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História

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  • Prova de bala

    A Histria da Imprensa, da Tipografia e da produo de tipos. Contada e ilustrada por Paulo Heitlinger. 2012

  • Histria da Imprensa / Temas / / pgina 2 Search: CTRL+F

    N o processo de impresso manual, que implicava um ritmo de produo rpido, contnuo e regular, sem pausas ou inter-rupes, o controlo de quali dade j estava integrado: assim que a frma era entintada com a bala (imagem), ainda fora do prelo, produzia-se a pri-meira folha de prova. O texto era ime-diatamente controlado por um revisor presente na oficina tipogrfica. S se a composio estivesse perfeita, que se comeava a imprimir no prelo. Mais detalhes, veja (pgina 59). A Tipo-grafia funciona prova de bala ainda hoje.

    TemasBem-vindos Arte negra! ............................................... 5

    Gutenberg 7Tipografia mecnica ......................................................8

    Do manuscrito ao impresso ...........................................11Puno, matriz, fundio, caractres .............................13B-42: o primeiro livro produzido em srie ..................... 17O Homem do Milnio ................................................... 19Tipos mveis ................................................................20O valor dos tipos! .........................................................21O puncionista .............................................................. 22A puncionista Nelly Gable ............................................ 23Manufactura de tipos ...................................................26Matrizes ....................................................................... 28A composio manual .................................................. 35Ligaduras ..................................................................... 52

    Oficinas 64A clere expanso da Prototipografia ............................65Disseminao pela Europa ...........................................69

    Prototipografia em Portugal .......................................70Prototipgrafos judeus em Portugal ............................. 71Manuel i, venturoso merceeiro ......................................81Valentim Fernandes ...................................................... 82Gtica Rotunda ...........................................................96

    Foto na primeira pgina: Puno para a letra Q da Cannon Roman de John Baskerville. Punes originais, guardados na University Library, Cambridge.

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    As oficinas tipogrficas mais famosas .......................98William Caxton ...........................................................99Erhard Ratdolt, Veneza e Augsburgo ............................101Nicolas Jenson ........................................................... 106Aldus Manutius e Francesco Griffo ............................. 109A Idade de Ouro da Tipografia de Frana .....................114Le B i .........................................................................116Antoine Augereau, a primeira vtima da Censura ......... 118Geoffroy Tory ............................................................ 120Claude Garamond ...................................................... 124Jacques Sabon .............................................................129Simon de Colines ........................................................ 131Robert Estienne, telogo impressor ............................ 134Franois Guyot ............................................................139Evoluo na Holanda e Flandres ..................................141Os Elzevier em Leyden e Amsterdam ........................... 146A dinastia Ensched de Haarlem ................................. 147Johann Michael Fleischmann ..................................... 148Os holandeses portugueses ......................................... 149Os Deslandes .............................................................. 151A Real Imprensa de Paris, 1640 ....................................152Mechanik Exercises, de Moxon ....................................159Caslon, puncionista britnico ......................................161John Baskerville of Birmingham ................................. 164O Manuel Typographique de Fournier ........................... 167Les Didot ....................................................................171Tipografia espanhola ................................................. 177Josep Pradell, em Barcelona ....................................... 179

    Bodoni, em Parma .......................................................183A British Letter Foundry de Bell .....................................191Vincent Figgins ...........................................................193J.E. Walbaum: Fraktur e Romanas .............................. 194Breitkopf: partituras famosas ..................................... 196Benjamin Franklin, editor e tipgrafo ......................... 198A American Type Founders Company .........................200Mquinas de fundio de tipos ................................... 205A Kelmscoot Press, de William Morris ........................206Schriftgieerei Gebr. Klingspor.................................. 210Berthold Schriftgieerei, Berlin ..................................215

    Portugal e Brasil .........................................................217Fundio de tipos em Portugal.................................... 217O primeiro impressor no Brasil e o despotismo joanino 224Impresso Rgia no Brasil .......................................... 228

    Impresso 230O prelo de madeira ....................................................231

    Albion e Columbia ..................................................... 234O prelo de Lord Stanhope, 1795 .................................. 237Washington Press, 1821 ............................................... 241A Estereotipia, 1727 .................................................. 244

    Impressoras industriais ............................................247As impressoras de Knig, 1811 .....................................248As minervas ................................................................251Plano a plano .............................................................254Hippolyte Marioni ..................................................... 257

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    Litografia ...................................................................263Revoluo a cores .......................................................264Alois Senefelder .........................................................267Jules Chret ...............................................................279Toulouse-Lautrec ........................................................281Cassandre .................................................................. 282

    Litografia em Portugal .............................................. 283A primeira etapa da Litografia em Portugal, 1823... ......284Rafael Bordallo Pinheiro, mestre da Lythographia .290

    Offset .......................................................................294

    Xilogravura ...............................................................298Gravura em metal ........................................................301

    Serigrafia ...................................................................304

    Composio mecnica .............................................306A Linotype de Mergenthaler ....................................... 308A Monotype de Tolbert Lanston ..................................325

    Fotocomposio .......................................................334Analgica e digital ..................................................... 336Diatype e Diatronic ....................................................340DTP .......................................................................... 343

    Estilos de letras 344Venezianas ................................................................. 345Garaldes ....................................................................346Transio ...................................................................347As Didones ................................................................348

    Sem-serifas, modernas ...............................................349As Egpcias ................................................................. 350Italiennes ....................................................................351As Modernas ...............................................................352Scripts ........................................................................353As Latinas .................................................................. 354Brush, a letra pincelada ...............................................355

    Papel 356O Moinho do Papel em Leiria ......................................358O Museu Papeleiro em Paos de Brando .................... 359O Moinho de Chuva ................................................... 363Mol Paperer de Capellades ........................................364Pontusais, corondis, marcas dgua ........................... 365Marcas de papeleiro ................................................... 369Brevssima histria do papel ....................................... 372

    30 tipos de papel .......................................................381Papel de parede .......................................................... 388

    Anexos 391Bibliografia ...............................................................392

    Livros sobre Tipografia, publicados em portugus ...... 393Bibliografia geral....................................................... 400

    Museus ..................................................................... 408

    Glossrio ....................................................................411

    ndice remissivo ....................................................... 445

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    Bem-vindos Arte negra!

    Q uando se tornou claro que o livro Alfabe-tos (Paulo Heitlinger, 2012) no iria ser vendido fora de Portugal, o autor quis dar melhor divulgao e continuao a esta publi-cao. A soluo foi: divulg-la, pelo menos em parte, em formato digital. Mas melhor, mais actual e mais abrangente.

    Se bem que muitos temas continuem vlidos, o autor sentiu a necessidade de alargar o mbito do livro, para poder integrar quatro anos de investi-gao em muitos domnios. Alm disso, as experi-ncias feitas no Typeface Design, no meio univer-sitrio e tambm no mbito da Pedagogia infantil, reforavam a ideia que o livro deveria de ser dras-ticamente revisto, para conter a abrangncia de temas que o ttulo sugere.

    O incremento em pginas serviu para corrigir falhas e lacunas no texto. O novo formato, DIN A4 ao largo, leva uma representao grfica ade-quada leitura on-screen, e tira proveito dos meca-nismo de navegao do formato PDF.

    O autor deu muita ateno ao facto de que cada vez mais documentao est acessvel pela Inter-net. O leitor encontrar dezenas de links que lhe facilitaro o acesso a extraordinrios sites.

    Convenes e modos de escreverExpresses e termos tipogrficos portugueses foram frequentemente complatados com os res-pectivos termos ingleses e alemes, tornado esta publicao Tambm) num glossrio ilustrado. Os termos j bem conhecidos pela grande maio-ria dos leitores deste livro, que ocorrem constan-temente no universo das letras, do desenho de fon-tes digitais e do Design editorial, no foram assi-nalad0s com itlicas: font, type, typeface, desig-ner, graphic design, layout, display, print, down-load, newsletter, online, software, web-site, etc.

    Expresses menos comuns, por exemplo, on screen ou autohinting, essas sim vo assinaladas com itlicas. Ao leitor que tiver dvidas sobre o significado destes termos, pede-se que consulte o Glossrio, no fim do livro. Para mais fcil identi-ficao, as pocas, as escolas, os movimentos cul-

    A Tipografia demorou 550 anos a evoluir regista-se para cerca de 1455 a produo do pri-meiro livro impresso com tipos mveis de metal mas hoje assistimos a uma grande mudana: cada vez mais o livro impresso substitudo pelo livro digital.

    Como usar este e-book

    Este documento digital proporciona um elevado grau de interactividade. O ndi-ce de Temas permite saltar directamen-te para a pgina assi nalada. O ndice Re-missivo, no fim do livro, tambm. Um clique em Temas leva o leitor de vol-ta pgina 3. Clique em ndice Remis-sivo para saltar at l. Os links internos as referncias cruzadas tambm so interactivos. Os hyperlinks exteriores (URLs) activam o seu browser e abrem a pgina web em questo. Boa navegao!

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    turais e artsticos, as correntes ideolgicas e tam-bm todos os ismos foram escritos com letra maiscula no princpio das palavras: Art Dco, Arte Nova, Art Nouveau, Barroco, Calvinismo, Constru tivismo, Dadasmo, Estilo Internacio-nal, Escola Sua, Humanismo, Idade Mdia, Ide-alismo, Imprio Romano, Fun cio nalismo, Renas-cena, Renascimento, Romantismo, Maneirismo, Marxismo, Modernismo, Neo-Classicismo, Pro-testantismo, Rocc, Surrealismo, Verismo, etc.

    As nicas excepes so aquelas doutrinas ou instituies que optaram conscientemente por uma grafia s com minsculas: neue typographie, hfg (abreviatura para hochschule fr gestaltung, uma famosa escola em Ulm).

    T ambm as disciplinas do saber merece-ram sempre letra maiscula: Matem-tica, Arquitectura, Geometria, Cincias Naturais, Fsica, etc. De igual modo se assinalam os processos de produo e as tecnologias descritas neste livro, por exemplo: Banda Desenhada, Bran-ding, Caligrafia, Composio, Cro mo lito grafia, Design, Este reo tipia, Fotocom posio, Foto-grafia, Fotomontagem, Ilustrao, Imprensa, Info-grafia, Linotipia, Marketing, Publicidade, Tipo-grafia, etc.

    Seguindo a mesma linha, optei por gra-far todos os nomes de letras, fontes, siste mas de escrita, caractres tipogrficos (assim como todos

    os nomes de estilos de letra), com letra mais-cula no princpio das palavras: Antiqua, Blacklet-ter, Bastarda, Capitalis Monumentalis, Carolina, Chanceleresca, Civilit, Didone, Egpcia, Escrita Direita, Escrita Vertical, Fraktur, Garalde, Gtica, Gtica Rotunda, Grotesca, Itlica, Kurrent, Latine, Letra Inglesa, Letra Francesa, Moderna, Minscula, Romana, Scotch, Sem-se ri fa, Serifa--grossa, Script, Transicional, etc.

    Esta forma de grafar simplificar a identifi-cao dos temas deste livro, assim como estar em sintonia, sempre que possvel, com designa-es semelhantes, usadas noutras lnguas: Tran-sicionais (Transitionals), Sem-serifas (sans-serif, ingls, seriflos, alemo). Tambm foi considerado importante que esta terminologia no esteja em contradio com as designaes usadas em cente-nas de web-sites, devotados ao Typeface Design comercial.

    R esta-me expressar um sincero Muito obrigado! aos amigos que me ajuda-ram a dar melhores contedos s seguin-tes pginas: Peter Karow, Birgit Wegemann, Sofia Bernardes, Jos Gameiro, Isabel Medeiros, Dino dos Santos, Miguel Sousa, M.M. Malaquias, Nick Shinn, Mark Jamra e Kurt Weidemann.

    Porto, 1 de Novembro de 2012Paulo Heilinger

    Venda do formato e-book: termos e condies

    Este livro vendido por Paulo Heitlin-ger em forma de exemplar personali-zado, que identifica digitalmente o seu proprietrio. O livro/PDF pode ser im-presso pelo proprietrio e partes esco-lhidas tambm podero ser projectado em sala de aula, por exemplo, se for es-clarecida qual a origem deste documen-to e o seu autor. O proprietrio deste exemplar tambm poder copiar curtos trechos de texto, para simplificar o pro-cesso de citaes. Contudo, o exemplar comprado no poder ser transferido a outras pessoas! A transferncia des-te exemplar a outra pessoa que no o seu comprador facilmente detect-vel e servir para o autor optar imedia-tamente pelos procedimentos jurdicos que considere necessrios, para salva-guardar os seus interesses comerciais e os seus direitos de autor.

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    Gutenberg

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    Considerando ou no a escrita manual uma origem genealgica da Tipografia, ningum parece duvidar que s atravs da Caligrafia, atravs da paciente dedi-cao dos escribas ao longo de scu los, a escrita adquiriu uma qualidade essencial de estrutura rtmica. Sumner Stone diz-nos: Para um calgrafo, a componente pri-mria de um signo o movimento. Escre-ver palavras de maneira rtmica, utili-zando um instrumento simples, pro-duz um efeito visual de regularidade que pode apreciar-se no s no fluir dos tra-os, mas tambm no fluir dos espaos entre os traos. [...] A Tipografia her-dou esta qualidade rtmica quando os primeiros impressores imitaram com os seus tipos a forma manual.

    Excerto da palestra Ritmo, lenguaje y tipografia: todo al servicio de la diferencia, apresentada pelo typeface designer Alejandro Lo Celso, em 2001.

    Punes tipogrficos de Claude Garamond, em exposio no Museu Plantin-Moretus, em Anturpia. Foto: Adam Twardoch.

    Tipografia mecnica

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    O chamado Livro de Horas foi um tipo de manuscrito iluminado muito comum na Idade Mdia. Livros de oraes para laicos, que se desenvolveram a partir dos brevirios utilizados pelo clero. Eram encomendados por reis, nobres e burgueses, que procuravam no tanto expressar a sua devoo, mas sobretudo para se recriarem nas magnficas miniaturas, extremamente luxuosas e feitas exclusivamente para os que encomendavam esses livros, pelos melhores artistas da poca. Na sua forma original, o Livro de Horas servia como leitura litrgica para determinadas horas do dia. Os Livros de Horas esto entre os manuscritos medievais mais ricamente ilustrados, existindo oficinas especializados neste tipo de produto. Tambm existia um florescente mercado livreiro que comercializava estes livros.

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    A saga da impresso com tipos mveis comeou com pequenas folhas de papel impresso os chamados Bilhetes de Indulgncia (Ablassbriefe, em alemo).

    Entre os factores que contriburam para a ecloso do Protestantismo, as indulgncias foram a centelha que acendeu o protesto. A prtica das

    indulgncias significava a remisso dos castigos impostos pela Igreja como sinal exterior da contrio. A comutao do castigo em penas pecunirias era conforme s regras de remisso do Direito Romano. Em termos populares, as indulgncias eram um bilhete para o cu. Para recolher benefcios, a Igreja recolhia vastas somas de dinheiro. Para o Vaticano, a venda tornara-se uma fonte de rendimentos extraordinrios. At que chegou Lutero.

    Na imagem: Ablassbrief zum Besten des Kampfes gegen die Trken und

    der Verteidigung von Zypern; Mainz: Gutenberg, 1454 (Pouco antes da

    impresso da B-42.

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    A disseminao da Tipografia, inveno hoje incon tes ta vel mente atribuda ao alemo Johannes Gutenberg, foi clere. O primeiro livro europeu impresso num prelo, a Bblia de 42 linhas, data de 1455. Implantada em Mainz, a Imprensa depressa aparece na vizinha Colnia, em Estrasburgo e em Ba sileia . Poucos anos depois surge na Itlia, em Frana e na Ingla terra. Em 1487 chega por fim a Faro, no reino do Algarve.

    O Museu Gutenberg da cidade de Mainz mostra um tesouro dentro de uma sala de exposies que um verdadeiro cofre--forte. Slidas portas de ao e as mais rigorosas medidas de segurana servem para guardar alguns exemplares do livro que foi apresentado no mer-cado livreiro em 1455 por um tal Johannes Gens-fleisch, mais conhecido por Gutenberg (14001468), mestre ourives de Mainz. Um novo tipo de livro, que parecia ter sido escrito mo, mas que na realidade tinha sido gravado mecanicamente sem scriptorium, sem copista, sem pena de pato...

    Do manuscrito ao impresso

    O efeito positivo da impresso de livros com tipos mveis foi o seu embaratecimento, o que

    permitiu que aparececessem vendadores ambulantes, com este. Vendia Livros de Horas em pequenos formatos e folhas soltas, com alfabetos, para os meninos aprenderem a ler.

    Colporteur vendant des alphabets et des livres dHeures. Xilogravura colorida. Anciens cris de Paris, sculo XVI. Bibliothque Nationale de France, Arsenal, Rs. Est. 264.

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    Este livro marcou a alvorada da Era da Comu-nicao. A inveno da Tipografia acelerou drasti-camente, tanto em rapidez como em quantidade, a circulao da informao escrita. Esta explo-so metfora adequada, pois faz lembrar a plvora intelectual alastrou em quantidades nunca vis-tas e numa velocidade inau dita, como formulou Elaine C. Tennant.

    A tecnologia de Gutenberg aumentou con-si de ra velmente o valor e a utilidade dos livros. A rpida reproduo de textos com tipos mveis levados ao prelo foi um acelerador decisivo para a difuso das ideias do Humanismo, da Renascena e tambm, depois de 1500 do Protestantismo, ajudando de modo decisivo a pr termo ao sombrio perodo da Idade Mdia e o monoplio cultural da Igreja Catlica.

    Algumas edies em pequeno formato, bulas papais e panfletos de propaganda religiosa foram os primeiros meios de comunicao de massas que sa-ram dos prelos de Gutenberg em Mainz. Logo que foram terminados os primeiros testes com estas pequenas publicaes, apareceria a primeira obra--mestra tipogrfica, o primeiro livro impresso na Europa: a B-42. U

    ma patriz (na mo esquerda) e uma matriz (na mo direita), do acervo do Museu Plantin-Moretus em Anturpia, onde se conserva equipamento tipogrfico de Claude Garamond. O facto de que,

    durante mais de 400 anos, toda a tecnologia tipogrfica foi uma implementao de processos mecnicos, guiados por grande preciso, garantiu a transposio

    dos desenhos de letra para excelentes caractres de metal tipogrficos mesmo nos tamanhos mais diminutos, como os mostrados na imagem em cima. A gravao de punes exigia instrumentrio de preciso e destreza que apenas se conheciam nos ourives.

    Matrizes para letras minsculas. Foto: Adam Twardoch.

  • Histria da Imprensa / Temas / Tipografia mecnica / pgina 13 Search: CTRL+F

    A fundio de tipos metlicos o produto final resultante de uma cadeia de operaes de preciso, um processo moroso e difcil, que se desenvolve em trs fases.

    patriz cunho tipo matriz matriz rectificada

    Puno, matriz, fundio, caractres

    P ara fabricar por processos mecnicos a sua primeira Bblia, Johannes Gutenberg com-binou vrias invenes revo lucionri as. A famosa B-42 a Bblia de 42 linhas , da que ape nas se conservam 48 exemplares de uma edio total estimada em 180 exemplares, sara de um prelo, e portanto era um documento impresso.

    Em 1450 j estavam em uso prelos para a impres-so de xilogravuras, mas as letras da B-42 de Guten-berg no tinham sido gravadas em blocos de madeira; Gutenberg no usou uma xilogravura grande para imprimir uma pgina completa pro-cesso j praticado noutras oficinas para imprimir panfletos de propaganda religiosa, Bblias paupe-rum e histrias ilustradas em edies de muitos exemplares (pgina 299).

    Primeira etapa: gravar punes. O corpo em relevo de cada uma das letras era gravado na ponta de um puno de ao, usando as ferramentas de preciso dos ourives; assim se obtinha a patriz.

    Segunda fase: fazer matrizes. Pelo cunho com as patrizes uma forte pancada do puno sobre uma barra rectangular de cobre obtinham-se formas negativas, as matrizes.

    Cunhadas pelo puno, as matrizes de cobre ficavam algo deformadas, pelo que era necessrio rectific-las cuidadosamente.

    Terceira fase: a fundio. As matrizes de cobre, inseridas num aparelho (cadinho) da inveno de Guten berg, tornam-se os moldes que vo permitir a fundio de milhares de caractres. Vertendo metal levado ao ponto lquido nestes moldes, o fundidor obtinha centenas de caractres em relevo, todos rplicas exactas da forma original gravada na ponta do puno.

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    Pelo contrrio, Gutenberg usou um cunho indi-vidual para cada letra; tinha inventado os tipos mveis, fundidos em chumbo e reutilizveis em vrias impresses. As letras metlicas da B-42 tinham sido habilmente fabricadas, pea por pea, pelo mestre ourives.

    Obter letras j no pela escrita mo, mas estam-padas por cunho de caractres feitos em metal (uma liga de chumbo, estanho e antnimo) s foi possvel porque Gutenberg tambm inventara um processo para fundir uma quantidade sem limite de letras metlicas a partir de moldes chamados matrizes.

    O fabrico de caractres metlicos inventado por Gutenberg consistia numa cadeia de operaes de mecnica de preciso, que se desenvolvia em trs fases distintas (veja as imagens em baixo). Para a impresso da B-42 foram neces-srios 296 punes (ou patrizes), para obter todos os glifos (letras, ligaduras, abre viaes) usados para compor o extenso texto da obra. Para a impresso da B-42, Gutenberg fundiu cerca de dois milhes de tipos metlicos!

    Em caixas de madeira segmentadas em com-partimentos caixotins , ordenavam-se e guar da-vam-se os preciosos tipos fundidos. As letras mais-culas tinham lugar na parte superior, da a designa-o caixa-alta. As letras minsculas eram colocadas em com parti mentos da caixa-baixa. Tambm os algarismos, os espaamentos, as liga du ras, as abre-

    Os 296 diferentes glifos (letras comuns, variantes, ligaduras, abreviaturas, etc.) da Textura que Johannes Gutenberg fundiu em chumbo para compor a B42.

    As caixas de tipos metlicos s muito mais tarde foram normalizadas, pois os tipos das letra (e dos muitos glifos usados para ligaduras e abreviaturas) diferiam de regio para regio. Hoje as caixas de tipos mveis que sobreviveram s suas misses, so vendidas como curiosidade tipogrfica.

    Caixa de madeira segmentada em caixotins.

  • Histria da Imprensa / Temas / Tipografia mecnica / pgina 15 Search: CTRL+F

    viaturas, etc., tinham lugares fixos, para acelerar o trabalho de composio.

    Compr significava formar um texto com a sequncia correcta dos caractres metlicos retira-dos dos caixotins.

    Os elementos grficos a preencher mo por artistas por exemplo, as iniciais ficavam defini-dos por espaos brancos. Depois de usada na impresso de um dado documento, a frma era des-manchada e os tipos mveis mostravam de novo a sua mobilidade, retornando aos caixotins, espera do seguinte trabalho de impresso.

    A letra usada na B42 uma Textura, letra gtica alta, magra, condensada e angular. Foi completada com uma Missalschrift, letra de corpo maior, usada para compor os subttulos.

    A meta de Gutenberg era criar uma impresso com letras to belas como as manuscritas. Para tal, escolheu um exemplar manuscrito da biblioteca do mosteiro de Mainz, cuja caligrafia era a letra Textura. A fim de transformar em caractres de metal a qualidade de um texto escrito mo e obter uma imagem de texto denso e com um alinhamento homogneo nas duas colunas, eram necessrias mais do que as 26 letras do alfabeto. Ligaduras, contraces e abreviaes foram profusamente usadas para justificar impecavelmente o texto. Ao todo, os scios Gutenberg e Fust usaram 290 glifos diferentes nesta impresso de espantosa qualidade tcnica.

    Os tipos da Textura tipogrfica tinham que ser grandes, para que pudessem ser legveis nas igrejas escuras, apenas iluminadas por velas.

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    A B-42 de Gutenberg (1452-1455)

    O primeiro livro impresso na Europa est guardado em vrios museus. O mais emblemtico o Museu da Imprensa em Mainz (Mongncia), Alemanha.

    A Bblia impressa por Johannes Gutenberg o smbolo-chave de um momento de transio da histria humana. A sua inveno, a imprensa, provocou uma revoluo: a propagao do conhecimento para todos.

    Uma sala na penumbra, na qual os materiais sensveis luz so protegidos da luz que os decomporia, envolta por paredes espessas prova de fogo e pesadas portas de ferro. Um silncio quase sacro envolve a parte central do Museu de Gutenberg em Mainz: o tesouro na caixa-forte. Este tesouro a parte do acervo composto de bblias originais de Johannes Gutenberg, os primeiros livros impressos no mundo. Uma luz pontual atenuada permite a iluminao suave e, portanto, a viso ao visitante, de dois exemplares da Bblia de Gutenberg sob o vidro prova de balas das vitrines, protegidas por um sistema de alarme. Noventa lux de luminosidade e 5055% de humidade do ar so as condies ideais para estes incunbulos insubstituveis, esclarece a directora do Museu da Imprensa em Mainz, a Dra. Eva Hanebutt-Benz.

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    E m 1454, Gutenberg e o seu scio Johan-nes Fust (1400 1466) publicaram Bilhe-tes de Indulgncia (pgina 10) do papa Nicolau v, em impresso de uma folha simples, com texto composto a 30 linhas; Gutenberg com Peter Schffer pu bli caram os mesmos bilhetes, mas em edio a 31 linhas. So provavel mente os primeiros impressos com tipos mveis, prottipos que servi-ram a Gutenberg para afinar todas as componen-tes da sua inveno. A Bblia de 42 linhas, que ficou pronta na oficina de Mainz em 1455, considerada o primeiro livro europeu impresso por um processo industrial.

    Conhecemos vrias verses desta famosa impres-so. Nos 48 exemplares que nos chega ram, as dife-renas na ilustrao e na decorao marcam dois estilos: cpias luxuo sas, muito decoradas e ornadas, e outras bastante mais sbrias.

    No entanto, observa-se em todas o perfeito ali-nhamento das duas colunas de texto, conseguido atravs da substituio de glifos comuns por outros alternativos, mais largos ou mais estreitos. O uso de ligaduras tipogrficas a fuso de duas ou trs letras , era um recurso esttico sempre prati-

    Pgina de um exemplar da Bblia de 42 linhas, o primeiro livro europeu impresso por processo industrial, na oficina de Gutenberg em Mainz. Este exemplar foi impresso a duas cores, negro e rubro (o que no aconteceu com todos os exemplares).

    Esta pgina foi, depois da impresso do texto no prelo, ricamente iluminada, ilustrada e decorada mo como era uso faz-lo nos manuscritos.Para Gutenberg, o Projecto Bblia foi a obra de sua vida. No somente o significado deste livro, mas tambm a sua extenso foi considervel. A obra de dois volumes compreende 1.282 pginas com duas colunas de 42 linhas da provm a abreviao B-42 para a Bblia de Gutenberg e aproximadamente 3 milhes de caractres. Integra o Antigo e o Novo Testamento. Durante 3 anos, de 1452 at 1455, Gutenberg trabalhou com 20 colaboradores na obra.

    B-42: o primeiro livro produzido em srie

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    cado em manuscritos. Ao todo, os scios Johannes Gutenberg, Johannes Fust e Peter Schffer usaram 296 glifos diferentes nesta impresso de espantosa qualidade.

    A articulao de todas as ferramentas, tc-nicas e processos descritos resultou numa verdadeira industrializao do modo de produzir livros iguais, em srie.

    A tecnologia de Gutenberg, primeiro em forma de composio manual e mais tarde j semi-auto-mtica com as mquinas de composio da Lino-type (pgina 308) e da Monotype (pgina 325), esteve em uso at 19501970. Hoje, as poucas ofi-cinas tipogrficas que continuam a trabalhar com tipos metlicos so usadas na formao de designers grficos e typeface designers.

    A obra-mestra de Gutenberg a Bblia de 42 linhas (B-42). Esta obra compreende dois volumes com um total de 1282 pginas. Foi produzida por Gutenberg com a colaborao de 20 pessoas. As dimenses do flio real empregue eram de 430 x 620 mm, antes da dobragem. O formato final de 31 cm (largura) x 43 cm (altura) - quase o DIN A3.

    Dos 180 exemplares impressos, existem hoje 48 exemplares, dois dos quais esto em posse do Gutenberg-Museum em Mainz. Nos 48 exemplares da B-42 que chegaram at ns, as diferenas na ilus-trao marcam dois estilos: cpias luxuosas e outras mais sbrias. Mas em todas se observa o perfeito ali-

    nhamento das duas colunas de texto, conseguido atravs da substituio de glifos comuns por outros alternativos, mais largos ou mais estreitos.

    Para seguir o complicado processo de impresso e as alteraes introduzidas ao longo do projecto, consulte: www.bl.uk/treasures/gutenberg/home-page.html

    Gutenberg digital www.gutenbergdigital.deThe Gutenberg Bible Online Digital Facsimile

    www.humi.keio.ac.jp/treasures/incunabula/B42/

    Dave Guild empreendeu a dficil tarefa de reproduzir os tipos metlicos gravados por Gutenberg. E conseguiu!

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    J ohannes Gensfleisch zur Laden (Gutenberg) nasceu em Mainz, filho mais novo do comer-ciante Friele Gensfleisch zur Laden, que adpotaria mais tarde o nome zum Gutenberg. O ano de nascimento foi 1398, ou 1400.

    Gutenberg cresceu entre ourives, de modo que cedo adquiriu habilidade e destreza para trabalhar metais. Tanto o seu pai como o tio eram funcion-rios da Casa da Moeda do arcebispo de Mainz. Foi provavelmente a que Johannes aprendeu a moldar metais com preciso. Como ourives, dominava a construo de moldes e a fundio de ouro e prata.

    Mudou-se para Estrasburgo, capital da Als-cia, onde viveu entre 1434 e 1444. A manufactu-rou espelhos para peregrinos. Quando regressou a Mainz, associou-se ao comerciante Johannes Fust, que lhe financiou com emprstimos (no valor de 1.500 gulden, hoje cerca de 500.00 euros) o projecto de impresso mecnica de livros designado por Werk der Bcher. Como garantia, Fust ficou com o recheio da oficina tipogrfica que Gutenberg come-ou a montar.

    Gutenberg inventou os tipos mveis (=reutiliz-veis) de metal, com todas as componentes para a sua fabricao em srie.

    O Homem do Milnio

    Passeando pelas ruelas do centro histrico de Mainz, a caminho do Museu Gutenberg.

    Depois de inventar os tipos de metal, Guten-berg pesquisou o papel e as tintas de impresso e chegou a uma soluo base de azeite. O pri-meiro livro impresso por Gutenberg e pelos seus scios foi a Bblia de 42 linhas, obra terminada em Maro de 1455.

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    Tipos mveisolho

    rebarba ou talude

    corpo (tamanho)

    risca ou ranhura

    face

    p

    canal ou goteira

    Anatomia de um tipo mvel, um caractre de metal.

    A letra mvel de composio tem forma paralelipipeda. Leva na sua superfcie, gravada ao revs, o seu valor de alfabeto. A face que imprime chamada olho da letra. A parte inferior chamada base ou p. A ranhura serve para que o compositor possa pelo tacto, ao compor, colocar os caractres na posio devida. A altura varia; na Europa, excepto na Inglaterra, de 23,56 mm. Na Amrica e Inglaterra a letra ligeiramente mais baixa. A liga de que se compem os caractres composta de trs metais: chumbo, antim-nio e estanho. As propores so variveis, conforme o corpo do caractre.

    Stephenson Blake Egyptienne Ampersand

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    O valor dos tipos!

    A qualidade tcnica e a beleza dos caractres de chumbo dependiam da qualidade do pun-o original e da preciso e regularidade da feitura das matrizes. Este esmerado trabalho de pre-ciso tornou-se o apangio de um pequeno nmero de artesos especializados: os gravadores de punes. Estes executavam os seguintes passos, encadeados num processo moroso e difcil: 1. O desenho. Antes de passar gravura dos punes,

    era obrigatrio desenhar com preciso o alfabeto e os demais glifos a realizar; a operao repetia-se para todos os tamanhos de letra pretendidos.

    2. A gravura. Para gravar a letra em relevo no pun-o, o gravador tinha de trabalhar, como um ouri-ves, com o mximo cuidado, para obter o traado desejado, as grossuras de trao apropriadas e evitar quaisquer irregularidades.

    3. A matriz. Depois de cunhada, a matriz tinha de ser rectificada, para os caractres ficarem perfei-tamente alinhados, evitando que as letras dan-assem sobre a linha de base. A profundidade do cunho tinha de ser meticulosamente contro-lada. A gravura do puno e o cunho das matri-zes requeriam grande com pe tncia e demoravam tempo a executar; logo, os punes e as matrizes eram ferramentas de excepcional valor.

    4. Marketing. As letras obtidas eram apregoadas em belas folhas de espcimes.

    Espreuve des caractres nouvellement taillez. A Sedan, par Ian Iannon, Imprimeur de lAcadmie, 1621. [fac-simile da obra The 1621 Specimen of Jean Jannon, Paris & Sedan, designer & engraver..., Edited and introduction by Paul Baujon (Beatrice Warde), Londres, Magg Bros, 1927].

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    O puncionista: xilogravura de Karl Mahr, num livro publicado pela Fundio Bauer: Der Druckbuchstabe: Sein Werdegang in der Schriftgieerei dargestellt in Holzschnitten und Versen. Frankfurt a. M.: Verein Deutscher Schriftgieereien E.D., 1928.

    O puncionista

    U sando ferramentas de ourives e, muitas vezes assistindo a sua viso com uma lente de aumento, os puncionistas esculpiam com grande preciso as letra na ponta de uma pun-o de ao. Depois de pronto, o puno era aque-cido a altas temperaturas e depois imerso em gua fria. Esta actividade durou at aos sculo xx. As fundies e os puncionistas independentes manti-nham em sua posse os valiosos punes, para defen-der as suas criaes tipogrficas; apenas as matri-zes eram comercializadas. Nesta publicao apre-sentaremos, um a um, os puncionistas mais famo-sos da Histria da Tipografia: Johannes Guten-berg, Erhard Ratdoldt, Augereau, Geoffroy Tory, Claude Garamond, Guillaume Le B, Simon de Colines, Francesco Griffo, Van der Keere, Johann Michael Fleischmann, William Caslon i, William Caslon iv, John Baskerville, Vincent Figgins, Fir-min Didot, Giambattista Bodoni, Pradell, os Ben-ton, Goudy e Rudolf Koch. A estes especialistas devemos uns 80% das letras que usamos (ou lemos) todos os dias.

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    A puncionista Nelly Gable

    N o s o ofcio de puncionista conta um reduzssimo nmero de praticantes, como nunca em toda a Histria da Tipografia houve notcia de uma mulher exercer tal profisso. No entanto, ela existe: Nelly Gable a puncio nista-chefe da Imprimerie Nationale, em Paris. Uma

    instituio que luta pela sobrevivncia, e na qual Madame Gable se esfora ao mximo para garantir um futuro a esta prestigiosa instituio.

    O s materias para a produo de caract-res tipogrficos de metal so: um puno de ao temperado, uma matriz de cobre e tipos que sero fundidos com uma mistura de 70% de chumbo, 5% de estanho e 25% de antimnio. Atravs da demonstrao de Nelly Gable, os visitan-tes so introduzidos tradio francesa da manu-factura de tipos. A gravao dos punes exclusi-vamente alcanada pelo desbaste subtractivo, reti-

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    rando pequenos volumes ponta do pun-o. O primeiro passo consite na preparao de uma barra de ao de tamanho apropriado. O metal temperado vrias vezes, para adqui-rir a dureza necessria. A forma da letra dese-nhada sobre a ponta do puno. O puno limado vrias vezes, com limas sucessivamente mais finas, par obter a forma cuneiforme; ape-nas a face que vai receber a gravao fica total-mente plana. Com limas mais finas vai-se des-bastando as reas que devem ficar livres. Fin-lamente, o puncionista, usa um gravador para escavar o resto da letra. Durante o pro-cesso, a forma da letra posta a teste atravs do fum, fazendo uma prova de impres-

    so com o puno coberto da fuligem de uma vela ou de uma lamparina a leo um instru-mento que encontramos em todas as mesas de trabalho dos puncionistas. Em francs, a fuligem vem da lampe pigeon. Entintada com a fuligem negra, faz-se uma prova sobre um papel alvo.

    E ste processo exige grande concentra-o, maior destreza e demora muito tempo. Nelly Gable uma das 16 pessoas que ainda trabalham no Cabinet des Poinons da Imprimerie National. Espere-mos que estes arteso altamente especiali-zados, verdadeiros guardies de uma arte de 500 anos, no sejam racionalizados pelo governo de Frana.

    Todas as fotos: http://designtraveler.wordpress.com

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    A mesa de trabalho de Nelly Gable. Foto: Alain Bachellier

    Bem-vindos Arte negra!GutenbergTipografia mecnicaDo manuscrito ao impressoPuno, matriz, fundio, caractresB-42: o primeiro livro produzido em srieO Homem do MilnioTipos mveisO valor dos tipos! O puncionistaA puncionista Nelly GableManufactura de tiposMatrizesA composio manualLigaduras

    OficinasA clere expanso da PrototipografiaDisseminao pela Europa

    Prototipografia em PortugalPrototipgrafos judeus em PortugalManuel i, venturoso merceeiroValentim FernandesGtica Rotunda

    As oficinas tipogrficas mais famosasWilliam Caxton Erhard Ratdolt, Veneza e AugsburgoNicolas JensonAldus Manutius e Francesco GriffoA Idade de Ouro da Tipografia de FranaLe B iAntoine Augereau, a primeira vtima da CensuraGeoffroy ToryClaude GaramondJacques SabonSimon de ColinesRobert Estienne, telogo impressorFranois GuyotEvoluo na Holanda e FlandresOs Elzevier em Leyden e AmsterdamA dinastia Ensched de HaarlemJohann Michael FleischmannOs holandeses portuguesesOs DeslandesA Real Imprensa de Paris, 1640Mechanik Exercises, de MoxonCaslon, puncionista britnicoJohn Baskerville of BirminghamO Manuel Typographique de FournierLes DidotTipografia espanholaJosep Pradell, em BarcelonaBodoni, em ParmaA British Letter Foundry de BellVincent FigginsJ.E. Walbaum: Fraktur e RomanasBreitkopf: partituras famosasBenjamin Franklin, editor e tipgrafoA American Type Founders CompanyMquinas de fundio de tipos A Kelmscoot Press, de William MorrisSchriftgieerei Gebr. KlingsporBerthold Schriftgieerei, Berlin

    Portugal e BrasilFundio de tipos em PortugalO primeiro impressor no Brasil e o despotismo joaninoImpresso Rgia no Brasil

    ImpressoO prelo de madeiraAlbion e ColumbiaO prelo de Lord Stanhope, 1795Washington Press, 1821A Estereotipia, 1727

    Impressoras industriaisAs impressoras de Knig, 1811As minervasPlano a planoHippolyte Marioni

    LitografiaRevoluo a coresAlois SenefelderJules ChretToulouse-LautrecCassandre

    Litografia em PortugalA primeira etapa da Litografia em Portugal, 1823...Rafael Bordallo Pinheiro, mestre da Lythographia

    OffsetXilogravuraGravura em metal

    SerigrafiaComposio mecnicaA Linotype de MergenthalerA Monotype de Tolbert Lanston

    FotocomposioAnalgica e digitalDiatype e DiatronicDTP

    Estilos de letrasVenezianasGaraldesTransioAs DidonesSem-serifas, modernasAs EgpciasItaliennesAs ModernasScriptsAs LatinasBrush, a letra pincelada

    PapelO Moinho do Papel em LeiriaO Museu Papeleiro em Paos de BrandoO Moinho de ChuvaMol Paperer de CapelladesPontusais, corondis, marcas dguaMarcas de papeleiroBrevssima histria do papel

    30 tipos de papelPapel de parede

    AnexosBibliografiaLivros sobre Tipografia, publicados em portugusBibliografia geral

    MuseusGlossriondice remissivo