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Histórias da Campanha do Uruguay

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Histórias da Campanha do Uruguay

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  • HISTORIADAS

    CAMPANHAS no URUGUAY, MATTOGROSSO E PARAGUAY

    ERAZIL

    i864-i87

    FRIJY-I:EIRO VOLUJY-I:E - laS4 -laS5

    URUGUAYPOR

    E. C. JO URD.l1JY

    493-93

    RIO DE JANEIROIJY.!:FRENS.A. N .A.CION.A.L I

    1893 -

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  • BIBlIOUCA .00' SfUDO rrDERAlEste volume acha-se registradosob nmero .; b 5' 4do ano de...::~:~::::~:55g:::::==

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  • -4-

    poderosos, para evitar a surpreza que tivemos em 1864, achando-se o paizem um estado deploravel, de desarmamento completo.

    Sem o apoio e ordem do governo eu no poderia apresentar este tra-balho, cuja publicao teria de ser ainda adiada.

    Ordenando a execuo deste trabalho, o Sr. Marechal Floriano Peixotoe os Srs. Ministros da Guerra e da Marinha, General Francisco Antonio deMoura e ViceAlmirante Custodio Jos de Me110, fazem js ao reconheci-mento da nao brazileira e m6rmente do exercito e da armada.

    Alm dos documentos encontrados nos archivos, consultei um grandenumero de publicaes; entre outras as dos Srs. Antonio Pereira Pinto,do Instituto Historico do Rio, do Sr. Alfredo de Escragno11e Taunay,membro da commisso dos engenheiros militares do exercito e autor da Retirada da Laguna ; do Sr. coronel Leite de Oastro, do Sr. Jos Mariada Silva Paranhos, ministro plenipotenciario, do Sr. tenente-coronelAntonio de Senna Madureira, do Sr. Luiz Vieira Pereira, do Sr. coronelFrancisco Manoel da Ounha Junior, quando commandante do 36 de

    voluntarios da patria, do Sr. capito Pimentel, do Sr. chefe" de esquadraIgnacio Joaquim da Fonseca, do Sr. capito de fragata Meirelles, as notasdo Sr. Fernand Etchebarn, as obras de Du Graty, Fisch, Thompson,Garmendia, Schneider, annotadas pelo Sr. Baro do Rio Branco e peloSr. T. Alves Nogueira.

    Quanto parte politica, muito coadjuvou a alta competencia e patrio-ticos ensinamentos do Exm. Sr. Viscoucle de Oabo Frio, director geral doMiuisterio das Relaes Ei.teriores.

    Rio de Janeiro, outubro de 1892.

    o TE:\E~TE-conONliL

    E. C. JOll7'clan

  • PRIMEIRO PERIODO

    PRIMEIRA PARTE

    1864-1865

    Guerra entre o Brazil e a Republica Oriental do Uruguay.Ataque e tomada da Villa do Salto.Assedio, assalto e tomada de Paysand.Assedio e submisso de Montevideo.Declarao de guerra pela Republica do Paraguay ao Imperio do

    Brazil.Apprehenso do paquete commercial Marquez de Olinda, em tempo

    depaz.Conveno de paz de 20 de fevereiro de 1865, entre o Imperio do

    Brazil e a Republica do Uruguay.

  • PROLOGO

    Na infancia da organizao politica do Brazil a imprensa e a tribuna semantinham em uma attitude honrosissima, conservando-se na estacada,profiiganc1o os erros da alta administrao e procurando conteI-a em suaslegitimas fronteiras.

    Pouco a pouco se foi entibhndo este nobre estimulo, e actualmente nose respeitam mais os limites de cada esphera de aco, operando-se porfiadasconquistas em dominios alheios; e, como cOllsequenci;1 inilludivel destaexorbitancia, a del:adencia destes sos principios se tem feito sentir de modoprejudicial ao interesse publico.

    Celebram-se convenes, debatem-se os ajustes sem sciencia e con-sciencia do paiz, de modo que a opinio publica e apanhada de surpreza,quando se as promulga; e as apreciaes mais ou menos erroneas, queento se fazem, tendem a enfraquecer aquelles actos, ou a prejudicar asintenes rectas e as vistas fecundas e futuro as com que foram elabo-rados.

    A politica tradicional, as inte?"enes elo Brazit nos Estados doPrata teem sido as palavras magicas, as phrases ocas, mas :retumbantes,que se teem empregado para definir um systema que se atira como laMo aoGoverno do Brazil, mas que na realidade jamais foi por eUe esposado.

    Entretanto estaaccusao tem servido sempre de ariete de guerra, querJlaS luctas politicas internas, quer nas ex.ternas ; convem, pois, salientar ofactos que demonstram ser ella a mais grave injustia que se faz ao Brazil.

    Os partidos militantes, sem nenhuma orientao politica e obedecendoa instinctos apaixonados, do o caracter de questes politicas s pendencias

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    internacionaes ; e restolham neste campo, si divisam no correr dos debates.a esperana de uma reconstituio ministerial em que figurem homens da

    mesma opinio politica.D'3st'arte os partidos da opposio cream serios embaraos, que teem a

    debellar mais tarde, quando no poder.Os nossos visinhos, mais. astutos, aproveitam-se dos argumentos da

    propria imprensa e tribuna brazileiras, no s para confirmar a sua pro-paganda contra os intentos de absorpo que attribuem ao nosso Governo,como para corporisar e sustentar seus pretensos direitos.

    No Brazil muito commum ouvir-se da opposiO exclamaes exage~radas e retumbantes como, por exemplo: - Quereis resurgir a politicatradicional; a politica odienta das annexaes eda conquista, a politicada discordia por algumas pollegadas de territo1'io! !

    Entretanto, si quizesse o Brazil hoje applicar aos seus visinhos a cha-mada politica tradicional, commetteria um anachronismo ridiculo, que steV applicao possivel e razo de ser na noca colonial.

    Por sua vez esta razo de ser explica-se pelas exigencias occasionaes:Duas naes da Europa esforavam-se em alargar os seus dominios pornovos descobrimentos; equipavam grandes expedies e despendiam largana empreza de devassar novos horizontes; e portanto no de estranharque tentassem levar as suas balisas ao maior extremo, ou pela ambio deterritorios ricos em mineraes preciosos, ou para encontrar divisas naturaese seguras que defendessem os seus dominios.

    Era a conquista em pleno desenvolvimento, certo; mas a conquista emterritorios v~gos e devolutos, queos raios da civilisao vinham a1lumiar.

    E quaes as vantagens que della auferiu o Brazil nos tempos coloniaes ~Firmou o seu dominio em uma grande zona de Matto Grosso, que a

    Hespanha disputava, valendo-se da Bu1la Alexandrina e de antigos tra-tados.

    D. Juan II reclamou contra a Bulla de Alexandra VI, firmando-se ()tratado de Tordesillas a 7 de junho de 1494, e a escriptura de Saragossa a.22 de abril de 1529, mais favoraveis a Portugal.

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    A questo de limites continuou at a. celebrao do tratado de l deoutubro de 1777, ou antes, at 1801 ,anno em que, sobrevindo uma guerraentre Hespanha e Portugal, cada uma destas potencias conservou, terminadaa lucta, o uti possidetis em que se achava antes.

    Esta politica plantou as quinas portuguezas nos muros de Montevido ;porque os estadistas luzitanoscomprehendiam que este era o limite naturaldo Brazil pelo Sul; e quando em pocas anteriores se estabelecera a linhadivisoria entre as possesses de Hespanha e de Portugal, ella tinha seutermo em Castilhos Grandes. Isto foi consequencia do tratado de .13 dejaneiro de 1750.

    Essa mesma politica conquistou as Misses, grande parte da provincia:do Rio Grande do Sul, territorios no Para., a posse temporaria de Cayennae sustentou sempre com energia o limite do Brazil pelo Oyapock.

    Foi ainda essa mesma politica que esfacelou o Vice-Reinado do Prata, ilivrando o Brazil de maiores embaraos que dalli poderiam ter vindo e queparecem renascer agora.

    Eis ahi o que foi a politica tradioional oolonial, que era seguida comfirmeza e resoluo.

    O contrario deu-se no tempo do Imperio, que adoptava a politica mo-derna das tergiversaes, das tangentes, dos zig-zags e das condescenden-cias; o que fez recuar o limite Sul do Brazil at o Chuy e neutralisou oterritorio do Amap, aquem do Oyapock, bem como o do Pirara, aquem doslimites com a Guyana 1ngleza.

    E si assim acontece, quaes so, pois, os factos que revelam o proposito~attribuido ao Governo brazileiro, de restaurar a politica tradicional colo-nial, relativamente aos Estados do Prata?

    Examine-s_e a questo com o espirito desprevenido, e para isso volva-sea uma poca mais remota,.a da fundao do 1mperio.

    Logo em seguida a. declarao da independencia, um dos primeiros cui-

    1 A iudependencia das colonlas hespanholas teve logar em 1810-1811, em-quanto a do Brazil teve logar em 1822. c

    1

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    dados do Governo Imperial foi manter relaes de cordial amizade com asrepublicas visinhas ; e para isso acreditou junto ao Governo de Buenos Ayresa Symphronio Maria Pereira Sodr e depois a Antonio Jos Falco da Frota,ejunto ao Governo do Paraguay a Antonio Manoel Corra da Camara.

    No correspondeu, porm, o Governo de Buenos Ayres a esta expecta-tiva; pois dalli partiram os estimulos para a revolta da Provincia Cispla-tin~, i assalariando os caudilhos que deviam dirigil-a; e de tal modo sehouve Buenos Ayres nessa questo, C!ue o Brazil viu-se obrigado a decla-)-ar-lhe a guerra.

    Bem triste a histor"ia daq uel1es tempos: A mil direco da guerra, o-exaltamento da linguagem na imprensa e na tribuna brazileiras daquellapoca. as insinuaes tendentes a fazer crer que o Governo brazileil'o ten-tava voltar a politica tradicional colonial, foram poderosos auxiliares aos

    ;ntentos da propaganda argentin3. contra o Brazil.Vtrificada a separao da Cisplatina, no consentiu, porem, o Governo

    brazileiro que fosse ella incorporada ao Estado de Buenos Ayres, como ha-via sido calculado por seus homens politicos; e constituiu-a em naii:o livree independente, tornando-se garante de sua autonomia.

    Isto prova que ao Governo daquella poca no se padem attribuir planos

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    uti possicletis, perfeitamente comprovado, sempre () Brazil perdeu territo-rios, como se prova Asimples vista dos tratados.

    Ao sul do Brazil corria a fronteira por Castilhos Grandes, de conformi-dade com as clausulas do tratado de 1750, a que era licito recorrer comodocumento historico; ao passo que pelo tratado de 12 de outubro de 1851o Brazi1 recuou a sua fronteira at o Chuy.

    Ainda mais: esta concesso no satisfazendo completamente ambiodo Governo Oriental, foram modificadas as clausulas daquelle tratado

    pelo de 15 de maio de 1852 em sentido favor:1vel s exigencias daqueIleGoverno.

    O tratado de 23 de outubro de 1851, relativo linha do Pirara, tam-bem prova o sentimento de moderao e desejo de paz por parte doBrazil.

    A neutralisao do AmapA sustenta com prudencia os direitos doBrazil divisa pelo Oyapock, embora houvessem sido sanccionados pelostratados de Utrech e de Vienna e defendidos sempre pelos estadistasportuguezes.

    A neutealisao do Pirara pelo lado da Guyana Ing1eza veio fortificar osargumentos que apresentava o Brazil em favor dos seus direitos a esteterritol'io, e ao mesmo tempo mostrar a sua model'ao e amor paz.sustentando, porm, seus direitos.

    O tratado com a Bolvia em 27 de maro de 1867 provou exuberante-mente a maior lealdade e franq ueza pOl' parte do Brazil e o desejo rl e con-servar relaes amigaveis com o seus visinhos.

    Em vista deste retrospecto, pal'ece ficar provado saciedade que apolitica externa do Brazil, desde a sua independencia, foi sempre diamtl-tealmente opposta poli tica tradicional colonial.

    Poder dizer outro tanto a Republica Argentina?Os factos demonstram que a politica daqueIle paiz tendeu sempre

    reconstituio do Vice-Reinado do Prata, ao enfraquecimento dos seusvisinhos pelas dissenes intestinas, afim de augmental' o seu territorio e asua importancia politica.

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    Foi nesse intuito que aquella republica reluctou muitos annos parareconhecer a independencia da Republica do Paraguay, querendo obriga]-aa submetter-se ao Governo de Buenos Ayres.

    Foi ainda para satisfao e execuo desse mesmo plano politico quea clausula 16a do tratado da Triplice i Alliana exigia que, terminada aguerra, ficasse pertencendo Republica Argentina todo o Ohaco Para-guayo, antiga conquista e posse daquelle paiz alm do Rio Vermelho e atBahia Negra. Ainda no satisfeita, apossou-se tambem do Departamentoda Oandelaria, da Republica do Paraguay, limitando pelo mesmo art. 16 oterritorio daquella republica pelo rio Paran; e vindo, por fora destausurpao, a limitar com o Beazil a Nordeste pelos rios Igua e SantoAntonio.

    Assim, pois, a guerra que teve o Brazil com o Paraguay (1864 a 1870)foi para a Republica Argentina o seguimento feliz da sua politica deannexao e augmento de territorio ; havendo para isso concorrido impen-sadamente o Brazil, que supportou todo o peso da guerra simplesmente embeneficio da Republica Argentina.

    E finalmente, como confiemao actual desse mesmo plano politico, delonga data premeditado pelos governos argentinos, o Brazil, depois deconstituido em Republica e soffrendo com a sua boa f e benevolencia asconsequencias dos actos impensados e dos erros dos governos da monarchia,v posto em duvida pelos argentinos 2 o seu incontestavel direito ao territoriodas Misses.

    A politica do Brazil tem sido quasi sempre a politica das intervenes;mas esta consageada pelos factos, pelos exemplos frequentes, por conselhodos legisladores internacionaes, e principalmente pelo direito, que temcada paiz, de velar pela honra nacional e de garantir a integridade do seuterritorio.

    1 Sabemos que otratado da Triplice Alliana foi elaborado pelo ministro argentinoe os conselbeiros Saraiva e Octavia,no de Almeida R03a, e que no foi consultada asSecretaria de Estrangeiros do Rio de Janeiro.

    2 O Governo Imperial consentiu que se levantasse a planta do territorio das Missequando os direitos do Brazil sobre essa regio eram incontestaveis, ii. vista dos.tratados anteriores.

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    De longa data a politica de interveno do Governo brazileiro nas repu-blicas platinas ha sido praticada por duas frmas : ou quando reclamadapara garantir a integridade e o socego das suas provincias fronteiras, ouquando instantemente solicitada pelas mesmas republicas.

    Quer n'um, quer n'outro caso, porm, a conducta do Brazil tem sidoa mais generosa, a mais recta e a mais desinteressada possivel, como sedeprehende do rapido exame retrospectivo que em seguida fazemos.

    Interveno de 1851

    Apoderando-se da cidade de Montevido, como estava prestes a fazeI-o,e annexando a Republica do Paraguay suajurisdicO, no difficil seria aodictador Rosas realizar subitamente a invaso do Rio Grande do Sul, onde,uma vez acastellado, abriria a guerra de notas, para demonstrar, pelosantigos tratados, que o territorio das Misses devia ser incorporado ao daRepublica Argentina, e que as fronteiras respectivas deveriam ser recuadasate o Ibicuhy.

    Antevendo a realizao deste plano, o Brazil impediu-o. Primeiro quetudo era obrigado, pelo tratado de 1828, a garantir a autonomia da Re-publica Oriental' e em 1 44 havia reconhecido solemnemente a indepen-dencia do Paraguay. To podia, portanto, permitti.r que estes dousEstados fossem absorvidos pela Republica Argentina.

    O principio da liberdade de navegao dos rios, consagrado pelo Brazilna 1ettra do tratado de 27 de agosto de 1828, com batido tenazmente pelodictador Rosas, como se v dos tratados de 24 de novembro de 1849 e 31de agosto de 1850, por elIe impostos Frana e Inglaterra, estatuiatambem a inte~veno do Brazil nessa questo. Assim, pois, o Governobrazileiro movimentou suas foras de mar e terra, e abrindo o seu The-souro firmou a paz nas regies do Prta, consolidou a independencia doParaguay e a da Republica Oriental, fez mallograr a invaso do RioGrande do Sul e proclamou a liberdade da navegao dos rios. Todos estesbeneficios devem as republicas platinas interveno do Brazil, sem o

    'X

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    sac1'ificio de uma s pollegada de seus territorios e sem a minima quebra deseus direi tos soberanos. O que Iucrou o Brazil em troca de tanto desin-teresse e longanimidade? e como corresponderam os alliados lealdade dasua conducta ?

    Ainda marchavam nossas foras para o Estado Oriental, quando ogeneral Urquiza, antecedendo-se aodadamente ao exercito brazileiro, esem ferir batalha, celebra com Oribe i a conveno do Pantanoso!

    O resultado deste convenio elevou ao mando supremo da RepublicaOriental a Don Juan Francisco Gir, da parcialidade de Oribe, coadjuctorda politica de Rosas.

    Mais tarde, em 1855, quando a armada brazileira subiu as aguasplatinas para vingar a affronta que o ParaguaJT atirou ao Brazil, surgiramreclamaes do Governo argentino, pretendendo limitar o direito ao livretransito dos rios da Prata e Paran; sendo de notar que era o mesmogeneral Urquiza que protestava contra esse direito, que elle mesmo haviasanccionado antes com a sua assignatura na guerra contra Rosas.

    A inte)'veno ele 1853, solicitada pelo presidente Gir, e mais tardepelos seus adversarios, ento no governo, fez marchar do Bl'~il paraMontevido uma diviso d0 4.000 homens ao mando do general FranciscoFelix da Fonseca Pereira Pinto.

    Os servios importantes e o concurso poderoso que esta inter-veofLo, toda benefica e desinteressada, prestou ao restabelecimento dapaz foram patentes pelas proprias autoridades orientaes em mais de umdocumento solemoe e realam a politica generosa e pacificadora do Governol)l'azilci1'0.

    A intcl"Venc7,o ele 1855 no Paraguay (misso Pedro Ferreira) tevepor fim obter reparao das affrontas dirigidas ao ministro brazileiro ; masno liquidou a questo de limites; e o direito livre navegao lo Par~guay e Paran, estipulado pelo tratado de 25 de dezembro de 1850, foi denovo estipulado, sem meno do tratado de 1850, como si no se pudesse

    1 Oribe era lagar-tenente de Rosas e si!iava, MOlltevido.

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    concluir este direito daquella fonte. Esta interveno trouxe para o Bra-zUas seguintes lamentaveis consequencias:

    1._ Quebra de sua fora moral'nos paizes platinos ;2._ Grandes despezas para a fora que mandou ao Paraguay ;3._ Odios e desconfianas implantados naquella republica contra as

    intervenes do Brazil ;4._ O proposito firme de fazer uma guerra ao Brazil, confirmado

    pelos preparativos consequentes e immediatos, como fossem as fortificaes,_a compra de armamentos e a organizao de um numeroso exercito,.relativamente disciplinado,

    Ainda em 1858 e 1839, estando o partido blanco no governo da Re-publica Oriental, pediu a inten"eno do Brazil contra o movimentO'"revolucionario do cOl'Onel Erigido Silveira no departamen to de Minas; elogo em seguida pediu novamente a mesma interveno, por occasio emque o Governo argentino mandava um vapor de guerra transportar lcosta de Entre-Rios os refugiados orientaes, entre os quaes se achava 0"general Flores; facto este que fez renascer em Montevido o receio de quedesembarcasse em portos orientaes alguma fora proveniente de BuenosAyres e apoiada pelo Governo daquella Republica.

    A cooperao prestada pelo Brazil nestas emergencias foi sempre mo-delada pelas regras da maior prudencia; devendo notar-se que, desde quecessava o motivo da interveno, armada ou diplomatica, o Brazil a reti-rava immediatamente.

    Finalmente, em 1863, por occasio em que o g'eneral Flores invadiu oterritorio oriental, o Governo daquella" republica pediu de novo a inter-veno do Brazil, que apressou-se em mandar o ministro brazileiro em-Montevideo em missU:o especial a Buenos Ayres, afim de obter ex.plicaesque, apezar de confidenciaes, dissipassem os receios do Governo oriental.

    De tudo isto v~se que o Brazilprestou sempre aos reclamos da Re-publica Oriental o seu apoio franco e decidido; e sem atteno ao partidodominante, pois que, assim o fez todas as vezes que esse reclamo partia d()-Governo reconhecido legi ti mo pelo paiz. tb

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    Esta politica, derivada dos ajustes internacionaes, foi sempre fiel e ge-nerosamente desempenhada; e, entretanto, como correspondiam as repu-blicas platinas aos sacrificios que fazia o Brazil para firmar a paz no sulda America?

    Buenos .Ayres arma sem rebuo a ilha de Martim Garcia i, perma-nente ameaa a livre navegao dos rios Paran e Paraguay.

    O proprio Urquiza, que firmou o tratado de limites de 1857 (14 dedezembro), renegao e oppe todos os obstaculos sua ratificao.

    A Republica Oriental reclamava uma reviso do tratado de commerciode 1851 e pedia novos favores, que lhe foram concedidos pelo tratado de4 de setembro de 1857; mas em seguida sophismou o convenio de permutade territorios na fronteira de Sant'Anna do Livramento, que havia firmadonaquella data.

    A Republica do Paraguay, por sua vez, preparava, em seu isolamento;elementos poderosos para uma guerra provavel com os Estados platinos,que envolveria o Brazil, de quem pretendia ento desforrar-se do mao re-sultado que lhe produzira a pendencia de 1855.

    No foi certamente por vontade do Brazil, nem convinha aos seusinteresses que se declarasse a guerra e muito menos que elia tomasse aspropores a que chegou.

    Prudencio Berro, do partido blanco, porm b~stante moderado, ficararesponsavel pelos assassinatos de Quinteros 2 que havip. excitado nosorientaes exilados a maior indignao e a sde de uma vingana impla-caveI.

    A 16 de abril de 1863 Flores partira de Buenos Ayres para ir apeardo Governo oriental o partido blanco; e, protegido ou apoiado pelos seus

    1 A fortificao de Martim Garcia pde, com seus canhes, fechar de mo-mento a entrada do rio Parana.

    QUINTEROS

    Mez de fevereiro de 1858Os colorados foram cercados uo rio Negro, no passo de Quinteros, em numero

    de cerca ele 500 homens, pelas fOl'as do Governo blanco de Montevido, em nu--mero superior a 2.500 homens elas tres armas.

    Depois de combater com denodo, no dia 28 de janeiro de 1858, acceitaram a

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    amigos do partido colorado, conservou-se na campanha, e quasi um anuomais tarde tornou-se o chefe de uma insurreio, apoiada em grande partedo paiz e tambem pe19s ricos proprietarios brazileiros, filhos do Rio Grandedo Sul, mas que possuiam em territorio oriental grandes fazendas decriao e que pelas odiosas perseguies do partido blanco, que occupava opoder, sympathisavam com o partido colorado.

    Infelizmente o mandato de Berro expil'Ou a 1 de maro de 1864; e opartido blanco o substituiu por Aguirre, que era o chefe designado, que'no queria aCCOl'do algum com a opposio, que s aconselhava violenciase vinganas e que era calorosamente apoiado e insinuado por Carreras,mandatario dos crueis assassinatos de Quinteros.

    Foi ento que Flores intitulou-se o Libertador e sustentou na cam.panha do Uruguay a insurreiO, que a pouco e pouco ,se foi tornandomais audaz e mais forte.

    Agnirre accusava Buenos Ayres de sustentar ao general Flores; e

    1mpitulao que lhes o(fereceu o general Anacleto Medina, chefe das foras do Ge-verno, que aS3everou garantir-lhes a vida.

    Os termos da capitulao foram:].0 As foras revolucionarias se submettem ao chefe do exercito constitucional.2. Os officiaes e soldados sero conrluzidos ~ara a capital da Republica, afim

    de serem p stos disposio do presidente da Republica.3. O general em chefe e mais commundantes das ditas foras passaro com os

    seus passaportes para o territorio do Brazil.Assignado - Anacleto M eclinlt.Parecia, ii. vista da assignatura do general Medina, que seria respeitada esta

    capitulao.O governo, ao receber as participaes officiaes da capitulao de Quiuteros,

    depois de alg-uma hesitao, ordenou que fossem fuzilados todos os prisioneiros.Expediu essa (1rdem selvagem no dia 30 pela manh, pelo capito Jos Garc.ia,

    que foi rebentando cavallos, e chegou no dia l a Durazno, portador d,\ seguinteordem, arrancada pelo ministro Antonio de las Garreras ii. imbecilidade do per-,sidente, D. Gabriel A. Pereira:, ].0 Devero ser passados pelas armas os generaes Freire e Dias e os corooeisTajas e Martll1ez.

    2. SOfl'er a pena de morte o major Freire, por ter-se revoltado, com partedo esquadro que commandava. .

    3. Sero executados todos os commaodaotes e cidados que arregimentaramforas contra o Governo.

    4. Sero'quintados todos os officiaes, de capito para baixo. .No dia l de fevereiro foram fuzilados os generaes Don Gesar Dias e Don Ma-

    noe] Freire ;Os coroneis Francisco Tajes e Eulalio Martinez.No dia 2 foram fuzilados lseis tenentes-corooeis, tres capites. um l tenente,2-

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    si possuisse ento uma esquadra, provavel que houvesse declarado aguerra Oonfederao.

    Oom relao ao Brazil, os factos eram mais graves:- Os brazileirosproprietarios no Estado Oriental haviam sido ainda poupados e at certoponto considerados por Berro ; mas Aguirre passou a tratai-os do modomais odioso e mais cruel possivel ; at que em maro de 1864 esta conductadera logar a que o deputado Pimenta Bueno formulasse uma reclamaocontra taes abusos.

    Embora o Governo declarasse que no tinha competencia para intervirnas questes internas do Uruguay, prometteu, todavia, agir, por intermediodo seu representante em Montevideo.

    Assim o fez; mas a preveno contra os brazileiros era por tal modoexagerada, que, no obstante a circumspeco e prudencia dessa inter~veno, a imprensa orientai levantou uma verdadeira campanha deaccusaes, cada qual a mais ridicula e mais odiosa, contra o Brazil.

    quatro tenentes e um 2 tenente; e- foram degolados: o major Estevan Saccarello,italiano, e dous sargentos orientaes.

    Continuando a marcha para Montevido no dia 4 em Santa Lucia, foram de-goladas: 16 soldados de infantaria, italianos de nacionalidade, 10 francezes e oitohespanhes .

    No dia 5 mais oito soldados de infantaria, no dia 6 o capito Pedro Duval.Foi mais no dia 11 degolado um pardo criado de um dos offi.ciaes fuzilados;

    alm desses lancearam 68 soldados de cavallaria e 18 soldados de infantaria, queatrazaram-se na marcha a p para Montevido; ao todo .foram -mortos 152, entreoffi.ciaes e praas, que so os martyres de Quinteros.

    A commisso que foi nomeada para deliberar si deviam ser fuzilados os mar-tyres de Quinteros, compunha-se de - Candido Juanico, presidente da Camara deJustia, Jayme Ilha, Atanario' Aguirre, Luiz Herrera, Antonio de las Carreras,Andr Gomez, Brito dei Pino, Errasquin, F. V. Reyes, Octavio Lepido, JuanJ. Herrera e Bernardo P. Berro.

    Do exercito do Governo commandado pelo feroz Anacleto Medin, faziam parteos coroneis Lasalla, Bazilio Muno.::;, tenente-coronel Timotheo Apparicio e outros.

    Em 17 de maro de 1865 o Governo da Republica Oriental decretou, depois devarios considerandos : .

    1.0 Que os cidados sacrificados no passo de Quinteros fossem declarados mar-tyres da liberdade da patria. '.

    2.0 Que custa do Thesouro Nacional se fizessem solemnes exequias e' queaquelle dia seria feriado.

    3. Que no cemiterio fosse levantado um monumento, no qual seriam inscriptosos nomes destes bravos.

    4. Que as viuvas e filhos menores destes martyres gozariam o soldo por inteirodas patentes de seus esposos e pais.

    5. Que se publicasse e communicasse a quem de direito.FLRES.

    LOURENO BATLLE.

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    Os acontecimentos impulsionados fatalmente tomaram uma direcoque no mais se podia evitar e de que o Brazil no se podia eximir.

    Os brazileiros perseguidos no Uruguay eram abastados proprietariose tinham seus amigos, seus parentes e portanto seus alliados naturaes naprovincia do Rio Grande do Sul.

    Encontraram, pois, todo o apoio nesta provincia ; e havendo-se con-stituido chefe e advogado dos interesses brazileiros, contra as perse-guies de Aguirre, o general brazileiro Antonio de Souza Netto veioao Rio de Janeiro e procurou levantar a opinio publica no sentido de umainterveno armada contra o Governo oriental, para fazer respeitar a vida epropriedades dos brazileiros residentes naquella republica.

    O Governo foi coagido a tomar providencias immediatas ; e o ministrode estrangeiros enviou a Montevido o conselheiro Saraiva para repre-sentar perante o presidente Aguirre contra os abusos e arbitrariedadespratIcadas com os brazileiros.

    Ao mesmo tempo ordenou a concentrao, na fronteira, de uma forabrazileira de 4.000 homens, ao mando' do marechal Joo Propicio MennaBarreto.

    Quando o general Flores, vindo de Buenos Ayres, invadiu o EstadoOriental, Francisco Solano Lopes, presidente do Paraguay, queixou-se aoGoverno de Buenos Ayres contra o auxilio prestado ao general Flores epediu explicaes.

    Mitre, que era ento presidente daquella republica, no respondeu.Mezes depois, Lopez enviou-lhe segunda nota, e asseverou ao mi-

    nistro oriental em Assumpo que estava disposto a alliar-se ao Governode Montevido contra Flores, bem como a obstar qualquer interveno doBrazil e Republica Argentina nos negocios da Republica Oriental.

    A 11 de junho de 1864 o presidente Lopez enviou ao Governo Imperialuma nota, em que se ofi'erecia para mediador entre o Governo de Aguirre eo do imperador; a 17 enviou outra de igual theor ao conselheiro Saraiva;

    A 24 respondeu este ministro; e a 7 de julho Dias, Vieira, ministrode estrangeiros, confirmava a resposta de Saraiva por parte do imperador,

    \

  • - 20-

    declarando que havia devidamente apreciado a nota paraguaJ'a, mas quepor emquanto achava sem objecto a mediao offerecida.

    A misso Saraiva limitava-se a pedir satisfaes de aggravos sof-fridos pelos subditos brazileiros residentes no Estado Oriental, e aapresentar um ultimatum, caso as suas justas reclamaes no fossemattendidas.

    A 26 de maio J. J. Rerrera, ministro das relaes exteriores darepublica, respondeu, em termos desabridos, que o Governo oriental noattendia a reclamaes; e a 4 de junho o conselheiro Saraiva contestouessa nota, appeIlando para a pacificao interna.

    :\. 6 do mesmo mez os Srs. Elizalde e Thornton, ministros da Re~publica Argntina e da Inglaterra, offereceram seus bons officios aoministro Saraiva, que OE acceitou.

    Os esforos destes ires ministros foram baldados inteiramente, emborao general Flores tivesse acceito a 18 de junho as propostas dos media-dores, do que se assignou um protocollo.

    Rompidas as negociaes, por haver sido rejeitada por Aguirre umadas condies, retirou-se Saraiva a Buenos Ayres, e a2l dejulho recebeuordem do Governo Imperial para apresentar o seu 1,tltimatum.e o que feza 4 de agosto.

    i-\. 9 desse mez foi elle devolvido pelo ministro oriental; a 10 foirespondido, e a 11 deu-se ordem ao almirante Tamandar para comearas reprezalias, e ao presidente do Rio Grande do Sul para mandaro exercito invadir o territorio oriental.

    O primeiro acto de reprezalia foi contra o vapor Villa del Salto,que, perseguido pela nossa canhoneira Jequitinlwnha, encalhou proximoa PaJ'salld ti. e foi incendiado por ordem das au toridades orientaes.

    O exercito brazileiro organizou-se em PirahJ' Grande, ao mando emchefe do marechal Joo Propicio Menna Barreto; e somente em dezembropde comear a campanha na republica visinha.

    Esta delonga mostL-ou mais uma vez a imprevidencia dos nossos esta-distas, mandando apresentar o 'l-dtimatum a 4 de agosto sem ex.ercito

  • 220 caTo100 200 80 80

    130 80 l>80 70

    1.040

    - 21-

    organizado e prompto para apoial-o immediatamente, apenas com umaesquadra insufficiente para operaes de guerra. i

    (I) Esquadra estac:onatIa no Rio da Prata em abril ele 1864:Jequilinhonha, vapor helice. 120 cavoBelmonte 120 ~Parnahyba 120 J\Iearim 100 Araguary .. 100 Ivahy 100 Amazonas, vapor de r'ldas. 300 Recife .. 150

    Total, cavallos-vapor. . 1.UOHavia 46 peas de 'artilharia e uma guarnio de 749 homens, entre officiaes,marinheiros e soldados nayae .

    Reforou-se pouco a pouco esta esquadra, e em I de abril de 1865 ella secompunha dos navios precedentes, e mais do:

    Paraense, vapor de rodas.Taquary Nictheroy ..Maracan 1tajahy " li>Beberibe Iguatemy Araguary Ipiranga

    dantIo o total da fora em cavallos-vapor 2.150 e para artilharia de 163 bocasde fogo. Com as guarnie' com que ento se completou esta esquadra tinha 2.384homens. Rehrou-se mais com a 9"" brigada de infantaria e uma bateria deartilharia com 1.335 homens. Quanto ao exercito, apenas figuraram no as-edio dePaysandli 3.476 praas tIe linha, os mais foram voluntarios e guardas n3cionaes.

    O exercito brazileiro que figurava nos relatorios com o effecti '10 tIe 2.097 officjaese 23.434 praas, somente contava existentes 1.735 officiaes e 15.091 praas, dissemi-nadas em todas as provincias.

    Fical'am no Brazil em servio 204 omciaes e 4.669 praa ; desc ntando a forade linha que servia em Matto-Grosso, no pde o Imperio mandar para o sulslllo cerca de 1.500 o~ciaes e 8.700 praas de linha do exercito brazileiro de 1864quando se declarou a guerra.

  • PRELIMINARES

    Quando em agosto de 1864 chegou a Assumpo o novo ministro bra~zileiro, o Sr. Vianna de Lima, Baro de Jauru, conheceu em seguida queo presidente Lopez acariciava sentimentos de uma ostensiva m vontadepara com o Brazil; mas no julgou que taes idas passassem de meras in~tenes ou que se traduzissem mais tarde por actos mais positivos que asmanifestaes pessoaes do presidente Lopez; e assim que ficou completa-mente estupefacto ao receber alo de setembro um protesto do ministroparaguayo, Berges, datado de 30 de agosto, e consubstanciando o principioinadmissivel de que: - a segurana e . 'f),Z da Republica do Paraguayficavam ameaadas com a entrada do exerez'to brazileiro no territorz'o

    oriental .Poucos dias depois uma deputao de notaveis da capital, adrede prepa.

    rada para a comedia que representava o Governo paraguayo, compareceuperante i El Supremo Magistrado, o presidente Lopez, pedindo a guerra

    contra o Brazil.Lopez respondeu o seguinte:- A attitude que assume a republica nestes momentos solemnes me

    faz recorrer ao vosso patriotismo, para ouvir a.voz da patria.E' tempo de fazeI-o! O Paraguay no deve acceitar por mais tempo o

    "IIpouco caso que se tem feito do seu concurso, quando se agitam nos Estados

    '. O titllIo de - EI Supremo -, empregado no tratamento do presidente da Re-publIca do Paraguay, originaria do tratamento que exigia o dictador Francia em

    I~16, que o seguinte:-Ea;m. Sir. Don Gaspar Rodriguez de Francia, SupremoDtctador Perpetuo de la Republica deZ ParaglJ.ay. \J..

  • -24-

    visinhos questes internacionaes, que influem mais ou menos directamentepara o menoscabo dos seus mais caros direitos.

    Vossa unio e patriotismo e o efficaz exercito da 1"epublica me sus-tentaro em todas as emergencias.

    A' nota de 30 de agosto o ministro brazileiro respondeu com energiamascula, asseverando que - o Governo Imperial estava cumprindo o seudever, intervindo directamente, perante o Governo Oriental, para que serespeitasse a vida, a honra e a propriedade dos subditos brazileiros resi-dentes no Uruguay; e accrescentou ainda que nenhuma considera;:Lo ofaria sobr'estarno desempenho desta sagrada misso.

    A 3 de setembro o ministro paraguayo expediu segunda nota i LegaoImperial corroborando o protesto de 30 de agosto e declarando, em vista doultimatum do conselheiro Saraiva de 4 de agosto de 1864, que o Govemoparaguayo teria o pezar de tornal-a effectiva, sempre que os factos viessemconfirmar o que asseverava o ministro brazileiro em sua resposta.

    A 22 de setembro o Governo Imperial approvou o procedimento do seuministro em Assumpo.

    o EXERCITO BRAZILEIRJ K\I 1864

    A victoria de Monte-Caseros em 3 de fevereiro de 1852, em que a di-viso brazileira de 4.000 homens, commandada pelo brigadeiro ManoelMar-ques de Souza, depois Conde de Porto Alegre, collocada no centro da linhade batalha, decidiu da aco, tomando a artilharia argentina que estavapostada nas alturas que lhe ficavam em frente, foi um triumpho completopara as armas brazileiras no Rio da Prata e deu muita fora moral ao exercito imperial.

    Infelizmente os ministerios que se seguiram a 1853 modificaram a suapolitica para com as republicas do sul; entenderam que a politica de tole-rancia e moderao era a que se devia seguir, e successivamente reduziramos oramentos da guerra e transformaram o ex.ercito em instrumento elei-toral e em auxiliar da policia e da politica interna omcia!.

  • - 25-

    o ministerio de 15 de janeiro ele 1864 entendeu vencer as questes comMontevido por meios diplomaticos, e tanto que em maio de 1864 no refaziam preparativos nem se aprestava armamento algum que mostrass~querer empregar-se a fora armada.

    Em consequencia das interpellaes dos deputados Nery e Ferreira da.Veiga, e no para acudl' os subditos brazileiros perseguidos pelos blancos..o ministerio de 15 de janeiro mandou o conselheiro Saraiva pedir satis-faes e ameaar o Governo oriental com o emprego ela fora armada.

    No havia fora de terra organizada e prompta a marchar na provinciado Rio Grande do Sul.

    o enviado brazileiro no esperou que houvesse exercito nas fronteirase apresentou o seu ultimatum a 4 de agosto, entendendo naturalmente quea sua presena bastaa, e teve o desgosto de no conseguir do Govern~oriental o que o Governo Imperial exigia.

    A diviso naval brazileira no Rio da Prata era peqnena para operaesde guerra.

    O Baro de Tamandar, embora COI "ta pequena fora, bloqueia eassalta Paysanel, desembarcando com 400 homens para tornar aquelIa.praa, guarnecida com 15 bocas de fogo, bem fortificada e com cerca de'1.500 homens de tropa de linha.

    Este arrjo do almirante, si no foi coroado de bom exito, no se p6declassificar de derrota, porque mostrou que os brazileiros ainda eram os-valentes de Monte-Caseros ; e tanto que o general Joo Sa no esperouo seu choque e repassou o Rio Negro, em lagar de vir soccorrer Paysand ..como se propunha.

    O Governo Imperial no havia tratado de melhorar o estado do exerc~to, de reorganizaI-o, para ergueI-o da decadencia total em que se achava_

    Havia cerca de 10 a 12 annos que o deputado por Matto Grosso, Antoni()-Correa do Couto, dissera que aquella provincia estava sem defesa e que ()Paraguay estava se armando para atacar o Brazil na primeira occasio ..Ninguem lhe deu atteno, pois julgavam que o Paraguay no tinha foras-para luctar com o Imperio. Era conhecido em 1864 o estado em que se

  • - 26-

    achava o resto de fora, a que se appellidava de- Exercito Brazileiro.-Disperso pelas provincias em pequenos destacamentos, como para tirar-lhea coheso e desencaminhaI-o de sua misso patriotica, havia-se-Ihe dadooutros destinos.

    Muitos officiaes eram empregados em commisses policiaes e eleitoraes.Os soldados haviam afrouxado a disciplina militar e muitos no conhe-

    ciam seus commandantes, porque viviam em destacamentos longinquos.Em geral no ~e lhes passava revista, nem se lhes dava exercicios; o

    seu armamento e equipamento eram velhos e estragados. Com excepodos corpos da guarnio da Crte e do Rio Grande do Sul, a fora armadano podia, de momento, resistir a qualquer commettimento externo.

    Mesmo os corpos da Crte e Rio Grande do Sul estavam reduzidos amenos de metade dos seus efi'ectivos.

    Conservou-se o exercito nestB verdadeiro estado de desarmamento atefins de 1864.

    No Rio Grande havia muito pouca tropa, quanto ao pessoal, e quantoao material, os arsenaes esta desprovidos de armamento, de equipa-mento, de fardamento, de munies e de material de campanha.

    Para o regimento de artilharia, alli estacionado, s6mente em outubrode 1864 foram mandadas as seis primeiras peas raiadas de calibre 6.

    Emfim, era urna miseria o estado do ex.ercito brazileiro, quando fomosinsultados e aggredidos pelo Paraguay.

    Em outubro foi nomeado o marechalJoo Propicio Menna Barreto paracommandar a reunio de todos esses destacamentos e fraces de corpos,disseminados por toda a provincia, e formar um exercito de 4.500 homenspara fazer a campanha do Estado Oriental.

    No entraremos em consideraes sobre os motivos pelos quaes o mi-nisterio Furtado, chamado . direco da guerra, deu o commando emchefe das foras em operaes ao marechal Menna Barreto, deixando departe o marechal Marquez de Caxias, indicado pela opinio publica.

    Sahindo o Imperio da somnolencia em que o haviam mergulhado a pazde tantos annos e a confiana nos louros de Monte-Caseros, os brazileiros,

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    chefes e soldados, civis e militares, mostraram logo a sua aptido para asarmas e o seu valor heroico nos combates; e conquistariam para o Brazila considerao e reputao de primeira nao da America do Sul, si osgovernos que succederam guerra sustentassem aquelIa importanciaadquirida custa de tantos sacrificios e de tanto sangue.

    A campanha do Paraguay foi a maior guerra da America do Sul. Teveuma durao que nenhum dos contendores imaginou.

    De accordo com a celebre phrase do presidente Mitre - em 15dias aos quarteis, aos tres mezes em Assumpo - elIa seria terminadaem pouco tempo.

    Para os directores da politica no Brazil elIa no passava, em comeo de1865 - de um passeio ao Rio da Prata.

    Entretanto durou cinco annos a guerra, porque foi preciso invadir umpaiz desconhecido e atacal-o pelo lado mais forte.

    Durou cinco annos, pela direco que se lhe imprimiu, tomando-se oRio da Prata para base de operaes e affirmando-se que o exercito nopodia operar sem a esquadra.

    Durou cinco annos, porque o tratado da Triplice Alliana no s6mentedeixou de attender a interesses futuros do Brazil, como obrigou os generaesbrazileiros a subordinarem-se ao presidente Mitre.

    Durou cinco annos, finalmente, porque s6mente em 1867 realizou-se aunidade de commando na pessoa de um general experimentado, que foi in-dicado aos directores da guerra no Rio de Janeiro pelos desastre ~de 16 a18 de julho de 1866 e pelo de Curupaity.

    A misso do conselheiro Saraiva tinha por o"bjecto i obter satisfa-es de aggravos recebidos pelo Imperio, desde 1852, nas pessoas e proprie-dades de subditos brazileiros residentes no Estado Oriental.

    1 Nota das reclllmaes e queixas do Governo brazileiro ao da Repuofica Orien-tal, que sempre as sophismou, motivando a entrega do ultimatum de 4 de agostode 1864.

    . Em 20 de fevereiro de 1847 o presidente do Rio Grande do Sul affirmava teremSido saqueados e assassinados 139 brazileiros no Estado Oriental, de 1843-1847.

    Pelo relatorio do Ministerio das Relaes Exteriores de 1857 v-se que a 31 deagosto de 1852 foram assassinados o guarda nacional Joaquim Silveira e o cidado

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    A 27 de abril de 1864 sahiu do Rio de Janeiro o conselheiro JosAntonio Saraiva, enviado ex.traorrlillario e ministro plenipotenciario doBrazil em misso especial junto ao Governo do E tado Oriental doUruguay. Como seu secretario levou o Dr. Aureliano Candido TavaresBastos, ento deputado pelas Alagas. A 6 de maio chegou a l\1ontevitleo,e a 12 apresentou suas credenciaes ao presidente da republica, sendo oacto revestido da maior solemnidade.

    Ao apresentar-se-lhe, declarou Sarah-a que sua misso tinha especial-mente por fim conseguir que por meio de uma politica previdente, e comperseverana executada, fossem garantidos os direitos e os interesseslegitimas dos seus concidados domiciliados no interior da republica.

    O presidente respondeu: O Governo oriental no tem podido Dempode deixar de reconhecer a reciproca cOllveniencia de manter a maisfranca, leal e amiga,el relao com o de Sua Magestade o Imperador do

    Manoel Nobre; bem como qne, contra o art. 40 do tratado de commercio, foi exig-idoo imposto de 680 ris por caben. de ""ado vindo das estancias brazileiras do EstadoOrientn.l para Brazil., O r'elatorio de 1858 menciona n. priso dos bmzileiros Antoni.o Medina e AdrianoMuniz Fagunrles, o assassinato de 1\1;1noel Custodio, Claudino da Silva, as vjolenciase o roubo praticados contra Antonio de Lima,

    O relatol'io tie 1859 menciona o assassinato uo Paulista Jos Vieira, a priso eprocesso injnsto contra o brazileiro B01l.ventura Alves, o processo de Bel'UardinoJos da Silveira, preso sem culpa em 1854, obrigarlo a trab Ja-Duario e Tristo, as violencins pratic;,das contra a pessoa e bens de Serafim Josdos Santos, os altentados commettidos por nma fOI'a orien k'11 ao mando do alferesJoo Senna, no somente contra as pes ons e propriedades dos subditos Joo Hen-riques e Anacleto Jos Soares, em territorio bl'azileiro, invadido por aquella fora,bem como os insultos, mos tratos e desarmamento de dous guardas da fronteira.brazileira.

    No relatorio de 1861 ve-se a expoliao de Serafim Jos dos Santos por autori-dades orientaes, as torturas que so:trreram Sebastio Amadeu, Felippe Jos Pires

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    Brazil ; c cr ter dado provas de sua solicitude para que estas boas relaessejam permanentes e inalteradas, e recebe com satisfao a misso deB. Ex.., dirigida a to importante objecto.

    Quatro dias depois o plenipotenciario brazileiro recebia do ministro dasrelaes exteriores da republica, Juan Jose Herrera, uma nota, datada de16 de maio, declarando-lhe que o presidente da republica havia ficadosati feito com elle, pelo espirito de que S. Ex:. se mostrara animado; eque, no obstante, lhe ordenara qua fizesse saber, antes de tudo, ao Sr. con-selheiL'o Saraiva, relativamente s tropas brazileiras que estacionavam nafronteira da republica, que, em qualquer circumstancia, a passagem, noconsentida, de tropas brazileiras pelo territorio oriental seria consideradacomo um ultraje soberania e independencia da republica; e que estapassagem seria um passo tanto mais grave, quanto mais difficeis j eramas circumstancias em que o paiz se achava, por causa da invaso de Flores.

    A 1S3 de maio, e sem responder s insinuaes da nota oriental de 16,o conselheiro remetteu ao Governo oriental a sua nota de reclamaes.Nella ponderava que as constantes reclamaes do Governo Imperial, com

    e Jos Vicente, a imposio do servi-o militar a Joo de Moraes Ortiz, 1\1anoel Cunhae Fl'ancisco Berro, o varejamento das casas de Jos R.odrigues Penteado e deRaymundo pela. fora armada, o assalto e saque da casa do brazileiro Condeixa. eferimento g-rave de seu filho, as violencias soffridas por Jos de Oliveira, ManoelSalvador, Zeferino Oliveira e Joo Gutierrez, recrutado arbitrariamente, a pri o etorturas de Manoel Marques e os assassinatos dos seis brazileiros seguintes: Fran-cisco BOI'ges, Ignacio Pereira da Silva, N. Corra, Valentim Moreira e Florisbelloda Sil va.

    No relatorio de 1862 v-se mais: o assassinato de cinco brazileiros pela policia etropa de linha, sendo o ele maior gravidade o de Domingos de ~oraes, guardio dacanhoneira de guerra lva1ty, que havendo ido ii. terra com licena, uniformisado e

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    relao aos crimes commettidos por agentes da republica contra subditosbrazileiros, sempre haviam sido desattendidas, a ponto de gerar no espiritodos brazileiros domiciliados na republica a convico de que os esforos doseu governo eram inefficazes para garantir-lhes a vida, a honra e a pro-priedade. Que por isso a descrena e o desespero geraram animosidadesdeploraveis que, estimulando o desforo pessoal dos offendidos, de longadata, os tornaram auxiliares da guerra civil, no obstante os conselhos eordens do Governo Imperial.

    Que aquelles brazileiros apoiavam a causa do general Don VenancioFlores, exhibindo perante o Governo Imperial, como motivos de seu proce-dimento, no a sympathia a este ou queUe partido politico, mas a neces-sidade de defenderem a sua vida, honra e propriedades contra os propriosagentes do Governo da republica. Que o grito daquelles brazileiros reper-cutia em todo o Imperio e principalmente na provincia. visinha do RioGrande do Sul, e que o unico meio de acalmar aquella exaltao era depromptamente fazer o Governo da republica justia s reclamaesbrazileiras .

    Disse mais: com esta esperana, o Governo Imperial, pelo seu ministro,solicita do' Governo da republica as seguintes providencias:

    1._ Que o Governo da republica faa effectuar o devido castigo,si no de todos, ao menos daquelles dos criminosos reconhecidos, quepasseiam impunes, occupando at alguns delles postos no exercito oriental,ou exercendo cargos civis do Estado ;

    2._ Que sejam immediatamente destituidos e responsabilisados osagentes de policia que teem abusado da autoridade de que se achamrevestidos ;

    3._ Que se indemnise completamente a propriedade que sob qualquerpretexto tenha sido extorquida aos brazileiros pelas autori dades militaresou civis da republica.

    4._ Finalmente, que sejam postos em liberdade todos os brazileiros quehouverem sido constrangidos ao servio das armas da republica, etc., etc...

    A esta nota do plenipotenciario brazileiro o Governo de Montevido res-

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    pondeu a 24 do mesmo mez: Que a invaso do Estado Oriental fra orga-nizada e armada em territorio argentino e brazileiro; e que o Governo doBrazil era o culpado dos males que ento afRigiam a republica.

    A' longa nota do Governo oriental respondeu o ministro brazileiro comoutra, de4 de junho de 1864, sustentando com dignidade a sua nota de 18de maio e insistindo pelas providencias reclamadas, como unico meio determinar as divergencias. Terminava a sua resposta dando-se por intei-rado de no poder e de no estar disposto o Governo oriental, nas circum-stancias ento actuaes, a satisfazer as solicitaes amigaveis que o GovernoImperial lhe fazia por seu intermedio.

    Dizia mais, em sua nota, que acabava de ser informado de que a poucosdias haviam sido barbaramente assassinadas uma brazileira com sua filhade 16 annos, em Durazno; o que no fazia acreditaro)ystema de pro-teco de que gozavam na republica os cidados brazileiros.

    Devemos dizer que a misso do conselheiro Saraiva foi recebida emMontevido com preveno e animosidades, provenientes, no s dos ultimosacontecimentos, bem como das rivalidades tradicionaes entre portuguezese hespanhes.

    O Estado Oriental debatia-se em guerra civil desde 1862.Innumeros cidados brazileiros, alli residentes, adheriram causa do

    general Don Venancio Flores, chefe da revoluo contra o Governo da re-publica. As reclamaes do Imperio implicavam a punio de cidadosorientaes da parcialidade do Governo.

    Por isso, embora o Governo Imperial, durante o gabinete 15 de janeiro~e 1864, que iniciou a misso Saraiva, se declarasse neutro nas questesinternas da republica e asseverasse que guardaria absteno (palavrastextuaes do ministro de estrangeiros em 1864), todavia o facto de suscitarum confliCto, quando no podia o Governo do Imperio impedir que subditosbrazileiros se alistassem nas fileiras do exercito libertador, faria acreditarao Governo oriental que as exigencias do Imperio naquelle momento ti-nham por fim auxiliar o partido COlO1"ado, cujo chefe era Flores, a subirao poder; e isto o exasperou.

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    Saraiva, porem, procurou dissipar semelhantes desconfianas por.odos os meios a seu alcance, e a sua moderao no podia ir mais longe.

    Collocou-se no terreno da soluo pratica'e tratou de promover a pa-eificao interna da republica.

    Achava-se elle nestas disposies, quando o Governo argentino, no dei-'Kando de estranhar que a misso Saraiva fosse acompanhada de foras,entendeu-se com o ministro inglez e iniciou a mediao simultanea da In-glaterra, do Brazil e da Republica Argentina, para a pacificao da Re-publica Oriental.

    Saraiva no hesitou em secundar com seus esforos a aco dos outros{llenipotenciarios ; mas aquella tentativa mallogrou-se, e as hostilidades.da guerra civil, que haviam ficado suspensas desde o dia 18 de junho, pela..negociao de paz, recomearam no dia Gde julho, 48 horas depois de de-~lUnciada a cessao do armisticio pelo general Flores.

    Sabe-se, pelas declaraes do Governo Imperial (Relatorios de 1864 e1.865), que, si esta triplice mediao houvesse sido bem succedida, traria

    .como resultado a continuao do mesmo Governo na Republica Oriental,avendo apenas mudana de ministerio. Dar-se-hia alguma influencia ao

    general Flores, e liquidar-se-hiam mais tarde as reclamaes do Brazil.No havendo sido, porem, bem succedida a tentativa de mediao, Sa-

    .raiva apresentou o ultimatum, declarando qu.e ia recorrer ao emprego del'eprezalias.

    Estas no eram bem definidas; mas comprehendia-se que o exercito'brazileiro, que ia-se organizar na fronteira, e a esquadra imperial dariam,protecO aos agentes e subditos do Imperio.

    Saraiva declarou que, pelos factos que originaram o conflieto, o Governo.brazileiro tinha o direito de fazer reprezalias especiaes. No era a guerra,. asseverou o conselheiro Saraiva ao Governo oriental; e, para confirmar asu.a assero, deu por finda a sua misso e retirou-se de Montevido sem pe-eir passaportes.

    Em consequencia, continuou a legaO brazileira permanente em Mon-.:tevideo ; continuando tambem os consules no exercicio de suas funces.

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    A 25 de agosto, anniversario da independencia da republica, osnavios brazileiros surtos no porto de Montevido, ainda em confirmaoaos mesmos principios de coherencia, embandeiraram e salvaram a naooriental.

    Fica bem patente que o pensamento do Governo brazileiro era evitar aguerra, exercendo com moderao medidas coercitivas que obrigassem oGoverno de Montevido satisfao a que tinhamos direito.

    Desde o momento em que o Governo da republica se mostrasse since-ramente disposto reparao, a questo estava finda, e as relaes ami-gaveis com a republica restabelecidas.

    O GoverI1o Oriental pareceu comprehender a principio a moderao doGoverno brazileiro, pois que prestou-se sem reluctancia primeira ex-gencia que lhe fez o almirante Tamandar, chefe da esquadra brazleira,intimando o Governo da republica a immobilisar o vapor de guerra GeneralArtigas, que se achava no porto de Montevido.

    Em seguida o almirante brazileiro fez igual intimao relativamenteao vapor Vilta del Salto, que se achava nas aguas do Uruguay.

    Elle tinha carta branca e o modo de exercer as reprezalias ficara aoseu arbtrio.

    Em que importava immobilisar aquelles dous vapores, que eram em-pregados no transporte de tropas e de munies de Montevido para ospontos do littoral atacados pela revolu o?

    Era um auxilio involuntario e indirecto, verdade, mas era umauxilio causa do Exercito Libeltador.

    O senador Jos Maria. da Silva Paranhos, depois Visconde do RioBranco, havia previsto este desenlace e no Senado havia anteriormenteponderado: - Ainda que o Governo Imperial no o queira, nas circum-

    "

    stancias em que se acha actualmente a republica, a sua aco coercitivaha de traduzir-se em auxilios revoluo.

    O vapor Vz'Ua del Salto resistiu intimao, procurou escapar-se erefugiou-se no porto de Paysand, onde as proprias autoridades orientaeso manda:ram incendiar. \ ~

    3

  • - 34-

    Esta occurrencia do Villa del Salto originou um facto curioso: Ow.meral Flores, vendo que nestas medidas de reprezalias, que alias lheram vantajosas, o Brazil no se entendia com elIe, e habil como era, re-solveu tirar partido desta circumstancia.

    Conheceu que popularisava a sua causa si produzisse uma demons-trao publica de zelos pela dignidade oriental e mandou pedil' ao Brazilexplicaes sobre"o facto do Villa del Salto.

    O commandante da diviso brazileira estacionada no Uruguay pre-stou-se aos intentos do general Flores, explicando-lhe o facto por um longoofficiQ e asseverando que no tivera inteno de offender a bandeira'Oriental; e tanto assim, que mancla~'ia salva;' a bandeii'a da 1'epub1.icacom 2 i til'OS, si o gene1Ytl o exigisse.

    A 14 de sete~lbro o Governo do Paraguay declarou em nota que,scientc do primeiro confiicto da marinha brazileira com o vapor Villa delSalto, corroborava as suas declaraes de 30 de agosto e de 3 de setembro.

    O Governo brazileil'o, informado do malIogro da triplice mediao,ordenou ao seu ministro, em 21 de julho, que voltasse a Montevido eintimasse o Governo oriental a dar as satisfaes ex.igidas, dentro de umprazo marcado, sob pena de passarmos a fazer justia por nossas mos.

    Saraiva voltou a Montevideo e apresentou o seu ultimat1.mz ao Go-verno oriental a 4 de agosto de 1864:.

    O Dr. Carreras, ministro de Aguine, devolveu-o no dia 9, dizendoapenas que era indigno, por prte da republica, acceitar semelhanteimposio.

    A 10 o plenipotonciario brazileiro declarou que o exercito brazileiro iaeutrar em te1'l'itorio oriental, para proteger os fazendeiros brazileiros, cque o almirante Tamandare recebera ordem para exercer rtlprezalias; 0 aII embarcou para Buonos-Ayres"

    Nestas primeiras notas no ~e fez meno do general Flores; pois oGoverno brazileieo havia prohibido ao seu ministro toda e qualquep in-terv.eno dieecta sobre os planos ou aco do chefe da revoluo.

    Flores dirigiu-se a Villa Florida, a 20 leguas de Montevido, e mandoa

  • - 35-

    ~n filho, Dom Venancio Flores, como parlamentar, intimaI-a a que serendesse.

    A guarnio recebeu-o a tiros, matando-o na mesma oc-casio.

    Seu pae, desesperado, ataca e toma a villa e em seguida manda fuzilaro commandante e sete officiaes, que aprisionou.

    Ento appareceu a guerra civil com todas' as suas atrocidades.Nessa occasio Aguirre pediu soccorro ao Paraguay.Em outubro o marechal Menna Barreto foi nomeado commandante em

    Chefe do exercito brazilr.iro, do qual mandou uma columna em explora-o at Villa de Me1lo, capital do departamento de Oerro Largo.

    Esta columna, em seguida a esta demonstrao, no tendo encontra-o a guarnio da cidade, por ter-se retirado sua approximao, voltou

    a acampar no Pirahy Grande, onde se reunia neste momento o exercitenede'da operar a 12 de novembro. O GOernoparaguayo, considerando a

    occnpao da Villa de Mello, no Estado OdentaI, pelas foras ao mandodo marechal Menna Barreto, como acto aggressivo e provocador, declarouqne :- Em consequencia deprovocao to directa ficavam rtas as suasl'elaes com o Governo brazileiro e impedida a navegao nas aguas darepublica para a bandeira do imperia, sob qualquer pretexto ou denomi-nao que fosse.

    Esta nota, ante-datada, smente foi recebida pelo nosso ministro no dia13 tarde, depois deste plenipotenciario ter mandado s 10 da manh, umanota pedindo explicaes relativas ao regres o do vapor mercante brazi-leiro Marquez de Olinda, que as 9 horas apparecia escoltado por vapo-res de guerra paraguayos, incommunicavel para a terra; sendo que estevapor 11avia seguido dous dias antes para Matto Grosso.

    A 10 de novembro, tres dias antes, fundeara em Assumpo o paquete.Jiarquez de Olinda, da carreira de navegao do Rio de Janeiro a Matto

    rosso, pertencente a uma companhia hrazileira, levando a bordo, comopassageiro. o novo presidente de . fatto Grosso, coronel Oarneiro deCampos.

  • - 36-

    A 11 havia seguido o seu destino, quando Lopez mandou em sua perse-guio o vapor de guerra Tacuary.

    Foi alcanado o paquete cerca de 30 milhas rio acima, preso econduzido para Assumpo, onde chegou a 13 de madrugada.

    Vianna de Lima, sem pe.rda de tempo, protestou .em nome do direitointernacional contra esta inqualificavel violencia, tornando o Paraguayresponsavel e exigindo passaportes para si e para todo o pessoal dalegao.

    No dia 15 foram-lhe entregues os passaportes, com a resposta de queno entregariam o paquete; e ao mesmo tempo prohibiu o Governo para-guayo aos navios mercantes, que se achavam no porto, que recebessem abordo o ministro brazileiro.

    Era evidente o proposito de obrlgar o plenipotenciario brazileiro a em~prehender a viagem por terra, o que era extremamente perigoso, ou 1'13-tel-o como refm em Assumpo .

    o dia 19 foi feita no Semanario, orgo official do Governo para-guayo, a declarao de que o Marquez de Olinda era boa preza, i osempregados brazileiros prisioneiros de guerra e a carga confiscada.

    Felizmente, para o ministro brazileiro, achava-se em Assumpo o mi-nistro norte-americano ,Vasburn, que logo dirigiu-se a Lopez, fazendo-lhe ver a gravidade do acto que praticava, com a deteno de um pleni-potenciario.- Solano Lopez, com receio dos Estados Unidos, consentiu a 29 de no-

    vembro, que um navio paraguayo transportasse a legaO brazileira a Bue-nos-Ayres; os demais passageiros e tripolao do Marqu'Jz de Olindaforam encarcerados em terra e morreram de mos tratos, excepo deum unico empregado de fazenda, que sobreviveu e que actualmente em-pregado na alfandega de Corumb ; o Sr. Pimentel Belleza .

    O coronel Carneiro de Campos morreu no Passo-Poc, de miseria edesgosto, no dia 4 de novembro de 1867 .

    1 A Companhia de Navegao do Alto Paraguay protestou e reclamou, a titulode indemnisao, a quautia de 443:653$nl.

  • - 37-

    De Buenos Ayres o ministro brazileiro expulso de Assumpo dizia ao{loverno Imperial:

    Tenho a firme convico de que o Brazil inteiro se erguer para:lavar esta atfronta.

    Esta declaraO de guerra foi seguida immediatamente pela invasoda provincia de Matto Grosso, e poucos mezes depois pela da provincia doRio Grande.

    A este incidente, inesperado para o Brazil, no se ligou a prmclplO aimportancia que se lhe devia dar; pois havia 50 annos que o Paraguayno se afastava de uma politica de absteno absoluta; e demais, umaalliana com a Republica do Uruguay, assim pensavam naquella occasio,no lhe traria vantagem alguma, e tanto mais que no eram Estadoslimitrophes.

    Aquelle brusco despertar, aquella ameaa extemporanea de uma inter-veno contra a aco do Brazil na republica do Uruguay, foram consi-derados no Brazil como actos de mera jactancia, como verdadeira hespa-nholada.

    A 22 de agosto o commandante em chefe das foras navaes brazileirasdeu conhecimento, por oflicio dirigido LegaO Imperial em Montevido,que estava autorisado a fazer reprezalias, e deu instruces ao capito demar e guerra, commandante da 3a diviso, Francisco Pereira Pinto, parainicial-as.

    A 28 de agosto o commandante Pereira Pinto exigiu do commandantemilitar de Paysand que lhe declarasse si os subditos brazileiros alli rsi-dentes podiam contar com a proteco das leis da republica, e si elle estavaresolvido a desarmar o vapor Vz'lla det Salto.

    Le~ndro Gomez respondeu que continuaria a proteger a vida e proprie-dade dos subditos brazileiros; e recusou-se a desarmar o Villa del Salto.

    A 3 de setembro fez a niesma exigencia ao commandante militar duvilla do Salto e teve a mesma resposta.

    No dia 7t com as corvetas Jequz'tinhonha e Belmonte, deu caa ao vaporVilla deZ Salto, que sahia de Concordia as 2 horas da tarde, \~

  • - 38-

    o Villa deZ Salto escapou-se c refugiou-se em Paysand, onde li. guar-nio o abandonou, depois ele incendiaIo.

    No dia 31 de agosto retirou-se o ministro residente, Dr. Joo AlvesLoureiro, com a LegaJo Imperial a bordo da Nicthe"oy. No dia 10 desetembro dirigiu uma circular aos agentes dipIomaticos residentes emMontevido, referindose nelIa a tudo quanto havia succedido desde a che-gada do conselheiro Saraiva at o incendio do vapor Villa deZ Salto.

    A 3 de setembro o Govel'l1o oriental resolveu cassar o exequatu,..expedido s patentes consulares do Brazil na repuhlica, notificando estareso1no aos consules brazileiros.

    A 7 de setembro o conselLeiro Saraiva officiava de Buenos Ayres ao-presidente do Rio Grande elo Sul i que parecia-lhe necessario e ur-gente que o exercito braleiro invadisse o tcrritorio da republica, para.o fim de expellir do Cerro-Largo, de Paysand e Salto as foras do Go-verno de Montevido ; e que a diviso que houvesse de effeetuar operae....de guerra contra Paysand devia ter a gente e o material necessario$para sitiar a praa, e tomaI-a viva fora, etc.

    A 21 de setembro foi expedido do Ministerio dos Negocios Estran-geiros, no Rio de Janeiro, um officio ao Baro de Tamandar, orclenal1dlhe peremptoriamente o Governo Imperial que as nossas foras occupassemquanto antes as cidades de Paysand, Salto e Qerro-Largo ...

    Si as foras do general Dom Venancio Flores vierem occupar os de-partamentos mencionados, desde que, cmbora como Governo de facto, o[e-recerem as desejadas seguranas a vida, honra e propriedade dos brazi-leiros, cumpeir que as foras imperiaes se retraiam, pois no tem (jGoverno de S. M. o Imperador o intento de favorecer uma ououtrn.parcialidade, etc., etc. Portanto, o conselheiro Saraiva, retirando-sede Buenos Ayres para o Rio de Janeiro a 7 de setembro, officiava ao presi-dente do Rio Grande dizendo que o exercito brazileiro (que ainda no

    1 A ordem do dia n. 416 do Ministerio da Guerra, de 22 de setembro de 18tH~d a nomeao do marechal MenDa Barreto para commandar o exercito que ainda.se in. organizar.

  • 39 -

    estava organizado) devia entear no territorio da republica e apoderar-se . viva fora de Paysandli, Salto e Cereo-Largo. De tudo isto se depee-hende que o Governo mandava oedens a um exercito que ainda se havia:de organizar.

    O presidente, Dr. Joo Marcellino de Souza Gonzaga, ao entregar t'"E- lpor e Anhambahyeram muito supe-riores aos vaporzinbos da flotilha.

    Na madrugada de 13 de junho i seguiu o tenente-coronel AntonioMaria Coelho com uma fora de 1.000 homens.

    Sem ser presentido pelo inimigo, desembarcou mais de uma leguaacima da cidade, e, contornando a posio, conseguiu levar o assaUos trincheiras por sudoeste, onde o inimigo no esperava o ataque,que suppunha viria pelo norte.

    Ao mesmo tempo cerca de 200 homens, ao mando do valentecapito Joo de O'liveira Mello, conseguiram penetrar na villa e,dirigindo-se logo ao porto, atacaram com a maiot' felicidade os dousvapores Apa e Anhambahy que, depois de renhido fogo, puzeram-senmbos em fuga.

    Com o grosso da fora o commandante Antonio Marin Coelho atacoucom tanto vigor as trincheiras, por diversos pontos, que depois de urna'resistencia de mais de uma hora estava senhor da praa; mas o fogoperdurou cerca de duas horas.

    Foi morto o coronel paraguayo Hermogenes Cabral, o major com-mandante do batalho 27, o commandante do Rio Apa, o seu imme-cHato, dous tenentes, tres alferes, um padre paraguayo e 115 sol-dados. Fizeram- se 27 prisioneiros, entre os quaes um official de ma-rinha ferido; e muitos paraguayos foram mortos no rio, quando fugiamem canas para bordo dos vapores.

    A victoria foi completa. Como tropho conquistou-se a bandeira dobatalho paraguayo n. 27, a bandeil'a da praa, seis canhes, muitamunio e armamento, e o archivo do commandante.

    Libertou-se cerca de 500 brazileiros, sendo mais de 400 mu-lheres, alli prisioneiras, escravas, que eram tratadas com a maior

    I Neste mesmo dia 13 de junho, os destroos da columna, que intitulava-se- Foras em oper'aes ao norte do Paj'aguay .... repassavam o Aquidauana,

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    crueldade, i deshumanidade e immoralidade pelos ferozes soldadosde Lopez.

    Ocoronel Hermogenes Cabral teve aviso do proximo ataque que asforas de Cuyab pretendiam levar-lhe.

    Depois de receber de Conceio fi participao da retirada da co-lumna do coronel Camiso, mandou elle no dia 9 de junho descer oIpor para Assumpo, pedindo reforos.

    Os vapores paraguayos Anhambahy e Apa depois do fogo de Co-rumb foram para o forte de Coimbra.

    Tivemos neste ataque 29 homens fra de combate, sendo mortos:ocapiLo Luiz da Cunha e Cruz 2, o 20 cadete-sargento Manoel Antoniodo Pinho e 6 prnas ; e feridos: o alferes Felippe Fernandes Cuyabanoe20 praas.

    Logo que chegou aos Dourndos a noticia do brilhante feito de armasde Corumb, o presidente veiu para este ponto com mais 1.000 homens)aartilharia e toda a flotilha.

    Teve um instante a inten\,o de ir atacar o forte de Coimbra, e dahiprocurar fazer junco com a columna do coronel Camiso, a qualesperava estivesse perto de Conceio.

    Encontrou no archivo do coronel Hermogenes Cabral um officio dovice-presidente do Paraguay, que relatava ter sido repellida do ter-ritorio da Republica a columna do coronel Camiso, que batia emretirada sobre Nioac e era acossada pela columna de Martinho Ur-bieta. Tambem dizia que ia fazer subir varias navios de guerra parareforar a guarnio de Corumb.

    Naquelles dias appareceu a epidemia da bexiga na expedio e oDI'. Couto de Magalhes, ponderando as difficuldades de sustentar aposio de Corumb sem uma fora naval capaz de bater os naviosinimigos, sem esperana de coadjuvao por parte da columna docoronel Ca~iso, e tendo j grande numero de variaiasas e doentes,

    1 Consta d~ oftl.cios do referido Hermogenes Cabral, que muitas foram aoi-tadas sob o maIS fubl pretexto; nem mesmo as menores escapavam sua furia.

    i O.tenente parag~ayo Roa j ~ havia morto 9 2 c~det~ Pinho e o capitoCruz, e Ia lanando mao da bandeIra do l batalhao provlsorlO, quando foi mortopelo capito Craveiro de S.

  • - 112-

    que era urgente transportar para Cuyab, que lhe ficava a 150 leguosde distancia, resolveu regressa!' para a capital com toda Q fora eos500 braziteiros que havia libertado do jugo dos paraguayos.

    Em consequencia, no dia 24 de junho deixou Corumb, levandocomsigo todos os trophos da victoria, e fez seguir a expedio, parteembarcada, parte por terra, pela margem do rio e pelos pantanaes, aalcanar o rio S. Loureno.

    No dia 11 de julho a retaguarda da expedio, composta dos iOe2 l)atalhes, estava em frente fazenda do Alegre e alli carneavo,

    Combate do Alegre

    A flotilha havia descido do Bananal no dia 10, para vir dar reboque fora que naquelle dia devia estar no Sra: eram os vapores AntonioJoo, Corumb e Jaur. Na descida, o Corumb, cujo commandanleera o piloto BacIeer, soffreu um grande desarranjo em uma das rodase viu-se obrigado a parar.

    a Antonio Joo e o Jaur, porm, haviam chegado ao Sra nomadrugada do dia 11, e dalli vieram ao Alegre, o Antonio Joo nofrente, rebocando quatro embarcaes, e o Jaur em seguida, rebo-cando duas chatas com 80 variolosos.

    A's 3 horas e 35 minutos da tarde os batalhes commandados porAntonio Maria Coelho e Antonio Joaquim da Costa estavam carneando.a Jaur, amarrado margem direita, e o Antonio Joo com quatrochatas mais para cima da fazenda do Alegre, quando veiu subindorapidamente o rio um grande vapor acompanhado por outros dous. IEra o Salto de Guayra, que tomando posio entre o Jaur e AntonioJoo, ao mesmo tempo que metralhava as foras de terra, mandavatomar o Jaur por abordagem e canhoneava o Antonio Joo.

    a commandante Balduino, que logo que avistara o Salto deGuayra havia mandado tocar a postos, embarcou rapidamente umafora de infanteria, composta do capito Caliope Monteiro de Mello,dos alferes Jos Luiz Moreira Serra, Joo Luiz Pereira e Joaquim Fel'-

    o Apa e o lpor.

  • -113 -

    reira da Cunha Barbosa e 58 praas do batalho do tenente-coronelAntonio Maria Coelho, que promptamente acudira a hostilisar osvapores inimigos.

    O Antonio Joo dirigiu ento um fogo vivissimo sobre o vaporparaguayo, que j se havia apossado do Jauro." e de tal maneira sehouve o commandante Balduino e seus bravos companheiros, que ovapor paragllayo, depois de gremdes perdas, e receiando ser tomadopor abordagem, seguiu rio abaixo.

    O capito-tenente Romualdo Nunes, que o commandava, foi mor-talmente ferido, e o immediato e grande parte da tripolao estavamfra de combate.

    Logo que chegara o Salto de Guayra perto do Jauro." a mr parteda guarnio atemorisada saltou ao rio e desamparou este navio.Oparaguayo lanou-me a bordo uma fora de dous officiaes e 30 praas.Ofiel de 2a classe Jos Antonio Vieira de Araujo, denodadamentematou tres paraguayos e, combatendo sempre, recuando perante ogrande numer'o, foi precipitado ao rio, salvando-se, porm, muitoferido.

    O imperial marinheiro Diogo de Almeida matou dous paraguayose succumbiu sob o numero, morrendo 48 horas depois dos ferimentosrecebidos; o valente imperial marinheiro Joo Henrique da Costa,isolado na resistencia, fez fogo com o rodzio e matou a tres inimigos,sendo um delles o official paraguayo, que commandou a abordagem

    ~ batendo-se sempre, lanou-se ao rio e ganhou a margem, onde ficouesvah ido em sangue, morrendo poucas horas depois.

    Foram mortos mais a bordo do Jaur o imperial marinheiro Fran-cisco Correia, um soldado do 50 batalho de artilharia a p e o cozi-nheiro Jerolano Bupemi.

    Depois de posto em fuga o vapor Salto de Guayra, e no ousandoavanar os outros vapores paraguayos Ibera e Rio Apa, os quaes secontentaram em atirar de muito longe, o Antonio Joo deu abordagemao Jaur, ento guarnecido por 23 paraguayos e um official.

    ...gom tanta presteza manobrou, que os' paraguayos nem tempotiveram para iar o seu pavilho, nem para fazer uso da artilharia do

    h~. c8

  • - 114-

    Dos paraguayos que estavam a bordo do Jaur, tres foram prisio.neiros, sendo um delles o tenente de marinha Miguel Decoud de Doncel,e os mais foram mortos.

    Tal foi o combate do Alegre, no qual o commandante Balduino deAguiar cobriu-se de gloria, destroando uma fora naval muito superiorcom o seu pequeno vapor Antonio Joo.

    A presteza e o nutrido fogo dos bravos cidados do 10 e do 20 ba-talhes provisorias sob o commando do tenente-coronel Antonio MariaCoelho e do major A. Jos da Costa, muito contribuiu para a victoriadaquelle dia, principalmente a fora commandada pelo capito CaliopeMonteiro de Mello, que guarnecia o Antonio Joo.

    Este brilhante feito e a retomada de Corumb vieram at certoponto neutralisar a pessima impresso produzida no espirita publicopela infeliz retirada da Laguna.

    No vapor Antonio Joo perdemos, mortos ou desapparecidos, 12homens; feridos: o alferes Joo Luiz Pereira, 5 praas e 1 imperialmarinheiro, ao todo, com os mortos no Jaur, 25 homens fra decombate, dos quaes 17 mortos e 8 feridos.

    Depois da victoria, o commandante Balduino rebocou o Jaur;mas este vnpor, muito maltratado nas duas successivas abordagens,fazia muita agua, e no pde ser rebocado alm do rio Negro, onde ocommandante Balduino o fez sossobrar, depois de tirar a bandeira etudo quanto podia recolher do armamento do navio .

    .A expedio chegou de volta a Cuyab em 17 de setembro de 1867.Os 'paraguayos continuaram occupando o forte de Coimbra, e

    conservaram navios seus cruzando no rio Paraguay, at passagemde Humayt pela nossa esquadra e a expedio do Baro da Passagemcom os encouraados Bahia,' Barroso e Rio Grande, que chegaram areconhecer Assumpo no dia 24 de fevereiro de 1868.

    Ento Lopez deu ordem s foras navaes e terrestres, que elle .ainda conservava em Matto Grosso, para se recolherem ao territorioda Republica.

    Smente em janeiro de 1869, depois da occupno de Ass"m~;~upelo exercito ao mando do marechal Marquez de Caxias, foi queeste general mandou a Matto Grosso uma expedio composta dos'

  • ------

    -115 -

    avisos Felippe Camaro e Marcilio Dias e mais transportes, levando ocorpo de pontoneiros para fortificar-se o Fecho dos Morros; e assimficou restabelecida pela via fluvial a communicao entre Matto Grossoe aCapital do ImJ?erio.

    JUIZO CRITICO

    Os desastres e infelizes res uHados da invaso e expedies de 1864a 1867, na provinda de Matto Grosso, teem por causa principal a inerciae o pouco caso.

    Ainda hoje, a unica via de communicao entre esta regio e aCapital do Brazil, a via fluvial dos rios Paran e Paraguay.

    Ha um ditado brazileiro, que diz: ao depois de roubado, trancaras portas ). Pois a casa foi roubada e as portas continuam abertas.

    Estamos em 1893, Lopez invadiu e saqueou Matto Grosso indefeso em1864-65. As republicas do Prata ho de fechar quando bem qui::el'em ocaminho fluvial para Matto Grosso, e com os seus caminhos de ferrochegarem s nossasjronteiras, reproduzindo-se com facilidade scenasde invaso no territorio nacional indefeso.

    Repitamos o que ha muito tempo dissemos, com relao invasode Matto Grosso: Sirva-nos isto de lio para procurarmos seriamentepr esta regio em communicao directa com a Capital do Brazil,sem dependencia da via fluvial por entre paizes estrangeiros.

  • INDICE CHRONOLOGICO DO 2 VOLUME

    PAGS.

    Corrigenda relati va ao combate de PaysanJti .Precedentes historicos, relatorio do Ministerio de Estl'angeiros 1853,

    55, 56, 57, 58 e 64.Correspoudencia ofIlcial entre os Governos do Paraguay e do Brazil

    em 1864 Manifesto de guerra ao ParaguayAprisionamento do ltIarquez de Olinda e armamentos do Paraguay.Provincia de Maito Grosso em 1864.Provlclencias do Governo Imperhl em relao a Malto Grossolnvaso de Matto GrossoAtaque do forte de Coimbra.Colonia dos DouradosAtaque do rio Feio e retiradaCorumbRetirada dos fugitivos de CorumbO Governo provincial e a iuvasoExpedio de Malta GrossoRetirada da Laguna.Legenda historicaMartYl'es da patriaAssalto e retomada de Corumb.Combate do AlegreJuizo critico

    5 e 6

    9 a 15

    16 a 2122 a 272830 a 3232 a 333435 a 394041 a 434344 a 4950 a 5859 a 8384 a 102

    lO! a 107107108 a 112112 a 115115

  • HISTORIA-DAS

    GAMPANHAS no URUGUAY, MATTO-GROSSO' E PARAGUAY

    ERAZIL

    ~864-~870

    TERCEIRO VOLUME - 1865 A ABRIL DE 1866

    RIACHUELO, URUGUAYANA AO PASSO DA PATRTA

    POR

    E. C. JOURD.ilN

    . ..

    RIO DE JANEIROIlY.1:PREN"S.A N".ACIDN".AL

    1894587 - 9i

  • 1865

    MISSO F. aCTAVIANa DE ALMEIDA ROSA

    Organisao dos exercitas

    Primeiras ameaas de invaso por S. Borja. - Esquadl'a no Paranr. para estabelecer o bloqueio dD5portos do Paraguay. - IJwaso de Conientes e occupac,o da cidade pelo e"ercito pamguayo.- Declaraiio de guerra do Paraguay r. Republica ,\ rgeutina. - Tratado do. tri plice a!linna. -

    Operae~ da esrluadra DO Paran'" - Ataque e tomada da cidade de Corrientes pelos alliados. 25de maio. - Batalha nn\'al de Riachuelo, :11 de juuho. - Passagem de Mercedes, 18 de junho.-Passagem de Cuevn , 12 de ngosLo.

    Dcfe:l da ftonteirn. do lil'Ugunr.- XO\3. organisao do exercito. - S. Francisco, Dayman, Con-cordia, .1uquery-grande, AyuY-Chico.- Revisto. dos e"ercitos alliados.- E~quadrilha do Urug1.!o.y.- E"el'cito de 1'111I-es,- Urquiza. - Invasiio de S, BOljo.. - E"el'cito paraguayo.- S. Borja.-

    ~Jbutuy. - Combate de Jntahy ,- Sitio e capitulac,o de Uruguayana. - ~rarcha dos exerci tosalliados,- Retirada do e"ercito paragu"yo do Passo da Patri".- Reoccupac,o de Corrientes.- Curmles.

    Commando em chefe do exercito, brigadeiro ManoeI Luiz Osorio;organisao do 1 corpo de exercito

    o marechal Joo Propicio Menna Barreto, ento Baro de S. Ga-briel, achando-se doente, pediu exoneru50 do comma!1do do exercitologo depois de terminada a campanha do Uruguay.

    OGoverno Imperial nomeou commandante em chefe, interinamente"o brigadeiro Manoel Luiz Osorio. i

    MANOEL LUlZ OSORIO

    1 Manoel Luiz Osorio, filho legitimo do tenente-coronel l\1i1noel da, SiV30Borges e de D. Auna Joaquina. de Souzn. Osorio, llatUt'aes de Santa Catl1arintl,nasceu na villa da Conceio do Arro)'o a 10 de maio de 1808.

  • -4-

    Em 10 de maro de 1865 i este general publicava a sua primeiraordem do dia ao exercito, e nella dizia:

    A obediencia que devo a Sua 11tfagestade o Imperaclor e ao Go-verno collocaram-me nesta posio supeJ'io7' s minhas foras; mas,contando com o :;elo, dedicao, patriotismo e leal coadjuvao demeus camaradas, espe7'o cump7'7' os deve7'es que me so impostos" ..

    O exel'cito aindn esteve nos arredores de Montevido t 10 demaro, indo acampr junto ao Cerro, onde demorou-se at meioo demaio.

    Nest[l poca transportou-se para S. Francisco, de onde mudou-selogo, por causa da insalubridade, para ncampor junto 00 arroio Dayman,ainda em territol'io oriental.

    Acompanhou seu pai nas guerras do Sul, tle 1815 a 1822.Alistou-se como voluntario em 1 de maio de 1823, linha 15 annos.Foi promovido ,~ alfel'es a l rle dezembro tle 1824.Na batalha ue Saran"y sal vou :t vida do general Bento Mauoel, que, rlepoisdo

    combate, perguntou: - Yem salvo o al{e1'es Osorio? Si ahi vem, hei de deixa1'-lhe aminha lana, quando eumorrel', porque elle a levara onde eu a levo.

    Tenente a 12 de outubro de 1827;Carito a 20 ele a:;osto de 1838 ;:Major a 27 de m:lO de 1842;Tenente-coronel a 23 de julho de 184-t;Coronel ptr actos rle bravura na batalha de Moron, 3 de maro dc 1852;Brigadeiro graduado, 2 rle l1ezembro de 1856 jBrigadeil'o, 15 de j unho de 1859 jComman lante em chefe interino do exercito em operaos no Estullo Oriental,

    em l de maro de 18~5;Commamlante em chefe etrectivo do exer::ito em operres coutra o Paraguay,

    junho de 1865.O general Manoel Lui:; Osorio, cujo l)ome para o Brazil synonymo de gloria

    militm', tem nessa llitta junho de 1865 57 annos de idade ll42 annos de servios patrin..

    1 l0 de maro de I 65, Osorio commau,la em chefe o exercito contra o Pa-raguay.

    1 de maro de 1870, Lopez morto no Cerro Cor.

  • -5-

    Exercito uo Sul elD Opel'ilO\ no Etauu Oriontal

    Commandante em chefe interino - Brigadeiro ManoeI Luiz Osorio

    DHNOMINAES CLASSES OI'FICUES PRAAS TOTAL

    Corpos especiaes. Estado-maior general - Brigadeiros

    Um cOOlOlando superior 3a brigada-Coronel.

    Estado-maior ia e 2a classe

    4

    i

    3

    4

    i

    3

    Repartio ecclesiastica

    Corpo de Saude

    Sommu

    7

    19

    3i

    7

    i9

    'I~l' diviso. Commandante, coronel Jos Sanches da

    Silva Brando.

    l' brigada. Commundante, coronel Victor:no JosCarneiro Montei,o.

    Regimentos de cavallaria li-geira . 20, 30 , 40 e 50, cavallaria ligeira. 125 873 998

    2' brigada. Tenente-coronel Hihrio Maximiano An-tunes Gurjo .

    10 batalho de artilharia a p

    130 batalho de infantaria.

    4834

    58B

    44B

    634

    430

    3D. brigada. Coronel commandante superior JosJoaquim de Andrade Neves.

    Corpo provisorio, cavallariada guarda nacional 5'

    Idem. BO

    22

    22

    3i8

    2,B

    370

    27

    571

    9413

    52345

    5,

    Tenente-coronel da guarda nacionalJoo Niederauel.

    Commandante, brigadeiro Jos LuizMenna Barreto.

    Tenente-coronel da guarda nacional Ma-nuel de Oliveira Bueno.

    10 e 4

    Corpo pro\risorio, cavallariada guarda nacional 70, 8u e Qo

    2a diviso

    4' brigada.

    Corpo provisorio, cavallariada guarda nacional

    (li. brigada.

    9' brigada. Teneute-corouel Jos da Silva Guima-res.

    Infantaria

    30. diviso

    5> brigada.Infantaria.

    7a brigada.

    90 batalho, corpo de ,::uarnio do Es-pirito Santo, corpo policial do Rio deJaneiro.

    Commandnnto, brigadeiro Antonio deSampaio.

    Coronel Luiz Antonio Ferraz.

    40 BD e '120 batalhes e i O batahoda guarda nacional da crte.

    Tenente-coronel Andr Alves Leite deOliveira Bello.

    B7

    98

    1.033 1.i30

    1.585

  • -6-

    DE1'(OUl:SA ES CLASSES OFI"ICIAES PRAAS TOTAl.

    infantaria. 10, 30 e 80 batalhes. O 1.2J2 1.372

    sa brigado.. Tenente-coronel D. Jos 13o.ltho.zar daSill'eira.

    Infantaria. 7 batalho de infantaria de caadorese corpo policial da Hah;a. iS 1.t~2 t.270

    :'I.rtill1ari:l. o. cavalIo. Commandnnle, f.enente.coronel EmlioLuiz MalIet.

    Baterias c engenheiros. Duas baterias o o contingente do ba-talho de eogenheiros 2; 310 335

    Somm:J.. QDO D.219 9.ooJ

    Companbio. de transporte. 2 t2

    Somma. o-eral . 723 9.23t 9.9j7

    Comprehendiclo O destacamento de artilharia a bordo da esquadra,no comprehendida a fora de guarda nacional e voluntarios do generalAntonio de Souza NetLo, operando em perseguio do inimigo na cam-panha do Estado Oriental.

    A repartio ele saude dirigida pelo cirurgio-mr PolycarpoCesario de Barros. A companhia de transporte commundada pelocapito da guarda nacional Antonio Machado da Silveil'a. - Quartel-ge-neral do commando em chefe interino do exercito de operaes noEstado Oriental, junto ao Serro de Montevido, 7 de maro de 1865.]v!anoel Lui:: Osorio, brigadeiro.

    A fora de voluntarios organisada pelo brigadeiro Antonio de SouzaNetto e que era de 1.300 homens, foi dissolvida em fim do mez de maro,bem como a do estancieiro Bonifacio Machado. Ignora-se o prejuizodestas foras na campanha do Estado Oriental. Mais tarde o decreto de15 de maio de 1365 autorisou a creao de uma brigada de voluntarios,a qual foi organisada pelo mesmo brigadeiro Antonio de Souza Netto,em grande parte pelo mesmo pessoal da antiga fora, que esteve emPaJ'sand. Em 5 dfl agost.o apresenlou-se no acampamento brazileiro obrigadeiro Netto com 1.600 homens. A brigada ligeira foi organisada a

    rincipio com tres corpos) depois com cinco; emfim reduzida a quatrocorpos.

  • -7-----~-----------.

    Por decreto de 19 de maio de 1865 foi nomeado commandante emchefe do exercito o general Osorio; e pela sua ordem do dia n. 35 ele12 ele junho ele 1865 eleclarou pela la ve~ que o seu quCt7'tel-generalata o elo commanelo em chefe elo exe7'cito em ape7'aes contra a Re-publica do Paraguay.

    Ogeneral Manoel Luiz Osorio empregou este periodo de 102 diasem organisar, exercitar e disciplinar esle ajuntamento de homens,cuja maior parte ignorava o servio militar. Com elles formou umexercito capaz de entrar em campanha; e isto debaixo de um rigorosonverno, tendo de se crear todos os servios e prover a todas as ne--cessidades de um numeroso exercito, acampado em paiz estrangeiro em localidades de pessimas condies hygienicas.

    Em 1 de maro de 1865 elle organisava a 91 brigada e o seu exer-cito conslava de cerca de 9.957 combatentes em tres divises. Em 1de abril de 1866 o exercito compunha-se de um commando geral dellrlilharia, de 2 divises de cavalJaria e de 4 de infantaria; comprehen-

  • -8-

    Mappa demonstrativo das fora~ que seguiram do Brazil para a organisao do 10 t 20 cor~osdo exercito at r de abril do 1866.

    D.lTAS

    Dezembro de 1864.

    26 de dezembro de 18M-ParaBento.

    5 de fevereiro de 1865

    18 de fevereiro de 1865.

    26 de fevereiro de 1865.

    19 de maro de 1865 .

    22 de maro de 1855 Dezembro de 186L

    9 de abril de 1865.

    23 de abril.

    l de maio

    21 de maio

    ~ de junho.

    11 de junho.

    21 de junho.

    2,2 de junho.6 de outubro

    H e 24 de outubro

    7 de Ilovembro

    18 de novembro

    ,21 de novembro

    29 de novembro

    5 de dezemhro.

    1,2 de dezembro

    2,2 e ,27 de dezembro.

    30 de dezembro

    FORAS

    . Exercito do Sul para Paysand

    Fray- . . Contingente do batalbo deengenbeiros, alumnos

    da Escola Militar. 1 batalho de artilbaria ap, 1 e 70 batalbes de infantaria e officiaesavulsos . . . . . . . . .

    80 o 160 batalhes de infantaria e 100 lle volun-tarios da patria.

    Conting. do batalho de engenheiros, 90 e 14Dde infantaria e 12' de voluntarios da patria

    Contingente da guarda nacional do Rio deJaneiro .

    3 batalbo de nrtilharia p, 5 de infan tariae 20 de voluntarios da patria. . . .

    1 batalho de voluntarios da patria

    2 e 100 batalhes de infantaria.

    11 hatalho de infantaria, 40 e 60 de volun-tarios da palria .

    3 e 13 batalhes de voluntarios da patria.

    Corpo da guarnio do Cear .

    Guarnio do Piauhy, 110 batalhes de vo-luntarios da patria e 2 companhias de zuavos

    Batalho de engenheiros, guarnio da Para-hyba e 200 batalho de voluntarios da patria

    Guarnio do Maranho, contin~ente do 50de infantaria, 1!o,15' e 21 batalhoes de vohm-tal'ios da patria . .

    Contingente da guarda nacional do Ama-zonas. '

    2,20 e 25 batalbes de voluntarios da patria.

    Brigada da guarda nacional da Bahia

    Praas avulsas .

    Guarda nacional do Cear e contingentes di-versos. .

    43 e 44 batalhes de voluntarios da patria.

    Guarnio de Pernambuco, contingente daguarda nacional do Cear, Minas e Alagllas

    42 e 450 batalbes de voluntarios da patriada Bahia e de Sergipe.

    460 batalho de voluntarios da patria, policiade Pernambuco e contingentes.

    530 e 540 batalhes de voluntarios da patria,contingente de recrutas . . .

    210 batalho de voluntarios da patria e contin-gente ...

    65 batalho de voluntarios da patria.

    cOMnATB~"TBS

    5.701

    1.700

    1.315

    1.20,2

    305

    1.3 2793

    1.058

    1.528

    1.02S

    277

    837

    1.67l

    95

    94.2

    1.2116151

    737

    1.25,2

    1.1>46

    1.135

    U51

  • 8.2ii

    DTAS

    De 3 de jaueiro a 8 de f~vereiro de i8668 de fevereiro de i866

    16, 20 e 21 de fevereiro de i866

    28 de dezembro de i365.

    -~-

    FORAS CO:\fDATENTES

    Praas do exercito e recrutas i. 304

    560 batalbo de voluntarios da patria, batalhode voluntarios da Imperatriz. . . .. 650

    00 corpo de voluntarios da patria, contingentede artilharia e recrutas. 429

    Chegou ao acampamento da Lagoa Braba adiviso de cavaUaria da guarda nacIOnal doRio Gran le do uJ. commandada pelo bri-gadeiro Jos Joaquim de Andrade Neves. 1.681

    Os corpos 50, 90, 80, 240, 290, 30', 31, 23',320, 33), 180, 350, 3;0, 70, 370, 38 J e 25ude voluntarios da patria. . . . . . .

    40 re~imento de artilharia a p e balerias do ioregllnento . . . . . . . . . . . .

    Policia do Rio Grande do ui (S. Pedto)e volunlarios de Porlo Alegre .

    10 e i3' corpos provisorios de guarda na-cional.

    Voluntarios de el'gipe, Alagas, Rio Grandedo orte, Pinuby, Amazonas, Parahyba, Ni-theroy, AlJemes, policia do Cear, Sergipe,I'iauhy e Parah)ba. . . . . . . . .

    Em diversas datas por terra para afronteira do Uruguay e para o 20 Guarda nacional da Parahyba, Nitheroy e Socorpo do exercito. . Paulo.

    Dep sito de anta Calharina e companhia decavalJaria do Paran

    Corpo provisorio de infantaria do Rio Grandedo 'uJ

    Cont