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HITLER MORREU NO BUNKER?

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ERIC FRATTINI

HITLER MORREU NO BUNKER?

Tradução dePEDRO CARVALHO E GUERRA

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O passado pode ensinar-nos algumas lições comuma certa precisão se conhecermos também, comexatidão, o que aconteceu antes.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO Entre a Verdade, a Lenda e a Ficção .............. 111. O ATO FINAL E O PRINCÍPIO DE TUDO .................. 312. À CAÇA DOS INQUILINOS DO BUNKER .................... 533. O MISTERIOSO VOO DE HANNA REITSCH ............. 754. O CAPITÃO BAUMGART E O SEU VOO SECRETO

A TØNDER ....................................................................... 935. DOPPELGÄNGER, OS ESTRANHOS E INCRÍVEIS

CASOS DOS DUPLOS DE HITLER ................................ 1176. OTTO WERMUTH E O U-530 ......................................... 1397. HEINZ SCHÄFFER E O U-977 ....................................... 1678. O MITO DA DEUTSCHE ANTARKTISCHE ................. 1939. SÜDAMERIKA, PARAÍSO NAZI .................................... 221

10. DE CRÂNIOS, DENTADURAS E ADN ......................... 24911. DA OPERAÇÃO MITO À OPERAÇÃO ARQUIVO ...... 277BIBLIOGRAFIA ...................................................................... 303ARQUIVO DE DOCUMENTOS ............................................ 311

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INTRODUÇÃO

ENTRE A VERDADE, A LENDA E A FICÇÃO

Quando iniciei a preparação da documentação para escrever oromance Ouro do Inferno, em 2009, deparei-me com os primeiros docu-mentos que abordavam uma suposta fuga de Adolf Hitler do bunker dachancelaria nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial. Na verdade,a importância que lhes dei foi a de uns simples papéis oficiais que refe-riam uma lenda que já tinha ouvido em inúmeras ocasiões e, na altura,a única coisa em que pensava era em incluir a fuga de Hitler do bunkercomo uma história secundária no meu romance, e no contexto da fic-ção. Documentos assinados por personalidades como J. Edgar Hoover— diretor do FBI entre 1935 e 1972 —, Dwight D. Eisenhower —governador militar da Zona de Ocupação Aliada norte-americana naAlemanha entre maio e novembro de 1945 —, e o próprio marechalGeorgi Zhukov — conquistador de Berlim —, afirmavam que Hitlerpoderia ter escapado do cerco soviético à capital do Terceiro Reich emabril de 1945.

Enquanto criava o enredo da ficção em torno da fuga de Hitleria-me deparando com documentos verdadeiros, com personagensreais como Hanna Reitsch, Peter Erich Baumgart, Martin Bormann,Heinz Schäffer, Otto Wermuth, Michael Musmanno, Gustav Weler,intervenientes que iam confirmando um enredo cuja realidade supera-va, sem dúvida, a ficção que eu estava a criar.

Muita gente está amplamente familiarizada com a história oficialdos «últimos dias» de Adolf Hitler, que foi recriada no cinema através

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da produção alemã A Queda: Hitler e o Fim do Terceiro Reich (Der Unter-gang, 2004), realizada por Oliver Hirschbiegel e baseada no magníficoensaio com o mesmo título escrito pelo grande historiador alemãoJoachim Fest. O que as pessoas desconheciam era que a «história ofi-cial» poderia ser uma ficção política, e que o resultado tinha sido umahistória planeada deliberadamente pelas potências vencedoras. Nuncaas palavras de Winston Churchill «a história são os vencedores que aescrevem» foram tão verdadeiras como no que se refere à morte deHitler.

O marechal Georgi Zhukov. Josef Estaline nunca acreditou queHitler tivesse morrido no bunker.

À medida que a guerra chegava ao fim, o primeiro-ministroChurchill e o governo britânico queriam garantir que a história nuncamais se voltaria a repetir e que não haveria nenhum ressurgimento donacionalismo alemão, determinando o fim da existência do TerceiroReich. O relato iria ser pouco edificante, de modo a manchar perma-nentemente o prestígio do regime aos olhos, até, dos seus mais arden-tes defensores. Efetivamente, nem os britânicos nem os americanosmostraram qualquer interesse pelo verdadeiro destino de Hitler. O seu

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único interesse consistia em atribuir ao líder do movimento nazi amais desprezível saída desta etapa da história. Neste sentido, a imagemdo cadáver carbonizado de Hitler na cratera de uma bomba no jardimda chancelaria, como se fosse «lixo esquecido», conforme afirmou ojuiz Michael Musmanno nos Julgamentos de Nuremberga, funcionavana perfeição como uma metáfora da instrução da passagem do regimede Adolf Hitler para a «lixeira da história». Mas, se aprendi alguma coi-sa nos meus anos como rato de arquivo, procurando e revirando do-cumentos oficiais, foi que tudo, absolutamente tudo, fica escrito e, al-gum dia, esse escrito será encontrado.

O escritor Umberto Eco, no seu magnífico ensaio Confissões de umjovem escritor (2011), fala de uma suposta fuga de Hitler a partir de umponto de vista muito interessante. Eco afirmou:

Permitam-me, então, usar a expressão «verdades enciclopédicas»para designar todos os elementos do conhecimento comum queaprendo numa enciclopédia (como a distância que separa a Terra doSol, ou o facto de que Hitler morreu num bunker). Confio que estas in-formações sejam verdadeiras porque confio na comunidade científicae aceito uma «divisão do trabalho cultural», em que delego em pessoasespecializadas a função de as provar. No entanto, as informações enci-clopédicas têm limites. Continuam a estar sujeitas a revisão, uma vezque a ciência está, por definição, sempre preparada para reconsideraras suas próprias descobertas. Se mantivermos um espírito aberto, te-mos de estar preparados para rever as nossas opiniões sobre a mortede Hitler sempre que forem descobertos novos documentos [...]. Alémdisso, o facto de Hitler ter morrido num bunker já foi posto em causapor alguns historiadores. É concebível que Hitler tenha sobrevivido àperda de Berlim para os Aliados e que tenha fugido para a Argentina;que não tenha sido queimado corpo nenhum naquele bunker ou que ocorpo pertencesse a outra pessoa; que o suicídio de Hitler tenha sidoinventado por motivos de propaganda pelos russos que encontraramo bunker; que o bunker nunca tenha sequer existido, uma vez que a sualocalização exata continua a ser discutível [...]. Todas as afirmações re-lativas a verdades enciclopédicas podem, e frequentemente são, testa-das em termos de legitimidade empírica externa (situação em que diríamos,«Deem-me provas de que Hitler morreu realmente no bunker»).

Seguindo a teoria de Eco, pus mãos à obra, não tanto com o in-tuito de «demonstrar» que Hitler fugiu do cerco de Berlim como de

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«pôr em dúvida» a teoria do seu suicídio. Na minha procura desses do-cumentos a que o autor se refere em O Nome da Rosa, deparei-me commais de 3000 páginas do FBI, CIA, NSA, CIC (Corpo de Contrain-formação Militar), MI6, OSS (Agência de Serviços Estratégicos), De-partamento de Justiça, Departamento de Guerra, Junta de Chefes doEstado-Maior, embaixadas dos Estados Unidos em Montevideu, Bue-nos Aires, Caracas, Bogotá e Rio de Janeiro, Organização das NaçõesUnidas, KGB e CEANA (Comissão de Esclarecimentos de AtividadesNazis na Argentina). Neles, fala-se da «fuga de Hitler», de «Hitler es-condido na Argentina», de «rumores de que Hitler possa estar na Ar-gentina», «Hitler visto em Bogotá e no Brasil», «relatório de Hitler e deEva Braun na Argentina», «Hitler está vivo», «paradeiro de Adolf Hit-ler», «Hitler estará em Espanha e não na Argentina», «Hitler escapou--se-nos» e uma infinidade de definições que cobrem dez anos de in-vestigações desde o dia 21 de setembro de 1945 (supostamente cincomeses depois do suicídio no bunker) até ao dia 17 de outubro de 1955.

Até a Organização das Nações Unidas, num documento datadode 3 de maio de 1948, com o título «Estará Adolf Hitler morto?», asse-gura que «é desejo de todos os investigadores das Nações Unidas res-ponder a esta pergunta. Porque não puderam esclarecer o desapareci-mento do ditador alemão?»

O certo é que não deve surpreender o fascínio que desperta —mesmo setenta anos após o final da Segunda Guerra Mundial — o na-cional-socialismo e a figura do seu Führer, mas, sobretudo, a mais bru-tal política de extermínio e a máquina mais desumana criada para amais horrenda das crueldades. Se hoje perguntar às pessoas, de certezaque a maioria responderá que a época do Terceiro Reich foi a mais ne-gra da história, à frente mesmo da Idade Média ou da Inquisição.

«Se alguém me vier com recriminações e me perguntar porquenão recorri aos tribunais de Justiça competentes para julgar os culpa-dos, só lhe posso dizer que, nessa altura, eu era o responsável pelodestino do povo alemão», diria o próprio Hitler num discurso peranteo Reichstag. Atualmente, decorridas sete décadas desde que o «Reichdos Mil Anos» ficou reduzido a cinzas, o mundo continua a questio-nar-se como pôde a Alemanha, uma nação civilizada composta porgente civilizada, aceitar, sem nenhum tipo de resistência, a culpa admi-tida por um Führer com muito sangue nas mãos. Como pôde uma na-ção que tinha sido berço de homens ilustres como Von Humboldt,

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1 Michael Musmanno, Ten Days To Die: the authoritative and dramatic story of Hitler’s mad finaletold for the first time in this sensational account drawn from direct eye-witnesses, Doubleday, NovaIorque, 1950.

Beethoven, Mozart, Goethe, Einstein, Mendelssohn, Schumann, Schil-ler, Planck ou Fichte permitir a barbárie e o extermínio.

Hitler controlou o Reichstag, as Forças Armadas, impôs aosmeios de comunicação social o que deveria ser dito e como se deveriadizer, teve a Alemanha na mão, um país de oitenta milhões de pessoas,sem que a maioria reclamasse minimamente pelos assassínios cometi-dos por um regime que muitas delas apoiaram nas urnas. A admissãohistórica de que um único alemão, juntamente com a sua reduzida ca-marilha, conseguiu ordenar a morte de milhões de pessoas sem fazeruso da lei e sem provocar a mínima reação entre o povo alemão equi-vale, para muitos, a uma acusação moral, não judicial, contra todo opovo alemão.

Michael Musmanno escreveu: «Desde Bremerhaven até Breslau,desde Sarre até à Prússia Ocidental, ouvi as palavras: “Mentiram-nos”,“Enganaram-nos”. Estes lamentos não eram justificados; a realidadeestava ali, mas a fraude podia ter sido evitada. [...] Cada autarca ou ve-reador, qualquer professor universitário ou governador e, claro, qual-quer oficial do exército ou da marinha, era responsável, perante a suanação e o seu povo, pelo seu fracasso no cumprimento do dever.»1

A Alemanha tinha sido subjugada por um Adolf Hitler que entusias-mou o povo afirmando que a morte de dois milhões de alemães naPrimeira Guerra Mundial não poderia ter sido em vão. «A Alemanhanão tinha perdido a guerra. Tinha sido enganada», disse Hitler numaconcentração do Partido Nazi em Nuremberga.

Para responder à pergunta de qual seria o lugar que Hitler ocupa-ria na história, não é preciso consultar muitas enciclopédias para en-contrar a resposta que ele mesmo deu, em 1941, numa carta dirigidaao Duce Benito Mussolini. «Acima de tudo, Duce, parece-me que odesenvolvimento da humanidade foi interrompido há 1500 anos e éagora que está a ponto de retomar o seu caminho anterior», escreveuHitler.

O líder nazi referia-se ao ano de 441, quando Átila, ao comandodas suas hordas, se encontrava no ponto culminante do seu poder co-mo conquistador de nações mais fracas, saqueador de tesouros, ladrão

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de propriedades privadas e arrasador da Europa. Átila era o ídolo deHitler. Atualmente, o líder nazi é comparado ao próprio Átila, Calígu-la, Gengis Khan, Kim Il-sung, Josef Estaline e Pol Pot, todos eles cri-minosos sedentos de sangue e sobre cujas costas recai o assassíniosistemático de milhões de seres humanos.

O certo é que a história do suicídio de Adolf Hitler e da sua es-posa, Eva Braun, no bunker da chancelaria nunca foi considerada co-mo uma verdade histórica e agora, setenta anos mais tarde, nem se-quer como verdade documentada. A 1 de maio de 1945 — um diadepois do suposto suicídio de Hitler — o mundo só conseguiu ouvirna rádio alemã este obituário: «Informa-se a partir do quartel-generaldo Führer que Adolf Hitler morreu esta tarde, no seu posto de comandoda Chancelaria do Reich, lutando até ao último fôlego contra o bol-chevismo e pela Alemanha.» Realmente, foram as únicas palavras, nãoconfirmadas por indícios sólidos, que deram início aos rumores e es-peculações que se foram estendendo de forma exponencial. Foramsurgindo versões diferentes acerca da morte de Hitler. Em primeirainstância, falava-se de um Führer a morrer heroicamente nos combatesnas ruas de Berlim e que o seu corpo fora escondido pelos seus segui-dores fanáticos. Outra versão era que Hitler fora assassinado pelosseus próprios oficiais, em Berlim. Mas a história mais popular era a deque Hitler conseguira fugir de Berlim sob cerco e que conseguira es-conder-se no Paraguai ou na Argentina, onde viveu junto da sua espo-sa, Eva Braun, até à sua morte em 1962, com 73 anos de idade. Seconseguiu fugir de avião ou num submarino foi, e continua a ser, mo-tivo amplo de debate e é um dos temas que vai ser abordado neste li-vro.

Por exemplo, no dia 26 de maio de 1945, Estaline reuniu-se comHarry Hopkins, enviado especial do presidente Harry S. Truman, edisse-lhe que «Martin Bormann, Joseph Goebbels, Hitler e, provavel-mente, Hans Krebs fugiram e estão agora escondidos». Esta mesmaversão é defendida e repetida pelo líder soviético nos encontros se-guintes que manteve com Truman e Churchill. Duas semanas mais tar-de, exatamente no dia 9 de junho, foi o marechal Zhukov quem repetiu aversão de Estaline sobre as dúvidas na morte de Hitler.

Entre o dia 16 de julho e 2 de agosto de 1945, o então secretáriode Estado, James Byrnes, manteve um encontro casual com Estaline

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1 James F. Byrnes, Speaking Frankly, Harper & Brothers, Nova Iorque, 1947. [Hablando confranqueza, Juventud, Barcelona, 1948].

durante a Conferência de Potsdam. O norte-americano pediu ao lídersoviético a sua opinião relativamente à possível fuga de Hitler. Estali-ne respondeu taxativamente: «Penso que Hitler está vivo e é muitoprovável que se encontre em Espanha ou na Argentina.»1 Se no dia4 de maio de 1945 as tropas soviéticas encontraram, supostamente, oscorpos de Hitler e de Eva Braun no jardim da chancelaria, porque es-taria Estaline tão cético?

Estaline disse a Truman e a Churchill que não acreditava na morte de Hitler.

Em finais de 1948, todo o material recompilado pela unidadeSmerch, o departamento de contrainformação do 3.o Exército deOfensiva soviético, cujos homens viriam a ser os primeiros a entrar nointerior do bunker, foi enviado a partir da Alemanha para Moscovo,para a Secção de Investigação do 2.o Departamento-Geral do Ministé-rio da Segurança de Estado da União Soviética, que se encarregava de

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investigar todos os factos e acontecimentos que rodeavam a morte dosprincipais líderes nazis. Documentos, dentaduras de Goebbels e aspartes mais importantes do maxilar e os dentes usados para a identifi-cação dos corpos de Hitler, Eva Braun e de outros, ficaram arquivadossob a classificação de Ultrassecreto.

Em 1954, Ivan A. Serov, presidente do KGB, transferiu para oConselho de Ministros da URSS todos os materiais arquivados numasala especial do arquivo-geral do KGB. Em 1996, Nikolai D. Kova-lyov, diretor do FSB (Serviço Federal de Segurança), deu ordem paraserem divulgados ao público os documentos relativos a operações en-cobertas do KGB, incluindo a operação sob o nome de código Archi-vo. O documento explicava como, em 1970, o então todo-poderosopresidente do KGB, Yuri Andropov, ordenara que os restos de Hitler,de Eva Braun e de outros fossem completamente destruídos. Umaunidade especial do KGB retirou os supostos restos mortais do lídernazi que tinham sido enterrados em fevereiro de 1946 num quartel doNKVD em Magdeburgo (RDA), queimaram-nos e atiraram as cinzasàs águas do rio Elba, perto da cidade de Biederitz, também na Alema-nha Oriental. Mas estes eram, realmente, os verdadeiros restos mortaisde Hitler e de sua esposa?

Não existem provas forenses, nem documentais, de que Hitler eEva Braun tivessem morrido no bunker no último dia do mês de abrilde 1945. O famoso fragmento do crânio de Hitler e do seu maxilar in-ferior esquerdo, que se encontravam armazenados pelo KGB emMoscovo, acabaram por se revelar como pertencendo a uma mulhercom pouco mais de 40 anos, depois de ter sido realizado um teste deADN numa universidade norte-americana. Nem sequer havia a possi-bilidade de serem os restos mortais de Eva Braun, cujo cadáver foi,supostamente, incinerado juntamente com o de Hitler na cratera dojardim da chancelaria, dado que a esposa do Führer tinha, aquando dasua morte, 33 anos. Inclusive conseguiu-se demonstrar, recentemente,que na famosa última fotografia de Hitler, tirada a 20 de março de1945, na qual surge acompanhado por Arthur Axmann, líder da Juventu-de Hitleriana, a passar revista a uma fila maltrapilha de jovens combaten-tes, na realidade não é ele. O velho que toca carinhosamente na bochechado jovem Wilhelm Hubner era um dos muitos duplos utilizados por

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1 Simon Dunstan e Gerrard Williams, Grey Wolf. The Escape of Adolf Hitler, Sterling, NovaIorque, 2011.2 Documento 1. Reproduzido no Arquivo de documentos.

Hitler. A imagem foi analisada por Alf Linney, professor na UniversityCollege de Londres, um dos maiores especialistas mundiais em reco-nhecimento facial e criador dos melhores programas de reconheci-mento utilizados atualmente pelas forças de segurança britânicas enorte-americanas. O resultado do seu relatório foi que o Hitler quesurge com o chapéu na cabeça e com um casaco grosso vestido, na-quela terça-feira, dia 20 de março de 1945, no jardim da chancelaria,não era o verdadeiro Führer1.

Última fotografia de Hitler junto do jovem Wilhelm Hubner,a 20 de março de 1945. Supostamente, este não era Hitler.

Poderia ser, então, verídico o memorando datado de 4 de setembrode 1944 dirigido a J. Edgar Hoover, diretor do FBI, e intitulado «Possívelvoo de Adolf Hitler para a Argentina»?2 O documento redigido e envia-do para a sede do FBI em Washington pelo general David W. Ladd, adi-do militar na embaixada dos Estados Unidos em Buenos Aires, é umaanálise clara do que poderia acontecer nos meses seguintes à queda doTerceiro Reich. Nos parágrafos 1, 4 e 5 do documento, Ladd afirma:

Muitos observadores políticos expressaram a opinião de que AdolfHitler poderia procurar refúgio na Argentina depois do colapso alemão.[...]