a solução dos problemas hidroambientais na sua bacia. Destaque-se que na

desembocadura do rio Longá no rio Parnaíba, próximo à cidade de Buriti dos Lopes, foi

construída uma barragem de terra, para permitir a transposição do rio por pessoas e veículos.

Este fato se repete anualmente após as enchentes, quando esse aterro tem sido levado pelas

águas, aumentando a carga de sedimentos e a presença de grandes depósitos aluviais fixos

no leito do rio Parnaíba, uma vez que nesse trecho o rio não tem competência de transporte

de grandes volumes de sedimentos.

Na bacia do rio Piranji tem maior destaque o rompimento de uma grande barragem

construída em 2009 no leito do rio principal, no município de Cocal, como consequência de

fatores naturais e ações antrópicas. Este desastre provocou sérios danos socioambientais e

econômicos, inclusive com perdas de vidas humanas.

O rio Parnaíba, como eixo receptor dos rios piauienses, a exceção dos rios

litorâneos, recebe em consequência toda a carga de efluentes das cidades, uma vez que toda

a drenagem urbana da área de sua bacia é para ele canalizada, diretamente pelas cidades

ribeirinhas, e indiretamente através dos seus afluentes.

No alto curso do rio Parnaíba foi edificada, na década de 1970, a barragem de Boa

Esperança com a finalidade de gerar energia elétrica, depois incorporada ao sistema nacional

CHESF (Companhia Hidrelétrica do São Francisco). Esta construção proporcionou impacto

socioeconômico positivo ao Piauí, porém trouxe, paralelamente, uma série de problemas tais

como: a inundação de extensa área a montante onde se formou o lago, a alteração do

processo reprodutivo dos peixes e, ainda, a alterado do nível de base local, mudando o

sistema de erosão e promovendo maior deslocamento de carga de sedimentos para o lago da

barragem.

Ao longo dos últimos cinco anos da presente década vem ocorrendo uma alteração

do regime pluviométrico (INMET, 2016) caracterizando o fenômeno das secas nordestinas,

tendo graves consequências para todo o sistema hidrológico e socioeconômico. Na faixa

litorânea, os reflexos desse fenômeno se tornam mais evidentes na redução das vazões dos

rios locais que fez secar importantes mananciais, dentre os quais se encontram as lagoas

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fluviais do Portinho e do Sobradinho. Como consequências diretas as atividades turísticas e

pesqueiras nos trechos do médio e baixo cursos do rio Portinho foram fortemente afetadas.

Constatou-se, ainda, que, além do avanço das dunas móveis sobre os rios litorâneos, dentre

eles o rio Portinho, práticas como o represamento das águas em propriedades particulares e,

ainda, construções de rodovias em vários pontos dos vales, estão contribuindo para alterar os

processos erosivos e a vazão fluvial, se refletindo na redução drástica do espelho d’água

dessas lagoas (Observações de campo, 1984 a 2016; Entrevistado C, 2016).

Como destaca a ANA (2007), a escassez de água decorrente de fatores naturais tem

sido historicamente apontada como um dos principais motivos para o baixo índice de

desenvolvimento econômico e social da região Nordeste, mesmo tendo, no caso do espaço

piauiense, aquíferos regionais que apresentam grande potencial hídrico. Assim, se explotados

de maneira sustentada, estes aquíferos poderiam representar um grande diferencial,

possibilitando a promoção do desenvolvimento econômico e social do Estado do Piauí.

5. CONCLUSÃO

Concluiu-se que as dificuldades encontradas pela sociedade em relação ao acesso e uso

da água no espaço piauiense, não decorrem somente da sua distribuição desigual ou da sua

relativa escassez no espaço e no tempo.

Considerou-se que essas dificuldades decorrem, principalmente, da falta de políticas

públicas voltadas para a gestão da água, porque o sistema de planejamento existente se

restringe ao âmbito burocrático, sem alcance aos usuários, implicando em um gerenciamento

ineficiente dos recursos hídricos no Estado do Piauí.

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