36
HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth Curso de Turismo UFSCar Campus Sorocaba

HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

HISTÓRIA DA GASTRONOMIA

De Caçador a Gourmet; Franco (2001)A História da Gastronomia; Leal (1998)

Disciplina: Alimentos e BebidasProfª. Alissandra Nazareth

Curso de Turismo UFSCar Campus Sorocaba

Page 2: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Gastronomia: significado• Estudo das leis do estômago;• Sentido mais amplo: arte de preparar iguarias, tornando-as mais

digestivas, de modo a se obter mais prazer;• Acessível a classes sociais mais privilegiadas;• Combinação da tradição (saber do povo é ligada à terra, à

exploração dos produtos da região e das estações) com a criação (invenção, renovação e experimentação);

• A cozinha é traço marcante na cultura de um povo: retrata características físicas do local onde se vive, sua formação étnica, crenças religiosas e políticas;

• História marcada por uma sucessão de trocas, conflitos, desavenças e reconciliações entre a cozinha comum e a arte de cozinhar;

• A evolução da culinária está ligada à variação do clima, colheita e tempo de guerra e paz, pois isso interfere na vida das pessoas.

Page 3: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Pré-História (4000 a.c.) Hábitos/alimentação carnívora: grupos para matar, para driblar a presa,

canibalismo. As presas capturadas eram mantidas garantindo carne fresca e iniciando a domesticação dos animais.

Comida definindo as migrações / o fogo tem papel decisivo na conservação / inscrições rupestres;

Uma das principais descobertas foi o cultivo da terra e tirar dela os alimentos;

Inicialmente o homem semeou e colheu trigo, cevada, milho, batata, feijão, mandioca e arroz;

A fixação do homem levou-a a criar mobiliários, instrumentos, comercio e o desenvolvimento social;

Os primeiros instrumentos para armazenar e conservar alimentos foram de cerâmica.

Page 4: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Pré-História Os alimentos puderam ser fervidos, manter sólidos em temperaturas

constantes, condimentá-los com ervas e sementes aromáticas, iniciando a culinária;

Nasce o caldo substancial dos povos agricultores, surgindo outros caldos, sopas, mingaus, pirões e bebidas aquecidas;

Aparecem as bebidas fermentadas fabricadas com raízes, e servidas quentes para reforçar a resistência, tratar dos doentes ou para magias;

Surgem os vinhos de frutas (framboesa, amora e cerejas silvestres);

O sal passa a ser extraído de ardósias e depois do mar;

Foi inventado o forno de barro compacto.

Page 5: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Antiga - Egito O pão é um alimento que existe há 2000 anos;

Os egípcios foram os inventores da padaria artística e do pão de ázimo, sem fermento;

O pão era a base alimentar de todas as classes sociais da civilização ocidental;

Mais tarde foi substituído pela carne que por ser cara era reservada para os dias de festas;

Além do pão os egípcios consumiam vinho, mel e um certo tipo de cerveja e cebola no culto religioso;

Depois foram acrescidos na alimentação aves, peixes, ostras, ovos e frutos variados;

Comer lentilhas na passagem do ano para atrair fartura, sorte e prosperidade era costume no antigo Egito.

Page 6: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Antiga – Grécia A arte de comer torna-se a arte de receber, refinando a cozinha;

A comida era preparada por cozinheiros escravos, que tinham posição de destaque em relação aos demais escravos;

O trabalho de cozinheiro passou a ser feito pelos padeiros que tornavam famosos ao produzirem pães enriquecidos com sementes, ervas aromáticas, frutas e óleos vegetais. Eles transformaram-se em chefes de cozinha, auxiliados por outros serviçais;

O principal alimento era o peixe, enriquecido com centeio, arroz, aveia e condimento como sálvia, tomilho, alho-poró, cebolinha, alcaparras, raiz forte, orégano e coentro;

Os ricos comiam boi, carneiro, cabra e porco;

O alface era usado como calmante.

Page 7: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Antiga – Grécia A pastelaria grega era a base de trigo, mel, azeite, pinhões,

tâmaras, amêndoas e sementes de papoula;

Bebiam leite, vinho e misturas à base de mel;

Os utensílios de cozinha eram de cerâmica e as caçarolas e caldeirões de bronze ricamente decorados.

Page 8: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Antiga – Roma A cozinha grega foi levada até os romanos durante as guerras de conquistas na Sicília.

Romanos herdaram os cozinheiros gregos, os melhores da região;

Os romanos tinham costumes semelhante aos gregos em relação às refeições e à hospitalidade. Sua cozinha ultrapassou a grega;

Os jantares gregos eram divididos em duas partes: a primeira dedicada à refeição (mesas baixas e retangulares, onde se comia em silêncio) e a segunda ao simpósio ou comessatio (mesas menores e redondas), onde as mulheres não compareciam. Festa!

Os romanos faziam banquetes e aparece o chefe de cozinha: prisioneiros de guerra que passavam a fazer trabalhos culinários. Se tornavam importantes e eram reconhecidos como artistas. Recebiam altos salários. Tê-los era sinal de ascensão social;

Com o tempo os banquetes romanos formam se transformando em verdadeiras orgias. Entre os gregos, pano de fundo para debates filosóficos, literários e políticos;

Os festins, eram tão exagerados e demorados que havia intervalo para os convidados tomarem banho e fazerem massagens. Os vomitórios marcaram a decadência gastronômica: quantidade em detrimento da qualidade.

Page 9: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Antiga – Roma Os romanos comiam frangos, patos, gansos, galinhas-d`angola e

pavões; pássaros silvestres, como codornas, perdizes, gralhas, avestruzes, flamingos, garças e papagaios; peixes, rãs, mexilhões, ouriços e ostras. Frutas, como cereja, abricó, limão e melão;

Ou seja, cozinha variada e refinada, fruto do intercâmbio com outros povos, culturas e hábitos, em virtude de um período de estabilidade e prosperidade, até a queda do império romano;

Os pobres comiam uma polenta feita com cereais ou farinha de grão-de-bico;

As cerimônias de casamento, as noivas comiam um pão especial para a ocasião, significando vida em comum, a responsabilidade que se iniciava. Desse costume vem o bolo de casamento. O primeiro ato da sua nova condição de casada era partir o bolo.

Page 10: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Média Os monges simplificaram a preparação e enriqueceram a qualidade: herdaram os conhecimentos da

cozinha romana e transmitiram a tradição para outros povos;

O vinho foi aprimorado nos mosteiros com o desenvolvimento de videiras nobres, maçã, malte e cerveja;

Desenvolveram legumes, frutas, exploram minas de sal, praticaram a pecuária, curtiram o couro e aprimoraram a conservação de alimentos e pão;

Plantavam, aumentavam sua produção, mantiveram fazendas-modelo. Nas feiras vendiam seus produtos, carnes salgadas e especiarias;

Comiam peixe como o arenque, que era salgado e vendido em vários mercados europeus. O peixe era muito valorizado, pois era barato, popular e ainda, a base da dieta dos cristãos;

A cozinha apresentava mais luxo que sabedoria. Os ingredientes eram justapostos, sem preocupação com a combinação. O que importava era a apresentação dos pratos e não como os alimentos eram preparados;

Usavam temperos, especiarias, noz-moscada, gengibre, canela, cravo, sementes de girassol, cominho, hortelã, cebolinha, anis e açafrão.

Açúcar e trigo sarraceno foram trazidos das cruzadas, que propiciaram um grande comércio no oriente médio, entre muçulmanos e romanos.

Page 11: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Média Nos festins e banquetes serviam vitelas, cabritos, veados, javalis, cisnes, gansos,

pavões, perdizes e galos, frutas frescas, salgados e doces; Comer muito e com voracidade era um vício comum. A carne era cortada com o próprio punhal, comiam com as mãos, e os restos eram jogados no chão para os cachorros;

As damas não participavam, chegavam ao final, para as sessões de música e poesia;

No século XIII o forno voltou a ser usado, permitindo uma cocção lenta e os guisados foram redescobertos. Também aparecem os molhos; São preparadas salsichas, vinagres, mostardas e as caldeiradas de peixes de água doce;

São dessa época o iogurte, sorvetes, melões, café, geléias de pétalas de rosas, de violetas, de frutas, bolos, doces com amêndoas e mel, e o nougat (massa doce folhada);

Na China aparece o talharim e o espaguete (massa de farinha de trigo e soja): Marco Polo comeu essas tirinhas temperadas com gordura de peixe, levou a receita para a Itália e esta se tornou o prato nacional do país;

O arroz foi levado da Ásia para o ocidente.

Page 12: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Moderna Popularização dos talheres (objetos pessoais levados em estojos)/ Importância das

especiarias;

As viagens de navegação levavam sementes, raízes e cereais e traziam as novidades de lá;

Recebemos cana-de-açúcar (o açúcar ficou mais barato),

Os temperos eram usados com maior moderação e os aromáticos foram acrescentados às bebidas, surgindo os licores.

Mais requinte e educação, ao contrário da ostentação e brutalidade da Idade Média.

Page 13: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Moderna No século XVI, a cozinha francesa sofreu grande influência da

italiana;

Os parisienses saiam de casa para jantar nos cabarés, locais de encontros dos artistas e escritores;

Na Europa haviam hotéis e tavernas com uma table d`hotê – menu servido em hora determinada, pelo qual se paga um valor fixo por cabeça.

Page 14: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Moderna La Tour D`Argent: albergue-taberna de alto nível fundado no século XVI, existente até hoje;

No século XVII surge o serviço separado de pratos: sopas, entradas, assados, saladas e por fim sobremesa;

La Varenne (cozinheiro de Luis XIV) – revolucionou a culinária com os molhos franceses

como o bechamel;

Em meados do século XVII, os franceses descobriram o café, depois que um visitante oriental levou-o de presente para o rei Luís XIV;

As casas de cafés se espalharam rapidamente por Paris, onde eram servidos também chás e chocolates que eram consumidos no final da tarde (recomendados para combater doenças venéreas e o café sem açúcar é fortificante), até que o governo inglês, para incentivar o comércio com o oriente, baixou o preço do chá: declínio dessas casas;

Outro alimento dessa época foi o peru, levado pelos padres jesuítas que vieram para a América;

Mistura de frutas e açúcar aos pratos salgados.

Page 15: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Moderna Foi criado o grande fogão de cozinha, de doze a vinte bocas, que substituiu o

fogão a lenha e pôde cozinhar em fogo brando ou forte;

O champanhe passa a ser produzido (Denominação de Origem Controlada);

Os costumes franceses passam a ser espalhar para outros países da Europa;

Aparece o primeiro estabelecimento de um parisiense conhecido por Boulanger (padeiro em Francês), em Paris (1767), que vendia sopas quentes restauradoras;

Foi aberto em 1782 em Paris o “La Grande Taverne de Londres”, do chef Beauvilliers e era freqüentado pela aristocracia e oferecia um serviço a la carte, com longa lista de pratos para o cliente escolher, com destaque para as saladas e assados.

Page 16: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade ModernaO champanhe: Com o aparecimento de Don Perignon (monge beneditino) em 1670, houve

uma "revolução" na produção do champanhe; A Don Perignon deve-se a descoberta dos cinco principais elementos que em

muito contribuíram para o champanhe tal como ele é hoje:

A mistura de diferentes vinhos da região, conseguindo assim um produto mais harmonioso;

A separação e prensagem em separado das uvas pretas que predominam em Champagne, obtendo assim um cristalino sumo de uva;

O uso de garrafas de vidro mais espesso para melhor permitirem a pressão da segunda fermentação em garrafa;

O uso da rolha de cortiça, vinda de Espanha, que permitiu substituir o anterior sistema, pauzinhos de cânhamo embebidos em azeite;

A escavação de profundas adegas, hoje galerias com vários quilômetros de extensão e usadas por todos os produtores, para permitir o repouso e envelhecimento do champanhe a uma temperatura constante.

Page 17: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

Idade Contemporânea (1789)• Napoleão: preocupado com seu exército, ofereceu alto prêmio para quem criasse uma

técnica para conservar alimentos: surgiu a conserva em vidros, enlatados: impulso à indústria;

• Após Napoleão: grandes chefs e cozinheiros foram trabalhar nos restaurantes de Paris, depois de perderem seus empregos nos palácios, em virtude do enfraquecimento da nobreza com a revolução;

• Aparecimento do serviço à francesa: os pratos são servidos de uma única vez;• Jantares cada vez mais tarde: valorizou o serviço do chá da tarde;• Pós-guerra (1918): a cozinha francesa teve uma queda, menor quantidade e qualidade

dos alimentos disponíveis. EUA e Japão em alta;• Após a guerra: materiais de cozinha se aperfeiçoaram, o gás e a eletricidade entraram

na cozinha: fogões, liquidificadores, batedeiras e equipamentos que possibilitaram a conservação;

• Procura pelo fast-food e self-service (tendência), restaurantes de alimentos em massa e pizzarias: cadeias de restaurantes: refeições baratas e rápidas;

• Grandes restaurantes em hotéis;• Metade do século XX: Nouvelle Cuisine: realçar o sabor natural dos alimentos,

valorizar a técnica.

Page 18: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A História da Gastronomia no Brasil• Índio + Colonizador Branco + Escravo Negro: Cozinha Brasileira;

• Cozinha dos nativos: mandioca (farinha, biju/caldo de carne ou de peixe) + palmito (inhame veio mais tarde da África);

• Aipim, batata, abóbora, milho, feijão, fava, amendoim, cará;

• Abacaxi, goiaba, cajá, maracujá, imbu, mamão, mangaba, caju (bananas, laranja, lima e limão: não são brasileiros);

• Moqueca e paçoca: herança dos índios / milho (angu) e fubá: palavras introduzidas pelos africanos;

• Churrasco: origem indígena: técnica de assar o peixe ou a carne diretamente no fogo. Assavam também os alimentos nas covas;

• A bebida era fabricada a partir da fermentação da mandioca, do aipim, da batata-doce e do milho. Das frutas: caju, ananás e jenipapo. As destiladas foram trazidas pelos portugueses.

Page 19: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A História da Gastronomia no Brasil• O preparo das bebidas era ocupação feminina, além das panelas e

dos fornos de barro;

• Os portugueses também trouxeram o carnaval, a quaresma, o São João e o natal, com suas danças, músicas e comidas próprias;

• O pirão (influência indígena) era o alimento mais consumido, pois os era imposto aos escravos pelos portugueses: farinha de mandioca + caldo fervente, de carne ou de peixe;

• O pirão passou a indicar o próprio alimento: também significava subsistência, mulher bonita e alimento indispensável em uma festa (os escravos o comiam com pimenta malagueta).

Page 20: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A História da Gastronomia no Brasil• Fortes influências: arroz, feijão, cuscuz, banana, quiabo, inhame, erva-doce,

gengibre, açafrão, gergelim, amendoim africano, melancia e coco;• Galinha: trazida para o Brasil pelo português. Não era comida pelo povo,

reservada às classes mais favorecidas, aos domingos ou dias de festa. Recheadas com farinha torrada, manteiga e especiarias. Ocasional, não fazia parte do cardápio habitual. Na África a galinha é sagrada, não se come;

• Doces: mais associados à idéia de passatempo que de sustento (pão-de-ló). Índios e negos os conheciam pelas mãos das portuguesas. Mais tarde, passou a se tornar diário na mesa do brasileiro;

• Entre os escravos: melaço, rapadura, açúcar mascavo, garapa;• Curiosidade: a liberdade do escravo podia ser trocada por farinha. Eles a

estocavam e, nos períodos de seca, esse produto era escasso e caro. No mais, viviam da caça, da pesca e da roça (as frutas eram roubadas) e vendiam toucinho e carne seca.

Page 21: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A História da Gastronomia no Brasil

• Cachaça / agregada ao alho: protegia da malária e de doenças respiratórias;

• Era misturada à canela, à goma de tapioca, à noz moscada, à cebolas assadas, ao mel, à frutas secas, à raspas de raízes: remédio;

• Cozimentos misturados: influência portuguesa (azeite doce x azeite de dendê);

• A cozinha brasileira se afirma: o Brasil se liberta de portugal (um povo que defende seus pratos defende seu território).

Page 22: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A História da Gastronomia no Brasil

• Decadência do açúcar (XVIII): depois de reinar por 3 séculos: seus preços caíram na Europa: Café;

• Com a proibição do tráfico negreiro, os europeus vieram para a lavoura, influenciando nossa cozinha;

• Vinda da família real: vida social tornou-se intensa: saraus e novos jantares/pratos para atender a corte;

• Bebidas: vinhos, champanhes e cervejas: fábricas se instalaram: relação com outros países;

• Século XIX: cosmopolismo: danças, figurinos, músicas, lazer e comportamento;

• Café: produto mais exportado até 1930.

Page 23: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A gastronomia no mundo hoje: O fenômeno da globalização

• Globalização x regionalização (cuisine du marché: cozinha de mercado);

• Industrialização / desenvolvimento da agronomia / técnicas de refrigeração / enlatamento / comércio e exportação;

• Movimento de grande inovação na culinária: pratos recriados, de acordo com possibilidades locais, dando origem a novas interpretações: vale tudo desde que haja leveza e harmonia.

Page 24: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na América

• América Espanhola: baseada nos índios;• Milho, aipim, trigo e batatas;• Paella (típica da Espanha), peixes marinados em limão;• Abacaxi, laranja, banana e abacate: este último é bem

popular, utilizado em saladas temperadas com azeite, vinagre, mostarda e sal ou molhos para frutos do mar e em recheio de aves;

• Destaque: tequila, vinho do Chile, rum paraguaio e café colombiano.

Page 25: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na América• Estados Unidos:

• Pratos congelados, preparações em escala industrial, sanduíches;• Diversidade gastronômica de muitos grupos étnicos que se estabeleceram

no país: italianos, indianos, gregos, alemães, escandinavos, russos e chineses;

• Hambúrguer, cachorro-quente, cheesecake e sorvete;• Dia de Ação de Graças (sopa de abóbora, peru assado acompanhado de

crambery sauce, batatas-doces cobertas com marshmallow e cebolas cozidas);

• Sobremesa: torta de abóbora ou de maça, servida com sorvete;• Breakfast (desjejum tipicamente inglês: ovos fritos, bacon, pão, torradas,

mingaus, manteigas, geléias, sucos de frutas, chás, café e leite;• Nas proximidades do México, influência da comida: chilli com carne: feijão,

carne e queijo;• Califórnia: legumes, verduras e frutas frescas (pato à califórnia);• Sobremesas: bolos, tortas de maça verde, limão e blueberry, brownies.

Page 26: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Europa• Alemanha:

• Pratos fortes, substanciosos, ricos em gorduras e molhos grossos, para quebrar o frio da região;

• Pratos muitos distintos de região para região;• Carne de porco, repolho, batatas (de todos os tipos, com ou sem

casca, recheadas, em purê, etc.), presuntos, chouriços, salsichas de fígado, paletas defumadas e joelho de porco;

• No litoral: peixes (salmões, trutas e carpas);• Mistura de sal com açúcar (geléias de frutas para acompanhar

carnes salgadas, assados recheados com frutas, sopa de cerveja);

• Confeitaria: strudel (massa folheada com recheio de doce de frutas).

Page 27: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Europa

• Espanha:• Grande influência da cozinha romana e árabe;• Azeite de oliva, alho, açafrão, alcachofra;• Paella: risoto preparado com frango, porco, crustáceos, mariscos

e açafrão;• Gazpacho: sopa fria de pepino com temperos variados;• No litoral: pescado, muito preparado com azeite;• Puchero: cozido muito suculento, com diferentes carnes,

linguiças, verduras, legumes e grão-de-bico.

Page 28: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Europa• França:

• Influenciou quase todas as demais. É a base da cozinha internacional, sem perder suas raízes regionais;

• Sucesso: fartura de recursos naturais e agrícolas e ainda: enorme prazer de comer que os franceses tem;

• Depois da revolução francesa: grandes chefes: Escoffier e Carême;

• Vinhos de excelentes qualidades, variedades de queijos, creme de leite, champignon, temperos finos e especiarias, creme do tipo fondue;

• Cassoulet: sopa clássica: feijões e favas, couve, alho, pimenta, salsa, fígado de ganso ou de porco, legumes;

• Sobremesas: charlotte, torta de maça ou de ameixas, creme de abóbora, pastéis de ameixas e sopa de cerejas.

Page 29: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Europa• Inglaterra:

• Breakfast;• Lanches tradicionais à tarde: chás;• Apreciam muito as tortas e sobremesas açucaradas: Maryland: massa

recheada de geléia de framboesa, passas e amêndoas;• Itália:

• Simplicidade e sabor;• Além das massas: arroz, polenta de farinha de milho, pão;• Minestrone: sopa feita com legumes, feijão branco, queijo e condimentos;• Risoto (sendo o de vitela o mais comum);• Pizza napolitana (massa fina, assada em forno de pão);• Molhos famosos: tomate, bolonhesa, alho e óleo: condimentos:

manjericão, sálvia, orégano, entre outros;• Sopa de pescado (peixe abundante, estreita faixa de mares de pesca).

Page 30: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Europa

• Portugal:• Muito montanhoso, pouco pasto para gado: extenso litoral;• Pratos de frutos do mar e sobremesas a base de ovo (quindins,

fios de ovos, ambrosia e papo-de-anjo);• Sardinha: especialidade: comida fresca, grelhada, em conserva;• Bacalhau: sopas, ensopados, gratinados, omeletes, tortas, com

ovos;• Vinho: boa produção: tintos, brancos e vinhos do porto.

Page 31: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Ásia

• China:• Arte muito importante para os chineses: grandes tratados sobre

alimentação: talento dos cozinheiros, utilização de cores;• As diferenças e os contrastes estão presentes: pétalas de rosa, o

crocante com o cremoso, o temperado servido com o doce;• Cozimento rápido (pobreza de combustíveis);• Base: peixes, algas, aves, porcos, brotos de bambu e de soja,

legumes, cogumelos secos, gengibre, casca de frutas cítricas, castanhas, arroz de soja;

• Bebida: chás, aguardente de arroz, vinho do tipo xerez. O leite é pouco usado e o queijo escasso.

Page 32: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Ásia

• Índia:• Hábitos relacionados a questões religiosas;• Os sacerdotes são vegetarianos, os comerciantes e artesãos

podem comer peixes e carnes e os mais humildes se alimentam só de arroz;

• Curry: contém gengibre, pimenta dedo-de-moça, pimenta vermelha, canela em rama, cominho, pimenta-do-reino, cardamomo, cravo, erva-doce, cúrcuma e coentro em grãos. Todos esses temperos, juntamente com outros, são torrados, moídos e usados em dosagens diferentes para preparar o curry;

• Chutney: condimento de paladar agridoce.

Page 33: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Ásia

• Japão:• Requinte de texturas e cores, meticulosa preparação, valorização

dos sabores;• Peixes, crustáceos, mariscos e algas; arroz; legumes e soja;• Dieta vegetariana: no século X, proibição da matança de animais

pelo budismo;• Saquê: fermentado natural. Classificado na mesma categoria do

vinho; arroz e água; sinal de hospitalidade e atenção; • Chás (influência dos chineses) / cerimônia e meditação;• Sopa, sashimi, sushi, shiitake, yakisoba, tempura, peixes cozidos,

assados e grelhados, verduras e conservas;• Carne de cachorro.

Page 34: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional na Ásia• Líbano e Síria:

• Cozinha farta: quanto mais se come, mais o anfitrião fica satisfeito;• Pratos frios / óleos e pastas: gergelim, grão-de-bico (homus), berinjela

(babaganuche), coalhada seca;• Quibe: frito, assado ou cru; servido com cebola, azeite e hortelã; Esfirras;• Tabule: salada de trigo sarraceno, limão, cebola, tomate e pimenta;• Kafta: espetinho de carne moída grelhado ou assado ao forno;• Enroladinhos de repolho; abobrinhas, pimentões e berinjelas recheados;• Zattar; chancliche; arak (destilado de diversas matérias-primas e

aromatizado com anis);• Confeitaria açucarada, rica em caldas e mel: trouxinhas de tâmaras,

pastéis de nozes regados com mel.

Page 35: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional no Brasil

• A cozinha Amazônica (originalidade:• Peixes, ervas e temperos;• Caldeirada: peixes de água doce, vários temperos e farinha de

mandioca;• Peixes preparados com leite de coco, moquecas, maniçoba

(feijoada paraense), tacacá (tucupi + goma + camarão + jambu), pato ao tucupi (molho extraído da raiz da mandioca brava).

• A cozinha baiana:• Acarajé, cuscuz, bobó, vatapá, caruru; azeite de dendê, leite de

coco e muita pimenta.

Page 36: HISTÓRIA DA GASTRONOMIA De Caçador a Gourmet; Franco (2001) A História da Gastronomia; Leal (1998) Disciplina: Alimentos e Bebidas Profª. Alissandra Nazareth

A cozinha regional no Brasil

• A cozinha mineira:• Café, bolo de fubá, roscas, pão de queijo, queijo, rapadura,

biscoito de polvilho;• Feijão, angu, farinha de milho ou mandioca, arroz, feijão tropeiro;• Tutu de feijão; frango ao molho pardo; frango com quiabo;• Goiabada com queijo.

• Cozinhas do Rio e São Paulo:• Pizza e cuscuz paulista;• Feijoada carioca.

• Cozinha gaúcha:• Churrasco, chimarrão, arroz de carreteiro (guisado com charque,

acompanhado de farofa de banana verde).