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Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005 Bairros contam a história Desde a Fortaleza da Barra do Rio Negro, em 1669, que marca o início da história de Manaus, a capital do Amazonas, a então vila não pára de crescer. Conhecida mais tarde como a "Paris dos Trópicos", pela ostentação de beleza e riqueza proporcionada pela fase áurea de produção de borracha, Manaus dos dias atuais se apresenta como uma cidade das mais belas do País, colo- cada entre as que mais crescem no ranking da modernidade urbanística e qualidade de vida. Abriga com orgulho o maior pólo industrial da América Latina, que trouxe todas as grandes empresas do mercado internacional e soube li- dar com o desenvolvimento urbano sem de- struir os recursos naturais. Além disso, mantém hoje os melhores resultados do Brasil na pro- dução industrial, gerando emprego e dando condições para os estados da Amazônia se destacarem no cenário mundial. Hoje, ao completar 336 anos de história, uma idade caçula para a cidade que ainda tem tanto a crescer e a oferecer aos seus filhos e visi- tantes, o Jornal do Commercio faz um brinde aos que vivem nesta terra com uma edição para lá de especial, contando um pouco da história de cada um de seus bairros, da luta pela sobrevivência e por dias melhores para todos. Amigo leitor, aproveite para curtir uma edição que vai gravada como um documento para as futuras gerações. Que Deus siga abençoando a Manaus que tanto amamos. Felicidades para todos da cidade do coração da gente!!! F F o o t t o o h h i i s s t t ó ó r r i i c c a a d d o o r r e e s s e e r r v v a a t t ó ó r r i i o o d d o o M M o o c c ó ó , , n n o o B B e e c c o o d d o o M M a a c c e e d d o o , , q q u u e e s s e e m m a a n n t t é é m m p p r r e e s s e e r r v v a a d d o o a a t t é é o o s s d d i i a a s s a a t t u u a a i i s s

história dos bairros

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Page 1: história dos bairros

Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Bairros contam a históriaDesde a Fortaleza da Barra do Rio Negro, em

1669, que marca o início da história de Manaus,a capital do Amazonas, a então vila não pára decrescer. Conhecida mais tarde como a "Paris dosTrópicos", pela ostentação de beleza e riquezaproporcionada pela fase áurea de produção deborracha, Manaus dos dias atuais se apresentacomo uma cidade das mais belas do País, colo-cada entre as que mais crescem no ranking damodernidade urbanística e qualidade de vida.

Abriga com orgulho o maior pólo industrialda América Latina, que trouxe todas as grandesempresas do mercado internacional e soube li-dar com o desenvolvimento urbano sem de-struir os recursos naturais. Além disso, mantémhoje os melhores resultados do Brasil na pro-

dução industrial, gerando emprego e dandocondições para os estados da Amazônia sedestacarem no cenário mundial.

Hoje, ao completar 336 anos de história,uma idade caçula para a cidade que ainda temtanto a crescer e a oferecer aos seus filhos e visi-tantes, o Jornal do Commercio faz um brinde aosque vivem nesta terra com uma edição para lá deespecial, contando um pouco da história de cadaum de seus bairros, da luta pela sobrevivência epor dias melhores para todos. Amigo leitor,aproveite para curtir uma edição que vai gravadacomo um documento para as futuras gerações.

Que Deus siga abençoando a Manaus quetanto amamos. Felicidades para todos da cidadedo coração da gente!!!

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Page 2: história dos bairros

Manaus - porto e poesiaTenório Telles

Editorial e Opinião

22Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Expediente

O imbróglio do aniversário deMANAUS"Salve 24 de Outubro de 2005, data que Manaus completa 336anos de fundação!". É feriado no município de Manaus; quaseninguém formalmente trabalha. No entanto, o cidadão co-mum mal sabe que essa exclamação é oriunda de uma ver-dadeira mixórdia, pois se trata de uma mistura de tempos,eventos e significados que rigorosamente nada têm a ver unscom os outros. Começo pela "fundação" da cidade. Ainda não se conhece nen-huma evidência documental ou qualquer outra, que autorizeafirmar que o governador e capitão-general do Maranhão eGrão-Pará, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho(1667-1671), tenha ordenado ao capitão Francisco da Mota

Falcão a fundar a cidade de Manaus. No máximo, esse militar teria ordens para ed-ificar, em 1669, um estabelecimento militar que ganhou o ostentoso nome deFortaleza de São José da Barra do Rio Negro. Do mesmo modo, até agora nada cor-robora que essa edificação ocorreu mesmo nesse ano. Porém, se for verdadeiro,qual o mês, qual o dia em que o ato da fundação teria ocorrido? Normalmente atos dessa natureza são solenemente registrados por autoridadesdo poder público. Por exemplo: a fundação do Forte do Presépio - núcleo remotoda cidade de Belém - teve origem na ordem expressa no Regimento de FranciscoCaldeira Castelo Branco, no qual se ordenou que fosse erigida uma fortificação,cuja fundação data de 12 de janeiro de 1616; outro exemplo, é o da Fortaleza deSão Joaquim, edificado na confluência dos rios Tacutu e Branco, cuja construçãofoi ordenada através da Provisão Régia de 4 de novembro de 1752, mas só inici-adas as obras em 1775, já no governo do capitão-general João Pereira Caldas.A confusão continua. Em 1969 as autoridades constituídas do Município deManaus e do Estado do Amazonas festejaram o aniversário de 300 anos da cidadede Manaus. Porém, em 24 de outubro 1998 as mesmas autoridades comemo-raram o "Sesquicentenário de Manaus", isto é, os 150 anos da cidade de Manaus.Pelo festejo anterior dever-se-ia estar celebrando pelo menos os 329 anos dacidade.Hoje, comemoram-se os 336 anos da cidade. Tentarei explicar essa confusa tra-jetória. Os antigos cronistas e os autores mais recentes estão de acordo que aFortaleza da Barra do Rio Negro foi fundada em 1669, mesmo sem uma docu-mentação comprobatória. Em volta dessa edificação militar se desenvolveu umverdadeiro "curral de índios", local onde era amontoado o produto das caçadashumanas, transformado em plantel de escravos à espera do momento adequadopara serem transportados para Belém. Além do "curral de índios" que se compunha de uma população transitória, noentorno da Fortaleza também se desenvolveu um aldeamento composto princi-palmente pelos índios Baníuas, Barés e Passés oriundos dos rios Içana, Negro eJapurá, que passaram a viver na condição de índios aldeados. O conjuntoFortaleza da Barra e o seu entorno em 1790 foi elevado à categoria de Vila paraabrigar a sede da Capitania do Rio Negro no governo de Lobo d'Almada (1788-1799) com a denominação de Barra do Rio Negro. No entanto, oito anos maistarde perdeu esse predicado, sendo dessa forma rebaixada à categoria de Lugar,pois a sede do governo voltou a ser a vila de Barcelos. Voltando, entretanto, àcondição de sede do governo por volta de 1808, e assim se manteve até o fim doperíodo colonial.

Com a incorporação do Estado do Grão-Pará e Rio Negro ao Império brasileiro, em1823, a Capitania do Rio Negro foi transformada numa simples Comarca daProvíncia do Pará; não obstante isso, a Barra do Rio Negro continuou sendo a sededessa jurisdição. No inicio da década de 1830, houve uma mudança no Impérioem termos político-administrativo; por conta disso, a Comarca do Rio Negro mu-dou de denominação, passando a ser chamada de Comarca do Alto Amazonas,cuja sede foi novamente, em 25 de julho de 1833, elevada à condição de ViIa com adenominação de Manaus.Em 1848, a Assembléia Provincial Paraense, através da lei N.o 145, de 24 de out-ubro desse ano, elevou Manaus à categoria de Cidade com a denominação deNossa Senhora da Conceição da Barra do Rio Negro. Somente pela Lei N.o 68, de 4de setembro de 1856, de autoria do deputado João Ignácio Rodrigues do Carmo,foi que a cidade passou a ser definitivamente denominada de Manaus.Portanto, temos agora as chaves para as duas idades da cidade de Manaus. A dafundação da Fortaleza da Barra do Rio Negro, 1669; e a elevação de Manaus à cate-goria de cidade, em 24 de outubro de 1848. Na primeira, mesmo com a incerteza,tem-se o ano; na segunda, tem-se o dia o mês e um ano; entretanto, ambas nãocorrespondem à verdade histórica que se procura acerca do nascimento dacidade.Se se contar da fundação da Fortaleza, Manaus completaria, hoje, 336 anos deidade; se se contar da elevação à categoria de cidade, Manaus teria, hoje, 157 anos.Para pôr fim a essa situação desconfortável, alguns poucos preocupados com asfestas solenes do evento patrocinadas pelas verbas públicas resolveram"franksteinear" a data do aniversário natalício da cidade, passando a ser contado,a partir de 24 de outubro de 1669. O dia e mês de um evento e o ano de outro. Eis oimbróglio.Na realidade inventaram um dia de feriado ao arrepio da História, quase carac-terístico daquilo que o historiador inglês Eric Hobsbawm definiu como "tradiçãoinventada", que seriam as práticas, muitas vezes tácitas, que visam a inculcar cer-tos valores e normas de comportamento através da repetição. Neste caso o suben-tendimento cedeu ao escancaramento. Virou lei. Não sei se esse tipo de questionamento leva a algum lugar. Em todo caso, já que aselites que dominam o poder público manauense e amazonense necessitem tantodesses tipos de eventos cívicos para exercitarem seus discursos carregados de na-tivismo piegas, deveriam criar outros feriados, a exemplo da elite política nacionalque festejam o Descobrimento do Brasil, em 22 de abril e a Independência, em 07de setembro. No caso de Manaus, uma festa para Origem de Manaus (não parafundação), e outra para a Elevação de Manaus à categoria de Cidade. Assim tudofica "bonitinho dentro do vidrinho" (bordão de um comunicador local), e se põefim essa embrulhada. Contudo, o evento da Origem necessita de pesquisas, que opoder público deveria incentivar. Finalmente, ainda nessa linha de raciocínio "cívico", não caberia ainda, a criaçãodo feriado comemorativo ao Descobrimento do Amazonas: o dia em que obergantim do espanhol Francisco de Orellana penetrou no rio Amazonas?.

O autor é professor do Departamento de História da UniversidadeFederal do Amazonas e mestre em História Social pelaUniversidade de São Paulo

A civilização floresceu com o nascimento dascidades - lugares de troca, convívio e proteção contra asameaças e incertezas da sorte. Inscreveram na memóriado tempo suas histórias de realizações, insignificância oude grandeza. Com tantas faces, as cidades são como cali-doscópios em que o passado e o presente se fundem, emque as cores, os rostos, as formas e os sonhos se refletem.

As cidades são esfinges - com segredos e mis-térios a ser decifrados. No dizer do escritor Italo Calvino:"... são construídas por desejos e medos, ainda que o fiocondutor de seu discurso seja secreto... e que todas ascoisas escondam outra coisa". Manaus, capital desse vastoterritório verde e líquido, mágico e fascinante, é umacidade enigmática, acolhedora, voraz e refratária ao des-tino de ser cidadela da esperança.

Manaus é um mundo em miniatura. Manaus é omundo. Contemplar sua face é descortinar traços, gestos,sons, formas e cores. Nessa estranha geografia de raças e cul-turas, sangue e almas se encontram e se misturam para gerarum povo e uma história. Manaus é uma cidade com vocaçãopara porto. Acolheu aventureiros e sonhadores, trabalhadorese artistas - homens e mulheres em busca do sonho, de um re-começo. Talvez do paraíso perdido. O poema "Geografiaprovinciana", de Astrid Cabral, é mais que a evocação de umaépoca, é o cenário de seu despertar para o mundo:

"Manaus um ponto perdido no mapa. Ali, desgarrada entre paredes de verde. Mas iam e vinham navios trazendo franjas do mundo. Europa e Península Ibéricasurgiam das próprias pedrasdas avenidas e esquinas."

Olhar Manaus - perscrutar-lhe sua geografia de con-trastes - exige serenidade e certa compreensão sobre a complexi-dade da vida social e sobre a condição humana. É acolhedora efria, terna e indiferente - às vezes segregadora, com sua legião deexcluídos, de homens privados das conquistas da civilização - dopão e da poesia. Manaus é uma cidade dividida entre os que "são"e os que "não são", entre aqueles que vivem de forma plena ecrítica a sua cidadania e a maioria que resiste, à margem doprocesso de discussão e decisão de seu próprio destino. O poetaMário de Andrade, ao refletir sobre a vida urbana, desnudou-lhea face despojada de magia, beleza e verdade:

"Horríveis as cidades! Vaidades e mais vaidades... Nada de asas! Nada de poesia! Nada de alegria!Oh! os tumultuários das ausências".

Esta cidade, com suas chagas e alegrias, estámim. Pertencemos ao chão que nos acolhe, ao espaço ondeinscrevemos nossa história, onde despertamos para omundo e florescemos. Todo ser humano é filho do tempo edo lugar em que veio ao mundo. Mestre Machado de Assistinha razão em afirmar: "Eu sou um pouco fruto da cidadeonde nasci". Mas, subjacente à cidade visível, há umacidade imperceptível, que está no ar, no silêncio e namemória. Que não morre, que resiste na poesia de LuizBacellar e Aldisio Filgueiras, na crônica memorialística deThiago de Mello e Jefferson Peres, na pintura deHahnemann Bacelar e Álvaro Páscoa, na música de AnibalBeça e Celdo Braga. E também nas receitas poéticas dedona Chloé Loureiro. Nas casas restauradas da avenida 7de setembro - testemunho de um tempo de fausto e beleza.

As cidades cumprem a sina dos homens. Elasnascem, vivem, transformam-se e, às vezes, morrem.Nada escapa ao trotar corrosivo do tempo e suas mu-danças. Manaus não escapou a esse destino, como bempercebeu Thiago de Mello: "Manaus modificou-se. Querdizer, mudou mas ficou, para continuar". Está viva namemória e em nossos corpos e sentidos - especialmenteem nossos olhos.

Tenório Telles é professor de Literatura Brasileira e autor da peça "Aderrota do mito". É membro da Academia Amazonense de Letras

‘S Letra: Theodomiro VazMúsica: Nicolino Milano

De entre a pompa e real maravilhaDesses belos e grandes painéis,Toda em luz, como um sol, surge brilhaA cidade dos nobres Barés.

Grande e livre, radiante e formosaTem o vôo das águias reaisE a subir, a subir majestosaJá nem vê suas outras rivais

Quem não luta não vence, que a lutaPelo bem é que faz triunfarReparai: o clarim já se escuta!É a forma que vem nos saudar!

Dos pequenos e aos bons, entre flores,Agasalha e se esquece dos mausNinguém sofre tormentos e doresNesta terra dos nobres Manáos.

Todo povo é feliz, dia a história,Quando se vê entre gozos sem fimO progresso passar junto à glóriaEm seu belo e doirado cochim.

Hino municipalde Manaus

EEddiiççããoo eessppeecciiaall ddoo JJCC eemm hhoommeennaaggeemm aaoo 333366ºº aanniivveerrssáárriioo ddaa cciiddaaddee ddee MMaannaauussDiretor-presidente

Guilherme Aluízio de Oliveira Silva

Diretor ComercialAdalberto Antônio dos Santos

Pesquisa histórica: Adriana Barata - Cláudia Moreira - Gláucia Campos - Hosenildo Alves - Hugo Ferreira - Joaquim Melo - Kassiane Silva - Mariana Mariano - Moisés de Araújo - Maycon dos Santos - Rafael Rocha

TextosMarcos Figueira e José Polari

EdiçãoAguinaldo Rodrigues

FotografiasMárcio Rodrigues e Arquivo JC

PaginaçãoJorge Pacheco

Francisco Jorge dos Santos

Page 3: história dos bairros

Igreja da Senhora de Aparecida, tradicional ponto de reunião católica

Ponte hoje substitui as catraias

Arraiais e catraias, vivos na tradição do bairro

AparecidaAparecida

Às margens do rioNegro, o prédioda históricacervejariaMiranda Corrêamantém viva alembrança doperíodo rico daborracha, quemuito contribuiupara a belaarquitetura daManaus antiga

33Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Uma comunidade unida pela fé

bençoado por NossaSenhora de Aparecida,aos 122 anos, o bairro deAparecida, na zonaCentro-Sul adotou emsua origem nomes comoCornetas, Cajazeiras oubairro dos Tocos. O primeiro por contado contigente do

Exército antes localizado no igarapé que cor-tava o bairro. O segundo em função da grandequantidade de árvores desta espécie na locali-dade e o terceiro em virtude da derrubada dasárvores para a abertura das ruas, deixando àmostra os troncos serrados.

Com a chegada dos primeiros missionáriosem 1943, o bairro começou sua evolução. A mis-são dos missionários era de instalar uma novaparóquia e iniciar o processo de evangelização.Com o trabalho desenvolvido pelos mis-sionários, o bairro adotou de vez o nome deAparecida. Em 1944 foi oficialmente fundada aparóquia do bairro pelo bispo Dom João da MataAndrade e Amaral recebendo o nome de NossaSenhora da Conceição Aparecida.

Foi pela fé que tudo começou registra,Roberto Bessa, autor do livro "Memorial: Sínteseda História de um Bairro", editora Uirapuru(2001). A primeira capela segundo relatos doautor funcionou em duas salas, num chalédoado pela família Miranda Corrêa em 1944,funcionando até 1946, quando foi projetada anova igreja na rua Alexandre Amorim, em frenteao colégio onde atualmente funciona o Clube deMães. Com o passar dos anos, o bairro foicrescendo, surgindo à necessidade de um novotemplo capaz de abrigar um número maior defiéis. Estavam Santos, 72, um dos mais antigosmoradores do bairro, Aparecida é 100%católica, por conta do trabalho de evangelização

dos missionários americanos. Na época de suacolonização o padre Frederico Stratman esteve àfrente da construção da igreja, do colégio e dacasa paroquial. Santos lembra que o bairro deAparecida através da paróquia desenvolviavárias atividades sociais e culturais como ofici-nas de marcenaria e carpintaria, arraiais, alémde atividades esportivas como basquete, boxeentre outras. "Conforme a história de desen-volvimento do bairro, a chegada dos mis-sionários ajudou muito a educar a comu-nidade", relata.

Aparecida com o tempo foi se modernizando,mas sem perder a identidade. Até hoje possui omesmo padrão simétrico de ruas, tendo como aprincipal a Alexandre Amorim, ilustrada pelaigreja, o colégio estadual de Aparecida, a facul-dade de Farmácia da Ufam (UniversidadeFederal do Amazonas) e o Fórum. As reminis-cências que marcam o bairro são as ruelas e be-cos, muitos deles ainda com a mesma arquite-tura das casas grudadas uma nas outras. Outragrande referência é a rua Comendador Ventura,ou melhor Bandeira Branca que até os dias dehoje serve de palco para a realização dos princi-pais eventos do bairro. O nome Bandeira Brancaestá associado a um antigo morador e comer-ciante português, que tinha o hábito de colocar àporta de seu estabelecimento uma bandeirabranca. O primeiro nome que essa mesma ruarecebeu foi 1º de maio, mas não caiu no gostopopular, ficando mesmo o nome de BandeiraBranca. Outras ruas que compõem o bairro têmsignificados históricos como Carolina das Neves,das Flores (por sinal não há flores e nuncahouve), Coronel Salgado, Gustavo Sampaio,Xavier Mendonça, Wilkens de Matos e Dr. Aprígio.De acordo com Roberto Bessa cada rua ou becotem o nome de um personagem importante eque morou no bairro e desenvolveu alguma ativi-dade em prol da comunidade.

Na área cultural fizeram parte da co-munidade por muitos anos - as festasdas Pastorinhas e juninas que deramorigem ao boi-bumbá "Coringa". Deacordo com o relato de Bessa, o mês desetembro era esperado com ansiedadepelos moradores durante a realizaçãodo arraial que tinha como objetivo an-gariar recursos para as atividades soci-ais da igreja.

O tradicional serviço de alto-falante,comandado pelo Zeca Afonso em parce-ria com Humberto Bacurau embaladopelas melodias e recadinhos para osnamorados não podia faltar durante arealização dos festejos. Estevam Santoslembra que muitos dos moradores dobairro até hoje estão casados a partirdessas brincadeiras. Outro detalhe nahistória do bairro eram as disputas acir-radas entre os rapazes do bairro com os

rapazes dos bairros vizinhos como o SãoRaimundo e Matinha (mais tardePresidente Vargas). Com o objetivo deflertarem com as moças dos bairros viz-inhos muitas vezes tinham que fugir anado ou sobre as jangadas, já que osdonos das catraias (embarcações detransporte entre os dois bairros) se ne-gavam a transportá-los. Estes mesmosarraiais no bairro acabaram ainda nadécada de 70 com a chegada das novasmanifestações culturais e o advento daglobalização.

NOVENA ÉTRADIÇÃOO que restou da tradição desde a dé-

cada de 60 foi a tradicional novena daterça-feira na igreja de Nossa Senhorade Aparecida sendo freqüentada por de-votos dos quatro cantos da cidade.

Associada a novena foi instalada a feir-inha municipal, antes na BandeiraBranca e sendo transferida posterior-mente para Coronel Salgado entreRamos Ferreira e Alexandre Amorim de-vido ao grande contigente de pessoas.

Aparecida ficou conhecida tambémpelo serviço das catraias que saiam doporto da antiga serraria Hore, trans-portando trabalhadores das indústriasinstaladas no bairro para os bairros vi-zinhos. Com a construção da ponte li-gando ao São Raimundo (conhecidoantigamente como Bucheiros). Oserviço custava quinhentos réis no iti-nerário que levava em média um tempoentre dez e quinze minutos de travessia.As catraias, assim como os famososcatraieiros perderam desta forma o sen-tido de existir ficando apenas nas lem-branças da história deste bairro.

AA

Page 4: história dos bairros

Em suas ruas estreitas, o bairro abriga diariamente um intenso movimento comercial, puxado por uma grande variedade de negócios

Independência marcou o futebol44Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Entrevista // EESSTTEEVVAAMM DDOOSS SSAANNTTOOSSNascido em Manaus, no dia 23 de outubro de 1931, mais precisamente na mater-

nidade da Santa Casa de Misericórdia, Estevam dos Santos lembra dos tempos de ou-trora do bairro Aparecida. Do tempo das catraias, das indústrias e madeireiras que

dominavam o lugar. Dos trabalhadores carregando suas marmitas quepassavam em frente à sua casa no final da tarde cansados de mais um

dia de trabalho. Do tempo das brincadeiras sobre o chão batido, dos concursos de pa-pagaio (pipa) e das conversas dos mais velhos à frente das casas. Estevam nesta entre-vista lembra dos velhos amigos que já partiram e fala da chegada dos novos tempos queestão matando as velhas tradições. Santos que ainda é funcionário público curte ainda aboêmia cantando velhas canções que embalavam sua meninice e a história de sua vida.

Como foi a sua in-fância?

Estevam Santos - Minhainfância foi no bairro de Aparecida.Nunca sai daqui. Aparecida viu nascer

meus filhos, netos e bisnetos. Me crieisoltando papagaio e vendo as meninas

brincarem de porta-bandeira e macaca nafrente de minha casa e olhando os mais antigos no final

de tarde conversarem sobre suas vidas e assuntos do co-tidiano.

Quais são suas melhores lembranças do bairro queo senhor viu nascer?

Estevam - Primeiro do trabalho dos missionários que deram uma contribuiçãomuito importante para o crescimento do bairro e das pessoas trazendo informaçõesculturais e as boas novas do cristianismo. Lembro também dos conselhos dos maisvelhos quando sentavam para discutirem sobre a criação dos filhos e sobre os assun-tos da vida social e política da cidade.

O que mais lhe entristece em relação ao progresso do bairro?Estevam - São os métodos que foram criados. As novas formas de cultura que ba-

nalizaram as nossas culturas tradicionais e que hoje estão relegadas ao esqueci-mento. A falta de segurança que existe no bairro e em toda a cidade nos deixa umpouco apreensivo sobre o progresso.

Com quantos anos o senhor percebeu que tinha uma forte tendência paracantar?

Estevam - Veja bem, desde muito cedo gostei de música. Aos dezoito anos decidirir para o Rio de Janeiro conquistar um espaço com a música. Fui calouro na rádioNacional e Tupi. Naquele tempo era muito difícil conquistar um espaço nesse sen-tido, até porque você tinha que concorrer com grandes nomes do rádio comoOrlando Silva, Chico Alves Carlos Galhardo.

O senhor não recebeu apoio de ninguém?Estevam - Teve. Foi o Billy Blanco. Esse homem deu valor a minha voz e ao meu

talento. Naquela época eu cheguei a gravar um bolachão. O Billy me perguntou setinha dinheiro. Eu disse que não. Ele então me respondeu, então Amazonas (comoele me chamava) volte para a sua terra, porque aqui você não a mínima chance.

O bairro também teve seus momentos de glória no esporte. Introduzido pelos padres ame-ricanos, surge na década de 50 a agremiação do Independência Futebol Clube. A equipe for-mada pela rapaziada do bairro chegou a enfrentar clubes de grande porte entre eles, o Nacionale o Fast Clube. O Independência reunia todos os domingos, segundo relato de Bessa, uma gamade torcedores no antigo campo da serraria do Hore (local de concentração da equipe) ao som debatucada. Durante o decorrer dos anos 60, o clube decide pendurar a chuteira. Seus jogadoresse dispersaram e, era o fim de um sonho chamado Independência.

Outra tradição mantida até hoje no bairro era a concentração de pequenos botecos com avenda dos mais variados tipos de cachaça. Boa parte destes botecos era tinha como propri-etários os portugueses, já que a história do bairro está ligada diretamente com a imigração lusi-tana que por ali chegaram e instalaram diferentes atividades comerciais. Por exemplo, o bar doArmando português que antes funcionava na entrada da rua Carolina Neves, esquina com

Xavier de Mendonça.Aparecida ao longo de sua existência viu nascer e crescer figuras ilustres e que hoje fazem

parte da memória expressiva da sociedade manauense. Moacir Andrade, uma das maiores ex-pressões das artes plásticas do Amazonas, com menções em vários países; Paulo Feitosa, de-sembargador, Lauro Chibé, artesão, Mário Ipiranga Monteiro, historiador (morto em 2004).

Em 1950, Antônio Dias Loureiro Ventura, conhecido popularmente como "ComandanteVentura" funda no bairro o Corpo de Bombeiros Voluntários de Manaus. Um idealista nascidoem Concêlho de Porto, em Portugal, funda a entidade em um terreno de sua propriedade junta-mente com voluntários do bairro. A entidade funcionava onde está instalada o Fórum deJustiça. No dia 4 de dezembro de 1961, ao retornar de uma de suas missões, na estrada BR-319,no quilômetro 28, a viatura que conduzia ele e seus companheiros capotou e caiu em umabismo lhe tirando a vida.

SuperfíciePopulaçãoEscolas municipaisEscolas estaduaisComércio da construção civilIndústriasPostos de saúdeÁrea de lazerInstituições judiciárias

63,94 ha5.528

0203010201-0-

01 (Fórum)

Toda terça é dia de feira, acompanhando a novena

Inicia no igarapé de São Vicentecom o Rio Negro até o igarapé

de São Raimundo, seguindo atéo igarapé da Castelhana; desteaté a rua Luiz Antony indo até arua José Clemente retornando

ao igarapé de São Vicente até o Rio Negro.

Definição do perímetro

SAIBA MAIS

Page 5: história dos bairros

Vilas construídas por operários que trabalhavamno centro da cidade e uma área extremamente verdee arborizada pelo conjunto de sítios e chácaras sendoum retrato paisagístico do bairro Adrianópolis. Porter sua origem relação com pequenas vilas agrícolas,foi denominado de Vila Municipal e até os dias atuaisé comum as pessoas fazerem referências ao bairrocom este nome.

Área nobre da cidade, Adrianópolis surge no iní-cio do século passado, tendo como habitantes aclasse média alta da época. Com uma superfície de246.00 hectares, sua área urbana foi consolidada apartir do loteamentodaquelas terras. É possívelremeter o visitante aostempos antigos do bairroao trafegar pela Recife, suaprincipal avenida deacesso e observar àsimensas castanheiras eárvores frutíferas quefazem parte do mesmocenário que compreendeo terreno colado a antigaindústria da Beta. Em frente, a sede da Secretaria deAgricultura do Estado preserva a mesma cena.

Adrianópolis antes de o progresso atravessarsuas veredas e caminhos de terra batida, era um lu-gar aprazível de árvores frondosas como asmangueiras, castanheiras, sapotis, jacas e cajás,além das inúmeras palmeiras. A necessidade que seexpandir o perímetro urbano da cidade, logo podiase observar que estava nascendo mais um bairro ebem próximo do centro comercial.

Adrianópolis, a partir deste novo prisma, deixa deser a imensa área verde e cede lugar para a modern-ização. Rebuscando o passado, no trecho que com-preende a atual praça da vila ou Nossa Senhora deNazaré funcionava o ponto final dos bondes que cir-culavam no percurso que cortava o bairro daCachoeirinha. O lugar por vários anos servia aos fi-nais de semana para as famílias passearem de char-

rete ou a pé.Na carta cadastral da cidade e arredores de

Manaus, na época do governo Eduardo Ribeiro, oplano piloto chegava até o Boulevard Amazonas, nãoconstando a Vila Municipal, já que toda aquela exten-são era formada apenas por bosques, chácaras e sí-tios particulares. Somente na administração munic-ipal de Arthur Araújo que surge a idéia de avançar nosentido de expandir o perímetro da cidade para onorte, a partir da criação de uma vila, formada porpequenos lotes agrícolas. O projeto foi elaboradopelo engenheiro João Carlos Antony , no entanto,

pelo excesso de trabalhonão pode realizar sua ex-ecução, passando a re-sponsabilidade paraLopo Gonçalves BastoNetto que dividiu a áreaem lotes, abertura dasruas e a construção dapraça. Há informaçõeshistóricas de que aimensa área que com-põem o bairro de

Adrianópolis pertencia aos herdeiros do finadocapitão de mar e guerra, Nuno Alves Pereira de MelloCardoso, adquirido em 1890, pela IntendênciaMunicipal.

Quando em 1909 iniciava em Manaus a ex-pansão de rede elétrica nos subúrbios, a VilaMunicipal recebe em alguns pontos iluminaçãode boa qualidade. Foi dado início também nestemomento, o serviço de capinação da área. Dezanos mais tarde, em 1919, o superintendenteAntonio Ayres de Almeida Freitas, dá a VilaMunicipal uma outra visão criando através doDecreto nº 14, do dia 13 de junho do mesmo anoa Feira Livre. Nesta feira se comprava e se vendiatodos os produtos relativos à pecuária e a agricul-tura, além de produtos de consumo. A feira fun-cionava todos os domingos, com suas barracasisentas de qualquer taxa ou imposto.

Teu nome é Vila Municipal

Luz chega e traz o bonde

AAdrianópolisdrianópolis

Um dos primeirosbairros a receberiluminaçãoelétrica, oAdrianópolis éhoje uma parteda cidade muitobem cuidada,com locaisaprazíveis,servindo de pontode reunião dasociedade local

55Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A praça Nossa Senhora de Nazaré, no coração do bairro e de frente para a igreja que congrega a fé dos católicos na santa padroeira

Linhas de bonde fizeram parte da vida e da história da vila

Em 1911, o superintendente JorgeMoraes inaugurou a iluminação elétricacompleta aguardando as linhas de bondesque só viria no dia 22 de dezembro de1918. No governo de Basílio Franco de Sá,foi inaugurada a rua Maceió. Nesteperíodo o bairro está em plena ascensão,apesar da praça não passar de uma grandeárea descampada. Por volta de 1934 acon-teceu uma reforma na praça, quandoforam construídos valetas e um pavilhãorústico que levou a praça do bairro recebero nome de Salvador.

Ainda nos primeiros anos do século 20,Adrianópolis começava a mudar de cara re-

cebendo os primeiros sinais de transfor-mação. Seguindo o estilo europeu, suasruas receberam tratamentos especiais como alargamento, asfalto e pavimentação. Ostrilhos que serviam de passagem para osbondes foram sendo cobertos pelo concretolevando com eles a memória do lugar.

O curioso é que nasceu um bairro, comum sentimento bem brasileiro, tanto quesuas ruas recebem os nomes das mais ex-pressivas capitais brasileiras, entre elas es-tão a Maceió, Natal, São Luiz, Fortaleza,Terezina e Recife. Todas datadas de 12 demaio de 1901, de acordo com a lei nº243 domesmo ano.

Os mais antigoslembram da épocaem que o bairro eratomado por veredas

e muito verde

Page 6: história dos bairros

O comércio gastronômico da Vila Municipal é um dos mais apreciados pela comunidade amazonense nos finais de semana

Cai população, sobe o comércio

Fé na Senhora de Nazaré

Adrianópolis ao longo de sua urbanizaçãovem decrescendo em nível populacional. Em1996, por exemplo, o bairro tinha 9.561moradores. Em 2000 pela mesma estatísticado IBGE tem apenas 9.150. O que se leva a crereste desnível, foi o crescimento de estabeleci-mentos comerciais no bairro.

Localizado na Zona Centro-Sul, inicia nocruzamento da avenida Álvaro Maia com a ruaMajor Gabriel cortando pela parte Norte dobairro Nossa Senhora das Graças e vizinho dosbairros do Aleixo, São Francisco, Cachoeirinhae Parque 10 de Novembro, constituiu emmenos de três décadas um nicho comercial decompra e venda nos setores gastronômico, ed-ucacional e de lazer e entretenimento para asclasses média e alta.

Ao longo das duas principais vias do bairro,a Paraíba e Recife, há uma diversidade deserviços à disposição da comunidade. NaParaíba, por exemplo, existem escolas, con-

domínios de luxo como o Portal do Caribe,postos de gasolina, escolas particulares quevão desde a pré-escola até o ensino médio, en-tre outros estabelecimentos.

Na Recife está a agência do Banco do Brasil,posto da Petrobras, praça, igreja católica,Faculdades Martha Falcão, Floriculturas,restaurantes, centro de convenção Dulcíla,Pronto Socorro 28 de Agosto. Nas transversais,o bairro conta com prédios abrigando institu-ições importantes e de prestação de serviço àcomunidade amazonense: Fiocruz (FundaçãoOswaldo Cruz), escola de Enfermagem daUfam, consulados, academias de ginásticas,consultórios dentários entre outras especiali-dades na área da saúde e finalizando a áreaperimetral do bairro o Detram e a Central deArtesanato Branco e Silva.

O bairro conta ainda com escolas tradi-cionais tendo formado inúmeras personali-dades da cidade: IBA (Instituto Batista das

Américas), Ida Nelson, centro educacionalLato Sensu, Maria Imaculada e a escola estad-ual Ângelo Ramazzotti (há 40 anos com amesma estrutura, ao lado da igreja de NossaSenhora de Nazaré).

Duas praças marcam a arquitetura dobairro do Adrianópolis. A primeira é a PraçaChile em frente ao cemitério São JoãoBatista e a segunda e mais importante dobairro é a praça Nossa Senhora deNazaré,inaugurada em 1942.

INFLUÊNCIARELIGIOSAAdrianópolis preserva uma das mais con-

ceituadas igrejas da cidade. A partir de 1948, opadre capuchinho José de Leonissa do entãoPontifício Institucional Missionário de Estere-Milão assume o controle da paróquia doAdrianópolis trazendo consigo o sinal da mod-ernização. Atualmente o bairro conta ainda

com a presença das igrejas evangélicasMemorial Batista e Holiness.

Arquitetonicamente, o bairro até hoje temprocurado preservar parte das residênciasantigas construídas, a partir de 1903. A quemais chama atenção, é o castelo (conhecidocomo castelinho), residência da famíliaMonassa. No entanto, algumas das residênciasexistente no bairro, já possuem estilos bemcontemporâneos.

Mas, Adrianópolis tem como troféu a exibira presença de uma das maiores equipes doAmazonas, o Nacional Futebol Clube quemuitas vezes encheu de alegria sua comu-nidade quando jogava no Parque Amazonenselevando multidões para assistirem o famosopai e filho, quando enfrentava o Fast Clube.

SAIBA MAIS O nome do bairro deAdrianópolis é uma homenagem aoilustre doutor Adriano Jorge.

Chamada de Praça Nossa Senhora de Nazaré (fotos abaixo), ou simplesmente Praça da Vila,o logradouro público que serve de cartão postal para o bairro de Adrianópolis recebeu primeira-mente o nome de Silvério Nery no início do século 20. Mais tarde, por meio da Lei nº 647 de 9 dedezembro de 1910, trocou de nome para Praça Orlando Lopes. Este é o nome que permanece atéos dias de hoje, no entanto, a população batizou de Nossa Senhora de Nazaré, provavelmente emrazão da igreja do mesmo nome e padroeira do bairro.

A praça está localizada nas confluências das ruas Recife e Fortaleza. Seu projeto de construçãoé de 1910, na gestão do superintendente municipal Arthur César Moreira de Araújo, que dividiuas terras pertencentes a Intendência Municipal, na parte Norte da cidade, em lotes agrícolas econstruções de pequenas vilas. Daí o nome de Vila Municipal.

É também deste mesmo período que a Lei nº 243, de 12 de dezembro cria o nome das ruasBelém, São Luiz, Terezina, Fortaleza, Natal, Paraíba, Recife e Maceió, em homenagem às princi-pais capitais do nordeste brasileiro.

No ano de 1902 foram executadas as obras de abertura das ruas da praça. Neste mesmo ano aIntendência Municipal, já enfrentava dificuldades com a limpeza pública do local, que nãoseguiam a determinação contratual. Quando a praça recebeu a denominação de Silvério Neryconstava no projeto original à construção de um chafariz.

Cerca de 1915, começou a ser festejado na praça o Círio de Nazaré, influência da grande festapopular que acontece desde o século 18, na cidade de Belém, no Pará. Na verdade foram osparaenses radicados em Manaus que incentivaram as comemorações.

66Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Page 7: história dos bairros

Os filhos de Sant’Anna

Armando MendesArmando Mendes

Uma imensa área verde composta de árvores frutíferas emedicianis, alémde igarapés e olhos d´água, desapareceupara ceder lugara mais uma comunidade em Manaus

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Diversidade religiosa é uma das maiores referências do bairro que surgiu sem a mínima estrutura topográfica na década de 80

O bairro Armando Mendes, situado naZona Leste da cidade, próximo ao DistritoIndustrial, foi fundado em 25 de agosto de1987 e recebeu este nome em homenagemao pai de seu idealizador, o então governadorAmazonino Mendes. O bairro foi projetadopara abrigar moradores de outras regiões dacidade, principalmente aqueles das mar-gens dos igarapés, e de habitantes dos mu-nicípios do interior.

Projetado para ser um bairro-modelo, aser seguido por outros da Zona Leste, noArmando Mendes foram criadas dezenas demicro e pequenas empresas que fun-cionavam nas residências dos própriosmoradores, sob a supervisão da própria co-munidade. A partir de 1991, através do es-forço da comunidade e com apoio de órgãosgovernamentais, o bairro ganha mais desen-volvimento, com crescimento do comércio ea implantação de projetos de hortas comu-nitárias, gerando assim mais renda à popu-lação. Nesta mesma época são realizadasobras de pavimentação e a implantação deposto policial, centro de saúde e escolas.

Atualmente, o bairro Armando Mendespossui sete escolas, sendo três estaduais: asescolas Maria Madalena Sant'Ana de Lima,Rilton Real Filho e Manoel Rodrigues; e qua-tro municipais: Rosa Gatorno, Thiago deMelo, Rui Barbosa Lima e EngenheiroNelson Neto. Além dessas escolas, oArmando Mendes tem ainda um posto desaúde, um posto policial, uma feira munici-pal e um terminal da linha de ônibus, li-

gando o bairro ao Terminal Integração 5.Segundo Eduardo Ribeiro, morador do

Armando Mendes desde sua fundação, osprimeiros habitantes do bairro vieram de lo-calidades próximas do "Igarapé do 40", embusca de melhores condições de moradia.Ribeiro lembra que nesta época, as casaseram construídas com madeiras e possuíamcerca de três cômodos: um quarto, uma salae uma cozinha. "Eram moradias simplesque não possuíam água encanada, luzelétrica e rede de esgoto", recorda o morador.

Em fevereiro de 1988, chega ao bairro acongregação das freiras Filhas de Sant'Anna,hoje bastante conhecida pela população dobairro e cuja história coincide, em algunsmomentos, com a própria história da comu-nidade. Uma das primeiras providênciasdessas freiras foi a transferência da igrejacatólica São Domingo Sávio, uma das três daregião, de um "barracão" para a praça princi-pal do bairro.

Outra obra de grande importância dasFilhas de Sant'Anna é a criação da farmáciacaseira, famosa no bairro e adjacências, co-ordenada pelas irmãs, e que já atendeu, de1991 a 2001, 19.896 pessoas. A farmáciausa método natural, ou bio-energético, uti-lizando plantas medicinais e outros ele-mentos, como argila ou barro, para o trata-mento de diversas enfermidades. A im-portância da Pastoral da Saúde, como échamada a farmácia, é o movimento con-tínuo de pessoas em busca de atendimento.

Na área de lazer para a comunidade, o

bairro possui dois campos de futebol e umapraça central com quadra de vôlei e futebolde salão, além de uma associação esportivacoordenada pelos próprios moradores.

Segundo o padre Nelson Pereira da Silva,responsável pela igreja São Domingos Sávio,os maiores problemas do ArmandoMendes, hoje, são a prostituição, a violênciae assaltos e furtos. Com relação à violência,os moradores recebem pouco atendidos,visto que há apenas um posto policial e compoucos policiais de plantão. Para casos maiscomplicados, é necessário o deslocamentoaté a delegacia do 4º DP, na Grande Vitória.Como na maioria dos bairros da Zona Leste,os moradores também sofrem com even-tual falta de água.

Conforme explica o padre, a ativi-dade econômica no bairro está restritaaos empregos no Distrito Industrial e aocomércio formal ou informal, dentro oufora da comunidade, principalmentecom a venda de CDs e DVDs na praça dealimentação do bairro. "Quanto a fontede renda dos moradores, a principalatividade ainda é mesmo os famososbiscates", alerta o religioso.

O padre também explica ser necessáriocolocar aspas ao termo planejamento ur-bano, normal para um bairro criado paraservir de modelo. Segundo Nelson, oArmando Mendes cresceu desordenada-mente, caracterizando pelo inchaço urbanoe as diversas "invasões" surgidas ao redor dobairro, como a "invasão da Sharp". O bairro jovem busca melhores condições de vida

Page 8: história dos bairros

O bairro do Aleixo surgiu a partir do ano de1942, quando ocorreram as primeiras invasõesno local, que era utilizado costumeiramentecomo atalho para a Colônia Antonio Aleixo,antigo leprosário da cidade, e de onde advém seunome. Em sua origem, o bairro ficava nos lim-ites do perímetro urbano da cidade e não ofere-cia muitos atrativos para atrair moradores, umavez que a região era dominada pela floresta e nãohavia rede de água, de luz e saneamento básico,além de abrigar, até 1968, o lixão municipal deManaus, hoje Horto Municipal.

Foram os próprios moradores que abriramas primeiras ruas do bairro, utilizando inclusivefacões nesta tarefa, ou contratando o serviço detratores, forma pela qual abriram-se as ruas SãoDomingos e Bonsucesso. O bairro apresentavainúmeros igarapés que hoje estão aterrados oupoluídos, como é o caso do igarapé do Curre,muito lembrado pelos moradores antigos.

De acordo com Clóvis Ferreira, morador dobairro há 45 anos, o igarapé era comumenteutilizado para tomar banho e pescar empre-stando seu nome à antiga rua do Curre, atualSeveriano Nunes. Nesta rua, estava localizado obar Nacionalino, ponto de referência do bairrodurante muitos anos e que funcionou até 1983.

Nessa época, o Aleixo passou a atrair grandenúmero de pessoas vindas de diferentes pontosda cidade para freqüentar as muitas casas notur-nas e bares do local, como o Stakadrink’s, ouDrinkfacas, famoso pelas confusões ocorridasnos recintos. O bairro abrigava bares como oCaranã, o Clube dos Oficiais, o Rip Show Clube e oprostíbulo popularmente chamado de Tia Xica.

Porém, à medida que os anos passaramesses bares foram se exaurindo e deram es-paço às novas formas de diversão e entreten-imento no bairro, como a casa de jogos eboliche Amazon Bowling, a boite Zoom e ocomplexo poliesportivo do Vicentão, com-

posto pelo campo de futebol e as quadras devôlei, que atendem as comunidades dasáreas adjacentes.

ABRIGO DOPODER PÚBLICOO Aleixo iniciou seu processo de urbaniza-

ção no fim da década de 70, consolidando-sena de 80, mas mesmo assim a populaçãocarece de postos médicos, escolas públicas,delegacia de polícia e feiras livres. No entanto,no bairro se consolidou a instalação prédiospara abrigar instituições que compõem opoder decisório do Estado, como o TribunalRegional Eleitoral, a Delegacia Regional doMinistério do Trabalho, o Ministério PúblicoFederal, o Ministério Público Estadual eSecretaria da Fazenda.

Também funcionam no Aleixo importantesórgãos administrativos, como a sede centraldos Correios, o Tribunal Henoch Reis, que du-rante o início de sua construção sofreu um in-cêndio suspeito que paralisou suas obras du-rante mais de vinte anos. O bairro conta aindacom as agências bancárias do Itaú e Bradesco,além de posto de atendimento do banco doBrasil. Inúmeras igrejas católicas e evangélicasfazem parte do cenário com destaque para asprincipais: São José de Belo Horizonte, SãoBenedito, Santa Edwigens, São Paulo Apóstolo,Sagrado Coração, Igreja da Paz, Assembléia deDeus e 1ª Igreja Batista do Aleixo.

O Aleixo está localizado na zona Centro-Sul,fazendo divisa com os bairros de São Francisco,Petrópolis, Coroado e Adrianópolis tem umapopulação, segundo dados do IBGE (Censo de2000) de 19.282. Sua principal avenida é aAndré Araújo (em homenagem ao patriarca darede de comunicação Calderaro). Vários becostambém compõem a malha viária da região.

No Aleixo, observa-se uma grande va-

riedade de moradias, com casas de madeiras epequeno padrão de desenvolvimento hu-mano, até casarões e palacetes, principal-mente os conjuntos habitacionais que com-põem o bairro, como o Huascar Angelim,Jardim Espanha e Jardim Paulista, além doscondomínios Abílio Nery e Barão do Rio Negro.Estas características tornam a área um bairroparadoxal, no qual convivem pessoas das maisdiversas classes econômicas e sociais.

Em termos de atividade econômica, são di-versas as opções de compras para seusmoradores, como padarias, drogarias,vídeoslocadoras, supermercados, lojas de materialde construção, lan house, salões de estética,vidraçarias, academias, grande quantidade deoficinas automotivas, sorveterias e pet shopps.

No entanto, o bairro não oferece um numerosuficiente de escolas públicas aos moradoresde menor poder aquisitivo, mas é grande aconcentração de escolas particulares.

Conhecido por muitos como "Cidade dasComunicações", a parte alta do bairro estãoedificados os prédios onde funcionam a redeAmazônica de Rádio e Televisão, a TV e jornal ACrítica, TV Rio Negro, jornais o Estado doAmazonas e Correio Amazonense.

No campo da pesquisa, o Aleixo encerra oseu perímetro urbano com o Inpa (InstitutoNacional de Pesquisa da Amazônia) que temcontribuído para a ciência e a tecnologia emníveis nacional e internacional, além de serformador de pesquisadores em toda aAmazônia.

Da força dos moradores

AleixAleixoo

A avenida AndréAraújo é a principal via deescoamento dotrânsito do bairroem direção aoCentro da cidadee à zona Leste, amais populosa.Por ela passammilhares de veículos por dia

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A entrada do bairro do Aleixo está emoldurada pelas construções dos prédios públicos que compõem o Poder Judiciário

Grandes aglomerados da imprensa estão fincadas no bairro do Aleixo

Page 9: história dos bairros

O bairro da Alvorada, localizado na zonaCentro-Oeste de Manaus, tem uma história mar-cada por conquistas advindas do esforço da suaprópria comunidade na primeira década de 60.Por conta da construção das primeiras casas no lo-cal serem cobertas de palhas e cercadas por pa-pelão e compensados foi chamada de "Cidade dasPalhas". Atualmente o bairro é um dos mais cen-tros de compras da cidade comportando uma va-riedade de comércios no ramo da construção civil,drogarias, mercearias, confecções entre outros.

Com a tendência natural de crescimento,Alvorada iniciou seu processo de expansão nadireção Oeste na década de 70 surgindo novosdesbravadores nascendo, portanto, asAlvoradas II e III. De acordo com registros daantiga Urbam toda a área que abrange asAlvoradas, conjunto Ajuricaba, CamposElíseos passou a se chamar de Planalto.

Nos arquivos da Paróquia Nossa SenhoraAuxiliadora, padroeira do bairro tem um outroregistro curioso de que, na segunda metade da dé-cada de 60, nasce o bairro da Promessa (devido àpromessa do governador da época em dar umpedaço de terra a quem não tinha. A promessa foicumprida) , onde se instalava a massa humanavinda das favelas flutuantes vinda do bairro daCompensa. "A primeira leva atingiu o total de vintefamílias que, por falta de moradia, abrigavam-se àsombra de árvores aguardando a construção "ajato" do seu barracão. As casas foram construídasde quatro ou seis estacas, alguns paus cruzados,palha e, bem ou mal, protegidos do sol e da chuva,os moradores sentiam-se protegidos". Por possuirvárias "casas" feitas de pau e palhas, passa a serchamado de "Cidade das Palhas".

Os moradores mais antigos do bairro con-tam que o nome Alvorada foi dado pelo locutorde rádio J. Aquino (conhecido popularmentecomo Carrapeta) quando se referindo aobairro como um novo alvorecer. Os mesmodocumentos datam o início dos trabalhos pas-torais da igreja em 19 de setembro de 1969 e, aprimeira missa celebrada no dia 24 de maio de1970, pelo padre inspetor Daniel Bissoli, datatambém da festa de Maria Auxiliadora, origi-nando o nome da igreja matriz do bairro.

PRESENÇADA IGREJAAs primeiras visitas ao bairro foram realizadas

por uma equipe de irmãs da comunidade doCentro Educacional "Santa Teresinha", levando aevangelização para o local, com a ajuda dosSalesianos. Nesse período embrionário da históriado bairro em contato com a igreja, foi marcado porum acontecimento curioso. Numa tarde dedomingo, o padre inspetor estava celebrando aSanta Missa, o tempo começou a escurecer com oprenúncio de temporal. De repente, começa achuviscar, e por acaso, um pingo d'água foi cairjustamente no cálice em que o sacerdote usa parao vinho. Segundo o registro da paróquia, foi a gotad'água que viria a se tornar o símbolo da presençade Cristo na vida daquelas pessoas que iniciavam oprocesso de desbravamento do bairro.

Neste período de crença, mais precisamenteem 1970, o bairro da Alvorada já somava umapopulação de 3.082 habitantes, segundo o censodo IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística) daépoca. Por muitos anos, o Alvorada ficou con-hecido como uma área de extremamente vio-

lenta, devido à presença de galeras, grupos dejovens usuários de drogas e homicidas. Maria SíriaAlafaria, 72 anos, mais conhecida como DonaBebe, moradora antiga do bairro conta que asgaleras atormentavam a vida dos moradores. Elalembra desse período onde a violência imperava."Quando eu falava do lugar onde morava, logo

diziam: Lugar onde mata um e já fica outro "pen-durado" pro outro dia".

Dona Bebe lembra dos tempos em que atuavacomo rezadeira e preparava porções e garrafadasutilizando folhas e cascas da medicina natural.Sobre seu ofício de parteira destaca uma receitacerteira para que a criança volte à posição normalno ventre, ou seja, pilar o alho e fazer movimentossobre a barriga da mãe". Até os dias de hoje, o

bairro da Alvorada convive com essa cultura popu-lar valorosa. Mesmo com todo o desenvolvimentodo bairro, a comunidade não tem muitos atrativosculturais e áreas de lazer diversificadas, apesar depossuir algumas quadras, no entanto só atende aárea desportiva.

O maior entretenimento, portanto do bairro

tem partido da própria comunidade na época doCarnaval, onde os moradores se organizam paracolocarem na passarela do samba a escola Unidosdo Alvorada comandada pelo mestre China. Nesteperíodo a comunidade organiza ensaios, arraial,sorteio de brindes e bingos. Toda essa iniciativapara alegrar a comunidade e destacar o bairro en-tre as os melhores no quesito: Samba.

Para a estudante Fabiana, o bairro ainda tem

problemas com a precariedade do transporte co-letivo. "Os ônibus que circulam, muitos estão empéssimas condições e nos horários de pico, onúmero é reduzido", afirma.

PROBLEMASURBANOSBem no centro do bairro funciona o SPA

(Serviço de Pronto Atendimento), hoje, na opiniãode Fabiana transformou-se em centro de referên-cia, não somente para os moradores do bairro,mas para toda a cidade, causando certa deficiênciapara atender a demanda de pessoas que procu-ram o serviço de atendimento.

Um dos maiores problemas enfrentado pelosmoradores é a maior incidência de bares cau-sando uma poluição sonora acompanhada dafalta de iluminação pública. O ponto positivo dobairro em relação a muitos outros da cidade é a deque, de acordo com o censo de 2000 (IBGE), dos15.254 domicílios particulares, 10.313 já estãoquitados perante a prefeitura.

Agregados a área do Alvorada I, II e III, estãotambém o conjunto Flores, condomínio OuroVerde, conjunto Canaã, conjunto Ajuricaba e NovaJerusalém. A divisão geográfica foi instituída peloDecreto Municipal n.º 2924, de 1995, con-siderando os estudos técnicos realizados peloImplan (Instituto Municipal de Planejamento eInformática). E no anexo desse decreto, revela quedos bairros da Zona Centro-Oeste (D. Pedro I,Alvorada, Planalto, Redenção e bairro da Paz),Alvorada é o bairro, que apresenta alguns proble-mas de infra-estrutura (pela falta de planeja-mento). Tudo isso se deve ao reassentamento defamílias que chegaram ao local e foram fixandoresidência. Com a falta de planejamento é possívelse observar algumas ruas do bairro de difícilacesso causando alguns transtornos tanto aosmotoristas quanto aos pedestres.

AlvoradaAlvorada

Alvorada remontaao tempo do surgimento dosgrandes bairrosque formaram azona Centro-Oeste da cidade,sendo hoje umdos principaisnúcleos de comércio e dedesenvolvimento

99Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Das palhas para umahistória de progresso

Comunidade tem à disposição um centro comercial aquecido, com grande variedade de produtos

A falta de melhor infra-estrutura é reclamada pelo bairro

Page 10: história dos bairros

História de luta e esperança

Bairro da PBairro da Pazaz

A melhoria experimentadanos últimos anosnão foi suficientepara minoraras dificuldadesenfrentadasdiariamente pelos moradores,sobretudo nocaso de transportecoletivo

1100Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Diversidade religiosa é uma das maiores referências do bairro que surgiu sem a mínima estrutura topográfica na década de 80

No início da década de 80, uma nova áreapela via ilegal da invasão viria marcar mais umpouco o processo de crescimento da cidadecom o surgimento do bairro da Paz. Situado nazona Centro-Oeste, nas extremidades do bairroda Redenção e os conjuntos Hiléia e SantosDumont, está próximo ao centro geográfico dacidade, segundo dados da Implam (InstitutoMunicipal de Planejamento e Informática).

Após 24 anos de existência, o bairro da Pazno início nasceu sem a mínima estrutura ur-bana, sem água encanada, energia e pavimen-tação. Apenas uma área totalmente devastada eem toda sua extensão de altos e baixos sendoaos poucos ocupada famílias que não tinhamum lugar para morar. Um dado demonstrativoda falta de uma política habitacional na cidade e

no próprio Estado, já que boa parte de seusmoradores eram oriundos do interior.

HISTÓRIA PARA ESQUECERA história é implacável quando descreve a

origem de de-terminada região.Nesse caso, o bairroda Paz até ser o que éhoje, tinha comopano de fundo umíndice muito grandede violênciachegando a ser con-hecido como vi-radouro. Maria

Genoína, 55 anos, uma das primeiras morado-ras lembra dos tempos em que a falta de energiaobrigava a população a se utilizar das famosasligações clandestinas, da mesma forma que oserviço de água encanada inexistia. No entanto,com o decorrer da urbanização, o bairro da Paz

veio ganhando ar-quitetura moldadana modernidade,ao mesmo tempoem busca de novasconquistas.

No campo da di-versidade religiosa,o bairro da Paz con-sta de 27 templosagregando católi-

cos, evangélicos e um centro de umbanda. A in-fra-estrutura do bairro possui uma escolapública estadual, centro médico, associação debairro e uma feira comunitária gerando empre-gos diretos e indiretos para os próprios comu-nitários.

Apesar de todas as dificuldades enfrentadasem sua história passando por um começosofrido, característica por excelência de uma in-vasão, o bairro foi conquistando as melhoriaspaulatinamente, hoje conta com quatro linhasde ônibus: 202, 203, 217 e 215; com uma infra-estrutura que atende a comunidade, mas nãosatisfatoriamente. Sua festa de aniversárioacontece no dia 23 de outubro e sempre regadacom muita festa organizada pelos moradoresmais antigos.

O bairro deixapara trás um passado de violência do

início histórico

Page 11: história dos bairros

Cortado pelo igarapé do Quarenta, obairro da Betânia surge na década de 60,mais precisamente no período do regimemilitar. Nasceu a partir do loteamento feitopelo proprietário da área Antonio SoaresCoimbra dividindo em quatro quadras co-nhecidas pelos mais antigos como BomFuturo, São Jerônimo, Santa Rita e Quinor.

Centralizado entre os bairros Morro daLiberdade, São Lázaro, Crespo e Santa Luzia,na Zona Sul, possui uma área de 548.127,80m2, abrigando aproximadamente uma mé-dia de 13 mil moradores.

No dia 30 de outubro de 1964, passa a sechamar de Nova Betânia, de acordo com odocumento de registro em poder do Caico(Centro de Atendimento ao Idoso). Deacordo com o documento, o bairro foi nego-ciado em 1.200 lotes. Consta que o primeirolote foi comprado por Estevão Vidal Duarte.Dados da instituição mostram que aprimeira rua a receber nome foi a SãoJerônimo preservado até os dias atuais.

A principal avenida é a Adalberto Valevivendo um cotidiano efervescido pelocomércio e todos os caminhos do bairrolevam a grande feira coberta oferecendo acomunidade produtos de primeira necessi-dade. O movimento na feira é constanteencerrando suas atividades entre 19h e20h, quando o último feirante fecha as por-tas para o dia seguinte iniciar tudo de novo.Betânia conta atualmente com quatorzeruas, cinco travessas que cortam o bairro eoito becos.

EM BUSCA DE UM SONHOQuando a Manaus dos anos 50 fechava

suas portas, no período do governo PlínioCoelho, surgia a ascensão do populismo e oaparecimento da figura de Álvaro Maia.Áreas do que hoje representa a Zona Sul sedeterminava a crescer tendo como perso-nagem principal, o homem do interior a-mazonense e o nordestino. O primeiro a-creditando que Manaus seria a solução paraseus problemas e que seus filhos e filhasteriam acesso a boa educação, saúde e umfuturo promissor, empregados nas poucasfábricas e empresas de pequeno porte queabriam vagas para o trabalho não qualifi-cado. O segundo, retirante da seca e outrosexilados dos grandes seringais acreditavamque a cidade que chegou a ter em meadosdo século 19, cerca de 1 milhão de habi-tantes poderia servir não somente de dor-mitório, mas um porto de chegada, já quevinham fugidos das pestes e dos mosquitosno interior da Amazônia. Foi neste cenáriode aparentes oportunidades, que bairroscomo a comunidade da Betânia iniciava odesmatamento, pisando o chão para fin-carem as estacas que viria se transformarno futuro, no bairro central da Zona Sul.

BetâniaBetânia

Costuma-se dizer no bairroque todos oscaminhos levamà feira cobertado bairro, importante centrode circulaçãodos habitantes daBetânia, onde éencontrada boavariedade deprodutos

11 11Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A Nova Betânia darua São Jerônimo

A principal via do bairro presencia um movimento comercial intenso durante todo o dia

O bairro da Betânia começa na confluência do igarapé do Quarenta com o igarapé da Lagoa Verde, seguindo por este até oponto frontal do beco São José, deste até a rua Vicente Reis com a rua Edgar Neves. Seguindo pela Edgar Neves até a rua SãoLázaro, desta até a rua Santa Etelvina, passando pelo beco de mesmo nome, indo até a rua São Vicente, retornando ao extremo doigarapé do Quarenta, até a Lagoa Verde.

PPEERRÍÍMMEETTRROO

Page 12: história dos bairros

Em 1892, durante o governo de EduardoRibeiro, Manaus entra definitivamente noprocesso de crescimento. A necessidade de au-mentar a frota de bondes, reestudar os serviçosde saneamento e pavimentação da cidade erauma preocupação da administração públicaque precisa ampliar o perímetro urbano paraabrigar os antigos e novos habitantes. Foi pen-sando nesta ampliação que Eduardo Ribeirotido como um governante de amplos horizontessolicitou ao engenheiro Antônio Joaquim deOliveira Campos elaborasse um plano piloto emuma área de 1.574.448 metros quadrados paraedificar o bairro da Cachoeirinha, antes con-hecida como Cachoeirinha de Manaus.

A origem do nome se deve a um caudalosoigarapé que na vazante formava uma fortecorredeira, local que servia para o lazer dospoucos habitantes da área e das lavadeiras. Aságuas que corriam no igarapé cincundava todaa extensão do novo bairro fazendo fronteiracom o igarapé do Quarenta a Leste e igarapé doMestre Chico ao Sul. O local, de acordo comregistro do Álbum do Amazonas em 1901, gov-erno Silvério Nery, o local em noite de luar eraum bosque aprazível que formava um túnelcom enormes árvores e clareiras.

O bairro está situado a Leste da cidade comuma área de 15.000 quilômetros quadrados. Ogrande nicho econômico do bairro daCachoeirinha é sua efervescência área comer-cial incluindo setores da construção civil,elétrico, auto-peças, lojas de eletrodomésticos,supermercados, além das instituições de saúdecomo a Fundação Alfredo da Mata, ProntoSocorro de Atendimento, Pronto Socorro daCriança, Instituto Adriano Jorge, HospitalMilitar, Universidade do Estado do Amazonas(faculdade de Medicina). Na área cultural,Cachoeirinha abriga a Casa do Folclore, o quadrada escola de samba Andanças de Ciganos e váriasde casas de shows e espetáculos.Em toda a ex-tensão do bairro existe também nove postos degasolina.

PONTE DE FERROÉ REFERÊNCIAA ponte metálica Benjamin Constant situada

na entrada sul da Cachoeirinha foi construídano período de 1892 a 1895 com peças todas im-portada da Inglaterra.

Este foi mais monumento histórico duranteo governo de Eduardo Ribeiro. As obras foramsupervisionadas pelo engenheiro Frank HirstHebblethwait.

Das pontes metálicas que existem emManaus, a da Cachoeirinha é a mais imponente,sendo completamente reconstruída em 1938durante o governo de Álvaro Maia. De acordocom dados do levantamento histórico depesquisa realizada durante o governoAmazonino Mendes pela Secretaria deComunicação (1987), os mais antigos contamque a primeira ponte do bairro foi construídaem madeira e chamada pelos populares deponte "Itacoatiara". Foi pensando em ampliar edar maior segurança que Eduardo Ribeiro de-cidiu construir a ponte de ferro e aço que hoje to-dos conhecem. Neste período, Manaus cresciacom uma arquitetura totalmente inglesa a ex-

emplo do Mercado Adolfo Lisboa. É possível ob-servar nas casas construídas neste período comfachadas e calçamentos, além das primeiraspraças, totalmente em design inglês.

A ponte da Cachoeirinha ainda recebeu out-ros nomes. Terceira Ponte, Ponte Metálica,Ponte da Cachoeirinha, mas oficialmente anomenclatura dela é Benjamin Constant.

Em 1967, na gestão do então governadorDanilo de Marttos Areosa iniciou o processode recuperação da ponte, devido ao desgastenatural. A recuperação ficou sob a respons-abilidade da CSN (Companhia SiderúrgicaNacional), com sede no Rio de Janeiro emparceria com o DER-Am (Departamentode Estradas e Rodagem do Amazonas). Ocontrato foi publicado no Diário Oficial em16 de setembro de 1967, onde a CSN fi-caria com o encargo de desmontar, recu-perar, substituir e montar as peças da es-trutura.

CAMINHODO BONDECom a expansão do perímetro ur-

bano da cidade, o bairro daCachoeirinha veio a ser passagem eponto obrigatório dos serviços debonde. Foi com está ampliação que ogoverno do Estado arrendou emforma de contrato estes serviços parao engenheiro Antônio de Lavandeyraque devia ser responsável pela exploração du-rante o prazo de setenta anos. No dia 9 dejulho de 1918, o contrato sofreu alterações,sendo transferido os serviços de eletricidadeque movimentava os bondes na capital para aUsina Central de Manaus conhecida por TheManaos Tramways and Light Co. Ltd, comfirma no bairro de Aparecida.

A empresa para melhor servir a populaçãonos serviços de bondes, construiu uma oficinana Cachoeirinha, num prédio situado na antigapraça Benjamin Constant (onde atualmentefunciona a empresa Manaus Energia), servindode garagem para os bondes, laboratório, al-moxarifado, além de manutenção dos carros dacompanhia. Com o crescimento do perímetro eparalelamente a população se fez necessárioaumentar o sistema elétrico da cidade e criaruma distribuidora de energia que servisse deapoio as Usina Central. Em 1939 na mesmapraça foi inaugurada a subusina.

Este serviço já não atendia a demanda dapopulação pela falta de energia na cidade. Oprocesso de desativação era inevitável. AManaos Tramways se extinguiu e a cidade con-tinuava a sofrer colapsos energéticos. Os bon-des, então pararam de circular. No ano de 1955,o governador ainda tentou fazer os veículos cir-cularem. A tentativa não deu certo devido a faltaconstante de energia elétrica e o serviço setornou inviável desaparecendo definitiva-mente. As peças dos bondes foram vendidascomo ferro velho.

Ainda na década de 50, Manaus inicia umnovo processo de desenvolvimento no setor deenergia e transporte recebendo asfalto co-brindo grande parte dos trilhos, principal-mente da circular Cachoeirinha.

CachoeirinhaCachoeirinha

O prédio dohospital militar,do Exército, éum dos maisantigos e referência na assistência desaúde aosprofissionais da força e aos seus dependentes

1122Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A igreja de Santa Rita de Cássia é referência da religião católica no bairro

Um sonho real deEduardo Ribeiro

Santa dos impossíveisEm 1381, na região da Úmbria, num

lugarejo chamado, naquela época, RoccaPorena, nasceu a pequena Margherita,recebendo a abreviação apenas de Rita.Educada na doutrina crstã, passou suainfância e sua juventude auxiliando ospais na lavoura. Certa ocasião Rita foi en-contrada envolta de abelhas brancas quelhe pousavam na face, sem ferí-la. Casoucom Paulo Fernando, tiveram dois filhos.O marido, homem muito rígido, mal-tratava sempre Rita. Devotada de paciên-cia conseguiu converter o marido ao cris-tianismo. Ele morreu assassinado, vítimade lutas políticas na época. Percebendoque os filhos queriam vingar a morte, Ritapreferiu vê-los mortos e pediu a Deus queos levassem. Ambos morreram dizima-dos por uma peste que destruiu prartica-mente toda a Europa.

Viúva e sem filhos, Rita se dedicou aosocorro dos pobres e enfermos, aju-dando-os com alimentos, visitas, con-forto e trabalho. Nesta época procurou oconvento das Irmãs Agostinianas de SantaMaria Madalena, em Cássia e se tornoureligiosa. No dia 22 de maio de 1457, Ritade Cássia morreu. Tantos foram os mila-

gres e graças recebidas por milhares defiéis espalhados pelo mundo que é con-hecida como s Santa dos Impossíveis. Foicanonizada pelo Papa Leão 13, no dia dePentecostes, em 24 de maio de 1900.

PARÓQUIA DOPOBRE DIABOEm 6 de novembro de 1941, o bispo de

Manaus funda o Curato da Cachoeirinha.Em 15 de dezembro do mesmo ano, foitransformado em paróquia. Sua sede pas-sou a funcionar na capela de Santo Antonio(Pobre Diabo). Com o objetivo de valorizar amão-de-obra local foi criado em 22 de maiode 1945, o pequeno atelier denominado deSanta Rita. Com o crescimento popula-cional do bairro, no ano de 1947, freiValeriano Fernandez decidiu comprar umterreno na avenida Carvalho Leal com a ruaManicoré onde foi construída a igreja inau-gurada em 1950 e batizada de Santa Rita deCássia. Todos os anos, no dia 22 de maio, às17h são distribuídas rosas aos fiéis e acon-tece a procissão em louvor de Santa Rita,percorrendo as ruas Manicoré, CasteloBranco, Itacoatiara, Borba e terminandocom uma missa campal.

Page 13: história dos bairros

Igreja erguida como fruto de uma promessa

A dança de ciranda também é tradição no bairro

A promessa do ‘pobre diabo’

Figuras gravam nome na história

Dos aprendizes artíficies ao Cefet

11113333Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Cachoeirinha guarda muitas histórias desde o primeiro mo-mento de sua existência. Uma delas é a origem da capela do PobreDiabo situada na rua Borba (antiga praça Floriano Peixoto).Conta-se que em 1882, um cidadão português chamado AntonioJosé da Costa, dono de uma quitanda na rua da Instalação noCentro da cidade, mandou fazer uma tabuleta que representavaum homem coberto de trapos e abaixo os dizeres: "Ao pobre di-abo". Como ele era ávido pelo dinheiro e sempre dizia que nãovendia fiado por ser um pobre diabo, a população decidiu lhe ape-lidar de "pobre diabo".

Em 1897, Antonio casa com Cordolina Rosa de Viterbo e pas-saram a residir próximo a praça Floriano Peixoto e onde mon-taram uma casa de diversões. Algum tempo, Antonio adoeceudeixando sua mulher aflita. Devota de Santo Antonio fez uma

promessa ao santo pedindo a cura do marido, caso ficasse bom,mandaria construir uma capela em louvor do santo. Estabelecidoa saúde do marido, Cordolina pagou a promessa mandando con-struir a capela que até hoje é conhecida pela população como"Capela do Pobre Diabo".

A igreja comporta em média 20 pessoas. Embora sendo doséculo passado, não se sabe ao certo a data de sua inauguração. Adata mais aproximada é de 28 de novembro de 1897. Na adminis-tração de Arthur Reis, a Assembléia Legislativa aprovou a LeiEstadual de nº 8, de 28 de junho de 1965, autorizando o governo aconsiderar a igreja de Santo Antonio como parte do monumentohistórico da cidade e do bairro da Cachoeirinha. Ela se mantémconstantemente fechada, sendo aberta eventualmente para turis-tas e nas comemorações do dia de Santo Antonio.

Com a inauguração da praça Benjamin Constant, foiconstruído também um grande barracão de madeira com oobjetivo de ser a primeira feira do bairro. A mesma feira fi-cou conhecida como Mercadinho da Cachoeirinha re-cebendo uma estrutura melhor na administração deEphigênio Ferreira Salles, funcionando no local também ogrupo escolar Guerreiro Antony (homenagem ao coronelAntonio Guerreiro Antony). Em 1827 foi instalado no local aEscola de Aprndizes Artíficies do Amazonas com cursos de

desenho, oficinas de alfaiataria, marcenaria, tipografia en-tre outros. Em 1942 a escola de artíficies se muda para asnovas instalações e passa a ser chamado de Liceu Industrialde Manaus, depois Escola Técnica Federal do Amazonas ehoje Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica).

Em 1965 com o desgaste da madeira, foi construído oprédio definitivo. Nasceu um mercado maior e chamado deMercado Walter Rayol. Atende cerca de 214 feirantes nosmais variados tipos de comércio.

Cachoeirinha é um bairro que teve tam-bém suas personalidades importantescomo é o caso da professora Marion RechardMenezes, nascida em Boston nos EstadosUnidos casando com o brasileiro CíceroBezerra de Menezes vindo morar no Brasil,em Porto Velho onde o marido era tradutorda Companhia Madeira Mamoré. Retornouaos Estados Unidos em 1927, regressandoao Brasil em 1929, desta vez para Manaus,fixando residência na Vila Municipal e maistarde passando a morar definitivamente narua Ipixuna.

Ao chegar na Cachoeirinha para não ficarsem fazer nada, decidiu lecionar inglês paraos jovens da área. Por intermédio doDesembargador André Vidal de Araújo, em1931, a professora ganhou algumas salas do

prédio do Juizado de Menores dando inícioas suas aulas. Em seguida lecionou naBiblioteca Pública do Estado em 1942, fi-cando exercendo sua atividade até 1979, umano antes de sua morte.

Cobrava dos alunos apenas uma taxasimbólica por ser conhecedora das dificul-dades financeiras dos pais. Em 1975 rece-beu o título de "Cidadã de Manaus"outor-gado pela Câmara Municipal.

Outra personalidade importante re-gistrado no livro sobre a história do bairro daSecretaria de Comunicação do Estado foi afigura popular de Raimundo Ferreira dePaiva, o "Dico Paiva" por ter prestados váriosserviços à comunidade. Exercendo a profis-são de massagista recebendo dons naturaiscom os quais curou muita gente, inclusive

filhos de médicos famosos da cidade.Foi jogador de futebol, mas atuou mesmo

como massagista no Atlético Rio Negro Clubee cinco anos no Nacional Futebol Clube.Atendia todos sem distinção de cor ou deraça. Se mudou da Cachoeirinha em 1978para a rua Lauro Cavalcante, desgostoso porter perdido um filho em acidente de trânsito.

Francisco dos Santos é outra personali-dade importante do bairro, conhecido carin-hosamente como Mestre Chico e morou narua Humaitá. Devido seu zelo pelo igarapéque cortava o bairro podando a vegetaçãodas margens que antes impediam a pas-sagem dos populares que se utilizavam dele.Por conta desta virtude de Francisco, a popu-lação batizou o igarapé de Mestre Chico.Igarapé do Mestre Chico.

PRESENÇA PÚBLICA NA SAÚDEHOSPITAL GERAL DE MANAUS -

Sua criação data de 14 de fevereiro de1953, pelo Decreto nº 32.271, com a de-nominação de Hospital Militar deManaus, vinculado a 8ª Região Militar.Iniciou suas atividades na rua Ipixunasempre aumentando suas instalações eespecializando seus profissionais. Nodia 8 de julho de 1953, uma portariaministerial o transformou em Hospitalde Guarnição de Manaus até 1969. Emface do crescimento da Amazônia noplano de integração nacional, foi essen-cial aumentar as instalações do hospital.Através do Decreto nº 64.366 de 1969sua denominação foi alterada paraHospital Geral de Manaus.

HOSPITAL ADRIANO JORGE -Inaugurado como sanatório AdrianoJorge pela Companhia Nacional contra atuberculose do Ministério da Saúde, em30 de junho de 1953, funcionouprimeiramente como um ConselhoExecutivo e Kronger Perdigão, este últimofoi o primeiro diretor do sanatório.

Em 1979 passa a ser denominado deHospital Geral Adriano Jorge. Atualmenteo hospital foi todo reformado e atendetoda a população da cidade com entradapela avenida Carvalho Leal, em frente afaculdade de Medicina da UEA(Universidade do Estado do Amazonas).

FUNDAÇÃO ALFREDO DA MATA -Órgão da Secretaria de Estado daSaúde, criado em 1955, com o nome deDispensário Alfredo da Mata para aten-der especialmente pacientes com omal de hanseníase. Logo no início, ospacientes de extrema gravidade e muti-lação eram encaminhados a núcleospopulacionais de doentes emParicatuba, vila localizada na região doRio Negro e Colônia Antonio Aleixo. Noano de 1982, de acordo com o Decreto-Lei nº 6.608, de 24 de novembro de1982, o Dispensário Alfredo da Matarecebeu o nome de Centro deDermatologia Tropical e VenerealogiaAlfredo da Mata, em razão da ampli-ação de suas atribuições.

"De ordem do senhor governadordo Estado faço público que nãoserão feita concessões de terras queficam a Leste do igarapé onde ter-mina o perímetro urbano, no bairroda Cachoeirinha sem que essa áreaesteja convenientemente arruada.Serão punidos com as penas da leios que ali se estabelecerem além deficarem sem direito de indenizaçãoalguma pelo que fizerem.

Repartição de terra, 05 de março de1894

Satyro Marinho - Oficial

Reproduçãode um texto

histórico parao bairro

FONTE DE PESQUISA: “Álbum do Amazonas”, 1901 e “Cachoeirinha” (Secretaria de Comunicação do Estado).

A Cachoeirinha foi o palco para o surgimento do admirado bumba Corre Campo, fundado em 1º de maiode 1942, na casa 1140, da rua Ajuricaba, por Astrogildo Santos (conhecido apenas como Tó), WandiguamiroSantos (Miro), Dionísio Gomes (Ticuxi), Mauro Souza Cruz (Pelica) e Antônio Altino Silva (Ceará). O bumbá atraves-sou muitas dificuldades. Os ensaios aconteciam no seu próprio curral e nas casas onde era solicitado.

A agremiação escola de samba Andanças de Ciganos é outro atrativo que marca a história do bairro. Surgiuem 1974, quando um grupo de moradores, na rua Parintins organizaram um bloco denominado "Bloco doMacacão", nome dado em por virtude da grande massificação do produto em Manaus e a chegada algunsanos antes da Zona Franca de Manaus. Em 1975 foi criado o bloco Andanças de Cigano com o objetivo de sub-stituir o anterior. O nome do novo bloco se deu pelas suas indumentárias terem as características das roupas deciganos, com turbantes na cabeça, calças justas e saias rodadas. A escola já foi pentacampeã do Carnavalamazonense. Em 1984 foi elevada a categoria de Grêmio Recreativo Escola de Samba Andanças de Cigano.

Boi-bumbá e samba, tradição de um povo alegre

Prédio do Hospital Adriano Jorge

Page 14: história dos bairros

Os bairros distantes de Manaus, criadoscomo espaços de segregação no inicio doséculo 20 se tornaram palco de ocupaçõespara o surgimento de grande parcela de novascomunidades. No ano de 1945 com o fim daSegunda Guerra Mundial, retirantes nordesti-nos que vieram para a Amazônia como solda-dos da borracha ficam "ao Deus dará" nosmais distantes seringais. Sem assistência, comrostos sofridos e sem esperanças de futuro.

Muitos deles que vieram em grandes em-barcações para Manaus passam a ocuparáreas como a que compreende o atual bairroda Chapada, que significa "terreno aciden-tado". Segundo informações dos própriosmoradores se deve esse nome a presença nu-merosa de barracos construídos nas encostasdos igarapés, como é o caso das construçõesna margem do rio Mindu, que corta o bairro.

Foi neste período que nordestinos comsuas história de desgraças e interioranos emfuga das enchentes no interior passam a con-stituir o núcleo inicial da comunidade. EdnaSantana, ex-moradora, explica que viveu suainfância com grandes dificuldades. Algumaspessoas, diz ela, foram morar na chácara"Pau Merania", outras com melhores possesfinanceiras iam para o balneário do SírioLibanês. As mais carentes ficaram alojadasno balneário da Cachoeira Grande, na en-trada do bairro São Jorge.

A Chapada compreende desde a rua daIndústria até o condomínio Cidade Jardimfazendo fronteira com os bairros de São Geraldoe Flores. Seu perímetro urbano fica entre asavenidas Constantino Nery e Djalma Batista.

Estrangulada justamente entre as duasgrandes avenidas, o bairro foi sufocado em seupleno desenvolvimento, competindo com aconstrução de grandes empresas e lojas comoa Fechacom, além dos condomínios voltadospara classe média e alta. Desta forma, aChapada, como tantos outros bairros, con-

seguiu algumas melhoras de infra-estruturano decorrer dos anos estabelecendo um mín-imo de vida digna para seus moradores.

HOMENAGEMAOS PIONEIROSA presença nordestina é percebida no

nome e nos proprietários que fazem a comu-nidade chapaense. No caso das ruas tidocomo exemplo a Hospedaria do Árigo (antigaJoão Alfredo e atual Djalma Batista) e aartéria principal do bairro, chamada sim-plesmente de Ceará, uma homenagem a fortepresença migrante na localidade.Atualmente nesta artéria floresce um tímidocomércio, que abastece os moradores locais.

O núcleo popular da Chapada é uma ilhaonde é possível observar ruas sem sanea-mento básico, vielas e becos que mais pare-cem labirintos. Na Chapada existe a ruaEduardo Ribeiro, uma homenagem tambémao governador do Amazonas (1892- 1896). Ocurioso é que a esta rua dá nome a mais qua-tro becos, causando um grande transtornoaos próprios moradores, principalmentequando o carteiro aparece por ali.

CLAMOR PELAAJUDA PÚBLICANos dias atuais, a Chapada tem seus prob-

lemas sociais em virtude da falta de assistênciapor parte do poder público. Diz os moradoresque na Chapada falta tudo. Falta tratamentosanitário, as ruas alagam no período de chuvaresultando inclusive acidentes. Sem infra-es-trutura, o bairro talvez sofra com a falta de in-vestimentos empresariais como a aquisiçãode uma feira, um mercado, supermercado. Oque mais tem preocupado a comunidadenesses tempos de globalização e falta de ger-ação de emprego é a violência entre os jovensque não são poucos no bairro.

Mas nem tudo está perdido para a comu-

nidade. É visível a presença de escolas públicas,o posto de saúde José Rayol que apesar de nãoatender a demanda por falta de estruturas eprofissionais especializados, o bairro continuacaminhando em busca de dias melhores.

ATUAÇÃOCRISTÃA igreja católica Menino Jesus de Praga foi

inaugurado em 29 de Março de 1987 por DomClovis Frainer e tinha a frente o Padre CaetanoCaan. A origem da igreja da Chapada remota aprimeira metade da década de 80, onde osmoradores se reuniam na casa de FranciscoChavier para a celebração dos primeiros cul-tos. Ubirajara Pereira, morador há 40 anos nobairro, relembra a saga da construção daigreja. Explica que após algum tempo, o cultoera realizado na escola de madeira que fun-cionava na propriedade de Francisca

Pergentina, espaço para o Clube das Mães. Aescolha do santo como padroeiro foi motivada,talvez, pela devoção de Pergentina. A festa dosanto é comemorado no dia 25 de dezembro ereúne toda a comunidade cristã.

Atualmente a paroquia Menino Jesus dePraga conta com um centro paroquial, gru-pos de liturgia e, é responsável pelas comu-nidades da paróquia de São João Batista,chamada de "comunidade da Mangueira" e ade Nossa Senhora Do Carmo. Esta última re-cebeu esse nome devido a grande presençade parintinenses devotos da santa no local.

As Pastorais têm desenvolvido grandes tra-balhos sociais na comunidade. A paróquia temseu espaço cedido para a realização de cursosde pintura, artesanato, bordado, reforço paraadultos. São tentativas para a diminuição dacarência dos serviços sociais por parte das au-toridades constituídas do Estado.

Refúgio dos nordestinos

ChapadaChapada

Túnel no cruzamento daavenida DjalmaBatista com arua Darcy Vargasmelhorou otrânsito em umdos locais maismovimentadosda cidade, próximo ao maiorshopping center

1144Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Beneficiada por ser atendida por uma das principais vias de Manaus, a Chapada assiste de camarote ao crescimento da cidade

Recentes obras modernizaram a estética visual e urbana do bairro

Page 15: história dos bairros

Manaus nasceu à sombra do Forte de São José do Rio Negro em 1669, de-struído por um grande incêndio na noite de São João de 1874. O Forte foi cons-truído onde funcionava a Repartição do Tesouro (Secretaria da Fazenda) e a-tualmente pertence à Portobrás. Antes do nome definitivo, a cidade recebeu ou-tros nomes como Forte São José do Rio Negro, Lugar da Barra, Vila Manaus ecidade da Barra do Rio Negro.

A professora Maria Luiza Ugarte ("A Cidade Sobre Os Ombros", 2003)destaca que o trabalho desempenhado pelos trabalhadores do porto entreeles os estivadores, os carroceiros e os catraieiros foi primordialpara a consolidação da Manaus comercial do início do século 19.Um período que Manaus era porto obrigatório para o escoamentodos produtos oriundos dos seringais da Amazônia em direção aEuropa e aos Estados Unidos, além dos produtos manufaturados.Foi neste cenário que nascia o Centro de Manaus que chegou abri-gar no período áureo da economia da borracha cerca de 1 milhãode habitantes com uma cultura efervescente importada da Françae da Inglaterra através das grandes óperas.

CentroCentro

O Centro é recheado de prédios que contam a históriade um período deriquezas egrandes momentos dacidade, como oque abriga aFundaçãoJoaquim Nabuco,na 7 de Setembro

1155Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

FFoorrttee ddee SSããoo JJoosséé nnaatteerrrraa ddooss MMaannaaóóss

Teatro Amazonas, o ícone maior da arquitetura histórica de Manaus

Da Ilha de São Vicente à MatrizChamado de Largo da Trincheira (Praça Nove de Novembro), o embrião da cidade ocupava

toda a área batizada de Ilha de São Vicente e tomava conta da extensa área antes ocupada por umcemitério indígena. Foi nessa área do largo que os missionários carmelitas construíram em 1695a primitiva Matriz batizada de Nossa senhora da Conceição. De acordo com dados históricos doIphan e da Manaustur, o Centro iniciou seu processo de ocupação a partir de 1791, com a transfe-rência da Capitania de São José da antiga Mariuá (Barcelos) para a Ilha de São Vicente, no lugar da

Barra. Foi nesse momento que a aldeia começou a ganhar um palácio para moradia de seus gover-nadores, quartel, cadeia pública, depósito de pólvora, estaleiro, as primeiras fábricas de anilinas,velas de cera, redes e panos de algodão. Na época o então governador Lobo D'Almada numa visãoempreendedora começou a incomodar o governador do Grão-Pará Souza Coutinho. Esse fatotransferiu em 1798 a sede da Capitania novamente para Barcelos. Somente em 1808 o Lugar daBarra voltou a ser sede da Capitania de São José do Rio Negro, isto é, na Ilha de São Vicente.

Foi esta área da cidade chamada de centro deManaus que amanheceu o século 20 fazendo dacultura um privilégio de poucos. Manaus vis-lumbrava o mundo civilizado com a edificaçãodo Teatro Amazonas para mostras de grandescompanhias de óperas vindas da França e daInglaterra. Corriam sobre os trilhos os primeirosbondes elétricos cortando as principais ruas jáiluminadas pelos lampiões de arco voltaico. Aslinhas não eram tantas, mas atendiam a popu-lação daquele período. Do Centro, os bondes par-tiam para os poucos bairros existentes como aAparecida, Cachoeirinha, Vila Municipal e Flores.

Atualmente denominado de Centro antigoda cidade foi tombado em 1990 pela Lei Orgânicado Município por meio do Artigo 342 e identifi-cado como sítio histórico, representa atual-mente 10% de toda área sob proteção legal, alémde possuir monumentos históricos, todostombados em nível federal e estadual. Suahistória tem uma relação direta com o Porto deManaus desde seus momentos mais impor-tantes dos séculos 18 e 19 e as primeiras décadasdo século 20 no papel de exportador da econo-mia extrativista da borracha.

O ponto inicial do Centro começa no igarapédo Educandos com frente para o Rio Negro até afrente da Ilha de São Vicente.

Lugar da cultura e de muitas histórias

Praça da Saudade é um dos pontos de encontro preferidos da sociedade manauense

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Referências históricas da cidade1166Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

LARGO DA TRINCHEIRA (Praça 15 de Novembro)

Antigo largo da Trincheira e cimitério indígena. Referência histórica para reflexões arque-ológicas sobre a possível existência de civilizações paleo-ameríndias. A praça chamada de IX deNovembro tem sua referência icnográfica marcada no piso, tendo como monumento dedicadoaos Manáos, grupo hegemônico dessa área

O Centro da cidade está associado aos pólos turísticos do mercado Adolpho Lisboa e seu en-torno urbanístico, o Paço da Liberdade ou praça Dom Pedro II e o Porto Flutuante. Esses três atra-tivos são os marcos urbanos dessa área que abrange até a ilha de São Vicente. Segundo dados doc-umentais dos arquivos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico do Amazonas) o Centro, emprimeiro lugar é uma área caracterizada pelo centro comercial. Em segundo pelo centro de lazere cultura e o terceiro atrativo une os dois pólos, gerando empregos direto e indireto, recursos eauto-sustentabilidade.

O primeiro ponto turístico é o mercado Adolpho Lisboa servindo a sociedade amazonense eao turista desde sua fundação como centro de comercialização de produtos regionais. O mercadoé uma estrutura pré-fabricada vinda da Inglaterra em fins do século 19 e teve sua montagem emManaus em 1883. Um autêntico exemplar europeu da arquitetura renascentista.

O Paço da Liberdade (antigo prédio da prefeitura) foi construído em 1876 para ser sede dopoder público municipal. Abrigou a sede do governo até 1879 e do governo republicano, até 17 deabril de 1917, quando passou a ser sede do governo municipal. Prédio em estilo neoclássicocomposto de linhas sóbrias de proporções clássicas com uma arquitetura tropicalista.Atualmente se encontra em fase de restauração. O prédio após sua reforma abrigará o Centro deMemória da cidade, além de ser palco para atividades culturais como shows e realizações de ofic-inas. O espaço, de acordo com o projeto de monumenta da Prefeitura Municipal vai oferecer tam-bém serviços de restaurante e agência bancária.

À frente do Paço da Liberdade com as recentes descobertas de urnas funerárias indígenas, se-gundo pesquisas iconográficas, datadas de aproximadamente 1 mil e 300 anos, a praça D. PedroII é a memória viva dos ancestrais amazônidas. O monumento chama atenção para o coreto, o

chafariz, o piso e a vegetação. A praça foi testemunha dos principais momentos da história da cidade desde o período pré-

colonial passando pelo Império, República e a criação da Zona Franca de Manaus, além de servirde memória para o resgate da identidade indígena amazônica.

A construção de Manaus está intimamente ligada ao rio Negro

Dados levantados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), IGHA (Instituto Geográfico e Histórico doAmazonas) e ISEA (Instituto Superior de Estudos da Amazônia), há na área do Centro, 15 edificações caracterizadas como marcosda paisagem e definidas por seu valor arquitetônico e sua importância histórica, além de ruas que datam do início do século 19.

Ilha de São Vicente - o conjunto paisagístico mais importante da área com-pondo o antigo hospital militar. Considerado um monumento federal pelos grandes es-paços de terra firme, pela paisagem onde se avista os bairros de Aparecida, o prédio dacervejaria Miranda Corrêa, São Raimundo e a manutenção da arborização. Conhecidoantigamente como bairro de São Vicente foi erguido o hospital Militar em 1852, no início daprovíncia (tombado pelo governo federal) pelo decreto lei nº 45 de 30.11.1937, constituídode pequenas ruas e becos.

Rua Bernardo Ramos - (antiga rua São Vicente), abriga a mais antiga residên-cia do período provincial. Em estilo colonial brasileiro, foi construída entre 1819 e 1820,servindo de residência para o vereador da província José Casemiro do Prado (portuguêsque construiu o primeiro teatro na cidade, todo em madeira, onde funciona o prédio daCapitania dos Portos).

Rua Frei José dos Inocentes - (antiga rua da Independência) sua maiorreferência histórica são as partes das casas originais, em sua maioria. Casas térreas, con-struídas em alvenaria. Seu mais antigo morador.

Rua Governador Vitório - (antiga rua do Pelourinho) os atrativos da ruas sãoos dois prédios mais importantes da história do Centro. Os dois em estilos ecléticos eu-ropeus é o Hotel Cassina e o segundo é o prédio da Manaus Harbour definindo a paisagemda praça D. Pedro II.

Hotel Cassina - construído no final do século (1899), recebendo o nome de seuproprietário Andréa Cassina (italiano). Teve seus dias de glória no período áureo da bor-racha, se tornando em seguida em pensão e, na decadência, em cabaré pé de chinelo, at-ualmente conhecido apenas como "cabaré Chinelo". De acordo com monumenta daprefeitura será transformado em teatro municipal popular.

A história do Porto de Manaus está direta-mente ligado ao ciclo econômico da borracha e astransformações sofridas ao longo dos anos.Manaus, em particular o Centro da cidade, damesma forma como todo o Estado do Amazonaspassaram por grandes mudanças no período en-tre 1880 e 1900. Nesta época, a extração da bor-racha acarretava lucro fácil tanto a produtorescomo a comerciantes. A navegação era tida comoprimordial para o transporte do produto. Osnegócios com a borracha cresciam e começavama atrair outros tipos de comércio. Neste períodovários estabelecimentos iniciavam suas transfer-ências de Belém para Manaus. Com este novocenário, a paisagem da cidade começava tambéma mudar. Até a primeira metade do século 19,Manaus não possuía grandes prédios públicos.Foi neste período que surgiram o MercadoAdolpho Lisboa, o Palácio da Justiça e o TeatroAmazonas.

Iniciava também a formação da burguesiamanauara. Estas mudanças aumentava consid-eravelmente a fluência da navegação indicandocada vez mais a necessidade da construção de umporto organizado.

No ano de 1890, o porto da cidade era for-mado apenas por alguns trapiches particulares,por uma rampa de catraieiros e pelo trapiche es-tadual 15 de Novembro. Os grandes navios anco-ravam praticamente no meio do Rio Negro, dadaa inexistência de um cais apropriado, os pas-sageiros eram transportados em pequenas em-barcações até a margem e as mercadorias trans-portadas por alvarengas. O trapiche possuía umaarquitetura com fortes inspirações neoclássica.Suas instalações eram usadas também para o

corte e o beneficiamento da borracha. Em 1889, com o objetivo em viabilizar o es-

coamento dos produtos do Estado, o Ministério deViação e Obras Públicas abriu concorrência para aexecução de obras de melhoramentos no porto. Afirma vencedora foi a B. Rymkiewicz & Co., queassinou contrato com o Governo Federal em 1900.mas as obras, no entanto, as obras não tiveram iní-cio de imediato, a firma pediu adiamento para oinício das construções. Dois anos depois, a B.Rymkiewicz transferiu os direitos de concessão eexploração para a firma inglesa Manaos HarbourLimited, com sede em Liverpool, na Inglaterra. Asobras de melhoramentos só começaram mesmoem outubro de 1902.

O Centro da cidade detém valioso acervo arquitetônico

PORTO DE MANAUS, entrada do progresso

A modernização do porto atraiu grandes cruzeiros e

trouxe turistas para incrementar o comércio local

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Praças que contam muitas histórias11 77Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Escrever historicamente sobre a origem das praças deManaus não é uma tarefa fácil. Muitos detalhes sobreelas estão nas mãos de particulares ou se perderam nosarquivos das bibliotecas ou se perderam no tempo. OJornal do Commercio numa iniciativa peculiar revisita ahistória dos primórdios da cidade de Manaus através desuas praças como forma de resgatar a identidade dosmanauenses. Essas mesmas praças que tanto servirame servem ainda de palco para as manifestações políticas esociais, são espaços também para encontros românticosde casais de enamorados, reuniões de intelectuais, alémde seus bancos servirem de repouso para os desabriga-dos. Nesta primeira etapa o JC lista as principais praçasque fazem à história da criação do Centro da cidade. Luizde Miranda Correa, no livro "Roteiro Histórico eSentimental da Cidade do Rio Negro", desde o governo deEduardo Ribeiro que houve uma preocupação voltadapara a construção de praças e jardins como forma de em-belezar a cidade. O curioso é observar que as praças prin-cipalmente do centro guardam os traços arquitetônicoinglês e os jardins à francesa.

Praça da Polícia (Heliodoro Balbi)Com mais de um século de existência, os man-

auenses batizaram a praça Heliodoro Balbi simples-mente de Praça da Polícia. Segundo registro em poder doarquivo da Manaustur, o nome batizado pelo povo foi de-vido às apresentações da banda da polícia ter tocadomuitas vezes no local embalando o sonho de muitas ger-ações, principalmente os estudantes do ginásioAmazonense D. Pedro II, ou a presença constante de po-etas e freqüentadores do antigo Alcazar no teatro do cineGuarany. O monumento lembra os tempos áureos deliberdade e de romantismo.

A praça antes foi chamada de Largo do Liceu, Largo doPalacete e Largo 28 de setembro (em homenagem a "Leido Ventre Livre", assinada neste dia, em 1871, e que davaliberdade aos filhos dos escravos nascidos à partir destadata). Em 1872 em ata da sessão da Câmara Municipalde Manaus, proposta do então vereador José JustinianoBraule Pinto. No ano de 1897, sob a lei nº 108, de 2 dedezembro, foi mandado colocar na praça alguns bancosde madeira para melhor servir à população e freqüenta-dores. O nome Largo do Palacete tem sua origem por sualocalização está em frente ao Palacete Presidencial,residência do presidente da província do Amazonas. Até oano de 2004 funcionava como prédio do Comando Geralda Polícia Militar do Estado.

Em 1895 durante o mandato do governador EduardoRibeiro o imenso largo foi ornamentado com uma pavi-mentação em paralelepípedos e palmeiras imperiais. Olocal possuía uma arborização razoável servindo deaconchego para os manauenses.

O local foi batizado ainda como Praça da Constituição,Praça Gonçalves Ledo, Praça Roosevelt. Teve a con-strução de seu ajardinamento no ano de 1906, na ad-ministração municipal do coronel Adolpho Guilhermede Miranda Lisboa. O Jornal do Commercio fez referên-cia no dia 24 de julho de 1907 sobre o ajardinamentoafirmando que a ornamentação da praça trazia grandesmelhoramentos para a cidade. Localizada entre as ruasJosé Paranaguá, Sete de Setembro, Dr. Moreira eGuilherme Moreira e, construída numa área de6.600m2, a praça Heliodoro Balbi naquele período mar-cava um grande empreendimento social.

Nesta mesma época foi inaugurado em 21 de junhode 1907, o Theatro Cassina Julieta, na rua FlorianoPeixoto com a fachada voltada para frente da praça. Oteatro Julieta foi restaurado em 17 de fevereiro de 1912tendo o nome mudado para Theatro Alcazar. Em 1938,passa a se chamar Cine Guarany devido o forte avanço naarte cinematográfica com o fim do cinema mudo e iníciodo falado.

Praça do Congresso (Antônio Bittencourt)No final da ave-

nida Eduardo Ribeiro nas imediações das ruasMonsenhor Coutinho e Ramos Ferreira está localizada aPraça Antônio Bittencourt, ou melhor Praça doCongresso, um dos mais populares logradouros públi-cos do Centro, ora por sua localização, ora pela sua im-portância histórica no contexto político e social.

O que se sabe é que a praça foi projetada ainda noperíodo áureo da borracha adotando o nome deCongresso, a partir da realização do 1º CongressoEucarístico da igreja Católica realizado no ano de 1942,ocasião em que foi erguido o monumento à NossaSenhora da Conceição. Ali começou a construção dopalácio do governo, atualmente funcionando o Institutode Educação do Amazonas. O prédio que funcionava ocentro de saúde da cidade, hoje abriga as instalações paraa agência dos Correios. Da mesma forma que tomou lu-gar do palacete Miranda Correa, o edifício MaximinoCorrea.

O nome oficial de Antônio Bittencourt, segundo da-dos históricos em poder da Manaustur data de 21 deagosto de 1908.

Praça da SaudadeBatizada pelo povo de Saudade, a Praça 5 de

Setembro data do início do século passado. Construídana quadra formada pelas ruas Ferreira Pena, RamosFerreira, Simão Bolívar e avenida Epaminondas, emplena área central da cidade. Conforme a CartaCadastral da cidade, a área ocupada pela praça era bemmais ampla, à época do governo Eduardo Ribeiro,desde o antigo cemitério velho chamado de São José(nome também do primeiro bairro de Manaus) - local-izado onde atualmente é a sede do Atlético Rio NegroClube até o Instituto de Educação do Amazonas (localonde seria construído o palácio do governo).

Um dado curioso da praça na época do governoprovincial do Presidente Francisco José Furtado em1858, o cemitério foi cercado, a praça não passava de umlargo com pouca arborização. Então em 1865, foi pro-posta pela Câmara Municipal a construção da praça e aproposta de se oficializar o nome de Praça da Saudade.Não existe nenhum documento que comprove se foi ounão aprovado o nome. O que se sabe é que o povo acabouconsagrando o lugar com o nome de Saudade.

Outro fato ligado a praça diz respeito à construção domonumento em homenagem a Tenreiro Aranha. A con-strução do monumento foi uma proposta do vereadorSilvério Nery, em 11 de maio de 1883, na época oPresidente da Província era José Lustosa da CunhaParanaguá. Segundo documentos da Manaustur, a Praçada Saudade veio somente a adquirir corpo e forma em1932, na gestão de Emmanuel Morais com a construçãode jardins. O cemitério nesta época já havia sido fechado.Após a demolição, os restos mortais que haviam no localforam transferidos para o São João Batista. O projeto paraa nova obra era a construção do horto municipal com ex-emplares de todas as palmeiras do vale amazônico.

O nome de Largo ou Praça da Saudade foi batizadopelo povo talvez por está localizada bem em frente aocemitério de São José, que também emprestava nome aobairro. A praça foi aberta em 1865, bem depois da con-strução do cemitério. De acordo com pesquisas do histo-riador Mário Ypiranga, o nome da praça pode ter sidotambém devido a presença de um espanhol de so-brenome Saudade ou de um negro que viveu por volta de1837, morador da área vizinha à praça, de nome JoséPedro Saudade. O negro devia ser um escravo de forro,devido aos bens que possuía.

O nome oficial de Praça 5 de Setembro, portanto é emhomenagem a data da elevação do Amazonas à categoriade Província e uma homenagem a Tenreiro Aranha quetanto lutou pela emancipação do Grão-Pará. Portanto, onome oficial nunca se tornou popular. O certo é quemesmo o nome oficial estar inscrito na placa da estátua

de Tenreiro Aranha, o manauense a conheceapenas por Praça da Saudade.

Page 18: história dos bairros

O rápido crescimento da economia do país,a intensificação das atividades portuárias e,sua integração no contexto da economia inter-nacional exigiam uma reorganização do es-paço urbano, principalmente da capital. Essareorganização tinha que ser condizente com onovo modelo econômico e preocupado com osocial. Acompanhando esses avanços, Manauscom o modelo Zona Franca, a partir de 1967também iniciava seu processo de crescimentoe começava a enfrentar o maior de todos osproblemas sociais, que era a questão da mora-dia. Interioranos deixavam suas comunidadesmigrando em direção a capital sem se preocu-parem com os riscos, em busca de uma garan-tia nos moldes da globalização industrial.Manaus, portanto, inchava sem nenhumaperspectiva de acerto. Foi pensando neste in-chaço que há 24 anos, o governador JoséLindoso decidiu prover moradia à populaçãode baixa renda criando o projeto Cidade Nova.

No início foram 1.800 casas, para atenderestá população oriunda do interior em buscade emprego no Pólo Industrial de Manaus e,que estavam criando um bairro às margens dorio Negro e sem nenhuma estrutura urbanís-tica. Quando foi criado o projeto, nem se ima-ginava que está parte da Zona Norte iriacrescer tanto e assustadoramente. No início dogoverno Gilberto Mestrinho, o projeto CidadeNova recebia nova atenção e foram construí-das novas casas (desta vez, chamadas de em-briões, devido suas dimensões terem fugidoao projeto inicial).

A Cidade Nova nesta nova fase foi projetadaem forma de núcleos separados, com poucacomunicação entre si. O tempo foi implacávelneste sentido. Atualmente, a Cidade Nova é umgrande aglomerado humano formado de 20núcleos, além de abranger todas as comu-nidades (fruto de invasões), conjuntos e con-domínios. Um projeto que tomou imensasproporções e sem o mínimo de planejamentourbano. Hoje a Cidade Nova concentra em seuentorno vários conjuntos e comunidades en-tre eles estão o Renato Souza Pinto I e II,Ribeiro Junior, Francisca Mendes, Manoa,Mundo Novo, Osvaldo Frota I e II, AmazoninoMendes, Mutirão, Oswaldo Américo, AméricoMedeiros, Canaranas, Vale do Sinai, MonteSinai, Campo Dourdado, Riacho Doce, NossaSenhora do Perpétuo Socorro, Boas Novas en-tre outros. Mais recentemente foi construídofazendo parte da Zona Norte e agregados a ela,os conjuntos Galiléia, São José da Barra I e II eNova Cidade.

Cidade Nova se tornou o maior conjuntohabitacional de Manaus com uma populaçãoestimada em 300 mil habitantes dos quais, se-gundo dados de pesquisa levantada pelovereador Tony Ferreira, de 125 mil eleitores,sendo o maior colégio eleitoral da capital,maior que muitos municípios do Estado.Durante seus 24 anos de existência só con-seguiu até agora eleger apenas um vereador, fi-cando sem representatividade política naAssembléia Legislativa e na Câmara Federal.Tony Ferreira explica que a Cidade Nova aindaé uma cidade dormitório. "Muitos moradoresapenas dormem na Cidade Nova passando odia em seus locais de trabalho". Na opinião dovereador o comércio ainda não é sustentável.

"Tivemos um shopping e fechou por falta dequem consumisse. Apenas uma minoria fre-qüentava o empreendimento", salienta.

Apesar do aumento contínuo e aceleradoda ocupação humana na Cidade Nova, nos últi-mos anos ganhou um terminal de integraçãode transporte coletivo, implantação de agên-

cias bancárias (Banco do Brasil, Bradesco eCaixa Econômica Federal), um supermercado(Hiper DB), auto peças, lojas de armarinhos,metalúrgicas, postos de gasolina, lojas de de-partamentos e eletro domésticos, drogarias,academias de ginásticas e uma praça de ali-mentação. Está última, na entrada do RenatoSouza Pinto e Canaranas.

A Cidade Nova revela ainda com seu cresci-mento uma concentração de templos reli-

giosos dividindo o mesmo espaço sete igrejascatólicas, setenta e três capelas e mais deduzentas evangélicas. A primeira igrejacatólica construída no bairro foi a São Bento(próxima do terminal 3, dividindo a CidadeNova I e II). Durante sua edificação e trabalhoe evangelização esteve à frente o padre italiano

Pedro Vignola,segundo contamos primeiros mo-radores e que es-tiveram no tra-balho de mutirãopara a construçãoda igreja, o padreera um incansáveloperário da fé.

Atualmente o padre Pedro se encontra na Itáliafazendo tratamento de saúde.

Com o crescimento demográfico e popula-cional, a Cidade Nova ainda é carente com afalta de espaços para que a comunidade possadesenvolver atividades sociais, culturais e es-portivas. Em toda sua extensão não há praçaspúblicas, cinemas, biblioteca e um centro so-cial nos moldes dos grandes bairros, fazendocom que seus habitantes se desloquem a out-ros pontos da cidade em busca de lazer e en-tretenimento. Além da falta desses serviços,enumera o vereador Tony, a comunidade temsofrido com a ausência do poder público emrelação à saúde e a segurança pública, semcontar que seus moradores foram extrema-mente prejudicados com a implantação dosistema expresso.

Cidade NovaCidade Nova

Para dar vazão aogrande fluxo depassageiros durante todo odia, a prefeituraconstruiu nobairro um dosmaiores terminaisde integraçãopara atender aalta demandagerada pelos ônibus coletivos

1188Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Cria de Lindoso agora é omaior bairro da cidade

Como em todos os demais bairros de Manaus, o catolicismo está presente com a igreja de S. Bento

Grande supermercado está na principal via do local

Page 19: história dos bairros

No ano de 1971, nasceu obairro do Coroado, Zona Leste,originado dentro das terras daUniversidade Federal doAmazonas (Ufam). O local naépoca servia para a produção decarvão aos pés dos buritizeiros. Obairro recebeu o nome de Coroadoinspirado na novela de Janete Clair,"Irmãos Coragem", da Rede Globo,que foi ao ar nos idos dos anos 69 e70, história fictícia ocorrida emuma vila chamada "Coroados".

Os primeiros moradores doCoroado vieram oriundos do inte-rior do Estado. Com o surgimentoda Zona Franca de Manaus e váriasoportunidades de emprego, o localera ideal para moradia por estarpróximo ao Distrito Industrial. Acidade iniciava seu processo de ur-banização ainda pela via ilegal.Esses desbravadores iniciam, por-tanto, o processo de invasão do lo-cal. A partir desse episódio, a di-reção da Universidade Federal doAmazonas passou a utilizar a forçapolicial contra os invasores pelareintegração de posse. A maior lid-erança dos invasores foi o interio-rano (.....) João Correia Barbosaque fincou as primeiras estacas emuma área e chegou a afirmar que dali só sairia morto.Esse episódio lhe rendeu o apelido de João Coragem, porsinal nome do protagonista da novela interpretado porTarcísio Meira que também na ficção lutava por umpedaço de terra e por justiça. De acordo com o atual pres-idente do bairro, Francisco Ribeiro, a ficção virou reali-dade e naquele momento era tudo que os invasores pre-cisavam, ou seja, um líder corajoso que fosse à frente etomasse as rédeas do movimento. João Coragem (comoé conhecido até hoje pelos antigos moradores morreuno dia 25 de setembro de 1988). Com medo que hou-vesse um confronto sangrento entre invasores e policia,o então governador Gilberto Mestrinho decidiu desapro-priar as terras e doar aos invasores. Entretanto, afirmaFrancisco que até hoje muitos dos moradores do bairroainda não têm o título definitivo da terra.

EM BUSCADE MELHORIASCoroado desde sua fundação vem percorrendo um

árduo caminho na luta por melhorias econômicas e so-ciais. A partir da luta de João Barbosa juntamente comos seus fundadores foi iniciado o processo de modern-ização da área. Surgiram, portanto, as primeiras esco-las, igrejas, centros de saúde, quadra poliesportivas,delegacia e a conquista de uma linha de ônibus queatendesse a comunidade. Atualmente atende o bairro aslinhas 001, 002 (interbairros) e 515 (específica dobairro). O processo de desenvolvimento foi longo e do-loroso, principalmente a pavimentação, rede elétrica eágua, benefícios conquistados com muito sacrifício eanos de espera. O Coroado é o primeiro bairro consti-tuído na Zona Leste da cidade e o primeiro centro com-ercial abastecido com uma feira coberta, pequenos su-permercados, drogarias, concessionárias de veículos,autopeças e motéis.

Aos 34 anos, o bairro do Coroado conquistou nos úl-timos anos sua mini vila olímpica para a prática de-sportiva, além do Serviço de Pronto Atendimento (SPA)e o 3º Companhia de Intendência Comunitária (Cicom)responsável pela segurança de toda a comunidade.Dividido em três áreas (I, II e III), o bairro conta com oapoio social do Conselho de DesenvolvimentoComunitário do Coroado (CDCC) dando suporte nasáreas do esporte, lazer e cultura para os moradores.

Inspiração vem da coragem

CoroadoCoroado

O melhor dasfrutas regionaispode ser encontradodiariamente nafeira do Coroado,conhecida por vender produtosdiretamente doprodutor, o quefacilita o acessoporque o preçoé mais em conta

1199Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Situado em u ma região privilegiada, próxima ao Distrito Industrial, o Coroado guarda história de luta e sacrifício

SAIBA MAISO bairro do Coroado tem como definição de perímetro iniciando na avenida André Araújo passando

pelo contorno em direção ao Campus Universitário, indo até a Alameda Cosme Ferreira seguindo até aavenida Grande Circular, passando pelo Igarapé do 40 até o igarapé Atílio Andreazza. Possui uma su-

perfície de 1.142.21 hectares e uma população de 49.123 habitantes.Escola Municipal...............................................................05Escola Estadual.................................................................09Escolas particulares..........................................................04Creche..............................................................................01Casa Médico da Família......................................................06Serviço de Pronto Atendimento..........................................01Centro de referência..........................................................01Centro Social.....................................................................01Posto policial.....................................................................02Agência bancária..............................................................-0-Superfície...........................................................1.142,22 háPopulação..................................................................45.109

Entidades sociais e comunitárias• Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Coroado• Associação dos Idosos do Coroado• Casa Andréia do Estado do Amazonas• Associação dos Alcóolicos Anônimos• Distrito de Obras (Semosb)• Associação União Folclórica do Coroado• Associação Dragões de Taekwondo

Igrejas e templos• Paróquia Divino Espírito Santo• Igreja Sagrado Coração de Jesus• Igreja Nossa Senhora Mãe de Deus• Igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias• Igreja Pentecostal Unidos do Brasil (02)• Igreja Universal do Reino de Deus (02)• Igreja Ministério de Maranata• Igreja Batista do Coroado (02)• Igreja Deus é Amor• Salão do Reino das testemunhas de Jeová• Igreja Assembléia de Deus (09)• Igreja Pentecostal Primitiva• Igreja Tabernáculo Batista• Centro Espírita o Consolador• Igreja Família Quadrangular• Igreja Adventista (02)

Page 20: história dos bairros

Fugindo do preconceito,rumo ao desenvolvimento

Colônia Antônio AleixColônia Antônio Aleixoo

Aos poucos osmoradores deoutros bairros vãoconhecendo asbelezas naturaisque a ColôniaAntônio Aleixooferece, afastando de veza discriminaçãoque durou décadas

2200Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Depois de muito esperar, hoje o bairro já conta com infra-estrutura urbana

O bairro Colônia Antônio Aleixo, localizado naZona Leste, começou oficialmente em 1942 coma construção de vinte e três pavilhões feitos paraabrigar e isolar os portadores de hanseníase.Mais tarde, foi preciso construir mais dois pré-dios para receber hansenianos da cidade. Criadocom o estigma da lepra, o bairro permaneceuisolado por muitos anos, sendo evitado pelos de-mais moradores de Manaus e recebendo odescaso das autoridades públicas.

Conhecido popularmente como leprosário,de início o bairro abrigava estritamente os porta-dores de hanseníase, mas com o passar dotempo começou a servir de moradia tambémaos parentes dos doentes, que aos poucos foramse integrando à população do local. Atualmente,a colônia tem uma população estimada em vintemil moradores, segundo censo oficial do IBGE de1998, o que atesta seu grande crescimento de-mográfico e o fim do preconceito contra o bairro.

Devido possuir uma grande área superficial,com florestas e uma portentosa margem fluvial,o bairro foi dividido em sete comunidades: Fé I,Fé II, Onze de Maio, Nova Esperança, ColôniaAntônio Aleixo, Planalto e Buritizal. Essas comu-nidades apresentam certo desenvolvimento ur-bano e econômico, inclusive com indústrias e es-paços comunitários onde são ministrados cur-sos de artes e profissionalizantes.

A comunidade Onze de Maio, por exemplo, éa mais desenvolvida e a que abriga o maiornúmero de entidades e centros de capacitaçãodos moradores, como o projeto Lago do Aleixo,desenvolvido pela igreja Católica e conhecidopela sigla CSELA (Centro Social e Educacional doLago do Aleixo), fundado em 24 de abril de 1972.Este centro desenvolve vários outros projetos nascomunidades do bairro.

PROJETOSSOCIAISEntre os projetos desenvolvidos pela institu-

ição está o Ecae (Espaço Cidadão de Arte eEducação), com aulas para a comunidade debalé clássico, oficina de leitura e jogos, leitura

pelo computador, escola de música, biblioteca,espaço teatral. De acordo com Isaque Dantas deSouza, coordenador do centro, um espaço im-portante desse projeto é a biblioteca, que evita deos estudantes do bairros terem de se deslocar atéo centro da cidade para realizar pesquisar de tra-balhos escolares.

Já o projeto Remo Vida Atividades Esportivasfoi pensado e desenvolvido após um acidente en-volvendo cinco crianças, que perderam a vida aotentarem atravessar o lago e naufragaram.Nenhuma dessas crianças sabia nadar e, desdeentão, o projeto ensina as crianças a prática denatação e também a de remo, além de manteruma escola de futebol e de capoeira.

Na 11 de Maio também funciona o programaÁgua Para a Vida, que atende famílias de outrascomunidades do bairro, assim como a Pastoralda Saúde, que ensina a confecção de remédiosnaturais. Os moradores dessas comunidadesaprendem ainda técnicas de construção naval ede olaria, que beneficia grande número de pes-soas e geram mão de obra para as pequenas in-dústrias e o comércio locais.

A comunidade Colônia Antônio Aleixo tam-bém ostenta relativo padrão de desenvolvimentohumano, com funcionamento de olaria,padaria; marcenaria, cooperativa de costureira,produção de farinha e horta comunitária. Essacomunidade possui escolas municipais, comquadra poliesportiva coberta, madeireira, o con-junto Amine Lindoso , que faz parte do ProjetoCidadão do governo do Estado para os hanseni-anos, a igreja católica de São João Batista, a 17ªDelegacia de Polícia, o cemitério Santo Alberto.

A comunidade Nova Esperança é dotada decentro de saúde, feira, centro de educação infan-til Tancredo Neves, escola municipal São Luiz,uma madeireira chamada Rex Madeiras Ltda,Igreja Católica São Francisco com centro paro-quial. Na comunidade Buritizal está localizado ohospital e maternidade Chapot Prevost, a escolaestadual Manuel Antônio de Souza, enquanto acomunidade de Nossa Senhora de Fátima e doPlanalto ainda estão se estruturando.

Isaque Souza, coordenador do CSELA (Centro Social Educacional doLago do Aleixo) enumera as dificuldades enfrentadas no bairro destacandoa falta de abastecimento de água, em segundo lugar, a precariedade dotransporte coletivo (linhas que fazem o trajeto bairro-centro e centro-bairro muitas vezes ficam "no prego" no meio do caminho dificultando avida dos moradores que precisam se deslocar para outras partes dacidade). Há somente duas linhas que fazem o trajeto até a Colônia AntônioAleixo, a 604-T2 que vai do bairro ao centro e o 085 que vai do bairro até o T-5. A linha que funcionava para o T1 foi desativada. A falta de um programasocial tem aumentado o número de adolescente em situação de risco.

A comunidade tem enfrentado o problema da poluição do lago do Aleixocausado pelas indústrias que funcionam na área, entre elas está a Sovel daAmazônia. De acordo com Isaque já foram feitos abaixo-assinados pelosmoradores, principalmente da comunidade do 11 de maio.

Dificuldadesde toda sorte

O meio ambiente ao longo da estrada é agredido pela presença de indústrias

Page 21: história dos bairros

Projetos puxam melhorias sociais

22221111Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

SAIBA MAIS

Linhas de ônibus

604 - T2 Antônio Aleixo - passa no bairro e vai até o centro passando pelo terminal da Cachoeirinha (T2).085 - Colº Antº Aleixo - vai até o T5.

Principais ruas

Ernesto Costa. Entrada do bairro pelo bairro da Fé I dá acesso a expansão que o bairro vemsofrendo ao longo dos anos por ela pode-se chegar ao bairro da Fé I, Fé II, Nova Esperança e 11

de Maio.Getúlio Vargas. Entrada principal do bairro, parte onde o mesmo se originou (Colônia

Antônio Aleixo). A partir dessa rua o cidadão tem acesso ao bairro do Buritizal, colônia etc.

Curiosidades

É um bairro que tem muitas histórias para serem recuperadas e contadas, a Colônia AntºAleixo é formada por 7 comunidades, que são Fé I, Fé II, 11 de Maio, Nova Esperança, ColôniaAntônio Aleixo, Bela Vista e Buritizal, é a junção dessas comunidades que formam hoje umúnico bairro que é a Colônia Antônia Aleixo.

• Projeto Lago do Aleixo, desenvolvido pela Igreja Católica,tem como Sigla C.S.E.L.A que significa "Centro Social eEducacional do Lago do Aleixo", fundado em 24 de abril de 1972.

Tem vários projetos para a comunidade do bairro como: • ECAE - Espaço Cidadão de Arte e Educação; com aulas

para a comunidade de balé clássico, oficina de leitura pela arte ejogos, leitura pelo computador, escola de música, biblioteca, es-paço teatral, um dos espaços importantes desse projeto é semdúvida a biblioteca, pois segundo informações dos moradores al-gumas escolas pedem trabalho de pesquisa e vários estudantesnão tem dinheiro para ir até o centro consultas as bibliotecas, comabertura desse espaço na comunidade fica mais fácil para os es-tudantes fazerem suas pesquisas escolares.

• Projeto Remo Vida Atividades Esportivas, foi pensado edesenvolvido após o acidente de canoa que aconteceu a algumtempo atrás onde 5 crianças foram atravessar o lago e morreramafogadas pois não sabiam nadar e a canoa naufragou, esse pro-jeto buscar ensinar as crianças a aprenderem a nadar, tem escolade remo, escola de futebol, escola da capoeira;

• Programa Água para a Vida, atende as famílias do 11 demaio e Bela Vista.

• Pastoral da Saúde, com produção de remédios naturais.• Estaleiro Naval

Fora esses projetos citados acima tem também: Olaria -Caixa beneficente da comunidade Antº Aleixo "Olaria RobertoMagno"; padaria; marcenaria; cooperativa de costureira;produção de farinha; horta comunitária;

Conheça principais destaques do bairroCOMUNIDADE DAFÉRua Ernesto CostaComunidade da Fé Sovel da Amazônia LTDA -

Indústria de Papel reciclávelCentro Educacional Santa Fé -

Anexo da Escola Municipal.

Rua Getúlio VargasAssociação de moradores do

bairro da Fé I.Agência de Correios.

Rua Francisco de AbreuCongregação Batista

Independente.Chumbos da Amazônia LTDA -

Fábrica de Chumbo.

Rua José MariaAssembléia de Deus 475º Casa

de Oração.Centro Municipal de Educação

Infantil Maria Emília Mestrinho.Comunidade 11 de Maio.

Rua Padre MárioIgreja Católica de São João

Batista. Escola Municipal Nossa Senhora

das Graças, com quadra polies-portiva coberta chamada Pe.Ludovico Grimella.

Congregação Presbiteriana RioJordão com escola de reforço"Aliança com Deus".

Centro Municipal EducaçãoInfantil Lili Benchimol.

Rua Nova ÍtaMadebriq - Madeiras e Briquetes

LTDA.

Rua Padre LudovicoConjunto Amine Lindoso -

Projeto Cidadão do Gov. do Estadopara os hansenianos

Rua Rosa de Maio

Fábrica de Gelo e Frigorífico. JMLTDA.

Rua Drº Geraldo da RochaIgreja Batista Canaã.Igreja Adventista do 7º Dia.

Rua Dr. João de PaulaIgreja Pentecostal Unida do

Brasil.Igreja Batista Regular Monte

Horebe.

COMUNIDADE NOVAESPERANÇARua Nova EsperançaIgreja Evangélica Nossa

Esperança.Centro de Saúde Nova

Esperança. - SUSAMFeira Municipal Nova Esperança.Clube de Mães Izabel Nogueira.Igreja Batista Nacional.Centro Municipal de Educação

Infantil Tancredo Neves.Campo de futebol estádio Carlos

Souza - "O padeiro".Escola Municipal são Luiz.Assembléia de Deus.

Rua 29 de junhoREX - Madeiras LTDA.

Rua Sem. João Bosco.Igreja Pentecostal Unida do

Brasil.Igreja Católica São Francisco

com Centro Paroquial.Igreja do Evangelho

Quadrangular.

COMUNIDADE COLÔNIAANTÔNIO ALEIXORua Alberto CampainhaIgreja Adventista do 7º Dia.Igreja Evangélica Pentecostal

Santuário do Deus Vivo.MORHAM - Sapataria

Ortopédica Pé Orié.Escola Municipal Violeta de

Matos Oreosa com quadra coberta.

Rua PlanaltoEscola Estadual Gilberto

Mestrinho.Templo Adventista do 7º dia.Centro Social Recreativo Frei

Miller.Praça: Tancredo NevesPoliclínica Antônio Aleixo -

SUSAM.Hospital Geral Drº Geraldo da

RochaS.O.S. 17ª Delegacia de Polícia.

Rua NovaParóquia de Nossa Senhora das

Graças, onde também funciona oEspaço Cidadão de Arte eEducação C.S.L.A.

Igreja Universal do Reino deDeus. 210º Casa de Oração.

Templo da Igreja Batista Regularem Colônia Antônio Aleixo.

Cemitério Santo Alberto.Associação Espírita e

Beneficente Jesus Gonçalves, temtambém centro de treinamento eminformática e o educandário espíritasanto Agostinho.

Conjunto Guilherme Alexandre -fundado em 1979, segundo omorador senhor Edgilson torresBarroncas.

MORHAM - Movimento deReintegração do Hanseniano.Segundo seu Edgilson o Aleixocomeçou em 1942 como bairro e ospavilhões foram construídos no iní-cio deste. Os pavilhões formam oabecedário, ou seja, sã 23 pavil-hões, depois foram construídosmais 2 que completam o conjunto.

Rua Nova RepúblicaAssociação Espírita e

Beneficente Jesus Gonçalves, temtambém centro de treinamento em

informática e o educandário espíritasanto Agostinho.

Centro de Saúde GuilhermeAlexandre - SEMSA.

Centro Espírita Thomas deAquino.

Escola Municipal Pe. JoãoD´Vries.

Comunidade Nossa Consolata.Posto de Abastecimento de água

Guilherme Alexandre.

COMUNIDADE BELAVISTARua Bela Vista.Igreja Batista Nacional

Renovada.Salão do Reino das

Testemunhas de Jeová.

COMUNIDADE BURITIZALRua Getúlio VargasHospital e Maternidade Chapot

Prevost - Estado.Funerária Viana Viana.Assembléia de Deus 211ª Casa

de Oração.Escola Estadual Manuel Antônio

de Souza.

Rua Manuel MatiasIgreja Pentecostal Unida do

Brasil.Comunidade de Nossa Senhora

de Fátima.Centro Pe. José Maria Fumagalli.Igreja Pentecostal Deus é Amor.Assembléia de Deus 215ª Casa

de Oração.

Comunidade da Fé 2Rua Ernesto CostaContinuação da mesma rua da

Fé I, só que agora é Fé IIAssembléia de Deus Tradicional.Igreja Católica Sagrado Coração

de Jesus.Assembléia de Deus 214ª Casa

de Oração.

Projetos resgatam a dignidade do bairro, marcada pelo preconceito

O bairro da Colônia Antônio Aleixo, está localizado na zona Leste de Manaus

Page 22: história dos bairros

Colônia Oliveira MachadoColônia Oliveira Machado

O aeroporto dePonta Pelada pormuito tempo foio principalposto paraaterrissagem deaeronaves emManaus. Hoje, éparte do complexo administradopela Força AéreaBrasileira

2222Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

O bairro Colônia Oliveira Machado, localizadona Zona Sul da cidade, existe desde o tempo emque o Amazonas era apenas uma província.Inicialmente denominada Tapera dos Manaós, obairro permaneceu por muito tempo como umacomunidade do Educandos, naquela épocachamado de Educandos dos Artífices.

A colônia foi aberta por Joaquim de OliveiraMachado, vigésimo-nono presidente da Provínciado Amazonas, em 1889, tendo sido ocupada ini-cialmente por portugueses e espanhóis. O local erauma paradisíaca estância formada por chácaras esítios, com centenas de castanheiras, plantadasonde hoje se encontram a feira da Panair e aavenida Presidente Kennedy, até as margens do rioNegro, como lembra a dona de casa NildaRodrigues de Oliveira, 72 anos, que nasceu e secriou na Colônia Oliveira Machado.

Possui uma superfície de 146,428 hectares e fazfronteira com os bairros Santa Luzia, Educandos,Morro da Liberdade, São Lázaro, Crespo e estende-se até a Vila Buriti, segundo site da PrefeituraMunicipal de Manaus. Apresenta grande contrastesocial, sendo uma grande área comercial, com in-dústrias de grande porte, vila militar pertencente àMarinha do Brasil, serviços de aviação pertencenteà Base Aérea de Manaus, tendo como cartão postala área de pouso da Ponta Pelada, por muitos anosfoi o aeroporto oficial da cidade. Sua extensa áreacomporta postos de gasolina, terminal de con-tainer e estaleiros, mas, em contrapartida, possuiuma periferia dominada pela criminalidade e o trá-fico de entorpecentes, temida até mesmo por seuspróprios moradores.

Segundo informações de Nazaré Leite Moreira66 anos, moradora do local há 50 anos, o bairroantigamente era apenas um capoeiral, com peque-nas casas de madeira, sem luz elétrica e nem águaencanada. "Tínhamos que pegar água lá no rioNegro andar com a lata na cabeça e subir um bar-ranco medonho", relembra. Ela conta que foi noprimeiro governo de Gilberto Mestrinho quecomeçou a venda de terrenos no bairro.

Sobre esta época, Nazaré diz ter comprado seuterreno por dois mil réis e com o passar dos anos asituação dos moradores foi melhorando, com aágua sendo fornecida por uma empresa local. Osalimentos eram comprados na Feira da Panair, quejá existia, e sempre atendeu a demanda dosmoradores locais e de outras regiões. Sobre osprimeiros moradores, ela diz que a Colônia foihabitada por espanhóis, portugueses, cearenses epessoas vindas do interior do Estado.

Também moradora do bairro, Vânia Cortez,36 anos, conta que nasceu e cresceu na locali-dade e faz um panorama de como está o bairrohoje. Para ela, a dificuldade maior é a irregulari-dade no abastecimento de água. Sobre a área delazer e entretenimento, fala que não tem praçapara as crianças brincarem, embora o calçadãodo Amarelinho, em Educandos, esteja localizadonas proximidades. Pelo bairro circulam as linhasde ônibus 004 e 102 , mas os moradores recla-mam da demora.

Quanto à geração de empregos, Vânia afirmaque as empresas adjacentes empregam muitaspessoas do bairro, assim como a feira da Panair, deonde as famílias da localidade retiram suas rendas.E há vários comércios pequenos, como mer-cearias, bares, lanches, drogarias e ferragens.

Ao falar de educação, a moradora diz sentir

falta da escola Mestre Atílio, que foi desativada eera apelidada de Amarelão, onde as criançasantes estudavam perto das casas e agora pre-cisam se deslocar para longe. Atualmente o bairroganhou a escola de formação profissional enfer-meira Francisca Saavedra, além do tradicionalEducandário Gustavo Capanema, que existedesde 1942, prestando serviços de educação for-mal e profissionalizante à comunidade, comregime aberto e internato.

No setor de saúde na Colônia Oliveira Machadoé considerada boa, porque o bairro conta com oprograma Médico da Família, conhecido popular-mente por Casa de Saúde, Caic (Centro deAtendimento Integrado a Criança) EnfermeiraCrisólita Torres, SPA (Serviço de ProntoAtendimento) da Zona Sul e o Caime (Centro deAtendimento a Melhor Idade).

A vida religiosa do bairro é intensa, segundoVânia, hoje há muitas pessoas evangélicas, so-mente os moradores mais antigos continuamcom a religião católica. O santo padroeiro dobairro é São Francisco das Chagas. As comemo-rações em louvor ao santo iniciam no fim do mêsde setembro e início de outubro atraindo fiéis devários cantos da cidade.

A paróquia de São Francisco das Chagas, se-gundo a secretária paroquial Marta Leandro deOliveira informa que a igreja começou com umacapelinha simples, ligada a paróquia de NossaSenhora do Perpétuo Socorro, e somente em 4 deoutubro de 1980 que conquistou a independênciase tornando a matriz. Este ano, comemora 25 anosde trabalho de evangelização.

Com toda a história de conquistas do bairro, oque mais entristece a comunidade é a onda de vio-lência deixando a área perigosa e sem atrativosturísticos. O pior trecho, na opinião dos moradoresé após a Trigolar, na rua 13 de Maio, onde vem ocor-rendo inúmeros assaltos. A insegurança aumentaa partir da noite e muitos moradores temem sair decasa neste horário.

Nos passos da província,desde a Tapera dos Manaós

Localizado às margens do rio Negro, o bairro ganhou portos que facilitam a vida de fábricas do Pólo Industrial

O Educandário Gustavo Capanema tem importante trabalho

Page 23: história dos bairros

O bairro Colônia Santo Antônio localiza-se na Zona Norte da cidade e faz limites como Novo Israel, José Bonifácio e Manôa, es-tendendo-se até a avenida Max Teixeira.Possui uma superfície de 339,20 hectares esua população é estimada em 4.804 habi-tantes. Conforme informações demoradores antigos, as comunidades JoséBonifácio e Colônia Santo Antônio for-mavam uma única localidade, onde fun-cionava uma colônia agrícola, que anosmais tarde se dividiram para formar doisbairros distintos.

A comunidade recebeu este nome emhomenagem a Santo Antônio, padroeiro dobairro e que tinha muitos devotos no local,e a palavra colônia advém do fato de antesfuncionar uma colônia agrícola. A paróquiade Santo Antônio começou oficialmente em1987, quando chegou ao local a família deAgostinho Carneiro, fundador da paróquia eum dos moradores mais antigos, ainda hojelembrado pelos moradores da localidade.

A divisão de um passado comum setransformou em um fato curioso, comSanto Antônio sendo também o padroeirodo bairro vizinho, José Bonifácio, e comambos pertencendo à área missionária daparóquia de Santa Helena. Esta paróquiadesenvolve projetos para atender à comu-

nidade com cursos voltados para a profis-sionalização de jovens, realizados emparceria com a área missionária de SantaHelena. Tem também a Pastoral da Saúdeque leva informações e assistência básicamínima à comunidade. Já o aniversário dobairro é comemorado junto com os festejosde Santo Antônio, no dia 13 de junho.

Segundo o psicólogo e professor AuramiCardoso da Silva, 37 anos, morador dobairro há 11 anos, olocal inicialmenteatraiu imigrantes vin-dos de outras locali-dades do país, princi-palmente do Estado doCeará, mas tambémvieram pessoas do in-terior do Estado e demoradores de outrosbairros da cidade. Elefala sobre a realidade do bairro atualmente,explicando que o abastecimento de água éum dos problemas maiores, devido a irreg-ularidade no fornecimento.

O transporte coletivo é realizado pelaslinhas 303, Colônia Santo Antônio, e 314,José Bonifácio, que fazem o trajeto bairro-centro-bairro. Segundo Aurami Cardoso, otransporte é regular, mas nos finais de sem-

ana se torna complicado, pois o ônibusdemora muito, embora a comunidadetenha outras opções de deslocamento. Elediz que uma parte da Colônia Santo Antônioficar próxima à av. Max Teixeira e do Manôa,assim os moradores podem contar com umnúmero maior de linhas de ônibus.

Quanto à atividade comercial, no bairroexistem padarias, bares, lanchonetes, mer-cadinhos, salão de beleza, locadora de

vídeos e DVD, bor-racharia, sendo que aprincipal rua comercialé a São João, que atendeàs comunidades doMonte Sinai, Vale doSinai, Colônia SantoAntônio e Manôa. Estelogradouro possui emsua extensão várioscomércios de calçados,

sorveterias e padarias.Aurami avalia a coleta de lixo como boa,

afirmando que todos os dias circula pelobairro o caminhão coletor, embora o prob-lema maior seja a falta de consciência dapopulação, com relação à limpeza pública.Ele denuncia que alguns moradores contin-uam jogando muito lixo nas ruas, mesmosabendo que a coleta é feita diariamente.

O ensino público na Colônia SantoAntônio é precário, com apenas uma escolamunicipal, outra particular e nenhuma es-tadual para oferecer o curso médio. Estasdificuldades fazem com que os alunos se-jam forçados a se deslocar para outros bair-ros se quiserem continuar os estudos. Paraos estudantes do bairro, resta tentar a ma-trícula em escolas localizadas nas adjacên-cias, como as do Montes Sinai e CidadeNova, onde tem a escolas estaduais.

Na área da saúde, a comunidade possuiuma casa do programa Médico da Família,mas muitos moradores reclamam da faltade um Centro de Saúde para o bairro, umavez que os mais próximos estão localizadosno Monte das Oliveiras e a na Cidade Nova.Na avaliação dos moradores do bairro, sãoquatro as principais dificuldades en-frentadas pela comunidade: o abasteci-mento de água, falta de um posto ou centrode saúde, área de lazer para as crianças ejovens e o desemprego, que é grande entreos moradores.

A Colônia Santo Antônio possui uma as-sociação comunitária, mas muitosmoradores afirmam que esta não funcionapara atender aos problemas da comu-nidade, só se tornando ativa durante oprocesso eleitoral da comunidade.

Colônia Santo AntônioColônia Santo Antônio

2233Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Unidos no passadoem um único bairro,a colônia se separou

do José Bonifácio,mas o santo ficou

Dois bairros, uma sóbênção do padroeiro

As dificuldades enfrentadas pelo bairro estão por toda parte a clamar por melhoria na infra-estrutura

Page 24: história dos bairros

Constituído por um grande e aglomerado centro com-ercial, o bairro da Compensa, na zona Oeste de Manaustem uma população estimada em 80 mil moradores e 37anos de existência comemorado no dia 13 de junho. Nestaárea a rua Amazonas se destaca em toda sua extensãocomercial com uma freqüente clientela local e de bairrosvizinhos. Vizinha dos bairros Santo Agostinho ao Norte eVila da Prata a Leste, além de estar cercada por estaleiros aOeste e o Rio Negro ao Sul, a Compensa até a alguns anosera tido como um bairro extremamente violento. Isso sedeva, de acordo com os moradores mais antigos, a suaorigem estar ligada aos constantes conflitos travados entreos próprios moradores, proprietários e o Estado. Hoje obairro se modernizou mostrando um outro cenário comvistas para o futuro.

Com acelerado processo de urbanização da cidadede Manaus nos anos 60 em decorrência da criação daZona Franca, a cidade passa a ser o centro preferido paraos imigrantes do interior do Estado, além dos Estadosvizinhos (especialmente paraenses e nordestinos), quemigram esperando encontrar condições de vidas maisfavoráveis. A princípio encontraram pobreza, miséria eum longo caminho a percorrer em busca de um lugar aosol. A cidade iniciou seu processo de inchamento desor-denado. Sem casa e na na expectativa do milagreeconômico, muitos se fixaram na orla do rio Negro emcasas erguidas sobre balsas flutuantes, formando a co-nhecida e odiada "cidade flutuante".

Em 1964, o governador Arthur Cezar Ferreira Reis,inicia o processo não pacífico de remoção da cidade flu-tuante. Segundo dados da monografia "A Geografia daCompensa" de Walney Freitas de Figueiredo, bacharelem geografia pela Ufam (Universidade Federal doAmazonas), neste ano, foram construídos conjuntoshabitacionais para atender as demandas de moradores,entretanto, não atendiam 1/3 dos sem-tetos, fazendocom que essas pessoas procurassem abrigo invadindovários terrenos nas imediações do centro. Este foi o casodas terras que pertenciam a família Borel.

FAMÍLIA BORELSOFRE INVASÃOVinda da Alemanha, no período da Segunda Grande

Guerra, e aqui em Manaus fixaram residênciaadquirindo parte da área que hoje é conhecida comobairro da Compensa. Sob a responsabilidade de OscarBorel, morto em 13 de junho de 1968, mesmo ano queinicia o processo de invasão da área. A viúva Maria Borel emais os 10 filhos do casal não consegue evitar a invasãonas terras da família. Assim começa a surgir o complexodesordenado urbano que é a Compensa vivendo com aspromessas de reestruturação do bairro.

Um dado curioso é que o bairro já teve três diferentesdenominações. A primeira chamada de Vila de Sapé (rel-ativo ao tipo de palha que cobriam as casas). A segundade Cidade das Palhas (também devido ao estilo de cober-tura das casas) e por último, mas não menos importanteo atual nome de Compensa (originado de uma antigaserraria que produzia lâminas de compensado).

Decerto, o bairro é muito melhor que os tempos anti-gos. Em outro contexto, há uma presença maior doEstado. O exemplo são os benefícios que estão sendofeitos na avenida Brasil, a principal via do bairro re-cebendo novo asfaltamento e o igarapé que corta a todasua extensão. O bairro conta a presença do PAC (ProntoAtendimento ao Cidadão), onde são oferecidos serviçosdos correios, agência bancária, Detran e várias outras ins-tituições. Não tem um lugar específico para o comércio,apesar de possuir no entroncamento da avenida Brasil eentrada na rua São Pedro um Mini-Shopping e a FeiraModelo da Compensa, sua área comercial está espalhadaspor todo o bairro. É possível encontrar na Compensa deaçougue a consultório dentário.

Em relação a oferta comercial, os moradores não têmdo que reclamar. Na área da saúde, o bairro conta com oCaic (Centro de Atendimento e Integração da Criança) ecom o Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste. Namesma área funciona a as sedes da Prefeitura de Manause do Governo do Estado, bem como o 8º Distrito Policial.No setor de lazer e entretenimento o bairro tem à dis-posição de campos futebol, casas de shows.

Segundo Sebastião Souza Costa, morador do bairro há30 anos e presidente da Associação dos MoradoresAmigos da Compensa, dentre os principais problemas daregião é a falta de uma política social que iniba a prostitu-ição infantil, o tráfico de entorpecentes e uso indiscrimi-nado de drogas, além do baixo nível de escolaridade, o quefaz com que a comunidade não reivindiquem melhorias.

Ele enfatiza neste último setor que as escolas não temconseguido mandar alunos para as universidades públi-cas, fato que o faz questionar um motivo. Os professoresganham o mesmo valor em todas as zonas da cidade, en-tão qual é o problema da Compensa? Sebastião diz que aolongo desses 30 anos de convivência, considera o bairrocontinua sendo o "berço" para interioranos.

As pessoas vêm para Manaus se fixam na Compensa atémelhorarem de vida, depois migram para os novos bairrosque vão surgindo, o que para ele atrapalha o desenvolvi-mento do bairro. Essa grande rotatividade de moradoresque vem e vão não forma um grande laço de união e a co-munidade acaba perdendo força e representatividade.

Vila de Sapé cresce comaquecimento do comércio

Poder público traz benefíciosO incremento comercial de microempresas puxou o desenvolvimento da Compensa

O bairro é cortado por via que liga à Ponta Negra

CompensaCompensa

A tradicional feirado bairro abrigaboa parte das microempresasdo comércio e deserviços, o quegarante umamovimentaçãoconstante demoradores daCompensa e debairros vizinhos

2244Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Crescimento dobairro ajuda a afastar

o estigma de áreaviolenta que vem

desde sua criação

Page 25: história dos bairros

No ano de 1971, nasceu obairro do Coroado, Zona Leste,originado dentro das terras daUniversidade Federal doAmazonas (Ufam). O local naépoca servia para a produção decarvão aos pés dos buritizeiros. Obairro recebeu o nome de Coroadoinspirado na novela de Janete Clair,"Irmãos Coragem", da Rede Globo,que foi ao ar nos idos dos anos 69 e70, história fictícia ocorrida emuma vila chamada "Coroados".

Os primeiros moradores doCoroado vieram oriundos do inte-rior do Estado. Com o surgimentoda Zona Franca de Manaus e váriasoportunidades de emprego, o localera ideal para moradia por estarpróximo ao Distrito Industrial. Acidade iniciava seu processo de ur-banização ainda pela via ilegal.Esses desbravadores iniciam, por-tanto, o processo de invasão do lo-cal. A partir desse episódio, a di-reção da Universidade Federal doAmazonas passou a utilizar a forçapolicial contra os invasores pelareintegração de posse. A maior lid-erança dos invasores foi o interio-rano (.....) João Correia Barbosaque fincou as primeiras estacas emuma área e chegou a afirmar que dali só sairia morto.Esse episódio lhe rendeu o apelido de João Coragem, porsinal nome do protagonista da novela interpretado porTarcísio Meira que também na ficção lutava por umpedaço de terra e por justiça. De acordo com o atual pres-idente do bairro, Francisco Ribeiro, a ficção virou reali-dade e naquele momento era tudo que os invasores pre-cisavam, ou seja, um líder corajoso que fosse à frente etomasse as rédeas do movimento. João Coragem (comoé conhecido até hoje pelos antigos moradores morreuno dia 25 de setembro de 1988). Com medo que hou-vesse um confronto sangrento entre invasores e policia,o então governador Gilberto Mestrinho decidiu desapro-priar as terras e doar aos invasores. Entretanto, afirmaFrancisco que até hoje muitos dos moradores do bairroainda não têm o título definitivo da terra.

EM BUSCADE MELHORIASCoroado desde sua fundação vem percorrendo um

árduo caminho na luta por melhorias econômicas e so-ciais. A partir da luta de João Barbosa juntamente comos seus fundadores foi iniciado o processo de modern-ização da área. Surgiram, portanto, as primeiras esco-las, igrejas, centros de saúde, quadra poliesportivas,delegacia e a conquista de uma linha de ônibus queatendesse a comunidade. Atualmente atende o bairro aslinhas 001, 002 (interbairros) e 515 (específica dobairro). O processo de desenvolvimento foi longo e do-loroso, principalmente a pavimentação, rede elétrica eágua, benefícios conquistados com muito sacrifício eanos de espera. O Coroado é o primeiro bairro consti-tuído na Zona Leste da cidade e o primeiro centro com-ercial abastecido com uma feira coberta, pequenos su-permercados, drogarias, concessionárias de veículos,autopeças e motéis.

Aos 34 anos, o bairro do Coroado conquistou nos úl-timos anos sua mini vila olímpica para a prática de-sportiva, além do Serviço de Pronto Atendimento (SPA)e o 3º Companhia de Intendência Comunitária (Cicom)responsável pela segurança de toda a comunidade.Dividido em três áreas (I, II e III), o bairro conta com oapoio social do Conselho de DesenvolvimentoComunitário do Coroado (CDCC) dando suporte nasáreas do esporte, lazer e cultura para os moradores.

Inspiração vem da coragem

CoroadoCoroado

O melhor dasfrutas regionaispode ser encontradodiariamente nafeira do Coroado,conhecida por vender produtosdiretamente doprodutor, o quefacilita o acessoporque o preçoé mais em conta

2255Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Situado em u ma região privilegiada, próxima ao Distrito Industrial, o Coroado guarda história de luta e sacrifício

SAIBA MAISO bairro do Coroado tem como definição de perímetro iniciando na avenida André Araújo passando

pelo contorno em direção ao Campus Universitário, indo até a Alameda Cosme Ferreira seguindo até aavenida Grande Circular, passando pelo Igarapé do 40 até o igarapé Atílio Andreazza. Possui uma su-

perfície de 1.142.21 hectares e uma população de 49.123 habitantes.Escola Municipal...............................................................05Escola Estadual.................................................................09Escolas particulares..........................................................04Creche..............................................................................01Casa Médico da Família......................................................06Serviço de Pronto Atendimento..........................................01Centro de referência..........................................................01Centro Social.....................................................................01Posto policial.....................................................................02Agência bancária..............................................................-0-Superfície...........................................................1.142,22 háPopulação..................................................................45.109

Entidades sociais e comunitárias• Conselho de Desenvolvimento Comunitário do Coroado• Associação dos Idosos do Coroado• Casa Andréia do Estado do Amazonas• Associação dos Alcóolicos Anônimos• Distrito de Obras (Semosb)• Associação União Folclórica do Coroado• Associação Dragões de Taekwondo

Igrejas e templos• Paróquia Divino Espírito Santo• Igreja Sagrado Coração de Jesus• Igreja Nossa Senhora Mãe de Deus• Igreja Jesus Cristo dos Últimos Dias• Igreja Pentecostal Unidos do Brasil (02)• Igreja Universal do Reino de Deus (02)• Igreja Ministério de Maranata• Igreja Batista do Coroado (02)• Igreja Deus é Amor• Salão do Reino das testemunhas de Jeová• Igreja Assembléia de Deus (09)• Igreja Pentecostal Primitiva• Igreja Tabernáculo Batista• Centro Espírita o Consolador• Igreja Família Quadrangular• Igreja Adventista (02)

Page 26: história dos bairros

O bairro do Crespo está localizado na Zona Sul deManaus, fazendo fronteira com o Japiim, Raiz,Betânia e Distrito Industrial. Segundo o presidente daAssociação dos Moradores, Milton Ferreira dosSantos, a área do Crespo teve uma grande expansãocomercial nos últimos anos. Atualmente, se loca-lizam grandes empreendimentos, como as indústriasda Lisbomassa, Balbilog e Real Lux que geram, emconjunto com outras médias e pequenas empresas,um número significativo de empregos.

Segundo relatos de moradores antigos da locali-dade, durante a década de 1940, a área estava divi-dida em grandes chácaras. Um dos grandes propri-etários era o português Antônio Crespo, que comer-cializava produtos frutíferos. O local onde hoje se lo-caliza o supermercado DB na avenida Silves era desua propriedade.

Como em boa parte de Manaus, as áreas mais iso-ladas começavam a sofrer o processo de ocupação.Desta maneira o Crespo recebeu no final da década de40 várias famílias vindas de outras localidades dacidade, como o bairro da Raiz, adquirindo lotes deterra através de doação do Estado ou compra direta.

A data oficial do surgimento do bairro do Crespo sedá no dia 1º de abril de 1950. O nome da nova locali-dade é feito a partir da referência ao proprietário por-tuguês. Com a fundação do bairro, é construída aigreja católica Bom Pastor.

Conforme o Implan (Instituto Municipal dePlanejamento Urbano e Informática), o Crespo tem9.839 mil habitantes, com área de 221,81 hectares.Os registros apontam 41 logradouros, entre ruas,becos e alamedas. As principais artérias são aavenida Magalhães Barata, que deve seu nome a umpolítico paraense, e as ruas São Marcos, JB Silva eAdalberto Vale, que faz a divisa com o bairro daBetânia e tem saída para a Costa e Silva. É onde estáinstalado a maior parte de seu comércio, comdezenas de comércios de grande, médio e pequenoporte. Há também investimentos como lojas, droga-rias, salões de beleza, escolas automotivas, metalúr-gicas, como as empresas J. Nunes, O Baratão daBorracha e Natão autopeças, demonstram a diversi-dade do comércio local.

Ainda segundo o presidente da associação, o bairrotem como vizinho ilustre o Distrito Industrial, que ab-sorve apenas uma parte da mão-de-obra local, mas égrande o desemprego entre os moradores do bairro.

Apesar da intensa vida comercial, o bairro temuma característica bem ordeira e alguns moradoresprocuram desenvolver ações para congregar a comu-nidade, como o grupo "Amigos em Ação", que desen-volve atividades para as crianças carentes. Um dos or-ganizadores do grupo, Pedro Gouvino Araújo, 53anos, comerciante da área, declara que nos últimostrês anos, durante o Dia das Crianças, em 12 de out-ubro, em parceria com comerciantes e moradores,ocorre a distribuição de brinquedos e comidas. Eleconta que tudo começou com a iniciativa da profes-sora Maria Silva, também moradora da comunidade eque leciona na escola Brigadeiro Camarão, para aju-dar aqueles que mais necessitam. No primeiro anoforam distribuídos 300 brinquedos e neste ano a metaé atingir a marca de 1.000.

Influência portuguesa

Presença social da igreja

CrespoCrespo

O shoppingCecomiz, naentrada dobairro, no iníciodo DistritoIndustrial, é oprincipal centrode compras paraa populaçãoda região. Váriaslojas estãopresentes noshopping

22226666Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Jovens e crianças são bem atendidos por várias escolas municipais e do Estado

Nascido em 1950, onome do bairro é uma

homenagem ao pioneirismo de um

comerciante português

A área educacional conta com as esco-las estaduais de Bom Pastor, situada narua São Marcos, e a Dorval Porto, local-izada na Magalhães Barata, que são esco-las de ensino fundamental e médio, eatendem as crianças e jovens do bairro. Aeducação infantil é ministrada pela escolajardim da infância Padre ErnestoRodrigues, situada também na MagalhãesBarata. Esta escola atende o público infan-til na faixa etária de quatro a seis anos.

A diretora Selma Coelho lembra quedesde 1997 a escola pertence às obras so-ciais da igreja católica. Ainda que seja umaescola conveniada, uma parceria da co-munidade com a Seduc, ela apresentamuitos problemas e falta materialdidático-pedagógico, o que prejudica o en-sino das crianças. Mesmo próximo aoscentros de compra Cecomiz e Studio 5, osmoradores se queixam da falta de opçãode lazer na própria localidade.

Segundo depoimentos colhidos, aquadra esportiva da escola Dorval Porto é aúnica alternativa de diversão. A juventudese organiza nos finais de semana nas ruaspara partidas de futebol e vôlei. O publicoda 3º Idade se reúne no centro comu-nitário onde funciona o Clube da TerceiraIdade. Uma única linha de ônibus serve aobairro, a 704. Mas é fácil o acesso à av.Costa e Silva, na qual os moradores têmoutras opções de transporte coletivo.

O Crespo conta com duas comu-nidades vinculadas à paróquia de São

Lázaro: a Menino Jesus, tambémchamada de Comunidade do 40, e a doBom Pastor. Esta igreja é um símbolo dareligiosidade da comunidade católica.

A festa do padroeiro é realidade sempreno terceiro dia após a Quaresma.Conforme Cleodineide Fontes, 30 anos,professora e coordenadora comunitáriada Pastoral, a igreja sempre realiza os fes-tejos, que congregam a maioria dosmoradores da área. A parceria entre com-ercio e comunidade desenvolveu, desde1987, o Festival de Musica e o arraial.

A juventude católica pertence a um

grupo chamado Solidariedade, que desen-volve trabalhos assistenciais junto aosmais carentes, principalmente nos becosJ.B.Silva e República, este conhecido comorip-rap, devido à estrutura empreendidana pavimentação do igarapé do Quarenta.

Atualmente, o Crespo conta com umserviço regular de água, luz e esgoto, pelomenos na maior parte do bairro. Segundomoradores, o saneamento básico e rede deesgoto são as principais preocupações doshabitantes, uma vez que o bairro é cortadopor vários igarapés e existam pessoasmorando às suas margens.

A igreja católica tem forte influência na criação do bairro

Page 27: história dos bairros

Localizado na Zona Leste da cidade, às mar-gens da estrada BR-319, que liga Manaus àscidades de Humaitá e Porto Velho, em Rondônia, obairro do Distrito Industrial Castelo Branco contaatualmente com duas etapas, os distritos I e II quefaz fronteira com os bairros Armando Mendes,Nova República, Mauazinho, Nova Jerusalém eCrespo. O Distrito Industrial ostenta a opulênciado PIM (Pólo Industrial de Manaus) e as duasmaiores invasões ocorridas em Manaus: a NovaVitória e a Nova Conquista.

Com uma estrutura que congrega cinco se-tores, passam pelas ruas e avenidas do Distritomilhares de artigos produzidos e exportados paraos mais diferentes pontos do país e do mundo.

A história do bairro se inicia com a Lei nº 3.173,de 06 de Junho de 1957, que colocou no papel umprojeto visado há muitos anos pelo empresariadoda região Norte. Sob o governo de Danilo Duarte deMatos Areosa, o projeto de Porto Livre de Manausvisava integrar a Amazônia à economia nacional.Outros benefícios foram pensados pelos em-presários e políticos locais, como a ocupação daárea e a própria defesa do território nacional. Aperspectiva de geração de emprego e renda, emuma região considerada periférica no contextogeoeconômico do país, foi o principal argumentodos defensores do projeto, tanto na imprensa locale quanto nacional.

Segundo o professor Silvio Puga, economista e

docente da Ufam (Universidade Federal doAmazonas), o projeto está inserido na chamada"Operação Amazônica", que em 1966 reordena osplanos de intervenção federal nas esferas políticas,econômica e institucional. É possível estabelecertrês distintas fases para o processo de implemen-tação do modelo de Zona Franca, institucional-izado na região Amazônica.

Segundo dados fornecidos pela Suframa(Superintendência da Zona Franca de Manaus), aprimeira fase do projeto ocorreu entre os anos de1967 a 1976. Depois do lançamento da pedra fun-damental, em 30 de setembro de1968, em sessãosolene, com a presença do governador DaniloAreosa e o superintendente da recém-criadaSuframa, Floriano Pacheco, houve um intensofluxo do turismo interno, impulsionado pelaoferta de artigos importados. É o auge da fase com-ercial da Zona Franca, com a cidade de Manaus setornando um grande centro de compras de pro-dutos importados no país.

Dando início à segunda fase, a industrial, acon-tece a instalação da primeira fábrica com os incen-tivos fiscais oferecidos pelo Suframa, a Beta S/A,que funcionou até 1990 e, embora localizada naav. Recife, em Adrianópolis, serviu como pólo deatração para novos empreendimentos, agora in-stalados no complexo do Distrito Industrial.

Entre os anos de 1976 e 1990, ocorre a consoli-dação do pólo industrial, com 70% dos empregos

gerados em Manaus estarem nas fábricas doDistrito. É também nesta época que ocorre a in-tensa migração de moradores do interior e de out-ros estados brasileiros para Manaus, que será re-sponsável pelo surgimento de centenas de in-vasões, inclusive na área do Distrito Industrial, oque dá um caráter domiciliar ao bairro.

A terceira fase, ocorrida a partir de 1991, temgrande impacto na vida dos trabalhadores deManaus, quando muitas fábricas encerram suasatividades ocasionando desemprego em massa.Esta nova situação também vai se refletir nobairro, com o surgimento de invasões, como aComunidade da Sharp e a Vila da Felicidade.

O bairro do Distrito Industrial atualmenteestá dividido em duas etapas, o Distrito Industrial Ie II. Segundo dados da prefeitura, possui 79artérias, entre ruas e alamedas. Grande parte dasruas recebe nomes de peixes e frutos regionais,como é o caso das vias Buriti e Açaí. Nelas o fluxo decarros, ônibus e carretas são constantes.

O bairro apresenta uma feição industrial,com 470 indústrias e dezenas de pequenoscomércios. A geração de empregos no PIMcaminha para novo recorde em 2005 podendoalcançar, até dezembro, a marca de 100 milpostos de trabalhos diretos, entre efetivos,temporários e terceirizados.

No bairro também está instalada a Renam(Refinaria da Manaus), localizada na estrada da

Refinaria, que funciona desde o dia 06 de setem-bro de 1956. Também faz parte do bairro o Portoda Ceasa, que serve de posto alfandegário e turís-tico, de onde saem dezenas de barcos para pas-seios ao encontro das águas, uma referênciapara quem visita o Distrito.

Além do complexo Industrial, há diversos ou-tros empreendimentos, como o Novotel, situado aav.: Mandii, uma pequena praça de Alimentação,localizada na rua Açaí, onde centenas de indus-triários se encontram após o expediente. No bairroestão instaladas escolas profissionalizantes, comounidade da Cefet, do Senai e Fundação Nokia, quepreparam jovens secundaristas para ocuparem asvagas oferecidas pelas fábricas do Distrito. Mas re-centemente foi inaugurado o Centro Cultural dosPovos da Amazônia, dividindo a conhecida Bola daSuframa com o anfiteatro em estilo românico, eque promete ser uma referência para toda aregião. O centro oferece ao visitante, exposiçõespermanentes referentes aos povos amazônicos.

Porém, o crescimento econômico não im-pediu o surgimento de novas invasões querodeiam a localidade, como é o caso da NovaVitória e Nova Conquista, ocorrida na área doDistrito II. Consideradas as maiores dos últimosanos. Outro exemplo é a comunidade da Sharp,surgida através de uma invasão e que até os dias at-uais não conta com os serviços básicos, comoágua encanada, luz regular, coleta de Lixo.

DistritoDistrito

Sede da Suframa,órgão gestor dapolítica industrialdo pólo deManaus eresponsável porfazer chegar aosdemais estados da Amazônia osrecursos quepermitam desenvolver toda a região

2277Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

As empresas consolidaram o pólo industrial, hoje responsável pela geração de emprego e de riquezas para o Amazonas

O berço da indústria

Page 28: história dos bairros

Ocupando parte do Planalto, na Zona Centro-Oeste, está situado o atual bairro Dom Pedro I(antes, somente formado pelo conjunto D.Pedro). Servido pela avenida Pedro Teixeira con-duzindo todo o tráfego para avenida ConstantinoNery e estrada de São Jorge, Ponta Negra, ligando obairro ao centro da cidade, o bairro faz fronteiracom os bairros do Alvorada, São Jorge, Chapada,Flores e Nova Esperança.

O conjunto Dom Pedro I, teve início no final de1972 com a entrega oficial das primeirashabitações em 1974. Toda a área do conjunto foicomprado pela Coophab (CooperativaHabitacional dos Trabalhadores de Manaus) dosproprietários Francisco Cortez e Isaac JacobBenzecry e construído pela construtora FlávioEspírito Santo. A mesma construtora com recur-sos do extinto BNH (Banco Nacional da Habitação)construiu na área da parte alta do bairro, os con-juntos Dom Pedro II, Kyssia e Deborah. Estes últi-mos conjuntos formavam a base inicial daparóquia católica de Nossa Senhora Rainha dosApóstolos por serem terrenos relativamente altos,evitando as alagações causadas pela parte baixa e-xistente no local que foi sendo habitada de formadesordenada e de maneira lenta.

De acordo com relatos históricos colhidos porpadre Celestino Ceretta, inicialmente os ocu-pantes dos terrenos da área baixa do bairro atégozavam de certa tranqüilidade devido às águasdos torós que passavam com certa liberdade bene-ficiando os moradores. Com o tempo, os igarapésforam sendo soterrados e causando transtornos àpopulação. Ainda é possível observar a falta deuma política pública que iniba os própriosmoradores de jogarem entulhos nos córregos quepassam por debaixo das casas, principalmente aárea localizada em frente à fundação Cecon.

Como tudo no início é difícil, os primeiros habi-tantes do Dom Pedro enfrentaram a lama, a faltade transporte e o isolamento temporário. Não de-morou muito, a construtora passou a respons-abilidade do conjunto ao Estado.

Com a idealização do conjunto habitacionaltambém foi pensada algumas áreas para a cons-trução de praças e instituições públicas. Na praçaprincipal do conjunto, por exemplo, foi feito cer-

cas ajardinadas e iluminadas. No centro foi levan-tado um relógio luminoso em forma de colunacom estruturas toda metálica revestida emacrílico. Após a construtora entregar o conjunto, apraça ficou totalmente abandonada e o relógio foidepredado. Em 1978, a prefeitura recuperou par-cialmente a praça, cuidando da arborização e dogramado, além de construir ao lado uma quadrade areia ornamentada com brinquedos infantis.Em 1993 toda a área da quadra foi tomada para aconstrução da Praça de Alimentação 24 horas.

COLÉGIO LA SALLEMELHOROU EDUCAÇÃOEm 1978 houve a preocupação e o interesse

da parte dos irmãos lassalistas em estabelecer noconjunto Dom Pedro I, um colégio de 1º e 2ºgraus. Trabalhando como professor na Ufam(Universidade do Amazonas), Alberto Knob ficouencarregado pela congregação de fazer um levan-

tamento prévio da carência deste serviço emManaus. Tendo como objetivo primordial, o colé-gio seria particular, confessional católico e suaorientação na doutrina cristã, isto é, deveria val-orizar a evangelização da fé católica.

As escolas existentes na época entre eles, o colé-gio Gonçalves Dias, não atendiam à demanda doconjunto e do bairro vizinho Alvorada. Segundopadre Celestino havia também o colégio MariaAmélia do Espírito Santo no conjunto Kyssia, comuma capacidade reduzida de salas. Muitos paisresidentes no Dom Pedro levavam os filhos paraestudarem em colégios particulares como oPreciosíssimo Sangue, Dom Bosco, Auxiliadora,patronato Santa Terezinha e Ida Nelson.

Com este objetivo, os lassalistas decidiram lu-tar para ocuparem maior parte do terreno desti-nado a obras voltadas para a educação. No localque hoje é o colégio La Sale funcionava o Ponto doCafé, na esquina da avenida D. Pedro com a rua

padre José Anchieta. Celestino em seu relato de-screve que o terreno era cheio de crateras, criadasdevido muita gente retirar areia para construção,restando pequenos lagos encobertos de capimcom partes enxutas. Na área restava da mata na-tiva dois exemplares de macucús do Rio Negro,uns poucos buritizeiros, um patauá e bastantesimbaúbas, além de troncos secos de árvores quenão resistiram às derrubadas.

O processo para a construção do colégio aindase arrastou por muitos anos, finalmente em1980, foi executado o aterro da área. No fim domesmo ano foi lançada a pedra fundamental docolégio. Quando o estabelecimento começou afuncionar, já se pensava na possibilidade em am-pliar as estruturas para a Universidade Católica doLa Salle. Assim, nasceu o projeto do colégio LaSalle e atualmente com novas salas atendendoalunos do curso superior que funciona nopróprio estabelecimento.

Após tempestade, bonança

Dom PDom Pedroedro

A presença daPolícia Militar doAmazonas é marcante nobairro, com váriasunidades, como obatalhão de cavalaria, o quegarante umamaior sensaçãode segurançaaos moradores

2288Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A construção de obras de peso, como a Vila Olímpica Umberto Calderaro Filho, contribuiu para melhorar o padrão do bairro

Obra da era recente, a praça de alimentação é um local de circulação de moradores da cidade

Page 29: história dos bairros

Presença de bons serviços

Obrasrecentesvalorizamo bairro

O bairro de D.Pedro hoje congrega alémdos conjuntos Kyssia, Deborah, foram con-struídos mais o Nova Jerusalém, SantaTerezinha e Aripuanã. O bairro hoje ofereceimportantes serviços para seus habitantes epara outras comunidades vizinhas. Na áreada saúde estão funcionando o Hospital deDoenças Tropicais e a Fundação Cecom. Naextensa área ao lado do Sambódromo está lo-calizada a Vila Olímpica de Manaus.

As pastorais da igreja de Nossa Senhora daRainha dos Apóstolos fundada em 1973, con-struída no decorrer das construções dos con-domínios D.Pedro I e II, pela construtoraFlavio Espírito Santo. A igreja realiza o tra-balho de evangelização com nove comu-nidades: Santa Terezinha I, na ruaIndependência, s/n (riachinho), SantaTerezinha II, na rua Nova Esperança, s/n,Sagrado Coração de Jesus, São Mateus, na ruaFrancisco Orelana, 85, Cristo Rei, na rua RioJuruá, s/n (bairro Tarumã), Nossa Senhorado Livramento, Nossa Senhora de Fátima eSão Sebastião, no Tarumã Mirim, São VicentePallotti, no bairro Tropical.

FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONASEm 1970, dois professores da recém cri-

ada faculdade de Medicina do Amazonas,Heitor Dourado e Carlos Borborema, apoia-dos por um grupo de estudantes, deram in-ício a uma instituição destinada exclusiva-mente ao diagnóstico e tratamento dasDoenças Tropicais no Amazonas.Denominada inicialmente Clínica deDoenças Tropicais, funcionou algunsmeses com apenas 8 leitos em um anexoconstruído para ser a lavanderia doHospital Getúlio Vargas.

Meses depois, a clínica foi transferidapara o pavilhão superior daquele hospital,onde passou a funcionar com 4 enfer-marias , de 8 leitos cada. Quatro anos de-pois, a pequena clínica atingia outras pro-porções, mudava de endereço e de nome. Jána nova instalação, com 1.600 metrosquadrados, na avenida Pedro Teixeira, DomPedro I, adquiriu a nova razão social, de-

nominando-se Hospital de MoléstiasTropicais, com capacidade para 60 leitos.

Em 1979, se transformou em Instituto deMedicina Tropical de Manaus, destinado a de-sempenhar três funções básicas: prestar as-sistência à saúde; desenvolver pesquisa cien-tífica; contribuir para a formação dos recur-sos humanos nas áreas de doenças tropicais.

No dia 12 de agosto de 1977, através doDecreto Governamental Nº 18.073, a insti-tuição de saúde passou a denominar-se

Instituto de Medicina Tropical doAmazonas. E, no dia 30 de dezembro de1998, a Lei Nº 2.528, altera a natureza ju-rídica da instituição para FMT (Fundaçãode Medicina Tropical).

Atualmente denominada Fundação deMedicina Tropical do Amazonas, é centro dereferência nacional e mundial para o trata-mento de enfermidades tropicais.

A outra instituição presente é a FCecon(Fundação Centro de Controle de Oncologia

do Estado do Amazonas), que se localiza naesquina da Rua Francisco Orellana com a Av.Dom Pedro I, iniciando o seu atendimento noano de 1977, tendo como missão de formulare executar a política estadual de combate aocâncer. A Fcecon tem por objetivos promovera prevenção, o diagnóstico e o tratamento docâncer através da prestação de assistênciamédico-social especializada de efetiva capaci-dade resolutiva a pacientes, bem como o en-sino e a pesquisa, no campo da oncologia.

O serviço de alimentação é assegurado por lanchonetes e restaurantes instalados em uma praça 24 horas

Foi idealizada no governo de Danilo Duarte deMattos Areosa (1968-1972), tendo a sua con-strução iniciada no governo de Enoch da SilvaReis, em 1976, pela construtora SM Industria eComercio. No ano de 1978 as suas obras sofr-eram uma paralisação por 10 anos, vindo a serreiniciada no governo de Amazonino Mendes(1987-1990), pela construtora Comagi, com aparticipação da Suframa (Superintendência daZona Franca de Manaus) e CEF (CaixaEconômica Federal).

Foi inaugurada oficialmente no dia 25 demarço de 1990, contando com um grande es-paço físico, possuindo ainda alojamentos paraabrigar 220 atletas, um auditório refrigeradopara 120 pessoas, uma biblioteca, uma estruturaadministrativa, lanchonete, um parque aquáticocom 3 piscinas uma olímpica, uma semiolímpica e um tanque de saltos, alem da pista deatletismo, um kartodromo, uma pista skate,quadras esportivas, restaurantes e cozinha euma sala de musculação.

A Vila Olímpica atende a todos os níveis sociaisde Manaus abrindo vagas para a população emgeral nas seguintes modalidades: natação, póloaquático, basquetebol, voleibol, tênis de mesa,atletismo, capoeira, judô, boxe, xadrex e espaçospara caminhada livre oferecida às comunidadesvizinhas à vila.

2299Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Page 30: história dos bairros

Quando o primitivo núcleo urbano deManaus se formou no largo do Trincheira (praça9 de Novembro) se espalhando em direção à ilhade São Vicente,sobre uma extensa área antesocupada por um cemitério indígena, a cidadedos trópicos começava a pensar na expansão emdireção ao sul alguns anos depois. Foi nessa ex-pansão que o bairro de Constantinopólis,começou seu processo de desenvolvimento.Apesar do bairro já existir desde que foi criado oestabelecimento dos Educandos Artífices, obraeducacional de regime internato para a práticadas artes. Daí vem o nome conhecido popular-mente do bairro como Educandos.

O estabelecimento de ensino que hoje abrigao colégio Machado de Assis, com sua arquiteturatotalmente modificada, foi criado por meio da leinº 60 de 21 de agosto de 1856, enquanto o bairropassou a ser denominado de Constantinopólis,pelo Decreto nº 67 de 22 de julho de 1907. Naépoca da criação do Educandos Artíficies, erapresidente da província João Pedro Dias Vieira.

O nome oficial do bairro de Constantinopólisfoi sugerido pelo então superintendente muni-cipal coronel José da Costa Monteiro Tapajóscomo forma de homenagear o governadorAntônio Constantino Nery (1904-1907).

Mesmo toda a pompa feita para a inaugu-ração do bairro, os populares batizaram mesmode Educandos, por conta da construção feita noalto da colina. Aos 145 anos e uma população de15.995 habitantes, o bairro se dá ao luxo de serconhecido carinhosamente como "Cidade Alta".

Cláudio Amazonas, historiador do bairroconta que o nome foi perpetuado pela popu-lação com base em depoimentos colhidos dosmais antigos, ao observar os jovens estudantesda Cachoeirinha ao atravessar o rio que dividiaos dois bairros afirmavam que iam para osEducandos, se referindo ao estabelecimento ed-ucacional. Muitas das informações sobre ahistória e origem do bairro estão contidas nolivro do historiador "Memórias do Alto da BelaVista - Roteiro Sentimental de Educandos".

COMUNIDADEFESTEIRA

Durante o período dasfestividades em comem-oração à fundação dobairro acontecem in-úmeras atividades com aparticipação de seushabitantes e de visitantes.A festa comemorativa éorganizada desde 1992,quando o tablóide "AHora" único informativoque circulava no bairro iniciou as primeiras in-spirações para a realização dos festejos deaniversário. Até hoje, a comunidade reservauma semana de festejos com a realização dasatividades cívico-sociais. Educandos é tido comoum bairro tradicional, além de ser margeadopelas águas do rio Negro e, por está próximo docentro da cidade.

A referência do bairro é o centro comercial daavenida Leopoldo Peres, fator financeiro eeconômico gerando renda e empregos diretos e

indiretos para trabal-hadores da comu-nidade. Conta comagências bancárias,postos 24 horas, pos-tos de gasolina, super-mercado, lojas deeletro-domésticos,sapatarias, lojas deconfecções, restau-rantes e serviços de

hotelaria. Mas nem só do comércio vive o povodos Educandos. O bairro é margeado pela orlado Rio Negro e emoldurado pelo calçadão bati-zado de amarelinho. Um dos pontos turísticosdo bairro. A praça em frente a igreja remete obairro aos primeiros momentos de sua evoluçãourbana, além de até hoje servir de passeiopúblico e ser o palco para as manifestações cul-turais realizadas no bairro. No setor cultural,Educandos pode se orgulhar em ser pioneiro nabrincadeira do boi-bumbá. Nomes como Luz de

Guerra, Corre-Campo e Garanhão são conheci-dos em todo o Estado como os mais tradicionais.

Na área da educação, são enumerados quatroimportantes escolas em nível estadual que aten-dem a comunidade: Machado de Assis (ruaAmâncio de Miranda-onde funcionava a escolados artíficies), Estelita Tapajós (rua ManoelUrbano), Monteiro de Souza (avenida LeopoldoPeres) e professora Diana Pinheiro (avenidaPresidente Kennedy), além de uma escola partic-ular: Novo Horizonte (rua São Vicente de Paula).

Os artífices do alto da colina

EducandosEducandos

O bairro dacidade alta temuma das áreascomerciais maisfortes de Manaus,ligada ao Centroda cidade poruma ponte e aobairro daCachoeirinha porrecentes obras doProsamim, doGoverno doEstado

3300Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Um dos principais pontos turísticos do bairro, o calçadão do Amarelinho fica à beira do rio Negro

Batizado de bairrode Constantinópolisem 1907, moradorespreferiram chamá-lo

de Educandos

Favorecida por estar em uma região alta da cidade, a comunidade pode ainda desfrutar dos ventos soprados do rio Negro

O perímetro do bairro se inicia no rioNegro com o igarapé dos Educandos;deste último até o igarapé do Quarenta;deste vai até a avenida Leopoldo Péres;desta segue para a avenida PresidenteKennedy; em linha reta segue no destinoNorte-Sul até a nascente do igarapé daColônia Oliveira Machado; voltando ao rioNegro até o igarapé dos Educandos.

Page 31: história dos bairros

No início do século 20, com as instalaçõesdas primeiras indústrias no bairro deAparecida, à beira do igarapé de São Raimundosurge o bairro conhecido na época apenascomo Matadouro. A área como ainda não erahabitada serviu para o povoamento feito pelosoperários destas indústrias. Era o local ideal efacilitava a vida destes operários que passarama morar próximo do emprego.

Em 1912 foi instalado no bairro o mata-douro municipal dando, portanto, o primeironome à comunidade. O abate feito no mata-douro abastecia toda a cidade. Nos anos 50, obairro começa o processo de crescimento, in-clusive com a chegada dos interioranos fugidosda grande enchente que naquele períodosofriam as dores de terem perdido tudo nos lo-cais de onde vinham. Nesta mesma época, ospadres que serviam na paróquia de SãoRaimundo começavam a dar assistência aosdesabrigados. Ajudaram na construção dacapela e na primeira escola. Em seguida, emforma de mutirão juntamente com a comu-nidade ergueram a igreja de Nossa Senhora daGlória. Em homenagem à santa, o bairro pas-sou a se chamar Glória.

Com meia década de vida, o bairro da Glóriacomemora no dia 15 de agosto a festa de suapadroeira e se orgulha de ter atravessado as pi-ores fases de uma comunidade em fase de de-senvolvimento. O bairro por muitos anos foitemido por conta da onda de violência e jovensentrando no mundo das drogas. O trabalhopastoral desenvolvido pela igreja reduziu oíndice e começa uma nova fase de desenvolvi-mento. As principais lideranças têm lutadojunto com a comunidade para que os poderesmunicipal e estadual olhem com mais carinhopara a Glória, no sentido de melhorarem o sis-tema de transporte, saneamento básico queainda é carente e sistema de esgoto. O bairro,apesar de pequeno é um dos maiores redutoseleitorais em época de eleição, não trem rece-bido à atenção que se espera da classe política.

O lugar que antes funcionava o matadouroque deu origem ao bairro, hoje cedeu lugarpara as instalações da Fundação Nacional deSaúde. Para os moradores mais antigo, como éo caso de Amazonina Bastos, 96, uma dasprimeiras a chegar ao bairro junto com seumarido, o fotógrafo Antônio Menezes (morto)as lembranças que tem são do matadouro e domatagal que juntamente com outros habi-tantes ajudou a desmatar e trazer o desenvolvi-mento ao bairro.

Uma curiosidade descoberta pela estudanteuniversitária Gláucia Campos, está relacionadaà porta lateral da igreja. Conta que antigamenteem frente da paróquia foram instalados algunspequenos bares. Na hora da liturgia na igreja,os bêbados iam para a entrada da porta e fi-cavam gritando e perturbando a missa. Então opadre mandou abrir uma porta ao lado e, todasas vezes que iniciava os cultos, a porta da frenteera fechada para evitar os inconvinientes.Atualmente a igreja tem duas portas principaise na frente foram feitos os beneficiamentos ur-banos com a construção de uma quadra poli-valente e uma área coberta abrigando lan-chonetes e uma banca de revista. O bairro seserve das ofertas oferecidas no mercado mu-nicipal ao lado do tradicional campo do Sul

América com vendas de pescado e mercadoriasde consumo. Além das escolas estaduaisAntônio Bittencourt, na rua Presidente Dutra eNossa Senhora da Glória, na Lourival Muniz.

Na área de lazer e entretenimento resta ape-nas a quadra para as práticas desportivas e asreuniões de adolescentes que utilizam a praçado bairro para seus encontros aos finais de se-

mana. Para conhecer o bairro seu ponto inicialé na avenida Presidente Dutra seguindo até oigarapé do Sulamérica e retornando aPresidente Dutra. Com 8.427 habitantes, se-gundo dados do IBGE, o bairro da Glória, naZona Oeste, faz fronteira com os bairros do SãoRaimundo, Santo Antônio e Aparecida.

SULAMÉRICA ESPORTE CLUBEFundado em 1º de maio de 1932, há al-

guns anos antes do início da Segunda GuerraMundial por um grupo de jovens do bairro daGlória, Zona Oeste de Manaus, que pensandoem criar um nome de clube que valorizasse aamérica do sul, pelo lado patriótico extensivo

a todos os países do continente meridional,foi criado o Sulamérica Esporte Clube que sóveio a ganhar o título em 1992 e em 1993quando formou um verdadeiro time degrande força. Com o objetivo de enfrentar oclube do São Raimundo, nasceu então o con-hecido pelos amantes do futebol amazo-

nense, o "sulão". Entre 1938 e 1941 o clubefoi desativado, por diversas razões, mas em1942, o conhecido pela comunidade apenascomo Arquitecclínio, cobrador de bondes naépoca, da ex-Manaus Transway reorganizou o"trem da colina" e pôs adiante o sonho do bi-color. Quem apelidou, segundo o site doclube, "trem da colina", foi o jornalista nadedada de 50, Irisvaldo Godô, pela rapidez noseu ataque. Com esta denominação foi cri-ado, portanto, o mascote do clube.

O Sulão ganhou o torneio início do ama-zonão de 1977. Nos anos de 1992 e 1993, foibi-campeão do torneio. Neste ano foi oprimeiro clube de menor torcida a desbancara dupla "rional" dos títulos, feito este que nãoacontecia desde 1973 quando a extintaRodoviária tinha sido campeã. Nesta época, opresidente do Sulamérica era o empresárioMário Cortez, lutador incansável pelo profis-sionalismo do futebol amazonense. Em 1991foi ele quem mandou restaurar sua sede in-stalando refeitório, dormitórios e melho-rando o salão de festas.

O maior inimigo do Sulão sempre foi oclube do bairro vizinho, o São Raimundo.Sempre que acontece um confronto entre osdois, as torcidas dizem que vai acontecer oclássico "galo preto", em virtude do acontecianuma época não muito distante quando suastorcidas faziam "macumba" nos dois bairros,justamente no dia do jogo.

Atualmente o Sulamérica, ou "trem dacolina" mantém um convênio com clubes in-gleses na busca de negociação com algumatleta do clube que se destaque em campo.

O campo de treino fica na rua São Bento,no próprio bairro da Glória. Sua sede fica nacabeceira da ponte que interliga o bairro deSão Raimundo ao bairro de Aparecida.

GlóriaGlória

Os traços preservados daarquitetura domercado municipal dobairro mostra ovalor que é dadopelos moradoresàs suas tradiçõese principais pontos históricosda Glória

3311Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Do Matadouro parauma vida de glória

O trabalho da igreja católica ajudou a reduzir índices de criminalidade e violência no bairro

A feira coberta do bairro é uma presença tradicional

Page 32: história dos bairros

JapiimJapiim

3322Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Como lembrança do histórico 31 de março

Cortada por uma das principais vias de Manaus, a General Rodrigo Otávio, o bairro tem facilidade de transporte

O bairro do Japiim está localizado na zonaSul de Manaus. Sua população estimada é deaproximadamente 52.253 habitantes, quevivem numa área de 420.00 hectares. Suas ori-gens remontam ao conjunto chamado 31 deMarço, projetado para atender a populaçãoque trabalhava no Distrito Industrial dacidade, mas o bairro cresceu e hoje se divideem Japiim I, Japiim II e Japiinlândia. Este úl-timo se desenvolveu a partir de uma invasão ese estende até a área chamada de Pantanal,cujo limite vai até o igarapé do Quarenta e en-globa também a comunidade de nome SantaClara. São estas localidades que se juntam

para formar o bairro Japiim.Com relação ao nome Japiim, os

moradores antigos lembram que no localonde se desenvolveu o bairro havia grandenúmero de pássaros dessa espécie, queacabou batizando o novo espaço habita-cional. Ao longo dos anos de vivência na co-munidade, os moradores conseguiram al-guns avanços, como ruas asfaltadas e linhasde ônibus que fazem trajetos para diferentespontos da cidade, além de que muitos itin-erários das linhas dos outros bairros pre-cisem passar pela avenida General RodrigoOtávio, a principal do Japiim, o que aumenta

a oferta de transporte aos moradores.

BOA ESTRUTURADE SERVIÇOSO bairro possui posto de saúde, escolas

públicas estaduais e municipais, praças,abriga um dos órgãos importantes da admin-istração estadual, a Seduc (Secretaria Estadualde Educação e Cultura), responsável pelo fun-cionamento das escolas estaduais, e o Studio5, complexo de lojas comerciais, pizzarias,choperias, casa de show e exposições, que temem suas dependências o Cinemark, sala decinema que atrai grande público.

Em cada uma das subdivisões do Japiim(Japiim I, Japiim II, Japinlândia, Pantanal,Quarenta e Santa Clara) há atividadeseconômicas desenvolvidas, como oficinas deconsertos de carros, borracharias, locadorasde veículos, panificadoras e confeitarias,sorveterias, lanchonetes, locadoras de fitas eDVD´s, bazares, drogarias, academia deginástica, lojas de materiais de construção,feira coberta, igrejas católicas e evangélicas,pet shop e clínica veterinária, Associação deAlcoólicos Anônimos, jornal, indústrias,fábricas, cinemas, postos de gasolina e es-tação de rádio.

Page 33: história dos bairros

33333333Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

LINHAS DE ÔNIBUS QUE PASSAM PELO BAIRRO

611 - T2 - Passa noJapiim II, principais ruas,entra no Terminal daCachoeirinha e vai aoCentro.

612 - T2 - Passa peloJapiim I, principais ruas,entra no Terminal daCachoeirinha e vai aoCentro.

613 - T2 - Faz linha doJapiim II, passando nasprincipais ruas.

614 - T2 - Vem doConjunto Atílio Andreazzano Japiim II, passandonas principais ruas, entrano terminal daCachoeirinha e vai aoCentro.

007 - Japiim Hiléia.009 - Japiim Hiléia.

Outros ônibus quepassam na rua prin-cipal (GeneralRodrigo Otávio), masnão entram nobairro.

616 - T2 - Faz especifi-camente a rota para oCampus Universitário,passa na rua principal doJapiim, (foi citado na en-trevista por isso sua pre-sença em linhas deônibus). Assim como aslinhas 213, 215 dentreoutras.....

215 - Bairro da Paz-Ceasa.

213 - Ceasa.

PRINCIPAIS RUAS

Maria Mansour - en-

trada para o Japiim pelaJapimlândia

Gel. Rodrigo Otávio -entrada para Bairro peloCoroado.

Av. Tefé - entrada pelaCachoeirinha ePetrópolis.

Estrada do Contorno -entrada pela "Bola daSUFRAMA" - Povos daAmazônia.

Av. Tefé.• UNISOL - Fundação

de Apoio Institucional RioSolimões.

• Jornal doCommercio.

• Secretaria de Estadoda Segurança Pública.

• Lumicenter - materi-ais de construção.

• Ciama - Companhiade Desenvolvimento doEstado do Amazonas.

• Cigás - Companhia deGás do Amazonas.

• Centro UniversitárioNilton Lins - Unidade doJapiim.

• Cisper da Amazônia.• Rádio Baré.• Stock Casa.• Di Fratello.• Posto BR.• Fábrica Jupiá.• Picolino - Cervejaria e

Pizzaria.

PRINCIPAL VIAAvenida General

Rodrigo Otávio

Casa DobermamDrogaria Morifarma.Amazon Priente.Grupo Mensageiro de

Alccolicos Anômimos.1. Escola Estadual

Djalma da Cunha Batista.• Avenida Penetração.

São Joaquim Materiaisde Construção

Feira Coberta doJapiim.

Farmácia Popular.

• Rua Fábio Lucena.Igreja do Sagrado

Coração de Jesus.1. Centro Municipal de

Educação Infantil DrºFernando Trigueiro.

Centro de Convivênciadas Orquídeas -Secretaria Municipal deAssistência Social.

Avenida Perimetral D.Seduc - Secretaria de

Estado de Educação eCultura.

Escola EstadualNathália Uchoa.

Tulipas Bar.

Avenida Solimões 2Atílio Andreaza

Ulbra - UniversidadeLuterana do Brasil.

Rua Canumã. Escola Municipal

Izabel Angarita

Avenida Rio Negro ePiedade.

Igreja Virgem Piedade.

Rua 31- Conj. 31 deMarço.

Centro de SaúdeJapiim.

Rua 26 - Conj. 31 deMarço

Centro Municipal deEducação Infantil JoãoBarbosa.

Rua C - Conj. 31 deMarço

Centro Municipal de

Educação InfantilFernando Trigueiro.

Rua 20 - Conj. 31 deMarço.

Escola Municipal ProfºJosé Wandemberg R.Leite.

Rua Clóvis Bivaqua oucomo é mais conhecidaRua Polivalente.

Centro Municipal deEducação Infantil ProfºJuracy Freitas Maciel.

Escola Estadual BenícioLeão.

Rua Jorge Biváqua.Escola Estadual Profº

Ondina de Paula Ribeiro.

Rua Projetada.Feira do Polivalente.Praça de Alimentação.

Inaugurada em Maio de2005.

Rua Epitácio Pessoa.Escola Municipal São

Lázaro.

PRESENÇA DA EDUCAÇÃO 6 (seis) escolas estadu-

ais5 (cinco) escolas mu-

nicipais.

PRINCIPAISCONJUNTOS

Conjunto 31 de MarçoConjunto Atílio

Andreazza.

PRINCIPAIS BECOSPrimavera1º de MaioOriental AmazonasSão Sebastião

CONHEÇA MAIS DO JAPIIM

LOCALIZAÇÃOZZoonnaa SSuull ddaa cciiddaaddee ddee MMaannaauuss.. FFaazz lliimmiitteess ccoomm CCoorrooaaddoo,, PPeettrróóppoolliiss,, JJaappiiiinnllâânnddiiaa,, RRaaiizz,,DDiissttrriittoo IInndduussttrriiaall..

À espera de melhoriasDe acordo com Zélia Pimentel Maciel, moradora do

Japiim II, desde 1974, o bairro sofreu significativo avanço ur-bano, social e econômico, porque quando ela se mudou parao local, conforme recorda, as ruas eram todas de barro e compoucas casas. A moradora lembra que até mesmo a igreja eramuito pequena e de madeira, diferente da paróquia erguidahoje, de alvenaria.

No bairro não existem grandes áreas verdes e o espaçoreservado ao lazer se restringe ao canteiro central da avenidaRodrigo Otávio, que possui praças, jardins e pistas para cam-inhadas, utilizadas pelos moradores ao final da tarde para seexercitar. No entanto, por estar localizada entre as duas pis-tas da movimentada avenida, o local não oferece segurançaaos frequentadores, principalmente à noite, quando cos-tuma ocorrer disputas de carros em alta velocidade.

Embora ostente diversificada atividade comercial, oJapiim não possui nenhuma agência bancária, o que causa

transtorno aos moradores que precisam dos serviços dosbancos. Também faz falta no bairro um posto policial, pois aDelegacia de Homicídios e Seqüestros, que já funcionou nobairro, mudou de endereço, e hoje o policiamento éprecário, deixando a comunidade exposta às ações degaleras juvenis e a roubos e furtos. Esta falta de segurança semanifesta nas constantes disputas de corridas de carros naavenida principal do bairro que já ocasionou muitas tragé-dias.

Para moradores mais devotos do Japiim I, resta a pro-teção da Santíssima Trindade, padroeira do bairro, o que nãopode contar aqueles que vivem na área dor Japiim II, cujosanto protetor não foi identificado. Não existe nenhum dadohistórico que comprove a data de fundação do bairro, masrelatos de moradores mais antigos dão conta de que o JapiimI iniciou em 1969 e, dois anos depois, portanto em 1971,surge o Japiim II.

Page 34: história dos bairros

Manaus da década de 80 ainda vivia odrama das péssimas condições habitacionais,o encarecimento do preço da moradia e a seg-regação das classes menos favorecidas foramempurradas para zonas da cidade sem nen-huma estrutura urbana. Claramente se viaManaus ser construída pelos casebres com-postos em sua maioria de famílias de baixarenda. Começam a surgir os bairros periféri-cos da Zona Leste.

O primeiro foi o Coroado, o segundo o SãoJosé e logo em seguida juntamente com ou-tros tantos, o Coronel Jorge Teixeira, fundadono dia 14 de março de 1989. Numa solenidadesimplória das lideranças da época en-cabeçada por Geraldo de Souza Bentes e maisalguns voluntários. Segundo estimativas le-vantadas pela própria Associação deMoradores, a renda familiar dos moradores

não chegava a um rendimento per capita deum salário mínimo. Dados apontam grandedeficiência de sistema de esgoto e sanea-mento básico.

Na realidade, a situação do Jorge Teixeiranão é particular e isolada. Cerca de 80%, deacordo com estatísticas do IBGE tem a marcacomum do abandono dos poderes públicos.Como explicar essa situação? A explicaçãomais plausível para o crescimento desorde-nado no país é a falta de um planejamento ur-bano, baseado no "déficit habitacional". Oque aconteceu com o surgimento de bairroscomo Jorge Teixeira foi justamente à existên-cia de uma defasagem entre o ritmo de cresci-mento da população urbana e o da construçãode novas residências de boa qualidade.

Jorge Teixeira, bem como o João Paulo I, IIe III cresceu montados em precárias mora-

dias. Sem ter como adquirir habitações de boaqualidade, seus habitantes optaram pelomais fácil que foram as invasões. O desequi-líbrio entre a procura e a oferta falou maisalto. É possível observar que 80% das residên-cias foram construídas em terrenos não apro-priados a moradia (morros e zonas alagadas)sem registro topográfico ou geográfico e afas-tado do centro urbano.

Jorge Teixeira sobrevive economicamentebaseado em seu comércio de estivas loca-lizado no início da avenida Penetração. Namesma avenida, funciona uma pequena fei-rinha com uma média de sete boxes comer-cializando pescado e frutas. O número de cri-anças fora da escola ainda é uma realidade ex-posta. A comunidade com uma feira coberta,no entanto, muito precária em termos deofertas à comunidade. O bairro em suas três

etapas está sendo assistido pelas escolasestaduaisVasco Vasques (rua NovaEsperança), professora Cleomenes do CarmoChaves (rua 10 com a Élson) e, duas particu-lar. Uma na terceira etapa Centro EducacionalLeão de Judá e outra na quarta etapa: CentroEducacional Amazonida.

Enfim, a área superficial de 1.019.87hectares que abrange as comunidades doJorge Teixeira de I a IV, conjunto J. CarlosMestrinho, Nova Floresta, conjunto ArthurFilho, João Paulo I e II, Monte Sião e bairroNovo, partindo da perspectiva de novos tem-pos, vive os conflitos sendo visível à falta de as-sistência no setor de energia, água, sanea-mento e segurança pública. Na área do lazer eentretenimento, crianças e adolescentes nãotem opções, a não ser as casas de shows aos fi-nais de semana.

Ainda batendo continência

Fazendo história desdea data de fundação

Jorge TJorge Teixeixeiraeira

PParque 10arque 10

3344Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

No dia 10 de novembro de 1937, oPresidente Getúlio Vargas fechou oCongresso Nacional e decreto o regime doEstado Novo no país. Um ano após esseacontecimento, em Manaus nascia o bairrodo Parque 10 de Novembro, na ZonaCentro-Sul. Inclusive, o nome do bairro foiem homenagem à data. O novo empreendi-mento foi estruturado para ser um grandebalneário fazendo fronteira com os bairrosAleixo, Adrianópolis, Chapada e Flores.Hoje depois de ter atingido a maior idade ese consolidado como um dos mais nobresbairros de Manaus comporta uma popu-lação de 32.817 habitantes e uma áreacomercial efervescente.

O mesmo balneário era formado por sí-tios e chácaras servindo toda a comunidadeamazonense como a única opção de lazer eentretenimento nos dias mais quentes dacidade. Durante o período em que JoséFernandes foi prefeito de Manaus, o bal-neário passou por uma recuperação total.O bairro, portanto, se originou a partir dobalneário onde está atualmente a Sedema(Secretaria Municipal de Desenvolvimentoe Meio Ambiente) e a Fundação Villa Lobos,na avenida Recife. O igarapé do Mindú quebanhou tantas vezes os amazonenses setornou uma corredeira de águas poluídascom o advento da modernização.

Aos poucos foi sumindo o atrativocampestre dando lugar ao bairro, propria-mente dito. Em 1969, com o crescimento

da cidade surge o primeiro conjuntohabitacional na área. Construído sob a su-pervisão da antiga Cohab (Companhia deHabitação do Amazonas), o conjuntoCastelo Branco recebeu este nome es-tando relacionado ao momento históricodo país durante o regime militar. Osprimeiros moradores eram tidos como declasse média alta. O conjunto recebeutoda a estrutura de saneamento e pavi-mentação. Como é possível notar em boaparte dos conjuntos habitacionais deManaus, as ruas são estreitas tornandomuitas vezes impossível a passagem dedois veículos ao mesmo tempo em sentidocontrário. O mesmo problema pode serobservado nos conjuntos do mesmobairro. Hoje o Parque 10 se tornou umagrande área de conjuntos habitacionais:Jardim Meridional, Parque Tropical,Pindorama, Jardim Amazonas,Samambaia, Itaoca, Consag, Vila da Barra,Murici I e II, Uirapuru, Mucuripe,Eldorado, Novo Horizonte, Juliana, NovoMundo, Jauaperi, Jardim Primavera, NovaFriburgo, Sausalito, Malibu, JardimImperial, Verdes Mares I e II, Ipanema,Barra Bela, Vila do Rey, Arthur Reis, Encol,Real, Parque Sangrilá I a VII, JardimYolanda, Califórnia e Itália.

A principal área comercial do bairroestá situada na avenida Perimetral e narua do Comércio. Nesta última o intensomovimento mostra o potencial do bairro

com instalação de várias lojas de mi-udezas, construção civil, confecções,restaurantes, locadoras de vídeo, cybercafé, panificadoras, açougues, pet-shops,salão de beleza, escola de idiomas e droga-rias. Há também uma loja lotérica, trêsagências bancárias ( Banco do Brasil,Bradesco e Caixa Econômica Federal).Três praças dividem o bairro, sendo a maismovimentada, principalmente à noite, apraça do entroncamento que leva aoCentro da cidade.

REIVINDICANDODIREITOSO bairro ao longo dos anos foi sendo es-

truturado e suas relações sociais ficandocada vez mais intensas e s própriosmoradores que chegavam de várias partesda cidade percebendo o desenvolvimentoda comunidade, logo se organizaram epassaram a reivindicar os benefícios bási-cos entre eles, a reestruturação da pavi-mentação e serviços de saúde e educação.Conta hoje quatro escolas estaduais(Altair Severiano Nunes, Santa Terezinha,Aderson de Menezes e professora LeonillaMarinho) e mais quatro particulares(Centro de Ensino FundamentalPartenon, Centro de Ensino Integrado deManaus, Centro de Educação ÁlvaroBotelho Maia e Portal Centro Integrado deEducação Ltda).

Localizada timidamente em uma das

ruas estreitas do bairro, a igreja de NossaSenhora de Lourdes mantém um númeroexpressivo de fiéis. A mesma santa é apadroeira do Parque Dez. Mas também osfiéis se dividem para louvar São JudasTadeu. No ano de 1977, atendendo aopedido da comunidade que sentia neces-sidade de um local que proporcionasseentretenimento e prestação de serviço, oentão prefeito, coronal Jorge Teixeira deOliveira, deu início ao empreendimentode construção do CSU (Centro SocialUrbano), com recursos do PNCSU (PlanoNacional de Centro Sociais Urbanos).O OCSU seguindo o mesmo protocolo de hom-enagens do período recebeu o nomeHumberto de Alencar Castelo Branco(primeiro Presidente do regime militar) ocomplexo foi inaugurado em 25 de julhodo mesmo ano. O projeto beneficiava a co-munidade com uma extensa área verde,piscina, quadra polivalente e campos defutebol. Foi construída também umacreche em tempo integral, atendendo acrianças com idade de três a cinco anos.

Outro monumento importante dobairro é o Parque do Mindú, inauguradoem 1992, na época apenas existia oigarapé.Com o trabalho de revitalizaçãofoi construído um complexo abrigandoum chapéu de palha para realizações deencontros e seminários e outro com estru-tura metálica para realização de eventosculturais e ambientais.

Page 35: história dos bairros

O bairro do Lírio do Vale, localizado naZona Oeste, tem sua origem por volta do anode 1979, período marcado pela expansão ur-bana de Manaus, quando deu início oprocesso de invasões de grandes áreas des-ocupadas da cidade. O local recebeu estenome devido às muitas flores que existiam nolugar, como margaridas, jasmim e lírio e, poraclamação pública, o bairro é batizado deLírio do Vale.

O Lírio do Vale está localizado entre osbairros do Planalto e da Ponta Negra e hojeapresenta uma zona comercial diversifi-cada, com feira popular bastante freqüen-tada e inúmeros estabelecimentos comer-ciais. Dentro do bairro também podem serencontrados postos de abastecimentos, es-colas públicas, ponto de táxi e áreas delazer destinadas aos comunitários, como ocampo do Buracão, onde também são real-izados grandes eventos festivos.

Assim como tantos outros bairros deManaus, o Lírio do Vale carece de planeja-mento urbano, evidenciado pelas ruas estre-itas e sem saída e inúmeros becos, o que difi-culta o trânsito de veículos nas artérias dobairro. Mas já foi pior, quando no início o Líriodo Vale não possuía uma urbanização ade-quada, com carência de energia elétrica, águaencanada e transporte coletivo.

De acordo com relatos de moradoresantigos, muitas casas foram construídaspróximas aos igarapés e com freqüência eram

alagadas, com o problema agravando-se nosperíodos de chuvas. No entanto, o bairro foirecebendo benefícios, através de ações dopoder público, principalmente na década de1990, como a instalação de rede de esgoto, ur-banização e pavimentação das vias. Masmesmo assim o bairro ainda apresenta áreasde degradação, com casas instaladas nasproximidades dos igarapés e que correm riscode alagação.

Com sua geografia acidentada, o bairrotem como características muitas ruas comacentuados declives, o que impossibilita ummelhor traçado urbano e dificultada a circu-lação de veículos, principalmente ônibus,cujo trânsito fica restrito às ruas principais.

Esta falta de planejamento urbanocriou situações curiosas, como um posto deenergia elétrica fincado no meio da rua, tor-nando-se mais um obstáculo para dificultaro fluxo de veículos, já bastante prejudicadodevido às ruas estreitas e sem saídas. Alémdesses problemas já comuns, o bairro tam-bém sofre com a falta de regulamentaçãofundiária, uma vez que grande parte dascasas erigidas no local não tem nenhum reg-istro nos órgãos de urbanização.

Segundo informações da Suhab(Superintendência de Habitação doAmazonas), a maior parte dos propri-etários de domicílios do bairro não possuitítulo definitivo de seus imóveis, criandosérios problemas na hora de vender ou

Para lembrar das flores

Lírio do VLírio do Valeale

3355Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

mesmo reformar as casas. Na Suhab, exis-tem apenas contratos dos proprietários,assinados ainda na época da invasão entreproprietários com órgãos já extintos.

Conforme explica Maria Cristina,moradora do Lírio do Vale há mais de vinteanos, hoje um dos principais problemas dolocal é a violência, que deixa marcas negativasno bairro. "Existe rixa de galeras aqui e as pes-soas não podem circular livremente em algu-mas áreas", conta a moradora. SegundoMaria Cristina houve casos de brigas que re-

sultaram em morte há bem pouco tempo.Com relação à educação, Maria Cristina

denuncia a falta de professores nas escolas e apouca fiscalização dos órgãos competentespara minorar este problema, que atinge prin-cipalmente às crianças. Ela reclama da faltade postos de saúde e a distância do bairro emrelação aos prontos-socorros da cidade."Quando alguém adoece e precisa de socorrourgente temos grandes dificuldades emtransportar essa pessoa até um postomédico", denuncia a moradora.

Localizado na zona norte de Manaus, com 23anos de história e uma população estimada em 35mil habitantes, o bairro de Santa Etelvina tem suaorigem vinculada por iniciativa de caseiros daregião antes conhecida apenas como quilômetro16 da Am-010.

Precisamente no ano de 1979, vários grupos depessoas vindas do interior do Estado do Amazonas,vieram para Manaus trabalhar como caseiros, naZona Norte, na área conhecida apenas comoPaxiúba ou simplesmente quilômetro 16 da AM -010. , por conta de um balneário existente no local.Em pouco tempo a área que parecia distante dacidade sendo reserva apenas para grandes sítiosparticulares foi se tornando habitada pelospróprios caseiros. Nascia, portanto, os primeiroscaminhos que viriam a se tornar ruas já com umnome de batismo de Santa Etelvina.

Com o levantamento das primeiras casas setornou inevitável seu crescimento. A partir daí,toda a superfície de 617.98 hectares de terra foramdivididas em duas áreas distintas. Uma perten-cente a Bayma Diniz e a outra tendo como propri-etário, conhecido pelos moradores somente comoOsmar (com ele, os primeiros habitantestravaram muitos conflitos pela posse da terra). Amesma área servia de reserva para retirada deareia e barro para serem comercializadas comoprodutos da construção civil em vários pontos dacidade. Era comum o tráfego de camioneiros ecaçambeiros.

As terras que ficavam próximas a atual igreja

de Santa Etelvina conhecida popularmente como"ferro de engomar" até então era terras devolutas.Elizabete Beltrão, a "dona Zita", antiga moradoraafirmava que se as terras tivessem que ser de al-guém seriam dela que já cultivava no local há al-gum tempo. Ela mesma dividiu as terras entre al-gumas famílias, e foi nesse local que os caseiros re-solveram iniciar o bairro. Foi a partir desse mo-mento, Osmar começou a reivindicar e dizer queas terras lhe pertenciam. Segundo contam osmoradores mais antigos, toda a área do conhecido"ferro de engomar" foi cercado gerando um con-flito com a policia, mas os Em 1982, Dona Zita,seu Salviano Barbosa de Abreu, dona Odinéia,dona Geralda e alguns outros, foram ao "Institutode Terras do Amazonas" ITERAM, descobrir dequem eram de fato as terras, e uma vez lá elesforam instruídos a começar a construir as casas.Eles começaram a construir casinhas singelas demadeira e logo a situação da conhecida por unscomo "Vila Paxiuba" e por outros "Vila SantaEtelvina" foi regularizada. Como bairro segundo odiário oficial, foi oficializado em 1984. "Com a lib-eração da área, aproximadamente 150 famíliastiveram o direito de construírem casa" é o queconta o jornal comunitário "A Gazeta", idealizado,patrocinado, e redigido pelo senhor JoséRaimundo Barbosa da silva, o vulgo Zé Barbosa,morador do bairro a mais de 15 anos e filho de seuSalviano de Abreu um dos fundadores.

RELIGIÃO E AS COUSAS DA FÉ

Em homenagem a Santa padroeira do bairro osmoradores resolveram construir uma igreja paraque fosse batizada com o seu nome. Porém nãoconseguiram apoio da igreja católica, por que ape-sar de ser considerada santa pela fé popular elanão é canonizada pela igreja, portanto, não ésanta. Mesmo assim os moradores não desisti-ram, sem muitos recursos e sem ajuda eles er-gueram a "igreja de Santa Etelvina". Segundo pop-ulares, o padre Juliano teria dito que "galinha iacriar dente, mas essa igreja não ia sair", Mais saiu.Esse mesmo padre arrependido e muito emo-cionado realizou a primeira missa. Como SantaEtelvina não é canonizada ela não pode ser apadroeira do bairro, e como solução encontrada, onome é igreja da Santa Etelvina (referente aobairro), mas a padroeira é "Nossa Senhora doImaculado Coração de Maria". Segundo ZéBarbosa, por conta desses conflitos houve umagrande dispersão de fieis no bairro. Existem qua-tro igrejas católicas no bairro: Imaculado Coraçãode Maria, Nossa Senhora da Conceição, SantoAntônio e Nossa Senhora de Fátima.

Com o desenvolvimento do bairro iniciou umaproliferação de novas doutrinas cristãs como ocrescimento de templos das igrejas evangélicas,que vão surgindo e se criando neste ambiente degente sofrida que procura conforto e esperança, eencontram nas congregações protestantes como aigreja "Deus é Amor". Há rumores no bairro tam-bém quanto à existência de um centro deUmbanda, um "terreiro", mas como é grande o

preconceito com os adeptos da Umbanda e doCandomblé, eles permanecem na escuridão.

SANTA ETELVINA HOJEDividido em 6 comunidades (Jardim Fortaleza,

Santa Tereza, Parque Santa Etelvina, Vera Cruz, 14Bis e Jardim Rachel), o bairro tem uma boa estru-tura e é considerado pelos moradores um bom lu-gar para viver, apesar dos muitos problemas.Possui um pequeno centro comercial que fica lo-calizado na rua Sete de Maio, com açougues, mer-cados, padarias, feira e etc. Conta também comoum C.C.A. "Centro de Capacitação de Atletas", umadelegacia, o posto de saúde Sávio Belota e uma cas-inha do medico da família,

O bairro hoje já tem uma estrutura melhor quea de 23 três anos atrás. Porém, os problemas inici-ais como saneamento básico, falta de água, polici-amento inexistente, educação precária, ainda ex-istem e nenhum é tam grave quando a falta deágua.

Existem aproximadamente 4 mil famílias semágua encanada, e essas pessoas tem que se loco-mover de suas casas a torneiras públicas, a poçosartesiano, emprestam ou compram água de quemtem. Existem ligações de água com mangueiras nomeio das ruas . No que diz respeito a água, a situ-ação do bairro é precária.

Logo após o problema da água vem à educação,principalmente a educação infantil. Uma das esco-las do bairro chegou a abrir vagas noturnas paracrianças. É isso ou não estudar.

Santa EtelvinaSanta Etelvina

À espera da canonização

Page 36: história dos bairros

A Matinha dos tucumãs

Bariri testemunha tempos difíceis

Presidente VPresidente Vargasargas

A padroeiraSanta Luzia e suaigreja mantémfervorosa a fédos católicos,uma tradiçãoque acompanhao início da história do bairroque já foichamado de morro

3366Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A busca por melhoria de vida, a fuga dafalta de perspectiva devido ao abandono rele-gado ao interior do Amazonas no inicio doséculo 20 e a busca de pespectiva de quali-dade de vida e de emprego nos centros ur-banos foi um chamariz para milhares de in-terioranos abandonarem suas terras e seaventurarem em Manaus. Assim como ou-tras áreas da cidade, a região conhecida comoPresidente Vargas, na Zona Centro-Sul, antesconhecida como Morro do Tucumã ( devido agrande presença desta palmeira no local)passando a ser habitada sobretudo por pes-soas humildes e oriundas do interior. Poucasse aventuravam a morar na área da estrada daCachoeira Grande ou bairro da Castelhana.Conforme Digesto Municipal - Tombo II nosarquivos da biblioteca Arthur Reis, é possívelencontrar referências da localidade desde1894 quando sofre intervenção daIntendência Municipal que manda limpartoda a área.

O nome Matinha veio na primeira metadedo século 20 talvez devido ao intenso matagale a existência de apenas uma trilha de acesso.Esmeraldo Araújo Lima, um dos primeirosmoradores comprou um terreno na décadade 40 de José Ferreira Lima conhecido comoZé da Matinha, para posteriormente con-struir um comercio. Atualmente funciona aPanificadora Esmeralda, uma das mais anti-gas casas comerciais. Francisco Araújo Lima,nascido e criado no bairro e filho deEsmeraldo mantém a tradição da familia noramo do comercio e relembra que nas últi-mas décadas, o bairro passou por muitastransformações.

A consolidação do bairro veio com asprimeiras empresas como olarias, serrarias ea fabrica de juta - Jutal - (continua ativa egerando emprego para alguns moradores dobairro) Mesmo com a proximidade doCentro, há na comunidade um número ex-pressivo de estabelecimentos comerciais queincluem mercearias, locadoras, drograrias,açougues e salões de belezas.

AMARGALEMBRANÇADurante a década de 40 ocorreu um

grande incêndio no bairro, à rua SãoDomingos, lembra Maurício da Costa Barros,76 conhecido como "Coquinho", moradormais antigo do bairro, na época com apenas10 anos de idade . "Todas as casas eram depalha e as pessoas muito pobres, o incêndiodestruiu 46 casas, foi difícil. Para chegar aobairro a gente tinha que vir de linha de Bonde

ou canoa", recorda.

MATINHEIROSX BUCHEIROSNa segunda metade da década de 80 exis-

tia uma rivalidade entre os ribeirinhos daMatinha, da Glória e São Raimundo. A dis-puta pela primazia e monopólio das devidasorlas era motivo de brigas e desavenças. Nodepoimento de Jorge Barros (um dosBucheiros e hoje Contador ), estas disputaseram principalmente nas áreas de fluxo dascatraias, onde os jovens matinheiros ebucheiros ( devido a presença do matadouromunicipal os moradores eram "apelidados"desta maneira.) atravessavam às braçadas,de uma ponta a outra.

TEMPOSMODERNOSApesar das dificuldades dos primeiros

tempos o bairro se desenvolveu e hoje contacom a presença de algumas instituiçõespúblicas: escolas, Casinha da Saúde (rua SãoJosé); Centro de Saúde Matinha ( TravessaBoa Sorte com beco Bragança); igreja SantaLuzia da Matinha. Outras instituições quepertencem ao bairro são o C.I.R. (ConselhoIndígena de Roraima), sede do Partido dosTrabalhadores (regional).

Os tempos modernos trouxeram o Bairropara o Centro. Com isto a violência e a falta desegurança se tornaram as principais preocu-pações dos habitantes. Segundo depoimen-tos colhidos, a falta de policiamento osten-sivo nas áreas de risco, como as ruas doBariri, de São Domingos e Beira - Mar, trazema marginalidade e insegurança. "Após a con-strução do Terminal 01 na avenidaConstantino Nery, a violência aumentou,sendo necessário uma melhor estrutura parao combate à criminalidade, segundo afir-mação do comunitário Jaime Jorge do AmaralMoreira.

Presidente Vargas luta por melhorias deinfra-estrutura. Ainda que encravada noperímetro central da cidade, não possui redede esgotos, falta saneamento (sobretudo nasruas do Bariri), carência de áreas de lazer esegurança. A coleta de Lixo ainda não é regu-lar, principalmente no beco São Domingos ena área do Bariri.

A Associação dos moradores da Matinhafundada em 1994 tem hoje a frente JoaquimJânio e Walter Couto que lembram que a in-stituição tem tentado sensibilizar o poderpublico no sentido de construírem umagrande área de lazer em um terreno baldio

do bairro, um Centro Comunitário e umaCreche, instituições que fazem falta a popu-lação carente da comunidade". Além destaluta, a associação oferece cursos gratuitospara os moradores, por meio de convênioscom a Prefeitura Municipal.

TRADIÇÃODO FUTEBOLCom uma população próxima de 40 mil

pessoas, Presidente Vargas é um bairro ale-gre. O torneio de futebol é uma tradição entreos moradores. Realizado todos os anos nomês de dezembro nos dias 19 e 20 entre ostimes Cabeças de Toro ( tendo como presi-dente Pipi) versus Pés Inchados (que tem afrente o Didico).

Presidente Vargas conta com duasquadras de esporte e uma pequena praça lo-calizada à frente da igreja. Local ideal para ajuventude se encontrar e escutar músicas.Mas a comunidade reclama da falta deopções de lazer.

No período do Carnaval a presença doGrêmio Recreativo Escola de SambaPresidente Vargas, fundada em 15 de outubrode 1985 é o atrativo cultural do bairro abrig-ando centenas de foliões. Tendo como presi-dente João Almeida, a escola está no Grupo deAcesso e nos últimos anos tem sido convi-dada para o Grupo Especial.

O aniversário do bairro é comemorado nodia 15 de Setembro, ainda que girando emtorno da polêmica sobre a idade do bairro e aprópria data de fundação. Moradores comoGetulio Coutinho (universitário) pretendemverificar a procedência da data.

RUAS DE HISTORIASA área comercial se concentra nas duas

principais artérias: a rua Dibo Felipe, antiga1º de Maio, deve seu nome ao proprietário doestabelecimento Casa Felipe que virou refer-ência para a localização do bairro e Av. Ayrãouma das mais antigas vias.

Estabelecimentos comerciais como"Mercadinho 5 Estrelas", Drogarias,Locadoras de Vídeo ,Salões de Beleza,açougues e a famosa "Casa Felipe" na es-quina com a Constantino Nery fazem fervil-har os negócios e abastecem aosmoradores, que contam com a comodidadeda proximidade do centro de Manaus. Emoutras ruas, como Santa Quitéria, Rua daLegião, São Domingos uma intensa ativi-dade comercial também floresce.

Outra via importante é a Boa Sorte, hoje

Kako Caminha. Esta rua tem uma historia in-teressante, como lembra o comercianteFrancisco Lima " No inicio do bairro, noprimeiro quartel do século XX, se erguiammuitas olarias e o fluxo de carroças era in-tenso, por conta das idas e vindas numerosas,passaram a chamar o trecho de rua do CorreFroxo". Hoje infelizmente a rua e seus mora-dos buscam por melhorias no saneamento esegurança, pois as bocas de fumo são umapresença indesejada.

A VIDA RELIGIOSAA vida religiosa do bairro, ao menos para os

católicos, é cadenciada pela Paroquia de SantaLuzia da Matinha, que também é a padroeira,cuja Festa mobiliza a comunidade católica ese realiza no dia 13 de Dezembro com umagrande Procissão que percorre as vias princi-pais da comunidade. Como nos lembra oagente Pastoral Almir Silva "os missionáriosredentoristas chegaram à localidade por voltado ano de 1946 e aqui erigiram a primeiracapela de palha , presidida pelo PadreRedentorista João MacCormick". A atual paro-quia de Santa Luzia conta com o centro paro-quial, comunidades que se reportam a elacomo: Nossa Senhora do Perpetuo Socorro ,São Luiz e São Domingos Gusmão situada narua São Domingos, uma antiga vacaria.

O sincretismo religioso é uma caracterís-tica do bairro. Diferentes orientações reli-giosas dividem o mesmo espaço democratica-mente, revelando uma grande tolerância.Igrejas Evangélicas como "Assembléia deDeus" e "Deus é Amor" dividem espaço comos Kardecista que se reúnem nas ruas BoaSorte e São Sebastião.

Terminal da Constantino Nery

O Bariri se forma a partir do igarapé deSão Raimundo, por toda extensão dos alaga-dos. Os antigos moradores compostos namaioria por interioranos vindo de váriasáreas do Amazonas como Autazes e vilaSolimões ( Jataí ) e outros ainda "expulsos"de suas terras, incentivados por melhorescondições de vida na cidade, chegam aManaus sobretudo na década de 60 com oêxodo rural. O choque com a realidade durae crua dos grandes centros tornar mais ativa

a vida do bairro. Em um primeiro momento uma

cidade flutuante, com barracos sendoconstruídos sob chavascais.Posteriormente boa parte dos alagados (notava-se a presença de grandes quanti-dades de joaurizal e tucumãzais) foi ater-rada e surgiu um novo bairro.

Localizado na parte baixa do bairro presi-dente Vargas, o Bariri faz fronteiras com obairro da Gloria e Aparecida.

Hoje nem de logo lembra tempos tão difí-ceis quanto os já enfrentados. Ainda assim osproblemas persistem O saneamento básico,esgotos a céu aberto, a precária coleta deLixo, a falta de lazer e a violência continuamsendo as principais mazelas enfrentadas pe-los moradores.

Porém a violência e a falta de segurançaoprimem centenas de trabalhadores quehabitam a comunidade. As drogas invademas ruas e vielas do Bariri conforme depoi-

mentos tomados um maior presença dapolicia e do Estado nesta área e necessáriacom urgência.

Pessoas honestas e que querem umavida digna, que pagam seus tributos sãosubmetidas diariamente a insegurançadas ruas do Bairro. Nas suas idas e vindas ,na sua constituição quanto bairro deManaus o Presidente Vargas se torna umguerreiro na luta por dignidade, por umavida mais tranqüila .

Page 37: história dos bairros

Com a chegada da década de 80 e parte daZona Leste já totalmente habitada, inúmerasfamílias ocupam uma área que pertencia aum antigo seringal. No local já moravamcerca de 30 famílias que beneficiavam a terraem prol do próprio sustento. Naquela áreaparecia ser mais uma terra prometida paraquem não tinha terra e muito menos casa.Com o advento de mais um êxodo retratadopelas pernamancas improvisadas, lonas, pa-pelão e palha, nasce o Mauazinho fazendofronteira com as vilas Felicidade, Buriti eParque Mauá.

Após ter sido aberto um imenso campopara a edificação do futuro bairro, a direçãoda Suframa (Superintendência da ZonaFranca de Manaus) aciona a justiça para reti-rada das famílias do local alegando ser pro-priedade da instituição. Por outro lado, os

antigos e novos posseiros se diziam de fato osproprietários, já que havia um beneficia-mento das terras feita por elas.

INÍCIOOFICIALPortanto, a área do antigo seringal foi ju-

dicialmente entregue aos posseiros pelaPrefeitura de Manaus no dia 20 de abril de1985 e batizado de Mauazinho I. Em 1994,parte de sua área foi atingida pela erosão e ascasas construídas no local foram atingidas. Apartir deste episódio, o bairro expandiu umpouco mais surgindo a segunda etapa echamada de Mauazinho II. Atualmentemoram em toda superfície de 723.73hectares cerca de 14 mil habitantes. Sendoque, dez mil moram na primeira etapa equatro mil na segunda.

Um detalhe curioso é que na segunda etapado bairro, cerca 4 mil pessoas, não são assisti-das no setor de educação, saúde, segurança emuito menos saneamento básico. A líder dobairro, Maria de Jesus, acredita que em breveos comunitários terão o título definitivo dasterras e serão beneficiados por programas so-

ciais dos governos municipal e estadual.Mauazinho conta com uma vista

panorâmica do encontro das águas, uma dasmaravilhas e cartão postal de Manaus.Todavia, a comunidade ainda sofre com oatendimento no Centro de Saúde com a faltade profissionais capacitados. As ruas re-cebem um tratamento de péssima quali-dade, sem saneamento básico e sistema deesgoto. O bairro não tem área de lazer, a nãoser os inúmeros bares espalhados pelobairro, ao mesmo tempo funcionando comomercearias. A maior central de abasteci-mento, a Ceasa está totalmente obsoleta.Outro fator negativo é o serviço de transportedas linhas 711 e 712 que atende a comu-nidade. Boa parte da frota, além de está su-cateada demoram em média de uma a duashoras de espera.

De frente para a belavista do rio Negro

MauazinhoMauazinho

À beira do rioNegro, no pontoem que se faz a travessia para oCareiro-Castanho, oantigo porto daCeasa hoje nãopassa de umamontoado debarracos que seconvencionouchamar de feira

3377Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

O bairro nasceu coma vista privilegiada

do rio Negro, deonde se vê o

Encontro das Águas

Do movimento de outrora, quando a Ceasa dominava a comercialização de produtos hortigranjeiros, só restou melancolia

No bairro do Mauazinho existem duas IgrejasCatólicas: a de Nossa Senhora das Graças e a de NossaSenhora dos Navegantes. Ali estão localizadas tam-bém várias igrejas protestantes e um centro de um-banda, este na Rua Val paraíso. Não existem quadrasesportivas no bairro, existem cinco escolas, uma es-tadual a Berenice Martins, e quatro municipais, aPadre Luiz Ruas, Heleno Nogueira, Ana Maria deSouza e a Nova Vida, insuficientes para atender a de-

manda existente de alunos e com quadras esportivasde pequeno porte.

Talvez o pior problema enfrentado pelosmoradores do Mauazinho seja a violência e o au-mento de uso de drogas, entretanto seus moradoressão muito receptivos e mulheres como a DonaAntonia Zilma no Mauzinho I e a Dona Maria JesusSampaio no Mauzinho II não perdem a esperança econtinuam lutando por um bairro melhor.

Contribuição religiosa

Habitantes em busca de dias melhores

Page 38: história dos bairros

A Matinha dos tucumãs

Bariri testemunha tempos difíceis

Presidente VPresidente Vargasargas

A padroeiraSanta Luzia e suaigreja mantémfervorosa a fédos católicos,uma tradiçãoque acompanhao início da história do bairroque já foichamado de morro

3388Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A busca por melhoria de vida, a fuga dafalta de perspectiva devido ao abandono rele-gado ao interior do Amazonas no inicio doséculo 20 e a busca de pespectiva de quali-dade de vida e de emprego nos centros ur-banos foi um chamariz para milhares de in-terioranos abandonarem suas terras e seaventurarem em Manaus. Assim como ou-tras áreas da cidade, a região conhecida comoPresidente Vargas, na Zona Centro-Sul, antesconhecida como Morro do Tucumã ( devido agrande presença desta palmeira no local)passando a ser habitada sobretudo por pes-soas humildes e oriundas do interior. Poucasse aventuravam a morar na área da estrada daCachoeira Grande ou bairro da Castelhana.Conforme Digesto Municipal - Tombo II nosarquivos da biblioteca Arthur Reis, é possívelencontrar referências da localidade desde1894 quando sofre intervenção daIntendência Municipal que manda limpartoda a área.

O nome Matinha veio na primeira metadedo século 20 talvez devido ao intenso matagale a existência de apenas uma trilha de acesso.Esmeraldo Araújo Lima, um dos primeirosmoradores comprou um terreno na décadade 40 de José Ferreira Lima conhecido comoZé da Matinha, para posteriormente con-struir um comercio. Atualmente funciona aPanificadora Esmeralda, uma das mais anti-gas casas comerciais. Francisco Araújo Lima,nascido e criado no bairro e filho deEsmeraldo mantém a tradição da familia noramo do comercio e relembra que nas últi-mas décadas, o bairro passou por muitastransformações.

A consolidação do bairro veio com asprimeiras empresas como olarias, serrarias ea fabrica de juta - Jutal - (continua ativa egerando emprego para alguns moradores dobairro) Mesmo com a proximidade doCentro, há na comunidade um número ex-pressivo de estabelecimentos comerciais queincluem mercearias, locadoras, drograrias,açougues e salões de belezas.

AMARGALEMBRANÇADurante a década de 40 ocorreu um

grande incêndio no bairro, à rua SãoDomingos, lembra Maurício da Costa Barros,76 conhecido como "Coquinho", moradormais antigo do bairro, na época com apenas10 anos de idade . "Todas as casas eram depalha e as pessoas muito pobres, o incêndiodestruiu 46 casas, foi difícil. Para chegar aobairro a gente tinha que vir de linha de Bonde

ou canoa", recorda.

MATINHEIROSX BUCHEIROSNa segunda metade da década de 80 exis-

tia uma rivalidade entre os ribeirinhos daMatinha, da Glória e São Raimundo. A dis-puta pela primazia e monopólio das devidasorlas era motivo de brigas e desavenças. Nodepoimento de Jorge Barros (um dosBucheiros e hoje Contador ), estas disputaseram principalmente nas áreas de fluxo dascatraias, onde os jovens matinheiros ebucheiros ( devido a presença do matadouromunicipal os moradores eram "apelidados"desta maneira.) atravessavam às braçadas,de uma ponta a outra.

TEMPOSMODERNOSApesar das dificuldades dos primeiros

tempos o bairro se desenvolveu e hoje contacom a presença de algumas instituiçõespúblicas: escolas, Casinha da Saúde (rua SãoJosé); Centro de Saúde Matinha ( TravessaBoa Sorte com beco Bragança); igreja SantaLuzia da Matinha. Outras instituições quepertencem ao bairro são o C.I.R. (ConselhoIndígena de Roraima), sede do Partido dosTrabalhadores (regional).

Os tempos modernos trouxeram o Bairropara o Centro. Com isto a violência e a falta desegurança se tornaram as principais preocu-pações dos habitantes. Segundo depoimen-tos colhidos, a falta de policiamento osten-sivo nas áreas de risco, como as ruas doBariri, de São Domingos e Beira - Mar, trazema marginalidade e insegurança. "Após a con-strução do Terminal 01 na avenidaConstantino Nery, a violência aumentou,sendo necessário uma melhor estrutura parao combate à criminalidade, segundo afir-mação do comunitário Jaime Jorge do AmaralMoreira.

Presidente Vargas luta por melhorias deinfra-estrutura. Ainda que encravada noperímetro central da cidade, não possui redede esgotos, falta saneamento (sobretudo nasruas do Bariri), carência de áreas de lazer esegurança. A coleta de Lixo ainda não é regu-lar, principalmente no beco São Domingos ena área do Bariri.

A Associação dos moradores da Matinhafundada em 1994 tem hoje a frente JoaquimJânio e Walter Couto que lembram que a in-stituição tem tentado sensibilizar o poderpublico no sentido de construírem umagrande área de lazer em um terreno baldio

do bairro, um Centro Comunitário e umaCreche, instituições que fazem falta a popu-lação carente da comunidade". Além destaluta, a associação oferece cursos gratuitospara os moradores, por meio de convênioscom a Prefeitura Municipal.

TRADIÇÃODO FUTEBOLCom uma população próxima de 40 mil

pessoas, Presidente Vargas é um bairro ale-gre. O torneio de futebol é uma tradição entreos moradores. Realizado todos os anos nomês de dezembro nos dias 19 e 20 entre ostimes Cabeças de Toro ( tendo como presi-dente Pipi) versus Pés Inchados (que tem afrente o Didico).

Presidente Vargas conta com duasquadras de esporte e uma pequena praça lo-calizada à frente da igreja. Local ideal para ajuventude se encontrar e escutar músicas.Mas a comunidade reclama da falta deopções de lazer.

No período do Carnaval a presença doGrêmio Recreativo Escola de SambaPresidente Vargas, fundada em 15 de outubrode 1985 é o atrativo cultural do bairro abrig-ando centenas de foliões. Tendo como presi-dente João Almeida, a escola está no Grupo deAcesso e nos últimos anos tem sido convi-dada para o Grupo Especial.

O aniversário do bairro é comemorado nodia 15 de Setembro, ainda que girando emtorno da polêmica sobre a idade do bairro e aprópria data de fundação. Moradores comoGetulio Coutinho (universitário) pretendemverificar a procedência da data.

RUAS DE HISTORIASA área comercial se concentra nas duas

principais artérias: a rua Dibo Felipe, antiga1º de Maio, deve seu nome ao proprietário doestabelecimento Casa Felipe que virou refer-ência para a localização do bairro e Av. Ayrãouma das mais antigas vias.

Estabelecimentos comerciais como"Mercadinho 5 Estrelas", Drogarias,Locadoras de Vídeo ,Salões de Beleza,açougues e a famosa "Casa Felipe" na es-quina com a Constantino Nery fazem fervil-har os negócios e abastecem aosmoradores, que contam com a comodidadeda proximidade do centro de Manaus. Emoutras ruas, como Santa Quitéria, Rua daLegião, São Domingos uma intensa ativi-dade comercial também floresce.

Outra via importante é a Boa Sorte, hoje

Kako Caminha. Esta rua tem uma historia in-teressante, como lembra o comercianteFrancisco Lima " No inicio do bairro, noprimeiro quartel do século XX, se erguiammuitas olarias e o fluxo de carroças era in-tenso, por conta das idas e vindas numerosas,passaram a chamar o trecho de rua do CorreFroxo". Hoje infelizmente a rua e seus mora-dos buscam por melhorias no saneamento esegurança, pois as bocas de fumo são umapresença indesejada.

A VIDA RELIGIOSAA vida religiosa do bairro, ao menos para os

católicos, é cadenciada pela Paroquia de SantaLuzia da Matinha, que também é a padroeira,cuja Festa mobiliza a comunidade católica ese realiza no dia 13 de Dezembro com umagrande Procissão que percorre as vias princi-pais da comunidade. Como nos lembra oagente Pastoral Almir Silva "os missionáriosredentoristas chegaram à localidade por voltado ano de 1946 e aqui erigiram a primeiracapela de palha , presidida pelo PadreRedentorista João MacCormick". A atual paro-quia de Santa Luzia conta com o centro paro-quial, comunidades que se reportam a elacomo: Nossa Senhora do Perpetuo Socorro ,São Luiz e São Domingos Gusmão situada narua São Domingos, uma antiga vacaria.

O sincretismo religioso é uma caracterís-tica do bairro. Diferentes orientações reli-giosas dividem o mesmo espaço democratica-mente, revelando uma grande tolerância.Igrejas Evangélicas como "Assembléia deDeus" e "Deus é Amor" dividem espaço comos Kardecista que se reúnem nas ruas BoaSorte e São Sebastião.

Terminal da Constantino Nery

O Bariri se forma a partir do igarapé deSão Raimundo, por toda extensão dos alaga-dos. Os antigos moradores compostos namaioria por interioranos vindo de váriasáreas do Amazonas como Autazes e vilaSolimões ( Jataí ) e outros ainda "expulsos"de suas terras, incentivados por melhorescondições de vida na cidade, chegam aManaus sobretudo na década de 60 com oêxodo rural. O choque com a realidade durae crua dos grandes centros tornar mais ativa

a vida do bairro. Em um primeiro momento uma

cidade flutuante, com barracos sendoconstruídos sob chavascais.Posteriormente boa parte dos alagados (notava-se a presença de grandes quanti-dades de joaurizal e tucumãzais) foi ater-rada e surgiu um novo bairro.

Localizado na parte baixa do bairro presi-dente Vargas, o Bariri faz fronteiras com obairro da Gloria e Aparecida.

Hoje nem de logo lembra tempos tão difí-ceis quanto os já enfrentados. Ainda assim osproblemas persistem O saneamento básico,esgotos a céu aberto, a precária coleta deLixo, a falta de lazer e a violência continuamsendo as principais mazelas enfrentadas pe-los moradores.

Porém a violência e a falta de segurançaoprimem centenas de trabalhadores quehabitam a comunidade. As drogas invademas ruas e vielas do Bariri conforme depoi-

mentos tomados um maior presença dapolicia e do Estado nesta área e necessáriacom urgência.

Pessoas honestas e que querem umavida digna, que pagam seus tributos sãosubmetidas diariamente a insegurançadas ruas do Bairro. Nas suas idas e vindas ,na sua constituição quanto bairro deManaus o Presidente Vargas se torna umguerreiro na luta por dignidade, por umavida mais tranqüila .

Page 39: história dos bairros

A Matinha dos tucumãs

Bariri testemunha tempos difíceis

Presidente VPresidente Vargasargas

A padroeiraSanta Luzia e suaigreja mantémfervorosa a fédos católicos,uma tradiçãoque acompanhao início da história do bairroque já foichamado de morro

3399Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A busca por melhoria de vida, a fuga dafalta de perspectiva devido ao abandono rele-gado ao interior do Amazonas no inicio doséculo 20 e a busca de pespectiva de quali-dade de vida e de emprego nos centros ur-banos foi um chamariz para milhares de in-terioranos abandonarem suas terras e seaventurarem em Manaus. Assim como ou-tras áreas da cidade, a região conhecida comoPresidente Vargas, na Zona Centro-Sul, antesconhecida como Morro do Tucumã ( devido agrande presença desta palmeira no local)passando a ser habitada sobretudo por pes-soas humildes e oriundas do interior. Poucasse aventuravam a morar na área da estrada daCachoeira Grande ou bairro da Castelhana.Conforme Digesto Municipal - Tombo II nosarquivos da biblioteca Arthur Reis, é possívelencontrar referências da localidade desde1894 quando sofre intervenção daIntendência Municipal que manda limpartoda a área.

O nome Matinha veio na primeira metadedo século 20 talvez devido ao intenso matagale a existência de apenas uma trilha de acesso.Esmeraldo Araújo Lima, um dos primeirosmoradores comprou um terreno na décadade 40 de José Ferreira Lima conhecido comoZé da Matinha, para posteriormente con-struir um comercio. Atualmente funciona aPanificadora Esmeralda, uma das mais anti-gas casas comerciais. Francisco Araújo Lima,nascido e criado no bairro e filho deEsmeraldo mantém a tradição da familia noramo do comercio e relembra que nas últi-mas décadas, o bairro passou por muitastransformações.

A consolidação do bairro veio com asprimeiras empresas como olarias, serrarias ea fabrica de juta - Jutal - (continua ativa egerando emprego para alguns moradores dobairro) Mesmo com a proximidade doCentro, há na comunidade um número ex-pressivo de estabelecimentos comerciais queincluem mercearias, locadoras, drograrias,açougues e salões de belezas.

AMARGALEMBRANÇADurante a década de 40 ocorreu um

grande incêndio no bairro, à rua SãoDomingos, lembra Maurício da Costa Barros,76 conhecido como "Coquinho", moradormais antigo do bairro, na época com apenas10 anos de idade . "Todas as casas eram depalha e as pessoas muito pobres, o incêndiodestruiu 46 casas, foi difícil. Para chegar aobairro a gente tinha que vir de linha de Bonde

ou canoa", recorda.

MATINHEIROSX BUCHEIROSNa segunda metade da década de 80 exis-

tia uma rivalidade entre os ribeirinhos daMatinha, da Glória e São Raimundo. A dis-puta pela primazia e monopólio das devidasorlas era motivo de brigas e desavenças. Nodepoimento de Jorge Barros (um dosBucheiros e hoje Contador ), estas disputaseram principalmente nas áreas de fluxo dascatraias, onde os jovens matinheiros ebucheiros ( devido a presença do matadouromunicipal os moradores eram "apelidados"desta maneira.) atravessavam às braçadas,de uma ponta a outra.

TEMPOSMODERNOSApesar das dificuldades dos primeiros

tempos o bairro se desenvolveu e hoje contacom a presença de algumas instituiçõespúblicas: escolas, Casinha da Saúde (rua SãoJosé); Centro de Saúde Matinha ( TravessaBoa Sorte com beco Bragança); igreja SantaLuzia da Matinha. Outras instituições quepertencem ao bairro são o C.I.R. (ConselhoIndígena de Roraima), sede do Partido dosTrabalhadores (regional).

Os tempos modernos trouxeram o Bairropara o Centro. Com isto a violência e a falta desegurança se tornaram as principais preocu-pações dos habitantes. Segundo depoimen-tos colhidos, a falta de policiamento osten-sivo nas áreas de risco, como as ruas doBariri, de São Domingos e Beira - Mar, trazema marginalidade e insegurança. "Após a con-strução do Terminal 01 na avenidaConstantino Nery, a violência aumentou,sendo necessário uma melhor estrutura parao combate à criminalidade, segundo afir-mação do comunitário Jaime Jorge do AmaralMoreira.

Presidente Vargas luta por melhorias deinfra-estrutura. Ainda que encravada noperímetro central da cidade, não possui redede esgotos, falta saneamento (sobretudo nasruas do Bariri), carência de áreas de lazer esegurança. A coleta de Lixo ainda não é regu-lar, principalmente no beco São Domingos ena área do Bariri.

A Associação dos moradores da Matinhafundada em 1994 tem hoje a frente JoaquimJânio e Walter Couto que lembram que a in-stituição tem tentado sensibilizar o poderpublico no sentido de construírem umagrande área de lazer em um terreno baldio

do bairro, um Centro Comunitário e umaCreche, instituições que fazem falta a popu-lação carente da comunidade". Além destaluta, a associação oferece cursos gratuitospara os moradores, por meio de convênioscom a Prefeitura Municipal.

TRADIÇÃODO FUTEBOLCom uma população próxima de 40 mil

pessoas, Presidente Vargas é um bairro ale-gre. O torneio de futebol é uma tradição entreos moradores. Realizado todos os anos nomês de dezembro nos dias 19 e 20 entre ostimes Cabeças de Toro ( tendo como presi-dente Pipi) versus Pés Inchados (que tem afrente o Didico).

Presidente Vargas conta com duasquadras de esporte e uma pequena praça lo-calizada à frente da igreja. Local ideal para ajuventude se encontrar e escutar músicas.Mas a comunidade reclama da falta deopções de lazer.

No período do Carnaval a presença doGrêmio Recreativo Escola de SambaPresidente Vargas, fundada em 15 de outubrode 1985 é o atrativo cultural do bairro abrig-ando centenas de foliões. Tendo como presi-dente João Almeida, a escola está no Grupo deAcesso e nos últimos anos tem sido convi-dada para o Grupo Especial.

O aniversário do bairro é comemorado nodia 15 de Setembro, ainda que girando emtorno da polêmica sobre a idade do bairro e aprópria data de fundação. Moradores comoGetulio Coutinho (universitário) pretendemverificar a procedência da data.

RUAS DE HISTORIASA área comercial se concentra nas duas

principais artérias: a rua Dibo Felipe, antiga1º de Maio, deve seu nome ao proprietário doestabelecimento Casa Felipe que virou refer-ência para a localização do bairro e Av. Ayrãouma das mais antigas vias.

Estabelecimentos comerciais como"Mercadinho 5 Estrelas", Drogarias,Locadoras de Vídeo ,Salões de Beleza,açougues e a famosa "Casa Felipe" na es-quina com a Constantino Nery fazem fervil-har os negócios e abastecem aosmoradores, que contam com a comodidadeda proximidade do centro de Manaus. Emoutras ruas, como Santa Quitéria, Rua daLegião, São Domingos uma intensa ativi-dade comercial também floresce.

Outra via importante é a Boa Sorte, hoje

Kako Caminha. Esta rua tem uma historia in-teressante, como lembra o comercianteFrancisco Lima " No inicio do bairro, noprimeiro quartel do século XX, se erguiammuitas olarias e o fluxo de carroças era in-tenso, por conta das idas e vindas numerosas,passaram a chamar o trecho de rua do CorreFroxo". Hoje infelizmente a rua e seus mora-dos buscam por melhorias no saneamento esegurança, pois as bocas de fumo são umapresença indesejada.

A VIDA RELIGIOSAA vida religiosa do bairro, ao menos para os

católicos, é cadenciada pela Paroquia de SantaLuzia da Matinha, que também é a padroeira,cuja Festa mobiliza a comunidade católica ese realiza no dia 13 de Dezembro com umagrande Procissão que percorre as vias princi-pais da comunidade. Como nos lembra oagente Pastoral Almir Silva "os missionáriosredentoristas chegaram à localidade por voltado ano de 1946 e aqui erigiram a primeiracapela de palha , presidida pelo PadreRedentorista João MacCormick". A atual paro-quia de Santa Luzia conta com o centro paro-quial, comunidades que se reportam a elacomo: Nossa Senhora do Perpetuo Socorro ,São Luiz e São Domingos Gusmão situada narua São Domingos, uma antiga vacaria.

O sincretismo religioso é uma caracterís-tica do bairro. Diferentes orientações reli-giosas dividem o mesmo espaço democratica-mente, revelando uma grande tolerância.Igrejas Evangélicas como "Assembléia deDeus" e "Deus é Amor" dividem espaço comos Kardecista que se reúnem nas ruas BoaSorte e São Sebastião.

Terminal da Constantino Nery

O Bariri se forma a partir do igarapé deSão Raimundo, por toda extensão dos alaga-dos. Os antigos moradores compostos namaioria por interioranos vindo de váriasáreas do Amazonas como Autazes e vilaSolimões ( Jataí ) e outros ainda "expulsos"de suas terras, incentivados por melhorescondições de vida na cidade, chegam aManaus sobretudo na década de 60 com oêxodo rural. O choque com a realidade durae crua dos grandes centros tornar mais ativa

a vida do bairro. Em um primeiro momento uma

cidade flutuante, com barracos sendoconstruídos sob chavascais.Posteriormente boa parte dos alagados (notava-se a presença de grandes quanti-dades de joaurizal e tucumãzais) foi ater-rada e surgiu um novo bairro.

Localizado na parte baixa do bairro presi-dente Vargas, o Bariri faz fronteiras com obairro da Gloria e Aparecida.

Hoje nem de logo lembra tempos tão difí-ceis quanto os já enfrentados. Ainda assim osproblemas persistem O saneamento básico,esgotos a céu aberto, a precária coleta deLixo, a falta de lazer e a violência continuamsendo as principais mazelas enfrentadas pe-los moradores.

Porém a violência e a falta de segurançaoprimem centenas de trabalhadores quehabitam a comunidade. As drogas invademas ruas e vielas do Bariri conforme depoi-

mentos tomados um maior presença dapolicia e do Estado nesta área e necessáriacom urgência.

Pessoas honestas e que querem umavida digna, que pagam seus tributos sãosubmetidas diariamente a insegurançadas ruas do Bairro. Nas suas idas e vindas ,na sua constituição quanto bairro deManaus o Presidente Vargas se torna umguerreiro na luta por dignidade, por umavida mais tranqüila .

Page 40: história dos bairros

O bairro Nossa Senhora das Graças teve suaorigem com a invasão promovida por umgrupo de paraibanos, no ano de 1947, logoapós o final do esforço de guerra, que trouxepara a Amazônia muitos migrantes nordesti-nos para trabalhar nos seringais abandonadosdepois de encerrado o primeiro ciclo da bor-racha, no início do século passado. Conhecidoscomo soldados da borracha, os trabalhadoresficaram desamparados com o fim da SegundaGuerra Mundial, só restando a eles buscarcondições de vida nos centros urbanos.

Sem ter onde morar, o grupo passou aocupar as terras pertencentes à Maçonaria,encravada numa região que na época era oprincipal ponto de lazer dos moradores dacidade, por causa do Parque Amazonense,fundado pelos ingleses quando estestraçaram as linhas urbanas de Manaus, nosprimeiros anos do século XX. Denominadoinicialmente como Beco do Macedo, o bairrofazia uma homenagem a um dos primeirosmoradores do local, Alfredo Macedo, e umalembrança de suas ruas estreitas, comu-mente identificadas por becos.

O bairro cresceu e absorveu três impor-tantes pontos de referência da cidade: ocemitério São João Batista, o reservatório doMocó, que já foi o distribuidor de água para acidade, e o já citado Parque Amazonense,palco dos principais eventos esportivos até adécada de 1960. Fazem parte das lembrançasdos moradores mais antigos de Manaus aspartidas de futebol, as corridas de cavalo e astouradas, realizadas na arena do parque, hojeabandonada e sem lembrar em nada seustempos de glória.

O Beco do Macedo se efetiva como bairrocom a desapropriação das terras e doação aosmoradores, garantida pela Lei nº 642, de 07 dejulho de 1960. No entanto, sua história está li-gada à igreja Nossa Senhora das Graças, quedaria o nome definitivo ao local, quando éconstruída a primeira capela no bairro, em

1950, mas ainda sub-ordinada à paróquia deAdrianópolis. A capelasó ganha status deparóquia em 10 deagosto de 1957,quando é desligada dade Adrianópolis e ofi-cializada, como onome de igreja NossaSenhora das Graças.

O bairro deixa de sechamar Beco do Macedo e ganha a denomi-nação atual em homenagem a santa, mas aigreja de hoje só será construída em 1993, de-pois de mutirão de arrecadação de fundos pro-movido pela própria comunidade. No entanto,as obras sociais promovidas pela paróquiadatam de longa data, sempre prestando serviçoaos moradores do bairro com poucascondições econômicas.

LEMBRANÇASGLORIOSASMas as recordações dos primeiros tempos

do bairro ainda sobrevivem na memória dosantigos moradores, como Antônio Deusdeth,que vive há 50 anos na localidade, e lembra das

transformações sofrida no bairro. SegundoAntônio, para o Nossa Senhora das Graças viammoradores de todos os cantos de Manaus paraassistir os eventos esportivos realizados noParque Amazonense, com muitos espectadoressubindo em mangueiras para ter uma visão docampo, quando não tinham dinheiro para pa-gar a entrada. "A gente tomava banho de igarapéou então ia caçar nos buritizais onde hoje é oVieiralves", recorda.

LOCALIZAÇÃOPRIVILEGIADALocalizado na Zona Centro Sul de Manaus,

o bairro Nossa Senhora das Graças tem seuslimites traçados por três importantesavenidas da cidade, como a Djalma Batista, aSenador Álvaro Maia e a Recife, e a ruaMaceió. Suas ruas internas são estreitas, daí oantigo nome de Beco do Macedo, sendo asartérias mais importantes a Libertador, aBelém, a Pico das Águas e a Cuiabá.

Na comunidade não existe delegacia nemposto policial, mas a proximidade de bairroscom boa infra-estrutura e alto podereconômico minimiza essas dificuldades dosmoradores, que podem encontrar atendi-mento médico nos hospitais próximos. Obairro está bem servido de atividade comer-cial, com lojas que vendem infinidades de ar-tigos, bares drogarias, supermercados, acad-emias e escolas de idiomas.

No Vieiralves e conjuntos adjacentes seformou um pólo empresarial, com empre-sas prestadoras de serviços diversificados,como clínicas de estética, agências de publi-cidade e muitas outras atividades. No local seconcentra boa parta da vida noturna dacidade, com bares e restaurantes funcio-nando todos os dias.

Nossa Senhora das GraçasNossa Senhora das Graças

O cemitério municipal deSão João Batistaé o mais tradicional de Manaus,hospedando emseus túmulos asmaiores expressões davida da sociedade amazonense

4400Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Beco do Macedo e de boaslembranças do parque

Das mais lindas construções de Manaus, o reservatório do Mocó guarda a entrada do bairro

A praça Chile guarda um charme todo especial na vida do bairro

Monumentos da borracha

O bairro Nossa Senhora das Graças guarda em seuperímetro locais de grande importância histórica paracidade, principalmente da época de seu apogeu urbano,como o reservatório do Mocó, obra em estilo neo-re-nascentista, do período áureo da borracha. Foi inaugu-rado em 1899, durante o governo de José CardosoRamalho Júnior. A construção abrange uma área de 1.089metros quadrados, iniciada na administração do gover-nador Eduardo Gonçalves Ribeiro e concluída em 1897.

O reservatório foi planejado e construído com o ob-jetivo de solucionar o problema de abastecimento deágua, que no final do século XIX atingia a cidade. O pré-dio destaca-se por sua estrutura interna, toda em ferroimportado da Inglaterra, que suporta dois enormestanques metálicos, instalados no espaço superior daedificação. Tombado pelo Patrimônio HistóricoNacional, em 13 de Março de 1995, passou por umagrande reforma, realizada em 1998. O reservatório lo-caliza-se em posição privilegiada, na praça Chile, e

ainda hoje abastece parte da cidade.Já o cemitério São João Batista data de 1890, quando a

intendência municipal, ou prefeitura, adquiriu as terraspertencentes aos herdeiros do capitão-de-mar-e-guerraNuno Alves Pereira de Mello Cardoso. Ocupa uma área de92.160 metros quadrados, cercado com muro de alve-naria de pedra e tijolo, com gradil e portões de ferro. Ocemitério foi inaugurado em sessão solene, no dia 5 deabril de 1891, mas primeiro sepultamento ocorreu no dia19 do mesmo mês, recebendo o corpo do dr. AprígioMartins de Menezes, médico baiano e primeiro a sistem-atizar informações sobre a história do Amazonas.

Inaugurado em 1906, o Parque Amazonense inicial-mente era destinado apenas para corridas de cavalo,tendo capacidade para abrigar até doze mil espectadores.Fundado pelos ingleses, que na época transformavamManaus de vila em metrópole, o campo foi a principalpraça desportiva da cidade até 1973, quando foi abandon-ado, estado em que se encontra até hoje.

O bairro abriga importantes locais

de referência, comoo saudoso Parque

Amazonense

Page 41: história dos bairros

Sem registros históricos que narrem suasorigens, o bairro Nova Esperança depende damemória dos moradores mais antigos pararesgatar o seu passado, que começou com al-guns loteamentos na área compreendida en-tre o conjunto Belvedere a atual avenidaLaguna, por volta do início da década de 1980.A princípio, a área onde hoje se localiza obairro era ocupada por sítios, mas sofreu como processo de loteamento pressionado pelasinúmeras invasões terras desocupadas queocorriam na cidade.

Conforme conta Antônio Soares, moradorhá 25 anos do bairro, o local era dominado porfloresta, cortada por veredas que eram usadasparas as pessoas se deslocarem na atividade decoleta de frutas regionais. Ele diz que haviamuitas palmeiras de açaí e de buruti, e osmoradores recolhiam esses frutos paravender e obter recursos financeiros. Essas ter-ras pertenciam à Fundação Amazônia, mas foialvo de grileiros e posseiros que, não podendoconter a invasão por sem terra optaram poriniciar um loteamento.

O processo de loteamento não obedeceu acritérios urbanísticos, ocasionando que nobairro não existe áreas verdes ou destinadas aolazer. "Os terrenos foram divididos e ninguémpensou em reservar um local para se cons-truir uma praça ou uma quadra de esporte, sópensaram no dinheiro", reclama Antônio.Segundo o morador, os lotes foram entreguessem qualquer infra-estrutura e a própria co-munidade teve de buscar, junto ao poderpúblico, melhores condições de moradia.

Localizado na Zona Oeste da cidade, obairro tem seus limites traçados junto aoSanto Agostinho, Lírio do Valle, Planalto,Alvorada, D. Pedro, São Jorge e Compensa. ONova Esperança possui uma área de 150hectares, com população estimada pelo Censode 2000, realizado pelo IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística), de17.747 moradores.

A partir de 1985, o bairro ganha alguns in-vestimentos em infra-estrutura por parte daPrefeitura Municipal, que realiza trabalhos dedrenagem dos igarapés, instalação de rede deesgoto, faz o arruamento e a pavimentaçãodas vias. Com essa nova condição urbana, ocomércio se fortalece e o bairro ganha tam-bém escolas públicas, como o colégio FábioLucena, e uma particular, o colégio NossaSenhora da Esperança, além de creche.

O bairro então passa a ter razoável cresci-mento imobiliário e, hoje, ostenta um vi-goroso comércio, com lojas de artigoseletroeletrônicos, vestuário, calçados, salõesde belezas, oficinas, bares, sorveterias, droga-rias, açougues, mercearias e panificadoras.

Como na maioria dos bairros periféricosde Manaus, surgido pelo avanço da populaçãocarente sobre grandes áreas desocupadas, osmoradores do Nova Esperança sentem faltade maior presença do poder público na comu-nidade, caracterizado pela ausência de postopolicial, praças, feiras livres e agênciasbancárias, lotéricas e dos Correios. Osmoradores reclamam de que o bairro nãotem áreas verdes ou destinadas ao lazer, oca-

sionando assim menor índice de melhoria devida e desvalorização de seus imóveis.

De acordo com Heitor da SilvaMontenegro, residente no Nova Esperançadesde 1981, o bairro também não atrai in-dústrias para gerar emprego aos moradoreslocais. Esta realidade pode ser comprovadapelo alto índice de desemprego registradona comunidade, com muitos moradorestrabalhando na economia informal ouvivendo de biscate.

O bairro possui duas igrejas católicas, a deSão Francisco e a de Nossa Senhora daEsperança, além de igrejas evangélicas, comoa Batista, Assembléia de Deus, Universal doReino de Deus, Filadélfia, Quadrangular, etambém o centro espírita Luz e Caridade. Obairro não apresenta uma predominância re-ligiosa clara, mas é evidente que o número decatólicos supera em muito o de evangélicos eespíritas, cujos templos são freqüentados poruma parcela pequena de moradores.

O Nova Esperança tem como ruas princi-pais a Independência, antiga rua 03, a da Paz,da Penetração II, III , IV, a Esperança e a TomasEdson , além da av. Laguna. O tráfego de veícu-los é mais intenso na parte conhecida porNova Esperança I, cujo área comercial é maismovimentada. Na etapa II, com área comer-cial menos desenvolvida, os trabalhos de ur-banização e pavimentação das ruas só se ini-ciou pela metade da década de 1990.

Nova EsperançaNova Esperança

Duas igrejascatólicasgarantem asupremacia daigreja católicaentre os fiéisdo bairro NovaEsperança, embora a concorrênciacom as outras religiões tenhacrescido muito

4411Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Morador, a melhormemória da história

O conjunto residencial Cophasa é o portal de entrada do bairro, no caminho para o complexo da Ponta Negra

Em busca do povo religioso, igrejas evangélicas já se instalam na região

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Saga dos posseiros embusca da terra prometida

Novo IsraelNovo Israel

4422Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Em 1987, durante o governo José Sarney, oBrasil vivencia uma série de transformações.Uma delas é a redemocratização (inicio doprocesso de democratização no país)trazendo a tona temas antes esquecidos,como a reforma agrária, programas habita-cionais, distribuição de renda, entre outrasreivindicações. O Amazonas, neste contextonão estava fora dessa herança do regime mil-itar. Nesta época,o governador AmazoninoMendes, se vê em meio a inúmeras invasõesque tumultuavam a Zona Norte da cidade.Foram inúmeros imigrantes vindos dosEstados do Pará e Maranhão, além de interio-ranos amazonenses no palco da grandearena em busca de um pedaço de terra paramorar. Surge neste período aparece a figurada irmã Helena Augusta Wallcott daCongregação das Irmãs Adoradoras doSangue de Cristo e onde apenas uma ala daigreja teve um papel primordial na conquistada terra para os mais carentes.

Foi neste conflito por um pedaço de terra ena expansão da Zona Norte que surge entreoutros bairros, o de Novo Israel. Os primeirosmoradores enfrentaram os cassetetes da

polícia, mas sempre com a esperança de diasmelhores. Após tantos conflitos finalmente oNovo Israel foi instituído como bairro emdezembro de 1987, na área que antes era olixão da cidade, no quilômetro 010 daManaus/Itacoatiara.

Neste ano, explica a presidente daAssociação de Moradores Aldacir Ferreira deSouza, chegam os primeiros posseiros, umamédia de 40 famílias, inclusive ela, foi umadas primeiras a tomar posse de um pedaço deterra. "Vinham de várias partes da cidade efora dela. Chegaram e já encontravam a áreahabitada em um vilarejo chamado de "VilaIsrael", lembra.

NOME DECONSENSOO nome Novo Israel, no entanto, surge por

conta do número significativo de evangélicosque habitavam o local. Os primeirosmoradores em comum acordo optam pelonome, fazendo uma comparação bíblica asaga dos judeus em busca da terra prometidarelatada no Antigo Testamento. Muitos de-safios tiveram que ser superados, por exem-

plo, a pressão dos grileiros, que afirmavamserem donos da terra, a insalubridade do lo-cal, uma vez que a Secretária de Saúde doEstado na época condenava a invasão, devidoao acumulo de lixo que tornava a área in-abitável, o desmatamento que trazia doençascomo a leschimaniose e a malária, a super-ação e resistência frente aos mandatos de se-gurança, impetrados para reintegração deposse.

Finalmente no dia 8 de Abril de 1988, aantiga vila passou a ser o bairro Novo Israel.Nestes 17 anos de existência, logo após a de-cisão judicial, Novo Israel ainda atravessouinúmeras tensões. Líderes comunitárioscomo Raimunda Mafra Jacaúna se chocaramcom representantes da antiga Fundac ( ),órgão regulador e gerenciador do Estadopara intervenção nas comunidades. Os mes-mos tempos de tensão se associavam a con-strução de moradias, pequenos e médioscomércios e templos religiosos (evangélicospassaram a adotar o bairro como área deevangelização).

Por conta de sua origem, o bairro até hojetêm em sua maioria evangélicos, ainda que

divida espaço com a comunidade católicatendo referência a igreja de Santa Helena.

Os evangélicos estão representados pelascongregações Adventistas Deus dePromessa, Deus é Amor, Assembléia de Deus,igreja Cristã Evangélica, igreja Internacionalda Graça de Deus entre tantas outras quecongregam centenas de moradores do bairroe das localidades próximas. Estas igrejas dãoao bairro uma característica peculiar. É umademonstração da fé da comunidade desde osprimeiros momentos da ocupação, con-tribuindo inclusive para fixação de moradiasdistante do núcleo principal, explica José doNascimento Batista, congressista daAssembléia de Deus..

Outro detalhe foi a divisão de lotes entreos primeiros moradores. Segundo depoi-mentos dos mais antigos, foram separadasvárias áreas para os serviços básicos do fu-turo bairro para a construção de escolas,posto de saúde, centro social, posto policial ea igreja.

De acordo com a desbravadora AldaSouza, o nome é em homenagem à irmãHelena.

Igreja ajuda a encontrar caminhoA igreja de Santa Helena tem como data de

fundação, o dia 9 de setembro de 1990 peloarcebispo Dom Clóvis Frainer , escolhendo aSanta Helena como padroeira do bairro(festa comemorada no dia 18 de agosto).

João Paulo Giovanazzi, autor de"Formação do Bairro Novo Israel", o fatode Santa Helena, ser mãe do imperadorromano Constantino, tendo encontradoem uma lixeira de Jerusalém a cruz deJesus. Hoje o complexo de Santa Helenaconta com o centro comunitário "LucianoBacílico" que desenvolve atividades soci-ais junto à comunidade. O MCVE(Movimento Comunidade Vida eEsperança) oferecendo serviços como re-forço escolar, informática, palestras, cur-sos de reciclagem, sobretudo para opúblico infanto-juvenil.

Atualmente o Bairro de Novo Israelconta com duas etapas ( Novo Israel I e II)e uma pulverização de pequenos estab-elecimentos que abastecem a comu-nidade. Com o crescimento, grandes em-preendimentos têm tomado conta da lo-calidade como metalúrgicas, mercadin-hos, academias de ginástica, escolaspúblicas e particulares. Entre os estab-elecimentos privados estão "Cavalheirosdo Zodíaco", CMEI - Eva Gomes doNascimento entre outras.

RUAS EAVENIDASNovo Israel tem como suas principais

artérias as avenidas Chico Mendes (queliga o bairro a Colônia Terra Nova),Ezequiel e das Oliveiras, juntas formam

as principais viasdo bairro. Todasapresentam umaintensa vidacomercial, pro-liferando á cadamomento mer-cados, butiques,locadoras, far-mácias. Outrasruas comple-mentam o es-paço comoEstrela de Davi, Nova Jerusalém , Natal,São João, Passeio, Amor, Monte Orebecompondo o perímetro urbano do bairro.

Todavia, nem todas são pavimentadasou contam com serviços de saneamento.A maioria se encontra ainda com esgotosa céu aberto, barro batido e, as que foramasfaltadas (somente jogado o piche) estãocom enormes buracos, dificultando otrânsito de automóveis, pedestres e car-rinhos para o transporte de água (um dosproblemas pela falta de abastecimentoenfrentado pela comunidade).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOE AS DIFICULDADESPrato Cidadão - rua Nova Jerusalém

s/nº., 15 º quartel da Polícia Militar - avenida

Chico Mendes CAIC (Centro de Atendimento

Integrado da Criança) Dr.º Paulo Xerex -rua Chico Mendes.

Posto de Saúde "Frei Valério"- ruaEstrela de Davi

Postos deabastecimentopúblico de água

Associação dosMoradores doBairro inaugu-rada no dia 05 defevereiro de 1991tem hoje a frenteAlda Souza. Elaexplica que obairro desde suafundação passa

por uma série de avanços e retrocessos,mesmo com a presença dos órgãos gover-namentais estes não suprem a demandada população. É comum os contribuintesse deslocarem até o centro comercial oumesmo em bairros mais próximos paraefetuarem suas contas. "São necessáriosmais postos de saúde, água encanadapara todos. O bairro não possui nenhumacasa lotérica, correios ou posto degasolina, as pessoas que vivem no bairroprecisam destes serviços básicos",destaca.

Mesmo contando com as linhas310,303,309,311,313 e319 a quantidade deônibus é pouco para atender toda a comu-nidade. Nos horários de pico estão semprelotados, como afirma o morador MatheusLima de Souza, pintor automotivo.

VELHOSPROBLEMASA falta de uma distribuição regular

obriga a centenas de moradores a con-struírem poços artesianos, a contarem

com a solidariedade de vizinhos, a recor-rerem a poços públicos que em sua maio-ria são conseguidos as vésperas daseleições com candidatos "preocupadosem amenizar o sofrimento do povo", àacordarem pela madrugada para enchertanques, baldes e garrafões. Quem maissofre é a parte baixa do bairro onde oabastecimento é mais precário, dificul-tando ainda mais as vidas destes homens,mulheres e crianças.

O poder publico também parece ter es-quecido do bairro no que se refere a diver-são. A ACCNI - Associação Comunitária doNovo Israel organiza a alguns anos aQuadrilha "Os brasileirinhos na Roça"que apresenta-se regularmente nosFestivais Folclóricos da Cidade e ajudam aescola de samba Ipixuna durante o car-naval. A juventude de Novo Israel encon-tra na praça de Alimentação do bairro e naQuadra Poliesportiva "Antogildo" um dospoucas áreas de lazer.

Rubem Nelson S. Lira ( cinegrafista)morador do bairro desde sua formação edono de uma Voz Comunitária que fun-cionou entre os anos de 1989 e 1993 re-sume bem a luta deste povo "Somos pes-soas que depositamos nossos sonhos deter uma moradia própria.. Viemos, luta-mos e conquistamos muitas coisas,porém é preciso que as autoridades seconscientizem que o bairro precisa demelhorias".

A esperança e a luta se mesclam na his-toria deste bairro. Luta por melhoria devida, por melhores condições de moradia,por mais e melhores serviços publicos.

O bairro está emplena fase de

desenvolvimento, esperando melhoria

na sua estrutura

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PPetrópolisetrópolis

4433Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Mais uma contribuiçãodo coronel Montoril

Fundado em 17 de setembro de 1951, obairro de Petrópolis está localizado na ZonaSul da cidade de Manaus. Faz limites com osbairros de São Francisco, Cachoeirinha,Aleixo e Raiz. Tem uma população estimadaem 41.962, e área territorial de 196.000hectares. A principal figura do povoamentodo bairro é o coronel Alexandre Montoril,sendo o mesmo fundador do bairro vizinho,São Francisco. Entre os anos de 1950 e 1951foi aberto os primeiros caminhos com apresença de alguns moradores. Mas foi apartir da grande enchente no Estado, em1953, que foi acelerado o processo de ur-banização com a vinda de interioranos fugi-dos da alagação. Segundo Iracema Pereirada Silva, moradora desde os primeiros mo-mentos do bairro, foi neste instante queAlexandre Montoril iniciou o loteamento detoda a área para abrigar aos flagelados daalagação.

Por volta da década de 70, ou seja, 20anos depois de morarem no local, apareceuum novo dono das terras de sobrenomeMonteiro passando a tomar alguns ter-renos. Iracema da Silva conta que não que-ria perder o terreno tendo que pagar pelaárea um valor dividido em 10 prestações,assim como outros moradores.

Anos depois Iracema começou a con-struir sua casa, lembra que enfrentoumuitas dificuldades, devido o futuro bairronão possuir nenhum benefício de pavimen-tação e serviços de energia e água. Muitosforam os abaixo-assinados para a comu-nidade conseguir o asfaltamento das ruas, eoutros serviços como o abastecimento deágua, saúde e linhas de ônibus.

Resgatando acidadania

O nome dePetrópolis foi da-do na época pelopróprio coronelAlexandre Mon-toril, segundo in-formações deIracema, o bairrotinha em toda suaextensão altos ebaixos como as planícies encontradas nacidade de Petrópolis do Rio de Janeiro.

HISTÓRIAVEM DO CEARÁIracema ressalta que há poucos

moradores antigos no bairro, a maioria jámorreu ou mesmo se mudou do local.Iracema conta com detalhes a história dobairro por que o fundador coronelAlexandre Montoril era seu padrinho e veiodo Ceará acompanhado de seu pai no anode 1912, apesar de amigos seguiram car-reiras diferentes, enquanto Alexandre foitrabalhar na polícia, seu pai foi trabalharcom a agricultura. Logo depois Montoril sedestacou na política onde foi eleito prefeitoda cidade de Coari, em seguida deputado es-tadual pelo Amazonas.

A presença viva de Alexandre Montorilestá presente na história do bairro. Na en-trada pela rua coronel Ferreira Araújo o pré-dio do CAIC (Centro de AtendimentoIntegrado a Criança) tem seu nome.

Na opinião de Iracema, o bairro mesmocom toda a aparência de desenvolvimento

precisa urgente-mente de algunsserviços básicosque atenda à co-munidade comouma agênciabancária (a maispróxima fica nobairro do Aleixo),um PAC (ProntoAtendimento aoCidadão), agência

dos Correios e uma feira coberta. Esta úl-tima, uma exigência de toda a comunidadee que possa gerar emprego para os comu-nitários.

No todo, Petrópolis conta com váriasatividades comerciais: padarias, loterias,farmácias, minimercadinhos, sorveterias,lojas de eletro-domésticos, construção civil,posto de gasolina, auto-peças, serrarias erestaurantes, dando oportunidades paraque pequenos micro-empresários possamdesenvolver a economia local.

VIZINHOSILUSTRESOs conjuntos habitacionais Jardim

Petrópolis e Vale do Amanhecer e os con-domínios João Paulo VI, Nova Jerusalém eVale do Sol I e II formam outro cenáriodando um aspecto de área nobre ao bairro.Vários órgãos de utilidade pública fun-cionam em Petrópolis como as escolaspúblicas estaduais Major Silva Coutinho,Tiradentes, Polícia Militar, professoraJacimar da Silva Gama. Além de centros ed-ucacionais Menino Jesus de Praga, Nossa

Senhora de Fátima, Novo Mundo, escolaRenascer e Instituto Batista EducacionalEster.

Na área da segurança o bairro abriga oCGBM (Comando Geral do Corpo deBombeiros da Polícia Militar doAmazonas), Sinpol (Sindicato da PolíciaCivil) e a 3ª Delegacia de Polícia, servindoaos bairros de São Francisco, Petrópolis,Raiz e Japiim, funcionando 24 horas. Anova direção da Associação de Moradoresrepresentada pela sigla Somap (Sociedadedos Amigos e Moradores do Bairro dePetrópolis), fundada em 25 de fevereiro de1982, na rua Bernardo Michiles, nº 818 ini-ciou na comunidade um trabalho de res-gate da cidadania. Os integrantes da novadireção estão ligados a paróquia de SãoPedro Apóstolo. A atual presidente é ShyrleiLima, que afirma ter a missão de reorgani-zar a instituição.

SSAAIIBBAA MMAAIISSO santo padroeiro é São Pedro Apóstolo. A

paróquia que representa o santo foi construídapor volta de 1960, com a chegada dos padres dacongregação Redentorista que estabeleceramno local as Santas Missões, desde então é aparóquia mais importante de Petrópolis. Fatointeressante a ser destacado é que a comu-nidade é dividida em setores e, cada setor temum santo padroeiro. Ao todo são 28 santos fes-tejados. O curioso é que antes o bairro tinha 31santos, o que tornava inviável a presença dopároco em todas as festas comemorativas.Iracema Silva conta que o bairro vive das festasde padroeiros, todavia é São Pedro, o santo demaior devoção da comunidade.

O bairro tem maismais de 50 anosde fundação emais de 40 mil

moradores

O Colégio da Polícia Militar é uma das muitas escolas existentes no bairro, garantindo educação para a comunidade

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Situado na Zona Oeste da cidade, o Tarumãpossui 8243.25 hectares de área, o que otorna o bairro com maior extensão territorialde Manaus, fazendo fronteira com PontaNegra, Lírio do Vale, Planalto, Redenção,Bairro da Paz, Colônia Santo Antonio, NovoIsrael, Colônia Terra Nova e Santa Etelvina. Obairro tem trezentos logradouros, entre ruas,avenidas, alamedas, estradas, ramais e vias.

Conforme alguns escritores, entre elesMoacir de Andrade, em "Manaus, Ruas,Fachadas e Varandas", e Mario YpirangaMonteiro, em "Roteiro Histórico de Manaus",foi onde hoje está o bairro, por volta de 1657, oponto inicial da colonização da cidade deManaus. Mario Ypiranga, por exemplo, dizque o local era habitado por índios aruaque ealófila, quando da chegada de uma tropa deresgate que fincou uma cruz jesuítica e bati-zou o local com o nome de Missão do Tarumã.

Faziam parte dessa expedição frei Teodósioe Pedro da Costa Favela, este apontado por his-toriadores como o mais famoso matador de

índios da história do Amazonas. Esta tropafunda o primeiro núcleo cristão no vale do RioNegro. Moacir de Andrade fala de uma se-gunda tropa de resgate que voltou para con-tinuar com a colonização e dar início à ex-tração de drogas do sertão, rebatizando o localde Arraial do Tarumã. Este nome vem sendousado ao longo dos séculos é faz referência aorio Tarumã, que desemboca na margem es-querda do rio Negro.

No período áureo da borracha, a área, for-mada por grandes sítios e fazendas, forneciapedras, areia, carvão e barro para auxiliar osurto de desenvolvimento da cidade. Para al-guns moradores do local, a exploração dessesrecursos levou à destruição das muitasbelezas naturais, como cachoeiras, pois osproprietários de pedreiras usavam bombaspara ajudar na extração das pedras.

De acordo com Emanuel Ferreira deAlmeida, o "Tucano", 47 anos, que trabalhounas pedreiras do bairro, a extração foi prejudi-cial e muitas vezes era um trabalho

desumano, mas admite que a atividade aju-dava as pessoas a conseguir o sustento.

MORADORESILUSTRESOutro morador antigo do bairro é Sandoval

Melo, antigo caseiro e ex-funcionário docemitério Parque Tarumã, que aos 73 anos deidade lembra da época em que prepara carvãopara vender na cidade e obter renda para ele epara seus seis filhos. Sandoval presencioutodo o processo de modernização do bairro,como a construção da avenida do Turismo.Para ele, a modernidade trouxe benefícios,como linhas de ônibus que permitiram fácilacesso ao Centro da cidade, e empresas se in-stalaram na área e geram emprego e rendapara moradores do bairro.

O Tarumã possui hoje infra-estruturaque facilitou o surgimento de muitosrestaurantes ao longo da avenida doTurismo, além casas noturnas, como oBora-Bora e Meu Xodô, que atraem grande

número de moradores de outras locali-dades.

O bairro do Tarumã possui um grandenúmero de condomínios residenciais fecha-dos, como Parque do Lago, Vitória, Vivendado Pontal, Condomínio Mediterrâneo,Parque Riachuelo, Residencial Solimões,Vivenda Verde, Parque Náutico Bancrevea,Jardim Tarumãzinho entre outros.Encontra-se em sua área o AeroportoInternacional de Manaus, o Sivam (Sistemade Vigilância da Amazônia), o Clube do Ceture o cemitério Parque Tarumã, além de variasindústrias.

Um pouco mais afastada, a área doTarumanzinho é uma região muito pobre,com pequenos comércios e feiras, que vaitentando sobreviver às transformações. Adegradação ambiental destruiu um grandeatrativo turístico existente no bairro: as in-úmeras cachoeiras, que proporcionaramdiversão aos antigos freqüentadores dos bal-neários de outrora.

TTarumãarumã

4444Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

O pontapé inicial da colonização

PlanaltoPlanalto

Mantendo padrão naqualidade de vida

Formado por conjuntos habitacionaisque dão ao local uma infra-estrutura ur-bana organizada, o Planalto é o único bairroda Zona Centro-Oeste que se formou semsofrer invasões. Devido esta realidade, oPlanalto apresenta razoável planejamentohabitacional, com áreas verdes definidas,largas avenidas e ruas bem traçadas, situ-ação bem diferente da encontrada nas suasadjacências.

O bairro abriga os conjuntos Vista Bela,Belvedere, Flamanal, Campos Elíseos eJardim de Versailles, todos habitados porfamílias de classe média, que justifica adefinição dada pelo Implan (InstitutoMunicipal de Planejamento e Informática),como sendo uma área de "predominânciado uso residencial com tipologia de ocu-pação diferenciada". É justamente a ocu-

pação residencial, com casas de alto padrãoimobiliário, que caracteriza o bairro doPlanalto.

EXPANSÃOIMOBILIÁRIASituado entre os bairros Tarumã, Lírio

do Vale, Nova Esperança, Alvorada eRedenção, o Planalto possui uma superfíciede 426 hectares, onde vivem cerca de 13,5mil moradores, conforme censo realizadopelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística), em 2000. O bairro encontra-se em fase de expansão imobiliária, com arecente inauguração do conjunto Jardim deVersailles segunda etapa.

O bairro possui ainda uma localizaçãoprivilegiada, próximo das grandes avenidasque cortam Manaus, o que permite aos seus

moradores facilidade de deslocamento paraos demais pontos da cidade. Para ampliaresta já natural facilidade de deslocamento,o Planalto agora está ligado à avenida doTurismo, no bairro Tarumã, através daavenida do Futuro, inaugurada recente-mente, que permite rápido acesso à praiada Ponta Negra e ao aeroporto internacionalEduardo Gomes.

Mesmo sendo uma área preferencial-mente residencial, o bairro apresenta umcomércio diversificado que atende às ne-cessidades dos moradores, com padarias,pequenos mercados, agência lotérica,restaurantes e lanchonetes. Também apre-senta uma animada vida noturna, com osbares recebendo público variado vindo dosbairros vizinhos.

Os moradores podem usufruir ainda de

um pequeno shopping center, localizado naavenida Dublim, além de pizzaria e lanhauses, que concentra grande parte dopúblico jovem. Com grandes áreas verdes, obairro possui ainda campos de futebol equadras poliesportivas, destinados à práticadesportiva dos comunitários.

No Jardim de Versailles está localizada aigreja Nossa Senhora Mãe de Deus, Mãe daAmazônia, padroeira do bairro, que con-centra as atividades religiosas, como encon-tro de jovens e catequese, sendo no seuátrio realizadas as festas de arraial do con-junto. Esta igreja apresenta uma particular-idade incomum em se tratando de imagenssacras, uma vez que a santa padroeira é re-tratada com feições indígenas, ao invés dascomumente figuras das madonas louras deolhos azuis.

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Na vazante do rio Negro, a praia se torna o principal ponto de lazer do manauense, atraído pela beleza natural da região

De frente para o rio Negro,o cartão-postal da cidade

PPonta Negraonta Negra

O complexoda Ponta Negratem sido a áreada cidade maiscontempladapelo investimentodos setoresimobiliário e daconstrução civil. É hoje o espaçomais nobre emse tratando deimóveis

4455Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Localizado na Zona Oeste da cidade, àmargem esquerda do Rio Negro, tendo comolimite os bairros de Santo Agostinho, Lírio doVale e Tarumã, o bairro da Ponta Negra estádividido em 125 ruas, das quais 67 sãoalamedas, a maioria nomes de países, trintaruas com nomes de países e letras do alfa-beto, nove avenidas, dentre as principais aCoronel Teixeira, popular estrada da PontaNegra, e avenida Brasil, nove travessas, duasestradas, duas vias e um ramal.

Segundo o historiador Mario YpirangaMonteiro, em seu livro "Roteiro Históricode Manaus", o nome Ponta Negra não temmuita razão de existir porque o local é com-pletamente diverso e cheio de cores. No en-tanto, diz que "o local assim denominado éuma via em declive e as duas pontas da en-seada são orladas de mato. Talvez a to-ponímia resulte de uma falsa imagem a dis-tancia, quando o verde adquire uma tonali-dade escura". Analisando por esta expli-cação, teria de acordo com Ipiranga,surgido o nome Ponta Negra, nome esseque seria muito repetido no futuro comoprincipal ponto turístico de Manaus.

Não há muitos registros quanto à data defundação e quando surgiram os primeirossinais de desbravamento, mas sabe-se quea região, por volta de 1650, já era habitadapor tribos indígenas. Conforme dadosfornecidos na obra de Mario Ypiranga e deMoacir de Andrade, uma missão foi fun-dada por Jesuítas na área do Tarumã, com aexistência de índios Aruaque e Alófila, mais

não se sabe ao certo se existe uma ligaçãocom a Ponta Negra.

No período áureo da borracha, a regiãoservia como ponto de fornecimento dematérias-primas como carvão, pedras e aareia. Essa areia era retirada em grandequantidade, principalmente do lugar con-hecido por Areal, ainda hoje lembrado porpopulares da região, como Rosa Gonzaga, 66anos, que disse ter trabalhado no local deonde se extraia a matéria-prima. Rosa lem-bra ainda de uma grande propriedade ondeera cultivado caju, que pelo seu grande porteficou conhecida como Cajual.

Toda a área da Ponta Negra, segundoMario Ypiranga, era um antigo ponto de re-união da saciedade amazonense, para ondeas famílias se dirigiam nos fins de semana,principalmente nos meses de agosto, setem-bro e outubro.

A área começou a sofrer intervenções demelhorias no primeiro governo de GilbertoMestrinho. A estrada hoje conhecida como daPonta Negra foi asfaltada e linhas de ônibuscomeçaram a circular em sua direção aosfins de semana.

O DESENVOLVIMENTO E A PONTA NEGRA HOJEToda a área do chamado Areal começou a

ser modernizada com a aquisição de ter-renos e construção de grandes pro-priedades particulares, que começaram aospoucos a ser modernizada e hoje apresentaum grande complexo arquitetônico, como

calçadão, anfiteatro e prédios residenciais.Essa intervenção urbana mudou a pais-agem e valorizou a área, já bastante rica porsua beleza natural.

Ao longo da estrada estão localizadosmuitos condomínios fechados, como oJardim Europa e Jardim das Américas.

O bairro também reúne grande concen-tração de instalações militares, com in-úmeras guarnições do Exército, dentre elas oComando Militar da Amazônia (CMA), aPolicia do Exercito (PE) e muitas outras.

A Ponta Negra é hoje referência na cidadepor sua agitada vida noturna. Aparece aí o an-fiteatro, onde são apresentados diversosshows para a comunidade, e tambématrações clássicas, como a queima de fogosna festa de Reveillon, e algumas vezes apre-sentações especiais do Festival Amazonas deOpera. Na área do calçadão estão concentra-dos os bares, como o Laranjinha, com apre-sentações de boi-bumbá, a sorveteria Glacial,as casas noturnas Local Casa de Praia,Hollywood Beer; Fuzuê Show Bar e SimbolaShow Club, a feira do artesanato, que fun-ciona aos domingos.

Na Ponta Negra também está o suntuosoTropical Hotel Manaus, primeiro grande in-vestimento na área e porta de entrada deManaus para grandes celebridades que visi-tam a cidade. O Tropical está instalado em ex-uberante cenário, combinando a paisagemda floresta e do rio Negro com a sofisticaçãodo atendimento de hotel cinco estrelas.

No local também estão instalados os

restaurantes Braseiro e Casa do Carneiro, fre-qüentados por apreciadores da boa gastrono-mia. Sem esquecer também um grandenúmero de vendedores ambulantes que ten-tam fazer um comercial alternativo.

Longe do glamour da orla do rio Negro, obairro apresenta uma realidade bem diversa,como a região da Marina David ou Tauá, ondeas linhas 120, 126, e 012 não passam. Oscomerciantes e moradores da área têm quese locomover a pé da entrada do TropicalHotel até a marina. É uma área extrema-mente pobre que não tem nenhum tipo desaneamento básico, como banheiro público.

A comerciante Célia Rodrigues reclama doabandono da área, onde existe um comércioforte de bares, lanches e restaurantes, todosmuitos simples, com trabalho sério. Algunsdesses comércios estão instalados em balsas,como o bar e restaurante Sabrina, que atendeum grande número de turistas e pessoas quese deslocam para praias mais distantes daorla do rio Negro e para as comunidades adja-centes.

Há também duas associações demoradores e trabalhadores da Marinha Davidque fazem travessia para as praias da Lua eTupé. A ACAMDAF (Associação dos Canoeirosda Marina David Fátima) trabalha tambémfazendo transporte de seis comunidadesribeirinhas. Segundos informação deAdelson Pereira, presidente da associação, asembarcações atendem as comunidades deFátima, do Livramento, Ebenezer, Julião, SãoSebastião e Agrovila.

Page 46: história dos bairros

Chamado de "berço do samba", a Praça 14de Janeiro está diretamente relacionada àhistória de seus personagens e personificadanas tabuletas indicativas no nome de suasruas, ladeiras e casas numa integra cumplici-dade. Quem procura conhecer a fundo suahistória pode ouvir ainda os rumores da rev-olução que deu origem ao nome do bairro há113 anos, além dos relatos dos primeirosmoradores oriundos do Estado do Maranhão,muitos deles descendentes escravos.

No primeiro momento de sua história sedá no início de 1892, quando Manaus viviaum momento de desequilíbrio social eeconômico com o fracasso da administraçãopública durante o governo de GregórioThaumaturgo de Azevedo.

Atraso nos pagamentos do funcionalismoe fornecedores, a falta de assistência social àpopulação e o rompimento com o governofederal foram itens primordiais para o iníciodo processo de insatisfação popular. Foinesse cenário, que surgiu o movimento lider-ado por Almino Álvares Afonso, LeonardoMalcher e Lima Bacuri para a derrubada dogoverno. Fato que levou milhares de pessoasàs ruas numa imensa manifestação popularem direção ao antigo Palácio do Governo, naPraça D. Pedro II exigindo a renúncia deGregório de Azevedo no dia 14 de janeiro de1892.

O movimento saiu vitorioso terminando em

27 de fevereiro do mesmo ano com a renúnciade Gregório e consequentemente a nomeaçãode Eduardo Ribeiro. Na ocasião o soldado JoãoFernandes Pimenta, do Esquadrão de Cavalariado Batalhão da Polícia de Segurança do Estadofoi morto com um tiro no peito. O curioso é queno primeiro momento, o bairro foi batizado dePraça da Conciliação. Com o assassinato do sol-dado, em homenagem a ele passou a se chamarPraça Fernandes Pimenta. No mesmo ano, de1892, portanto, definitivamente o bairro foi ofi-cialmente batizado de Praça 14 de Janeiro emreferência à manifestação contra o governo es-tadual. Antes de adotar o nome definitivo que éhoje, na década de 40 do século passado, aColônia Portuguesa solicita à Câmara Municipalde Manaus a troca do nome para Praça Portugal,mas foi deferida pelos vereadores a pedido dosmoradores da comunidade.

Com uma superfície 104.33 hectares, aPraça 14 memoriza a história dos mais antigos.Dos que fizeram sua história. Dos lugares quecriaram raízes no bairro, entre eles, o famosoJaqueirão (hoje funciona a auto-peçasPemaza). Uma comunidade servida pelasparteiras e rezadeiras que viram nascer boaparte dos seus filhos.

COMUNIDADEFESTEIRAA Praça 14 no início de sua colonização

por muito tempo não tinha uma igreja para

atender a necessidade de seus fiéis. A igrejamais próxima que servia de encontro da co-munidade era a igreja de São Sebastião. Nodia 13 de maio de 1939 foi realizada aprimeira missa em comemoração a fun-dação do bairro no Santuário de Fátima, pelobispo Diocesano, Dom Basílio Pereira. Naépoca, o comerciante Antônio Caixeiro de-

cidiu doar um terreno para a construção daigreja feita em madeira até o ano de 1960, at-ualmente o local funciona como a casa paro-quial.

Tendo como padroeira Nossa Senhora deFátima, a comunidade mantém a mais decem anos a festa tradicional de São Beneditoquando é realizada

Praça 14Praça 14

Movimento popu-lar contra a ad-ministraçãopública leva co-munidade do iní-cio do século pas-sado às ruasprotestarem ele-gendo o no go-verno doAmazonas

4466Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Fruto da Revolução de 1892

Praça do Santuário de Fátima foi palco para realização de missa campal em 1939

Em 1947, a Praça 14 de Janeiro ganha sua primeira agremiação de samba batizada de EscolaMixta desfilando no mesmo ano na avenida Eduardo Ribeiro. Neste ano se consagrou campeã. Apóstreze anos sob o comando de Fernando Medeiros e Edmilson Alves da Costa, a agremiação é batizadade Grêmio Recreativo Escola de Samba Vitória Régia com fundação em 1º de dezembro de 1975.Nesta nova fase teve como fundadores Raimunda Dolores Gonçalves, Roberto Cambota, Médici deMedeiros (in memmorian), Darcy Sérgio de Souza. Seguindo o mesmo caminho percorrido pela es-cola Mixta na época de Benedito Burucutu, Eunice Medeiros, Edelmiro da Costa e Raimundo Soeira.Às véspera de completar bodas de pérola, a escola não esquece de prestar homenagens as figuras

ilustres do início de sua fundação como tia Lindoca, Nelson Medeiros, Samba Rica, Clovis Rodrigues,Domingos Leite entre outros. Nesta fase, o primeiro presidente da escola foi Nuno Cunha que tam-bém foi o responsável pela introdução dos primeiros instrumentos da agremiação.

Como Vitória Régia, o primeiro desfile aconteceu em 1976, na avenida Eduardo Ribeiro até 1985.No ano seguinte na Djalma Batista. A partir de 1992, a escola brilhou no Sambódromo. A escola todosos anos vai para a passarela do samba homenageando temas diversificados como A Lenda Mística daVitória Régia, Lendas e Mitos da Amazônia, Reunião do Camdomblé, Jardim Encantado. Conhecidado grande público como a verde e rosa, a escola tem suas cores no vermelho, amarelo e preto.

Entrevista //// RRRROOOOSSSS IIII LLLLDDDDAAAA NNNNAAAASSSSCCCCIIIIMMMMEEEENNNNTTTTOOOO DDDDAAAA SSSS IIII LLLLVVVVAAAA

HHHH iiii ssss tttt óóóó rrrr iiii cccc oooo

Rosilda Nascimento da Silva, 60, neta de escravos e filha de maranhenses fala sobre achegada de seu avô, escravo alforriado (um dos primeiros moradores do bairro) sob a tutelade Felipe Beckman. Fala do seu amor pelo bairro e por sua fé em Nossa Senhora de Fátima eSão Benedito. Lembra das histórias contadas por seus pais sobre seus ancestrais e reclama

do preconceito com os negros, além de relatar a origem do boi-bumbá Caprichoso. Rosildadiz que o negro ainda sofre muito com o preconceito, mesmo com todos os direitos adquiri-dos. Ela mesma afirma durante sua juventude, quando começou a trabalhar foi bastanteassediada e por várias vezes ouviu declarações desrespeitosas por ser negra.

Jornal do Commercio:O que a senhora guarda de lembranças do período de sua infância?Rosilda da Silva: Lembro das histórias contadas pelo meu pai e pela minha mãe de como

meus avós chegaram a Manaus, vindo do Maranhão como escravos, apesar de serem liber-tos, mas viviam sob o comando do senhor Felipe Beckman. Depois veio meu pai e por aquiformou sua família e aqui também morreram. Minha família é a dos Fonsecas. Meu nome desolteira era Rosilda Nascimento Fonseca. O que sei é que eles trabalharam muito para fi-carem por aqui.

JC: Sua infância foi toda na Praça 14?Rosilda: Foi brincando aqui na Praça 14, que antes era uma imensa colônia, onde todas as

ruas eram de barro batido. Depois me casei e criei meus seis filhos. Já vendi duas casas e nãotenho coragem de mudar. Estou viúva há sete anos e quero morrer por aqui.

JC: Toda a geração de sua família ainda continuam na Praça 14?Rosilda: Não. Alguns moram na área do Seringal Mirim (São Geraldo) e outros estão

morando no Alvorada e Cachoerinha. Mas o foco da descendência negra está aqui na Praça14. No começo tinha a minoria de brancos. A maior parte dos negros fixou residência na áreado Jaqueirão. Mas meus parentes todos vivem por aqui.

JC: O qual é a maior referência para a senhora da Praça 14?Rosilda: É o Jaqueirão e a quadra da escola de samba. Quem quiser informações sobre o

bairro, basta informar a localização do Jaqueirão e da escola.JC: A senhora participava das manifestações culturais do antigo arraial da Praça 14?Rosilda: Sim, trago a tradição do meu pai que era muito festeiro. Desde muito cedo sem-

pre participei da festa de São Benedito.JC: A padroeira do bairro é Nossa Senhora de Fátima. Como é que é feita a conciliação en-

tre os dois santos?Rosilda: Pois é, no início só era festejado a festa de São Benedito (todo o saábdo de Aleluia),

quando chegaram também os capuchinhos vindos da igreja de São Sebastião e trouxeram aimagem de Nossa Senhora de Fátima. Eu inclusive fui batizada, crismada e fiz a primeira co-munhão na pequena capela católica construída por eles (capuchinhos). Mas só existia a deSão Benedito festejada pelos negros.

JC: Como é feita a festa juntamente com as festividades da igreja?Rosilda. Primeiramente é realizada a novena de Nossa Senhora de Fátima e depois e real-

izada a procissão de São Benedito. A festa é tradicional no bairro há mais de cem anos.

No centro do bairro a referência é o grêmio Vitória Régia

Page 47: história dos bairros

Localizado na Zona Leste de Manaus emuitas vezes confundido como sendo outro mu-nicípio, devido seu afastamento da cidade, obairro do Puraquequara, cujo nome significa pu-raquê no buraco, foi fundado graças ao esforçoda irmã Gabriele, religiosa que levou o desen-volvimento ao lugar. Contando com a ajuda deoutras missionárias, as irmãs trabalharam du-rante vinte e oito anos na construção da estradaque liga o bairro à cidade.

Em reconhecimento ao esforço das reli-giosas, a prefeitura inicia, em 1997, a pavi-mentação da estrada, que facilitou o acesso aolocal e aumentou consideravelmente a popu-lação do bairro. Neste mesmo ano ocorre afundação da igreja Maria Mãe dos Pobres,nome dado pela irmã Gabriele em home-nagem à santa que ela trouxe da Bélgica,transformando em paróquia o que antes eraapenas um centro paroquial. A igreja hoje édirigida pelo padre Sabino, uma vez que airmã teve de se ausentar da mesma por prob-lema de saúde.

Segundo os moradores mais antigos,outra pessoa que colaborou para o desen-volvimento da Vila do Puraquequara foi oproprietário da maioria dos terrenos dobairro, conhecido por "Seu Barroso". Deacordo com Francisco Sampaio de Lima,que chegou ao Puraquequara em setembrode 1959, no início havia apenas um serin-gal e as pessoas tinham de plantar e pescarpara produzir seu alimento.

"Aqui era tudo mato e eu trabalhei comoagricultor e numa olaria", conta entusias-mado Francisco, explicando que sua primeiramoradia estava mais próxima da beira do rio.Depois de uma grande enchente que alagoutoda a parte da frente da vila, Francisco com-prou um terreno do seu "Seu Barroso", ondevive até hoje.

Já Miguel da Silva, ex-seringueiro eaposentado, morador da vila há dez ano, dizque só não sai do Puraquequara por causa deseu filho, e reclama da distância do Centro daManaus. No entanto, ele fala com muita nos-talgia de seu tempo de caçador, em que per-corria as matas do bairro, inclusive seu en-contro com onças.

Evaldo Maia Sampaio, conhecido peloapelido de "Coalhada", é catraiero desde os 15anos, diz que seu trabalho é uma vida deboemia, porque mora num flutuante e deslizapelo lago em sua "Paquita", uma voadeira naqual leva turistas diariamente para passeioaté o encontro da águas

Com relação à sua infra-estrutura, obairro Puraquequara conta cinco igrejasevangélicas, além de duas católicas, umaagência dos Correios e um campo de fute-bol, o Mario Paes. Também está instalada nobairro a escola municipal São Sebastião,com apenas o ensino fundamental. Para adiretora da escola, Helissandra dos Santos,muitos alunos que querem completar o es-tudos, mas como têm que se deslocar paraoutros bairros acabam ficando desestimu-lados e param o estudos.

A educadora diz que gostaria de uma es-cola de ensino médio para que os jovens pos-

sam pensar numa universidade. Em sua es-cola, são realizados projetos com os alunos deconsciêntização ambiental, como oSumaúma e Agenda Ambiental. No entanto,no bairro, o projeto que conta com maior par-ticipação dos moradores é o Canoa Brasil, queconta o incentivo do governo federal e daFederação Amazonense de Canoagem.

Este projeto foi idealizado pelo professorMarcelo da Luz, atual presidente da federaçãoe supervisor do Canoa Brasil, que conta comcem alunos que recebem orientação de trêsprofessores estagiários, Funcionando há setemeses, as aulas acontecem todas as man-hãsde, durante três dias na semana. "A partic-ipação dos jovens neste projeto é gratificantepara nós professores", comenta Mário MarcoNogueira, 22 anos, que veio do Pará e decidiuser professor de canoagem na comunidade,depois de constatar a carência de incentivo doesporte no bairro.

PuraquequaraPuraquequara

Ainda com muita área para ser explorada,o bairro maisdistante deManaus atraiatenção e começa aviver um novotempo, comprogresso

4477Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Irmãs salesianasmarcaram nomena história comluta em favor

do crescimento

O puraquê sai do buracoe quer viver novos tempos

O centro do bairro, o lago de águas escuras é o grande atrativo turístico do bairro distante

Melhoria na infra-estrutura urbana é bastante reclamada pela população

Page 48: história dos bairros

O bairro da Raiz na Zona Sul, é relativamentepequeno, entre as avenidas Costa e Silva e Teféligando o Centro de Manaus ao distrito indus-trial. Tem como áreas de fronteira o igarapé do40 e os bairros do Japiim, Petrópolis eCachoeirinha. Aparece entre os bairros onde sepode encontrar empresas de prestação deserviços para a indústria e o comércio, aomesmo tempo, que se mistura entre as residên-cias particulares.

Teve sua origem, da mesma forma que osoutros bairros na área no conturbado cenárionacional de 1964, tempos do regime ditatorialmilitar. Com o lema "Ordem e Progresso", osmilitares adotam a lei da organização e, e nessecontexto de desenvolvimento não sobra espaçonem vez para os moradores da antiga cidade flu-tuante (aglomerado de casas construídas sobrebalsas às margens do Rio Negro, em frente docentro de Manaus). Com a ordem para se reti-rarem do local, muitas famílias migraram paraoutras áreas próximas ao Rio Negro, principal-mente nas imediações do Igarapé do 40, localonde esta localizado hoje o bairro da Raiz.

EXPERIÊNCIA HABITACIONALO conjunto Costa e Silva, na avenida homôn-

ima, construído com casas e ruas numeradas,teria sido uma das tentativas frustradas do go-verno Arthur Reis para solucionar o problemados desabrigados da antiga "Cidade Flutuante".As casas eram sorteadas, e quem tinha era o fe-lizardo recebia a casa e um longo carnê deprestações (de 7 anos e meio ou de 15 anos). Omaior problema é que 80% dessa populaçãoeram pessoas carentes que não tinhamcondições de pagar as prestações. O resultado éque hoje andando pelas ruas do conjunto é pos-sível se contar nos dedos quem são osmoradores da "Cidade Flutuante" que aindamoram no local. O casal Vivaldo Correa de Lima,68, e Raimunda Rodrigues de Lima, 65, é o ex-emplo dos últimos remanescentes que contin-uam no mesmo lugar e guardam na lembrançasuas experiências quando viviam em uma casaconstruída sobre as balsas na Baía do Rio Negro.Raimunda fala com tristeza da época em quechegaram à Raiz. Diz que já sofreram muitocom as dificuldades para encontrar uma casadecente para morarem.. Por sua vez, Raimundoconta que na época, o próprio governador ArthurReis teria dito que a casa do conjunto Costa eSilva era para cachorro grande morar.Reclamam que naquele período tinha muitaterra para doação na cidade.

Sobre os primeiros momentos do bairro daRaiz, as dificuldades eram muitas, por exemplo,difícil acesso, áreas alagadas e cheias de lama,faltava assistência médica, área comercial eprincipalmente área de lazer para as crianças eos adolescentes.

Uma curiosidade contada pelo casal e, quecontavam os antigos é sobre o alto barrancochamado de "cabeça de burro" existente atéhoje na parte Norte do bairro, pela avenida Tefé.Naquela época os ônibus tinham suas estru-turas de madeira que circulavam entre os bair-ros do Crespo, Japiim e Raiz. Justamente naregião da "cabeça de burro" toda vez que pas-savam pela ladeira eles viravam e não con-

seguiam subir porque naquele local tinha sidoenterrada por um macumbeiro uma cabeça deburro. Moradores como Maria AuxiliadoraEncarnação do Nascimento, há 38 anos confir-mam estas histórias curiosas.

Do outro lado onde não existem conjuntos,as margens do igarapé, podemos encontrar dois"museus" vivos (como chamam carinhosa-mente seus amigos e familiares), dona RitaRibeiro de Oliveira, que mora na Raiz a 42 anos edona Susana de Paula Bezerra, que está nobairro a 48 anos, as duas já estavam lá, quandochegaram os drenos e os conjuntos. Contamque as terras da Raiz antes de serem bairro, per-tenciam a família Nery, e que para conseguiremágua só no igarapé do 40. Dona Rita, lembrançasque não voltam mais Dona Suzana uma dasmais antigas moradoras do bairro

O VIVER NA RAIZO Bairro conta com três grandes conjuntos

habitacionais são eles: Condomínio "JardimBrasil" (com 30 blocos de 32 apartamentos

cada, existem no conjunto 480 residências,onde moram aproximadamente 5 mil pessoas.Condomínio "Parque Solimões" (fundado em1977, possui 13 blocos com 12 apartamentoscada, perfazendo um total de 160, onde moramaproximadamente 700 pessoas), e o já men-cionado Conjunto residencial "Costa e Silva". Aoutra parte e a outra realidade dos habitantes dobairro moram nas imediações do igarapé do 40,com condições de vida muito desfavoráveis. Umbairro que tem como principais artérias duasgrandes avenidas sendo modernas represen-tantes do desenvolvimento, tem uma realidadetão triste como a que se pode ver no trecho quevai da avenida Costa e Silva pra trás, até o igarapépoluído. É um bairro muito bem servido naárea de transporte coletivo, com várias linhasatravessando diariamente as avenidas. No queconcerne a religião, conta com duas igrejascatólicas que são: Igreja de Nossa Senhora doCarmo e Igreja Cristo Rei. Existem tambémvarias igrejas evangélicas como a IgrejaAssembléia de Deus. Na Educação carecem

ainda de melhorias na área de educação infantil.Na Saúde alguns moradores reclamam porterem que se locomover ao vizinho Petrópolis,visto que não possuem posto de saúde. Carecemtambém de áreas de lazer para a comunidade,não possuindo praças, casas de show ou pontosde encontro. A vida social dos moradores se re-sume às igrejas ou a procurar diversão nos bair-ros vizinhos.

Como principais problemas do bairro algunsmoradores como seu Rubem Silva Cavalcante,39, destacam o uso e tráfico indiscriminado dedrogas, a prostituição infantil, a falta de segu-rança. Os moradores temem por seus filhos,pois muitas vezes a policia aborda violenta-mente moradores, pensando que todos são traf-icantes. Para seu Rubem "o bairro não tem nen-hum desenvolvimento social", e para o bairromelhorar "falta um representante de caráter"para representar o povo.

É uma região de muitos contrastes, cercadopor desenvolvimento e atraso o bairro segue seucaminho buscando desenvolvimento e espaço.

RaizRaiz

4488Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Pequeno no tamanho,grande na coragem

O supermercado CO marcou época no bairro, mas agora já está fechando suas portas

Page 49: história dos bairros

Tudo começou pela rua Campo Grande.Nome dado pelos primeiros moradores doentão conhecido Planeta dos Macacos, mastarde recebendo o nome oficial de batismode Redenção. José Salvador Martins, presi-dente da Associação de Moradores, explicaque o bairro foi constituído com apenas 35%de invasão. O restante é resultado de lotea-mentos vendidos pelos antigos propri-etários conhecidos na comunidade apenaspor coronel Jorge e membros da famíliaCoimbra.

A princípio, o nome dado à comunidadede Planeta dos Macacos é, de que com a der-rubada da floresta no local, muitos macacosde várias espécies fugiram e outros mor-reram com o advento do desmatamento.Outro fato curioso sobre a origem do bairroestá relacionado ao seriado Planeta dosMacacos, exibido na televisão naqueleperíodo. O certo é que o bairro cresceu.Foram chegando os primeiros moradores ejuntos com eles uma perspectiva de novostempos. Não levou muito tempo para ser ba-tizado oficialmente de Redenção. O bairro jáatingiu a maioridade e, aos 28 anos chega aum total de 34.700 habitantes numa super-fície de 315.00 hectares, além de um comér-cio extremamente rentável para a comu-nidade oferecendo mini-supermercados,pequenas mercearias, locadoras de vídeos,pequenas indústrias e uma feira localizadana avenida principal do bairro atendendo

seus moradores e bairros vizinhos, entreeles, conjunto Ajuricaba, Hiléia e da Paz.Mesmo com tanta facilidade neste sentido,os moradores ainda reclamam da falta deuma agência bancária, de uma agência dosCorreios e, no mínimo mais três crechespara atender a demanda de crianças fora daescola.

Uma comunidade 70% católica seorgulha de ter como padroeira NossaSenhora do Carmo, ao mesmo tempoabençoada por Nossa Senhora das Dores,São Francisco, São Paulo e Santa Luzia.Salvador afirma que as festas religiosas lig-adas a igreja Católica iniciam em maio e cul-minam com as festas do Natal. Durante esseperíodo são realizadas pela comunidadeprocissões, arraiais e o festival de músicacristã com a participação de compositores emúsicos de toda a cidade.

LAR FABIANO DE CRISTOO maior empreendimento educacional

localizado no bairro Redenção é a crecheLar Fabiano de Cristo integrado ao CentroEspírita Fraternidade. Com 21 anos atuandona comunidade, a creche atende atual-mente 300 crianças entre meninos e meni-nas. No Brasil sua atuação atende crianças esuas famílias desde 1958. A instituição temcomo principal mantenedora a Capemi(Caixa de Pecúlio, Pensões e Montepios-

beneficente), fundada em 1960 com a final-idade de gerar recursos de sustentação aosprogramas filantrópicos.

O objetivo geral, segundo a supervisorado Lar, Perina Costa é promover integral-mente famílias em situação de exclusão so-cial, através do enfrentamento das causasque produzem as situações de miséria ma-terial, social, moral e espiritual. A obra real-izada pela instituição é atualmente umareferência nacional e tem como meta em2005 atender a 100 mil pessoas em todos osEstados do Brasil, com pelo menos, 20% depromoção social.

ESTEIOS DACONVIVÊNCIAOs princípios filosóficos do Lar Fabiano de

Cristo é a fraternidade, a democracia, a im-portância do seio família, a interligação comDeus e a evolução da consciência espiritualatravés da reforma íntima e da solidariedade ecaridade, ferramentas essenciais para a reno-vação interior. "Precisamos primeiramentemudar o homem através da educação moral eespiritual", afirma Perina.

Em Manaus, o Lar foi inaugurado no dia7 de outubro de 1996. Segundo dados da in-stituição, através do programa "PromoçãoIntegral da Família", atende cerca de 120famílias, que vai desde a educação infantilcom treinamentos e oficinas de artepedagógica. Um outro programa realizado é

o "Programa de Promoção Integral aoIdoso" dando amparo por meio de ações so-cioeducativos.

O foco primordial do programa de orien-tação sociofamiliar, explica Perina é des-pertar a consciência crítica dos partici-pantes acerca da realidade e estimular aparticipação social e a mobilização paraações que viabilizem o equilíbrio material,social, moral e espiritual de toda a famíliaenvolvida nos programas do Lar Fabiano.

O endereço da instituição para sabermais sobre suas atividades é rua Projetada,casa 2 - Redenção - CEP 69047-290 ou pelotelefone 3654-3213.

SSAAIIBBAA MMAAIISSSUPERFÍCIE: 315.00 HPOPULAÇÃO: 33.019

Definição do perímetro: inicia no aflu-ente do igarapé dos Franceses com a estradada Colônia João Alfredo, seguindo até a ruaB-39, contornando o limite Norte do con-junto Ajuricaba passando pela avenidaCentral até a avenida Goiânia com os limitessul das terras pertencentes ao aeroporto in-ternacional Eduardo Gomes, seguindo até oponto frontal da rua Lírio do Vale com acessoao conjunto Hiléia até a rua ComandanteNorberto Von Gal até a rua Gurupí, seguindopor está até o igarapé dos Franceses, retor-nando a Estrada da Colônia João Alfredo.

A proximidade com a Ponta Negra estámudando a história do bairro SantoAgostinho, localizado na Zona Oeste dacidade, cujas origens remontam às invasõesdas muitas áreas desocupadas, que mu-daram estrutura urbana de Manaus. Emprincípios do ano de 1973, algumas famíliaspassaram a ocupar as terras que ficavam àsmargens da estrada da Ponta Negra e, então,criaram o novo bairro, que recebeu o nomede Santo Agostinho devido à igreja do santo,localizada nas proximidades.

No dia 26 de agosto desse ano, o bairro éconsolidado e passa a receber novosmoradores vindos dos mais diferentes pontosda cidade e também de habitantes do interiordo Estado, esses atraídos pela promessa deemprego nas fábricas do Distrito Industrial,que nesta época entrava em sua fase de pros-peridade. Sem ter onde morar, muitos dostrabalhadores e suas famílias recorreram àsinvasões das terras ociosas para construirnelas suas moradias. Este fato é recorrente nahistória de muitos bairros da cidade surgidosapós a implantação da Zona Franca de

Manaus.A partir do ano 2000, o bairro passa por

transformações consideráveis, como a con-strução do condomínio Vila Verde, queabriga mais de mil famílias de classe média epossibilitou uma explosão imobiliária noSanto Agostinho, atraindo novos projetosresidenciais. Esse bairro, que há poucotempo comportava somente casas popu-lares, hoje conta até com uma loja de móveisfinos e até com uma academia de tênis. Estanova realidade urbana atraiu também em-presas para o bairro, que deve ganhar umshopping center em breve, com capacidadepara 41 lojas e perspectiva de gerar mais decem empregos diretos.

PESQUISAREVELADORA O bairro, que teve sua origem com traba-

lhadores vindos de interior, hoje atrai cadavez mais famílias de classe média, formadaprincipalmente por servidores públicos, ger-entes de fábricas do Distrito Industrial eprofissionais liberais. Segundo o último

Censo do IBGE, feito em 2000, o SantoAgostinho apresentava como renda médiamensal do chefe do domicílio o valor de R$638,20. Isso faz dos moradores do bairro con-sumidores potenciais para uma demanda deserviço que ainda é carente na comunidade,pouco servida por empreendimentos empre-sariais.

Também está mudando porque muitos em-presários estão investindo no bairro, que ofer-ece grandes potencialidades para o desenvolvi-mento de negócios devido sua localização es-tratégica. Pesquisas apontam como principais

carências no bairro a falta de agência dosCorreios e de loteria, bancos, praça de alimen-tação, drogarias, supermercado, loja de calça-dos e de roupas, restaurantes, sala de cinema,lanchonete, loja de departamento, salões debeleza, banca de revista e caixas eletrônicos.

O bairro passa hoje por uma valorizaçãoimobiliária intensa puxada por processosemelhante que vem ocorrendo no bairro viz-inho da Ponta Negra. "Daqui a três anos os ter-renos do bairro Santo Agostinho serão até maiscaros. Hoje, o preço ainda é acessível e variaconforme a localização, mas a média do metroquadrado oscila entre R$ 10 a R$ 40", avalia asócia-gerente da Marca ConsultoriaImobiliária, Simone Marques. É justamente opreço acessível o principal motivo para que obairro seja considerado uma área propícia aosnovos empreendimentos comerciais.

Santo Agostinho possui uma superfície de209 hectares e sua população é estimada em19 mil habitantes, estando localizado entre osbairros da Compensa, Nova Esperança, Líriodo Vale e Ponta Negra, possuindo ainda umapequena faixa de orla fluvial do rio Negro.

RedençãoRedenção

Santo AgostinhoSanto Agostinho

4499Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Antigo lugar dos macacos

Crescendo com o vizinhoNo caminho do

progresso da PontaNegra, o bairro

vem progredindo nosúltimos anos

Page 50: história dos bairros

A Zona Sul seguindo o mesmo intineráriode expansão urbana da cidade aos poucos vaitomando forma o bairro de Santa Luzia no anode 1938, primeiramente chamado de "Bocado Inboca", numa referência a queda d'águado igarapé do Educandos próximo a ponte, en-trada do bairro. Por muitos anos funcionou afábrica de extração do óleo de pau-rosa.

Santa Luzia, assim como a maioria dosbairros naquela região nasce promovida poruma invasão. Na época lembram osmoradores mais antigos, entre eles,Raimundo Frota, Laura Carmim e José BahiaFerreira na busca competitiva em conquistarum pedaço de terra para morarem. Logo apósas primeiras estacas estarem fincadas nochão, os poucos habitantes chamaram o padreAntônio Plácido, então pároco da igreja deEducandos para em forma de votação ofi-cializar o nome do bairro de Santa Luzia.Transformada em seguida como a padroeirado lugar.

Luciano Coelho, atual presidente daAssociação de Moradores, que há dois anosvem resgatando a história do bairro relata quea primeira igreja de Santa Luzia foi construídaem frente à praça homônima, de madeira e opadre Paulino foi o primeiro a rezar a missadando graças ao novo bairro. Nos anos 60, a

igreja muda de lugar para um terreno maisamplo e continua localizada na rua da Igreja,nº 70, ganhando ao longo dos anos, uma infra-estrutura mais adequada a comunidade.

Tudo no bairro gira em torno das atividadesda igreja. Todos os anos, por exemplo, sob a co-ordenação da paróquia acontece no dia 5 demarço as festividades em comemoração asanta com a realização da procissão e o famosoarraial de Santa Luzia, quando recebe visi-tantes dos bairros vizinhos e de outras locali-dades da cidade. Outra atividade desenvolvidapela paróquia é o festival de música cristã.Além da igreja de Santa Luzia, existe espaçopara outros credos religiosos: uma Adventista,três Assembléia de Deus e uma Universal doReino de Deus.

O cartão de visita do bairro é a praça SantaLuzia,no entendimento de Luciano, semprefoi o point da juventude. Durante as festivi-dades importantes do bairro, a praça é tomadapor vendedores que de tudo tem para ofere-cerem aos moradores e aos visitantes. As festasmais tradicionais são as juninas, o festival fol-clórico e a comemoração da padroeira. Naárea desportiva, acontece todo o final de ano, acorrida pedestre realizada pela Federação deAtletismo do Amazonas com a participaçãodos moradores e comunitários dos bairros viz-

inhos, já se tornou, na opinião do presidenteuma tradição. Para participar da corrida é co-brado pelos realizadores 1 quilo de alimentonão perecível. No dia seguinte, todo o alimentoarrecadado é doado aos mais necessitados nopróprio bairro em forma de um rancho.

Santa Luzia a exemplo de outros bairros àsmargens dos igarapés tem sofrido baixa em re-lação ao número de habitantes. De acordocom as estatísticas do IBGE, em 1996, o bairrotinha 8.734 habitantes. Em 2000, pelo mesmoinstituto, sua população chegou a 8.390 habi-tantes. Pelo levantamento feito pela associ-ação, o bairro tem 8.950. Luciano acredita quecom a implantação do projeto de recuperaçãodos igarapés feita durante o ano de 2005, pelogoverno do Estado, a tendência é reduzir aindamais o número de moradores no bairro. Oprognóstico do presidente pode ser observadona quantidade de famílias que foram reti-radas, além da derrubada das instalações dafábrica de beneficiamento de pau-rosa que pormuitos anos foi uma das maiores fontes derenda daquela região. Já foram retiradas, se-gundo estatísticas da associação cerca de2.500 famílias.

REPRESENTAÇÃOPREJUDICADA

O presidente destaca que Santa Luzia,mesmo tendo uma boa expressividade noprocesso eleitoral, não tem um represen-tante na Câmara Municipal e nem naAssembléia Legislativa.

A comunidade é penalizada também coma falta de uma linha de ônibus específicapara o bairro. A única linha que atende à co-munidade é a 702 que faz o circularabrangendo os bairros de Educandos eColônia Oliveira Machado e leva em torno deuma a duas horas de espera. Muitosmoradores andam a pé até, a Leopoldo Perespara tomarem as linhas que passam pelaavenida.

A principal avenida é a São José que cortao bairro. As ruas mais movimentadas são aLeopoldo Neves, a Branco e Silva e a profes-sor Carlos Mesquita. Duas quadras polies-portivas foram instaladas na comunidadeonde são realizados os torneios e práticas de-sportivas com as crianças, jovens e adultos.

As escolas que atendem a comunidadesão: escolas estaduais Leopoldo Neves, J.G.Araújo, Diana Pinheiro e Monteiro Souza.Escolas municipais José Tavares Macedo eSanto Anjo da Guarda. Escolas particularesSanta Luzia, Nossa Senhora da Consolata,Poliano e Adventista.

Santa LuziaSanta Luzia

5500Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Força na fé desdea boca do Inboca

A conquista de novos espaços no perímetrourbano da cidade, a partir da povoação da antigaVila Municipal, atual Adrianópolis, se deu em di-reção a Zona Centro-Sul. As linhas dos bondesseguiram, portanto, até o mais recente bairro dacidade. Em 1891, a área onde hoje é o bairro deFlores já era habitada por pequenos sitiantes, queusavam a terra para plantar hortaliças e frutasque vendiam nas imediações do mercado AdolfoLisboa.

O primeiro morador a adquirir um terrenopelas vias legais, onde hoje é o bairro, se chamavaFrancisco Flores e, em seu sítio, ele mantinha cri-ações de frangos e cavalos, além de cultivar ár-vores frutíferas. Por este motivo, o bairro recebeuo nome de Flores, sendo sua porta de entrada aconhecida ponte dos Bilhares, que na atualidadeestá integrada ao bairro São Geraldo.

No início do século passado o bairro de Floresjá era servido por linha de bonde, que se estendiaaté o "rendes vouz" Bom Futuro, onde hoje estálocalizado o hospital psiquiátrico EduardoRibeiro. Daí em diante, os moradores seguiam apé pelos ramais até a área conhecida comoFranceses, que deu origem a estrada dosFranceses, atual avenida desembargador JoãoMachado. Na comunidade dos Franceses es-tavam instaladas inúmeras caieiras, usadas na

fabricação de carvão, produto de primeira neces-sidade na Manaus da época.

No ano de 1950, com a desativação dos bon-des em Manaus, o bairro de Flores fica isolado, re-stando aos muitos moradores a única opção decaminhar até os limites da cidade para venderseus produtos agrícolas. Era comum os sitiantesseguissem a pé, com tabuleiros de frutas nacabeça, até o mercado municipal Senador CunhaMelo e, de lá, embarcavam em caminhões em di-reção ao centro da cidade.

O aumento expressivo do crescimento ur-bano em direção àquela zona forçou o bairro a semodernizar em ampla escala. Hoje, Flores temum perímetro de 1.317.99 hectares totalmentehabitado, com seus limites fincados a partir da av.Pedro Teixeira, seguindo pela Torquato Tapajós,em direção a av. Max Teixeira. Durante o percursode seu desenvolvimento foram construídosvários conjuntos habitacionais, entre eles estãoDuque de Caxias, Parque das Laranjeiras, Flores,Rio Javari, Senador João Bosco, Anavilhanas,Santa Cruz, Beija Flor I e II, Rio Maracanã, Parquedas Nações, Sargentos e Subtenentes da PoliciaMilitar, São Judas Tadeu, além dos parquesEucalipto e São Miguel.

Faz parte da estrutura do bairro o maior está-dio de futebol do Estado, o Vivaldo Lima, e tam-

bém a Rodoviária Central de Manaus, de ondepartem e chegam ônibus das cidades deItacoatiara, Rio Preto da Eva, Silves, Itapiranga,Manacapuru, Autazes, Carreiro da Várzea ePresidente Figueiredo, e para o Estado deRoraima e para a Venezuela. Na área do Parquedas Laranjeiras, o bairro mostra um cenário es-truturado com a implantação da UniversidadeNilton Lins, o Aeroclube de Manaus, centro deconvenções e residências de luxo.

Como em qualquer bairro da cidade, emFlores foi bastante intensa a evangelizaçãocatólica. Há 24 anos foi construída a igreja deNossa Senhora de Guadalupe, padroeira dobairro com festa comemorativa no dia 12 dedezembro. Com a chegada de outras doutrinasforam chegando também a igreja Batista Bíblicade Flores e a Presbiteriana Filadélfia.

AEROCLUBE DE MANAUSNa avenida professor Nilton Lins, o Aeroclube

de Manaus tem como data de fundação, o dia 31de agosto de 1940, por meio do decreto de nº 471assinado pelo governador Álvaro Botelho Maia. Oclube foi fundado com a principal finalidade parapouso e decolagem de aviões de pequeno porte epreparação de pilotos para este tipo de aeronave.

Além de oferecer curso de pára-quedismo.

VIVALDO LIMA(Vivaldão)Estádio Vivaldo Lima iniciou suas atividades

no ano de 1969 no mês de fevereiro com a inau-guração de seu gramado com a realização de umtorneio juvenil de clubes locais. Mas foi em abrilde 1970 que foi inaugurado oficialmente com oclássico entre a seleção brasileira contra a seleçãoamazonense, com o placar favorável ao Brasil.

Conta com uma capacidade de publico de47.258 expectadores, contando com cadeiras nossetores "A" e "B" e no setor "C" especiais, além decontar com a tribuna de honra e arquibancadasconfortáveis.

O estádio possui também em sua estrutura ogramado de 105m X 68m, cabines de imprensa,serviço de som, iluminação e vestiários. Na parteinterna foi instalado o museu do estádio com ex-posição de fotografias desde os primeiros mo-mentos da construção do estádio e suas personal-idades mais importantes. Tem ainda um salãonobre, sala vip e sala de conferência. O estádiooferece ao público um estacionamento próprio.Suas bilheterias e portões estão de acordo com ositens exigidos pela Federação Brasileira deFutebol.

De bonde até o ‘rendes vouz’FloresFlores

Page 51: história dos bairros

Com aproximadamente 52 anos, SantoAntônio, na Zona Oeste, tem como vizinhosSão Raimundo, Compensa, Glória e São Jorgesendo um dos poucos bairros de Manaus quenão surgiu a partir de invasões, tendo sidotodo loteado por J.G. de Araújo e IsaacBenzecry.

No livro "Manaus, ruas, fachadas e varan-das" de Moacir de Andrade", destaca que umgrande número de ribeirinhos deixaram suasterras no interior em direção aos centros ur-banos, especialmente Manaus, capital darecém criada Zona Franca, atraídos e espe-rançosos em busca de empregos e melhorescondições de vida. Foi neste período que ocor-reu um grande êxodo rural trazendo estasfamílias para o centro urbano e sem um lugardefinido para ficarem. Segundo o escritor,foram construídas um amontoado de casasde madeira sobre balsas às margens do RioNegro dando origem a "Cidade Flutuante".Era essa a realidade de muitas famílias quemigraram para Manaus.

A partir da expulsão das famílias da CidadeFlutuante por meio do ultimato do governo deArthur Reis, estas famílias migraram para ter-ras que hoje correspondem aos bairros daRaiz, Petrópolis, Compensa, Educandos e doCéu. Foi neste momento que surgiu o núcleohabitacional do bairro de Santo Antônio. Oepisódio ainda está guardado nas lembrançasde Francisca Pereira da Silva, aposentada, aos93 anos lembrando das dificuldades en-frentadas nos tempos da "Cidade Flutuante".

Santo Antônio, no entanto, nem sempre foiuma comunidade organizada. Os moradoresmais antigos lembram com desgosto a situ-ação há 20 anos com as ruas sem asfalto emuitos buracos, igarapé poluído causandoalagações, além da falta de saneamentobásico no bairro. Foi nas gestões deAmazonino Mendes e Alfredo Nascimento quea comunidade percebeu a presença do pro-gresso. Foi neste período que Nair MonteiroMaia, 81, há 27 anos no bairro teve a casa re-formada por uma iniciativa da prefeitura.

O ponto de referência do bairro é a igrejade Santo Antônio, também o padroeiro do lu-gar comemorado todos os anos no dia 13 dejunho. Neste dia também se comemora oaniversário do bairro. Mesmo sendo a maio-ria de católicos, há espaços para as igrejasevangélicas como: igreja Universal do Reinode Deus, igreja Presbiteriana, igreja Deus éAmor entre outras.

Na área comercial imperam os pequenoscomércios como cabeleireiros, drogarias,mercadinhos, bares, lanches e etc. Pela suaavenida principal está a Feira do Produtor doSanto Antônio", e mais a minivila olímpica"Centro de Esporte e Lazer do Santo Antônio",da delegacia 5º Batalhão de policia civil, pelaorla do Rio Negro, é possível o visitante se deli-ciar com as águas do rio ou mesmo curtir umfinal de tarde vendo o sol se pôr. Uma parcelada cidade tem visitado o bairro com as pro-moções no famoso Aomirante.

MELHORIARECLAMADA

Mesmo com tantos anos de história e e-xistência, Santo Antônio ainda sofre com afalta de saneamento básico e uma geografiadesfavorável com muitos altos e baixos, cau-sando alagamentos nas épocas de chuva. Osmoradores têm lutado junto ao poderpúblico para conseguir melhorias nas áreasde maior risco.

É considerado pelos habitantes um ótimolugar para se viver. Segundo relatos demoradores o santo casamenteiro, padroeirodo bairro tem olhado por eles, pois o bairronesses últimos anos tem dado grandes passosrumo ao desenvolvimento.

O bairro hoje conta com o apoio do de-putado estadual Edílson Gurgel, que ao longode 10 anos tem levado uma série de melhoriaspara a comunidade. Como uma dessas mel-horias, na opinião da comunidade é o"Shopping Comunitário", que tem prestadoserviços não só ao Santo Antônio, e sim aquase toda Zona Oeste.

Morador do bairro há 36 anos, EdílsonGurgel mantém uma estrutura que abriga umpoço artesiano, cinco salas para velódromooferecendo às famílias carentes serviçoscomo ônibus e atendimento especializado.Dentre os serviços do shopping os destaquessão para o S.O.S comunidade que serve deambulância e S.O.S. solidariedade que atendepessoas necessitadas que não tem como se lo-comover para fazer exames ou tratamentoscomo quimioterapia e hemodiálise.

Existe ainda um centro para eventos co-munitários, onde são realizados vários even-tos como festas de formaturas, aniversários,bingos e também funciona como ponto de en-contro da terceira idade com aulas dehidroginástica. É um trabalho pioneiro queapesar de estar localizado no bairro de SantoAntônio atende boa parte da Zona Oeste.

Santo AntônioSanto Antônio

Os moradoresdo Santo Antôniogozam de umaqualidade devida que éprivilégio de poucos. Às margens do rioNegro, o bairrotambém ganhaobras com aresde modernidade

5511Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Sob a brisa do rio Negro eum pôr-do-sol de invejar

A feira municipal é o principal ponto de concentração da população

O comércio de produtos hortigranjeiros é forte e abastece com qualidade os moradores do bairro e vizinhos

Page 52: história dos bairros

O bairro de São Francisco está localizadona Zona Sul de Manaus e seu processo deocupação iniciou por volta do ano de 1947,quando trabalhadores que fabricavamcarvão começaram a se fixar na região. Nestaépoca, a paisagem do bairro era dominadapor grande quantidade de caieiras, fornosnos quais era fabricado o carvão, mas já con-tava com algumas casas de madeira,habitada pelos próprios trabalhadores e suasfamílias.

Por volta do ano de 1951, o coronelAlexandre Montoril dá início ao processo deurbanização da comunidade ao fazer um es-tudo topográfico do local e, depois, a dis-tribuição de lotes para quem quisesse morarali. Com esta iniciativa, o coronel consegueatrair expressivo número de moradores eimpulsiona a urbanização do bairro.

Conforme relatos de moradores anti-gos, a maior parte dos lotes foi ocupadapor famílias vitimadas pela grande cheiado rio Negro, de 1954, que inundou boaparte da orla da cidade, fazendo com queos moradores ribeirinhos perdessem suascasas. Como era comum neste período, obairro também recebeu moradores de out-ras localidades de Manaus, além de interi-oranos e habitantes de diversos estados doBrasil, criando no São Francisco uma pop-ulação bastante heterogênea quanto suaorigem.

No entanto, aquele que hoje é consideradoo fundador do bairro, o coronel AlexandreMontoril, nunca foi morador do SãoFrancisco, preferindo permanecer apenascomo líder da comunidade. Foi ele inclusivequem deu nome ao local, embora não setenha certeza sobre o motivo que o levou a es-colher o nome do santo.

O batismo do bairro é rodeado de folclore,

pois alguns moradores afirmam que o coro-nel falava de sua vinda para esta localidadepor causa de um sonho que tivera com SãoFrancisco de Assis. No entanto, outros, dizemque, nas suas andanças pelo bairro, o coronelencontrou uma pequena imagem do santo,fato este que causou um grande impacto navida dele e na de quem ele contava a história.

Com a popularização da história doachado do coronel, o bairro ganhou o nomede São Francisco, tendo se acrescido a estefato a versão de que no local onde Montorilencontrou a imagem foi construída aprimeira capela em homenagem ao santo.De verdade mesmo, sabe-se que a paróquiafoi criada oficialmente em 04 de outubro de1956. De especulação, alguns moradores co-mentam que o bairro, antes de se chamar SãoFrancisco, tinha o nome de Coari, fato nãocomprovado oficialmente.

HISTORIADORTIRA DÚVIDASNo entanto, essas dúvidas com relação à

origem do São Francisco poderão ser dirimi-das com a publicação de um livro de autoriado atual vereador José Ricardo Wedinglin(PT), sobre a história do bairro. Ele contacom a ajuda da pedagoga Inês Sardinha deSiqueira, responsável pelo levantamento dasinformações referentes ao bairro. O vereadoré um antigo morador da comunidade e comtrabalho bastante reconhecido na paróquiade São Francisco.

Atualmente, o São Francisco tem 145hectares de superfície onde vivem, segundo ocenso do IBGE (Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística), realizado em 2000,15,8 mil habitantes. O bairro limita-se fazfronteira com Adrianópolis, Cachoeirinha,Petrópolis e Aleixo.

São FSão Franciscorancisco

A igreja de Santo Antônioteria sidoerguida no localexato em que ocoronel Montorilencontrou umaimagem do padroeiro dobairro, fato quegera controvérsiaentre habitantes

5522Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Da fumaça das caieiras aosanto do coronel Montoril

Ruas estreitas revelam a imagem do bairro da época da sua criação

A religião católica mostra sua influência

Comunidade tem atuação importanteAo longo dos anos, os moradores

foram conquistando benefícios para obairro, como asfaltamento das ruas,posto de saúde, casa do programaMédico da Família, quadra poliesportiva,escolas públicas estaduais e municipaise linhas de ônibus que fazem os trajetosbairro-centro. O São Francisco tambémmantém atividades econômicas desen-volvidas, com o bairro possuindo forterede de comércio, indústrias, oficinasmecânicas, borracharia, panificadoras,drogarias, academia de ginástica, lojasde material de construção, sorveteria,lanchonetes, locadoras de fitas e DVD´s,feira coberta e cafés regionais.

O São Francisco também tem umaagremiação carnavalesca, a escola desamba Primos da Ilha, que todos osanos participa do Carnaval de Manaus,

contando com torcida apaixonada nobairro. A comunidade pode contarainda com apoio de um grupo daAssociação de Alcoólicos Anônimos,que tenta recuperar pessoas envolvi-das com vício do álcool.

ATUAÇÃOCOMUNITÁRIADuas associações defendem os inte-

resses dos moradores do bairro, sendouma conhecida por Associação doCafundó, que representa especifica-mente aqueles que moram no núcleo 2,uma área de muitos declives e morros,fundada em 1988. A outra é a AssociaçãoBeneficente dos Amigos do Bairro de SãoFrancisco, fundada por AlexandreMontoril, em 1952. O São Francisco tam-bém está em vias de ter uma nova

agremiação, a Villas Lobos, que está emfase de implantação.

Com poucas áreas públicas, resta aosmoradores a praça Coari, localizada emfrente à igreja de São Francisco, e pontode encontro de todas as gerações. Nestelogradouro são realizados os festejos dopadroeiro, a procissão de São Francisco eo festival folclórico. A praça recebeu essenome em homenagem à cidade de Coari,da qual Alexandre Montoril foi prefeito.

Para quem vive no bairro, a igreja deSão Francisco de Assis representa todaa religiosidade dos seus moradores,que em grande maioria professam a fécatólica. A festa do santo, no dia 04 deoutubro, atrai uma multidão de fiéis detoda a cidade e já é tradicional sua pro-cissão, que percorre as principais ruasdo bairro.

Page 53: história dos bairros

Criado na década de 40, do século passado,no período do governo Plínio Ramos Coelho, obairro de São Jorge possui o maior sincretismoreligioso da cidade e que faz parte de suahistória. Basta observar o número de igrejas etemplos religiosos existente no local. Mas tudoisso começou com a chegada dos primeirosmoradores na extensa área de terras devolutasnaquela região. Com o surgimento dosprimeiros barracos, surgiram também asprimeiras ruas e becos. Através de reivindi-cações à administração pública, o bairrocomeçou a ser loteado sob a jurisdição da antigaSecretaria de Agricultura - Departamento deTerras. O processo de urbanização veio benefi-ciar os moradores dando traços urbanísticos eatraindo outros moradores para a comunidade.

O governo passou então a investir no local in-vestindo recursos para a construção de pontes epavimentação das ruas e consequentementeforam surgindo casas mais elaboradas. Aprimeira ponte que foi construída ligando obairro ao centro da cidade e a outros bairros foia Lopes Braga, construída já no governo ÁlvaroMaia, inaugurada em 1952. A segunda ponte foiconstruída na gestão do prefeito Jorge Teixeiradurante os anos de 1974 e 1978 e que serve atéhoje para o retorno à cidade.

O bairro com vistas a modernidade foi con-struído o conjunto habitacional João Goulart,com a construção de casas populares emmadeira com alicerce de tijolos e destinadas àpopulação de baixo poder aquisitivo. Maistarde, dois outros conjuntos surgiram, destavez todo em alvenaria. O dos comerciários e dosbancários construídos com recursos do go-verno federal. Foi neste período que aconteceua implantação do 27º Batalhão de Caçadores.Para atender os militares da base, o governoconstruiu a Vila Militar para abrigar os sargen-tos e sub-oficiais do Exército. Era o início da pre-sença militar no bairro. Logo em seguida veio o1º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) substi-tuindo a dos Caçadores. Unidade tradicional nacidade. Seguindo o roteiro até a Ponta Negraconta ainda com o Parque Regional deManurtenção, criado em 6 de dezembro de1978, a Comissão Regional de Obras desde 12de dezembro de 1982, o CIGS (Centro deInstrução de Guerra na Selva), considerado emtodo o mundo como o mais preparado centrode treinamento de operações na selva,dispondo de zoológico com as mais variadas es-pécies da fauna amazônica. Aberto ao públicode terça a domingo das 8h às 17h, na estrada doSão Jorge.

FESTA ERELIGIÃOO bairro de São Jorge era conhecido em toda

a cidade como uma comunidade festeira. Asmais destacadas foram realizadas pelo pai desanto João de Castro (um dos fundadores dobairro) e mãe de santo Joana Galante. Osmoradores que tem em média de 30 a 40 anoslembram dos grandes festejos de Cosme eDamião, São Sebastião e do famoso pau de sebono alto do morro do centro de Joana Galante."Era o dia mais feliz para as crianças da épocaporque tinha muita comida e muita brin-cadeira", lembra Agostinho da Silva, moradorhá mais de 50 anos no bairro.

A tradição em São Jorge das grandes festas deumbandas iniciava logo na entrada com asmanifestações incentivadas pela Joana Almeidados Anjos, nome verdadeiro da Mãe JoanaGalante, babalorixá mais famosa de Manaus.Vinda do Pará foi morar na rua LeonardoMalcher. Personalidade carismática, nasceuem 28 de junho de 1910, iniciou seus trabalhoscom a umbanda e o candomblé ainda aos 28anos de idade. Festeira e sempre esbanjandoalegria, recebeu o nome de Galante, por ter sidomadrinha e patrocinadora do Boi-Bumbá"Galante", do Boulevard Amazonas.

Foi em 1947 que recebeu a doação de umterreno no conhecido Morro das Corujas (alto

do morro da entrada do bairro), onde construiuseu conga. Mandou construir, segundo dadosde sua filha adotiva Lizete Pimentel um grandebarracão enfeitado com fitas de papel de sedacolorida, imagens de santos e divindades e de-senhos da simbologia umbandista. No centrodo barracão ficava um trono todo em madeirada região. Em dias de festa Mãe Joana Galante sevestia em trajes exigidos nos rituais. Na época a

"Ogam"( correspondente à mãe de santo sub-stituta) era mãe Zulmira que hoje tem seupróprio terreiro no Morro da Liberdade. As fes-tas tradicionais do centro de Mãe Galante rece-biam destaque: Nossa Senhora da Conceição,Cosme e Damião, Senhora Santa Ana, SantaBárbara (Iansã), São Sebastião e São Jorge (rep-resentando Ogum).

João de Castro nasceu em Manaus, em 5 dedezembro de 1925 e morreu em 1991 de umsúbito ataque cardíaco enquanto preparava seucentro para mais um ritual. Iniciou seus trabal-hos em 1967, ainda no município deItacoatiara, segundo seu filho João de Castro(conhecido popularmente como Castrinho),

continuando em Manaus. Sua seara era de-nominada de Cabana do Preto Velho, sendo umdos mais visitados de toda a cidade. Até hoje, afamília preserva o local na rua Amaral Santos eonde acontece todos os anos a festa de aniver-sário do bairro. Além de pai-de-santo, João deCastro era também rezador e atendia em médiade acordo com registro em poder de Castrinho,uma média de 40 crianças diariamente.

Outra mãe-de-santo referenciada no bairro foiLuzia Ramos dos Santos, conhecida em todaregião pelos moradores por suas rezas, vidênciase serviços de parteira. Nasceu no dia 13 de dezem-bro, no mesmo mês e dia em que é comemoradoos festejos de Santa Luzia. Promovia banquetes efestas consagrando à santa e sua seara ficava narua 18 de Setembro, 123. Luzia dos Santos, porcoincidência ou não, durante anos trabalhoucomo capataz da Usina Americana, fábrica de cas-tanha que existia no bairro, em que hoje funcionaa igreja Católica de São Jorge.

Em 1957 chegaram os primeiros mis-sionários católicos e no ano seguinte, no dia 15de abril foi construída a primeira igreja católica.No princípio poucas pessoas freqüentavam.Estavam habituados a freqüentarem a igreja deSão Geraldo. Com o passar do tempo a igrejaadotou o nome de São Jorge, o mesmo que é opadroeiro do Bairro. Em 1962, com o cresci-mento da comunidade houve a necessidade deum número maior de padres e por ordem doentão arcebispo Dom João de Souza Lima, aparóquia ficou sob a responsabilidade dospadres franciscanos da TOR (Terceira OrdemRegular). A ordem tem jurisdição sobre as igre-jas do Jardim dos Bares, Vitória Régia, Vila daPrata que possuem uma comunidade menor.

Atualmente, o bairro tem sete igrejas católi-cas envolvendo as comunidades da Vila daPrata, Jardim dos Bares e Vitória Régia. Todaselas vinculadas diretamente a matriz no centrodo bairro na rua Amaral Santos. As outras estãoespalhadas em toda a zona Oeste que compõe oreferido bairro. São Dimas, São Francisco deAssis, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,Santa Ana, Santa Clara de Assis e capela Nossasenhor Jesus Cristo. As evangélicas somam trêsda Assembléia de Deus, duas Adventistas doSétimo Dia, duas Pentecostais, duas doEvangelho Quadrangular, uma Metodista, umaPresbiteriana e uma Estrela da Manhã, além detrês centros de Umbanda e uma Espírita. Estáúltima sob a doutrina do francês DenizerdRivail, conhecido apenas como Alan Kardec.

São Jorge / VSão Jorge / Vila da Prataila da Prata

O bairro é passagem obrigatória paraquem desejachegar à zonaOeste, a área dasunidades doExército e caminho para ocomplexo delazer da praia daPonta Negra eTropical Hotel

5533Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Santo Guerreiro agregafé de todos os religiosos

A presença religiosa, de todas as denominações, é forte em todos os cantos do bairro de Jorge

Ruas estreitas reclamam melhor assistência pública

Page 54: história dos bairros

Década de 70 marcadesenvolvimento

A prática do lazer tem forte sentido comunitário no bairro

55554444Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Cachoeiras e casascobertas de palhasão só lembrançasOs moradores mais antigos ainda

guardam as lembranças das primeiras ruasdo bairro na parte Norte sem pavimen-tação, emolduradas por casas de madeiracoberta com palhas, telhas de barro e pisobatido. O melhor cartão postal de São Jorgeé sem sombra de dúvidas as cachoeiras quecortavam o bairro e que serviam de opçõesde lazer e entretenimento à comunidade,contando com aproximadamente três met-ros de altura e uma gigantesca corrented`água corrente batizada pelos usuárioscomo Bacia de Prata ou simplesmenteCachoeira Grande, mais tarde transfor-mada como fonte abastecedora de águapara a comunidade pela empresa ManausImprovements Company. Era o maiorponto turístico do bairro e, parada obri-gatória para o cotidiano das lavadeiras. Osjovens, adultos e crianças usavam o localpara seu passatempo preferido aos domin-gos e feriados.

Além da Bacia de Prata, São Jorge foiagraciado com o igarapé do Franco (hoje to-talmente poluído) que desaguava noigarapé do São Raimundo onde fazia parteda bela paisagem numa parceria naturalcom as catraias (também sumiram sódeixando lembranças), transporte obri-gatório dos trabalhadores das antigas ser-rarias que funcionavam no porto do bairroAparecida.

São Jorge como a maioria dos bairros deManaus, também recebeu outros nomesentre eles, Pico das Águas. Muitos aindalembram que o bairro ficou conhecido porum longo período como Rocinha e Morrodas Corujas. De acordo com documentosem poder do acervo da diocese do bairro foi

realizado um plebiscito entre os poucosmoradores na área para a escolha definitivavencendo, portanto, o nome de São Jorge, o"Santo Guerreiro". O nome segundo osmais antigos vem da sabedoria popular emanalogia à natureza exuberante do lugar epelo forte sincretismo religioso existente.Até os dias atuais o bairro é visto e lembradopela forte apelação religiosa que fica entre afé católica e os terreiros de umbanda. Foinesse período que João de Castro e JoanaGalante (ver box) ofereciam à comunidadegrandes festas e distribuição de donativospara os mais carentes, já que os primeirosmoradores eram oriundos do interior doAmazonas e de outros Estados.

O Cigs preserva área verde

A década de 70, foi primordial para achegada do progresso no bairro com a cons-trução dos conjuntos habitacionais dosBancários e dos Comerciários com recursosdo Governo Federal. No final da mesma dé-cada foi instalado na área Norte do bairro o 1ºBatalhão de Infantaria de Selva, substituindo o27º Batalhão de Caçadores.

No mesmo período São Jorge vivia a efer-vescência cultural das festas folclóricas desta-cando os grupos Currupião, Bem-te-vi,cordão das lavadeiras e bumbá Garantido.Com o passar dos anos o movimento foi sendoesquecido pela comunidade dando lugar aosnovos atrativos culturais. Nos dias atuais, aspoucas manifestações culturais que tentam semanter preservadas na memória da comu-nidade é a escola de samba Dragões doImpério e a quadrilha junina Festança. Todosos anos se apresentam no ginásio construídoem frente a igreja matriz e que recebeu onome de um filho ilustre do bairro,Ninimbergue Guerra (jogador do Botafogo doRio de Janeiro), servindo também para asatividades desportivas.

São Jorge tem uma vida econômica ra-zoável dependendo do comércio da ZonaFranca no Centro da cidade. Tem uma feiracentral no coração do bairro e outras peque-nas espalhadas em suas ramificações como oVila da Prata, Vitória Régia e Jardim dos Barés.Comporta também mercadinhos, drogarias,panificadoras, pizzarias, escolas públicas eparticulares e um zoológico (ligado aoExército brasileiro). Por sua dimensão geográ-fica, São Jorge dispõe ainda de postos de saúdee um jornal periódico - o Amazonas emTempo. Mesmo com essa ampla dimensão epelo número de habitantes, o bairro não temuma delegacia e nem agência dos Correios.

TRADIÇÃO E BOAS RECORDAÇÕESPara os moradores mais antigos do bairro

estão guardadas apenas as lembranças da ca-choeira da Bacia de Prata (nome do rio queainda sobrevive cortando o bairro). Do velhocastelo da companhia de águas e das festas co-mandadas pela mãe de santo Joana Galante,que animava o bairro com suas reverências aSão Sebastião, Cosme e Damião e os arraiaisjuninos com o levantamento do famoso paude sebo. Como todo o progresso tem seupreço, São Jorge mudou também.

A antiga cachoeira e os igarapés foram sub-stituídos pelos condomínios Cidade Jardim,

Jornalistas, Tocantins, Parque dos Inglesesmatando a paisagem natural. As velhas ruasde barro deram lugar para o asfalto e as antigaslamparinas e candeeiros substituídos pelosfios de alta tensão.

NOVOSNOMESSeguindo o mesmo raciocínio em relação

às tradições são as alterações de nomen-clatura de algumas ruas que mudaram denomes, mas continuam sendo conhecidaspela origem popular.

É o caso da rua da Cachoeira (relação feitacom a queda d'água de aproximadamente trêsmetros de altura existente no local nos idos de1940 e 50 e que servia de reservatório de águapara a comunidade) passou a se chamar deAmbrósio Ayres conforme Decreto Municipalé o cartão de entrada do bairro na cabeceira daponte que liga o bairro ao centro da cidadepelo lado direito.

Pelo lado esquerdo está a rua Humberto deCampos, tendo como origem popular o nomede Pau-Não-Cessa (antes de ser totalmentecivilizada, era comum acontecerem conflitosentre os moradores do próprio bairro emoradores dos bairros vizinhos entre eles,São Geraldo, Flores e Santo Antonio).

Outra rua que tem um detalhe curioso é arua dos Batizados. Atualmente conhecidacomo Amaral Santos. Ela começa na VicenteTorres e termina na 1º de Maio.

SERVIÇOSão Jorge/Vila da Prata/ Jardim dos

Bares e Vitória Régia - Zona Oeste

- EEssccoollaass EEssttaadduuaaiiss:: 55 ((SSããoo JJoorrggee)) ee11 ((VViillaa ddaa PPrraattaa))

- LLiinnhhaass ddee ôônniibbuuss - 110022 ee 111188 ((SSããooJJoorrggee)) - 111144 ((VViillaa ddaa PPrraattaa))

Abrigo de bairrosO bairro de São Jorge possui uma

enorme e extensa área demográfica. Atébem pouco tempo abrigava os bairros deVitória Régia (antigo Florestal), Jardimdos Bares e Vila da Prata. Em 1920, pordeterminação do Ministério da Agricultu-ra, o governador Rego Monteiro criou oHorto Florestal do Estado. O governadorEfigênio Sales, oito anos depois incen-tivou o projeto de plantio de café, guara-ná, azeitona, manga, caju, ingá e maracu-já, além de preservar espécies regionaiscomo o jatobá, tucumã, bacaba e bacuri.

De acordo com o livro editado no gov-erno Gilberto Mestrinho, em 1940, o pro-jeto foi abandonado e as árvoresfrutíferas se perderam no meio do mata-gal tomando conta da área, hoje denomi-nada de Vitória Régia. Com a desativaçãoda Cidade Flutuante (cercanias da Praçados Remédios e Igarapés de Educandosem 1960). Grande parte de seusmoradores ocuparam justamente a áreaque pertencia ao antigo Horto Florestal.Nascia, portanto, a extensão do bairro deSão Jorge chamado primeiramente deFlorestal, em seguida de Vitória Régia,opção dos seus próprios moradores emhomenagem a flor-rainha do Estado.

Em 1967, com toda a área do antigoHorto totalmente ocupada e antes quefosse invadida a área militar foi aberta maisuma estrada vicinal bem aos fundos dobairro de São Jorge e dado o nome deJardim dos Bares. Um bairro até então car-

ente de serviços públicos e com uma ex-trema necessidade de ser urbanizado.Atualmente conta com serviço médicoatravés de um Posto de Saúde, escolaspúblicas, igreja católica e templos evangéli-cos. Uma feira que atende a comunidade esendo dividido pela Vila Militar.

SURGIMENTODA VILA DA PRATANa década de 70, a parte Norte do

Bairro de São Jorge iniciava o processo deexpansão. Centenas de famílias refu-giadas também da Cidade Flutuantecomeçaram a ocupar a faixa de terra de-nominada de Vila da Prata. Nesta época atelevisão chegava aos lares brasileiros eestava sendo exibido o folhetim "Cavalode Aço", com um enredo desenvolvidonum lugarejo de nome "Vila da Prata".

Na realidade durante 20 anos a Vila daPrata não era nem vila e muito menos umbairro, mas apenas um matagal, que foisendo desbravado aos poucos pelos seusprimeiros moradores. Atualmente, obairro conta com uma quadra polivalenteonde são realizados torneios desportivose festival folclórico, um Posto deAtendimento de Urgência, Associação deMoradores, Clube de Mães, escola estad-ual Irmã Adonai Politi, o centro educa-cional Sementinha do Saber e serviçosessenciais como água encanada, luzelétrica e transporte coletivo sendo aten-dido pela linha 104.

O santo padroeiro do bairro écomemorado todo dia 23 de abril tantopela igreja católica, quanto pelo cen-tro de umbanda Cabana do PretoVelho, quando é realizada uma grandeprocissão sendo carregada a imagemdo santo pelas principais ruas dobairro. Neste dia também é realizadauma missa em ação de graças.

SAIBA MAIS

Page 55: história dos bairros

O São José Operário foi o segundo bairroa surgir na Zona Leste de Manaus, entre ofinal da década de setenta e início da deoitenta, sendo ocupado, no princípio, porribeirinhos oriundos do interior do Estadoe da periferia da cidade. A ocupação da áreafoi marcada por lutas pela posse das terrase envolviam moradores, grileiros e o poderpúblico, já que havia controvérsias sobre alegalidade dos terrenos.

Assim como na maioria dos bairros daZona Leste, originada a partir da invasãodas áreas verdes pertencentes à Ufam(Universidade Federal do Amazonas), hojebairro do Coroado, os ocupantes do SãoJosé sofreram violências tanto por parte dejagunços, a mando de grileiros, quanto depoliciais, sob supervisão do poder público.Desta forma, o assentamento cresceu deforma desordenada, causada pela falta deuma política de assentamentos urbanos ede melhorias na infra-estrutura.

Por estar localizada nas proximidadesdo Distrito Industrial, a ocupação da árease tornou inevitável e levou o então gover-nador do Estado, José Lindoso, e o prefeitoda época, José Fernandes, a criam o bairroSão José Operário, em 1980, com o objetivode abrigar famílias que invadiram áreas daSerra Azul, no Parque Dez, e do Igarapé doQuarenta. O bairro foi entregue sem infra-estrutura básica, como asfalto, transporte,água, luz e com moradias classificadascomo casebres. Segundo Firmino Pereirada Cruz, morador do bairro desde sua fun-dação, para ter acesso ao transporte cole-tivo eram necessárias longas caminhadasaté a Alameda Cosme Ferreira.

A urbanização de fato só teria início apartir de 1982, através da mobilização pop-ular, em conjunto com membros da IgrejaCatólica, que pressionaram as autoridadespúblicas em busca de melhores condiçõesde moradia. Os moradores cobravam edu-cação, saúde e segurança e denunciavamjunto à imprensa, levando as autoridades aefetuar tais melhorias, como a distribuiçãode água encanada por parte da empresapública Cosama, responsável na época peloabastecimento da cidade.

Por volta da metade da década deoitenta, o bairro comportava praticamenteum terço da população pobre da cidade deManaus, com os moradores obtendo suarenda basicamente através do comércio ouda indústria local e, também, por meio debiscate. Os moradores também sofreremsob as condições econômicas dessa dé-cada, como a inflação desordenada, carac-terística da economia brasileira na época, ea questão fundiária, o desemprego e a falta

de condições dignas de vida, que fez jornallocal reclamar que "falar no São José semfalar nestas questões é o mesmo que taparsol com a peneira".

Atualmente, o bairro comporta certaquantidade de prédios públicos: há umposto do corpo de bombeiros, a 9ª DP, umposto do Prato Cidadão, implantado em2004, um posto dos Correios, um postoS.O.S Manaus, a policlínica Zeno Lazini, opronto socorro João Lucio e a maternidadeAna Braga. Ainda hoje a Semosb(Secretaria Municipal de Obras) mantémno bairro um posto para regularizar asmoradias que ainda não receberam o títulodefinitivo de propriedade.

Atualmente o bairro tem boa represen-tação política através de suas associaçõespopulares, como a Associação Amigos doSão José Operário e o Clube das Mães. A as-sociação realiza reuniões quinzenais e,uma vez ao mês, ocorre reunião geral, paradebater problemas do bairro.

A associação realiza cursos profissional-izantes de artesanato, corte e costura, com-putação, entre outros. Segundo o presi-dente da associação, Vicente Prata, o de-semprego é um dos problemas mais pre-ocupante da comunidade.

O bairro também apresenta hoje ra-zoável nível da urbanização, com os shop-pings São José e Grande Circular, e agênciasda Caixa Econômica Federal, Bradesco,Banco do Brasil, Unibanco, inúmerasdrogarias e grandes rede de lojas. Na áreade lazer, os moradores dispõem de camposde futebol, o ginásio do Zezão e aAssociação da Grande Família, escola desamba do bairro, que apresenta desfiles nocarnaval da cidade anualmente.

São JoséSão José

O bairro cresceucercado pelaprincipal viade escoamentoe de movimentodo comérciolocal. Pelaavenida GrandeCircular passamdiariamentemilhares depessoas

5555Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

A mobilizaçãopopular temimportante

papel na históriado bairro

A Grande Circular testemunha crescimento do São José

Nascido da luta contratudo e contra todos

O bairro é muito bem servido por dois shoppings de periferia, com lojas de ótimo padrão

Page 56: história dos bairros

Um passeio de bonde pelo bairro dos Bilhares

São GeraldoSão Geraldo

A ponte dosBilhares é uma das testemunhasbem vivas dahistória do bairro,de uma épocaefervescente daboemia. A ponte,na avenidaConstantino Nery,liga o São Geraldoao bairro daChapada

5566Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

O Millenium Center dá o tom da modernidade arquitetônica ao bairro

O atual bairro de São Geraldo conta comalgumas décadas de história. A vida rit-mada pelo bonde, as estradas de piçarra,remontam a primeira metade do século20, em meados das décadas de 40 e 50.Conhecido como o bairro dos Bilhares,compreendido entre avenida ConstantinoNery, João Coelho e estrada João Alfredo (hoje Djalma Batista).

A Constantino Nery e parte da JoãoCoelho eram conhecidas como estrada daCachoeira Grande (antiga foz de abasteci-mento de água para a cidade de Manaus,concluída em 1888, localizada no bairro deSão Jorge (hoje só resta lembranças doantigo reservatório na área atrás da conces-sionária da Peugeaut ).

São Geraldo, ou melhor, bairro dosBilhares deve sua origem à existência dacompanhia de transporte "Villa Brandão"( 1893), proprietária de uma linha de bon-des que fazia o percurso do MercadoPublico à Cachoeira Grande (origem dobairro de São Jorge) passando por umantigo estabelecimento de jogos de bilharcujo proprietário, mantinha jogos e diver-são, além de vinhos e outras bebidas al-coólicas até altas horas. A partir daí, ospopulares passaram a chamar toda a áreade ponto dos Bilhares, até a mudança paraSão Geraldo, na segunda metade do século.Mário Ypiranga relata em seu livro "RoteiroHistórico de Manaus" que o comércio debilhares fechou as portas e o prédio ruiu eonde funciona atualmente a empresaCpiscinas, na rua Pará.

CABARÉ DAVERÔNICAOutro detalhe curioso está relacionado

ao trecho que compreende as atuais em-presas Gosto - Gostoso e Millenium Centerque na década de 50 era uma antiga pe-dreira e um balneário conhecido comoponte da Verônica. Segundo depoimento deBenedito dos Santos, 75, um dos mais anti-gos moradores, a ponte que liga o bairro aChapada era ponto de encontro de homensque se reuniam para se divertir. "Existiaum prostíbulo conhecido como Cabaré daVerônica em Flores, na localidade con-hecida como Bom Futuro".

Benedito relata que ao chegar nestaárea em 1950 seu pai era estivador do Portode Manaus e funcionário da prefeituracomprou um terreno na área e ali ergueuuma casa. "A maioria das habitações era detaipa, existiam pontes de madeira e a áreaera um intenso matagal", descreve.

A ocupação do trecho se deu de formaordenada, através de venda direta com osproprietários, no caso de Maria Wanderleique loteou a terra e depois foi indenizada ea Congregação das Irmãs Adoradoras doSangue da Cristo que ajudaram a dar asfeições do bairro, como é o caso da "Vila doPreciosíssimo" loteada e vendida e a outraparte dos terrenos foram arrendados. Estacaraterística dá a localidade um traçado ur-bano mais organizado.

O bairro de São Geraldo tem como vias

principais as avenidas Constantino Nery eDjalma Batista, parte da rua Pará e JoãoValério, as ruas Cláudio Mesquita, a tra-vessa de São Geraldo onde o comércio, olazer tem uma intensidade à noite.

As transformações durante os últimos15 anos trouxeram bastante desenvolvi-mento e vantagens, as passagens de nível, aduplicação das avenidas mostra o ritmoacelerado da vida moderna, ao menos parauma parcela dos moradores do bairro.Porém em outras localidades como a ruaPico das Águas, a modernidade demora achegar, a insegurança devido a violênciadas grandes metrópoles é fonte de preocu-pação da comunidade.

NO CAMINHO DA MODERNIZAÇÃOA proximidade do Centro e dos grandes

shoppings que se estabeleceram emManaus favorecem o grande número deadolescentes locais e estruturas moder-nizadas dos centros de compras ofere-cendo salas de cinemas, praças de alimen-tação, sorveterias, quadras particulares defutebol e um campo para famosas peladas.

Heraldo Pimentel, morador do bairrorecorda que a diversão se dava de formamais intimista, nos quintais e ruas. "Ocampo de Futebol, antes de barro e grama,hoje já não é aberto à comunidade. As fes-tas que antes eram tradicionais no bairroentre elas, as juninas se perderam com otempo, muito devido ao calçamento ecrescimento populacional", lembra. Osmesmos grandes quintais onde se erguiamas fogueiras, cederam lugar às habitaçõese com isto parte dos costumes também en-fraqueceram.

O carnaval no bairro, motivado pelosdesfiles ocorridos na Djalma Batista, teveseu momento de glória durante a década de80 quando se organizava os blocos popu-lares. Heraldo relata que tais blocos percor-riam as ruas principais, em forma de des-file interno, o exemplo é o Bloco do Vinhoque depois se transformou em escola do 2ºGrupo do desfile das especiais. Os maiscontagiantes eram o Bloco Encontro dasÁguas e o Bloco das Virgens do São Geraldo,onde os homens se fantasiavam de mulhere "pulavam" durante todo o dia.

Portanto, passado e modernidade con-vivem em um mesmo lugar, servindo comomemória para os tempos futuros. Comaproximadamente 8 mil habitantes ( da-dos IBGE/1993) o bairro divide a moradiaentre casas populares e estabelecimentoscomerciais como Postos de Gasolina,salões de beleza, restaurantes pizzarias,Cidade dos Carros, e tantos outros dandouma feição particular a localidade.

Algumas instituições públicas fazemparte do bairro como o posto médico daPrefeitura na rua Pico das Águas, umaagência dos correios, escolas públicas eparticulares como o Centro de RecreaçãoInfantil e Juvenil, o Ciec, escolaPreciosíssimo Sangue e a igreja católica deSão Geraldo.

A religiosidade dos moradores do são Geraldo senotada até pela escolha do nome do bairro. Comuma forte tendência da comunidade cristã, aparóquia de São Geraldo tendo hoje a frente opadre Alirio Lima. Suas origens estão ligadas aospadres Redentorista que atuavam na área e aprópria Congregação das Irmãs Adoradoras dosangue de Cristo. A festa do padroeiro do bairro éno dia 16 de Outubro, onde era realizado umgrande arraial, com comemorações sendo real-izadas por uma semana, atualmente a comu-nidade luta para reativar essas antigas tradições.Segundo o Sr. Heraldo, no ano de 2004 foi comem-orado 100 anos de canonização do santo

padroeiro, onde a comunidade realizou uma festade comemoração.

Porém a tendência católica não está só. As igre-jas e congregações evangélicas têm forte presençano bairro. A mais antiga é a Assembléia de Deusconstruída em um prédio que antes pertencia auma rede de supermercados da cidade. Outras sefazem presentes, como a igreja Universal e aBatista que congregam centenas de moradores dosarredores e do próprio bairro.

O sincretismo religioso típico de nossa sociedadebrasileira, tem seu reflexo neste bairro que divideespaço de tolerância os católicos, evangélicos e um-bandistas que se reúnem na travessa São Geraldo.

Lugar de gente de fé

Page 57: história dos bairros

Em 1849, o governo do Estado doa aoSeminário São José o terreno que hoje cons-titui o bairro de São Raimundo, portanto, aárea foi concedida à instituição como seupatrimônio. Na ocasião o bispo DomLourenço da Costa Aguiar percebendo asituação dos moradores da antiga CidadeFlutuante decide ceder uma parte do ter-reno para os refugiados da enchente. Foramconstruídas as primeiras casas pagas comcerta quantia mensal denominadas de"foros da igreja", administradas e cobradasem nome da diocese a cargo de BelmiroBernardo da Costa. Os primeirosmoradores sanaram as dívidas com a dio-cese em 30 anos.

Tudo começou com a vinda do Estado doCeará da família de Bernardino de Sena eCândida Maria Anunciação a procura de tra-balho em Manaus e posteriormente a trans-ferência de seus filhos Elizardo, José,Antônio, Joaquim, Martino, Tereza, Luis eJoana. Justamente seus filhos e genros queencontraram atividades no único mata-douro da cidade, outros no mercado, am-bos funcionando no bairro. A princípio con-struíram suas casas à beira do Rio Negro.Naquela época já existia a família de JoãoCaboclo (chefe da família), o pescadorManuel Salgado, o embarcadiço JoséOlímpio e o ajudante Lucas. Distante desuas casas construíram um depósito delenha para abastecer os navios que atra-cavam no porto próximo a rua da Boa Vista,ao mesmo tempo que se alimentavam coma caça aos arredores do bairro.

Em 1877, nesta época com a chegada deBernardino veio também sua filha de nomeLuzia (permaneceu solteira e se dedicava àscausas sociais das pessoas carentes, fale-cendo em 1938, aos 98 anos). Aos poucosfoi crescendo o número de casas e habi-tantes. Bernardino, católico fervorosocomeçou a solicitar a presença de sacer-dotes para a celebração do santo sacrifíciodo altar. Nas datas festivas, Luzia se encar-regava dos preparativos do grande evento eo local se tornava um, grande arraial ilumi-nado pelos lampiões de gás.

A catedral participava do evento pedindodonativos emprestados de outras locali-dades para armarem o altar num barracãoonde guardavam ferramentas para der-rubada das matas.

Foi nesta ocasião que a pedido deBernardino que apareceu na comunidade orecém ordenado Raimundo Amâncio deMiranda, filho do município de Maués,trazendo consigo a imagem de SãoRaimundo Nonato, medindo cerca de 40centímetros. Imagem que Luzia colocavasempre no centro do altar nos dias de festase celebrações. Quando o padre RaimundoAmâncio deixou de ir à comunidade ficousob a responsabilidade de Raimundo Limãocom a missão de dar prosseguimento àsreverências ao santo. A presença da im-agem estava tão forte e impregnada na pe-quena comunidade que logo o cemitério re-cebeu seu nome. Aproveitando o ensejo, obairro logo em seguida recebe também amesma denominação, ou seja, São

Raimundo. Padre Amâncio continuou ainda em

Manaus e fundou também a Irmandade doSantíssimo Sacramento em 1890, sendoem seguida ordenado monsenhor da igrejacatólica e faleceu em 27 de novembro de1901.Em 1933, o novo pároco da comu-nidade, padre Carlos recuperou a imagem ecolocou permanente nas reuniões festivasdo curato.

A EXPANSÃO COMUNITÁRIASão Raimundo a partir destes aconteci-

mentos iniciava um processo de urbaniza-ção com vistas ao crescimento. Famílias embusca de novos horizontes e vindas do inte-rior à procura de emprego, encontraram naárea um lugar seguro e bom pra se morar.De acordo com documentos da paróquia deSão Raimundo, os terrenos tinham o avalda diocese, afastado do Centro da cidade,além de serem próprios para pessoasmenos civilizados.

Até 1919,continua os registros daparóquia, o lugar era mal afamado devidoos constantes conflitos, povo inculto e semprofissão fixa. Os homens eram tidos comoos valentões do lugar sempre comrevólveres na cintura e facas à mostra. Osmais temidos eram Chico Preto, ManuelFrancisco e Lezarrão que enfrentavam osvigilantes da polícia sem temer nada. Umdetalhe curioso deste período constando noregistro, foi que certa ocasião apareceu nacomunidade certo político fazendo cam-panha à sua candidatura e prometeu água àpopulação. Após ganhar as eleições nãocumpriu sua palavra. Por ocasião de umagrande festejo na comunidade quis o

político voltar e recebeu o seguinte aviso:"As mulheres de São Raimundo esperam-no a vassouras". O recado foi tão incisivoque nunca mais apareceu na comunidade oreferido político.

Reinava por estes tempos a pobreza e amiséria. As mulheres para ajudarem nosustento da casa lavavam "buchos" e reven-diam pela cidade, ocasionando por isso oapelido de "bucheiras". Apelido que atéhoje é atirado como insulto à comunidade.

No mesmo ano, o governo decidiu acabarcom as desordens no bairro e estabeleceuuma intendência de polícia e os valentõesforam desaparecendo. Foi grande o esforçodo clero e das religiosas com a finalidade deelevar o nível moral e intelectual da comu-nidade. As moças e os rapazes já mostravamdeterminadas mudanças no comporta-mento. Era comum se ver passar ospescadores no final de tarde e o maior en-tretenimento eram as festas de bailes organi-zadas nos pequenos clubes. Por ocasião doCarnaval todos caiam na folia deixando obairro em clima de alegria e festa. Na quarta-feira todos compareciam à igreja paratomarem às cinzas como sinal de penitência.

De 1879 a 1880 o padre Amâncio deMiranda deu início ao trabalho espiritual na

comunidade improvisando um velho bar-racão que servia de capela. Atualmente o lo-cal está funcionando a sacristia da igreja.

Atualmente o bairro de São Raimundo,na Zona Oeste da cidade cresceu no seulimite a uma superfície de 115.32 hectares.Tem como início de seu perímetro urbano oigarapé homônimo com o Rio Negro,seguindo a margem esquerda até o ponto fi-nal da rua São José até a avenida PresidenteDutra, passando pela 5 de Setembro. Possuium clube tradicional e que faz referência àequipe desportiva e que representa obairro, o Esporte Clube São Raimundo.Uma quadra desportiva no ponto final dalinha 101. O porto da balsa que se interligacom os municípios de Manacapuru,Iranduba e Novo Airão. É atendido na áreade educação pelas escolas estaduaisMarquês de Santa Cruz (rua VirgílioRamos), Pedro Silvestre (rua Rio Branco),São Luiz Gonzaga (rua 5 de Setembro); es-colas particulares: centros educacionaisMônica (rua 5 de Setembro), Lamarão(avenida Presidente Dutra) e Amazônia(rua 5 de Setembro).

O bairro está ligado com o centro dacidade a menos de 15 minutos pela ponteaté o bairro de Aparecida. Por muitos anosfoi utilizado serviço das catraiais.

EXTENSÃO DE PERÍMETROCom a chegada cada vez de interioranos

a procura de terras e oportunidades de em-prego, o perímetro urbano do bairro SãoRaimundo foi ampliando surgindo noperíodo da década de 60 a comunidade daGlória com seu ponto inicial na avenidaPresidente Dutra

São RaimundoSão Raimundo

Principal meiode ligaçãocom a outramargem dorio Negro, atravessia de balsa a partir do porto de SãoRaimundo é muitoutilizada pelapopulação, sejade carro ou a pé

5577Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Moradores dachamada cidade flutuante deram início a gloriosahistória do bairro

Espírito hospitaleirodesde o início da história

No São Raimundo a igreja católica também exerceu forte influência no início do bairro

Page 58: história dos bairros

O bairro Tancredo Neves surgiu atravésda ocupação das áreas localizadas naestrada que ligava o São José Operário àCidade Nova, hoje avenida Autaz Mirim,antiga Grande Circular, em meados da dé-cada de oitenta. Igual aos demais bairros daZona Leste, o Tancredo Neves foi ocupadoatravés de invasões e, em 1987, já contavacom cerca de dez mil moradores, grandeparte originários do interior do Estado oude outros bairros da cidade.

Desde o início da ocupação do bairro, osmoradores exigiam infra-estrutura urbana,como água, luz, escolas, postos médicos etransporte coletivo, a exemplo do que forafeito no São José, de onde veio grande partedos habitantes do Tancredo Neves. Aindaem 87, o então prefeito Manoel Ribeiro es-teve no bairro e prometeu um programamínimo de urbanização, como pavimen-tação das ruas, o que de fato se realiza, evi-tando assim que os moradores tenham dese deslocar até bairro vizinho para atendersuas necessidades básicas.

Nas discussões entre moradores e opoder público, foi sugerido que a urbaniza-ção ocorresse nos moldes da realizada empartes do São José, com loteamento, urban-ização e depois as ocupações dos lotes. Deacordo com Gaspar Onofre da Silva, antigomorador do bairro, em parte a ocupação sedá desta forma, mas novas ondas de in-vasões ocupam outras áreas de forma des-ordenada, causando um caos urbano noTancredo Neves.

VIOLÊNCIA ÉMARCA NEGATIVADurante a ocupação do bairro, os

moradores tentaram se precaver contraeventuais problemas, como a violência, quenão tardaria a aparecer, e por conta dissoreclamavam uma delegacia ou um postopolicial, Mas nesta época outros problemasjá eram evidentes, como o desemprego, queobrigava os moradores do bairro a tentarsobreviver por meio de atividades como bis-cates, ou catando ferro, chumbo e alumínionos lixos do Aleixo.

Em 2002, durante a elaboração do PlanoDiretor da Cidade, a área do Tancredo Nevesé subdividido em diversas comunidades,como o conjunto Nova Floresta, o SãoLucas, a Nova Conquista, o Novo Reino e aComunidade de Deus. Atualmente, o bairropossui o posto de saúde Leonor Brilhante,sob responsabilidade do governo munici-pal, uma delegacia de Polícia, localizada naavenida Autaz Mirim, oito escolas munici-pais de ensino fundamental e uma escolaestadual localizada na Comunidade deDeus, de ensino médio e fundamental.

Segundo o presidente da Adicom(Associação para DesenvolvimentoIntercomunitário do Bairro TancredoNeves), Enéas Gonçalves dos Santos, sãomuitos os problemas do bairro. Nas reu-niões, os associados querem mais ação dopoder público em questões como educação,saúde, segurança, transporte, infra-estru-tura básica, esgoto, água encanada e luz.

Uma pesquisa realizada pelo

Departamento de Geografia da Ufan, noano de 2004, visando diagnosticar ascondições socioeconômicas do TancredoNeves, constatou que 92% das ruas sãopavimentadas, apesar da má qualidade doasfalto. 86% das moradias são servidas porágua encanada, embora esta não cheguecom regularidade, variando muito ohorário, e 97 % são beneficiados com ener-gia elétrica,

A pesquisa também constatou que ape-nas 59 % dos moradores possuem casas dealvenaria, enquanto os demais habitamcasas de madeiras ou mistas, alvenaria emadeira. Em 72 % dos domicíliospesquisados havia, no ano da pesquisa,pelo menos um adulto desempregado.Além do mais, em 76% dos domicílioshavia, pelo menos, um morador trabal-hando sem carteira de trabalho assinada.Outro dado alarmente sobre as condiçõesdos moradores do Tancredo Neves é queapenas um indivíduo trabalhava em 58%das moradias.

Quanto à escolaridade, 53% dos jovensdos 15 aos 17 anos, não freqüentam a es-cola, o que indica que avançar para o en-sino médio não é uma realidade para todosos moradores do bairro, que se dizem in-satisfeitos com os serviços públicos, 76%deles. Também são 66 % da população osinsatisfeitos com o transporte coletivo e84% os que não estão contentes com a se-gurança pública.

TTancredo Nevesancredo Neves

Relativamentejovem, o bairrocriado na zonaLeste por meio de invasãode terra, aindaestá longe deexperimentaras benessesdo progressoe da melhoriada qualidade de vida

5588Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Nome de presidente, em busca de identidade

Infra-estrutura precária é uma das principais queixas dos moradores

Comerciantes vivem à espera do grande momento do setor

Page 59: história dos bairros

Na década de 70, a Marinha do Brasil ne-cessitava cada vez mais fortalecer as fron-teiras, e para isto, novos postos militaresforam implementados em áreas estratégi-cas, como na Amazônia. O comandanteMarcos Antônio Rios explica que este foi umdos motivos que levaram a Marinha a con-struir um complexo militar próximo aoporto do Ceasa. Outro motivo apresentadopelo comandante foi a necessidade doEstado brasileiro se fazer presente nasáreas mais afastadas dos núcleos urbanos,através da política de assistência à popu-lação ribeirinha, onde as operações de as-sistência hospitalar atendem a 17 anos di-versas comunidades no Amazonas. A neces-sidade de defesa se reverteu também paraadquirir um local onde os marinheiros, ca-bos, sargentos e suboficiais pudessem tra-balhar e morar.

Surge, portanto, a Vila Buriti. Na reali-dade não se trata especificamente de umbairro, mas uma área militar restrita, quese encontra inserida no Distrito Industrial.Construída em um terreno da União, onde apresença de grande quantidade deBuritizeiros levou a escolha do nome do lu-gar. Antes da chegada dos militares, a regiãoera uma paisagem composta por umaglomerado agrícola.

Cercado por bairros carentes, como aVila Felicidade e Mauazinho, a Vila Buriti sedestaca pela estrutura e organização desuas ruas e instituições. Seu conjuntohabitacional está distribuído em quatro eta-pas e comporta 428 imóveis, onde em suamaioria estão ocupados. A vida ordeira deseus habitantes só é quebrada pelo barulhoconstante dos helicópteros militares quesaem do helioporto.

Divivido entre seu próprio núcleohabitacional e a área militar, conta comuma esquadra de helioporto, o Comando deFlotilha do Amazonas, com oito navios an-corados no seu próprio cais, um departa-mento naval que trata de assuntos adminis-trativos e a Estação Naval do Rio Negro inau-gurada em 1978.

Com uma rotatividade de quatro anos nomáximo, os moradores contam com váriosserviços oferecidos, o mercado Arco, oúnico do conjunto, um ambulatório naval ea sede de lazer "Casa Abrigo do Marinheiro -Cisne Branco", responsável pelo lazer doshabitantes da vila. Para o fuzileiro navalMarcelo da Fonseca Mendes, a sede desen-volve diversas atividades esportivas, entreas mais importantes, a natação e uma aca-demia de ginástica. Outra atividade real-izada na sede são as festas comemorativascomo o Dia das Mães, Dia das Crianças,

Natal entre outras. A sede resume a vida so-cial destas famílias, que afastada do centroencontram alternativas em entretenimentona sua quadra esportiva, na piscina ou nosalão de festas, onde são oferecidos progra-mação todos os sábados.

A atividade religiosa da pequena comu-nidade está centralizada na capela navalNossa Senhora dos Navegantes. A propostainicial seria a de um espaço ecumênico,onde todas as tendências religiosaspudessem se congregar. Atualmente ocapelão da igreja é de formação cristã e de-senvolve atividades preocupadas em estim-ular cada vez mais a participação do públiconos cultos cristãos independente do credoreligioso.

A principal reivindicação dos moradoresda vila é quanto ao transporte. A única linhade ônibus que atende a comunidade é a613, o que acarreta diversos transtornos,principalmente para as mulheres dos mil-

itares e as crianças e jovens que estudamem colégios no centro de Manaus. Na maio-ria dos casos a demora chega de uma a duashoras de espera, além da qualidade dotransporte ser precária. Portanto, essa pre-cariedade, fazem deste item, a maiorreivindicação dos moradores. A cariocaRosângela Almeida, em Manaus há cincoanos, moradora da vila há três, resume odilema, mas acrescenta que o ponto posi-tivo de ser moradora da vila é a proximidadedo serviço do marido.

Outra reivindicação dos moradores équanto à qualidade de ensino na escola davila. Apesar de a Seduc (Secretaria deEducação e Cultura) manter uma parceiracom a escola da vila. Maria de Nazaré Palhanoda Silva, paraense, há 2 anos em Manaus,aponta que muitas crianças estudam emcolégios particulares, porém as que estudamem escolas públicas sofrem com a qualidadeda educação, classificada como deficitária.

Por ser uma área militar, para implan-tação de qualquer serviço é necessário lici-tação. Por conta dessa exigência, por exem-plo, as moradoras têm dificuldades em com-prar produtos de necessidade básica, tendoque se deslocar para fora da vila. Uma feira ouum centro de conveniência é algo desejadopela comunidade.

Mesmo com uma vizinhança carente ecom deficiências no setor da segurançapública, os habitantes da Vila Buriti procu-ram manter uma convivência pacífica e disc-reta e apontam Manaus como uma cidadetranqüila para se viver.

Aliás, a Vila Buriti abriga uma comunidadecom moradores vindos dos mais diferentesEstados do país. São paulistas, cariocas,nordestinos que misturam várias culturas ecostumes. Um lugar onde as diferenças são atônica, mas que ao mesmo tempo, tambémse converge em área de troca de experiênciase relatos de viagens.

VVila Buritiila Buriti

Reduto tradicionalde oficiais epraças daMarinha do Brasil,a vila foi especialmentecriada para abrigar os quevêm servir emManaus. Queixamesmo só quantoao transportecoletivo

5599Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Os moradoresse dividem em

quatro blocos demoradias, com 428 unidades

O cisne branco moraem meio aos buritizais

Diversas atividades de lazer e esportivas são feitas no clube dos marinheiros

Page 60: história dos bairros

Na década de 70, a Marinha do Brasil ne-cessitava cada vez mais fortalecer as fron-teiras, e para isto, novos postos militaresforam implementados em áreas estratégi-cas, como na Amazônia. O comandanteMarcos Antônio Rios explica que este foi umdos motivos que levaram a Marinha a con-struir um complexo militar próximo aoporto do Ceasa. Outro motivo apresentadopelo comandante foi a necessidade doEstado brasileiro se fazer presente nasáreas mais afastadas dos núcleos urbanos,através da política de assistência à popu-lação ribeirinha, onde as operações de as-sistência hospitalar atendem a 17 anos di-versas comunidades no Amazonas. A neces-sidade de defesa se reverteu também paraadquirir um local onde os marinheiros, ca-bos, sargentos e suboficiais pudessem tra-balhar e morar.

Surge, portanto, a Vila Buriti. Na reali-dade não se trata especificamente de umbairro, mas uma área militar restrita, quese encontra inserida no Distrito Industrial.Construída em um terreno da União, onde apresença de grande quantidade deBuritizeiros levou a escolha do nome do lu-gar. Antes da chegada dos militares, a regiãoera uma paisagem composta por umaglomerado agrícola.

Cercado por bairros carentes, como aVila Felicidade e Mauazinho, a Vila Buriti sedestaca pela estrutura e organização desuas ruas e instituições. Seu conjuntohabitacional está distribuído em quatro eta-pas e comporta 428 imóveis, onde em suamaioria estão ocupados. A vida ordeira deseus habitantes só é quebrada pelo barulhoconstante dos helicópteros militares quesaem do helioporto.

Divivido entre seu próprio núcleohabitacional e a área militar, conta comuma esquadra de helioporto, o Comando deFlotilha do Amazonas, com oito navios an-corados no seu próprio cais, um departa-mento naval que trata de assuntos adminis-trativos e a Estação Naval do Rio Negro inau-gurada em 1978.

Com uma rotatividade de quatro anos nomáximo, os moradores contam com váriosserviços oferecidos, o mercado Arco, oúnico do conjunto, um ambulatório naval ea sede de lazer "Casa Abrigo do Marinheiro -Cisne Branco", responsável pelo lazer doshabitantes da vila. Para o fuzileiro navalMarcelo da Fonseca Mendes, a sede desen-volve diversas atividades esportivas, entreas mais importantes, a natação e uma aca-demia de ginástica. Outra atividade real-izada na sede são as festas comemorativascomo o Dia das Mães, Dia das Crianças,

Natal entre outras. A sede resume a vida so-cial destas famílias, que afastada do centroencontram alternativas em entretenimentona sua quadra esportiva, na piscina ou nosalão de festas, onde são oferecidos progra-mação todos os sábados.

A atividade religiosa da pequena comu-nidade está centralizada na capela navalNossa Senhora dos Navegantes. A propostainicial seria a de um espaço ecumênico,onde todas as tendências religiosaspudessem se congregar. Atualmente ocapelão da igreja é de formação cristã e de-senvolve atividades preocupadas em estim-ular cada vez mais a participação do públiconos cultos cristãos independente do credoreligioso.

A principal reivindicação dos moradoresda vila é quanto ao transporte. A única linhade ônibus que atende a comunidade é a613, o que acarreta diversos transtornos,principalmente para as mulheres dos mil-

itares e as crianças e jovens que estudamem colégios no centro de Manaus. Na maio-ria dos casos a demora chega de uma a duashoras de espera, além da qualidade dotransporte ser precária. Portanto, essa pre-cariedade, fazem deste item, a maiorreivindicação dos moradores. A cariocaRosângela Almeida, em Manaus há cincoanos, moradora da vila há três, resume odilema, mas acrescenta que o ponto posi-tivo de ser moradora da vila é a proximidadedo serviço do marido.

Outra reivindicação dos moradores équanto à qualidade de ensino na escola davila. Apesar de a Seduc (Secretaria deEducação e Cultura) manter uma parceiracom a escola da vila. Maria de Nazaré Palhanoda Silva, paraense, há 2 anos em Manaus,aponta que muitas crianças estudam emcolégios particulares, porém as que estudamem escolas públicas sofrem com a qualidadeda educação, classificada como deficitária.

Por ser uma área militar, para implan-tação de qualquer serviço é necessário lici-tação. Por conta dessa exigência, por exem-plo, as moradoras têm dificuldades em com-prar produtos de necessidade básica, tendoque se deslocar para fora da vila. Uma feira ouum centro de conveniência é algo desejadopela comunidade.

Mesmo com uma vizinhança carente ecom deficiências no setor da segurançapública, os habitantes da Vila Buriti procu-ram manter uma convivência pacífica e disc-reta e apontam Manaus como uma cidadetranqüila para se viver.

Aliás, a Vila Buriti abriga uma comunidadecom moradores vindos dos mais diferentesEstados do país. São paulistas, cariocas,nordestinos que misturam várias culturas ecostumes. Um lugar onde as diferenças são atônica, mas que ao mesmo tempo, tambémse converge em área de troca de experiênciase relatos de viagens.

VVila Buritiila Buriti

Reduto tradicionalde oficiais epraças daMarinha do Brasil,a vila foi especialmentecriada para abrigar os quevêm servir emManaus. Queixamesmo só quantoao transportecoletivo

6600Manaus, sábado, domingo e segunda-feira, 22, 23 e 24 de outubro de 2005

Os moradoresse dividem em

quatro blocos demoradias, com 428 unidades

O cisne branco moraem meio aos buritizais

Diversas atividades de lazer e esportivas são feitas no clube dos marinheiros