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INTRODUÇÃO HIPNOSE NO TRATAMENTO DAS VERRUGAS Dr. Riccardo Arone di Bertolino Vários estudos sobre tratamento de verrugas por sugestão ouhipnose são divulga dos na literatura internacional. As técnicas descritas, contudo,nao sao facilmente repro- duzidas, são muito imprevisíveis quanto aos resultados ou sao muito difíceis de serem pos tas na prática médica diária. As várias terapias em uso hoje sao muito dolorosas e trauma ticas (cirurgia, e1etrocoagulação, congelamento) e podem deixar desagradáveis anti-estêtT cas e permanentes cicatrizes no lugar do tratamento, como as do leito da unha e,sobretudo, verrugas são muito passíveis de recorrência. Começamos nossa pesquisa não tanto para demonstrar a curabilidade de verrugas pela hipnose, uma tese demonstrada e aceita em hipnoterapia , mesmo que não aceita ou acreditada pela maioria dos clínicos e dermatologistas italianos, mas também pelo desen - volvimento de uma rápida, simples e efetiva técnica hipnótica que proporciona, num tempo razoável, uma percentagem de sucesso equivalente àquela da terapia em uso, sem que o pa- ciente sofra qualquer dor, sem as subsequentes cicatrizes e com. reduzida chance de recor- rênc ia. VERRUGAS A verruga é uma neofoYmação da pele que i causada por um virus. E transmitida por hétero-inoculação e pode.mui tiplicar-se por auto-inoculação. De acordo com a morfologia e a localização, as verrugas classif1cam-se em: 1) VERRUCA PLANA JUVENILIS - Crescimentos chatos e papulares discretamente ele- vados da pele subjacente, têm superfície lisa e cor da pele normal, sao claramente deli- neadas e têm de 1 a 4 mm. de diâmetro. São usualmente muito numerosas e muito frequentes na face, no dorso da mão e no pescoço. São assintomáticas e a recorrência é possível, po rêm muito rara. 21 VERRUGAS COMUNS - E1 eva daS,' bem circunscritas neoformações , cuja cor variado cinza rosado ao amarelado. Pequenas e duras vilosidades podem projetar da superfTcie.El as podem ser assintomáticas ou dolorosas. Os sítios mais comuns são as mãos e os joelhos. 3) VERRUCA DIGITATA E FILIFORMIS - Como as anteriores, porém mais elevadas ou com projeções, as quais sao frequentemente pedunculadas. Estas verrugas podem ser assinto mãticas ou dolorosas. Localização: Face e mãos. 4) VERRUGAS PERIUNGULARES - Ocorrem em torno da unha e podem crescer externamen te ou podem se infiltrar abaixo da unha, levantando-a; a pressão da unha empurra a raiz córnea basal mais profundamente. Elas são frequentemente dolorosas e essas verrugas quan- c'o tratadas cirurgicamente deixam as mais evidentes e importunas cicatrizes. Í; VERRUGAS PLANTARES - A hiperqueratose , como resultado da pressão da posição erecta, penetra fundo como a ratz de um chifre. Elas se apresentam como lesões queratosas chatas, com diâmetro maior que um centímetro e um núcleo central acinzentado ou amarelado rodeado por um pequeno bordo esbranquiçado, queratoso. Estas são as mais dolorosas verru_ gas, as quais em alguns casos podem mesmo impedir a marcha. 0 mesmo paciente pode apresentar todos os tipos de verrugas a uma só vez. 0 tra_ tamento mais comum é cirúrgico. As verrugas periungu1 ares e plantares exigem exérese com- pleta da profunda raiz córnea. Recorrência espontânea é possível, mas extremamente rara. Um curso crónico é a regra e há uma tendência das verrugas a se multiplicarem, especialmente nas mãos e nos pés. TERAPIA Pelas razões supramencionadas, nós rejeitamos a priori o uso de longas e compli^ cadas técnicas de indução hipnótica e a obtenção de um transe particularmente profundo do paciente. Nós convidamos o paciente a deitar-se e relaxar-se. Sugerimos, então, três ins- pirações lentas e profundas, com expirações rápidas, e então nós dizemos que quando con- tarmos até dez o paciente sentir-se-á completamente relaxado, sentir-se-ã muito bem e vai querer apenas fechar os olhos e ouvir nossa voz. Com crianças, ao invés disso, dizemos que no número dez elas vão cair no sono. A cada número contado, fazemos sugestões de relaxamento e bem estar, orientando -nos gela reaçáo do paciente. Ao número dez o paciente normalmente fecha seus olhos. Se ele nao o fizer e disser que não se sente relaxado, nós redarguimos que tudo vai perfeita_ * - Trabalho apresentado no VI Congresso Pan Americano de Hipnologia.e Medicina Psicosso- somática. Rio de Janeiro, 12-17, março, 1978. 1 9

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INTRODUÇÃO

HIPNOSE NO TRATAMENTO DAS VERRUGAS

D r . R i c c a r d o A r o n e d i B e r t o l i n o

Vários e s t u d o s s o b r e t r a t a m e n t o de v e r r u g a s p o r s u g e s t ã o o u h i p n o s e são d i v u l g a d o s na l i t e r a t u r a i n t e r n a c i o n a l . As técnicas d e s c r i t a s , c o n t u d o , n a o s a o f a c i l m e n t e r e p r o ­d u z i d a s , são m u i t o imprevisíveis q u a n t o aos r e s u l t a d o s ou s a o m u i t o d i f í c e i s de serem pos t a s na prática médica d i á r i a . As várias t e r a p i a s em u s o h o j e s a o m u i t o d o l o r o s a s e t r a u m a t i c a s ( c i r u r g i a , e 1 e t r o c o a g u l a ç ã o , c o n g e l a m e n t o ) e podem d e i x a r d e s a g r a d á v e i s a n t i - e s t ê t T c a s e p e r m a n e n t e s c i c a t r i z e s no l u g a r do t r a t a m e n t o , como as do l e i t o da unha e , s o b r e t u d o , v e r r u g a s são m u i t o p a s s í v e i s de r e c o r r ê n c i a .

Começamos n o s s a p e s q u i s a não t a n t o p a r a d e m o n s t r a r a c u r a b i l i d a d e de v e r r u g a s p e l a h i p n o s e , uma t e s e já d e m o n s t r a d a e a c e i t a em h i p n o t e r a p i a , mesmo que não a c e i t a ou a c r e d i t a d a p e l a m a i o r i a dos clínicos e d e r m a t o l o g i s t a s i t a l i a n o s , mas também p e l o d e s e n -v o l v i m e n t o de uma r á p i d a , s i m p l e s e e f e t i v a t é c n i c a h i p n ó t i c a que p r o p o r c i o n a , num tempo r a z o á v e l , uma p e r c e n t a g e m de s u c e s s o e q u i v a l e n t e à q u e l a da t e r a p i a em u s o , sem que o p a ­c i e n t e s o f r a q u a l q u e r d o r , sem as s u b s e q u e n t e s c i c a t r i z e s e com. r e d u z i d a c h a n c e de r e c o r -rênc i a .

VERRUGAS

A v e r r u g a é uma neo f o Y m a ç ã o da p e l e que i c a u s a d a p o r um v i r u s . E t r a n s m i t i d a p o r h é t e r o - i n o c u l a ç ã o e pode.mui t i p l i c a r - s e p o r a u t o - i n o c u l a ç ã o .

De a c o r d o com a m o r f o l o g i a e a l o c a l i z a ç ã o , a s v e r r u g a s c l a s s i f 1 c a m - s e em:

1) VERRUCA PLANA JUVENILIS - C r e s c i m e n t o s c h a t o s e p a p u l a r e s d i s c r e t a m e n t e e l e ­v a d o s da p e l e s u b j a c e n t e , têm s u p e r f í c i e l i s a e c o r da p e l e n o r m a l , s a o c l a r a m e n t e d e l i ­n e a d a s e têm de 1 a 4 mm. de d i â m e t r o . São u s u a l m e n t e m u i t o n u m e r o s a s e m u i t o f r e q u e n t e s na f a c e , no d o r s o da mão e no p e s c o ç o . São a s s i n t o m á t i c a s e a r e c o r r ê n c i a é p o s s í v e l , po rêm m u i t o r a r a .

21 VERRUGAS COMUNS - E1 eva daS,' bem c i r c u n s c r i t a s n e o f o r m a ç õ e s , c u j a c o r v a r i a d o c i n z a r o s a d o ao a m a r e l a d o . P e q u e n a s e d u r a s v i l o s i d a d e s podem p r o j e t a r da s u p e r f T c i e . E l as podem s e r a s s i n t o m á t i c a s ou d o l o r o s a s . Os sítios m a i s comuns são as m ã o s e os j o e l h o s .

3) VERRUCA DIGITATA E FILIFORMIS - Como as a n t e r i o r e s , p orém m a i s e l e v a d a s ou com p r o j e ç õ e s , as q u a i s s a o f r e q u e n t e m e n t e p e d u n c u l a d a s . E s t a s v e r r u g a s podem s e r a s s i n t o m ã t i c a s ou d o l o r o s a s . L o c a l i z a ç ã o : F a c e e m ã o s .

4) VERRUGAS PERIUNGULARES - O c o r r e m em t o r n o da unha e podem c r e s c e r e x t e r n a m e n t e ou podem se i n f i l t r a r a b a i x o da u n h a , l e v a n t a n d o - a ; a pressão da unha e m p u r r a a r a i z c órnea b a s a l m a i s p r o f u n d a m e n t e . E l a s são f r e q u e n t e m e n t e d o l o r o s a s e e s s a s v e r r u g a s q u a n -c'o t r a t a d a s c i r u r g i c a m e n t e d e i x a m as m a i s e v i d e n t e s e i m p o r t u n a s c i c a t r i z e s .

Í; VERRUGAS PLANTARES - A h i p e r q u e r a t o s e , como r e s u l t a d o da pressão da posição e r e c t a , p e n e t r a f u n d o como a r a t z de um c h i f r e . E l a s s e a p r e s e n t a m como lesões q u e r a t o s a s c h a t a s , com diâmetro m a i o r que um c e n t í m e t r o e um n ú c l e o c e n t r a l a c i n z e n t a d o ou a m a r e l a d o r o d e a d o p o r um pequeno b o r d o e s b r a n q u i ç a d o , q u e r a t o s o . E s t a s são as m a i s d o l o r o s a s v e r r u _ g a s , as q u a i s em a l g u n s c a s o s podem mesmo i m p e d i r a m a r c h a .

0 mesmo p a c i e n t e pode a p r e s e n t a r t o d o s os t i p o s de v e r r u g a s a uma só v e z . 0 t r a _ t a m e n t o m a i s comum é c i r ú r g i c o . As v e r r u g a s p e r i u n g u 1 a r e s e p l a n t a r e s e x i g e m exérese com­p l e t a da p r o f u n d a r a i z c ó r n e a . R e c o r r ê n c i a e s p o n t â n e a é p o s s í v e l , mas extremamente r a r a . Um c u r s o crónico é a r e g r a e há uma tendência d a s v e r r u g a s a se m u l t i p l i c a r e m , e s p e c i a l m e n t e n a s mãos e nos pés.

TERAPIA

P e l a s razões s u p r a m e n c i o n a d a s , nós r e j e i t a m o s a priori o u s o de l o n g a s e c o m p l i ^ c a d a s técnicas de indução hipnótica e a o b t e n ç ã o de um t r a n s e p a r t i c u l a r m e n t e p r o f u n d o do p a c i e n t e . Nós c o n v i d a m o s o p a c i e n t e a d e i t a r - s e e r e l a x a r - s e . S u g e r i m o s , e n t ã o , três i n s ­p i rações l e n t a s e p r o f u n d a s , com e x p i r a ç õ e s r á p i d a s , e e n t ã o nós d i z e m o s que quando c o n ­t a r m o s até dez o p a c i e n t e s e n t i r - s e - á c o m p l e t a m e n t e r e l a x a d o , s e n t i r - s e - ã m u i t o bem e v a i q u e r e r a p e n a s f e c h a r os o l h o s e o u v i r n o s s a v o z . Com c r i a n ç a s , ao invés d i s s o , d i z e m o s que no número d e z e l a s vão c a i r no s o n o .

A c a d a número c o n t a d o , f a z e m o s s u g e s t õ e s de r e l a x a m e n t o e bem e s t a r , o r i e n t a n d o -nos g e l a reaçáo do p a c i e n t e . Ao número d e z o p a c i e n t e n o r m a l m e n t e f e c h a s e u s o l h o s . Se e l e nao o f i z e r e d i s s e r que não se s e n t e r e l a x a d o , nós r e d a r g u i m o s q u e t u d o v a i p e r f e i t a _

* - T r a b a l h o a p r e s e n t a d o no VI C o n g r e s s o Pan A m e r i c a n o de H i p n o l o g i a . e M e d i c i n a P s i c o s s o -s o m á t i c a . R i o de J a n e i r o , 1 2 - 1 7 , m a r ç o , 1978.

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m e n t e bem e p e d i m o s que c o l a b o r e f e c h a n d o os o l h o s D e s t a m a n e i r a em 43 de n o s s o s 47 c a ­s o s c o n s e g u i m o s t r a n s e s 1 e v e - m o d e r a d o s ou m o d e r a d o s d u r a n t e a l a . s e s s ã o . 1

D o i s dos a d u l t o s não e n t r a r a m em nenhum t i p o de t r a n s e , t a n t o objetivãmente j u l g a d o s como s u b j e t i v ã m e n t e s e n t i d o s , e somente f e c h a r a m s e u s o l h o s p a r a nos s a t i s f a z e r . D u a s c r i a n ç a s (uma de três e a o u t r a de c i n c o a n o s ) na p r i m e i r a sessão p e r m a n e c e r a m no c o l o de s u a s maes e n q u a n t o nós l h e s d i z í a m o s quão f e i a s eram s u a s v e r r u g a s e quão b o n i t o s e ­r i a se e l a s s e c u r a s s e m , i s t o é, s e c a s s e m e c a i s s e m f o r a .

Na s e g u n d a s e s s ã o , c o n t u d o , ambas c o n s e g u i r a m t r a n s e l e v e s u f i c i e n t e ou m o d e r a ­do. L o g o que os p a c i e n t e f e c h a v a m s e u s o l h o s nos s u g e r í a m o s a m a n e i r a p e l a q u a l a v e r r u g a c i c a t r i z a r i a . P a r a verruca digitata e v e r r u g a s comuns ou p e r i u n g u 1 a r e s nos dizíamos que e l a s s e c a r i a m e c a i r i a m f o r a . P a r a v e r r u g a s j u v e n i s d i z í a m o s s o m e n t e que e l a s desapareceriam. P a r a v e r r u g a s p l a n t a r e s d i z í a m o s que e l a s t o r n a r - s e - i a m m a i s e m a i s s u p e r f i c i a i s até f o r marem uma c r o s t a e c a i r e m e, quando o p a c i e n t e a c o r d a s s e , e l a s não d o e r i a m mais e,na p i o r d a s h i p ó t e s e s , e l a s d e i x a r i a m uma sensação de incómodo f a c i l m e n t e s u p o r t á v e l . Reforçamos e n t ã o a s u g e s t ã o a p l i c a n d o um p o u c o de c l o r e t i l a . Se as v e r r u g a s são na f a c e ou se o p a ­c i e n t e p r e v i a m e n t e a d v e r t i d o d e m o n s t r a não g o s t a r da s e n s a ç ã o de f r i o que a c l o r e t i l a p r o v o c a , nós o e v i t a m o s e t o c a m o s as v e r r u g a s com as mãos e n q u a n t o damos as sugestões.

As v e r r u g a s comuns e verruaa digitata s e c a m , s o f r e m m u d a n ç a s de coloração e caem. Se f o r e m p e q u e n i n a s podem c i c a t r i z a r p o r r e a b s o r ç ã o . As v e r r u g a s j u v e n i s , na m a i o r i a dos c a s o s c i c a t r i z a m p o r r e a b s o r ç ã o d e p o i s de se t o r n a r e m m a i s e s c u r a s e, d e s t a f o r m a , m a i s e v i d e n t e s , ou a i n d a , c i c a t r i z a ç ã o p o r descamaçao.As v e r r u g a s p l a n t a r e s d e p o i s da p r i m e i r a ou s e g u n d a sessão t o r n a m - s e c o m p l e t a m e n t e a s s i n t o m á t i c a s ou são d o l o r o s a s apenas ao t o q u e , mas num g r a u que p e r m i t e ao p a c i e n t e c a m i n h a r l i v r e m e n t e sem i n c ó m o d o s . E l a s e v o l u e m p a r a t o r n a r e m - s e m a i s s u p e r f i c i a i s , s e c a r e m e c a i r e m e s p o n t a n e a m e n t e ' . Não haverá aí vestígioda c i c a t r i z a ç ã o das v e r r u g a s .

A t e r a p i a é c o n d u z i d a em sessões s e m a n a i s , d u r a n t e as q u a i s o mesmo p r o c e d i m e n ­t o e s s e n c i a l da p r i m e i r a sessão é r e p e t i d p , porém m a i s s i n t e t i c a m e n t e até a c u r a . Se a t e r a p i a f o r i n t e r r o m p i d a , como a c o n t e c e u em a l g u n s de n o s s o s c a s o s , a v e r r u g a pode e v o l u i r p a r a a c u r a , mas m a i s f r e q u e n t e m e n t e e l a ' o u permanece no e s t á g i o c o n s e g u i d o , ou r e t o r n a ã c o n d i ç ã o o r i g i n a l .

E n t r e t a n t o , é p r e m a t u r o a l i n h a v a r c o n c l u s õ e s , c o n s i d e r a n d o que e s t a p e s q u i s a co m e ç o u em d e z e m b r o de 1976 e nós não t i v e m o s nenhuma r e c o r r ê n c i a a r e g i s t r a r .

SUMARIO DE CASOS

T r a t a m o s 47 c a s o s , com c u r a c o m p l e t a em 46. Das c u r a s , 14 eram a d u l t o s e n t r e 18 e 49 a n o s , 26 eram c r i a n ç a s e n t r e 3 e 10 anos e 6 a d o l e s c e n t e s e n t r e 12 e 15 an o s . 0 tem­po m í n i m o no q u a l a c u r a f o i o b t i d a f o i de uma s e s s ã o , p o r t a n t o menos de uma sema>a, em d o i s c a s o s : uma m e n i n a de 12 anos com uma v e r r u g a p l a n t a r r e c e n t e e uma menina de 8 anos com d u a s p e q u e n a s v e r r u g a s p e r i u n g u 1 a r e s . 0 tempo m a i o r , de 20 s e s s õ es ou c i n c o m e s e s , f o i g a s t o num a d u l t o de 22 a n o s com 23 v e r r u g a s comuns e p e r i u n g u l a r e s nas m ã o s . 0 único c a s o de i n s u c e s s o f o i com um m e n i n o de 5 a n o s com d i s t ú r b i o s de c a r á t e r , p a r a quem, d e p o i s de 10 s e s s õ e s e, t e n d o já o b t i d o uma m u d a n ç a nas v e r r u g a s das m ã o s , nós j u l g a m o s a c o n s e l h a -v e i i n t e r r o m p e r a t e r a p i a , p o i s e l e r e a g i a ã h i p n o s e t a n t o a n t e s como d e p o i s das sessões com um c o m p o r t a m e n t o m a i s a g i t a d o e d e s e n f r e a d o que o u s u a l .

Não houve r e l ajão e s p e c í f i c a e n t r e a i d a d e d os p a c i e n t e s , t i p o s de v e r r u g a s e n ú m e r o de s e s sões n e c e s s á r i a s p a r a a c u r a . E p o s s í v e l , c o n t u d o , c o n c l u i r algumas c o i s a s de n o s s a s e x p e r i ê n c i a s : a p r o f u n d i d a d e do t r a n s e p a r e c e não t e r t i d o nenhuma importância. As v e r r u g a s que menos r e s p o n d e r a m e que r e q u e r e r a m m a i s tempo f o r a m as v e r r u g a s comuns e p e r i u n g u l a r e s d a s m ã o s , p r i n c i p a l m e n t e se e l a s eram a n t i g a s e se h a v i a uma l o n g a história de t r a t a m e n t o e r e c o r r ê n c i a . As m a i s suscetíveis ao tratameíito f o r a m a q u e l a s que e s t a v a m em e s t a d o i n i c i a l e eram em pequeno número.

Q u a t r o dos q u a r e n t a e s e t e c a s o s f o r a m t r a t a d o s p e l o Dr. P I E R L U I G I GHETTI, que i n i c i a l m e n t e não possuía nenhum c o n h e c i m e n t o de h i p n o s e e a quem nós e n s i n a m o s as s u p r a c i t a d a s t é c n i c a s .

CONCLUSCES

C o n s i d e r a m o s válido o t r a t a m e n t o h i p n ó t i c o de n e o f o r m a ç õ e s de o r i g e m v i r ô t i c a . As p a l a v r a s f a l a d a s e a s s u g e s t õ e s d a d a s aos p a c i e n t e s d u r a n t e o e s t a d o de t r a n s e p r o v o -cam, p o r m e i o de e s t í m u l o s na m e n t e , mudanças f i s i o l ó g i c a s que nós supomos s e r ao n \ v e l i m u n o l ó g i c o e da m i c r o c i r c u 1 a ç a o j d u r a n t e o p r o c e s s o de c u r a n o t a - s e de f a t o um p r o c e s s o de r e j e i ç ã o d a s v e r r u g a s p e l o o r g a n i s m o . V e r r u g a s não s ã o i n d u b i t a v e l m e n t e um distúrbio p s i c o s s o m á t i c o , mas a t e r a p i a é e f e t i v a m e n t e p s i c o l ó g i c a .

E s t a t e r a p i a a p r e s e n t a v a n t a g e n s c o n s i d e r á v e i s c o m p a r a d a s com o u t r a s em uso ho­j e . 0 p a c i e n t e não s o f r e d o r , e nos c a s o s de v e r r u g a s p l a n t a r e s d o l o r o s a s há f r e q u e n t e m e n t e d e s a p a r e c i m e n t o t o t a l da d o r ã m a r c h a , num p r a z o que v a r i a de uma a três sessões sema" n a l s , na m a i o r i a dos c a s o s . P o r t a n t o , um tempo menor que o n e c e s s á r i o p a r a a cicatrização de uma p r o f u n d a f e r i d a c i r ú r g i c a .

P e l a h i p n o t e r a p i a obtém-se também a c o m p l e t a r e g e n e r a ç ã o da p e l e , i n t e . j r i d . i r t e

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Page 3: HIPNOSE NO TRATAMENTO DAS VERRUGAS Dr. Riccardo … · INTRODUÇÃO HIPNOSE NO TRATAMENTO DAS VERRUGAS Dr. Riccardo Arone di Bertolino Vários estudos sobre tratamento de verrugas

c o m p l e t a da unha sem c i c a t r i z e s e um d i m i n u í d o senão a u s e n t e r i s c o de recorrência. A ú n i ­c a d e s v a n t a g e m p a r a o p a c i e n t e é o tempo n e c e s s á r i o p a r a o t r a t a m e n t o , um tempo q u e , p o r o u t r o l a d o , t o r n a - s e t a n t o m a i s l o n g o q u a n t o m a i o r é a I d a d e e o número das lesões. Toda v i a , os c i n c o meses n e c e s s á r i o s p a r a a r e s o l u ç ã o de c a s o s com m a i s de d o i s anos de p e r m a ~ n ê n c i a , já t r a t a d o s p o r o u t r o s m é t o d o s e com história de r e c o r r ê n c i a , não nos p a r e c e m e x ­c e s s i v o s .

S U M A R I O

0 a u t o r r e p o r t a sua e x p e r i ê n c i a no t r a t a m e n t o p o r m e i o da h i p n o s e de c a s o s de v e r r u g a s c o n d u z i d o s a clínica de D e r m a t o l o g i a e S i f i l o g r a f i a da U n i v e r s i d a d e de B o l o n h a sob a direção do p r o f e s s o r ANOREA MONTAGNANI. A t é c n i c a empregada é d e s c r i t a , e os vã r i o s t i p o s de sugestões de c u r a p a r a os vários t i p o s de lesões e s u a s localizações são a ~ p r e s e n t a d o s . Um sumário de c a s o s e n v o l v e n d o a c u r a c o m p l e t a de 46 dos 47 c a s o s é a p r e s e n ­t a d o . C o n c l u i - s e que a t e r a p i a p r o p o s t a é v a n t a j o s a em r e l a ç ã o a q u e l a s em uso a t u a l m e n t e .

B I B L I O G R A F I A

GRANONE, F. - Trattato d'Ipnosi (Sofrologia). B o r i n g h i e r i , 1 9 7 2 .

GUANTIERI, G. - L'Ipnoei. R i z z o l i , 1973.

LEIDMAN, Y.M. E x p e r i e n c e o f T r e a t i n g W a r t s i n C h i l d r e n by H y p n o s i s . ( e m r u s s o ) . VESTN.DERM. VENER. 1968, 4 2 / 2 , 8 6 - 8 9 .

PAVESI, P. e MOSCONI, G. L'ipnosi nella medicina moderna. C o r t i n a , 1 9 60.

S U M M A R Y

The a u t h o r r e p o r t s h i s e x p e r i e n c e i n t h e t r e a t m e n t o f w o r t s by means o f h y p n o s i s c o n d u c t e d a t t h e D e r m a t o l o g y - S y p h i l o l o g y C l i n i c o f t h e U n i v e r s i t y o f B o l o g n a , P r o f e s s o r A n d r e a M o n t a g n a n i , D i r e c t o r . The t e c h n i q u e e m p l o y e d i s d e s c r i b e d , and t h e v a r i o u s means o f s u g g e s t i n g r e c o v e r y f o r t h e v a r i o u s t y p e s o f l e s i o n s and t h e i r 1 o c a 1 i z a t i o n s a r e i 1 1 u s t r a t r e d . A c a s e summary i n v o l v i n g t h e c o m p l e t e r e c o v e r y o f 46 o u t o f 47 c a s e s i s p r e s e n t e d . I t i s c o n c l u d e d t h a t t h e t h e r a p y p r e s e n t e d i s a d v a n t a g e o u s w i t h r e s p e c t t o t h o s e i n u s e t o d a y .

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