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1 PRIMEIRA PARTE - INTRODUÇÃO A VERDADEIRA HISTÓRIA DA NOSSA FAMÍLIA “JAEGER” Muita gente se pergunta – Donde vieram meus antepassados? Quem foram eles? Tudo isto será posto a limpo neste pequeno trabalho, resultado de muitas coletas feitas em diversos lugares. Hoje podemos informar corretamente de onde e porque nossos antepassados vieram para o Brasil e o que vieram fazer aqui, como viveram e o que fizeram em suas vidas. Inicialmente vamos apresentar a transcrição do original de uma autobiografia escrita pelo nosso antepassado que realizou todas as peripécias de sair de sua Pátria e viajar para um lugar longínquo e estabelecer uma família. É uma autobiografia, um tanto romanceada, escrita no idioma original em alemão, falado na região de Berlim, na Alemanha. No texto original existem termos que são um tanto estranhos comparados à língua falada hoje. Já nos dias atuais se buscou referências locais às regiões citadas nos textos e algumas coisas não existem mais, não sobraram nem os cemitérios após a Segunda Grande Guerra Mundial. Portanto pouco se pode retroceder no tempo para conhecer algo mais sobre a família de Franz Adolph Jaeger. Apenas o que ele mencionou no seu escrito. No escrito ele nem menciona o nome de seu pai e de sua mãe. Fala que eram 13 irmãos e ele era o 7º e durante o texto ele nomeia um de seus irmãos, o mais velho de nome Eduard. Já vi em algum arquivo uma fotocópia do manuscrito original, mas lamentavelmente não achei mais. Apenas possuo um texto datilografado por meu pai e corrigido gramaticalmente por ele. Por outro lado a Irmã Boaventura (Irmã Maria Otília Jaeger) também me mandou um exemplar (em fotocópia) transcrito do original, porém já introduzidos os capítulos, que não existe no original. A tradução que apresento foi feita pela Irmã Boaventura. Demais documentos são de meu falecido pai Ervino Eugênio Jaeger e meus próprios. Algumas anotações entre parêntesis e em colorido são explicações apresentadas por mim. A seguir então, primeiro a árvore genealógica correta conforme a pesquisa mais atualizada.

História da Família Jaeger · (Irmã Maria Otília Jaeger) ... (Vida profissional em ... schickte, wie ich es nämlich so erbeten hatte, da ich dorthin zu reisen, ir Begriffe

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PRIMEIRA PARTE - INTRODUÇÃO

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA NOSSA FAMÍLIA “JAEGER”

Muita gente se pergunta – Donde vieram meus antepassados?

Quem foram eles? Tudo isto será posto a limpo neste pequeno trabalho, resultado de muitas coletas feitas em diversos lugares.

Hoje podemos informar corretamente de onde e porque nossos antepassados vieram para o Brasil e o que vieram fazer aqui, como viveram e o que fizeram em suas vidas.

Inicialmente vamos apresentar a transcrição do original de uma autobiografia escrita pelo nosso antepassado que realizou todas as peripécias de sair de sua Pátria e viajar para um lugar longínquo e estabelecer uma família.

É uma autobiografia, um tanto romanceada, escrita no idioma original em alemão, falado na região de Berlim, na Alemanha. No texto original existem termos que são um tanto estranhos comparados à língua falada hoje.

Já nos dias atuais se buscou referências locais às regiões citadas nos textos e algumas coisas não existem mais, não sobraram nem os cemitérios após a Segunda Grande Guerra Mundial. Portanto pouco se pode retroceder no tempo para conhecer algo mais sobre a família de Franz Adolph Jaeger. Apenas o que ele mencionou no seu escrito. No escrito ele nem menciona o nome de seu pai e de sua mãe. Fala que eram 13 irmãos e ele era o 7º e durante o texto ele nomeia um de seus irmãos, o mais velho de nome Eduard.

Já vi em algum arquivo uma fotocópia do manuscrito original, mas lamentavelmente não achei mais. Apenas possuo um texto datilografado por meu pai e corrigido gramaticalmente por ele. Por outro lado a Irmã Boaventura (Irmã Maria Otília Jaeger) também me mandou um exemplar (em fotocópia) transcrito do original, porém já introduzidos os capítulos, que não existe no original. A tradução que apresento foi feita pela Irmã Boaventura. Demais documentos são de meu falecido pai Ervino Eugênio Jaeger e meus próprios.

Algumas anotações entre parêntesis e em colorido são explicações apresentadas por mim.

A seguir então, primeiro a árvore genealógica correta conforme a pesquisa mais atualizada.

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SEGUNDA PARTE – ÁRVORE GENEALÓGICA

DADOS GENEALÓGICOS DA FAMÍLIA JAEGER

FRIEDRICH JAEGER Residente em Meissen, a cerca de 27 Km. de Dresden, na época

pertencente ao Ducado da Prússia, na Alemanha, perto de Berlim, casado com Augusta. Foi capitão do exercito prussiano na guerra contra a Áustria, onde chegou a se destacar recebendo por seus brilhantes feitos, como presente de condecoração, um relógio de prata, que seu filho Adolph chegou a exibir. Após aposentar-se da carreira militar teria trabalhado em artefatos de arame, profissão esta que legou a seus descendentes. A cidade de Meissen foi totalmente arrasada na 2ª Guerra Mundial, tanto que não se consegue maiores informações sobre a família, a não ser as que foram trazidas oralmente pelos filhos, cujo número, nome são desconhecidos, sabendo-se apenas que eram 13, entre eles o 7º era FRANZ ADOLF FRIEDERICH. Por dizer dos descendentes mais antigos, Adolph teria tido um irmão que emigrou para os Estados Unidos da América, mais precisamente para New York, onde se teria tornado homem muito rico.

FRANZ ADOLPH FRIEDRICH JAEGER Nasceu em Meissen - Saxônia - Alemanha, em 03/01/1826. Emigrou ao

Brasil em 1851. Em 1853 casou-se com Elizabeth Beck. Após falecimento desta, contraiu segundas núpcias com Catharina Elizabeth Schuck, nascida em 22/10/1835 filha de Francisco José Schuck e Susana Luft (filha de Mathias Luft) cf. artigo publicado no Correio do Povo de Porto Alegre em 30/11/74. O matrimônio de Adolf com Catarina se realizou em 10/06/1855 na catedral de Porto Alegre. Em 1859 por ocasião da festa do patrocínio de São José‚ tornou-se católico, até esta data era luterano. Faleceu em 18/04/1902 em conseqüência de hidropsia sendo sepultado no cemitério de Bom Princípio ao lado da segunda esposa com a qual teve os seguintes filhos: Heinrich, JACOB, Maria, Catharina (Irmã Clementina), João Batista e Jorge.

JACOB JAEGER Nasceu em Baixa Feliz - R.S., em 02/11/1857. Em 1881 casou-se com

Anna Reichert. Jacob foi professor na escola pública e mais tarde continuou a profissão que herdou de seu pai de artesão de arame. Faleceu em São Leopoldo R.S. em 30/06/1943 deixando os seguintes filhos: João Luís, Jorge Eugênio, Anna Maria Emerenciana, EDMUNDO HENRIQUE, Maria Clementina (Irmã Petronila, do Sagrado Coração de Maria), Leopoldo, Affonso Miguel, Lydia, José Theodoro e Maria (Irmã Teresinha, carmelita).

EDMUNDO HENRIQUE JAEGER Nasceu em Baixa Feliz - R.S., em 01/08/1887 e faleceu em 01/11/1984.

Em 21/10/1912 contraiu matrimônio com Elizabetha Hansen (nascida a 05/02/1894 e falecida em 17/08/1986 filha de José‚ Hansen e Tecla Acker). Ele era marceneiro de

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móveis esculpidos ou entalhados, de precisão, quando construiu diversos altares para igrejas. Também fazia trabalhos de carpintaria onde se destacou na produção de recortados em madeira para enfeite e preparação de moldes de pintura. Deixaram os seguintes filhos: ERVINO EUGÊNIO, nascido em 24/07/1913, Albano João, nascido em 02/06/1915 e falecido em 10/12/1989, Helmuth Leopoldo (Irmão Mário, Marista), nascido em 25/08/1917, Ottilia Maria (Irmã Boaventura, Congregação Notre Dame), nascida em 15/06/1919, Theonila Lydia, nascida em 03/04/1921, Ivo José, nascido em 30/07/1923, Theresinha Maria, nascida em 28/02/1926 e falecida no dia seguinte, Fridholdo Jacob, nascido em 06/07/1927, Arno Affonso, nascido em 01/05/1929, Harry Wilibaldo, nascido em 03/09/30, Anselmo Aloysio, nascido em 21/05/32 e falecido em 01/07/52, Maria Francisca, nascida em 06/10/1934 e Cláudio Paulino, nascido em 26/06/1937.

ERVINO EUGÊNIO JAEGER Nasceu em São Leopoldo (Padre Eterno), no dia 24/07/1913, e faleceu em

06/09/04. Em 02/03/35, contraiu núpcias com Anna Klein (nascida em 26/07/1910, nascida em Montenegro (Campestre), filha de Pedro Klein e Elisabeth Machry). (Vida profissional em outra página a parte). Tiveram os seguintes filhos: THARCÍSIO JOSÉ, nascido em 22/01/36, Egídio Aloísio, nascido em 16/03/37 e falecido em 24/04/38, Irineu Bruno, nascido em 11/02/38, Therezinha Maria, nascida em 22/04/39 e falecida em 30/11/39, Claudino Inácio, nascido 03/08/38, Libório Luiz, nascido em 20/01/45, Mário Agostinho, nascido em 04/07/47 e Clemente Norberto, nascido em 11/06/50.

THARCÍSIO JOSÉ JAEGER Nasceu em 22/01/36, em Itapiranga - SC. Em 21/02/62 contraiu núpcias

com Osnilda Maria Dolberth, (nascida em 04/06/41, filha de Virgílio Dolberth e Júlia das Neves Weber). (Vida profissional em outra página a parte). Tiveram os seguintes filhos: CARLOS DOLBERTH, nascido em 27/12/66 e Karin Aparecida, nascida em 27/08/74, casada com Marcelo Gentil. Tharcísio reside atualmente em Camboriú - SC.

CARLOS DOLBERTH JAEGER Nasceu em 27/12/66, em Curitibanos - SC. Em 17/08/91 contraiu núpcias

com Andréia Ramos Schmitt, (nascida em 28/11/71, filha de Ivonildo Schmitt e Siria Ramos). (Vida profissional em outra página a parte). Tiveram os seguintes filhos: MARCOS SCHMITT, nascido em 06/08/92, MARCIO SCHMITT, nascido em 26/08/98, MIRIAN SCHMITT, nascida em 01/06/04 e MICHELE SCHMITT, nascida em 09/03/09. Reside atualmente em Cachoeira Paulista - SP.

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TERCEIRA PARTE – O ORIGINAL

A seguir o original em alemão, da Autobiografia de Franz Adolph Friedrich Jaeger, transcrito por Ervino Eugênio Jaeger do original manuscrito:

ERLEBNISSE

von FRANZ ADOLPH FRIEDRICH JAEGER

1 8 2 6 bis 1 9 0 2 (autobiographie)

[SAXONIA – ALEMANHA]

I. Kinderheit und Jugend Am 3ten Januar 1826 erblickte ich in der ehemaligen Bischofsstadt Meissen

das Licht der Welt. Mein Veter, daselbst im Steuerfach angestellt, sorgte, so gut, wie meine liebe Mutter, für guten Schulunterricht und regelmässige Besuchung des protestantischen Gottesdienstes. Mehermals und zuletzt nach Plauen im Voig-tlande als Bezirkssteuereinnehmer versetzt, besuchte ich bis zu meiner Confirmation das dortige Gymnasium; kurz vorher starb meine Mutter. Unter 13 Geschwistern war ich das 7te und sollte die Kaufmannschaft erlernen, da sich aber keine passende Stelle fand, so wählte ich die Nadlerprofission, die auch nebenbei Bandeltreiben und kam zur Erlernung dieses Handwerks nach Altenburg.

Nach Ablauf von vier Jahren, wurde ich Geselle und von Reiselust erfüllt, die Welt zu sehen, zog ich, den Staubmantel mit einem breiten gestickten Gurt befestigt, munter und voll froher Hoffnungen aus dem Vaterhaus in die Fremde. In Neustadt, einem kleinen Städtchen fand ich Arbeit, doch war der Ort sehr unbedeutend, deshalb ich weiterzog und in Weissenfels an der Saale in Arbeit trat.

Nach 16 Wochen hatte der Meister keine Arbeit mehr, deswegen ging ich nach Halle, wo ich Beschäf-tigung fand, doch, da, es schon Winter war, so hörte auch hier die Arbeit auf. Entschlossen ging ich direct nach Berlin, wo ich eingestellt-wurde und so lange dort blieb, bis mir eine gute Stelle in Altstrehlitz im Mecklenburgischen angeboten wurde.

Später blieb ich einige Zeit in Schwerin, doch im Sommer reiste ich nach Hamburg, wo ich die Verheerungen theiweise noch sah, die zwei Jahre vorher ein grosser Brand angerichtet hatte, jedoch nicht hier, sondern einige Tage später fand ich in Kiel an der Ostsee Arbeit, woselbst ich etwas plattdeutsch erlernte und 11 Wochen dort blieb. Heimweh führte mich wieder von dort in's Vaterhaus, um nach 14 tägigen Aufenthalte, mich in Baiern ein wenig umzusehen, wobei ich Erlangen, Kulmbach und Bamberg sah und zuletzt in Regensburg einen Monat blieb. Von dort nach Nürenberg meine Schritte lenkend, näherte ich mich der Stadt Koburg, woselbst ich in Geselschaft eines Führmanns, den Tornister auf dem Wagen Schleiz zog.

II. Militärleben Auf der Reise dahin fiel es mir ein, dass ich mich in 6 Monaten zur

Rekrutenaushebung stellen müsse und da ich von Jugend aus Freude am Militärleben

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hatte, so entschloss ich mich, mit Bewilligung meines Vaters, als Freiwilliger bei der Fussartillerie einzutreten; deshalb bat ich von Schleiz aus brieflich um dessen Erlaubnis, Welche er mir auch baldigst schriftlich nach Meissen zu meiner Tante schickte, wie ich es nämlich so erbeten hatte, da ich dorthin zu reisen, ir Begriffe stand. Sie war auch schon pr. Post angekommen und so meldete ich mich andren Tages in Dresden beim Regimentskomandanten der Artillerie und wurde der 9ten Compagnie einverleibt; selbigen Abend noch besuchte ich meinen ältesten Bruder Eduard, der zu Ganzlist im Finanzministerium war, in Uniform mit blankgeputztem Seitengewehr, aber leider ohne Schnurrbart. Des andern Jahres avancirte ich zum Bombardier (Oberkanonier) und als 1849 Deutschland Hülfstruppen nach Holstein sandte, stellte auch mein Vaterland 6 Tausend Mann an Reiterei, Artillerie und Infanterie. Unser Regiment gab eine 6 und eine 12 Pfünder Batterie und obwohl meine Compagnie nicht mit in's Feld zog, so wurde ich doch auf mein Ersuchen zur mobilen 12 pfünder Batterie versetzt und wurde sogleich mit noch einem Bombardier und einem Feuerwerfer derselben per Eisenbahn vorausgeschickt, und in Berlin, Hamburg und Rendsburg als Fourierschütz oder Quartiermacher die Quartierbillette zu besorgen. Von letztgenannter Festung Rendsburg marschierten wir dann durch Holstein nach Schleswig. Im Sundewitt bezogen wir im Pfarrdorfe Satrunp Quartiere, bis wir eines Nachts durch reitende Ordenanzen der Befehl enhielten, in aller Stille gegen Düppel aufzubrechen und halbe Stunde vorher im Dorfe Rackebühl, auf weitere Befeh1e zu warten.

Kaum graute der Morgen, als wir schon dumpfe Kanonenschläge und Gewehrsalven hörten und wir zweifelten nicht, dass etwas Wichtigen, nämlich die Erstürmung der düppler Schanzen im Werke sei und in grosser Spannun erwarteten wir die Order zum Vorrücken, die auch nicht lange auf sich warten liess, denn schon kam ein Adjutant daher gesprengt mit dem Rufe: "Beide Batterien avanciren " ... Jedoch jede Batterie durfte nur ein Kugel und ein Granatwagen der Explosion wegen mit ins Feuer nehmen. Ich, als Komandant des ersten Kugelwagens hatte die Ehre, an diesem Gefechte theil zu nehmen, ebenso mein Freund, Bombardier Israel, der den ersten Granatwagen befenligte und in Eile stürmten beide Batterien mit dem Pulverwagen den etwas aufsteigenden Fahrweg nach Düppel hinan. Wir beide liefen läng's des Strassengrabens dicht hinter einander, als wir seitwärts von Alsen her die lte Kanonenkugel auf uns kommen sahen, die aber ihre volle Kraft schon verloren hatte und endlich liegen blieb; wir lachten. - Aber 3 bis 400 Schritte weiter aufwärts verging uns das Lachen, denn plötzlich wurden wir beide zu Boden gestürzt, die Käppi vom Kopfe gerissen und ganz mit Erdschollen überschtüttet. Unsere Führsoldaten hielten uns für todt, denn sie glaubten uns schwerverwundet von einer 24 Pfündigen Kugel getroffen, dies vor meinen linken Fuss, von der Festung Sonderbar kommend, den ersten Aufschlag machte und dann zwischen den Wagen weiter flog; wir richteten uns schnell auf, reinigten uns und sahen, dass wir unverwundet waren und nur der Luftdruck uns zu Boden geworfen hatte. Gott dankend, eilten wir im raschen Laufe unsern Wagen nach und ganz erschöpft vom Rennen liessen wir uns förmlich durch sie uns auf´s Schlachtfeld schleppen; es war der 13te April 1849.

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Während wir auf freiem Felde, nur wenig gedeckt mit 16 Feldgeschützen nach der Festung Sonderburg auf Alsen schossen, hatten wir 54 schwere Festungs- und Schiffsgeschütze gegen uns und war es ein grosses Glück, dass die feindlichen Kugeln im Anfang uns nicht erreichten, dann aber über uns hinweg sausten, aber zuletzt das Ziel erreichten, so dass wir, beide Batterien, einige Todte und mehrere Verwundete, auch gegen 7 bis 10 blesirte Pferde hatten, Eine grosse Bombe kam von einem Kanonenboote auf uns zugeflogen, als wir noch uns gegenseitig beschossen, und mit Spannung beobachtete ich ihren Lauf, aber als sie über meinem Kopfe schon hinweg war, explodirte sie erst glücklicher Weise, so dass die Eisenstücke wohl in das hinter uns liegende Kleefeld einschlugen, uns aber nicht mehr schadeten.

Eine kleine Stunde dauerte der Kampf, als der Befehl zum Zurückgehen gegeben wurde, jedoch durften wir nicht auf demselben Wege zurückgehen, auf dem wir gekommen waren, weil wir dem feindlichen Feuer von Alsen her zuviel ausgesetzt gewesen wären. Deshalb gruben unsere Pioniere eine breite Öffnung durch einen mannshohen Erdwall, mit Hecken bewachsen, vergassen aber eine schrägstehende dicke Baumwurzel durchzuhauen, was für die Kanonen wenig zu bedeuten hatte, als aber der Granatwagen in Eile darüber hinwegsetzte, neigte er sich langsam auf die Seite und gegen 20 bis 25 gefahren, stürzte er um. Ich dieses beobachtend, bat ich meine Fahrtrainsoldaten, am Loche angekommen, ganz langsam zu, fahren, um mit Hülfe meines Kanonier den Wagen auf der Seite zu stützen, wo es Noth that. Aber als die feindlichen Kanonenkugeln durch die Hecken flogen, ergriff Panik dieselben und ihre peitschen auf die Bespannung niedersausen lassen, jagten auch sie in Eile über die Wurzel hinweg und mein Wagen fiel auch um. Glücklicherweise kamen 8 Artilleristen, Bedienung der letzten Haubitze, zu uns und vereint mit ihnen und unsern Leuten, richteten wir die Wagen wieder auf.

Jedoch wahrend des Aufhebens schlug ein feindliches Geschoss in den Granatwagen und tödete das Stangenhandpferd, so dass die Stränge mit den Säbeln abgehauen werden mussten. Unser Major, Commandant beider Batterien, kam gerade dazu, als wir unsere Wagen aufrichteten, und hat uns dem Könige von Sachsen namhaft gemacht, dass wir uns durch Tapferkeit ausgezeichnet hätten. Mein Vater schrieb es mir auch, der es in der Zeitung gelesen hatte; und bei meiner Rückkehr in Sachsen, schenkte mir mein Vater eine schöne silberne Uhr, was mich sehr freute.

Einige Monate trat Ruhe ein, da kam Befehl für uns und unsere Infanterie, es war im Juli, in Eilmärschen nach Handersleben zu marschieren, um der Besatzung der Festung Fridericia zu Hülfe zu kommen, die durch einen geplanten Überfall dänischer Kriegsschiffe hart bedrängt war. Elf Stunden, ohne Trinkwasser, in Staubwolken eingehült, marschierten wir bis gegen Abend, wo wir Nachtquartiere fanden und fast vor Durst nichts essen, sondern nur trinken konnten. Bei der Infanterie starben auf dem Marsche 5 Soldaten an Bluterstickung. Anderen morgens kam Gegenbefehl und so marschierten wir wieder in unsere alten Quartiere, bis eines Tages im Herbste der Waffenstillstand proclamiert wurde.

In unserm Vaterlande Sachsen war während unserer Abwesenheit eine schreckliche Revolution ausgebrochen; die Aufrührer hatten in Dresden 120 Barrikaden errichtet, die viele Menschenleben forderte, darunter auch unser Oberst

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Homilius und nur durch Zuziehung von 15000 preussischen Soldaten konnte dieselbe erstickt werden. Heimwärts, da wir zu Fusse marschierten, brauchten wir 6 volle Wochen, bis wir in Dresden und andern Orten die Garnison wieder einnahmen und unsere gewöhnlichen Beschäftigung, als Wachen, als Wachen beziehen, exerzieren u.s.w.

III. Wieder auf Wanderung Kurz darauf wurde ich zum Steuerexecutor ernannt, um saumselige

Steuerzahler an ihre Pflichten zu mahnen, doch hatte ich seit einiger Zeit die Lust am Soldatenleben verloren und durch Bemühung meines Schwagers, Superintendent von Beyer in Plauen, der auf der Universität ein intimer Freund mit unserm Regimentsarzt Dr. Anschütz gewesen war, erlangte ich die Entlassung als Halbinvalid aus der sächsischen Armee.

Ich zog wieder, den Ranzen auf dem Rücken, in die weite Welt und fand in Jena auf längere Zeit Arbeit, dann pilgert ich durch das schöne Thüringen, die Städte Erfurt, Eisenach, in letzter Stadt die Wartburg ersteigend, auf der Luther die Bibel Übersetzte, es auch mit dem Teufel tun gehabt hatte, wovon heut noch der, mehr als hundert tausendmal erneuerte Tintenflex Zeugniss geben soll. Von der heiligen Elisabeth, die auf dieser Feste so segensreich, so herrliche Tugenden, auch mehrere Wunder gewirkt hatte, sagte mir niemand etwas davon.

Und dann und wann benützte ich die Eisenbahn, die in diesem hugeligen Lande oft durch Tunnel fährt, ging von Gotha nach dem schönen Kassel, auf dessen Schloss Wilhelmshöhe Napoleon der III längere Zeit gefangen sass. Von hier reiste ich uber Hildesheim, Hannover wieder nach dem lieben Hamburg.

IV. Neue Kämpfe Dort hörte ich dass der Waffenstillstand zwischen Dänemark und Holstein

aufgelöst und bereits eine Schlacht bei Idstätt geschlagen worden sei. So eilte ich mit noch 3 jungen Leuten nach Rendsburg und trat dort, da noch keine Verlustlisten von der Feldartillerie eingesandt waren, in das berühmte IIte Jägerchor als Gefreiter ein, marschierte andern Tages zu meiner Compagnie, kurze Zeit vorher, als das dänische Kriegsschiff Christian VIIIte im Hafen von Erkernvörde in die Luft flog; da wir 4 Stunden davon in Cantonnement lagen, so konnten wir deutlich den furchtbaren Knall hören.

Am 8ten Juni 1850, als unser Chor in Dubestätt lag, und ich mich auf Feldwache befand, sttürmten die Dänen in Masse auf uns ein, und wir gaben aus zwei Schanzen, mehrmals Peletonfeuer auf sie, dann zogen 12 und, sechzig Mann stark, langsam auf unser Chor zurück; kaum mit ihm vereint, bliesen unsere Hornisten: "Zweites Jägerchor, avanciren!". Feurigen Mutes sturtzten wir in geschlossenen Reihen dem Feinde entgegen und unserm plötzlichen Anprall nicht gewachsen, feuerten sie auf uns und ergriffen dann die Flucht und trieben ihn wieder über die Höhen in ihr Lager zurück. Gleich am Anfange des Gefechtes fiel neben mir der Jäger Dade, in's Herz getroffen, todt zu Boden, mich aber beschützte, wie bei Düppel, mein heiliger Schutzengel.

Beinahe hätten wir die Leute des feindlichen Generalstaabs gefangen genommen, die wir im raschen avanciren beinahe überrumpelt hätten, doch wurde ein

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höherer Staabsoffozier und einen unserer Sergeanten schwer verwundet. Später, am 12ten September, machten wir einen Angriff auf das feindliche Lager, trieben sie daraus und steckten die Baracken, die schön aus Stroh gebaut, inwendig aus selbigem Material mit Sophas, Betten, Tischen u.s.w. versehen waren, in Brand und trieben dieselben bis an ihr Hauptquartier.

Dann zogen wir uns aber schnell zurück, denn schon feuerten sie mit Kanonen auf uns, die sie eilig hatten kommen lassen, auch gaben sie uns von der Seite Gewehrschüsse. Nicht lange nachher wurde unser Chor in 2 Batallions umgewandelt, und aus 4 compagnien 8 gemacht und da gab es unter uns ein grosses Avancement, wobei ich zum Oberjäger aufrückte. Als sich unsere Compagnie zum erstenmal zum Antreten versammelte, wurde ich für den andern Tag auf Feldwache kommandiert, als der Hauptmann aber mich mit: Oberjäger rufte, entstand ein allgemeines Gelächter, wusste sich aber gleich zu helfen, indem er laut vor der ganzen Front sagte, wenn ich Oberjäger rufe, so sind sie damit gemeint.

Eines Abends, spät mussten wir antreten und Parole und Feldgeschrei ausgegeben, dann hies es, dass wir um Mitternacht 3 Stunden von uns entfernt, ein Dorf hätten, in dem Dänen im Quartier lagen. Die vordersten Jäger an der Spitze der Compagnie, am Dorfe angelangt, sollten schnell durchlaufen und am andern Ende die Flüchtlinge aufhalten; die im Zentrum hatten die Aufgabe, die vor den Häusern in Pyramiden aufgestellten Gewehre umzuwerfen und die zuletzt ankommenden Jäger sollten das Ende des Dorfes und die Gefangenen überwachen.

Drei Stunden marschierten wir lautlos durch die Stille der Nacht; weder geraucht noch gesprochen durfte werden, auch schien weder Mond noch Sterne. Freiherr von der Tann, der berühmte Freischaarenführer befand sich an der Stätte selbst. Der feindliche Doppelposten musste umgangen oder auf irgend eine Art beseidigt werden, damit wir die Dänen im tiefsten Schlafe überrumpeln konnten. Es war manchem von uns nicht ganz einerlei, weil bei solchen Affairen sich oft im Dunkeln die eigenen Freunde ermorden können, da ging es plötzlich durch die Reihen: "Stillstehen"! Wir horchten, und es schien, als wenn wir dem Dorfe ganz nahe wären, da hörten wir durch die Nacht eine Stimme auf dänisch 3 mal ertönen: Wer da! Und nach kurzer Pause 2 Schüsse hintereinander, oben im Dorfe aber ertönten die Alarmsignale. Der Überfall wurde durch 2 Wachsame, muthige Posten vereitelt. Wir machten kehrt und langten müde, schlaftrunken und ärgerlich wieder gegen Morgen an.

V. Waffenstillstand Der Winter stellte sich langsam ein und unsere Vorpostenkette befand sich oft

im tiefen Schnee. Es war nichts Angenehmes mehr bei dieser Kälte zu erwarten und wir waren alle froh, als die Nachricht kam, dass der Waffenstillstand abgeschlossen, die holsteinische Armee aufgelöst und die Frenden entlassen würden und dass Oestreicher und Preussen Schleswig Holstein mit Truppen besetzen kämen, was auch im Januar 1851 geschah. Wir Nichtholsteiner erhielten unsern Abschied und in Altona angekommen, der gemeine Soldat eine Gratifikation von 10 Thaler, während die Unteroffiziere das Doppelte, nähmlich 20 Thaler; als ich aber mein Geld auf der Strasse nachzählte, fand ich dass man mir 21 gegeben hatte, was ich auch ohne

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Gewissensbisse ruhig behalten konnte, weil ich dem Wohle dieses Landes ein grösseres Opfer gebracht hätte, wenn es Gottes Wille gewesen wäre, nämlich mein Leben. Noch heute, nach 50 Jahren, denke ich mit Freuden an die Zeit, welche ich in diesem Lande zugebracht habe; wo man mir mit grosser Freundlichkeit entgegen kam und alle den gemüthlichen Sachsen gern hatten, der auch seinerseits nur ein Ziel im Auge hatte, nämlich diesem Lande die Unabhängigkeit zu erkämpfen.

VI. Planlos mit Wanderstab In drei Tagen erreichte ich mit der Eisenbahn über Magdeburg und Leipzig

meine Heimat Plauen im Voigtlande. Jedoch nach einem kurzen Auenthalte verliessich wieder das Vaterhaus und fand in Dresden bei einer braven Familie auf mein Gewerbe dauernde Arbeit und als ich bereits 3 Monate in diesem Hause war, ging man mit dem Plane um, mich mit einer Nichte der Frau Meisterin, welche etwas Vermögen besass, aber zur Zeit in der Stadt Treuenbritzen wohnte, zu verheirathen. Zu diesem Zwecke sollte sie zu Pfingsten auf Besuch kommen und um uns besser einander kennen zu lernen, sollte in Begleitung ihrer Tante und mir eine 8 tägige Reisetour in die sachsische Schweiz veranstaltet werden. Da ich das Herumziehen als wandernder Handwerksbursch längst satt hatte, so theilte ich meinem Vater die ganze Angelegenheit mit und bat um einen Zuschuss von 400 Thalern, damit ich in Dresden Bürger und Meister werden könnte.

Die Antwort liess nicht lange auf sich warten, aber mit dem Bescheid, dass er mir erst in 2 Jahren diesen Wunsch erfüllen könne, weil er erst seine letzten Schulden bezahlen wolle, die er gemacht hatte, als er zum Bezirkssteuereinnehmer 1839 in Plauen befördert wurde, welches ihm aber die Pflicht auflegte, der Regierung eine Kaution von 3000 Thalern zu stellen, weil er Kassenbeamter wurde.

Entäuscht, meinem scheinbaren Glücke so fern zu stehen, wollte ich auch nicht länger in Dresden bleiben, sondern ergriff den Wanderstab planlos von Neuem, bis ich nach 3 Wochen zum 7ten male Hamburg betrat. Ich hatte nur Reisekleider und etwas Wäsche bei mir; al1es andere schickte ich heim, um es später nachschicken zu lassen, wenn ich Arbeit gefunden hätte; aber der Mensch denkt und Gott lenkt.

VII. Seereise nach Brasilien Der Herr hatte andere Absichten mit mir, indem er meine Schritte hierher

nach Brasilien lenkte, denn kaum in Hamburg angekommen und mich im Gasthause, der Stadt Bremen, meiner Herberge, niedergelassen, ein Glas Wein vor mir, betraten 3 junge Leute das Lokal und unterhielten sich nicht weit von mir ziemlich laut, so dass ich auf einmal deutlich die Worte vernahm: "Sie nehmen nur noch Artilerie an!" Bescheidend mich nährend, bat ich um Aufschluss obiger Worte und da vernahm ich, dass schon längere Zeit ein brasilianisches Werbebüreau hier errichtet sei, um 2.000 Soldaten für den Krieg Brasilien gegen Argentinien anzuwerben. Die Infanterie war schon eingeschifft und wenn 4 Compagnien Artillerie vollzählich wären, nebst einigen Pionieren, so würden auch diese die Reise antreten. Die Dienstzeit solle 4 Jahre wären und nachher jeder, der in Brasilien bleiben wolle, 22.500 Brassen gutes Pflanzland erhalten, oder aber freie Rückreise nach Europa und 80 Milreis Gratifikation bekommen solle.

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Da jeder in Hamburg 50 Thaler Handgeld erhielt, so liess ich mich noch selbigen Tag als Artillerieunteroffizier annehmen und bezog das Militärquartier.

Neue, frohe Hoffnungen belebten mich, über-haupt, als nach einigen Tagen unsere Zahl voll war und das Schiff "Heinrich", ein Dreimaster, aufnahm und am 13ten Juni 1851, am Feste des hl. Antonius von Padua, der Nortsee zusteuerte. Adieu Deutschland! Adieu Europa!

Auf unserem Schiffe befanden sich auch Herr Carlos Jansen, sowie Carl von Koseritz, auch Herr Leutnant Carl Gaerther.

An Kuxhafen vorüber, durchzogen wir bei guter Prise die Nortsee, passierten bei gutem Wetter den englischen Kanal und Europa entschwand nun unsern Blicken, bis auf hoher See die Insel Madeira sichtbar wurde, die wir aber links liegen liessen. Viele bekamen die Seekrankheit längere oder kürzere Zeit, aber an mir, der ich immer mich auf dem Verdeck aufhielte, erreichte sie weiter nichts, als dass ich 2 mal erbrechen musste, jedoch nach 10 Minuten war ich wieder gesund.

Die Soldaten vertrieben sich die Zeit theils mit Kartenspiel, einige erzählten, andere sangen oder lesen oder betrachteten den Lauf des Schiffes. Eines Tages harpunierte unser erster Steuermann einen gewaltigen Delphin, dessen Fleisch aber fast ungeniessbar war; sein Leib hatte die Dicke eines Pferdes.

VIII. Aufstand im Schiffe Bereits hatten wir die Mittellinie, den Aequator, passiert und näherten uns, bei

starkem Geschwinde, sehr langsam der Kuste Brasiliens, als uns auf dem Schiffe eine Gefahr drohte, die der böse Feind heraufbeschwor und vielen das Leben kosten konnte.

Wie man sich leicht denken kann, waren unter uns nicht alle geschulte und gediente, pflichttreue Soldaten, sondern such einige heissblütige politische Flüchtlinge, die wahrscheinlich in Ungarn, Baden oder Sachsen, auch in Berlin der Regierung mit der Waffe in der Hand gegenüber gestanden hatten und sich in Deutschland nicht mehr sicher fühlten, die aber dem Schnapstrinken sehr huldigten und disse hatten, unter Führung eines Rheinländers, namens Kaspar Rübel, in aller Stille den Plan gefasst, sich nachts des Schiffes zu bemächtigen, den Kapitain, sowie Herrn Hauptmann Brinkmann und unsern Herrn Leutnant Karl Gaertner, sowie alle, die sich ihren Absichten entgegen setzen würden, uber Bord zu werfen und das Schiff nach Argentinien zu steuern, um unter dem Diktador Rosas gegen Brasilien zu kämpfen. Aber Gottes Auge wachte damit der teuflische Plan misslang, denn in ihrer grenzenlosen Begierde nach geistigen Geträken hatten sie nachmittags im untern Raum des Schiffes einen Lattenverschlag entdeckt, worin der Schiffskapitain seinen Vorrath an Wein und Bier, ebenso andern Bedürfnissen, als Kaffe, Zucker u.s.w. aufbewahrte.

Wie Tiger fielen sie, nach Beseitigung einiger Latten, darüber her und so fingen sie zu saufen und zu zechen an, bis die Gemüter ganz erhitzt waren. Mit einem scharfen Schiffsbeil in der Hand, halb trunken, stürzte Kaspar Rübel mit seinen Mitverschworenen die Treppe herauf, auf Hauptmann Brinkmann ein, den der Lärm aus der Kajüte gelockt hatte, um ihm den Kopf zu spalten. Aber ebenso flink griff ich

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und Korporal Georg Giessler ihm in die Arme und verhinderten das Attentat; er wurde überwältigt, vorläufig gefesselt und in's Sichere, nämlich in Gewahrsam gebracht und noch selbigen Tages durch das Kriegsgericht zum Tode durch die Kugel verurteilt.

Die übrigen Verschworenen zogen sich, als der Putsch missglückt war, zurück und entgingen der Strafe. Auch waren wir selbst froh, dass wir gegen diese Verführten keine Gerechtigkeit zu walten brauchten. Nachträglich musste ich bemerken dass sich auf unserm Schiffe vier Soldaten befanden, wovon der erste - Frühling, der 2te - Sommer, der 3te - Herbst und der 4te - Winter hiess, die sich mit einander sehr gut vertrugen.

IX. Landung in Rio de Janeiro Langsam näherten wir uns Brasilien und endlich, nach einer Seereise von 9

Wochen, langten wir im Hafen von Rio de Janeiro am 24ten August an. Bei unserer Ankunft bat uns Herr Hauptmann Brinkmann, dem verurteilten Kaspar Rübel die Todesstrafe zu schenken, womit wir auch alle einverstanden waren. Drei Monate garnisonierten wir in Rio, und zwar in der Fortaleza Praia Vermelha, am Fusse des Zuckerhutes gelegen. Und als wir Besitz vom Quartel nahmen, wimmelte es nur so von Flöhen, doch durch ununterbrochenes Spritzen mit kaltem Wasser verschwanden sie ganz und entzogen uns ihre fernere Aufmerksamkeit.

X. Sturm auf dem Meere – Rettung des Schiffes Endlich bestiegen wir Ende November einen Kriegsdampfer, um nach Rio

Grande gebracht zu werden; doch sollten wir soleicht und mit heiler Haut nicht hinkommen. Als wir schon den Leuchturm von São José do Rio Grande do Norte in Sicht hatten, brauste ein fürchterlicher Sturm uns entgegen, der uns wieder in's offene Meer schleuderte. Turmhoch gingen die Wogen, welche alles vom Verdeck wegschwemmten, als Schaafe und Truthüner, Kisten und Körbe, und das Schiff viel Wasser schöpfte. Alles fluchtete in die Schiffsräume und in die Kajüten, wo das eingedrungene Wasser schon seinen Fuss hoch stand.

Ich hatte das kalte Fieber, sowie die Wasserpocken und befand mich noch auf dem Versteck am warmen Schornstein und hielt mich da fest. Da kletterte ein Artillerist, namens Kuhlmann auf den Räderkasten, um seinen Tornister zu bergen, als eine grosse Welle ihn über Bord in's Meer riss; es war unmöglich ihn zu retten. Jetzt wurde es mir doch ein wenig zu unheimlich auf dem Verdeake und stieg hinunter in die Kajüte.

Kurze Zeit darauf stürste ein Marineoffizier mit dem Schreckensrufe die Treppe herunter: "Wir sind alle verloren (Nous sommes tudes perdu!) in Folge dessen eine Dame in Ohnmacht fiel.

Das Schiff wurde nähmlich durch das Zerschmettern des Steuerrades steuerlos dem Wogenanprall Preis gegeben, weil eine Welle das Boot des Kapitäns losgerissen und auf das Steuerrad geworfen hatte. Mit 8 Seilen wurde ein Versuch gemacht, das Steuer zu lenken, welches auch vollkommen gelang, indem je 2 Soldaten nach den 4 Himmelsrichtungen mit 2 Stricken, die am zerbrochenen Steuerrade befestigt wurden, angestellt und auf das Commando des Steuermannes diejenigen anziehen mussten, deren Richtung er laut angab; aller halben Stunden wurden sie durch andere 8 Soldaten abgelöst. Da das Schiff ziemlich geschöpft hatte, so gingen

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andere 8 Mann aller halben Stunden an die Schiffspumpen und durch grosse Anstrengungen der deutschen Soldaten wurde das Schiff dem unausbleiblichen Untergange gerettet, was auch später in allen brasilianischen Blättern rühmlichst anerkannt wurde. Mit knapper Not liefen wir wieder in den Hafen von Desterro ein, woselbst der Kriegsdampfer repariert und erst nach 8 Tagen seine Reise nach Rio Grande fortsetzen konnte.

XI. Im Militärshopital in Desterro Da ich noch krank war, blieb ich mit noch 5 Kameraden im Militärhospital

zurück, wo wir ausge-zeichnet verpflegt und behandelt wurden. Nach Verlauf von 8 Tagen durfte ich, nachdem der Arzt sich entfernt hatte, spazierengehen und die betreffende Schildwache vor dem Hospital, ein Nationalgardist, hielt mich für einen Hauptmann, der goldenen Tressen wegen an beiden Armaufschlägen, und präsentierte das Gewehr, vor mir. Damals kannte ich noch keine 12 brasilianische Wörter, musste sie daher in ihrem Irrthum belassen. Zu einem Landmann, einem Drechsler aus meiner Vaterstadt wendete ich jedesmal meine Schritte, mit dem ich mich einige Stunden unterhielt, aber erst nach 6 Wochen, als wir 6 wieder hergestellt waren, konnten wir weiter reisen.

XII. Aufenhalt in Rio Grande Unsere Batterien, namlich die 3te und 4te lagen noch in Rio Grande in

Garnison, während die erste und zweite mit unsrer Infanterie, sowie der brasilianischen Armee sich auf dem Marsche nach Argentinien befand.

Wir bezogen die Wachen, putzten die Waffen und durchstreiften die damals sandigen Strassen und langweilten uns auch manchmal, als eines Tages einer unserer Unteroffiziere, als er hörte, dass ich Dratharbeiter sei, einen Vogelbauer bei mir bestellte, der dann die Ursache wurde, dass ich Bestellungen von Inhabern der Eisenlojen, sowie auch von andem Leuten erhielt und genöthigt war, um Urlaub beim Höchstkommandierenden zu bitten, wass ich auch gern erhielt. Ich miethete mir demzufolge ein Zimmer bei einem deutschen Tischler, der meine Vogelkasten anfertigte, hielt mir einen Verkäufer in der Person eines Kanoniers, der den Spitznamen hatte: "Kieler Oberjäger", der meine Arbeiten nicht allein in den Strassen und Häusern, sondern auch auf den Schiffen gut verkaufte.

XIII. Nach dem Kriege – Zukunft in Porto Alegre Als endlich der Krieg durch Besiegung Rosa's zu Ende ging und die Truppen

heimkehrten, wobei die Infanterie unter dem Comando des Majors Fegestein nach Rio Pardo in Garnison zu liegen kam, erhielten schon diejenigen die es wünschten, ihren Abschied. Bei uns Artilleristen hatte zwar diese Vergünstigung noch keine Berücksichtigung gefunden, jedoch gingen viele, vorzüglich Handwerker einfach fort, was von der brasilianischen Regierung auch stillschweigend geduldet wurde, weil diese nämlich auf jede Gratifikation verzichteten.

Ich befand mich in Rio Grande immer auf Urlaub und verdiente ziemlich viel Geld. Als unsere Batterie nach São Gabriel verlegt wurde, blieben wenigstens die Hälfte von uns und auch ich, in Porto Alegre zurück. Zwei Monate arbeitete ich auf Hamburger Berg als Knecht, dann zog ich wieder nach Porto Alegre, betrieb mein Geschäft mit gutem Fortgang, heirathete 1853 ein braves deutsches Mäddchen,

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Namens Elisabeth Beck, die mich herzlich liebte, leider aber ein Jahr darauf im Kindbett starb. 1855 heirathete ich dann meine jetzige Frau, Katharina Schuck, die mich jedenfalls überleben wird, da sie 10 Jahre junger ist als ich und mit der ich 1905 fünfzig Jahre verheirathet sein werde.

Als die asiatische Cholera nach Porto Alegre und São Leopoldo kam, flüchteten sich viele Familien nach Hamburger Berg und dem Urwald, wir aber hielten stand, besuchten Kranke, zuletzt half ich noch einen, an der Pest verstorbenen deutschen Caxeiro nach dem Hospital (Santa Casa) tragen, aber andern Tages legte ich mich auch hin. dem sicheren Tode schon nahe, erhielt ich durch eine Verwandte, deren Mann auch an der Cholera darniederlag, besonders erprobt als ausgezeichnete Heilmittel und wurde daraufhin von Stunde zu Stunde besser, konnte nach einigen Tagen konte ich das Bett verlassen und nach 4 Wochen auch wieder arbeiten.

Täglich starben in jenen Tagen, als ich krank war, gegen 160 Personen. Im Anfange wurden die Leichen noch eingesegnet und die Todenglocken geläutet, aber wie schnell unterblieb dies, denn die Todten zuletzt auf dem Kirchhofe unbeerdigt liegen blieben. So dass Ende Januar 1856 1800 Leichen dort der Bestattung harrten. Da bat der damalige edle Staatspräsident Sinimbú die deutschen Pioniere, die noch in einem alten Quartier der Entlassung harrten, dass sie für hohen Sold ein Zeltlager beim Kirchhofe beziehen möchten, um die Todten zu begraben. (auf dem Kirchhof von Porto Alegre). Cachaça wurde ihnen so viel gespendet, wie sie nur wollten und nach einigen Tagen lagen die Leichen in zwei langen Gräben gebettet und mit Kalk zugeschüttet. In Zeit von 7 bis 8 Wochen verlor allein die Stadt Porto Alegre 5.000 Bewohner; auch in São Leopoldo forderte diese Geisel viele Opfer.

XIV. Zeitlicher Umzug nach Feliz Hamburgerberg beherbergte damals viele von der Cholera geflüchtete

Familien. In dieser langen Zeit wehte in der Stadt Porto Alegre kein Lüftchen, sondern eine wahre Grabesstille lag über ihr.

Die Geschäftshäuser waren geschlossen und nur ein deutscher Bäcker, namens August Nitschke buck Brod.

Gott fügte es, dass ein Onkel meiner Frau uns um Ostern besuchte, der in der Pikade Feliz ein Geschäftshaus besass und uns schliesslich beredete, dahin zu ziehen. Nach der Geburt meines ältesten Sohnes, zogen wir gleich nach Pfingsten 1856 dahin in den Urwald. Die Bewohner dieser Pikade waren grossten theils von der Mosel, dem Hunsrück, von Tholei und Thölei und bei Trier und Sankt Wendel wohnhaft gewesen und zeigten sich alle glaubenstreue, und fromme Katholiken, was mich Protestanten oft imponierte, denn ich glaubte damals leider noch, dass wir die Gescheidesten wären. Aber nach und nach, mit besonders guten und auch gebildeten katholischen Familien näher bekannt, erkannte ich gar bald, dass ich auf dem Irrwege mich befand. Wenn ein katholischer Missionär durch die Pikade ging oder ritt, so grüsste man ihn erfurchtsvoll mit dem herrlichen Grusse: "Gelobt sey Jesus Christus" und die freundliche Antwort konnte nicht anders lauten, als: "in Ewigkeit Amen"!, was auch früher, als der berühmte protestantische Dichter Klopstock auf seiner Reise durch Schwaben erlebte, zugeben musste.

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Ritt ich manchmal abends etwas nach "Ave Maria" durch die Schneiss, so konnte man in allen katholischen Häusern die frommen Abend- und Tischgebethe hören, was mich sehr rührte, während in protestantischen Familien alles still blieb.

Beinahe 3 Jahre befand ich mich in der Feliz, pflanzte Milho, Bohnen und Korn auf ziemlich mageres Land, da wurde ich von einem, meiner früheren Kunden eingeladen, ihm eine grosse Partie Dratharbeiten zu machen. Frohen Herzens, die Familie zurücklassend, reiste ich nach Porto Alegre und quartierte mich bei einem alten Bekannten namens Carl N., ein Brummer. Er war zwar katholisch, praktizierte seine Religion aber nicht, sondern war mit ganz liberalen Ideen angehaucht. Einige Tage vor meiner Ankunft war ich etwas leidend, konnte dieserhalb nicht arbeiten, hätte aber gerne eine Lektüre von ihm geliehen, aber leider besass er keine dergleichen, sondern nur eine Broschüre, die ihm in Bremen ein Ordensmann schenkte, als er in Begriffe war, sich auf's Auswanderungsschiff zu begeben. Dieses Heftchen bewies, dass die heilige, katholische Religion die allein seligmachende sei.

Gib' nur her, sagte ich, ich wi11 es lesen, trotzdem ich Protestant bin. Bis zum Abende hatte ich es 3 mal mit Bedacht durchgelesen und als ich es ihm wieder gab, war mein Entschluss gefasst, katholisch zu werden, das heisst: "In den Schoos meiner guten Mutter, der heiligen katholischen Kirche zurückzukehren", von der mich Luther in meinen Vorfahren im 16ten Jahrhunderte losgerissen hatte. Zwar legte der böse Feind meinem Vorhaben anfangs Schwierigkeiten in den Weg, aber mit Gottes gnädigen Beistande überwand ich sie und legte endlich 1859 am Schutzfeste des heiligen Joseph in der Kapelle zum heiligen Ignatius in der Feliz das katholische Glaubensbekenntnis in die Hände des würdigen Paters Michael Kellner ab und empfing auch am nämlichen Tage die heiligen Sacramente.

XV.Endgültiger Wohnsitz in Porto Alegre Ich will nicht von den vielen Gunstbezeugungen erwähnen, die der Herr mich

nach diesem Schritte verkosten liess; nichts von der Freude und dem innern Frieden, den meine Seele genoss; ich kann nur sagen, dass ich in mir das Bewustsein hatte, dass Gottes Gnade mit mir war, dass er mich als sein Kind angenommen hatte.

Nach einigen Jahren eröffnete ich in meinem eigenen Hause eine Schule, da die nächste 2 Stunden entfernt war und suchte so einem schreienden Bedürfniss abzuhelfen, freilich konnte man mit dem monatlichem Schulgeld von 500 Reis nicht bestehen, doch hielt ich einige Jahre aus.

Im Jahre 1867 aber zog ich mit meiner Frau und 6 Kindern wieder nach Porto Alegre, woselbst ich mein gutes Auskommen fand. Meine zwei Töchter besuchten die Klosterschule der Marienschwestern und meine Söhne eine katholische Schule, bis alle 6, später, ein´s nach dem andern, in der dortigen Normalschule, um das Lehrfach gründlich zu studieren und auf diese Art nach bestandenem Examen eine Staatsanstellung zu erhalten, welches Ziel sie auch erlangt haben, bis auf die jüngste Tochter, die nach glänzend bestandenem Examen, anstat einen Lehrstuhl zu requerieren, der Welt gänzlich entsagte und im Kloster der Schwestern zum hl. Unbefleckten Herzen Marieens den Schleier nahm. Sie ist bereits Oberin in Lajeado und Directorin der Schule, welche unter dem Schutze der heiligen Anna gestellt und

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stark besucht wird und arbeitet mit 8 Schwestern an der Erziehung und Unterichte der Kinder segensreich.

Am Schlusse muss ich noch erwähnen, dass ich im Jahre 1884, den 17ten September, am Feste der 5 Wundmahle des hl. Franziskus von Asissi als Bruder in den IIten Orden der Busse aufgenommen worden bin und heute demselben bereits 16 Jahre angehöre.

PS. – Gestorben am 18ten April 1902.

QUARTA PARTE – A TRADUÇÃO

A seguir a tradução do texto:

VIVÊNCIAS de FRANZ ADOLPH JAEGER I. Infância e Juventude

No dia 3 de janeiro de 1826, na então Cidade Episcopal de Meissen, eu vi a luz do mundo. Meu pai, funcionário público na mesma cidade, e minha mãe zelaram por uma boa escola e a pontual freqüência do culto religioso protestante dos filhos. Meu pai, como coletor de impostos, foi transferido várias vezes e pela última vez para Plauen no Vogtlande. Lá eu freqüentei o Ginásio até a minha confirmação. Pouco tempo antes faleceu a minha mãe. Entre 13 Irmãos, eu era o 7º. Fui designado para estudar comércio. Mas não encontando um bom emprego escolhi a profissão de Nadlerarbeit (trabalhos com arame) e ao lado disso, decidi tornar-me viajante. Com isso cheguei a conhecer Altenberg. Decorridos 4 anos de aprendiz formei-me na profissão e sempre mais me entusiasmei por viajar para conhecer o mundo. Alegre e cheio de esperança, de guarda pó preso com um largo cinto bordado, parti da casa paterna como forasteiro. Em Neustadt - pequena cidade, encontrei trabalho. Mas era um lugar insignificante. Por isso, continuei o caminho e em Weissenfels no Saale consegui um emprego.

Depois de 16 semanas, o mestre não tinha mais trabalho. Assim terminou também a ocupação. Decidido fui então a Berlim. Lá encontrei um emprego e fiquei até que foi oferecido um bom lugar de trabalho em Alstrehlitz no Mecklenburg. Mais tarde, estabeleci-me, por algum tempo, em Schwerin. Contudo no verão fui a Hamburgo, onde vi ainda em parte a destruição provocada dois anos antes por um grande incêndio. Aqui não encontrei trabalho e sim, alguns dias mais tarde, em Kiel, no Ostsee. Lá fiquei 11 semanas e aprendi um pouco do dialeto “Plattdeutch”.

As saudades me levaram daqui novamente para a casa paterna. Depois de 2 semanas fui procurar Baiern, onde vi Erlangen, Kulmbach e Bamberg, quando fiquei finalmente um mês em Regensburg. Daí fui a Nürenberg e cheguei perto da cidade Koburg, onde em companhia de um condutor, coloquei a mochila sobre a carruagem, dirigi-me a Schleiz.

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II. Vida militar Nesta viagem, eu me lembrei que dentro de seis meses devia apresentar-

me como recruta. Visto que desde a juventude gostava do serviço militar, decidi, com o consentimento de meu pai, entrar como voluntário na Artilharia. Este consentimento eu já havia pedido por correspondência em Schleitz. O pai deu a resposta por carta que mandou a minha tia em Meissen conforme pedido meu, porque eu ia viajar para lá. Realmente, chegando em Meissen, já encontrei esta carta. Assim me apresentei no dia seguinte em Dresden ao Comandante de Regimento de Artilharia. Fui incorporado à 9ª Bateria. Ainda na mesma noite, visitei meu irmão mais velho, Eduard, que era funcionário no Ministério de Finanças (hoje em dia seria Ministério da Fazenda). Eu estava em uniforme com espingarda polida ao lado, mas infelizmente sem bigode.

No ano seguinte fui promovido a comandante bombardeiro. Quando, em 1849, a Alemanha enviou tropas a Holstein, a minha Província também mandou 6 mil homens em Cavalaria, Artilharia e Infantaria. O nosso Regimento cedeu uma de 6 e uma de 12 “Pfünder” Bateria. Apesar de a minha Companhia não entrar em campo de batalha, eu fui, a pedido meu, transferido para Bateria móvel 12 “Pfünder” e logo enviado, por trem, à frente, com mais um bombardeiro e um bombeiro para Berlim, Hamburgo e Rendsberg, como Fourierschütz ou ajudante do 1º oficial da cavalaria, providenciar os bilhetes de alojamento em quartel. Da última mencionada fortaleza Rendsberg marchamos então por Holstein a Schleswig. Em Sundewitt ocupamos na Aldeia Paroquial Satrupp alojamentos, até que uma noite recebemos ordem de avançar silenciosos contra Düppel e de esperar meia hora antes por novas ordens na Aldeia de Rackebühl. De madrugada, já ouvíamos os canhões e disparos de tiros. Não duvidamos que se tratava da tomada dos redutos de Düppel.

Em grande tensão aguardávamos a ordem de avançar, que veio logo, quando um cavaleiro ajudante chegou com o grito: 'Os dois Batalhões, avançar!' Contudo, cada Batalhão podia levar para dentro do fogo apenas um carro de balas e outro de granadas devido ao perigo de explosão. Eu, como comandante de Bombardeiro, tive a honra de participar desta luta, bem como o meu amigo, Artilheiro Israel, que comandava o primeiro carro de granada.

Os dois Batalhões avançavam as pressas com os carros de pólvora subindo em direção a Düppel. Nós dois corríamos ao longo na trincheira um perto do outro, quando ouvimos do lado de Alsen o primeiro tiro de canhão vindo contra nós, mas já perdera a sua força antes de nos atingir. Nós rimos. - Contudo, trezentos a quatrocentos passos adiante perdemos a vontade de rir, porque, de repente, nós dois fomos lançados ao chão, os bonés arrancados da cabeça e cobertos de terra. Os nossos soldados carroceiros julgavam que nós dois tivéssemos morrido, pois pensavam que tivéssemos sido gravemente feridos por uma bala de canhão de 12 quilos, que vinda da Fortaleza de Sonderburg, caiu ao lado de meu pé esquerdo voando depois adiante por entre os nossos carros de guerra. Nos levantamos as pressas, limpamo-nos e vimos que não estávamos feridos. Apenas a pressão do ar nos havia jogado por terra. Agradecendo a Deus, corremos as pressas atrás de nossos carros e, totalmente esgotados, deixamo-nos arrastar por eles para o campo de batalha. Era o dia 13 de abril de 1849.

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Enquanto nós, protegidos apenas por 16 artilheiros, atirávamos contra a Fortaleza de Sonderberg em direção a Alsen tínhamos 54 pesados canhoneiros da Fortaleza e do Mar contra nós. Foi uma sorte muito grande que no início, os tiros de canhão não nos atingiam e sibilavam por cima de nos. Contudo, no fim alcançaram a meta, e tínhamos em cada Bateria alguns mortos e vários feridos, como também 7 a 10 cavalos. Uma grande bomba veio voando contra nós de um barco canhoneiro durante a batalha. Enquanto eu observava muito tenso para onde iria parar, ela voou por cima de minha cabeça e felizmente explodiu somente depois, assim que os estilhaços de ferro certamente pararam nas lavouras, não mais nos prejudicando.

O combate durou uma hora, quando veio ordem de recuar. Mas não podíamos voltar pelo mesmo caminho, porque estaríamos demais expostos ao fogo inimigo de Alsen. Por isso, nossos pioneiros abriram um largo túnel da altura de um homem de terra coberta de vegetação silvestre. Infelizmente esqueceram de cortar uma grossa raiz inclinada o que pouco significava para o carro de canhão. Mas, quando o carro de granadas voou apressado por cima da mesma, inclinou-se lentamente e tombou. Observando isso, eu pedi aos soldados condutores treinados que dirigissem devagar para com meu carro de canhão podermos juntos apoiar de lado o carro tombado. Mas, quando as balas dos canhões começaram a sibilar pela vegetação, os condutores entraram em pânico e as chicotadas voavam sobre os cavalos. Eles galoparam por cima da raiz. E então a minha condução também capotou. Felizmente vieram 8 artilheiros, serviço de último socorro junto com os nossos, levantamos novamente os carros caídos. Porém, durante esta manobra, um tiroteio inimigo atingiu o carro de granadas, matando o cavalo de apoio. O nosso Major, Comandante dos dois Batalhões, chegou quando estávamos levantando os carros e informou do ocorrido ao Rei da Saxônia, dizendo que nós nos tínhamos distinguido por valentia. Também meu pai me escreveu isso. Ele o tinha lido no jornal. Mais tarde, de volta a Saxônia, o pai me presenteou com um lindo relógio de prata. Isso me alegrou muito.

Houve uma trégua por alguns meses, quando depois em julho veio ordem para nós e a nossa Infantaria, marcharmos às pressas a Hadersleben, para socorrer a guarnição e Fortaleza Fridericia, que estava em grande perigo, por um planejado ataque de navios de guerra dinamarqueses. Nós marchamos 11 horas, sem água e cobertos por nuvens de pó, até que pela noite encontramos pernoite num Quartel. Estávamos com tanta sede que quase não conseguimos mais comer; só podíamos beber. Durante aquela marcha, morreram da Infantaria 5 soldados de hemorragia. Na manhã seguinte, veio contra-ordem e novamente marchamos retornando aos antigos alojamentos, até que no outono, um dia foi proclamado armistício.

Durante a nossa ausência, rebentara na Saxônia uma terrível insurreição. Em Dresden, os revolucionários construíram, 120 barricadas, que exigiram o sacrifício de muitas vidas, entre elas também do nosso Major Homilius. Somente com a vinda de 15.000 soldados da Prússia, conseguiu-se abafar a revolta. Na volta para casa, marchamos a pé, levando seis semanas até alcançar Dresden e outros lugares. Voltamos às guarnições, assumindo as ocupações costumeiras como guarda, treinamento, etc. Pouco tempo depois, fui nomeado executor de impostos, lembrando aos pagadores omissos o seu compromisso.

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III. Novamente a caminho Desde algum tempo, eu perdera a vontade na vida de soldado e, graças a

meu cunhado, Superintendente Beyer em Plauen, que na Universidade fora amigo íntimo do médico de nosso Regimento Dr. Anschütz, obtive, como semi-inválido, a demissão do exército da Saxônia. Assim de novo, com a mochila nas costas, marchei mundo afora, encontrando por mais tempo trabalho em Jena. Depois peregrinei pela linda Thüringen, as cidades de Erturt e Eisenach. Na última, subi o castelo de Wartburg, onde Lutero traduziu a Bíblia e também teve que lutar com o demônio de que, ainda hoje, a mancha de tinta deve servir de testemunha. De santa Elisabeth, que vivera neste Castelo onde foi ativa para a bênção de muitos e operou vários milagres, ninguém me falou. De vez em quando, eu viajava de trem, que nesta região montanhosa passa por muitos túneis, ia de Gotha para o lindo Kassel, em cujo castelo Wilhelmshöhe, Napoleon III esteve por mais tempo como prisioneiro. Daqui viajei por Hildesheim, Hannover e de novo para a querida Hamburgo.

IV. Novos combates Em Hamburgo eu soube que, depois de um combate em Idstädt, foi

dissolvido o armistício entre Dänemark e Holstein. Por isso, apressei-me com mais três jovens, para Rendsburg e lá ingressei no famoso "IIº Jägerchor" como cabo, visto que as listas das baixas sofridas na guerra ainda não haviam sido enviadas. No dia seguinte, marchei para a minha Companhia pouco antes que o navio de guerra dinamarquês Christian VIII explodiu no porto de Erkernvörde. Em Cantonnement, a 4 horas de distância do porto, podíamos ouvir o terrível estrondo.

No dia 8 de janeiro de 1850, quando o nosso Chor estava em Dubestätt, e eu estava de guarda do campo, os dinamarqueses nos assaltaram em massa. De dois redutos, nós abrimos fogo contra eles. Depois voltamos para o nosso Chor. Apenas estávamos de volta, quando ecoou o som das cornetas e a ordem: "IIº Jägerchor, avançar!" Corajosos, em fileiras fechadas avançamos ao encontro do inimigo. Não estando eles prevenidos contra tal assalto, atiraram contra nós e puseram-se em fuga, voltando pelos montes a seu acampamento. No início da luta, a meu lado, o Jäger Dade caiu morto atingido no coração. Meu anjo da guarda porém me protegeu, como já havia acontecido em Düppel.

Quase teríamos aprisionado o pessoal do Estado Maior surpreendendo-os com o nosso rápido avançar. Contudo, um Oficial de nosso Estado Maior foi gravemente ferido. Mais tarde, no dia 12 de setembro, nós assaltamos o Acampamento inimigo, expulsamo-los e incendiamos as barracas que eram construídas de palha e tendo dentro sofás, camas, mesas, etc. Perseguimo-los até o acampamento central. Depois disso, nós nos retiramos às pressas, pois já vinham os tiros de canhão, que eles haviam mandado vir depressa, do lado davam também tiros de espingarda.

Pouco tempo depois, o nosso Chor foi dividido em 2 Batalhões, e de 4 Companhias foram feitas 8. Então deu-se entre nós um grande avanço e eu também fui promovido a "Oberjäger". Quando a nossa Companhia se reuniu pela primeira vez para apresentação, eu fui comandado como guarda de campo para o dia seguinte. Contudo quando o capitão me chamou de "Oberjäger", houve uma gargalhada geral. O

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capitão soube servir-se da situação, dizendo logo em alta voz diante de toda a Front, se eu chamo "Oberjäger" é o senhor e apontou para mim.

Uma noite, já era tarde, devíamos apresentar-nos aos gritos de combate. Então ouvimos a ordem de marchar à aldeia 3 horas distante na qual dinamarqueses estavam num acampamento. Os primeiros "Jäger" do batalhão, ao chegar à aldeia, deviam atravessá-la em corrida e no fim da mesma impedir os fugitivos de sair; os do centro do batalhão, tinham a missão de derrubar as espingardas colocadas em forma de pirâmide em frente das casas; e os soldados chegados por último, deviam vigiar o fim da aldeia e os prisioneiros. Marchamos três horas pelo silêncio da noite. Não era permitido fumar e nem falar. Também não havia lua, nem estrelas, Freiherr von der Iann, famoso Führer do Corpo de Voluntários, encontrava-se na frente. O duplo posto de vigilância inimigo devia ser desviado ou de qualquer maneira afastado, para poder surpreender os dinamarqueses no sono profundo. Para muitos de nós a manobra não era indiferente, porque em tais empreendimentos no escuro, muitas vezes os próprios amigos se podem matar. Então de repente passou pelas filas: "Parar!". Ficamos à escuta. Parecia que estávamos bem perto da aldeia. Mas já ouvimos ecoar três vezes pela noite em dinamarquês: Quem está ai? Depois de pequeno intervalo, dois tiros seguidos e do alto da aldeia ecoaram os sinais de alarme. O assalto malogrou por dois vigilantes e valentes guardas. Nós voltamos e pela manhã chegamos cansados, sonolentos e aborrecidos.

V. Armistício Aos poucos começava o inverno e os nossos do Front encontravam-se

muitas vezes na neve profunda. Pouco de agradável podia-se esperar ainda neste frio. Por isso, todos estávamos felizes quando veio a notícia que fora declarado o armistício, que o exército seria dissolvido e as tropas despedidas, que as tropas da Áustria e Prússia viriam ocupar Schleswig Holstein, o que aconteceu em 1851. Nós, como 'Nichtholsteiner' fomos despedidos. Chegados em Altona, como simples soldados recebemos 10 Thalern, enquanto os Sub-Oficiais receberam o dobro, a saber, 20 Thaler. Já na rua, quando contei o meu dinheiro, encontrei 21 Thalern, com que podia ficar sem remorsos, porque para o bem desta Província eu teria feito um sacrifício ainda maior, se isso fosse a vontade de Deus, quer dizer, dado a minha vida. Ainda hoje, depois de 50 anos, lembro com alegria o tempo que passei naquela terra, onde se vinha, com grande cordialidade, a meu encontro e todos gostavam do jovial saxônio, que tinha apenas uma meta em vista, a saber, conquistar a independência desta Província, a Saxônia.

VI. Sem rumo de novo com bordão de peregrino Em três dias alcancei de trem, passando por Magdeburg e Leipzig, a

minha terra natal Plauen im Voigtlande. Mas, depois de curta estadia, deixei novamente a casa paterna. Encontrei, em Dresden, numa boa família trabalho fixo no meu ofício. Depois de estar três meses nesta casa, concebeu-se a idéia de fazer-me casar com uma sobrinha da Senhora Mestra, jovem que tinha alguma posse, mas morava então na cidade de Freuenbritzen. Tendo isto em vista, ela viria de visita em Pentecostes para chegarmos a nos conhecer melhor. Seria organizado, em companhia de sua tia e a minha, uma viagem de turismo de oito dias para a Suiça saxônica.

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Visto que já há tempo eu estava cansado da vida ambulante como jovem trabalhador, comuniquei toda a questão a meu pai e pedi 400 Thalern, para poder cumprir as formalidades de tornar-me cidadão e mestre em Dresden. Recebi logo a resposta, mas com a informação que ele poderia satisfazer o meu pedido apenas dentro de dois anos, porque primeiro queria pagar as últimas dividas que fizera quando fora promovido a coletor de impostos em Plauen, em 1839, o que lhe impôs o compromisso de uma caução de 3.000 Tharern porque se tomara funcionário público.

Decepcionado de estar aparentemente tão longe de minha sonhada felicidade, não quis permanecer mais tempo em Dresden. Tomei novamente o meu bordão de viagem sem rumo e direção, até que, depois de três semanas, entrei novamente em Hamburgo. Eu estava somente com os trajes de viagem e alguma roupa comigo. O restante enviei para casa, para mais tarde, depois de encontrar emprego, mandá-lo buscar. Contudo "o homem pensa e Deus conduz!" (Traduzido: Der Mensch denkt und Gott Lenkt).

VII. Viagem Marítima para o Brasil O Senhor tinha outros planos comigo, conduzindo os meus passos para

cá, no Brasil. Apenas chegado em Hamburg e instalado na hospedaria da cidade de Bremen, tendo um copo de vinho à minha frente, entraram tres jovens e se entretinham em voz alta perto onde me encontrava. De repente ouvi claramente as palavras: 'Eles aceitam ainda somente artilheiros'? Aproximei-me modestamente e pedi por esclarecimento destas palavras. Soube então que desde mais tempo ali fora aberto uma agência de publicidade brasileira procurando angariar 2.000 soldados para a guerra do Brasil contra a Argentina. A Infantaria já estava a bordo do navio e quando 4 Compagnien estivessem completas, além de alguns pioneiros, então iria iniciar a viagem. O tempo de serviço teria a duração de 4 anos. Depois deste tempo, todos que quisessem permanecer no Brasil, receberiam 22.500 Brassen (medida) de terra boa de cultivo, ou viagem livre de retorno para a Europa e 80 Milreis.

Visto que todos receberam 50 Thalern de penhor, ainda no mesmo dia eu me inscrevi como Sub-Oficial de Artilharia, ocupando o quartel militar. Novas e alegres esperanças me animaram; principalmente, quando alguns dias depois, o nosso número estava completo e o navio "Heinrich", um trimastro, nos recebeu. No dia 13 de junho de 1851, na festa de Santo Antônio de Pádua, o navio partia em direção ao mar Norte. Adeus, Alemanha! Adeus, Europa!

No navio encontravam-se também o senhor Carlos Jansen, bem como Carl von Koseritz e também o senhor Tenente Carl Gaertner.

Passando por Kuxhafen, navegamos com bom vento pelo mar Norte, atravessamos com bom tempo o canal inglês, e a Europa desapareceu aos nossos olhos até que, em alto mar, se via a ilha Madeira, mas que deixamos à esquerda. Muitos de nós fomos atacados do mal do mar por mais ou menos tempo. A mim ele não pegou a não ser que vomitei duas vezes, isso porque eu parava sempre no convés. Depois de dez minutos já estava bem de novo. Os soldados passavam o tempo em parte jogando cartas, alguns contavam histórias, outros cantavam ou liam ou observavam o curso do navio. Um dia, o timoneiro arpoou um grande delfim. Seu corpo era do tamanho de um cavalo, mas a sua carne era quase intragável.

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VIII. Insurreição no navio Já tínhamos passado da linha do Equador e nos aproximávamos aos

poucos, com vento forte, ao litoral do Brasil, quando nos vimos ameaçados de um grande perigo, vindo do maligno e que poderia custar a vida de muitos.

Como se sabe, nem todos eram soldados instruídos, que já tivessem servido e fossem leais cumpridores do dever. No meio havia alguns fugitivos políticos e fanáticos, que provavelmente em Ungarn, Baden ou Sachsen, também em Berlin, com a arma na mão se haviam levantado contra o Governo e não mais se sentiam seguros na Alemanha. Contudo, eles prestavam culto à cachaça. Sob o comando de um cidadão do Reno, de nome Kaspar Rübel, planejaram secretamente de se apoderar do navio durante a noite, de jogar o Capitão, como também o Tenente Brinkmann, o nosso Sub-Tenente Karl Gaertner e todos que se opusessem a seus intentos no mar, e levar o navio para a Argentina onde iriam lutar sob o Ditador Rosas contra o Brasil. Mas o olho de Deus vigiou e o piano diabólico malogrou, pois no seu irresistível desejo de bebida alcoólica, eles descobriram de tarde no porão do navio, o lugar onde o capitão guardava a reserva de vinho e cerveja, bem como outras provisões como café, açúcar, etc.

Depois de terem removido algumas ripas, ele caíram sobre isso. Assim começaram a beber e beber, até que todos estavam alterados. Com um machado afiado na mão, meio embriagado, Kaspar Rübel precipitou-se com seus comparsas escada acima em direção ao Capitão Brinkmann, que saiu de seu camarote atraído pelo barulho. Kaspar já queria partir-lhe a cabeça. Mas com a mesma rapidez eu e Georg Gieseler seguramos seu braço impedindo o atentado. Ele foi subjugado, provisoriamente aprisionado e levado em segurança. Ainda no mesmo dia, o Tribunal de Guerra o condenou à morte peta bala.

Depois que a revolta malogrou, os demais conjurados retiraram-se. Assim não foram condenados. Nós estávamos contentes que não precisávamos fazer valer a justiça contra estes seduzidos. Devo ainda observar que no nosso navio encontravam-se 4 soldados dos quais o primeiro chamava-se Primavera; o segundo; Verão; o terceiro, Outono e o quarto, Inverno, e que os 4 se entendiam muito bem.

IX. Desembarque no Rio de Janeiro Aos poucos, nos aproximamos do Brasil e, finalmente, depois de uma

viagem de 9 semanas, ancoramos no porto de Rio de Janeiro, no dia 21 de agosto. Na chegada, o Capitão Brinkmann pediu que Kaspar Rübel fosse perdoado, retirando ao condenado a pena de morte. Todos estávamos de acordo com isso. A guarníção permaneceu três meses no Rio, na Fortaleza Praia Vermelha, aos pés do Pão de Açúcar. Quando tomamos posse do Quartel, este formigava de pulgas, mas com contínuos esguichos de água fria, elas desapareceram totalmente, privando-nos de sua atenção.

X. Tempestade no Mar Finalmente em fins de novembro, embarcamos num vapor de guerra

para sermos levados a Rio Grande. Mas não iríamos chegar tão facilmente com a pele salva. Pois, quando já avistávamos o farol de São José no Rio Grande, desencadeou uma terrível tempestade que nos lançou de volta ao alto mar. Gigantescas ondas se

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elevaram que arrastavam tudo do convés, como ovelhas e perus, caixas e cestos, e muita água foi entrando no navio, todos se refugiaram para dentro dos recintos do navio e nos camarotes, onde a água já penetrara 30 cm.

Eu estava atacado da febre fria com a varicela e me encontrava ainda no convés perto da chaminé quente. Lá me segurava, quando o artilheiro Kuhlmann subiu sobre a caixa de rodas para salvaguardar a sua mochila e uma grande onda o lançou no mar. Era impossível salvá-lo. Então fiquei com medo no convés e desci para o camarote.

Pouco tempo depois, um oficial da Marinha precipitou-se escada abaixo com o grito assustador em francês: "Nous sommes tutes perdu!" - "Estamos todos perdidos!" Em conseqüência, uma senhora desmaiou.

Aconteceu que com o destroçar da roda do leme, o navio estava entregue às ondas bravias, porque uma onda arrancara o barco do Capitão jogando-o sobre o leme. Tentou-se com 8 cordas presas na roda quebrada dirigir o leme, o que teve pleno sucesso. Dois soldados de vez deviam puxar a sua corda numa das quatro direções dos pontos cardeais, conforme ordem dada em voz alta pelo timoneiro. De hora em hora, os 8 soldados eram revezados. Além disso, o navio se enchera com bastante água. Por isso, de meia em meia hora, outros 8 soldados se revezavam nas bombas do navio. Assim, com grande esforço dos soldados alemães, o navio foi salvo de um fatal naufrágio. Isso foi reconhecido todos os jornais do Brasil. Com dificuldade entramos novamente no porto do Desterro, (hoje Florianópolis). Lá o navio de guerra foi consertado, podendo seguir viagem somente depois de 8 dias.

XI. No Hospital Militar (em Desterro) (antiga Florianópolis) Porque eu ainda estava doente, fiquei para trás com mais 5 soldados,

sendo internado no Hospital Militar. Lá tivemos um tratamento excelente. Oito dias depois, quando o médico se afastara, fui autorizado a passear. O sentinela diante do Hospital, devido aos galões dourados e o uniforme, pensou que eu fosse um capitão, e assim me saudava com continência apresentando a espingarda. Naquele tempo, eu ainda não sabia doze palavras em português. Por isso, devia deixá-lo no seu equívoco. Cada vez eu dirigia os meus passos a um camponês conterrâneo de minha cidade natal, me entretendo com ele. Somente depois de seis semanas nós estávamos restabelecidos, podendo prosseguir viagem.

XII. Paradeiro em Rio Grande Os nossos Batalhões, a saber, o 3° e 4° estavam ainda em Rio Grande,

enquanto o 1° e 2° se encontravam com a Infantaria e o Exército Brasileiro em marcha para a Argentina. Nós montávamos guarda, políamos as armas e percorríamos as ruas então cobertas de areia e, às vezes, nos aborrecíamos. Um dia um de nossos sub-oficiais, quando ficou sabendo que eu trabalhava com arame, logo encomendou uma gaiola de pássaro. Isso teve por conseqüência que eu comecei a ganhar encomendas de lojas de metal, bem como de outras pessoas. Vi-me assim forçado a pedir licença ao Comandante, o que com gosto me concedeu. Em seguida, eu aluguei o quarto de um marceneiro alemão. Ele preparava as caixas de minhas gaiolas. Procurei ainda um vendedor na pessoa de um artilheiro, que tinha o apelido "Kieler Oberjäger" Este vendia os meus trabalhos não só nas ruas e casas, mas também nos navios.

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XIII. Depois da Guerra - Futuro em Porto Alegre Quando, depois da derrota de Rosas, finalmente terminou a guerra, os

destacamentos voltaram. A Infantaria, sob o comando do Major Fegestein, foi designada para fazer acampamento em Rio Pardo e aqueles que o desejavam eram despedidos. Conosco, na Artilharia, o bônus ainda não fora considerado. Contudo, muitos de nós, sobretudo artífices simplesmente se retiravam, o que foi silenciosamente permitido pelo Governo Brasileiro, pois todos estes renunciavam a qualquer gratificação.

Em Rio Grande, eu estivera sempre de licença e ganhava bem. Quando o nosso Batalhão foi transferido para São Gabriel, pelo menos a metade e também eu permanecemos em Porto Alegre. No início, trabalhei por dois meses no 1 Hamburgerberg como empregado. Em seguida, voltei a Porto Alegre e recomecei o meu negócio com bom rendimento. Em 1853, casei com uma jovem boa e honesta de nome Elisabeth Beck, que me amava muito, mas infelizmente já no ano seguinte chegou a falecer no primeiro parto. Em 1855, casei com a minha esposa atual Katharina Schuck, que certamente vai me sobreviver, já que é 10 anos mais jovem e com quem estarei casado 50 anos em 1905.

Quando a cólera asiática rebentou em Porto Alegre e São Leopoldo, muitas famílias se refugiaram ao Hamburgerberg na mata virgem. Nós, contudo permanecemos e visitávamos doentes. No fim, eu ainda ajudei levar ao Hospital da Santa Casa um "caxeiro" falecido da epidemia. Contudo, no dia seguinte, também eu me deitei. Já estava certo de minha morte próxima quando recebi de uma pessoa aparentada, cujo marido também adoecera da cólera, um remédio comprovado como excelente. Assim comecei a melhorar de hora e hora. Depois de alguns dias pude deixar a cama e, depois de quatro semanas, novamente trabalhar.

Naqueles dias quando eu estava doente, morriam todos os dias aproximadamente 160 pessoas. No começo se fazia ainda a encomendação e se ouvia o repique dos sinos. Mas quão depressa isso foi omitido, visto que os falecidos ficavam sem enterro no cemitério, assim que, em fins de janeiro de 1856, 1.800 falecidos aguardavam o sepultamento. Então, o generoso Presidente do País, Sinimbú, pediu aos pioneiros alemães, que ainda aguardavam ser despedidos num velho quartel, que ocupassem, com a promessa de bom pagamento, um acampamento junto ao cemitério para enterrar os defuntos. Foi lhes fornecida cachaça à vontade. Depois de alguns dias, os corpos estavam colocados em duas longas valas, sendo cobertos de cal. Em 7 a 8 semanas, somente a cidade de Porto Alegre perdeu 5.000 moradores, também em São Leopoldo este flagelo exigiu muitas vítimas. O Hamburgerberg acolheu naquele tempo muitas famílias fugitivas da epidemia.. Neste longo tempo, não havia nenhuma aragem sobre a cidade e reinava silêncio sepulcral. As lojas estavam fechadas e somente um padeiro alemão, August Nitschks, fazia pão.

XIV. Mudança temporária para Feliz Deus dispôs que um tio de minha mulher nos visitasse na Páscoa. Ele

possuía uma loja em Feliz e nos convenceu finalmente que nos mudássemos para lá. Depois do nascimento de meu filho mais velho, depois de Pentecostes 1856, mudamos para a mata virgem. A maioria dos moradores desta picada vieram de Xozel, de

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Hunsrück, da Tholei e de perto de Trier e Sankt Mendel. Mostravam-se fieis a fé e fervorosos católicos o que, como protestante, me impressionou muitas vezes, pois naquele tempo ainda acreditava que nós protestantes éramos os mais sensatos. Contudo, aos poucos, conhecendo de perto boas e também famílias católicas cultas, reconheci depressa que eu me encontrava no caminho errado. Quando um missionário católico passava a pé ou a cavalo pela Picada, ele era cumprimentado respeitosamente com a maravilhosa saudação: 'Louvado seja Jesus Cristo!" e a cordial reposta não podia ser diferente senão: "Para sempre seja louvado. Amém!" Isso já antes experimentara e reconhecera o famoso poeta protestante Klopstock na sua viagem por Schwaben.

Quando à tarde, eu fui, às vezes, a pé ou a cavalo pela Schneiss (Picada) pouco depois da Ave Maria (o Anjo do Senhor), ouvia-se em todas as casas católicas as devotas orações da mesa e a oração da noite. Isso me tocava muito, pois em famílias protestantes tudo permanecia silencioso.

Fiquei quase três anos em Feliz. Plantava milho, feijão e cereais em terras magras. Então recebi o convite de um dos antigos fregueses de lhe fornecer um grande trabalho de arame. De coração alegre, deixando a família para trás, viajei a Porto Alegre. Hospedei-me com um antigo conhecido Carl N.N., um resmungão. Ele era católico, mas não praticava, sendo contagiado de idéias liberais. Pouco antes de viajar, eu estava adoentado, não podendo ainda trabalhar. Por isso, teria gostado de emprestar dele alguma leitura. Infelizmente não a possuía. Tinha apenas uma antiga brochura que, em Bremen, recebera de um religioso, quando tinha resolvido de se embarcar no navio de emigração. Este caderninho provava que a religião católica era a única que salva.

Pode me dar, disse eu. Quero ler isso, mesmo sendo protestante. Até a noite, eu havia lido e refletido três vezes a brochura. Quando a devolvi, estava decidido de me tornar católico, quer dizer, "de voltar ao seio de minha mãe, a santa Igreja católica", de que Lutero, no século XVI, havia afastado os meus antepassados. No início, o espírito maligno pôs dificuldades no caminho desta minha decisão, mas com o auxilio misericordioso de Deus, superei-as. E finalmente, em 1859, na festa patronal de São José, fiz nas mãos do digno Padre Michael Kellner a minha profissão de fé. No mesmo dia recebi também os santos sacramentos.

Não quero mencionar as muitas graças e favores que o Senhor me fez provar depois deste passo, nada da alegria e paz interior de que minha alma gozou. Só posso dizer que tive a consciência que a graça de Deus estava comigo e que Ele me acolheu como seu filho.

Depois de alguns anos abri na minha própria casa uma escola, visto que a mais próxima distava duas horas daqui. Procurei assim ajudar a uma necessidade gritante. Naturalmente não se podia sobreviver com a mensalidade de 500 Reis. Contudo o agüentei por alguns anos.

XV. Volta definitiva para Porto Alegre Em 1867, voltei novamente para Porto Alegre com minha esposa e 6

filhos, onde consegui bom rendimento. As minhas duas filhas freqüentaram a Klosterschule (Escola Religiosa) das Irmãs de Maria e meus filhos, uma escola

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católica, até que os 6, um após outro ingressaram na Escola Normal de lá, para se aprofundar no estudos para o Magistério. Desta maneira, depois de aprovação nos exames, todos conseguiram colocação estadual, menos a filha mais nova que, em vez de colocação estadual renunciou ao mundo, recebendo o véu das Irmãs do Coração de Maria. Presentemente ela é a superiora em Lageado e diretora da bem freqüentada Escola confiada à proteção de Santa Anna. Lá ela e mais 8 Irmãs se dedicam ao trabalho abençoado da educação e instrução das crianças. (Veja anexo)

No fim quero ainda mencionar, que no dia 17 de setembro de 1884, na festa das cinco chagas de São Francisco de Assis, entrei como Irmão da 2a Ordem da Penitencia, a que pertenço hoje já 16 anos.

PS. Faleceu no dia 18/04/1902.

Anexo: ( Resumo de um artigo do jornal Zero Hora, publicado a 23 de maio de 2006 – por Felipe Kuhn Braun - Farroupilha.(RS). As famílias descendentes de imigrantes alemães - como no caso dos Jaeger - valorizavam a educação e o ensino como ferramenta indispensável para o crescimento pessoal e social. Imagem especial da família de professores Jaeger: - O pai Franz Adolph Jaeger - Abriu na sua própria casa a primeira escola em Feliz. Seus 6 filhos eram professores: João Batista Jaeger - professor em Lomba Grande (Novo Hamburgo); Jacob Jaeger - professor em São Vendelino, Bom Princípio, Morro Reuter e São Leopoldo; Henrique Jaeger - professor em Ivoti; Jorge Jaeger - Professor em Ivotí e São Leopoldo, músico e desenhista; Maria Jaeger - Professora em Bom Princípio; Anna Catharina Jaeger (Irmã Maria Clementina dos Anjos - Congregação das Irmãs do

Imaculado Coração de Maria) - Diretora em Lageado.

QUINTA PARTE – DADOS PARTICULARES

A seguir um arquivo organizado pelo próprio Ervino (corrigido e completado por Tharcísio José Jaeger).

DATAS E DADOS ERVINO JAEGER

Em 15/12/32 - Conclusão dos estudos na Escola Normal Católica, em

Hamburgo Velho. Em 01/04/33 - Assumiu a primeira escola, sendo a Escola Particular de

São José da Gerisa, na Paróquia de Tapera - RS. Em 02/03/35 - Casou-se com Anna Klein, em Selbach - RS.

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Em 25/03/35 - Mudou-se para Porto Novo, hoje Itapiranga, morando primeiramente em uma casa alugada pela Comunidade. (23 dias após o casamento).

Em 09/1935 - mudou para a casa nova do professor, ainda não bem concluída, na esquina de cima da quadra do cemitério. Depois levou 3 anos para ficar pronta.

Em 22/01/36 - Nasceu o primeiro filho: Tharcísio José. Em 1936 - Também prestou exame para Professor Estadual em

Passos dos Índios, hoje Chapecó (despesas deste exame = 31$200). Houve um curso de preparação em Porto Feliz (Mondai).

Em 01/05/37 - Admissão de sócio da antiga Sociedade Cooperativa, onde também comprou neste ano o relógio de parede Junghans por 260$000, que ainda funciona hoje 100%.

Em 16/03/37 - Ainda nasceu nosso segundo filho: Egídio Aloísio. Em 11/02/38 - Nasceu nosso terceiro filho: Irineu Bruno. Em 27/04/38 - Faleceu o filho Egídio (motivo: desidratação, falta de

médico). Em 22/04/39 - Nasceu a filhinha Teresinha Maria. Em 01/09/39 - Irrompeu a II Guerra Mundial, cujos tristes efeitos

também repercutiram em Itapiranga: perseguição dos descendentes de alemães, fechamento das escolas particulares, proibição do uso do idioma alemão, desapropriações, prisões, A guerra terminou apenas em maio de 1945.

Em 30/11/39 - Faleceu a única filhinha, Teresinha na terna idade de 7 meses. Doença: difteria. Um mês depois foi feita uma viagem a Selbach; despesas: 165$000. Também em 1939 comprou uma colônia de terras na Linha Baú do Sr. Theodor Bücker por 12:000$000 (tudo dinheiro emprestado!).

Em 01/03/40 - Ficou doente (tifo). Passando na cama até maio. Dona Margarida Royer o substituiu nas aulas.

Em 06/1940 - Início da construção da casa de moradia no Morro Baú, toda cercada de mata virgem! No mês de julho já mudou para lá, mesmo que a casa não estivesse bem pronta.

Em 1940 - Já conseguiu pagar 4:000$000 da dívida da colônia. Em 01/09/40 - Pediu sua exoneração de professor, deixando as aulas

definitivamente. Em 1941 - Foi concluída a casa em Baú e foi feito paiol, galpão,

chiqueiro, etc., comprou uma vaca por 400$000. Em 1942 - Comprou uma junta de bois (Amarelo e Osquinho) por

410$000.

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Em 01/03/43 - Começou a trabalhar na antiga Cooperativa (Sociedade Cooperativa de Itapiranga) como contador.

Em 03/08/43 - Nasceu nosso quinto filho: Claudino Inácio. Em 20/01/45 - Nasceu o sexto filho: Libório Luiz. Em 05/08/45 - Foi criada a Sociedade Cooperativa Itapiranga que depois

passou a se chamar Cooperativa Agrícola Mista de Peperi Ltda. onde Ervino exerceu as funções de diretor gerente.

Em 04/07/47 - Nasceu o sétimo filho: Mário Agostinho Em 11/06/50 - Nasceu o oitavo e último filho: Clemente Norberto. Em 11/06/51 - Voltou a morar na cidade de Itapiranga; Casa vizinha

nossa atual, pertence hoje ao Sr. Egon Jung. Lá morou 14 anos.

Em 1954 - Participou da campanha política, quando foi eleito, diplomado em 12/11/54, suplente de vereador, com 88 votos válidos.

Em 23/04/54 - Encerramento das atividades da Cooperativa que passou a ser uma firma comercial individual em nome de Ervino Eugênio Jaeger (Boa Compra) que foi oficialmente registrada em 22/11/55.

Em 02/1960 - Foram comemoradas as Bodas de Prata do casal (25 anos de casamento), em fevereiro porque a maioria dos filhos ainda estavam em escolas fora da cidade e em março não poderiam estar presentes, com festiva participação da comunidade.

Em 24/07/60 - A comunidade de Itapiranga realizou uma festinha de 25 anos de regente do Coral, onde comemorou também sua atuação como organista da Igreja Matriz. Na época era vigário o Pe. Fellipe Kroetz.

Em 27/04/63 - Fundação da Sociedade Rádio Sociedade Itapiranga Ltda., na qual foi um dos sócios fundadores.

Em 23/01/65 - Assumiu a gerência da Rádio Sociedade Itapiranga Ltda. (mais tarde: Rádio Itapiranga Ltda.). A Rádio Itapiranga Ltda. foi vendida em 1987.

Em 27/02/65 - Mudou-se para a nova casa de moradia onde morou até o fim de sua vida.

Em 01/06/79 - Conseguiu sua aposentadoria no então INPS. por tempo de serviço, entretanto continuou a trabalhar na Rádio Itapiranga Ltda.

Em 27/01/85 - Foram comemoradas muito festivamente as Bodas de Ouro do casal, com a presença de toda a comunidade de Itapiranga na Santa Missa, organizada pelas irmãs Paulina (irmã de Anna) e as sobrinhas filhas de Bertha, todas elas irmãs da Congregação de Notre Dame. Compareceram muitos outros parentes de ambos os lados. O almoço

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festivo se realizou nas dependências da Sociedade Imigrantes de Itapiranga, tendo sido convidados mais de 120 pessoas, inclusive o coral de Itapiranga, regido por muito tempo por Ervino.

Em 30/04/86 - Foi vendida a Rádio Itapiranga, por motivos políticos, para a Rede Peperí de Comunicações.

Em 15/01/95 - Foram comemoradas as Bodas de Diamante (60 anos de casados), muito participado pela comunidade, com Missa Solene. Ao meio dia foi realizado um churrasco nas dependências da Sociedade Imigrantes de Itapiranga para aproximadamente 50 convidados (somente da família).

Em 05/1999 - Publicou o livro “A Terra que Sonhei” pela Editora Amstadt de Porto Alegre.

Em 26/02/01 - Faleceu Anna a esposa de Ervino. Em 06/09/04 - Faleceu Ervino Eugênio com a idade de 91 anos, 1 mês e

13 dias.

SEXTA PARTE – A FAMÍLIA KLEIN

A seguir ainda alguns dados biográficos da família de nossa mãe e avó, a família Klein (a familial de nossa mãe):

HISTÓRIA DA NOSSA FAMÍLIA KLEIN

Há muitas famílias Klein. O que segue, refere-se aos antepassados de Anna Klein (Jaeger) esposa de Ervino Eugênio Jaeger. Vamos sintetizar tudo e colocar em uma certa ordem. Esperamos ser útil a parentes ou amigos.

JOÃO ADÃO KLEIN No período compreendido entre os anos de 1824 e 1830, vieram para o Brasil, 10 famílias trazendo o nome Klein. Vieram em caravanas e em datas diferentes, como se pode ler no livro de João Daniel Hillebrand, CODICE DE COLONIZAÇÃO. Este livro é manuscrito e encontra-se no Arquivo Histórico de Porto Alegre. Um desses imigrantes foi Johann Adam Klein, ou João Adão Klein. No livro não consta nenhum laço de parentesco entre ele e as demais famílias Klein daquela época, mas é bem possível que pelo menos alguns eram parentes entre si. A confirmação de parentesco de sucessão é dada pela carta do historiador Dr. Carlos H. Hunsche, datada de 14/12/981, onde diz: “Apesar das 9 famílias Klein (o Códice de Colonização cita 10), que chegaram a São Leopoldo, entre 1824 a 1830, e apesar de existirem 3 Nicolau Klein, fomos felizes quanto aos antepassados de sua mãe (referindo se a Bertha Maria Klein).” A decisão nos deu o próprio Hillebrand a respeito da família de João Adão Klein: “Nicolau, 4 anos, casado

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com Bárbara Scheider em 1850, nasceu a 17/08/825 (Taufschein)”, referindo-se à certidão de batismo. “Por esta observação, conhecemos a data do nascimento de seu tataravô materno (referindo-se ao Pe. Fridolino Strehl), sua filiação e finalmente, sua origem (Prússia: o que significa e será claramente explicado no meu livro, que os imigrantes de 1827/30 de “Prussia” provem do lado esquerdo e, na maioria, católica, do Reno, pertencente desde o Congresso de Viena ao Reino da Prússia).” “Mas, sabemos mais: que vieram com o veleiro ‘Olbers’, de bandeira de Bremen (800 passageiros), quase todos católicos, genearcas das famílias mais conhecidas do Rio Grande do Sul: dos Lorsheiter, dos Scherer, dos Colling, dos Ludwig, dos Wendling, dos Franzen etc. Do Rio de Janeiro o seu pentavô, João Adão Klein, nascido em 1797, viajou no costeiro brasileiro ‘Marquês de Vianna’. Tudo comprovado pelas minhas fontes. ... Os seus Klein levarão o código (1829 v 41/44) no meu próximo livro ‘O Quadriênio 1827/30 da imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul’.” Portanto, sabe-se com certeza que João Adão Klein nasceu em 1797, veio da Prússia, lado esquerdo do Reno, atualmente na Alemanha. Viajou no veleiro ‘Obers’, no qual vieram 800 passageiros, quase todos católicos. E, conforme a chamada ‘Lista de Hillebrand’ do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, de São Leopoldo, e conforme o já citado Códice de Colonização, do mesmo autor, sabe-se também que João Adão Klein chegou a São Leopoldo, numa caravana de 143 pessoas, no dia 10/03/1829, com sua esposa Ana Maria e 2 filhos, Nicolau e Margarida. No livro ‘Estatística da Colonização Alemã’ nº 182 do Arquivo Histórico de Porto Alegre, se revela também que João Adão Klein recebeu uma gleba de terras, na ala esquerda Picada Hortêncio. A área possuía 60 m de frente por 1600 m de frente ao fundo. Ainda conforme dados fornecidos pelo Arquivo Histórico de Porto Alegre e pelo Museu Histórico de São Leopoldo, em 10/03/829 João Adão Klein tinha 32 anos de idade, sua esposa Ana Maria 25 anos, o seu filho Nicolau 4 anos e sua filha Margarida, devia ter alguns dias, ou algumas semanas de vida. Diz-se ainda que João Adão era católico, tecelão e lavrador, natural da Prússia. Consta ainda que em 1851, Margarida ainda era solteira.

NICOLAU KLEN Nasceu em 17/08/825, na Alemanha e tinha 4 anos quando chegou ao Brasil. Pouca coisa mais se sabe além disto. Sabe-se ainda que passou o resto de sua vida no interior do município de São Sebastião do Caí, onde casou-se com Bárbara Schneider no ano de 1850. No cemitério da comunidade católica de Linha Temerária, no interior do município de São Sebastião do Caí, existe o túmulo de Bárbara Schneider. Teve, entre outros, o filho João Klein.

JOÃO KLEIN Nasceu em 1852, em São José do Hortêncio. Casou-se com Ana Warken, que por sua vez, nasceu na Alemanha no ano se 1852 e veio para o Brasil em

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companhia de outra família quando tinha 11 anos de idade. Tiveram os seguintes filhos: Matias, Pedro, Jacob, Matilde, Cristina, Paulina, Nicolau, Fernando e Verônica. Morreu em Linha Temerária em 1924, e sua esposa faleceu em 1912. – Matias casou com Catarina Schmitz, tiveram os seguintes filhos: João, Aloys, José, Estanislau, Fridolino, Rosa e Agnes (Inês). – Pedro, vamos destacar em separado. – Jacob casou-se com Catarina Knob. Moraram em Linha Temerária. Tiveram ao menos 4 filhos: Maria Otilia, Frida (casada com João Arenhardt), Ema Cristina e Leopoldo (casado com Silvina Müller e teve os seguintes filhos: Iria Maria, Luís Nilson, José Inácio e Mara Teresinha). – Matilde casou-se com Felipe Knob. Morou em Caxias do Sul, onde trabalhou na industrialização de móveis (Fábrica INEQUIL) ou Indústria Caxiense de Equipamentos Hospitalares Ltda. – Cristina, casou-se com Nicolau Steffen. Morou em Montenegro. Tiveram apenas uma filha adotiva, Elsa Lang. – Paulina, casou-se com Nicolau Knob. Morou em Poço das Antas e não tiveram filhos. – Nicolau, casou-se com Angelina Staudt. Morou em São João do Oeste - Santa Catarina. Tiveram 5 filhos: Fridolino, Olinda, Rosalina Romilda e Aloísio. – Fernando, casou-se com Maria Puhl. Morou no interior do município de Erechim. Tiveram 6 filhos. – Verônica, casou-se com Carlos Puhl. Não tiveram filhos.

PEDRO KLEIN Pedro Klein, nasceu em 10/10/878, em Linha Temerária. Casou-se no dia 21/10/902, com Elisabeth Machry, nascida em 10/05/879, morando por algum tempo na localidade de Paixão, próximo a Linha Temerária. De Linha Temerária, Pedro Klein e Elizabeth Machry se mudaram sucessivamente para Campestre, no interior de Bom Princípio (antigamente pertencia a Montenegro), Linha São João, Poço das Antas, Barra do Colorado e nos últimos anos de sua vida moraram em Itapiranga - S.C. A maior parte de suas vidas passaram morando na Barra do Colorado, que pertencia naquela época a Passo Fundo e hoje pertence a Tapera, onde trabalharam na lavoura e educaram todos os seus filhos. Elizabeth faleceu no dia 25/08/64 e Pedro no dia 29/05/72, ambos em Itapiranga. Elizabeth Machry nasceu em 10/05/879, filha de João Pedro Machry e Catarina Junges. Ele nasceu num lugar chamado ‘Hunsrück’, na Alemanha e está sepultado no cemitério de Bom Princípio ao lado de sua esposa, nasceu em 1849 e morreu em 1929, e ela nasceu em 1852 e morreu em 1928. João Pedro Machry foi filho de Tiago Machry e Maria Marx. Catarina Junges foi filha de Matias Junges e Bárbara Seidens (ou Leidens). João Pedro Machry e Catarina Junges tiveram 9 filhos: Maria (casada com Filipe Hilgert), Elizabeth, Catarina (casada com João Marx), Pedro (Pitt) (casado com ... Müller), Teresa (casada após a morte de sua irmã Maria com Filipe Hilgert), Amália (casada com Peter Marx), Ana (casada com João Gossler), Rudolf (solteiro, morou e trabalhou muitos anos, juntamente com Pedro Klein, em Itapiranga e onde morreu.) e Edmundo (que também ficou solteiro e morou em Cerro Largo). Pedro Klein e Elizabeth Machry, tiveram 11 filhos e mais uma filha adotiva: Aloísio (nascido em 18/09/903, casado com Cecília Spohr. Residiram sempre em Linha Floresta - Selbach), Berta Maria (nasceu em 29/03/905, casou-se com Beno

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Cristiano Strehl no dia 30/06/926, tiveram 11 filhos: Leopoldo, Fridolino, Henrique, Rosa, Cyria, Libório, Ivoni Lúcia, Teresia, Melânia, Olga e Alfonso Maria.), João Pedro (ou simplesmente João, nasceu em 24/06/906, casado com Sibila Schwade, morreu em Quilombo - S.C. ; tiveram 16 filhos: Carlos, Agnes, Albin, Hilda, Íria, Raimundo, Dionísia, Darcísio, Roque, Maria, Ireneu, Teresinha, Canísio, Regina, Francisco e Alice Paulina.), Ema (nasceu em 01/07/908, faleceu pequena), Anna (nasceu em 26/07/910, casada com Ervino Eugênio Jaeger, a quem referimos em outra página), Frida (nasceu em 22/07/912, faleceu menina), Edmundo (nasceu em 06/08/913, casado com Paulina Kummer, tiveram 14 filhos: Zita Marlene, Élio, Velina Tecla, Alice Dorotéia, Vicente Desitério, Jacinta Inês, Paula Maria, Jorge Luís, Genésio José, Léo Baldoino, Jaime Luciano, Bernadete Maria, Odete e Carlos Roberto), Ervino (nasceu em 05/05/915, casado com Hedy Weber, tiveram 4 filhos: Edith, Teresinha, Otávio Marcos e Mário José, que faleceu pequeno), Teobaldo ou Leopoldo (faleceu pequeno), Paulina (nasceu em 30/10/920, é Irmã religiosa conhecida como Irmã Maria Gaudência), Irene Otília (nasceu em 13/10/922, faleceu pequena) e Maria ou Marichen (nasceu em 31/08/932, adotiva). (A continuação está na página de Ervino Eugênio Jaeger).

SÉTIMA PARTE - A FAMÍLIA ERVINO E ANNA JAEGER

NNA JAEGER, Filha de Pedro Klein e Elisabeth Machry, nasceu a 26 de julho de 1910, em Campestre, município de Montenegro – RS. Por ter nascido no dia de santa Ana, deram-lhe o nome de Anna. Ela venerou sua padroeira durante toda sua vida com muita devoção. Foi batizada na capela Sagrada Família também de Campestre, no dia 14 de agosto de 1910 pelo padre João Hann. Foram padrinhos: Balduino Klein e Theresa Machry. Os pais de Anna e seus irmãos

A

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E

RVINO EUGÊNIO JAEGER, Filho de Edmundo Henrique Jaeger e Elisabetha, nascida Hansen, nasceu a 24 de julho de 1913 em Padre Eterno, então município de São Leopoldo – RS. Foi batizado na capela N. Senhora da Ajuda, também em Padre Eterno, pelo padre José Terhorst, no dia 28 de julho de 1913. Foram padrinhos: Jorge Eugênio Jaeger e Catarina Hansen, nascida Wendling. Padre Eterno pertencia à paróquia de Dois Irmãos que tinha como padroeiro São Miguel Arcanjo. Uns anos depois o padrinho Jorge se mudou para Rio do Peixe, hoje Joaçaba, e nunca mais me encontrei com ele.

Quero lembrar alguns episódios contados pela minha mãe. Após mais ou menos uma semana de meu nascimento, a mãe constatou que o nenê (Erwinche) estava com um problema no umbiguinho, que estava inflamado e não queria sarar. Provavelmente a parteira não tinha cuidado direito. Então o pai encilhou o cavalo com uma sela tipo feminina (Damensattel) e a mãe, a cavalo, levou o bebê ao médico que ficava longe numa outra picada (comunidade). Não me lembro mais do nome. O médico fez uma pequena cirurgia, cortando o umbigo e deu uma pomada para usar. Após poucos dias fiquei bom, só que com um sinal para toda vida. Quase não tenho umbigo, apenas um buraquinho na barriga.

Ervino escolar Outro episódio: Certo dia a mãe estava com dor

de dente e teve que procurar um dentista, também muito longe numa outra comunidade. Desta vez também foi a cavalo e ia se ausentar no mínimo um meio dia. O pai ficou então de cuidar de mim, Mas ele, como marceneiro trabalhava muito concentrado na sua pequena oficina. De repente notou que o Erwinche" sumira. Foi procurar-me e finalmente me encontrou sentado atrás da estrebaria do vizinho "Sr. Scheins Reinhold", Reinoldo Schem. Estava sentado em cima do esterco seco, brincando com as borboletas. Então, com xingamentos, me pegou

(provavelmente devo ter levado alguns tapinhas), não me lembro, e me trouxe de volta para a sua oficina. E, para não escapar de novo, amarrou-me uma cordinha em volta da barriga e a outra extremidade no pé do banco de marceneiro, deixando-me brincar com as maravalhas" (Hobelspän). Quando a mãe finalmente retornou, gritou toda assustada: "Was hast du dann do mit dem arme Kind gemach !". Der Papa: De is jo net geblib.

Mais um acontecimento do qual tenho alguma recordação: Após mais de dois anos, estando comigo o irmãozinho Albano, um belo dia os pais nos levaram à casa de um parente da mãe, de sobrenome Acker, para

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ficarmos lá uns dias e noites. Perto da casa deles havia um banhado no qual de noite rãs e sapos faziam seu concerto. Então eles nos contaram que no meio do banhado havia um lugar fundo de água clara, onde nasciam as criancinhas e de vez em quando uma cegonha vinha levar uma delas a algum vizinho. E quando os pais vieram nos buscar, e tendo chegado em casa, a grande novidade: que surpresa! Desta vez a cegonha tinha deixado em nossa casa um lindo bebezinho, que depois no batismo recebeu o nome de "Helmuth". Aconteceu em 25/08/17. Mais tarde Helmuth se tornou Irmão Marista com o nome de Irmão Mário.

Continuamos com a vida da futura mãe "ANNINHA": Em 1914, quando ela estava com apenas quatro anos foi junto, de mudança com os pais para Barra do Colorado, onde o pai Klein já anteriormente tinha comprado três lotes de terra, tudo pinhal fechado. No começo foram morar no "Einwanderhaus" (com pulgas e percevejos). Depois, num modesto rancho, até que conseguiram construir uma casa um pouco melhor, com a ajuda dos irmãos mais velhos. Então começou a vida de colonos mesmo. Além dos serviços que a Anna já prestava a sua mãe, ainda teve que ajudar a trabalhar na roça.

Em 1927, com apenas sete anos a Anninha (como sempre a chamavam), menina mito engraçadinha, começou a freqüentar as aulas de primário na escola da Barra do Colorado. O professor era Carlos Klein (não parente). Ela fez cinco anos de primário por opção própria, em vez de quatro. O caminho até a escola era muito longo, mais ou menos quatro quilômetros, passando por um mato, tinha que atravessar a barca sobre o rio Colorado. Este percurso foi feito diariamente. No caminho passava por aventuras tristes e divertidas, às vezes perigosos.

A menina Anna Em 25 de maio de 1922 fez sua comunhão

solene, na capela de N. Senhora dos Navegantes de Barra do Colorado, com o Frei Januário Bauer. Em casa dos pais Klein as crianças aprenderam a rezar, de manhã, de noite, nas refeições e nas devoções (Andachten). Aos domingos e feriados

quase sempre iam à missa ou na capela vizinha ou na igreja matriz em Selbach. Usavam uma carruagem de duas rodas, puxada a cavalo. Este veículo chamava-se “aranha".

Em 1928 ANNA ainda foi estudar um ano no Colégio das Irmãs de Santa Catarina em Bom Principio - RS. Entre os documentos dela encontra-se excelente atestado que recebeu aí. (veja foto).

A jovem Anna

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Aqui voltamos a contar a minha vida ( de Ervino): Em 1921 comecei a visitar a escola primária ainda em Padre Eterno. O professor era de sobrenome Weber. Porém aí ficamos só mais alguns meses, porque o pai estava com o plano de migrar para as então chamadas "colônias novas". Ele tentava vender a nossa propriedade, o que conseguiu.

Voltando a falar na minha escola: Nos primeiros dias achava as aulas muito monótonas e, a certa altura, comecei a assobiar uma "modinha" que ouvira de meu pai, até que o professor me veio acordar do "sonho". Ele mesmo contou esta história mais tarde ao pai.

Outra recordação que tenho da localidade de Padre Eterno é que o tio Leopoldo Jaeger muitas vezes passava lá em casa. Ele gostava de tomar uma pinga. Quando estava alegre e falava um pouco enrolado o pai dizia: "Hait hat de Onkel widda sei Schnäpsche getrunk!”

Depois que o pai conseguiu vender a propriedade pensava primeiramente em mudar para Rio do Peixe (hoje Joaçaba) em Santa Catarina, onde já morava meu padrinho Jorge Eugênio Jaeger. Quando falava conosco, as crianças, sempre se referia aos grandes peixes que lá teria. O pai até mesmo já tinha comprado alguns anzóis.

Encaixotamos a mudança que foi levada de carroça até a estação ferroviária de Hamburgo Velho, e de lá fomos junto com a mudança até São Leopoldo, onde moravam nossos avós paternos Jakob e Anna Jaeger, Com eles ficamos mais que uma semana. Lá em São Leopoldo, não sei por que , o

pai mudou seu plano. Em vez de ir a Rio do Peixe iria a Colônia Coronel Selbach, incipiente núcleo de colonização alemã, no então grande município de Passo Fundo. Ele despachou a mudança pela viação férrea até Cruz Alta. Dois dias depois a nossa família também seguiu de trem ao mesmo destino.

De lá fomos num dia de muita

chuva numa carroça puxada a cavalos até Selbach, ficamos morando na casa dos avós Josef e Thekla Hansen. Lembro-me que um dia, caí do cavalo na roça dos avós e fraturei o braço direito. O Sr. Alberto Dill consertou-o de novo. Ficamos com os avós até que o pai conseguiu comprar um lote de terras na Linha Cristal, mais ou menos três quilômetros da Vila Selbach. Logo construiu ali uma modesta casa de chão batido para morar

provisoriamente. Mais tarde fez uma casa mais decente. Trabalhávamos de

A família do Avô na entrada de sua casa em Selbach

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agricultores. Freqüentei a escola primária e para isso eu tinha que caminhar diariamente três quilômetros até a escola da vila.

Meu professor foi o Sr. Adão Seger. Hoje ainda me lembro das

briguinhas e travessuras que fazíamos ao longo do caminho para a cidade.

Ervino com seus colegas na 1ª Comunhão

Em 1924 terminei o primário. A 21/12/24 fiz minha comunhão solene, na igreja matriz de São Jacob de Selbach com o Frei Paulino. No ano de 1928 fui fazer um curso suplementar (complementar) com o professor Alfredo Werlang e depois ajudei ao pai a trabalhar na marcenaria.

O pai, que de profissão era marceneiro, não gostava da vida de agricultor, resolvera vender a propriedade e comprar um moinho, movido a água, encostado da vila de Selbach. Mudamos para lá onde tinha também uma velha casa de moradia. No começo ele trabalhou de moleiro, depois, aos poucos, mudou e aperfeiçoou o engenho em moderna oficina de marcenaria.

Na família, aos poucos, a turminha de filhos aumentava. Já em 1923 nasceu o IVO para completar meia dúzia. Em 28/02/26 faleceu a menina Terezinha e foi enterrada no cemitério de Selbach. Quem mais o sentiu naturalmente foi a querida mãe.

No decorrer dos anos a nossa família aumentou para treze filhos (incluindo a Terezinha). Em nossa família reinou um clima de vida religiosa. Era costume rezar orações da manhã, da noite e rezava-se ás refeições ... Aos domingos e dias santos não se podia faltar à missa. Dois dos manos se tornaram religiosos: Irmão Mário, marista (de casa Helmuth) e Irmã Boaventura, irmã Notre Dame (de casa chamada Ottilia).

Num certo dia passou em Selbach o professor Kurt Duzig, realizando com os homens uma reunião da Sociedade União Popular e falou principalmente do "Lehrerseminar", que essa sociedade teria resolvido de manter para a formação de professores para as escolas particulares e paroquiais. Era um tipo de Escola Normal como mais tarde se diria. A tal escola primava pela sua excelência e hoje em dia seria uma boa sugestão.

Quando o pai veio para casa da reunião, perguntou a mim se queria aproveitar a chance e estudar no “Lehrerseminar”. Depois de pensar

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durante um dia, dei a resposta positiva. Feitos os preparativos, viajei primeiramente à "Katholikenversammlung" em Arroio do Meio e de lá segui em companhia de outros candidatos, inclusive alguns de Selbach, a Hamburgo Velho, onde iria abrir naquele ano essa Escola Normal Católica. Assim ingressei no "Lehrerseminar" em 15/03/30.

Anexo ao Colégio São Jacó dos Irmãos Maristas em Hamburgo Velho também existia um curso de serviço militar, tiro de guerra. As aulas eram ministradas por um sargento do Exército Brasileiro durante meio dia por semana. Convidados que fomos, Edmundo Klein e eu, resolvemos aproveitar a oportunidade, durante o segundo ano dos estudos.

Nos exames realizados de 26 a 28 de dezembro de 1931 fui aprovado como reservista do Exército, com o grau BOM, recebendo a caderneta militar que ainda tenho arquivada.

Na escola tivemos, entre muitas outras matérias, também educação física, jogos etc. Cada semana vinha um professor de educação física de Porto Alegre, naquele tempo afamado, de sobrenome Black. Pessoalmente não gostava de jogar futebol,

preferindo, por exemplo, a natação e outros. Depois de três anos de estudos, no dia 15 de dezembro de 1932,

prestei os meus exames no “Lehrerseminar”, recebendo o diploma de professor, apto para assumir também a incumbência de organista e dirigente de coral.

Nas férias dos anos 1931 e 32, quando fui

visitar o colega Edmundo Klein, cheguei a conhecera sua irmã Anna. Achei-a bonita, graciosa e de boa educação, motivo pelo qual começamos a namorar, ficando mais tarde noivos.

Nos últimos dois anos da Escola Normal, de vez em quando, ela me escreveu cartas, às quais eu respondi, na medida do possível.

Formei-me professor no dia 15 de dezembro de 1932. Era preciso encontrar uma escola para lecionar e ganhar um pouco de dinheiro. Consegui a escola particular de São José de Ogerisa na paróquia de Tapera, na divisa de Não-me-toque. Além de

Os colegas de formatura do “Lehrerseminar”

Os professores

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lecionar na escola tive que assumir o serviço da igreja da comunidade: fazer cultos aos domingos, dirigir o canto, ser organista e sepultar os falecidos.

E a namorada? Morava tão longe, em Barra do Colorado. Só de vez em quando conseguia visitá-la. Só era possível ir até lá a cavalo. Levava três a quatro horas. Por isso as visitas eram poucas, mas importantes.

Em fins de dezembro escrevi ao padre vigário de Porto Novo (Itapiranga), Padre Theodoro Treis SJ, pedindo se não poderia eventualmente assumir a escola paroquial daquela nova colonização. Parece que a minha carta foi oportuna porque a comunidade acabara de demitir o professor Mathias Walker e queriam um professor formado no “Lehrerseminar” do “Volksverein”. Já no dia 7 de janeiro recebi sua carta de confirmação com a seguinte proposta: 4$000 (quatro mil reis) por aluno, pago pelos pais, moradia grátis e terra para plantar.

Resolvi aceitar, porém antes teria que fazer o aviso prévio à comunidade onde estava. E já que éramos noivos, seria conveniente casar, antes de irmos para tão longe.

Outro motivo era que as comunidades preferiam professor casado. Preparamo-nos então para casar, fixando o dia dois de março para a realização do enlace, que foi feito na igreja matriz São Jacó de Selbach, presidido pelo Frei Anselmo Boekenhold. A data caiu naquele ano, justamente no Sábado de carnaval. Testemunhas foram Albano Jaeger e Edmundo Klein. Também fizemos, no mesmo dia, o casamento civil.

Minha jovem esposa ANNA trouxe de casa e do colégio uma boa educação referente a assuntos de religião e moral. Jamais pintava as unhas e os lábios, isto nem como noiva no dia de casamento. Mas mesmo assim, com seu semblante de formosura natural, continuava sendo (inclusive até sua idade avançada) a mulher mais bonita do mundo. O casal, Anna e Ervino, no dia do casamento

Em vez de viagem de núpcias arrumamos nossa bugiganga, uma pequena mudança, para levar a Porto Novo. Fizemos visitas aos nossos parentes, um por um, apresentando-lhes nossas despedidas: pois íamos para tão longe e talvez por muito tempo.

No dia 25 de março (Festa da Anunciação de N. Senhora) partimos bastante cedo com o caminhão do velho Mathias Teis (motorista era seu filho Emílio, mas o velho também foi junto). Levamos um dia inteiro para a viagem e, ainda antes do pôr-do-sol, chegamos a Porto Novo onde havia muito calor, muito mato, canto de cingarra-açú, enfim tudo, um mundo bem diferente.

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O Sr. Teis logo se informou na casa do Sr. Pedro Eidt (que era o "Schulvorstand" onde deveria deixar a mudança do novo professor. Então nos

encaminharam para a casa de madeira bruta do Sr. Guilherme Flach, perto da quadra do cemitério, casa que tinha sido alugada para servir passageiramente de morada para nós. Ficava na esquina do lado de cima do antigo Posto de Saúde, porque a moradia definitiva para o professor ainda não tinha sido construída. Lá então o Pedro Eidt nos

"recepcionou". Estava mesmo fazendo os acabamentos da cozinha: tábuas compridas colocadas de pé contra a parede, afastadas embaixo uns três metros, formando ao mesmo tempo telhado e parede. O Sr. Pedro, como pedreiro que era, estava construindo um fogão de tijolos com uma chapa de ferro fundido por cima, fogão que mal e mal ficara pronto. O piso da tal cozinha era um chão não bem batido. Então o Sr. Eidt, num tom de gozação, perguntou se a esposa usava sapato de salto fino, deveria cuidar, pois o chão ainda não estava bem firme. Para a Anna tudo era uma grande decepção e escondidamente derramou algumas silenciosas lágrimas. A casa tinha só uma parede de separação. Na repartição menor então instalamos o nosso quarto e o resto da casa servia para sala, refeitório, varanda e tudo mais. O pedestal da máquina de costura e o grande quadro de N. Senhora, colocado virado por cima, serviu de mesa. Desta maneira estivemos instalados provisoriamente.

A construção da casa definitiva levou muito tempo. Só no mês de setembro, isto é, depois de seis meses ficou mal e mal habitável. Logo fizemos a mudança para lá. A casa ainda estava sem forro, faltando ainda algumas mata-juntas.

Ficava na esquina da quadra do cemitério paroquial. Debaixo da cozinha havia uma fonte de água servindo de poço.

No dia seguinte após nossa chegada fui apresentar-me ao Padre Vigário. E que surpresa! Não encontrei mais o Padre Treis com o qual trocara a correspondência. O mesmo havia sido transferido, sendo vigário agora o Padre Francisco Riederer que, assim mesmo, recepcionou-me com alegria. Quis saber tudo de mim de uma forma um pouco cínica. Depois eu soube que esse era o jeito dele. Informou-me que a Paróquia não podia deixar os alunos sem aulas até a vinda do professor, motivo pelo qual tinham contratado um interino até que eu pudesse assumir. O professor interino era o Sr. Octacílio Wesendonck. Assim eu tive algum tempo de me instalar melhor, conhecer a comunidade e adaptar-me à realidade. Assumi a escola apenas no dia

Porto Novo (Itapiranga) em 1935

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primeiro de abril de 1935. Ao mesmo tempo assumi também os serviços da igreja, como a liturgia, o coral, organista e semelhantes.

No dia 22 de janeiro de 1936 nasceu o primogênito Tharcísio José, por sorte já estávamos na casa nova, embora não bem concluída. Por mais incrível que parecesse, levou mais três anos para ser concluída a tal casa.

Nos primeiros anos a escola tinha entre sessenta e setenta alunos. Não foi difícil adaptar-me à vida de professor. A comunidade e os padres, parecia que gostavam da minha atuação. Anualmente preparava uma turminha para a comunhão solene. Nos dias de semana, antes das aulas, havia sempre uma santa missa principalmente para os alunos (Schuhmesse). Também valia para outras pessoas, porém o professor sempre tinha que estar junto, para cuidar do comportamento dos alunos e ensiná-los a rezar e cantar.

Outro assunto: Como o meu pai não tinha conseguido pagar toda a pensão de meus estudos na Escola de Hamburgo Velho, eu assumira a responsabilidade de ressarcir a dívida junto à Sociedade União Popular, quando tivesse um rendimento. O saldo era de 384$800 (trezentos e oitenta e quatro mil e oitocentos reis), um valor significativo, quase meu salário de dois meses. Em agosto e setembro de 1936 consegui pagar a divida.

O ano de 1937: Em 16 de março nasceu nosso segundo filho, Egídio Aloísio, que infelizmente com a idade de um ano faleceu por falta de médico e de outros recursos. (Faleceu em 27 de abril de 1938).

Foi neste ano também que fizemos a qualificação de eleitores (Anna e eu). No dia 25 de maio, também do mesmo ano, fui admitido como sócio da antiga cooperativa.

Foi também em 1937 que comprei na cooperativa o relógio de parede, marca Junghans, que ainda hoje está funcionando.

Em fins de 1937 iniciou no Brasil a onda de nacionalização (movimento político do Governo contra descendentes de estrangeiros). Esse movimento foi duramente intensificado em 1938. Em vista disso o Governador do Estado exigiu que os professores das escolas particulares se submetessem a um exame de competência. Para ajudar aos professores a Associação de Professores de Santa Catarina mandou para Mondai um professor especial para ministrar um curso de preparação. Participei durante uma semana (semana após o

natal de 1937) do curso em Mondai. Depois, nós os professores, seguimos a Passo dos índios, hoje Chapecó, para prestar os devidos exames. Fui aprovado com a média oito.

Durante a semana em que estive ausente, minha esposa, sozinha em casa, com os dois primeiros filhos Tharcísio e Egídio, em uma noite desencadeou-se um temporal muito forte, com ventos, que derrubaram a casa da vizinha "Frau" Reichert e também destelhou uma parte de nossa casa. Em

O vô mostra o relógio para o neto

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pânico, Anna, grávida de seis meses, agarrou o menor dos meninos com uma coberta nos braços e o pequeno Tharcísio na mão, fugindo às pressas na chuva no meio da noite escura até a casa do outro vizinho, João Finger, que morava na rua abaixo do cemitério. No dia seguinte os filhos do Sr. Finger consertaram novamente o telhado da nossa casa e a mãe começou a secar as roupas molhadas. Na época o Tharcísio tinha uns dois anos e o Egídio um pouco mais de um.

Em 18 de janeiro de 1938 chegaram as primeiras três Irmãs da congregação da Divina Providência a Itapiranga: Irmã Thabita, Irmã Helmtrudes e Irmã Belmira.

No mês seguinte nasceu nosso terceiro filho Ireneu Bruno (11/02/38) e a 27 de abril, dia do padroeiro São Pedro Canísio, chegou a falecer o filho Egídio, com apenas um ano e meio de vida. Foi para o reino dos inocentes e reza por nós. Pois é: no mesmo ano um nasce e outro morre!

Em 1938 também começou em Itapiranga a triste perseguição aos alemães e seus descendentes. A 14 de setembro por ordem do Governador Nereu Ramos, foi fechada a minha escola (Escola Paroquial de Itapiranga), tendo sido lacrada aporta! O motivo alegado era que se falava alemão.

Em uma semana, por decreto, o Governador fechou todas as escolas paroquiais particulares de Itapiranga. Ficaram fechadas durante cinco meses, no mínimo!

11 de novembro de 1938: é a data em que finalmente veio o primeiro médico a Itapiranga na pessoa do Dr. Maximiliano Leon, médico que veio a se revelar muito dedicado e humano.

Em 11 de fevereiro de 1939 fui novamente reconduzido pelo Governador ao cargo de professor, porém, não em Itapiranga e sim na escola da Linha Beleza. Após muitas insistência finalmente consegui voltar a Itapiranga em 3 de julho do mesmo ano.

A 22 de abril desse ano nasceu a única filha, Terezinha Maria, que infelizmente veio a falecer, como veremos adiante.

Ainda referente às escolas: Até aqui estávamos sendo considerados professores particulares. Mas em 10 de julho de 1939, fui nomeado professor estadual, recebendo um salário mensal de 200$000 (duzentos mil reis). A partir dai todas as escolas da antiga grande paróquia de Porto Novo (hoje Itapiranga) foram decretadas estaduais, mantidas pelo Governo do Estado. Ficavam proibidas as escolas particulares.

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SEGUNDA GRANDE GUERRA MUNDIAL. Em primeiro de setembro de 1939 estourou a grande guerra, com todas as tristes conseqüências que trouxe também para o povo de Itapiranga.

A 30 de novembro de 1939, como já referi, faleceu nossa única e querida filhinha Terezinha Maria, vitima de difteria.

Então, no mês de dezembro, em conseqüência da guerra, começou a violenta onda de perseguições a todos que levavam o sobrenome dos povos do "Eixo".

Morando já quatro anos em Itapiranga, finalmente fizemos nossa primeira viagem de volta a Selbach (39). Por causa da situação militar. Éramos obrigados a tirar um "salvo conduto" da polícia.

Depois, em 29 de fevereiro de 1940, um ano bissexto, fiquei gravemente doente. Era o temível tifo. Provavelmente contrai a doença tomando água contaminada, na viagem referida anteriormente. Lembro que tomei uma água suspeita de passagem por Panambi. Fiquei de cama durante três meses e o Dr. Leon fez de tudo para me salvar e finalmente conseguiu.

Naquele tempo o tifo era doença muito difícil de curar. Somente quem agüentasse 40 graus ou mais de febre se salvava. Foi o que aconteceu comigo. A esposa Anna me cuidou bem e sofreu comigo muito nesses tempos.

Durante todo tempo da minha doença e ainda mais um mês de convalescença, não foi possível lecionar. A paróquia então indicou a Professora Margarida Royer, que mais tarde, no casamento, recebeu o sobrenome Schmitz, para me substituir. (mãe do Dr. Lélio)

Após quatro meses a professora não recebeu seu pagamento nem eu o meu. Naquele tempo os pagamentos cabiam ao coletor estadual. A injustiça me chocou tanto que pedi demissão em caráter irrevogável.

Ainda em 1939 compramos uma colônia de terras no morro Baú. Foi adquirida do Sr. Theodor Bücker por 12$000 (doze contos de reis). Havia uma casa na parte baixa das terras em Linha Baú e nós a desmanchamos para reconstruí-la ao lado da terra do Sr. Valentim Link. Seguiu-se uma época de muitas chuvas e como eu ainda não estivesse bem restabelecido da doença, a demora fez com que algumas madeiras começassem a apodrecer. Na parte de cima da colônia, destinada para construir, mandei desmatar um losango de

80 m por 100 m. Ao redor tudo era mato fechado. Em junho de 1940, finalmente iniciamos o

levantamento da casa no morro Baú. Ficava no fundo do lote onde hoje mora o Sr. Canísio Link. Já no mês de julho mudamos para lá, mesmo não estando bem pronta a casa, isso em pleno inverno. Havia muitas frestas abertas por onde entrava o frio. De lá vinha a pé para lecionar enquanto a mãe ficava sozinha com as crianças, trabalhando na

roça e fazendo todos os outros serviços domésticos.

O pomar em Baú

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A primeiro de setembro de 1940, tendo passado dois meses, encaminhei, como já disse, meu pedido de demissão definitiva como professor.

Em seguida dediquei-me por algum tempo, ao serviço de agricultor, aliviando um pouco o trabalho da mãe.

Ainda em 1940, enquanto não tínhamos instalações de estrebaria e chiqueiro, queríamos engordar um porco de médio porte, resolvemos usar como chiqueiro um enorme tronco oco de canafístula de mais de um metro de diâmetro e um metro e meio de comprimento. Nas pontas pregamos tábuas. E deu certo!

No mês de julho do mesmo ano, durante o inverno, tivemos a visitado sogro, Sr. Pedro Klein. Ele me ajudou a completar uma parte da casa e a construir um chiqueiro melhor. E assim continuei na lida de agricultor aliviando o serviço da Anna

Tive que melhorar ainda a nossa casa, colocando assoalho mais apropriado.

No ano de 1941 construímos o paiol, o galpão e outros melhoramentos. Consegui comprar mais uma vaca leiteira por 400$000 (quatrocentos mil réis). No ano seguinte finalmente consegui comprar uma junta de bois de nomes Amarelo e Osquinho. (410$000, quatrocentos e dez mil réis). A três de agosto do mesmo ano, ainda no morro do Baú nasceu nosso quinto filho, Claudino Inácio.

Em nossa colônia havia uma fonte de água (olho d’água), com um pocinho (reservatório), que ficava a uns 80 metros afastado da casa. Toda água para a cozinha e uso doméstico tinha que ser carregada "a muque" em

baldes, morro acima. O potreiro se estendia pela lateral da estradinha do poço e alcançava até abaixo do mesmo, onde tinha um cocho, ligado por uma bica, fornecendo água para os animais.

Mas em grandes secas a fonte não dava água suficiente. Algumas vezes tivemos que trazer água do rio Uruguai, em grandes tambores, puxado com carroça de bois. Essa água era trazida da Linha Baú na parte baixa, onde morava o Sr. Zöllner.

Outro assunto: Foi em 13 de agosto de 1942 que o Presidente Getúlio Vargas criou, para segurança nacional, o Território Federal do Iguaçu (antigamente escrevia-se: Iguassú), com a capital em Foz do Iguaçu. Na oportunidade o nome Itapiranga fora mudado oficialmente para VILA PEPERI.

Em primeiro de março de 1943 comecei a trabalhar na antiga cooperativa de Itapiranga.

Mapa do Território do Iguassú, reconstruído a partir da Lei que o criou: em rosa, em amarelo: Paraná e verde: Santa Catarina

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Em quatro de junho de 1944 foi fundado o Apostolado da Oração dos Homens e fui eleito presidente do mesmo. Foi uma iniciativa do Padre Alfredo Vier, naquele tempo ainda jesuíta. O meu cargo era para ser vitalício. Aos vinte dias do mês de janeiro de 1945 nasceu o sexto filho, Libório Luiz (já no território do Iguaçu).

No mês de maio do mesmo ano terminou a Segunda Grande Guerra Mundial.

Em novembro de 1946 a mãe recebeu como empregada uma moça de nome Maria Finger. Ela trabalhava muito bem e ficou conosco durante o tempo em que nasceu o sétimo filho, Mário Agostinho, em 04/07/47. Convidamo-la para ser madrinha do mesmo. Esta moça parou em nossa casa pouco mais de dois anos, isto é , até que se casou com o Sr. João Royer.

No ano de 1949, aos doze de janeiro faleceu o padre Theodoro Treis, que me tinha convidado para vir para Itapiranga. Tinha feito muito bem para nós. Em outubro de 1949, recebemos em nossa casa a moça Reinilde Erpen, órfã de pai e mãe. Ficou uns dois anos em nossa família. Era muito boa, sempre tinha boa vontade em tudo e aprendeu muito com a Anna. Durante o tempo em que estava conosco, nasceu o oitavo e último filho, Clemente Norberto. Escolhemo-la também como madrinha. Ele nasceu em 11/06/50.

Ela ajudou à mãe em tudo. Da nossa casa foi para o convento das Irmãs de N. Senhora de Schönstadt em Santa Maria RS. E se tornou uma boa freira. Toda vez que nos visitava dizia que encontrou sua vocação no convívio de nossa família, considerando-nos seus segundos pais. Quando escrevi estas linhas, ela se encontrava na Alemanha, ajudando as Irmãs da eterna adoração. Mais tarde ela voltou para o Brasil e em 2003 está trabalhando no Nordeste Brasileiro. A nossa casa em Itapiranga

No dia 11 de junho de 1951 voltamos a morar novamente na cidade de Itapiranga, enquanto a Reinilde ainda estava conosco. Eu tinha comprado dois terrenos na Rua São Bonifácio e os irmãos Fridholdo e Harry me ajudaram a construir uma casa de madeira mais ou menos boa sobre um dos terrenos. O outro terreno vendi mais tarde ao

Edmundo Klein. Nesta casa moramos durante catorze anos. Por fim foi vendido para o Sr. Egon Jung, o qual ainda hoje é proprietário da mesma.

Já que estávamos com plano de construir uma casa melhor de alvenaria, comprei o terreno no lado direito da nossa casa, adquirido do Sr. Egon Berger. No ano de 1963 iniciamos a

construção da casa nova que levaria bastante tempo para ficar pronta.

A casa definitiva em Itapiranga

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Apenas em 27 de fevereiro de 1965 conseguimos mudar para esta casa. Mesmo assim tinha muita coisa por fazer: garagem, cisterna, áreas e outras, o que foi feito posteriormente. O segundo piso estava só com as paredes levantadas e a cobertura por cima. Essa parte o filho Libório terminou mais tarde, como residência para si.

Desde 1964 morava conosco o Dr. Fischer, veterinário que veio da Alemanha a pedido do Governo. Ele preferira hospedar-se em uma casa de família em que se falasse alemão. Esteve presente na mudança para a casa nova, da qual gostou muito.

Anteriormente, a dois de julho de 1953 houve uma peregrinação à cidade de Palmas PR, diocese à qual pertencíamos. Participamos juntamente com o coral de Itapiranga, que fez sucesso. Mas o inverno rigoroso fez com que a Anna ficasse doente nessa viagem.

Aqui voltamos ao dia 03 de julho de 1955: Neste dia foi inaugurado o novo prédio da Caixa Rural (hoje CREDI). Todas as caixas rurais eram confederadas e subordinadas à CENTRAL DAS CAIXAS RURAIS DE PORTO ALEGRE, que as fiscalizava e dava assistência. Cada ano havia uma assembléia geral em Porto Alegre, onde se reuniam os delegados das Caixas do Interior. Tomei parte dessas reuniões, na Capital Gaúcha, como delegado eleito, muitas vezes.

Em 26 de julho de 1957, Anna e eu, inscrevemo-nos na União de Missas de Ingolstadt, com o compromisso de mandar rezar anualmente uma missa na intenção desta entidade. Vide diplomas com os documentos.

Dois dias antes desta data, 24/07/60 a Comunidade Paroquial organizou uma festinha para mim e esposa pelos 25 anos de regente de coral e organista na igreja matriz, isso por sugestão do Padre Filipe Kroetz.

Em 21 de outubro de 1962 realizaram-se as bodas de diamante dos sogros Pedro e Elisabeth Klein.

O dia 27 de abril de 1963 é o dia da fundação da Rádio Sociedade Itapiranga Ltda. Ela começou a funcionar no segundo piso do prédio da então Caixa Rural sendo o Ireneu o gerente fundador. Em dois de janeiro de 1965 eu assumi totalmente a gerência da mesma por muitos anos.

Os anos foram passando e depois de longa tramitação, em 31 de dezembro, consegui finalmente minha aposentadoria, no começo no valor de oito salários mínimos. Com o decorrer do tempo as perdas reduziram-no a aproximadamente seis salários mínimos.

Na primeira semana de abril de 1974 conseguimos mudar a rádio para o novo prédio, à rua São Bonifácio, 280, mesmo com o prédio não bem pronto. Apenas em 1976 o prédio ficou concluído, com a ajuda financeira do ADVENIAT da Alemanha, no valor de quinze mil DM (marcos alemães).

Em 09 de fevereiro de 1980 foi comprada a primeira TV para nossa família e uma máquina de lavar roupa apenas em 16 de junho do mesmo ano. Já devia ter sido comprado bem antes, mas não o foi, por falta de recursos.

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Em 27 de abril de 1981 fui fazer uma cirurgia da próstata com o Dr. Wilmer Nogara em Chapecó. Essa cirurgia não teve resultado cem por cento. Permaneceu um probleminha. Com o avançar dos anos esse problema se acentuou, não podendo reter a urina por muito tempo.

Em novembro de 1982 assumi a agência (representação) da revista "Sankt Paulusblatt", continuando até fins de 1997. Pouco depois assumi também a representação do jornal "Brasil-Post", continuando até fins de 1998.

Em 12 de agosto de 1986 tive que me submeter a uma cirurgia de hérnia com o Dr. Bernardo Hund. Esta foi bem sucedida.

E em 30 de outubro de 1989 a esposa Anna fez uma cirurgia da vesícula, também com o mesmo médico. Foram tirados 286 cálculos, alguns maiores e outros menores. A cirurgia foi bem sucedida.

Mais tarde, em 10 de maio a Anna adoeceu de novo e teve que baixar ao hospital, ficando lá por quatro dias. Mesmo de volta continuou meio mal durante uma semana.

Já que estamos nas cirurgias, a 12 de março de 1997 tive uma perfuração no duodeno (por úlcera), sendo urgentemente operado. O preço total da cirurgia foi R$ 3.260,00 (três mil, duzentos e sessenta reais).

Dois anos antes, em 12/03/97, numa festinha do Coral ASCORITA do Dr. Carlos de Oliveira, fomos declarados, Anna e eu, sócios beneméritos da Associação Coral Itapiranga.

Em 11 de maio, quando estava podando uma árvore na calçada da rua, tive um acidente. Quebrou a escada na qual estava e cai no calçamento de pedras

irregulares, fraturando duas costelas e me machuquei muito. Imediatamente me levaram para o hospital e tive que fazer um prolongado tratamento com o Dr. Bernardo. Sobreveio uma forte gripe, reumatismo, bursite etc. Durante esse longo tempo a mãe cuidou muito bem de mim. Nos dias em que estive no hospital, ela subia diariamente a pé até o hospital, trazendo e levando roupas e tomando conhecimento do meu estado.

Mesmo depois da alta, em casa, ela juntamente com a enfermeira Inês Petry, cuidava de mim, trazendo comida na cama, ministrando remédios e chás, dando banho etc. Era preciso contratar a enfermeira para morar conosco e auxiliar nos horários antes de ela ir trabalhar no hospital.

Como faxineira tivemos a Genice Lima que vinha trabalhar durante dois "meios dias" por semana. Durante esse tempo enfraqueci tanto que não podia mais caminhar. Precisava ajuda até para ir ao banheiro. Aos poucos fui me recuperando e quando finalmente pude caminhar de novo, tive que usar bengala. A partir de novembro já podia fazer novamente serviços leves.

Coral ASCORITA

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Quando melhor, a pobre mãe, que fora meu Anjo da Guarda, também caiu doente. Teve tratamento médico mas não se recuperava. O médico constatou um esgotamento grave. De lá em diante nunca mais se recuperou de todo. O Dr. Bernardo receitou-lhe os mais variados remédios e injeções, mas nada resolvia definitivamente. Algum tempo depois surgiu-lhe um problema no estômago: dores, azia e não mais conseguia alimentar-se direito.

Meu estado de saúde a partir de janeiro de 1999 foi melhorando. Podia trabalhar um pouco mais, claro com cuidados. Durante esse longo tempo de recuperação fazia regularmente exames médicos. Mas o longo tratamento com antibióticos e injeções produziu um efeito colateral. Acentuou-se um problema de audição, do qual estou sofrendo ainda hoje.

A doença do estômago da mãe continuou até que, em agosto de 1999, fomos consultar com o Dr. Carlos de Oliveira, que sugeriu fazer uma "vídeo-endoscopia" em São Miguel do Oeste, pois é lá que está instalado com o equipamento. O exame foi feito em 24/08/99, e constatou-se "gastrite aguda com uma pequena úlcera no estômago".

O Dr. Carlos encaminhou para tratamento com o Dr. Bernardo. Aparentemente ela ia melhorando pouco agravando-se em seguida. Porém o Dr. Carlos sugeriu de repetir o exame o que aconteceu em 03/11/99, revelando que a ferida no estômago havia aumentado. O exame dos tecidos tirados revelaram "câncer". Infelizmente a vinda do resultado demorou quase duas semanas. Perdeu-se assim muito tempo. Finalmente, por recomendação médica, deveríamos urgentemente procurar tratamento em Florianópolis, onde há mais especialistas e recursos.

O Clemente entrou em contato com o Tharcísio e sua filha Dra. Karin, que estava em Florianópolis, trabalhando no Hospital Universitário, que acertaram a remoção imediata para aquele hospital.

Apressadamente abandonamos tudo aqui em casa e saímos no dia 19 de novembro, acompanhados da enfermeira Inês Petry com a ambulância da Prefeitura para Florianópolis.

Chegados à capital, por ser fim de semana, ficamos hospedados no apartamento da neta Karin até que, após três dias, conseguirmos vaga no Hospital Universitário. Começou então demorado tratamento de quatro semanas. Infelizmente o atendimento do hospital não era o que a gente esperava: muito moroso. Exames só de semana em semana, em fins de semana suspensão de tudo até Segunda feira. Em cada final de semana íamos ao apartamento do Tharcísio em Balneário Camboriú, a quase 80 quilômetros. O atendimento das enfermeiras era péssimo, oferecendo comida inadequada à dieta da cliente etc. Enquanto isso, esperávamos ansiosamente a decisão médica sobre eventual cirurgia. Essa na verdade não aconteceu.

Chegaram os filhos Claudino e Mário para ajudar a cuidar da mãe. No hospital só permitiam só um acompanhante e eles então se revezavam e conseguiram um quartinho ali perto, junto aos Irmãos Maristas.

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Após a longa espera de quatro semanas, finalmente os médicos informaram que seria tarde para fazer a cirurgia, pois o mal já se teria espalhado (metátese).

Assim, no dia 16 de dezembro de 1999, a esposa recebeu alta, porém desenganada. No dia 17 voltamos com o Tharcísio até Curitibanos e de lá, com o Mário, para Itapiranga. A mãe estava perfeitamente ciente do mal humanamente incurável, mas punha esperanças numa cura milagrosa por intercessão da Beata Madre Paulina. Foram feitas diversas novenas e muitas orações nesse sentido. Conseguiu ainda alguns remédios naturais de uma Irmã de Curitibanos.

Chegados em Itapiranga, trouxe uma carta que recomendações dos médicos de Florianópolis ao Dr. Bernardo, pedindo o acompanhamento da mãe. Ele apenas disse: "Perdeu-se muito tempo precioso".

Continuou a via crucis da pobre mãe. Com cuidados dos filhos e da enfermeira Inês era acompanhada dia e noite. Depois veio também a Irmã Paulina e outros parentes. Sofreu conformada, ciente da dura realidade, sabendo que não escaparia da morte. Os remédios eram apenas para aliviar as dores e prolongar a vida.

Todos os dias uma ministra trazia a santa comunhão para ela. Depois de alguns dias o padre vigário me autorizou a levar a santa comunhão para casa. Foi para mim uma grande satisfação em poder levar esse consolo para ela, que assistia ao pequeno culto da comunhão com visível emoção e devoção.

E, como o milagre da cura não aconteceu, ela ia-se apagando qual uma vela. No dia 26 de fevereiro de 2000 descansou santamente, na presença dos filhos e vários parentes. Enquanto ela entrava nos estertores da morte, eu rezava orações fúnebres, até que se cumpriu o que ela sempre dizia "Ich bin heimgegagen" (Fui para a casa do Pai). Algum tempo antes ela escrevera essas palavras num bilhete e me entregara e depois as colocamos em sua sepultura.

Faleceu num Sábado, dia dedicado à N. Senhora, do ano jubilar de 2000. Teve sua missa de corpo presente e sepultamento presidido pelo Padre Albino Schawade, num Domingo como ela mesma previra. Depois da missa de sétimo dia, na primeira sexta-feira de março, mês em que fazia 65 anos que nós casamos. A primeira sexta-feira do mês sempre fora importante para ela como zeladora do Apostolado da Oração. Viagem a Sinop - para operação de cataratas: Fui informado que em Sinop estava sendo feito uma campanha pelo Lions-Club para cirurgias de catarata grátis. E minhas vistas estavam piorando até o ponto de não mais poder ler e escrever direito, sendo que as cataratas avançavam cada vez mais. Os meus filhos me aconselhavam a aproveitar esta oportunidade. Então, pelo final do mês de março 2001, o Libório veio buscar-me para levar ao Mato Grosso, isto é a Sinop. Paramos uns dias em Medianeira e Missal, junto aos parentes dele. Seguindo a viagem fizemos uma boa descansada na casa da neta Marisa,

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filha do Ireneu, em Campo Grande. O seguinte passo foi a Cuiabá, na casa do Libório, onde fiquei alguns dias muito bem atendido. Então o Claudino veio buscar-me, com seu carro, e levou-me até Sinop. A viagem foi muito interessante, mas muito cansativa. Em Sinop ficava um pouco na casa de cada filho: Claudino, Mário e Ireneu. Todos procuravam atender-me da melhor maneira possível. O

especialista tinha umas duzentas consultas e cirurgias marcadas. Mas, pela amizade que o Ireneu e seu genro, o Dr. Júnior, também médico, tinham com o especialista Dr. Jony Rattmann, ele abriu uma vaga para mim e fui atendido de uma forma toda especial.

Depois dos exames constatou que era preciso cirurgias nas duas vistas.

Marcou consultas e curativos até aos sábados e domingos. A primeira cirurgia do olho digito foi marcada para o dia 6 de abril de 2001. Houve uma pequena hemorragia que logo se resolveu. A do olho esquerdo, devido a semana Santa, foi adiada para 19 de abril. Esta foi a mais difícil porque a catarata já estava muito avançada, assim que não era mais possível tirar só com raio-laser, era necessário a ajuda manual. Constatou-se que nesta vista houve também uma lesão no nervo ótico e outro especialista fez a tal "geografia" do nervo ótico, que somente com um tratamento mediante comprimidos podia ser curado. O Dr. Jony me segurou mais um mês em Sinop para terminar o tratamento. Ressalto que o Dr. Jony apenas me cobrou a consulta inicial e as lentes de catarata. outrossim paguei a consulta do especialista Dr. Norberto. O resto foi tudo pelo Lions-clube, grátis. Muito tenho a agradecer aos filhos e netos no Mato Grosso que todos fizeram de tudo para mim, levaram-me a muitos lugares, visitaram comigo conhecidos, vi a construção da catedral, várias vezes fui ao sítio do Ireneu e fui com o Claudino até as cidades de Itaúba e Colider.

Também fiz em Sinop a vacina contra, a gripe. Referente à Sinop tenho que dizer que sofri muito pelo calor nos dias que estive por lá. O Sitio do Ireneu fica uns 10 km. da cidade. Tem uma área de 72 hectares. Achei muito bonito. No fundo da casa tem uma churrasqueira e uma cancha de bocha. Além de muitas frutas (do conde, acerolas carambolas etc.) um coqueiral de mais de 2 mil pés, tudo irrigado automaticamente. Teve também 3 cachorros que foram obrigatoriamente vacinados contra a raiva.

Quanto à cidade de SINOP tenho a dizer que é grande e progressista. Não a reconheci mais dos tempos em que lá estivera anteriormente.

Em junho de 2001 o casal Irineu e Isabela me trouxeram para casa, com o seu carro. Em Campo Grande a bisneta, Monique, muito me alegrou tocando flauta.

Pescaria em Sinop

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Depois de um tratamento dos meus olhos, fui ao oculista de São Miguel do Oeste, Dr. Gimenez, que me receitou óculos. Hoje leio razoavelmente; não tão bem como talvez desejaria.

Doente de novo: Depois da volta de SINOP estava bastante bem de saúde, podendo fazer já uma porção de serviços em casa. Mas um dia caí novamente doente. O médico me internou no Hospital Sagrada Família de Itapiranga, onde fiquei 10 dias internado. O médico constatou um problema dos rins. Os filhos contrataram inclusive uma mulher bondosa, de nome Verena Wolfart, para me cuidar durante três noites. Nas outras noites a senhora Acilda Eggewarth e a enfermeira Inês se revezavam. Também os irmãos Ivo e cunhada Nelly faziam visitas diurnas, como também o irmão Friedoldo e a cunhada Ivoni não mediram esforços para me cuidar.

Tendo melhorado, recebi alta, mas como continuassem as dores da coluna foi marcado consulta com o Dr. Adair Schneider, ortopedista, que por sua vez, além de remédios, me mandou usar um colete especial, usar um colchão mais duro, e fazer aplicações com uma fisioterapeuta. Isto foi em 02/10/2001. Porém ainda hoje continuo com dores na coluna, embora um pouco menos.

Como a mãe agora está faltando, estou levando uma vida muito solitária. Já que não posso mais fazer trabalhos pesados, ocupo-me com afazeres mais leves: Cuido das folhagens, principalmente, das orquídeas, plantas ornamentais em redor da casa. Organizo álbuns de fotografias históricas, escrevendo à máquina, leio jornais e livros.

Quando possível pego da bengala e vou à igreja para a oração do terço e participo da santa missa. Por vezes puxo o terço. A doméstica vai junto à igreja, principalmente aos sábados ou domingos, ajudando-me a atravessar a rua. Prefiro ficar ainda em minha casa. Mas a vida não é fácil por causa dos meus problemas de saúde: Próstata e audição. Preciso conformar-me acostumar-me a isso. Seguidas vezes durante a semana passa aqui em cama enfermeira Inês: verifica minha pressão e traz os devidos remédios. De vez enquanto recebo visitas: O mano Ivo e o Frid com suas esposas.

A querida mãe não está mais. É verdade: Quem viveu 65 anos com ela está convencido de que ela hoje se encontra no reino onde ninguém mais chora, ninguém mais fica triste, onde não há mais dor, isto é na ETERNA GLORIA. Afinal aprendemos: "Kein Auge hat es gesehen, kein Ohr hat es gehört, in keines Menschen Herz ist es gedrungen, was Gott denen bereitet hat, die Ihn lieben!" - und sie hat Ihn ja ihr ganzes Leben lang geliebt. Tradução: "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam!" - e ela O amou durante toda vida.

Porém agora para mim ela aqui está faltando, pois cada pé de flores que ela plantou, cada crochê que fez, cada toalhinha que bordou, cada almofada que fez, as colchas de retalhos, tudo lembra a ela com muitas

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saudades. Só quem passou por esta pode entender como é difícil acostumar-se de repente a uma vida tão diferente.

Contratamos uma moça, aparentemente boa, de nome Isolde Hanauer, que no começo ainda ajudou a cuidar da mãe doente, e também, depois da morte dela, cuidou de mim e da casa. Infelizmente aos poucos começou a relaxar e a não corresponder ao que se esperava dela. De um dia para outro, pediu a conta e foi para Florianópolis morar com uma irmã sua. Praticamente me "deixou na mão", com um monte de dívidas, por dinheiro adiantado e dívidas a pagar por sua conta.

Para substituí-la, ainda antes de sair, ela mesma indicou uma colega de aula sua, da comunidade de São Jorge. O nome dela era Leonise Rhoden. Esta apresentou-se mais simples e no começo parecia uma diferença para melhor. Esperava que ia continuar assim. Mostrou-se boa comigo, cuidava da casa, da comida, dos meus remédios, lavou e passou a roupa - tudo certo. Num certo sentido era também de confiança. Mas, como moça jovem, aos poucos começou também a relaxar, principalmente na limpeza da casa e ordem em redor dela. E isto começou a piorar quando ela arrumou um namorado. Aí não funcionou mais nada direito. Quando o Ireneu me trouxe de SINOP tivemos que dispensa-la. E isto aconteceu sem problema nenhum. Concordou com tudo e assinou direitinho o recibo de demissão. Disse que depois encontrou outro emprego. Mas depois que ela saiu descobrimos que havia coisas estragadas na casa e inclusive a falta de alguns objetos. Este tal de namorado ainda me aprontou uma "boa", furtou a minha arma de fogo, Flobé 22, nº 60727, marca "Geco". Por sorte possuo o Certificado do Registro da mesma. Assim, foi possível, por meio da Polícia, de reaver a arma.

Em seguida a Inês me falou duma mulher mais idosa que já teia cuidado de pessoas de idade, e que talvez podia assumir o trabalho aqui em casa. O nome dela era Acilda Eggewarth. Depois de convidada, ela veio se apresentar e depois de conversada, contratamo-la. Em seguida veio morar aqui em casa, e no começo a gente achou que de fato estava dando conta do recado. Cuidava da gente, fazia comida, lavando e passando roupa, arrumando a casa etc. Aí pensei que agora podia passar dias melhores. No entanto, depois de algumas semanas, aos poucos tive que notar, que mais uma vez estava enganado. Começou a sair muitas vezes de casa: Semanalmente ao encontro dos idosos; tomar parte de ensaios de danças folclóricas, até ir junto para apresentações dos mesmos fora do município etc. No fim até o mais incrível que parecesse, resolveu casar-se novamente (a terceira vez) com um homem de mais idade. Pediu demissão e foi embora.

Então a Inês indicou uma outra senhora de nome Lenita da Encarnação que veio a partir de setembro 2001 me atender durante o dia de segundas a sábados. É muito atenciosa e estou contente com ela. De noite sempre fica a Inês ou sua irmã Heda aqui em casa. Assim me sinto agora muito bem, e bem cuidado. Graças a Deus, espero que continue assim.

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Meu problema de audição: Como o problema, se agravava, resolvi, no começo de janeiro 2000 providenciar a aquisição de um aparelho auditivo. Fiz audiograma com o Dr. Carlos de Oliveira em Itapiranga no dia, 03 de janeiro de 2000. E uns dias depois o Libório me levou a São Miguel do Oeste e lá apresentamos o exame à fonoaudióloga Rosemari Bampi, que fez ainda alguns testes com vários aparelhos, tomando ainda o molde da minha orelha esquerda (a mais fraca) e mandou tudo à DONAVOX em Florianópolis, firma que forneceria o aparelho para mim. Confirmamos o pedido pelo preço de 1.200,00. Mas tendo recebido o aparelho ele não me serviu muito bem. Mas, depois de trocado, uma peça por outra feita. de silicone, serviu um pouco melhor. Mas mesmo assim é muito difícil eu me acostumar ao uso do mesmo. Estou usando o aparelho muito pouco.

Quando na ida a SINOP passei em Cuiabá, o Libório me levou a representação da DONAVOX, e lá mudaram mais uma vez a pecinha de silicone para adaptá-la melhor ao meu ouvido. Mas parece que também não acertaram "cem por cento". E assim continuo usar o aparelho muito pouco, porque acho que ainda não estava certo.

COSTUMES E ATIVIDADES Ainda quero citar alguns costumes e atividades de nossa família. Isto

é, como era uma vez. Pois agora é tudo diferente. Pessoalmente era regente do coral da igreja Matriz de Itapiranga durante mais que trinta anos, bem como também organista. Cantava, gostava de música, principalmente clássica. Tocava harmônio e violino. Ainda hoje, com meus 86 anos, em certas oportunidades assumo a função de organista. Gosto de presidir novenas e grupos de reflexão, e comentários na missa, adaptando-os à liturgia do dia.

A saudosa e querida mãe costurava roupas, fazia trabalhos manuais, como crochê, bordados, colchas de retalhos, flores de pano e de papel, grinaldas etc., Era sempre muito exigente e exata com a limpeza da casa, das roupas e também de tudo em redor da moradia A casa, estava sempre enfeitada com um ou mais buquês de flores frescas.

Ela e eu gostávamos de cultivar flores, plantas ornamentais e exóticas. Eu preferia orquídeas e ela violetas; havia também samambaias e outras mais. Sempre tivemos um pomar rico em frutas. Em qualquer época do ano tinha algum tipo de frutas maduras; uma parreira de vários tipos de uvas. A horta se encontrava sempre bem caprichada, sem inço e ervas más e ali havia também muitos tipos de chás e ervas medicinais.

Eu antigamente tinha como esportes preferidos a caça e pesca, tiro ao alvo, natação, jogos de xadrez, moinho e semelhantes. Porém não gostava de jogar futebol, bolão e cartas.

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VIDA ESPIRITUAL

Rezava-se as orações costumeiras duma família cristã: Além das orações da manhã, da noite, à mesa antes e depois das refeições, rezava-se cada dia no mínimo um terço comunitário. Nos últimos anos, quando já éramos mais idosos, íamos à santa missa diariamente, quando havia. Mesmo idosos íamos de braços dados. Além disso a mãe possuía bastantes folhetos, livrinhos e novenas (mais de setenta guardados junto aos documentos) que rezava cada manhã, nas mais diversas intenções, de cada filho separadamente. Estou sentindo imensamente que depois do meu problema da coluna não posso mais ir á Igreja assistir a santa missa e puxar o terço como antes. Estou assistindo a santa missa na televisão.

Nos fins de semana e dias santos especiais, a dona Heda, que é ministra da Eucaristia, me traz a santa comunhão aqui em casa, que para mim sempre é um consolo.

Ps.: Ervino faleceu no dia 6 de setembro de 2004.

OITAVA PARTE - CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo apresentado todos estes arquivos, transcritos dos originais e

copiados, alguns, por scanner, apenas posso dizer que devem ter escapado aslguns errinhos como também letras trocadas ou mesmo outros erros e por estes todos pedimos escusas.

Por outro lado, se alguém que ler estes arquivos tiver alguma dúvida, com referência aos mesmos, ou gostaria de receber alguma informação e mais outros arquivos referentes à nossa família, nos colocamos à disposição para fornecer o que for possível.

Também encotra-se em nosso arquivo o último trabalho de Ervino, nosso pai, que é um "Album Fotográfico Explicativo" de recordações com muitas fotografias e imagens desde os primeiros antepassados nossos, sempre com o dístico ou explicação, dado por ele, da referida foto.

Ainda com referência a autobiografia de Ervino preciso dizer que as imagens e fotos foram introduzidas por mim e algumas imagens e documentos a que se refere, ele em seu artigo, após o seu falecimento, não foram mais encontrados.

Para mais informações nos colocamos ao inteiro dispor no endereço eletrônico "e-mail" [email protected].