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Historia magistra vitae

Historia Magistra Vitae

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Page 1: Historia Magistra Vitae

Historia magistra vitae

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Reinhart Koselleck (1923-2006)

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• Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro, PUC/Contraponto, 2006.

• Crítica e Crise. Rio de Janeiro, UERJ/Contraponto, 1999.

• “Dicionário de conceitos históricos fundamentais”, organizado por Koselleck, Otto Brunner e Werner Conze, entre 1972 e 1997, em nove volumes.

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Topos retórico: historia magistra• Longa duração• Natureza humana fixa• Condições sociais: hierarquia social, produção

agrícola, etc.• Ensinamentos morais e pragmáticos para o

presente• Res/verba: habilidade do orador

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Retórica e Ironia

• Ironia: distanciamento da autoridade do passado

• Uso do efeito de autoridade: citação (falsa) de Tucídides (Hardenberg)

• Momento de transição: reconhecimento (auditório) e distanciamento (orador)

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Mudança da estrutura temporal

• História e linguagem: uso da historia magistra como indício de continuidade/mudança da experiência

• Regimes de historicidade: relação entre passado/presente/futuro

• O fim da historia magistra: perda de autoridade do passado

• Toqueville: “desde que o passado deixou de lançar luz sofre o futuro, a humanidade erra nas trevas”

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• Entre 1750-1850: mudança semântica no vocabulário sócio-político: Sattelzeit

• Secularização, temporalização, ideologização, democratização

• Formação da Modernidade (Neuzeit): a diferença entre experiência e expectativa aumenta progressivamente.

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O conceito moderno de História

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Mudança linguística

• Convergência dos termos alemães Historie e Geschichte

• Historie: narrativa• Geschichte: eventos

• Geschichte: o evento e sua narrativa

• Res/verba: apagamento da aporia da história

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Fim do orador (exclusão da retórica)

• Aporia da História: res/verba

• Resolução retórica: habilidade do orador em transformar o fato em exemplo

• Resolução do conceito moderno: o que ensina é “a história em si”, e não a “história escrita”.

• Historiador x Orador: apagamento da escrita

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Singular coletivo

• Geschichte/Historie: histórias particulares (História do Peloponeso, História de Florença, etc.)

• Geschichte: a História, que engloba toda a experiência humana no tempo.

• “Acima das histórias está a História” (Droysen)

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História e poética

• Aristóteles: poesia (universal) x história (particular)

• Recurso poético para dar uma ordem interna (enredo) à História

• Unidade épica: a história da Humanidade como um romance

• Verdade histórica: do fato ao sentido

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Filosofia da História

• O Termo é cunhado por Voltaire, em 1765.

• Submeter a variedade do passado a uma reflexão filosófica

• Razão Humana Razão da História

• Erudição x Filosofia

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Jean-Siméon CHARDIN, Le singe antiquaire, vers 1726.

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História e Natureza

• Historia magistra: associação entre natureza e história

• Natureza humana, tempo da natureza (ciclos, astronomia, etc.)

• Conceito moderno: história x natureza• “Temporalização da história”: o tempo histórico

só pode ser medido pela ação do homem, produtor de mudanças

• Ex: conceito de progresso

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Aceleração• Mudanças sócio-políticas e inovações técnicas• Conceito de “progresso”• Impossibilidade de um juízo seguro sobre as

ações presentes.• Novas experiências não previstas em modelos

do passado• Neologismos: liberalismo, republicanismo,

comunismo, socialismo, etc.

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História e estética

• Classicismo: noção universal do belo• Modelo: antiguidade greco-romana

• Modernidade: tensão entre o efêmero e o eterno

• Baudelaire: ”na modernidade o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável".

• Modernismo: sucessão de vanguardas

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A Vênus de urbino, Ticiano (1538)

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Olympia, Manet (1863)

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Seurat, Un dimanche après-midi à I’Île de La Grande Jatte (1884-6)

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História e ética• História magistra vitae: lições morais

Recorrência da históriaPluralidade de históriasPrevisibilidade de ações similares

• Conceito moderno: História como processo (sentido)Singularidade da HistóriaPlanejamento (abertura do horizonte de

expectativa)

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A “resposta” a Toqueville

• Não é mais o passado que esclarece o presente, mas o futuro que lança luzes sobre o passado.

• História Sentido Futuro Ação

• História: tribunal do mundo. • Instância de legitimação política.

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A força da tradição

• Modernidade: quebra com a tradição• Expectativa de horizonte x espaço de

experiência• Regime futurista

• Limites de pensar o absolutamente “novo”• Ex. Napoleão e a legitimação hereditária

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O anjo de Klee

Paul Klee, Angelus Novus (1920)

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• "Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso".

Walter Benjamin, Teses sobre o conceito da história.

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História e Ética• “Por mais que vocês nos declarem culpados, a Deusa

do eterno tribunal da história romperá sorrindo a solicitude do procurador e o julgamento deste tribunal; pois ela nos absolve” (Hitler, apud: Koselleck)

• “A previsão do Estadista consiste na sabedoria e na

moderação que ele devota ao presente: esse presente não está aí com vista a um futuro de outra espécie, mas, na hipótese mais favorável, a um futuro que se mantém igual a ele e precisa justificar-se a si mesmo hoje, tanto quanto naquele futuro” (Jonas, Hans. 54).