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Nome do Aluno Organizadoras e elaboradoras Kátia Maria Abud Raquel Glezer História História História História História 6 módulo Comemorações

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Nome do Aluno

Organizadoras e elaboradoras

Kátia Maria AbudRaquel Glezer

HistóriaHistóriaHistóriaHistóriaHistória

6módulo

Comemorações

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GOVERNO DO ESTGOVERNO DO ESTGOVERNO DO ESTGOVERNO DO ESTGOVERNO DO ESTADO DE SÃO PADO DE SÃO PADO DE SÃO PADO DE SÃO PADO DE SÃO PAULOAULOAULOAULOAULO

Governador: Geraldo Alckmin

Secretaria de Estado da Educação de São PauloSecretaria de Estado da Educação de São PauloSecretaria de Estado da Educação de São PauloSecretaria de Estado da Educação de São PauloSecretaria de Estado da Educação de São Paulo

Secretário: Gabriel Benedito Issac Chalita

Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENPCoordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENPCoordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENPCoordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENPCoordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas – CENP

Coordenadora: Sonia Maria Silva

UNIVERSIDADE DE SÃO PUNIVERSIDADE DE SÃO PUNIVERSIDADE DE SÃO PUNIVERSIDADE DE SÃO PUNIVERSIDADE DE SÃO PAULOAULOAULOAULOAULO

Reitor: Adolpho José Melfi

Pró-Reitora de GraduaçãoPró-Reitora de GraduaçãoPró-Reitora de GraduaçãoPró-Reitora de GraduaçãoPró-Reitora de Graduação

Sonia Teresinha de Sousa Penin

Pró-Reitor de Cultura e Extensão UniversitáriaPró-Reitor de Cultura e Extensão UniversitáriaPró-Reitor de Cultura e Extensão UniversitáriaPró-Reitor de Cultura e Extensão UniversitáriaPró-Reitor de Cultura e Extensão Universitária

Adilson Avansi Abreu

FUNDAÇÃO DE APOIO À FFUNDAÇÃO DE APOIO À FFUNDAÇÃO DE APOIO À FFUNDAÇÃO DE APOIO À FFUNDAÇÃO DE APOIO À FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAFEAFEAFEAFEAFE

Presidente do Conselho Curador: Selma Garrido Pimenta

Diretoria Administrativa: Anna Maria Pessoa de Carvalho

Diretoria Financeira: Sílvia Luzia Frateschi Trivelato

PROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIOPROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIOPROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIOPROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIOPROGRAMA PRÓ-UNIVERSITÁRIO

Coordenadora Geral: Eleny Mitrulis

Vice-coordenadora Geral: Sonia Maria Vanzella Castellar

Coordenadora Pedagógica: Helena Coharik Chamlian

Coordenadores de ÁreaCoordenadores de ÁreaCoordenadores de ÁreaCoordenadores de ÁreaCoordenadores de Área

Biologia:Biologia:Biologia:Biologia:Biologia:

Paulo Takeo Sano – Lyria Mori

Física:Física:Física:Física:Física:

Maurício Pietrocola – Nobuko Ueta

Geografia:Geografia:Geografia:Geografia:Geografia:

Sonia Maria Vanzella Castellar – Elvio Rodrigues Martins

História:História:História:História:História:

Kátia Maria Abud – Raquel Glezer

Língua Inglesa:Língua Inglesa:Língua Inglesa:Língua Inglesa:Língua Inglesa:

Anna Maria Carmagnani – Walkyria Monte Mór

Língua Portuguesa:Língua Portuguesa:Língua Portuguesa:Língua Portuguesa:Língua Portuguesa:

Maria Lúcia Victório de Oliveira Andrade – Neide Luzia de Rezende – Valdir Heitor Barzotto

Matemática:Matemática:Matemática:Matemática:Matemática:

Antônio Carlos Brolezzi – Elvia Mureb Sallum – Martha S. Monteiro

Química:Química:Química:Química:Química:

Maria Eunice Ribeiro Marcondes – Marcelo Giordan

Produção EditorialProdução EditorialProdução EditorialProdução EditorialProdução Editorial

Dreampix Comunicação

Revisão, diagramação, capa e projeto gráfico: André Jun Nishizawa, Eduardo Higa Sokei, José Muniz Jr.Mariana Pimenta Coan, Mario Guimarães Mucida e Wagner Shimabukuro

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Cartas aoCartas aoCartas aoCartas aoCartas aoAlunoAlunoAlunoAlunoAluno

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Carta da

Pró-Reitoria de Graduação

Caro aluno,

Com muita alegria, a Universidade de São Paulo, por meio de seus estudantese de seus professores, participa dessa parceria com a Secretaria de Estado daEducação, oferecendo a você o que temos de melhor: conhecimento.

Conhecimento é a chave para o desenvolvimento das pessoas e das naçõese freqüentar o ensino superior é a maneira mais efetiva de ampliar conhecimentosde forma sistemática e de se preparar para uma profissão.

Ingressar numa universidade de reconhecida qualidade e gratuita é o desejode tantos jovens como você. Por isso, a USP, assim como outras universidadespúblicas, possui um vestibular tão concorrido. Para enfrentar tal concorrência,muitos alunos do ensino médio, inclusive os que estudam em escolas particularesde reconhecida qualidade, fazem cursinhos preparatórios, em geral de altocusto e inacessíveis à maioria dos alunos da escola pública.

O presente programa oferece a você a possibilidade de se preparar para enfrentarcom melhores condições um vestibular, retomando aspectos fundamentais daprogramação do ensino médio. Espera-se, também, que essa revisão, orientadapor objetivos educacionais, o auxilie a perceber com clareza o desenvolvimentopessoal que adquiriu ao longo da educação básica. Tomar posse da própriaformação certamente lhe dará a segurança necessária para enfrentar qualquersituação de vida e de trabalho.

Enfrente com garra esse programa. Os próximos meses, até os exames emnovembro, exigirão de sua parte muita disciplina e estudo diário. Os monitorese os professores da USP, em parceria com os professores de sua escola, estãose dedicando muito para ajudá-lo nessa travessia.

Em nome da comunidade USP, desejo-lhe, meu caro aluno, disposição e vigorpara o presente desafio.

Sonia Teresinha de Sousa Penin.

Pró-Reitora de Graduação.

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Carta da

Secretaria de Estado da Educação

Caro aluno,

Com a efetiva expansão e a crescente melhoria do ensino médio estadual,os desafios vivenciados por todos os jovens matriculados nas escolas da redeestadual de ensino, no momento de ingressar nas universidades públicas, vêm seinserindo, ao longo dos anos, num contexto aparentemente contraditório.

Se de um lado nota-se um gradual aumento no percentual dos jovens aprovadosnos exames vestibulares da Fuvest — o que, indubitavelmente, comprova aqualidade dos estudos públicos oferecidos —, de outro mostra quão desiguaistêm sido as condições apresentadas pelos alunos ao concluírem a última etapada educação básica.

Diante dessa realidade, e com o objetivo de assegurar a esses alunos o patamarde formação básica necessário ao restabelecimento da igualdade de direitosdemandados pela continuidade de estudos em nível superior, a Secretaria deEstado da Educação assumiu, em 2004, o compromisso de abrir, no programadenominado Pró-Universitário, 5.000 vagas para alunos matriculados na terceirasérie do curso regular do ensino médio. É uma proposta de trabalho que buscaampliar e diversificar as oportunidades de aprendizagem de novos conhecimentose conteúdos de modo a instrumentalizar o aluno para uma efetiva inserção nomundo acadêmico. Tal proposta pedagógica buscará contemplar as diferentesdisciplinas do currículo do ensino médio mediante material didático especialmenteconstruído para esse fim.

O Programa não só quer encorajar você, aluno da escola pública, a participardo exame seletivo de ingresso no ensino público superior, como espera seconstituir em um efetivo canal interativo entre a escola de ensino médio ea universidade. Num processo de contribuições mútuas, rico e diversificadoem subsídios, essa parceria poderá, no caso da estadual paulista, contribuirpara o aperfeiçoamento de seu currículo, organização e formação de docentes.

Prof. Sonia Maria Silva

Coordenadora da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas

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Apresentaçãoda área

Fazer a História

Durante sua vida escolar, você já estudou História em várias séries. Então,você sabe que essa disciplina estuda as ações humanas ocorridas no tempo,em diferentes lugares.

Também você já percebeu que existem muitas referências a fatos históri-cos e momentos significativos em diversas formas de comunicação, comoséries de televisão, filmes, músicas, propagandas, livros, roupas etc.

Isto é uma característica da sociedade ocidental – ter o passado comoparte formativa e informativa de sua cultura, para que qualquer pessoa quenela viva, em qualquer lugar, possa se localizar no tempo, entender as refe-rências e compreender o momento em que vive.

Você deve ter observado que o programa de História solicitado para osexames vestibulares é longo – das origens dos seres humanos até os diasatuais. Nos seis módulos em que a disciplina História vai se apresentar, não háa intenção de percorrer todos momentos históricos, nem a de seguir uma se-qüência no tempo. A intenção é de mostrar como o mundo que nos cercacontém referências históricas e como que estas podem ser lidas e entendidas,por meio da exploração de fontes históricas.

Compreender como a nossa sociedade vê a História é importante, porqueestamos em uma sociedade histórica, que constantemente se interroga sobreseu passado.

Vamos procurar mostrar como o historiador trabalha com o material queseleciona para sua pesquisa, o tipo de conhecimento que resulta dessa pesqui-sa e como você pode fazer alguns exercícios que permitem o entendimentodos textos e das afirmações sobre os momentos históricos.

Incluímos indicações de alguns filmes, livros e sítios na internet, paracomplementação dos itens desenvolvidos, para que você perceba como a His-tória é parte fundamental da cultura na sociedade ocidental, da qual a socieda-de brasileira faz parte e na qual todos nós estamos mergulhados.

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Apresentaçãodo módulo

Neste módulo trabalharemos com uma forma de fonte histórica muito co-mum, mas pouco reconhecida pelas pessoas como tal: a rememoração históri-ca, que aparece nas comemorações, sejam elas cívicas, religiosas, coletivasou individuais, de alegria ou de tristeza.

Existem comemorações anuais, que correspondem ao aniversário do fato.Há também aquelas de “datas redondas”, que assinalam os dez, vinte, trinta,quarenta, cinqüenta, cem, cento e cinqüenta, duzentos e mais anos deconcretização do fato. Os noticiários de televisão, rádios e imprensa periódicaestão sempre falando delas.

Quando se fala em comemoração, a idéia que vem à mente é a de umacomemoração festiva, para elogiar ou lembrar feitos notáveis que aconteceramno passado. Mas as comemorações podem ser também de tristeza (luto) quandose referem a guerras, destacando o heroísmo dos que lutaram. Elas servem tam-bém para que se faça uma reflexão sobre o significado do fato ou da data.Muitas das comemorações são realizadas em lugares especiais, definidos comoo local mais significativo para relembrar o fato: são os lugares de memória.

Lugares de memória são espaços criados especialmentepara relembrar um fato considerado notável pela sociedade,com construções que são monumentos comemorativos do even-to, geralmente abertos ao público para visitação. Podem tertambém a forma de esculturas ou marcos. São elementos ma-teriais construídos com a função simbólica de criar identida-de. Alguns dos lugares de memória de São Paulo são: o Pátiodo Colégio, o Museu do Ipiranga (Museu Paulista da USP), oObelisco da Revolução de 1932 e o Marco Zero da cidade.

Você já deve ter percebido que vamos conversar sobrea cidade de São Paulo, pois no ano de 2004 comemorou-se o aniversário de quatrocentos e cinqüenta anos de suafundação.

Este é também o nosso último módulo. Esperamos terajudado na sua preparação para o exame vestibular da Uni-versidade de São Paulo e desejamos encontrá-lo como ca-louro no próximo ano.

Bons estudos e boa sorte!

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Introdução

Quando eu morrer quero ficar,Não contem aos meus inimigos,Sepultado em minha cidade,Saudade

Meus pés enterrem na rua Aurora,No Paissandu deixem meu sexo,Na Lopes Chaves a cabeçaEsqueçam

No Pátio do Colégio afundemO meu coração paulistano:Um coração vivo e um defuntoBem juntos

Escondam no Correio o ouvidoDireito, o esquerdo nos Telégrafos,Quero saber da vida alheia,Sereia

O nariz guardem nos rosais,A língua no alto do IpirangaPara cantar a liberdade.Saudade...

Os olhos lá no JaraguáAssistirão ao que há-de vir,O joelho na Universidade,Saudade...

As mãos atirem por aí,Que desvivam como viveram,As tripas atirem pro Diabo,Que o espírito será de Deus.Adeus.”

(ANDRADE, Mário. Lira paulistana)

No poema acima, o grande escritor paulista Mário de Andrade (ver box), aomesmo tempo em que presta uma homenagem à cidade, circunscreve, como sefosse num mapa, alguns locais da cidade que são importantes em sua memória.

Organizadoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

Elaboradoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

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Você pode notar que alguns dos locais são logradouros como ruas e aveni-das, outros são bairros, acidentes geográficos ou ainda instituições. Mas, to-dos eles, na visão do poeta, são marcos de sua cidade.

Realize uma atividade, depois de ler outra vez o poema de Mário deAndrade:

1. Qual a distância em km do local onde você está até a Praça da Sé (mar-co zero da cidade)?

Mário Raul de Morais An-drade nasceu em São Pau-lo em 1893 e faleceu em suacidade natal em 1945. Estu-dou no Grupo Escolar doTriunfo, no Ginásio NossaSenhora do Carmo e noConservatório Dramático eMusical de São Paulo, vin-do a lecionar, neste estabe-lecimento de ensino, des-de 1922, História da Música.Dirigiu o DepartamentoMunicipal de Cultura, queideou, nele promovendocursos de etnografia e fol-clore. Dotou-o também deDiscoteca Pública. Foi Dire-tor do Instituto de Artes daUniversidade do DistritoFederal, aí regendo a cáte-dra de Filosofia e Históriada Arte. Organizou o Ser-viço do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional, doMinistério da Educação.Teve a iniciativa, em SãoPaulo, do Primeiro Con-gresso da Língua NacionalCantada e elaborou, para oInstituto Nacional do Livro,o plano de uma Enciclopé-dia Brasileira. Dedicou-se àpoesia, ao conto e ao ro-mance, à crônica, ao ensaio,à crítica literária e de artesplásticas e à estética.

(Fonte: www.klickescritores.com.br)

2. Procure explicar as razões pelas quais o poeta escolheu os locais paraenterrar as partes de seu corpo:

A cidade de São Paulo que Mário de Andrade conheceu e na qual viveuera ainda pequena. Apesar de já ter sido enriquecida pela expansão da cafei-cultura no estado e estar se desenvolvendo o processo de industrialização quea transformaria no maior parque industrial do Brasil, a região metropolitanade São Paulo mal ultrapassava os dois milhões de habitantes na metade doséculo XX. Entretanto, já tinha recebido as levas de imigrantes que vieramtrabalhar nas primeiras indústrias e abriram novos bairros para construir suascasas, próximas ao local do trabalho. O populoso bairro do Brás, onde selocalizou grande número de imigrantes italianos, por exemplo, era um localem que se realizavam caçadas no século XIX. Antes deles, tinham se estabele-cido, no Planalto de Piratininga, os colonizadores europeus e os africanosescravizados, que aqui encontraram os habitantes nativos da terra.

Os historiadores costumam afirmar que a história de São Paulo pode serdivida em três épocas: a cidade colonial, a cidade do século XIX, quando secriou a Academia de Direito (atual Faculdade de Direito da USP, criada em1827) e a metrópole do século XX, na qual se instalaram habitantes vindos detodas as partes do mundo e se desenvolveu um grande pólo industrial, fatoque ajudou a transformá-la numa cidade global.

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As cidades já foram cidades capitais, cidades industriais, metrópoles,megalópoles, e hoje em dia algumas delas são denominadas cidades globais.

A cidade de São Paulo concentra uma população de alto poder aquisitivo,pois é a segunda cidade brasileira em renda per capita, depois de Brasília. Temuma infra-estrutura de serviços urbanos atualizada em algumas regiões – centrofinanceiro e centro de serviços. Nela estão sedes dos grandes bancos nacionaise das filiais dos internacionais, escritórios da maioria das grandes empresasnacionais e internacionais, os equipamentos científicos e culturais mais atuais.

Por outro lado, contém níveis de desigualdade chocantes. Se o acesso à águae à eletricidade estão quase universalizados, saneamento básico (esgoto e coletade lixo), transportes, trabalho, saúde e educação são questões problemáticas.

Apesar dos indicadores sociais frágeis, indicativos de subdesenvolvimen-to econômico e social, São Paulo está se transformando em uma cidade global– a da América do Sul, uma cidade de serviços, conectada em tempo real como restante do mundo.

O processo de transformação de São Paulo em uma cidade global foi lento.

No século XX, aconteceram nos municípios do Planalto Paulista algunsfenômenos. Um deles foi o de agregação: nos anos trinta, o município deSanto Amaro foi unido ao de São Paulo. Nos anos quarenta ocorreu o oposto,com desmembramento territorial: Santo André foi subdividido em São Caeta-no, São Bernardo e Santo André; Santana do Parnaíba, em Santana do Parnaíbae Barueri; Mairiporã, em Mairiporã e Franco da Rocha; Mogi das Cruzes, emMogi das Cruzes, Suzano e Poá. Tais divisões assinalam o início do processode fragmentação de municípios extensos, com a separação de distritos queeram considerados áreas rurais, pelo aumento da densidade demográfica –fenômero que continua ocorrendo em nossos dias.

Outro foi o de expansão urbana, denominada de metropolização e depoisconurbação, que criou o terceiro maior aglomerado urbano do mundo, commais de 100 km de extensão, unindo áreas urbanas de municípios diferentes.

Na segunda metade do século XX, o parque industrial paulistano expan-diu-se para a região do ABC (Santo André, São Bernardo e São Caetano), pelaexistência de meios de transporte acessíveis (estrada de ferro e rodovia), pro-ximidade do porto de Santos para receber equipamentos e insumos, e pelo

Unidade 1

Organizadoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

Elaboradoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

São Paulo,cidade global

Cidade globalCidade globalCidade globalCidade globalCidade global

é uma classificação socio-lógica dos fenômenos ur-banos característicos do fi-nal do século XX, decorren-tes da globalização econô-mica e das conexões inter-nacionais de comunicaçõesem tempo real. Cidadesglobais vivem da prestaçãode serviços, com infra-es-trutura de comunicações,mercado consumidor localsignificativo, populaçãocom nível educacional su-ficiente para proporcionarmão-de-obra qualificada.Podem manter as desigual-dades socioeconômicas in-ternamente. Refletem oprocesso de concentraçãoeconômica e modernizaçãoacelerada da economia deserviços.

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baixo custo do terreno, necessário para as plantas industriais da nova fase deindustrialização.

O mercado de trabalho, na construção e nas indústrias, atraiu mais gente.A população da cidade foi crescendo, se instalando nos bairros-dormitóriosque se espalharam por outros municípios, criando as cidades-dormitórios. Umaoutra parcela dos novos moradores instalou-se nas proximidades do parqueindustrial, desenvolvendo outras áreas urbanas.

Indústria automobilísticaEm 1891 existia somente um automóvel no Brasil; em 1904, 84 carros eram registrados

na Inspetoria de Veículos. Faziam fila na época figuras ilustres da sociedade paulista:

Antonio Prado Júnior, Ermelino Matarazzo, Ramos de Azevedo, José Martinelli e muitos

outros. De olho nesse mercado, a empresa Ford decidiu, em 1919, trazer a empresa ao

Brasil. O próprio Henry Ford sentenciava: “O automóvel está destinado a fazer do Brasil

uma grande nação”. A primeira linha de montagem e o escritório da empresa foram

montados na rua Florêncio de Abreu, centro da cidade de São Paulo. Em 1925, foi a vez

da General Motors do Brazil abrir sua fábrica no bairro paulistano do Ipiranga. Meses

depois, circulava o primeiro Chevrolet. Dois anos depois, a companhia iniciou a constru-

ção da fábrica de São Caetano do Sul. Nessas alturas, o som das buzinas e o barulho

peculiar dos motores já faziam parte do cotidiano do paulista. Estradas foram construídas

em todo o Estado de São Paulo. O reflexo dessas iniciativas no aumento da frota de

veículos é surpreendente: entre 1920 e 1939, só no Estado de São Paulo, o número de

carros de passeio saltou de 5.596 para 43.657 e o de caminhões foi de 222 para 25.858.

No ano de 1939, teve início a Segunda Guerra Mundial. As importações foram prejudica-

das e a frota de veículos no Brasil ficou ultrapassada. As fábricas só montavam seus

automóveis aqui e não produziam suas peças. Era preciso desenvolver o parque

automotivo brasileiro. O então presidente da República, Getúlio Vargas, proibiu a impor-

tação de veículos montados e criou obstáculos à importação de peças. Foi Juscelino

Kubitschek, presidente empossado em 31 de janeiro de 1956, que deu o impulso neces-

sário à implantação definitiva da indústria automotiva, ao criar o Geia (Grupo Executivo

da Indústria Automobilística). Em 28/9/1956, foi inaugurada, em São Bernardo do Cam-

po, no ABC Paulista, a primeira fábrica de caminhões com motor nacional da Mercedes-

Benz. Juscelino Kubitscheck compareceu à cerimônia. O Brasil chegou ao final de 1960

com uma população de 65.755.000 habitantes e um total de 321.150 veículos produzi-

dos desde o início da implantação do parque industrial automotivo. Mais de 90% das

indústrias de autopeças foram instaladas na Grande São Paulo. E foi no Estado de São

Paulo que ficou instalado o maior parque industrial da América Latina, dando um impor-

tante impulso para o rápido crescimento econômico paulista. A revolução automotiva

da década de 1950 trouxe ao Estado tecnologia de ponta, empregos, desenvolvimento

industrial e uma nova relação de capital-trabalho, com o crescimento e fortalecimento

dos sindicatos de classes.

(Texto extraído e resumido do site http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/historia/

colonia.htm)

A industrialização nas décadas de 1950 e 1960 atraiu muita gente para acidade e para a região metropolitana. Nos anos 60 e 70 foram realizadas gran-

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-

des obras públicas em São Paulo: avenidas, viadutos, metrô, que precisaramde numerosa mão-de-obra, transformando a região no “Sul Maravilha”.

A cidade foi duramente atingida pela crise econômica dos anos 80 e 90,levando inicialmente à paralisação das obras de infra-estrutura e, depois, como processo de abertura de mercado, à introdução de equipamentos que dimi-nuíram a utilização da mão-de-obra.

O processo de desindustrialização (pelo qual as indústrias deslocam-separa outras cidades e regiões, em busca de vantagens como isenção de impos-tos, doação de terrenos e mão-de-obra mais barata) também contribuiu paraagravar a situação econômica da cidade. As regiões industriais mais próximasda área central foram abandonadas, criando manchas urbanas com vazios,como na Mooca, Brás, Ipiranga e Lapa.

Leia os textos acima e a tabela abaixo com muita atenção.

Atividades:

1. Complete os dados de percentagem que faltam na tabela.

Anos

1940*

1950*

1960*

1970*

1980*

1991*

2000*

Brasil

41.236.315

51.944.397

70.119.071

93.139.037

119.070.865

146.155.000

169.799.170

São Paulo

7.189.316

9.134.423

12.823.806

17.771.948

25.040.712

31.192.818

37.032.403

% Aum.

22,86

27,05

40,38

38,58

40,90

24,56

Cidade

1.326.261

2.198.096

3.666.701

5.924.615

8.493.226

9.484.427

10.406.166

% Aum.

25,10

63,99

66,81

61,57

43,35

11,67

Região Metropolitana.

1.568.045

2.662.786

4.739.406

8.139.730

12.199.423

15.199.423

17.800.000

% Aum.

69,81

77,98

71,74

49,87

24,59

Dados estatísticos IBGE (corrigidos). Anuário Estatístico IBGE, 1990. Tabela organizada por RaquelGlezer.

2. Analisando os dados, a que conclusão você chega?

3. Quais os anos de maior crescimento demográfico do Brasil?

4. Quais os anos de maior crescimento demográfico da cidade de SãoPaulo?

5. Quando começou a diminuição do crescimento demográfico da cidadede São Paulo?

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A música paulistanaPor meio das letras de músicas que têm São Paulo como tema podemos

acompanhar o processo de transformação da cidade e da região, além de per-ceber como a memória popular registrou as mudanças da cidade, pela sensibi-lidade dos compositores.

SSSSSAMBAMBAMBAMBAMBAAAAA CCCCCONTONTONTONTONTAAAAA AAAAA HISTÓRIAHISTÓRIAHISTÓRIAHISTÓRIAHISTÓRIA DADADADADA URBURBURBURBURBANIZAÇÃOANIZAÇÃOANIZAÇÃOANIZAÇÃOANIZAÇÃO DEDEDEDEDE S S S S SÃOÃOÃOÃOÃO P P P P PAAAAAULULULULULOOOOO

Marcos Virgilio da Silva, aluno da FAU-USP, estudou a produção musical e as mudanças ocor-

ridas na cidade entre 1946 e 1957, pelas obras de Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e outros.

Analisando a produção musical de Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e outros composito-

res paulistanos, Marcos Virgílio da Silva, aluno do último ano da Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo (FAU) da USP, mostra a transformação da São Paulo regional numa metrópole, e

como os paulistanos reagiram às mudanças que ocorreram entre 1946 e 1957, em plena

“era do rádio”. “Músicas como Saudosa Maloca e Ronda têm muitas referências à cidade”,

afirma. “A comemoração do quarto centenário de São Paulo é considerada por muitos um

divisor de águas na história da cidade. Há entre os compositores uma posição contrária aos

efeitos do progresso, mas não ao progresso em si. Eles mostram que já existiam os mesmos

problemas de hoje, como trânsito, violência, enchente, por exemplo”.

Segundo Virgílio, a cidade era um centro regional bem menor do que o Rio de Janeiro, mas

na década de 50 se torna a maior cidade do Brasil, maior pólo industrial, com uma vida

cultural intensa. “O quarto centenário contribuiu bastante para criar o estereótipo do

paulistano trabalhador e de São Paulo como motor do Brasil”. Mas, se por um lado, há o

deslumbre com o progresso, por outro há o sentimento de perda das raízes locais. “Adoniran

tomava partido das coisas que estavam acontecendo. Ele aceitava o progresso como uma

coisa boa, mas criticava seu caráter devastador, as construções que iam passando por cima

de tudo, demolindo edifícios que tinham história e valor sentimental para a comunidade,

como a Saudosa Maloca, uma casa velha que deu lugar a um edifício”.

Virgílio afirma que os compositores da época tentam entender a transformação da cidade

mostrando – e não interpretando – o que está acontecendo. Assim, aparece nas músicas o

cenário inicial da cidade que existe hoje. “O automóvel começa a ter uma imagem marcante

na paisagem e surge a preocupação em como organizar a cidade em função dele”, diz. Na

música Iracema, Adoniran adverte a mulher para ter cuidado ao atravessar as ruas, mas

como ela “não iscuitava não”, acabou morrendo atropelada. “Mandamentos do chofé, de

uma dupla caipira, recomenda como o condutor deve se portar, aconselhando-o, por

exemplo, a não ficar olhando uma mulher passando para não provocar um acidente”.

As composições também mostram as favelas que começam a aparecer. “É um fato que causa

muito estardalhaço, porque era motivo de orgulho do paulistano a cidade não ter favelas

como no Rio de Janeiro”, afirma Virgílio. Também se nota o avanço das periferias, quando os

loteamentos passam a ser ocupados irregularmente. “Existe uma denúncia das más con-

dições de vida na periferia. Tem uma música que relata um atingido pela enchente, que ‘tá

que tá dando dó na gente, anda por aí com uma mão atrás e outra na frente’”, conta Virgílio.

Mas a música também mostra que as pessoas valorizavam o espaço. “Adoniran conta, em

uma de suas músicas, que comprou uma casa em Ermelino Matarazzo, e tem esse tom de

satisfação em melhorar de vida, não depender de aluguel nem morar em cortiço ou favela”.

Há músicas que falam dos caipiras que chegam à cidade e não conseguem se adaptar, e

mostram um dado curioso: “muita gente se suicidava do Viaduto do Chá”, afirma Virgílio,

São PSão PSão PSão PSão Pauloauloauloauloaulo,,,,, São P São P São P São P São PauloauloauloauloauloPremeditando o breque/Pre-meÉ sempre lindo andar na ci-dade de São PauloO clima engana a vida é gra-na em São PauloA japonesa loira a nordestinamoura de São PauloGatinhas punks um jeitoyankee de São Paulo

Na grande cidade me realizarmorando num BNHNa periferia, a fábrica escure-ce o dia...

Não vá se incomodar com afauna urbana de São PauloPardais, baratas, ratos da rotade São PauloE pra você crianca, muita di-versão em São PaulicãoTomar um banho no Tietê ouver TV

Na grande cidade me realizarmorando num BNHNa periferia, a fábrica escure-ce o dia...

Chora menino, Freguesia doÓ, Carandiru, Mandaqui aliVila Sônia, Vila Ema, Vila Alpi-na, Vila Carrão, Morumbi, PariO total Utinga, Embu e Imirim,Brás, Brás, BelémBom Retiro, Barra Funda, Her-melino MatarazzoMooca, Penha, Lapa, Sé, Jaba-quara, PiritubaTucuruvi, Tatuapé

Pra quebrar a rotina num fimde semana em São PauloLavar um carro, comendo umchurro é bom pra burroUm ponto de partida pra su-bir na vida em São PauloTerraço Itália, Jaraguá ou Via-duto do Chá

Na grande cidade me realizarmorando num BNHNa periferia, a fábrica escure-ce o dia...(Texto extraído do site http://www.reinodascifras.com/Sao_Paulo_Sao_Paulo.html)

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exemplificando com o Samba do Suicídio, de Vanzolini. Outra música do autor mostra

que as ruas da cidade já não eram tão pacíficas. “Conta a noite de um homem que janta,

sai e leva um tiro no peito antes da meia-noite. Tanto o Adoniran quanto o Vanzolini

falam que muitas das suas músicas foram tiradas de notícias de jornal”, diz Virgílio, expli-

cando que Adoniran fala mais da periferia, com um sotaque que mistura a fala do italia-

no, do caipira e do negro, que sintetiza a fala das pessoas incultas da cidade, enquanto

Vanzolini fala muito da noite paulistana, da boemia, dos bares, como em Ronda, que tem

um cenário noturno. “As músicas são crônicas do cotidiano”, conclui.

(Extraído da Agência USP, São Paulo, 10 de julho de 2000 n.556/00, site http://www.usp.br/

agen/bols/2000/rede556.htm)

Mas há uma música que é quase o hino oficial da cidade.

Sampa(Caetano Veloso)

Alguma coisa acontece no meu coraçãoque só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São Joãoé que quando eu cheguei por aqui eu nada entendida dura poesia concreta de tuas esquinasda deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee, a tua mais completa traduçãoAlguma coisa acontece no meu coraçãoque só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rostochamei de mau gosto o que vide mau gosto, mau gostoé que Narciso acha feio o que não é espelhoe a mente apavora o que ainda não é mesmo velhonada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começoafasto o que não conheçoe quem vem de outro sonho feliz de cidadeaprende depressa a chamar-te de realidadeporque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelasda força da grana que ergue e destrói coisas belasda feia fumaça que sobe apagando as estrelaseu vejo surgir teus poetas de campos e espaçostuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do sambamas possível novo quilombo de Zumbie os novos baianos passeiam na tua garoae novos baianos te podem curtir numa boa.

(Extraído do site http://webpdp.gator.com/4/message/612/pip)

Compare as letras das músicas e analise como elas descrevem São Paulo.

São São PSão São PSão São PSão São PSão São Pauloauloauloauloaulo,,,,, meu meu meu meu meuamor amor amor amor amor (Tom Zé)

São, São Paulo meu amorSão, São Paulo quanta dorSão oito milhões de habitantesDe todo canto em açãoQue se agridem cortezmenteMorrendo a todo vaporE amando com todo ódioSe odeiam com todo amor

São oito milhões de habitantesAglomerada solidão

Por mil chaminés e carrosCaseados à prestaçãoPorém com todo defeitoTe carrego no meu peitoSão, São PauloMeu amorSão, São PauloQuanta dorSalvai-nos por caridadePecadoras invadiramTodo centro da cidadeArmadas de rouge e batomDando vivas ao bom humorNum atentado contra o pudorA família protegidaUm palavrão reprimidoUm pregador que condenaUma bomba por quinzenaPorém com todo defeitoTe carrego no meu peito

São, São PauloMeu amorSão, São PauloQuanta dor

Santo Antonio foi demitidoDos Ministros de cupidoArmados da eletrônicaCasam pela TVCrescem flores de concretoCéu aberto ninguém vêEm Brasília é veraneioNo Rio é banho de marO país todo de fériasE aqui é só trabalharPorém com todo defeitoTe carrego no meu peito

São, São PauloMeu amorSão, São PauloQuanta dor(Extraído de http://tom_ze.l e t r a s . h o s t g o l d . c o m . b r /hospedagemsites/musicas_songs)

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O município de São PauloO município de São Paulo possui uma área total de 1.509 km², com densi-

dade demográfica de 7.077,4 habitantes por km², com 10.679.760 habitantesem 2004. (Fonte: htpp://seade.gov.br)

O executivo da cidade é a Prefeitura, que está organizada em 31 subpre-feituras e 96 distritos. O legislativo é a Câmara dos Vereadores. A sede é acidade de São Paulo, dividida em regiões: Centro, Zona Norte, Zona Oeste,Zona Sul e Zona Leste.

O crescimento populacional levou os gestores da cida-de (Prefeitura e Câmara Municipal) a procurar soluções quefacilitassem sua administração. Uma das soluções encon-tradas e que recentemente foi posta em prática foi a divisãoda cidade em sub-prefeituras e destas em distritos, que têmcomo função descentralizar a administração dos problemasda cidade.

Veja no quadro abaixo como se distribui a populaçãopelas sub-prefeituras e sua taxa de crescimento desde o iní-cio dos anos 1990.

Primeira figura: mapa domapa domapa domapa domapa domunicípio de São Paulo emmunicípio de São Paulo emmunicípio de São Paulo emmunicípio de São Paulo emmunicípio de São Paulo em20042004200420042004. Fonte: O Estado de S.Paulo, 02 nov. 2004, Metró-pole, C1.Segunda figura: área edifi-área edifi-área edifi-área edifi-área edifi-cada em 1962 e 1972cada em 1962 e 1972cada em 1962 e 1972cada em 1962 e 1972cada em 1962 e 1972. Fonte:Flávio Villaça, em CibeleTaralli. Ambiente construídoe legislação: o visível e oimprevisível. São Paulo, 1993.Doutorado na FAU/USP.

Subprefeituras eSubprefeituras eSubprefeituras eSubprefeituras eSubprefeituras e

DistritosDistritosDistritosDistritosDistritos

Município de São

Paulo

Aricanduva

Butantã

Campo Limpo

Casa Verde/

Cachoeirinha

Cidade Ademar

Cidade Tiradentes

Ermelino Mata-

razzo

Freguesia/

Brasilândia

Guaianases

Ipiranga

Itaim Paulista

Itaquera

Jabaquara

Lapa

M’Boi Mirim

Mooca

Parelheiros

Penha

Perus

19911991199119911991

9.610.659

280.750

365.388

394.090

311.518

315.630

95.926

197.581

352.959

193.466

421.609

286.512

429.604

213.559

295.030

381.250

352.169

61.360

473.877

58.493

20042004200420042004

262.155

377.567

538.853

311.652

385.841

229.606

206.072

402.437

274.950

428.173

379.131

502.823

214.074

263.181

514.374

294.892

130.587

475.678

131.713

TTTTTaxa anualaxa anualaxa anualaxa anualaxa anual

de cresci-de cresci-de cresci-de cresci-de cresci-

mento 1991-mento 1991-mento 1991-mento 1991-mento 1991-

2004 (em %)2004 (em %)2004 (em %)2004 (em %)2004 (em %)

0,8

- 0,5

0,3

2,4

0,0

1,6

6,9

0,3

1,0

2,7

0,1

2,2

1,2

0,0

- 0,9

2,3

- 1,4

6,0

0,0

6,4

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123456

Atividades:

1. Qual é a população do município?

Pinheiros

Pirituba

Santana/Tucuruvi

Santo Amaro

São Mateus

São Miguel

Socorro

Tremembé/

Jaçanã

Vila Maria/

Vila Guilherme

Vila Mariana

Vila Prudente/

Sapopemba

338.369

314.711

352.282

234.694

299.342

321.394

456.984

404.276

211.126

339.174

335.513

522.023

253.895

413.120

318.282

212.794

409.478

394.880

349.813

619.644

267.529

292.244

304.858

519.464

- 2,2

2,1

- 0,8

- 0,8

2,4

1,6

- 2,0

3,3

1,8

- 1,1

- 0,7

0,0 Área edificada em 1983Área edificada em 1983Área edificada em 1983Área edificada em 1983Área edificada em 1983.Fonte: Flávio Villaça, emCibele Taralli. Ambienteconstruído e legislação: o vi-sível e o imprevisível. SãoPaulo, 1993. Doutorado naFAU/USP.

2. Qual é a subprefeitura mais populosa?

3. Qual a subprefeitura que perdeu mais população, no quadro acima?

4. Qual a subprefeitura que mais ganhou população, no quadro acima?

5. Relacione, em ordem decrescente, as dez subprefeituras que mais au-mentaram a população:

6. Relacione, em ordem crescente, as subprefeituras que mais perderampopulação:

12345678910

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7. Localize a subprefeitura em que está o bairro onde você vive. Relate seteve crescimento positivo ou negativo. Você pode explicar por que esse tipode crescimento aconteceu?

78910

Atualmente, falamos em Grande São Paulo ou Região Metropolitana deSão Paulo. Veja abaixo com se formou a Grande São Paulo.

A Região Metropolitana de São PauloA ligação de áreas urbanas de municípios diferentes (conurbação) criou

um novo fenômeno urbano: a Região Metropolitana de São Paulo/RMSP, cha-mada também de Grande São Paulo.

Conurbação, metrópole, região metropolitana e megalópole são expressões que a cada

dia se tornam mais familiares a milhões de pessoas em todo o mundo. Trata-se de

aglomerações urbanas, às vezes gigantescas, encontradas principalmente nos países

desenvolvidos e decorrentes de uma expansão urbana sem precedentes, provocada

sobretudo pelo desenvolvimento industrial e pelo avanço tecnológico dos meios de

transporte e das comunicações.

O que é conurbação?O que é conurbação?O que é conurbação?O que é conurbação?O que é conurbação?

É o encontro de duas ou mais cidades próximas em razão de seu crescimento. Isso

ocorre principalmente em regiões mais desenvolvidas, onde geralmente há uma gran-

de rodovia que expande continuamente a área física das cidades. Exemplos: Juazeiro e

Petrolina, no Rio São Francisco; região do ABCD, em São Paulo; regiões com as de Nova

Iorque, da Grande São Paulo, do Grande Rio e outras.

O que é metrópole?O que é metrópole?O que é metrópole?O que é metrópole?O que é metrópole?

As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte; é a “cidade-mãe”, ou

seja, é a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópole

nacional) ou de uma grande região do país (metrópole regional). A metrópole lidera a

rede urbana à qual está integrada e exerce uma forte influência sobre as cidades de

menor porte, podendo transformar-se num pólo regional, nacional ou mundial. Exem-

plos de metrópoles nacionais: Nova York, Tóquio, Sidney, São Paulo e Rio de Janeiro;

regionais: Lion (sudeste da França), Vancouver (litoral do Pacífico canadense), Seattle

(noroeste dos EUA) e Belém (Região Norte do Brasil).A partir da década de 50, o cresci-

mento e a multiplicação das metrópoles foi espetacular. Em 1950, por exemplo, só

existiam sete cidades com mais de cinco milhões de habitantes, ao passo que em 1990

já existiam dezenas de cidades nessa situação. Muitas delas expandiram tanto seus

limites que acabaram se encontrando com os limites de outros municípios vizinhos,

formando enormes aglomerações chamadas regiões metropolitanas.

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A RMSP possui uma área demais de 8.000 km², com maisde 18.000.000 habitantes e 95%de taxa de urbanização, inte-grada pelos seguintes muni-cípios: São Caetano do Sul, SãoBernardo do Campo, SantoAndré, Diadema, Mauá, Ribei-rão Pires, Rio Grande da Serra,Ferraz de Vasconcelos, Poá,Suzano, Mogi das Cruzes,Biritiba Mirim, Salesópolis,Itaquaquecetuba, Guararema,Guarulhos, Arujá, Santa Isabel,Mairiporã, Caieiras, Franco daRocha, Francisco Morato,Cajamar, Osasco, Santana doParnaíba, Pirapora do Bom Je-sus, Carapicuíba, Jandira,Itapevi, Taboão da Serra, Cotia,Vargem Grande Paulista,Embu, Itapecerica da Serra, SãoLourenço da Serra, EmbuGuaçu e Juquitiba.

Foi criada pela Lei Comple-mentar Federal nº 14, de 8/6/73, e pela Lei ComplementarEstadual nº 94, de 29/5/74.

O que é região metropolitana?O que é região metropolitana?O que é região metropolitana?O que é região metropolitana?O que é região metropolitana?

É o “conjunto de municípios contíguos e integrados a uma cidade principal (metrópole),

com serviço públicos de infra-estrutura comuns”. As maiores aglomerações ou regiões

metropolitanas do mundo em 1990 (conforme estimativas) e suas respectivas popula-

ções eram: Tóquio (23,4 milhões), Cidade do México (22,9 milhões), Nova Iorque (21,8

milhões), São Paulo (19,9 milhões), Xangai (17,7 milhões) e Pequim (15,3 milhões). No

ano 2000, a maior aglomeração metropolitana do mundo é a Cidade do México, com 32

milhões de habitantes, o equivalente à população da Argentina em 1990.

(Texto extraído de As interações urbanas contemporâneas, site http://members.tripod.com/

~netopedia/geogra/intera_urbanas.htm).

Região metropolitana de São Paulo – 2000 – Divisão político- administrativa. Fonte: São Paulometrópole, Regina M. Prosperi Meyer e outros. São Paulo: EDUSP; Imprensa Oficial, 2004, p. 47.

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Você já deve ter estudado o movimento das bandeiras, expedições quesaiam de São Paulo em busca de índios para trabalhar como escravos e embusca de minerais preciosos (ouro, prata e pedras preciosas). Você deve ternotado também que há na capital e em todo o estado muitas ruas, avenidas,escolas e muitos monumentos que homenageiam os bandeirantes. O que seescreveu sobre eles os transformou em um símbolo de São Paulo, a ponto debandeirante ser sinônimo de paulista e de paulistano.

Eles passaram a ter tanta importância para os historiadores porque foram osprimeiros colonos a descobrir as riquezas minerais nas possessões portuguesas.

No século XVI, por volta de 1530, o governo português iniciou a coloniza-ção de suas possessões na América. Você se lembra que os portugueses chega-ram às terras que depois formariam o Brasil em 1500. No início do século XV, aEuropa estava às voltas com uma crise resultante do crescimento do comércio,caracterizada pela escassez de metais preciosos, pela necessidade do aumentodo fornecimento de especiarias e pela falta de mercados consumidores.

A superação dessa situação deu-se na conquista de novas frentes de co-mércio, fornecedoras de especiarias, de metais preciosos e que pudessem con-sumir as manufaturas européias. No Atlântico desconhecido estava a solução.

A expansão marítimo-comercial era, porém, uma atividade de grande por-te, que exigia imensos recursos. As Monarquias Nacionais, centralizadas, quese organizavam como Estados Nacionais Absolutistas, desenvolvidos a partirde lutas dinásticas, podiam arcar com tal empreendimento e também contarcom o apoio da burguesia mercantil, uma nova classe social que surgia emdecorrência do desenvolvimento comercial do período.

As condições geográficas tiveram influência nessa expansão. Sendo oAtlântico o caminho para novas conquistas, as nações da costa Atlântica, comoas da Península Ibérica, projetaram-se nos descobrimentos.

Portugal foi o primeiro país a procurar na saída pelo Oceano Atlântico asolução para os problemas econômicos com os quais se defrontava. Em 1415,foi tomada a Praça de Ceuta, aos árabes, no norte da África; em 1498, Vasco daGama chegou às Índias, objetivo do longo processo das navegações portugue-sas, e em 1500, a frota de Cabral chegou ao litoral do atual estado da Bahia.

Para conseguir seu intento, Portugal contou com algumas circunstânciasque lhe eram peculiares: centralização do poder real, que a partir de 1385

Unidade 2

Origens de São Paulo: acidade dos bandeirantesOrganizadoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

Elaboradoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

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ficou sob o domínio da dinastia de Avis, e a monarquia centralizada, com oapoio da burguesia dos portos, estimulou a expansão.

As navegações portuguesas tomaram o rumo do contorno das costas daÁfrica (périplo africano) constituindo o ciclo oriental de navegações.

A Espanha iniciou sua expan-são marítima em 1492, quando opoder real estava centralizado e osmuçulmanos def initivamente ex-pulsos da Península Ibérica. Nessemesmo ano, o genovês CristóvãoColombo, a serviço dos reis da Es-panha, chegava ao continente ame-ricano, acreditando ter atingido asÍndias. Entre 1519 e 1521 o portu-guês Fernão de Magalhães, tambéma serviço da Espanha, realizou a 1ªviagem de circunavegação. As na-vegações espanholas tomaram porbase o princípio de esfericidade daterra, rumando para o Ocidente parachegar ao Oriente (ciclo ocidentalde navegações ou circunavegação).

Portugueses e espanhóis desen-volveram grande competição pelaposse de terras descobertas. Paratentar resolver essas questões foramassinados tratados:

– 1493: a Bula Inter-Coeteradeterminou o estabelecimento deum meridiano divisório, a 100 lé-guas a oeste das Ilhas de Cabo Ver-de, mas Portugal não aceitou;

– 1494: foi firmado o Tratadode Tordesilhas. Estabelecia uma li-nha divisória a 370 léguas de CaboVerde. As terras a oeste seriam daEspanha, as terras a leste, de Portu-gal (consulte o seu livro didático: épossível que ele tenha um mapaque mostre a divisão das terras en-tre Portugal e Espanha);

– 1529: o Tratado de Saragoçaregularizava a partilha das terras doOriente.

A expansão marítimo-comercial européia teve importantes conseqüências:

1. O eixo econômico mundial, até então centralizado no Mediterrâneo,deslocou-se para o Atlântico.

2. O mundo descoberto foi colonizado dentro de padrões europeus e cris-tãos, resultando na europeização do mundo.

Mapa Expansão marítimaportuguesa. Fonte: SoniaIrene do Carmo e ElianeCouto. História do Brasil. 1o.grau. São Paulo: Atual, 1989,p. 33.

Mapa Áreas de dominação docomercio português e espanholno século XVII. Fonte: idem, p.38.

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3. Consolidou-se a burguesia mercantil européia, graças à intensa acumu-lação de capitais gerada pela exploração do mundo colonial.

4. Consolidaram-se as monarquias européias e os Estados Nacionais Ab-solutistas.

Como a Espanha tomou posse das terras americanas e iniciou sua coloni-zação antes de Portugal (veja o Módulo 1 – Unidade 3), nas suas possessõesforam encontradas riquezas minerais que não eram tão evidentes nas posses-sões portuguesas e, durante trinta anos, Portugal continuou interessado emmanter o comércio com o Oriente e com regiões da costa africana, desinteres-sando-se das terras americanas. Foi a entrada de outras companhias de comér-cio européias nas rotas do Oriente que provocou novamente o interesse dogoverno português pelas terras americanas.

O início da colonizaçãoEntre 1500 e 1530, alguns europeus, principalmente espanhóis e portu-

gueses, passaram pelas terras que futuramente seriam o território brasileiro.Eram principalmente náufragos de embarcações, que se perdiam procurandochegar às ricas possessões espanholas, ou ainda marinheiros que ficavam nasfeitorias, onde se guardavam as toras de pau-brasil. Você já estudou o queeram feitorias e o que é escambo.

A NA NA NA NA NAUAUAUAUAU B B B B BRETOARETOARETOARETOARETOA

Em 22 de fevereiro de 1511, um consórcio de comerciantes, entre eles Fernando de

Noronha, fez zarpar do porto de Lisboa, com destino às costas hoje brasileiras, com o

objetivo de obter a maior carga de pau-brasil de boa qualidade, o mais rápida e econo-

micamente possível. A nau chegou no início do mês de abril e levou para Portugal 5008

toras de madeira, cujo peso ultrapassava cem toneladas. Em 1844, o historiador Francis-

co Adolfo de Varnhagen descobriu na Torre do Tombo (arquivo português) o regimento

da nau Bretoa, que era muito rígido. A única concessão a todos os tripulantes era a

liberdade de levar para Portugal animais silvestres. Assim, levaram mais de sessenta

animais, entre papagaios, macacos, sagüis, tuins e felinos de pequeno porte. A nau

Bretoa levou também trinta e seis escravos, a maioria mulheres.

Quando os portugueses da esquadra de Pedro Álvares Cabral desembarca-ram nas terras que constituiriam mais tarde o Brasil, já sabiam que por força doTratado de Tordesilhas poderiam explorar aquelas terras, banhadas pelo OceanoAtlântico, de modo que melhor lhes aprouvesse. Mas não podiam imaginar que

Vamos recordar:Escreva:

1. O que é feitoria?

2. O que significa escambo?

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elas se estenderiam para lugares muito mais distantes do mar que acabavam deatravessar e chegariam quase a alcançar o outro oceano. O Tratado de Tordesilhasfoi desrespeitado e vários outros tratados foram assinados por representantes dePortugal e Espanha, aumentando cada vez mais a extensão das possessões por-tuguesas na América do Sul. Essa empreitada, porém, não foi facilmente reali-zada. Houve muita destruição, disputas e guerras de conquista para que se com-pletasse o domínio português nas terras onde o Brasil foi se formando.

As dificuldades que os colonos portugueses encontraram foram tão gran-des, que em torno daqueles que se organizaram para penetrar o sertão se cons-truiu uma memória que fez deles “heróis” e a expansão territorial que realiza-ram foi entendida pelos historiadores como um aspecto fundamental para queo Brasil surgisse como um país.

Desde o inicio do século XVI, boatos e histórias a respeito da descobertade metais preciosos, que enriqueciam o tesouro espanhol, corriam pelas cor-tes européias. A mais famosa delas era a do Rei Branco e da Serra da Prata. ORei Branco era o Inca Huayna Capac e a Serra de Prata era Potosí, no atualPeru. Veja o quadro ao lado.

As lendas do “rei branco” e da Serra da Prata trouxeram os portuguesespara as regiões mais ao sul da América do Sul. Em 1530, o governo portuguêsorganizou uma expedição colonizadora e um primeiro grupo de portuguesesfoi enviado, para aqui se fixar, iniciar a agricultura e promover expedições àprocura das riquezas minerais na possessão portuguesa.

O chefe da expedição foi Martim Afonso de Sousa, que se fez acompa-nhar por seu irmão Pero Lopes, que escreveu um diário da expedição. Estedocumento se tornou uma importante fonte para o estudo do início da coloni-zação portuguesa na América. Martim Afonso de Souza vi-nha com ordens expressas do rei para organizar incursõespelo interior a fim de encontrar ouro e prata. Como os co-nhecimentos geográficos sobre o continente sul-americanoeram poucos, pensavam que as minas de prata, que estavamenriquecendo o tesouro espanhol, poderiam ser encontradasnas terras às quais Portugal se achava com direitos.

A ocupação do planaltoAo chegar à região onde hoje se localiza o município de

São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, Martim Afon-so e seus homens encontram um grupo de europeus, com-posto principalmente por espanhóis, possivelmente náufra-gos de expedições que se dirigiam ao rio da Prata.

Esse grupo, que vivia entre os índios há cerca de vinteanos, já estava acostumado a uma vida diferente da que levavana Europa. Os que acabavam de chegar também teriam que seacostumar a essa vida diferente. Uma primeira grande diferen-ça era a da alimentação. Os peixes com os quais os portugue-ses se alimentavam eram peixes de água fria, que não existiam por aqui. Teriamque se contentar com os mariscos e pescados, dos quais havia fartura em toda acosta e que os índios de boa vontade lhes repassavam. Os índios também nãodomesticavam animais para seu consumo. Não havia galinhas, porcos, cabras

Potosí significa, em quí-chua, “montanha quetroveja”. Segundo a len-da registrada por IncaGarcilaso de la Veja, ocerro recebera esse no-me porque quando oInca Huayna Capac man-dou explorá-lo, os emis-sários que lá chegaramouviram ruídos estron-dosos que julgaram sera “voz” da montanha.Além de aterrador, o somtinha um significado:“Afastem-se daqui”, teriadito a voz fantasmagó-rica. “As riquezas destamontanha não são paravocês. Estão reservadaspara homens que virãodo além”. (...)

Extraído de Eduardo Bueno.

Capitães do Brasil: A saga dos

primeiros colonizadores. Rio

de Janeiro: Objetiva, 1999, p.

21.

Fonte: Eduardo Bueno. Ca-pitães do Brasil. A saga dosprimeiros colonizadores. Riode Janeiro: Objetiva, 1999.

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ou bois nas aldeias indígenas. A carne que consumiam era carne de caça: tatus,pacas, macacos abatidos em incursões pelas matas também passaram a ser ali-mento para os portugueses que conviviam com os indígenas.

Contudo, a grande novidade na alimentação era a mandioca, chamadatambém de aipim ou macaxeira. Entre os índios, a mandioca era muito utiliza-da. Planta nativa, crescia com facilidade, não exigia cuidados e dela se faziauma farinha fina, que substituiu a de trigo, usada na Europa, no paladar dosportugueses. Com ela, as mulheres indígenas faziam o beiju, que até hoje fazparte da alimentação diária em algumas regiões do Brasil.

Dormiam em redes, índios e portugueses, nesse início da conquista das terras.

Os homens que viviam na região de São Vicente não tinham suas famíliasjunto deles. Estavam sós e, se eram casados ou tinham filhos em sua terranatal, tinham perdido todo o contato com eles. Entrosaram-se com os nativose constituíram novas famílias, seguindo a organização social e familiar dosgrupos com os quais conviviam.

O grupo indígena predominante na região era o dos tupiniquins. Entreeles e vivendo como um deles havia um português, chamado João Ramalho,que era apontado pelos conterrâneos que o conheceram como alguém quehavia deixado de ser europeu e tinha se transformado num índio. O que foicontado sobre João Ramalho pode ajudar a entender como era a vida daque-les primeiros portugueses nas terras que vieram conquistar.

João Ramalho vivia no grupo tupiniquim que era liderado por Tibiriçá,cuja aldeia, chamada Piratininga, se localizava no planalto, uns 60 ou 70 kmdistantes de São Vicente. Ele tinha como esposa principal Bartira, f ilha deTibiriçá, mas outras mulheres índias também eram suas esposas, pois o casa-mento era uma forma que os índios encontravam para estabelecer o parentes-co e celebrar alianças. Ramalho tinha muitos filhos com suas mulheres. Comeles ia às guerras e participava das festas. Andava sem roupa como os índios,comia a mesma comida e dormia em redes como eles.

As ligações com os índios fizeram de João Ramalho um homem muitopoderoso e todos os representantes do rei português que vinham para a regiãoo procuravam para obter ajuda. Foi o que fez Martim Afonso, que buscava ocaminho para chegar à Serra da Prata, pois logo que ele e seus homens chega-ram à América do Sul, pretenderam atingir a região das minas que os espa-nhóis tinham conquistado, subindo o Rio da Prata. Todavia, não conseguirame desistiram da idéia de alcançá-la por água. Haveriam de encontrar um outrocaminho para se chegar até os veios de minério precioso.

Falava-se de uma trilha, chamada de “Peabiru”, que chegava até a regiãoonde vivia o Rei Branco. A trilha do Peabiru podia passar por perto da aldeiade Piratininga, onde vivia João Ramalho. Por isso, logo que chegou a Tumiaru(São Vicente), Martim Afonso reuniu seus homens para penetrar nas terras dointerior e descobrir o sertão.

Foi uma árdua viagem. Saindo de Tumiaru, foram singrando o lagamar deáguas salobras até o ancoradouro de Piaçaguera de Baixo; caminharam, en-tão, por uma área alagadiça, onde hoje está instalada a cidade de Cubatão,chegando então à raiz da serra. Dali, seguiram pela Mata Atlântica, até encon-trar as nascentes do rio Tamanduateí e acompanharam seu curso, seguindopor sudoeste até onde o córrego Anhangabaú desagua no Tamanduateí. Nesselocal se situava a aldeia de Piratininga, distante cinco quilômetros do rio Tietê.

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Esse sítio é ocupado hojepelas ruas e logradourosdo centro da cidade deSão Paulo. Dali, podia-se, com dois meses deviagem por terra, alcan-çar o rio Paraguai.

Tudo era feito commuita dificuldade e lenti-dão e, é claro, sem as fa-cilidades que o avançotecnológico vem produ-zindo. Se nos nossos tem-pos, com os aviões e asfacilidades de comunica-ção, dois meses parecemuma eternidade para sechegar ao Paraguai, paraos colonizadores pareceuque era fácil e o tempo deviagem não significariamuita coisa, se conseguis-sem alcançar as minas.

A relativa facilidade para se chegar às terras da Espanha animou MartimAfonso a criar mais uma vila portuguesa, no local em que naquele momentoestava a aldeia de Tibiriçá, além da Vila de São Vicente. Para isso contou como apoio de João Ramalho e do próprio Tibiriçá.

Fonte: Eduardo Bueno. Ca-pitães do Brasil. A saga dosprimeiros colonizadores. Riode Janeiro: Objetiva, 1999)

A pintura, realizada na segunda década do século XX, re-presenta a chegada de Martim Afonso ao local onde seriacriada a Vila de São Vicente, e o pintor faz com que ele sejarecebido por Tibiriçá e Caiuibi, que acompanhavam JoãoRamalho. Piquerobi e seu filho Jaguarunho, que não sealiaram aos portugueses são representados no grupo àdireita do quadro, expressando desconfiança em relaçãoaos recém-chegados.

TTTTTIBIRIÇÁIBIRIÇÁIBIRIÇÁIBIRIÇÁIBIRIÇÁ, P, P, P, P, PIQUEROBIIQUEROBIIQUEROBIIQUEROBIIQUEROBI EEEEE C C C C CAIUBIAIUBIAIUBIAIUBIAIUBI

Eram chefes das maiores aldeias dos tupiniquim, na região da Serra Acima. A aldeia chefi-

ada por Tibiriçá (Piratininga), que era a maior delas, abrigou a capela e o precário Colégio de

São Paulo de Piratininga. A segunda aldeia mais importante era a de Jerubatuba, sob a

chefia de Caiubi. Localizava-se em torno de doze quilômetros de distância da aldeia de

Piratininga, na região próxima à nascente do rio do mesmo nome, que conhecemos como

rio Pinheiros, no atual bairro de Santo Amaro. A terceira aldeia, a de Ururai, era liderada por

Piquerobi. Ficava seis quilômetros a leste da aldeia de Tibiriçá, e mais tarde foi base do

aldeamento jesuítico de São Miguel, origem do atual bairro de São Miguel, que guarda

ainda a capela construída pelos jesuítas.

Tibiriçá foi o primeiro aliado dos portugueses, juntamen-

te com Caiuibi. Piquerobi, ao contrário, não se aproxi-

mou dos colonizadores e durante três anos ameaçou a

sobrevivência dos colonos na vila de São Paulo.

“Fundação de São Vicente”,de Benedito Calixto (Acer-vo do Museu Paulista).

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Criar uma vila portuguesa no planalto significava estender de fato e dedireito o poder de Portugal sobre essas terras. Vila era uma expressão jurídicaque designava as localidades onde funcionava uma Câmara de Vereança, queorganizava os moradores nos moldes da administração portuguesa.

Além da Câmara, implantava-se o pelourinho, a igreja e cadeia. O pelou-rinho era um bloco de pedra, onde se marcava a criação da Câmara de Verean-ça. A igreja e a cadeia eram construções muito simples, de barro, com chão deterra e cobertas com palha.

A criação das vilas iniciou uma profunda transformação na vida nos habi-tantes da terra, não só dos poucos europeus, mas também dos índios. Isso sedeu porque, juntamente com a criação das vilas, iniciou-se também o estabe-lecimento da propriedade privada nessas terras.

Os índios exploravam os recursos da terra de modo coletivo. Isto é, nãohavia divisão das terras entre os indivíduos que formavam o grupo. Os resul-tados da coleta, da pesca, da caça eram distribuídos entre todos. Com a cria-ção das vilas, foram distribuídas porções do território tribal entre os portugue-ses. Assim, João Ramalho, que durante décadas viveu de acordo com os cos-tumes tribais, tornou-se proprietário de uma extensa sesmaria, que era o nomedado a essas grandes extensões de terras cultivadas e exploradas pelos portu-gueses. Ao lado do interesse pelas riquezas minerais, a doação das sesmariasfoi um dos grandes instrumentos de ocupação e conquista das terras indíge-nas pelos portugueses.

A Vila de Piratininga foi criada no planalto, porque sua localização facili-tava a entrada para o sertão. Ela era, na verdade, sua porta de entrada. Doscento e cinqüenta homens que tinham vindo com Martim Afonso, cinqüentaforam enviados para Piratininga.

No entanto, pouco tempo depois, a Vila desaparecia e seus homens seespalharam pela região, mesclando-se novamente aos índios da terra.

Na metade do século XVI, outra riqueza, provinda da lavoura, começava adespontar. Era a cana-de-açúcar que iniciava sua expansão. A expansão dacana na região de São Vicente não foi suficiente para atrair muitos portugue-ses para a região, ao contrário do que aconteceu no Nordeste, onde a lavouracanavieira se expandiu (veja no box abaixo).

Porém, em algum lugar, onde nenhum europeu tinha pisado, o ouro e aprata permaneciam escondidos. Apareciam nos sonhos de riqueza daqueleshomens que atravessavam o Oceano Atlântico e vinham enfrentar dificulda-des em terras desconhecidas.

Responda a questão abaixo:Fuvest 2002 – Os portugueses chegaram ao território, depois denominado

Brasil, em 1500, mas a administração da terra só foi organizada em 1549. Issoocorreu porque, até então,

a) os indíos ferozes trucidavam os portugueses que se aventurassem a de-sembarcar no litoral, impedindo assim a criação de núcleos de povoamento.

b) a Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, impedia a presençaportuguesa nas Américas, policiando a costa com expedições bélicas.

c) as forças e atenções dos portugueses convergiam para o Oriente, ondevitórias militares garantiam relações comerciais lucrativas.

d) os franceses, aliados dos espanhóis, controlavam as tribos indígenas aolongo do litoral bem como as feitorias da costa sul-atlântica.

Vilas, cidades e fregue-Vilas, cidades e fregue-Vilas, cidades e fregue-Vilas, cidades e fregue-Vilas, cidades e fregue-siassiassiassiassias

No Brasil colonial as vilas eramos agrupamentos popula-cionais nos quais podiam fun-cionar as Câmaras de Verean-ça, cujos cargos (vereadores,almotacéis, juizes) eram ocupa-dos pelos “homens bons”: bran-cos, proprietários de terras. Asvilas foram um instrumentoutilizado pelo governo por-tuguês para efetivar a ocupa-ção da terra. Suas funções, en-tre outras, eram de administraro núcleo urbano, cuidar da lim-peza, fiscalizar preços. Deramorigem aos atuais municípios.

A Vila podia ser alçada à con-dição de Cidade, quando nelavivia um representante da Me-trópole. São Paulo, que teve ori-gem num colégio jesuítico, foielevada a Vila em 1560 e a Cida-de em 1711.

Freguesia é uma divisão religio-sa, que corresponde em nossosdias a uma paróquia. Em Portu-gal e nas áreas de ocupaçãoportuguesa, a Igreja exercia ati-vidades cartorárias. Nas fregue-sias se faziam os registros de nas-cimento, batismo, casamento emorte, além do de propriedadesimobiliárias e compra e vendade bens móveis e imóveis.

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e) a população de Portugal era pouco numerosa, impossibilitando o recru-tamento de funcionários administrativos.

São Paulo ColonialDepois que as conquistas espanholas comprovaram que as lendas da Serra

da Prata e o Rei Branco tinham fundamento, o governo português continuouinteressado em encontrar os ricos veios de ouro e prata. Para isso, era necessárioter um posto avançado da colonização portuguesa, uma porta aberta para o sertão.

Para os jesuítas, a porta aberta para o sertão poderia ser a passagem para asalvação das almas dos indígenas, salvação esta que, segundo a Igreja Católica,somente se conseguiria com a sua conversão ao cristianismo. As duas vontades, ado enriquecimento e a da fé, se aliaram e no Planalto de Piratininga os padres daCompanhia de Jesus fundaram o Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554.

O Colégio atraiu os portugueses que viviam no planalto, esparsos desde odesaparecimento da Vila de Piratininga, outros europeus da Vila de Santo Andréda Borda do Campo e os indígenas da região. Seis anos depois da fundação doColégio, em 1560, o agrupamento, que havia se formado em torno do Colégiode São Paulo, foi elevado à condição de Vila: Vila de São Paulo de Piratininga.

Os jesuítas tinham escolhido o local para instalarem o colégio, pensandono maior número de crianças indígenas que podiam atrair. Seu objetivo eraconquistar os adultos por meio da conversão das crianças. Acreditavam que aconversão das crianças seria duradoura, ao contrário dos adultos, que já ti-nham suas crenças formadas e muitas vezes faziam os padres acreditarem quetinham se cristianizado para continuar seguindo as crenças de seu povo.

Produção AçucareiraProdução AçucareiraProdução AçucareiraProdução AçucareiraProdução Açucareira

A escolha do açúcar paraviabilizar a ocupação da pos-sessão portuguesa esteve li-gada a vários fatores:

· aumento do mercado consu-midor desse produto na Eu-ropa

· elevação dos preços

· experiência anterior portu-guesa nas ilhas do Atlântico

· apoio comercial e financeirodos flamengos

· condições climáticas e de solofavoráveis, no Nordeste

A produção açucareira, volta-da para mercado externo, con-solidou uma estrutura carac-terizada por monocultura, la-tifúndio e escravismo. Embo-ra a produção dominante fos-se a de açúcar, paralelamentea ela desenvolveram-se ativi-dades subsidiárias: a pecuária(que incentivou a ocupação dosertão nordestino) e a lavourade subsistência (mandioca,hortaliças), voltadas para omercado interno. A criação degado objetivava, predominan-temente, suprir as necessida-des de transporte (carro deboi), força motriz (mover en-genhos) e alimentação.

A A A A A ADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃO COLONIALCOLONIALCOLONIALCOLONIALCOLONIAL

Chamamos de pré-colonial o período que vai de 1500 a 1530, entre a chegada da frota

comandada por Pedro Álvares Cabral às terras que seriam o Brasil e a vinda da expedição

colonizadora de Martim Afonso de Sousa, que deu início à ocupação portuguesa. Em 1534,

como o tesouro português estava depauperado, o rei D. João III passou a responsabilidade

da colonização para alguns homens que teriam condições de desenvolvê-la. Dividiu as

terras, limitadas a leste pelo Oceano Atlântico e a oeste pela linha do tratado de Tordesilhas

em quinze grande lotes, de 350 km de largura entre doze capitães donatários, em geral

militares ligados à conquista da Índia e da África e altos burocratas da corte, vinculados à

administração dos territórios do Oriente. Muitas foram as dificuldades encontradas (falta

de dinheiro para implantar o projeto, hostilidade dos indígenas, distância de Portugal) e

poucas capitanias hereditárias conseguiram prosperar,

como a de São Vicente e Pernambuco.

Diante do fracasso das capitanias, o governo português

decidiu pela instauração de um governo centralizado que

ajudasse o estabelecimento dos portugueses em suas

possessões. Para isso criou, em 1549, o Governo Geral.

O quadro foi pintado no início do século XX e o artista fezuma representação alegórica da primeira missa realizadano colégio dos jesuítas. Alguns índios do quadro apre-sentam-se com peças de vestuário que não usavam e comadereços de arte plumária que não era própria dos gruposindígenas que viviam no planalto de Piratininga.

Fundação de São Paulo,pintura a óleo de Oscar Pe-reira da Silva (acervo deMuseu Paulista).

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Atividades1. (Fuvest-2004)

"A fundação de uma cidade não era problema novo para os portugueses; elesviram nascer cidades nas ilhas e na África, ao redor de fortes ou ao pé das feitorias;aqui na América, dar-se-ia o mesmo e as cidades surgiriam..." João Ribeiro, Históriado Brasil

Baseando-se no texto, é correto afirmar que as cidades e as vilas, duranteo período colonial brasileiro,

a) foram uma adaptação dos portugueses ao modelo africano de aldeiasjunto aos fortes para proteção contra ataques das tribos inimigas.

b) surgiram a partir de missões indígenas, de feiras do sertão, de pousosde passagem, de travessia dos grandes rios e próximas aos fortes do litoral.

c) foram planejadas segundo o padrão africano para servir como sedeadministrativa das capitais das províncias.

d) situavam-se nas áreas de fronteiras para facilitar a demarcação dos ter-ritórios também disputados por espanhóis e holandeses.

e) foram núcleos originários de engenhos construídos perto dos grandesrios para facilitar as comunicações e o transporte do açúcar.

2. (UFSM-2000)“Esta terra, Senhor, é muito chã e muito formosa. Nela não podemos saber se

haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal; porém, a terra em si é de muitosbons ares (...) querendo aproveitar dar-se-á nela tudo (...)”.

Esse trecho é parte da carta que Pero Vaz de Caminha escreveu, em 1500,ao rei de Portugal, com informações sobre o Brasil. Com base no texto, écorreto afirmar:

a) Havia a intenção de colonizar imediatamente a terra, retirando os bensexportáveis para atender o mercado internacional.

b) Iniciava-se o processo de ocupação da terra, circunscrito aos limites domercantilismo industrial e colonial.

c) Desde o princípio, os portugueses procuraram escravizar os povos indí-genas a fim de encontrarem os metais preciosos.

d) Estava evidente o interesse em explorar a terra nos moldes domercantilismo.

e) Era preponderante a intenção de estabelecer a agricultura com o traba-lho livre e familiar no Brasil.

3. (Fuvest-2003)"Eu, el-rei D. João III, faço saber a vós, Tomé de Sousa, fidalgo da minha casa que

ordenei mandar fazer nas terras do Brasil uma fortaleza e povoação grande e forte naBaía de Todos-os-Santos. (..) Tenho por bem enviar-vos por governador das ditasterras do Brasil." Regimento de Tomé de Sousa, 1549

As determinações do rei de Portugal estavam relacionadasa) à necessidade de colonizar e povoar o Brasil para compensar a perda

das demais colônias agrícolas portuguesas do Oriente e da África.b) aos planos de defesa militar do império português para garantir as rotas

comerciais para a Índia, Indonésia, Timor, Japão e China.c) a um projeto que abranjia conjuntamente a exploração agrícola, a colo-

nização e a defesa do território.

Companhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de Jesus

Sociedade missionária funda-da em 1534 por Santo Ináciode Loyola e outros seis estu-dantes da Universidade deParis, com o objetivo de de-fender o catolicismo da Refor-ma Protestante e difundi-lonas novas terras do Ocidentee do Oriente. Teve rápido cres-cimento e alcançou grandeprestígio e poder, tornando-sea instituição religiosa mais in-fluente em Portugal e em suascolônias. Os primeiros jesuítaschegaram ao Brasil em 1549,juntamente com Mem de Sá, oprimeiro governador-geral,comandados pelo padre Ma-nuel da Nóbrega, e dedicaram-se à catequese indígena e àeducação dos colonos. Nosséculos iniciais da colonizaçãoportuguesa no Brasil, foramresponsáveis pela construçãode igrejas e colégios. Organi-zaram a estrutura de ensino,baseada em currículos e grausacadêmicos, e estabeleceramas primeiras “reduções” ou“missões”: aldeamentos ondeos nativos eram aculturados ecristianizados.

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d) aos projetos administrativos da nobreza palaciana visando à criação defortes e feitorias para atrair missionários e militares ao Brasil.

e) ao plano de inserir o Brasil no processo de coloniação escravista seme-lhante ao desenvolvido na África e no Oriente.

A vida na vila colonialEmbora a vocação da vila fosse de ser a de “porta de entrada para o sertão”,

a sobrevivência era um problema grave que seus moradores deviam solucionar.Para isso, surgiram as primeiras lavouras e aproveitando o clima e o solo doplanalto, desenvolveram-se as plantações de trigo. A mandioca e o milho conti-nuaram também a ser produzidos e consumidos. Cana de açúcar, porém, quegeraria riquezas na possessão portuguesa, não se produzia em Piratininga.

As plantações dos paulistas formaram fazendas ao redor do pequeno nú-cleo urbano. Nunca tiveram uma produção que justificasse a inclusão de SãoPaulo no grupo das regiões que exportavam para a Europa. Mas fizeram comque fosse um local de produção de alimentos enviados a outras regiões dacolônia portuguesa. Era um meio de ajudar a aumentar a produção de cana,que poderia assim se estender por grandes propriedades, aproveitando toda aextensão das fazendas do Nordeste.

São Paulo de Piratininga tornou-se um centro produtor de alimentos porquepodia contar com a mão-de-obra indígena, que inicialmente era abundante noplanalto. O clima temperado do planalto também explica a possibilidade deplantar trigo, além de mandioca, hortaliças, arroz, algodão. Milho, carne e legu-mes eram exportados, dando uma certa autonomia a essa área, onde se faiscavatambém algum ouro de aluvião, o que justificava a existência na vila de dois outrês ourives e joalheiros. Na região planaltina, concentrava-se uma populaçãoindígena maior do que a existente na região litorânea de São Vicente, ondealgumas grandes fazendas tinham se instalado para produzir a cana e transformá-la em açúcar. Nos engenhos de São Vicente, a mão-de-obra também era consti-tuída pelos índios, muitas vezes apresados nas terras de serra acima.

Como o pequeno núcleo era um posto avançado de entrada para o sertão,atraía também alguns europeus, que continuavam sonhando com as riquezasescondidas nas terras desconhecidas.

O núcleo urbano que se formou era muito simples. Os prédios eram cons-truídos com barro e taquara, cobertos com galhos e palmas extraídas das plantasnativas. O chão era de terra batida. As ruas não tinham traçado. As casas nãoeram alinhadas e em volta do colégio jesuítico, as construções foram, aos pou-cos, dando formato a ruas e largos, onde se construíram as igrejas de outrasordens, que chegaram depois dos padres da Companhia de Jesus.

As casas eram muito mal equipadas. Móveis eram raros. Dormia-se emredes ou esteiras estendidas no chão. Havia uma ou outra mesa, tosca, feitapelo próprio morador. O fogão era feito da junção de duas ou três pedrasgrandes, entre as quais se colocava o fogo. Sobre ele, as panelas, em geral debarro, cozia-se os alimentos, feitos a partir das coisas da terra.

Foi-se criando, assim, um núcleo urbano que alguns historiadores defini-ram como “autarquia paulista”, com espírito bastante diferente da metrópoleportuguesa ou do Nordeste; os nomes das aldeias, rios, acidentes geográficosdão conta do caráter localista, fortemente marcado pela cultura indígena. Nada

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que se pudesse comparar às grandes cidades portuárias como Salvador, Olindae Rio, ou com a intensa vida comercial nas cidades do México ou de Lima, naAmérica Espanhola.

No início da colonização, quando era muito pequeno o número de mulhe-res européias, as índias ocuparam seu lugar, preparando a mandioca e socan-do o milho. Eram elas também que trançavam as fibras para fazer as esteiras eredes, preparavam e moldavam o barro para fazer objetos de uso doméstico,como panelas, tigelas, potes para se guardar os mantimentos. Os utensíliosque exigiam material e mão-de-obra mais sofisticada vinham do reino. Haviapoucos talheres, em geral comia-se com a mão ou com colheres de madeira,grosseiramente entalhadas. Os índios não usavam vestimentas, mas as roupasdos moradores brancos eram feitas de panos rústicos de algodão, tecidos emrocas e teares manuais, pelas mulheres, que tinham a seu encargo tambémesse trabalho. As roupas mais finas, de seda ou veludo, vinham prontas dePortugal e eram muito valiosas. Mesmo no século XVII, quando a vida emSão Paulo já estava mais organizada, o valor de um vestido de seda, roupa defesta, era mais alto que o valor da casa onde residia a família.

A higiene, pública ou pessoal, era mal cuidada. Embora o banho cotidia-no não fosse um hábito dos colonizadores, esse foi um dos costumes indíge-nas logo incorporado por eles. Entretanto, a precariedade das casas não propi-ciava privacidade para tanto e não havia entre os europeus o hábito de se jogarnos rios para se refrescar ou para apanhar o pescado para as refeições.

Havia muitos insetos. Nuvens de pernilongos, que surgiam à margem dosrios, que eram muitos em São Paulo, não cessavam de picar, dia e noite. Piolhos,carrapatos, nuvens de marimbondos eram os pequenos inimigos dos primeirosconquistadores europeus. Isso sem falar no bicho-de-pé, que provocava pequenostumores dolorosos nos pés dos colonos, que freqüentemente andavam descalços.

Formigas que atacavam os alimentos chegavam a destruir pequenas peças deroupa, como meias e lenços. A higiene pública praticamente não existia, o lixo erajogado nas ruas e por ele circulavam os animais domésticos, cuja criação os por-tugueses tinham introduzido. Assim, as doenças infecciosas eram freqüentes.

As plantas e animais forneciam remédio para as doenças. A banha de ani-mais como anta e capivara tratava o reumatismo, casca de jabuticaba evitavahemorragias e curava sangramentos, ossos torrados da capivara curavamdisenteria. Havia infusão de diversas ervas que ajudavam a recuperar os doen-tes: tinguerrilho terrestre e caiapiá do campo eram remédios dos paulistas paracombater as febres que os atacavam. Limões azedos ajudavam a tratar a fra-queza e a falta de vitaminas, decorrente da pobreza da alimentação; angu ebatata eram usados para curar desmaios; aguardente com sal para picadas decobra. Jacus e jacutingas, aves consideradas saudáveis, eram cozidas em cal-dos e sopas para dieta dos enfermos.

Índios e colonizadoresA população indígena do planalto era maior que a do litoral. A maioria dos

habitantes do interior era constituída pelos tupiniquins, enquanto no litoral predo-minavam os tupinambás. Os tupiniquins, por meio da atuação de João Ramalho,foram aliados de primeira hora dos portugueses. O mesmo não ocorreu com ostupinambás do litoral (aliados dos franceses, que na metade do século XVI se

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estabeleceram na Baía de Guanabara) e com outros grupos habitantes do planal-to. Os povos não aliados eram ameaças aos estabelecimentos coloniais dos portu-gueses e chegaram a inviabilizar algumas povoações portuguesas.

Para defender a vila de São Paulo, a partir de 1560, os jesuítas iniciaram ainstituição de aldeamentos, nos quais os índios “administrados” eram agrupa-dos para sua cristianização. No final do século XVI e ao longo do séculoXVII, diversos aldeamentos foram criados em regiões próximas à Vila, for-mando uma espécie de muralha protetora contra invasões de tribos indígenashostis aos colonos portugueses.

Alguns desses aldeamentos deram origem a bairros e a municípios da Gran-de São Paulo, como São Miguel Paulista, Pinheiros, Guarulhos, Barueri, Cara-picuíba, Embu.

O projeto jesuítico consistia na formação de aldeamentos que tambémforneceriam mão-de-obra livre e assalariada aos colonos. Inicialmente, os aldea-mentos foram aprovados pela Coroa, pelos colonos e pelos jesuítas. No entan-to, a presença cada vez maior de colonos no planalto fez com que os seusinteresses entrassem em choque com os dos jesuítas.

Queixas tornaram-se freqüentes. Os colonos alegavam que a quantidadede índios fornecidos pelos aldeamentos era insuficiente, que muitos se recu-savam a trabalhar para eles e, por fim, não desejavam ter os jesuítas comointermediários, preferindo se relacionar diretamente com os indígenas. Passa-ram, então, a escravizar os nativos que capturavam, provocando protestos dosjesuítas e do próprio rei.

Inúmeras vezes os paulistas rebelaram-se contra a intromissão da Coroana captura dos índios, e os jesuítas chegaram a ser expulsos da vila, em 1640,só retornando a São Paulo em 1653. Sem condições para adquirir o escravo

John Manuel Monteiro. Ne-gros da terra: índios e ban-deirantes nas origens deSão Paulo. São Paulo: Com-panhia das Letras, 1994.

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africano, que era muito caro, precisavam utilizar o trabalho forçado do índioem sua economia de subsistência.

Alguns historiadores afirmam que até o século XVIII o português custoua se afirmar como a língua falada em São Paulo. Consideram que a línguapredominante no dia-a-dia era a língua geral, comum a diferentes grupos indí-genas, tendo como base a língua tupi. Havia ainda o espanhol, falado peloshabitantes de origem espanhola, que eram muitos em São Paulo, sem contarque a entrada de escravos africanos trouxe centenas de dialetos.

Responda a questão abaixo:(Fuvest-2000) Durante o período colonial, o Estado português deu supor-

te legal a guerras contra povos indígenas do Brasil, sob diversas alegações;derivou daí a guerra justa, que fundamentou:

a) o genocídio dos povos indígenas, que era, no fundo, a verdadeira inten-ção da Igreja, do Estado e dos colonizadores.

b) a criação dos aldeamentos pelos jesuítas em toda a colônia, protegendoos indígenas dos portugueses.

c) o extermínio dos povos indígenas do sertão quando, no século XVII, alavoura açucareira aí penetrou depois de ter ocupado todas as áreas litorâneas.

d) a escravidão dos índios, pois, desde a antigüidade, reconhecia-se o di-reito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo.

e) uma espécie de "limpeza étnica", como se diz hoje em dia, para garantiro predomínio do homem branco na colônia.

BibliografiaBueno, Eduardo. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores.

Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. (Col. Terra Brasilis, v. III)

Monteiro, John Manuel. Negros da terra: índios e bandeirantes nas origensde São Paulo. São Paulo, 1994.

Villalta, Luiz Carlos. A vitória da lingua. Nossa História, ano 1, nº 5:58-63,mar.2004.

www.multirio.rj.gov.br/ historia/modulo01/co

Para saber maisVeja os sites

www.abril.com.br/especial450/materias/joaoramalhowww.almanack.paulistano.nom.br/

LeiaKátia Maria Abud. Os chamados do sertão. In: MEDINA, Cremilda (org.)

Sagas do Espigão: 90 anos de medicina e vida. São Paulo: ECA/USP, p. 17-26, 2002.

PINTO, Zélio Alves (org.). Cadernos Paulistas: histórias e personagens.São Paulo: Editora Senac São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2002.

Veja os filmesAnchieta, José do BrasilComo era gostoso meu francês.

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Mapa da área edificada na cidade deMapa da área edificada na cidade deMapa da área edificada na cidade deMapa da área edificada na cidade deMapa da área edificada na cidade deSão Paulo – 1881 a 1914São Paulo – 1881 a 1914São Paulo – 1881 a 1914São Paulo – 1881 a 1914São Paulo – 1881 a 1914. Fonte: FlávioVillaça, em Cibele Taralli. Ambiente cons-truído e legislação: o visível e oimprevisível..... São Paulo, 1993. Doutora-do na FAU/USP.

A cidade de São Paulo, no sentido urbano, é uma cidade republicana, poisfoi somente depois da proclamação da República (1889) que ela começou acrescer em população, em área ocupada e em atividades econômicas.

No período da Primeira República (1889-1930), a forma e estrutura daadministração pública foram alteradas, com a administração municipal se tor-nando autônoma, inicialmente com a retomada da autonomia da CâmaraMunicipal, com o direito legal de criar, arrecadar e definir o uso dos tributos.Depois de 1910, foi criada a prefeitura, com poder executivo, mas o prefeitoera nomeado pelo governador do estado. Os órgãos de administração munici-pal foram criados e instalados, passando a desenvolver atividades com regu-laridade, como a construção de obras públicas. Os médicos e engenheiros dosserviços municipais se tornaram figuras importantes para a atuação do poderpúblico no controle da cidade. O papel do governo do estado continuou im-portante, pois centralizava a educação, a saúde, o controle dos recursos hídricos,os transportes intermunicipais etc.

As informações que obtemos sobre a cidade na fase republicana geral-mente são apresentadas na perspectiva política em quadro nacional, com da-dos dos melhoramentos urbanos.

Nesta unidade, vamos trabalhar com história urbana, uma das especialida-des da História e explorar, além da cultura material, especialmente o patrimônio

edificado, e mais mapas, gráficosde crescimento populacional efotos para demonstrar como sãoutilizadas as fontes históricas.

Unidade 3

Organizadoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

Elaboradoras

Kátia Maria Abud

Raquel Glezer

São Paulo republicana

A RepúblicaA RepúblicaA RepúblicaA RepúblicaA República

Até 1930, a República é controla-da pelas oligarquias agrárias deSão Paulo, Minas Gerais e Rio deJaneiro. A importância econômi-ca do café produzido em SãoPaulo e do gado de Minas Ge-rais sustenta a “política do café-com-leite”, em que paulistas e mi-neiros se alternam na presidên-cia da República. Na verdade, SãoPaulo apenas mantinha o poderque conquistara com a consoli-dação das novas bases econô-micas do país nas últimas déca-das do Império. A ferrovia puxa-va a expansão da cafeicultura,atraía imigrantes e permitia a co-lonização de novas áreas, en-quanto nas cidades a industria-lização avançava, criava novoscontornos urbanos e abria es-paço para novas classes sociais(o operariado e a classe média).Mais próspero do que nunca, eagora um estado de verdadedentro da Federação, São Paulovia surgir a cada dia uma novi-dade diferente: a eletricidadesubstituía o lampião a gás; che-gavam os primeiros carros (oprimeiro de todos pertenceu aopai de Santos Dumont, em 1891);

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Atividades1. Veja o mapa com atenção: localize os rios Tietê, Tamanduateí e

Anhangabaú.

2. Escreva o que você consegue entender deste mapa.

cresciam as linhas de bondeselétricos; construíam-se na capi-tal grandes obras urbanas, den-tre elas, o Viaduto do Chá e aAvenida Paulista. A singularida-de desse período está na formaintensa com que tudo se multi-plica, desde a imigração, que nocampo sustenta a cafeicultura,até o desenvolvimento das ci-dades, que levam São Paulo aperder suas feições de provínciae tornar-se a economia mais di-nâmica do país. Todo o Estadopaulista se transforma. Santos,Jundiaí, Itu, Campinas e diversasoutras vilas passam a convivercom o apito das fábricas e comuma nova classe operária. Asgreves e as “badernas de rua” setornam assunto cotidiano dosboletins policiais, ao mesmotempo que começa a saltar aosolhos a precariedade da infra-estrutura urbana, exigida pela in-dustrialização. Um dos gravesproblemas passou a ser a gera-ção de energia, centro de aten-ção das autoridades estaduais.Já em 1900, a Light se instalara;empresa canadense e principalresponsável pelo setor em SãoPaulo até 1970. O Estado passoua ter uma significativa capacida-de de geração de energia, o quefoi decisivo para o grande de-senvolvimento industrial verifi-cado entre 1930 e 1940. Nessanova conjuntura, mais de umadezena de pequenas hidrelétri-cas começaram a ser construídas,principalmente com capital es-trangeiro.

Nesse período da Primeira Re-pública, a aristocracia cafeeirapaulista vive o seu apogeu. Masa Revolução de 1930 coloca fimà liderança da oligarquia cafe-eira, trazendo para o primeiroplano os Estados menores daFederação, sob a liderança doRio Grande do Sul de GetúlioVargas. As oligarquias paulistasainda promovem, contra o mo-vimento de 1930, a Revolução

Até o século XIX, a cidade de São Paulo estava contida no mesmo espaçourbano restrito do período colonial, chamado de “triângulo”, formado pelastorres das igrejas mais importantes: a do Carmo, a de São Bento e a de SãoFrancisco, com apenas três freguesias na cidade: a da Sé, a de Santa Ifigênia ea do Brás. Havia também freguesias rurais: Sant´Ana, Penha, Freguesia do Ó,São Bernardo e várias outras. A população da cidade incluía as freguesiasurbanas e as rurais, as pessoas livres e as escravas.

Atividades:Veja a tabela acima.

1. Identifique os anos de maior crescimento de população do Estado.

2. Identifique os anos de maior crescimento da cidade.

* Dados estatísticos IBGE (corrigidos) Anuário Estatístico IBGE, , , , , 1990; ** Dados presumidos, sem cor-reção. [Tabela organizada por Raquel Glezer].

AnosAnosAnosAnosAnos

1872*

1886**

1890*

1895**

1900*

1905**

1910**

1920*

1930**

1934**

1940*

1950*

BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil

9.930.478

14.333.915

17.438.434

23.000.000

30.635.605

41.236.315

51.944.397

S. PauloS. PauloS. PauloS. PauloS. Paulo

840.000

1.400.000

4.592.188

5.851.475

7.189.316

9.134.423

%%%%%

AUM.AUM.AUM.AUM.AUM.

66,66

228,01

27,42

22,86

27,05

CidadeCidadeCidadeCidadeCidade

31.400

44.030

65.000

130.000

240.000

300.000

375.000

579.033

901.645

1.060.120

1.326.261

2.198.096

%%%%%

AUM.AUM.AUM.AUM.AUM.

40,22

47,62

100

84,61

25

25

54,40

55,71

17,57

25,10

63,99

O crescimento populacional inicialmente foi devido à continuidade do pro-cesso imigratório, que deslocou milhares de pessoas dos continentes europeu easiático para o continente sul-americano. Algumas delas ficaram desde o iníciono espaço urbano, em atividades manufatureiras e de serviços. Outras retornaramà cidade, fugindo das péssimas condições de trabalho nas lavouras de café.Outras se deslocaram por motivos variados, à procura de melhores condições

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de vida, ou porque eram posseiras, sem título formal de propriedade e foramexpulsas pela expansão das fazendas de café, ou porque se tornaram livres.

A população urbana se concentrava no espaço limitado entre os riosTamanduateí e Anhangabaú. Os recém-chegados foram se instalando nas ca-sas antigas já existentes, em cortiços e porões. E depois para as regiões alémTamanduateí, atravessando as várzeas, ocupando as áreas no Brás, Mooca,Pari e Lapa.

A concentração de população pobre, em moradias insalubres e sem higiene,provocava epidemias: tifo, febre amarela, tuberculose etc. Como estava no inte-rior da área central, com órgãos governamentais, hotéis e bancos, o poder pú-blico, através da legislação, procurou incentivar a construção de moradias po-pulares em outras re-giões, como as vilas –quer as operárias, vin-culadas a indústrias,quer as comuns.

Embora a cidadeestivesse moderni-zando seus equipa-mentos urbanos, aexpansão deles paraas áreas em que se fi-xara a população ope-rária demorou muito.

Constitucionalista em 1932, massão derrotadas, apesar da pu-jança econômica demonstradapelo Estado de São Paulo.

Em 1930, os trilhos de suas fer-rovias chegavam às proximida-des do rio Paraná e a coloniza-ção ocupava mais de um terçodo Estado. As cidades se multi-plicavam. Socialmente, o Estado,com seus mais de um milhãode imigrantes, tornou-se umatorre de Babel, profundamentemarcado pelas diferentes cultu-ras trazidas de mais de 60 paí-ses. Mas na última década daRepública Velha, o modelo eco-nômico e político que susten-tava o predomínio de São Pau-lo mostrava seu esgotamento.Após a Revolução de 1930, o paísviveu um período de instabili-dade que favoreceu a instala-ção da ditadura de Getúlio Var-gas, período de oito anos queterminou juntamente com a Se-gunda Guerra Mundial, queabriu um período de redemo-cratização e a instalação da cha-mada Segunda República.

Entretanto, no plano econômico,o café superou a crise por quepassou no início da década de1930 e foi estimulado por bonspreços durante a guerra, favore-cendo a recuperação de SãoPaulo. Mas, agora, era a vez daindústria despontar, impulsiona-da, entre outros motivos, peloscapitais deslocados da lavoura.Logo, outro grande salto seriadado, com a chegada da indús-tria automobilística em São Pau-lo, carro-chefe da economia na-cional desde a década de 1950. Apartir daí, o Estado paulista setransformou no maior parqueindustrial do país, posição quecontinuou a manter, apesar dastransformações econômicas epolíticas vividas pelo Brasil.

Texto extraído de: <http://w w w. s a o p a u l o . s p . g o v. b r /saopaulo/historia/repub.htm>.

Foto de Cristiano Mascaro – Casas operárias no Brás – 1990Casas operárias no Brás – 1990Casas operárias no Brás – 1990Casas operárias no Brás – 1990Casas operárias no Brás – 1990. SãoPaulo: Enterpa Ambiental, s.d.

AAAAASSSSS TRANSFORMAÇÕESTRANSFORMAÇÕESTRANSFORMAÇÕESTRANSFORMAÇÕESTRANSFORMAÇÕES DADADADADA CIDADECIDADECIDADECIDADECIDADE

No final do século XIX, a cidade passou por profundas transformações econômicas e

sociais decorrentes da expansão da lavoura cafeeira em várias regiões paulistas, da

construção da estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867) e do afluxo de imigrantes euro-

peus. Para se ter uma idéia do crescimento vertiginoso da cidade na virada do século,

basta observar que em 1895 a população de São Paulo era de 130 mil habitantes (71 mil

dos quais eram estrangeiros), chegando a 239.820 em 1900. Nesse período, a área

urbana se expandiu para além do perímetro do triângulo; surgiram as primeiras linhas de

bondes, os reservatórios de água e a iluminação a gás.

Esses fatores somados já esboçavam a formação de um parque industrial paulistano. A

ocupação do espaço urbano registrou essas transformações. O Brás e a Lapa transformaram-

se em bairros operários por excelência; ali se concentravam as indústrias próximas aos trilhos

da estrada de ferro inglesa, nas várzeas alagadiças dos rios Tamanduateí e Tietê. A região do

Bexiga foi ocupada, sobretudo, pelos imigrantes italianos e a Avenida Paulista e adjacências,

áreas arborizadas, elevadas e arejadas, pelos palacetes dos grandes cafeicultores.

As mais importantes realizações urbanísticas do final do século foram, de fato, a

abertura da Avenida Paulista (1891) e a construção do Viaduto do Chá (1892), que

promoveu a ligação do “centro velho” com a “cidade nova”, formada pela Rua Barão de

Itapetininga e adjacências. É importante lembrar que logo a seguir (1901) foi construída

a nova estação da “São Paulo Railway”, a notável Estação da Luz.

Do ponto de vista político-administrativo, o poder público municipal ganhou nova

fisionomia. Desde o período colonial, São Paulo era governada pela Câmara Municipal,

instituição que reunia funções legislativas, executivas e judiciárias. Em 1898, com a

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CortiçoCortiçoCortiçoCortiçoCortiço – habitação coleti-va de aluguel, utilizada pelapopulação mais pobre.Existe desde o século XVIIIna área central e pode serencontrada ainda hoje, in-clusive na periferia. Recebeos nomes de: casa de cô-modos, cabeça de porco,estância, zungu, pensão,hotel, hospedaria, vila, quin-tal, estalagem etc. Pode serum imóvel adaptado, comouma casa de família, subdi-vidida em quartos, um porfamília, com todas as fun-ções de uma casa, excetobanheiros e tanques. Oupode ser um imóvel cons-truído para ser cortiço: umafileira de quartos, em loteresidencial, cada qual parauma família, com banhei-ros e tanques coletivos. Acaracterística é que emcada quarto, não importan-do a quantidade de pesso-as que nele habitem, háquase todas as funções deuma residência: dormitório,sala e cozinha.

Texto baseado em Andrea

Piccini. Cortiços na cidade -

Conceito e preconceito na

reestruturação do centro ur-

bano de São Paulo. São Paulo:

Annablume, 1999.

PorãoPorãoPorãoPorãoPorão – espaço construídono subsolo das residênciasem São Paulo, com a finali-dade de proteger a constru-ção da umidade do terreno,anterior ao uso de técnicasmais modernas de constru-ção. Estava previsto nos Có-digos Sanitários, para man-ter a salubridade das casas.Podia ter um metro ou maisde altura nas residênciasuni familiares ou aproveitaro declive do terreno. Acaboutransformado em um tipode habitação de aluguelpara a população mais po-bre. Existem até hoje, e es-

criação do cargo de intendente (prefeito), cujo primeiro titular foi o Conselheiro Antônio

da Silva Prado, os poderes legislativo e executivo se separaram.

O século XX, em suas manifestações econômicas, culturais e artísticas, passa a ser

sinônimo de progresso. A riqueza proporcionada pelo café espelha-se na São Paulo

“moderna”, até então acanhada e tristonha capital.

Trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade; a cidade cresce,

agiganta-se e recebe muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadu-

tos, parques e os primeiros arranha-céus.

O centro comercial, com seus escritórios e lojas sofisticadas, expõe em suas vitri-

nas a moda recém lançada na Europa. Enquanto o café excitava os sentidos no estrangei-

ro, as novidades importadas chegavam ao porto de Santos e subiam a serra em demanda

à civilizada cidade planaltina. Sinais telegráficos traziam notícias do mundo e repercuti-

am na desenvolta imprensa local.

Nos navios carregados de produtos finos para damas e cavalheiros da alta classe,

também chegavam os imigrantes italianos e espanhóis rumo às fazendas ou às recém

instaladas indústrias, não sem antes passar uma temporada amontoados na famosa Hos-

pedaria dos Imigrantes, no bairro do Brás.

Em 1911, a cidade ganhou seu Teatro Municipal (obra do arquiteto Ramos de

Azevedo) celebrizado como sede de espetáculos operísticos, tidos como entreteni-

mento elegante da elite paulistana.

A industrialização se acelera após 1914, durante a Primeira Grande Guerra, mas o

aumento da população e das riquezas é acompanhado pela degradação das condições

de vida dos operários que sofrem com salários baixos, jornadas de trabalho longas e

doenças. Só a gripe espanhola dizimou oito mil pessoas em quatro dias.

Os operários se organizaram em associações e promoveram greves, como a que

ocorreu em 1917, e pararam toda a cidade de São Paulo por muitos dias. Nesse mesmo

ano, o governo e os industriais inauguraram a exposição industrial de São Paulo no

suntuoso Palácio das Indústrias, especialmente construído para esse fim. O otimismo era

tamanho que motivou o prefeito de então, Washington Luis, a afirmar com evidente

exagero: “a cidade é hoje alguma coisa como Chicago e Manchester juntas”.

Na década de 1920, a industrialização ganha novo impulso, a cidade cresceu (em

1920, São Paulo tinha 580 mil habitantes) e o café sofreu mais uma grande crise. No

entanto, a elite paulistana, num clima de incertezas, mas de muito otimismo, freqüenta os

salões de dança, assiste às corridas de automóvel, às partidas de foot-ball, às demonstra-

ções malabarísticas de aeroplanos, vai aos bailes de máscaras e participa de alegres corsos

nas avenidas principais da cidade. Nesse ambiente, surge o irrequieto movimento moder-

nista. Em 1922, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Luís Aranha, entre outros intelectu-

ais e artistas, iniciam um movimento cultural que assimilava as técnicas artísticas modernas

internacionais, apresentado na célebre Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal.

Com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque e a Revolução de 1930, alterou-

se a correlação das forças políticas que sustentou a “República Velha”. A década que se

iniciava foi especialmente marcante para São Paulo tanto pelas grandes realizações no

campo da cultura e educação quanto pelas adversidades políticas. Os conflitos entre a

elite política, representante dos setores agro-exportadores do Estado, e o governo fede-

ral conduziram à Revolução Constitucionalista de 1932, que transformou a cidade numa

verdadeira praça de guerra, onde se inscreviam os voluntários, armavam-se estratégias

de combate e arrecadavam-se contribuições da população amedrontada, mas orgulho-

sa de pertencer a uma “terra de gigantes”.

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AtividadesLeia com atenção os textos acima.

1. Relacione os melhoramentos urbanos que eles descrevem.

tão concentrados na áreacentral da cidade e nas deocupação mais antiga.

Texto baseado em Cibele Taralli.

Ambiente construído e legisla-

ção: o visível e o imprevisível.

São Paulo, 1993. Doutorado na

FAU/USP.

A derrota de São Paulo e sua participação restrita no cenário político nacional

coincidiu, no entanto, com o florescimento de instituições científicas e educacionais. Em

1933, foi criada a Escola Livre de Sociologia e Política, destinada a formar técnicos para a

administração pública; em 1934, Armando de Salles Oliveira, interventor do Estado, inau-

gurou a Universidade de São Paulo; em 1935, o Município de São Paulo ganhou, na

gestão do prefeito Fábio Prado, o seu Departamento de Cultura e Recreação.

Nesse mesmo período, a cidade presenciou uma realização urbanística notável, que

testemunhava o seu processo de verticalização: a inauguração, em 1934, do Edifício Martinelli,

maior arranha-céu de São Paulo, à época, com 26 andares e 105 metros de altura.

A década de 040 foi marcada por uma intervenção urbanística sem precedentes

na história da cidade. O prefeito Prestes Maia colocou em prática o seu “Plano de Aveni-

das”, com amplos investimentos no sistema viário. Nos anos seguintes, a preocupação

com o espaço urbano visava basicamente abrir caminho para os automóveis e atender

aos interesses da indústria automobilística que se instalou em São Paulo em 1956.

Simultaneamente, a cidade cresceu de forma desordenada em direção à periferia

gerando uma grave crise de habitação, na mesma proporção, aliás, em que as regiões

centrais se valorizaram servindo à especulação imobiliária.

Em 1954, São Paulo comemorou o centenário de sua fundação com diversos

eventos, inclusive a inauguração do Parque Ibirapuera, principal área verde da cidade,

que passou a abrigar edifícios diversos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

Texto resumido de <http://www.prodam.sp.gov.br/dph/historia/>

2. Quais dos melhoramentos urbanos citados nos textos existem até hoje?

3. Dos melhoramentos descritos, quais os que você conhece?

Melhoramentos urbanosO crescimento da população e a expansão da área ocupada criaram a ne-

cessidade de transporte coletivo para as camadas mais pobres. As primeirascompanhias de transporte coletivo datam dos anos de 1860. Existiram diver-sas companhias de bondes puxados a burro ou movidos a vapor até a intro-dução do bonde elétrico.

Companhias de transporte:

Cia. Carris de Ferro de São Paulo – (Bondes a Burro);

Cia. Ferro Carril de São Paulo – (Bondes a Burro);

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Cia. Carris Urbanos de São Paulo – (Bondes a Burro);

Cia. Carris de Ferro de São Paulo a Sto. Amaro – (Tramway a Vapor);

Cia. Tramway da Cantareira – (Tramway a Vapor);

Empresa de Bondes de Sant’Ana – (Bonde a Burro),

Cia Viação Paulista – (Bonde a Burro).

Em 7 de abril de 1899, os canadenses Alexander Mackenzie, um advogado da

cidade de Toronto, e Frederick Pearson, engenheiro, juntaram-se a uma empresa de

bondes da cidade de Nova Iorque, a “Metropolitan Street Railway in New York”, com a

finalidade de fundar a “The São Paulo Railway, Light & Power Company” - SPTL&P. Foi

subscrito em ações, um capital de seis milhões de dólares, e estava fundada a “The São

Paulo Railway, Light & Power Company” – SPTL&P.

A palavra Railway (estrada de ferro) foi substituída por Tramway, para evitar confusão

com a estrada de ferro de São Paulo (SPR). A cidade de São Paulo contava com cerca de

238.000 habitantes e a Light recebeu concessão por quarenta anos para a construção e

utilização de linhas de bondes elétricos, geração e fornecimento de energia elétrica e pres-

tação do serviço de iluminação pública nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos.

A entrada da companhia canadense criou grandes conflitos com as companhias

existentes, que ou foram compradas ou colocadas fora do negócio.

Os canadenses, em junho de 1899, encomendaram ao fabricante J. G. Brill, da

Philadelfia, 15 carros elétricos (bondes), abertos com 9 bancos, 45 assentos, dois moto-

res GE-58 de 37 cavalos cada um. Estes foram os primeiros bondes que J.G. Brill forneceu

para o Brasil. Os primeiros seis carros de fabricação Brill chegaram em dezembro e a

primeira linha de bondes elétricos a ser inaugurada em São Paulo, foi entre o Largo São

Bento e o bairro da Barra Funda, em 7 de maio de 1900.

A cidade de São Paulo se tornou a quarta cidade no Brasil (depois de Rio de Janeiro,

Salvador e Manaus) a ter veículos de tração elétrica. Para tracionar os bondes era neces-

sária eletricidade de 550 volts e corrente contínua.

Naquela época, a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo, estabelecida

em 1881, fornecia energia elétrica do entardecer até a meia noite. A energia era gerada

com enormes motores a vapor em uma usina localizada na Rua Araújo, próxima à Praça

da República, onde geradores Ganz produziam uma tensão de 2000 volts; e para cada

consumidor era instalado um transformador para rebaixar a tensão e fornecer 100 volts.

Imediatamente, a Light iniciou a construção de uma represa e uma usina hidroelétrica

no rio Tiete, próximo à cidade de Santana do Parnaíba, a 35 km noroeste da cidade. A

SPTL&P iniciou a construção das torres e linhas de transmissão (de alta-tensão) entre a

Usina de Parnaíba e a cidade de São Paulo, numa distância de 33 quilômetros. Simultane-

amente, deu início à construção das subestações na cidade de São Paulo, localizadas no

Largo do Tesouro, Largo de São Bento, e Rua Direita.

Prevendo que a Usina Elétrica de Parnaíba e a Estação Transformadora da Rua Paula

Souza não seriam concluídas a tempo, em 18 de julho de 1899, a Light encomendou

dois motores a vapor. Em outubro de 1899, começou a montagem dos geradores elétri-

cos movidos a vapor na esquina de Rua São Caetano, com Rua Monsenhor de Andrade,

gerando 550 Volts, em corrente alternada de 42 ciclos. Na época, cada bonde consumia

55 KW, ou seja, 100 Ampéres.

Em dezembro de 1899, chegou ao porto de Santos todo o material: trilhos, os

carros, rede elétrica, retificadores, isoladores, transformadores etc. para a construção das

linhas dos Bondes. Em fevereiro de 1900, a Light já tinha montados nas oficinas da Rua

Barão de Limeira, 6 dos 15 Bondes: abertos de 9 bancos, 5 passageiros por banco, 45

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A energia produzida na usina da Light andPower, que não era consumida pelos bondes, pas-sou a ser distribuída na cidade, para as residên-cias e indústrias, permitindo o crescimento doparque industrial. Para atender a demanda deenergia da cidade, foi formado um sistema derepresas e usinas geradoras de energia: no rioTietê, a barragem Edgar de Souza; e o sistemaBillings e Guarapiranga, formado pela reversãodo rio Pinheiros, nos anos trinta; e a usina HenriBoulder em Cubatão. O monopólio de produção e distribuição de energia daLight foi até 1979.

assentos, 10,2 metros de comprimento, fabricados nos Estados Unidos por J. G. Brill, com

dois trucks GE-58, equipados com motor de 35 cavalos de força cada truck.

Às 12:00 horas do dia 07 de maio de 1900, foi inaugurada a Usina Elétrica a Vapor

da Rua São Caetano, que havia sido conectada em caráter provisório à rede de Parnaíba.

Em seguida às 14h, com a presença dos Dr. Rodrigues Alves (Presidente do Estado), Dr.

Domingos de Moraes (Vice-Presidente do Estado), Dr. Antonio Prado (Prefeito) Dr. Robert

Brown (Superintendente da Light) , vereadores, personalidades, imprensa e grande aglo-

meração popular ao longo dos trilhos, foi inaugurada a linha de bondes da Barra Funda.

Mais tarde, em 17 de julho de 1900, foi inaugurado o sistema de geração de

energia da Estação Paula Souza (e rebaixava a tensão de 2000 volts gerada em Santana

do Parnaíba).

A Light expandiu suas linhas em todos os bairros da cidade, acompanhando o cres-

cimento urbano. Entre 1909 e 1947, o valor da passagem permaneceu inalterado. A com-

panhia desistiu do serviço de transportes urbanos ante de completar os 40 anos de

concessão, mas continuou em atividade até a criação da Companhia Municipal de Trans-

portes Coletivos – CMTC, criada para o monopólio do transporte coletivo na cidade. Em

1968, os bondes foram retirados de circulação na cidade.Texto extraído e resumido de A história do bonde na cidade de

São Paulo, do site: <http://www.wvp.hpg.ig.com.br/Hbd3.html>

Foto de Guilherme Gaensly.Rua de São Bento – 1900/Rua de São Bento – 1900/Rua de São Bento – 1900/Rua de São Bento – 1900/Rua de São Bento – 1900/19101910191019101910. São Paulo:DPH/SMC/PMSP, s.d.

História pela companhia Eletropaulo – A trajetória da companhia se con-

funde com o desenvolvimento de São Paulo. A empresa foi fundada em

1899, com a fundação da The São Paulo Tramway, Light and Power Co.

Ltd. em Toronto, Canadá; e, no mesmo ano, foi autorizada a atuar no

Brasil.

Em 1904, o grupo canadense fundou a The Rio de Janeiro Tramway, Light

and Power Co. Ltda. A partir de 1923, as empresas passaram a ser contro-

ladas pela holding Brazilian Traction Light and Power Co. Ltda. O grupo

reestruturou-se em 1956, tendo por base a Brascan Limited.

Em 1979, o governo brasileiro, por meio da Eletrobrás, comprou da Brascan

o controle acionário da então Light-Serviços de Eletricidade S.A.Extraído do site: <http://www.eletropaulo.com.br>

Foto do Theatro municipal de São Paulo. São Paulo, 450 razões para amar. SãoPaulo: M. Books do Brasil Ed. Ltda, 2004, p. 170.

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O nome mais citado dos engenheiros de São Paulo no início do século XXé do de Ramos de Azevedo.

Theatro MunicipalTheatro MunicipalTheatro MunicipalTheatro MunicipalTheatro Municipal

No fim do século passado, aaristocracia paulistana pediauma casa de espetáculos quepudesse receber as grandescompanhias estrangeiras. Em1900, a cidade contava ape-nas com o Teatro São José,que, depois de um incêndio,não tinha condições de aco-modar os espetáculos estran-geiros. Decidiu-se então cons-truir um novo espaço na ci-dade para atender às neces-sidades culturais que cresci-am a olhos vistos. O edifícioseria levantado em um terre-no no Morro de Chá e a obracomandada pelo arquitetoRamos de Azevedo – que de-pois emprestaria o nome àpraça que fica em frente aoteatro. O terreno foi compra-do em 1902 e os trabalhoscomeçaram no ano seguinte.Ramos de Azevedo já sabiaexatamente como seria o pré-dio: uma réplica menor daÓpera de Paris. Em 12 de se-tembro de 1911, o TeatroMunicipal foi inaugurado,com apresentação do célebrebarítono italiano Titta Ruffo,interpretando Hamlet, dofrancês Ambroise Thomas.

Fonte: JT Web, extraído do site

<http://www.sampa.art .br/

SAOPAULO/municipal.htm>

ENGENHEIRO-ARQUITETO FRANCISCO DE PAULA RAMOS DE AZEVEDO

De família campineira, Francisco de Paula Ramos de Azevedo nasceu em São Paulo no

ano de 1851. Seguindo a tradição dos filhos das famílias paulistas mais abastadas, em

1875 foi para Europa estudar Engenharia e Arquitetura na cidade belga de Gand,

retornando em 1879, plenamente identificado com o ecletismo arquitetônico euro-

peu. Em 1886 transferiu-se de Campinas para São Paulo, quando passou a receber

solicitações tanto do setor público como da elite paulistana, tornando-se, assim, nas duas

primeiras décadas do século XX, o mais importante e prestigiado construtor da nova

imagem institucional de São Paulo. Faleceu em 1928.

Dentre suas principais obras pode-se destacar: a Escola Normal (I. E. Caetano de

Campos, atual Secretaria Estadual da Educação), o Teatro Municipal, a Santa Casa de Mise-

ricórdia, o Palácio das Indústrias (sede atual do Gabinete do Prefeito), a agência central dos

Correios e Telégrafos e o Liceu de Artes e Ofícios (atual Pinacoteca do Estado).Fonte: <http://www.prodam.sp.gov.br/dph/instituc/qramos.htm>.

Atividades1. Ande por seu bairro e procure os dados sobre sua ocupação, escreven-

do um breve histórico dele.

2. Qual o tipo de habitação dominante em seu bairro? Descreva os di-versos tipos que consegue identificar.

Memória socialOs melhoramentos urbanos quando foram substituídos se tornaram ele-

mentos de memória social e muitos são lembrados até hoje.

O O O O O CANTORCANTORCANTORCANTORCANTOR DEDEDEDEDE S S S S SÃOÃOÃOÃOÃO P P P P PAULOAULOAULOAULOAULO

Luís Nassif – Folha de S. Paulo

São Paulo tem suas melodias. Para a minha geração, os hinos de São Paulo são “Sampa”,

de Caetano Veloso, e “Ronda”, de Paulo Vanzolini. Para a de minha mãe, “Lampião de Gás”,

de Zica Bergami. Para meu avô, o “Bonde Camarão”, de Cornélio Pires. Para meus filhos,

provavelmente o de Zé Rodrix, recém-composto.

Há o “Hino do Quarto Centenário”, um dobrado do nível de John Phillip de Souza,

de autoria de Garoto e Chiquinho do Acordeon, e ainda um outro hino de Mário Zan, que

muitos confundem com o de Garoto.

Mas talvez a música mais bonita já composta para a cidade seja “Perfil de São

Paulo”, de um compositor de Barretos, falecido em 30 de junho de 1995, Francisco de

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AtividadesLeia com atenção os textos acima:

1. Na música “Lampião de gás” que local de São Paulo é citado? Localizeo bairro.

Lampião de gásLampião de gásLampião de gásLampião de gásLampião de gásmúsica cantada por Inezita Bar-roso e autoria de Zica Bergami

Lampião de gás!Lampião de gás!Quanta saudadevocê me traz!

Da sua luzinha verde azuladaque iluminava a minha janela,do almofadinha, lá na calçadapalheta branca, calça apertada

Do bilboquê, do diabolô,”me dá foguinho” – “vai no vizi-

[nho”,de pular corda, brincar de roda,de benjamim, jagunçu e chiqui

[nho...

Lampião de gás!Lampião de gás!Quanta saudadevocê me traz!

Do bonde aberto, do carvoeiro,do vassoureiro, com seu pregão,da vovozinha, muito branquinha,fazendo roscas, sequilhos e pão...

Da garoinha fria, fininha,escorregando pela vidraça,do sabugueiro grande e chei-

[roso,lá no quintal da rua da Graça

Lampião de gás!Lampião de gás!Quanta saudadevocê me traz!

Texto extraído de <http://www.

ocrocodilo.com.br/>

Assis Bezerra Menezes, advogado boêmio, formado no Largo São Francisco, integrante

das caravanas musicais dos tempos de estudante e, depois, compositor com alguns

sucessos expressivos. “Aonde estão seus sobrados / de longos telhados / e seus lampi-

ões”, é o início de um dos hinos mais belos já oferecidos a uma cidade, quase à altura da

“Valsa de uma Cidade”, para o Rio de Janeiro.

Na Faculdade de Direito, Bezerrinha (como era chamado) fazia parte de um grupo

eclético, que incluía Paulo Autran, Renato Consorte, Paulo Vanzolini, todos envolvidos

com arte, nenhum pensando em ser profissional. Semanalmente se reuniam na casa de

Inezita Barroso, cujo marido era da faculdade.

Antes disso, nos anos 40, Bezerrinha decidiu ser expedicionário para conhecer a

Itália. Voltou, entrou na faculdade e na boemia. Em novembro de 1953 – me informa o

meu amigo Pelão–, venceu o concurso de Hino do Quarto Centenário promovido pela

rádio Excelsior, hoje CBN. O primeiro intérprete desse clássico foi Silvio Caldas. O segun-

do, a Orquestra de Luiz Arruda Paes. Depois, Inezita, Agnaldo Rayol e Jair Rodrigues.

Bezerrinha voltou para Barretos e sua casa se tornou centro de boemia de todos os

cantores que se apresentavam na cidade. O nome de Bezerrinha não consta de nenhu-

ma enciclopédia de música. Pelão promete um CD com músicas dele. Dias Leme é o

grande defensor de sua memória. Ambos concordam que uma de suas músicas inéditas,

“Bom dia São Paulo”, é o clássico definitivo sobre a cidade.

Ainda dá tempo de algum artista sensível correr até Barretos, atrás da família, recupe-

rar o “Bom Dia São Paulo” e, no dia 25, oferecer a primeira audição para a cidade: “Boa noite

meu viaduto do Chá / vou chegar até o Paysandu / o Ponto Chic me espera por lá / o chopp

gelado e o bauru / São pequenas coisinhas / que prendem São Paulo no coração”.

”Boa noite Bexiga / cigarra boêmia / de um mundo bonito demais / e antes que

pinte o amanhã / um chateaubriand no velho Morais”.Texto extraído de: <http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=100847>.

2. Que brincadeiras infantis são citadas? Você conhece algumas delas?Pergunte a seus parentes se eles as conhecem. Se não, de quais brincadeirasinfantis se lembram?

3. Que comportamentos sociais estão descritos na letra?

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4. Quais as informações que você tem sobre o autor?

5. No texto de Luis Nassif, há diversos nomes citados. Você reconhecealgum deles? Quem são eles?

6. Das músicas citadas no texto, você conhece alguma?

7. Pergunte a seus parentes mais velhos qual a música predileta deles.Transcreva a letra e explique o significado.

Na área central, que já incluía o “centro novo” (do viaduto do Chá à Praçada República), ficavam os órgãos do governo, os equipamentos urbanos dequalidade, a infra-estrutura mais moderna.

Nos bairros operários, que cresceram acompanhando a expansão indus-trial, os equipamentos urbanos não chegaram tão rapidamente.

A população pobre se deslocava sempre, buscando ficar próxima do local detrabalho. Ela acompanhou a instalação de pequenas manufaturas na região doBrás, e depois a das grandes indústrias têxteis e alimentícias, que se instalaramperto de ferrovias – quer a Santos-Jundiaí, quer a Central do Brasil, na região daLapa, Bom Retiro, Mooca, Ipiranga, Vila Prudente, São Caetano e São Bernardo,formando os bairros operários além Tamanduateí. Bairros sem calçamento, água,luz e esgoto, sofrendo as inundações anuais pela cheia do rio e dos ribeirõesafluentes. Existia o transporte, quer pela ferrovia, quer pela linha de bonde, quegeralmente antecedia ou acompanhava os loteamentos populares, criando a for-ma radial característica do crescimento urbano na primeira metade do século XX.

A cidade cresceu sem legislação específica, usando os códigos sanitáriose tributários. O primeiro código urbanístico foi o denominado Arthur Sabóia,no final dos anos vinte.

O processo de industrialização da cidade de São Paulo a transformou emuma metrópole industrial, com elevado custo social, conforme pode ser vistopelos movimentos sociais dos anos dez e vinte.

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Bairros operáriosBairros operáriosBairros operáriosBairros operáriosBairros operários

“Eu arranjei o meu dinheiro

Trabalhando o ano inteiro

Numa cerâmica fabricando pote

E lá no alto da Mooca eu comprei um lindo lote

10 de frente e 10 de fundos

e construí minha maloca.”

Abrigo de vagabundo, Adoniran Barbosa

Os imigrantes que se tornaram operários das indústrias da cidade de São Paulo estabe-

leceram-se, no início do século XX, em loteamentos populares que se localizavam dis-

tantes do centro, em terrenos acidentados ou várzeas. Foi assim que nasceram os

primeiros bairros operários, como Brás, Bexiga, Barra Funda, Belenzinho, Mooca, Lapa,

Luz, Bom Retiro, Vila Mariana e Ipiranga.

Na memória do sr. Amadeu, idoso entrevistado por Ecléa Bosi, ficou gravada a

pobreza desses bairros, abandonados pelo poder público:

“Por esse lado do Brás, Cambuci, Belenzinho, Mooca, Pari, aqui tudo era uma po-

breza, ruas sem calçamento, casas antigas, bairros pobres, bem pobres. A iluminação era

a lampião de querosene. Lembro quando em minha casa puseram um bico de luz, foi o

primeiro bico que puseram naquela rua, não lembro exatamente o tempo, faz uns

cinqüenta anos. Era mocinho. Puseram um bico só porque a luz era muito cara, mais de

duzentos réis por mês. Com o tempo, punha-se um bico na cozinha, no quarto, no

quintal e assim por diante. Mas era usada como uma luz bem econômica porque não

dava para pagar no fim do mês”.

No bairro do Brás, lembram-se os moradores, ”a rua era o centro de tudo. As

pessoas promoviam festas, passeavam durante as noites de verão ou colocavam cadei-

ras na calçada para prolongadas conversas. O comércio também percorria os calçamen-

tos de pedra. Vendedores iam de porta em porta anunciando as mercadorias: pizza em

quantidade dentro dos latões, frango, verduras e doces”.

Os moradores desses bairros não só viviam em casas de pau-a-pique, como tam-

bém em cortiços, edifícios que abrigavam muitas famílias.

“Um cortiço típico, tal como foi revelado pela pesquisa municipal de 1893, ocupa-

va o interior de um quarteirão, onde o terreno era geralmente baixo e úmido. Era forma-

do por uma série de pequenas moradias em torno de um pátio ao qual vinha ter, da rua,

um corredor longo e estreito. A moradia média abrigava de 4 a 6 pessoas, embora suas

dimensões raramente excedessem 3 metros por 5 ou 6, com uma altura de 3 a 3,5

metros. Os móveis existentes ocupavam um terço do espaço. O cubículo de dormir não

tinha luz nem ventilação; superlotado, à noite era hermeticamente fechado”, afirma o

historiador Richard Morse.

Indagada a respeito da vida em cortiço, uma ex-moradora do Scoppeta, cortiço

famoso da Rua Caetano Pinto, no Brás, respondeu: “Morar em cortiço? Era maravilhoso

[…] Todo mundo se conhecia, havia amizade, uma ajudava a outra. Depois cada uma

ponhava umas plantinhas na sua janela, cada uma queria ter uma panela mais limpa e

brilhando que a vizinha”.

As vilas operárias constituíram outra forma de habitação popular da virada do

século na cidade de São Paulo. Muitas grandes indústrias possuíam vilas em suas proxi-

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Ao mesmo tempo, a cidade passou por gran-des transformações em termos de construção: oscasarões e sobrados coloniais que de algumaforma haviam sobrevivido à vaga modernizadorados anos setenta do século XIX, quando o tijolocomeçou a substituir a taipa, foram derrubadospara dar lugar a prédios de vários andares. Avelha Sé foi derrubada, para dar espaço para aconstrução da nova Catedral.

Edifícios, como o Martinelli, começaram aser construídos.

midades ocupadas pelos trabalhadores. As mais conhecidas, situavam-se nos bairros do

Brás e Mooca, construídas pela Fábrica Santana, Álvares Penteado, Francisco Matarazzo e

Crespi. “Algumas vezes contavam com equipamentos complementares, como igrejas

ou creches. Mas sistematicamente tinham um armazém, no qual os trabalhadores fazi-

am suas compras, anotadas em cadernetas, exatamente como os colonos das fazendas”,

comenta Nestor Goulart Reis Filho.

Um projeto modelo de vila operária foi realizado pelo industrial Jorge Street, em

1916, no Belenzinho. A Vila Maria Zélia, como ficou conhecida, abrigou 2100 operários

da Companhia Nacional de Tecidos de Juta, tendo sido considerada revolucionária para

os padrões brasileiros, porque defendia o direito dos trabalhadores a moradia, educação,

saúde e lazer.Texto extraído de: <http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/2-3_bairros_operarios.asp>

Primeira imagem: Praça daSé, 1930/1935. Autor desco-nhecido. Dão Paulo: DPH/SMC/PMSP, s.d.

Segunda imagem: Praça daSé – vista aérea. Álbum SãoPaulo. São Paulo: Governo doEstado; Spala Ed., s.d., p. 25.

Edifício Martinelli (1929)Edifício Martinelli (1929)Edifício Martinelli (1929)Edifício Martinelli (1929)Edifício Martinelli (1929)

O Edifício Martinelli, que se

localiza na Avenida São João,

foi o primeiro arranha-céu da

cidade de São Paulo, além de

ter sido o prédio mais alto da

América Latina no final da

década de 1920. O seu pro-

prietário chamava-se Giu-

seppe Martinelli, imigrante

italiano que fez fortuna no

Brasil.

Construído entre

1925 e 1929, totalmente de

concreto armado, o Edifício

Martinelli, com 30 andares e

130 metros de altura, revela

uma mistura de estilos euro-

peus tão ao gosto daquela

época. Tinha 1267 depen-

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A área central se expandiu no en-torno do Teatro Municipal, e a elite pro-curou novas áreas: a região da AvenidaPaulista e os bairros de Higienópolis ePacaembu. Após a ocupação do es-pigão da Paulista, outras regiões foramloteadas: Cerqueira César, Jardim Pau-lista, Jardim América. A ocupação daregião foi facilitada após a regulariza-ção do rio Pinheiros, com a drenagemdas várzeas nos anos trinta, criando oespaço para a cidade moderna.

A Vanguardachega à cidade: aSemana de 22

A cidade de São Paulo, por suapopulação, riqueza acumulada e par-que industrial, acabou se transforman-do em centro cultural. Um eventomuito importante foi a Semana de 22.

dências entre salões, apartamentos, restaurantes, cassinos, night clubs, o famoso Cine

Rosário, barbearia, lojas, uma igreja e o luxuoso Hotel São Bento. E para provar que o

prédio era seguro, o proprietário instalou-se na cobertura. Era o início do movimento de

verticalização da cidade. Em meados da década de 1950, o abandono e a ocupação

desordenada, em decorrência do descaso das autoridades e da política habitacional,

mudaram o aspecto do edifício. O Martinelli transformou-se num grande cortiço ocupa-

do por um número enorme de famílias.

Pressionada pela mobilização popular e pela imprensa, a Prefeitura de São Paulo

desapropriou parte do prédio em 1975, e, através da Emurb e da Construtora Guarantã,

iniciou uma obra de reforma. Quatro anos mais tarde, o Edifício Martinelli estava pronto,

ocupado basicamente por escritórios, sendo dezoito andares de repartições públicas

municipais e o restante de particulares.

Em 1992, o Martinelli foi finalmente tombado pelo Patrimônio Histórico: “os ele-

mentos decorativos neoclássicos, a cobertura de ardósia com mansardas falsas, um pala-

cete de três andares no terraço e a roupagem de tijolos recobrindo a estrutura de

concreto. Tais elementos estão a indicar a persistência do gosto eclético na arquitetura

paulista”, justifica a Resolução 37 do COMPRESP.Fonte: <http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/2-3_edificio_martinelli.asp>

Edifício Martinelli. Álbum SãoPaulo. São Paulo: Governodo Estado; Spala Ed., s.d., p.151.

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MODERNISMO BRASILEIRO (PRIMEIRA FASE 1922-1930)

Semana de 22Semana de 22Semana de 22Semana de 22Semana de 22

Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de Oswald de

Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se

conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade, já em 1912, começa a

falar do Manifesto Futurista, de Marinetti, que propõe “o compromisso da literatura com

a nova civilização técnica”.

Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes

nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria

movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas idéias renovado-

ras de grupos de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta

estética. Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que

colocam a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segall, em

1913, e a de Anita Malfatti, em 1917.

A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte

acadêmica. Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S. Paulo,

intitulado: “A propósito da Exposição Malfatti”, publicado na seção “Artes e Artistas” da edição

de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais contundente dos espíritos conservadores.

No artigo publicado nesse jornal, Monteiro Lobato, preso a princípios estéticos

conservadores, afirma que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fun-

damentais que não dependem do tempo nem da latitude”. Mas Monteiro Lobato vai

mais longe ao criticar os novos movimentos artísticos. Assim, escreve que “quando as

sensações do mundo externo transformaram-se em impressões cerebrais, nós ‘senti-

mos’; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a

harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em ‘pane’

por virtude de alguma grave lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmen-

te no homem, através da porta comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato

não poderá ‘sentir’ senão um gato, e é falsa a ‘interpretação que do bichano fizer um totó,

um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes”.

Em posição totalmente contrária à de Monteiro Lobato estaria, anos mais tarde,

Mário de Andrade. Suas idéias estéticas estão expostas basicamente no “Prefácio Inte-

ressantíssimo” de sua obra Paulicéia Desvairada, publicada em 1922. Aí, Mário de Andrade

afirma que: “Belo da arte: arbitrário convencional, transitório – questão de moda. Belo

da natureza: imutável, objetivo, natural – tem a eternidade que a natureza tiver. Arte

não consegue reproduzir natureza, nem este é seu fim. Todos os grandes artistas, ora

conscientes (Rafael das Madonas, Rodin de Balzac, Beethoven da Pastoral, Machado de

Assis do Braz Cubas), ora inconscientes (a grande maioria) foram deformadores da natu-

reza. Donde infiro que o belo artístico será tanto mais artístico, tanto mais subjetivo

quanto mais se afastar do belo natural. Outros infiram o que quiserem. Pouco me im-

porta” (Mário de Andrade, Poesias Completas).

Embora exista uma diferença de alguns anos entre a publicação desses dois textos,

eles colocam de uma forma clara as idéias em que se dividiram artistas e críticos diante

da arte. De um lado, os que tendiam que a arte fosse uma cópia fiel do real; do outro, os

que almejavam uma tal liberdade criadora para o artista, que ele não se sentisse cerce-

ado pelo limites da realidade.

Essa divisão entre os defensores de uma estética conservadora e os de uma reno-

vadora, prevaleceu por muito tempo e atingiu seu clímax na Semana de Arte Moderna

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A modernização não se restringiu à literatura e às artes. A Arquiteturatambém foi transformada: novos padrões artísticos, novas técnicas construti-vas e novas propostas urbanísticas e arquitetônicas foram desenvolvidas, per-mitindo o surgimento da cidade moderna.

realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No

interior do teatro, foram apresentados concertos e conferências, enquanto no saguão

foram montadas exposições de artistas plásticos, como os arquitetos Antonio Moya e

George Prsyrembel, os escultores Vítor Brecheret e W. Haerberg e os desenhistas e

pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando

de Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do Rego Monteiro e Di Cavalcanti (o

idealizador da Semana e autor do desenho que ilustra a capa do catálogo).

Manifesto AntropofágicoManifesto AntropofágicoManifesto AntropofágicoManifesto AntropofágicoManifesto Antropofágico

Publicado na Revista Antropofagia (1928), propunha basicamente a devoração da cultu-

ra e das técnicas importadas e sua reelaboração com autonomia, transformando o pro-

duto importado em exportável. O nome do manifesto recuperava a crença indígena: os

índios antropófagos comiam o inimigo, supondo que assim estavam assimilando suas

qualidades.

A idéia do manifesto surgiu quando Tarsila do Amaral, para presentear o então

marido Oswald de Andrade, deu-lhe como presente de aniversário a tela Abaporu (aba

= homem; poru = que come).

Estes eventos da Semana de Arte Moderna foram o marco mais caracterizador da

presença, entre nós, de uma nova concepção do fazer e compreender a obra de arte. Fonte: <www.historiadaarte.com.br/>

CCCCCIDADEIDADEIDADEIDADEIDADE M M M M MODERNAODERNAODERNAODERNAODERNA (1930-1960) (1930-1960) (1930-1960) (1930-1960) (1930-1960)

AperitivoAperitivoAperitivoAperitivoAperitivo

“A felicidade anda a pé

Na Praça Antônio Prado

São 10 horas azuis

O café vai alto como a manhã de arranha-céus

Cigarros Tietê

Automóveis

A cidade sem mitos”

Oswald de Andrade, Poesias reunidas.

“São Paulo é a cidade que mais cresce no mundo”, dizia o slogan das comemorações do

IV Centenário, em 1954. A transformação urbana se deu em ritmo acelerado: a

verticalização do centro com novos edifícios, o crescimento dos bairros e a expansão

dos subúrbios. Ao longo das ferrovias, apareceram novas cidades: Cidade Patriarca,

Itaquera, Itaquaquecetuba. Trens, bondes, eletricidade, telefone, automóveis, rodovias,

avenidas, arranha-céus inseriram definitivamente a cidade de São Paulo na era da mo-

dernidade. “Tudo vai se congestionando rapidamente”, alerta matéria de jornal.

Já na década de 1930, o antropólogo Claude Lévi-Strauss considerou que “o en-

canto da cidade e o interesse que ela suscitava vinham primeiro de sua diversidade. Ruas

provincianas onde o gado retardava a marcha dos bondes; bairros deteriorados que

sucediam sem transição às mais ricas residências; perspectivas imprevistas sobre vastas

paisagens urbanas; o relevo acidentado da cidade e as defasagens no tempo, que torna-

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vam perceptíveis os estilos arquitetônicos, cumulavam seus efeitos para criar dia após

dia espetáculos novos”.

Novas estradas construídas na década de 1940, como a Via Dutra e a Via Anchieta,

propiciaram a formação de núcleos urbanos e industriais, densamente populosos, como

Guarulhos e São Bernardo do Campo.

Na década de 1930, 1 milhão de pessoas moravam na cidade; em 1950, esse

número dobrou. Três anos depois, São Paulo se tornaria a primeira cidade do Brasil com

2,7 milhões de pessoas. Em 1960, esse número atingiria 3,7 milhões, segundo a Emplasa

(Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.).

As construções acompanharam esse surto de crescimento populacional. “Em 1920,

houve 1875 novas construções; em 1930, 3922; em 1940, 12.490; e em 1950, 21.600”,

explica Richard Morse. Em 1940, construíam-se em média 5,6 edificações por hora. Claude

Lévi-Strauss observou: “os paulistas se gabavam do ritmo da construção em sua cidade, à

média de uma casa por hora. Tratava-se então de palacetes. A cidade desenvolve-se com tal

rapidez que é impossível encontrar-lhe um mapa: cada semana exigia uma nova edição”.

Em 1954, a área urbana da cidade tinha crescido muito: 6 mil ruas e 170 mil

automóveis. Tornou-se ainda o maior parque industrial da América Latina, com 21 mil

fábricas na capital, bastante diversificadas: indústrias de bens de consumo durável (auto-

mobilística e eletrodomésticos), bens intermediários (siderurgia, papel, petroquímica,

borracha) e bens de capital (máquinas e equipamentos). Entre as décadas de 1950 e

1960, as indústrias paulistas empregavam 585 mil operários.

O operário espanhol Antonio Galuchino Avellanas é testemunha do amplo mercado

de trabalho da cidade: “Eu cheguei a São Paulo em 1954, num dia 21, e no dia 24 eu já

estava empregado. Quem tinha profissão não se preocupava com nada e era bem remu-

nerado. O Brasil era o país da abundância. Trabalhava-se bastante, mas dava para viver”.

Tanto o desenvolvimento econômico quanto o mercado de trabalho nas constru-

ções e fábricas motivaram a vinda de migrantes de muitas regiões do Brasil. “Em 1950,

São Paulo abrigava mais de 500 mil mineiros e 400 mil nordestinos (dos quais cerca de

190 mil baianos, 63 mil pernambucanos, 57 mil alagoanos e 30 mil cearenses)”. Os

migrantes chegaram a compor quase a metade da população, enquanto a imigração

estrangeira foi contínua entre as décadas de 1940 e 1960. Calcula-se em torno de 300

mil os estrangeiros residentes na cidade.

Na década de 1940, na gestão do prefeito Prestes Maia, houve um grande investi-

mento no sistema viário para a implantação do seu “Plano de Avenidas”, visando à circu-

lação dos veículos de quatro rodas. O Guia pitoresco e turístico de São Paulo, de José B.

Almeida Júnior, de 1948, registra a transformação urbana para a irradiação de avenidas:

“Onde, ainda no ano de 1900, existiam becos, vielas e casebres, rasgaram-se grandes

avenidas, surgindo, em meio ao espanto geral, como obra de magia, suntuosos e

magnificentes arranha-céus que buscam o infinito”.

Segundo o urbanista Candido Malta Campos, “enquanto a prefeitura se dedicava

de corpo e alma às realizações previstas no Plano de Avenidas, a Light desistia de qual-

quer investimento em transporte coletivo”. A instalação da indústria automobilística em

São Paulo no ano de 1956 atraiu ainda mais a preocupação dos governantes com relação

aos interesses dessa indústria e à circulação dos automóveis pela cidade.

Com isso, os bondes foram progressivamente desativados, considerados inadequados à

cidade moderna, substituídos por ônibus diesel e automóveis particulares.

Texto extraído de: <http://www.aprenda450anos.com.br>

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A perda da hegemonia políticacom a Revolução de Trinta não alte-rou o processo de crescimento urba-no. O parque industrial continuavacrescendo e a cidade também, atrain-do novos habitantes, não mais imi-grantes, mas desta vez, migrantes na-cionais expulsos de suas regiões porproblemas, como o da seca, periódi-ca, e os institucionais, como o sistemade propriedade.

As condições de trabalho e mora-dia continuaram precárias e outros lo-cais foram ocupados, além do rio Tietê.

Nos anos do primeiro governoVargas, os trabalhadores nacionais fo-ram beneficiados com preferência ecotas para emprego. A legislação tra-balhista permitiu melhores condiçõesde sobrevivência aos trabalhadoresque continuaram morando em lugaresdistantes, sem infra-estrutura e ser-viços públicos.

Mesmo com melhores situações detrabalho, no conflito entre São Pauloe o governo Vargas, a população pau-listana f icou do lado da oligarquiapaulista que defendia a constituciona-lização do regime republicano.

São Paulo se verticaliza naárea central. São Paulo, 450razões para amar. São Pau-lo: M. Books do Brasil Ed.Ltda, 2004, p. 74.

RRRRREVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃO DEDEDEDEDE 1932 1932 1932 1932 1932

A HistóriaA HistóriaA HistóriaA HistóriaA História

Julho de 1932Julho de 1932Julho de 1932Julho de 1932Julho de 1932. Explode em São Paulo uma revolta contra o presidente Getúlio Vargas.

Tropas federais são enviadas para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o

exército durante três meses. O episódio fica conhecido como a Revolução Constitucio-

nalista de 1932.

Em 1930, uma revolução derrubara o governo dos grandes latifundiários de Minas

Gerais e São Paulo. Getúlio Vargas assumira a presidência do Brasil em caráter provisório,

mas com amplos poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas, desde o

Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Os governadores dos Estados foram

depostos. Para suas funções, Vargas nomeou interventores. A política centralizadora de

Vargas desagradou às oligarquias estaduais, especialmente as de São Paulo. As elites

políticas do Estado economicamente mais importante se sentiram prejudicadas. E os

liberais reivindicaram a realização de eleições e o fim do governo provisório. O governo

Vargas reconhece oficialmente os sindicatos dos operários, legaliza o Partido Comunista

e apóia um aumento no salário dos trabalhadores. Estas medidas irritam ainda mais as

elites paulistas. Em 1932, uma greve mobiliza 200 mil trabalhadores no Estado. Preocu-

pados, empresários e latifundiários de São Paulo se unem contra Vargas.

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Existem diferentes análises sobre a revolução de 32, defendendo-a comoelemento fundamental para a re-constitucionalização do Brasil em 1934, ouatacando-a, como um movimento conservador, reacionário e regionalista.

No dia 23 de maio, é realizado um comício reivindicando uma nova constituição

para o Brasil. O comício termina em conflitos armados. Quatro estudantes morrem:

Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo.

As iniciais de seus nomes formam a sigla MMDC, que se transforma no grande

símbolo da revolução. E em julho, explode a revolta. As tropas rebeldes se espalham pela

cidade de São Paulo e ocupam as ruas. A imprensa paulista defende a causa dos revoltosos.

No rádio, o entusiasmo de Cesar Ladeira faz dele o locutor oficial da Revolução Consti-

tucionalista. Uma intensa campanha de mobilização é acionada.

Quando se inicia o levante, uma multidão sai às ruas em seu apoio. Tropas paulistas

são enviadas para os fronts em todo o Estado. Mas as tropas federais são mais numerosas

e bem equipadas. Aviões são usados para bombardear cidades do interior paulista. 35

mil homens de São Paulo enfrentam um contingente de 100 mil soldados. Os revoltosos

esperavam a adesão de outros Estados, o que não aconteceu.

Em outubro de 32, após três meses de luta, os paulistas se rendem. Prisões, cassa-

ções e deportações se seguem à capitulação. Estatísticas oficiais apontam 830 mortos.

Estima-se que centenas a mais de pessoas morreram sem constar dos registros oficiais.

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi o maior confronto militar no Brasil no século

XX. Apesar da derrota paulista em sua luta por uma constituição, dois anos depois da

revolução, em 1934, uma Assembléia eleita pelo povo promulga a nova Carta Magna.Fonte: <http://www.sampa.art.br/SAOPAULO/revolucao%201932.htm>

O SO SO SO SO SENTIDOENTIDOENTIDOENTIDOENTIDO DADADADADA R R R R REVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃOEVOLUÇÃO DEDEDEDEDE 32 32 32 32 32Simon Schwartzman

Cinqüenta anos passados, o Brasil parece não haver ainda se compenetrado do sentido de

32. Na história oficial, a Revolução Constitucionalista ficou como uma tentativa frustrada de

fazer voltar a roda do tempo, para os idos da República Oligárquica, da política dos governa-

dores, das atas falsas e da política do café com leite. A oligarquia do café, nesta versão, resistia

como podia ao Brasil moderno, organizado, centralizado e industrializado que tinha sido o

grande objetivo da Revolução de 30, e que Vargas trataria de realizar nos anos vindouros.

A versão paulista, é claro, era totalmente distinta. Para muitos de seus entusiastas,

a Revolução de 32 foi, como seu próprio nome indicava, um movimento pela consti-

tuição, pela democracia, pela liberdade, ameaçada pelas tendências totalitárias que se

prenunciavam. Para os paulistas tratava-se, acima de tudo, de garantir sua autonomia e

independência em relação ao poder central, não para deter o progresso, mas para,

exatamente, impulsioná-lo. Monteiro Lobato, extremado como sempre, levava aos limi-

tes este ponto de vista, em manifesto escrito para a população paulista em agosto

daquele ano. “Criador de riquezas que é”, dizia ele, referindo-se a seu Estado, “não pode

deixar a riqueza que já criou, e que está habilitado a ir criando, à mercê da pilhagem

sistemática, e crescente, que por meio do governo central todo o resto da federação

vem procedendo”. Ele investe contra a “perturbação militarista que assumiu a forma da

ditadura-Getúlio”, e sugere que os paulistas se armem pessoalmente, como na Suíça. E

proclama seu objetivo: “Hegemonia ou separação. Ou São Paulo assume a hegemonia

política que lhe dá a hegemonia de fato que já conquistou pelo seu trabalho no campo

econômico e cultural, ou separa-se”. E radicaliza: “Aceitemos Hobbes. Sejamos lobos

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contra lobos. Lobos gordos contra lobos famintos. Organizemos nossa defesa. Tenhamos

até nossa Tcheka interna, nos moldes russos...” (transcrito em Hélio Silva, 1932 - A Guerra

Paulista, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1967).

A cisão entre São Paulo e o governo central não se explica por um simples con-

fronto entre progressistas e conservadores. O governo mineiro de Olegário Maciel não

estava mais à esquerda que o Partido Republicano Paulista; e o Partido Democrático,

paulista, era certamente mais liberal do que o Clube 3 de Outubro, formado pelos

Tenentes, aos quais não faltavam personalidades fortemente populistas, como Pedro

Ernesto. A diferença básica era a das experiências vividas e das concepções de cada um

dos lados sobre o presente e o futuro do país, tão diferentes que não se comunicavam,

e que terminaram se confrontando pela força das armas, para mais tarde se acomoda-

rem sob a força das circunstâncias. Eram dois Brasís em formação que se chocavam num

confronto que, em certo sentido, ainda persiste.

O Brasil de Vargas que se plasmava, na visão de seus mais lúcidos ideólogos, era o

de um Estado forte, centralizado, interventor e racional, que se organizava e se sobrepu-

nha a uma sociedade primitiva, débil e dominada por oligarquias parasitárias e incompe-

tentes. Claro que a realidade política era mais complicada do que isto, e em 1932 o

Governo Provisório era ainda um amálgama pouco claro de oligarquias regionais, velhos

militares, tenentes do Clube 3 de Outubro e alguns setores urbanos mais mobilizados e

esperançosos, sob a liderança hesitante de Getúlio Vargas. A Revolução de 32, embora

derrotada, provoca uma contenção dos mais impacientes e conduz à Constituinte de

1934. Só mais tarde, em 1937, é que o grande projeto do Estado Novo tem sua chance

de ser testado. Inspirado nos modelos autoritários da Europa, o novo regime fortalece a

maquina administrativa interventora, trata de desenvolver a indústria e modernizar as

forças armadas, e se livra dos que, tanto à esquerda quanto à direita, buscavam criar

formas independentes e autônomas de organização e mobilização social. Haviam, no

entanto, limites ao poder tecnocrático, e a necessidade de uma política de alianças que

acabou se exercendo com os representantes mais passivos e aquiescentes das velhas

oligarquias regionais. Isto explica, em boa parte, porque os grandes projetos nacionais se

diluíam em sua implementação quotidiana. Isto explica, também, o conservadorismo do

grande partido Varguista do após guerra, o PSD. Ao final da guerra, com a retórica auto-

ritária em recesso e os ideais da democracia liberal em ascensão, surge um componente

até então contido e reprimido do varguismo, o apelo direto ao povo, principalmente das

grandes cidades. Era o populismo que surgia. Uma das conseqüências significativas de

32, no entanto, foi que os grandes partidos varguistas, o PSD e o PTB, jamais conseguiram

expressão em São Paulo, e o populismo paulista, criado à sombra do Estado Novo por

Adhemar de Barros, jamais se acomodou ao sistema político-partidário do pós-guerra.

Como teria sido se São Paulo tivesse vencido? Houve quem comparasse aquele

período com o da Guerra da Secessão nos Estados Unidos, com a diferença de que, en-

quanto lá a vitória foi do norte moderno e capitalista contra o sul tradicional e escravocrata,

aqui teria ocorrido exatamente o inverso. São Paulo representava em boa parte, como

bem o percebia Monteiro Lobato, a linha de frente do desenvolvimento capitalista no

Brasil. No pior dos cenários, a vitória paulista poderia ter significado a vitória dos “lobos

gordos” contra os “lobos famintos”, e uma concentração maior ainda do que a de hoje da

riqueza nacional na região paulistana. Existem, no entanto, vários cenários mais favoráveis.

O crescimento do capitalismo paulista vinha associado a uma população cada vez

mais educada, a um proletariado cada vez maior e mais organizado, e a um grande fluxo

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Os problemas urbanos não resolvidos (falta de água, luz, transporte cole-tivo, alimentos com preços acessíveis, saúde e educação) e as dificuldades desobrevivência das camadas mais pobres da população serviram para o apare-cimento de políticos que praticavam o clientelismo, oferecendo algumas me-lhorias urbanas em troca do voto. É o período que conhecemos como o doPopulismo, conforme aparece no texto analítico sobre 32.

A Universidade de São Paulo foicriada em 1934

Simultaneamente com a transformação da cidade em cidade industrial, coma instalação dos bancos São Paulo também se transformou em capital financei-ra. E reforçou uma função que tinha desde o século XIX, a de centro educacio-nal. Os governos da Primeira República formaram uma rede educacional, restri-

de imigração européia, que trazia de seus países novas mentalidades. Um sistema polí-

tico centrado em São Paulo, em que predominassem estes elementos, poderia quem

sabe ter resultado em algo mais ao estilo das democracias ocidentais da Europa, com

mais pluralismo, menos autoritarismo, e mais competência na gestão da máquina pú-

blica. Estes eram, sem dúvida, os ideais do Partido Democrático, que propunha um

regime federativo muito mais definido para o país, com estrito controle do Presidente

(eleito por via indireta) pelo Congresso. Poderíamos ter tido partidos políticos de cunho

mais claramente capitalista e burguês, que defendessem de forma pública e clara os

interesses de sua classe; e partidos operários e socialistas apoiados em um sindicalismo

forte e independente, e não na maquina sindical controlada pelo Ministério do Trabalho;

poderíamos ter tido uma universidade mais dinâmica, baseada na inspiração original da

USP, e um sistema educacional mais abrangente e de melhor qualidade, no lugar da

camisa de força imposta a todos pelo Ministério da Educação.

Mas, teria sido possível este cenário? Provavelmente não. Primeiro, porque havia

muito mais “lobos famintos” do que “lobos gordos” e, atrás dos famintos, um exército de

ovelhas apostando nos despojos. Segundo, porque a São Paulo que se sublevava não era

somente a do Brasil moderno, mas também a do velho PRP e das plantations de café,

preocupados acima de tudo em recuperar suas posições de mando e o fluxo de sua

renda, tão abalado pela crise mundial de 1929. A derrota paulista de 1932 contribuiu

para cristalizar uma tendência que já vinha desde antes, a de um pacto de dependência

dos grupos econômicos mais fortes, ligados principalmente à agricultura de exportação,

em relação ao Estado nacional. Era um pacto que foi gradualmente estendido a outros

setores da sociedade: à industria, aos sindicato, às organizações profissionais, aos parti-

dos e movimentos políticos pelos quais uma fatia mais ou menos significativa dos bene-

fícios do desenvolvimento e da ordem social são assegurados, em troca do abandono

definitivo de projetos políticos próprios. O resultado é uma sociedade politicamente

débil e irresponsável, ao lado de um Estado hipertrofiado, sem limites a sua ação, mas,

paradoxalmente, cada vez mais incapaz de governar.

Lembrar 32 significa, acima de tudo, tomar consciência de que as coisas devem e,

quem sabe, podem vir a ser diferentes.Publicado no Jornal do Brasil, Caderno Especial, 6 de novembro de 1982, p. 1. Fonte: <http://

www.schwartzman.org.br/simon/rev32.htm>.

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ta e limitada, espalhada pelo Estado, com a finalidade de formar trabalhadores,nos grupos escolares e nas escolas profissionais. E também formaram professo-res para as escolas primárias nas Escolas Normais. Criaram eles os GinásiosEstaduais como ensino propedêutico para os cursos superiores profissionais.

A partir da base existente da antiga Comissão Geográfica e Geológica,desmembraram diversos institutos de pesquisa científica e museus.

Apesar da derrota de 1932 para Getúlio Vargas, alguns projetos da elitepaulista sobreviveram. A Escola de Sociologia e Política foi fundada porRoberto Simonsen para formação de funcionários qualificados para o serviçodo estado e das empresas.

Em 1934, o interventor Armando de Salles Oliveira crioua primeira universidade brasileira, a Universidade de SãoPaulo, juntando as escolas profissionais (Direito, Farmácia,Medicina, Odontologia, Agricultura e Engenharia) com aFaculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Na segunda metade do século XX, a cidade se transfor-mou em metrópole industrial, como centro de uma regiãometropolitana industrial, depois da comemoração do IVCentenário.

As condições econômicas permitiram o desenvolvi-mento de atividades econômicas ligadas à cultura, com com-panhias editoriais (Nacional, Melhoramentos); jornais diá-rios de grande porte (O Estado de S. Paulo e Diário de S.Paulo); empresa cinematográfica como a Vera Cruz; com-panhias teatrais estáveis; e exposições internacionais de arte como as Bienaisde Arte.

Atividades1. Releia os textos acima e faça um resumo, com suas palavras, do proces-

so de crescimento e expansão urbana da cidade de São Paulo até meados doséculo XX.

Área edificada na cidade deÁrea edificada na cidade deÁrea edificada na cidade deÁrea edificada na cidade deÁrea edificada na cidade deSão Paulo – 1952São Paulo – 1952São Paulo – 1952São Paulo – 1952São Paulo – 1952. FlávioVillaça, em Cibele Taralli. Am-biente construído e legisla-ção: o visível e o imprevi-sível. São Paulo, 1993. Dou-torado na FAU/USP.

2. Relacione a origem de seu bairro ao processo de expansão urbana deSão Paulo.

O IV Centenário da cidade de SãoPaulo

Em 1954, a cidade de São Paulo comemorou seu IV Centenário, tendoescolhido como data referencial a da primeira missa da casa dos jesuítas noscampos de Piratininga – 24 de janeiro de 1554.

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PARQUE DO IBIRAPUERA (1951)

O terreno situava-se no Ibirapuera – ou Ypy-ra-ouêra, que em tupi signi-

fica “pau podre” ou “árvore apodrecida”. Segundo o arquiteto Carlos Lemos, o

local “era nada mais que um pasto pantanoso”, escolhido por uma comissão

mista, composta por representantes da Prefeitura, do Estado e da iniciativa

privada para se transformar num grande parque. A idéia seria inaugurá-lo na

ocasião da comemoração do IV Centenário da cidade de São Paulo. A inicia-

tiva partiu de Francisco Matarazzo Sobrinho, o “Cicillo”, que decidiu que “o

melhor presente para a cidade seria um novo espaço de lazer”.

A comissão elaborou um programa de prioridades para o parque. O

grandioso projeto arquitetônico foi de Oscar Niemeyer. Compunha-se de

oito pavilhões, três lagos, ruas, gramados e jardins idealizados pelo paisa-

gista Roberto Burle Marx. De todo o conjunto, apenas três obras previstas não foram

edificadas: um portal na entrada, um restaurante e o teatro.

O Parque do Ibirapuera, que tem uma área total de 1.584.000 metros quadrados,

foi inaugurado no dia 21 de agosto de 1954, 208 dias após a data da comemoração do IV

Centenário (25 de janeiro). Na entrada do parque, vê-se o Monumento das Bandeiras, do

escultor Victor Brecheret, feito com 240 blocos de granito com cerca de 50 toneladas

cada um, que levou mais de 20 anos para ficar pronto. Representa uma expedição

bandeirante, símbolo da expansão paulista.

Um dos pavilhões, o Pavilhão Ciccillo Matarazzo, foi erguido para abrigar as Bienais

de Arte de São Paulo a partir de 1957. As bienais, que divulgam obras de artistas nacionais

e estrangeiros, permitindo um amplo intercâmbio cultural, já faziam parte do calendário da

cidade: a primeira foi inaugurada em 20 de outubro de 1951, no Trianon, comandada por

Lourival Gomes Machado e Sérgio Milliet. Foram então expostas 1.854 obras, representan-

do 23 países. A 2ª Bienal foi realizada nas comemorações do IV Centenário, no Pavilhão das

Nações, sob o comando de Ciccillo Matarazzo. Este even-

to reuniu obras dos mais importantes artistas moder-

nos, dentre os quais Picasso, que expôs 51 telas de todas

as suas fases, inclusive Guernica. No conjunto, eram 24

mil metros quadrados de exposição com a representa-

ção de 33 países e 3.374 obras. Até 2003, foram realiza-

das 25 bienais com a participação de 148 países, 10.660

artistas e cerca de 56.932 obras.

O complexo do Ibirapuera foi um marco na arquitetu-

ra moderna. Segundo Lemos, “a partir daquele momen-

to houve a aceitação definitiva da arquitetura moderna

no país. As pessoas se referiam a ela como ‘Estilo Bienal’.

Depois da criação do Ibirapuera, nenhuma outra obra

pública ignorou o moderno na arquitetura”.

Texto extraído do site: <http://www.aprenda450anos.com.br>

Para as comemorações foram previstas: exposições de arte,obras históricas, publicação de livros e mapas, apresentaçõesde teatro e balé, monumentos artísticos e construções.

Um exemplo das construções comemorativas do IV Cente-nário da cidade é o Parque Ibirapuera.

Cartaz comemorativo doCartaz comemorativo doCartaz comemorativo doCartaz comemorativo doCartaz comemorativo doIV Centenário da cidade deIV Centenário da cidade deIV Centenário da cidade deIV Centenário da cidade deIV Centenário da cidade deSão Paulo – 1954São Paulo – 1954São Paulo – 1954São Paulo – 1954São Paulo – 1954.Extraído do site: <http://ww2.hpg.ig.com.br/publici-dade/publicidade_popup_body.php3?username=30anosdehistoria&cat=2402>.

Parque do Ibirapuera – vis-Parque do Ibirapuera – vis-Parque do Ibirapuera – vis-Parque do Ibirapuera – vis-Parque do Ibirapuera – vis-ta aéreata aéreata aéreata aéreata aérea. Álbum São Paulo.São Paulo: Governo do Es-tado; SPALA Ed., s.d., p. 14.

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Atividades:1. Releia os textos acima com atenção. Faça um resumo de cada um deles.

Uma coleção com pe-Uma coleção com pe-Uma coleção com pe-Uma coleção com pe-Uma coleção com pe-ças do ças do ças do ças do ças do IV CentenárioIV CentenárioIV CentenárioIV CentenárioIV Centenário

A antiquária Stela de MouraAzevedo reuniu cerca de 150peças sobre a data.

Livros, xícaras, pratos, bonecas,roupas, jóias, bijuterias e ban-dejas, entre outras curiosidades.Mais do que comemorativas, aspeças produzidas para o IVCentenário da cidade, em 1954,podem proporcionar uma via-gem no tempo.

Principalmente aos cinqüentõese sessentões, que aproveitampara revisitar sua infância e ado-lescência na coleção da anti-quária Stela de Moura Azevedo,exposta na vitrine de sua loja, aAzul Cobalto, na Avenida FariaLima. Impressiona a variedadee o grande número de itens pro-duzidos. Somente ela tem entre150 e 200.

Mas Stela logo avisa: nada estáà venda. “Foi minha época. Ain-da lembro da chuva de prata”,conta. Na ocasião, foram lança-dos sobre a cidade milhares depequenos triângulos metali-zados com símbolos da festa.Muitos colecionaram e troca-ram as flâmulas com colegas,como se faz com as figurinhas.“Os 450 anos devem ser umagrande festa também. Só achoque está meio em cima da hora”.Segundo ela, os preparativospara as comemorações de 1954começaram em 1948. “Tinha atéescritórios no exterior”.

A coleção de Stela foi expostano Masp, em 1985. “Era para sernos 30 anos do IV Centenário,mas faltou espaço na agenda”,diz Stela, que foi bolsista dePietro Maria Bardi num curso demuseologia e morou seis anosem Paris.

CamisaCamisaCamisaCamisaCamisa – Uma peça pessoal deuinício à coleção: a camisa de te-cido estampado com imagensdo IV Centenário e escritas emfrancês, português e inglês: o

2. Pergunte a seus parentes mais velhos o que eles lembram da cidade.

3. O que chamou sua atenção no texto acima?

4. Você conhece algum dos espaços descritos? Quais deles?

5. Qual é o seu espaço predileto na cidade? Explique a razão.

Para saber maisLeia os livrosMACHADO, Alcântara. Brás, Bexiga e Barra Funda. São Paulo: Imprensa

Oficial, s.d.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T.A.Queiroz, 1979.

ANDRADE, Jorge de. A moratória. (peça teatral).

______. Os ossos do barão. (peça teatral).

Veja os filmes“Caiçara” – Adolfo Celli; “Simão, o Caolho” – Alberto Cavalcanti; “Sai da

frente” – Abílio Pereira de Almeida; “Nadando em dinheiro” – Carlos Thiré eAbílio.

Page 56: Históriafiles.vestibulink.webnode.com.br/200000018-60b5f61aff/Apostila... · Entretanto, já tinha recebido as levas de imigrantes que vieram trabalhar nas primeiras indústrias

Pacaembu, o Monumento àsBandeiras de Victor Brecheret eo prédio do Banespa. “Tinhaquatro anos quando ganhei aroupa. A minha era verde e asdos meus irmãos, roxa e azul.”

Havia também um broche co-memorativo que recebeu doavô e costumava freqüentar suacaixinha de jóias, quando mo-rava na Rua Rússia, no JardimEuropa. “Nunca vou esquecer daida ao novíssimo Parque doIbirapuera, inaugurado em 54.”O arquiteto Oscar Niemeyer pro-jetou tanto o parque quanto osímbolo dos 400 anos.

A estampa também está numafita acetinada que enfeita a bar-ra do vestido longo da mini bo-neca que tem uma sombrinhaantiga e está na cúpula de umminúsculo abajur. “Algumas pe-ças eu ganhei, outras comprei.”

“Muitos antiquários estranha-vam meu interesse pela data,quando materiais referentes aeventos como a Revolução de32 sempre tiveram mais valorno mercado. Mas é uma paixão.”

As louças quase sempre trazemo brasão da cidade impresso,com muito dourado, ou o sím-bolo do IV Centenário. Um dosmais bonitos é o que tem naborda listras brancas e pretas,sem contar um da Rosenthal.Destaque para os brincos deouro que, segundo Stela, perten-ceram a Leonor Mendes de Bar-ros, mulher do ex-governadorAdhemar de Barros. Na parte co-lada à orelha, há o brasão e opingente é a espiral comemora-tiva. Há ainda pulseira, jogos decinzeiros e canecas. “O efeitopode ser meio kitsch em algunscasos, mas são peças muito curi-osas”, admite Stela. (M.F.)

Fonte: <http://www.estadao.

com.br/450/reportagens2.htm>

Pesquise nos siteshttp://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/historia/

http://www.prodam.sp.gov.br/dph/historia/

http://www.wvp.hpg.ig.com.br/Hbd3.html

http://www.sampa.art.br/SAOPAULO/municipal.htm

http://www.aprenda450anos.com.br/450anos/vila_metropole/

http://www.historiadaarte.com.br/

http://www.estadao.com.br/450/reportagens2.htm

Informações sobre a cidadehttp://www.dicionarioderuas.com.br

http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/historia/

http://www.prodam.sp.gov.br/dph/historia/

Sobre as autorasKátia Maria AbudDoutora em História Social, é professora de Metodologia do Ensino de Histó-ria na Faculdade de Educação da USP, onde participa do programa de Pós-Graduação em Educação.

Raquel GlezerProfessora titular do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letrase Ciencias Humanas da USP, onde é professora de Teoria da História. É tambémprofessora nos programas de Pós-Graduação em História Social e HistóriaEconômica.