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História Política de Itabaiana – 1945 a 1995 Em 1945 Getúlio Vargas perde a nível federal e Dr. Luiz Magalhães, então Juiz de Direito da Comarca de Itabaiana, assume a Prefeitura em 22 de novembro de 1945 e 08 de dezembro do ano corrente entrega novamente a Manuel Francisco Teles que se mantém até 07 de março de 1946, quando é novamente exonerado pelo Interventor substituto Hunaldo Santaflor Cardoso. O novo prefeito nomeado foi Etelvino José Mendonça, no entanto, Manuel Francisco Teles volta a ser nomeado pelo decreto de 04 de abril de 1946. Em 24 de abril de 1946 o Interventor Antônio de Freitas Brandão, exonera Manuel Francisco Teles e nomeia Etelvino José Mendonça para Prefeito. Em 1947, o Governador de Sergipe, Dr. José Rolemberg Leite, exonera todos os prefeitos Municipais. E para Itabaiana nomeia, o Sr. Abílio de Oliveira, pelo decreto de 01 de abril de 1947. Esse ano é marcado por um novo processo eleitoral que culmina com a vitória do Sr. Jason Correia, gente a Euclides Paes Mendonça. Jason empreendeu uma polícia truculenta contra os adversários udenistas, o que não fugi a regra da política itabaianense que assim se caracterizava desde os tempos mais remotos. A perseguição novamente foi constante aos opositores políticos, confundindo-se com os comerciantes, onde este tinham que comprar no mercado do seu tio Manoel Teles e, se assim não o fizesse eram considerados políticos , o que contribuiu para desastre de sua imagem. Em 1950, como próspero comerciante, Euclides ingressou na política sob a influência de Otoniel da Fonseca Dórea (Dorinha), chefe político da UDN itabaianense. Neste mesmo ano, volta a candidatar-se a prefeito concorrendo com Manoel Teles, chefe do PDS, sendo derrotado. A partir de então, dar-se-ia sua ascensão política, detendo o poder político de forma direta ou indireta. Politicamente podemos caracterizar o período euclidiano como violento, cheio de irregularidades com vários métodos coercitivos e persuasivos com o objetivo de manipular e garantir os votos de seus correligionários e, simultaneamente afastar e aterrorizar os seus adversários. A influência do Padre Artur

História Política de Itabaiana

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História Política de Itabaiana – 1945 a 1995

Em 1945 Getúlio Vargas perde a nível federal e Dr. Luiz Magalhães, então Juiz de Direito da Comarca de Itabaiana, assume a Prefeitura em 22 de novembro de 1945 e 08 de dezembro do ano corrente entrega novamente a Manuel Francisco Teles que se mantém até 07 de março de 1946, quando é novamente exonerado pelo Interventor substituto Hunaldo Santaflor Cardoso. O novo prefeito nomeado foi Etelvino José Mendonça, no entanto, Manuel Francisco Teles volta a ser nomeado pelo decreto de 04 de abril de 1946. Em 24 de abril de 1946 o Interventor Antônio de Freitas Brandão, exonera Manuel Francisco Teles e nomeia Etelvino José Mendonça para Prefeito.

Em 1947, o Governador de Sergipe, Dr. José Rolemberg Leite, exonera todos os prefeitos Municipais. E para Itabaiana nomeia, o Sr. Abílio de Oliveira, pelo decreto de 01 de abril de 1947. Esse ano é marcado por um novo processo eleitoral que culmina com a vitória do Sr. Jason Correia, gente a Euclides Paes Mendonça. Jason empreendeu uma polícia truculenta contra os adversários udenistas, o que não fugi a regra da política itabaianense que assim se caracterizava desde os tempos mais remotos.

A perseguição novamente foi constante aos opositores políticos, confundindo-se com os comerciantes, onde este tinham que comprar no mercado do seu tio Manoel Teles e, se assim não o fizesse eram considerados políticos , o que contribuiu para desastre de sua imagem.

Em 1950, como próspero comerciante, Euclides ingressou na política sob a influência de Otoniel da Fonseca Dórea (Dorinha), chefe político da UDN itabaianense. Neste mesmo ano, volta a candidatar-se a prefeito concorrendo com Manoel Teles, chefe do PDS, sendo derrotado. A partir de então, dar-se-ia sua ascensão política, detendo o poder político de forma direta ou indireta.

Politicamente podemos caracterizar o período euclidiano como violento, cheio de irregularidades com vários métodos coercitivos e persuasivos com o objetivo de manipular e garantir os votos de seus correligionários e, simultaneamente afastar e aterrorizar os seus adversários. A influência do Padre Artur Moura Pereira em favor do chefe udenista e a conivência do judiciário para com os demandos praticados pelos fanáticos (assassinatos, prisões e espaçamentos, etc.) contribuíram para seu domínio soma-se a esses fatos a manipulação da justiça eleitoral em prol do Sr. Euclides, chefe udenista, para quem, tudo era facilitado. Situa-se nesse âmbito as fraudes eleitorais (votos impugnados, umas violadas, eleitores que votavam mais de uma vez, mortos votantes, etc.) essas respaldando a vitória daqueles que estavam no controle dos aparelhos públicos a níveis local, estadual e até federal. Observa-se portanto, o controle que Euclides possuía de todos os segmentos das instituições públicas para se manter em poder.

Em 1954, Euclides apóia Serapião Antonio de Goes a prefeito, sai vitorioso derrubando seu adversário Dr. Pedro Garcia Moreno. Nesse mesmo ano o próprio Euclides também sai vitorioso na sua candidatura a deputado estadual. Estava bastante claro o quanto seu prestigio político aliado ao poderio econômico ainda constituíam fortes mecanismos de dominação.

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Em 1958, Euclides mais uma vez ganha a eleição para prefeito, seu concorrente foi o Sr. José Araújo Tavares (Zeca do Crediário). Nesse mandato seu continuidade a sua política já caracterizada anteriormente.

Em 1962 candidatar-se-ia a deputado federal, apresentando o filho, Antônio de Oliveira Mendonça a deputado estadual e seu amigo José Sizinio de Almeida. Todos saíram vitoriosos. No entanto, essa trajetória política ascendente dói abalada quando Leandro Maciel, chefe político da UDN na esfera estadual, perdeu o governo do Estado para Seixas Dórea, dissidente da UDN.

Sem suporte estadual Euclides perdeu o controle da exatoria e da força policial e criou portanto uma Guarda Municipal, armada e fardada que constantemente entrava em choque com as forças estaduais.

Há quem afirme que os membros da guarda não possuíam nenhuma graduação e obtinha divisas de acordo com o número de crimes, assim, estabeleceram-se duas forças policiais paralelas e opositoras que aterrorizavam a população. Por sua vez, em dias de feira rondavam pelotões da guarda de um lado e a policia do outro, fazendo com que os feirantes logo cedo retornassem às suas casas.

Essas tensões foram crescendo e, em 21 de abril de 1963 duas forças policiais se confrontaram num tiroteio durante a madrugada. Saíram feridos, o comandante da guarda Tenente Coronel Solon e o da policia Major Teles que hospitalizado veio a falecer posteriormente em Aracaju, enquanto os membros da guarda foram liberados pelo Judiciário, embora esta fosse dissolvida. O governo estadual foi conivente com a situação.

“Com os olhos nas usinas, o governador Seixas Dórea só vê eleitores, não tira pensamento dos votos do Deputado Federal Euclides Paes Mendonça ao seu lado, não procura convencê-lo a mudar de políticas e conduta” (Ariosvaldo Figueiredo).

Essa sucessão de acontecimentos cria um clima de animosidade contra a denominação euclidiana em Itabaiana, cujo agravante foi a questão da instalação da água. A SUDENE em convêncio com o DNOCS e com recursos da AID (Agência Internacional de Desenvolvimento, órgão do Governo americano), promove a execução de obras de canalização de água em vários municípios, incluindo Itabaiana. A intenção do DNOCS era trazer água da Ribeira. No entanto, pelos termos do convênio da AID, a execução desses serviços teria que ser realizada por empresas de economia mista e não pelo poder público diretamente. Os trabalhos ficaram prontos com a caixa d’água e a distribuição dos canos pelas ruas. O que não se concretizou em virtude da não aceitação da Prefeitura Municipal. Convém assinalar que a Prefeitura não se mostrava contrária a instalação da água, mas da Empresa KN de Pernambuco. Uma vez que era meta da prefeitura, manipulada por Euclides, a criação de uma empresa loca, onde pudesse se beneficiar de inúmeras maneiras (empregos, superfaturamento, além de contar com a benevolência do eleitorado).

Diante desse impasse, a população itabaianense se manifestou através de uma passeata de estudantes e outros membros da comunidade que reivindicavam a água. Frente a possível reação do Deputado Euclides, os organizadores da passeata, entre estes o estudante

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Djalma Lobo, futuro Deputado Estadual, pediram garantia à Policia Militar e ao Juiz de Direito e também o professor José Bezerra. A passeata transcorria pacificamente até a Prefeitura, guarnecida por soldados armados de fuzis e metralhadoras, quando o deputado Estadual Antonio Oliveira Mendonça, filho de Euclides, resolveu fotografar a manifestação. Diante de sua demora frente à passeata, surgiu um bate-boca entre manifestantes e o Deputado Estadual, ouve-se o primeiro tiro, como conta a historiografia oficial, esse tiro atingiu o Deputado Estadual Antônio de Oliveira, e seu pai correu ao seu encontro. Ambos foram assassinados.

É importante frisar que não se sabe ao certo a procedência do tiro e as razões do disparo. Um fato é certo, a julgar pelo desenvolver dos acontecimentos tanto a policia quanto os cabos de Euclides, ex-membros da guarda municipal, tinham motivos para dar início ao confronto, bem como pessoas dos mais variados segmentos da sociedade, incluindo os adversários políticos, vítimas da política coercitiva e truculenta de Euclides. Dentro desse panorama político vale assinalar o forte poder da posição pois, instalada uma CPI para apurar o caso, pouco se descobriu. O resultado foi apenas várias pessoas acusadas, porém, nenhum culpado. Entre os acusados estão o Major Hermínio, delegado de Itabaiana e José Bezerra, Juiz de Direito e Sinhô de Néu. Este último junto com Manoel Teles e pessoas de diversos segmentos da sociedade, foram acusados de angariar para a contratação de um pistoleiro para ceifar a vida do Deputado udenista. A morte de Euclides deixou a população de uma forma geral, estarrecida e perplexa diante da extrema violência. Para alguns partidários udenistas, sua morte deixou órfãos em seus segmentos. Aparentemente abriam-se perspectivas promissoras para a expansão do PDS sob a liderança de Manoel Francisco Teles.

A nível nacional é deflagrado o governo civil-militar em 1964, que desintegrou o sistemas partidário vigente e impões o bipartidarismo, composto por novas siglas. A classe dominantes que se revitaliza sob as siglas de PDS e UDN, era convocada a integrar um só partido, a ARENA, para dar respaldo ao regime militar. Aos insatisfeitos com o regime, restava como saída se organizarem numa nova sigla, o MDB.

Em Itabaiana, aglutinaram-se em redor da ARENA as duas facções políticas opositoras. Do outro lado do PSD, Manoel Teles, do lado da antiga UDN, emergia como principal herdeiro político de Euclides, o Sr. Francisco Teles de Mendonça, que apesar do sobrenome, não tinha parentesco com os antigos caciques políticos. Chico de Miguel como era e é conhecido, foi se impondo gradativamente e de cabo eleitoral , o amigo da família do finado Euclides foi conquistando a confiança dos udenistas e despertando a atenção do eleitorado. Em 1966, já na ARENA, Chico de Miguel como deputado eleito ( 0 6º mais votado do Estado), apontou o prefeito, Vicente machado Menezes, enquanto seu rival, Manoel Teles, que não conseguiu chegar à Assembléia Legislativa, apontou o vice com o controle “indireto” da prefeitura. Chico de Miguel tornou-se o homem forte de Itabaiana; iniciava-se então, a sua ascensão política.

Quatro anos após as mortes de Euclides e seu filho, foi assassinado Manoel Teles, quando conversava com amigos na porta de sua casa; tal fato ocorreu em 31 de agosto de 1968. O pistoleiro paraibano, Antonio Letreiro, atirou a queima roupa. Chico de Miguel foi apontado como autor intelectual do crime; a justiça, apesar de instaurar inquérito, não conseguiu processá-lo, porque a Assembléia negou sua licença, solicitada pelo Judiciário.

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No entanto, com o AI-5, o regime militar cassou o mandato de várias personalidades sergipanas, incluindo Chico de Miguel, que levado ao 28º BC, em 11.01.69 foi entregue à Justiça Civil, tendo na sua prisão preventiva decretada. Na prisão, continuou a coordenar o processo político de Itabaiana. Em 1970, apontou o prefeito, José Filadelfo Araújo, integrante do MDB, que foi eleito juntamente com nove vereadores da ARENA, resultando de uma coligação política.

Em 1972, Chico de Miguel apoiou Antonio José da Cruz (Totó), eleito prefeito numa demonstração clara de forte liderança política junto ao executivo municipal. Segundo o Sr. Francisco Teles de Mendonça, Antonio José (Totó) foi o único dos seus aliados que não seguiu a risca à prática de sua política assistencialista (entrevista do dia 18 de agosto de 1995); ainda segundo o Sr. Francisco Teles de Mendonça dessa natureza não repetiram, nem se repetirão, pois nas eleições (1996), apontará candidato de dentro de sua residência para que possa controlar de perto suas atitudes, como vem fazendo com seus filhos Antonio Teles (1978-1982) sucessor de Totó e João Germano da Trindade, este adotivo (1983-1987).

Em 1978, ao mesmo tempo em que Antônio Teles de Mendonça “assume” a prefeitura, a Rádio Princesa da Serra foi criada, o que concorreu para o rompimento ideológico de Chico de Miguel sob a população, sem dúvida alguma, a participação de José Queiroz e Djalma Lobo foi decisiva nesse processo frente à política “miguelista”; embora, o eleitorado urbano sempre se mantivesse com a “oposição).

Aliada a criação da Rádio como elemento “conscientizador” soma-se a fraca atuação dos prefeitos e o rompimento do líder político Francisco Teles de Mendonça com o governo estadual, Dr. João Alves Filho, além do afastamento temporário do deputado estadual José Carlos Machado, hoje vice-governador do Estado.

Todos esses fatos contribuíram para o declínio parcial do Sr. Francisco teles de Mendonça e a ascensão política de Djalma Lobo, duas vezes eleito deputado estadual e José Queiroz da Costa, deputado federal, depois, duas vezes, suplente.

Dentro dessa perspectiva opositora, sobressaem-se vitoriosos também o candidato a deputado estadual Wilson Cunha e o candidato a prefeito, Luciano Bispo de Lima. Sua política adotava para alcançar a vitória e continuar com prestígio junto aos eleitos, teve como base, o assistencialismo e a realização de obras administrativas.

Após a eleição de Luciano, verificou-se um processo de disputa pelo poder oposicionista entre os seus membros, resultando no esfacelamento da “oposição”. Esse esfacelamento evidenciou-se no último pleito eleitoral (1992) quando o candidato à prefeito João Alves dos Santos (João de Zé de Dona), apoiado por Luciano saiu vitorioso e pouco tempo depois rompeu com o mesmo. Esse rompimento trouxe conseqüência a eleição de José Milton de Zé de Dona a deputado estadual e Wilson Cunhas (Gia) a deputado federal apoiado por Albano Franco.

A outra facção da oposição apóia o candidato Jackson Barreto, sendo eleito Luciano Bispo de Lima a deputado estadual, ficando candidato a deputado federal José Queiroz da Costa, na segunda suplência.

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Demonstrando “Força e prestigio político”, o Srº Francisco Teles de Mendonça tem dois dos seus filhos: Maria Mendonça, deputada estadual e José Teles de Mendonça, ex-deputado estadual por duas legislativas e hoje, deputado federal, já com um segundo mandato (1994) havendo possibilidade segundo suas palavras de vocês o fazerem o prefeito da cidade, pois contou e pode continuar com o apoio do governo Albano Franco.

Apesar de se dizer que politicamente Chico de Miguel está morto, ele busca tomar algumas atitudes com intuito de fazer com que sua imagem ganhe grande repercussões.

Muitas vezes, coisas aparentemente insignificantes ganham conotação política graças as articulações bem feitas do chefe político e com isso, promove a sua imagem. Tomemos por exemplo, o seguinte fato: O Sr. Francisco Teles de Mendonça autoriza na cidade a presença de uma feira vende mercadorias abaixo custo pois, os seus produtores são de baixa qualidade. Ela foi instalada no terreno pertencente a Fundação Rodrigues Dória, uma instituição que só existe oficialmente pois, o prédio foi demolido há muitos anos. João Alves dos Santos (prefeito de Itabaiana) decidiu impedir a instalação da feira. Está criado impasse e os dois passam a medir forças. João de Zé de Dona de mostra contraditório uma vez eu já havia, anteriormente, permitido a instalação. Fato que não agradou o CDL (Clube de Diretores Logistas). Apesar das discussões a feira foi instalada.

Para fazer valer a autonomia municipal, o Sr. Prefeito leva o caso ao judiciário, o Dr. Alberto Gouveia Leite, que suspende a feira após 24 horas de instalada.

Em entrevista dada a sua emissora Rádio Capital do Agreste no Programa Debates Populares (23.08.1995) o líder político Chico de Miguel em conversa com os sulanqueiros, afirmou que não intencionava medir forças com o executivo municipal.