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Historiografia 10/05 Horizontes de inteligibilidade histórica. Aproximações entre a história e a sociologia. Teste - Comentar na óptica da historiografia 3 frases (3 linhas de frase autor que nos é fornecido. Comentar duas delas. Tomar as afi interliga-los. Procurámos nas últimas aulas identificar sinais do paradigma de história contemporânea, apresentando duas vertentes metodológicas expressivas qu do conhecimento científico em geral. É um paradigma de complexidade e d derivam de uma forma de trabalhar em ciência integrada e que na históri de: Paradigma do conhecimento histórico (complexidade e conexionismo ( e construtivisdta)) Conhecimentosistémico porque pressupõe interactividade pelo mecanismo da retroacção; Em história sistema significa que é composto por várias e políticas, etc). É uma realidade vasta que compõe estruturas também vas O conhecimento sistémico opera por estratégias de arranjos e combi significado aos fenómenos sociais, utilizando categorias analíticas paraseleccionar e processar a informação. Cada historiador arranja e combina essas estru sua sensibilidade, de acordo com as suas categorias analíticas. Os rece na tecnologia da informação, as analogias de processos de inte grelha analítica renovada para a história. Conhecimento holístico pela noção do todo integrado.

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Historiografia 10/05

Horizontes de inteligibilidade histrica. Aproximaes entre a histria e a sociologia.

Teste - Comentar na ptica da historiografia 3 frases (3 linhas de frase) de um determinado autor que nos fornecido. Comentar duas delas. Tomar as afirmaes para outros tpicos e interliga-los.

Procurmos nas ltimas aulas identificar sinais do paradigma de histria contempornea, apresentando duas vertentes metodolgicas expressivas quer da histria quer do conhecimento cientfico em geral. um paradigma de complexidade e de conexionismo que derivam de uma forma de trabalhar em cincia integrada e que na histria ter uma expresso de:

Paradigma do conhecimento histrico (complexidade e conexionismo (e construtivisdta))

Conhecimento sistmico porque pressupe interactividade pelo mecanismo da retroaco; Em histria sistema significa que composto por vrias estruturas (econmicas, polticas, etc). uma realidade vasta que compe estruturas tambm vastas O conhecimento sistmico opera por estratgias de arranjos e combinatrias para dar significado aos fenmenos sociais, utilizando categorias analticas para seleccionar e processar a informao. Cada historiador arranja e combina essas estruturas de acordo com a sua sensibilidade, de acordo com as suas categorias analticas. Os recentes desenvolvimentos na tecnologia da informao, as analogias de processos de interaco, permite trazer uma grelha analtica renovada para a histria. Conhecimento holstico pela noo do todo integrado.

Paradigma Comunicacional (histria e sociologia + histria e teoria da informao) - Para esta viso muito contribuiu a ciberntica (Norbert Wiener, americano 1894 1964) - E a TGS (Teoria Geral dos Sistemas) (Ludwig von Bertalanffy, austraco 19011972) Do ponto de vista analtico estes contributos procuram compreender o tratamento da informao no interior dos processos histricos tentando identificar variveis possveis que influenciam o processo na sua forma de organizao e que lhe do a especificidade do processo.

Consequncias metodolgicas O pensamento sinttico (=unio) O pensamento sinttico, ao qual nos debruamos diversas vezes, do ponto de vista da anlise histrica, dar destaque conjuno de dados (de acordo com o tema-problema que seleccionmos inicialmente) A neguentropia (=introduo de informao no sistema) Do ponto de vista histrico exercemo-la quando estamos na presena de novas fonte,s de novas interpretaes que vo, claro est, alterar o sistema de conhecimento a propsito da realidade que estamos a estudar. O rudo (=o que perturba mas alarga o sistema) Deparamo-nos com rudo sempre que novas teorias vm ou refutar as anteriores ou, pela crtica, alargar as perspectivas. Desta forma podemos considerar que o rudo positivo pois alarga as perspectivas antigas. Por outro lado a refutao das teorias no muito frequente, raro no domnio historiogrfico. O isomorfismo (=tudo o que no sistema procura representar a realidade) Falamos das teorias que construmos em quadro narrativo para compreender a realidade.

Podemos ento concluir que a metodologia da complexidade, em que se situa a historiografia contempornea, assenta em relaes circulares (no uma relao causaefeito), assenta ainda na noo do todo (viso holstica), na noo da conjugao e interpretao alterando com as tendncias dos fenmenos.

Teorias (discurso relativo a um dado Tempo e espao)

- Realidade - Enrazadas numa sociedade-cultural - Inscritas num paradigma (sistemas de ideias/lgica) - Formuladas por um sujeito (esprito-crebro) - Bio-Antropologia do conhecimento - Sociologia do conhecimento

Histria e Sociologia - Problemtica essencial: a dimenso axiolgica dos discursos historiogrficos - Pertinncia operativa de certos conceitos: - Campo (Pierre Bourdieu) - Habitus (Pierre Bourdieu) - Aco social (Max Weber)

Sendo a pesquisa histrica uma actividade que culmina na arquitectura de teorias preciso ter em conta o nosso modos operandi cientfico. A eficcia do mtodo afecto na capacidade de dar sentido e coerncia aos fenmenos observados. Ensaia o modos operandi cientfico normalmente expresso, no s das intuies, mas normalmente tambm expresso de um habitus cientfico (ou seja, de uma transio cientfica) que comanda a

pesquisa (que lembra aquilo que h a investigar) sem com isto querer deixar de lado o poder que tem a critica na metodologia da histria. H instrumentos essenciais do campo cientfico como as homologias

(correspondncias) que permitem exercitar o mtodo comparativo. Dito assim, quer isto dizer que permite pensar relacionalmente um caso particular e situ-lo entre os demais campos, identificando afinidades, assimetrias, conflitos, objectivando assim o estudo desse caso e controlando o historiador os seus juzos priori, ou os seus pr-juzos, sobre o passado. Isto quer significar que a prpria metodologia cientfica s se entende enquanto uma realizao prtica, eminentemente social dado que o historiador tambm um ser social, e os seus problemas so sem duvido produto de um estado anterior, estado este que rene um campo de problemticas e de possibilidades analticas. Nas palavras de Bordieu:

A cincia social est sempre exposta a receber um MUNDO SOCIAL que estuda os PROBLEMAS que levanta a respeito dele. Cada sociedade em cada momento, elabora um corpo de problemas sociais, tidos por legtimos, dignos de serem discutidos, pblicos, por vezes oficializados e, de certo modo, garantidos pelo Estado

H da parte dos historiadores uma pesquisa sobre quais os problemas scias que vale a pena investigar, fundando inclusive comisses nacionais

Historiografia Comtempornea (metodologia actual) - etnometodologia, no sentido de ser relativa a dado CAMPO cientfico. - um relativismo epistemolgico e axiolgico - As verdades so etno-verdades As prprias verdades so etnoverdades, isto , a verdade de cada teoria histrica e social e da deriva a sua objectividade sendo certo que no podemos esquecer nos dias de hoje que os meios de comunicao tem um papel forte na difuso da verdade.

Histria e Sociologia Histria e Historiografia como resultado da aco social - Como processo (continuidade, descontinuidade, rupturas) - Como superao (transformao e recursividade aces, interaces e retroaces)

Falar de recursividade pensar nos procedimentos que implicam tomadas de opes e bem sabemos que ao longo da histria essas opes nem sempre so pacficas. Este conceito emprega-se em histria sobretudo ao nvel das dinmicas disciplinares da sociedade ( uma dinmica controlador-controlado)

Produo historiogrfica - critrios sociais como desmarcaso cientfica habitus cientfico - O sujeito incorpora a sua estrutura social, ao mesmo tempo que a produz, legitima e reproduz (construtivismo).

H que ter em conta as condies sociolgicas de toda a historiografia por quanto o conhecimento histrico se forma numa dada cultura, a partir de um conjunto de noes, de crenas, de ideias, de conceitos, havendo portanto uma inscrio scio-cultural de todo o conhecimento histrico. Para isso muito contribuiu :

- Debate alemo de fim do sc. XIX, incio do sc. XX: Methodenstreit defesa de uma abordagem interpretativa para as cincias sociais (Max Weber, W. Dilthey, Max Scheler, Vilfredo Pareto) - Escola Durkheimiana; - Escola de Chicago

- H que considerar mecanismos sociocognitivos e axiolgicos na construo de teorias;

- sociocognitivos fundamentao em contextos sociais; - Axiolgicos influencia dos fenmenos de opinio

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O discurso Historiogrfico: Hermenutica e crtica

Monumento / Documento Discurso Historiogrfico Fonte / Narrativa: Metodologia Teorizao Abstraco Comparao Classificao Relevncia

O documento o intermedirio entre o passado e o historiador. O conceito de documento intenta atentar na definio do mesmo. H diferenciao entre monumento e documento se entendermos os monumentos enquanto vestgios, sinais do passado, a nossa herana, entendendo por documentos os testemunhos, as fontes, em que interveio a seleco e a crtica do historiador. Um documento passa categoria de fonte quando o historiador intervm nos seus diversos nveis, nomeadamente, o ngulo da pergunta. Importa pois por isso dizer que, para se fazer histria indispensvel a utilizao de certos mtodos e de uma teoria, assento na metodologia e teorizao todo o trabalho historiogrfico. Trabalho este que resulta de uma abstraco feita a partir das fontes, de documentos e de testemunhos. Apesar de nem todos os factos nicos interessarem s vezes em si mesmo eles podem sem dvida manifestar o seu interesse histrico por meio de um trabalho de comparao e de classificao, tornando-os assim relevantes.No nos esqueamos que o que hoje consideramos ser documento histrico, provavelmente no o seria h muitos anos atrs.

Discurso historiogrfico requisitos:

- Integrar a interpretao histrica num sistema coerente e lgico; Sistema que atribua aos factos funes prprias - Distinguir os diversos campos histricos; Passa tambm por averiguar a influncia que esses campos tm uns sobre os outros e se agirmos assim estamos claramente a exercer uma metodologia de complexidade e conexionismo. - Averiguar a influncia Complexidade e conexionismo Interdisciplinaridade Metodologia de complexidade: contextualizao / processo singulariedade global. Uma metodologia de complexidade deriva num procedimento essencial para o historiador que a contextualizao. A contextualizao para ns um procedimento pelo qual um acontecimento compreendido e interpretado por um lado tendo em conta o momento em que teve lugar e por outro tendo em conta o que aconteceu em momentos sucessivos. Na base deste procedimento est uma convico de que os diversos acontecimentos esto ligados entre si por laos de tal forma que podemos dizer que os acontecimentos pertencem uns aos outros e tarefa do historiador perspectiv-los enquanto parte integrante de um processo. Conseguinte a anlise contextual resulta, nesta ptica, numa interpretao dos factos em termos de singularidade global. Isto significa que o alargamento do contexto refora a singularidade da rede global de relaes o que quer dizer que a contextualizao cria a singularidade como modalidade interpretativa em diversos nveis:

Singularidade interpretativa: o passado como narrao Ao nvel da exposio sinttica

Ao nvel da inferncia probatria Ao nvel da macro-histria e da micro-histria

Discurso Historiogrfico Acto de reconstituio: apreenso por hiptese. Corrigida, completada Compreenso por representao do esprito da poca Determinao da credibilidade do testemunho: coeficiente de certeza por relatividade da observao.

Anlise fundada num juzo de credibilidade (provisria) Cumpre perceber as formas e condies de inteligibilidade histrica Cumpre perceber a historicidade da produo discursiva e das relaes entre os discursos. Remete para o conceito de historicidade Privilgio s transformaes, s descontinuidades, aos desfasamentos e s diferenas dos processos. Potenciar da razo crtica e uso renovado da noo de acontecimento (nico e serial) microhistria e histria serial para compreender as estruturas. Apreenso pontual e global Equilibrios e formas de organizao social Resistncias e rupturas sociais Descrio das especificidades e das particularidades: o concreto

por consequente ao nvel da escrita histrica que se situa toda a intelegibilidade e todos os problemas relativos compreenso, que vamos agora procurar encontrar:

A compreenso histrica construda no e pelo prprio relato, pelos seues ordenamentos e pelas suas composies. Tudo passa pela plausibilidade do relato Aquilo a que se chama explicao apenas a maneira do relato se organizar em intriga compreensvel.

Cada escrita singular tem a ver com o diverso exerccio da crtica documental e das tcnicas de anlise histrica, propostas estar bem condensada

Hermenutica Da exegese blblica compreenso de todas as formas de expresso humana Wilhem Dilthey (1833-1911) multiplicidade de sentidos que um texto encerra Edmund Huusserl (1859-1938) multiplicidade de interpretaes sucessivas de um texto Nesta contruo vai-se construindo a ideia que do ponto de vista metodolgico a cincias naturais explicam-se e as cincias do homem compreenden-se. explicao preside um modelo de causalidade (assumindo forma de leis) e compreenso uma atitude epistemolgiva que remete para o modo intuitivo. Nesta linha que encontra em Dilthey, Husserl e Friedrich schleiemacher.

Os fenmenos humanos e as cincias do homem compreensivas: o conceito de historicidade Dilthey e as inspiraes de Friedrich Schleiemacher (1768-1834) Dilthey e osa pensadores subsequentes: Rickert, Simmel, Windelband, Heidegger, Weber.

Hermenutica Gadamer (1900-2002) Experincia hermenutica: fuso de horizontes

Historicidade e linguisticidade do ser: situao hermenutica e concepes prvias A verdade e a lgica da pergunta-resposta - Hans Robert Jauss (1921-1997) - Paul Ricoeur (1913-2005)

Pg. 74-76 O mtodo de anlise compreensivo assenta numa hermenutica das significaes culturais, quer isto dizer que como os sentidos so mltiplos haver tantas hermenuticas como sentidos e logo no h uma verdade mas verdades, sendo cada uma a expresso de um modo de o homem estar no mundo. Cada intrprete interroga segundo a sua intencionalidade Pg. 83 Aquele que interroga constri mtodos que logo uma dialctica entre o contexto em que cada pessoa se insere e o contexto da tradio no h pois compreenso histrica sem referncia ao presente, isto , situao hermenutica de cada intrprete. Pg. 82 Cada situao hermenutica se entende enquanto experincia e enquanto fuso de horizontes de reflexividade Pg. 86-87 A lgica das cincias do esprito, em que situamos as cincias histricas, assenta na primazia hermenutica da pergunta e na dialctica pergunta-resposta. Conclui que a verdade que alcana dialeticamente como resposta problematizante ao tema com que nos deparamos. na dialctica o tema que levanta as questes a que ir responder Pg. 84-85 89 A histria sempre compreendida atravs de uma conscincia histrica que se situa no presente em que confluem concepes prvias, preconceitos, modos de ver que o passado transmitiu. A tradio algo em que nos situamos e pelo qual existimos. A linguagem um meio de comunicao da tradio. Pg. 18-19

Devemos estar preparados para distinguir entre preconceitos frutferos e outros que nos condicionam e impedem de pensar criticamente. A linguisticidade do ser o meio da sua historicidade. O significado de qualquer obra humana se define em termos das questes que formulamos no presente tendo os nossos juzos prvios total importncia na interpretao. Existe uma plena tenso presente-passado que se apresenta fundamental para a experincia hermenutica.

HERMENEUTICA Reviso crtica da compreenso histrica A conscincia da histria efeitual entende-se na fuso de horizontes e na experincia hermenutica A dialtica pergunta-resposta A verdade como resposta problematizante A situao hermenutica e concepes prvias da conscincia histrica

Gadammer sustenta que toda a compreenso histrica, lingustica, dialctica e portanto sempre um acontecimento, um evento. Sendo a histria uma cincia compreensiva, pois procura compreender o desenrolar da vida humano atravs do tempo, tanto nos seus factores nicos como inter-dependentes, distingue-se de outras cincias, concretamente das jurdicas que fixam as normas do dever ser ou das nomotticas ou de outros saberes da filosofia que procura atingir uma compreenso geral dos valores humanos, uma concepo do mundo. Esta de facto a nossa especificidade, a nossa singularidade global para a qual trabalha o historiador.