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História do Ensino Religioso e da Formação de Professores no Estado da Bahia.

Eninéia Maria de Almeida [email protected]

Pedagoga, Pós Graduação em Administração Escolar – PUCMG, e Planejamento e Gestão de Sistemas de Ensino à Distância –UNEB

Trabalha como professora de História e Filosofia na rede Estadual de Ensino da Bahia,na Assessoria do Ensino Religioso na SME- Barreiras, Coordenadora da Pastoral

da Educação da Diocese de Barreiras.

A abordagem em pauta de natureza histórico-analítica quer colaborar com a

história da formação de professores do Ensino Religioso no Brasil.

A Bahia é o berço da primeira compreensão e prática pedagógica do Ensino

Religioso do Brasil. Nestas terras foram fundadas as primeiras escolas dos Jesuítas, que

tinham como principal incumbência a educação dos filhos dos senhores de engenho, dos

colonos, dos índios e dos escravos. Exerciam influência em todas as camadas da

população. Assim é que a preocupação existente nos séculos XVI e XVII, de ensinar as

crianças índias e portuguesas a ler, escrever, contar e falar português, não desviou os

Jesuítas de sua meta de fazer da escola superior sua política educativa, consubstanciada

na construção de uma elite culta e religiosa, segundo os ideais místicos e sociais da

Companhia de Jesus (GOMES, 2001).

Verifica-se nesses dados uma primeira iniciativa e preocupação com a existência

do ensino superior no País e a educação religiosa dos colonos.

Em 1938, através de decreto do Governador, o Ensino Religioso foi oficializado

como componente curricular, e, numa visão ecumênica, foram dinamizados esforços

para alcançar os alunos de todo o Estado.

A dimensão geográfica da Bahia dificulta o encontro de dados em uma única

entidade ou fonte e de registros de forma sistematizada. Sabe-se que as Delegacias

Regionais de Ensino espalhadas pelo Estado, desenvolveram ações direcionadas para a

formação dos professores.

No âmbito do Ensino Religioso historicamente, perpassaram pelas

normalizações do Estado diferentes concepções e posicionamentos, tanto no aspecto

teológico como no pedagógico.

Analisando o direcionamento pedagógico da disciplina no currículo das Escolas

da Bahia, nota-se que na maioria das vezes, esse componente curricular esteve à mercê

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da compreensão do que prescrevia a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, pelas autoridades eclesiásticas e as governamentais, relacionadas

com o Sistema Educacional – ora aparece como um apêndice, ora como catequese, ora

como ensino das religiões. Também como momento de espiritualidade, como lições de

cidadania ou moral e civismo, ensino de valores, mensagem para a vida e até substituído

por aula de filosofia, tema transversal; ou se ausenta do currículo, sobretudo, na rede

particular de ensino com exceção das Escolas Confessionais.

No aspecto teológico, o entendimento da legislação para o ER se mistura com as

relações entre autoridades eclesiásticas e governamentais, e a disciplina recebe

tratamentos diversificados. Para ilustrar essa influência das autoridades no tratamento

da disciplina, registra – se que o Ensino Religioso passou a ser regulamentado no

Estado da Bahia, com a Lei Orgânica do Ensino nº. 2463/67, fruto de um convênio com

a Arquidiocese de Salvador, Secretaria de Educação e Cultura e as Dioceses do Interior,

assinado pelo Administrador Apostólico da Arquidiocese e o Secretário de Educação, o

que caracterizou uma proposta confessional na perspectiva da Igreja Católica.

Com a promulgação da Lei 5.692/71, Art.7º, a Secretaria de Educação do

Estado, pela Portaria nº. 707/73, estabeleceu grupo interconfessional de trabalho, com a

finalidade de apresentar as linhas gerais e normas de execução do Ensino Religioso nos

1º e 2º graus das escolas oficiais.

Dessa forma, os objetivos do Ensino Religioso, nas escolas oficiais, orientaram-

se numa linha ecumênica, seja no momento inicial de sua formulação, seja na execução

dos currículos das escolas.

Em 1976, foi criada a Comissão Central do Ensino Religioso com atribuições de

complementar e redefinir a orientação organizacional e curricular para o sistema

educacional do Estado, na área do Ensino Religioso, assessorada por representantes das

Igrejas Católica, Batista, Presbiteriana e outras religiões, o que denota uma educação

religiosa na perspectiva das religiões.

Em 1990, a Portaria nº. 4.95590/90 criou a Comissão de Assessoramento para

assuntos de Ensino Religioso no Estado – CAERBA, juntamente à Secretaria de

Educação e Cultura que atuou numa linha inter-religiosa.

Com a nova redação Art.33- da LDB a Lei 9.475/97, a Bahia, prescreve na Lei

Nº. 7.945/2001, Art. 1º I.1º, que a disciplina instituída por esta lei é de matrícula

facultativa, sendo disponível na forma confessional pluralista” (...).

“Art.2º - Para ministrar o Ensino Religioso o professor deverá ter formação

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específica, comprovada por certificado fornecido pela respectiva Igreja ou entidade por

ela mantida ou credenciada”. O que isenta a responsabilidade do Estado em

proporcionar a formação de professores nesse aspecto curricular.

Com a legislação citada, verifica-se no discurso do Estado um retorno ao

entendimento confessional do Ensino Religioso.

A portaria nº. 1.336/98 determina: “O ensino religioso, de matrícula facultativa,

será oferecido no turno oposto às aulas regulares”. Essa portaria inviabilizou o ER no

Estado e recebeu uma nota na imprensa dos Bispos do Regional Nordeste 3, Bahia e

Sergipe, apontando a importância da formação do professor, defendendo a cultura

religiosa como parte da formação integral dos educando e solicitando revogação da

mesma.

Essa freqüente alternância de tratamento dada ao ER expressa a existência de

desentendimento das autoridades Igreja x Estado nesse campo da educação.

Subordinado às relações da Igreja com o Estado e com falta de clareza do que

propõem as leis, a disciplina andou num labirinto e, mesmo aprovada a nível nacional,

ainda carece de regulamentações complementares e de políticas públicas para a

formação dos professores, tanto pelos municípios como pelo estado.

Em pesquisa realizada pelo FONAPER/2002, a Bahia, em relação à situação do

ensino religioso quanto ao conhecimento da lei 9.475/97, nova redação da LDB

(9394/96), aparece como conhecedora apenas a Secretaria Estadual de Educação e

Instituições de Ensino Superior.

A Lei estadual Nº. 7.945/2001, além de conter ambigüidades, está em

dissonância com a Lei 9.475/97, nova redação da LDB (9394/96), vigente no país. Não

se tem um parecer do Conselho Estadual de Educação a respeito de sua viabilidade no

sistema, e a inclusão da disciplina nas propostas pedagógicas das escolas públicas,

aparece apenas a nomenclatura na grade curricular, sem orientação quanto aos

conteúdos, e a habilitação e admissão de professores são previstas de forma

inconstitucional e o Sistema Estadual de Ensino não oferece suporte para uma

operacionalização adequada. Segundo as diretrizes administrativas para a distribuição

de carga horária, o professor somente pode ser programado para essa disciplina com

duas horas/aulas complementares. Essa determinação da SEC/ BA, coloca em evidência

o posicionamento político pedagógico, em todos os aspectos, dado pelo Estado à

disciplina, inclusive o da formação do professor nessa área específica.

Segundo Rosário, (2004) nas Escolas de Salvador, os professores que ministram

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as aulas do ER são professores com formação em outras diversas áreas. E quanto ao

conteúdo, também não procede como orienta a LDB, ficando todas as decisões a

respeito da ação pedagógica sob a responsabilidade do professor. O funcionamento

deste ensino nas escolas da rede pública é precário; um ou outro estabelecimento escolar

adere a Lei Estadual vigente. No Ensino fundamental de 1a. a 4a. séries, na matriz

curricular consta como “atividades de integração”, e de 5a. a 8a. séries como

complemento de carga horária para o professor. Na rede municipal de ensino da capital

está ausente da grade curricular, com exceção das Escolas Confessionais conveniadas

com o município, como Sacramentinas, Santa Angela das Mercês, entre outras, cujo

trabalho educacional é elaborado pelo próprio estabelecimento.

Nas escolas municipais de Candeias e Camaçari é ministrado pelo professor

regente e a responsabilidade na definição dos conteúdos fica a critério do

estabelecimento de ensino.

No Encontro Pedagógico promovido pela Secretaria de Educação e Cultura,

2004, com o tema “Regularização de Vida Escolar: a quem compete esta atribuição?”

Os diretores das escolas estatatais reclamaram ao sistema público pela falta de propostas

e contribuição na formação de princípios éticos, apontaram como indicador - a ausência

da disciplina Ensino Religioso. Naquele momento sugeriram ao sistema tomar

providências quanto ao que prescreve a LDB, em sua nova versão, sobre a oferta dessa

disciplina, nos currículos escolares da rede oficial e a formação dos professores.

De modo particular, o Instituto Lúmen Christi, entidade privada, através da

Faculdade Social da Bahia criou o Curso de Ciências da Religião, Bacharelado. Esse,

autorizado pelo MEC, Portaria Nº. 3.406 de 17/11/2003, se propõe a preparar

professores no campo religioso na perspectiva da pluralidade religiosa contemporânea.

Mas, sem causar eco no sistema público, pois, os alunos egressos, em sua maioria,

assumem a docência da disciplina nas Escolas Confessionais Cristãs, que são muitas.

Também, o Regional N3, a AEC/ Bahia, o CEAP/Jesuítas, as Editoras: Vozes,

Paulinas e as Dioceses de Alagoinhas, Barra, Bonfim, Bom Jesus da Lapa, Caetité,

Irecê, Paulo Afonso, Rui Barbosa, registram em suas trajetórias eventos direcionados à

formação dos professores do Ensino Religioso.

Percorrendo esse contexto do Estado da Bahia, tem-se à parte a experiência de

formação de professores do Ensino Religioso em Barreiras.

Essa cidade, considerada centro urbano do Oeste da Bahia com emancipação

política em 26 de maio de 1891, tem uma população com cerca de 127.000 habitantes,

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distribuída numa área de 7.895,24 km2. Importante entroncamento rodoviário entre o

Norte, o Nordeste e o Centro Oeste do País através das BR 242, 020 e 135, encontra-se

distante 853 km de Salvador, capital do Estado e a 622 km de Brasília, capital do País.

O município faz limite ao oeste com o Estado de Tocantins, ao leste com os

municípios de Angical e Catolândia, ao norte com Riachão das Neves e ao sul com São

Desidério.

A partir da década de 90, devido estar inserido na região mais rica em recursos

hídricos do nordeste brasileiro, o município tornou-se o maior produtor de grão do

Nordeste do Brasil, atraindo migrantes de várias partes do país e exterior.

Na Educação, o índice de alfabetização é de 85.7%, analfabetismo é de 14.3 % e

conta com uma rede pública e privada de ensino, sendo que a rede municipal, em 2007,

registra atendimento a 19.430 alunos nas Escolas de Educação Infantil e do Ensino

Fundamental, abrangendo as zonas urbana e rural. A rede estadual atinge alunos nas

Escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio.

No Ensino Superior há uma Universidade Estadual que oferece os Cursos de

Licenciatura em Letras Vernáculas, Pedagogia, Matemática, Biologia, Ciências

Contábeis e Engenharia Agronômica. Na rede particular, encontram-se iniciativas na

Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e duas Faculdades. A Faculdade

São Francisco de Barreiras e Unyahna oferecem Cursos, na área de Ciências Humanas e

Jurídicas, Administração e Formação de Professor. Há também duas Faculdades com

modalidade de ensino à distância: UNOPAR – Universidade Norte Paraná e

UNIASSELVI- Centro Universitário Leonardo da Vinci. Mesmo com a instalação de

um Núcleo de Extensão Universitária da UFBA em 2006 a formação para professores

do Ensino Religioso se encontra ausente.

O marco situacional para entender a relação entre Educação, Ensino Religioso,

Formação de Professores, e seu desenvolvimento em Barreiras, de forma sistematizada,

é a criação da Diocese, em 1979. A nomeação e posse do seu primeiro Bispo, D.

Ricardo Weberberger do mosteiro de Kremsmunster, Áustria, deu-se no mesmo ano.

Como Bispo eleito, enviou de Salvador sua primeira carta que ressaltava - a

responsabilidade de Pastor que lhe fora confiada - a missão do Profeta João Batista e

Jesus Cristo como “Salvador”. Também convocava todos para juntos construir a

Diocese. O lema que o Bispo escolheu “O Redentor do Homem” foi à inspiração para o

inicio e desenvolvimento da ação pastoral. Daí iniciou-se o processo de organização da

Diocese, havendo sucessivas reuniões com participação de padres, irmãs e leigos para a

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estruturação do Plano de Pastoral. Entre outras decisões peculiares à natureza de uma

Diocese, encontra-se uma ação primordial para a Educação - orientação e

conscientização dos professores do Ensino Religioso. As escolas que existiam eram

todas pertencentes ao sistema público e algumas de iniciativa privada, organizadas pela

sociedade civil.

A partir desta decisão, tendo como meta de ação a atingir - o professor,

desenvolveram-se ações em vista de sua capacitação profissional e crescimento

espiritual. Para marcar presença efetiva no campo educacional a Diocese assumiu,

muitas vezes, a remuneração de alguns professores do ensino religioso nas escolas

públicas.

A preocupação com a situação da educação e a formação dos professores foi

uma constante na ação pastoral do bispo Dom Ricardo, sobretudo, no desejo de escola

pública para todos. Em suas palavras, reflete - “Nós precisamos de Colégios Públicos

gratuitos, a nossa região é pobre demais para o ensino pago! Assim muitos jovens ficam

sem estudar! O que é uma injustiça!” (Boletim Nós Igreja: 1981).

Partindo desse contexto, a Diocese investiu na formação dos professores do

Ensino Religioso. Esta atitude procede tanto da consciência de que o professor do

ensino religioso capacitado pode contribuir na construção de relações sócio-

transformadoras que a realidade necessita, assim como, da responsabilidade exigida pela

portaria nº. 7462/81 da SEC/BA, que confere à autoridade religiosa o direito de

referendar a atividade docente do professor de ER nas escolas públicas da rede oficial.

A formação do professor do Ensino Religioso fora assumida pela Diocese e para

isso criou-se uma equipe de Coordenação Diocesana do Ensino Religioso com o

objetivo de acompanhar os professores em suas necessidades pedagógicas e de

colaborar com a Superintendência Regional de Ensino - SURED/25, órgão local, na

época, responsável pela Educação Estatal na região.

A presença e colaboração da Diocese de Barreiras no campo da educação são

relevantes, através da ação pedagógica e participação nas discussões em órgãos

representativos da Educação na região Oeste da Bahia.

O Bispo Diocesano envidou esforços na área da educação religiosa, buscando a

assessoria de educadores competentes capazes de contribuir com o processo educativo

dessa disciplina específica, e nos últimos tempos tem contribuído com o processo de

escolarização do Ensino Religioso no Brasil, até onde lhe compete.

A formação de professores ao longo dessa trajetória aconteceu na modalidade

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presencial, através de treinamentos, encontros pedagógicos, estudos de temas

relacionados à prática docente do professor de ensino religioso, reuniões, seminários,

participação em eventos regionais e nacionais.

É importante ressaltar que um grupo de professores dessa cidade, participantes

no VIII Seminário Nacional das Universidades de Capacitação Profissional para Ensino

Religioso, promovido pelo FONAPER em 2003, Maceió, foi considerado pelas

entidades organizadoras, como representantes da Bahia, visto que não havia neste

evento participantes credenciados pela Secretaria de Educação do Estado e outras

Instituições. Para o grupo foi difícil apresentar a experiência do ER na Bahia, não havia

nenhum projeto em andamento e também pelas estatísticas do FONAPER, o Estado

apresentava-se como vacante em regulamentação complementar a atual LDB, no que se

refere ao Ensino Religioso, pelos órgãos competentes. Fora apresentado no Seminário a

experiência distinta da Pastoral da Educação da Diocese de Barreiras junto aos

municípios de sua jurisdição. O trabalho que a Pastoral da Educação realiza, oferece

anualmente de um a dois seminários de formação docente, cujos conteúdos veiculados,

nos últimos dez anos, estiveram voltados para a atualização dos professores na

perspectiva do ensino religioso como área do conhecimento, e as reflexões relacionadas

com a formação da consciência, objetivaram uma prática pedagógica sem proselitismo,

aberta ao diálogo e ao respeito às expressões do sagrado presente na diversidade cultural

do Estado. O relato colocou Barreiras como referência do Ensino Religioso na Bahia.

Entretanto, a Formação de Professores na modalidade EAD para o Ensino

Religioso em Barreiras, teve seu advento na 1ª Semana Social Diocesana, realizada em

1997, quando no bloco de discussão sobre as questões que emperravam o

desenvolvimento educacional nos municípios pertencentes à jurisdição eclesiástica da

Diocese de Barreiras. A capacitação do professor na modalidade à distância apareceu

como alternativa de formação do professor e foi assumida como ação reivindicativa

junto aos Conselhos Municipal, Estadual e Nacional de Educação, como uma forma de

atender as exigências da LDB/96. A Pastoral da Educação buscou sempre subsidiar-se

pelo setor do Ensino Religioso da CNBB, GRERE, FONAPER e fez da Diálogo –

Revista do Ensino Religioso- Paulinas, sua companheira de bordo.

Nos anos 2000 - 2001, esta ação se efetiva e avança na área do Ensino Religioso,

através da proposta do Curso de Capacitação Docente à distância do FONAPER,

enviada pela Associação de Educação Católica da Bahia, propondo ao Bispo Diocesano,

um programa de capacitação para professores do Ensino Religioso na modalidade à

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distância. A mesma foi apresentada à Pastoral da Educação, que administrou esforços

no sentido de acolhê-la, tomando providências para que em Barreiras houvesse uma

tutoria local de apoio ao programa que estava sendo divulgado e proposto em nível

Nacional. Em Barreiras, 70 professores participaram com êxito desse programa de

formação à distância.

Logo após, houve a realização do I Seminário de Professores do Ensino

Religioso do Oeste da Bahia em 2003. Esse evento foi relevante na caminhada do

Ensino Religioso no município. Reuniu 90 educadores da região para discutir propostas

para esta área do conhecimento e fortalecer a formação dos professores. Dentre os

participantes encontravam-se os cursistas do programa de capacitação à distância do

FONAPER. Nesse seminário nasceu a proposta curricular do ER para a Educação

Infantil e o Ensino Fundamental do Sistema Municipal de Educação de Barreiras,

aprovada pelo Conselho Municipal de Educação pelo Parecer CME 02/2004, que,

revisada a cada ano, se encontra em circulação na rede municipal e exige ações

constantes dos gestores para a formação continuada dos professores.

Por outro lado, a Pastoral da Educação buscou parceria com as Secretarias

Municipais de Educação da Região Oeste para os seminários de capacitação docente.

Em 2005, promoveu o I Encontro de Secretários Municipais de Educação com o

objetivo de fazê-los saber que, como gestores públicos, determinam os fios condutores

do processo educativo em suas localidades; que em suas ações podem ser articuladas as

mudanças na Educação como um todo, e ao Ensino Religioso em particular; que as

ações do professor engajado num sistema educacional são limitadas à sala de aula,

pouco pode alcançar as questões estruturais da administração pública relacionadas ao

campo educacional e torná-los cientes de que os professores depositam nos secretários

esperanças de um futuro melhor para a formação do professor do Ensino Religioso em

seus municípios. A Pastoral da Educação também alcançou nos últimos cinco anos que

as Secretarias Municipais de Educação assumissem os custos da participação dos

professores do Ensino Religioso nos Seminários de Capacitação, esses custos, outrora,

eram assumidos pelas Paróquias da Diocese de Barreiras. Outra conquista foi em 2004,

a inclusão de dez vagas para professor de Ensino Religioso no concurso público

municipal de Barreiras.

Essa experiência da formação de professores, no município de Barreiras, fora

objeto de estudo monográfico, em 2005, por uma aluna do curso de Pós - graduação em

Planejamento e Gestão de Sistemas de Ensino à distância pela Universidade do Estado

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da Bahia- Campus I –Salvador. Constatando a formação precária dos professores nessa

área do conhecimento, o desconhecimento por parte dos gestores do sistema de ensino

público do art.33 da LDBEN 9.394/96(nova redação) que exige mudanças qualitativas e

aprofundamento sistematizado para o docente dessa área, a ausência de políticas

públicas para a formação desse docente, a contribuição que dera o Curso de Capacitação

Docente para o Ensino Religioso - extensão universitária na modalidade á distância do

FONAPER, no sistema de ensino público de Barreiras e a potencialidade que o Estado

da Bahia oferece através do Instituto Anísio Teixeira e a Rede de Educação - SEC/BA, a

Especialista em Educação sugere ao Governo do Estado a criação de um Curso de

Licenciatura em Ensino Religioso na modalidade à distância no Estado da Bahia. Sua

contribuição relevante foi apresentada no Congresso Internacional Diversidade Cultural,

Religiosidade e Educação, realizado em Brasília – DF de 25 a 28 de agosto de 2005 e

no III Congresso Nacional de Ensino Religioso, realizado em Florianópolis – SC de 03

a 05 de novembro do mesmo ano. Sua proposição corroborou como alternativa concreta

de intervenção para dirimir as distâncias geográficas e sociais e encaminhar os percalços

encontrados na formação de professores e nas peculiaridades do ER como área do

conhecimento, contundentes no campo educacional.

No momento, a Pastoral da Educação da Diocese de Barreiras em parceria com a

Universidade do Estado da Bahia UNEB - Campus IX – Barreiras - Bahia, lança o

Curso de Capacitação Docente em Ensino Religioso - Extensão Universitária na

modalidade - EAD, com possibilidade de acolher os professores do Ensino Religioso do

Brasil, em seu sonho mais nobre: o de melhorar-se como ser humano, buscando o seu

ser divino.

Faz-se necessário continuar buscando novos jeitos de ser, novos conhecimentos.

Ensejamos contribuir articulando novos saberes, novos espaços, novas danças para

efetivação de políticas educacionais favoráveis ao desenvolvimento humano e

planetário.

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