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História, política e jornalismo nos ANO III N O 20 JULHO / 2008 PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Impresso Impresso Impresso Impresso Impresso Especial Especial Especial Especial Especial 580/2004-DR/GT UFG CORREIOS A imprensa foi ins- talada oficialmente no Brasil em 1808 com a vinda da família real. Desde então o jorna- lismo está intrinseca- mente relacionado com a própria história do país, com as rela- ções políticas, econô- micas, de poder. Os 200 anos de imprensa no Brasil e os 40 anos do curso de Jornalis- mo da UFG foram te- mas da mesa-redonda, que discutiu também a modernização da im- prensa e a formação profissional do jorna- lista. (págs. 10 a 12) História, política e jornalismo nos 200 anos 200 anos de imprensa no Brasil de imprensa no Brasil Tecnologia didática facilita aprendizagem (pág. 5) Extensão garante cursinho gratuito (pág. 6) Estudos sobre concreto são destaque (pág. 9) Cultura e arte Cultura e arte O mês de junho na UFG foi marcado por atrações culturais, que consolidam a instituição como uma das promotoras das artes no estado de Goiás. A música foi representada pela Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais (foto), do Rio de Janeiro (pág. 2), a literatura e o cinema pelo escritor e cineasta angolano Ondjaki (pág. 15), e a ópera, que congrega o canto, a orquestra e o teatro, pelo I Goiânia Opera Festival (pág. 16). O mês de junho na UFG foi marcado por atrações culturais, que consolidam a instituição como uma das promotoras das artes no estado de Goiás. A música foi representada pela Banda Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais (foto), do Rio de Janeiro (pág. 2), a literatura e o cinema pelo escritor e cineasta angolano Ondjaki (pág. 15), e a ópera, que congrega o canto, a orquestra e o teatro, pelo I Goiânia Opera Festival (pág. 16).

História, política e jornalismo nos 200 anos · Composições como “O descobridor dos sete mares”, “Asa -branca”, “Aquarela do Brasil”, o premiado tema do filme O último

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História, política e jornalismo nos

ANO III NO 20 JULHO / 2008

PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ImpressoImpressoImpressoImpressoImpressoEspecialEspecialEspecialEspecialEspecial

580/2004-DR/GTUFG

CORREIOS

A imprensa foi ins-talada oficialmente noBrasil em 1808 com avinda da família real.Desde então o jorna-lismo está intrinseca-mente relacionadocom a própria históriado país, com as rela-ções políticas, econô-micas, de poder. Os200 anos de imprensano Brasil e os 40 anosdo curso de Jornalis-mo da UFG foram te-mas da mesa-redonda,que discutiu tambéma modernização da im-prensa e a formaçãoprofissional do jorna-lista. (págs. 10 a 12)

História, política e jornalismo nos

200 anos200 anosde imprensa no Brasilde imprensa no Brasil

Tecnologiadidática facilitaaprendizagem

(pág. 5)

Extensãogarante cursinho

gratuito(pág. 6)

Estudos sobreconcreto são

destaque (pág. 9)

Cultura e arteCultura e arteO mês de junho naUFG foi marcadopor atraçõesculturais, queconsolidam ainstituição comouma daspromotoras dasartes no estado deGoiás. A músicafoi representadapela BandaSinfônica doCorpo deFuzileiros Navais(foto), do Rio deJaneiro (pág. 2), aliteratura e ocinema peloescritor ecineasta angolanoOndjaki (pág. 15),e a ópera, quecongrega o canto,a orquestra e oteatro, pelo IGoiânia OperaFestival (pág. 16).

O mês de junho naUFG foi marcadopor atraçõesculturais, queconsolidam ainstituição comouma daspromotoras dasartes no estado deGoiás. A músicafoi representadapela BandaSinfônica doCorpo deFuzileiros Navais(foto), do Rio deJaneiro (pág. 2), aliteratura e ocinema peloescritor ecineasta angolanoOndjaki (pág. 15),e a ópera, quecongrega o canto,a orquestra e oteatro, pelo IGoiânia OperaFestival (pág. 16).

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PUBLICAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃODA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ANO III – NO 20 – JULHO 2008

ASCOM – Reitoria da UFG – Câmpus SamambaiaC.P.: 131 – CEP 74001-970 – Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 – Fax: (62) 3521-1169www.ufg.br – [email protected] – www.ascom.ufg.br

ReitoriaReitor: Edward Madureira Brasil; Vice-reitor: BeneditoFerreira Marques; Pró-reitora de Graduação: SandramaraMatias Chaves; Pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação:Divina das Dores de Paula Cardoso; Pró-reitor de Exten-são e Cultura: Anselmo Pessoa Neto; Pró-reitor de Admi-nistração e Finanças: Orlando Afonso Valle do Amaral;Pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e RecursosHumanos: Jeblin Antônio Abraão; Pró-reitor de Assuntosda Comunidade Universitária: Ernando Melo Filizzola.

Jornal UFGAssessor de imprensa e editor-geral: Magno Medeiros;Editora executiva: Silvana Coleta Santos Pereira; Editoraassistente: Silvânia de Cássia Lima; Conselho Editorial:Angelita Pereira, Goiamérico Felício Santos, Maria das

OPINIÃO Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

CÂMPUS EM FOCOEDITORIAL

JEBLIN ABRAÃO*

Graças Castro, Silvana Coleta Santos Pereira,Venerando Ribeiro de Campos, Mercês PietschCunha Mendonça; Suplentes: Valéria MariaSoledade de Almeida e Ellen Synthia Fernandesde Oliveira. Revisão: Maria José Soares; Projetográfico e editoração eletrônica: Cleomar GomesNogueira; Fotografia: Carlos Siqueira, Repórter:Maria Glória; Equipe administrativa: AmáliaMagalhães e Leny Borges. Bolsistas: Allan KardecBraga (design gráfico); Vinícius Batista (fotografia)e Ana Paula Vieira, Ana Flávia Alberton, JoséEduardo Umbelino, Katiéllen Bonfanti, LutianePortílho e Pedro Ivo Freire (Jornalismo).

Impressão: Centro Editorial e Gráfico da UFG(Cegraf)

Avanços edesafios dagestão depessoas na UFG

O livro Mídia e política, de autoria da professoraHeloísa Dias Bezerra, do Programa de Pós-Gradua-ção em Sociologia da Universidade Federal de Goiás(UFG), discute, numa perspectiva inovadora, essetema. Publicado recentemente, ele integra a cole-tânea Goiânia em Prosa e Verso, da Secretaria Mu-nicipal de Cultura. A cientista política propõe umarenovação de conceitos e metodologias da área dacomunicação política e introduz um novo conceitopara explicar a performance dos atores políticos esua relação com os meios de comunicação.

TV UFG firma acordo com a Assembléia LegislativaA Universidade Federal de Goiás (UFG), por intermédio da Fundação Rádio e Tele-

visão Educativa e Cultural (RTVE), firmou acordo com a Assembléia Legislativa doEstado de Goiás para cooperaçãotécnica e uso compartilhado docanal 14. A Assembléia Legisla-tiva disporá de horários na gra-de de programação para trans-mitir sessões e programaçãoeducativa. Em contrapartida,porá à disposição da UFG estru-tura de produção e pessoal deapoio . O início das transmis-sões em sinal aberto está pre-visto para setembro.

Livro discute relação entre mídia e política

A Banda Sinfônica do Corpo de Fuzi-leiros Navais veio à UFG, no dia 18 de ju-nho, emocionar a comunidade universitá-ria. Mais de cem músicos realizaram, emfrente à Reitoria, um espetáculo musical,que transitou do popular ao erudito. Aten-dendo ao convite da Pró-reitoria de Exten-são e Cultura da UFG, a comitiva de milita-res deslocou-se de Brasília, onde fazia apre-sentações, para prestigiar a universidade.

Composições como “O descobridor dossete mares”, “Asa -branca”, “Aquarela doBrasil”, o premiado tema do filme O último

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dos moicanos e até a famosa ária “NessunDorma” da ópera Turandot foram executa-das por 90 instrumentistas acompanhadosde um coro de 25 vozes. Os músicos-mili-tares, de ambos os sexos, tem formação eaperfeiçoamento realizado no Centro de Ins-trução Almirante Sylvio de Camargo, no Riode Janeiro. A Banda se reconhece diferen-te das orquestras sinfônicas e bandas co-vencionais, graças a sua formação instru-mental, que inclui madeiras, metais, per-cussão, cordas e gaitas escocesas, alémde cantores solistas.

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criação do Banco de Professor Equivalente (BPEqui)pelos Ministérios da Educação (MEC) e do Planeja-mento (MP), em 2007, trouxe uma nova perspectiva

para a gestão de recursos humanos nas Instituições Fede-rais de Ensino Superior (Ifes).

O principio básico do novo conceito é que o recurso paramanutenção do quadro de docentes ativos de uma Ifes é cons-tante, independentemente da sua composição. A regra usadapara contabilizar o BPEqui é ponderada a partir do regime detrabalho dos professores: o professor com Dedicação Exclu-siva equivale a 1,55, o regime de 40h tem o peso 1, o profes-sor de 20 h tem peso 0,5 e o professor substituto, indepen-dentemente do seu regime de trabalho, tem peso 1.

Uma vez estabelecido o quantitativo do BPEqui, a UFGpode administrá-lo de maneira autônoma, ao conjugar a exis-tência de códigos de vagas e a operacionalização do seu ban-co. Para constar, em dezembro de 2007, a UFG ofereceu 88vagas de docentes para concurso público nas unidades aca-dêmicas dos câmpus de Goiânia.

Além dessas vagas, o MEC autorizou o provimento de mais85 cargos de docentes, destinados aos câmpus de Goiânia, Ca-talão e Jataí. Ou seja, no primeiro semestre, a UFG realizouconcursos públicos para provimento de 173 cargos de professo-res. Assim, a UFG renovará perto de 14% do quadro de profes-sores efetivos; dos novos, mais de 75% são doutores e os de-mais, mestres.

As consequências dessa renovação serão imediatas emtoda a UFG, repercutindo na qualidade da graduação e pós-graduação, na criação de novos cursos, no fomento à pesqui-sa, na aprovação de novos projetos e na captação de recursosem várias áreas de atuação.

A criação do Banco de Professor Equivalente trouxe àpauta de reivindicações dos gestores, administradores e li-deranças das Ifes ao Governo Federal, a necessidade de criarmecanismo semelhante para a carreira de sevidores técni-cos-administrativos em Educação (TAE). Tal medida garanti-rá a gestão mais independe também no âmbito dessa catego-ria de servidores.

A UFG está em fase de conclusão do processo de reposi-ção de 100 TAEs em Goiânia, 20 para Catalão e 20 para Jataí.A contratação desses novos servidores deve amenizar as ca-rências na área administrativa da UFG, mesmo sendo aindainsuficiente para atender a totalidade das demandas atuais.

A capacitação do quadro dos TAEs vem sendo conduzidapelo Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos(DDRH) com base no princípio do “diálogo e articulação entre aperspectiva pessoal e institucional de desenvolvimento profissi-onal”, que consta na Carta de São Paulo do I Seminário deCapacitação de Pessoal das Ifes/setembro 2007. Em consonân-cia com essa visão, a UFG está concluindo, paralelamente àsdezenas de outros cursos de capacitação, duas turmas de espe-cialização em Gestão Pública. O sucesso desse curso estimulouo DDRH a desenvolver novos projetos de pós-graduação.

Ao preocupar-se com a gestão de recursos humanos, aUFG demonstra mais uma vez como sua proposta vincula oensino à pesquisa e envolve toda a comunidade universitáriano planejamento e na execução de suas ações.

Jeblin Antônio AbraãoPró-Reitor de Desenvolvimento Institucionale de Recursos Humanos

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3MEMÓRIA Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Entrevista: Maria doRosário Cassimiropor Maria Glória

rofessora emérita e ex-reitora da Universida-de Federal de Goiás,

entre 1982 e 1986, a pedago-ga e doutora em Educação,Maria do Rosário Cassimiro,professora aposentada da Fa-culdade de Educação, cita acriação dos campi avançadoscomo sua maior realização.Para ela, as unidades de Ja-taí e Catalão, por exemplo,foram duas “boas sementi-nhas plantadas” na década de1980, que hoje têm potencialpara se tornar universidades.

A senhora entrou para a Uni-versidade Federal de Goiásna época do regime militar.Como foi esse momentodentro da instituição?

Cassimiro – Entrei, pormeio de concurso, para auniversidade para ser pro-fessora da Faculdade de Fi-losofia, Ciências e Letras,em 1967. Logo depois fui elei-ta chefe do Departamento deAdministração Escolar daFaculdade de Filosofia. Em1968, a UFG passou por mu-danças significativas, provo-cadas por uma grande reformauniversitária nas instituiçõesde todo o Brasil. Foram mu-danças positivas, com refle-xos até os dias de hoje. A im-plantação da Faculdade deEducação e a criação dos ins-titutos básicos – como Ciên-cias Humanas e Letras, Quí-mica e Geografia, Matemáticae Física, Ciências Biológicas– são bons exemplos da he-rança dessa reforma. Hoje, al-guns desses institutos setransformaram em faculdades.Outras importantes mudançastrazidas pela reforma de 68foram a criação dos cursos dedoutorado e mestrado (sóexistiam anteriormente cur-sos de especialização) e a ex-tensão universitária. Foi umareforma feita por especialistasde altíssimo nível e mudoucompletamente a vida das uni-versidades brasileiras. Porisso, ela perdura até hoje –olha quantos anos se passa-ram! Acredito que reforma uni-versitária como esta ainda nãohouve no Brasil.

Qual era a função do De-partamento de Administra-ção Escolar?

Cassimiro – Foi nessedepartamento, em que fui che-fe, que foi feita toda a organi-zação da nova Faculdade deEducação. O currículo do cur-so foi feito na minha mesa,com a minha participação. Eusou uma das fundadoras des-sa unidade da UFG. Logo de-pois, deixei o departamento eassumi a presidência da Co-missão Permanente de Tem-po Integral e Dedicação Exclu-siva (Copertide).

O que tratava a Copertide?Cassimiro – Essa era

“Minha experiênciana Pró-reitoria de

Extensão mecredenciou a serreitora da UFG”

uma comissão muito impor-tante que havia dentro dauniversidade. Até 1968 o pro-fessor universitário era con-tratado somente para um re-gime de 12 horas semanaisde trabalho. Os regimes detrabalho de 20 e 40 horas e dededicação exclusiva foram ins-tituídos também com a refor-ma universitária de 68. Essascargas horárias eram cumpri-das por professores que fazi-am pesquisa ou se dedicavama outras atividades além dasaulas. A Copertide cuidou detodo esse pessoal. Na época,a comissão administrava umaverba que era especialmentedestinada ao pagamento dosprofessores que se enquadra-vam nesses três regimes. Osoutros profissionais eram pa-gos pelo departamento de pes-soal. A Copertide era, enfim,muito importante e poderosa,pois lidava com muito dinhei-ro – ou seja, mais da metadedo recurso de que a universi-dade dispunha para o pessoaldocente.

Além da experiência vivi-da na comunidade univer-sitária local, a senhora par-ticipou ativamente tam-bém de projetos de exten-são, fora do estado. Comofoi esse período?

Cassimiro – Minha ex-periência fora da UFG come-çou quando assumi a presi-dência do Grupo Tarefa Uni-versitária (GTU), logo depoisde deixar a Copertide. O GTUdesenvolvia um trabalho jun-to com o Projeto Rondon.Esse projeto mantinha umarede de 21 campi avançadosespalhados pelo Brasil intei-ro. Um deles era o de Picos,

no Piauí, que foi entregue àresponsabilidade da Univer-sidade Federal de Goiás. Ape-sar da distância, esse foi umdos trabalhos mais maravi-lhosos que a universidade járealizou. Foram 12 anos detrabalho dentro desse proje-to - extinto no Governo Sar-ney. Durante 12 anos, a UFGlevou ao Piauí dezenas de es-tudantes, dos últimos anos,de vários cursos, para fazerestágios em programas orga-nizados de acordo com os de-partamentos. Eram estudan-tes de Medicina,Odontologia, Far-mácia, Enferma-gem, Nutrição,Educação, Músi-ca, Veterinária,Agronomia etc. OMinistério do In-terior participaativamente dessahistória, financi-ando as passa-gens do pessoal que saía da-qui e ia para Picos. Já a ma-nutenção do campus, na cida-de, era de responsabilidade dopróprio Projeto Rondon.

O trabalho desenvolvidopelos professores e estu-dantes da UFG no ProjetoRondon surtiu efeito nacomunidade local?

Cassimiro – Na área deEducação, há um bom exem-plo do resultado do projeto:a maioria dos professores dePicos, das redes pública eprivada, passou pelo curso deatualização ministrado pornós, da universidade. Tam-bém na área da saúde e daagropecuária foram muitos osbenefícios feitos pela UFGnaquela região. Mas, infeliz-

mente, a iniciativa não per-durou. A recém criada Univer-sidade do Piauí, herdeira doprograma, preferiu não darcontinuidade ao projeto etudo morreu. Foi uma lásti-ma ter acabado tudo aquilo.Sinceramente, não conheçooutro trabalho da época maisimportante do que aquele. Umsaldo pessoal e positivo doProjeto Rondon: a minha ex-periência dentro dele me cre-denciou ser a primeira Pró-rei-tora de Extensão da UFG.

Como a senhora aplicou aexperiência vivida no Pro-jeto Rondon à UFG?

Cassimiro – O grandemérito dessa pasta é a cria-ção dos campi avançados nascidades de Catalão, Jataí,Porto Nacional e Firminópo-lis. Os quatro foram criadosna minha gestão, como Pró-reitora e reitora, e me consi-dero mãe desses campi avan-çados da UFG. Eles foram se-mentes muito boas, que eume orgulho de ter lançado emGoiás. As unidades de Cata-lão e Jataí, hoje, têm tudopara virar universidade. Ocampus de Porto Nacionalpassou, posteriormente, aosdomínios do então recém-cri-ado estado do Tocantins.Todo o seu patrimônio, bensmóveis e imóveis, organiza-do por nós, ficou com o novoEstado. Depois que deixei aPró-reitoria de Extensão, aUFG criou uma extensão emRialma, mas já acabou.

Como o nome da senhorasurgiu para concorrer aocargo de reitora da UFG?

Cassimiro – Mais umavez a minha experiência de tra-balho me credenciou. Dessavez, para o mais alto postodentro da universidade, o de

Reitora. A Pró-rei-toria de Extensão,na época, era mui-to forte. Erammuitas as ativi-dades de exten-são realizadasaqui dentro deGoiânia e foratambém. Nós tí-nhamos muitosconvênios com

empresas que pagavam pararealizar atividades de exten-são. Entrava, então, muito di-nheiro por intermédio dessapró-reitoria. E onde está o di-nheiro está o poder. Então, metornei uma Pró-reitora muitoforte. Por conta desses con-vênios eu podia contratarpessoal para trabalhar. Aca-bei tendo um prestígio mui-to grande dentro da univer-sidade e no Ministério daEducação. Eu era uma pes-soa, sem falsa modéstia, mui-to prestigiada dentro dessemeio. Foi por tudo isso quemeu nome entrou na lista dosindicados para o cargo. Antesdisso, a lista era tríplice. Paraficar mais democrático e termais opção de escolha, elapassou a ter seis nomes. Foi,

enfim, muito fácil. Fui condu-zida quase naturalmente aoposto de Reitora. Em 1981,passei pela eleição direta e in-direta, realizada pelos conse-lhos de Ensino e Pesquisa,Universitário e Curador. Es-ses três conselhos, reunidos,indicaram os nomes dos can-didatos e enviaram a listasêxtupla para o Ministério daEducação, responsável, naépoca, pela indicação dosreitores das universidadesfederais. O meu nome foi oescolhido para a UFG. Em1982, assumi o cargo, emque permaneci até 4 de ja-neiro de 1986.

A senhora foi a primeiramulher a assumir o cargode reitora no Brasil, justa-mente no governo militar– considerado conservadore machista. Como a senho-ra avalia essa nomeação?

Cassimiro – Em 1981,ocorreu a primeira experiên-cia de eleição direta dentroda universidade. Foi , naverdade, uma eleição ofici-osa e não oficial, pois, pre-valecia ainda o poder dostrês conselhos superiores,que eram os responsáveis,legalmente, pela escolha dalista tríplice de reitores. Naeleição direta eu me candi-datei e fui bem votada en-tre os candidatos. E fui tam-bém a escolhida – entre osseis nomes – pelo entãopresidente João Figueiredo.A escolha causou a maiorsensação. Virei notícia, sa-indo em veículos de grandecirculação nacional, comoos da Globo. Pois pairavamdúvidas sobre o fato do Pre-sidente da República e doministro da Educação, am-bos generais, terem escolhi-do uma mulher para ser rei-tora. Apesar de considera-dos machistas, os militaresnomearam, ainda, outra mu-lher, a Esther de FigueiredoFerraz, que foi a primeira mi-nistra de Estado no Brasil,na pasta da Educação. Os fa-tos provaram que os milita-res não eram assim tão ma-chistas como diziam.

Quais os pontos destaca-dos da sua gestão comoreitora?

Cassimiro – A minhagestão foi, no geral, positiva.Nós assinamos um convêniocom o BID, que era chamadoMEC/BID III. Por meio dele,foram carreados mais de 16milhões de dólares para a uni-versidade. O recurso foi des-tinado à construção de prédi-os, compra de equipamentos,realização de cursos de trei-namentos para professores efuncionários. Foi uma épocade muitos recursos financei-ros. Uma época de grandes re-alizações no campo da exten-são universitária. E esse di-nheiro do BID foi administra-do na minha gestão e tambémna administração do professorJoel Ulhôa, que me sucedeu.

“Entrava, então,muito dinheiro porintermédio dessa

pró-reitoria. E ondeestá o dinheiro estáo poder. Então, me

tornei uma Pró-reitora muito forte”

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4 INTERNACIONAL Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

A Universidade Fede-ral de Goiás assinou con-vênio com o Banco San-tander para o Programade Bolsas Luso-Brasilei-ras Santander Universi-dades. O banco concede-rá dez bolsas no valor de3.300 euros para estu-dantes de graduação daUFG. Os estudantes sele-cionados realizarão seis

Bolsas Luso-Brasileiras Santander Universidadesmeses de estudos em uni-versidades de Portugal, já nosegundo semestre desteano. Para a oficialização daparceria, esteve presentena universidade o respon-sável pelo Programa San-tander Universidades, Mar-celo Mello de Azevedo Vul-cano, que falou sobre asações da instituição ligadasà área acadêmica.

Pesquisadores francesesvisitam a universidade

A professora Maria Ge-ralda de Almeida, do Insti-tuto de Estudos Sócioambi-entais (IESA) teve projetocontemplado com apoio fi-nanceiro da Agência Naci-onal de Pesquisa Francesa,dentro do Programme Sci-ences Humaines et Soci-ales: Les Suds Aujourd’hui.O projeto será desenvolvidoem conjunto com as pesqui-sadoras do Institut de Re-cherche pour le Developpe-ment (IRD), Catherine Au-bertin e Florence Pinton,

que estiveram na UFG nocomeço de junho, para darinício aos trabalhos.

Estiveram na UFG orepresentante do IRD noBrasi l , Dr. Jean-LoupGuyot, que apresentou osprincipais programas depesquisa do IRD no país eo pesquisador Dr. Jean-Michel Martinez, que fa-lou sobre uso de imagensMODIS-MERIS para moni-torar a qual idade daságuas dos grandes rios elagos.

Intercâmbio entre Brasil e FrançaEntre os meses de ju-

nho e julho, chegaram àUFG seis alunos franceses,que são participantes dosProgramas Brafitec e Bra-fagri, de cooperação bilate-ral Brasil-França. Essesprogramas apoiam pesqui-sas em especialidades dasengenharias e das ciênci-as agrárias e são coorde-nados, respectivamente,pelos professores da Esco-la de Agronomia RobsonMaia Geraldine e LarissaLeandro Pires.

Pelo mesmo programa,a EA e a Coordenação de As-suntos Internacionais (CAI)selecionaram seis alunosda UFG que ficarão um anona França, realizando estu-

dos em uma das escolas daFédération das Écoles Supé-rieures d’Ingénieurs enAgriculture (FESIA). Dos

estudantes selecionados,três cursam Agronomia e osdemais, da Engenharia deAlimentos.

O professor Hélio Can-talício Serpa, do Departa-mento de História da Facul-dade de Ciências Humanase Filosofia (FCHF) esteve naUniversidade de Salaman-ca, na região espanhola deLeón, por três meses. Oprincipal objetivo do inter-câmbio foi colher subsídiospara sua pesquisa sobre aGuerra Civil Espanhola. Eleestuda sobre a Maçonariasob o regime franquista, es-tabelecendo uma compara-ção com o Governo Vargas(1937 a 1945). Na oportuni-

Mobilidade docente leva professor à Espanhadade, também realizou se-minários para alunos degraduação e pós-graduaçãode áreas de História e Geo-grafia e intermedia propos-ta de convênio entre os pro-gramas de pós-graduaçãoem História de ambas asinstituições.

Sua ida à Espanha, noperíodo de novembro de2007 a fevereir de 2008, foipossível graças ao progra-ma de mobilidade de do-centes brasi leiros, combolsa pela Fundação Caro-lina do governo espanhol.

Os estudantes da Uni-versidade Federal de Goi-ás, que fazem parte do Pro-grama Estudante Convêniode Graduação (PEC-G), par-ticiparam do 2º SeminárioInternacional do PEC-G, naUniversidade Federal deUberlândia, entre os dias28 e 30 de maio.

O tema “Meu país: ra-zão de estar aqui” foi esco-lhido pelo Ministério deRelações Exteriores (MRE)no intuito de discutir a in-

Estudantes PEC-G em conferência internacional

As professoras VestaDaniel e Christine Balen-gee Morris, acompanhadasde dez pós-graduandos doPrograma Art Education, daOhio State University (OSU),EUA, realizaram atividadesacadêmicas na UFG duran-te o mês de junho. Ambasas professoras proferirampalestra no I Seminário Na-cional de Pesquisa em Cul-tura Visual, que ocorreu de9 a 11 de junho na Faculda-

Parceria entre OhioState University e UFG

de de Artes Visuais (FAV), ea professora Vesta partici-pou do III Seminário de Edu-cação da Arte: Desafios Con-temporâneos e Possibilida-des, organizado pela Secre-taria de Educação do Estadode Goiás. O grupo participoutambém de oficinas e aulasde graduação e pós-gradua-ção na Faculdade de ArtesVisuais e no Centro de En-sino e Pesquisa Aplicada àEducação.

serção dos egressos doPEC-G em seus países deorigem. O evento visavaestimular a adesão de no-vos alunos, a formaçãopara a inclusão e o desen-volvimento dos países daÁfrica, e apresentar osavanços identificados nadifusão e na seleção dealunos do PEC-G.

Além da apresentaçãode trabalhos, os estudan-tes da UFG ministraramoficina de penteado e de-

clamaram poesia. Partici-param do evento cerca de300 estudantes universi-tários, professores, pes-quisadores, coordenadoresdo PEC-G e assessores in-ternacionais.

O PEC-G é um progra-ma de cooperação entreBrasil , Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Mo-çambique e São Tomé ePríncipe que atende 1.941estudantes em 84 institui-ções de ensino superior.

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A Coordenadoria de As-suntos Internacionais (CAI)lançou o Guia do EstudanteEstrangeiro em português,inglês, espanhol e francês.A publicação está disponívelon-line e é de suma impor-tância como material deapoio de amplo alcance nadivulgação da instituição,especialmente no estímuloao intercâmbio. O guia podeser acessado pelos endere-ços eletrônicos www.ufg.br ewww.cai.ufg.br .

Guia do Estudante Estrangeiro

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5DESTAQUE Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Textos: Pedro Ivo Freire

estudo da Morfologiaestá mais acessívelaos alunos. Com um

acervo de mais de 50 esque-letos de diversas espécies deanimais silvestres, casos demalformação humana e ani-mal e maquetes de funciona-mento do corpo, o Museu deMorfologia (MM) da UFGatende, às sextas-feiras, tur-mas de estudantes do Ensi-no Médio de escolas públicase particulares, com o objeti-vo de auxiliar no ensino deBiologia, com enfoque emAnatomofisiologia.

A iniciativa é do Insti-tuto de Ciências Biológicas(ICB), sob a responsabilida-de do Departamento de Mor-fologia (DMORF). As visitasao museu integram as ativi-dades dos projetos “A comu-nidade vai à UFG” e “Conhe-cendo a UFG”, que funcionamhá mais de dez anos.

Quando foi criado, em1975, o museu funcionavasomente como um acervo depreservação de coleções de

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esqueletos, peças anatômi-cas humanas e de animaisque figuravam como materi-al de reserva, para o atendi-mento dos cursos de gradu-ação da área de Biologia. Fo-

ram também incluídos nes-se acervo exemplares anatô-micos que apresentavam al-guma variação ou anomalia.

Após alguns anos, járeunido um conjunto signifi-cativo de peças, surgiu aidéia de abrir o museu paraa visitação da comunidade.Coleções das peças do mu-seu são mostradas tambémem exposições didáticas.Atualmente, os professoresPaulo Roberto de Souza, Fa-biana Ribeiro da Mata e JoãoRoberto da Mata estão à fren-te do projeto. A montagem,

manutenção e conservaçãodas peças são feitas por téc-nicos do ICB.

Segundo o coordenadordo MM, Paulo Roberto, as vi-sitas escolares do EnsinoMédio têm mostrado bonsresultados. “Muitas turmas,depois da primeira visita, re-tornam. A visita também aju-da os alunos a decidir sobrea sua profissão na área dasCiências Biológicas”.

Mas não só estudantesdo Ensino Médio visitam oMM. “Trazemos também osnossos alunos de primeiro

ano para cá. Assim, o quefalamos em sala de aula, po-demos reforçar mais aindaaqui”, explica a professoraFabiana Ribeiro da Mata, co-ordenadora do projeto “A co-munidade vai à UFG”.

Antes de entrar no mu-seu e ter contato com as pe-ças em exposição, os alunostêm uma palestra sobre con-duta e funcionamento domuseu, ética e respeito. Elestêm oportunidade de conhe-cer ainda todas as etapas donascimento humano, o fun-cionamento muscular, a dis-posição dos órgãos e os va-sos sanguíneos.

As palestras que ante-cedem a visita ao museu têmum cunho educativo. “Fala-mos sobre a dengue, porexemplo, explicando seussintomas através das peçasdo museu, o que facilita mui-to a compreensão, desper-tando para a prevenção”, es-clareceu o chefe do Departa-mento de Morfologia da UFG,João Roberto da Mata.

Com a expansão da Uni-versidade, o ICB ganhará umprédio exclusivo para estu-dos de anatomia, no qual onovo Museu de Morfologiafuncionará, com mais peçase mais recursos. O objetivodos professores do DMORF éampliar ainda mais o acessodas escolas, melhorandotambém o serviço de emprés-timos do museu: “Empresta-mos peças para feiras de ci-ências e outras atividadesescolares”, informa Fabiana.

Talvez o uso do quadro-negro na sala de aula estejade fato com os dias contados.Uma iniciativa adotada peloInstituto de Informática (INF)da UFG de mudar a metodolo-gia do ensino de disciplinasoferecidas no curso de Ciên-cias da Computação mostraque os métodos clássicos deensino já não trazem resulta-dos tão eficientes nas salasde aula, sobretudo se o con-teúdo é programação de com-putadores.

A mudança consiste nouso de um laboratório de Ta-blet, inaugurado neste semes-tre com capacidade para tur-mas de 20 alunos. No labora-tório utilizam-se notebooks esoftwares interativos paraaprimorar a forma de “anotar”as informações dadas peloprofessor em sala de aula. Éprevista, já a partir do próxi-mo semestre, uma expansãopara outros cursos além do deCiência da Computação.

Para o professor, nadade escrever na lousa: com ummouse em forma de caneta(mouse-pen), ele escreve as

informações diretamente natela do seu computador, queé sensível ao toque (touchs-creen). A imagem é transfe-rida em tempo real para to-dos os notebooks da sala, demodo que os alunos possamanotar observações, salvar oarquivo com as explicaçõesdo professor ou tirar dúvidascom outros colegas.

O sistema, denomina-do Tablet, baseado em umsoftware livre chamado Clas-srom presenter, desenvolvidona Universidade de Washing-ton em 2006, ainda permiteque o aluno envie para o pro-fessor as suas anotações edúvidas para serem corrigi-das. Se o professor desejar,ele ainda pode mostrar a dú-vida de um dos alunos paratodos em tempo real, fazer ob-servações, acrescentar dadose corrigir exercícios.

O que é interessantenesse processo de envio dedúvidas é que ele é feito deforma anônima: o professornão sabe qual aluno da salalhe enviou a pergunta. “Dessaforma, os alunos tímidos fi-

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Quadro-negro nunca mais? USO DE NOVAS TECNOLOGIAS EM SALA DE AULA FACILITA A APRENDIZAGEM E AJUDA NO ENSINO DE INFORMÁTICA

cam mais à vontade para tirardúvidas, já que acaba perden-do o medo de se manifestarem sala de aula”, afirma umdos coordenadores do labora-tório, Fábio Moreira Costa.

Início de tudo – A criaçãodo laboratório faz parte deum conjunto de equipamen-tos doados à UFG por um pro-grama internacional lançadoanualmente pela Hewlett-Packard (HP) chamado Tech-nology for Teaching, que visaapoiar a inovação tecnológi-ca voltada para a área daeducação e mudar a formacomo o ensino e a aprendi-zagem se desenvolvem. O pro-jeto é executado pelos pro-fessores Ana Paula Labois-sière Ambrósio e Fábio Mo-reira Costa. O INF ingressou

no programa em 2007 e foiuma das três instituiçõesbrasileiras selecionadas econtempladas com recursos.No total, foram cerca de R$115 mil, em equipamentos,auxílio de viagem e orçamen-to de custeio.

Atualmente o laborató-rio oferece nessa modalida-de a disciplina de Algoritmose Programação de Computa-dores para alunos de diver-sos cursos de graduação daUniversidade.

Alunos mais interessa-dos – Segundo o professorFábio, ainda é um poucocedo para avaliar as mudan-ças no ensino e na aprendi-zagem geradas pelo uso doTablet em sala de aula, masafirma que os alunos em ge-

ral responderam positiva-mente ao uso da plataforma.“Tenho observado que o alu-no em sala de aula tem maisinteresse, sai menos, o ní-vel de freqüência é bom e amonitoria extraclasse tam-bém tem uma freqüênciaboa. Porém, como o compu-tador dos alunos está conec-tado à internet, o fator dis-tração ainda existe. De vezem quando alguém chama ogaroto no MSN e ele vai me-xer com outras coisas. Nes-se caso, a cobrança dos co-legas nos ajuda um poucoporque a maioria dos exercí-cios que passamos em salaé em grupo”, afirma Fábio.

O laboratório de Tabletprima por usar uma metodo-logia híbrida baseada na prá-tica do ensino clássico e deoutra prática denominadaPBL, que em português signi-fica “Aprendizado Baseado emProblemas”. Nessa metodolo-gia, os alunos são expostosaos problemas propostos peloprofessor e à partir daí, procu-ram soluções que, posterior-mente, são revistas e corrigi-das para que o conteúdo sejacompreendido de forma maiscompleta. O objetivo é deixaro aluno mais livre para pes-quisar sobre o problema, as-sumindo um papel mais ativona aprendizagem de programa-ção computacional.

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raProjeto de destaquena extensão promovevisitas escolares aoMuseu de Morfologiada UFG, que ajudamno aprendizado dealunos de Biologia doEnsino Médio

A intensão dos professores que atuam no museu é aproximá-loainda mais da comunidade

Os notebooks auxiliam os estudantes durante as aulas

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6 EXTENSÃO Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

acuíra Félix Sabinosempre sonhou es-tudar em uma uni-

versidade pública. Mas,como o seu ordenado de umsalário mínimo não permi-tia pagar um cursinho pré-vestibular por três anos,concorreu a uma vaga naUniversidade Federal deGoiás (UFG) estudando so-zinha em casa. Sempre eraclassificada para a 2ª fase,porém não conseguia aaprovação final. No ano pas-sado, soube do projeto Co-munidade Faz Arte Vestibu-lares e fez sua inscriçãopara ter um acompanha-mento com os professoresdo projeto.

O Faz Arte existe des-de 2005, mas só em 2007tornou-se um projeto deextensão da Faculdade deCiências Humanas e Filo-sofia (FCHF) da UFG. Deacordo com o coordenadordo projeto, Roberto CunhaAlves de Lima, o objetivoprincipal é ajudar pessoascom menor poder aquisiti-vo, principalmente as quemoram nas imediações doCâmpus II da UFG, a in-gressar nas universidadespúblicas e afirma que asações do projeto estão cen-

A arte de um sonhoCOMUNIDADE FAZ ARTE VESTIBULARES TEMO OBJETIVO DE AJUDAR PESSOAS COMMENOR PODER AQUISITIVO A INGRESSAR EMUMA UNIVERSIDADE PÚBLICA

tradas na discussão sobrea democratização do ensi-no superior. De acordocom o professor, o envolvi-mento da comunidade como projeto foi algo bastantesatisfatório e afirma que,na verdade, a força motrizdo projeto são os alunos dauniversidade que partici-pam dele.

O cursinho funcionasem sede própria. No anopassado as aulas eram da-das no Colégio EstadualWaldemar Mundim, locali-zado no Conjunto Itatiaia,que cedeu ao projeto duassalas, no período noturno.Este ano, as aulas começa-ram no dia 12 de maio e sãoministradas em duas salasdo curso de Ciências Soci-ais da UFG, com 50 alunosem cada turma.

Os alunos estudam desegunda à sexta-feira das19h às 22h30 e, às vezes,são oferecidas revisões deconteúdos aos sábados demanhã. Vacuíra conta queteve de correr contra o re-lógio para conseguir estu-dar. Chegava do trabalho,cuidava dos três filhos e ti-nha de ser bem rápida paranão chegar atrasada à es-cola. Diz que recebeu apoiode sua família e de seusamigos, que sempre aposta-

ram no seu bom desempe-nho e na sua aprovação, queocorreu este ano, para ocurso de História no perío-do noturno.

A demanda da comuni-dade pelas aulas do cursi-nho é grande. Leandro Al-meida, aluno de CiênciasSociais e um dos professo-res, informa que, em 2005foram 200 pessoas à procu-ra do projeto, em 2007, qua-se 300 e, em 2008, foram206 inscritos. Devido às di-ficuldades de espaço físico,no ano passado, os coorde-nadores fizeram um sorteiode vagas. Inicialmente,chamaram 80 pessoas e,por causa da evasão, queLeandro afirma ser conside-rável, foram chamadosmais 30 que estavam na lis-ta de espera.

As apostilas que os alu-nos recebem são cedidaspela UFG e os professores docursinho são os própriosalunos da universidade,contando também com a co-laboração de alguns alunosda Universidade Estadualde Goiás (UEG) que se iden-tificaram com o projeto.Fernando Viana, aluno deHistória é também um dosprofessores do cursinho ediz que o projeto pode serchamado de “cursinho mi-

litante”, já que o propósitoé tornar universal o aces-so ao ensino superior. Eleafirma que uma das manei-ras é mudar o perfil de quementra na universidade, dan-do plenas chances aos quesão de camadas popularesde concorrer a vagas.

Leandro e Fernandocomemoram o andamentodo projeto. Foram cincoaprovados em 2005 e em2007, foram sete aprova-dos, sendo cinco alunas naUFG, uma na UEG e umano Centro Federal de Edu-cação Tecnológica (CE-FET). Ambos afirmam queo diferencial do projeto é atentativa de as aulas fu-girem do conteúdo ma-çante do vestibular. Paraisso foi criada uma maté-ria chamada Espaço eMovimento, na qual a so-ciedade é estudada comoum todo. Com essa novamatéria, de acordo comFernando, discute-se comos alunos desde planeja-mento urbano até temasda antropologia.

Além do cursinho, oFaz Arte promove algumasatividades culturais junta-mente com outros proje-tos. No fim do ano passado,houve apresentações mu-sicais, peças teatrais e

discussões sobre meio am-biente com crianças quemoram próximos ao Câm-pus II, em parceria com oprojeto Pezinho de Jatobá.Foi promovida tambémuma semana interdiscipli-nar com os alunos do Co-légio Waldemar Mundim,foram oferecidas oficinasde rádio livre e artes cir-censes. Ainda no colégioestadual, em parceria como projeto de extensão Mag-nífica Mundi, houve algu-mas atividades para produ-ção de audiovisual.

Enquanto Vacuíra ali-menta expectativas com afaculdade, o coordenadordo projeto diz que o mo-mento é de fazer balanço.“Pensar no futuro, para verse ele continua com omesmo formato. Temos dedemocratizar o ingresso noensino superior e o FazArte vai lutar para issoacontecer aqui na UFG”,afirma Roberto. Vacuíra dizque quer aproveitar ao má-ximo o que a universidadetem a oferecer. Não vai serfácil, ela afirma, pelo fatode ser mãe e trabalhar odia todo, mas isso não aabala. “Meu grande sonhosempre foi estar aqui, nãovou desistir na primeiradificuldade”, finaliza.

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7VIDA ACADÊMICA Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Ana Paula Vieira

riada em 12 de ou-tubro de 1945, comoFaculdade de Far-

mácia e Odontologia deGoiás, a Faculdade deOdontologia (FO) foi umadas unidades fundadorasda Universidade Federal deGoiás (UFG), incorporando-se a ela em 1960. Atual-mente dispõe de um quadrodocente de 52 professores,34 deles doutores, 15 mes-tres e três especialistas,além de 42 técnicos-admi-nistrativos. A cada ano ofe-rece 60 vagas no processoseletivo da UFG.

Localizada no CâmpusColemar Natal e Silva(Câmpus I), a unidade di-vide uma área de 7.931,55m² com a Faculdade de Far-mácia. A FO dispõe de setelaboratórios – de Escultu-ra e oclusão, Materiaisdentários, Radiologia, Mi-croscopia, Patologia, Próte-se e Multifuncional – queatende disciplinas comoPrótese, Dentística e Orto-dontia. A unidade tem ain-da quatro ambulatórios,três destinados à gradua-ção, com 33 consultóriosodontológicos cada um, eoutro destinado à pós-gra-duação, com mais 14 ca-deiras para atendimento.

Como explica o diretorda unidade, Gersinei Car-los de Freitas, os atendi-mentos em cada um des-ses mais de cem lugares,são feitos a quatro mãos.Dois alunos trabalham emequipe durante as discipli-nas, em sistema de rodízionas funções de operadorprincipal e auxiliar, sem-

Ensino e prestação de serviçoATIVIDADES ACADÊMICAS NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA GARANTEM QUALIDADE DAFORMAÇÃO PROFISSIONAL E ASSISTÊNCIA À SAÚDE BUCAL DA COMUNIDADE

pre supervisionados por umprofessor. Desse modo, naFO, o ensino integra-se àprestação de serviços: “Parafazer bem o ensino de Odon-tologia nós precisamos depacientes”, ressaltou Gersi-nei. Por meio de um convê-nio com o Sistema Único deSaúde (SUS), a faculdaderecebe os interessados nostratamentos, faz uma tria-gem e convoca-os de acordocom as necessidades dasdisciplinas.

De acordo com Gersi-nei, aproximadamentequatro mil pacientes sãoatendidos por ano na FO.Hoje, cerca de 300 pesso-as aguardam sua vez nafila. São realizados proce-dimentos básicos, comohigienização e controle deplaca bacteriana, até tra-tamentos mais comple-xos, como prótese, im-plante, tratamento de ca-nal, que obedecem a umalógica didática: “Há umaordem crescente de com-plexidade, por isso muitaspessoas não entendem ademora que por vezesocorre”, argumentou o di-retor da FO.

Os atendimentos, rea-lizados em disciplinas dediferentes especialidades,capacitam o aluno de gra-duação em Odontologia daUFG a desenvolver, quan-do formado, qualquer umadas áreas que estudou.“Ele sai com formação ge-neralista, humanística etécnica, um clínico geral.Depois, se sentir neces-sidade, pode fazer umapós-graduação, uma ten-dência da área da Saúdeno mundo inteiro”, desta-

ca Gersinei. Segundo in-forma o diretor, na FO agraduação quase não so-fre desistências. “Temosa sorte de ter uma clien-tela muito fiel, compostade alunos participativos eculturalmente evoluídos”,afirmou. Em 2006 houve aimplantação do novo currí-culo no curso, que, de acor-do com Gersinei, amplioua formação cultural do alu-no, tornando o ensino maishumanístico.

Pós-graduação e exten-são – A FO oferece aindacinco cursos de especiali-zação, em Prótese Dentá-ria, Implantodontia, Orto-dontia, Saúde coletiva emOdontologia e Odontopedi-atria e um curso de mes-trado com área de concen-tração em Clínica Odonto-lógica.

Atualmente a FO temsete projetos de extensãocadastrados na Pró-Reito-ria de Extensão e Cultura(Proec), alguns deles con-siderados cursos de aper-feiçoamento, em áreascomo dentística, estética,endodontia, já que tem car-ga horária menor que umaespecialização. Segundo odiretor da unidade, elessão um complemento dagraduação: “O aluno queintegra esses projetos saimais bem formado, porqueàs vezes teve a oportuni-dade de ver apenas umcaso na graduação, e noaperfeiçoamento tem opor-tunidade de ver vários ca-sos na mesma área”.

Saúde bucal – O CentroGoiano de Doenças da

Boca (CGDB) foi criado, naFO, em 1997, por iniciati-va de alguns professoresdas áreas de Patologia, Es-tomatologia e Radiologia,todos com formação em Di-agnóstico Bucal, com opropósito de pesquisar ediagnosticar e tratar aslesões da boca e manifes-tações bucais de doençassistêmicas/infecto-con-tagiosas e o câncer bucal.O centro atende de segun-da a sexta-feira, por meiode agendamento feito portelefone.

De acordo com o coor-denador do centro, Elis-mauro de Mendonça, alémda equipe altamente capa-citada, formada por douto-res na área, o CGDB aindase destaca por ter o únicolaboratório especializadoem Patologia Bucal da re-gião Centro-Oeste, habili-tado a realizar examesanatomopatológicos peloSUS e também pela redeprivada, com um customais acessível para a po-pulação.

O CGDB func ionacom a participação de alu-nos da graduação (esco-lhidos por meio de um pro-cesso seletivo) e da pós-graduação, já que uma desuas funções é o aprimo-ramento do ensino nes-ses dois níveis, além dapreocupação com a saúdeda população. “O CGDB émais um cenário de prá-tica que tem proporciona-do um diferencial na for-mação do cirurgião-den-tista graduado na UFG”,destacou Elismauro.

Segundo o diretor daFO, o CGDB prima pelo diag-

nóstico precoce. Certas le-sões são identificadas e po-dem ser tratadas no própriocentro, mesmo no caso dealguns tipos de câncer, seestiverem em estágio inici-al; do contrário, eles são en-caminhados para o localadequado. “Muitas vezes opaciente vem com uma in-flamação achando que édoença grave, e trata-sede uma simples falta dehigienização, aí nós o ori-entamos”, afirmou Gersi-nei. Essa confusão se dápor um fator destacadopelo professor Elismaurocomo um dos motivadoresda criação do CGDB: “Apopulação carecia dos co-nhecimentos do profissio-nal da área de diagnósti-co, pois a maior ia deladesconhece que o profis-sional responsável pelaprevenção, diagnóstico etratamento das doençasda boca é o Estomatologis-ta, uma especialidade daOdontologia”.

Nas três últimas edi-ções do Exame de Desem-penho dos Estudantes(Enade) a FO obteve notamáxima. Agora a unidadeaguarda o resultado daavaliação feita em 2007:“Não queremos perder co-locações”, avisa o professorGersinei. Em 2004, a fa-culdade integrou o rankingdas dez melhores do país.Seu atual diretor atribuia qualidade da FO ao seucorpo docente: “O maiordestaque da unidade é onosso corpo docente alta-mente capacitado, espe-cializado, qualificado. Éisso que enaltece nossocurso”, elogiou.

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8 UNIVERSIDADE Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

A Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado deGoiás (Fapeg) lançou, nomês de junho, três editaispara seleção de projetos depesquisa. As categoriascontempladas são “Áreasestratégicas”, “Gênero” e“Raça e etnia” e os recur-sos, que variam de R$ 15mil a R$ 50 mil, conforme oedital, serão distribuídosentre pesquisadores mes-tres e/ou doutores, vincu-lados a instituição públicaou privada sem fins lucra-tivos, de educação superi-or, pesquisa ou extensão,que integrem a rede cre-denciada pela Fapeg.

Neste mês de julho,e em parceria com o CNPq,outro edital foi lançadopela Fapeg. Dessa vez, osrecursos somam R$ 500mil e serão distribuídos de

A instalação de fibrasópticas da Rede Metropoli-tana de Goiânia (Metro-Gyn) estará concluída atéo final do mês de julho.Após o término, serão rea-l izados testes e ajustesnecessários para que arede seja interligada àsRedes Comunitárias deEducação e Pesquisa (Re-decomep).

No final de junho, ha-via 52 km de fibra instala-dos de um total de aproxi-madamente 85 km. A redefoi aumentada para aten-der a demanda de parcei-ros da UFG no projeto,como o estado de Goiás e aprefeitura de Goiânia. Noprojeto original, a redemetropolitana teria 65 km.

A Redecomep é admi-nistrada pela Financiado-ra de Estudos e Projetos doMinistério da Ciência eTecnologia (Finep) e tem a

Em conclusão a rede óptica para pesquisa

meta de promover a im-plantação de redes metro-politanas comunitáriasem todo o país. No total são26 cidades contempladas eo projeto inclui, em parce-ria com instituições de

pesquisa e educação supe-rior, a construção de umainfra-estrutura de fibrasópticas, equipamentospara a rede e gestão admi-nistrativa de projetos decada rede metropolitana.

Fapeg lança editais parafomento a pesquisas

acordo com o número depesquisas selecionadas.Podem se candidatar dou-tores com experiência emciência, tecnologia e inova-ção. As inscrições vão atéo dia 27 de agosto pela in-ternet. A Fapeg distribuiráaté 28 bolsas de até trêsanos cada, divididas entreas vertentes de regionali-zação e interiorização. Acategoria “regionalização”caracteriza-se pela atraçãode doutores de outros es-tados e a categoria “inte-riorização” pretende atrairdoutores para microrregi-ões de baixo desenvolvi-mento científico e tecnoló-gico fora da área metropo-litana de Goiânia.

Mais informações nosite www.fapeg.go.gov.brou pelo telefone (62)3201-8081.

Thalízia de Souza

Hospital das Clínicas(HC) da UFG inaugu-rou, em junho, um

moderno aparelho deultra-som de mama, utili-zado como exame comple-mentar à mamografia. Oequipamento foi instaladono espaço destinado aoPrograma de Mastologia doHC, que atende mulherescom suspeita ou em trata-mento de câncer de mama.O aparelho foi adquiridocom recursos da campa-nha “Um Beijo pela Vida”,do Instituto Avon.

Com o projeto, intitu-lado “Agentes comunitá-rios de saúde e revedendo-ras da Avon: parceria naprevenção e detecção pre-coce do câncer de mamaem Goiânia”, o Programade Mastologia do HC con-quistou o prêmio da cam-panha do Instituto Avon2007 e foi contempladocom R$ 160 mil. Com esserecurso, foram adquiridoso aparelho de ultra-som, novalor de R$ 80 mil, compu-tadores, impressoras, umnegatoscópio e, ainda, foi

Parceria com o InstitutoAvon amplia acesso demulheres ao exame deultra-som da mama,importante para odiagnóstico precoce docâncer mamário

HC inaugura equipamento de ultra-sonografiapossível fazer a adequaçãodo espaço físico da sala deultrassonografia do Progra-ma de Mastologia do HC.

Trata-se de um mode-lo Noemio XG, para a reali-zação de exames de ultra-sonografia e ecografia digi-tal com doppler e tambémultra-som transvaginal e deabdômen. Segundo o mas-tologista Régis ResendePaulinelli, o aparelho pro-porcionará mais benefíciosao tratamento das pacien-

tes, pois o exame poderá serrealizado no momento daconsulta, reduzindo o tem-po de espera para o diag-nóstico da doença. Tambémserá possível aumentar onúmero de atendimentosque atualmente agenda de20 a 30 exames por sema-na no HC.

O câncer de mama é osegundo tipo de câncermais freqüente no mundo

e uma das principais cau-sas de morte de mulheres.Estimativa do Instituto Na-cional do Câncer (Inca) doMinistério da Saúde prevêo aparecimento de quase50 mil novos casos de cân-cer de mama por ano noBrasil. Desses, mais de50% são detectados em es-tádios avançados (III e IV),ou seja, quando as chan-ces de cura são bastantereduzidas, o que coloca oBrasil entre os países comas mais altas taxas demortalidade pela doença.

Esses números pode-riam ser muito diferentes,caso a doença fosse diag-nosticada e tratada preco-cemente, quando as chan-ces de cura chegam a 98%.Para isso, o Ministério daSaúde recomenda o exameclínico anual das mamas

para mulheres a partir de40 anos.

Inauguração – A inaugura-ção do aparelho de ultra-some a solenidade de entrega doprêmio foram realizadas nodia 6 de junho, antes do iní-cio do I Seminário sobreCâncer de Mama em Goiâ-nia: Avanços e Desafios,promovido pelo Programa deMastologia, com o apoio daPró-Reitoria de Extensão eCultura (Proec) da UFG e doInstituto Avon.

Na ocasião, o diretorexecutivo do InstitutoAvon, Lírio Cipriani, fez aentrega do cheque simbó-l ico ao reitor da UFG,Edward Madureira Brasil.Estiveram presentes naentrega o coordenador doPrograma de Mastologia,Ruffo de Freitas Júnior; o

chefe do Depar-tamento de Gi-necologia e Obs-tetrícia, Rui Gil-berto Ferre ira;o diretor- geraldo HC, José Gar-cia Neto, além deresidentes eacadêmicos docurso de Medici-na e revendedo-ras da Avon.

“Desde mar-ço de 2003, o Ins-tituto Avon traba-lha em parceriacom a rede públi-ca, apoiando pro-jetos em todo o

país que buscam garantira mulheres o acesso aotratamento da doença”,afirma Lírio Cipriani, di-retor executivo do Insti-tuto Avon. O re i torEdward Madureira Brasilagradeceu ao Inst i tutoAvon por acreditar na UFGe disse que essa é umaimportante conquista daUniversidade, sempre pre-ocupada em cumprir “seupapel social”.

Para o coordenador doPrograma de Mastologia doHC, Ruffo de Freitas Júni-or, a parceria com o Insti-tuto Avon tem sido oportu-na. Graça a ela, o HC podemelhorar a qualidade doatendimento à populaçãofacilitando o acesso de mu-lheres aos exames damama pela rede pública desaúde.

Novo aparelho amplia númerode atendimentos

José Garcia Neto, diretor do HC; Edward Brasil, reitor da UFG; Nilza Alvese Jacqueline Lima (FEN); Lírio Cipriane, diretor-executivo do Instituto Avon;Marcelo Medeiros, diretor da FEN; Ruffo de Freitas Júnior, coordenador do

Programa de Mastologia do HC, e Maria Cláudia Honorato, diretora doDepartamento de Rede Básica de Goiânia

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9Goiânia, julho de 2008Jornal UFG PESQUISA

Lutiane Portilho

m termos mundiais,o Brasil situa-se en-tre os países de des-

taque no que se refere aoconhecimento em tecnolo-gia do concreto, além de suaaplicação como materialbásico da construção civil.Tendo essa idéia comobase, a Escola de Engenha-ria Civil (EEC) da Universi-dade Federal de Goiás (UFG)desenvolve uma série deprojetos nessa área.

Um desses projetos éo “Avaliação da durabilida-de de estruturas de con-creto para geração de ener-gia eólica em ambiente deelevada agressividade”,coordenado pelo professorOswaldo Cascudo. A pes-quisa, que começou em se-tembro de 2007 e tem dura-ção de dois anos, é realiza-da em parceria com FurnasCentrais Elétricas. Trata-se de um investimento daordem de R$ 510 mil e visao desenvolvimento de con-cretos duráveis para se-rem utilizados na estrutu-ra das torres de energiaeólica do país, que estão,em sua grande maioria,nos litorais brasileiros. Oprofessor Oswaldo contaque essa pesquisa foi con-cebida porque as torres dosparques eólicos que exis-tem no Brasil tinham bai-xa durabilidade, devido aoambiente marinho, que éagressivo e leva à corrosãodas estruturas. “Nosso in-teresse é estudar concre-tos que apresentem pa-drões de durabilidade ca-pazes de resistir a essasações degenerativas” ex-plica o professor. O pro-jeto conta com a partici-pação de três alunos domestrado em Geotecnia e

Escola de EngenhariaCivil participa depesquisas nacionaisSEMINÁRIO INTERNACIONAL DISCUTE ESTUDOS NAÁREA DE DURABILIDADE E DESEMPENHO DASESTRUTURAS DE CONCRETO E DE COMPONENTESUTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL . PESQUISASINTEGRAM PROJETOS NACIONAIS SOBRETECNOLOGIA DE MATERIAIS

Construção Civil (Gecon)da UFG.

Outro projeto, nessamesma modalidade, é inti-tulado “Critérios de contro-le da qualidade para garan-tir a durabilidade do concre-to projetado” e também temparceria com Furnas/Ane-el. A pesquisa também écoordenada por OswaldoCascudo e tem como objeti-vo estabelecer critérios decontrole da qualidade doconcreto, avaliando o de-sempenho de uso de fibrasmetálicas nas construções.Concreto projetado é um tipode concreto muito usadoem barragens e revesti-mentos de túneis e o resul-tado esperado da pesquisa éum material aperfeiçoado,de maior resistência. É umestudo que foi iniciado emmaio deste ano e terá a du-ração de 18 meses, com umfinanciamento de aproxi-madamente R$ 385 mil. Otrabalho é realizado em Fur-nas e também nos labora-tórios da EEC da universi-dade.

Outra pesquisa de-senvolvida na Escola deEngenharia Civil da UFG é“O estudo da resistênciasuperficial em revesti-mentos de argamassa”,trabalho de mestrado deAmália Silva Alves, orien-tado pela professora Hele-na Carasek. Esse estudoestá vinculado ao Consór-cio Setorial para Inovaçãoem Tecnologia de Revesti-mentos de Argamassa(Consitra), juntamentecom a Universidade de SãoPaulo (USP) e o Sindicatoda Indústria da Constru-ção no Estado de São Pau-lo (Sinduscon). Ela estu-da alguns aspectos do de-sempenho de revest i -mentos de argamassa,principalmente a resis-tência superficial. Comesse estudo, o objetivo émelhorar a qualidade dosmateriais que são usados,hoje, no mercado. A arga-massa é um componentemuito utilizado em facha-das de edifícios e serve debase para outros materiais

de construção. Além disso,o material proporcionaconforto térmico, acústicoe dá estanqueidade à água.Sem esse revestimento, aestrutura corre o risco deter infiltração e desenvol-ver manchas e bolor. “Acontribuição maior é me-lhorar a qualidade dos re-vestimentos de argamassa,melhorar a qualidade do quese usa e dessa forma aten-der as exigências dos usu-ários”, explica Amália. Adissertação será apresenta-da à banca examinadoraem março de 2009.

Evento – Assuntos comoesses foram discutidos nodia 26 de junho em Goiâ-nia. Nessa data ocorreu oIII Seminário Internacio-nal sobre Durabilidade eDesempenho das Estrutu-ras de Concreto. O eventofoi organizado por FurnasCentrais Elétricas, por in-termédio de seu Departa-mento de Apoio e ControleTécnico (DCTC) e pela Es-cola de Engenharia Civil

da UFG, por intermédio doGecon.

Nessa terceira ediçãodo evento, reuniram-sevários pesquisadores daUniversidade de São Pau-lo (USP), da Universidadede Brasília (UnB) e da Uni-versidade Federal de San-ta Maria (UFSM). Estive-ram presentes ainda pes-quisadores internacio-nais, como Paulo Montei-ro, da Universidade da Ca-lifórnia (UCB/EUA) e Jean-Pierre Ollivier, do InstitutNational des Sciences Appli-quées ( INSA/Toulouse-França).

Foram discutidos di-versos temas, como os prin-cipais aspectos que interfe-rem na durabilidade de con-cretos, a vida útil dessematerial com adições mine-rais e as ações que podemser tomadas para aumentara durabilidade do concretoe de outros componentesutilizados em construçãocivil, com o objetivo de au-mentar a segurança das edi-ficações.

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Materiais utilizados no concreto, teste de resistividade elétrica e painel para estudo de revestimento deargamassa são alguns dos equipamentos e componentes de apoio às pesquisas da EEC

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10 MESA-REDONDA Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

A presença da imprensano Brasil determinou a his-tória desses 200 anos nopaís. Como se deu a implan-tação e a consolidação da im-prensa brasileira?

Rosana – A imprensa noBrasi l se consol ida de umamaneira muito di ferente daimprensa européia, por exem-plo. Desde o início, o Jorna-lismo na Europa começa coma preocupação da neutralida-de, da objetividade. No Brasilisso não acontece. A impren-sa foi instalada oficialmenteem 1808, com a vinda da Fa-mília Real. Atualmente tem-sequest ionado se antes dessadata existia ou não imprensano país. Houve então, um re-tardamento da implantação daimprensa no Brasil, que nãotinha esse caráter da impren-sa européia, não existia de-manda de mercado, não exis-tia essa preocupação com aneutralidade. A história daimprensa no Brasi l começacom a censura ou com o jor-nalismo opinativo. Até a dé-cada de 1950, mais ou menos,o nosso Jornalismo era opina-t ivo, o que está intr inseca-mente relacionado com a pró-pria história do país, com o re-tardamento da industrializa-ção no Brasil, com o capita-lismo que demorou a se ins-taurar aqui, com as relaçõespolíticas, econômicas, de po-der. Não há como pensar a his-tória da imprensa no Brasilsem pensar essas re laçõeshistóricas que o constituíram.

Reynaldo – É interessan-te avaliar também o efeito daexperiência pioneira do CorreioBraziliense, que foi o primeirojornal brasileiro, mas feito forado Brasil , em Londres. Issoconstituiu uma chama para quese desenvolvesse uma impren-sa que eu acho que avançou pormuito tempo, como disse Rosa-na, nessa esfera da opinião. Euaté chamaria de Jornalismo Li-terário, que está voltando ago-ra. Mas a evolução dos anos 50para cá é absolutamente fantás-tica. Hoje temos uma imprensamoderníssima, com essa multi-pl ic idade de mídias. Então,acho que essa experiência do

Não há como falar sobre a históriada imprensa no Brasil sem pensaras relações históricas queconstituíram nosso país. O primeirojornal brasileiro foi produzido noexterior. E o jornal oficial da Coroaera imprensa feita no Brasil paraatender aos interesses estrangeiros.A estrutura social mudoucompletamente, mas o Jornalismoainda depende muito de recursos financeiros do Estado, o queestabelece desafios importantes a serem enfrentados pela imprensa.As relações no mundo do trabalho são complexas e contraditórias e aatuação nele pede boa formação profissional nas universidades.Esses e outros temas foram debatidos pelos entrevistados da mesa-redonda que destaca os 200 anos de imprensa no Brasil e também os40 anos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação eBiblioteconomia (Facomb), com a participação de Ana Carolina RochaPessoa Temer, coordenadora do curso de Jornalismo da UFG; EdsonSpenthof, titular da Secretaria de Formação e Integração com asInstituições de Ensino Superior do Sindicato dos JornalistasProfissionais do Estado de Goiás e presidente do Fórum Nacional deProfessores de Jornalismo; Reynaldo Rocha, formado pela primeiraturma do curso de Jornalismo da UFG e âncora do programa Roda deEntrevista e Rosana Borges, professora de História da Imprensa docurso de Jornalismo da UFG.

Rosana Borges

Correio Braziliense foi funda-mental para a afirmação da im-prensa no Brasil.

Em que data foi isso?Rosana – Logo depois da

implantação da imprensa régia,com a Gazeta do Rio de Janei-ro, ainda em 1808. Existia umarestrição da Coroa para que o

Correio Braziliense circulasse noBrasil. Naquela época, era pre-ciso, além da aprovação do Con-selho Ultramarino, obter aprova-ção dos censores que não fica-vam no Brasil, mas em Portugal.Então o que o Correio fez: ele pu-blicava o jornal em Londres efazia duras críticas à Coroa Por-tuguesa. O jornal trazia algunstemas do Brasil, mas seu objeti-vo era enfraquecer mais ainda aCoroa Portuguesa, que já estavaenfraquecida por causa da fugada família real para o Brasil.

Edson – Diz-se que, naverdade, o Correio Braziliensefoi um jornal de brasileiros fei-to no exterior, enquanto o jor-nal oficial da Coroa era impren-sa estrangeira feita no Brasilpara atender os interesses atéentão estrangeiros, que eram osinteresses da Coroa Portugue-sa. Isso foi reconhecido agoraem forma de lei . Há algunsanos, a data comemorativa dodia da imprensa no Brasil dei-xou de ser 10 de setembro paraser em junho, um reconheci-mento à publicação do Correio

Braziliense, do Hipólito José daCosta.

Quem financiou o Cor-reio Braziliense na Europa?

Rosana – O próprio Hipó-lito, ele era riquíssimo. Comoele viu que não poderia publi-car no Brasil, foi para a Euro-pa e publicava lá, em inglês.

Reinaldo – Por isso é queaté hoje o Correio mantém o Bra-ziliense com “z”.

Rosana – E é interessan-te que, para combater o Correiolá, a Coroa criou um jornal aqui.E isso na época era comum. Porexemplo, aqui em Goiás houvea revista Informação Goiana, queé considerada um grande mar-co na nossa história. Só que elaera feita e publicada por goia-nos no Rio de Janeiro, que eramligados à Escola Mil i tar daPraia Vermelha. Henrique Sil-va e Americano do Brasil ti-nham uma preocupação com oostracismo em que Goiás se en-contrava. O estado era isolado,não tinha estrada de ferro, nãotinha reconhecimento, respei-to. Então, eles publicavam noRio de Janeiro essa revista, quetinha circulação nacional, econseguiram de várias manei-ras, contribuir na formação deum sentimento de identidadenacional, porque eles mostraramque o interior do Brasil tinhavida. Eu nunca li isso, mas te-nho uma hipótese de que a In-formação Goiana pode ter inspi-rado a Marcha para o Oeste, quevem logo em seguida. Forammuitos anos de dedicação, prin-cipalmente de Henrique Silva,para a divulgação de Goiás.

Ana Carolina – É louvávelessa ação do Correio Braziliense,temos de valorizar essa perspec-tiva da resistência. No entanto,o fato da imprensa ter chegadoao Brasil com a Coroa Portugue-sa também foi determinante nanossa história. Hoje, um momen-to em que a estrutura social mu-dou completamente, nosso Jor-nalismo ainda depende muito do

Estado, que é o grande anunci-ante, o grande financiador de ve-ículos de imprensa. E isso é tam-bém determinante na própria for-mação do jornalista. Temos hojecursos de Comunicação, o quenão era nossa tradição, antes nóstínhamos cursos de Jornalismo.O curso de Comunicação nascepor interesse do Estado, na pers-pectiva da Aliança para o Pro-gresso, patrocinada pelos Esta-dos Unidos, que queriam a for-mação de um profissional dife-renciado, mas que atendesse aomercado de trabalho. Isso inter-feriu no tipo de jornal que temoshoje. A história nos mostra paraonde estamos indo. Essa relação,quase viciada, em que o Estadopatrocina a imprensa nasce comD. João e, de alguma maneira,persiste até hoje.

Rosana – A imprensa estásendo reestruturada. Até o iní-cio do século XX, cada grupo ti-nha seu jornal e o debate políti-co-ideológico se dava nos jornais.E isso acontecia em várias esfe-ras: os protestantes tinham seujornal, daí surgia um jornal ca-tólico contra os protestantes,então vinham os anarquistascontra os católicos e os protes-tantes, e assim por diante. Aí,no início do século XX, quandoo jornal foi-se aproximando des-se modelo comercial, percebeu-se que era mais fácil compraruma opinião no jornal, ou patro-cinar de alguma forma um jor-nal, do que ter um jornal. Eramais barato, mais fácil. Então,esse “atrelamento” se dá histo-ricamente e é o que vemos hoje:o jornal é subsidiado pelo capi-tal privado ou pelo capital gover-namental.

Ana Carolina – A pers-pectiva não mudou, o que mu-dou foi o modo de operação. Émais sofisticado e mais difícilde ser controlado. Ainda são osgrandes grupos que querem dealguma maneira ter o controleda opinião pública, ou, na au-sência da possibilidade de con-trole, pelo menos a influência

na opinião pública e, para isso,usam estrategicamente os jor-nais. Só que estamos inseridosnesse processo, nós fazemos ojornal, então entramos aí comoparte, às vezes involuntária,desse processo. Está aí a im-portância da formação. Tudoque desejamos, a nossa manei-ra de ver o mundo e até a ma-neira como nós nos inserimosno processo, como participa-mos dessa negociação, depen-de de como somos formados.

Reynaldo – No começo dosanos 60, Goiás viveu uma expe-riência absolutamente ímpar,nesse sentido da relação do Es-tado com a população e a Comu-nicação, que foi o governo Mau-ro Borges, rigorosamente estati-zante embora desenvolvimentis-ta. Ele transformou o Diário Ofi-cial, em noticioso, que se cha-mava Diário de Goiás (DG). Elecriou também, ao mesmo tempo,a Agência Goiana de Propagan-da, ou seja, a verba de publici-dade ficava nas mãos do próprioEstado, no orçamento do entãoCerne, o Consórcio de Empresasde Radiodifusão e Notícias doEstado. A Rádio Brasil Centralfoi o embrião da TV Brasil Cen-tral de hoje. O DG teve vida re-lativamente curta, porque o Mau-ro também se sustentou poucono governo, com a chamada re-volução de 1964. Ele tinha sidoeleito em 60, assumiu em 61,apoiou a revolução no começomas entrou em atrito com os mi-litares e acabou sendo depos-to seis meses depois. A experi-ência foi embora e nunca maisse falou nisso. Mas acho que éum registro forte dessa relação,que tem um aspecto de promis-cuidade, entre o Estado e a Co-municação.

Quais foram os profis-sionais de Comunicação queajudaram Mauro Borges nes-se momento?

Reynaldo – Os intelectu-ais da época ficaram com ele.Nós não tínhamos curso de Co-

Jornalismo, poder e 200 ANOS DE IMPRENSA

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Por: Silvana Coleta, Silvânia Lima e Ana Paula Vieira

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11MESA-REDONDA Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Reynaldo Rocha

Edson Spenthof

Ana Carolina Temer

municação, então não tínhamosjornalistas profissionais. Nor-malmente, eram bacharéis emDireito, que gostavam de escre-ver e viravam jornalistas. Umdos idealizadores do projeto estána ativa até hoje, é o Jávier Go-dinho, que está no Diário da Ma-nhã. Fernando Cunha, que nãoera jornalista, é advogado tam-bém, hoje é secretário de Arti-culação Política do governo deGoiás. Foi ele que comandouessa verdadeira revolução na co-municação oficial. Para editar ojornal trouxeram o jornalista Elo-ísio Rodrigues da Silva, do Esta-do de S. Paulo, que era goiano.

Vamos ao papel da im-prensa hoje. A sociedade co-nhece alguns momentos daparticipação marcante da im-prensa, principalmente emquestões políticas, como, porexemplo, o impeachment doCollor e alguns casos poli-ciais de comoção nacional.A imprensa cumpriu e temcumprido o seu papel de in-formar e de formar ou é somen-te nesses momentos que con-segue envolver a sociedade?

Ana Carolina – É impor-tante ver que a imprensa estáem diálogo com a sociedade.Portanto, sendo diálogo, elapode estar na vanguarda ou naretaguarda. Mas, qualquer queseja essa postura é evidente quea imprensa cumpriu um papelimportante. Toda essa perspec-tiva de abertura política, de re-democratização, passa, sim,por ações que estiveram dentroda imprensa nacional. Mas émuito cobrar que a imprensaseja o carro-chefe de todas astransformações. É muito difícil,

para o próprio jornalista, paraas empresas de comunicação,essa idéia de total ruptura, deestar tão à frente que seja algofora da sociedade. E aí entramtodas as contradições da im-prensa: ter um compromissosocial, dentro de uma empresaprivada, quer dizer, o interes-se privado e o interesse públi-co em permanente conflito; apostura do jornalista, que é umprestador de serviço ao público,mas que tem de ganhar dinhei-ro para sobreviver e, portanto,

muitas vezes tem de seguir a li-nha editorial de um jornal comque ele não concorda. Aí está aperspectiva de contradição e aprópria perspectiva do curso deJornalismo, que tem de formartécnicos que sejam humanistas.Então, o jornalista talvez seja osímbolo de todas as contradi-ções, querer tudo num ambien-te que às vezes não é favorávele estar o tempo todo negocian-do essa realidade.

Isso prejudica a identi-dade da profissão e um maiorreconhecimento por parte daacademia?

Ana Carolina – A academiaestá sendo forçada a reconhecero Jornalismo. Eu trabalho maisna perspectiva de Ciências daComunicação, como um todo,pelo impacto que as mídias es-tão causando na vida real. Hámuito tempo deixaram de exis-tir as revoluções que queriam to-mar o palácio do governo. Hojeas revoluções querem tomar a rá-dio, a tv, então isso mostra a im-portância política dos processoscomunicativos. Não dá para ne-gar, é doloroso, às vezes, paraas Ciências Sociais, para a An-tropologia, para a História, ouseja lá qual for a Ciência Social,verificar a importância da Comu-nicação. Hoje, começamos aquestionar os métodos delas, eesse caminho difícil gerou umanecessidade de união. Houve en-tre os pesquisadores e estudio-sos da Comunicação, uma neces-sidade de se unir para sobrevi-ver. Mas acho que estamos al-cançando hoje uma situação que,se não chega a ser ideal, já é dealgum conforto. Talvez isso sejafruto de o jornalista ser movidopor ideais.

Edson – De fato, ainda háum fosso entre o mundo pro-fissional e a academia. E a res-ponsabilidade por esse fosso estános dois lados, está na falta depredisposição para o diálogo. Oscursos de Jornalismo dialogampouco com o mundo profissionale com o mundo empresarial e ocontrário também ocorre. Du-rante um bom tempo, com o sur-gimento das escolas de Comu-nicação, os cursos foram gene-ralistas demais, centrados noideal de formação de um pro-fissional polivalente, que nãofunciona no mercado, até por-que a sociedade exige do jorna-lista que ele não confunda seutrabalho com publicidade. Issotem de estar refletido nos cur-sos de Jornalismo, o que já estáocorrendo. Já se instituiu emescolas de todo o Brasil umadisciplina chamada Teorias doJornalismo e não só Teorias daComunicação. E também come-ça a se perder, graças às novasteorias focadas no Jornalismo,o complexo de que “nós não so-mos ciência, então nós não so-mos nada”. Não somos efetiva-mente ciência, jornalista nãofaz ciência, mas ele é um pro-dutor de conhecimento, do co-nhecimento da atualidade, dadinâmica viva da sociedade. Esseconflito começa a ser resolvido

agora, porém ainda precisa ha-ver muito mais diálogo. O jorna-lista é um mediador da realida-de social e produtor de conheci-mento, um conhecimento dife-rente e não inferior. E não hásociedade contemporânea quepossa abrir mão desse conheci-mento jornalístico.

Ana Carolina – É precisodeixar de separar a teoria daprática como se fossem gran-des oposições. A teoria é a re-flexão sobre a prática, então oJornalismo começa a ter a suateoria, quando jornalistas oupessoas com alguma capacida-de intelectual próxima, de al-guma maneira ao Jornalismo,começam a refletir sobre suaprática. Então o Jornalismo, namedida em que começa a refle-tir sobre o próprio trabalho, estáteorizando em vários momentos.O jornalista dentro da redação,quando se preocupa se o que vaifazer é bom ou ruim, de algumamaneira está teorizando. O quea academia deve fazer é trazerpara si esse conhecimento e, apartir dessa lógica filosófica, deprodução de conhecimento ci-entífico, fazer uma reflexão ain-da mais profunda sobre essaprodução.

Edson – Durante muitotempo, alguns pesquisadoresdisseram que fomos colonizadospor outras áreas e hoje os estu-dantes de Jornalismo dizemque são colonizados pela Comu-nicação, tentando criar umaárea, que é comum, em termos

das grandes áreas do conheci-mento, mas que tem especifici-dades que a sociedade aindaexige que sejam respeitadas.Vem daí o movimento da recu-peração da auto-estima e a ne-cessidade de nos colocarmoscomo objeto do nosso próprioconhecimento. A part ir daí ,rompemos um pouco esse fossopara com o mercado de traba-lho, com as empresas. Não so-mos inferiores à Ciência. Faze-mos outra coisa, de igual im-portância para a sociedade. Sóprecisamos criar os mecanis-mos, é por aí o caminho, paraacelerar esse estreitamento como mundo do trabalho.

Reynaldo – Como estou dolado de fora, não sei se sereijusto, mas acho que a universi-

dade provocou mais esse fosso.Eu, por exemplo, tenho a ex-periência de ter sido formadoaqui. O curso tem 40 anos e sóagora é que estou vendo a uni-versidade se movimentar nosentido de se abrir para a soci-edade e para o próprio meio

onde estão atuando os profis-sionais. Percebendo agora,finalmente, uma preocupação dauniversidade, uma sensibilizaçãonova para isso. Temos de ter pon-tos convergentes: a teoria com aprática, a academia com a socie-dade. O papel da universidade éfundamental e ele estava sendonegligenciado.

Reynaldo, você é forma-do pela primeira turma deJornalismo da UFG, que estácompletando 40 anos. Queparalelo você faz entre a for-mação que você recebeu e aformação de hoje, baseando-se na convivência com pro-fissionais e estudantes?

Reynaldo – Tenho umavisão muito positiva dessa in-teração que já tive e tenho coma universidade, principalmen-te com os estagiários. Foram be-las e agradáveis surpresas.Num primeiro momento, haviamais a vocação para ser jorna-lista. Hoje, já vejo um outro lado,parece que mudou um pouco acabeça das pessoas. A prepara-ção não é tão boa, falta um em-basamento cultural maior, é pre-ciso conhecer um pouco de Po-lítica, de Sociologia, de Histó-ria e cuidar bem da nossa lín-gua, um aspecto que anda mui-to ruim. Mas sempre defendiessa política de integração dosveículos com a universidade,sobretudo a prática dos estagi-ários, que pode ajudar muito einfluenciar positivamente naformação final.

Rosana – Esse problemaentre a teoria e a prática é anti-go. Durante muito tempo, os cur-sos de Comunicação no Brasil fo-ram teóricos, tiveram uma apro-ximação muito grande com a te-oria, de certa forma, dissociando-se da prática. E com o foco nateoria, a pessoa fazia Jornalis-mo, aprendia uma série de coi-sas, e desenvolvia uma leituramuito crítica dos meios de comu-

nicação. Talvez tenha faltado,nessa época, a própria equipedocente, porque o curso surgeapoiado em professores das Ci-ências Humanas.

Reynaldo – Na verdade ocurso que eu fiz foi mais ou me-nos mantido por professores doInstituto de Ciências Humanase Letras – ICHL. Mas, mesmoassim, eu rendo graças até hojepor ter feito o curso, porque meajudou muito. Complementou aminha formação. Eu já estuda-va Direito, tinha um pouco deconhecimento da questão jurí-dica, associei uma coisa comoutra, acabei saindo, acreditoeu, um profissional mais ou me-nos bem formado.

Como é que anda o pro-blema do diploma do jorna-lista?

Edson – Temos um fatorpositivo que é, dos anos 50 paracá, a profissionalização do Jor-nalismo. E uma coisa que achoimportante, e que é polêmica,reconheço, mas se firmou noBrasil, em razão dessa profis-sionalização, é a necessidadeda formação superior, por maisdeficiências que tenha. Não po-demos confundir exceção e re-gra. A exceção de pessoas quesão ótimos jornalistas, ou queforam a vida toda ótimos jorna-listas mesmo sem ter diploma,com aqueles que passam pelaacademia e têm o primeiro con-tato com a profissão dentro daacademia. Isso é, ao contrário doque se diz, fator de democracia,porque o raciocínio que eu achoque é correto estabelecer é o se-guinte: todo cidadão brasileirotem direito de ser jornalista.Tem. Mas há regras. A primeiraregra é: ingressar num curso su-perior. E nesse direito todos sãoiguais. Quer dizer, então, que to-dos os brasileiros podem ser jor-nalistas, desde que se submetama essa regra básica. E é tambémdemocrático, porque a institui-ção de ensino, mesmo que sejaexercida sob regime jurídico pri-vado, exerce uma função públi-ca, é um serviço concedido peloEstado. Se isso está ruim, a so-ciedade precisa redefinir o en-sino. Talvez sejamos modelo. Dequalquer forma, na minha opi-nião, isso está funcionando mui-to bem. No Brasil, isso valorizaa atividade. Ao contrário do queos empresários pensam, isso osprotege, dá mais garantias a elestambém. Como está hoje a situa-ção no plano jurídico: as empre-sas continuam combatendo e ago-ra está suspenso o diploma, estápara ser julgado de novo no Su-premo Tribunal Federal. A Fe-deração dos Jornalistas está semovimentando em torno dessefato. O problema seria se nãohouvesse regra democrática ne-nhuma de acesso a esse diplo-ma. Mas no Brasil há, como ocor-re nas outras profissões. Da mes-ma forma, há a questão do Con-selho Federal de Jornalistas, as-sociada a isso. Todas as profis-sões têm seus órgãos regulado-res. E os jornalistas são, salvoengano, a única profissão de ní-vel superior que está impedida,por um lobby fortíssimo das em-presas de comunicação, de re-gular, de fiscalizar a sua profis-são. O péssimo jornalista nãopode ser cassado hoje, a menosque cometa crime enquadrado emCódigo Civil ou Código Penal. OConselho, vale lembrar, foi umaproposta da Federação Nacionaldos Jornalistas discutida emtodo o país.

formação profissional

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12 MESA-REDONDA Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

XXIII Encontro daAssociação de Pós-graduação em Letras

e Lingüística (Enanpoll), re-alizado de 2 a 4 de julho, que-brou a rotina do Câmpus Sa-mambaia da Universidade Fe-deral de Goiás. Os mais de 700participantes do evento deramnova dinâmica aos espaços daFaculdade de Letras e do Cen-tro de Aulas, onde estiveramreunidos, 32 Grupos de Tra-balho (GTs) da Anpoll.

O tema central “Produ-ção do conhecimento em Le-tras e Lingüística: identida-de, impacto e visibilidade” foiamplamente discutido emmesas-redondas bastante di-versificadas. Novos rumosda pesquisa e da pós-gradu-ação, fomento, qualidade daprodução e difusão do co-nhecimento foram algunsdos subtemas que instiga-ram os participantes. Para-lelamente, a programaçãoofereceu momentos de lazere descontração, com apre-

Letras e lingüística em destaque na UFGIdentidade evisibilidade daprodução doconhecimento naárea norteou asdiscussões doencontro

sentações musicais, expo-sição e comercialização delivros e artesanato.

Para o presidente da as-sociação, Rogério da SilvaLima, o evento cumpriu o ob-jetivo de promover o intercâm-bio das pesquisas desenvol-vidas pelos GTs. A coordena-dora-geral do evento e vice-presidente da Anpoll, MariaZaira Turchi, ressaltou o ní-vel das discussões sobre re-levância e qualidade da pro-dução do conhecimento na

área de Letras e Lingüística nocenário nacional da pesquisae pós-graduação. Além dosprofessores, mais de 40 mo-nitores, da Faculdade de Le-tras, colaboraram na organi-zação do evento.

Durante a assembléiageral da Anpoll foi eleita anova diretoria da associa-ção para o b iên io 2008/2010. Fábio Alves da SilvaJúnior (UFMG) e Maria deLourdes Meirelles Matêncio(PUC–MG) estarão à frente,

respectivamente como pre-sidente e vice-presidente.

Lançamentos – Foi grande ointeresse pelos livros lan-çados e os dois números daRevista da Anpoll. Forammais de 50 títulos, resulta-dos da produção dos GTs. Onúmero 24 da Revista, emdois volumes, é uma home-nagem especial aos grandesescritores brasileiros Ma-chado de Assis e GuimarãesRosa, em comemoração ao

centenário de morte de Ma-chado e de nascimento deRosa. Os artigos escolhidosabordam aspectos lingüísti-cos e literários das obras des-ses autores sob diferentesenfoques teóricos.

O número 25 é dedicadoaos 200 anos da imprensa noBrasil e à relação desse ad-vento com o desenvolvimen-to da Língua Portuguesa.Mais informações podem serobtidas no site da Anpoll(www.anpoll.org.br).

Reitor da UFG Edward Madureira Brasil fala aos participantes do XXIII Enanpoll, na solenidade de abertura oficial do evento

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Rosana – Há um mal en-tendido no Brasil quanto aoconceito de democracia. Estanunca pressupôs a liberdadeabsoluta. Democracia pressu-põe o controle público, pres-supõe o favorecimento do in-teresse coletivo em detrimen-to do interesse privado masnão percebemos isso no Bra-sil . Aqui a l iberdade de im-prensa é confundida muitasvezes com liberdade de “em-presa” e a própria empresaalicerça, no princípio da l i-berdade de imprensa a defesado interesse privado e não dopúbl ico. A l iberdade de ex-pressão é uma coisa, qualquercidadão pode fazer o que qui-ser para manifestar sua opi-nião. Outra coisa é liberdadede imprensa. Aí sim a comu-nicação se af irma enquantoárea, o Jornalismo como pro-fissão, e é claro que isso ten-de a repercutir no profissio-nalismo. A própria questão dacensura no Brasi l saiu dasmãos dos militares e passoupara as mãos dos donos dasconcessionárias, que fazem averdadeira censura. E cabe aojornalista, no exercício da suaprofissão, fazer o contrapon-to, ou não. E onde ele encon-tra esse debate se não na fa-culdade, que é o ponto de par-tida para essas discussões? Nocontato com egressos do cursode Comunicação, ouvimos queo curso foi fundamental. Mui-tas vezes voltam para fazer ou-tra graduação, especialização ou

mestrado na área de Comuni-cação. Então, eu penso que auniversidade é imprescindível.

O que temos pela fren-te? Mais possibilidades oumais desafios?

Reinaldo – Eu enfatizomuito isso: temos passado porum processo evolutivo muitointeressante na Comunicação,mas acho que é permanente, eserá permanente esse desafioda ética, da correção profissio-nal, de você praticar com seri-edade esse exercício de alta re-levância social, é preciso quetenhamos sempre a dimensãoda nossa responsabil idade.Acho fundamental isso.

Edson – Temos pela fren-te um grande ponto de interro-gação, que se refere à área tec-nológica: para onde vamos emtermos de tecnologia? Porque oque ocorre com a internet porexemplo, não envolve só tecno-logia, envolve questões éticas,técnicas, de concessão. Paramim, o desafio está no seguin-te: defender, independente-mente de qual tecnologia seja,aquele tipo de Jornalismo inau-gurado em meados do séculoXIX, o Jornalismo informativo,baseado em valores que são pos-sivelmente os mais caros da so-ciedade ocidental , como atransparência. O Jornalismomudou radicalmente. Mudou emvários aspectos, sobretudo pelatecnologia. Mas ele mantémuma determinação básica, queé a nossa preocupação para o

futuro, de se manter como ins-trumento de informação e co-nhecimento da sociedade, deconhecimento não científico,de conhecimento em torno dadinâmica viva da sociedade. Eque os jornais, rádios, televi-sões, continuem sendo o quesão: espaços de conflito e nãoespaços monolíticos. Que a im-prensa se mantenha como me-diadora do conhecimento, darealidade social, e que reflita apluralidade.

Rosana – Novos desafiostraduzem-se em novas possibi-lidades. E para mim o pano defundo dessas possibilidades edesafios é a questão da demo-cracia, que sempre permeou aimprensa e vai continuar napauta do dia, seja no impresso,na televisão, no rádio, ou nainternet. As pessoas gostam defalar que a internet é democrá-tica. Não é bem assim, sabe-mos que não será todo mundoque terá acesso.

Nossa retrospectiva his-tórica foi até a década de1960. O que ficou faltando?

Reynaldo – Tivemos umagrande revolução na imprensabrasileira em meados dos anos50, uma reforma gráfica no Jor-nal do Brasil, que sintetizou ospadrões determinantes da im-prensa mundial da época e con-seguiu um modelo, que paramim foi exemplar porque nun-ca vi uma mudança tão criativae tão consistente de qualidade.E enquanto o grande concor-

rente do Jornal do Brasil era oEstado de S. Paulo, que jogavamuito no noticiário internacio-nal, aqueles grandes espaçosdas agências, o Jornal do Brasilpriorizou a cobertura local, dostemas brasileiros, que passoupor assuntos da economia, peloesporte, pela política, até queveio a ruptura democrática. Eacho que dali, de 1954 para cá,é que nós temos uma revoluçãode qualidade na imprensa bra-si le ira, especi f icamente nocaso do jornal impresso. Goiáschegou a ter, no início dos anos60, cinco jornais diários, masficaram estagnados um certotempo. Para não ir muito lon-ge, no maior jornal daqui, o jor-nal O Popular, a informatizaçãoda redação, data de 10 anos,não mais que isso. Estava bas-tante atrasado em relação à im-prensa que se fazia no Brasil eno mundo. Mas, depois dessaestagnação, vieram reformassucessivas nos veículos, de tec-nologia e também de formaçãotécnica dentro das redações, jácom normas, com editorias, issofoi nos anos 70, pegando essaformatação moderna. Aí, em 81,houve um outro grande choquena imprensa goiana, que foi acriação do Diário da Manhã,uma experiência fantástica,uma ousadia enorme, em que oBatista Custódio conseguiu tra-zer para Goiás alguns dos mai-ores nomes da imprensa brasi-leira da época. O próprio O Po-pular que já era e continua lí-der, teve de correr atrás, tomar

providência, melhorar o padrãográfico, o padrão de tecnologiae valorizar mais o profissional.Hoje chegamos a um momentoem que, apesar da concorrên-cia da televisão e da internet,a imprensa tem conseguidomanter a fidelização do seu lei-tor. Eu vejo o jornalismo goia-no nesse momento com boa qua-lidade e com tendência paramelhorar mais ainda.

Edson – Concordo. Masnão podemos esquecer os pro-blemas que evidentemente ain-da existem, e muito sérios, dosdeslizes, dos desvios que a im-prensa comete constantemen-te. E, em muitos estados, nes-se aspecto chamados ainda deprovincianos – e talvez Goiásseja assim – que depende maisdo que a média, ou mais que osgrandes veículos nacionais,dos anunciantes oficiais, temosalguns problemas bastante sé-rios que precisamos resolver. Émuito sério, porque envolve re-lação econômica, dependênciado anúncio oficial, envolve, tal-vez, um parque industrial e eco-nômico ainda um pouco fracopara se sustentar. Não sei, es-tou levantando uma hipótese.Talvez um estudo mais aprofun-dado desse uma resposta cabalsobre isso. Mas algo parece quenão vai bem nessa relação. Issonão quer dizer que a minhaanálise da imprensa goiana vásó por esse caminho. Concor-do com o Reynaldo, vejo umprogresso enorme, mas aindahá caminhos a trilhar.

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13INTERIOR Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Lutiane Portilho

ssim como aconteceem Goiânia, o Câm-pus de Catalão da Uni-

versidade Federal de Goiás(UFG) oferece programas deassistência estudantil aosuniversitários. Três progra-mas assistenciais estão emfuncionamento: Bolsa Ali-mentação, Bolsa Perma-nência e Bolsa Moradia.Apesar de oferecer os pro-gramas e realizar o cadas-tro dos interessados, a Se-cretaria de Assuntos da Co-munidade (Secom), em Ca-talão, não se encarrega daseleção dos alunos. A avali-ação a cargo da Pró-Reito-ria de Assuntos da Comu-nidade (Procom), cujas as-sistentes sociais deslocam-se até a cidade e realizamas entrevistas necessáriascom os candidatos.

O município de Jataí,localizado na microrregiãosudoeste do estado de Goi-ás, é conhecido principal-mente pela produção desoja e milho concentradanas médias e grandes pro-priedades. Esse modeloprodutivo não favorece apequena produção de basefamiliar.

Em contraste, a mai-or parte da população ru-ral do município está vin-culada à agricultura fa-miliar, produzindo paraconsumo próprio e ven-dendo o excedente para omercado local.

Pesquisas recentesmostram que do total dosestabelecimentos do mu-nicípio de Jataí, cerca de1.400 (aproximadamente55% do total) são classifi-cados no cadastro de esta-belecimentos rurais do In-cra como pequenos estabe-lecimentos e minifúndios.Apesar de corresponder amais da metade , essesestabe lec imentos ocu-pam somente 10% do to-tal da área.

A mesma pesquisarevela que nos pequenosestabelecimentos e nosminifúndios do municí-

Programas de assistência beneficiam universitários em CatalãoCom o objetivo depropiciar a alunosmelhores condições deestudo e vivênciaacadêmica, a Secomoferece três programasde assistência estudantilem Catalão

Este ano, 188 alunosforam contemplados com aBolsa Alimentação, sendo138 com uma bolsa de R$ 75e 50 com R$ 150. O BolsaPermanência contemplou41 alunos no valor de R$300 e 50 pessoas recebema Bolsa Moradia no valor deR$ 120. A procura por essaassistência éc o n s i d e r a d aalta, pois, parao Bolsa Alimen-tação foram 350c a n d i d a t o s ,para moradia,116 alunos, epara o Perma-nência, em tor-no de 160.

O grande diferencialem Catalão é que, para aBolsa Alimentação e a Bol-sa Moradia, o beneficio épago em dinheiro, uma vezque o câmpus ainda nãotem restaurante universi-tário (RU) nem casa do es-tudante. De acordo comMaria Terezinha do Prado,responsável pela Secom,essa situação é provisória.No caso da alimentação,algumas empresas tercei-rizadas já foram convida-das a apresentar uma pro-

posta de for-n e c i m e n t ode comida,mas ela so-

nha com a construção doRU. Quanto à moradia, acasa poderá ser construí-da pela UFG em um terre-no já cedido aos alunos, háseis anos, pela Prefeiturade Catalão. Mas antes teráde haver formalização dadoação desse lote para ainstituição, já que ela nãopode construir fora de suaspropriedades”, lembra Ma-ria Terezinha.

Essas duas medidasajudarão no desenvolvi-mento dos programas, se-

gundo a coordenadora daSecom, porque evitarãoque os alunos gastem malo dinheiro. “Alguns alunosacabam fazendo uso des-se dinheiro para outrospropósitos. A construçãoda casa do estudante e dorestaurante são as medi-das mais corretas nessecaso” ressalta.

A relação da Secomcom os estudantes, segun-do Maria Terezinha, é algoprimoroso. Ela conta quesua sala está sempre cheiade alunos em busca de ori-entações e que o telefonenão pára de tocar. A coorde-nadora comemora o resul-

tado dos programas e o apoioque tem recebido da Procome do diretor do câmpus, Ma-noel Rodrigues Chaves. “Eutenho algumas dificuldades,mas tenho motivação, por-que não encontro resistên-cia nenhuma, tenho quemme apóie” declara.

Além dos três progra-mas de bolsa, a Secom tam-bém oferece aos estudantesde Catalão acompanha-mento psicológico e a ofertade passagens para eventosacadêmicos fora da cidade.São contemplados dois alu-nos por evento, os quais po-dem receber passagens atéduas vezes ao ano.

Jataí cria Núcleo de Estudos em Agricultura Familiar

pio, 89% da força de tra-balho empregada é de ori-gem fami l iar e apenas11% são pessoas contra-tadas. Predomina a produ-ção de alimentos de con-sumo imediato, como fru-tas, verduras, hortaliçase der ivados de or igemanimal.

Em face desse cená-rio, professores dos cursosde Geografia, Agronomia eMedicina Veterinária, ser-vidores técnico-adminis-trativos e estudantes doCâmpus de Jataí, criaram,em maio, o Núcleo de Es-tudos, Pesquisa e Extensãoem Agricultura Familiar(Neaf).

O Neaf organiza-secom os seguintes objeti-vos : a ) in teração comsegmentos sociais vincu-lados à agricultura fami-liar; b) aglutinação de do-centes, discentes e téc-n icos adminis t rat ivosque desenvolvem traba-lhos nessa área, seja noensino, na pesquisa ouna extensão; c) organiza-ção de um banco de dadossobre a agricultura fami-liar, particularmente naregião Centro-Oeste e noestado de Goiás, de formaa subsidiar os estudos eintervenções nessa área;d) promoção de ativida-des, tais como palestras,

s impós ios , seminár ios ,oficinas, conferências eoutras relativas ao tema,bem como a participaçãoem eventos promovidospor outras instituições; e)divulgação das at iv ida-des, dos projetos de pes-quisa e de extensão pro-movidos pelo Núcleo, embole t ins , per iód icos emeios digitais; f) estímu-lo à interdisciplinaridadeno campo de investigaçãoacerca da agricultura fa-miliar; g) criação e ma-nutenção de uma páginana internet e/ou um peri-ódico impresso ou on-line.

Além das atividadesde pesquisa, o Neaf temestabelecido contatos comassociações de assenta-mentos de Jataí e municí-pios vizinhos. Um exemploé o Assentamento Lagoa doBonfim, no município dePerolândia, onde, no últi-mo dia 14 de junho, foi re-alizada uma reunião entrea Associação do Assenta-mento e uma equipe téc-nica do Neaf, para discutira realização de parceriana realização de cursos etrabalhos pontuais.

A equipe do Neaf écomposta pelos professores

da UFG – Campus JataíDinalva Donizete Ribeiro,Hildeu Ferreira da Assun-ção, Euter Paniago Júnior,Fernando José dos SantosDias, Carla Afonso Biten-court Braga, Carla ReginaAssis Almeida Leal e peloprofessor Marcelo Rodri-gues Mendonça, do Cam-pus Catalão, pelo técnicoem assuntos educac io-nais Flávio Pereira Diniz,pelos estudantes ZaqueuHenrique de Souza, IzabelRodrigues da Rocha, Mai-nara da Costa, JaquelinePorn Mart ins , Pr isc i laFerreira dos Santos, Tha-ísa de Ol ive i ra L ima eLucas Santos Machado epelas estagiárias MarizaZouza Dias, Thays Furta-do de Freitas e TatianeMelo de Lima.

As linhas de atuaçãodo Neaf são: Modelagemda produção vegetal, Or-ganização sociopolítica nocampo, P lanejamento edesenvo lv imento emagr icu l tura fami l iar eProdução animal. Os con-tatos com o Núcleo pode-rão ser feitos pelo telefo-ne (64) 3632-0003 e peloendereço e le t rôn ico :[email protected]

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A Maria Terezinha do Prado: “Consolidados os programas de bolsas, a prioridadeagora é a construção do restaurante universitário e da casa do estudante”

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14 UNIVERSIDADE Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

COMUNIDADE PERGUNTA

Quais são as possibilidades de a BibliotecaCentral da UFG funcionar à noite e nos finaisde semana?

Nathália Gonçalves,estudante deAdministração

Valéria Soledade deAlmeida,diretora do

Sistema deBibliotecas da UFG

Ana Paula Vieira

Universidade Federalde Goiás, por intermé-dio da Pró-Reitoria de

Assuntos da Comunidade Uni-versitária (Procom) realizou,nos dias 19 e 20 de junho, oII Seminário Nacional de Ser-viços de Atendimento Estu-dantil Universitário. A progra-mação teve a participação depalestrantes de diversas uni-versidades do país, além deprofissionais da UFG.

O I Seminário Nacionalde Serviços de AtendimentoEstudantil Universitário foirealizado em maio de 2006,pelo Instituto Ânima, vincu-lado à Universidade Federalde Santa Maria (UFSM). Se-gundo o pró-reitor de Assun-tos da Comunidade Acadêmi-ca da UFG, Ernando Melo Fi-lizolla, o primeiro evento fo-calizou mais a saúde men-ta l do estudante e , esteano, procurou-se um trata-mento mais abrangente dostemas e conteúdos: “Nossoobjetivo foi aumentar a par-ticipação dos estudantes,psicólogos, assistentes soci-ais, professores, gestores”.

A conferência de abertu-ra “A educação superior hojee as perspectivas para a as-sistência estudantil”, foi pro-ferida pelo professor NelsonCardoso Amaral, assessor es-pecial da Reitoria da UFG. Elefalou sobre os desafios da edu-cação superior no Brasil e aassistência estudantil e mos-trou dados quantitativos equalitativos sobre a realidadeda universidade, incluindo re-cursos e possibilidades paramelhoria e expansão.

Segundo o professorNelson, a universidade so-

Evento discutiu temascomo evasão do EnsinoSuperior, saúde mentale perspectivas paraassistência estudantil

II Seminário Nacional de Serviços deAtendimento Estudantil Universitário

freu muitas mudanças ao lon-go dos anos, que significa-ram grandes cortes nos re-cursos destinados às políti-cas de assistência estudan-til, que até então, apresen-tavam pouca demanda paraalguns tipos de serviços ofe-recidos, como atendimentomédico e odontológico, pre-judicando os programas deassistência estudantil.

A programação deste anoincluiu ainda temas como po-lítica de assistência social,saúde mental e evasão noEnsino Superior. Segundo aorganizadora do seminário, apsicóloga Lívia Mesquita, aassistência estudantil cola-bora para a permanência noEnsino Superior, e isso jus-tifica discutir tais temas. Deacordo com Lívia, 36,9% dosestudantes das InstituiçõesFederais de Ensino Superior(Ifes) são portadores de pro-blemas emocionais. Daí a re-levância de se discutir, porexemplo, a relação entre ascondições sociais do estu-dante e sua saúde mental.Em outros casos, como noscursos da área de Saúde, es-tudantes têm de aprender alidar com a morte, as doen-ças, o que, segundo a psicó-loga, gera ansiedade.

Conforme declarou Lívia,a importância do seminárioestá na oportunidade de osestudantes conhecerem me-lhor os serviços voltados paraeles: “Há pessoas na univer-sidade que se dedicam a pen-sar a realidade dos alunos e aapresentar propostas alterna-tivas para os problemas de-les”. Ela ressalta, além disso,que os professores tambémdevem saber sobre esses ser-viços, até mesmo para orien-tar os alunos. Segundo Ernan-do Melo, o interessante doevento é a oportunidade detroca de experiências entre asuniversidades.

No encerramento do se-minário, houve uma comemo-ração pelos vinte anos dostrabalhos em Saúde Mentalda UFG e o lançamento doslivros Saúde mental do médicoe do estudante de Medicina,organizado por Kátia Burledos Santos Guimarães, daFaculdade de Medicina deMarília e Apoio estudantil: re-flexões sobre ingresso e per-manência no Ensino Superior,organizado por Geila Gonçal-ves Kullmann, Luciane Leo-ratto Pozobon, Renata deMarco Domingues e SimoneTomazetti Mello, pela edito-ra da UFSM.

O goiano Flávio Carnei-ro, autor de A confissão, umdos títulos da lista de livrosindicados para o concursovestibular 2009 da UFG es-teve no Câmpus Samambaia,no último dia 19 de junho,num encontro com alunossecundaristas. A obra fala deuma busca frenética em queprazer e morte servem comomeios para um homem apa-rentemente comum restauraras rédeas de sua própria vida.O auditório lotado comprova oprestígio do evento promovi-do pela Livraria UFG. Os de-mais livros indicados para opróximo vestibular da UFG

Autor de A confissão conversa com vestibulandos

são O leopardo é um animal de-licado, de Marina Colassanti;Memorial de Aires, de Macha-do de Assis; Melhores poemas,

de Olavo Bilac; Nova antologiapoética, de Afonso Félix de Sou-sa; Tarsila, de Maria AdelaideAmaral.

A Biblioteca Central (BC), localizada no câmpus II, e aBiblioteca Setorial (BSCAMI), do câmpus I, têm um quadro deservidores insuficiente para atender a atual demanda dosserviços que oferecemos e outros que são demandados. Essasituação acarreta o fechamento de setores da BC durante oturno noturno, bem como o acúmulo de serviços nas seções, ofuncionamento de setores de atendimento ao usuário com ape-nas um servidor em cada turno e a impossibilidade de sefazer um remanejamento de servidores para cumprir sua jor-nada de trabalho nos finais de semana, por serem imprescin-díveis durante a semana.

Na composição dessa realidade de desafios, destacamoso Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansãodas Universidades Federais de Ensino Superior (Reuni) queamplia o número de vagas nos cursos já existentes e crianovos, fato que trará o aumento da demanda pelos nossosserviços; a grande expectativa de solicitações de aposentado-rias em um futuro próximo; a implantação de serviços eletrô-nicos para favorecer o acesso à informação, principalmentepara os cursos a distância; a instalação da Seção de ColeçõesEspeciais no novo prédio da Praça Universitária, que hoje sófunciona na BC por falta de espaço na BSCAMI as incorpora-ções de acervos das unidades acadêmicas e de grandes doa-ções ao SiBi e o funcionamento do sistema de bibliotecas nosfinais de semana.

No momento atual, o Sistema de Bibliotecas (SiBi) fun-ciona ininterruptamente, de segunda a sexta-feira, das 7h às22h, no câmpus II, e das 7h às 23h45, no câmpus I, e aossábados, a BSCAMI, funciona das 8h às 18h em regime deescalas de revezamento de plantão.

Proposta do SiBiA ampliação do horário de funcionamento das biblio-

tecas, pleito dos estudantes, consta como meta do Planeja-mento Estratégico do SiBi 2006 – 2009, ainda não alcançadadevido à falta de reforço nos recursos indispensáveis à suaconcretização.

O pleito dos estudantes reafirma a preocupação doSiBi em ampliar o horário de funcionamento das bibliote-cas. O assunto foi tratado pela Comissão Técnica, organis-mo consultivo e deliberativo máximo para questões técni-cas e administrativas do SiBi, em reunião realizada no úl-timo dia 25 de junho, e por unaminidade, foi consideradaviável a ampliação do horário da Biblioteca Central no no-turno de segunda a sexta-feira até às 22h45 e o funciona-mento aos sábados, bem como a instalação de salas paraestudo individual e coletivo 24 horas.

A proposta aprovada na reunião é inicialmente a BCfuncionar aos sábados em caráter experimental, para ter-mos dados estatísticos da demanda que servirão de parâme-tros para o funcionamento das bibliotecas aos domingos,dadas as dificuldades mencionadas

Para tanto, precisamos assegurar:• a nomeação dos bibliotecários aprovados no concurso de

2008, que garantirão melhor funcionamento e ampliaçãodo horário noturno na BC;

• a disponibilidade de servidores para que o SiBi possa porem funcionamento a Biblioteca Central, aos sábados das8h às 18h, em caráter experimental, para avaliar o custobenefício seguindo os moldes do atendimento já oferecidona BSCAMI;

• serviços de limpeza e vigilância terceirizados aos sábadosnas duas bibliotecas;

• suporte de plantão no Centro de Recursos Computacio-nais (Cercomp) que mantenha o funcionamentoininterrupto da rede lógica no período noturno e nos sá-bados nos câmpus I e II;

• o retorno ao SiBi do espaço em que antes funcionava asala de estudo 24h, com disponibilidade de acesso à in-ternet com conexão de rede sem fio.

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O pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária, ErnandoFilizolla , e Nelson Amaral, que proferiu a conferência de abertura

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15INTERCÂMBIO Goiânia, julho de 2008Jornal UFG

Alfredo Mergulhão

ara Ondjaki, falar emuma faculdade de Le-tras é algo, no míni-

mo, contraditório. “Vocêsnos analisam muito”, afir-ma, bem-humorado, o es-critor à platéia formada, so-bretudo, por professores eestudantes da Universida-de Federal de Goiás. O an-golano esteve na UFG nosdias 23 e 24 de junho paraproferir a conferência Ou-tras margens da mesma lín-gua e para dois lançamen-tos: do seu filme, o docu-mentário Oxalá cresçam pi-tangas – histórias de Luan-da e dos livros Bom dia, ca-maradas e Os de minha rua.

Esta foi a terceira vezque Ondjaki veio ao Brasil,mas a primeira vez quepassou por Goiânia, ondefoi recebido pelo CentroCultural Eldorado dos Ca-rajás e pela coordenadorade Assuntos Internacio-nais da UFG, Ofir Berge-mann. O escritor, que sedeclara um apreciador daliteratura brasileira, de-fende uma movimentaçãono corpo da língua portu-guesa, fazendo da escritaum conjunto de sinaisquase falados, musicais,ritmados e coloquiais.“Precisamos reinventar aoralidade, fixando-a no tex-to e transformando o por-tuguês em uma língua con-temporânea, livre e irre-verente”, afirma.

Ondjaki é leitor de au-tores brasileiros cujas nar-rativas representam as tra-dições orais, principalmen-

UFG RECEBE O ESCRITOR E CINEASTA ANGOLANO ONDJAKI,QUE MOSTRA EM SUA OBRA UM PAÍS DIFERENTE DO QUEAPARECE NO NOTICIÁRIO INTERNACIONAL

Histórias de Luanda

te Guimarães Rosa e Ma-noel de Barros. No entanto,seu contato com o Brasilnão começou pela literatu-ra, mas pelas telenovelas.Os personagens que habi-tam seu imaginário de in-fância são o lobisomem, amulher-de-branco, a mula-sem-cabeça, de que tomouconhecimento por meio deproduções como Pedra sobrepedra, O bem amado e Ga-briela, novelas brasileirasexibidas em Angola.

A presença da televi-são brasileira em seu paísé tão marcante que o mai-or mercado a céu aberto docontinente africano cha-ma-se Roque Santeiro eestá localizado na capitalangolana, Luanda. “Já nãovejo novelas, mas quandoelas apareceram eram oque havia de qualidade nanossa televisão”. Com a lin-guagem televisiva a modi-ficar a forma de expressardas pessoas, Ondjaki defen-de um “desaperfeiçoaraperfeiçoante da norma”,pois o “futuro da literaturasão as estruturas simbóli-cas, mais que as lingüísti-cas”, além de ser “improdu-tivo e imprudente o povo fa-lar de um jeito e a acade-mia de outro”.

Autobiografias – Aos 16anos Ondjaki mudou-separa Lisboa, onde cursouSociologia. “Foi uma épocade formação, de leitura, deouvir música e ver cinemae, sobretudo, de fazer ami-gos”, lembra. Nesse perío-do o escritor teve contatocom brasileiros, africanos

e portugueses, a quemdeve o fato de hoje ser“uma pessoa que tem umavisão da língua portugue-sa como um espaço co-mum, aberto e arejado”.Durante a faculdade, es-creveu seus primeiros tra-balhos literários.

Ondjaki publicou seusprimeiros escritos em an-tologias poéticas e, apesarde continuar a escreverpoesias, publica-as cada vezmenos. “Minha área é a pro-sa”, afirma. No gênero, suaprimeira publicação é Bomdia, camaradas, livro sobresua infância no qual mis-tura ficção e a realidade queviveu quando criança emLuanda nos anos 1980, umdos piores períodos do país.Colônia portuguesa desde oséculo XV, Angola lutou con-tra Portugal de 1961 a 1975,quando se tornou indepen-dente. A partir de então,iniciou-se uma das lutasmais sangrentas da histó-ria da África, com o país di-vidido entre os três gruposque haviam se unido naluta pela independência.Essa história se confundecom a da infância de Ond-jaki, que nasceu em 1977.

Bom dia, camaradas sur-giu do convite de um editorangolano que organizavauma coleção sobre o perío-do. O escritor estava no se-

gundo ano de faculdade enão havia redigido sequeruma linha sobre o tema,mas disse que entregaria aobra em dois meses. “Pedipara os colegas colocaremmeu nome nos trabalhosem grupo e avisei que ia de-saparecer”. Os de minharua, sua outra obra dispo-nível no Brasil, também foiescrito após o desafio deum editor. Ondjaki foi con-vidado por uma editora su-íça a participar de uma co-leção – Retrovisores – queiria reunir livros de escri-tores de várias partes domundo na retratação desuas infâncias. O l ivro,que recebeu o Grande Prê-mio de Conto Camilo Cas-telo Branco do ano de 2007,em Portugal, contém 22historietas, organizadascronologicamente.

O escritor já publicououtros oito livros, traduzi-dos para cinco idiomas.Actu sanguíneu, de poesia,recebeu Menção Honrosado Prêmio Antônio Jacin-to, em Angola, no ano2000. E se amanhã o medo,de contos, recebeu os prê-mios Sagrada Esperança,em Angola, em 2004, eAntônio Paulouro, em Por-tugal, no ano de 2005.

Documentarista – Ond-jaki vende cerca de 1,5 mil

livros anualmente em An-gola, que tem quase seismilhões de habitantes.Ser escritor em um paíscom alto índice de analfa-betismo é, para ele, umaespécie de utopia. “O lugardo escritor é produzir, deacordo com suas verdadese as idéias que quer trans-mitir, mesmo que tenhacinco leitores ou 5 mil”.Embora a escrita seja suaprincipal forma de expres-são, Ondjaki tem se enve-redado para o cinema. “Es-tamos num momento devárias reconstruções emAngola e penso que é o mo-mento certo para filmar”.

Apesar de ter tomadoesse novo rumo, os roteirosque escreveu para o cine-ma continuam ainda nãofilmados. “Isso não faz demim um cineasta, e simum escritor”, afirma. No en-tanto, divide a direção do fil-me Oxalá cresçam pitangas –histórias de Luanda com ocineasta Kiluange Liberda-de. O longa-metragem trazdepoimentos e histórias dedez personagens que vivemna capital angolana, pormeio dos quais a cidade serevela. São imagens de umnovo país que se constrói ese reinventa após anos deconflitos, mostradas atra-vés do testemunho das pes-soas que nela vivem. “Mui-tos já fizeram imagens daÁfrica, mas nós filmamospessoas, mostramos umaLuanda diferente da queaparece no noticiário inter-nacional, porém, sem omi-tir suas fragilidades”, desta-ca Ondjaki.

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Ondjaki (em destaque) foirecepcionado pelo reitorEdward Brasil e por outrosdirigentes e assessores dasáreas de humanas e relaçõesinternacionais

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16 Goiânia, julho de 2008ARTE E CULTURA

José EduardoUmbelino Filho

Teatro Goiânia re-cebeu, nas noites de19 e 20 de junho, o

núcleo de ópera, o coro decâmara e a orquestra da Es-cola de Música e Artes Cê-nicas da UFG (Emac), noespetáculo Così Fan Tutte, docélebre compositor alemãoWolfgang Amadeus Mozart.Eram mais de 60 alunos doscursos de Música, em di-versas habilitações, e deMusicoterapia e dez profes-sores. A direção musical ea regência ficaram a cargodo professor Carlos Henri-que Costa, a professora Jo-

Noites de ópera em GoiâniaCom espetáculo dealto nível, Escola deMúsica e ArtesCênicas da UFGincentiva o gosto porópera e canto lírico

ana Cristina Azevedo diri-giu a regência do Coro deCâmara e a professora Ân-gela Barra cuidou da dire-ção cênica, do figurino e daprodução artística.

A ópera representou odestaque da programação doI Goiânia Opera Festival,um evento pioneiro realiza-do pela UFG. Segundo a res-ponsável pela produção exe-cutiva do festival, professo-ra Flávia Maria Cruvinel, aópera é uma experiênciaenriquecedora por congre-gar diversas modalidadesartísticas como o canto, aorquestra e o teatro. A pro-fessora frisa também quepoucas pessoas sabem queGoiânia é um celeiro decantores líricos. Dessa for-ma, é importante incenti-var no público essa tradição,habituá-lo à cultura da ópe-ra para reter esses talentosem solo goiano.

Così Fan Tutte é umadas últimas óperas de Mo-

zart e teve sua estréia nodia 26 de janeiro de 1790.Trata-se de uma obra cô-mica a respeito do amor eda fidelidade. Seu nomesignifica “Assim fazem to-das”. “Fiquei impressiona-da com a qualidade do es-petáculo, perfeito desde ocenário e figurino, mas,especialmente, o trabalhode corpo, voz e interpreta-ção dos cantores. É umapena que sejam só doisdias. Deveria haver umatemporada de apresenta-ções, para que mais pesso-as conheçam esse traba-lho espetacular”, disseMaria José Soares queprestigiou a ópera.

O duplo evento, I Goiâ-nia Opera Festival e I Se-mana do Núcleo de Óperada Emac incluiu ainda umasemana de fóruns, pales-tras e oficinas, de 13 a 21de junho. Além de reforçara formação de cantores emúsicos, teve por objetivo

difundir a ópera em Goiâ-nia e enriquecer o cená-rio cultural da cidade. Avalorização dos artistas lo-cais foi, segundo os orga-nizadores, a nobre justifi-cativa para o evento, quecontou com recursos daLei Municipal de Incenti-vo à Cultura.

Além de Così FanTutte, a Noite das Árias,que abriu oficialmente oevento no dia 13, trouxeinterpretações de árias degrandes compositores porcantores líricos goianos.Outro destaque foi a can-tora lírica Vanessa Berto-lini, que fechou o festivalno dia 21. Ela é mestre emPerformance Musical –Canto Lírico, pela Emac,especialista em Canto Lí-rico pela Universidade deBrasíl ia, e bacharel emRegência pela mesma ins-tituição. É uma cantoragoiana de destaque nacio-nal, que representa muito

bem os anseios de se criaraqui uma tradição de cul-tura operística e lírica.

Para o pró-reitor deExtensão e Cultura, Ansel-mo Pessoa Neto, por meiode iniciativas como essa,“a UFG está cumprindo oseu papel de dar condiçõespara que os valores queexistem dentro dos seuscâmpus tenham visibilida-de e a comunidade vai des-cobrindo o quanto há debom sendo produzido aqui”.Segundo ele, esses espetá-culos já compõem a progra-mação do próximo Con-gresso de Pesquisa, Ensi-no e Extensão (Conpeex) daUFG, a ser realizado emoutubro, e a intenção élevá-los para os câmpus dointerior, Catalão e Jataí,dependendo de haver umespaço adequado às perfo-mances, bem como às ci-dades turísticas de Pirenó-polis e Goiás, com o apoiodas prefeituras locais.

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