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 História da fundação de Granito, por : Rondinelle Saraiva Saturno. 1.0. HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO Por volta da primeira metade do século XIX, no território da vila do Exu do termo de Ouricuri, pertencente à comarca de Boa Vista, hoje Santa Maria da Boa Vista, na província de Pernambuco do Império Brasileiro, sob o comando do Herdeiro da Coroa Lusitânia, o jovem Imperador D. Pedro II, se erguia no Alto Sertão de Pernambuco, próximo a Serra do Araripe às margens do Rio Brígida, a Aldeola de Granito. Sentimos que o termo Sertão carece de melhor entendimento, não obstante iremos adentrar essa vereda e tão logo retomamos o curso de nossa trilha. O Sertão m ais do que uma localização geográfica remete-nos a um conceito, “Os Sertões  ,os Sertões do caboclo, do vaqueiro, das fazendas de Boi. O lugar a ser conquistado pelos colonos  portugueses, distante da civilidade da Cana de Açúcar, lugar dos bárbaros nativos a serem domesticados. O Sertão apresenta-se neste contexto como o espaço de conflito entre os vaqueiros, criadores de gado, os Nativos, os Colonos e Padres e Missionários. O Sertão do Semiárido Nordestino, marcado pela rigidez do solo, onde o clima tropical se faz mais quente, a seca vez por outra castiga e maltrata o caboclo de pele mais  bronzeado pe la ação veeme nte do sol esc aldante. O Sertão da Caatinga, essa vegetação resiliente, que quando a chuva falta, perde suas folhas para poupar-lhe água e energia deixando a paisagem cinzenta e moribunda, tão logo a chuva retorna a folhagem aflora como que por encanto “ embunitandoe  pintando de verde o sertão. O Espaço do sertão Segundo Elba Monique, 2013. Opõe-se ao marítimo, sendo o coração da terra, o mato longe, podendo ser definido como os Sertão, pois não existe um só conceito do mesmo. É um lugar inserido em um contexto histórico, com suas representações simbólicas, seus rituais próprios vivenciados no espaço da Caatinga. Elba Monique Chagas em tese de Mestrado apresentada a UFRPE, 2013. Cita assim as passagens da obra Grandes Sertões Veredas de Euclides da Cunha, em que os próprios personagens arriscam definir tal conceito com lascas de palavras derretidas pela quentura do torrão sertanejo: “Sertão. O senhor sabe: Sertão é onde quem manda é forte, com astúcia. Deus mesmo quando vier, que venha armado!

HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

1.0.  HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO

Por volta da primeira metade do século XIX, no território da vila do Exu dotermo de Ouricuri, pertencente à comarca de Boa Vista, hoje Santa Maria da Boa Vista,

na província de Pernambuco do Império Brasileiro, sob o comando do Herdeiro da

Coroa Lusitânia, o jovem Imperador D. Pedro II, se erguia no Alto Sertão de

Pernambuco, próximo a Serra do Araripe às margens do Rio Brígida, a Aldeola de

Granito.

Sentimos que o termo Sertão carece de melhor entendimento, não obstante

iremos adentrar essa vereda e tão logo retomamos o curso de nossa trilha. O Sertão mais

do que uma localização geográfica remete-nos a um conceito, “Os Sertões ,”os Sertões

do caboclo, do vaqueiro, das fazendas de Boi. O lugar a ser conquistado pelos colonos

 portugueses, distante da civilidade da Cana de Açúcar, lugar dos bárbaros nativos a

serem domesticados. O Sertão apresenta-se neste contexto como o espaço de conflito

entre os vaqueiros, criadores de gado, os Nativos, os Colonos e Padres e Missionários.

O Sertão do Semiárido Nordestino, marcado pela rigidez do solo, onde o clima tropical

se faz mais quente, a seca vez por outra castiga e maltrata o caboclo de pele mais bronzeado pela ação veemente do sol escaldante.

O Sertão da Caatinga, essa vegetação resiliente, que quando a chuva falta, perde

suas folhas para poupar-lhe água e energia deixando a paisagem cinzenta e moribunda,

tão logo a chuva retorna a folhagem aflora como que por encanto “embunitando” e

 pintando de verde o sertão. O Espaço do sertão Segundo Elba Monique, 2013. Opõe-se

ao marítimo, sendo o coração da terra, o mato longe, podendo ser definido como os

Sertão, pois não existe um só conceito do mesmo. É um lugar inserido em um contexto

histórico, com suas representações simbólicas, seus rituais próprios vivenciados no

espaço da Caatinga. Elba Monique Chagas em tese de Mestrado apresentada a UFRPE,

2013. Cita assim as passagens da obra Grandes Sertões Veredas de Euclides da Cunha,

em que os próprios personagens arriscam definir tal conceito com lascas de palavras

derretidas pela quentura do torrão sertanejo:

“Sertão. O senhor sabe: Sertão é onde quem manda é forte, comastúcia. Deus mesmo quando vier, quevenha armado!

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Sertão. Sabe o senhor: sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder dolugar. Viver é muito perigoso (...)

O Sertão é do tamanho do mundo.Sertão é o penal, o criminal. Sertão é onde homem tem de ter a

dura nuca e mão quadrada.Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo.O sertão é isto: o senhor empurra para trás;, mas de repente elevolta a rodear o senhor pelos lados. Sertão é quando menos seespera; digo” O sertão é bom. Tudo aqui é perdido, tudo aqui éachado(...) o sertão é confusão em grande demasiado

 sossego (...)O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é oChapadão, lá acolá é a Caatinga.O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou

 senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos

 governa” 

Vemos que o Sertão não é definido geograficamente, também não apresenta um

único conceito formado, são vários Sertões. Para Kalina Silva é o desertão, o lugar não

ocupado pelos colonos açucareiro, não explorado economicamente. É onde os

desertores canaviais, o refugo do bagaço da cana de açúcar, os que não enriqueceram

com os negócios canavieiros encontravam espaço e terras abundantes e devolutas e aos

 poucos foram adentrando com a criação do gado neste solo interiorano de grande

demasia. Muitas vezes habitado pelos nativos os quais tiveram que travar verdadeiras

 batalhas para adentrar o interior da caatinga, fazerem suas moradas e abarcar seu

latifúndio. Eram grupos que fugiam do controle social, econômico e coercitivo do poder

oficial do Império Brasileiro e da província de Pernambuco. A Igreja Católica viu no

Sertão a possibilidade de alargar os seus domínios, de catequização dos povos

“bárbaros.” Os padres e missionários virão no sertão uma oportunidade de fundar

aldeias e vilas e ganharem notoriedade, renome. Faz-se perceptível aos que investiga ahistória, que a história da fundação das cidades sertanejas está sempre atrelada a

 presença dos Padres Missionários e da Igreja Católica.

Foi nesse contexto que lá pelas tantas, no 1855 o Padre José Modesto Pereira de

Brito fez acento por essas terras. Natural da freguesia de Serridó do Rio Grande do

 Norte, que até por volta do ano do seu nascimento estava subordinada a diocese de

Olinda, aonde também cursou o seminário. O Padre Modesto de Brito com sua ação

missionária deixou sua marca gravada nesse chão, foi o construtor da Matriz de Nossa

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Senhora do Bom Conselho e doador das terras onde a mesma foi erguida e arredores,

dando inicio a construção do patrimônio da Mãe do Bom Conselho. O Padre Modesto

impulsionou o crescimento e desenvolvimento da aldeola de Granito ao ponto da

mesma ascender rapidamente,de status e ganhar notoriedade no cenário da província de

Pernambuco de século XIX. Pouco depois da chegada do Padre Modesto ao arraial de

Granito, depois de cumpridos os tramites burocráticos legais, iniciou-se a construção da

capela de Nossa Senhora do Bom Conselho. Já no ano de 1863, a aldeola ganha status

de vila, sendo anexado o território da vila do Exu. Em 1865 também é transferida a sede

da freguesia do meu Bom Jesus dos Aflitos de Exu para Granito.   Pelos seus feitios e

façanhas como missionário desta terra e pelo importante papel na construção não só de

um lugar, mas de um povo, é que o Padre José Modesto de Brito é considerado o Pai

fundador de Granito.

 No ano de 1855, quando o Padre Modesto era vigário da Paróquia de Missão

Velha realizou uma permuta com o Padre Arnaud Formiga pela freguesia de Bom Jesus

dos Aflitos da Vila de Exu. Na época a Aldeola de Granito pertencia a Freguesia de

Bom Jesus dos Aflitos em Exu, do termo de Ouricuri, Comarca de Boa Vista. O Padre

Modesto cumprindo seus votos eclesiásticos inicia seu trabalho de levar o evangelho

aos sertanejos da região do Araripe.

Segundo os Registros da Diocese de Petrolina, catalogados pela Igreja Católica a

mando do Papa Bento XVI, a quem registro nossa imensa gratidão, em ocasião a

comemoração do aniversário de 150 de S. João Maria de Vianey, celebrando o ano

sacerdotal e a memória dos padres que exerceram o evangelho em território sertanejo,

assinado pelo Padre Francisco José P. Cavalcante, 2010. A relação do Padre Modesto

Pereira de Brito com Granito, Inicia-se com a compra da Fazenda Poço da Anta,

(Abrev. Poço D’antas) a Senhora Luiza Maria de Jesus a qual havia herdado de seu pai,o Sr. Serafim Soares dos Anjos. A outra parte da Fazenda foi comprada ao Senhor José

Peixoto e Silva aos 06 dias do mês de fevereiro do ano de 1858. O montante do valor

das terras da Fazenda Poço na época lhe custou à cifra de 80$000, (oitenta mil reis). O

Vigário fez a doação de metade das terras da f azenda Poço D’antas para a construção do

Patrimônio e da capela que seria dedicada a Nossa Senhora do Bom Conselho, no valor

de 40$000, (quarenta mil reis). Segundo o Padre José Modesto, em documentação

catalogada do livro de Patrimônio da Igreja de Granito, localizava-se, “(...) ao lado poente do Ribeiro do Brígida, onde esta situada a mesma povoação de Granito” “(...)

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 Localizada de modo mais geral (...) no sitio ou fazenda Poço D’anta, freguesia de Exu

do Termo de Ouricury, comarca de Boa Vista, Província de Pernambuco.”(Padre

 Francisco José P. Cavalcante, catalogado do Arquivo da Diocese de Petrolina.) 

O Padre Modesto Provinha de família abastarda, além do que angariou a quantiade 1.000$000 (um conto de reis) em ocasião de sua transferência para freguesia do

Senhor Bom Jesus dos Aflitos da Vila de Exu. Consta no livro de Patrimônios da

Paróquia de Granito, arquivos da diocese de Petrolina, a doação de cinco casas

construídas pelo reverendo no terreno da Matriz e ainda o próprio sobrado de morada,

no ano de 1877, ano de sua partida de Granito, quando deixou os serviços sacerdotais da

 paróquia da Mãe do Bom Conselho e retornou a sua terra natal, o Rio Grande do Norte.

 Na lista de suas doações ao patrimônio da Paróquia de Granito, ainda consta a imagemde Nossa Senhora do Bom Conselho, esculpida no ano de 1862, para servi de Padroeira

da Matriz, além de todo o madeiramento para cobertura da Igreja retirado daFazenda

Poço D’antas. As ofertas doadas pelo Padre ao Patrimônio da Paróquia do Bom

Conselho em Granito intencionava contribuir com o aumento do rendimento da

freguesia de Granito. Em relatório do Presidente da Província à Assembleia Legislativa

de Pernambuco é registrado mais um ato de generosidade e boa intenção para com a

melhoria e desenvolvimento de Granito:

“Em cumprimento da lei provincial n.1,179, art. 22 ( do inciso 5º),

autorizei a compra da casa do Padre José Modesto Pereira de Brito,

 pelo preço de 5: 000$000, (Cinco contos de Reis) para servi de paço

da camara municipal, tribunal de jury, cadeia e quartel na Villa de

Granito. Aceitando o proprietário esse preço, menor do que o da

avaliação feita pelo Engenheiro da Repartição das obras publicas,

effectuou-se a compra, e aquelle município com mais algum dispêndio

terá uma cadeia e casa da camara apropriados às suas

circunstância”.  (Relatório da Presidencia da Provincia de

 Pernambuco à Assembleia Legislativa,Impresso pela Tiphografia do

 Jornal do Recife. 1866.)

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1.1.  Vida e Obra do Padre José Modesto Pereira de Brito.

Em um dia comum, 08 de fevereiro de 1818, nascia

mais uma criança em Caicó, Região de Serridó do

Rio Grande do Norte, ao receber o sacramento do

 batismo na Igreja Matriz de Sant’Ana  do Serridó,

untava-se o óleo sagrado no peito de José, mais

tarde atenderia pela alcunha de Padre José Modesto

Pereira de Brito. Filho de família importante e

abastarda de Caicó, descendente direto do Português

Tomás de Araujo Pereira, sobrinho do Senador

Padre Francisco Brito Guerra, Pároco da Matriz de

Sat’Ana o qual celebrou o batismo de José

Modesto. Filho de Joaquim de Santana Pereira e Maria Tereza das Mercês, figuras

importantes de Caicó no seu tempo. José seguiu os passos tradicionais da família

inclinada para o Sacerdócio, ingressando no seminário de Olinda com seu irmão

Francisco Justino Pereira de Brito, de onde saíram ordenados sacerdote no dia 13 de

 Novembro de 1842. Partiu José de volta pra sua terra natal, Caicó. Assumiu a freguesia

de São José da Cariranha como Sacerdote no alto Sertão do São Francisco. Transferido

dali para missão velha tempos depois, inicia a construção da Matriz de Missão Velha,

deixando-a quase conclusa quando partiu dali para assumir a Matriz da freguesia do

Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu. Foi uma figura importante de seu tempo,

deixando sua marca com seus trabalhos eclesiásticos, considerado fundador de Granito,

onde dou as terras compradas da Fazenda Poça da Anta, para construção da Matriz de

 Nossa Senhora do Bom Conselho, assumiu ele mesmo a administração da obra da

capela, pedindo ajuda ao Governo Provincial, da população em Geral e até da

Imperatriz para erguer a Igreja.

Pelos seus méritos, recebeu o titulo de Visitador e Arcipestre do Alto Sertão de

Pernambuco, sendo ainda condecorado Cavaleiro da Ordem de Cristo. Os “Cavaleiros

da Ordem de Cristo,” em sua origem foi uma ordem religiosa e militar criada pela bula

 papal Ad ea ex-quibus do Papa João XXIII, atendendo ao pedido do Rei Dom Dinis. A

Ordem religiosa receberia assim o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo em

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1319. Em 1758 a ordem de Cristo foi secularizada sendo extinta em 1910, para ser

refundada em 1910, como Ordem Militar de Cristo, presidida Pelo Grão Mestre o

Presidente da República Portuguesa.

O Padre José Modesto teve uma fiel companheira que o acompanhou desdeGranito até seus últimos dias, Joaquina Gonçalves Cavalcante, com quem teve 5 filhos,

sendo duas filhas: Mônica Maria da Ressurreição de Brito e Maria Euzébia de Assunção

Brito, a qual casou-se com o Coronel José Sancho de Araujo. Teve três filhos: Enrique

Pereira de Brito, Pedro Paulo Pereira de Brito e o Coronel da Guarda Nacional Joaquim

Servita Pereira de Brito. Não temos registros da naturalidade de Joaquina Gonçalves

Cavalcante, sua companheira, apenas indícios de que a mesma possa ter sido

Granitense, já que os registros apontam que a mesma o acompanhou desde Granito.

O Sacerdote retornou a Serridó em 1871 como vigário da Paróquia de Nossa

Senhora da Conceição, transferindo-se para Granito novamente quando a Villa de

mesmo nome e elevada a categoria de Freguesia, reformando a capela da mãe do Bom

Conselho, tornando-a Igreja Matriz. O Padre José Modesto ainda dou cinco casas que

havia construído na quadra da Igreja Matriz e o próprio sobrado de Morada para o

Patrimônia da Paróquia da Mãe do Bom Conselho. Depois de Granito, o Padre Modesto

ainda viria exercer o sacerdócio na Freguesia de Touro e em Martins. Quando lhe

avançava a idade e a saúde debilitada, retornou de vez a sua terra natal Acarí, onde

 passou seus últimos dias e foi sepultado, falecendo aos 21 dia do mês de Janeiro de

1888 aos 70 anos de idade, deixando saudade e seu legado por onde passou nesse Sertão

de meu Deus.

1.2.  Os desígnios de um certo Reverendo, a História daconstrução da Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho.

 Mater boni consilii,(Sig. Nossa Senhora do Bom Conselho), Assim foi gravada

esta inscrição na Matriz de Nossa Senhora do Bom Conselho em Granito, perpetuada

nos anais do tempo, perpassando varias gerações e tende a estendesse a posteridade. A

virgem Maria, também invocada como: a mãe do Bom Conselho, nossa   senhora de 

Shkodra, Nossa Senhora dos Bons Serviços e Santa Maria do Paraíso, em tempos maisremotos “Senhora Bendita.” Na antiga Albânia, dentre varias capelas dedicada à mesma

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estava a de Shkodra, a qual tornou-se o centro de peregrinação em volta do ícone da

imagem da virgem, pintada em afresco segurando o menino Jesus. A história da Mãe

do Bom Conselho remonta em sua origem a pequena cidade de Scútari, na Albânia do

Século XIII. A imagem da Santa Maria de Scútari tornou-se para os Albaneses um

importante centro de peregrinações, o maior de todo o país. Sua história remonta a

lendas e histórias milagrosas envolta de um afresco da Santa segurando o menino Jesus.

A fé dos Albaneses  na Santa, os fizeram resistir bravamente às invasões do forte Império

Turco.

Uma Devota Senhora de nome Petruccia de Nocera, certa feita resolveu

construir com recursos próprios uma pequena Igreja dedicada a Mãe do Bom Conselho,

o que fora alvo de chacotas e zombarias por parte dos habitantes incrédulos com acondição financeira da senhora. O povo a chamavam de louca. Comparada com Noé

que construiu sua barca, Petrusccia desejava construiu a Igreja sozinha, no entanto,

quando as paredes ainda mediam um metro de altura seus recursos se esgotaram. No

ano de  1426 na festa de São Marcos em Genazzano na Itália, local onde a aparição da

Santa teria feito o pedido a Petruccia para assentar morada, conta à lenda que teria

ocorrido um milagre, nuvens brancas teriam se postado acima da construção com a

aparição do famoso afresco de Nossa Senhora e o Menino Jesus, completado aconstrução. Sabendo do ocorrido o Papa Paulo II enviou dois prelados de confiança para

averiguar o sucedido os quais teriam registrado 161 milagres em 110 dias.

Existem ou existiram várias autoridades religiosas que foram devotas de Nossa

Senhora do Bom Conselho, dentro os quais destacamos: o Papa João Paulo II, São

Paulo da Cruz, São Pio V, Leão XIII - que incluiu a invocação Mãe do Bom Conselho

na Ladainha Lauretana - São Pio X, Paulo VI e; e numerosos santos como, São João

Bosco, Santo Afonso de Ligório. Destacamos também o Papa Pio II o qual colocou seu

 papado nas mãos da Mãe do Bom Conselho. A História de Nossa Senhora e cheia de

relatos, lendas e histórias de milagres os quais ao longo dos séculos e milênios, foi-se

construindo uma devoção e peregrinação em volta de sua imagem que tem influenciado

a vida espiritual, de caridade e devoção da cristandade.

 Na província de Pernambuco de meados do Século XIX, existiu uma casa de

caridade no alto sertão de Pernambuco intitulado Recolhimento de Nossa Senhora do

Bom Conselho, como consta no relatório da Presidência da Província de Pernambuco.

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QUADRO –  1

Relatóri o do Presidente da Província de Pernambuco a Assembleia Legislati va. Impresso na

Tipograf ia do Jornal de Recif e. Província de Pernambuco.

Além do recolhimento, o qual não identificamos sua localidade exata, só nos é

indicado a localização regional, no sertão, e próximo a data da chegada do Padre

Modesto Pereira de Brito na Freguesia de Bom Jesus dos Aflitos no Exu, de onde

iniciaria a construção da capela, e mais tarde, Matriz de Nossa Senhora do BomConselho em Granito. Existiu ainda por volta da mesma época à freguesia de Bom

Conselho na Província Pernambucana, não sabemos ao certo o grau de devoção do

reverendo Padre Modesto pela Mãe do Bom Conselho, ou o que haveria de ter lhe

inspirado, não obstante havia a presença de uma instituição de caridade e uma freguesia

no seu tempo dedicado a mesma Santa, que tornou-se Padroeira do povo Granitense. No

quadro acima podemos perceber a importância dos missionários capuchinhos na

construção das instituições religiosas e da presença das figuras que trajavam habitas defreiras e, assim por dizer, tornavam-se as mesmas, as quais exerciam um papel relevante

dentro dessa conjuntura eclesiástica de caridade, abrigo e proteção aos mais

necessitados nesse bravo alto sertão.

Durante o vicariato do Padre José Modesto Pereira de Brito, a freguesia do

Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu em 1859, exercia o cargo de vigário coadjuvante

e Pró-pároco em Granito, o Padre Antonio Tomás de Aquino, o qual passou a auxiliar

do Padre Modesto da freguesia do Bom Jesus, já que Granito pertencia a mesma. O

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Padre Modesto tendo comprado as terras da fazenda Poço D’antes na aldeola de

Granito, doa metade das terras para construção da capela e do patrimônio de Nossa

Senhora do Bom Conselho. Traçou do próprio punho o esboço da capela a ser erigida,

nas palavras do mesmo. “ Esboço em miniatura da Igreja q. tendo em vista erigir neste

arraial do Granito em honra a Nossa Senhora do Bom Conselho, com ajuda de deos e

dos meus fregueses...”  (Padre José Modesto Pereira de Brito, por Francisco José P.

Cavalcante, In Arquivo da diocese de Petrolina).

 Esboço do Projeto original da Capela de Nossa Senhora do Bom Conselho em Granito, feito do próprio punho do Padre José Modesto Pereira de Brito.

 No projeto original a arquitetura da capela apresenta um modelo mais comum,

teocêntrico, com torres altas apontando para cima. Ao longo dos anos a capela passou

 por reformas, inclusive da fachada frontal e ganhou um aspecto mais renascentista e

humanista.

O Reverendo Modesto de Brito abriu o livro de Patrimônios de Nossa Senhora

do Bom Conselho em 1860, para que segundo o mesmo, “Há de servi este livro para

n’elle se registrar a doação do patrimônio, feito a Igreja, q se tem de ed ificar na

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 Povoação do Granito desta Freguesia do Senhor Bom Jesus do Exú em honra de Nossa

Senhora do Bom Conselho. (Pe. Francisco José Pereira Cavalcante).

O Padre Tomás de Aquino seria nomeado Juiz Comissário da Comissão formada

 para legalizar a doação das terras pelo Padre Modesto para Construção da capela de Nossa senhora do Bom Conselho. O Padre José Modesto tratou logo de fazer a doação

 perante um tabelião em Olinda no ano de 1860, de metade das terras compradas a

senhora Luiza Maria de Jesus e ao Senhor José Peixoto e Silva da fazenda Poço

D’antas, a qual havia lhe custado o valor total das terras, 80$000 (oitenta mil reis).

Mesmo com a doação oficial em Olinda teve que correr os tramites legais da doação das

terras pela comissão formada para avaliar a legalidade da mesma ou possível “ pacto ou

conluio,” do doador com algum compassa envolvido no processo. A missa conventualfoi realizada em Granito daquele mesmo ano, o qual solicitava em edital que os

moradores que soubessem de algum  pacto ou conluio envolvido naquele processo, que

realizasse a denuncia da farsa. Na casa do Juiz da comissão Padre Tomás de Aquino, o

Padre José Modesto Pereira de Brito realizou o Juramento de não esta agindo de má fé,

nem simulando qualquer doação.

Com o testemunho de três personagens honrados e respeitados pela população

Granitense e da freguesia do Senhor Bom Jesus de Exu, o Tenente Coronel Roque

Carlos de Alencar Peixoto, morador da freguesia de Bom Jesus, o Tenente Coronel

Carlos Peixoto de Alencar, Juiz Municipal e morador da freguesia, e o Capitão Simão

Geraldo de Carvalho, morador da freguesia de Bom Jesus dos Aflitos em Exu, deram

 por legal a doação feita pelo Padre Modesto de Brito para Nossa Senhora, livre de

hipotecas, dividas ou quaisquer conluio, dando por encerrado o processo e legalizando a

doação. O Padre modesto assinou o Auto da posse da capela, onde passou a posse do

 patrimônio de Nossa Senhora do Bom Conselho para o Padre Tomás de Aquino. Estavaconstituído canonicamente o patrimônio da Mãe do Bom Conselho.

Segundo o Padre Francisco José P. Cavalcante, as provisões para construção da

capela foi assinado pelo bispo D. João da Purificação no ano de 1861. O Padre José

Modesto Benzeu a Primeira Pedra da Capela no mesmo ano, assim como reza o ritual

Romano:

““Certifico, que, tendo se paralisado a obra da Capella de Nossa Senhora do Bom Conselho [...] isto pela inconvenientez

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da Secca do anno próximo passado de 1860, achando-me

 presente nesta Povoação hoje, acompanhado do Reverendo Pro

 Pároco Antonio Thomas de Aquino e de uma grande parte dos

 Parochianos desta Feguesia pela nove oras da manhã , benzi a

 primeira Pedra da Capella [...] de acordo com o Ritual Romano

[...]”(Pe. José Modesto Pereira de Brito, por Padre Francisco

José P. Cavalcante, Padres do Interior II, Arquivo da diocese de

Petrolina, Livro de Patrimônio de Granito).

Já no ano de 1873 o Padre José Modesto, mesmo estando como Vigário

Resignatário de Exu, pede autorização para dirigir as obras de construção da capela, que

o próprio transformaria em Igreja Matriz em 1875, sendo autorizado o seu pedido comoreconhecimento de sua devoção e dedicação a Mãe do Bom Conselho e da doação das

terras que o vigário havia feito:

“  José sacerdote Parocho Collado, pó devoção sua, dispoi-se

erigir , em lugar remoto de sua Matriz  uma Capella em honra

da Mãe de Deos  [...] neste intento doou, a quatorze anos, uma

 parte de suas terras, a Imagem de sua devoção (=a imagem de N.Sra. do Bom Conselho era de propriedade do padre José

Modesto), constituiu Canônico Patrimônio [...] O lugar cresce

mette mãos a Capella ...  foi transferida sua Matriz (=a de Exu)

 para esta Capella (a de Granito) , ainda imprópria. Dando José

 sua annuencia tácita a transferência da Matriz , pedio aos fins

 seu auxilio, já não em favor da Capella, mas da nova Matriz.

[...] com o producto de uma Loteria , que pode obter da

 Província , pôs a obra em muito bom pé [...]  Resigna José sua

 Freguesia, um outro Sacerdote (= Pe.Filipe Rezende Pinto) o

 substitui na Administração Parochial.Este; por devoção sua ,

contando com o auxilio dos fieis, sem preceder os meios legáes,

 sem ouvir a José que então se achava ausente, nem tão pouco

ao seu procurador, sérvio de disparte de um terreno que José

havia reservado para a edificação de uma rua própria, e nella

lançou os fundamentos de uma Capella em honra da Imagem de

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

 sua devoção. Chega José faz-lhe ver que elle não podia

continuar com o serviço, sem a necessária licença do Ordinário,

e como para fazer communhão com os mais fieis deu-lhe tão

bem a sua esmola, dizendo-lhe que como devia continuar com a

 sua, o iría ajudando com o que pudesse, pondo a disposição dos

 serviços da nova Capella os terrenos de suas olarias (terras

 próprias) , e toda a madeira, do que fosse mister utilizar-se. O

Ordinário [o bispo ou um seu representante]  porem irrita o

 serviço até que esse Sacerdote constituísse , a pretendida

Capella Canônica Patrimonial , feito o qual o auctorizaria para

continuar no serviço [de sua capela]. Morre esse Sacerdote  sem

constituir o Patrimônio exigido, José doador, e administrador

do Patrimônio da Senhora, da ordem para erigir a sua que

tinha reservado para si, servindo-se da pequena pareda do

oitão da Capella paralisada [...] um outro sacerdote vem

 substituir o falecido  na administração Parochial, este arroga

 para si o direito de obstar a José a continuaçãlo de suas casas,

 já emadeiradas, e sem outro título mais do que uma Portaria do

respectivo ordinário em que lhe concede poderes para reger a

 Freguesia quanto a administração dos sacramentos, sequer

embargos ao serviço de Jose [...].”(Pe. Jose Modesto, por

 Francisco José P. Cavalcante, Padres do Interior II, Arquivo da

diocese de Petrolina, livro de Patrimônio Da Matriz de Nossa

Senhora do Bom Conselho, Granito).

O vigário Modesto de Brito aceita de bom grado administrar a construção daMatriz de Nossa Senhora do Bom Conselho. Por várias ocasiões houve paralisação na

construção da Igreja, a primeira ocorreu por volta de 1862, por conta da seca e da peste

do cólera morbus, que castigou a população e por falta do apoio do governo, tornando o

tempo difícil para continuação da obra. Embora, encontramos no relatório do Presidente

da Província de Pernambuco o Doutor Clementino Carneiro da Cunha, uma quantia de

24.538$000 ( vinte e quatro contos e quinhentos e trinta e oito mil reis) para custear as

obras das Igrejas e Matrizes, a qual aparece uma cifra destinada a despesas naconstrução da capela da Mãe do Bom Conselho como indica no quadro a seguir:

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QUADRO –  2

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Como vimos, fora destinada uma quantia de 714$000 (setecentos e quatorze mil

reis), quantia pouco significativa, tendo em vista que no ano de 1874 o Padre

apresentava os gastos com a ereção da Matriz, até então, a qual estava pronta apenas a

capela mor e os alicerces do restante da Igreja, 6. 072$185 (seis contos setenta e dois

mil e cento e oitenta e cinco reis). Além das doações das terras e madeira para cobertura

da Igreja feita pelo reverendo Modesto de Brito, o mesmo utilizou de outros artifícios

 para angariar recursos para a obra. Em carta circular a população assinada pelo próprio,

 por Carlos Cornélio Pinto de Alencar e por Dário José Pinto da Silva, o vigário

solicitava ajuda na construção fosse com trabalho, tijolos ou alfaias. Fazia menção a

 promessa feita durante o surto do cólera morbus em 1862, de celebrar uma missa em

agradecimento por a população ter se livrado da peste que assolou o sertão. Com todo o

esforço do Padre e empenho na construção, até por volta de 1873 se celebrava em local

impróprio o qual chamou de santuário particular no dizer do Padre Francisco José, que

segundo o reverendo “... uma casa pouco decente, como todos não ignorão [...]”(Padre

 José Modesto). Faz chegar então uma solicitação a corte no Rio de Janeiro a Imperatriz

Dona Maria Leopoldina, para que a mesma aceitasse o titulo de Protetora da Igreja de

 Nossa Senhora do Bom conselho, e doasse o que lhe abrandasse o coração. O estado da

obra até o presente momento havia alcançada a seguinte evolução: estava construída a

Capela Mor, os camarinhos, os alicerces do corpo e corredores e as torres da Igreja

segundo o qual media 204 palmos decumprimento, 66 altura e 78 palmos de largura.

Recebeu da casa Imperial, emitido de abril de 1875 a seguinte resposta:

“ Imo. E Exmo. Senhor. Sua Majestade A Imperatriz [...]  Houve

 por bem acceitar o titulo de Protectora da Igreja em questao .”

[...]Aos 30. 04.1875, as 6 horas da manhã, benzeu e inaugurou

com solenidade, a nova Matriz ainda inacabada.”. No dia

 seguinte, 31 de abril, pelas oito horas da manhã, realizou a

transferência das imagens inclusive a de N. sra. do Bom Conselho

“[...] de minha propriedade e de hoje em diante, della faço doação

a mesma Matriz , para lhe servir de Orago, ou Padroeira.” (Padre

 José Modesto, por Padre Francisco José P. Cavalcante,

catalogado dos Arquivos da Diocese de Petrolina).

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A Matriz de Granito recebeu assim a honrosa proteção de sua Majestade a

Imperatriz Dona Leopoldina, esposa do Imperador Brasileiro D. Pedro II, a qual tinha

nacionalidade Austríaca, e entrou para a família de Bragança ao contrair o matrimônio

arranjado com sua realeza, o Imperador do Brasil, Filho de D. Pedro I, que tinha

nacionalidade Portuguesa e neto do Príncipe Regente D. João VI, já que sua bisavô D.

Maria Antonieta sofria de Problemas mentais a qual impedia de administrar a corte de

Bragança, mais tarde do Reino Unido de Portugal, o Brasil.

Mesmo nas condições da construção da Igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho

em Granito, já havia sido transferida a Freguesia do Senhor Bom Jesus do Exu para Granito

no ano de 1865. Em relatório a Assembleia legislativa, o Presidente da Província expões as

necessidades mais urgentes dos municípios e freguesias segundo reclamações dos mesmos e

relatou a necessidade da conclusão da Matriz de Granito, um prédio para funcionar ostribunais e servi de cadeia e um açude no riacho que banha a vila.

A história da construção da Matriz de Granito atravessou varias décadas, por vários

motivos, em varias ocasiões a construção foi parada, pelas secas frequentes, os surtos de

cólera morbus, a falta de recursos para construção e a própria grandiosidade da obra que

 para época, um grande desafio, que o Padre Modesto não concluiu em vida. Segundo o

Padre Francisco José P. Cavalcante, em visita Canônica do Bispo de Floresta em 1913, o

andamento da Obra se encontrava no mesmo pé que se encontrava no ano de sua

inauguração 1975, a capela Mor e os alicerces, estando parada a construção durante uns 45

anos. Em 1920, uma nova visita canônica apontava “[...] as fases da construção da Matriz,

trabalho caríssimo e de mau gosto.”  Acredita o Padre Francisco José se tratar de uma

ampliação da Igreja na parte frontal no cumprimento da Igreja, observado a largura dos

arcos frontais, por serem mais estreitos do que os demais projetados pela planta inicial, nos

dá o indicio de uma ampliação no cumprimento da Matriz. Já em 1924 em visita pastoral do

Bispo D. Malan a Paróquia de Granito, durante o vicariato do Padre Joaquim de Alencar

Peixoto, o Bispo na provisão da visita arranca elogios ao reverendo Padre Joaquim Peixoto,dizendo ter encontrado tudo em ordem e bem cuidado, é possível que por essa época a

construção da Matriz já estivesse concluída ou prestes a concluir.

Quando o Padre José Modesto de Brito deixa a paróquia de Granito no ano de 1877,

e retorna ao Rio Grande do Norte como administrador do Patrimônio de Nossa Senhora do

Bom Conselho, nomea um procurador para administrar interino o patrimônio da santa, o

Senhor Gonçalo José Peixoto da Silva, que na ocasião do falecimento do Padre Modesto em

1888, Jurou na vila de Granito na casa do Juiz de Capelas, o Doutor Augusto Siqueira

Cavalcante, cumprir os deveres do cargo.

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Mesmo sem ter findado sua obra, o legado do reverendo José Modesto Pereira de

Brito foi transmitido por tuda a posteridade, para todas as gerações que lhe sucederam em

Granito, o Padre não só foi responsável pela construção da Matriz, mas pela construção de

um povo. Amigo do vigário de Ouricuri e Deputado Francisco Pedro da Silva, sobrinho do

Senador do Rio Grande do Norte os quais muito lhe ajudaram na sua luta pelo sertão e pelo

 povo Granitense, de simples aldeola, quando o Padre pisou aqui, o Arraial de Granito logo

 passou a vila, freguesia e sede da freguesia invertendo os papeis com a vila do Exu quando

Granito fazia parte da Freguesia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos. Foi transferida também a

Matriz da Paróquia do Bom Jesus do Exu, para a Mãe do Bom Conselho em Granito, pouco

tempo depois de sua morte foi criado a comarca e passa a Município independente.

 No projeto feito a punho da matriz de Granito, o Padre traçou um modelo de

arquitetura, mais comum do que a atual estrutura, dentro dos padrões Medievais. Todaviaao longo das décadas de sua construção e reformas foi ganhando formas da arquitetura

renascentista. A maioria das Paróquias apresentam modelos Teocêntricos com torres altas

apontando para o céu e o traçado das linhas na vertical, apontando para Deus dando a ideia

de que o plano terrestre é somente uma passagem para outra vida, para um plano maior de

divino. A paróquia de Granito hoje apresenta um modelo mais humanista, com linhas

horizontais chamando atenção para o plano terrestre, para a grandeza do homem, até que o

 padre Isidório em reforma, traçou linhas verticais cruzando as horizontais dando um

equilíbrio entre deus e os Homens. O Numero 3 sagrado para a cristandade, que tantas

vezes aparece na Bíblia, está visível na fachada da Igreja, com três torres discretas, três

cruzes, três portas em forma de arcos frontais que dão acesso ao interior da Matriz. No teto

da Matriz esta posta uma grande cruz, símbolo do Cristianismo, a mesma cruz em que cristo

foi crucificado e sacrificado pela humanidade, ladeado por doze arcos, seis de cada lado

dando sustentação à estrutura da Igreja, podem muito bem representar os doze apóstolos, o

que no conjunto representaria muito bem a Santa Ceia.

2.0.  A ELEVAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO AO STATUS DE

VILA.

Com a decadência do Exu antigo, onde a população diminuía e crescia a

 povoação do novo Exu, com os prédios se desmoronando e com o desenvolvimento do

Arraial do Granito com a povoação de Exuenses, a construção de uma Igreja que se

tornaria Matriz em Granito e o desenvolvimento da Aldeola após a chegada do Padre

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José Modesto, o Granito é elevado a categoria de vila no ano de 1963, durante a

 presidência de Manoel Francisco Correia na Província de Pernambuco, tornando-se sede

do termo de Exu, e pouco depois em 1865 torna-se também sede da Freguesia

subordinando a Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Exu a Paróquia de Nossa

Senhora do Bom Conselho em Granito. Veja.

. QUADRO - 3

FONTE: Diccionario Tophografico, Estatístico e histórico da Província de Pernambuco, Manoel

Honorato da Costa, 1863. Impresso por: Tiphografia Universal do Recife, Rua do Imperador, 1863.

 No ano anterior, em 1862, quando Cabrobó que também pertencia a comarca deBoa Vista, recebeu sua comarca torna-se independente de Boa Vista e Leva consigo

 parte do território o qual estava incluso o Termo de Ouricuri, a freguesia de Exu e a

Aldeola de Granito. Granito passa então a pertencer a comarca de Cabrobó. Nos chama

atenção ainda o fato da recém criada Vila de Granito já existir uma cadeira de instrução

Pública Primária, que era destinada somente para o sexo masculino, enquanto as

mulheres eram exclusas do sistema de Ensino, reproduzido uma cultura machista do

dominador. Em documentação do relatoria do província, um poço posterior,encontramos um pedido de transferência de um certo professor, da cadeira de ensino do

Exu antigo para Granito, o mesmo alegava que a localidade estava em decadência e já

não havia mais alunos a quem se ensinar.

 Não foi de bom grado e sem resistência que Exu se deixou transferir a sede da

vila e da freguesia para Granito. Ao que parece houve quem acusasse o Padre Modesto

Pereira de Brito de ter influenciado na transferência. A reverendo foi defendido pelo

amigo Senador e Pároco de Ouricuri, todavia não fez objeções a transferência e atéachou pertinente, embora o Segundo o Padre Francisco José o Reverendo fizesse

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questão de mostrar que não tinha participação na transferência da Matriz de Exu para

Granito, depois se mostrou a favor, segundo o qual estava “[...] situada n’uma posição

mais central, e ao alcance de se poder acudir de pronpto com o pasto espiritual aos

 fieis em suas necessidades [...]”  (Padres do Interior II, in Arquivo da Diocese de

Petrolina, livro de Patrimônio da Matriz de Granito).

A Câmera Municipal de Exu tratou logo de enviar um relatório reclamando a

transferência.

QUADRO - 4

1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela

tipografia do Jornal do Recife –  1863.

 Nos primeiros anos de nascimento da vila de Granito, esta também já

apresentava suas reclamações ao presidente da província alegando precisar esta

municipalidade de uma cadeia pública e uma casa para suas sessões de trabalho de Juri

e de um cemitério, pois os mortos estavam sendo enterrados em campos, salvo aqueles

que construíam catatumbas as suas custas, lamentando por Câmara não ter recursos para

acudir semelhantes necessidades, principalmente aquelas pertinentes ao cemitério,

apontando que o balanço de receitas e despesas não permitia pagar seus funcionários em

dias, solicitando assim providencias a assembleia pelos estado que se encontrava a vila.

Mais tarde encontramos a negociação da província de Pernambuco com a casa do Padre

Jose Modesto para servi de Camara e Cadeia e tribunal de Juri, que no dizer próprio era

arejada e tinha espaço apropriado as circunstâncias.

 Na década seguinte houve uma melhoria no quadro de receitas apresentado pela

camara de Granito no exercício de 1875 –  1876. Veja.

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QUADRO - 5 

1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela

tipografia do Jornal do Recife –  1876

Como vimos, a receita apresentada pela Câmara de Granito foi de 1.269$732

(um conto duzentos e sessenta e nove mil e setecentos e trinta e dois reis, enquanto as

despesas foi inferior a arrecadação, o equivalente a 990$380 (novecentos e noventa mil

e trezentos e oitenta reias, apresentando um saldo favorável de 279$352 (duzentos e

setenta e nove mil trezentos e cinquenta e dois reis. Renda bem superior a de Exu com

apenas 431$500 (quatrocentos e trinta e um mil e quinhentos reis) de arrecadação e

despesas semelhantes restando um pequeno saldo de 7$920 (sete mil e novecentos e

vinte reis. Sendo ainda superior a outros municípios como Ouricuri e Salgueiro. Noexercício anterior de 74  –  75, a Camara de Granito apresentou um quadro ainda mais

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favorável com maiores receitas arrecadadas e menores despesas gerando um saldo

favorável ainda maior, que foi de 1. 576$332 (um conto quinhentos e setenta e seis mil

e trezentos e trinta e dois reis) de arrecadação enquanto as despesas somaram 750$000

setecentos e cinquenta mil reis menos da metade da arrecadação municipal, ficando com

saldo de 826$332 (oitocentos e vinte e seis mil e trezentos e trinta e dois reis. Com o

crescimento da freguesia de Granito, em poucas décadas de simples aldeola logo se

tornou Comarca, criada pelo Juiz de direito Alfredo Afonso Pereira em 1890. Pelas leis

 províncias na condição de freguesia e comarca, mesmo não tendo ainda alcançado status

de cidade ainda o Granito se torna Município Independente e autônomo em 1893.

A estrutura administrativa da Província se dava verticalmente da seguinte forma:

 No topo da hierarquia havia a Província na hierarquia administrativa, a o Diocese naHierarquia Eclesiástica, a Província se dividia Judicialmente em Comarcas que se

dividia em Termos, os Termos quase sempre se referia a um Município, o Município

tinha como sede uma Cidade ou Vila e quase sempre corespondia a uma delegacia.

Abaixo da hierarquia eclesiástica da Diocese estavam as Paróquias, raramente os

Curatos, as quais a Diocese se dividia e Correspondia a uma Freguesia. Os Termos se

dividiam em Distritos de Paz Enquanto na hierarquia Policial havia as Delegacias quase

sempre correspondentes a um Município, as quais se dividiam em subdelegacias. HaviaMunicípios que existiam as Delegacias e Subdelegacias para atender aos distritos, vilas

e povoação daqueles Municípios. Como vimos pela estrutura administrativa e Leis

Provinciais era possível uma Vila tornar-se um Município, e Granito na qualidade de

Vila, Freguesia e Comarca se tornou Município autônomo pela primeira vez no ano de

1893, há exatos 121 anos passados.

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2.1.  A Câmara Municipal da Freguesia de Granito.

QUADRO - 6

1 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela

tipografia do Jornal do Recife .

As câmeras municipais existem no Brasil desde o ano de 1532, ocasião em que

São Vicente na região sudeste, foi elevada a categoria de vila. É mais uma herança

herdada dos colonizadores portugueses. No período colonial faziam parte da câmera,

além dos vereadores que pertenciam à elite local, assim chamados “os homens bons,” 

eleitos pelo voto do povo, o procurador, juiz e o escrivão, para o mandato de três anos.

Existia ainda um representante da coroa nomeado pela corte Imperial. A instituição da

Câmara de Vereadores tinha funções bem amplas, eram de serem responsáveis diretos

 pela administração da vila, desde questões referentes a impostos, estradas, calçadas,

cuidar da limpeza pública a regulamentar o comercio, as profissões, os ofícios, enfim

eram responsáveis pela vida administrativa da localidade. Geralmente existiam as

câmeras cadeias, pois além das funções administrativas, exerciam também funções

 policias e jurídicas. Somente existiam câmeras as localidades que ganhavam o status de

vila.

 Nesta conjuntura as câmeras tornavam-se mecanismos de dominação política da

elite local sobre a população mais desfavorecida, vez por outra, a própria coroa

 portuguesa se via obrigada a realizar intervenções nas câmeras devido ao abuso de

 poder destes com a população. Durante o Período Imperial de (1822 a 1889) o poder das

câmeras e retraído, ficando a cargo das mesmas apenas as funções administrativas, as

mesmas são impedidas de exerceram jurisdições contenciosas. O voto neste período era

censitário. Com a independência do Brasil, veia a primeira constituição Brasileira de

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1824, que instituiu o voto censitário no Brasil, o qual durou até 1891, quando foi

extinto. Para votar o cidadão tinha que ser maior de 24 anos, ter renda anual de 100$000

(cem mil reis), para ser candidato, ter renda de 400$000 (quatrocentos mil reis) para

deputado e 800$000 (oitocentos mil reis) para candidatar-se a senador. As mulheres,

escravos e a população mais marginalizada da sociedade eram excluídos do processo

eleitoral. Dessa forma apenas um percentual mínimo participava do processo eleitoral.

Veja no quadro abaixo, a relação de parte dos colégios eleitorais, municipais e

Paróquias da Província de Pernambuco na época. Chamamos atenção para as paróquias

de Granito e Exu.

QUADRO - 7

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Como vimos no quadro acima, pelos critérios estabelecidos na constituição de

1824, que estabeleceu o voto censitário, foram registrados 9 eleitores da Paróquia de

 Nossa Senhora do Bom Conselho e 12 da Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos do

colégio eleitoral do Exu, somando 21 eleitores no total. A província contava com um

quadro de 36 colégios, 72 paróquias e apresenta um total de 2074, (dois mil e setenta e

quatro) eleitores em Pernambuco.

As eleições se realizavam em dois turnos, em um primeiro turno se elegeriam

um colégio eleitoral, para eleger num segundo turno os deputados, senadores e

membros do conselho da província.

Por ocasião do falecimento do Visconde de Suassuna, que ocupava o cargo de

senador, imediatamente a Câmara deliberou aprovar as eleições Paróquias dos eleitores

especiais de diversas paróquias, dentre as quais a Paróquia de Nossa Senhora do Bom

Conselho em Granito, presidida pelo cidadão José Lopes Machado do colégio do Exu. E

adiou as eleições de varias paróquias dentre as quais a do Senhor Bom Jesus dos Aflitos

do colégio de Exu.

3.0.  A HECATOMBE, O DESEMBARQUE DO COLERA

MORBUS DE NAVIOS EUROPEUS.

A chegada do cólera morbus no Brasil em 1855, causou tumulto entre a população e

grande preocupação por parte do poder público, médicos e Civis. No Brasil já se

acompanhava a doença mesma quanto esta ainda jazia na Europa causando pânico, uma

vez identificada com a Peste Negra Medieval. Foram feitos sacrifícios de animais em

massa, Gatos, cães, pombos e principalmente dos Porcos, pois no imaginário a respeitoda doença, acreditavam ser este o responsável pela infecção da cidade do cólera. Uma

das medidas sanitárias frente ao cólera foi a mudança quanto a certos hábitos da

 população, os quais estava o de se enterrar seus defuntos no interior das Igrejas, no

cemitério colada as Igrejas. Como medida de proteção foi-se construindo os cemitérios

mais afastados das Igrejas para evitar o contato frequente com as covas de defuntos de

doenças contagiosas.

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Dentre as várias medidas adotadas pela comissão de higiene da província de

Pernambuco estavam: Sujeitaram-se a quarentena todo navio a vapor ou vela precedente

da Europa de portos suspeitos. Todo navio que provier de portos onde reina o cólera

morbus estaria sujeito a desinfecção imediata, as roupas, mercadorias e objetos dos

 passageiros seriam conduzidos para o Lazarreto e submetido à quarentena. Se algum

navio precedente da Europa não apresentar carta de limpeza será submetido a medidas

de higienização prescritas pelo funcionário competente que poderá ordenar banhos e

outros cuidados corpóreos a tripulação, o deslocamento das mercadorias mesmo a

 bordo, submersão no mar das substancias alimentares, lavagem das roupas ou

equipagem, limpeza no porão, evacuação completa das águas, desinfecção das câmaras,

ventilação de partes profundas por meio de mangas ou outros aparelhos, fumigação de

cloro, a esfregadura, lavagem do navio e mesmo a transferência de passageiros para o

Lazareto, todo devendo ser executado antes que o navio desembarque. No caso de ter

sido notada a presença de algum acometido pelo cólera, este seria imediatamente

transferido para o lazareto onde passaria pela quarentena e tomadas as prescrições que

seria levado a rigor. (Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a

assembleia legislativa, impresso pela tipografia do Jornal do recife em 1855.) Dentre

uma série de outras medidas preventivas que foram tomadas pelas autoridades da

Província de Pernambuco afim de se evitar a infecção, porém as medidas não foram

suficientes para evitar a hecatombe.

Temos noticias da chegada do Cólera Morbus em Granito 7 anos após a mesma

ter desembarcado em portos brasileiros, em 1862, quando o Padre José Modesto Pereira

de Brito, faz suas lamentações por conta construção da Matriz de Granito, que esteve

 parada durante este ano por conta das secas e da chegada do Cólera Morbus. Alguns

cálculos no relatório da Presidência, apontavam a população da província em torno de

300.000 almas, sendo o número de óbitos em torno dos 30.000 óbitos nos municípios

afetados, a décima parte da população.

 No seu dossiê temático de História pelo Programa de Pós Graduação em História

 pela UFPB, Jucieldo Ferreira Alexandre aponta que os Carirenses haviam temido a

entrada do cólera no Cariri pela via de Pernambuco entre (1855 a 1856). Em 1862 o

delegado de Exu havia tomado uma medida preventiva contra o cólera, criando um

cordão sanitário na chapada do Araripe, impedindo a passagem de qualquer viajanteadvindo do cariri ou outros municípios afetados. Criou-se piquetes nas estradas com

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torras de paus retirados da floresta e homens armados obstruindo a passagem dos

viajantes, que para o jornal “O Araripe” era uma atitude “ilegal e idiosa” uma vez que

os pobres viajantes após grande jornada de caminhada, 8 léguas até o limite com Exu, se

viam obrigados a fazerem as voltas em torno dos calcanhares e retornar, no dizer

 popular, em cima do rastro. Tendo noticias inclusive da morte de um homem de

cassetetes acometidos no piquete, numa tentativa de passagem por um viajante.   “ sem

consentir sequer uma pausa para descanso e alimentação. Alguns desses viajantes

chegaram a ser presos e conduzidos até “a falda oposta da serra, e já tem havido

quem, recalcitrando, volt e com a cabeça quebrada!” ( O Araripe, 23.08.1862, p. 4).” 

Para livrar-se do Cólera Morbus o Senhor Guálter Martiniano de Alencar Araripe, o

Barão do Exu, fez uma promessa a São João Batista para que o mesmo livrasse seu povo da praga, prometendo-lhe em troca erguer uma Igreja em seu nome na fazenda

caiçara, no Araripe, e assim o fez, desde então todos os anos o povo exuense

comemoram o dia de São João Batista, festejam em memória ao Santo que os teriam

livrado da peste do Cólera Morbus.

3.1. 

A História dos Cemitérios em Granito, a hierarquia dosEnterros.

O surto do Cólera Morbus deixou sua marca no sertão, não somente pelas vidas

ceifadas, que não foram poucas, em Granito mudaram-se os costumes do povo no modo

de enterrar seus defuntos. Com o surto epidêmico desembarcados da Europa, ao mesmo

tempo em que se buscavam medidas de higienização e salubridade pública, como deixar

de enterrar os defuntos no interior ou no cemitério da Igreja, buscando construir

cemitérios um pouco mais afastados para evitar o contato diário com a população, por

outro lado com o volume crescente dos defuntos, houve a necessidade de se construir

esses cemitérios próximos às cidades e vilas, dadas as dificuldades do falecido receber

os sacramentos e encomendações em locais afastados. A parti dos surtos epidêmicos, os

médicos começaram a questionar os sepultamentos nos corpos nas Igrejas, sendo a

 população obrigada a mudar os hábitos e a mentalidade ao ponto de ter sido promulgada

uma lei na Bahia que proibia o sepultamento no interior das Igrejas.

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

Por essa época, tinha-se o costume de transportar os féretros em uma rede, posto um

mastro no sentido horizontal da rede amarando as duas extremidades da mesma, seguia

o cortejo fúnebre com o falecido a balançar-se na rede estrada adentro. Dois homens um

em cada extremidade transportando-o enquanto uma terceira pessoa a frente carregava a

cruz do defunto no sentido da vila para receber os sacramentos e ser sepultado. Com as

ameaças da doença, as autoridades trataram logo de fechar os cemitérios interno das

Igrejas do Araripe, notoriamente houve mudanças nos costumes de se enterrar e

variações. Nos Documentos Catalogados da Diocese de Petrolina nos livros de óbitos e

Parvulos, pelo Padre Francisco José P. Cavalcante, passou-se a enterrar, em locais

sagrados como Próximo a uma Cruz, ao pé da Santa Cruz da Matriz de Granito, em

catatumba, em catatumba alugada, abaixo do cruzeiro, em catatumba tipo carneiro etc.

O Padre Felipe Benício Resende Pinto, tendo sido vigário cooperador do Padre José

Modesto Pereira de Brito, vicariou em Granito entre 1867 a 1873 aproximadamente.

Tem-se notícias que o mesmo construiu um cemitério em Granito no ano de 1869,

acredita o Padre Francisco José ser o Cemitério Público, e haveria outro Cemitério o

qual era conhecido como “Cemitério desta Villa de Granito”  Sendo o  primeiro, o

Cemitério um pouco distante da Igreja, acredita o Reverendo se tratar do cemitério em

ruínas localizado na Avenida José Saraiva Xavier, onde hoje se encontra uma grandemurada com uma pedra negra central, identificando a origem do imóvel, e umas

 paisagens sertanejas pintadas recentemente por artistas da terra. Com relação ao

segundo, o “Cemitério desta Villa de Granito”acredita o Padre Francisco José se tratar

do que era colado a Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, o qual foi demolido

 posteriormente. Chama-nos atenção a Matriz acima citada, todavia a capela de Nossa

Senhora do Bom Conselho só foi projetada no final da década de 50 do século XIX,

 passou pelos tramites burocráticos e só começou a ser construída no inicio da década de

60 de mesmo século, prestes a Granito se tornar vila e cede da freguesia. É esperado que

houvesse uma subparóquia da Matriz do Senhor Bom Jesus do Exu no arraial de

Granito, anterior a de Nossa Senhora do Bom Conselho, Nossa Senhora dos Remédios.

Temos noticia da construção de um novo cemitério paroquial em Granito por volta

de 1929, pela Padre Joaquim de Alencar Peixoto, o qual mandou construir o cemitério e

uma estrada de acesso à mesma com recursos provindo do apostolado da oração, taxas

de foro, do Próprio vigário e da doação de um cordão com crucifixo de ouro da SenhoraRaimunda Honorina Peixoto à Padroeira, que teria sido vendido pelo Padre Joaquim

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

Peixoto por 700$000 (setecentos mil reis) gastos na construção do cemitério. Raimundo

Praia e Dodô foram os Pedreiros encarregados da Obra. Por se tratar de um cemitério

Paroquial, e na época já ser Nossa Senhora do Bom Conselho a Padroeira da Matriz de

Granito, e provável que se trate do atual cemitério de Nossa Senhora do Bom Conselho,

na atual Rua Antonio Simeão Rodrigues, popularmente conhecida como Rua do

Cemitério. (Padres do Interior II)

Os quadros 8 e 9, referem-se aos sepultamentos feitos no “Cemitério desta Vil la de

Granito”, “no cemitério público desta vil l a de granito” , em catacumba da matriz de

 granito”, em carneiro na capela São João da Araripe”, “no cemitério desta vila abaixo

do cruzeiro,”  em catacumba reservada no cemitério desta villa ,” (de Granito) no

cemitério desta villa abaixo do cruzeiro ,”(Granito) cemitério público do novo Exu,” no

cemitério publico de São J oaquim desta freguesia de Exu.” 

QUADRO –  8

Nome do defunto Cor dosHábitosMortuários

Causa daMorte

Cor/NívelSocial

Observações

Delmira Cordolina deAlencar

Preto AtaquesHistéricos

Branca Ano de 1864. Sepultada Grades acima.

Francisco Leite Rabelo47 anos.

Preto Ataqueepópletico

Ano de 1865. Encomendadosolenemente Pelo Pró-Pároco de Exu,Padre Antonio Almeida.

Barbara Maria de Jesus19 anos

Preto Histérismo Recebeu todos os Sacramentos,encomendada pelo Padre José ModestoPereira de Brito

Capitão FranciscoPereira Coelho, 75 anos.

Envolto emhábitos deSãoFrancisco

Capitão Ano de 1867. Sepultado Solenemente ao pé da Santa Cruz da Matriz de Granito.Sepultado em catatumba tipo carneiro.

D. Manoela Franciscado Nascimento, 31 anos.

Pretos Estupor Branca,Esposa doCapitãoAntonioPereira deCarvalho

Ano de 1869. Confessada

Maria Ibiapina de Jesus, Hábitos deFreira

Ano de 1874. Sepultada em frente aoCruzeiro ao lado esquerdo da capela. Foiconfessada recebeu outros sacramentos.Teve enterro solene. Sendo tratada commuito carinho pelo padre.

Castora Maria, 58

anos.

Pretos Moléstia

Incógnita.

Branca Esposa de Amaro José Peixoto.

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QUADRO –  9

Nome do defunto Cor dosHábitosMortuários

Causa da Morte Cor/ NívelSocial Observações

Francisco Cordeiro daSilva, 52 anos.

Brancos Morto de Tisica Pardo Adquiriu catatumba própria,recebeu ossacramentos e teve missade corpo presente. Sendo oúnico pardo sepultado emcatatumba

José Branco Dor Ciatica Cabra. Escravodo Major Dário

da Silva Peixoto

Foi confessado e recebeuos sacramentos.

Luiza, 30 Anos. Aborto Escrava doTenente CoronelLuiz Pereira deAlencar

Ano de 1872. Não recebeuos Sacramentos. Sepultadaabaixo do cruzeiro,encomendada pelo PadreJosé Modesto.

Maria Thereza de Jesus Branco Congestão. Não foi encomendada.

Barbara Maria da

conceição

Branco Parto.

Protário, 49. Branco Pluris Escravo doPadre JoséModesto Pereirade Brito.

Foi casado com a escravaBlandina

 FONTE: PE. Francisco José Pereira Cavalcante, Padres do Interior II, coletado em Arquivos da Diocese

de Petrolina. Livro de óbtos de Adultos.

Fazendo uma analise comparativa entre quadro 8 e 9, onde metodicamente

coletamos as informações, separamos nas duas tabelas tendo como marco divisor a cor

dos hábitos dos defuntos, o que consequentemente gerou outras subdivisões. Tal

 parâmetro nos permitirá algumas conclusões a respeito do mesmo. No quadro 8, todos

os defuntos foram sepultados de Hábito pretos, foram também os que receberam os

sacramentos devidos, ou enterrados solenemente. Eram: brancos, capitão ou esposa de

capitão. Quando não aparecem sepultados de preto, estão envoltos de hábitos de São

Francisco ou de Freira. Enquanto que no quadro 9, todos foram sepultados em hábitos

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

 brancos e eram ou pardo, cabra, ou escravo, as vezes nem recebiam encomendação, ou a

os sacramentos devidos.

Observemos que o escravo José, diagnosticada a causa da morte dor ciática, foi

confessado e recebeu os sacramentos, no entanto se tratava do escravo do Major Dárioda Silva Peixoto, e mesmo assim, foi sepultado em hábitos brancos. Quanto a Francisco

Cordeiro da Silva, no que aparenta, era conhecido e tinha certa condição, pois nos

registros é o único pardo sepultado em catatumba. Adquiriu catatumba própria, recebeu

os sacramentos e teve missa de corpo presente, mesmo assim foi sepultado em hábitos

 brancos, como também foram sepultados de branco aqueles que tiveram causa de morte

 parto e aborto.

 Neste ínterim, podemos concluir que havia uma hierarquia dos enterros, uma

divisão por condição social, cor e causa de morte. Os pertencentes às classes mais

abastardas, livres e brancos eram sepultados de hábitos pretos, o que simbolicamente

representa o luto. Enquanto os escravos, de nível das camadas sociais do populacho e

não brancos, não tinham os mesmos direitos cristãos, o que nos revela que a Igreja

Católica não se eximia das relações de poder do Brasil Imperial, estava amplamente

entrelaçada nesta teia ou cadeia das relações de poder constituídos de direito ou

conquistado pela lógica coercitiva da época.

4.0.  O CONTIGENTE POLICIAL, E A HISTÓRIA DA CADEIA

EM GRANITO.

 No inicio da Década de 60 do Século XIX, havia na Província de Pernambuco

45 Delegacias e 171 subdelegacias, o estado das mesmas quase sempre deixava a

desejar, funcionando em prédios alugados de particulares, quase sempre não dispunha

das acomodações adequadas aos fins necessários, com limitações no número de presos

de que poderia comportar e quase sempre necessitando de consertos e reparos. O corpo

Policial da Província apresentava o número de 500 praças distribuídos pelo número de

Delegacias e Subdelegacias supracitados. A Polícia ainda reclamava de aumento dos

vencimentos, alegando insuficiência, principalmente quando estes eram destacados para

o interior, em áreas afastadas.

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

 No ano 1867 o relatório provincial descrevia a prisão de Granito como

funcionando em casa particular, sem acomodação ou segurança. Como vimos no

capítulo 1, Houve uma autorização do Presidente da Província para a compra de uma

casa de propriedade do Padre José Modesto de Brito para servi para este fim e outros

mais, no valor de 5:000$000 (cinco contos de reis), que segundo relatório, seria

apropriada a suas circunstancias. Já em 1870 o relatório apresentado à assembleia

legislativa da Província apresentava um quadro de 51 cadeias existente na Província,

das quais apenas 19 achavam-se em estado regular e prestarem-se a seus fins, dentre

elas a de Salgueiro, Leopoldina (Parnamirim), Exu e Granito. No relatório de 1874 o

estado da cadeia de Granito era apresentado da Seguinte Forma:

QUADRO –  10

11 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela tipografia do Jornal do Recife –  1874.

Como vimos, às acomodações da cadeia de Granito comportava um número

razoável de detentos, descrito com capacidade para abrigar 30 presos do sexo masculino

e ainda um quarto para mulheres e o xadrez dos soldados os quais não foram descritos a

capacidade de mulheres e soldados que podiam comportar. Todavia outro dado nos

chamou atenção, o fato do imóvel ser descrito como de propriedade particular, não

sabemos ao certo se a compra da casa do Padre Modesto de Brito par tal fim se efetuou,

 pois nos parece que houve algumas mudanças de endereço da cadeia de Granito nestas

duas décadas. Na década de 60, além de funcionar como cadeia, era descrito como que

também para servir de Câmara, e tribunal de Júri, nos documentos posteriores não

encontramos menção desses órgãos funcionando junto a cadeia, o que pode ter havido

uma separação.

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

O quadro a seguir demonstra a importância em reis, dos alugueis das cadeias,

dos quartéis e das cadeias e quartéis concomitante, onde os prédios eram de propriedade

de particulares.

QUADRO –  11

12 . Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela

tipografia do Jornal do Recife –  1880.

Para a cadeia e quartel de Granito era pago pelo governo provincial a

importância de 20$000 (vinte mil reis) mensais, e 25$000(vinte e cinco mil reis) para a

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

cadeia de Exu. No mais, os valores pagos pelos alugueis das cadeias dos outros

municípios eram igual e na maioria das vezes inferiores a Granito e Exu, 3$000, 5$000,

6$000, 9$000, 10$000, 12$000 etc. O que demonstra que os prédios dos mesmos

deviam estar entre as melhores estruturas de cadeias, na época, dos prédios alugados.

 No relatório de 1880, o estado da cadeia de Granito era descrito como sendo “ É de

 propriedade particular a casa que serve de cadeia nesta Villa. Está Bem conservada,

offerece a precisa segurança e pode comportar até vinte presos.”  Em 1881 as

condições de segurança da cadeia de Granito aparecem como sendo, boas, estado de

conservação bom, comportando 20 presos e em condições de higiene regular.

A presidência da província, em 1865 reclamando da insuficiência da força de

linha que presta os serviços de segurança, manda que a Guarda Nacional seja destacada para os municípios do interior, para maior eficiência da ação das autoridades no sentido

de repressão contra a baderneira de bandidos e criminosos armados a percorrer o sertão

e prevenção contra os delitos. Apresentou o contingente policial de Granito os quais

consta os seguintes números: Oficiais 1, inferiores 1 e 20 praças, somando um

destacamento de 22 homens da lei para fazer a guarnição de Granito. Em 1870 o

contingente policial de Granito havia acrescido 30 soldados no seu quadro, que agora

apresentava os seguintes números, Oficiais 1, inferiores 1 e 50 soldados.

 Nos arquivos províncias ainda encontramos a nomeação de alguns cargos que

compuseram o quadro administrativo e o poder oficial na vila de Granito. Foi nomeado

 por decreta provincial de 14 de Dezembro de 1864, o Juiz Municipal de Granito o

Bacharel Ângelo Caetano de Souza Cousseiro. Mais tarde aparece o Bacharel João

Franklim de Alencar Lima como Juiz Municipal de Granito. Em 1877 aparece como

Juiz Municipal de Granito e Exu o Senhor Candido Alves Machado, em outra ocasião, o

Bacharel Augusto Frederico Siqueira Cavalcante. Em 1876 foi nomeado promotor público de Ouricuri, o qual pertencia Granito, o Bacharel José Gomes Coimbra, Sendo

ainda nomeados os adjuntos dos promotores públicos, dentre os quais foi nomeado para

atender Granito, Joaquim José Ribeiro. No quadro da divisão policial da província de

Pernambuco na década de 60, encontramos como subdelegado da subdelegacia de

Granito o Senhor Cornélio Carlos Peixoto de Alencar Filho e como subdelegado de Exu

Jesuino de Araújo Albuquerque.

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O quadro –  13 demonstra os promotores adjuntos exonerados dos quais consta a

exoneração de Alexandre Geraldo de Carvalho no dia 13 de Outubro de 1875 do Termo

de Granito, o qual agora pertencia a comarca de Ouricuri e não mais de Cabrobó, como

ocorrera em 1862, quando deixou de pertencer a comarca de Boa Vista, e passou a

 pertencer a comarca de Cabrobó. Demonstra ainda o ano da criação do foro civil de

Exu, o qual foi anexado ao termo de Granito que era sede da Freguesia o qual Exu

 pertencia.

QUADRO –  12 

13. Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso

 pela tipografia do Jornal do Recife –  1875.

A força policial e o aparato legal do estado, vivia em constante conflito com os

foras da lei. A ocupação das terras interioranas foi acompanhada pelo conflito de civis

com o estado, que não conseguiu dar as condições necessárias para manter a paz e

tranquilidade no alto sertão de Pernambuco, marcado muitas vezes pela ação de

Coronéis, dos cabras machos que vez por outra topavam com a policial e tentavam fazer

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

frente ao estado desafiando-o. Nos números policiais da provincial, referentes a crimes

acometidos, a tomada de presos, fuga de presos da cadeia e arrombamento de cadeia é

 bastante comum na época, ocorria frequentemente em várias freguesias, dentre as quais

vamos citar alguns crimes para vislumbrar melhor esse quadro. No começo da década

de 60 foram registrados os seguintes crimes:

Caruarú...................Tomada de presos 1

Homicidios 1Brejo ........................Tomada de presos 3.

Boa Vista .................Tomada de Presos 1.

Ofensa Physica leve 1

Ouricuri.........................Fuga de Presos 1Arrombamento de cadeia 1

Exú ...........................Tomada de Presos 1

E assim seguem estes números por varias outras freguesias, o qual demonstra o

constante conflito da lei e os civis na província, o que veio a agravar-se mais ainda com

as constantes secas, onde carecia de intervenção da Província na ajuda contra os efeitos

moribundos dos flagelados provocados pela mesma. Em 1876 foram criadas comissõesespeciais para amenizar os efeitos da seca que perdurava 2 anos e maltratava os

 Nordestinos. Tendo as chuvas do meio do ano melhorado “os terríveis efeitos da

horrorosa seca,” o qual não resolveu o problema, apenas melhorou a intensidade do

flagelo. A comissão especial da Provincial buscou contratar a mão de obra dos retirantes

 para trabalhar em obras públicas, retirando-os dos alojamentos os emigrantes solteiros,

em condições de trabalho para diminuir o numero de pessoas sustentada pelo estado.

Pois havia no alojamento do Arsenal da Marinha 15 mil pessoas e fora da cidade aosarredores como Olinda, Palmares etc 40.000 pessoas. As ajudas também se distribuíam

as casas de caridade a qual temos notícias da ajuda de 1:600$000 (um conto e seiscentos

mil reis) as casas de caridade de Bezerros e Granito. Em Exu a situação era de

calamidade como consta:

“os indigentes habitantes de Garanhuns, Buiuque, São Bento,

 Bom Conselho, Flores, Baixa Verde, Villa Bella, Boa Vista,

Ouricury, Cabrobó Exu e Salgueiro se acham a Braços com o

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

 flagela da Seca e ameaçados de perecer de fome por serem

raros os gêneros de primeiras necessidades, e só por preços

exorbitantes poderem ser obtidos o que apareciam no mercado,

não poder ser indiferente a aflição daqueles

infelizes.”(Relatório da Província)

Entendendo ser esse um dos casos em que o Governo deve intervir com o

socorro aos que sofrem, foi aberto um credito para serem empregados na compra e

transporte de viveres para serem enviados e distribuídos entre a pobreza. Distribuindo

gêneros alimentícias segundo a necessidade. O quadro 14 é um recorte, existente outros

municípios atendidos, o qual focamos no objeto de nosso interresse.

QUADRO - 13

14. Relatório da Presidência da Província de Pernambuco a assembleia legislativa, impresso pela

tipografia do Jornal do Recife .

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

Como demonstra, Exu recebeu a ajuda de gêneros alimentícios dos quais 100

sacos de farinha, 30 sacos de milho, 10 sacos de Feijão, 2 sacos de arroz e 120 arrobas

de carne seca para serem distribuídos entre a população faminta.

Para piorar os efeitos da seca, a província tinha outro fator agravante, preocupar-se em guarnecer com força policial as vilas e cidades para conter a onde de saques a

fazendas e comercio. No Sertão Nordestino em um contexto de Secas e fome, desmando

de Coronéis e insuficiência da força coercitiva do aparato provincial, surge bandos

armados, saqueadores, que no discurso do governo eram bandidos armados e

malfeitores, verdadeiros inimigos da ordem pública. Divididas as opiniões sobre a

verdadeira identidade dos cangaceiros, ora aparecem como bandidos, mal feitores, um

mal a ser exterminado, ora como heróis, figuras símbolos da bravura e resistência. Ofato e que para as volantes policias organizadas pelo governo para banir o banditismo do

sertão, estes eram o verdadeiro cólera e ser curado no cano do bacamarte. Nos anos de

secas se notava o aumento das estatísticas criminais com os Bandos de homens armados

que cresciam em toda a província os quais contavam com a impunidade, assaltando e

 praticando assassinato. A fim de restabelecer a Lei no Império, o Governo empregou

recursos afim de distribuir pelo interior da província toda força policial possível, todavia

quando estava pondo em prática seu plano, recebeu do Presidente da Província do Cearáum oficio o qual o mesma comunicava a falta de segurança nas propriedades e na vida

da população, dada a ação de bandidos armados nas comarcas de Crato, Jardim, Lavras

e Barbalha.

Mandou então o Governo Provincial de Pernambuco, guarnecer por fortes

destacamentos as Vilas de Salgueiro, Cabrobó, Granito, Ouricuri e Vila Bela a fim de

 perseguir a “horda de criminosos.” O comunicado ainda se estendeu as Províncias da

Paraíba e Rio Grande do Norte afim de que a soma das forças pudessem operar deacordo com as forças postas no Ceará.  Seguiu então para Ouricuri, Exu, Triunfo,

Granito, Salgueiro e Vila Bela, destacamentos de 1ª linha guarnecendo-os de forças

volantes, o que das forças combinadas dessas localidades com as demais províncias,

veio os resultados: “ Graças a esse systema de perseguição, os facinorosos, que d’antes

 zombavam dos esforços empregados isoladamente aqui e alli para os reprimir, foram

activa e seguidamente acossados, perdendo d’elles d’alguns a vida, sendo capturados

muitos outros dispensados os bandos.” Dentre os quais se sobressaia pelo número deaudácias os capitaneados pelo celebre Adolpho Rosa, vulgo Meia Noite. O qual vinha

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

aterrorizando em constantes sobressaltos a população da Ingazeira, se vendo agora

reduzido em um pequeno grupo disperso. Veja os números policias de 5 anos com

relação a criminalidade na província de Pernambuco:

ANO CRIMES

1874...................................338

1875......................................341

1876.....................................286

1877............................................

1878 .....................................650

O número de crimes alto para a época na província de Pernambuco tinha a

contribuição da ação dos bandos armados que percorriam o sertão. No ano de 1878 teve

seu ápice com a elevação para 650 crimes, um aumento de mais de 100 por cento em

relação há alguns anos anteriores. O que revela o desmando no sertão e a dificuldade

das autoridades de manter a ordem no interior da Província. Temos notícias mais uma

vez da presença dos Cangaceiros em Granito em 1927, quando o Padre Joaquim de

Alencar Peixoto, relata não ter havido a arrecadação do Foro da Igreja, onde os foreiroshaviam se evadido da cidade, por conta da seca e da ação dos cangaceiros, que agora

numa situação inversa, o Reverendo reclamava por estes estarem recebendo apoio das

autoridades locais.

Muita coisa já se viu neste chão cru protegido pela Mãe do Bom Conselho,

 pestes como o Cólera Morbus, que castigou de forma tão cruenta nosso povo do Sertão,

continuadas secas flagelando a população, que faminta se arriscavam a toda sorte de

destino como meio de sobrevivência, até mesmo o cangaço foi uma forma encontrada

 para fugir da fome, dos desmandos e da miséria, como se viver atirado na Caatinga

roendo pau para saciasse da sede, assaltando fazendas e quem passar na estrada

transportando quaisquer ração, já não fosse uma verdadeira miséria. Todavia o povo

sertanejo sempre resistiu bravamente a tudo isso por que como dizia o autor “o povo

sertanejo é antes de tudo um forte.” 

1909, Granito torno-se cidade pela primeira vez, logo em seguida édesmembrado o território de Exu e criado o distrito de Bodocó e anexado ao território

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

de Granito. Na década de vinte chega a Granito a figura de outro Padre notável,

Joaquim de Alencar Peixoto, dentre seus inúmeros feitios, criou dois cemitérios em

território Granitense e construiu a Capela de Santa Terezinha na Aldeola de Sitio dos

Moreiras da vila de caririmirim, pertencente a Granito na época.

Em 1924 é sede do município de Granito é transferida para Bodocó, onde

 permaneceu até 1938, quando Granito perde de vez status de cidade e município a passa

a pertencer ao recém criado município de Bodocó como distrito anexado.

Tivemos como primeiro chefe Político o Senhor Eráclio Peixoto, seguido pelo

Coronel João Silvério de Alencar e Manoel Antônio de Luna. Sob tutela do Prefeito

Manoel Antonio de Luna, Granito é rebaixado a condição de distrito de Bodocó em

1938, perdendo de vez sua autonomia administrativa e liberdade política

Os anos 60 anunciava um novo tempo para o povo Granitense. Antes de ser

deposto pelo golpe militar de 1964, o então Governador de Pernambuco, Miguel Arraes

de Alencar, através de decreto assina a liberdade política e administrativa de Granito no

dia 20 de Dezembro de 1963. Granito torna-se cidade outra vez, sendo nomeado

Prefeito o Sr. Manoel Porfírio (1964-65), com a missão de marcar as eleições

municipais que elegeriam pelo sufrágio universal o Sr. Aderson Coelho (1965-69),

 primeiro prefeito eleito pelo povo da nova era emancipativa de Granito. Sucederam em

seu pleito os Senhores Prefeitos:

  FRANCISCO GIVALDO DE ALENCAR SAMPAIO 1970-1972;  ONOFRE EUFRÁSIO DE LUNA 1973-1976;  ESMERINDO ALVINO DA SILVA 1977-1982;  MANOEL CORDEIRO LACERDA 1983-1988;  HERNANDES LACERDA 1988-1992;  JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 1993-1996;  ANTONIO VALDIR GONÇALVES 1997-2000;  JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 2001-2004;  JOÃO BOSCO LACERDA DE ALENCAR 2005-2008;  RONALDO ALENCAR SAMPAIO 2009-2012;  ANTONIO CARLOS PEREIRA 2013...

Assim, se passaram os anos por essas terras, viveram e ainda vivem seus filhos, o

 povo Granitense.

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7/22/2019 HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO

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 História da fundação de Granito, por: Rondinelle Saraiva Saturno.

Deixo aqui minha contribuição para a posteridade, acredito que todo ser humano

deva viver com um propósito, completo aqui o meu. A história serve para responder

duas questões existências de estrema relevância na vida do ser humano, de onde viemos

e quais as nossas origens, serve também para que a memória de pessoas como o Padre

José Modesto Pereira de Brito não se perca na amnésia do tempo, para que os grandes

feitios dos homens não sejam apagados. Deixo aqui o meu abraço as gerações

vindouras, o futuros vos pertence, todavia, o presente e o passado pertencem o nós

todos.

FONTES:

Diccionario Tophografico, Estatístico e Histórico da Província de Pernambuco ,

1863. Fonte primária.

Padres do Interior II, Francisco José P. Cavalcante. Fonte Secundária. Arquivo da

Diocese de Petrolina, livro de Patrimônios da Matriz de Nossa Senhora do Bom

Conselho, livro de Párvulos, livro de óbitos de adultos. Fonte secundária.

Relatórios da Presidência do Província de Pernambuco a assembleia legislativa,

impresso pela tipografia do Jornal do Recife de 1832 a 1888. Em microfilmagem. Fonte

 primária.

Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

Objetos líticos, cemitério de pedra seca indígena no povoado do Mata Boi. Inscrições

rupestres no Riacho da Jangada. Artefatos históricos de pedra polida. Fontes primárias.

Diário Oficial de Pernambuco. Microfilmagem disponível em diário oficial eletrônico

de Pernambuco de 1936 aos dias atuais. Fonte primária.

Fotos de acervos doméstico de Cidadãos locais.

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7/22/2019 HISTÓRIA DA FUNDAÇÃO DO ARRAIAL DE GRANITO

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