HM1 Unidade 1 Musica Na Antiguidade Greco-romana

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  • Histria da Msica 1

    Da Antiguidade ao final da Idade Mdia

  • Unidade 1Msica na Antiguidade greco-romana

    CAND, Roland de. Histria Universal da Msica. Vol. 1. So Paulo, 2 ed., Ed. Martins Fontes, 2001.GROUT, Donald J. & PALISCA, Claude. Histria da Msica Ocidental. Lisboa, Ed. Gradiva, 1988.MASSIN, Jean & MASSIN, Brigitte. Histria da Msica Ocidental. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1997.

  • Influncias recebidas pela msica na Grcia AntigaPara sumrios, babilnios, egpcios, israelitas, chineses e outras civilizaes antigas, durante milnios, a msica tinha funo religiosa, mgica, teraputica e militar, se dirigia aos deuses e aos reis, como tambm aos poderes visveis e invisveis.A religio dos povos do mar Egeu foi fruto das influncias convergentes, favorecidas pelas conquistas e pela intensa atividade comercial e martima cretense que mantinha contato com a Mesopotmia, a Fencia, a sia Menor e, sobretudo, o Egito.

  • Foi na Grcia Antiga onde, pela primeira vez no nvel de conscincia musical, apareceram o desejo em criar e o gosto em escutar. Entre os gregos se converte em uma arte, em uma maneira de ser e de pensar, revelando sua beleza a um pblico socialmente consciente.H muitas razes para se deduzir que esta assimilao se estendeu msica tambm. Cultivada em terra jnica segundo antigas tradies creto-micnicas, enriquecida pelas aproximaes com os povos frgios e ldios, tambm pelas influncias egpcias, fencias, assrio-babilnicas, , por fim, reimportada Grcia e difundida pouco a pouco em todos os novos territrios de colonizao.Mapa mundi segundo Herdoto c.450 a.C.Pilares de Hrcules

  • Sobre as fontes de levantamento da msica da Grcia Antiga

    Papiros preservados dos tempos mais tardios (cerca de 200 a.C.), os mais remotos se perderam e s so citados em textos que comentam sobre a prtica da msica. Outros foram preservados em documentos copiados na Idade Mdia.Tericos e msicos dos sculos XVI e XVII como Athanasius Kircher, Benedetto Marcello e Vincenzo Galilei, anotaram e estudaram sobre os manuscritos gregos encontrados.Inscries nos templos, tmulos e runas, gravados em mrmore.

  • A msica da Grcia antiga abrangia: peas jnicas (asiticas), como cantos de Homero e as rapsdias (livros de Homero ou fragmentos de poemas picos cantados pelo rapsodo (poeta ambulante);

    peas elicas (das ilhas gregas), canes de Safo e Alfeu;

    peas dricas (do sul da Grcia), como os versos de diversos poetas trgicos, cmicos;

    peas dlficas (do norte da Grcia), como hinos a Apolo, a inscrio funerria pag de Seikilos do sculo I, um hino cristo, do sculo IV, e todo o resto de vasto corpo, que se perdeu quase por inteiro, durante um perodo de cerca de 1200 anos que ficou entre Homero e Bocio.

  • Os princpios da histria da msica grega esto relacionados com a instituio dos grandes jogos artsticos em Delfos, Esparta e Atenas. Os mais ilustres poetas-msicos, como Terpandro, Sfocles, squilo e Eurpides, iriam submeter-se periodicamente ao julgamento dos filsofos e do povo. Os grandes concursos pblicos atraiam milhares de espectadores atentos ao teatro de Dioniso (tragdia e comdia), em Atenas, comendo e bebendo durante as longas audies.Theatron = local de visoOrchestra = local para danaParodos = circulao de alguns atores e do coroSkene = construo erguida imediatamente atrs do palco

  • TragdiaProcisses e ritos dionisacosBode sacrificado no ritual dionisacoDelrio da embriaguezEstado de exaltaoDitirambo popular canto narrativo de elementos alegres e tristes sobre a vida do deus DionisoOriginou o coro ditirmbico que tornou-se trgicoRepresentao viva feita por homens comuns, destinada a narrar fatos que aconteceram apenas no plano mtico, no mundo ameaador do Olimpo.Texto complementar: As origens do drama-liturgia (pdf )

  • Nos tempos dos primeiros msicos gregos conhecidos, em que Arquiloco e Calinos cultivavam a elegia, em que Safo e Alceu ensinavam o canto e a lira, e em que Dioniso, vindo da Trcia, foi recebido por Apolo em Delfos, a msica, arte independente, recebeu o nome de dpsia.De modo geral, o msico, dopss, era o homem competente, cuja sabedoria implicava o conhecimento e a maestria. O msico era o depositrio de uma cincia e de uma tcnica, mais do que um vago gnio ou de uma inspirao das Musas. Seu saber e talento vinha dos ensinamentos das Musas, porm havia a necessidade de desenvolver seus dons com o estudo e o exerccio. Assim, a msica requeria uma instruo que no podia ser puramente esttica, mas se convertia em uma disciplina escolar, dava a medida de valores ticos, era uma sabedoria.

  • Musas da mitologia grega inspiradoras das artes e das cinciasClio musa da histriaThalia musa da comdia e da poesia buclicaErato musa da poesia amorosa ou ertica, letras das canes de casamentoEuterpe musa da msica e da poesia lricaPolyhymnia musa das canes sagradas, do oratrio, da lrica, do canto e da retricaCalope chefe das musas, musa da poesia pica ou hericaTerpsichore musa do canto coral (corodia) e da danaUrania musa da astronomiaMelpomene musa da tragdia teatral

  • Contrariamente aos objetos musicais que hoje chamamos de obras, os nomos no podiam separar-se dos poemas ou das circunstncias que os suscitavam.

  • Aulos usado nos nomos pticos batalha de Apolo contra Pton

  • HINO MUSA c.130 a.C. uma citarodia (cantor que se acompanha com a ctara), atribudo a Mesmedes de Creta, um tocador de ctara protegido pelo imperador Adriano. Os documentos foram encontrados por Vincenzo Galilei, terico musical e pensador humanista, pai de Galileu Galilei (o astrnomo), em 1581.

  • A msica grega produziu dois tipos de teoria:1Doutrinas sobre a natureza da msica, o seu lugar no cosmos, os seus efeitos e a forma conveniente de a usar na sociedade humana (Pitgoras, Plato e Aristteles).2Descries sistemticas dos modelos e materiais da composio musical.A palavra Msica tinha um sentido mais amplo do que associamos atualmente. Era adjetivado de musa na mitologia clssica, qualquer das nove deusas irms que presidiam a determinadas artes e cincias. a msica para os gregos era concebida como algo comum a todas as atividades que diziam respeito busca da beleza e da verdade.

  • PitgorasNuma poca em que o mundo, violento e cruel, foi quando se formou e se difundiu a cultura da Grcia Antiga. Por todas as partes do mundo de ento, cheio de rebelies e tiranias, de conquistas e matanas, de ambies e de misrias, os filsofos e profetas dos mais importantes povos, se manifestaram quase ao mesmo tempo: - Zoroastro, na Prsia (princpios do sculo VI a.C.); - Buda, na ndia (563-483 a.C.); - Confcio (551-478 a.C.) e Lao-Ts (605-520 a.C.), na China; - Os profetas judeus Daniel, Ezequiel e Zacarias no cativeiro da Babilnia (586-539 a.C.); - Pitgoras (572-493 a.C.) e os rficos na Grcia.

    As ideias pitagricas tiveram imediatamente uma influncia considervel sobre o pensamento e a msica dos gregos que se fizeram inseparveis. A msica deixa de ser um privilgio e se faz indispensvel na educao de todo homem livre e fonte de sabedoria.

  • Para Pitgoras, a msica e a aritmtica no eram disciplinas separadas, ou seja, os nmeros eram considerados a chave de todo o universo espiritual e fsico o sistema dos sons e ritmos musicais, sendo regido pelo nmero, exemplificava a harmonia do cosmos e correspondia a essa harmonia.Deve-se a Pitgoras a primeira lei fsica em acstica musical. Ele observou que as longitudes das cordas igualmente tensas devem estar de 2 por 1 para soar a oitava; de 3 para 2 para soar a quinta e de 4 para 3 para soar a quarta. Archytas e outros seguidores calcularam as razes para outros intervalos. monocrdio

  • Srie HarmnicaHarmnicos ou Parciais

  • "A unidade [o um] o princpio de todas as coisas" (Frag. 8 de Filolau, em Jmblico, Nicmaco, p. 77,9).

    "Tem o nmero duas formas particulares: mpar e par. E uma terceira decorrente da mistura de ambas: par-mpar. Cada uma das formas apresenta muitos aspectos, que por si cada coisa revela" (Frag. 5, de Filolau, em Estobeu, clogas, I, 21, 7 c).

    "H que julgar as atividades e a essncia do nmero pela potncia havida no dez. Ele grande, tudo cumpre, tudo efetua. princpio da vida divina e celeste, como tambm da humana. Sem ele, todas as coisas restam ilimitadas, obscuras, imperceptveis. (Frag. 11 de Filolau, encontrado em Teo de Esmirna)Os pitagricos e as concepes sobre os nmeros

  • A partir das ideias pitagricas, surge uma classe de aficionados que debatem sobre o uso dos instrumentos e a forma como deveriam ser utilizados. A discusso envolve o culto a Apolo (instrumentos de corda, preconizando uma fidelidade tradio citardica) e Dioniso (instrumentos de sopro). A influncia de Lasos, mestre de Pndaro, considervel e define harmonias e tons, estabelecendo uma relao entre harmonias, gneros poticos e circunstncias.

    No perodo ureo da arte lrica, Pndaro de Tebas (518-446 a.C.), realiza a perfeio da corodia e o primeiro a dar uma teoria da mmesis (da imitao), um dos fundamentos da tica musical, ou doutrina do ethos.

    Para os primeiros pitagricos a boa msica a expresso sensvel das relaes matemticas que regem o mundo.

    O esprito pode reconhecer na boa msica a harmonia universal e a alma temperar-se com esta harmonia, ou seja, a msica no pode ser considerada como uma simples diverso, sua importncia exige que uma casta culta que tenha aprofundado em seus segredos, defina o ethos (tica) dos modos e dos ritmos, determinando o valor aritmtico exato dos intervalos e das relaes de durao. Da, dada a construo da verdadeira teoria da boa msica.

  • A doutrina do Ethos

    A doutrina do ethos, das qualidades e efeitos morais da msica, integrava-se a concepo pitagrica da msica como microcosmos, um sistema de tons e ritmos regido pelas mesmas leis matemticas que operam no conjunto da criao visvel e invisvel.

    Nesta concepo, a msica no era apenas uma imagem passiva do sistema ordenado do universo, mas tambm era uma fora capaz de afetar o universo da a atribuio dos milagres aos msicos lendrios da mitologia.

    Plato resume todo esse conhecimento nos dilogos Timeu e na Repblica expe o pensamento sobre o papel da msica na educao dos jovens. Os dilogos entre o mestre e o discpulo serviram como forma didtica at o sculo XVIII.

    - Mais tarde, passam a sublinhar os efeitos da msica sobre a vontade, consequentemente, sobre o carter e a conduta dos seres humanos. Este princpio esteve presente at a teoria dos afetos (s. XVIII), no tratado Musurgia Universalis de Athanasius Kircher Tratado A msica e sua influncia sobre o organismo (Bahia, 1845), a retrica e a msica no sculo XV.

  • A catarse (katharsis)Aristteles soma especificaes ticas a doutrina original da katharsis (Poltica). Trata-se de um mtodo psicoterpico por analogia, no qual a msica excita na alma enferma sentimentos violentos que provocam uma espcie de crise que favorece o retorno ao estado normal. Assinala que a katharsis no atua sobre a vontade, mas desencadeia uma espcie de compreenso, de movimento para fora de si (e-moo). Na Potica, escreve; A tragdia a imitao de uma ao elevada e completa com uma certa extenso.... imitao que se faz dos personagens em ao e que, suscitando piedade ou temor, opera a katharsis prpria de tais emoes.

    Para Aristteles, a msica imita diretamente, representa as paixes e o estado da alma, tais como a coragem, a ira, a calma, a temperana, bem como os seus opostos, da quando ouvimos um trecho musical que imita uma determinada paixo, ficamos imbudos dessa mesma paixo. Se ouvimos msica inadequada nos tornaremos ms pessoas, se for msica adequada, nos tornaremos pessoas boas (Conceito de mmesis, de Pndaro).

  • A msica idealizada para a educaoPlato e Aristteles estavam de acordo em que era possvel produzir pessoas boas mediante um sistema pblico de educao, cujos dois elementos fundamentais eram a ginstica e a msica corpo e esprito.Para Plato o excesso de msica, torna o homem afeminado ou neurtico e o excesso de ginstica: incivilizado, violento e ignorante. S os modos drico e frgio deviam ser admitidos, pois promovem, respectivamente as virtudes da coragem e da temperana. A multiplicidade das notas, as escalas complexas, a combinao de formas, e ritmos incongruentes, os conjuntos de instrumentos diferentes entre si, os instrumentos de muitas cordas e afinao bizarra, at mesmo os fabricantes e tocadores de aulos, devero ser banidos do estado.Aristteles, menos radical que Plato, na obra Poltica (330 a.C.) concebia que a msica pudesse ser usada como fonte de divertimento e prazer intelectual, e no apenas na educao.

  • Poesia (mtrica) msica ethos

    A poesia lrica significava poesia cantada ao som da lira na tragdia ou na epopeia o termo usado ode. Hino tambm era muito usado.

    As formas desprovidas de msica no tinham nome. Na Potica de Aristteles, depois de apresentar a melodia, o ritmo e a linguagem como os elementos da poesia, afirma: H outra arte que imita recorrendo apenas linguagem, quer em prosa, quer em verso, mas por enquanto esta arte no tem nome.

    A ideia grega de que a msica se ligava indissociavelmente palavra falada, ressurgiu sob diversas formas, ao longo de toda a histria da msica com a inveno do recitativo, no final do sculo XVI, ou com as teorias de Wagner acerca do teatro musical, no sculo XIX.

    Havia tambm a concepo da poesia relacionada aos princpios pitagricos da boa msica, da os metros gregos serem levados to a srio.

  • Mtrica grega e ethos

    CAND, 2001, v. 1, p. 94

  • O conceito de ethos na msica grega era dividida entre duas categorias bsicas:

    A primeira categoria a msica que tinha efeitos como a calma e a elevao espiritual, associada ao culto a Apolo. O instrumento caracterstico era a ctara (lira de 7 at 11 cordas) e as formas poticas correlativas ode e a epopeia. A ctara podia ser tocada como instrumento solo ou acompanhando o canto ou a recitao de poemas picos.Ode composio potica de carter lrico formada com estrofes simtricas.Epopia poema longo acerca de assunto grandioso ou herico; ao ou srie de atos hericos.Odissia poema de Homero, aps retornar ptria aps a tomada de Tria; viagem de aventuras e peripcias.

    1 HINO DLFICO A APOLO (pe) Dois hinos foram descobertos em Delfos em 1894 pela Escola Francesa de Atenas. Datam aproximadamente de 128 a.C., atribudo a um ateniense chamado Limnios. Foi gravado em pedra nas runas do Trsor dos Atenienses a Delfos. Notao vocal no modo drico (doristi II).

  • O conceito de ethos e o ideal platnico (ligado ao culto a Apolo) da msica com instrumentos de corda

  • A segunda categoria a msica que tendia a suscitar a excitao e o entusiasmo, ligada ao culto a Dioniso. O ditirambo era uma corodia (nomos cordicos), danada em honra a Dioniso, na harmonia frgia. O ditirambo era um certo tipo de poema que deu origem ao teatro grego. No perodo ureo do teatro grego obras de squilo, Sfocles, Eurpides os coros e outras partes musicais eram acompanhados pelo som do aulos ou alternavam com ele. O instrumento utilizado era o aulos (instrumento de sopro com palheta simples ou dupla, muitas vezes com dois tubos), tinha um som estridente.

  • Tocador de aulos

  • deusas iradas que fendeis os cus buscando vingana pelo crime, imploramo-vos que livreis o filho de Agamnon de sua fria cega. Choramos por este mancebo. A ventura fugaz entre os mortais. Sobre ele se abatem o luto e a angstia, qual sbito golpe de vento sobre uma chalupa*, e ele naufraga nos mares revoltos.Chalupa antigo navio com dois mastros.

  • O julgamento de Apolo e o stiro MarsiasO julgamento de Apolo e o stiro Marsias. A evidente parcialidade do juiz deu o triunfo a Apolo, tocador de harpa, na disputa com o stiro Marsias, hbil flautista. Terminada a primeira parte da disputa, o rbitro ordenou sua repetio com os instrumentos invertidos e enquanto Apolo pode voltar a tocar a sua composio, o stiro Marsias no pode fazer o mesmo.

  • Aristteles adverte:

    A medida certa ser atingida se os estudantes se abstivessem da prtica de participar em competies profissionais, e no buscassem adquirir essas maravilhas fantsticas de execuo que agora a moda em tal competio, e que passaram a vigorar na educao. Deixe o jovem praticar a msica como a prescrevemos, somente at que eles possam sentir delcia em melodias nobres e ritmos, e no meramente naquela parte comum da msica na qual todo escravo ou criana e at mesmo alguns animais acham prazer!...

    Aristteles Poltica 8.6 / 1341a.

  • Os sistemas musicais gregos

    Clenides, no segundo sculo da era crist, classificou a teoria musical grega em sete tpicos: notas, intervalos, gneros, sistemas de escalas, tons, modulao e composio meldica.

    Nota e intervalo dependem de uma distino entre dois tipos de movimento da voz humana:

    Movimento contnuo, em que a voz muda de altura num deslizar constante, ascendente ou descendente, sem se fixar numa nota;

    Movimento diastemtico, em que as notas so mantidas, tornando perceptveis as distancias ntidas entre elas, denominadas intervalos.

    Os intervalos, como os tons, os meios-tons, e os dtonos (tera), combinavam-se em sistemas ou escalas. O bloco fundamental a partir do qual se construam as escalas de uma ou duas oitavas era o tetracorde, formado por quatro notas, abarcando um diatessaro, ou intervalo de quarta. A quarta foi um dos primeiros intervalos reconhecidos como consonncia.

  • Consonncias e afinao

    Pitgoras teria descoberto as consonncias por quocientes simples, ao dividir uma corda vibrante em partes iguais. A concepo de afinao dos intervalos duraria at o sculo XVI.

    Aristxeno de Tarento defendia que o verdadeiro mtodo para determinar os intervalos era atravs do ouvido, e no de quocientes numricos, confrontando com os seguidores de Pitgoras. Das descries de Aristxeno e de alguns outros tericos tardios, os gregos e outros povos orientais (ainda nos nossos dias) faziam uso corrente de intervalos menores do que o semitom notas que tinham nomes duplos.

  • Regies de onde se originaram os modos gregosNo homem virtuoso, as aes e as palavras se harmonizam entre si, maneira drica, e no segundo as harmonias isticas, frgia ou ldia. Porque a harmonia drica a nica helnica. Plato

  • Harmonias aristotlicasCAND, 2001, v. 1, p.90

    GSP grande sistema perfeito

  • Notao grega vocal e instrumental alfabeto gregoSistemas de notao da msica gregaNotao instrumental com 15 signos distintos provavelmente derivados de um alfabeto arcaico.Notao vocal baseado nas 24 letras do alfabeto jnico.Os dois tipos de notao foram usados indiscriminadamente nos manuscritos dos Hinos dlficos a Apolo e na Ode de Pndaro. Outro tipo foi identificado graas a Athanasius Kircher, que estudou e fez uma cpia no sculo XVII. Notaes rtmicas foram encontras nas indicaes grficas do Epitfio de Seikilos ou em algumas inscries coletadas por Bellermann.

  • Epitfio de Seikilos

    Encontrado numa pedra funerria, em Aidine, Turquia, sculo 1 d.C. Todas as notas da oitava mi-mi (com sol e d sustenido), entram na cano, de forma que a espcie de oitava a do modo frgio. O autor identificado nas primeiras linhas como sendo Seikilos.

    At o fim dos seus dias, vive despreocupado, que nada te atormente. A vida demasiado breve e o tempo cobra o seu tributo.

  • Ptolomeu (sculo 2 a.C., Alexandria) descreve sobre a msica ligada astronomia. Foi o mais importante astrnomo da Antiguidade, o mais sistemtico terico da msica e pensava que as leis matemticas estavam na base tanto dos sistema dos intervalos musicais como do sistema dos corpos celestes e acreditava-se que certos modos e certas notas correspondiam a um ou outro planeta. Esta concepo tambm era comum aos povos orientais. Plato deu a essa ideia uma forma potica no mito da msica das esferas, a msica produzida pela revoluo dos planetas, mas que os homens no conseguiam ouvir esta concepo atravessa a Idade Mdia e chega a Shakespeare, Kepler e Milton.

  • RomaEm 146 a.C. a regio da Grcia se torna provncia romana, de onde os romanos vm tirar a sua msica erudita. possvel que esta importao da cultura grega tenha substitudo uma msica etrusca ou italiana, de que no se tem conhecimento.- Como na Grcia, a msica estava presente em todas as manifestaes pblicas, nas diverses particulares e na educao. O indivduo culto, segundo Ccero e Quintiliano, devia saber msica, falar e escrever em grego.- Numerosos documentos relatam a popularidade de virtuosos clebres, concursos de msica e a existncia de coros e orquestras Nero, famoso por ser msico.- Segundo Tito Lvio, no ano de 187 a.C., Roma foi invadida pela msica do Oriente e por uma srie de instrumentos estrangeiros; porm, a flauta sempre foi considerada como instrumento oficial. Nos tempos de Horcio escutava-se nos templos de Vnus cantos acompanhados pelas cordas e os instrumentos de sopro e, mais tarde, a msica ocupou um lugar bastante importante na vida pblica e privada dos romanos. Se bem que, nunca apreciaram esta arte por si mesma, mas valorizavam muito mais a quantidade de instrumentos e os concertos monstruosos. Sneca dizia que havia mais cantores nos teatros de sua poca que espectadores nos teatros de outros tempos. Era corrente ouvir fragmentos acompanhados por cem trombetas e se falava de instrumentos de corda to grandes quanto carroas.

  • A verso romana do aulos, a tbia, e seus tocadores, os tibicinos, desempenhavam um papel importante nos ritos religiosos, na msica militar e no teatro.

    A tuba, uma trombeta comprida, reta, era tambm utilizada em cerimnias religiosas, estatais e militares.

    Os instrumentos mais caractersticos eram uma grande trompa circular, em forma de G, chamada corno, e a sua verso de menores dimenses, a buzina.

  • Cortejo fnebre Roma tbia (aulos), tuba (corno romano) e ltuo

  • Instrumentos da Roma Antiga

  • Grande trompa circular romana

  • Msica no circo romano

  • POEMA HECYRA, de TERNCIO nico fragmento de msica romana conservado - sculo XNem todos os cidados romanos tinham prazer somente no circo romano.A educao na Roma Antiga pressupunha o estudo da gramtica para os rapazes com menos de quinze anos de idade.Logo aps os estudos de gramtica, vinha o estudo de retrica. Todo homem culto deveria ter o conhecimento dos poetas e filsofos gregos e exercitavam este conhecimento em exibies pblicas declamando poesias ou proferindo discursos lidos (recitationes) sobre ideias prprias nos prticos, nas praas e mercados.Eram raros os homens cultos que no se alimentavam ambies literrias. Escreviam poemas, odes, epopeias, tragdias, poemas histricos ou didticos; obras histricas, elogios, tratados de toda a espcie. At mesmo os imperadores alimentavam essas prticas.Surgem as bibliotecas e inmeros livreiros. Estes ltimos promoviam leituras de obras consagradas da literatura grega e romana.

  • O legado da Antiguidade para a Idade MdiaConcepo da msica como consistindo essencialmente numa linha meldica pura e despojadaA ideia da melodia ligada intimamente s palavras, especialmente no tocante ao ritmo e mtricaUma tradio de interpretao livre do intrprete, que se utilizava de improvisaes, criando a cada nova execuo, porm, servindo-se das frmulas musicais tradicionais.Uma filosofia da msica, que concebia a arte como um sistema ordenado, indissocivel do sistema da Natureza, e como uma fora capaz de afetar o pensamento e a conduta do homem.Uma teoria acstica bem fundamentada;Um sistema de formao de escalas com base nos tetracordes;Uma terminologia musicalAs trs ltimas so de origem grega, as anteriores como herana da totalidade do mundo antigo. Foram transmitidos posteridade pela Igreja Crist, cujos ritos e msica derivaram inicialmente, de fontes judaicas, despojados dos instrumentos e danas, pelos Pais da Igreja (primeiros bispos), e os tratados do princpio da Idade Mdia, que abordavam a msica juntamente com outros temas.