História Da Literatura Cristã Primitiva

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  • 7/22/2019 Histria Da Literatura Crist Primitiva

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    V I E L H A U E R , P h i l i p p . Historia de Ia literatura rristiaiia primiliva.I n t r o d u c c i n a\ N u e v o Tes t am en to , l o s ap c r i fo s y l o s p ad rea p o s t l i c o s . r r a d u o ( d o a l e m o ) M . O l a s a g a s f i , A . P i n e r oVi d a , Salamanca, S gueme , 1991 . 865 pp . 13 x 20,5cm. ( b ib l i o t ecade e s td ios b b l i cos ) .

    A i ibr.i monumenlal do telogoluterano l ' h . Vieihauer, publicada o r iginalmente um alem o, um 1975, veiomais perto du ns, graas traduoda Sjueme, bem-apresentada e bastante adetjuada, abstrao feita dealguns errmhs de reviso (p. 113:Kmelj 334: Verrle etc.)

    N o captLilii introdutrio, o A.debate o conceito de uma histria dal i teratura crista p r imi t iva . Sur queexiste p ossibi l ida de de delimit-la not empo , de de l imi ta r seus gneros l iterrios etc. No discorda da ltimagrande sntese anterior, a de Dibelius{192f)), quanto constatao de grandes tneros (evangelhos etc). Tenta,contudo, melhorar ta t ratamento dadita literatura mantendo unidas obrasque correspiindem a diversos gneros: Lc-At, as cartas paulinas autnticas e as con trov ertid as, o eva nge lh oe as cartas joaninas (21), Neste sentid o confessa-se mais adepto de uma"histria das tradies literrias" docri.stianismo p r imi t ivo (corLsiderando-Ihe os gneros) do que de uma "histria das formas" exage-radamentuformai (22). captulo introdutriocontinua dep ois tratando das lo rm aspri-literrias que no chegaram atransformar-se em estrutura bsica deescritos ulteriores (como foi o casodas narrativas uvangiilicas), especial

    mente os compndios de f, cnticose parncses. Considera sobretudo suaf o r m a l i terr ia , som se aventurardemais na sempre discutvel questod o suposto conlexlo vital (Sit/,-im-Leben). Neste sentido, relativi/a p or justa causa o suposto carterpalcNtinense arcaico das frmulas du referentes morte de Cristo (35),A s f r m u l a s confessionais(homologias) em IJo e Hb no soaclamac"s , mas demonstram umcontexto de "perseverar na confisso" , de aprofundam ento e interpretao sempre renovada (40), Evidentemente tal abordagem no se poder e s t r i n g i r aos escritos c ann icos ;

    exemplo de til ampl iao d i i campode observao enconlra-se no brevet r a tamento da " d o u t r i n a dos doisca m in h os ", re ferid o em M t 7,1.1, elaborado na Didaqu e na Epstola deBarnab (67-69).

    A primeira parte, dedicada aocorfis pauliinim comea , coerente

    mente, com a descrio do gnero"carta", tanto a real quanto a ar t i f ic ial e os gneros intermedirios, fazend o jus eno rm e diversida de que semp re exis t iu neste gnero e observando perspi ca/.mente que o que fa? umacarta tornar-se l i teratura nao tantosua forma quanto seu contedo.

    CioD

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    Depois de expor brovi-merle osd.idos biogrficos, apresenta as cartas consideradas autnticas. Primeiro as cartas aos ressalonicenses, queapresentam o intrincado problema demostrar ntimo parentesco literrio,porm intenes quase contrrias(problemas de parusia iminente xentusiasmo escatolgico). Vielhauerse inclina para a hipt^tese de que 2Tsseja ps-paulina: "Devemos considerar 2Ts sem dvida como a maisantiga carta fictcia de Paulo que ficou conservada embtira, conforme 2,2 e 3,17, no a>mo a p r ime i ra .

    Carateriz-la como 'falsificao' seriaa-hislirici) e falso, em vista dos costumes literrios da Antigidade. Estacomposio mostra de maneira exemp l a r os elementos estruturais dosescritos deuteropaulinos e, com isso,de um setor essencial da histria dal i t e ra tu ra crist p r i m i t i v a : a cartapau l ina fictcia como meio literriode disputa intraeclesial eos mtodosdesta disputa, a saber, o recurso aPaulo como 'a' a uto ri da de , areelaboraco atualizada e modificada de idias paulinas e a assunocrtica de outras tradies. Em comparao com os (uilros escritosdeuteropaulinos, 2Ts revela tudo issocom bastante reserva e sem grandespreten.ses; representa, por tanto, uma

    fase inicial deste pr(xres.so" (119).

    agradvel sentir o espirito aguado, crtico e por vezes irnico doA . a respeito de teses extravagantes.A s s i m , em relao a Gaiatas (tratadaantes de l/ 2Cor ], rebatendo a tesede Schmilhals de que Paulo se teriaenganado acerca de seus adversrios

    na Galcia (que seriam de fatognsticos, e no nomistas); "Pauloest ma l - inf ornado, mas Schmilhalso est excelentemente, mediante acaria aos gaiatas do mal -info rmadoApstolo" (138)... Sobriamente desiste de reconstituir os "partidos" deCor in to , porque Paulo no os descre

    ve , mas apenas combato opar t idar ismo como tal 1 ISl). Pena queo A. dedica pginas interpretaodo "eu sou de Cristo" (I Co r 1,12) semmencionar que se po.ssa tratar de umparadoxo ou i r o n i a . Mas concluicerteiramente que "no existiu umpar t ido de Cristo" (154). Quanto unidade das cartas aos Corntios,admite o carter compsito de ambas as cartas; em ICor, a t r ibu i 11.2-34 perdida carta A, em 2Cor, cartaC (lgrimas): 2,14 - 7.4 (- f i . l 4 - 7,1); carta D (reconciliait): 1,1 - 2,13;7,5-15; 9(?); carta E (recomendao

    par T i t o e companheirva-velmente enviada em duas verses,uma romana (terminando no cap. 15)e uma efesina (com o cap. Ih).

    Cl d i r i g i d o contra desvios det ipo mistrico-gnstico no meio doscristos, E um pseudepgrafo

    polemizante, d i r i g i d o a diversas igre-|as paulinas numa situao ps-pau l ina , Ef, cuja destinaii j aparece questionvel crtica textual, cuma reelaboraco de Cl, mas comnotveis diferenas estilsticas e teolgicas, A i n d a que a oposio entreICor 7 (o matrimnio como um mal

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    ni-ccssrio) c Ef 5 (p, 227) n.io seja omelhor dos argumentos, a atr ibuiode Ef pseudunmia ps-paul inaparece aceitvel. Seria u m ensaio emtom homiltico em forma de "cartacatl ica" (228), respondendo si tuao de um pagano-crisl ianismo quedesconhece o s ignif icado leolgico-salvfico de seu enraizamento em Israel.

    A s cartas pastorais so tratadasS(/j (i) e co m c im sid erve l reti cncia quanto aos aspectos histricos.Sobre tudo no se deve p rocura r

    enquadr-ltis numa situao imaginada depois de At 28. 1'or vocabulrioe estilo, gnero e temtica, estas cartas se mostram homogneas entre sie d i s t in tas das rec i inh cc idam entep a u l i n a s . Os advers r ios so osgns ticos ( I T m 6,20 no 3,20, c om oest na p , 252). P or causa dasnnlillicsei em IT m 6,20. V , ad m ite aptissibi l idade de uma redao depois

    de Marcia l ) (243-244), Q uan to ao ctm-tedo, os ministrios e sobretudo a"s d o u t r i n a " , que vem subst i tuir apau lma loucura da Cru/., nos remetem a uma fase bem avanada dat r a d i o p s - p a u l i n a , O g n e r opseudepigr l ico ps-paul ino 6 aquiaplicado com mui ta conscincia e arteliterria, para gara ntir a audincia nocombate contra a gnose a lastrando-se entre i>s cristos.

    A incluso de H b neste captulose deve ao peso que V, confere compi lao dos escritos do NT , H b u m discurso sobre Cristo-sacerdote,com fictcio f inal de carta, antes dev ido a um talento tetilgico desiguald u que a uma tradio difcil de ima

    ginar, sem atual discu sso com o juda smo do t emplo , mas enra izadon u m a e r u d i o c u l t u a i de t i poa lexandr ino (cf, Flon), que juide atser uma arma contra o r i l ua l i smognslico. Todavia difcil situ-lo.Ci tando Overbeck, V , repete: H b

    com o seu M elq iii si-d ec de 7.3: sempai , sem me, sem genealogia (265).

    Apresentando, na segunda parle, ognero dos evangelhos (e A t) , V . comea com a afirmao a nosso ver,conic-stvel de que "os p r imeirosc r i s t o s c o n c e d i a m i m p o r t n c i a.salvadora morte e ressurreio deJesus, no a suas palavras e gestos eout ros acontecimentos de sua histr ia" (279). Toma como exemplo Paulo ( I C o r 13,3-5). S em Mc l i . "evang e l h o " inclui toda a narrat iva de Jesus, alis sem ser seguido nisto porM t e I,c, V, observa que o NT e osPadres Apostl icos no do muitopeso ao termo evangelho (falta eml,c e Jo), Que gnero este ento?

    Tratando dos sinticos. V, defende a p r i o r i d a d e de Mc e exclui ooriginal aramaico de M t, pela s imples razo de que o nosso a tual Mtno nenhuma traduo (279), Depois de uma breve evocao histrica da ques to s int ica , expe demodo clssico a "teoria das duas fontes", Mc (como o conhecemos) e Q(em uma nica verso escrita)(296),N o f i m , V. afasta a i luso de queatravs da reconstituio de supostas fontes literrias chegssemos maisperto d o Jesus histrico; isso, l emb rando Wrede e Wel lhausen , quemostraram que os evangelhos trazema marca da f da comunidade e soconsti tudos por fragmentos da tradio unidos pelo redator,

    O passo lgico ento expor ainvestigao desta a t ivi dad e das comunidades , o mtodo da histria dasf

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    ni) bum rwrenle, no menciona asnovas aquisies ncsle campo, sobretudo de K . 13erger. Mais penetrante o captulo dedicado a Q. Depois deuma sugc"stiva descrio da teologiad o documento, cri t ica a tese de Tdt,

    que v em Q o documento-base deuma comun idade que opHe a transmisso da mensagem de Jesus aoquer igma da morti--ressurreio. A ocontrrio, Q solidrio com o restoda imagem evangl ica de Jesus, embora revele um contexto vital prprio;s ign i f i c a t i vo , neste p a r t i c u l a r, aausncia de " transgresses do sbad o " ; Q seria de orig em palest inense.compi l ado in icialm ente em aramaicoa pa r t i r dos anos 30. r ed ig ido emgrego bem ma is t a rde (atraso daparusia) e recebido com grande prestgio, a pon to de ter s ido integradoindependentemente por M t e Lc nos.seus respe ctivos evang elh os.

    Seguem as introdues aos trsevangelhos sinticos, Na exposioda teologia de Mc destacam-se asconsideraes sobre a geografia teol g i c a C a l i l i a - J e r u . s a l m , a o-nipresena da Pa ixo em Mc e aquesto do segredo messinico. Esteno se d e v e e x p l i c a r p o r h i s t o -r i / a e s , ma s, ao e x e m p l o deConze lmann , pela conscincia da f

    da Igreja de que o messianismo deJesus antes da R-ssurreio no eracomprivnsvel , j que a inda no havia a f ps-pascal (361-362). O quesignif ica que o verdadeiro conhecimento s possvel no .seguimenioq u e assume a cru7 (362; cf. E.Schwei /er) . Produto do mbi to ju-deu-helenis ta-cr is to, V. o s i tuar iap re fe renc i a lmen te na Sr ia gre ga,pouco depois da queda de Jerusa lm(em 70 d . C ) . Q u a n t o ao f inal (I6,),V, a ins idera o texto inacabado e acre-di ta numa sup res so in t enc iona l .Quanto ao gnero. V. subscreve asopinies de Bu l tmann e K,L. Schm idtde que Mc uma genuna evoluo

    da pregao oral, uma histria da Paixo com introdu o d etalhad a, portanto, no essencialmente diferentedo " q u e r i g m a " (372).

    O t r a t a m e n t o de Mt ,

    esquemt ico, resumindo os cls.sicosda Redaklioasgeschichte no mbitoalemo e s impa t i zando com o Silz-im-Lchc c u l t u a i p r o p o s t o porKilpatr ick,

    Tambm o evangelho de Lc tratado em poucas pginas, dando-seum p ouqu in ho ma is de ateno a A t ,a segundo parte da "obra d u p l a " , Lcmolda as t radies evangl icas naforma da biog rafia com coordenadasde histria m u n d i a l , V. se aproximac r i t i c a m e n t e da i n t e r p r e t a o deConze lmann , de Jesus como centrodo t empo. Este centro de l imi tadode um lado pela a t iv id ade de Joo,pertencendo ainda Mt A T , e do outropela Paixo e mor te , que j perten

    cem ao t emp o da Igreja. A ssim o atraso da parusia no cria u m va/io, masu m t e m p o s a l v f i e o p r p r i o . Deescatolgica, a posio de Jesus vira"centro", , , (392). Dept i is deste centrovem a histria da comun idade dosque so .salvos: os A tos dos Apstolos, Neste seu segundo l ivro, o autorpode dar l iv re expres,so a seu talento de h i s to r iador religiosii , A salvao levada a par t i r de Jerusalmat os conf ins do m u n d o (1,8), mediante p r inc ipa lmen te o apistolo Paulo, Ora, observa V,, com Ksemann,"deste m o d o a pregao lucana nose l imita exclusivamente ao evangelh o de Jesus" (422), Jesus est no incio da l t ima fase da histria da salvao, mas tamb m fica inca rdin ado

    nela. Este Chrisius prolofi

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    Na l i imensi) intrat'dL'sal, "a dup laobra lucana iraz Igreja, no formade uma hisria de seu passado, om i l o de sua au lor idade" (423). M as aIgreja i n ic ia lm ente canon izou s oevangelho e nunca mais colocou osdois l iv ros em p de igua ldade . . .(ibid.) .

    Conc lu indo a terceira parte, V.c o n f i r m a a coe rn c i a en t r e oquer igma da morte e ressurreio e af i i rma do "evangelho" cr iada por Mce substancia lmente mant ida por Mte Lc,

    De Joo assunto da quarta parle no se pode afirmar esta ltimafrase. V. acha que no se pode provar a dependncia de Jo dos sinticos,Recimhece as conhecidas rupturasnarrat ivas. Quanto a eventuais fontes, 1) aceita como indubitdvel umafonte com relatos de milagres (442),cu|as caractersticas seriam reveladasp or 2,11; 4.54; 12,37s e 20,30s (cf, JM , Robinson), e que Haenchen cham ou de "uma espcie de evangelhod e M a r c o s v u l g a r i z a d o " (243), 2)Ace i ta um re la to da Pa ixo no-s int ico, 3) Lamenta que um usos u p e r f i c i a l da c r t i ca es t i l s t i ca" e n g a v e t o u " a s i n t u i e s d el i u i t m a n n e Becker quanto a uma

    fonte dos d i scursos de reve lao(445), Se no concordo tota lmentecom estas avaliaes l i terrias de V..subscrevo sem restrio sua a f i rmao de que "a tendncia, visvel nosSinlicos, a acentuar a identidade doJesus terreno e do glorif iado, en contra seu radical pon to culm inan te emJo" (445), Faz um "evangelho selet iv o " para nos dizer que na existnciahumana de Cristo, Deus mesmo vemao nosso enc ontro ; Jo L1 4 t radu ?realmente o escopo de Jo (446), UmaRedaklions)(eschichle aplicada a Jo, a inda que com maio r d i f iculdade do quea Mt ou Lc, nos permi t i r ia reconhecer a grandeza de viso do quarto

    evangelista. De modo mais radicalque os sinticos, )o reinterpreta a tradio sobre Jesus, a p onto de anu nciar na boca de Jesus tal interpretaoul ter ior no E sp ri to (Jo 13,7; 14,25etc ) , E o evangelho da "re -corda o",n luz da glorif icao, e tambm doverdadeiro conhecer e do testemunho, "Percebem-se nele duas tendncias; uma, que , com m u i t o ma io rnfase que nos Sinticos, tende aunif icar o tempo de Jesus e o do prp r i o evangelista e out ra , que tende acombinar, em forma tota lmente d istinta dos trs primeiros evangelhos,

    as crislologias do tliciosaiicr ( 'homemd i v i n o ' ) e da preexistncia" (452).

    Sinte t izando mu i to bem a discusso ps-bultmanniana. a viso de V,no nos parece fazer jus A crescentepercepo da cristologia proftica eda p re sena dos g randes temasvtero-testamentrios em Jo. A ma

    neira Ijastante vaga de situar a o r igem da pc-culiaridade joania n u mjudasmo heterodoxo devera recebermatizes luz do crescente conhecimento do judasmo p lura l do p r ime iro sculo.

    Quanto IJo, V. defende a d istino literria de Hu l lmann entre om o d e l o a inda v i s ve l em 1,5-10;2,4.5,9-11; 3.4-15 e as e lab ora eshomilt icas do autor.

    Em suma, V, considera a l i teratura joanina na perspectiva de um "circulo joanino", no qual se destacam o"evangelista", o autor da IJo e opresb teros de 2/3Jo. Este crculo,provave lmente localizado na Sria,

    conhece um desenvolv imento teo lgico no sent ido da ecles ia l izao.Consider-lo como uma seita, comoalgun s fazem, con trad iz o auto-con-ceito deste g rupo , Mas sua p r o x i m idade ao gnosticismo, que ele combate, lhe caustiu graves suspeitas dapar le da "or tod ox ia" , e a I r ineu que

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    SC deve a luta pelo reconheci mon lode ]o, enquanto a comunidade foi sedissolvendo (498).

    A jiiirita parle d o l ivro trata dosapocal ipses (Joo, Pedro, Hermas,Ascensio Isaao), a seifo. das cartastardias (Clem ente, Incio, Po licarpo),a sliiua, das cartas p seudn imas(Tiago, Pedro, Judas, Barnab), a oitava, d o s e v a n g e l h o s a p c r i f o s(Agrafa , Tome, papiros Egerton 2 eO x i r r i n c o , l ' ed ro , evange lh os dosnazarenos, ebionitas, hebreus, egpcios, evangelhos da infncia, conver

    saes do Kessuscitado], a luma,

    dosatos api^crilos de apstolos (Pedro,Paulo. Andr, Joo, Tome), a dcima.das ordenaes comunitrias e escritos l i l i j rg i c o s (Didaqu , SegundaClement is . Evangelho da Verdade,Odes de S^ilomo) e a undeciiiia e f inal, da l i teratura cri.stiana p r imi t iva(1'apias de Hierpolis . Hegesipo e aformao do cnon). Seguem os ndices onomstico e de matrias, decitaes e de palavras gregas.

    O l iv ro esboa bem a discu ssono mbito alemo (e anglo-saxnico)at nos anos sessenta, ge ra lmentecom mui ta perspiccia e num estiloagradvel . Mas, como j apontamosa respeito das matrias maiores acima sintet izadas, entretanto passoumui t a gua pelo Reno... De Iodamaneira , no possvel fazer trabalho l i ter r io-cr i t i CO sobre a Bblia pret e r indo as grandes discusses quean imaram o mbito a lemo durantep ra t i camen te do i s s cu los . Quemnegligencia estes debates, corre o risco de querer reinventar a roda, Para

    que fora da arena germnica si ' pos-,sa ter, em "poucas" pginas, uma bwviso do debate e no st' considerenovidade revolucionria algo que j. ivem sendo discut ido desde h mui tot empo, o l i v ro que agora nos chegaem i d ioma espanhol ser m u i t o til,ao lado da Introduo ao N o v o Ti-s-tamento de Kmmel . com a qua lentra diversas vezes em discusso.

    ./. Kimings

    l ) l ' E Z A Z P I T A R T t , E d ua rd o , Vwidamentacin dc Ia tica cristiaiia.M a d r i d , San P ab lo, 1994. 460 p p . . 21 X 13.5 cm . (Bib l io teca d eTe o lo g ia ; R) ISB N 4-2 85-1 406 -2

    O autor conhecido do pblicobrasi leiro, de vi do sua colalioraonos volumes 1 e I I da obra 1'riixii crist (S. Paulo: Paulinas, 19S3). N o pr imeiro , que um t raLido de moralfundamenta l , a contribuio concen-tri>u-se na terceira parte: "Fundamentao da tica crist" e no segundo,que trata da moral da pessoa, reduziu-se segunda parte: " M o r a l d oamor e da sexualidade". Nos lt imosanos, o autor r e fo rmulou w m p l e t a -mente estas suas colaboraes o aspubl icou com o obras isoladas. O l ivro que est sendo recenseado umaproposta de moral fundamenta l quer ep ro jx i e de uma maneira nova a

    antiga cttlaljorao em l'rdxis crist.O mesmo acontece com outra obrapubl icada recentemente: Kfica dc Iascxualidad y dei mairimonio (Madr id :P aul ina s, 99 2) . A lm d isso, | estna teceira edio o l ivro Llica y Vida:desafios aclualci ( M a d r i d : Paul inas .1993).Por estas e outras

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    mi't(idi)k>jiii precisa aclarar ii p

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    A dim tnso religiosa come a co mu m cap tulo sobre o Magistrio daIgreja, par l indi i da coastatao doquetodii gru p o rel igioso necessita de umaautor idade para a defesa, salvaguarda e interpretao da prpna dout r i

    na, Este cap lulo inicial pode ter oper igo de ver o magistrio indepi 'n-dente da Igreja, apesar de c)ue estetemor posteriormente desfei to pelodesenrolar da reflexo. Ser i ]ue noseria melhor falar da dimenso eclesial da tica religiosa e no contextoda Igreja entender o papel do Magistrio em sua relao com o pensardos telogos e o sentir dos fiis?

    Existe u m ctlios eclesial para o qualcontr ibue tanto o ensino do Magistrio quanto o pensar dos telogos e osentir dos fiis, O Vaticano II procurou s i tuar o Magistrio no inter ior eem relao ao l*ovo de Deus e nadocildade palavra de Deus e aoEsprito Santo, [ 'ovo de Deus, doqual fazem parte tambm o l 'apa eos Bispos, o dado p r ime i ro , porque

    a condio de bati/ados insere a Iodos neste Povo e lhes confere o setisiisfici e a conseqijenie infa l ib i l idade ijicrcdetuio de todo o Corpo da Igreja,anterior quela iii liocendo do Magistrio,

    A o falarda dimenso rel igiosa datica crist, o autor inicia, alertandopara o perigo da autosuficincia espir i tual edo perfeccionismo farisaicoque no se coadunam com o princp io cr isto da g ratu ida de da salvao, o perigo do c'steticismo \ ' irtu-oso. Comea-se a ser cristo quandose abandona o ideal dc ser perfeito,A fora de Deus precisa mostrar-sena debi l idade humana, A f inf luencia a prxis do cristo porque lhe dmaio r lucidez no conhecimento davontade Deus, A esperana d coragem e anim a nas di f icu ld ade s , Acaridade faz ver no prximo um sacramento de Deus,

    A dimenso cristolgica da moral aparece na categoria de imitao

    e seguimento de Cr i s to , Mas estaim i t ao no po de s ign i f i ca r ummimel i smo narcisstico, O ideal evanglico, proposto por Jesus, sermosperfei tos (M t) ou , melh or ainda, com-passivos (Lc) como o Pai.

    A tica que a Bblia nos prope, de ndole humanista porque tambm f ruto do esforo racional e as prprias normas que. nela se encontram,neces.sitam de hermenutica porquedependem de um contexto cul tural .Esta a>nstatao coloca a questo daespecificidade da tica crist, Existeum a peculiaridade crist nos contedos ticos da moral crist? Este p roblema fui largamente d iscut ido, naslt imas dcadas, no mbito da Teologia moral , Para uns a respi)sta a estapergunta pos itiv a e para out ros negat iva ,Um ponto interessante, ressaltado pelo autor, que o impor tante no se os cristos tm ou no umconjunto de verdades e valores ticos prprios mas ver se esti-s contedos so comunicveis. Isto significap e rg u n t a r se eles tem |ustificaoracional ou capacidade de explicaoh u m a n a . Trata-se d e ressaltar acomunicab i l idade da mensagem deJesus. No adianta os cristos terembelas verdades ticas se elas no socomunicveis e s sero comunic

    veis se forem apreendidas racionalmente. O que a revelao atesta comosendo tico, no supe que a razono tenha aces.so a estes contedos.A revelao testifica simplesmente aau ten t ic idade da tica racional.

    A lei judaica queria ser um caminh o para encontrar a vontade deDeus , mas uma v iso f ix i s ta ep e r f e c c i o n i s t a d a l e i l e v o u a ulegalismo farisaico que encobriu edesf igurou este c aminho . Para alcanar a vontade Deus ajuda mais o discern imento espir i tual do que a lei.Este disce rnim ento uma capacidade, criada em ns pela ni>s.sa condi-

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    o de batizados. Islo significa vivera condio de l iberdade dos Filhosde Deus. A lei era necessria enquanto no se v iv ia i. 'sta condio, Portanto, a lei tornou-se obsoleta por doismot ivos : em p r imei ro lugar, devido

    no.ssa vocao l iberdade e, emsegundo lugar, porque a moral nopode revelar-nos as exigncias concretas do cristo em cada situao.Necessita-se de uma capacidade que f ru to do Esprito e que rompe osh o r i z o n t e s m i n s c u l o s d a m o r a llegalista. Trata-se de buscar o queagrada ao Senhor ou o que mais convm em cada s i tuao singular. Istos possvel com discernimento. Ascondies bsicas pura este d i scern imento so o abandono dos esquemashumanos e a iden t i f icao com omodo de agir de Deus, manifestadoem Jesus. Fste destaque dado condio de l iberdade dos Ei lhos deDeus e conseqente capacidade dediscern imento , como base da ticacrist e meio indispensvel para encontrar a vontade Deus, um dospontos al tos da reflexo do autorsobre a dimenso religiosa da tica.

    Depois de ter falado da liberdadecrist, o autor dedica um captulo l iberdade h u m a n a , suas exigncias.

    l imi tes e possibil idades. Neste contexto, i n t roduz o tema da opo fundamenta l , I ' odc parecer estranho aincluso desta temtica neste lugarmais dedicado dimenso rel igiosa.Pareceria que o seu lugar mais apropr iado teria sido a parte sobre a d imenso autnoma da t ica . Assim,ressaltar-se-ia a importncia da opo fundamental para a experinciada auton om ia, M as esta localizaopode ter sua justificativa se o autorqu i s mostrar que a liberdade crist um a l iberdade humana que tem seusl imites e suas possibil idades e, por

    ou t ro l ado . i n t roduz i r os seguintescaptulos que abordam a questo dopecado. Este abordado na sua d imenso pessoal e coletiva,

    No seu conjunto, esta obra apresenta-se como u m tra tado or ig inal demora l fundamenta que procura recolher o que h de melhor na reflexo atual de tica crist, A maneirade abordar as di ferentes questessempre sinttica e sugestiva, umaobra que merece ser traduzida pelasua p rofu nd id ad e e abertura e pelorenome que o autor j goza no Brasil,

    Roque Junges

    P K I V I T E R A , S a l v a t o r e : v o l t o morai e del i uomo. A v v i o a l i o s t u d i od e l l e l i c a f i losf ica e teo lgica Palermo: Of tes , 1991 , 428 ppX 17 c m , ( I s t i t u t o S i c i l i ano d i l i oe t i ca C o l l eco M o r a l i s: 1)

    O au tor d i re to r do Ins t i tu toSiciliano de Biotica e, nesta cond io, coordenou jun to com Salv inoLeone a recente p u b l i c a o d oDiiionario di Bioelica ( A c i r e a -leVBoIogna: ISBVEDB, 1W4 , A tua lmente est mais dedicado a questesde Biotica, E conh ecido tambm p oroutras publicaes importantes comoL 'uomo e Ia norma moraie {I criteri d ii nd iv iduaz ione de l le norme moral isecondo i teologi moral is t i d i l inguntedesca, B o l o g n a : E D B , 1475 e

    Dal 'espericnza alia morale_(l] p roblema esperienza' in Teologia moraie.Palermo: Oftes, 1985), Em 1991 publ icou esto t ra tado de m ora l fun dam e n t a l c o m o f r u t o d e anos d e

    dcxnda de tica filosfica e teolgica,

    O autor constri o seu discursodesenvolvendo sua reflexo em doisnveis: a moral v iv ida e a moral sistematizada. O p r imei ro o nvel doethos, media t izado pe la ex is tnc iah u m a n a , o o segundo o da tica.

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    f o r m u l a d a po lu i n t f l e t o h u m a n u .Qualquer discurso l ico Icm que trabalhar esfL s do is nveis em um a relao dialtica.

    autor destaca, ao nvel da moral vivida, uma dist ino que f undamenta l para toda e qualquer compreenso t ica: at i tu de fun dam en tale comportamento par t icular, A p r imeira est ma is ligad a von tad e, aocorao, intencional idade ou opo fundamental . Retra ta a disposio ou a orientao de fundo do sujeito m ora l . Neste sentido determinaa bondade m ora l de uma pessoa.

    O u t r a coisa o c o m p o r t a m e n t ocategorial que se refere mais s normas e est m ais lig ad o intelign ciaque f o rmu la o ju /o moral adequadoa esta situao concreta, No mbitodo compor t amen to fala-se de retidomoral .

    A von tade mora lmen te boa condilio necessria cl siifficiens paraum a a t i tud e de bondade m oral mas condilio necessria sed non sufficienspara a ret ido moral do comportamento. Neste segundo nvel ret^uer-se faculdade inleleliva para chegar aojuzo ou a norma moral a seguir.Dependendo dos contex tos operat ivos (aes d is i r ibut ivas , pr tx lu t ivas

    'ou expressivas) mais im p ortan te aa t i t u d e d e f u n d o ou o resu l tadocompor tamenta l ,

    I 'ara a at i tude s existe uma norma m oral fundam ental que p ode serfo rmulada de m il ma neiras mas sereduz, em ltima anlise, regra deou ro : No faas aos outros o que noqueres que fa(aw a li, ou, em outraspalavras, ao mandamento do amor.A s duas caracterst icas fundamentaisdesta norma so a imparcia l idade ea universal idade, Para o compor tamento existem inmeras normas seg u n d o os inmeros tipos de ao, Ele es t ru turado sobre a base da conformidade externa com a norma, A ade

    so inter ior na qual se sedimenta amora l idade da pessoa identifica-,secom a conformidade com a a t i tude.C o m p o r t a m e n t o m o r a l m e n t e r e t ono significa necessariamente a t i tude moralmente boa. No comporta

    mento en t ram elementos que nodependem da lx>a vontade porque ele i m p r e g n a d o d e e m p i r i c i d a d e efacticidade histrica,

    A norm a funda me ntal que determina a bondade moral da a t i tude genuna, enquanto que as normas decompor tamento so mis tas porqueenglobam elementos avaliatrios ee m p r ico-des c r i p t v( )s.

    O pr imei ro cr i trio para avaliarum c i>mportament i i a prpr ia atitude. Ela a condio de um compor tamento reto. Deve existir a disponib i l idade de assumir o ponto devista mo ral ( imp arcia l idad e e univ ersalidade) da at i tude,

    N em sempre se est em a>ndiesde realizar o que moralmente ped ido ao nvel do comportamento, Sa-Ix-r o que se deve fazer no eqivalea inda poss ib i l idade mater ia l derealiz-lo, A im p ossib il ida de materialde realizar uma determinada ao ouno estar em condiWs de atu-lasignif ica que no se tem o dever derealiz.-la, Ad impossihdia nemo teiieturdizia o velho Vermersch. No momento em que a benevolncia (at i tude)se transforma em beneficncia (comportamento) , ela deve fazer as contas com a limitao das possibilidades, Este o segundo critrio.

    O terceiro diz que, ao avaliar umcompor tamento , necessrio ter presente as suas conseqncias . Em outras p alavras , preciso assu mi r oponto de vista teleolgico. O autoradvoga, como j t inlia fei to em outras obras, em favor desta perspect iva e mostra como a perspectiva contrria, a deontolgica. impossvel

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    p o r q u o recorre a toda hora teleologja para resolver questes prt icas. A Teolog ia m ora l tradi cion aldefen de tei>ricamente o p per m ite fazer afirm aes parao cam po norm at ivo . Rela t iv ismo aonve l do elhos n o s i g n i f i c a

    re la t iv ismo ao nvel dos valores, Oproblema que emerge neste mbito, segundo o autor, a questo da to -lerncia. At que ponto pode -se tolerar certos comportamentos .

    A t ica normativa teiri duas questes pela frente: a individuau de

    juzos morais, is to , a existncia,possibi l idade e valdez das normas,e a fundamentao dos ju/os morais,isto , a pe rsp tvl iva dcimtolgica o uteleolgica ao aplicar as normas.

    A tica parentica uma al ternativa ao discurso no rm ati vo . A t icano quer si fo rmula r juzos mas tambm exortar e encorajar. O norm at ivot ra twlha com o inteleto e refere-se aocompor t amen to . O parentico in f luencia o mbito vo l i t i vo e diz respeito a t i tu de. A s lgicas so diversascomo diversa a argumentao e a

    exor tao. A pr imeira fundamenta efo rmula juzos morais e a segundaquer afrontar a debi l idade vol i t iva.A parnese tem d u p l a f i na l idade ;est imular a vontad e boa a aderir m aisdecisivamente au l>em e exortar avontade no to boa a converter-se emudar de direo.

    A s condies para a parnese soas s e g u i n t e s : t er a u t o r i d a d eparentica, exortar mais pela v ida d oque pelas palavras , apresentar m odelos, exist ir convergncia intelet ivasobre os juzos morais ou sobre o que mora lmente bom e reto entre qu emrecebe e d a parnese, A exortaonunca deve subs t i tu i r a argum entao, No se deve dar um reforovol i t ivo para quem espera um a i luminao da intel igncia. Argumentarsobre questes normat ivas de compor tamento no a mesma coisa queexortar a atitude, E preciso d is t ingui rproblemas normativos e exortat ivos,

    A p a r n e s e d e v e chegar conscinca para que tenha efeito epossa intervir sobre o sentimento dos

    va lo re s , A e s t ru tu ra l g i ca daparnese tautolgica porque i dentifica ind ica t ivo e im p era t ivo .

    N o contexto da parnese. o autoraborda a dimenso trinitria da vidamoral (mo ralida de como obedinciaao Pai , imitao do Filho e dom do

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    Esprito Santo), a dimenso leologalda obedincia moral (a obedinciaquL' se origina da se n ut re da esperana e se explicita na caridade) e,p or f i m , a dimenso eclesial da m oral teedincia vontade Deus,

    Hsta obra uma primeira tentah-va, da parte do autor, de apresentarum t ra tado moral fundamental . Ele

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    caracloriza-so, em outras obras, pelapreciso nm termos e pela seriedadee abertura da sua reflexii . Estas

    mesmas notas aparecem no obra 11volto nioralc ddVuoim.

    Roque Junges

    G O N Z A L E Z - D R A D O , A n t n i o , M a r i o l o gi a popular I n t i n o - a m c r i -c a m . D a M a r i a c o n q u i s l a d o r. i M a r i a l i b e r t a d o r a . Tr a d u o ( d oe s p a n h o l ) L u i z J oo Ca io . So Pau lo , Loyo la , 1992 . 123 pp . , 20X 13,8 c m . IS B N 85-l >-l)()645-6

    A o term inar a recenso do or igin a l , p u b l i c a d o n o P a r a g u a i ( cf .PerspTeol 18 11986} 254-256), o recen-seador fazia votos de que aparecesseum a trad uo bras ileira. C om atrasode seis anos, ei-la ai. Como se tratade uma obra que mantm sua atual idade , vaie a pena rep etir os elo giosfeitos ento.

    Esta pequena grande obra de G.-D . vem preencher uma lacuna nab i b l i o g r a f i a t e o l g i c a : u m amariologia a par t i r da Amrica Lat ina, ao mesmo tempo critica e aberta re l ig ios idade popular mar iana latino-americana.

    A. parte de que re l ig ios idadep o p u l a r subja/, uma teologia que otelogo deve explici tar a nvel daracional idade cientfica (cap. I). Parat an to , observe-se que a t eo log iasubjacente re l ig ios idade popular

    o resultado do encontro entre a revelao d iv ina e a cultura autctoneque, quando ass imi la a revelao,acaba por t radu zi- la ao id i om a dopovo fiel. "A traduo nem neutranem homognea. E a expresso l ingstica do mesmo fato, mas numanova perspectiva e a par t i r de umn o v o h or i zo n te " (22) . A ss i m serpreciso considerar todo o universoecolgico, histrico, social e cul turaldo povo para compreender a t raduo. E o que o A, trata de fazer comrelao mariologia.

    Inicia seu caminho, perguntandoqu em a Vi rgem Maria (cap. II) e

    d i s t i n g u i n d o quat ro aspectos: a Maria da histria, a Maria da f pascald o N T , a M ar ia do M agistrio e d ostelogos, a Maria da piedade eclesialdas diversas Igrejas particulares, l ^ a ldes.sas Mar ias subjaz ma r io log i ap o p u l a r la t ino-americana?

    Maria chega ao m un do amerndiocomo a Conquis tadora" , com todaa ambigidade que este te rmo apresenta na teoria e na prtica dos invasores e diante aos amerndios (cap.111). Mas logo Maria muda de feioe aparece aos amerndios com um" n o v o r o s to m es t i o " . O A . oe x e m p l i f i c a c o m G u a d a l u p e ,Copacatwna e a presena mariana nasaga da independncia (cap. IV),

    como me (minha me nossa m e) que M ari a especialm entereconhecida e cultuada na piedadepopula r la t inoamericana. Da a ne-

    cessidade de estudar o que significaconc re t amen le a ma te rn idade emnossas culturas (cap, V), So trs osfatores que marcam a experincia damaternidade entre ns, especialmente nas camadas p o p u l a r e s : omachismo, a opresso e a experincia predominantemente camp

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    mate rn idade na opresso significaum a relao dolorosa e sofrida, suportar confl i tos, mas ao mesmo tempo a me segurana, consolo e esperana para o mesmo op r im ido . A cu l tu ra camponesa compreender

    a me com as caractersticas da me-terra. Essa maternidade te lr ica v i rg i n a l , estabelece so l ida r i edadeentre o ser humano e a terra, rituale quase mgica, cclica.

    O cap. V I enlaa Mar ia , tal comofoi apresentada teolgica me nte nocap . 11 e as trs notas caractersticas

    d a p i e d a d e p o p u l a r m a r i a n a ; aexaltao de Maria ("Nossa Senhorii ),ao mesmo tempo que sua p rox imidade ao povo ("consoladora dos afl itos", "nossa me") e sua concretizao em imagens e espaos sagrados(onde se tem o mesmo com p ortame nto que com a prpria me num larsofrido e matri arca l cf. p . 77 .

    Agora se torna possvel uma anlise da teologia mariana popular (cap.VII ) . que mostra suas p otencialidadese l imites. A ciismovso da culturao p r i m i d a na Amrica Latma es tmarcada pe lo du a l i s m o man iqueuentre o lar e a sociedade e coloridap or certo fatal ismo. ao mesmo tem-jjo que apresenta inteasa referencia

    re l ig iosa . A sociedade, mbito domacho, um espao diablico e imoral , onde s a fora e a violncia socapazes de impor-se. O lar, prprioda mu lh er da "nossa me" oespao do perdo, da misericrdia,da compreenso, onde se desenvolve o mundo afetivo nas relaes me-f i lho. Entre os dois h um abismo,embora haja l igaes, pois no lar (napiedade para com a me) o macho sepur i f i ca . A me a inda "refgio,auxlio e ajuda" e capaz de p rovocar o reencontro dos irmos enfrentados na l u t a da v i d a . Da amar io log i a "basicamente afet iva esen t imenta l" (84), o perdo e a salva

    o eterna ligados ao amparo materna de Mar ia , a espera de auxlio daMe. Entretanto h l imitaes queprovm dessa cosm oviso : o valor dofeminino se concentra na maternidade, enquanto a fem in il id ad e (o ser

    mul l i e r ) considerado negat ivamente. Com isso, Maria f ica reduzida aseu lugar na cultura machista, com oque no se pode compreender plenamente a personalidade humana doMaria e conseqentemente sua funo salvif ica para a mulher o p r i m ida. Outra l imitao coasiste em quea piedad e mariana p op ular se baseiana oposio lar-sociedade e assim arel igiosidade (maternal) no repercute na sociedade.

    O cap. VI I I trabalha a passagementre essa f igura de Mar i a , me dosopr imidos , Mar i a , me da libertao, possvel porque a si tuao deopresso- l iber tao se to rna novolugar hermenutico para a mariologia

    (popula r e e rud i ta ) . M ar ia ser assimapresentada como aquela que foimulher antes de ser me, e mulherque v iveu numa sociedade opr imidae nes.se condicionamento socia l foi" m u l h e r s imultaneamente rel igiosa econsciente da situao real em quese enco ntrav a seu p o v o " (106, cf .-Magnihcat). Com o m ul h er de f que

    assume a histria, Maria faz frenteao fatalismo: cr no Deus que age "nal iber tao a t iva dos pobres" (108),O u t r o aspecto a ressaltar a d imens o c r i s t o l g i c a d e M a r i a . Oan t imach i smo do Cr i s to t em do i saspectos: 1) "sua co ncep o de m ulher e [...] o m o d o de relacionar-secom ela e de incorpor-la ativa e plenamente sua misso" (110); 2) Cristo vence no ao modo machista daviolncia (a faco), mas pela h u m ilhao (a negao do macho), E oEv angelh o de Jo o nos apresentaMaria pa r t i c ipando desse modo dever, ao p da cruz. Por f im , Maria,p or sua maternidade universal , per-

    [716]

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    m i l f c o r r i g i r poss ve i s desv ios croduc ion ismos de u m j p erspect ival iber tadora (neocatarismo. negaoda p oss ib i l idad e de conve rso doopress(r. iman entism o).

    G . ' l ) . nos oferece assim magnfica contribuio a uma mariologia aomesmo tempo fiel tradio e p iedade, elaborao erudita da f eao "sensus f i d e l i u m " (que tantas vezes nos aparece desf igurado p i i r nonos determos a analisar seu verdadeiro e p ro fundo sentido cf. a propsito as pginas em que se analisa aacusao de "mar io la t r i a" 91-93).

    N a introd uo i> A , consid era lerf>odido iipoins "aponta r um camm hi ipara ulteriores investigaes" (13),como se fosse pouco ter descobertocaminho to promiss)r. O recensea-d or de opinio que no se poderdoravante fazer mariologia na Amrica Lat ina , desconhecendo esta pequen a e despretensiosa obra de G .-D. O A. une garra teolgica a amplos

    conhecimentos antropii lgicos e pro-funda expi-rincia da cul tura p o p ular. i 'ica o desafio para ul ter ior i nvestigao que leve em consideraomi cro-regi es cu l tu rai s na " l ' l r iaGrande" da Amrica [ .at ina.

    N o v e anos depois da publicaod o o r ig ina l , este l iv ro , longe de d i m in u i r sua a tua l idade , aumen tou -a .Cada vez mais se fala de inculturaoda f . .-D. nos oferece pistas concretas p a r a u m a m a r i o l o g i a i n -

    cul iurada nas cultu ras tradicionai s daAmrica Latina.

    Depois de tantos (e to merecidos) elogios, cabe tamtim uma ressalva. G.-D. no completa o crculoh e r m e n u t i c o . S ua a n l i s e damariologia popu la r pe rmi t e cor r ig i -la a par t i r da e rudi ta , mas falta umpasso: aprender da mar i i i logia popular, pe rgunta r o que essa teologiaespontnea do povo pode ensinar teologia acadmica em termos deconcei tu ao e s is lem at izao. l 'oresse proces,so se possibil i taria que ateologia se enriquecesse com no\ ' i isparadigmas, conceitos e categorias aserem trabalhados sistematicamenteem vista a novas snteses (cf. Francisco I H O K D : "Mtodos teolgicosna Amr i ca La t ina" . PerspTcol 19119871 293-319; aqui : 302-31)5).

    Francisco Taborda

    1 1 0 t ) R N A l R r E d u a r d o , O movi ment o dc j csus. Pe t rpo l i s , Vozes ,

    1994. 16(1 p p . 20.5 X 13,7 cm . C ol e o u m a l i i s lr ia do cr i sm o n a p e r s p e c t i v a d o p o b r e . I S B N 85.326.1159-1

    O A . , assaz conhecido no meioteolgico do pas, j escrevera sobreeste mesm o tema p equeno l ivro decarter d idt ico e de fci l compnvn-so (O mo vim ento de Jesus, So Paulo , n i , Vm . O presente l ivro tema mesma estrutura que o anterior, sque mais amplo, apetrejado c ient i f icamente e no contexto de coleoabrangente. Abre , com efeito, coleoprevista para 6 tomos. Obra de cincoespecialistas, formados no s academicamente mas tambm atravs depratica de ensino, que, ao percebe

    rem a falta de obras de histria docrist ianismo desde o ponto de vistada realidade do 111" M u n d o , ,se doao trabalho de redigi- las nesta perspectiva dos pobres em aintraste coma viso dominante europeizante eocidental izante.

    O mtodo, que presidir o conjunto das obras da coleo, parte dohomem como ele , na sua situao eident idade corporal, e, na sua grande maioria, em luta dramtica pelaex is tnc ia , perseguida pe la fome.

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    l'nrli. '-su d o a c o n t L t x T na baso" l ambem vis i lado pelos sonhos, fesla, dimenso amorosa, imaginrio e nosri pela fome. fervade o mtodii at r i logia: terra, festa e corpo; po (alimento) , sade, sonho; arado, arma,

    canto; desfru tar o cosmos (economia,festa, a l imen to ) , hab i t a r o cosmos(ecologia, terra, sade) e compartir ocosmos (corpo, sonho). Os pobres soos excludos do alimento e da sude,mas no dos smhos. As obras querem responder as t rs perguntas :onde se distribu o po? onde se consegue a sade? por onde passa om u n d o dos sonhos? E pensa-as dc's-de os excludos, : i imi . i "hermenuticae heurst ica do pobre", animada pelamstica do pobre . Os A A . es to conscientes dos percalos de nature7 .ad o c u m e n t a l e hermenut ica dessaopo . A p o n t a m , porm, caminhospara resgatar fontes histricas p o p ulares, dos pobres, tais como. expresses artsticas e religiosas populares,

    iconograf ia , top ogr afia , etc. Pretendem fug i r ao enciclopi-dismo das gigantescas e eruditas histrias da Igreja . Buscam tambm manter relaocom a atualidade nos trabalhos emperspectiva ecumnica, tendo comoquadro referencial, noo eclesial, maso ant ropolgico, econmico, S (X"ial,pol t ico , c u l t u r a l , ecolgico, numap a l a v r a , h u m a n o . Esta o p ometodolgica impl ica posio teolgica que se afasta da l e i t u r aagostiniana de que o paganismo e ojudasmo no passam de preparaopara o cr is t ian ism o, p agan ism oser anali.sado assim como , sem a-pr ior i dogmtico. O mesmo vale daheresia, do mist icismo e de outrasformas discriminadas de experincia

    crist.

    Esta longa referncia ao mtodose fa/ importante pela sua s ingular idade e pelo seu carter controverso.Metodolog ia que d iv ide as guas dahistoriografia la t ino-americana. Def i -

    [ 4 , - , :

    ne, po rtan to, o carter e a natu rezadas obras da coleo.

    Este l i v ro comea com reflexosobre as ontL "s do mov imen to deJesus, chamando a ateno para o

    carter prprio dos evangelhos comsuas d i ferentes camadas, para a necessidade do conhecimento do juda s m o , p a r a a s u p e r a o d o b i -bl iocentr ismo no enfoque das cu l turas re l ig iosas c i rcunvizinhas numanova perspectiva em relao ao paganismo, para a maneira douta e l ivre de Jesus proceder di ant e dos textos bblicos, para a existncia d e outras fontes alm dos evangelhos, taiscomo, as fontes judaicas (PlvioJosefo, F lon de Alexandria , Fscritosde Q um ran e de Nag H a m m a d i K ' asd o escri tor romano Tcito. Considera o crist ianismo das origens comomovimen to re l ig ioso den tro do judasmo sob a liderana do Jesus e inspirado no seu evangelho, Este mov i

    mento entra no palco da histria, levado p i i r marg ina l izados e minor iasdisc r iminadas . N is to , ele segue ospa.ssos de Theissen (G . Theissen, Sociologia do mo vim ento de Jesus, cf.PT 25 (1993): 258-260).

    O segundo captulo traa a si tuao scio-poltica, econmica e re l i

    giosa do tempo d e Jesus. Classifica-ad e s i tuao colonial . Poli t icamente asi tuao estava mais calma, mas soc i a lmen te f e rv i lhava p t i r causa dapobre/a das imensas maior ias dopovo especialmente dos camponeses.A Palestina v ivia naquele tempo sobtrs donos: o Te m p l o , o l ie i e o I mprio Romano.

    E)escreve a s i tuao da Palest ir^como de anomia social em que ospobres buscavam solues fora da leip a r a s o b r e v i v e r e m : m e n d i c n c i a ,bandi t i smo, emigrao, integrao aa lgum g ru p o em to rno d e um profeta.

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    o A . , b se j Jo om Josefo, retratar a p i d a m e n t e o s p r inc ip a i s g rup osreligiosos da Palestina do tempo deJesus: fariseus, saduceus, zelotas eessnios . Quadro s imples , c laro , d idtico, sem L^speciais novidades.

    O terceiro captulo aborda diretamente o moviment) de Jesus. A s fontes p rinc ip ais so os evangelfios, l idos na perspectiva scio-histrica.Baseia suas ponderaes no pressuposto terico de que as palavras,gestos e aikrs se tornam inteligveissomente dentro da "com un ida de econtexto lingsticos" em que acontecem. Nesse sen tid o, a pessiia deJesus se deixa entender dentro docontexto campons gal i leu, E por isso,expl ic i ta este contexto e nele localizaa atuao de Jesus, Em seguida, tratad o su rg imen to do mov imen to emtorno da pes.si)a de Jesus e o cerne d esua proposta e de seu projeto de carter universal , consulwtanciado noevangelho.

    Os captulos seguintes vo persegui r o caminhar dL 'sse mo vim ento , jque no seu ct>rao ele carregavapniposta universalista. Sur gira m , po rassim dizer, diversos "crisl ia nism os",diferentes da p r imi t iva experinciagal i leana. O cr is t ianismo se tornarealidade p lura l e plural is ta , O auf{irindica algu ns p im ios que consideracomo referenciais permanentes paraseu caminhar a i i l i ingo dos dois m ilnios: "marginalizados e excludosconsti tuem as foras ativas da histr ia ; a violncia no resolve, nemmesmo a violncia sagrada; a man ipulao da religio e da cul tura emgeral deve ser rep ud iad a; no existe

    nenhum 'salvador da ptria" (p, 94)",Evidentemente estes elementos p odem parecer insuficientes ou mesmono ser os nucleares para def in i r realmente o movimento de Jesus, Faltamas dimenses fundamentais do perdo, da caridade fraterna, da filiaod iv ina , da presena du Esprito, etc.

    O A . estuda qu atr o formas histr icas do mo vim ent o de Jesus nos seusincios: o cristianismo palestinenseasitico, srio-egpcio e mediterrneoocidental .

    N o cmliaiiismo palestiiietisc de car t e r c o m u n i t r i o - d o m s t i c o esapiencial de acolhida aos pobres, af igura de Tiago, p r i m o d o Senhor, setorna central , A experincia cristvincula-se tanto Tor q ua nto novalei de Jesus, sobretudo na afirmaode que j no se espera o .Mi^ssias,porque j veio na pessoa de Jesus, O

    cristianismo dcsioca-se. com a qucxJa deJerusalm, ;Mrii a Aia Menor, ondeprolifera apesar das perseguies dadominao romana. Ele se exprimeno l ivro do A poca l ipse de m odo v igoroso. A f igura do apiistolo Jood o m i n a essa forma de cr is t ianismo.

    Sobre base judaica, o cristianismose expande tambm em direo Siria eao v'(fo com as du as cida des-chavede Ant ioquia e Alexandria respectivamente na seqncia da dispersoseguida morte de Estvo, em parte, em r u p t u r a com os costumesjudaiz antcs. e, em parte, em cont inuidade com a vertente aramaica. A figura de Tome e a Didaqu desenhama face desse cr ist ianismo, A influn

    cia helenista faz-se crescente sobretudo em A lexan dr i a , no Eg i to . A isurge uma das mais famosas escolasteolgicas com personagens comoClemente, Orgenes, Dionsio, Atansio e Ci r i lo . Nes,se mesmo movimento, existe a vertente popular copia,d o inter ior, que resiste hele niz joe de onde sairo os anacoretas.

    N o cristianismo mediterrneo ocidental emerge a gigantesca f igura dePaulo de Tarso que compreende queo crist ianism o deve abandonar os l imites da Tor e de um cristianismorural judaico para expandir-se noscentros urbanos heleni7.adtis. Paulo,

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    npcsar de fariseu, l inha mcnle e avrao cosmopol i ta com c idadaniaromana e abriu o cristianismo para om u n d o genl io .

    Enriquecem o l ivro, fac i l i lando-Ihe a leitura, p equen o lxico com oslermos mais dif ceis e um conjuntode mapas e gravuras artsticas, quefaci l i tam imaginar descries e si tuaes tratadas no texto.

    Esto l iv ro de Hi> ornaort exlro-mamenle sugestivo. A tica escolhida marca sua riqueza e l imite . Riqueza porque desvela face pouco traba

    lhada do desenvolvimento his tr icod o c r i s t i an i smo, a saber, sua v in -cu lao e /ou d i s tanc iamento dospobres, [ . im ite, p orqu e deixa de ladooutros aspectos tambm inspiradorese fundamen ta i s nesse m i i v i m e n t o ,co m o seria, p. ex., o "en jeu x" dasidias, das filosofias, das doutrinas,Isso aparece somente "per transen-d a m " , A lei tur a fcil, interessante,enr iquecedora , pe rmi t indo ao leitorampl i a r sua viso do cristianismo soba p erspect iva de m ov im en to e nosomente de doutrina nivelada.

    J. U. Libanio

    J O M I F R , Jaccpes, hlaniisno. H i s t r i a e d o u t r i n a . Tr a d u o ( d of r a n c s ) L u i z J . B a r a n a , I V t r p o l i s , Vozes, 1993, 318 pp 21 x1 3,6 c m . C o l e o : h e r a n a e s p i r i t u a l , 4 , I S B N 85,326,(18.52-3

    O I s l amismo apresenta-se hojecomo a religio universal com maiorfora expansiva. Cresce no simplesmen te polo aum en to vegetat ivo daspi ipulaes muulmanas mas tambm por novas e progressivas conve r ses . Este f enmeno tem s idopercebido de modo m'tid na Europa, A i n d a no parece ser nosso pr ivblema pastoral , mas mesmo assimm e rg u l h o h is tr ico- teolgico nesseuniverso cultt iral religioso torna-se-

    nos im p orta nte e enriquecedor, autor, padre dom inicano, viveu

    longos anos no Cairo , onde pdeimergir-so no universt islmicem equ ili bra da ,O quadro h i s t r ico-geogrf ico daexp anso p ermi te que o lei t i ir possaentender um pimco da divers idadedas expresses i s lmicas de umaiden t idade de fundo,

    Para C( impreender tal ide ntid ade ,o A. estuda a dou t r ina , a lei, a p iedade, a mst ica e as ainfrarias. Nesseestudo aponta com clareza os pontosnodais da f e da lei islmica. Insistenaturalmente no centra l ismo mono-testa da f islmica e nos cinco p i lares de s u a le i : o tes temunho da uni-

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    cidade de Deus e do carter proftico de M ah am m ad , a orao r i tua l , oimposto social, o jejum do ms deramad e a pea-grinaci a Meca. Estalei conforma a vida s t icial do povomuulmano, cuja configurao o A.estuda nas suas variantes.

    Belo captulo explora a dimensomstica do islamismo que supera opr imar i smo de f centrada unicamente no cu m p rir ie nl o da le i . H t raosm u i t o p rx imos d a mstica crist ocidental .

    Te r m i n a d o esse m e rg u l h o n om u n d o poltico-religioso islmicix oA . dedica-se questo da relao dom u n d o muulmano com o cristiani.s-mo e com a modern idade . Num p r imeiro momento, tenta mostrar comoo i s l a m i s m o v o c r i s t i a n i s m o .Centra-se na questo cristolgica, jque h ident idade de fundo no mo-note i smo. A ques to fundamenta lsitua-se na in terpre tao de |esus.A pesar d o r i-speito e reconhecim ento pela pessoa de Jesus, o is lamismoo amsidera um profeta para o m u nd o judeu na seqncia d(w grandesprofetas do A n t i g o Testam ento. Porsua vez . Mohammad profeta demaior alcance, j que tem dimensouniversal , Alm do mais, o Coro

    para eles a lnica font e vlida paraconhecer a Jesus, Em relao modernidade, o A, estuda sobretudo afMisio dos reformistas que procur a m a r t i c u l a r a f i d e l i d a d e feislmica e a participao numa sociedade industr ial moderna,

    O l iv ro est escrito em esprito

    c-cumnico e de simpatia em relaoao islamismo. O A. procura ir j ind icando ao longo do l iv ro , em pequenos toques as p r o x i m i d a d e s doi s lamismo com o cr is t ianismo. Dedica, porm, todo um captulo s relaes i s lamo-cr i s ts . Aponta , comoponto de pa rt id a, o reconh ecimento

    mtuo dos valores na f e o comportamento dos membros de ambas asrel igies no cot idi an o do enco ntrodas pesstws e na a>lalwrao em trabalho social, cvico ou cul tural .

    N u m nvel m ais terico e un iv ersal, cabe fJercebier os pontos com unsno nvel rel igioso, comeando, antesde tudo, pela f e obedincia ao Deusuno e todo-poderoso. pela observnc ia e v iv n c ia de p rec e i t os d oDeclogo, etc.

    Difcil e semeado de a t r i to o

    prob lema das misses, quer na histria pa.s.sada. quer na atualidad e como c o m p l i c a d o r p r o p a g a n d i s t a eprosel i t is ta das seitas ps-crists.

    1 i tamtim nessas re laes dimenso psicolgica, j que o problema da adeso s crenas envolve aafe t iv idade toda, quer do lado cristo, quer muulmano. Na re l ig ioislmica, a relao afet ivo -intelectu alcom o Coro absorvente e tota-l izante. Fora dela torna-se difcil qualquer dilogo.

    O A . dedica lon go p argrafo sdiferenas fundamentais entre o crist ianismo e o islamismo. Sem clarezanesse ponto, no h verdadeiro dilogo. O crist ianismo prope-se comosuj>.'rao def in i t iva d o An t igo Testamento e no simples correo dealguns pontos . Suas exigncias vom u i t o a lm das do islam ism o. O A .indica a lguns pontos de diferena: .aquesto do perdo, a compreenso dasituao do ser humano pecador ered imido pela graa, o d o m de si comrenncia fora, a revelao de Deusj3or etapas at o mistrio da Tr indade, etc.

    J terminando o l ivro, o A . at>or-da a ques to de quem M oh am m adpara o cristo e da apologtica muulmana, No h simetria de si tuao entre o cristo e o muulmano

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    um rola a Jesus e a Mohammadrespeclivameme. Para o muulmanon-conhecer a Jesus como profeta nolhe afeta cm nada a , j que se refere ao Jesus de que fala o Coro, islu, quele que est a servio de

    M o h a m m a d . Para o cristo reconhecera Mohammad como profeta, contradiria sua f crist, pois significariasem mais ser muulmano. Reconhecer algum como profeta na concepo muulmana impl ica seguir-lhe oensinamento. Ora , segundo oIslamismo Jesus profeta manda seg u i r a Mohammad, Por sua vez , reconhecer a Mohammad como profc'-

    ta. significa dizer que ele veio superar a Ji-sus, o que contradiz a f crista. Esta situao mostra o impas.se nessa questo. Deve-se d i s t i n g u i rentre respeito pessoa deM o h a m m a d superando as agressividades pa.ssadas e o reconhecimento de ele ser profeta. O p r ime i ro deveser feito, O segundo se torna invivelpara o cristo, A verdadeira questo

    perguntar-se pelo significado deM o h a m m a d no plano d i v i n o da salvao e tentar teolgica mente responder esta pergunta, O A , apresentarpida t ipologia de algumas dessasresptistas. Em outro momento, levanta duas delicadas questes para osmuulmanos: a historia das formasaplicada ao Coro, no sentido d e neleconterem-se estrias anteriores e no

    simples revelaes imediatas e d i retas de Deus e o carter de total su f icincia reveladora do Coro,

    Voltand< i pessoa de M oh a m m a d , o A , propugna nova categor ia teolgica para def in i - lo , O le r-m o profeta causa mais confuso que

    clareza. Talvez possa ser considera

    do , no plano de [X'us, "reformadorcari.smtico" em tempo de fraquez,ad o cristianismo.

    O l i v ro termina tratando da apologtica muulmana, N o momento

    atual , impera apologtica of icial , nosgrandes centros muulmanos quasenica em que se reivindica para areligio islmica, au mesmo tempo,o carter de "religio da revelao eda razo" , O prprio l i v r o d o"Coro" apologtico, aceito comonica fonte absolutamente segura deconhecimento, j que revelado porDeus,

    Estamos diante dc l i v ro excelentede introduo ao Islamismo para cristos, escrito po r cristo de menteecumnica, respeitosa e aberta.Transparece nas linhas do l iv ro prof u n d a a t i t ude de respeito aoIslamismo. mas tambm de clarezadas distncias que o separam do cris

    t i an i smo. N o se trata de nenhumdilogo demaggico, mas de verdade i ro esforo de conhecimento daoutra religio a par t i r da conscinciada prpria identidade crist. L ivroscomo estes servem ao dilogo e permitem que se percebam a sua comp l e x i d a d e e reais dificuldades, Aapresentao grfica foi ennqucvidacom pequenos quadros didticos quefaci l i tam a compreenso e le i tura. Otexto claro, didtico, com abundncia de dados informativos necessrios. As anlises e reflexes teolgicas no se perdem em p ro fund idades inacessveis, mas permitem, a leitor alheio a esta questo, in t roduzi r-se bem nela.

    B ibanio

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    G l B E I X I N l , Rosino (ed.), Percorsi di Teologia Africana. Brescia,Q u e r i n i a n a , 1994. 332pp ., 19,4 x 12,3 cm . Gi or na le d i Teol og ia226. ISBN 88-399-0726-2.

    Sob a direo de Rosino Cbeilini,a Coleo "Giornale di Teologia" publ icou este ano o "Percorsi di TeologiaAfricana". Trata-se de uma coletneade artigos de Telogos africanos catlicos e evanglicos, que pretendemtraar o percurso da reflexo teolgica africana e a sua atualidade. Paraalm do ed i tor ia l , temas como a presena do Cristianismo no norte dafrica na antigidade ou esforosmi.s.sionrios na Costa Atlntica noSc. XVI no aparecem, Quer-se tratar, antes, da evangeli/ao da fricano ltimo sculo que coincide com acoKmi/ao, j que o Cristianismoafricano atual f ruto dc"ssa poca, Ol iv ro recomendvel tanto peta seriedade e competncia dos autores

    como pela atualidade de seus temas.Ganha especial ateno pelo fato dea Igreja haver m u i t o recentementerealizado o Snodo Afr icano.

    O p r i m e i r o dos onze artigos,in t i tu lado "Breve Sloria delia teologiairi frica", de Alphonse N g i n d uMushete, telogo catlico z.airense,professor da Faculdade de Teologiada Universidade de Kinshasa e membro conselheiro para a frica docomil-diretor da revista C o n c i l i u m .Consciente da complexidade da real i d ade da frica negra e, por issomesmt>, sem a pretenso de esgotaro lema, o A. Irata-o em duas partes:na p r imeira situa a questo e mostraa maneira como os telogos ou ho

    mens de Igreja percebem a realidadeafricana e suas repercusses religitvsas, e, na segunda, busca apresentaras p r inc ipais correntes da Teologia nafrica.

    A questo surge da ambigidadeda evangelizao da frica estreita

    mente ligada colonizao, cujasconseqncias so sentidas at hoje.Isso pode parecer banal, mas o A.mostra de maneira m u i t o inteligentea importncia do fato. No pe emdvida a inteno generos.1 dos missionrios, mas questiona se eles t in h a m idia precisa do que dev iamrealizar na mis.so e. caso a tivessem,se estaria ela de acordo com o desgnio de Cristo e da Igreja.

    M u i t o s so os problemas decorrentes desse trabalho missionrio,mas o fundamental, que se apresenta aos telogos e pastores africanos, construir uma Igreja que lenha ems i todos os meios de salvao,radicada na estrutura e cu l tura local,

    plenamente responsvel do destinoespi r i tua l de seu povo.

    N a segunda pa rl e de suamonogra f ia , o A, apri-senta trs correntes caractersticas da Tixi logia nafrica. A Teologia missionria p a utada por trs teses da escolstica: asalvao da alma ou a converso dosinfiis, desenvolvida sobretudo naescola missiolgica de Mnster; aTeologia da "Planiatio eccksiae" quevia a alma do negro como "sedentesin tenehris et in uiiibra inortis" e, fazendo tabula rasa dos povos semcu l tu ra e sem dvili/.ao, pregava aimplantao da Igreja como esta serealizara historicamente no Ocidente; e, por fi m, a de fazer nascer uma

    Igreja e ajud-la a crescer. Sob estateologia, nasce uma Igreja modeladasecundo a europia, paralizada, semirciativa, originalidade e c r ia t iv idade.

    Contrariamente, a teologia ditaafricana quer levar em considerao

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    o destinatr iu africano com sua cultura L> rel ig io c, a pa r t i r de seusproblemas, pensar a verdade do crist ianismo. Apresenta-a em duas tendncias: a "Teologia da Adaptao "e "a Teologia africana Crt ica". Napr imeira , tratada a questo dos africanos que aceitam e v ivem a mensagem do Cristo, anunciam -na a outros,para que a v i vam em seu contextoscio-cultural . Na segunda, apontaduas preocupaes p r incip ais : o desejo de um contato mais estreito comas fontes maiores da Revelao Bblica e tradio, e o esforo de grande

    abertura ao mu n d o african o e aosseus problemas.

    Por f i m , o A . apresenta a BInckThcology" ou t eo lo g ia neg rasulafr icana. Esta, i n sp i r ada par t icularmente na situao social de opresso e de segregao, nas quais seencontram os negros na Amrica efrica do Sul, apresenta-se como reviso crtica ao racismo consideradocomo fenmeno global , l igad o his toricamente expanso do capital ismoeuropeu.

    O 2" ar t igo, " La Bibbia iiella cultura Africana , de John S. Mbit, daIgreja anglicana do Kenya, um dostelogos mais cultos e p rodu t ivos da

    frica, Ar t igo m u i to breve, porm,profundo , onde o A, mostra pontoscomuns entre Israel e a frica, taiscomo a tradio oral (algo que sobrevive alfabetizao e cul tura letrada), a integrao dos que no sabemler na sociedade, a maior par t ic ipao da pessoa na comunicao oral,a concepo de tempo, comunho ecomun idade . Anal isando ta is semelh anas, o A . con clu i que , na frica,o m u n d o bblico se faz, com o emn e h n h u m ou t ro lugar, real , v i v o eprximo. "A frica v ive na Bblia, ea Bblia v iva na frica",

    Justin S, V k p o n g , telogo catlico nige r ia no , docente d o Cath ol c

    I n s l i t u t e O f W est frica de 'o rtHar tcour t (Nigria) assina o terceiroa r t i g o , i n t i t u l a d o Cfisotogia eincuiturazione: um prospetiiva neo-lestamentaria". Breve, porm, denso eprofundo , o artigo, com uma sriacristologia, quer mostrar como Jesusevangelzou os hebreus a par t i r desua cul tura , sem destru-la nem supr imi - l a . Jesus, embora de maneiracriativa e nova. busca converter oshebreus usando elementos de suaprpria crena rel igiosa fu nd am ental. O A. prope esse modelo do prp r io Cristo para a inculturao do

    Evangelho na fr ica Negra , tendocomo medida sua si tuao especfica.

    O q u a r t o a r t i g o , CritologieAfricana Contctiiporanec-vaiutazione, csuggcrinicnti pratici", de Ch arlesN y a m i t i , Te l o g o c a t l i c o d aTanznia , docente do " Cathol ic

    H i g h e r Ins t i tu t of Eastern frica",Nai rob i (Qunia) , considerado umdos tciogos africanos mais ativos nalinfia da inculturao. Excelente ar t igo para ter uma viso geral sobre acristologia africana contempornea. OA ., entretanto, no se l imita a apresentar os diferentes modelos desseramo da t txjlogia; ele faz uma aval iao crtica e sugestes prticas. Porno se tratar de mera especulaointelectual , mas sim reflexes em vist a de mtodos de c r i s to log ia dainculturao mais eficazes, o A. fazpropostas bem concretas, tais comoo uso intrn.seco do termos culturaisafricanos na teologia, ide ntif ic and o-os analogicamente com o mistriocristo e explicao dos elementosimplcitos que esto na base dessaidentificao.

    O A. termina seu artigo, p ropond o a u rgnc ia e va l idade de ummanual de Cri stol ogi a africana echega mesmo a propor um esquema para a formao dos candidatos

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    ao sacerdticii), para quo p